SUMÁRIO
SOBRE A ELETRONUCLEAR
01
BREVE HISTÓRICO DA GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL
02
A ENERGIA NUCLEAR E NO BRASIL
Qual o papel e a importância da energia nuclear como alternativa energética para
o Brasil? 03
A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil? 04
Em comparação com outras formas de geração de energia, a fonte nuclear é
competitiva? 05
Quanto representa a produção de Angra 1 e Angra 2? 05
Qual foi a participação de Angra 1 e Angra 2 na matriz elétrica brasileira em
2008?
06
Quando Angra 1 e Angra 2 atingiram 150 milhões de MWh? 06
Como podemos medir a importância da geração de energia das usinas nucleares
durante o racionamento de energia elétrica, no período de janeiro a setembro de
2001, ano em que o país sofreu racionamento de energia?
07
Quando a CNAAA atingiu, pela primeira vez, a geração de 2.000 MW? 07
ANGRA 1
1) DESEMPENHO / PRODUÇÃO 07
Qual a potência nominal da Usina Angra 1? 08
De abril de 2005 até a substituição dos seus Geradores de Vapor, em 2009,
Angra 1 não operou a plena carga. Por quê?
08
Quando a construção de Angra 1 foi iniciada? 08
Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra
numa reação em cadeia)?
08
Quando se deu a primeira sincronização na rede? 08
Quando Angra 1 começou a operar comercialmente? 08
Qual é a área construída de Angra 1? 08
Quantos habitantes Angra 1 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2008? 09
Qual é o histórico de operação de Angra 1? 09
• Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para 10
gerar 100% de sua capacidade) de Angra 1, de 2000 a 2008?
Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade de
Angra 1, de 2005 para cá?
11
Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos? 11
Qual é o fator de confiabilidade de Angra 1? 11
Qual é a potência de consumo próprio de Angra 1? 12
Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 1? 12
Angra 1 deixou de merecer o apelido de "vaga-lume"? 12
Qual a média de geração da Usina Angra 1 em relação ao seu potencial máximo? 12
Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 1? 13
Quando foi o último e quando será o próximo reabastecimento de Angra 1? 13
Quantos reabastecimentos já foram realizados? 13
2) CUSTOS 13
Quanto custou a instalação de Angra 1? 13
Qual o custo de produção de Angra 1? 13
Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 1? 13
3) PROGRAMA DE MELHORIAS DE ANGRA 1 14
Que providências estão sendo tomadas para ampliar a vida útil de Angra 1, que
já está há mais tempo em funcionamento?
14
Qual a importância dos Geradores de Vapor? 14
Por que foi necessário trocar os dois Geradores de Vapor de Angra 1? 14
Quais são os benefícios da troca? 15
Quando se iniciou o processo e quando foi concluído? 15
Quais foram os fornecedores? 15
Quanto tempo levou a fabricação dos Geradores de Vapor? 15
Como foi o transporte dos equipamentos até a CNAAA? 16
Quanto tempo levou a troca propriamente dita? 16
Como foi feita a substituição? 16
Onde serão armazenados os geradores antigos? 16
Qual o investimento total do projeto? 16
Outras usinas já realizaram operações semelhantes? 17
Que outras renovações estão sendo introduzidas em Angra 1? 17
Com novos geradores e combustível avançado, os outros componentes da Usina
Angra 1 precisarão ser atualizados?
17
A tampa do vaso do reator precisará ser trocada? 17
A instrumentação e o controle informatizado de Angra 1, criados há mais de 20
anos, ainda atendem às demandas da operação?
18
ANGRA 2
1) DESEMPENHO / OPERAÇÃO 18
Qual a potência nominal da Usina Angra 2? 18
Quando a construção de Angra 2 foi iniciada? 18
Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra
numa reação em cadeia)?
19
Quando se deu a primeira sincronização na rede? 19
Quando Angra 2 começou a operar comercialmente? 19
Qual é a área construída de Angra 2? 19
Quantos habitantes Angra 2 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2008? 19
Qual o histórico de operação de Angra 2? 19
Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para
gerar 100% de sua capacidade) de Angra 2, de 2001 a 2008?
20
Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade de
Angra 2, em 2004 e 2005?
20
Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos? 21
Qual é o fator de confiabilidade de Angra 2? 21
Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 2? 21
Qual a média de geração da Usina Angra 2 em relação ao seu potencial máximo? 21
Qual é a potência de consumo próprio de Angra 2? 22
A Usina Angra 2 conseguiu um superávit de geração de 50 MW sem alterar o
projeto original. Quais foram as ações práticas adotadas para que a Eletronuclear
alcançasse esse desempenho?
22
O desempenho de Angra 2 é comparável a outras usinas do tipo PWR do resto
do mundo?
22
Angra 2 bate recorde de produção em 2008. 22
Quando Angra 2 atingiu 80 milhões de MWh? 23
Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 2? 23
Quando será o próximo reabastecimento? 23
Quantos reabastecimentos já foram realizados? 23
Angra 2 continuará operando em sua potência máxima (1.350 MW)? 24
2) CUSTOS 24
De quanto foi o custo das instalações de Angra 2? 24
Analise o custo/benefício da conclusão de Angra 2. 24
Qual o custo de produção de Angra 2? 25
Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 2? 25
ANGRA 3
1) POR QUE ANGRA 3? 25
Angra 3, depois de mais de 20 anos, terá suas obras reiniciadas. Como foi essa
decisão governamental?
25
Quais os argumentos técnicos que referendaram a decisão do CNPE de concluir
Angra 3?
26
E o processo de licenciamento ambiental, como se deu? 27
Além da licença do IBAMA, que outras autorizações são necessárias para a
efetiva retomada das obras de Angra 3?
29
A decisão sobre Angra 3 não deveria ter sido apreciada pelo Congresso
Nacional?
31
Por que as obras de Angra 3 foram paralisadas? 32
O preço da energia gerada por Angra 3 não será alto demais, na comparação
com as demais fontes? 33
Que benefícios Angra 3 trará para o setor elétrico brasileiro? 33
Qual o progresso físico atual de Angra 3? 37
Qual o cronograma para conclusão de Angra 3? 37
Que serviços estão contemplados na 1ª Ordem de Execução de Serviços do
contrato de obras civis?
38
Qual é a previsão para o reinício das obras? 39
2) DADOS TÉCNICOS 39
Angra 3 é uma usina de última geração? 39
Qual será o tipo de reator de Angra 3? 39
Quais são as diferenças entre Angra 2 e Angra 3? 39
Como será o Sistema de Instrumentação e Controle de Angra 3? 40
3) CUSTOS E INVESTIMENTOS 41
Quanto é gasto para a preservação de Angra 3? 41
Quanto já foi investido, até hoje, em compra de equipamentos e na construção da
Usina Angra 3? Quanto será necessário investir para a conclusão da Usina? 42
Quem fará o investimento para a construção de Angra 3, o grupo Eletrobrás ou
algum agente privado? 43
Esses financiamentos já foram solicitados? 44
A indústria brasileira pode cobrir a montagem de Angra 3? 44
Qual é o grau de nacionalização previsto para Angra 3? 44
4) MÃO DE OBRA 44
Das pessoas que trabalharam na construção de Angra 1 e Angra 2, quantas eram
da região e quantas vieram de fora? A Eletronuclear vai priorizar a contratação de
trabalhadores dos municípios vizinhos à Central Nuclear durante a construção de
Angra 3?
44
Qual será o perfil da mão de obra requerida para Angra 3? 46
5) ACORDO 47
Angra 3 está prevista no acordo bilateral Brasil-Alemanha? 47
O governo alemão apoia a manutenção do acordo? 47
6) CONTRATOS E LICITAÇÕES 47
Quando foi assinado o contrato de obras civis de Angra 3 com a construtora
Andrade Gutierrez?
47
Qual é o valor do contrato de obras civis com a construtora Andrade Gutierrez? 48
A Andrade Gutierrez tinha de ser obrigatoriamente a empreiteira encarregada da
execução de Angra 3? Não se cogitou fazer outra licitação?
48
Estava prevista multa em caso de rescisão unilateral? 49
O que diz o acordo com a Areva? A Areva fornecerá os equipamentos e
financiará o projeto?
49
Que contratos já foram assinados para Angra 3 e que precisam ser revistos? 49
Para que serviços precisarão ser feitos novos contratos através de processo de
licitação?
50
Quais são os valores estimados dos contratos de serviço e quando serão
publicados os editais de licitações?
50
7) EQUIPAMENTOS 51
Os equipamentos de Angra 3 estão em condições de operação confiável e
segura?
51
Como é feita a proteção dos equipamentos? 51
Como funciona o programa de manutenção e preservação? 51
Os equipamentos já comprados são os principais ou não? 51
Esses equipamentos comprados não estão obsoletos? 52
Quando foram comprados? 52
Que tipo de equipamento ainda será comprado? 52
Qual o valor destinado para a compra dos equipamentos que faltam? 52
NOVAS USINAS NUCLEARES
O Brasil planeja expandir sua capacidade de geração nucleoelétrica além de
Angra 3?
53
Em que estágio se encontra o programa das novas centrais nucleares? 54
Qual o cronograma previsto para a seleção / implantação / início de operação
dessas usinas?
55
Quais aspectos serão analisados para escolher a localização das novas centrais
nucleares?
56
Qual seria o investimento previsto para a implantação dessas novas usinas? 57
Quais serão as alternativas tecnológicas para as novas usinas? 57
Qual a participação e a importância da indústria brasileira nesse processo? 57
A Eletronuclear acaba de inaugurar um escritório no Nordeste. Por que foi
escolhida a capital de Pernambuco?
58
Como está o interesse dos estados nordestinos na implantação de usinas
nucleares na região?
58
Os estudos preliminares já apontam alguma região do Nordeste como favorita? 59
Quem está à frente do escritório da Eletronuclear, no Recife? 59
Que tipo de benefício a região Nordeste terá? 60
A disputa entre estados do Nordeste pelas usinas nucleares não se repete no
Sudeste. Por quê?
60
A construção das novas centrais está vinculada ao crescimento da economia do
país e, por consequência, da demanda por energia. A crise internacional deve
reduzir significativamente a taxa de crescimento econômico por um período que o
governo considera médio. O programa sofrerá alterações?
61
A cadência de uma nova usina por ano é factível? Como? 61
TEMAS GERAIS
1) TARIFA 61
Atualmente, qual é o valor da tarifa da energia elétrica gerada pelas usinas Angra
1 e Angra 2?
61
2) BALANÇO FINANCEIRO 62
De quanto foi o resultado da Eletronuclear em 2008? 62
Quais as mudanças feitas que contribuíram para a melhora do Resultado do
Serviço e para neutralizar os sucessivos prejuízos da Eletronuclear? 62
Qual o investimento realizado da Eletronuclear no ano 2008? 62
O orçamento da Eletronuclear foi aprovado pelo Programa de Dispêndios 63
Globais?
3) PESSOAL E VILAS RESIDENCIAIS 64
Quantos funcionários tem a Eletronuclear? 64
Há um número suficiente de técnicos para as três usinas ou haverá necessidade
de contratação?
64
Quantas vilas residenciais a Eletronuclear possui? Quantas residências existem
em cada uma dessas vilas? Que outras instalações há nas vilas?
64
4) LOCALIZAÇÃO 66
Por que o município de Angra dos Reis foi escolhido para abrigar a CNAAA? 66
5) FUNCIONAMENTO E SEGURANÇA DAS USINAS 66
Qual é a vida útil das usinas nucleares? 66
Como é o funcionamento de uma usina nuclear? 66
Qual o grau de segurança das usinas nucleares? 67
Os padrões de segurança nuclear adotados no Brasil são eficientes? 69
O que é um prédio de contenção? 70
De que é formada a estrutura externa das usinas Angra 1 e Angra 2? 70
E a estrutura interna das usinas nucleares, como é formada? 70
Quais são as principais diferenças entre a central de Chernobyl e as usinas de
Angra?
71
Quantos acidentes aconteceram nos últimos dez anos? 74
Que tipo de acidente seria mais provável de acontecer nas usinas nucleares de
Angra?
74
Nos dosímetros aparece a medida de radiação. Como se chama essa medida? 75
Quanto um funcionário pode receber de radiação? A taxa é mensal? 75
O que acontece quando se ultrapassa o limite? 75
O que aconteceria se um avião caísse na Central Nuclear? 75
O projeto estrutural leva em consideração a possível ocorrência de um abalo
sísmico?
76
E o terremoto que atingiu o litoral paulista? 76
Existe um monitoramento sísmico nas usinas? 77
Existe no local um sistema de segurança adequado para impedir uma possível
ocorrência de invasão indesejada? Quais as medidas existentes para se detectar,
impedir e combater tal fato?
78
6) EVENTOS OPERACIONAIS E PLANO DE EMERGÊNCIA 78
Como é feita a classificação dos eventos? 78
Qual o objetivo da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES)? 78
Como são classificados os eventos dentro da Escala INES? 79
A partir de que nível, na Escala Internacional de Eventos Nucleares, os riscos
devem preocupar a população?
81
Existe um plano de emergência? É feito algum tipo de treinamento com a
população local? 81
No âmbito do Plano de Emergência, como são classificados os eventos e a partir
de que nível devem preocupar a população? 82
Como funciona o Plano de Emergência Externo? 83
Como funciona o Plano de Emergência Local? 84
Em caso de um acidente grave, que área poderia ser atingida? 85
Há quantas pessoas aproximadamente nas ZPEs 3 e 5? 85
Houve um ENU em Angra 2 no dia 15 de maio de 2009 que causou repercussão,
preocupando as autoridades municipais e a opinião pública. O que de fato
ocorreu?
86
Como esse incidente foi classificado na Escala INES? 87
Esses incidentes são divulgados? 87
Houve risco para a saúde dos trabalhadores envolvidos com o incidente? 88
O que representa a dose a que os trabalhadores estiveram expostos? 89
O que aconteceu com o empregado envolvido no incidente? 89
É comum ocorrer eventos com contaminação de trabalhadores nas usinas? 89
7) REJEITOS 90
Como são classificados os rejeitos radioativos? 90
Como a Eletronuclear vem conduzindo as ações relacionadas aos rejeitos de
Angra 1 e Angra 2 e como pretende resolver a questão para Angra 3?
90
Qual o grau de perigo que eles oferecem para as pessoas e o meio ambiente? 92
Quando, exatamente, são produzidos rejeitos de média e alta atividades? 92
Onde estão sendo armazenados os rejeitos de Angra 1 e Angra 2? E onde serão
armazenados os rejeitos de Angra 3?
92
Os projetos de construção de depósitos na Europa são do mesmo nível que os
nossos?
93
Por que os Depósitos 2 e 3 foram construídos com paredes de concreto, e o
Depósito 1 é de alvenaria?
93
As obras do Depósito 3 já foram concluídas? Quantos empregos esse
empreendimento gerou?
93
Qual foi o custo de construção do Depósito 3? 94
Por que a obra do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 2003? Como está o
licenciamento do empreendimento atualmente? 94
Qual é a capacidade do Depósito 2B e quanto foi investido para sua conclusão? 95
Para que servirá o Prédio de Monitoração? Qual é o custo do empreendimento? 95
Como se deve resolver o problema do armazenamento dos rejeitos que se
encontram em depósitos iniciais?
95
Qual a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? Qual o
percentual ocupado? Qual a previsão no tempo para esgotamento do espaço? 96
Qual é a área dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? 96
Como é feita a ocupação desses depósitos? 96
A Eletronuclear vem tomando medidas para otimizar a capacidade de
armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?
97
Qual a produção de rejeitos de Angra 1 e Angra 2? 97
Quantas toneladas de rejeitos existem armazenadas na Central Nuclear de Angra
dos Reis? E nos Estados Unidos?
97
Qual é a quantidade de elementos combustíveis (rejeitos de alta atividade)
armazenados nas piscinas de combustível usado?
98
Qual é a massa dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2? 98
Qual a capacidade das piscinas que guardam os elementos combustíveis usados
nas usinas?
98
O espaço ainda disponível nas piscinas é suficiente para mais quanto tempo de
operação?
98
Como os rejeitos de baixa e média atividades são manuseados e armazenados? 98
Como é feito o transporte dos rejeitos de baixa e média atividades de dentro das
usinas até os Depósitos Iniciais?
99
O que aconteceria se o caminhão que transporta os rejeitos caísse na encosta? 99
No caso de deslizamento de encosta, o que acontecerá com os rejeitos? 99
Qual a compensação que o município de Angra dos Reis recebe para arcar com
o armazenamento temporário dos rejeitos radioativos?
99
Como a população da região pode fiscalizar a segurança do armazenamento dos
rejeitos?
99
Qual o atual estágio de desenvolvimento do depósito definitivo de rejeitos
radioativos?
99
Quais as metas que a CNEN traçou para o início da construção e da operação do
Repositório Nacional de Rejeitos de Baixa e Média Atividades e do Depósito
101
Intermediário de Longa Duração para Combustíveis Usados?
Qual a lei que dispõe sobre a seleção de locais para a construção dos depósitos
finais de rejeitos radioativos?
102
Como seria o transporte dos rejeitos caso o depósito definitivo fosse fora do sítio
das usinas?
103
O que é reprocessamento dos elementos combustíveis e qual o seu objetivo? 103
O país estuda a possibilidade de fazer o reprocessamento dos combustíveis
usados?
104
Por que os rejeitos não são incinerados? 104
Quanto tempo os rejeitos precisam ficar armazenados para deixar de causar
ameaça à população?
104
O que é a meia-vida dos radionuclídeos? 104
8) COMBUSTÍVEL 107
Qual é o custo do combustível nuclear? Se comparado a outras fontes
energéticas, é competitivo?
107
No caso do aumento do preço do urânio, qual é a consequência nos custos de
geração de energia nuclear?
107
Que quantidade de urânio é necessária para produzir 1 kWh? 107
Como estão nossas reservas de urânio? O que temos hoje e qual sua vida útil?
Há perspectivas de crescimento?
108
Qual a expectativa para que Angra 3 receba o urânio vindo da jazida de Itataia,
em Santa Quitéria, no Ceará, que deve começar a ser explorada em 2011 numa
parceria da Galvani com a INB?
109
O Brasil enriquece urânio? 109
Como o combustível chega a Angra? 109
Quais são as etapas do ciclo do combustível nuclear? 110
9) PARADAS 112
Como é feito o reabastecimento das usinas? 112
Qual o impacto das paradas de reabastecimento no Sistema Integrado Nacional? 112
Qual é o custo por dia das usinas Angra 1 e Angra 2 quando paralisadas por
incidentes ou para recarga e manutenção técnica? 113
O que acontece com o combustível usado? 113
Há necessidade de licenciamento? 114
Quais os órgãos envolvidos nessa operação? 114
10) FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO E SEGURO DAS USINAS 114
O que é descomissionamento de uma usina nuclear? 114
O que é o fundo de descomissionamento das usinas? 114
Qual será o custo do descomissionamento de Angra 1 e Angra 2? 115
De onde provêm os recursos para o fundo de descomissionamento das usinas
Angra 1 e Angra 2?
115
Como funciona o seguro das usinas nucleares? Qual o valor das apólices? 115
Quais riscos são cobertos pelo seguro? 116
De quanto em quanto tempo as usinas são vistoriadas pelas seguradoras? 116
11) VANTAGENS AMBIENTAIS 116
Quais as vantagens ambientais de uma usina nuclear sobre as usinas térmicas
convencionais?
116
Como é monitorado o meio ambiente para saber se não há risco? 119
Qual a posição da empresa em relação aos protestos dos ambientalistas? 120
12) RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 121
Como a empresa atua na área de responsabilidade socioambiental? 121
Qual a importância para a empresa em agir de forma socialmente responsável? 121
A empresa apoia parcerias com o poder público? 122
Como é avaliado o retorno desses projetos para a empresa? 122
Quais os projetos de voluntariado que a empresa desenvolve? 123
Quais os projetos desenvolvidos pela Eletronuclear na área de saúde? 123
Como a Eletronuclear está investindo na área de educação? 124
Quais são os projetos da Eletronuclear para o meio ambiente? 125
A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das
medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2?
126
E o Parque Nacional da Serra da Bocaina? Qual é o envolvimento da
Eletronuclear?
127
A Eletronuclear dá suporte às comunidades indígenas vizinhas às suas
instalações?
127
Que tipo de investimento cultural a empresa promove? 127
Que outros investimentos a Eletronuclear vem fazendo para melhorar a qualidade
de vida nos municípios de Paraty, Rio Claro e Angra dos Reis?
128
O complexo é aberto ao público para visitação? Para a Eletronuclear, qual a
importância de políticas de comunicação como a do Centro de Informações de
Itaorna, onde há uma exposição de filmes e folhetos educativos, e os cuidados da
129
empresa com o meio ambiente e a população?
Quanto a Eletronuclear investiu em ações sociais em 2008? 129
Qual a meta de investimento para 2009? 130
13) PANORAMA DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO 130
Qual a participação da energia nuclear no mercado mundial? 130
Qual é a capacidade instalada mundial por fonte nuclear? 130
Como estão distribuídos, no mundo, os reatores nucleares? 130
Como estão distribuídos, no mundo, os reatores do tipo PWR utilizados nas
Usinas Angra 1 e Angra 2?
130
Quantos reatores nucleares estão em construção no mundo? 131
Dos reatores em construção, quantos são do tipo PWR? 132
Quais os países que mais dependem da energia nuclear dentro de sua matriz
energética?
132
Quais os países que mais contribuíram com energia nuclear na matriz energética
mundial? E o Brasil, com quanto contribui?
132
Qual a situação atual da energia nuclear em alguns países? 133
Quais são as projeções da AIEA quanto ao crescimento da energia nuclear? 150
Produção e edição: Coordenação de Imprensa da Eletronuclear
SOBRE A ELETRONUCLEAR
A Eletrobrás Termonuclear – Eletronuclear é uma sociedade anômima de
economia mista com a finalidade de operar e construir as usinas termonucleares
do país. Subsidiária da Eletrobrás, foi criada em 1997 a partir da fusão entre a
antiga Diretoria Nuclear de Furnas e Nuclebrás Engenharia (NUCLEN). A
Eletronuclear opera as duas usinas nucleares da Central Nuclear Almirante
Álvaro Alberto (CNAAA), no município de Angra dos Reis, com a capacidade
instalada total de 1.990 MW. Pelo sistema elétrico interligado, essa energia
chega aos principais centros consumidores do país e corresponde a
aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no Brasil e a um terço no
Estado do Rio de Janeiro, proporções que se ampliarão quando estiver
concluída a terceira usina da Central.
Atualmente, estão em operação as usinas Angra 1, com capacidade para
geração de 640 megawatts elétricos, e Angra 2, com potência de 1.350
megawatts elétricos. Angra 3, que será praticamente uma réplica de Angra 2
(incorporando os avanços tecnológicos ocorridos desde a construção desta
Usina), está prevista para gerar 1.405 megawatts.
A CNAAA, situada em Itaorna, município de Angra dos Reis, foi assim
denominada em justa homenagem ao pesquisador pioneiro da tecnologia
nuclear no Brasil e principal articulador de uma política nacional para o setor.
Embora a construção da primeira usina tenha sido sua inspiração, o almirante,
nascido em 1889, não chegou a ver Angra 1 gerando energia, pois faleceu em
1976. Mas sua obra persiste na competência e na capacitação dos técnicos que
fazem o Brasil ter hoje usinas nucleares classificadas entre as mais eficientes do
mundo.
1
BREVE HISTÓRICO DA GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL
•1968 – O governo brasileiro decide construir a primeira usina nuclear.
•1972 – Começa a construção de Angra 1.
•1975 – O Brasil assina um acordo de cooperação com a Alemanha para ter
acesso ao ciclo completo de abastecimento. Inicia uma forte indústria de
equipamentos, produção de combustível nuclear e um protocolo de compra de
oito usinas nucleares.
•1975 – Os dois primeiros reatores de 1.300 MW Siemens/KWU são
encomendados, e a construção começa.
•1982 – Angra 1 é conectada à rede pela primeira vez.
• As atividades de construção de Angra 2 se desenvolvem vagarosamente nos
anos 80.
•1984 – As obras civis de Angra 3 são iniciadas.
•1985 – Início da operação comercial de Angra 1.
•1986 – As obras de Angra 3 são paralisadas.
•1996 – É contratada a montagem eletromecânica de Angra 2.
•1997 – É criada a Eletronuclear.
•2001 – Início da operação comercial de Angra 2.
•2007 – O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autoriza, no dia
25/06/07, a retomada de Angra 3.
•2008 – O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA)
concede, no dia 23/07/08, a Licença Prévia Ambiental da Usina Angra 3.
•04/03/09 – O IBAMA emite a Licença de Instalação que autoriza o início das
obras de Angra 3.
•09/03/09 – A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) concede a
Licença Parcial de Construção para Angra 3.
2
•24/06/09 – A Prefeitura de Angra dos Reis emite o Alvará de Licença para
construção de Angra 3.
•22/07/09 – O Tribunal de Contas da União revisa a minuta do termo aditivo ao
contrato de obras civis e autoriza a retomada de Angra 3.
•14/09/09 – A Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez assinam o aditivo
contratual para retomada da construção civil de Angra 3.
•02/10/09 – Assinatura da 1ª Ordem de Execução de Serviços (OS) do contrato
de obras civis de Angra 3.
A ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL
Qual o papel e a importância da energia nuclear como alternativa
energética para o Brasil?
De complementaridade. Não deve existir competição entre as fontes energéticas
disponíveis. Dificilmente haverá uma fonte de energia que represente solução
única de forma sustentável para um país. O próprio exemplo brasileiro, cujo
sistema elétrico integrado foi por muito tempo baseado essencialmente na fonte
hídrica e que hoje passa por uma transformação no sentido de se tornar um
sistema hidrotérmico, reforça essa tese.
O caráter largamente majoritário da hidroeletricidade torna o Brasil um caso
único, com uma importante vantagem competitiva em nível global. A operação
do sistema, entretanto, irá depender de quanto e onde chove no país, ou seja,
da Natureza.
A vazão dos rios varia nas estações do ano, e anos secos ocorrem em ciclos de
cinco a dez anos. Um sistema hídrico que se autorregule para enfrentar um ano
seco como, por exemplo, o de 2001, necessita, no mínimo, de cinco meses de
energia hídrica armazenada. No entanto, as usinas hidroelétricas que deverão
entrar em operação, de agora em diante, tenderão a apresentar uma razão entre
a capacidade de armazenamento de água e a produção de energia elétrica da
ordem de dois meses. Há uma tendência que essa razão continue a diminuir.
Grandes reservatórios na Amazônia, região onde se encontra a maior parte do
3
potencial hidroelétrico disponível para aproveitamento, são inviáveis do ponto de
vista social e ambiental.
Portanto, a geração de eletricidade no Brasil através de centrais térmicas, a
médio prazo, não é motivada pelo esgotamento do potencial hídrico, mas para
fazer frente aos riscos hidrológicos. Nesse contexto, as usinas termoelétricas
passam a ser provenientes da necessidade de regulação do sistema.
A expansão da contribuição de outras fontes renováveis – eólica, solar,
biomassa – deverá ser a máxima possível. Porém elas não reduzirão a
necessidade da complementação térmica. Todas as fontes renováveis
dependem dos ciclos da Natureza e requerem complementação térmica para os
períodos em que não estão plenamente disponíveis.
O país está passando por um “divisor de águas”: a situação atual de virtual
“monopólio” da hidroeletricidade no sistema integrado nacional apresenta
tendência de evolução para uma situação em que a componente hidroelétrica
continuará a predominar e ter precedência, porém ao lado de uma importante
componente termoelétrica necessária para garantir o funcionamento seguro do
sistema.
Nesse contexto, o Brasil dispõe de uma situação privilegiada, pois possui, em
seu território, diversas alternativas de geração térmicas: urânio, carvão,
biomassa, gás natural e petróleo. Cada uma com suas especificidades de uso.
Fator de utilização, abundância em território nacional, segurança de
abastecimento, logística de aprovisionamento, volatilidade de preço, impacto
ambiental e outros usos (transporte, indústria) determinarão a contribuição
relativa de cada uma para a imprescindível complementação térmica.
Deve-se ressaltar que, diferentemente dos combustíveis fósseis, o combustível
nuclear – urânio –, do qual o Brasil possui uma das maiores reservas mundiais,
não tem atualmente qualquer outro uso industrial corrente que não seja a
geração de energia elétrica. Essa importância torna-se ainda mais realçada
agora, quando o país passou a dominar o conhecimento do ciclo completo de
fabricação do combustível nuclear.
A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil?
Sim, por vários aspectos. Primeiro porque a opção nuclear permite a geração
confiável de uma energia ambientalmente limpa, que não contribui para o efeito
estufa, e não é afetada pelas variações climáticas. Além disso, a energia nuclear
4
faz uso de um combustível de origem nacional, o que permite minimizar
vulnerabilidades no abastecimento e proteção contra a volatilidade dos preços,
não estando sujeito a flutuações no mercado internacional. Ocupando uma área
pequena, quando comparada com outras formas de geração de energia, as
usinas nucleares podem ficar próximas aos grandes centros consumidores,
eliminando a necessidade de longas linhas de transmissão.
Em comparação com outras formas de geração de energia, a fonte nuclear
é competitiva?
Sob o aspecto de competitividade econômica, destacamos que no último leilão
A-5 de “energia nova” realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
em 30/09/2008, o preço médio de venda de energia alcançado pelas usinas
térmicas foi de R$ 145,23 por MWh, evidenciando a viabilidade econômica da
opção nuclear.
Quanto representa a produção de Angra 1 e Angra 2?
Como o parque elétrico brasileiro tem mais de 90% da sua geração de origem
hidráulica, com longas linhas de transmissão até os grandes centros
consumidores, a importância de Angra 1 e Angra 2 para a estabilização do
sistema elétrico no eixo Rio-São Paulo é muito grande. Desde que a Usina
Angra 2 entrou em operação comercial, em fevereiro de 2001, a CNAAA passou
a ter capacidade para atender a cerca de 50% do consumo de energia elétrica
do Estado do Rio de Janeiro. São 640 MW de Angra 1 e 1.350 MW de Angra 2,
fundamentais para a melhoria da confiabilidade no fornecimento de energia
elétrica para o sistema da Região Sudeste. Particularmente, no que diz respeito
ao Estado do Rio de Janeiro, a energia nuclear respondeu, em 2008, por cerca
de 26,6% da capacidade instalada e a um terço do consumo total de energia
elétrica.
Angra 3 acrescentará outro bloco de energia similar ao de Angra 2. Com as três
usinas em operação, o complexo nuclear de Angra dos Reis terá uma
capacidade semelhante ao potencial de geração total da CEMIG
(aproximadamente 26 milhões de MWh por ano), sendo capaz de atender a
cerca de 58% da demanda energética do Estado do Rio de Janeiro, se
considerarmos os dados de 2008.
5
Qual foi a participação de Angra 1 e Angra 2 na matriz elétrica brasileira em
2008?
Em 2008, a produção de energia elétrica de Angra 1 e Angra 2 juntas foi de
14.003.775 MWh, o que representa 3,12% do mercado de energia elétrica
nacional.
Segundo dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a energia nuclear foi a terceira
maior fonte de geração elétrica, só ficando atrás das hidroelétricas e do gás,
conforme mostrado no gráfico abaixo.
Vale destacar que, nos anos de 2006 e 2007, a produção nuclear foi a segunda
maior fonte, liderando a geração térmica no Brasil.
Matriz de Geração Elétrica no BrasilSituação em 2008: NUCLEAR FOI A 3a MAIOR FONTE GERADORA
33oo lugarlugar
GeraçãoTérmica
(GWh) (%) (%)
Hidráulica (1) 397.701,682 88,70 -Nuclear 14.003,775 3,12 27,64
Gás 27.098,076 6,04 53,49Carvão 6.269,921 1,40 12,38
Óleo 1.899,507 0,42 3,75Biomassa 1.390,573 0,31 2,74
Total térmicas 50.661,852 11,29 100,0Total do SIN 448.363,534 100,0 -
(1) Inclui a parcela de Itaipu-ParaguaiFonte: EPE/ONS
Geração do Sistema Interligado Nacional (SIN)Período: Janeiro/2008 a Dezembro/2008
Tipo de Usina Geração Total
Geração Total Geração Térmica
Hidráulica Nuclear Gás Carvão Óleo Biomassa
Quando Angra 1 e Angra 2 atingiram 150 milhões de MWh?
No dia 7 de novembro de 2009, as usinas nucleares atingiram a produção total
de 150 milhões de MWh. Angra 1 está em operação comercial desde abril de
1985 e Angra 2, desde fevereiro de 2001. Os 150 milhões de MWh dariam
dariam para atender ao consumo das seguintes cidades:
Curitiba por 41 anos
Belo Horizonte por 31 anos
Rio de Janeiro por 12 anos
São Paulo por sete anos
6
Como podemos medir a importância da geração de energia das usinas
nucleares durante o racionamento de energia elétrica, no período de
janeiro a setembro de 2001, ano em que o país sofreu racionamento de
energia?
No dia 18 de setembro de 2001, os reservatórios do Sudeste estavam operando
com 22% de sua capacidade. Se as usinas nucleares de Angra dos Reis não
tivessem suprido o Sistema Elétrico Brasileiro com 9.887.163 MWh – de janeiro
a setembro de 2001 –, o nível médio desses reservatórios estaria 8% abaixo e
poderia ter ocorrido o apagão.
Quando a CNAAA atingiu, pela primeira vez, a geração de 2.000 MW?
No dia 18 de junho de 2009, às 9h30, pela primeira vez, a Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto atingiu 2.000 MW. A Usina Angra 1 gerava 646 MW,
quase 100% de sua geração elétrica bruta, e Angra 2 pouco acima de sua
potência, com 1.354 MW.
ANGRA 1
1. DESEMPENHO / PRODUÇÃO
Em 1968, o governo brasileiro decidiu ingressar no campo da produção da
energia nucleoelétrica, com o objetivo primordial de propiciar ao setor elétrico a
oportunidade de conhecer essa moderna tecnologia e adquirir experiência para
fazer frente às possíveis necessidades futuras. Como àquela época já estava
prevista uma complementação termoelétrica na área do Rio de Janeiro, foi
decidido que esse aumento se fizesse mediante a construção de uma usina
nuclear de cerca de 600 MW. Essa incumbência foi, então, confiada pela
Eletrobrás a Furnas, que realizou uma concorrência internacional, vencida pela
empresa americana Westinghouse. Angra 1 foi adquirida sob a forma de turn
key, como um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por
parte do fornecedor. No entanto, a experiência acumulada pela Eletronuclear em
todos esses anos de operação comercial, com indicadores de eficiência que
superam o de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, hoje, a
7
capacidade de realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica em Angra
1, incorporarando os mais recentes avanços da indústria nuclear.
Qual a potência nominal da Usina Angra 1?
A potência elétrica (bruta) de Angra 1 é 640 MW.
De abril de 2005 até a substituição dos seus Geradores de Vapor, em 2009,
Angra 1 não operou a plena carga. Por quê?
Para preservar a vida útil dos antigos Geradores de Vapor, à época, foi tomada
decisão estratégica, de limitar a potência a 83% do reator, ou seja, 520 MW, de
forma a limitar a temperatura da água entrando nos tubos dos geradores de
vapor a 330ºC, minimizando o ataque da corrosão sob tensão aos mesmos.
Com a substituição dos geradores de vapor, a Usina tem operado a plena carga,
exceto quando solicitado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) sua
redução, para atender às necessidades do Sistema Elétrico Interligado.
Quando a construção de Angra 1 foi iniciada?
A construção de Angra 1 foi iniciada em março de 1972 com a concretagem da
laje do prédio do reator.
Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator
entra numa reação em cadeia)?
A primeira reação em cadeia foi estabelecida às 20h23 do dia 13/03/1982.
Quando se deu a primeira sincronização na rede?
Às 15h26 do dia 01/04/1982.
Quando Angra 1 começou a operar comercialmente?
A Usina Angra 1 começou a operar no dia 01/01/1985.
Qual é a área construída de Angra 1?
Angra 1 ocupa 33.646,51 m2.
8
Quantos habitantes Angra 1 foi capaz de abastecer de energia elétrica em
2008?
Angra 1 gera energia equivalente ao consumo contínuo de uma cidade com um
milhão de habitantes. Considerando-se o consumo médio do Estado do Rio de
Janeiro (2.000 kWh/hab/ano), Angra 1 atendeu cerca de 1,7 milhão de
habitantes em 2008 (8,23% do consumo de eletricidade do Estado do Rio de
Janeiro).
Qual é o histórico de operação de Angra 1?
A geração bruta, desde o início da operação comercial até julho de 2009, é a
seguinte:
ANO GERAÇÃO BRUTA DE ANGRA 1 (MWh)
FASE 1 APARECIMENTO E SOLUÇÃO DE
GRANDES PROBLEMAS
1985 3.412.087,3
1986 145.597,2
1987 973.301,9
1988 613.961,3
1989 1.845.373,8
1990 2.258.049,0
1991 1.441.597,1
1992 1.752.277,1
1993 441.769,9
FASE 2 APÓS A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS
1994 54.960,4
1995 2.520.684,7
9
1996 2.428.936,2
FASE 3 APÓS A CISÃO DE FURNAS E A FUSÃO
COM A NUCLEN
1997 3.161.440,0
1998 3.265.251,5
1999 3.976.943,2
2000 3.423.307,6
2001 3.853.499,2
2002 3.995.104,0
2003 3.326.101,3
2004 4.124.759,2
2005 3.731.189,7
2006 3.399.426,4
2007 2.708.723,5
2008 3.515.485,9
2009 (*) 975.257,6
TOTAL 61.345.085,0
(*) Até 31/07/2009
Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível
para gerar 100% de sua capacidade) de Angra 1, de 2000 a 2008?
Angra 1 ANO
(%)
2000 80,81
2001 82,90
2002 86,35
2003 73,30
10
2004 90,05
2005 81,61
2006 74,88
2007 61,45
2008 78,90
Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade
de Angra 1, de 2005 para cá?
AnoFator de Disponibilidade(%)
Principais causas
2005 81,61Execução de reparos nosGeradores de Vapor
2006 74,88Substituição do rotor de uma das Turbinas de Baixa Pressão
2007 61,45Problemas na excitatriz do Gerador Elétrico
2008 78,90Preservação dos Geradores de Vapor
Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos?
Os dados abaixo se referem à geração bruta de Angra 1, descontando os dias
de parada para reabastecimento de combustível e manutenção periódica:
2009: Em torno 3.324.698 MWh
2010: Em torno de 5.144.960 MWh
2011: 5.144.000 MWh
Qual é o fator de confiabilidade de Angra 1?
A Eletronuclear utiliza 3% de TEIF (taxa de equivalente de indisponibilidade
forçada). Ou seja, após abater as paradas programadas, ainda existe a taxa da
11
incidência de paradas não programadas. Portanto, o fator de confiabilidade das
usinas é de 97%. Os valores de geração bruta listados acima já estão levando
em conta as paradas programadas.
Qual é a potência de consumo próprio de Angra 1?
30 MW.
Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 1?
Além da substituição dos dois Geradores de Vapor realizada de março a junho
de 2009, as seguintes modificações estão planejadas e acarretarão em
melhorias na disponibilidade de Angra 1: substituição das válvulas de controle e
de isolamento da água de alimentação dos Geradores de Vapor, válvulas de
isolamento de vapor principal; substituição da tampa do vaso de pressão do
reator; substituição dos controladores Foxboro e outros que se encontram
igualmente obsoletos, por controladores digitais; entre outras.
Angra 1 deixou de merecer o apelido de "vaga-lume"?
Nos primeiros anos de sua operação, Angra 1 enfrentou problemas com alguns
equipamentos que foram substituídos ou modificados: os 48.000 tubos dos
condensadores foram trocados por tubos de titânio; alguns transformadores e os
inversores estáticos foram substituídos e dois novos geradores a diesel de
emergência foram instalados. Também foram implementadas ações
administrativas e técnicas que culminaram com uma melhoria muito grande no
desempenho operacional da Usina. Esses problemas foram sanados de forma
adequada há vários anos, fazendo com que hoje a Usina opere em padrões de
desempenho compatíveis com a prática internacional.
Em média, nos dois últimos anos, Angra 1 atendeu a 7,2% do consumo de
eletricidade do Estado do Rio de Janeiro.
Qual a média de geração da Usina Angra 1 em relação ao seu potencial
máximo?
A média de geração em relação ao potencial máximo, desde o início da
operação comercial até 31/12/2008, é de 62,81%.
12
Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 1?
A primeira parada para reabastecimento de combustível de Angra 1 foi realizada
de 04/01/1986 a 31/07/1986, simultaneamente, com outros serviços técnicos na
Usina.
Quando foi o último e quando será o próximo reabastecimento de Angra 1?
A última parada para reabastecimento de parte do combustível foi concluída no
dia 04 de junho de 2009, e o próximo reabastecimento está previsto para maio
de 2010.
Quantos reabastecimentos já foram realizados?
Desde o início da operação já foram realizados 16 recarregamentos de
combustível em Angra 1.
2. CUSTOS
Quanto custou a instalação de Angra 1?
Segundo o Balanço Anual (2008) da Eletronuclear, publicado no dia 13/04/2009,
no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o custo bruto de construção das
instalações de Angra 1, atribuído à Eletronuclear, foi de R$ 1.630.309.000,00 (1
bilhão 630 milhões 309 mil reais), realizado até 31 de dezembro de 2008.
Qual o custo de produção de Angra 1?
O custo de produção de uma usina é constituído pelo seu custo de O&M
(Operação e Manutenção) e do combustível. O custo de produção de Angra 1
(em 31/12/2008) foi de R$ 97,33/MWh, sendo R$ 77,18/MWh de O&M, e R$
20,15/MWh de combustível.
Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 1?
Os equipamentos de Angra 1 estão registrados pelo valor de R$ 864.516 mil
(864 milhões e 516 mil reais). Cabe ressaltar que, como a correção monetária
dos ativos foi suspensa em dezembro de 1995, os valores se reportam àquela
data. (Obs.: Os custos ocorridos após dezembro de 1995 estão registrados pelo
13
valor histórico, ou seja, valor sem correção monetária, da data em que
ocorreram.)
3. PROGRAMA DE MELHORIAS DE ANGRA 1
Que providências estão sendo tomadas para ampliar a vida útil de Angra 1,
que já está há mais tempo em funcionamento?
A Usina Angra 1 comemorou o 24º aniversário do início de sua operação
comercial, em janeiro de 2009, no auge do desenvolvimento de ações que
otimizarão seu desempenho, o que, por sua vez, ampliará a vida útil da usina por
mais 20 anos. A troca dos Geradores de Vapor (GVs) foi uma dessas medidas.
Para a Eletronuclear, essas ações são prioritárias e resultam de um amplo
estudo das condições de operação da Usina e de suas necessidades a longo
prazo, a exemplo do que vem ocorrendo em várias plantas do mundo.
Qual a importância dos Geradores de Vapor?
Os Geradores de Vapor são equipamentos instalados no sistema primário da
Usina e fazem a interface entre os sistemas nucleares e não nucleares. Eles
são responsáveis pela produção do vapor saturado seco para movimentar as
turbinas e o gerador de energia elétrica. Cada um tem 4,5 m de diâmetro
superior do casco, 20,6 m de comprimento e pesam, em operação normal,
413 t (o peso de cada equipamento vazio é de aproximadamente 330 t). Ainda
há 5.428 tubos por onde passa a água a uma temperatura de 303º C.
Por que foi necessário trocar os dois Geradores de Vapor de Angra 1?
Embora a troca não estivesse prevista no projeto inicial de Angra 1, foi uma
decisão tomada pela Eletronuclear, depois da identificação da predisposição
para desgaste da liga metálica utilizada nos tubos dos equipamentos.
Esses tubos estão sujeitos a processos de degradação decorrentes da
sensibilidade do material do qual são constituídos (liga do tipo Inconel 600) e às
condições (mecânicas e ambientais) sob as quais operam, o que exigia
frequentes testes de sua integridade.
Materiais mais resistentes, não susceptíveis à corrosão sob tensão, foram
utilizados na fabricação dos novos geradores. O casco dos novos geradores
14
foram confeccionados com aço de baixa liga tipo manganês-molibdênio-níquel, e
a sua parte inferior é integralmente revestida, por solda, com aço inoxidável e
inconel. Na parte interna, foram soldados 5.428 tubos em U de liga de níquel
(inconel 690), por onde circula a água proveniente do reator nuclear.
Quais são os benefícios da troca?
A substituição dos GVs eliminará a necessidade da inspeção em 100% dos
tubos, em cada parada, passando a adotar-se uma inspeção por amostragem,
tal como é realizado em Angra 2. Haverá, assim, uma redução de até 10 dias no
tempo de parada para o recarregamento de combustível nuclear, devido à
redução do escopo de trabalho. Além disso, os custos de preservação/reparos
serão praticamente eliminados. O custo, considerando-se todas as tarefas dos
GVs, é em torno de EUR 7,5 milhões. Após a troca, deverá cair para EUR 1
milhão.
Portanto, a substituição foi uma medida necessária para a continuação da
operação de Angra 1, o que viabilizará também a extensão da vida operacional
da Usina.
Quando se iniciou o processo e quando foi concluído?
O processo começou em maio de 2004, com o início da fabricação dos novos
geradores, e foi concluído em junho de 2009.
De 24/01/2009 a 04/06/2009, Angra 1 ficou fora do Sistema Elétrico Nacional
para realização de parada programada para a troca dos GVs e manutenções
diversas.
Quais foram os fornecedores?
A Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. – NUCLEP foi responsável pela
fabricação dos GVs. Coube à empresa francesa Areva NP a engenharia, a
aquisição dos materiais e a assistência técnica na fabricação. A Westinghouse
foi a empresa contratada pela Eletronuclear, mediante licitação, para realizar os
serviços de substituição.
Quanto tempo levou a fabricação dos Geradores de Vapor?
A fabricação levou aproximadamente 39 meses.
15
Como foi o transporte dos equipamentos até a CNAAA?
Os equipamentos chegaram à CNAAA, em Angra dos Reis, no dia 07 de abril de
2008. O transporte foi uma operação complexa, por terra e mar, que durou sete
dias. Uma carreta especial com 12 eixos e 12 rodas em cada eixo foi utilizada
para transporte terrestre, e uma balsa de 50m de comprimento x 16m de largura,
no transporte marítimo até a Central Nuclear.
Quanto tempo levou a troca propriamente dita?
A parada teve duração de mais de 120 dias de trabalho ininterrupto, dos quais
cerca de 90 dias ficaram reservados para as atividades de substituição dos
geradores.
Como foi feita a substituição?
A obra mobilizou mais de 2.000 trabalhadores, em regime de 24 horas. Com a
Usina desligada, foi feita uma abertura provisória de 36 metros quadrados na
parede do edifício do reator, por onde saíram os antigos geradores e entraram
os novos. Dispositivos especiais foram utilizados para o içamento e transporte
dos equipamentos, de quase 400 toneladas e 20 metros de comprimento.
Onde serão armazenados os geradores antigos?
Os antigos GVs foram armazenados, de maneira segura, no Depósito Inicial dos
Geradores de Vapor – DIGV, no próprio sítio da Central Nuclear, em Angra dos
Reis.
O depósito está localizado numa área denominada Ponta Fina, situada a
aproximadamente 800 metros de Angra 1. O local reúne condições ambientais
adequadas e, por estar próximo da Usina, ofereceu facilidade e segurança para
o transporte. O depósito, integrado ao sistema de proteção física e de
monitoração radiológica da Central Nuclear, atende às normas nacionais e
internacionais aplicáveis.
Qual o investimento total do projeto?
O valor total do investimento é de R$ 724.000.000,00 (724 milhões de reais),
englobando aquisição, análise de segurança, licenciamento, substituição e
armazenamento. Os recursos foram provenientes da Eletrobrás, garantidos por
contratos de financiamento.
16
Outras usinas já realizaram operações semelhantes?
Em escala mundial, todas as usinas que utilizam esse tipo de gerador têm
apresentado problemas relativos à gradual degradação do feixe tubular.
Em todo o mundo, 89 usinas nucleares já realizaram substituições semelhantes,
num total de 258 Geradores de Vapor. Até 2011, outras 16 usinas planejam
substituir tais equipamentos.
Que outras renovações estão sendo introduzidas em Angra 1?
A Eletronuclear, hoje, tem um programa de gerenciamento de Angra 1 que
consiste na coordenação de ações de longo prazo de operação, manutenção e
engenharia que asseguram o controle da integridade e da capacidade funcional
de sistemas, estruturas e equipamentos. Vale a pena destacar a adoção do
combustível nuclear avançado. Trata-se de uma modernização no projeto dos
elementos combustíveis nucleares que permitirá uma economia sensível nos
custos de geração de Angra 1. Com esse avanço tecnológico haverá uma
significativa economia de urânio (até 12%), redução do número de elementos
combustíveis novos a serem adquiridos em cada reabastecimento e aumento
das margens de segurança. O reabastecimento da Usina, com o combustível
avançado, será estendido de 12 meses, como é hoje, para 18 meses.
Com novos geradores e combustível avançado, os outros componentes da
Usina Angra 1 precisarão ser atualizados?
Associada a outras modificações (como um upgrade da turbina), a substituição
permite que, no futuro, seja estendida a vida útil de Angra 1 e que haja um
aumento da oferta de sua energia térmica em 6,3%, o que significa um
acréscimo de 47 MW em sua potência.
A tampa do vaso do reator precisará ser trocada?
No restante da indústria nuclear, a troca dessa peça, em plantas semelhantes à
de Angra 1, tem sido prática comum. No nosso caso, sua troca é a alternativa
que melhor combina requisitos de segurança e economia para a operação da
Usina. A Eletronuclear está realizando estudos para determinar a melhor
estratégia de substituição desse equipamento e, também, a data mais adequada
para esse serviço.
17
A instrumentação e o controle informatizado de Angra 1, criados há mais
de 20 anos, ainda atendem às demandas da operação?
A Eletronuclear hoje tem algumas dificuldades para adquirir equipamentos ou
componentes para reposição dessa instrumentação porque boa parte de seus
módulos informatizados é analógica e não digitalizada, conforme os projetos
mais avançados. A modernização da instrumentação e do controle caracteriza-
se por altos custos e longo período de desenvolvimento e implementação (de 5 a
7 anos) e deverá ser realizada a partir de 2010.
ANGRA 2
1. DESEMPENHO / OPERAÇÃO
Fruto de um acordo nuclear Brasil-Alemanha, a construção e a operação de
Angra 2 ocorreram conjuntamente à transferência de tecnologia para o país, o
que levou também o Brasil a um desenvolvimento tecnológico próprio, do qual
resultou o domínio sobre praticamente todas as etapas de fabricação do
combustível nuclear. Desse modo, a Eletronuclear e a indústria nuclear nacional
reúnem, hoje, profissionais qualificados e sintonizados com o estado da arte do
setor.
Qual a potência nominal da Usina Angra 2?
Angra 2 opera com um reator alemão Siemens/KWU (atual AREVA NP) cuja
potência elétrica (bruta) é de 1.350 MW.
Quando a construção de Angra 2 foi iniciada?
As obras civis de Angra 2 foram contratadas à Construtora Norberto Odebrecht e
iniciadas em 1976 com o estaqueamento. O início da construção propriamente
dita se deu em setembro de 1981, com a concretagem da laje do prédio do
reator. Entretanto, a partir de 1983, o empreendimento teve o seu ritmo
progressivamente desacelerado devido à redução dos recursos financeiros
disponíveis.
Em 1991, o governo decidiu retomar as obras de Angra 2, e a composição dos
recursos financeiros necessários à conclusão do empreendimento foi definida ao
final de 1994, sendo então realizada em 1995 a concorrência para a contratação
18
da montagem eletromecânica da Usina. As empresas vencedoras se associaram
formando o consórcio UNAMON, o qual iniciou as suas atividades no canteiro
em janeiro de 1996.
Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator
entra numa reação em cadeia)?
A primeira reação em cadeia foi estabelecida no dia 14/07/2000.
Quando se deu a primeira sincronização na rede?
Às 22h18 do dia 21/07/2000.
Quando Angra 2 começou a operar comercialmente?
Angra 2 começou a operar comercialmente no dia 01/02/2001.
Qual é a área construída de Angra 2?
Angra 2 ocupa 93.802,74 m2.
Quantos habitantes Angra 2 foi capaz de abastecer de energia elétrica em
2008?
Angra 2, sozinha, poderia atender ao consumo de uma região metropolitana do
tamanho de Curitiba, com dois milhões de habitantes. Como tem o maior
gerador elétrico do Hemisfério Sul, Angra 2 contribui decisivamente com sua
energia para que os reservatórios de água que abastecem as hidroelétricas
sejam mantidos em níveis que não comprometam o fornecimento de eletricidade
da região economicamente mais importante do país, o Sudeste.
Considerando-se o consumo médio do Estado do Rio de Janeiro (2.000
kWh/hab/ano), Angra 2 atendeu a cerca de 5,2 milhões de habitantes em 2008
(25% do consumo de eletricidade do Estado do Rio de Janeiro).
Qual o histórico de operação de Angra 2?
A geração bruta, desde o início da operação comercial até julho de 2009, é a
seguinte:
19
Ano Geração Bruta Angra 2 (MWh)
2001 9.835.527,2
2002 9.841.746,2
2003 10.009.936,1
2004 7.427.332,2
2005 6.121.765,3
2006 10.369.983,8
2007 9.656.675,3
2008 10.488.288,9
2009 (*) 6.760.942,5
Total 80.512.197,5
(*) Até 31/07/2009
Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível
para gerar 100% de sua capacidade) de Angra 2, de 2001 a 2008?
Angra 2 ANO
(%)
2001 93,90
2002 91,50
2003 91,30
2004 74,60
2005 64,50
2006 89,00
2007 85,73
2008 90,10
Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade
de Angra 2, em 2004 e 2005?
Ano Angra 2
20
Fator de Disponibilidade(%)
Principais causas
2004 74,60 Defeito no Gerador Elétrico
2005 64,50Defeitos no Gerador Elétrico e num dos transformadores de saída
Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos?
Os dados, abaixo, referem-se à geração bruta de Angra 2, descontando os dias
de parada para reabastecimento de combustível e manutenção periódica.
2009: em torno de 10.744.792 MWh
2010 e 2011: em torno de 10.854.000 MWh
Qual é o fator de confiabilidade de Angra 2?
A Eletronuclear utiliza 3% de TEIF (taxa de equivalente de indisponibilidade
forçada). Ou seja, após abater as paradas programadas, ainda existe a taxa da
incidência de paradas não programadas. Portanto, o fator de confiabilidade das
usinas é de 97%. Os valores de geração bruta listados acima já estão levando
em conta as paradas programadas.
Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 2?
– Manutenção da disponibilidade de um transformador elevador como
sobressalente;
– Modernização dos conjuntos Motor x Bomba do Sistema de Água de
Refrigeração Principal;
– Nacionalização de equipamentos;
– Modernização dos sistemas de Instrumentação e Controle.
Qual a média de geração da Usina Angra 2 em relação ao seu potencial
máximo?
A média de geração em relação ao potencial máximo, desde o início da
operação comercial (01/02/2001) até 31/12/2008, é de 78,60%.
21
Qual é a potência de consumo próprio de Angra 2?
75 MW.
A Usina Angra 2 conseguiu um superávit de geração de 50 MW sem alterar
o projeto original. Quais foram as ações práticas adotadas para que a
Eletronuclear alcançasse esse desempenho?
Angra 2 opera há 8 anos com desempenho comparável ao das mais modernas
usinas nucleares existentes no mundo. Projetada para produzir 1.309 MW,
Angra 2 vem gerando mais 41MW – excedente suficiente para abastecer de
energia elétrica estados como Acre ou Roraima. Angra 2 passou a gerar a
potência de 1.350 MW a partir de 28 de setembro de 2000, quando foi atingido,
pela primeira vez, o patamar de 100% de potência no reator. Tal padrão de
geração pode ser atribuído à excelente performance da planta como um todo e,
sobretudo, à constante atualização de seu projeto, incorporando os principais
avanços da indústria nuclear alemã. Tais modificações do projeto foram e
continuarão sendo introduzidas em Angra 2, ao longo das fases de implantação
e de operação da Usina.
O desempenho de Angra 2 é comparável a outras usinas do tipo PWR do
resto do mundo?
A Wano (World Association of Nuclear Operators) divulgou em 2008 um ranking
em que Angra 2 apresentou uma performance de destaque, estando acima da
média em oito dos 13 parâmetros usados para comparar o desempenho de
usinas do tipo PWR – Pressurized Water Reactor (Reator de Água Pressurizada)
– Siemens/KWU, que, além das alemãs, inclui Borselle, na Holanda; Göesgen,
na Suíça; e Trillo, na Espanha. Em três dos índices, a Usina brasileira
apresentou a melhor performance em sua categoria.
Angra 2 bate recorde de produção em 2008.
A Usina Nuclear Angra 2 fechou o ano de 2008, gerando 10.488.289 MWh. A
energia gerada seria suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um
ano inteiro. A performance se torna ainda mais significativa quando levamos em
conta que essa produção foi obtida apesar de interrompida por 35 dias, tempo
de duração da parada para reabastecimento de combustível. O valor supera os
10.369.983 MWh gerados em 2006, ficando atrás apenas da produção de 2001
22
(10.498.432 MWh) – ano de entrada em operação comercial da Usina, quando
não houve parada para troca de combustível.
O resultado põe a Usina entre as maiores do mundo. A Nucleonics Week,
publicação americana especializada na área nuclear, acabou de divulgar que,
das 436 usinas em operação no mundo, somente 38 produziram mais de 10
milhões de MWh no ano passado.
De acordo com o ranking publicado, a Usina brasileira ocupa o 21º lugar em
produção mundial. Entre as 38 usinas que mais geraram em 2008, 13 delas têm
potência entre 1.300 MW e 1.400 MW (a potência de Angra 2 é de 1.350 MW).
Nesse grupo, a Usina brasileira ficou na 7ª colocação. Vale acrescentar que
Angra 2 utilizou somente 88,44% de sua capacidade de produção, embora
estivesse disponível em 90,11%.
Quando Angra 2 atingiu 80 milhões de MWh?
No dia 02 de abril de 2009, às 17h45, Angra 2 atingiu a produção total de 80
milhões de MWh, o suficiente para atender ao consumo de energia elétrica de
uma cidade como Belo Horizonte, com 2.412.937 habitantes (*), durante 16
anos.
(*Dados de 2007, site IBGE)
Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 2?
Angra 2 foi desligada pela primeira vez no dia 9 de março de 2002, como
programado. No dia 5 de abril foi sincronizada ao sistema, atingindo 100% de
potência aos 25 minutos do dia 7 de abril de 2002.
Quando será o próximo reabastecimento?
A última parada para reabastecimento de parte do combustível foi concluída no
dia 28 de agosto de 2009, e o próximo reabastecimento está previsto para se
iniciar em outubro de 2010.
Quantos reabastecimentos já foram realizados?
Em Angra 2 tivemos o abastecimento inicial e 7 reabastecimentos.
23
Angra 2 continuará operando em sua potência máxima (1.350 MW)?
A expectativa da Eletronuclear é operar Angra 2 à potência máxima,
continuamente, como nas usinas alemãs. O fator de capacidade previsto é em
torno de 90%. Somente as usinas na França não operam a 100%
continuamente, porque 75% da produção de energia elétrica francesa são de
origem nuclear e, à noite, a carga é reduzida. No Brasil, não é a Eletronuclear
que determina o nível de geração e sim o ONS. O nível de operação depende
das condições hidrológicas e da demanda do sistema.
2. CUSTOS
De quanto foi o custo das instalações de Angra 2?
Segundo o Balanço Anual (2008) da Eletronuclear, publicado no dia 13/04/2009,
no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o custo bruto de construção das
instalações de Angra 2, atribuído à Eletronuclear, foi de R$ 5.118.813.000,00 (5
bilhões 118 milhões 813 mil reais), realizado até 31 de dezembro de 2008.
Analise o custo/benefício da conclusão de Angra 2.
Setenta por cento dos investimentos totais da Usina haviam sido realizados
quando a montagem de Angra 2 foi retomada. Os custos para concluí-la eram
menores do que qualquer outra alternativa de construção de usina que viesse a
gerar 1.350 MW, sendo que os 1.350 MW de Angra 2 equivalem a uma potência
nominal de uma hidroelétrica de 2.000 MW, porque oferece, ao longo do ano,
maior quantidade de energia “firme”, isto é, não sujeita a condições hidrológicas
desfavoráveis. Desse modo, o investimento para o término de Angra 2 foi uma
decisão correta e proporcionará retorno tanto do ponto de vista energético
quanto financeiro.
A montagem e o comissionamento foram realizados em tempos compatíveis
com os prazos praticados em usinas alemãs similares e mais recentes. Ou seja,
quando a empresa contou com recursos assegurados para as obras, a Usina
Angra 2 foi concluída em um prazo compatível com o tempo gasto em usinas do
mesmo porte. A fase de comissionamento foi menor que a das usinas alemãs
similares a Angra 2.
24
Qual o custo de produção de Angra 2?
O custo de produção de uma usina é constituído pelo seu custo de O&M
(Operação e Manutenção) e do combustível. O custo de produção de Angra 2
(em 31/12/2008) foi de R$ 54,82/MWh, sendo R$ 37,30/MWh de O&M e R$
17,52/MWh de combustível.
Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 2?
Os equipamentos de Angra 2 estão registrados pelo valor de R$ 3.950.091 mil (3
bilhões, 950 milhões e 91 mil reais). Cabe ressaltar que, como a correção
monetária dos ativos foi suspensa em dezembro de 1995, os valores se
reportam àquela data. (Obs.: Os custos ocorridos após dezembro de 1995 estão
registrados pelo valor histórico, ou seja, valor sem correção monetária, da data
em que ocorreram.)
ANGRA 3
1. POR QUE ANGRA 3?
Angra 3, depois de mais de 20 anos, terá suas obras reiniciadas. Como foi
essa decisão governamental?
O governo, por intermédio do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE),
aprovou, no dia 25 de junho de 2007, a retomada de Angra 3 e determinou que a
Eletrobrás e a Eletronuclear conduzissem a retomada da construção da Usina. A
mesma resolução estabeleceu que o MME providenciasse, por meio de
consultoria independente, uma avaliação da estrutura e dos componentes dos
custos de operação de Angra 3, visando à definição da tarifa de geração de
energia elétrica. Tais diretivas ensejaram as seguintes linhas de ações:
1) Reavaliação dos custos para a conclusão do empreendimento: o MME
contratou a consultora suíça Colenco Power Engineering AG., cujo relatório
final foi emitido no mês de dezembro de 2007. A Colenco, em sua
conclusão, chegou a valores bem próximos – cerca de 1% de diferença –
em relação à avaliação da Eletronuclear.
2) Revisão do Estudo de Viabilidade para Angra 3: foi criado um Grupo de
Trabalho Eletrobrás/Eletronuclear, com acompanhamento da Casa Civil da
Presidência da República e do MME, com o intuito de revisar os cálculos
25
estimativos da tarifa de equilíbrio para a energia a ser gerada por Angra 3.
As conclusões do Grupo de Trabalho basicamente corroboraram os
resultados anteriormente apresentados pela Eletronuclear no tocante ao
valor da tarifa de venda da energia a ser gerada pela Usina, ao tempo de
recuperação do capital a investir e à rentabilidade do projeto.
3) Apreciação legal dos contratos existentes para Angra 3: A Eletronuclear
elaborou um relatório gerencial abordando os pontos relevantes de cada
contrato e encaminhou ao Grupo de Trabalho composto por representantes
da Casa Civil, do MME e da Eletrobrás. O Grupo de Trabalho concluiu que
os contratos são válidos, devendo, no entanto, serem renegociados
respeitando os atuais aspectos legais, comerciais e de mercado. Nesse
tocante, a Eletronuclear:
– já renegociou o contrato de obras civis com a Construtora Andrade
Gutierrez;
– está finalizando as renegociações para o fornecimento dos
condensadores e acumuladores com a Nuclep;
– está bem adiantada nas negociações com a Areva para a
execução dos serviços de engenharia estrangeira e fornecimento de
componentes importados;
– e já iniciou uma série de tratativas com diversos fornecedores
nacionais de equipamentos e materiais.
Quais os argumentos técnicos que referendaram a decisão do CNPE de
concluir Angra 3?
O consumo de energia elétrica no Brasil continua apresentando elevada taxa
anual de crescimento, em geral superior ao crescimento do PIB, caracterizando
elevada elasticidade. Tal fato se intensifica à medida que se melhora a renda
das populações mais pobres e o país alcança maturidade no seu
desenvolvimento econômico e social.
A análise do horizonte de 2007/2016, conforme os estudos do Plano Decenal,
indica que a opção nuclear será necessária para o atendimento do mercado de
energia elétrica nacional a partir do ano 2014. A sua retirada do programa, no
horizonte decenal, exigiria a inclusão de usinas térmicas a gás natural, que não
seria uma solução adequada devido às dificuldades da garantia do suprimento
26
do combustível, à perspectiva de elevação do seu custo e à dependência
energética do país da importação do gás natural.
Para o atendimento do mercado do Sistema Interligado Nacional (SIN), uma das
vantagens da Usina Nuclear Angra 3 é o fato de esta gerar toda a sua
disponibilidade desde o início de sua operação, ao contrário das usinas
hidroelétricas, que levam um longo tempo na fase de motorização quando o
número de unidades geradoras é elevado.
O estudo mencionado considera crescimento do PIB de 4%, enquanto que o
atual esforço do governo, com o Programa de Acelaração do Crescimento
(PAC), prevê um PIB crescendo à taxa média de 5% ao ano, o que acarretará
um acréscimo adicional do mercado de energia elétrica e, em consequência,
maior oferta de geração para fazer face a essa nova demanda.
E o processo de licenciamento ambiental, como se deu?
No que se refere aos aspectos ambientais, a Usina já obteve todas as
autorizações necessárias. No dia 23 de julho de 2008, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu a
Licença Prévia da Usina Angra 3 e, no dia 04 de março de 2009, o órgão emitiu
a Licença de Instalação nº 591/2009 que autoriza o início das obras da Usina
Termonuclear (UTN) Angra 3. A licença é válida por um período de seis anos,
observadas as 6 condições gerais e as 45 específicas discriminadas no
documento.
Entenda o processo – De acordo com a legislação ambiental estabelecida em
1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, a construção, a
instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades que
utilizem recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores,
ou ainda capazes de causar degradação ambiental, dependem de licenciamento
ambiental, que tem três fases distintas:
I - Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando
a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
27
II - Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou da
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante.
III- Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou do
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das
licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes
determinados para a operação.
Tais licenças são emitidas pelo IBAMA, que é o órgão do governo federal
responsável pelo licenciamento ambiental de empreendimentos industriais de
grande porte.
O licenciamento ambiental de um empreendimento tem por base um amplo
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto no Meio
Ambiente (Rima). Os dois documentos identificam os possíveis impactos
ambientais, socioculturais e econômicos que possam resultar da instalação do
empreendimento, e propõem medidas mitigadoras, bem como compensatórias, na
forma de benefícios para a comunidade.
O EIA e o Rima de Angra 3 foram submetidos ao IBAMA em maio de 2005. No dia
27 de abril de 2007, o IBAMA divulgou no Diário Oficial da União o seu
recebimento. Cópias dos dois documentos foram disponibilizadas para consulta
em diversas localidades. Após análise do EIA/Rima, o IBAMA promoveu
audiências públicas sobre o empreendimento nos municípios de Angra dos Reis,
Paraty e Rio Claro – cidades dentro da área de influência do empreendimento –,
nos dias 19, 20 e 21 de junho de 2007, respectivamente, e, em complementação
às anteriores, convocou uma quarta audiência pública no município do Rio de
Janeiro, realizada no dia 26 de novembro de 2007. O empreendimento de Angra 3
foi também discutido em 17 reuniões prévias, realizadas pela Eletronuclear,
nesses municípios.
No entanto, o processo de licenciamento de Angra 3 foi paralisado por uma
decisão liminar da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis (RJ) à ação civil pública
promovida pelo Ministério Público Federal (MPF). A ação, proposta pelo
procurador da República André de Vasconcelos Dias, pedia a nulidade das
audiências públicas já realizadas. A ação alegava que não houve observância a
28
todas as formalidades legais na condução das audiências, como, por exemplo, o
descumprimento do prazo regulamentar para a realização do evento, ferindo os
princípios legais de publicidade e transparência.
A Eletronuclear, na ocasião, recorreu da decisão por entender que foi atingido o
objetivo de dar publicidade e conhecimento das audiências ao público, pela
distribuição de cópias do EIA e do Rima e pela realização de uma ampla
campanha de divulgação por ocasião das mesmas. Entretanto, a empresa
decidiu participar do novo ciclo de debates por entender que seria uma nova
oportunidade de a empresa expor seu empreendimento e tirar possíveis dúvidas
da população. No dia 25 de janeiro de 2008 foi publicado, no Diário Oficial da
União, edital do Ibama informando que, em atendimento à legislação vigente e à
decisão liminar do Juízo da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, promoveria novas
audiências públicas relativas ao licenciamento ambiental do empreendimento nos
municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. Essas audiências foram
realizadas nos dias 25, 26 e 27 de março de 2008, respectivamente. Em
atendimento à solicitação do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado de
São Paulo – CONSEMA, o IBAMA promoveu também, no dia 28 de março, uma
audiência suplementar em Ubatuba (SP).
Todas as audiências públicas foram consideradas válidas pelo IBAMA. Foram
redigidas atas dos encontros, que fazem parte de um Relatório Final, emitido para
cada audiência, e encaminhado para o IBAMA e demais entidades envolvidas.
Além da licença do IBAMA, que outras autorizações são necessárias para a
efetiva retomada das obras de Angra 3?
– Licenciamento nuclear: Para a retomada das obras da Usina, também é
necessária a autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). No
dia 9 de março de 2009, a autarquia concedeu a Licença Parcial de Construção
para Angra 3. No fim de agosto de 2008, a autarquia já havia autorizado a
instalação do canteiro e pequenas obras preparatórias que antecedem o reinício
formal das obras de Angra 3. A licença mais recente permite à empresa realizar
os serviços de reconstituição (concretagem complementar) da área destinada à
construção das edificações de segurança nuclear da instalação e de
impermeabilização nas regiões do edifício do reator e do edifício auxiliar do reator.
Trata-se de uma licença parcial (que teve validade até novembro de 2009), mas,
29
segundo o órgão regulador do setor, as novas licenças serão emitidas à medida
que a Eletronuclear for avançando nas obras.
– Alvará de Licença para Construção (“licença de uso de solo”) – A Eletronuclear
recebeu, no dia 30 de junho de 2009, o Alvará da Prefeitura de Angra dos Reis
que concede a licença municipal para a construção da Usina Angra 3. A licença
foi expedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano de Angra dos Reis e havia sido requerida pela empresa no dia 06 de
agosto de 2008. Tal licença estava condicionada às negociações com a
Prefeitura sobre as compensações socioambientais a serem aplicadas em
contrapartida à instalação da Usina. No dia 5 de outubro de 2009, a empresa e a
administração municipal assinaram um termo de compromisso, formalizando o
acordo. Foram definidos os diversos projetos que comporão o Programa de
Compensações Socioambientais, condicionante determinada pelo Licenciamento
Ambiental do empreendimento. O Programa prevê investimentos da ordem de
R$ 150 milhões, em seis anos, a serem aplicados em Angra dos Reis nas áreas
de educação, saúde, defesa civil, ação social, obras e serviços públicos,
atividades econômicas, água e esgoto, cultura e meio ambiente. Os técnicos da
Prefeitura estão trabalhando, agora, na elaboração dos projetos que serão
apresentados à Eletronuclear. Serão abertos convênios com a estatal para cada
projeto específico.
– Parecer do TCU sobre o aditivo do contrato de construção civil: O Tribunal de
Contas da União (TCU) revisou a minuta do termo aditivo ao contrato de obras
civis (encaminhado ao órgão no início de março de 2009) e autorizou, no dia 22
de julho de 2009, a continuação das obras para a conclusão da Usina contanto
que o valor pactuado entre a Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez
fosse reduzido em aproximadamente R$ 120 milhões. No dia 14 de setembro de
2009, atendendo às determinações do TCU, a Eletronuclear e a construtora
Andrade Gutierrez assinaram o aditivo contratual para a retomada da construção
civil de Angra 3.
30
A decisão sobre Angra 3 não deveria ter sido apreciada pelo Congresso
Nacional?
A obra para a construção de Angra 3, que começou em 1984, foi autorizada
pelo Decreto Presidencial n.º 75.870/75, procedimento legal em vigor à época.
Portanto, não seria aplicável a Angra 3 a exigência prevista no artigo 225, § 6º,
da Constituição federal de 1988.
O MPF defende a tese de que o IBAMA não poderia prosseguir no processo de
licenciamento ambiental sem que houvesse, previamente, a lei específica
autorizando a localização do empreendimento, de acordo com a Constituição
federal.
Independentemente dessa controvérsia legal, o fato é que os trabalhos
desenvolvidos pelo IBAMA quanto ao licenciamento ambiental são
imprescindíveis como medida preliminar para que sejam analisados os aspectos
relativos ao impacto ambiental. Sua conclusão positiva resultará em elemento
decisivo, até mesmo, ad argumentandum, para um exame pelo próprio Poder
Legislativo, que terá elementos para aprovar a localização de Angra 3, caso
entenda-se aplicável o regramento nascido com a nova Constituição em 1988.
Seria, portanto, ilógico o Congresso aprovar uma lei que autorize a localização
de uma usina nuclear sem ter garantia da viabilidade ambiental do local onde ela
será instalada. Garantia essa que somente pode ser dada pela Licença Prévia,
após o IBAMA ter analisado o EIA/Rima do empreendimento e realizado as
audiências públicas previstas na legislação aplicável. Nesse sentido, já decidiu o
TRF da 2ª Região, a saber:
“De fato, a CRFB/88 exige a autorização do Congresso Nacional para a instalação de usinas nucleares. Estabelece, também, que lei federal deverá determinar o local em que as mesmas deverãoser instaladas. IV – Cumpre registrar, todavia, que o planejamento para aefetivação do empreendimento Angra 3 se iniciou muito antes daordem constitucional atual. Registre-se, também, que consoantea CRFB/67, emendada em 1969, a autorização para instalaçõesnucleares se dava sob a forma de decreto presidencial. Dessamaneira, no ano de 1975, nos exatos termos constitucionais, o então presidente da República, por meio do Decreto n.º 75.870, autorizou a estruturação de uma terceira unidade de usinanuclear (fl. 85). V – Verifica-se, assim, que o empreendimento em testilha foi iniciado ao tempo da Constituição anterior, que dispensava asexigências de autorização do Congresso Nacional para a
31
construção de usinas nucleares, bem como a disposição sobre a localização das mesmas. VI – Deve-se afirmar, dessa maneira, que não há que se falar em caducidade do Decreto n.º 75.870/75 em confronto aos preceitosda nova ordem constitucional. E isso porque, analisando ajurisprudência do Pretório Excelso, quando o texto constitucional pretender assumir efeito retrospectivo, deve assim se manifestar expressamente.VII – Outrossim, ainda que se admita a imprescindibilidade de cumprimento de tais requisitos, entende-se que os mesmos nãodevem vincular o início do procedimento de licenciamentoambiental. E isso porque é nesse procedimento no qual serãorealizados todos os estudos necessários para a efetivação deempreendimento considerado poluidor, estudos esses imprescindíveis ao Congresso Nacional no momento em que for avaliar se deve ou não autorizar o funcionamento do referidoempreendimento.VIII – Caso contrário, o Congresso Nacional estaria sem qualquerreferencial para emitir sua decisão, seja sobre a aprovação da construção da usina, seja sobre o local onde a mesma deverá serconstruída.IX – Agravo de Instrumento provido.” (Des. Reis Friede, 7ª TurmaEspecializada da 2ª região, Agravo de Instrumento n.º2006.02.01.013487-4, decisão de 11/04/2007)
O próprio texto da Constituição diz:
“As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.” Logo, a lei específica de
que trata a Constituição, se aplicável ao caso de Angra 3, refere-se à instalação
da Usina e não ao estudo de sua viabilidade ambiental. Certo é que, no
processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA, existe a previsão
de três licenças (prévia, de instalação e de construção), todas obtidas a partir de
uma lógica procedimental específica e legalmente instituída.
Por que as obras de Angra 3 foram paralisadas?
Uma série de fatores contribuíram para a desaceleração do Programa Nuclear
Brasileiro (PNB): falta de recursos públicos, custo alto e dúvidas quanto à
conveniência para a matriz energética e sobre os riscos de acidentes e
ambientais.
Um dos fatores que mais influenciaram os governos de todo o mundo foram os
dois acidentes ocorridos em usinas nucleares. O primeiro ocorreu em 1979, na
usina americana de Three Mile Island (TMI). Mesmo não havendo vítimas, o
acidente reanimou, quase instantaneamente, a oposição popular ao uso nuclear,
32
dando origem a concepções errôneas sobre uma das maiores fontes de
eletricidade nos Estados Unidos. O segundo acidente teve proporções maiores.
O acontecimento foi em 1986, na cidade de Chernobyl. O fato trouxe espanto e
medo à questão da energia nuclear. Os acidentes haviam mobilizado uma força
contra o movimento nuclear, não só brasileiro, mas em todo o planeta, e com
isso ficou inviável levar adiante, naquele momento, o Programa Nuclear Brasileiro.
O preço da energia gerada por Angra 3 não será alto demais, na comparação
com as demais fontes?
A Usina Nuclear Angra 3 necessita, para sua implantação, de um investimento
adicional de R$ 8,4 bilhões. Com esse montante de investimento, o custo da
energia elétrica produzida pela Usina será da ordem de R$ 140,00/MWh, o que
torna o empreendimento de Angra 3 competitivo com as demais opções de
geração do SIN, conforme os resultados dos leilões de geração recentemente
realizados. Esse valor é fruto de vários estudos, amplamente debatidos pelo
governo e por especialistas do setor. Além disso, os cálculos referentes ao custo
de construção e de geração de Angra 3 foram objeto de análises independentes
realizadas pela Fundação de Apoio da Universidade de São Paulo (FUSP), pelo
Electric Power Research Institute (EPRI), dos Estados Unidos, pela empresa de
consultoria Colenco, da Suíça, e pelas empresas de energia elétrica Iberdrola,
da Espanha, e EDF, da França – e todas chegaram a números parecidos. Todos
os custos de construção, operação, manutenção, combustível nuclear,
financiamento, seguro e fundo de descomissionamento serão pagos com a
energia produzida. Não existe qualquer tipo de subsídio, como os que foram
dados aos empreendimentos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (PROINFA) – eólica, biomassa e PCHs – diretamente pela
Eletrobrás.
A título de comparação, no último leilão A-5 de “energia nova” realizado pela
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 30/09/2008, o preço médio de
venda de energia alcançado pelas usinas térmicas foi de R$ 145,23 por MWh,
evidenciando a viabilidade econômica da opção nuclear.
Que benefícios Angra 3 trará para o setor elétrico brasileiro?
O projeto Angra 3 tem várias vantagens, que o tornam um dos mais importantes
investimentos do setor elétrico brasileiro.
33
Aspectos energéticos e elétricos:
Alta taxa de geração de energia elétrica com confiabilidade:
aproximadamente 10 TWh/ano;
Aumento da base térmica do sistema elétrico interligado, contribuindo
para a diversificação da matriz energética nacional e reduzindo riscos de
déficit de energia elétrica, principalmente por ocasião de regimes
hidrológicos menos favoráveis;
Ampliação da capacidade de geração do Sudeste, uma região
historicamente importadora de energia elétrica, com consequente redução
da necessidade de investimentos em transmissão;
Melhor desempenho do sistema interligado de transmissão de energia
elétrica, com a redução do seu carregamento, devido ao aumento do
porte do parque gerador local;
Localização privilegiada, próxima a grandes centros consumidores
(cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte);
Melhoria da confiabilidade do suprimento para as regiões do Rio de
Janeiro e do Espírito Santo.
Desde o início de sua operação, gerar toda a sua disponibilidade, ao
contrário das usinas hidroelétricas, que levam um longo tempo na fase de
instalação das turbinas, quando o número de unidades geradoras é
elevado.
Aspectos ambientais:
Não emissão de gases ou partículas causadores do efeito estufa, de
chuva ácida, de poluição urbana ou de alteração na camada de ozônio;
Não emissão de materiais particulados e metais cancerígenos e
mutagênicos (arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio etc.);
Não há impactos ambientais decorrentes do alagamento de grandes
áreas.
Propicia o incremento do conjunto de medidas compensatórias
socioeconômicas, que já vêm sendo realizadas na região de Angra dos
34
Reis, a serem definidas no processo de aprovação do Licenciamento
Ambiental.
Aspectos econômicos:
Aumento de encomendas de componentes na NUCLEP (fábrica de
equipamentos pesados, especializada nos grandes componentes da
chamada “ilha nuclear”, localizada em Itaguaí, RJ);
Aumento de encomendas em fabricantes e fornecedores de bens e
serviços nacionais, com a consequente criação de empregos;
Custos de geração compatíveis com as demais opções de geração;
A sua retirada do programa, no horizonte decenal, exigiria a inclusão de
usinas térmicas a gás natural, carvão ou óleo. As três soluções não
seriam adequadas. O gás natural, devido às dificuldades da garantia do
suprimento do combustível, à perspectiva de elevação do seu custo e à
dependência energética do país da importação. A queima de carvão e de
óleo, como já foi destacado, é nociva ao meio ambiente.
Aspectos do ciclo do combustível nuclear:
Aumento da receita proveniente da venda de combustível nuclear,
contribuindo para a economia de escala da Indústrias Nucleares do Brasil
(INB), fabricante do combustível nuclear;
Completa nacionalização do combustível nuclear, com a utilização do
processo industrial de enriquecimento isotópico por ultracentrifugação,
desenvolvido de forma pioneira pela Marinha do Brasil;
Utilização de combustível nacional – urânio, existente e beneficiado no
país, fazendo uso de suas reservas que são a 6ª maior do mundo, sem as
implicações de necessitar de suprimento externo.
Aspectos industriais e tecnológicos:
Consolidação de uma tecnologia de ponta, com elevado conteúdo
estratégico;
35
Aproveitamento e não dispersão de valioso capital humano, altamente
especializado e formado durante a implantação do Programa Nuclear
Brasileiro;
Fortalecimento do sistema de ciência e tecnologia existente, através de
programas conjuntos e consultorias específicas em universidades e
centros de pesquisas, com criação de demanda para a formação e a
qualificação profissional com um programa de tecnologia multidisciplinar;
Fortalecimento da indústria nacional como fornecedora de equipamentos
de alta tecnologia, aumentando o seu poder de competição no mercado
internacional;
Aumento da massa crítica de conhecimentos no setor nuclear brasileiro,
permitindo futuras propostas de programas de centrais de menor porte
para regiões que não disponham de potencial hidráulico competitivo;
Geração e consolidação de empregos qualificados na indústria, em
empresas projetistas e centros de pesquisas.
Aspectos regionais na área de influência da CNAAA:
Incremento na arrecadação de impostos e nas atividades econômicas
regionais;
Investimento de 2% do valor do empreendimento na adoção de Unidades
de Conservação Ambiental;
Desenvolvimento e melhoria da infraestrutura local e regional, através da
implementação dos programas compensatórios acordados
especificamente para a implantação do empreendimento, incluindo a
melhoria da rede rodoviária, a implantação de hospital regional e o
treinamento de pessoal das administrações municipais;
Oportunidade de criação de cerca de 9.000 postos diretos e 15.000
indiretos de trabalho no período de maior movimentação no canteiro de
obras da Usina. Já na fase de operação de Angra 3, estima-se que serão
criados cerca de 500 empregos diretos permanentes;
Consolidação da política de implementação de parcerias regionais entre a
Eletronuclear e os municípios vizinhos, nas áreas de saúde, educação,
36
saneamento, infraestrutura, preservação ambiental, cultura e patrimônio
histórico.
Preservação e melhoria do meio ambiente local e regional através do
apoio a implantação de projetos ambientais associados à manutenção de
áreas de preservação e geração de renda.
Qual o progresso físico atual de Angra 3?
Como Angra 3 será uma usina quase gêmea de Angra 2, grande parte do projeto
de engenharia de Angra 2 será utilizada para Angra 3, havendo, assim, um
enorme aproveitamento dos documentos técnicos já desenvolvidos.
Em relação à obra civil, as atividades ocorreram por cerca de dois anos, entre
1984 e 1986, período no qual foram realizados cortes de rocha, aberturas de
cavas para blocos de fundação, preparação parcial do sítio e executadas as
instalações parciais de infraestrutura do canteiro de obras.
O material oriundo do desmonte foi utilizado para a construção do molhe de
proteção marinha da Baía de Itaorna, local onde se encontra a Central Nuclear.
No tocante a equipamentos já adquiridos, destacam-se os componentes de
grande porte da chamada “Ilha Nuclear”, tais como: vaso do reator, Gerador de
Vapor, pressurizador, bombas principais de refrigeração, suportes de
componentes do circuito primário e, ainda, os principais componentes do
chamado circuito secundário, como, por exemplo: turbinas de alta e baixa
pressão, bombas principais de água de alimentação e de condensado, além de
diversos equipamentos gerais, tipo: estação de válvulas, trocadores de calor,
vasos de pressão etc. Tais equipamentos vêm sendo mantidos sob rigoroso
esquema de preservação em almoxarifados no próprio sítio da Usina e nas
instalações da NUCLEP.
O conjunto de atividades já realizadas representa, de forma ponderada, o
progresso de 30% do total requerido para a implantação do empreendimento.
Qual o cronograma para conclusão de Angra 3?
O cronograma executivo de Angra 3 prevê 66 meses para a sua implantação,
englobando as atividades de engenharia, suprimento, construção civil,
montagem eletromecânica, comissionamento e testes pré-operacionais. Esse
37
prazo se inicia com os trabalhos de concretagem da laje de fundo do Edifício do
Reator e se encerra com o fim dos testes de operação e potência da planta.
Antes do início da concretagem da laje de fundo do Edifício do Reator está
programado um período de cinco meses em atividades preliminares, tais como:
execução dos serviços preparatórios de engenharia, instalação da infraestrutura
do canteiro de obras e os procedimentos relativos ao processo licenciatório.
No momento, além do término da aplicação do concreto de regularização da
cava de fundações para as diversas edificações, estão sendo concluídas as
atividades de impermeabilização das lajes de fundação do prédio do reator e
prédio auxiliar do reator. Em 01 de dezembro, teve início a execução das lajes
de fundação do edifício do reator e do edifício da turbina. Antecedendo à fase de
concretagem dessas lajes, já se iniciou a etapa que se caracteriza pela
instalação da armação (ferragens).
ANGRA 3 – CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO
1 9 17 32 46 56 63 66ses
Início do Comissionamento dos Sistemas no EdifíciodoReator
Início do Comissionamento doSistemaElétricoAuxiliar
nício da Concretagem daLajede Fundodo Edifício do Reator
IníciodaMontagem da Esfera de Contenção
Início da MontagemElétrica
1a. Criticalidade
Início da 1a. OperaçãoàQuente
67
Início de Operação ComercialMe
I
Que serviços estão contemplados na 1ª Ordem de Execução de Serviços
do contrato de obras civis?
A 1ª Ordem de Execução de Serviços (OS) do contrato de obras civis de Angra
3, assinada no dia 02/10/09, determina o escopo de trabalho para os meses de
outubro, novembro e dezembro Segue, abaixo, a descrição dos principais
serviços previstos na 1ª OS do contrato com a Andrade Gutierrez:
1- Mobilização de mão de obra e equipamentos.
2- Adequações e Instalações do Canteiro de Obras.
2.1- Edificações Administrativas
2.2- Informática
2.3- Centrais de Produção/Manutenção
2.4- Estação de Tratamento de Água e Estação de Tratamento de Esgotos
38
2.5- Infraestrutura e redes das centrais
2.6- Subestações provisórias
3- Preparação, corte e dobra de armação das lajes de embasamento dos prédios UJB e UMA.
4- Preparação e fabricação de fôrmas das lajes de embasamento dos prédios UJB e UMA.
5- Preparação e fabricação de peças embutidas nas lajes de embasamento dos prédiosUJB e UMA.
Qual é a previsão para o reinício das obras?
O cronograma para a Usina Angra 3 prevê para fevereiro de 2010 o “marco zero”
da obra – início da concretagem da laje de fundação do edifício do reator. A
previsão de conclusão da obra é maio de 2015.
2. DADOS TÉCNICOS
Angra 3 é uma usina de última geração?
Não. A usina de última geração similar a Angra 3 é Olkiluoto 3, na Finlândia.
Ocorre que, ao longo da construção de Angra 2 e do projeto de Angra 3,
diversas melhorias técnicas foram introduzidas no projeto, notadamente aquelas
oriundas do design das usinas alemãs da série Konvoy, que são as mais
recentes usinas construídas e em operação na Alemanha. Dessa forma, Angra 2
e Angra 3 refletem, hoje, o atual estado da técnica em termos de centrais
nucleares PWR de sua geração, todas com mais de vinte anos de operação.
Qual será o tipo de reator de Angra 3?
O reator de Angra 3 será idêntico ao de Angra 2, do tipo PWR, com potência de
1.405 MW, e com projeto da Siemens/KWU, atual Areva NP.
Quais são as diferenças entre Angra 2 e Angra 3?
As diferenças entre os projetos se referem, principalmente, à necessidade de
adequações, determinadas por diferenças específicas entre as duas plantas,
como, por exemplo:
Terreno: Angra 2 foi construída sobre estacas e Angra 3 o será sobre
rocha. Angra 2 foi construída sobre estacas devido às características do
lugar onde foi edificada. Naquele local não seria viável outra solução.
39
Devido à experiência da construção de Angra 2 sobre estacas, concluiu-
se ser melhor transferir Angra 3 para onde a mesma pudesse ser apoiada
diretamente sobre a rocha.
Sistema de Instrumentação e Controle: Angra 2 utiliza sistema analógico
e Angra 3 usará as técnicas digitais de última geração.
Como será o Sistema de Instrumentação e Controle de Angra 3?
Os sistemas de Instrumentação e Controle (I&C) a serem usados em Angra 3
manterão os mesmos princípios funcionais do projeto básico de Angra 2. Com o
avanço tecnológico, os sistemas de I&C a serem utilizados na nova usina serão
baseados no estado da arte da tecnologia digital e em softwares qualificados, já
em uso em várias outras usinas nucleares no mundo, tais como Tianwan, na
China (em operação), e Olkiluoto 3, na Finlândia (em construção). Para a
realização das mesmas funções do projeto de Angra 2, de uma forma geral, a
I&C utilizará menos equipamentos, haverá a redução da quantidade de armários
eletrônicos no prédio de controle, assim como uma menor quantidade de cabos
será necessária, graças à utilização intensa de softwares para a realização de
monitoração, supervisão e controle da Usina. Na Sala de Controle, onde será
feito uso intenso de computadores, os painéis de controle também terão sua
40
quantidade reduzida em relação a Angra 2. A adoção da Sala de Controle Digital
irá melhorar a comunicação e o nível de informação para os operadores, sendo
mais concisa e mais facilmente acessível. A visualização em telões, bastante
flexíveis e podendo apresentar diferentes diagramas e detalhes, permite, dessa
forma, uma resposta mais rápida do operador. Apesar de muitos equipamentos
mecânicos já estarem disponíveis, toda a I&C ainda será fornecida pela
Alemanha com a última geração de equipamentos, o que a colocará entre as
mais modernas do mundo.
Devido a essa nova tecnologia, o treinamento dos operadores será realizado em
um novo simulador baseado na própria Sala de Controle Digital de Angra 3.
Cabe ressaltar que o treinamento de um operador, licenciado pela CNEN, dura
em média quatro anos e o mesmo já deve estar preparado para a fase de
comissionamento da Usina.
A obra de Angra 3 tem os seguintes quantitativos:
- Área do Sítio de Angra 3 - 80.563 m2
- Perímetro do Sítio de Angra 3 - 1.141 m- Concreto - 200.000 m3
- Aço - 30.800 t- Embutidos - 4500 t- Pintura - 370.000 m2
- Equipamentos - 17.000 t- Documentos para fabricação de spools/suportes - 71.100 un- Tubulação pré-fabricada - 4.300 t - Tubulação montada no campo - 6.300 t - Dutos de ventilação - 32.000 m - Componentes de ventilação - 4.421 un - Isolamento térmico aplicado - 32.000 m2
- Cabos de força lançados - 800 km - Cabos de Instrumentação e controle - 1.700 km - Conexões - 1.100.000 un- Bandejas de cabos montadas - 1.100 t - Disjuntores instalados - 1.300 un
3. CUSTOS e INVESTIMENTOS
Quanto é gasto para a preservação de Angra 3?
A manutenção da condição de obra paralisada, incluindo estocagem e
preservação dos equipamentos, seguros, inspeções periódicas, manutenção do
41
canteiro e estrutura empresarial voltada para essas atividades e perspectiva de
retomada, monta a aproximadamente US$ 20 milhões/ano.
A experiência com Angra 2, cujos componentes, analogamente a Angra 3,
também estiveram armazenados por longo período, demonstrou que as
unidades de preservação e a inspeção final nos equipamentos, previamente à
sua montagem, proporcionam a manutenção de elevado padrão de performance
dos equipamentos.
Quanto já foi investido, até hoje, em compra de equipamentos e na
construção da Usina Angra 3? Quanto será necessário investir para a
conclusão da Usina?
A valoração dos equipamentos já adquiridos para Angra 3 monta a cerca de
EUR 600 milhões (equivalentes a US$ 750 milhões na base de preços de janeiro
de 1999). Para a conclusão do empreendimento, são estimados investimentos
adicionais da ordem de R$ 9,9 bilhões (na base de preços de junho de 2010),
sendo 70% desses gastos a serem efetuados no Brasil. A tabela abaixo mostra
de que forma esse investimento será distribuído. A implantação de Angra 3 não
implica comprometimento de recursos do Orçamento Fiscal da União.
O orçamento de R$ 9,9 bilhões tem como base junho de 2010, fazendo-se a
atualização monetária (inflação) e o incremento do valor real em razão do
42
aquecimento do mercado. O valor referido anteriormente, de R$ 8,4 bilhões,
tinha como base junho de 2009.
Engenharia Nacional:Projetos de engenharia civil; Projetos de engenharia eletromecânica; Especificações técnicas de materiais, equipamentos e componentes(elétricos, eletrônicos e mecânicos); Projetos de flexibilidade de tubulações; Cálculos estruturais civis e mecânicos; Projetos de análises dinâmicas (terremoto / ondas de pressão / etc.); Projetos de urbanização;Projetos de galerias externas.
Engenharia Estrangeira:Revisões de cálculos e de especificações; Execução de cálculos do escopo do contrato com a Areva; Supervisão da montagem eletromecânica, do comissionamento e dostestes de aceitabilidade da Usina;Participação no treinamento dos operadores da Usina.
Equipamentos Nacionais: Tanques; Válvulas;
Trocadores de calor (aquecedores, resfriadores, condensadores etc.); Tubulações;
Equipamentos de processo; Suportes de tubulação; Cabos elétricos e de sistemas de instrumentação e controle.
Equipamentos Estrangeiros:Sistema de instrumentação e controle;
Hardware e software computacionais;Equipamentos remanescentes do escopo do contrato com a Areva.
Construção Civil:Todas as atividades de obra civil da Usina e construção civil,englobando a construção de prédios nucleares e convencionais,superestruturas de concreto, fundações, lajes, arruamentos, obras deacabamento final (pinturas, revestimentos, instalações sanitárias e elétricas etc.)
Montagem Eletromecânica:Montagem (mecânica, elétrica e eletrônica) de todos os equipamentos:componentes, sistemas, tubulações e seus acessórios, bandejas de cabos, sistemas de cabeamento, estruturas metálicas, vasos, tanques, válvulas, trocadores de calor etc.
43
Comissionamento:Testes de todos os equipamentos, componentes e sistemas da Usina,visando a garantir a performance e a segurança individual e sistêmicados equipamentos e sistemas de Angra 3.
Outros:Treinamento de Operadores: programa de treinamento que tem iníciocerca de 4 anos antes do começo de operação da planta, incluindoaulas teóricas e práticas em simuladores, visando a assegurar ascondições de segurança e performance operacional da Usina,incluindo manutenção e operação.
Quem fará o investimento para a construção de Angra 3, o grupo
Eletrobrás ou algum agente privado?
O projeto financeiro de Angra 3 considera que parte do investimento virá de
empréstimos com bancos estrangeiros, que já manifestaram sua disposição em
financiar o empreendimento; o restante em empréstimo no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para bens e serviços nacionais e
com recursos próprios e financiamentos captados.
Esses financiamentos já foram solicitados?
Sim, a Eletrobrás e o Ministério de Minas e Energia estão conduzindo o assunto
referente à estruturação do financiamento para o empreendimento.
A Eletronuclear já submeteu ao BNDES a “Consulta Prévia”, primeiro documento
do processo de obtenção de financiamento desse agente. No momento, o
documento está sendo analisado, com vistas ao enquadramento do
empreendimento na carteira de empréstimo do banco.
A indústria brasileira pode cobrir a montagem de Angra 3?
A recente experiência com a montagem eletromecânica de Angra 2 vem
demonstrar a capacidade brasileira na montagem de empreendimentos dessa
natureza. Todas as atividades foram executadas por empresas brasileiras, sob a
supervisão e o controle técnico da própria Eletronuclear, sendo a participação
estrangeira voltada apenas para atividades nas quais aspectos contratuais assim
o determinavam.
Quanto ao suprimento de equipamentos para Angra 3, a indústria nacional terá
participação ativa, através da colocação de encomendas no valor de cerca de
44
R$ 1,4 bilhão. A maior participação de estrangeiros se dará principalmente na
fase de comissionamento de equipamentos e sistemas da Usina, cabendo à
empresa franco-alemã Areva a complementação do fornecimento de parte dos
equipamentos, não disponível no mercado nacional, e o suporte técnico de
alguns serviços específicos de supervisão de montagem e de engenharia.
Qual é o grau de nacionalização previsto para Angra 3?
Em Angra 2, foi de 50,4%. Para Angra 3 a previsão é que seja um pouco mais,
algo em torno de 54%. Já para as usinas nucleares pós-Angra 3 a meta é de 70%.
4. MÃO DE OBRA
Das pessoas que trabalharam na construção de Angra 1 e Angra 2, quantas
eram da região e quantas vieram de fora? A Eletronuclear vai priorizar a
contratação de trabalhadores dos municípios vizinhos à Central Nuclear
durante a construção de Angra 3?
A Eletronuclear não possui informações precisas quanto aos números de
trabalhadores contratados durante a construção de Angra 1, já que os
apontamentos dessa época ficaram sob responsabilidade de Furnas. Pode-se
afirmar que foi muito pequeno o número de pessoas da região de Angra dos
Reis e arredores trabalhando na obra, perante o fato de que no ano em que foi
construída não havia disponibilidade de mão de obra qualificada local para
atender aos requisitos inerentes à implantação de uma usina nuclear. Em
momentos de pico a empresa chegou a ter cerca de 5 mil pessoas em seus
alojamentos.
No caso de Angra 2, a situação já foi diferente. Devido às contratações locais
para as atividades de paradas de Angra 1, já havia uma qualificação da mão de
obra regional, razão pela qual foi possível a contratação de pessoal dos
municípios circunvizinhos à Central Nuclear (vide tabela abaixo). Na época da
construção de Angra 2, inclusive, a Eletronuclear não forneceu alojamento para
os trabalhadores cuja qualificação existisse na região.
Em geral, estima-se que para Angra 3 o índice de participação de mão de obra
da região será superior ao utilizado em Angra 2. A política da empresa será dar
prioridade à mão de obra local. Para isso, não oferecerá qualquer benefício ou
45
concessão (alojamento, transporte etc.) para os trabalhadores de fora, visando a
incentivar, assim, a contratação de trabalhadores da região. Caso as empresas
empreiteiras queiram contratar gente de fora, elas terão de arcar com o ônus de
alimentação, transporte e alojamento desse pessoal.
Geração de Empregos
• Até 9.000 empregos diretos e 15.000 indiretos durante a construção.• Cerca de 500 empregos diretos na fase de operação.
CNOConstrutoraNorberto Odebrecht
UNAMONConsórcio deMontagem Nuclear
Geração de e mpre gos na c ons truçã o civil e montage m de Angra 2
Angra................................................63%Paraty................................... ...............2%Rio Claro/Lídice .................................8%Volta Redonda/Barra Mansa..............7%Outras..............................................20%Total
Angra................................................44,5%Paraty..................................................1,5%Rio Claro/Lídice ................................4%Volta Redonda/Barra Mansa...........13%Outras.............................................37%Total
344
29 105 91274
1.343 3.754
1.671
53 138 486
1.406
Qual será o perfil da mão de obra requerida para Angra 3?
As obras da Usina, ao longo de 5,5 anos de construção, mobilizarão, em média,
5.000 trabalhadores diretos. No pico das atividades, esse número pode chegar a
9.000 trabalhadores.
As fases de viabilização da construção de um empreendimento nuclear como
Angra 3 passam por projeto, construção civil, suprimento de materiais e
equipamentos, montagem eletromecânica, comissionamento (testes) e, por fim,
a operação da Usina.
A construção de Angra 3 e a montagem dos equipamentos serão executadas
com participação preponderante de técnicos e profissionais brasileiros. Em um
primeiro momento, a demanda é por carpinteiros de fôrma, pedreiros,
montadores de andaime, armadores e ajudantes. Acredita-se que esse tipo de
mão de obra já exista na região, até porque a Eletronuclear tem mantido um
volume considerável de obras civis na Central Nuclear, como, por exemplo, a
construção dos novos depósitos de rejeitos e do depósito para abrigar os
Geradores de Vapor antigos. Hoje, existem aproximadamente 500 pessoas com
46
esse perfil contratadas pela construtora. Estão sendo realizadas obras
preparatórias no terreno onde será construída Angra 3. Nos próximos meses,
com o reinício das obras propriamente ditas, haverá um aumento considerável
desse efetivo. Estima-se que, em média, serão necessárias 2.500 pessoas nos
quatro primeiros anos da obra, podendo chegar a 4 mil nos momentos de pico
(entre o segundo e o terceiro ano).
A responsabilidade da contratação de mão de obra é da construtora. No entanto,
a Eletronuclear está apoiando iniciativas das prefeituras de municípios
circunvizinhos e de entidades sindicais para cadastramento prévio de
profissionais para obras civis de Angra 3. Todas as inscrições serão
encaminhadas às empresas contratadas de forma a garantir o compromisso de
priorizar a contratação de moradores da região.
Os serviços de instalação e de montagem dos equipamentos eletromecânicos
serão objeto de futura licitação. As principais categorias profissionais requeridas
durante essa fase (segundo ano após o início das obras) serão: eletricistas,
montadores, instrumentistas, encanadores, ajudantes, pintores etc. A mesma
política de priorização da mão de obra local será adotada, somente buscando
profissionais fora da região quando comprovadamente não houver
disponibilidade local.
Normalmente, as empresas contratadas para a execução das obras civis e
montagem eletromecânica fazem um mixing entre pessoal experiente, advindos
do envolvimento prévio na execução de obras similares, e pessoal inexperiente,
que é submetido a treinamento pelas próprias empresas contratadas.
Já para a fase de operação, a Eletronuclear promoverá concurso público para
seleção do pessoal (cerca de 500 empregos diretos permanentes) que fará parte
da equipe de operação e manutenção. As principais categorias que virão a ser
contratadas são: operadores, mecânicos, eletricistas, instrumentistas, químicos,
engenheiros e físicos. Esse pessoal, ao ser admitido na Eletronuclear, é
submetido a longo período de treinamento que pode, em alguns casos, durar até
cinco anos. Esses treinamentos são desenvolvidos pela Eletronuclear no seu
Centro de Treinamento situado na Vila de Mambucaba, próximo à Central
Nuclear.
5. ACORDO
47
Angra 3 está prevista no acordo bilateral Brasil-Alemanha?
Sim. A Eletrobrás estabeleceu, em 1974, um programa para construção de oito
usinas nucleares. Com base nesse programa foi assinado, em 1975, o acordo
nuclear entre os dois governos. Nos anexos desse acordo foram citadas
nominalmente Angra 2 e Angra 3.
O governo alemão apoia a manutenção do acordo?
Comercialmente, o apoio do governo alemão deverá ser concretizado com
autorização à agência governamental alemã de seguro ao crédito de exportação,
Hermes, para que esta dê o suporte necessário às linhas de financiamento
alemãs ao empreendimento Angra 3.
6. CONTRATOS E LICITAÇÕES
Quando foi assinado o contrato de obras civis de Angra 3 com a
Construtora Andrade Gutierrez ?
As obras civis de Angra 3 foram licitadas e adjudicadas à construtora Andrade
Gutierrez através de contrato assinado em 16 de junho de 1983. A construtora
contratada foi mobilizada em junho de 1984, dando-se início às obras.
Os serviços já executados consistiram em mobilização, instalação do contratado
no canteiro de obras e intervenções no local das edificações, com cortes de
rocha e abertura de cavas para blocos de fundação. Em abril de 1986 as obras
foram paralisadas, tendo ocorrido a desmobilização da contratada. Mas o
contrato continuou em vigor, aguardando decisão governamental sobre a
retomada das obras. Para mantimento do mesmo, o valor pago anualmente à
Andrade Gutierrez para a manutenção de suas instalações, preservação das
instalações do canteiro de obras e pelo uso de casas de sua propriedade pela
Eletronuclear era da ordem de R$ 5 milhões.
Recentemente, o documento foi revisto, adequando-se às condições atuais de
mercado, aos quantitativos reais advindos da experiência com Angra 2 e ao
estabelecimento do escopo que atenda a todas as necessidades das obras. De
modo a subsidiar as negociações, foram elaborados e estabelecidos
cronogramas e historiogramas para as principais atividades de obras civis de
Angra 3, considerando 66 meses para a conclusão do empreendimento (a partir
do início da concretagem da laje de fundação do prédio do reator), tendo sido
48
identificados todos os serviços necessários com os respectivos quantitativos.
Tanto a Eletronuclear como a construtora Andrade Gutierrez elaboraram, para
todos os serviços, composições de preços unitários. O TCU analisou esse
aditivo e liberou a continuação das obras para a conclusão da Usina.
Qual é o valor do contrato de obras civis com a construtora Andrade
Gutierrez?
A oferta da construtora, após algumas rodadas de negociações, foi de R$
1.368.600 mil (1 bilhão 368 milhões e 600 mil). Considerando a redução
estabelecida pelo TCU de R$ 120.100 mil (120 milhões 100 mil), o valor final do
contrato ficou em R$ 1.248.500 mil (1 bilhão 248 milhões e 500 mil), conforme o
seguinte:
R$ 1.368.600 mil – R$ 120.100 mil = R$ 1.248.500 mil
A Andrade Gutierrez tinha de ser obrigatoriamente a empreiteira
encarregada da execução de Angra 3? Não se cogitou fazer outra licitação?
Foi do interesse da Eletronuclear manter o contrato com a construtora Andrade
Gutierrez, uma vez que o mesmo continuou em vigor desde a paralisação das
obras e, no âmbito legal, o TCU também deu parecer favorável sobre a
possibilidade jurídica de manutenção do mesmo.
Estava prevista multa em caso de rescisão unilateral?
No caso de rescisão unilateral, estava previsto o pagamento de custos
pertinentes à desmobilização e ainda 10% dos saldos a haver do valor do
contrato.
O que diz o acordo com a Areva? A Areva fornecerá os equipamentos e
financiará o projeto?
A Areva, resultante da fusão da empresa alemã Siemens KWU com a francesa
Framatome, tem um contrato comercial válido para sua participação na
construção de Angra 3, através do fornecimento de bens de serviços importados.
Como esses contratos são muito antigos, encontram-se em andamento
negociações para atualização dos mesmos.
49
O financiamento para esse escopo importado de bens e serviços – cerca de
EUR 770 milhões – deverá vir de empréstimos de bancos europeus, alguns dos
quais, reiteradas vezes, vêm confirmando o interesse em participar do
financiamento do empreendimento.
Que contratos já foram assinados para Angra 3 e que precisam ser
revistos?
As renegociações contratuais já foram iniciadas com as diversas empresas:
1. BARDELLA S/A – INDÚSTRIAS MECÂNICAS: 05 contratos –
equipamentos nacionais (pontes rolantes)
2. CONFAB INDUSTRIAL S/A: 08 contratos – equipamentos nacionais
(comportas, tanques de processo, eclusas, trocadores de calor e vasos de
pressão)
3. EMPRESA BRASILEIRA DE SOLDA ELÉTRICA S/A – EBSE: 01 contrato
– equipamentos nacionais (tubos de aço-carbono)
4. NUCLEBRÁS EQUIPAMENTOS PESADOS S/A – NUCLEP: 02 cartas de
intenção – equipamentos nacionais (condensadores e acumuladores)
5. AREVA NP: 03 contratos – sendo: 01 de fornecimento de equipamentos
importados diversos (mecânicos, elétricos, instrumentação e controle), 01
de serviços de engenharia e 01 de garantias de fornecimentos e serviços.
Para que serviços precisarão ser feitos novos contratos através de
processo de licitação?
A licitar no mercado nacional:
1. Montagem eletromecânica.
2. Serviços de engenharia.
3. Suprimentos diversos (equipamentos mecânicos e elétricos).
Quais são os valores estimados dos contratos de serviço e quando serão
publicados os editais de licitações?
A fim de divulgar as licitações para contratação de serviços para a implantação
de Angra 3, a Eletronuclear realizou uma audiência pública no dia 21 de agosto
de 2009.
50
Essa Audiência foi feita em obediência aos preceitos estabelecidos na Lei no.
8.666, no seu artigo 39, e a intenção era apresentar os principais aspectos
associados a esses processos licitatórios, promovendo a máxima participação
de empresas com experiência comprovada no fornecimento de serviços de
engenharia, montagem e gerenciamento.
As premissas adotadas pela Eletronuclear na definição dos escopos e requisitos
associados a cada pacote contemplam uma percepção do mercado e buscam
incentivar e consolidar capacitação nesse setor.
Estão sendo licitados serviços de engenharia civil e eletromecânica, com valores
estimados (base maio de 2009) de R$ 21 milhões e R$ 283 milhões,
respectivamente. Já os serviços de montagem eletromecânica têm um valor total
calculado (base maio de 2009) em R$ 1 bilhão 261 milhões.
E os serviços de suporte ao gerenciamento se referem a atividades da própria
Eletronuclear como: apoio à fiscalização e controle dos serviços de engenharia,
diligenciamento dos suprimentos, suporte ao planejamento e à fiscalização das
obras civis e da montagem. Esses serviços têm valor estimado (base maio de
2009) de R$ 223 milhões.
A publicação dos editais das licitações deverá se iniciar nos próximos meses.
7. EQUIPAMENTOS
Os equipamentos de Angra 3 estão em condições de operação confiável e
segura?
Sim. A experiência com Angra 2 demonstrou que as unidades de preservação e
a inspeção final nos equipamentos, previamente à sua montagem,
proporcionaram a manutenção de elevado padrão de performance dos
equipamentos.
Como é feita a proteção dos equipamentos?
Os equipamentos vêm sendo mantidos sob rigoroso esquema de preservação
em almoxarifados no próprio sítio da Usina e nas instalações da Nuclep. Eles
são embalados em folhas de alumínio, selados a vácuo e com controle de
umidade. Tanques e vasos de pressão são preservados com gás inerte. E os
materiais estocados ao tempo estão revestidos com película protetora.
51
Como funciona o programa de manutenção e preservação?
Inspeção mensal e de 24 meses.
Tarefas de manutenção: substituição de proteções, de desumidificadores e de
graxas e óleos quando se mostrem necessário etc. E mais: manutenção da
documentação, segurança industrial, proteção contra incêndio, meios materiais e
humanos para a realização das tarefas de manutenção, inspeção e controle dos
equipamentos e inspeções e auditorias independentes.
Os equipamentos já comprados são os principais ou não?
Sim. Aqueles já adquiridos se classificam como os principais componentes
mecânicos da Usina, tais como os mais importantes da chamada “ilha nuclear”:
vaso de pressão do reator; geradores de vapor; pressurizador; bombas
principais de refrigeraçã do reator; suportes de componentes e outros;
equipamentos do grupo turbo-gerador e importantes componentes mecânicos; e
equipamentos de processo do circuito convencional.
Esses equipamentos comprados não estão obsoletos?
Não, encontram-se em ótimas condições para uma operação confiável e segura
da planta. Os equipamentos já adquiridos apresentam os mesmos projetos de
engenharia e os mesmos métodos fabris e construtivos que aqueles ora em
operação nas usinas alemãs mais recentemente construídas – as usinas da
série Konvoi, que, desde o início de operação comercial, vêm se colocando entre
as usinas nucleares de melhor desempenho operacional no mundo.
Quando foram comprados?
As ordens de compra dos equipamentos de Angra 3 foram dadas entre os anos
1977 e 1979. A maioria dos equipamentos foi recebida em 1984, e transferida
para a CNAAA em 1986 e 1987.
Que tipo de equipamento ainda será comprado?
No mercado internacional serão adquiridos, entre outros, a máquina de recarga
de combustível, as barras de controle para o reator, cabos especiais de
instrumentação e controle, material de tubulação e tanques para o grupo turbo-
gerador, equipamentos de processo e, principalmente, o novo sistema de
instrumentação e controle digital.
52
No mercado nacional serão adquiridos componentes mecânicos, tais como:
vasos e tanques, trocadores de calor e equipamentos de processo; pontes
rolantes, pórticos e guindastes, suportes especiais e revestimentos,
equipamentos rotativos, bombas e válvulas, tubos e peças especiais ferríticas,
isolamento térmico, sistemas de ventilação e de proteção contra incêndio;
equipamentos elétricos, tais como: transformadores, painéis elétricos, bandejas
de cabos e suportes de montagem, cabos elétricos de força, baterias e materiais
diversos.
Qual o valor destinado para a compra dos equipamentos que faltam?
Em valores atualizados para 2007, são estimados os montantes de
EUR 362 milhões e R$ 1,4 bilhão para as aquisições de equipamentos e
materiais, respectivamente, nos mercados internacional e nacional.
NOVAS USINAS NUCLEARES
O Brasil planeja expandir sua capacidade de geração nucleoelétrica além
de Angra 3?
O Plano Nacional de Energia PNE-2030, que subsidia o governo na formulação
de sua estratégia para a expansão da oferta de energia até 2030, no seu cenário
de referência, aponta a necessidade da implantação de 4.000 MW nucleares
adicionais no período após a implantação de Angra 3 (2015-2030), sendo 2.000
MW no Nordeste e 2.000 MW no Sudeste. Outros cenários analisados pelo PNE-
2030 consideram necessidades de 6.000 MW e 8.000 MW para o mesmo
período.
Segundo o estudo, em 2015, o parque nuclear passaria a ter 3,3 mil MW com a
entrada de Angra 3. Já com as outras quatro usinas a capacidade de geração de
energia nuclear, em 2030, chegaria a 7,3 mil MW. Para fazer os cálculos, o
estudo considerou um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,1% ao ano e
um crescimento de demanda por energia de 3,5% ao ano até 2030
Em julho de 2008, o governo federal criou o Comitê de Desenvolvimento do
Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB). A função do Comitê é fixar diretrizes e
metas para o desenvolvimento do Programa e supervisionar sua execução. A
ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, coordena as atividades do comitê,
e os ministérios de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente,
53
da Defesa e da Fazenda também estão representados. Na ocasião de sua
criação, foi apresentado o planejamento de 4.000 MW adicionais até 2025,
guardando a possibilidade, a ser confirmada por estudos futuros, de expansão
até 6.000 MW adicionais, tendo essa proposta sido aprovada.
Em que estágio se encontra o programa das novas centrais nucleares?
Em 18 de setembro de 2008, o presidente Lula, em reunião com CDPNB,
determinou que os estudos preliminares para a seleção de local da Central
Nuclear do Nordeste fossem iniciados. Esses estudos, de natureza técnica, são
coordenados pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do
Ministério de Minas e Energia. Somente os resultados desses estudos poderão
indicar os locais candidatos a receberem a central (note-se que uma central
nuclear é um conjunto de usinas nucleares). Os locais selecionados deverão ter
condições de abrigar até seis usinas nucleares – duas até 2030 e mais quatro
posteriormente –, a fim de otimizar custos e operação das mesmas.
O efetivo início das atividades de campo depende da autorização do MME para
financiamento das atividades através do fundo RGR (Reserva Global de
Reversão), gerido pela Eletrobrás, que, por sua vez, já solicitou essa
autorização. O valor estimado de todo o processo de escolha é de R$ 20
milhões, e a Eletronuclear tem a expectativa de concluir o processo em 20
meses.
54
ETAPA 1 2 3 4
Início de Processo
Região de Interesse
ÁreasCandidatas
Sítios Potenciais Sítios Candidatos
Processo Discriminaçãode Áreas
Discriminaçãode Candidatos
Discriminação de Sítios
Seleção de Sítios:Análise item a
itemCritériosE – ExclusãoEV – Evitação A - Adequação
E&EV E&EV Principalmente A e alguma redefinição
de limites E&EV
Principalmente A
Resultado ÁreasCandidatas
SítiosPotenciais
Sítios Candidatos Sítios aceitáveisou preferidos
Fontes de Dados Escala
Geográfica1:250.000
EscalaGeográfica1:125.000
Escala Geográfica e Reconhecimento
Aéreo1:24.000
Avaliaçãodetalhada “on
site”. Escala de1:24.000 ou maior
DURAÇÃO 4 meses 6 meses 6 meses 8 meses
Qual o cronograma previsto para seleção / implantação / início de operação
dessas usinas?
Os estudos de localização foram iniciados no final de 2008 e têm duração
prevista de 24 meses para conclusão, visando ao início de operação da primeira
usina do Nordeste no ano de 2019.
55
NOVAS USINASNOVAS USINAS
METASMETAS• Seleção de locais para
2 novas CENTRAIS NUCLEARES
até 6 USINAS POR CENTRAL
½ ITAIPU
–– NORDESTENORDESTE
–– SUDESTESUDESTE
• Locais selecionados para
– Cada central equivalendo a
CronogramaCronograma1. OUT/08
2. 2010
3. 2019
4. 2021
5. 2023
6. 2025
: Início da seleção de local para a
Central Nuclear do NordesteCentral Nuclear do Nordeste
: Início da seleção de local para a
Central Nuclear do SudesteCentral Nuclear do Sudeste
: Início da operação da primeiraprimeira usina
Central Nuclear do NordesteCentral Nuclear do Nordeste
: Início da operação da segundasegunda usina
Central Nuclear do NordesteCentral Nuclear do Nordeste
: Início da operação da primeiraprimeira usina
Central Nuclear do SudesteCentral Nuclear do Sudeste
: Início da operação da segundasegunda usina
Central Nuclear do SudesteCentral Nuclear do SudesteAngraSUDESTESUDESTE
NORDESTENORDESTE
Quais aspectos serão analisados para escolher a localização das novas
centrais nucleares?
A escolha do sítio para a instalação da Central Nuclear do Nordeste obedecerá à
legislação vigente e às normas estabelecidas pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN. Os estudos também se basearão em princípios
estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA e pelo
Electric Power Research Institute – EPRI (EUA).
Nesses estudos serão considerados aspectos geográficos, demográficos,
meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos dos sítios
potenciais candidatos à instalação da Central Nuclear do Nordeste.
O processo de seleção, além dos aspectos acima, considera fundamental a
promoção do envolvimento do público em geral (cidadania, autoridades e
outros).
56
PROCESSO DE SELEÇÃO:
Uma seleção adequada de sítio é o primeiro passo para a viabilização
empresarial da nova central e para a sustentabilidade do empreendimento.
Considerando-se que a primeira região de interesse é o Nordeste, o processo de
seleção terá quatro etapas, a saber:
Etapa 1 - Exclusão
Através de 12 critérios de exclusão como impedimentos regulatórios,
institucionais, de projeto, ambientais e outros, serão eliminadas áreas onde a
instalação de usinas nucleares é inviável.
Etapa 2 – Evitação
Essa etapa eliminará vastas extensões de terras onde, apesar da viabilidade, a
instalação de uma central nuclear não seria desejável, como, por exemplo, áreas
com altos índices populacionais; com maior impacto ambiental; consideradas de
significativo valor histórico, cultural e estético.
Ao fim dessas etapas, nas regiões remanescentes serão escolhidas de 15 a 20
áreas candidatas a partir de critérios técnicos.
Etapa 3 – Adequação
Nessa etapa o foco do processo se altera. Agora, serão comparados os atributos
das áreas candidatas identificadas para selecionar aquelas que reúnem os
conjuntos de condições mais favoráveis para a instalação da central.
Nesse estudo serão utilizados cerca de 50 critérios, divididos em quatro grandes
grupos de interesse (saúde e segurança; meio-ambiente; socioeconômico e
engenharia; e custos relativos). As áreas consideradas menos aptas serão
progressivamente eliminadas.
Etapa 4 – Determinação
O objetivo dessa fase é selecionar os quatro sítios mais adequados e submetê-
los à avaliação política para que se escolha o sítio preferido.
57
Nessa etapa, estudos ainda mais detalhados, dos critérios avaliados na terceira
etapa, serão necessários para assegurar a efetividade do processo de seleção.
Qual seria o investimento previsto para a implantação dessas novas
usinas?
A previsão mais realista no momento é de US$ 4.000/KWe instalado, ou seja,
aproximadamente US$ 4 bilhões para uma unidade de 1.000 MWe. Esse valor é
overnight, ou seja, seria o montante a ser pago se a usina fosse quitada de uma
única vez. Entretanto, o pagamento se dará ao longo de 15 anos e será
acrescido de juros. E o investimento poderá ser amortizado durante o período a
partir da geração de caixa da própria usina.
Como a vida útil do empreendimento supera os 60 anos, a nova usina nuclear
produzirá eletricidade e se apropriará de significativos montantes de lucro
durante quase meio século após a amortização do investimento inicial.
Quais serão as alternativas tecnológicas para as novas usinas?
Para as usinas pós-Angra 3 deverão surgir três concorrentes internacionais:
Areva/Mitsubishi, que recentemente estabeleceram um acordo;
Westinghouse/Toshiba; e a Rosenergoatom, empresa russa.
Qual a participação e a importância da indústria brasileira nesse processo?
A participação da indústria nacional nos empreendimentos de geração nuclear
no país tem aumentado gradativamente. Para Angra 2, o grau de nacionalização
foi de 50,4% e, no caso de Angra 3, a previsão é que seja ainda maior (54%),
principalmente após sua retomada, quando a maior parte dos componentes e
equipamentos complementares será colocada no mercado nacional. No caso de
usinas nucleares pós-Angra 3, a meta é de participação de cerca de 70%.
A Eletronuclear acaba de inaugurar um escritório no Nordeste. Por que foi
escolhida a capital de Pernambuco?
Para marcar o início desse processo de expansão do Programa Nuclear, a
Eletronuclear inaugurou em agosto de 2009 um escritório em Recife para facilitar
o envolvimento com as organizações públicas e regulatórias, requisito
fundamental no processo de seleção do sítio da central nuclear do Nordeste.
58
Recife foi escolhida por ser uma cidade com infraestrutura e dotada de
instituições públicas e privadas expressivas, o que a coloca na dimensão
necessária para dar suporte adequado a projetos dessa magnitude.
Como está o interesse dos estados nordestinos na implantação de usinas
nucleares na região?
Energia é um recurso fundamental para o desenvolvimento econômico. Hoje,
mais do que nunca, todos sabem da importância da energia elétrica. O Nordeste
iniciou um período de maior crescimento com a entrada em operação da Usina
de Paulo Afonso I. Esse crescimento se sustentou pelo desenvolvimento
contínuo do potencial hidroelétrico do Rio São Francisco. Após a construção da
Usina Hidroelétrica de Xingó, último grande aproveitamento do Rio São
Francisco, o Nordeste passou a ser importador de energia elétrica. Os estados
nordestinos veem na energia nuclear grandes oportunidades, tanto em relação à
independência energética quanto aos efeitos multiplicadores da construção e
operação dessas usinas.
Três unidades federativas localizadas na área considerada de interesse já se
manifestaram a favor da construção de novas usinas nucleares em seus
estados.
A Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco – AD Diper, entidade
ligada ao governo estadual, emitiu Nota Técnica – encaminhada ao governador
Eduardo Campos – sobre a implantação de usinas nucleares em Pernambuco.
Entende que o Estado “deve criar os meios necessários para se habilitar como
interessado em abrigar o investimento na implantação de usinas nucleares”.
Por sua vez, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, encaminhou ofício
ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, solicitando que uma das usinas
nucleares destinadas ao Nordeste seja instalada no estado.
E o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência e
Tecnologia e do Turismo de Sergipe, Jorge Santana de Oliveira, também
encaminhou ofício à Presidência da Eletronuclear, reiterando o interesse de que
a Central Nuclear prevista para o Nordeste tenha sua instalação no estado e
indicando, como seu interlocutor técnico, o Sergipe Parque Tecnológico
(SERGIPETEC).
59
Os estudos preliminares já apontam alguma região do Nordeste como
favorita?
A faixa litorânea entre Salvador e Recife é considerada “de interesse” para a
construção de duas usinas.
Quem está à frente do escritório da Eletronuclear, no Recife?
Carlos Henrique da Costa Mariz, carioca radicado em Pernambuco desde a
infância, 62 anos, engenheiro elétrico, formado pela Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, com pós-graduação em Engenharia de Sistemas na
COPPE/UFRJ (Master of Sciences) e na Universidade de Toulouse – França
(1970-1973). Foi engenheiro de Energia da Companhia Hidroelétrica do São
Francisco por 15 anos (1975-1990), onde estruturou e dirigiu o setor de
planejamento energético. Na época, também coordenou trabalhos como:
estudos de dimensionamento energético e viabilidade econômica da
Hidroelétrica de Xingó; usos múltiplos das águas do Rio São Francisco; ações
de meio ambiente na área dos reservatórios de Itaparica (PE) e Sobradinho
(BA); e estudos para implantação, no Nordeste, da quarta usina nuclear do
acordo Brasil-Alemanha. De 1990 a 2009, passou a prestar serviços de
consultoria, atuar em direção de cargos públicos e a desenvolver trabalhos na
iniciativa privada como empreendedor. É professor do Departamento de
Engenharia Elétrica da UFPE, desde 1970, onde leciona, atualmente, a
disciplina de Produção de Energia Elétrica. Recentemente, assumiu o cargo de
Assistente da Presidência da Eletronuclear para atuar em estudos e articulações
para o desenvolvimento das usinas nucleares a serem implantadas no Nordeste.
60
Que tipo de benefício a região Nordeste terá?
Vários são os benefícios: disponibilidade de energia interna própria e limpa;
possibilidade de desenvolvimento de projeto integrado com usina nuclear para
dessalinização da água do mar em volume compatível com as necessidades
hídricas da região, caso a usina venha a ser implantada no litoral; volume de
recursos envolvidos na construção, operação e manutenção, com consequente
geração de empregos; fortalecimento do núcleo básico de recursos humanos na
área de energia nuclear e das demais especialidades envolvidas nessa
tecnologia e a possibilidade de obtenção de royalties para o município que
abrigar a usina.
A disputa entre estados do Nordeste pelas usinas nucleares não se repete
no Sudeste. Por quê?
Diferentemente da Central Nuclear do Nordeste, a discussão da localização da
Central Nuclear do Sudeste ainda não se iniciou, não tendo ainda sido escolhida
a respectiva região de interesse.
O governo do Estado do Rio de Janeiro dá todo o apoio à implantação de Angra
3. Não vemos razão para que o mesmo não se repita em momento oportuno. A
mídia já noticiou posições favoráveis vindas do Espírito Santo. Algumas
manifestações negativas vieram do interior de São Paulo sobre a possibilidade
de a Central Nuclear do Sudeste ser localizada na região do Baixo Tietê. Mas
também houve algumas manifestações positivas dessa mesma região. O litoral
de São Paulo é densamente ocupado – as regiões de baixa população sendo
reservas ambientais –, o que torna as possibilidades de localização nessa região
limitadas. As potenciais regiões de interesse no Sudeste, sem intenção de ser
exaustivo, seriam o litoral norte do Rio de Janeiro, o litoral do Espírito Santo e o
Vale do Rio Doce e dos grandes rios da Bacia do Paraná, na região.
A construção das novas centrais está vinculada ao crescimento da
economia do país e, por consequência, da demanda por energia. A crise
internacional deve reduzir significativamente a taxa de crescimento
econômico por um período que o governo considera médio. O programa
sofrerá alterações?
61
Não. A taxa de crescimento econômico de referência para os estudos do PNE-
2030 é de 4,3%, inferior àquelas que vinham sendo obtidas nos últimos anos e
possivelmente inferior à eventual redução causada pela crise internacional atual.
A cadência de uma nova usina por ano é factível? Como?
Não existe planejamento da expansão do parque nuclear para o período
posterior a 2030. O que se pode afirmar é que certamente essa expansão terá
de ser acelerada, na medida do progressivo aproveitamento, e consequente
redução, do potencial hidroelétrico nacional disponível. Quanto à factibilidade
técnica de uma “cadência” de uma nova usina por ano, ela é demonstrada pelos
programas nucleares da França (60.000 MW em cerca de 30 anos), dos EUA
(100.000 MW também em cerca de 30 anos) e do Japão.
TEMAS GERAIS
1 . TARIFA
Atualmente, qual é o valor da tarifa da energia elétrica gerada pelas usinas
Angra 1 e Angra 2?
O valor aplicado pela Eletronuclear, no contrato de compra e venda de energia
elétrica celebrado com Furnas, é de R$ 135,63 por MWh, conforme a Resolução
da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nº. 916, de 08/12/2009. Essa
tarifa é válida até 4 de dezembro de 2010.
2 . BALANÇO FINANCEIRO
De quanto foi o resultado da Eletronuclear em 2008?
Ao final do exercício de 2008, a Eletronuclear apresentou um prejuízo líquido de
R$ 282.070.000 (282 milhões e 70 mil reais), enquanto que, no exercício de
2007, o resultado registrou um lucro líquido de R$ 117.668.000 (117 milhões e
668 mil reais). As despesas de variação cambial ocorridas em 2008 explicam o
prejuízo do exercício, pois, em razão da desvalorização do real frente ao euro de
62
7% e frente ao dólar americano de 17%, os passivos da companhia registrados
em moeda estrangeira cresceram.
Entretanto, o Resultado do Serviço, também entendido como Lucro antes do
Resultado Financeiro, registrou um lucro de R$ 386.713.000 (386 milhões e 713
mil reais), 158% superior ao Resultado do Serviço de 2007, quando apurou um
lucro de R$ 179.656.000 (179 milhões e 656 mil reais), e 36% superior ao
Resultado do Serviço de 2006, quando apurou um lucro de R$ 283.549.000 (283
milhões e 549 mil reais).
Outros dados financeiros:
Receita bruta – 2008: R$ 1.570.028 mil
Receita líquida– 2008: R$ 1.471.755 mil
Lucro líquido– 2008: Prejuízo de R$ 282.070 mil
Ebtda– 2008: R$ 572.166
Quais as mudanças feitas que contribuíram para a melhora do Resultado
do Serviço e para neutralizar os sucessivos prejuízos da Eletronuclear?
O desempenho pode ser explicado pelo aumento da receita devido à nova
política tarifária de energia gerada pela empresa, e pela estabilização dos
custos. Pesou também a renegociação das dívidas com a controladora.
Qual o investimento realizado da Eletronuclear no ano 2008?
No exercício de 2008 foram investidos R$ 299 milhões, assim distribuídos:
– Angra 1 e Angra 2 = R$ 110 milhões
Investimento direto em Angra 1 e Angra 2 – R$ 56 milhões.
Administração Capitalizada – R$ 54 milhões.
– Manutenção do Parque de Obras e Equipamentos de Angra 3 = R$ 68 milhões
– Implantação da Usina Termonuclear Angra 3 = R$ 5 milhões
– Geradores de Vapor de Angra 1 = R$ 105 milhões
– Infraestrutura = R$ 11 milhões
63
O orçamento da Eletronuclear foi aprovado pelo Programa de Dispêndios
Globais?
Em 2008, a Eletronuclear teve seu orçamento aprovado, no contexto do
Programa de Dispêndios Globais – PDG, através do Decreto nº. 6.251, de 06 de
novembro de 2007, revisado pelo Decreto nº. 6.646, de 18 de novembro de
2008, e remanejamentos de valores entre rubricas aprovados conforme Ofício
nº. 730/2008/MP/SE/DEST.
Para os dispêndios econômicos, foi fixado o limite de R$ 2.246.000.000,00 (2
bilhões, 246 milhões de reais), distribuídos em R$ 707 milhões para
investimentos, R$ 211 milhões para outros dispêndios de capital (amortizações e
dividendos) e R$ 1 bilhão e 328 milhões para dispêndios correntes. Em termos
de realizações, foram gastos R$ 299 milhões em investimentos, R$ 160 milhões
em outros dispêndios de capital e R$ 1 bilhão e 415 milhões em dispêndios
correntes, totalizando R$ 1.874.000.000,00 (1 bilhão e 874 milhões de reais).
Os dispêndios com investimentos se concentraram em cinco programas:
Manutenção do Sistema de Geração – Angra 1 e Angra 2 (R$ 110milhões);
Manutenção do parque de obras e equipamentos da Usina Angra 3 (R$ 68
milhões); Substituição dos Geradores de Vapor de Angra 1 (R$ 105 milhões);
Implantação da Usina Angra 3 (R$ 5 milhões); e Infraestrutura de apoio (R$ 11
milhões).
Os dispêndios correntes se concentraram na manutenção das usinas em
operação, destacando-se serviços de terceiros (R$ 216 milhões); combustível
nuclear (R$ 239 milhões); pessoal próprio e encargos (R$ 238 milhões);
impostos/contribuições (R$ 205 milhões); utilidades e serviços (R$ 10 milhões);
encargos de uso da rede e de conexão (R$ 45 milhões); juros e outros (R$ 316
milhões); materiais de consumo (R$ 45 milhões); e outros dispêndios (R$ 101
milhões).
Os recursos econômicos realizados foram de R$ 1.989.000.000,00 (1 bilhão e
989 milhões de reais), originados de receitas de venda de energia de R$
1.570.000.000 (1 bilhão e 570 milhões de reais), demais receitas operacionais
da ordem de R$ 3 milhões, receitas não operacionais de R$ 124 milhões e de
outros recursos da ordem de R$ 292 milhões.
3. PESSOAL E VILAS RESIDENCIAIS
64
Quantos funcionários tem a Eletronuclear?
O quadro de pessoal (diretores e empregados) da Eletronuclear, em
30/09/2009, era composto por 2.305 empregados, sendo: 729 no Rio (sede da
empresa), 1.571 nas usinas de Angra, 4 no escritório de Brasília e 1 no escritório
de Recife.
Há um número suficiente de técnicos para as três usinas ou haverá
necessidade de contratação?
O contingente atual de empregados da Eletronuclear não engloba a quantidade
de técnicos suficiente para operar três usinas nucleares, pelo que necessitarão
ser contratados novos profissionais em todas as carreiras da empresa.
Quantas vilas residenciais a Eletronuclear possui? Quantas residências
existem em cada uma dessas vilas? Que outras instalações há nas vilas?
Vila Residencial de Praia Brava:
540 Residências;
02 Hotéis:
Hospedagem I - 06 suítes e 48 apartamentos;
Hospedagem II - 21 apartamentos e 32 quartos;
01 Hospital;
01 Escola;
01 Creche;
02 Clubes;
01 Cine Teatro;
01 Centro Comercial;
01 Centro Ecumênico.
Vila Residencial de Mambucaba:
481 Residências;
72 Flats;
01 Laboratório de Monitoração Ambiental;
01 Centro de Treinamento com Simulador;
03 Escolas;
02 Creches;
65
01 Clube e 3 Centros Comerciais;
01 Unidade Médica da FEAM;
01 Campo de Futebol;
03 Quadras Poliesportivas.
Vila Operária:
200 Residências;
01 Hospedagem (5 Blocos) – 155 quartos;
08 Blocos de Alojamento – 202 Quartos;
12 Repúblicas – 42 leitos para empregados;
01 Centro de Medicina de Radiações Ionizantes;
01 Restaurante;
01 Destacamento do Corpo de Bombeiros;
01 Centro Ecumênico;
01 Campo de Futebol.
Vila Consag (propriedade da Construtora Andrade Gutierrez):
150 residências;
01 Churrasqueira;
01 Centro Comercial;
01 Restaurante.
4. LOCALIZAÇÃO
Por que o município de Angra dos Reis foi escolhido para abrigar a
CNAAA?
A CNAAA está instalada num dos pontos mais bonitos do litoral do país, na Praia
de Itaorna. Um dos fatores determinantes para escolha do local foi a
proximidade quase equidistante de três grandes centros consumidores
brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, evitando perdas de
66
energia em longas linhas de transmissão. Outro fator importante foi a
proximidade do mar. Embora o urânio seja o combustível, é a água que
movimenta e refrigera uma usina nuclear. Por isso ela precisa ser construída
próxima a um rio ou mar, onde exista água em abundância.
5. FUNCIONAMENTO E SEGURANÇA DAS USINAS
Qual é a vida útil das usinas nucleares?
A vida útil das usinas nucleares é em média de 40 anos. Entretanto, a robustez
do projeto das usinas similares a Angra 1 e Angra 2 permite prorrogar suas vidas
úteis, a exemplo de dezenas de usinas americanas com projeto igual ao das
brasileiras. A extensão de vida útil das usinas nucleares é uma estratégia
adotada em diversos países como alternativa à construção de novas usinas.
Normalmente, a renovação de licença prolonga a vida da usina em mais 20
anos, representando, para a operadora, um período de receita com o
investimento inicial já amortizado.
Como é o funcionamento de uma usina nuclear?
Uma usina nuclear funciona como uma usina térmica convencional; só que, para
gerar o calor, não usa combustão de carvão, óleo ou gás. A matéria-prima da
usina é o urânio, que é extraído no Brasil, em sua maioria da mina de Caetité, na
Bahia. Os elementos combustíveis das usinas são compostos por varetas
cheias de pequenas pastilhas cerâmicas de dióxido de urânio.
A geração de energia começa com a fissão dos átomos de urânio dentro do
núcleo do reator. Essa fissão gera calor e aquece a água do sistema primário.
No Gerador de Vapor, essa água aquece a do sistema secundário,
transformando-a em vapor. Após movimentar a turbina, esse vapor passa pelo
condensador, onde é resfriado pela água do mar (sistema terciário) e retorna ao
Gerador de Vapor. O gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina produz a
eletricidade que abastece a rede de energia elétrica. É importante salientar que
todos os sistemas de circulação de água são independentes, não havendo
contato direto entre eles.
67
RREEAATTOORREESS AA ÁÁGGUUAA PPRREESSSSUURRIIZZAADDAA ((PPWWRR))
Qual o grau de segurança das usinas nucleares?
De todas as atividades industriais, a geração de energia elétrica em usinas
nucleares é uma das que oferecem menos risco. O pensamento dominante é
que, num ambiente de tolerância zero, sempre é possível melhorar a segurança.
As usinas nucleares possuem sistemas de segurança redundantes,
independentes e fisicamente separados, em condições de prevenir acidentes e,
também, de resfriar o núcleo do reator e os Geradores de Vapor em situações
normais ou de emergência. Na situação improvável de perda de controle do
reator em operação normal, esses sistemas independentes de segurança entram
automaticamente em ação para impedir condições operacionais inadmissíveis.
Além de todos esses sistemas, as usinas nucleares de Angra têm sistemas de
segurança passivos, que funcionam sem que precisem ser acionados por
dispositivos elétricos. Esses sistemas são as numerosas barreiras protetoras de
concreto e aço, que protegem as usinas contra impactos externos (terremotos,
maremotos, inundações e explosões) ou aumento da pressão no interior da
usina.
Cerca de 95% das substâncias radioativas de uma usina nuclear são geradas no
núcleo do reator durante o funcionamento deste, quando da fissão nuclear do
68
combustível. O próprio combustível funciona como barreira interna, pois a maior
parte dos produtos que se originam da fissão dos núcleos de urânio fica retida
nas posições vazias da estrutura cristalina da matriz cerâmica do UO2. Apenas
uma pequena fração dos segmentos de fissão voláteis e gasosos consegue
escapar da estrutura do combustível. Para reter essa fração, as pastilhas de
dióxido de urânio são colocadas no interior de tubos revestidos por uma liga
especial, chamada zircaloy. Os tubos são selados com solda estanque a gás. Na
eventualidade de microfissuras em algumas varetas do elemento combustível,
existem sistemas de purificação e desgaseificação dimensionados para o reator
continuar operando com segurança. O sistema de refrigeração do reator
funciona como uma barreira estanque, evitando a liberação de substâncias
radioativas.
Angra 1 e Angra 2 operam com um reator do tipo PWR (água pressurizada),
que é o mais utilizado no mundo. O reator PWR é projetado para ter
características de autorregulação, isto é, com o aumento de temperatura há uma
diminuição de potência, exatamente para funcionar como freio automático contra
aumentos repentinos de potência.
Ainda assim, para a remota possibilidade de o sistema de refrigeração permitir a
liberação não controlada de substâncias radioativas, o reator é envolvido por um
edifício de aço estanque, de formato esférico, com 3 centímetros de espessura e
56 metros de diâmetro denominado Prédio de Contenção. Tal barreira é
projetada para evitar qualquer liberação de radioatividade no caso do mais sério
acidente de falha da refrigeração do núcleo do reator, em que se assume a
ruptura total da tubulação do sistema de refrigeração do reator, com toda a água
de refrigeração sendo descarregada e contida dentro do Prédio de Contenção.
Essa esfera de contenção de aço especial está protegida de impactos externos
por um edifício de paredes de concreto armado, com 60 centímetros de
espessura. Durante a operação normal da usina, a pressão no lado de dentro do
edifício do reator é mantida abaixo da pressão atmosférica externa, exatamente
para impedir que produtos radioativos possam escapar do interior da usina para
o meio ambiente. Todas essas barreiras são devidamente testadas durante a
construção e a montagem da usina e suas integridades verificadas ao decorrer
da operação da mesma.
Grande parte das ações que visam a neutralizar ocorrências anormais na usina
é automática. Mesmo assim, os operadores de uma usina nuclear são altamente
69
treinados e precisam ser necessariamente licenciados pela CNEN. Os
operadores de Angra 1 passam por um rigoroso treinamento realizado nos
Estados Unidos e na Europa, onde utilizam simuladores compatíveis com a Sala
de Controle de Angra 1. A Eletronuclear possui em Mambucaba (município de
Paraty) um simulador que é uma réplica da sala de controle de Angra 2. Lá,
todos os operadores da Usina Angra 2 são treinados, podendo-se reproduzir
todas as situações que ocorrem durante o funcionamento normal da usina ou em
situações anormais e emergenciais. Operadores de diversos países têm sido
treinados nesse simulador nos últimos anos.
Ainda assim, há um plano de emergência que abrange uma área com raio de
quinze quilômetros em torno da CNAAA. Esse plano, que envolve além da
Eletronuclear, o Exército, o Corpo de Bombeiros e os órgãos da Defesa Civil,
contempla todas as medidas para proteção da população da vizinhança das
usinas no caso de um acidente nuclear, inclusive até a necessidade de
evacuação ordenada e, por isso, periodicamente são feitos exercícios simulados
para que se possa testar o seu funcionamento.
As usinas que constituem a CNAAA foram projetadas e construídas dentro dos
mais rigorosos critérios de segurança adotados internacionalmente. Seu
licenciamento nuclear está a cargo da CNEN, obedecendo ainda de forma
rigorosa à legislação ambiental vigente no país. As usinas são também
periodicamente avaliadas por organismos internacionais como IAEA
(International Atomic Energy Agency), WANO (World Association of Nuclear
Operators) e INPO (Institute of Nuclear Power Operators).
Os padrões de segurança nuclear adotados no Brasil são eficientes?
O Brasil é signatário da Convenção Internacional de Segurança Nuclear e da
Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de Combustível Usado e
Rejeitos Radioativos. Bianualmente, o país envia relatórios a esses organismos
que são rigorosamente escrutinados.
Além disso, a Eletornuclear é membro da WANO, que congrega as principais
operadoras de usinas nucleares do mundo. Essa associação tem um papel de
autorregulamentação do setor, adicional à regulamentação nacional e
internacional, garantindo padrões uniformes entre todos os seus associados. As
usinas de Angra são inspecionadas regularmente por técnicos da associação, e
técnicos das nossas usinas compõem regularmente equipes de inspeção em
70
outras usinas no mundo.
O que é um prédio de contenção?
São envoltórios de contenção dos reatores compostos de duas
estruturas/barreiras, de acordo com o conceito de defesa em profundidade que é
a base de projeto das usinas nucleares.
De que é formada a estrutura externa das usinas Angra 1 e Angra 2?
Angra 1 – A estrutura externa de concreto do envoltório de contenção de Angra
1 está assentada diretamente na rocha, a uma profundidade aproximada de 10m
abaixo do nível do mar. Sua forma é cilíndrica com tampo em calota esférica e
com as seguintes características: altura de 58m acima do nível do solo, diâmetro
interno de 35m e espessura de parede de 75cm.
Angra 2 – A estrutura de concreto do envoltório de contenção de Angra 2 é de
forma cilíndrica com uma cúpula hemisférica, com as seguintes dimensões
aproximadas: diâmetro interno de 60m, espessura de 60cm e altura de 60m.
Essa estrutura está assentada em cerca de 200 estacas, atingindo até uma
profundidade de 40m abaixo do nível do mar.
E a estrutura interna das usinas nucleares, como é formada?
Angra 1 – A forma da estrutura interna do envoltório de contenção de Angra 1 é
cilíndrica com tampo em calota esférica e com as seguintes características: a
parte cilíndrica tem uma espessura média de 38mm, diâmetro de 32 metros e
altura da estrutura de 70 metros.
Angra 2 – A estrutura de aço em Angra 2 é uma esfera que envolve o reator
nuclear e as piscinas de elementos combustíveis. As dimensões do envoltório de
contenção, de estrutura metálica, são as seguintes: diâmetro interno de 56m,
espessura de 30mm e peso de 2.600 toneladas.
Quais são as principais diferenças entre a central de Chernobyl e as usinas
de Angra?
O reator acidentado na central de Chernobyl (tipo RBMK1000) difere dos
reatores construídos no Brasil (PWR) não apenas no seu princípio físico de
funcionamento, mas, também, nas principais características construtivas.
71
RBMK
Chernobyl
O reator RBMK1000 é do tipo água fervente circulando em tubos de pressão utilizando
grafite como moderador de nêutrons. O combustível consiste de pastilhas de dióxido de
urânio enriquecido entre 1,1% e 2% encamisadas em varetas de liga de zircônio.
Os elementos combustíveis estão inseridos nos tubos de pressão, que, por sua vez,
estão inseridos nos blocos de grafite. A água de refrigeração circula pelos tubos de
pressão e passa ao estado de vapor à medida que remove o calor produzido no núcleo
do reator.
O vapor gerado é separado da fase líquida e levado às turbinas. A água resultante da
condensação do vapor expandido nas turbinas retorna e é novamente distribuída pelos
tubos de pressão, fechando o ciclo – fig 1.
PWR
Angra 1 e Angra
2
Nos reatores PWR, a água pressurizada é utilizada como refrigerante e moderador em
um circuito fechado (circuito primário), separado do circuito secundário pelos tubos dos
Geradores de Vapor. O calor removido do núcleo é transferido ao circuito secundário
nos Geradores de Vapor – fig 2.
Estabilidade – Comparação RBMK / PWR
No ciclo direto de vapor nos reatores RBMK se estabelece uma única barreira
entre o refrigerante em contato com o combustível e o meio ambiente; essa
barreira é o condensador da turbina, em contraposição aos PWR, em que os
geradores de vapor constituem uma segunda barreira.
O grafite nos reatores RBMK, ao contrário da água nos PWR, apresenta
características de absorção de calor que favorecem o surgimento, em
determinadas condições de operação, de instabilidades que podem
comprometer a integridade do combustível. Em casos extremos de falta de
resfriamento do núcleo, a temperatura do grafite pode elevar-se a ponto de este
incendiar-se em contato com o ar.
De fato, as investigações mostraram que, contrariando os procedimentos, o
reator de Chernobyl operava em um nível de potência não recomendado. Em
consequência dessa instabilidade, houve um aumento rápido de potência
levando os elementos combustíveis ao superaquecimento e causando uma
explosão de vapor de grandes proporções, destruindo o núcleo e incendiando o
grafite. As características de projeto dos reatores PWR asseguram condições de
estabilidade em toda a faixa de operação.
Liberação de Radiação – Comparação RBMK / PWR
As principais diferenças em termos de características construtivas referentes à
segurança em relação aos reatores construídos no Brasil advêm da filosofia
adotada originalmente para os reatores RBMK, de não levar em consideração
72
acidentes muito improváveis. Como exemplo típico pode-se citar a não
construção de envoltório de contenção, existente em Angra 1 e Angra 2, que
minimizaria a liberação de elementos radioativos para o meio ambiente.
Com respeito ao acidente de Chernobyl, cabe destacar que a total diversidade
de critérios de projeto, de filosofia de segurança e de condições de operação
existentes entre usinas soviéticas do tipo RBMK na época do acidente, e as
nossas do tipo PWR, que integram a Central Nuclear de Angra dos Reis,
desqualificaria qualquer comparação em termos de riscos de acidentes e efeitos
consequenciais.
Análise da AIEA
Após o acidente, foi estabelecido um amplo programa internacional, liderado
pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de análise dos projetos
dos reatores do Leste da Europa, resultando na proposição de modificações
importantes, como modernização dos sistemas de instrumentação e controle e
implementação de sistemas de segurança adicionais, visando a elevar o nível de
segurança dessas usinas a patamares comparáveis às usinas do Ocidente como
Angra 1 e Angra 2. Grande parte dessas medidas já foi implementada.
Em verdade, devido a características construtivas da Usina de Chernobyl,
aconteceu um incêndio no grafite usado como elemento moderador (elemento
que é colocado para possibilitar a fissão controlada do urânio baixamente
enriquecido). Sem esse elemento moderador, não acontece fissão no átomo do
urânio baixamente enriquecido. Em Angra e outras usinas que utilizam a água
como elemento moderador, esse tipo de acidente seria impossível.
No caso da bomba atômica, uma comparação muitas vezes erroneamente feita
com as usinas nucleoelétricas, requer urânio altamente enriquecido ou plutônio,
e não é usado elemento moderador: é uma tecnologia bastante diferente. Seria
quase como comparar gasolina ou óleo combustível com a dinamite, já que
esses materiais envolvem igualmente possibilidade de reações químicas com
liberação de energia.
A título de conhecimento, para quem não está envolvido com a tecnologia
nuclear: o urânio como sai das minas, chamado de minério de urânio, que
necessita de mineração e atividades de metalurgia, em parte semelhantes a
outros metais, como o ferro, irá formar, após diversas etapas de depuração de
outros elementos, o que chamamos de urânio natural. Esse urânio natural é
73
composto de um isótopo não físsil (não se divide naturalmente com o choque de
um nêutron), estável, não radioativo, chamado Urânio 238 (U238 – o peso
atômico dele é de 238 "unidades"), e o urânio físsil, instável, fracamente
radioativo, que se divide formando dois átomos diferentes, de peso menor, e que
libera energia durante essa divisão. Esse isótopo é chamado de Urânio 235
(U235): é o isótopo que nos interessa. Seu núcleo atômico pode ser dividido,
liberando uma grande quantidade de energia, lançando-se um nêutron contra
ele. Ele está em concentração muito pequena no urânio natural e é usado
apenas em alguns tipos de reatores especiais que necessitam de água pesada
(composta de oxigênio e hidrogênio pesado – um próton e dois nêutrons no
núcleo).
Nos reatores das usinas de Angra utilizam-se água comum, desmineralizada, e
urânio baixamente enriquecido. O que chamamos de urânio enriquecido é o
urânio no qual aumentamos artificialmente, através de um processo, a proporção
de Urânio 235 em relação ao U238. Esse processo é chamado de
enriquecimento isotópico.
Poucos países detêm a tecnologia para conseguir esse processo de forma
comercial ou em grande escala. Os que detêm, dificultam de todas as maneiras
as possibilidades dos que não têm, de consegui-la. O Brasil, graças à pesquisa e
ao desenvolvimento da Marinha, e a instalações da INB, iniciou, a partir de 2004,
a produção comercial de urânio enriquecido. Tentou-se adquirir uma tecnologia
para enriquecimento do urânio na Alemanha, por ocasião do Acordo Nuclear
entre o Brasil e a Alemanha, mas não foi possível, pois os Estados Unidos
bloquearam a transferência de tecnologia do sistema de difusão gasosa, da
Alemanha para o Brasil.
O sistema, que foi desenvolvido por nós, brasileiros, é o de ultracentrifugação.
Um gás composto de urânio é centrifugado em uma máquina.
Como o U238 é mais pesado que o U235, uma concentração maior de U238 se
localiza na parte distante do eixo da centrifugadora, e o U235 se concentra no
centro. São necessárias muitas centrifugadoras para se conseguir algum
enriquecimento.
Quem consegue realizar um enriquecimento isotópico baixo, teoricamente está
habilitado a realizar um enriquecimento alto e entrar para o seleto grupo que
possui bombas atômicas. Esse é o receio do grupo formado por Estados Unidos,
Inglaterra, França e mais alguns outros, que desejam manter isolado esse poder
74
de destruição. Quem consegue essa tecnologia também se torna mais um
fornecedor em potencial de urânio enriquecido comercial no mundo, dividindo o
mercado.
Quantos acidentes aconteceram nos últimos dez anos?
Em mais de vinte anos de geração de energia nuclear em Angra, nunca houve
um acidente ou evento que pusesse em risco os trabalhadores das usinas, a
população ou o meio ambiente da região. A Eletronuclear foi uma das primeiras
companhias brasileiras a adotar um programa de cultura de segurança, na qual
todos os funcionários estão individualmente comprometidos. Essa determinação
levou à adoção de uma Política de Gestão Integrada de Segurança que privilegia
a segurança nuclear e abrange a garantia da qualidade, a proteção do meio
ambiente, a segurança do trabalho, a saúde ocupacional e a proteção física.
O programa de cultura de segurança desenvolvido pela Eletronuclear, pioneiro
na indústria mundial, contou com a consultoria da Agência Internacional de
Energia Atômica e se tornou uma referência na área de segurança para
empresas que operam usinas nucleares em todo o mundo.
Que tipo de acidente seria mais provável de acontecer nas usinas
nucleares de Angra?
Na realidade, um acidente nas usinas da CNAAA com consequências
radiológicas, isto é, com liberação de material radioativo, é muito pouco provável
de acontecer.
O pior acidente que pode ocorrer nas usinas Angra 1 ou Angra 2 é uma fusão do
núcleo do reator, motivada por perda de refrigeração associada à perda das
barreiras físicas de contenção. Esse foi o caso da usina americana de Three
Mile Island (TMI-2), onde houve um acidente com danos ao núcleo e escape do
circuito primário de grande quantidade de materiais radioativos que, entretanto,
ficaram retidos dentro do envoltório de contenção. Assim como TMI-2, os
reatores de Angra 1 e Angra 2 são do tipo PWR, que utilizam água pressurizada
como refrigerante e também como moderador.
Nos dosímetros aparece a medida de radiação. Como se chama essa
medida?
75
A unidade do sistema internacional de unidades é o Sievert (Sv). Na rotina
operacional, as doses envolvidas são muito baixas. Os dosímetros eletrônicos
mostram os submúltiplos automaticamente. As doses registradas aparecem em
micro-Sievert (mSv), ou seja, 1/1.000.000 do Sv.
Quanto um funcionário pode receber de radiação? A taxa é mensal?
A Norma CNEN-NN-3.01 (Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica) determina
os limites para o indivíduo ocupacionalmente exposto e para o público. Os
limites são de 50.000 Sv/ano, desde que a média dos últimos 5 anos não
ultrapasse 20.000 Sv/ano.
A Eletronuclear adota limites operacionais trimestrais e por atividade, de forma a
garantir o cumprimento dos limites da Norma.
O que acontece quando se ultrapassa o limite?
Os limites sempre foram cumpridos, nunca ocorreu de um empregado superá-
los. Procedimentos administrativos proíbem o acesso dos empregados quando
as doses acumuladas atingem 80% do limite trimestral. O crédito de 20% do
limite trimestral somente será utilizado caso o empregado tenha crédito anual,
a tarefa justifique sua participação e com a autorização do gerente direto do
empregado e do superintendente da unidade. Como o limite é anual, pode
ocorrer que, para o gerenciamento do crédito de dose, o empregado seja
afastado das atividades em área controlada por determinados períodos.
O que aconteceria se um avião caísse na Central Nuclear?
As usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários
tipos de acidentes. Entre os acidentes externos postulados consideram-se o
maior terremoto que poderia ocorrer no sítio e o efeito da explosão de um
caminhão carregado de TNT em estrada próxima. O prédio onde fica o reator
nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses
tipos de evento. Pode-se verificar que, mesmo não sendo necessária a
consideração de queda de avião no projeto por causa da baixa probabilidade de
ocorrência desse evento, as usinas poderiam resistir até ao impacto de um
grande avião em velocidade de pouso ou decolagem, sem que as barreiras de
segurança fossem inteiramente rompidas. Um impacto dessa natureza teria uma
76
probabilidade muito pequena de comprometer a segurança da Usina, da
população e do meio ambiente.
O projeto estrutural leva em consideração a possível ocorrência de um
abalo sísmico?
Sim. Apesar de não ser exigido pelas normas, a Eletronuclear considerou a
possibilidade da ocorrência de um terremoto e dimensionou a estrutura de
concreto armado para esse esforço.
E o terremoto que atingiu o litoral paulista?
O terremoto da noite do dia 22 de abril de 2008 atingiu 5,2 graus na escala
Richter e teve seu epicentro no Oceano Atlântico, a 215 km da cidade de São
Vicente, no litoral paulista; e a 315 km da CNAAA. Construídas numa região com
probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, as usinas de
Angra, como já dissemos, foram projetadas para resistir a terremotos. Diversos
sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer
abalo que atinja as especificações consideradas no seu projeto.
Localização do epicentro do terremoto em relação à Central Nuclear
Esse projeto se baseia em normas de segurança internacionais, que consideram
uma aceleração horizontal na rocha de 0.10 g. Especialistas da PUC/RJ e do
Instituto de Astronomia e Geofísica da USP (IAG/USP) estimam que a
probabilidade de ocorrência de um abalo dessa proporção nas proximidades da
Central Nuclear é de uma a cada 50 mil anos.
77
No dia 22, o nível das acelerações registrado na Estação Sismográfica de Angra
dos Reis foi de 0,0017 g, (2% do valor de projeto), e inferior ao nível mínimo
acima do qual passaria a ser registrado na instrumentação sísmica das próprias
usinas (0,01 g). Três fatores são determinantes para medir a intensidade local de
um evento sísmico: a magnitude do terremoto, a distância em relação ao
epicentro e a profundidade em que ocorre o abalo. Por exemplo, um terremoto
de magnitude 4 na escala Richter, com o epicentro no local das usinas, não
provocaria acelerações superiores às previstas no projeto. Para tanto, seria
necessário que ocorresse um abalo de magnitude 5 a menos de 12 km; ou um
terremoto de magnitude 6 a menos de 37 km da Central Nuclear.
Existe um monitoramento sísmico nas usinas?
A CNAAA possui uma Estação Sismográfica equipada com aparelhos modernos
que monitoram, identificam e analisam os eventos sísmicos locais e regionais.
Essa Estação é operada, desde 2002, pelo pessoal do IAG-USP e monitora
continuamente qualquer vibração no sítio das usinas e registra todos os eventos.
Ela permite determinar o epicentro, a magnitude e demais características de
qualquer evento sísmico, além de indicar o nível de aceleração na região da
Central Nuclear. Esses registros, aliados aos catálogos sísmicos disponíveis,
confirmam a baixa sismicidade da região de Angra.
Além disso, cada usina possui instrumentação sísmica própria e independente
para monitoramento dessas acelerações. Caso ocorra um abalo, que ultrapasse
10% das acelerações estimadas no projeto, um alarme é disparado na sala de
controle onde sua intensidade pode ser identificada imediatamente. Nesse caso,
os valores de aceleração são analisados para calcular seu impacto na usina. Se
as acelerações atingirem 50% dos valores de projeto, a Usina deve ser
inspecionada para verificar a existência de algum dano.
Existe no local um sistema de segurança adequado para impedir uma
possível ocorrência de invasão indesejada? Quais as medidas existentes
para se detectar, impedir e combater tal fato?
O conceito de proteção física do local das usinas (sítio) envolve medidas de
proteção de fora para dentro, medidas estas que vão se tornando mais
78
rigorosas quanto mais próximas das usinas.
O local é dotado de medidas para proteção física, quais sejam:
existência de cercas concêntricas monitoradas, a externa cercando o
sítio e a interna (dupla), as usinas;
corpo de guarda;
guaritas em sequência (externa e interna e de acesso às usinas)
sistema de circuito fechado de televisão e sistema de alarme para
abertura das portas dos depósitos.
6. EVENTOS OPERACIONAIS E PLANO DE EMERGÊNCIA
Como é feita a classificação dos eventos?
A severidade de acidentes nucleares pode ser avaliada usando a Escala
Internacional de Eventos Nucleares (International Nuclear Event Scale – INES) a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A INES é um mecanismo para
pronta e consistente comunicação dos eventos ocorridos em quaisquer
instalações que lidem ou transportem materiais radioativos, facilitando uma
compreensão mútua entre a comunidade nuclear, os meios de comunicação e o
público em geral. Mas essa classificação não deve ser confundida com a
sequência de etapas do planejamento de resposta à emergência utilizada para a
comunicação às autoridades regulatórias e ao poder público.
Qual o objetivo da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES)?
Tal como os furacões são classificados por sua severidade e os terremotos têm
sua Escala Richter, a AIEA comunica a gravidade de eventos relacionados ao
uso ou transporte de materiais radioativos através de um protocolo numérico. A
INES é o mecanismo usado para facilitar o entendimento com os meios de
comunicação e a população.
A INES foi aplicada, inicialmente, durante um período de teste, para classificar
os eventos ocorridos em centrais nucleares, com envolvimento de 32 países.
Organismos internacionais e países usuários controlaram essa aplicação. A
escala funcionou com êxito e foi posta à disposição para a adoção formal no
mundo inteiro. Também foi ampliada e adaptada para permitir a sua aplicação a
todas as instalações nucleares relacionadas com a indústria nuclear civil, bem
como o transporte, o armazenamento e o uso de fontes radioativas.
79
A Edição 2008 do Manual da INES foi desenvolvida para facilitar a tarefa
daqueles que devem taxar a significação de segurança de eventos que usam a
escala. O documento inclui orientação adicional e fornece exemplos e
comentários no uso contínuo da INES. O manual pode ser acessado em:
http://www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/INES-2009_web.pdf
Como são classificados os eventos dentro da Escala INES?
Os eventos se classificam na escala segundo 8 níveis:
Desvio (0) – abaixo da escala. Nenhuma importância com relação à
segurança.
Anomalia (1) – pode ocorrer devido a uma falha de equipamento, a um
erro humano ou a procedimentos inadequados. Essas situações são
consideradas tipicamente “abaixo da escala”.
Incidente (2) – incidente com falha importante dos dispositivos de
segurança, mas nos quais subsiste defesa em profundidade suficiente
para fazer frente a falhas adicionais. Evento resultante de uma dose
recebida por um trabalhador acima do limite de dose anual estabelecida
e/ou evento que implique a presença de quantidades significativas de
radioatividade em áreas da instalação para as quais, de acordo com o
projeto, tal fato não seria justificável, e que exija medidas corretivas.
Incidente Sério (3) – liberação externa acima dos limites autorizados,
resultando, para o indivíduo mais exposto fora da área da instalação,
numa dose da ordem de décimos de milisieverts (as doses são expressas
em termos de dose equivalente efetiva; dose de corpo inteiro). Quando for
conveniente, esses critérios podem ser expressos em termos dos limites
anuais de descarga de efluentes correspondentes, permitidos pelas
autoridades nacionais. Provavelmente, medidas de proteção fora da área
de instalação não seriam necessárias. Eventos na área da instalação,
implicando doses recebidas pelos trabalhadores suficientes para causar
efeitos agudos à saúde e/ou eventos que provoquem uma grave
contaminação, como, por exemplo, a liberação de alguns milhares de
terabequeréis de atividade em uma contenção secundária de onde o
material pode ser retornado a uma área de armazenamento satisfatória.
Incidentes nos quais uma falha suplementar dos sistemas de segurança
poderia conduzir a condições de acidente ou a uma situação em que,
80
caso ocorresse em certos eventos iniciadores, os sistemas de segurança
seriam incapazes de impedir um acidente.
Acidente Sem Risco Importante Fora da Área da Instalação (4) –
liberação externa de radioatividade que resulte, para o indivíduo mais
exposto fora da área da instalação, numa dose da ordem de alguns
milisieverts. Com essa liberação, seria pouco provável a necessidade da
aplicação de medidas de proteção fora da área de instalação,
executando-se, talvez, um controle dos alimentos locais. Um acidente
desse tipo poderia resultar em danos à central nuclear, tais como a fusão
parcial do núcleo de um reator de potência, ou eventos comparáveis em
instalações que não sejam reatores, criando problemas graves de retorno
à normalidade na área da instalação. Irradiação de um ou mais
trabalhadores que implique uma superexposição com alta probabilidade
de morte precoce.
Acidente com Risco Fora da Área da Instalação (5) – liberação externa de
materiais radioativos. Essa liberação resultaria, provavelmente, na
aplicação parcial das contramedidas previstas nos planos para casos de
emergência, com o objetivo de reduzir a probabilidade de efeitos sobre a
saúde. Pode incluir danos graves a uma grande parte do núcleo de um
reator de potência, um acidente de criticalidade importante ou um
incêndio ou explosão importantes, que liberem grande quantidade de
radioatividade dentro da instalação.
Acidente Sério (6) – liberação externa de materiais radioativos. Essa
liberação resultaria, provavelmente, na aplicação integral das
contramedidas previstas nos planos locais para casos de emergência,
visando a limitar os efeitos graves sobre a saúde.
Acidente Grave (7) – liberação externa de uma fração importante de
material radioativo de uma instalação grande. Seria constituída,
tipicamente, de uma mistura de produtos de fissão radioativos de vidas
curta e longa. Essa liberação poderia ocasionar efeitos tardios para a
saúde da população de uma vasta região, possivelmente, mais de um
país e consequências a longo prazo para o meio ambiente. Um exemplo
desse nível é o acidente de Chernobyl, na Ucrânia (1986).
A partir de que nível, na Escala Internacional de Eventos Nucleares, os
81
riscos devem preocupar a população?
No que diz respeito à população, um evento de nível 5 (o máximo da escala é 7),
que corresponde a uma liberação externa limitada de material radioativo, mas
requerendo a implementação parcial de contramedidas planejadas de
segurança, é considerado acidente com risco moderado para a área externa da
Usina. Somente para os eventos de nível 6 (acidente sério) e nível 7 (acidente
grave), medidas amplas e irrestritas deverão ser tomadas para evitar riscos para
a população próxima das usinas.
Existe um plano de emergência? É feito algum tipo de treinamento com a
população local?
Usinas como Angra 1 e Angra 2 foram projetadas e construídas com barreiras
de proteção sucessivas e preparadas para resistir a um acidente mais sério. No
entanto, como é comum e recomendável nos locais onde existem instalações
industriais, um plano de emergência foi elaborado para orientar a população que
mora nas proximidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.
Para atender aos requisitos de licenciamento da Usina Nuclear Angra 1, foi
elaborada, em 1978, a primeira versão do Plano de Emergência Externo. Desde
então, o plano sofreu diversas alterações de formatação e responsabilidades
pela sua execução, sendo que, em 1994, então sob a coordenação da
Subsecretaria de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro e já intitulado Plano
de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ), esse Plano
82
passou a considerar, de forma plena, a atuação de órgãos sediados
efetivamente na região de Angra dos Reis, principalmente a Defesa Civil desse
município.
No PEE/RJ constam ações específicas a serem implementadas nas Zonas de
Planejamento de Emergência, que são áreas vizinhas à CNAAA, delimitadas por
círculos, com raios, respectivamente, de 3, 5, 10 e 15km, centrados no Edifício
do Reator de Angra 1.
No âmbito do Plano de Emergência, como são classificados os eventos e a
partir de que nível devem preocupar a população?
Existe um modelo internacional de classificação e comunicação de emergências
ao órgão regulador e às demais autoridades, que prevê ações sempre
preventivas e antecipatórias. O modelo prevê quatro etapas possíveis de
evolução dos eventos em função do possível grau de impacto. Vão desde as
mais simples, sem nenhum reflexo sobre a saúde e a segurança da população,
até as mais sérias, que podem ter como consequência a liberação de material
radioativo para o meio ambiente.
O PEE/RJ da CNAAA é acionado gradativamente, conforme as etapas descritas
a seguir:
1) Evento Não Usual (ENU) – é uma condição anormal na Usina sem nenhuma
possibilidade de liberação de material radioativo para o meio ambiente.
2) Alerta – indicação de real ou provável degradação nos níveis de segurança.
São ativados os Centros de Emergência internos das usinas e os externos, em
Angra dos Reis, Rio de Janeiro e Brasília, sem a necessidade de ações de
evacuação dos trabalhadores nem da população. Em casos de Alerta e ENU não
está prevista qualquer ação junto à população.
3) Emergência de Área – indicação de real ou possível falha nas funções de
segurança; não há indicação de falha iminente do núcleo do reator. Os
trabalhadores não envolvidos com a emergência são retirados das usinas,
conforme estabelece o Plano de Emergência Local (PEL).
4) Emergência Geral – indicação de real ou possível liberação de material
radioativo; indicação de degradação iminente ou real do núcleo do reator. A
população da ZPE-3 será evacuada para a ZPE-5 e, no caso de um
agravamento, a população da ZPE-5 será evacuada para a ZPE-10. A
83
população será orientada pela Defesa Civil, que tem destacamentos a leste e
oeste da CNAAA, através das 8 sirenes instaladas nas ZPEs 3 e 5.
O Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ)
estabelece a remoção da população terrestre que não possui meios próprios, por
meio de ônibus da Eletronuclear e das empresas concessionárias de transporte
da região. Os abrigos serão escolas municipais e estaduais predefinidas no
plano. Os ilhéus serão removidos pelo 1 Distrito Naval e serão abrigados no
Colégio Naval de Angra dos Reis.
A cada dois anos são realizados exercícios simulados com a participação
voluntária de parte da população e de todos os órgãos envolvidos na resposta a
uma situação de emergência na CNAAA.
Como funciona o Plano de Emergência Externo?
O planejamento prevê ações em uma área de até 5 km em torno da Central
Nuclear, que conta com um sistema de som capaz de transmitir alertas e
informações. As estações locais de rádio e TV também fazem parte do plano e
estão preparadas para divulgar instruções em caso de necessidade.
Campanhas de esclarecimento também são realizadas, incluindo a distribuição
anual de 40 mil calendários, de casa em casa, com instruções sobre como os
moradores devem agir em situações de emergência. O calendário chama a
atenção, também, para o teste mensal do sistema de som nas localidades
próximas às usinas. O teste acontece todo dia 10, às 10 horas da manhã, para
não confundir os moradores.
As ações especificadas nesse plano, coordenadas pela Defesa Civil do Estado
do Rio de Janeiro, sob a supervisão geral do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República (GSI/PR), que é o órgão central do
Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), e a supervisão
técnica da CNEN, envolvem, também, a participação das seguintes
organizações: Exército, Marinha, Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT), Polícia Rodoviária
Federal (PRF), Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Defesa Civil de
Angra dos Reis, Defesa Civil de Paraty, empresas de eletricidade, de telefonia,
de abastecimento de água e empresas de transporte urbano da região, além de
outras secretarias estaduais e municipais.
84
Visando a manter esse plano sempre em condições de acionamento, são
realizados, anualmente, nos anos pares, os Exercícios de Emergência – Parcial,
quando são testadas, entre outras ações previstas no PEE/RJ, a eficácia da
cadeia de comunicações e a eficiência da ativação dos Centros de Emergência,
e, nos anos ímpares, os Exercícios de Emergência – Geral, quando são postas
em prática e testadas todas as ações revistas no plano, inclusive a capacidade
de mobilização de meios em pessoal e material; a disseminação de informações
ao público e à imprensa; a ativação de alguns abrigos e até mesmo a simulação
de evacuação de voluntários residentes na ZPE-3 e na ZPE-5, embora a
possibilidade de remoção da população circunvizinha à Central Nuclear seja
uma hipótese muito pouco provável.
Como funciona o Plano de Emergência Local?
O Plano de Emergência Local – PEL tem como objetivo proteger a saúde e
garantir a segurança dos trabalhadores das usinas e do público em geral
presente na Área de Propriedade da Eletronuclear em qualquer situação de
emergência radiológica em Angra 1 e/ou Angra 2. O PEL abrange toda a área
da CNAAA, a Vila Residencial de Praia Brava e a região de Piraquara de Fora.
Esse Plano contempla, ainda, o apoio a ser prestado à Defesa Civil do Estado
do Rio de Janeiro e à CNEN na ZPE-3 e na ZPE-5.
Para testar e aprimorar a eficiência das equipes que, vinte e quatro horas por
dia, sete dias por semana, respondem pela atuação inicial nas usinas dos
Grupos e das Equipes de Emergência, previstas no PEL, a Eletronuclear realiza
dez exercícios anuais, sendo cinco por usina. Além desses exercícios
simulados, os Grupos e as Equipes de Emergência participam, ainda, dos
Exercícios de Emergência – Parcial e dos Exercícios de Emergência – Geral em
conjunto com os diversos órgãos dos diferentes níveis de governo diretamente
envolvidos no PEE/RJ.
Em caso de um acidente grave, que área poderia ser atingida?
Com base nos critérios estabelecidos pela CNEN, as ações para a proteção da
população, em situações de emergência na Central Nuclear de Angra, são
esquematizadas segundo as Zonas de Planejamento de Emergência – ZPEs,
85
com graus de planejamento de resposta que variam de acordo com a distância
da Central Nuclear.
A ZPE-3 está compreendida num raio de 3 km ao redor de Angra 1, a ZPE-5
num raio de 5 km e as ZPEs 10 e 15 em raios de 10 Km e 15 km,
respectivamente.
O Plano de Emergência Externo prevê as ações preventivas e urgentes de
remoção da população num raio de 3 km e, em caso de agravamento do
acidente, também num raio de 5 km. Nessas zonas é que estão instaladas as
sirenes para notificação da população.
As ZPEs 10 e 15 são consideradas zonas de controle ambiental, onde não são
previstas medidas de proteção urgentes e preventivas e sim medidas baseadas
numa monitoração do meio ambiente.
Há quantas pessoas aproximadamente nas ZPEs 3 e 5?
A Defesa Civil Municipal de Angra trabalha, na ZPE-3, com uma estimativa de
300 pessoas e, na ZPE-5, com 14.640 pessoas.
Houve um ENU em Angra 2 no dia 15 de maio de 2009 que causou
repercussão, preocupando as autoridades municipais e a opinião pública.
O que de fato ocorreu?
86
Às 16h15 de 15/05/2009, em virtude da ocorrência de alarme de radiação na
ventilação da Usina, foi deflagrado preventivamente ENU em Angra 2. O alarme
foi normalizado imediatamente após sua ocorrência.
O sinal atuou devido à falha no procedimento da descontaminação (remoção de
material radioativo) de uma peça metálica dentro de uma oficina localizada no
interior da Usina Angra 2 que causou a liberação de material radiativo na sala
onde o trabalho estava sendo executado.
Existem alguns equipamentos que, por estarem em contato com a radioatividade
e a água radioativa, adquirem uma camada – uma espécie de tártaro – sólida em
eixos de bombas e equipamentos rotativos que forma uma crosta em torno do
metal que só pode ser removida por meios mecânicos.
Em algumas situações, uma simples lavagem química consegue retirar essa
contaminação. O líquido que retira o material radioativo é coletado e tratado
como rejeito líquido nos sistemas adequados. Em outros casos, é preciso lixar e
esmerilhar a peça para remover o material radioativo encontrado na sua
superfície. Com a remoção mecânica, são geradas partículas – uma espécie de
poeira –, que precisam ser filtradas. Os filtros, posteriormente, são tratados
como rejeitos sólidos, colocados em tambores e imobilizados.
Esse trabalho é normalmente executado dentro de um compartimento lacrado,
com ventilação especial, localizado no interior de uma sala também
especialmente vedada. Esse dispositivo garante o recolhimento e a segregação
dos particulados, evitando sua dispersão. O empregado que executa esse tipo
de tarefa usa vestimentas especiais, com máscaras de face inteira dotada de
filtragem para protegê-lo da possibilidade de inalação dessas partículas que
contêm material radioativo.
Ocorre que o empregado que estava conduzindo a operação descumpriu alguns
procedimentos, executando a tarefa com a porta da sala aberta, sem a
obrigatória vedação, e com o sistema especial de ventilação desligado. Com
isso, as partículas geradas por lixagem e esmerilhamento da peça se
dispersaram na sala onde estava sendo realizada a operação e para outros
ambientes internos da Usina, provocando uma leve contaminação em outros
trabalhadores.
Essa dispersão de pó contendo material radioativo no interior da Usina provocou
disparo do alarme de aumento de radiação. O sinal indica que algo não
planejado está acontecendo dentro de um ambiente interno da Usina e provoca
87
a imediata mobilização de equipe para investigação da causa do ocorrido.
Após avaliação das condições radiológicas da Usina e consequências do evento,
constatou-se que não houve impacto para o meio ambiente, para os
trabalhadores da Usina e para o público em geral.
Análises e verificações dos monitores de radiação também indicaram que as
liberações pela ventilação estiveram dentro da normalidade durante todo o
tempo. Ainda no mesmo dia do evento, foram efetuadas monitorações na
chaminé da Usina e no seu entorno, tendo sido constatado que nenhum material
radioativo chegou ao meio ambiente. Amostras de grama, terra e água foram
colhidas sem que nada de anormal fosse detectado.
Portanto, o impacto fora da Usina foi nulo. O acidente tem certa importância para
a indústria nuclear, mas, sobretudo, para a melhoria das práticas internas de
trabalho. O ENU foi encerrado às 18h15 do mesmo dia.
Como esse incidente foi classificado na Escala INES?
Na avaliação da Eletronuclear, o evento foi classificado na INES como nível 0
(abaixo da escala; nenhuma importância com relação à segurança).
Esses incidentes são divulgados?
Existe toda uma metodologia de relato interno. Alguns casos precisam ser
comunicados à CNEN e outros são apenas para ações internas da empresa.
A CNEN mantém plantões para recebimento dessas comunicações e para
pronto atendimento, com responsabilidade de transmitir informações à
Prefeitura, à Câmara de Vereadores, à Secretaria de Defesa Civil Municipal e a
outros órgãos municipais e federais. No ENU do dia 15 de maio de 2009, as
comunicações obrigatórias da Eletronuclear e da CNEN foram feitas em tempo
hábil, dentro das normas e de procedimentos aplicáveis e com transparência.
Note-se que os inspetores da CNEN residentes na Central Nuclear
imediatamente analisaram o evento no local.
O nível de detalhamento e a linguagem da informação contidos no aviso da
ocorrência de um ENU são considerados adequados por se tratar de uma etapa
interna à Eletronuclear e antecipatória do Plano de Emergência. Entretanto, a
forma e o conteúdo utilizados estão sendo analisados para que se possa
melhorar o processo de comunicação.
88
Houve risco para a saúde dos trabalhadores envolvidos com o incidente?
Cinco outros trabalhadores se encontravam próximos da sala onde o empregado
realizava a tarefa de descontaminação de forma inapropriada. Todos os seis
empregados foram monitorados, descontaminados com água e sabão e
submetidos à detecção individual de radiação. Os exames feitos indicaram que
os níveis de radiação a que estiveram submetidos foram muito abaixo dos limites
estabelecidos nos procedimentos operacionais da empresa, que são bem mais
rigorosos do que aqueles estabelecidos pelas normas regulatórias.
Entretanto, quatro dos seis empregados submetidos à detecção apresentaram
ligeira indicação de pó nas narinas, o que poderia ter dado ensejo à inalação de
material radioativo. Esses quatro foram então encaminhados ao Centro de
Medicina das Radiações Ionizantes – CMRI da Eletronuclear para exames
complementares num equipamento apropriado denominado Contador de Corpo
Inteiro. Esse encaminhamento se deu no mesmo dia do evento.
Os resultados dos exames feitos nesses quatro empregados no referido
equipamento mostraram valores muitíssimo mais baixos que os valores máximos
admissíveis por procedimentos e normas aplicáveis. O trabalhador que
apresentou a maior contagem indicou 60 unidades de medida, quando o limite
para que exames mais aprofundados sejam obrigatórios é de 1.000 (mil
unidades de medida). O limite máximo anual estabelecido pelas normas a que
um trabalhador pode ser exposto é de 20.000 (vinte mil unidades de medida).
Em 28 de maio de 2009, por medida de cautela, os quatro trabalhadores foram
novamente submetidos ao Contador de Corpo Inteiro, indicando valores ainda
menores daqueles verificados em 15/05/2009, praticamente não detectáveis.
Foi ainda providenciado o encaminhamento dos quatro trabalhadores para
exame de Contador de Corpo Inteiro numa organização independente para que
não paire a mais longínqua dúvida sobre o monitoramento efetuado nas
instalações do CMRI da Eletronuclear.
O que representa a dose a que os trabalhadores estiveram expostos?
89
Os trabalhadores envolvidos no evento receberam doses de 1 Sv, 17 Sv, 237
Sv. A título de comparação, seguem alguns dados do Escritório de Ciências do
Departamento de Energia dos Estados Unidos (US DOE/Office of Science):
Radiação Natural: ~ 2.400 Sv/ano(Nota: Existem lugares com valores de até 10.000 Sv/ano, como na Costa de Kerala, na Índia).
Tripulação de vôos comerciais: 2.000 – 4.000 Sv/ano
Exames Médicos:- 1 radiografia de tórax: ~100 Sv- 1 radiografia dentária: ~1.600 Sv- 1 mamografia: ~2.500 Sv- 1 cintilografia do miocárdio (Tc-99): ~4.400 Sv- 1 cintilografia óssea (Tc-99): ~10.000 Sv
O limite da CNEN é 50.000 Sv/ano, desde que a média dos últimos 5 anos não
ultrapasse 20.000 Sv/ano. E o da Eletronuclear, 20.000 Sv/ano.
O que aconteceu com o empregado envolvido no incidente?
Houve uma advertência formal ao empregado que descumpriu o procedimento
de trabalho, na qual foi reforçado que os procedimentos de segurança precisam
ser cumpridos.
É comum ocorrer eventos com contaminação de trabalhadores nas
usinas?
Não é incomum ocorrerem eventos com contaminação de trabalhadores, seja de
suas roupas, luvas ou sapatilhas, durante os trabalhos normais de operação e
manutenção das usinas. Nesses casos, os trabalhadores são prontamente
descontaminados por procedimentos simples, na maioria das vezes utilizando-se
apenas água e sabão.
Durante as operações de paradas das usinas para reabastecimento e
manutenção, devido ao aumento do número de trabalhadores dentro das
instalações e por causa da natureza dos trabalhos efetuados, a probabilidade
aumenta. No entanto, é importante esclarecer que a contaminação, dentro dos
limites regulamentares, é inerente ao processo de trabalho em área radioativa.
Não se declara qualquer situação de emergência por esse tipo de contaminação.
90
7. REJEITOS
Como são classificados os rejeitos radioativos?
Os rejeitos gerados por uma usina nuclear são organizados em três classes,
segundo o nível de radioatividade que apresentam: os de baixa, média e alta
atividades. São classificados também em função da meia-vida dos elementos
radioativos nos mesmos, como rejeitos de longa e de baixa duração.
Os rejeitos de baixa atividade (“Low Level Waste – LLW”) compreendem,
principalmente, substâncias ligeiramente contaminadas, tais como: papéis,
plásticos, vestimentas, ferramentas e a maior parte dos gases e dos líquidos
ativados ou contaminados produzidos durante a operação da Usina. Com a
finalidade de redução de seus volumes, esses rejeitos são usualmente
compactados antes da deposição final.
Os rejeitos de média atividade (“Intermediate Level Waste – ILW”)
compreendem: filtros, resinas, concentrado do evaporador e outros materiais
que sofreram contaminação. Os rejeitos do tipo ILW são solidificados ou
imobilizados em materiais inertes, tal como o concreto ou o betume.
O combustível nuclear irradiado na Usina se constitui na única fonte de material
radioativo de alta atividade e longa duração, quando visto sob a ótica de rejeitos,
pois, se pensado no ciclo completo do combustível, ainda existe a possibilidade
de reprocessamento e reutilização do mesmo para gerar maiores quantidades
de energia. Os rejeitos de alta atividade (“High Level Waste – HLW”) têm
atividade de vida longa e, como geram quantidades consideráveis de calor,
necessitam de resfriamento por no mínimo 10 anos. Durante esse período, os
rejeitos HLW são mantidos em instalações de armazenamento inicial (piscinas
de resfriamento de combustível usado) junto às centrais nucleares que os
produziram.
Como a Eletronuclear vem conduzindo as ações relacionadas aos rejeitos
de Angra 1 e Angra 2 e como pretende resolver a questão para Angra 3?
A Eletronuclear tem como missão estatutária o projeto, a construção e a
operação de usinas nucleoelétricas, cujas responsabilidades incluem a guarda
segura dos materiais radioativos gerados em suas instalações, protegendo os
trabalhadores, o público e o meio ambiente dos efeitos da radiação, até a sua
disposição final em instalações projetadas para o armazenamento de longo
91
prazo ou definitivo, cuja responsabilidade legal de implantação e operação é da
CNEN.
Atualmente existem tecnologias seguras para o gerenciamento de rejeitos de
média e baixa atividades, desde sua coleta até o armazenamento nos depósitos
iniciais. Os rejeitos sólidos de baixa e média atividades são acondicionados em
embalagens metálicas, testadas e qualificadas pela CNEN e transferidos para o
depósito inicial, construído no próprio sítio da CNAAA. Esse depósito é
permanentemente controlado e fiscalizado por técnicos em proteção radiológica
e especialistas em segurança da Eletronuclear. Já os elementos combustíveis
de alta atividade são colocados dentro de uma piscina no interior das usinas, um
depósito intermediário de longa duração, cercado de todos os requisitos de
segurança exigidos internacionalmente.
O Brasil é signatário da Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de
Rejeitos Radioativos e Combustível Usado, sendo periodicamente auditado pela
Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA com base em relatório que
bianualmente é encaminhado a essa organização. Recentemente essa
Convenção se reuniu em Viena para análise dos Relatórios 2009 dos Países
Membros. Portanto, toda indústria nuclear brasileira age de modo coerente com
o que é praticado no mundo inteiro, como não poderia deixar de ser, já que o
país é signatário dessa Convenção Internacional.
REJEITOS RADIOATIVOS
BAIXA E MÉDIA COMBUSTÍVEL USADO
DEPÓSITO INICIALNA CENTRAL NUCLEAR
DEPÓSITO FINAL(REPOSITÓRIO NACIONAL)
DEPÓSITO INICIAL“PISCINA” DENTRO DA USINA
ISOLADA DO AMBIENTE EXTERNO
DEPÓSITO INTERMEDIÁRIODE LONGA DURAÇÃO (500 ANOS)
RECICLAGEM(REPROCESSAMENTO)
DEPÓSITO FINALALTA ATIVIDADE
Até 2020 Mandatório 10 anos (mínimo)
92
Qual o grau de perigo que eles oferecem para as pessoas e o meio
ambiente?
Não há risco. O nível de radiação é mantido abaixo dos padrões nacionais e
internacionais que garantem a proteção dos trabalhadores, da população e do
meio ambiente. Para tanto, a Eletronuclear faz medições constantes no local e
os resultados são avaliados periodicamente pela CNEN e por organismos
internacionais. Dessa forma, a probabilidade de ocorrência de um acidente é
muito remota, devido, primeiramente, à maneira de acondicionamento do rejeito.
O rejeito é sólido ou solidificado e armazenado em recipientes qualificados pela
CNEN. Além disso, as embalagens contendo rejeitos são estocadas em depósito
confinado, impedindo sua dispersão para o meio ambiente.
Todavia, há um plano de emergência a ser executado para assegurar a proteção
da população que vive próximo às usinas, em caso de qualquer situação que
ofereça risco radiológico.
Quando, exatamente, são produzidos rejeitos de média e alta atividades?
Todos os resíduos são produzidos durante o processo normal de operação das
usinas nucleares, com ênfase nas paradas, e os rejeitos de alta radioatividade
(combustível usado, que só se torna rejeito quando desmontado ou se torna
inexplorável), quando há troca de elementos combustíveis.
Onde estão sendo armazenados os rejeitos de Angra 1 e Angra 2? E onde
serão armazenados os rejeitos de Angra 3?
A CNAAA possui quatro depósitos iniciais de rejeitos de baixa e média
atividades (Depósitos 1, 2A, 2B e 3), devidamente licenciados pelo IBAMA e pela
CNEN, que compõem seu Centro de Gerenciamento de Rejeitos – CGR,
localizado no próprio sítio da Central Nuclear. Esses depósitos têm capacidade
suficiente para armazenar de forma segura, ou seja, isolados do público e do
meio ambiente, todos os rejeitos de baixa e média atividades produzidos pela
operação e manutenção das usinas Angra 1, Angra 2 e Angra 3 até 2020. Os
custos associados ao gerenciamento inicial desses rejeitos estão incluídos nos
de Operação e Manutenção (O&M) das três usinas.
Angra 1 – O combustível usado é armazenado numa piscina que está localizada
no edifício do reator na própria Usina. Os rejeitos radioativos de média e baixa
atividades estão sendo armazenados nos Depósitos Iniciais do CGR.
93
Angra 2 – O combustível usado é armazenado numa piscina que está localizada
no edifício do reator na própria Usina. Atualmente, os rejeitos de média e baixa
atividades gerados por Angra 2 estão armazenados em local específico no
interior da Usina. Devido ao pequeno volume gerado por Angra 2, ainda não há
necessidade da remoção desses rejeitos para as unidades do CGR.
Angra 3 – O gerenciamento inicial dos rejeitos radioativos gerados pela Usina
Angra 3 será da mesma forma que Angra 2, devido à similaridade do projeto
conceitual existente entre ambas. O processo utilizado para o seu tratamento
será a solidificação com a utilização de betume, com prévia estocagem dentro
da própria Usina nos primeiros anos de operação e posterior transferência para
o CGR e, no futuro, para um depósito definitivo.
Os projetos de construção de depósitos na Europa são do mesmo nível
que os nossos?
Nossos depósitos foram projetados e construídos dentro da mais atual
tecnologia existente para esse tipo de instalação. Os técnicos de entidades
internacionais que nos inspecionam periodicamente classificam nossos
depósitos como dos melhores em termos internacionais.
Por que os Depósitos 2 e 3 foram construídos com paredes de concreto,
e o Depósito 1 é de alvenaria?
Os Depósitos 2 e 3 foram projetados para receberem embalados contendo
rejeitos de média atividade, podendo obviamente receber embalados de baixa
atividade também. O Depósito 1 foi projetado tendo metade de concreto, para
receber rejeitos de média atividade, e metade de alvenaria, para receber
apenas rejeitos de baixa atividade. O projeto dos Depósitos 2 e 3 permite uma
maior flexibilidade para estocagem de embalados, já que não necessita de
segregação dos embalados em média e baixa atividades.
As obras do Depósito 3 já foram concluídas? Quantos empregos esse
empreendimento gerou?
Sim. As obras começaram em julho de 2006 – após o IBAMA e a CNEN terem
concedido a licença para a instalação do Depósito 3 – e foram concluídas em
abril de 2008. A CNEN e o IBAMA também já deram a autorização de operação
do Depósito.
94
Na fase de construção, a obra gerou, em média, 200 empregos pelo período de
aproximadamente 12 meses. Após a conclusão, devido às características de
segurança e utilização apenas como armazenagem, serão utilizadas cerca de
sete pessoas durante as operações para a guarda de novos embalados.
O Depósito está localizado na área da antiga pedreira, ao lado dos Depósitos 1 e
2, no sítio da Central Nuclear, e tem a capacidade de armazenar 1.700
embalados de 200 litros de Angra 2; 300 caixas metálicas de 1m³ de rejeitos não
compactados de Angra 1; e 3.892 embalados de 200 litros gerados por Angra 1.
Qual foi o custo de construção do Depósito 3?
R$ 15.874.977 (15 milhões, 874 mil e 977 reais).
Por que a obra do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 2003? Como
está o licenciamento do empreendimento atualmente?
A ampliação do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 03/02/2003 através
do auto nº 7.667/2003, emitido pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis.
Logo após esse embargo, que teve como base questões administrativas, houve
um outro efetuado pelo MP, o qual entendeu que o licenciamento da referida
obra não contemplava a apresentação de um EIA/RIMA, apesar de o mesmo
não ter sido solicitado pelo IBAMA em suas condicionantes quando da emissão
da licença.
A Eletronuclear providenciou a elaboração do documento solicitado (EIA/RIMA)
e conseguiu uma licença prévia. Uma das exigências do processo de
licenciamento foi a realização de uma Audiência Pública. A empresa, atendendo
à convocação do IBAMA, participou no dia 31 de agosto de 2006, em Angra dos
Reis, de Audiência Pública para a ampliação do segundo depósito de rejeitos
(Depósito 2B) e para a construção do Prédio de Monitoração da Central Nuclear,
também objeto de licenciamento.
Na Audiência, foram apresentados os detalhes desses empreendimentos e o
EIA/RIMA, encomendado pela Eletronuclear à empresa MRS Estudos
Ambientais. A conclusão do estudo foi que a implantação do Depósito 2B e do
Prédio de Monitoração não acrescentava risco significativo. Segundo a MRS,
não se tratava de novas estruturas físicas que pudessem alterar o meio
ambiente, mas sim de estruturas complementares. Além disso, os possíveis
95
impactos são passíveis de controle dentro dos programas já em prática na
empresa.
As obras recomeçaram em julho de 2007 e foram concluídas em janeiro de
2008. A CNEN e o IBAMA já autorizaram sua operação.
Qual é a capacidade do Depósito 2B e quanto foi investido para sua
conclusão?
O módulo B tem capacidade de armazenar até 3.744 tambores de 200 litros de
rejeitos. O orçamento da obra foi de R$ 1.602.236,00 (1 milhão, 602 mil e 236
reais).
Para que servirá o Prédio de Monitoração? Qual é o custo do
empreendimento?
O Prédio de Monitoração tem por finalidade realizar a contabilização isotópica
dos embalados de rejeitos radioativos de baixa e média radioatividades.
Funcionará como uma espécie de laboratório de análises, onde poderão ser
realizadas as caracterizações dos materiais radioativos e efetuado o manuseio
dos embalados de rejeitos. A edificação, ainda em fase de projeto, terá 785,5m2
e sua construção levará cerca de 14 meses. O custo do empreendimento será
de R$ 29.000.000,00 (29 milhões de reais).
Como se deve resolver o problema do armazenamento dos rejeitos que se
encontram em depósitos iniciais?
Os rejeitos de baixo nível de radiação, constituídos de luvas, sapatilhas,
vestimentas, máscaras e ferramentas contaminadas, podem, após o
decaimento, ser liberados como resíduos industriais ou lixo comum, pois já não
apresentam qualquer risco. Na maioria dos casos, materiais em bom estado, tais
como vestimentas, em vez de serem descartados, são lavados e reutilizados. Os
rejeitos que não podem ser descartados são acondicionados em recipientes
específicos, de acordo com o tipo, e estocados nos Depósitos Iniciais. Os
rejeitos deverão ficar sob guarda da Eletronuclear até que seja construído um
depósito de longo prazo ou definitivo, cuja responsabilidade de implantação é da
CNEN.
96
Qual a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?
Qual o percentual ocupado? Qual a previsão no tempo para esgotamento
do espaço?
O CGR apresenta os seguintes dados em termos de capacidade de
armazenamento:
UNIDADE CAPACIDADE DE
ARMAZENAMENTO
PERCENTUAL DE
OCUPAÇÃO
(Julho/2009)
1 Tambores de 200 litros
Caixas de 1,2m3 e 2,5m3
82%
2A Liners de 1m3
Caixas de 1,2m3
98%
2B Tambores de 200 litros
Liners de 1m3
0%
3A Tambores de 200 litros
Caixas de 1,2m3
Liners de 1m3
5%
3B Tambores de 200 litros /
Angra 2
0%
O esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR se dará em 2020,
quando, segundo planejamento da CNEN e da Eletronuclear, o depósito
definitivo de rejeitos radioativos já estará implantado.
Qual é a área dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?
Depósito 1: 949 m2 (Áreas de estocagem + Área Intermediária)
Depósito 2: 1.178 m2 (Áreas de estocagem + Área de Descarregamento)
Depósito 3: 917 m2 (Áreas de estocagem + Área de Descarregamento)
Como é feita a ocupação desses depósitos?
A ocupação dos Depósitos Iniciais não pode ser considerada apenas com a
lógica da ocupação atual versus área disponível. O armazenamento é feito
mediante um plano de remanejamento. Este considera o rearranjo, os tipos de
embalados e de licenciamento de cada depósito.
97
A Eletronuclear vem tomando medidas para otimizar a capacidade de
armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?
Para gerenciar melhor o espaço ocupado dos depósitos, a Eletronuclear
concluiu, em maio de 2006, um trabalho pioneiro de supercompactação dos
embalados de rejeitos sólidos de baixa atividade. Tal medida foi necessária
porque se identificou que o Depósito 1 estava perto de sua exaustão – cerca de
94% ocupado –, não tendo condições de receber os rejeitos da 14ª parada de
Angra 1, que ocorreu em maio e junho de 2006.
O serviço de compactação começou em março de 2006 e foi executado pela
empresa americana DTS/INET. Foi utilizada uma prensa com uma força de
2.200 toneladas para compactar 2.027 tambores. As tortas geradas (tambor
prensado) foram colocadas em 128 caixas.
Houve um ganho muito grande em termos de volume, já que foram recuperadas
78 células (espaço equivalente a 1.248 tambores), aumentando em 26% o
espaço livre do Depósito.
A supercompactação garantiu uma sobrevida para o Depósito 1 de pelo menos
cinco anos. De agora em diante, será feito um trabalho para otimizar o máximo
possível a utilização dos tambores, melhorando naturalmente a compactação do
rejeito de baixa atividade.
Qual a produção de rejeitos de Angra 1 e Angra 2?
Nos últimos cinco anos, em média, Angra 1 produziu, por ano, 100m3 de rejeitos.
E Angra 2, no mesmo período, produziu em média 8m3 por ano.
Quantas toneladas de rejeitos existem armazenadas na Central Nuclear de
Angra dos Reis? E nos Estados Unidos?
Na Central Nuclear de Angra dos Reis está armazenado, em caráter provisório,
todo o resíduo produzido pelas usinas Angra 1, desde 1982, e Angra 2, desde
2001. São, ao todo, 6.335 embalados que abrigam cerca de 2.466 m3 de rejeitos
de Angra 1. De Angra 2, são 345 embalados, que ocupam 69 m3 .
Nos EUA, são cerca de 70 mil toneladas de combustível nuclear usado,
atualmente armazenado em 131 lugares de 31 estados do país.
98
Qual é a quantidade de elementos combustíveis (rejeitos de alta atividade)
armazenados nas piscinas de combustível usado?
Em julho de 2009:
Angra 1 – 691 elementos combustíveis.
Angra 2 – 328 elementos combustíveis.
Qual é a massa dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2?
Angra 1 – 411 kg.
Angra 2 – 545 kg.
Levando em conta o número total de elementos combustíveis armazenados nas
piscinas de combustível usado, a massa total dos elementos de Angra 1 é de
267.150 kg e de Angra 2, 178.760 kg. A massa se refere apenas ao urânio, não
estando incluído os materiais estruturais como tubos-guia, bocais etc.
Qual a capacidade das piscinas que guardam os elementos combustíveis
usados nas usinas?
Angra 1: 1.252 elementos combustíveis.
Angra 2: 1.084 elementos combustíveis.
Angra 3: 1.084 elementos combustíveis.
O espaço ainda disponível nas piscinas é suficiente para mais quanto
tempo de operação?
Para os elementos combustíveis usados (rejeitos de alta atividade) a capacidade
das piscinas existentes é até 2021.
Como os rejeitos de baixa e média atividades são manuseados e
armazenados?
Os rejeitos, ao serem gerados, passam por um processo de solidificação, após o
que são acondicionados em embalados especiais (tambores de aço, liners,
caixas metálicas ou de concreto) no interior das usinas. Esses embalados são
manuseados por meio de empilhadeiras, talhas e pontes rolantes. O
armazenamento se dá por empilhamento dessas embalagens conforme
estabelecido em projeto. No caso dos tambores metálicos, os mesmos são
colocados sobre pallets para o acondicionamento. Atualmente a Eletronuclear
está adotando o uso de pallets metálicos e substituindo os antigos de madeira
99
por esse novo modelo. Toda a operação com os embalados contendo rejeitos
radioativos é monitorada pela divisão de proteção radiológica da Usina.
Como é feito o transporte dos rejeitos de baixa e média atividades de
dentro das usinas até os Depósitos Iniciais?
É feito por meio de caminhão, sendo este escoltado pela segurança física e
proteção radiológica. Note-se que o transporte ocorre no interior da área vigiada
das usinas, com um percurso máximo de 2.000m.
O que aconteceria se o caminhão que transporta os rejeitos caísse na
encosta?
Nada. Os embalados seriam transferidos para outro caminhão e levados aos
depósitos. Porém, vale observar que a análise de risco considerou como sendo
um acidente de baixíssima probabilidade.
No caso de deslizamento de encosta, o que acontecerá com os rejeitos?
Foram tomadas medidas de engenharia que garantem a estabilidade da encosta
acima dos depósitos. Não há possibilidade de cair pedras sobre os depósitos.
Qual a compensação que o município de Angra dos Reis recebe para arcar
com o armazenamento temporário dos rejeitos radioativos?
É previsto na Lei 10.308 que o município fará jus a uma compensação financeira
por abrigar esse material, ficando também estabelecido que a CNEN é a
responsável pela definição de tal valor.
Como a população da região pode fiscalizar a segurança do
armazenamento dos rejeitos?
A fiscalização de material radioativo é atribuição da CNEN, a qual realiza
inspeções periódicas. A cada inspeção é emitido um documento atestando a
condição de armazenagem.
Qual o atual estágio de desenvolvimento do depósito definitivo de rejeitos
radioativos?
Conforme a legislação em vigor, compete à CNEN, como delegada da União,
dar destino final aos rejeitos radioativos em território nacional. Compete ao
100
gerador dos rejeitos (à Eletronuclear, no caso da CNAAA), a armazenagem
inicial desse material até a sua transferência para a CNEN. Para os rejeitos
nucleares da CNAAA, a armazenagem inicial, intermediária e final está sendo
equacionada de forma tecnicamente consistente e segura pela CNEN em
parceria com a Eletronuclear.
O destino final dos rejeitos de baixa e média atividades (materiais cuja
contaminação não é removível, como luvas, peças de vestuário, filtros, resinas
etc.) há muito tempo não constitui um desafio tecnológico apreciável, estando
tecnicamente resolvido nos diversos países que possuem parques de geração
nucleoelétrica bem maiores que o brasileiro e utilizam a energia nuclear na
medicina, na agricultura e na indústria.
Até o presente momento, já estão elaboradas as bases conceituais para a
implantação de um Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Média e
Baixa Atividades gerados pela CNAAA e outros geradores. Estudos sobre as
condições geológicas favoráveis à localização desses depósitos de média e
baixa atividades estão em realização pela CNEN.
Para os rejeitos de alta atividade, que estão contidos nos elementos
combustíveis “queimados” (usados) nos reatores das usinas nucleares, está
sendo concebida pela CNEN, em colaboração com a Eletronuclear, uma
moderna sistemática de encapsulamento, transporte e armazenamento desse
material em um Depósito Intermediário de Longa Duração. Essa concepção, que
permite a armazenagem com opção de recuperação posterior do combustível,
permite esperar responsavelmente a melhor solução técnica e econômica para o
destino final dos rejeitos de alta atividade, ou a decisão de reciclagem do
combustível usado para a geração de energia elétrica, solução que já é
praticada por diversos países. Os brasileiros terão assim a tranquilidade de, nos
próximos séculos, não sofrerem qualquer efeito negativo decorrente desses
rejeitos, guardando para as futuras gerações a possibilidade de utilizar esse
material como uma fonte de energia adicional.
A Eletronuclear, em consonância com a CNEN, está planejando construir uma
instalação piloto de armazenamento intermediário de longa duração de
elementos combustíveis usados, para demonstrar que essa solução é
tecnicamente adequada e fundamentada nos princípios de segurança. Esse
projeto terá total transparência para a comunidade científica e o público em
geral.
101
A seleção do local para a implantação do depósito intermediário de longa
duração para elementos combustíveis usados deverá atender a todos os
requisitos técnicos e de segurança estabelecidos por normas e de acordo com
as mais modernas técnicas nacionais e internacionais existentes para execução
de trabalhos similares. Adicionalmente, considerando que essa instalação piloto
garantirá a segurança das populações locais, a escolha da localização do
depósito intermediário de longa duração para elementos combustíveis usados
será feita com a participação e concordância dos municípios candidatos cujo
escolhido deverá receber uma compensação financeira de acordo com as
resoluções da CNEN em cumprimento dos requisitos legais.
Quais as metas que a CNEN traçou para o início da construção e da
operação do Repositório Nacional de Rejeitos de Baixa e Média Atividades
e do Depósito Intermediário de Longa Duração para Combustíveis Usados?
O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro – CDPNB, criado
em julho de 2008 por decreto do Presidente da República, estabeleceu como
meta que o Depósito Final de Rejeitos Radioativos de Baixa e Média Atividades
(Repositório Nacional) entre em operação em 2018 e que o Depósito
Intermediário de Longa Duração para combustível usado, em 2026. Essas metas
são compatíveis com as condicionantes do processo de licenciamento ambiental
da Usina Angra 3. Note-se que a responsabilidade legal pela implantação de
depósitos intermediários e finais de rejeitos radioativos é da Comissão Nacional
de Energia Nuclear – CNEN, tendo o operador da instalação geradora de rejeitos
a responsabilidade limitada aos depósitos iniciais.
A partir da entrada em operação do Depósito Final de Rejeitos Radioativos de
Baixa e Média Atividades (Repositório Nacional), os rejeitos armazenados nos
depósitos iniciais da CNAAA serão paulatinamente transferidos para essa
instalação, abrindo espaços, no local, para armazenagem inicial após aquela
data. A lei 10.308 estabelece que o “poluidor” é responsável pelos custos da
deposição final dos rejeitos por ele gerados. A CNEN será indenizada pela
Eletronuclear para prestar esse serviço de armazenagem final.
Repositório Nacional de Rejeitos de Baixa e Média atividades:
2014: Início da construção
2018: Início da operação
102
Depósito Intermediário de Longa Duração para Combustíveis Usados
2009-10: Definição do conceito do depósito.
2014: Planta de Demonstração.
2015: Revisão do Projeto conceitual
2016: Seleção de local
2021: Início da construção
2026: Início da operação
OBJETIVOSOBJETIVOS
• REPOSITÓRIO NACIONAL* DE
REJEITOS DE BAIXA E MÉDIA
ATIVIDADES em 2018
(500 anos)
em 2026
• DEPÓSITO INTERMEDIÁRIO DE
LONGA DURAÇÃO
PARA COMBUSTÍVEIS USADOS
das usinas nucleares
REJEITOS
Abadia de Goiás - GO
El Cabril - Espanha
PiscinaANGRA 2
DILD
* Rejeitos das instala* Rejeitos das instalaçções de ENERGIA, COMBUSTões de ENERGIA, COMBUSTÍÍVEL, DEFESA E APLICAVEL, DEFESA E APLICAÇÇÕESÕES
Qual a lei que dispõe sobre a seleção de locais para a construção dos
depósitos finais de rejeitos radioativos?
A Lei nº 10.308, de 20 de novembro de 2001, publicada no Diário Oficial de 21
de novembro de 2001, está em vigor desde então e dispõe sobre a seleção de
locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a
indenização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de
rejeitos radioativos. Sendo a CNEN a responsável por critérios, procedimentos e
normas a serem adotados na seleção, na construção, no licenciamento, na
administração e na remoção de rejeitos no país. A lei estabelece que os
municípios que vierem a abrigar os depósitos de rejeitos “receberão
mensalmente compensação financeira” e proíbe a importação de rejeitos.
103
Como seria o transporte dos rejeitos caso o depósito definitivo fosse fora
do sítio das usinas?
Seria de acordo com a norma CNEN NE 5.01 – Transporte de Material
Radioativo, que estabelece, entre outras disposições, o transporte de material
radioativo.
Os rejeitos são armazenados em estado sólido. Portanto, em caso de qualquer
eventual acidente, os rejeitos continuarão confinados no interior do prédio
através da manutenção de uma subpressão interna e serão retidos nos filtros
High Efficiency Particulate Air - HEPA do sistema de ventilação em circuito
fechado.
O que é reprocessamento dos elementos combustíveis e qual o seu
objetivo?
O reprocessamento dos elementos combustíveis descarregados do reator
(rejeitos radioativos de alta atividade) visa à separação do material físsil e fértil,
principalmente plutônio e urânio, dos produtos de fissão, para eventual uso
posterior como combustível. O objetivo principal do reprocessamento é reduzir o
volume de rejeitos. Sua política é, também, uma ação ecológica que visa a
preservar os recursos naturais (jazidas de urânio).
No entanto, vale esclarecer que os elementos combustíveis usados, em que
pese o fato de conterem em seu seio rejeitos nucleares, não podem ser de per
se considerados nem técnica nem legalmente como “rejeitos de alta atividade”.
Essencialmente, 95% do combustível usado nada mais é do que urânio, material
físsil e, portanto, combustível passível de reciclagem. Nada impede,
tecnicamente, que esse urânio venha a ser futuramente utilizado em reatores
brasileiros, como de fato já é feito em escala industrial em países como França,
Reino Unido e Japão. Dos restantes 5%, cerca de 3% são elementos radioativos
que decaem rapidamente e, após um ou dois anos, representam ameaça
insignificante. Portanto, apenas 2% do material que sai do reator, após
transformar massa em energia por cerca de três anos, constitui rejeito radioativo
de alta atividade e longo prazo de decaimento. Portanto, soluções definitivas
(repositórios eternos) ainda não existem porque ainda não são imediatamente
necessários. Sob a ótica de tecnologia e custos, eles já são viáveis há longo
tempo. São razões de ordem política e perspectivas de uso futuro dos elementos
combustíveis usados que têm postergado sua efetiva implantação no mundo.
104
Considerando que a reciclagem de elementos combustíveis usados no Brasil
hoje não é viável nem técnica nem economicamente e que é uma decisão que
deverá ser tomada pelas gerações futuras, o Comitê de Desenvolvimento do
Programa Nuclear Brasileiro estabeleceu a meta que o Depósito Intermediário
de Longa Duração – DILD para elementos combustíveis usados seja implantado
no país até 2026. O DILD será projetado, construído e operado de forma a
garantir tecnicamente o armazenamento seguro, isto é, isolado do público e do
meio ambiente, do combustível usado pelas usinas nucleares nacionais
existentes e a serem implantadas, por período não inferior a 500 anos.
O país estuda a possibilidade de fazer o reprocessamento dos
combustíveis usados?
No Brasil, a decisão de reprocessar ou não o combustível usado levará em conta
os aspectos políticos e econômicos da época em que for tomada, o que deverá
ocorrer até o término da vida útil das usinas, ou seja, num horizonte de 20 a 50
anos.
Por que os rejeitos não são incinerados?
O processo de incineração resulta na presença de elementos radioativos na
fumaça da combustão, o que obriga a adoção de filtros para sua retenção. Tais
filtros devem ser então encapsulados e guardados como rejeito. Esse processo
é utilizado ainda de forma restrita em outros países e poderá vir a ser utilizado,
como forma de reduzir o volume de rejeitos armazenados, após estudos mais
aprofundados.
Quanto tempo os rejeitos precisam ficar armazenados para deixar de
causar ameaça à população?
A atividade dos vários elementos radioativos guardados varia de segundos até
vários anos. Durante todo esse período os rejeitos estarão adequadamente
acondicionados e monitorados.
O que é a meia-vida dos radionuclídeos?
É o tempo necessário para que a metade de uma dada quantidade de um
elemento radioativo decaia, transformando-se em outro (Figura 2.3).
105
Por exemplo, um isótopo do césio, o Cs137, tem uma meia-vida de
aproximadamente 30 anos e, quando decai, transforma-se em um isótopo do
bário, o Ba137, que é estável. Então, se em um dado instante existem 100g de
Cs137, trinta anos depois existirão apenas 50g. Os outros 50g terão se
transformado em Ba137.
A tabela abaixo apresenta a meia-vida de alguns radionuclídeos (Fig. 2.4). Deve-
se considerar a meia-vida biológica e a meia-vida efetiva, que utilizam fatores de
multiplicação.
As figuras a seguir apresentam tabelas de unidades de radiação, que podem
servir como informação.
106
107
8. COMBUSTÍVEL
Qual é o custo do combustível nuclear? Se comparado a outras fontes
energéticas, é competitivo?
A matéria-prima para produção do combustível nuclear apresenta uma baixa
incidência no custo final de geração de energia elétrica, se comparada com as
demais fontes de origem térmica. Sua competitividade, no Brasil, pode ser
demonstrada pela tabela abaixo, que faz uma comparação entre os custos de
combustível das usinas nucleares e das térmicas convencionais, efetivamente
despachadas pelo ONS, para gerar a mesma quantidade de energia, em um
ano.
UsinaTipo de
combustível
Geraçãobruta
(MWmed)
Geraçãobruta
(MWh)
Custo docombustível
(R$/MWh)
Custo dageração
(R$)
Angra 1 Nuclear 309,22 2.708.724 20,98 56.829.019,03Angra 2 Nuclear 1.102,36 9.656.675 16,26 157.017.540,05
1.411,58 12.365.399 17,29 213.846.559,08
Sol Biomassa 66,81 585.256 0,01 5.852,56Cuiabá Gás 115,95 1.015.722 6,27 6.368.576,94No.Fluminense Gás 412,01 3.609.208 10,50 37.896.679,80Jaime Belttão Biomassa 5,59 48.968 32,87 1.609.591,31Pernambuco Gás 10,01 87.688 70,16 6.152.162,02Uruguaiana Gás 93,32 817.483 76,63 62.643.737,62Fortaleza Gás 1,67 14.629 80,65 1.179.844,98S.C.Jereisati Gás 0,72 6.307 82,72 521.731,58J.Lacerda-C Carvão 217,38 1.904.249 92,76 176.638.118,69CST Gás 98,60 863.736 94,00 81.191.184,00Celso Furtado Gás 48,16 421.882 100,95 42.588.947,52Romulo Almeida Gás 35,94 314.834 105,78 33.303.182,83Luiz Carlos Prestes Gás 35,59 311.768 108,80 33.920.401,92J.Lacerda-B Carvão 191,54 1.677.890 113,91 191.128.495,46J.Lacerda-A Carvão 107,77 685.779 114,31 78.391.397,49
12.365.399 60,94 753.539.904,71
Total Nuclear
Total Térmicas Convencionais
FFoonnttee OONNSS
No caso do aumento do preço do urânio, qual é a consequência nos custos
de geração de energia nuclear?
Não é significativa, pois a matéria-prima urânio tem pequena influência no custo
final da geração. Por exemplo, na eventualidade de ocorrer uma duplicação no
preço da matéria-prima urânio, a consequência desse reajuste seria um aumento
de cerca de 4% (quatro por cento) no custo final de geração de energia elétrica.
Apresenta diferenças em relação a uma usina térmica movida por gás, em que a
duplicação em seu preço acarretaria um custo final de geração 65% (sessenta e
cinco por cento) maior.
108
Que quantidade de urânio é necessária para produzir 1 kWh?
A geração termonuclear produz muito mais energia por quantidade de
combustível utilizado ou queimado do que as outras formas de produção de
energia elétrica. Uma simples pastilha de combustível nuclear com pequenas
dimensões – um centímetro e meio de altura (ou espessura) e menos de um
centímetro de diâmetro (valores de referência) – tem a mesma quantidade de
energia que 450m3 de gás natural ou uma tonelada de carvão. Uma usina
termoelétrica moderna, a carvão, com potência de 1.300 MW, utilizaria por ano
uma quantidade de carvão de boa qualidade 90.000 vezes superior, em peso, ao
urânio contido nos elementos combustíveis de uma usina nuclear de mesmo
porte, como Angra 2. Exemplificando, pode-se dizer que uma usina do porte de
Angra 2 (1.350 MW) consumiria durante um ano de operação normal (6.500
horas anuais equivalentes a plena carga) cerca de 30 toneladas de urânio
enriquecido (aproximadamente 245 toneladas de urânio natural), o que
corresponderia à proporção de algo entre 0,001g e 0,002g de urânio enriquecido
para a geração de 1 kWh de energia elétrica. A usina equivalente a carvão
consumiria aproximadamente 3 milhões de toneladas.
Como estão nossas reservas de urânio? O que temos hoje e qual sua vida
útil? Há perspectivas de crescimento?
O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo, com 5,9% da
disponibilidade mundial, o que corresponde a 309.370 toneladas de U3O8, de
acordo com o Balanço Energético Nacional 2005, do MME. Considerando-se
que apenas um terço do território nacional já foi prospectado, é de se esperar
que esse nível de reservas aumente, ao longo do tempo, com a retomada das
atividades de prospecção. Ainda há 50% do território nacional como área
geologicamente promissora remanescente. Só na Região Norte do país, o
potencial estimado é de 500 mil toneladas. Sendo assim, as potenciais reservas
nacionais poderão alcançar 800 mil toneladas, o que levará o Brasil a ocupar a
2ª ou a 3ª posição nesse ranking. Vale ressaltar que somente as cerca de
250.000 toneladas das jazidas de Lagoa Real (BA) e Santa Quitéria (CE)
correspondem ao dobro de todas as reservas de gás da Bolívia ou a 40 anos de
operação do gasoduto Venezuela-Brasil.
109
Qual a expectativa para que Angra 3 receba o urânio vindo da jazida de
Itataia, em Santa Quitéria, no Ceará, que deve começar a ser explorada em
2011 numa parceria da Galvani com a INB?
Uma parte da carga inicial de combustível para Angra 3 será, provavelmente,
fabricada com urânio proveniente de Santa Quitéria. As recargas posteriores,
feitas a cada 12 meses, certamente terão urânio cearense na sua composição.
O Brasil enriquece urânio?
Apenas nove países, incluindo o Brasil, executam essa atividade. Existem dois
processos de enriquecimento utilizados em escala industrial: a difusão gasosa e
a ultracentrifugação. A difusão gasosa é utilizada por Estados Unidos e França.
As plantas de ultracentrifugação operam em Japão, Rússia, Alemanha,
Inglaterra, Holanda – esses três últimos países numa única empresa, a Urenco.
A China utiliza os dois processos de enriquecimento de urânio.
O processo utilizado na INB é o de ultracentrifugação, considerado o mais
econômico entre os existentes. Essa tecnologia foi desenvolvida em parceria
pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) com o Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN).
Essa atividade está em implantação na INB e, após completada a sua primeira
etapa, irá atender a 60% da demanda das usinas de Angra 1 e Angra 2.
Como o combustível chega a Angra?
No Brasil, a empresa responsável pela produção do combustível nuclear é a
INB, sendo a mineração e o seu beneficiamento inicial realizados na INB Caetité,
situada no Sudoeste do Estado da Bahia. As etapas de enriquecimento (ainda
parcialmente), reconversão, produção de pastilhas e montagem do elemento
combustível são realizadas no parque industrial da INB, localizado no município
de Resende (RJ), e que é denominado Fábrica de Combustível Nuclear – FCN.
Na sua entrega, ainda na Fábrica de Combustível Nuclear – FCN, os elementos
combustíveis são embalados em contêineres especiais, projetados e construídos
para resistir a uma queda livre de uma altura de cerca de nove metros, a uma
temperatura de 800ºC durante duas horas, e à pressão de uma coluna de água
de 30 metros, sem provocar qualquer dano ao produto.
Os contêineres são fabricados segundo normas internacionais de embalagem
para transporte de materiais radioativos e equipados também com registradores
110
de impacto e de desaceleração que indicam qualquer alteração durante o
transporte.
Presos com firmeza no interior da embalagem denominada berço, os elementos
combustíveis, já na posição horizontal, recebem dois lacres de inspeção final
das áreas de Fabricação, Radioproteção e de Controle da Qualidade da INB.
Dá-se início ao transporte – minuciosamente planejado pela Eletronuclear e
licenciado pela CNEN e pelo IBAMA.
O comboio rodoviário, que conta com o apoio logístico do Corpo de Bombeiros e
das Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, é acompanhado por batedores
dessas corporações.
O percurso de 175 quilômetros é cumprido com toda a segurança a uma
velocidade máxima estabelecida de sessenta quilômetros por hora. Em sua rota
passa por várias cidades em direção ao município de Angra dos Reis.
O destino final dessa segura e planejada operação de transporte é a CNAAA,
onde o elemento combustível irá possibilitar a geração de energia elétrica de
forma segura e confiável.
Quais são as etapas do ciclo do combustível nuclear?
Esquematicamente, o ciclo do combustível nuclear envolve as seguintes etapas,
cujas atividades industriais no Brasil são realizadas pelas Indústrias Nucleares
do Brasil (INB):
1. Mineração e Beneficiamento: após a descoberta da jazida e feita sua
avaliação econômica (prospecção e pesquisa), inicia-se a mineração. Na usina
de beneficiamento, o urânio é extraído do minério, purificado e concentrado
numa torta de cor amarela, chamada yellowcake. No Brasil, essas etapas são
realizadas pela INB na Unidade de Caetité (BA), com capacidade nominal de
produção de 400t/ano de concentrado de urânio (U3O8). O teor e a dimensão de
suas reservas são suficientes para o suprimento de Angra 1, Angra 2 e Angra 3
por 100 anos.
2. Conversão: após ter sido dissolvido e purificado, o yellowcake é convertido em
hexafluoreto de urânio (UF6), um sal que tem como propriedade passar ao
estado gasoso a baixas temperaturas (da ordem de 60oC). Atualmente, a INB
contrata a etapa de conversão no Canadá (empresa CAMECO) devido a
questões relacionadas à economia de escala. Entretanto, o Brasil domina essa
tecnologia em escala laboratorial e piloto, e a Marinha está implantando, em
111
avançado estágio, uma unidade de demonstração industrial denominada
USEXA, no Centro Experimental de Aramar.
3. Enriquecimento: tem por objetivo aumentar a concentração do isótopo 235 do
urânio (U-235) no UF6 natural sob forma gasosa, de apenas 0,7%, para valores
da ordem de 3% a 5%, necessários ao uso como combustível em reatores
nucleares do tipo PWR. A INB realiza o enriquecimento no exterior, contratando
o consórcio Urenco (Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha), utilizando a tecnologia
de ultracentrifugação, que fornece anualmente cerca de 267 toneladas de UTS
(unidade de trabalho separativo), a um custo da ordem de R$ 120 milhões
anuais. Essa etapa será gradativamente realizada no país com o andamento da
implantação dessa Unidade da Fábrica de Combustível Nuclear – FCN, em
Resende (RJ), cujo projeto atual prevê uma capacidade equivalente a 100% das
necessidades de Angra 1 e 20% de Angra 2, a um custo inicial da ordem de R$
490 milhões. Essa unidade utiliza a tecnologia de ultracentrifugação
desenvolvida pela Marinha, com reduzidos custos de operação em comparação
com as tecnologias existentes no reduzido mercado mundial de combustível
nuclear.
4. Reconversão e Fabricação das Pastilhas: o UF6 enriquecido é transformado
em dióxido de urânio (UO2) sob a forma de pó e, em seguida, sinterizado em
pequenas pastilhas; essas etapas são realizadas pela INB desde 1999 na FCN
Pó e Pastilhas, da INB Resende.
5. Fabricação de Elementos Combustíveis: as pastilhas são montadas em
varetas de uma liga metálica especial, o zircaloy, e são instaladas em conjuntos
mecânicos denominados elementos combustíveis que compõem o núcleo dos
reatores nucleares. Essa etapa é realizada pela INB desde 1996 na FCN-
Componentes e Montagem, da INB Resende.
Resumindo: As recargas de elementos combustíveis para Angra 1 e Angra 2 são
feitas com yellowcake produzido em Caetité – BA, que depois é convertido em
hexafluoreto pela empresa Cameco no Canadá. Posteriormente, o hexafluoreto
de urânio é enriquecido pela empresa Urenco na Europa (Holanda, Grã-
Bretanha e Alemanha). O hexafluoreto enriquecido volta, então, ao Brasil para
ser reconvertido, moldado em pastilhas e montado nos elementos combustíveis
– e isso é feito em Resende – RJ.
112
6
COMBUSTÍVEL NUCLEAR
yellowcake
9. PARADAS
Como é feito o reabastecimento das usinas?
As paradas programadas para reabastecimento de combustível ocorrem a cada
12 meses, aproximadamente, devido à duração do combustível nuclear. Além do
reabastecimento, em cada parada programada, executam-se as tarefas de
manutenção que não podem ser realizadas durante a fase de operação da
Usina. O reabastecimento é feito através da troca de parte dos elementos
combustíveis do reator nuclear.
Angra 1, por exemplo, tem 121 elementos combustíveis (as varetas). Em cada
recarga são colocadas 40, e removidos os elementos combustíveis
descarregados. Figurativamente, seria como uma lanterna que está com suas
pilhas descarregadas e precisam ser trocadas para que ilumine novamente.
Inicialmente, o reator e o conjunto turbogerador são desligados. Os elementos
combustíveis usados são retirados e substituídos por novos. Durante a recarga,
os equipamentos que necessitam estar em funcionamento durante a operação
da Usina são submetidos a inspeção e manutenção.
Qual o impacto das paradas de reabastecimento no Sistema Integrado
Nacional?
O impacto é muito pouco, pois as usinas, mesmo parando por 45 dias, têm um
113
fator de carga maior que 85%. Uma usina hidráulica, por exemplo, tem um fator
de carga de 55%, em média. Fator de carga é a relação entre a energia
efetivamente produzida por uma usina, durante um determinado período, e a
energia que teria sido produzida se esta tivesse operado com sua potência
nominal durante o mesmo período.
Qual é o custo por dia das usinas Angra 1 e Angra 2 quando paralisadas
por incidentes ou para recarga e manutenção técnica?
Nas paradas programadas executadas dentro de um dado período não há perda
de faturamento, uma vez que, na sazonalização mensal da Energia Contratada
Anual, é feita a devida compensação para o restante do período em que as
usinas permanecem em operação.
Nas paradas programadas que ultrapassam o período planejado haverá perda
correspondente à diferença entre a Energia não Suprida e a Energia Contratada,
valorada pelo respectivo Preço de Curto Prazo (PCP), que é o menor valor entre
o Preço de Liquidação de Diferencas (PLD) e a Tarifa Contratual da
Eletronuclear. O PCP varia de um mínimo de R$16,31/MWh até a atual Tarifa de
Energia Contratada da Eletronuclear (atualmente R$130,79/MWh).
Nas paralisações não programadas haverá perda correspondente à diferença
entre a Energia não Suprida e a Energia Contratada, valorada pelo respectivo
Preço de Curto Prazo (PCP), que é o menor valor entre o Preço de Liquidação
de Diferencas (PLD) e a Tarifa Contratual da Eletronuclear. O PCP varia de um
mínimo de R$16,31/MWh até a Tarifa de Energia Contratada da Eletronuclear
(atualmente R$130,79/MWh).
O custo das paradas das Usinas Angra 1 e Angra 2, correspondente às
despesas com pessoal, serviços contratados, equipamentos substituídos e
número de dias de paralisação, varia dependendo dos serviços específicos
programados para cada uma delas. Os valores das cinco (5) últimas paradas
foram da ordem de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões para Angra 1 e de R$ 40
milhões a R$ 70 milhões para Angra 2. Note-se que esses custos não incluem a
recarga de combustível.
O que acontece com o combustível usado?
O combustível novo é guardado no poço de combustível novo, onde fica até ser
carregado no núcleo do reator. Já o usado é guardado na piscina de combustível
114
usado. Tanto o poço quanto a piscina estão localizados no edifício do reator.
Há necessidade de licenciamento?
Sim. Para o transporte do combustível são necessárias licenças da CNEN, do
IBAMA e da Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (FEEMA).
Quais os órgãos envolvidos nessa operação?
A proteção física é feita pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio
de Janeiro, que convoca a Polícia Militar. Também há o apoio da Polícia
Rodoviária Federal. O Comando Militar do Leste fica de sobreaviso. A Casa
Militar e a Polícia Federal (no Rio de Janeiro) são informadas.
Que tipo de combustível é usado na recarga?
O combustível usado nos reatores de Angra 1 e Angra 2 é o urânio enriquecido a
3,6%, em média (U-235). Em cada recarga, troca-se cerca de 1/3 dos elementos
combustíveis do vaso do reator.
10. FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO E SEGURO DAS USINAS
O que é descomissionamento de uma usina nuclear?
O descomissionamento de uma usina nuclear é uma fase pós-operacional
normal e necessária, que pode ser entendido como um conjunto de medidas
tomadas para retirar de serviço, com segurança, uma instalação nuclear –
incluindo dependências, terreno, edifícios e equipamento –, reduzindo a
radioatividade residual a níveis que permitam liberar o local para uso restrito ou
irrestrito.
O proprietário/operador da instalação nuclear é o responsável por todos os
aspectos do descomissionamento.
O que é o fundo de descomissionamento das usinas?
O fundo de descomissionamento de usinas nucleares se refere à obrigação para
desmobilização dos ativos das usinas nucleares, para fazer face aos custos a
serem incorridos ao final da vida útil econômica das mesmas.
115
A formação dessa obrigação é constituída de um passivo formado em quotas
mensais, fixadas com base em estudos técnicos elaborados pelo operador da
usina.
É premissa fundamental, para a formação desse passivo, que o valor estimado
para a sua realização deva ser atualizado ao longo da vida útil econômica das
usinas e considerando os avanços tecnológicos, com o objetivo de alocar ao
respectivo período de competência da operação os custos a serem incorridos
com a desativação técnico-operacional das usinas.
Qual será o custo do descomissionamento de Angra 1 e Angra 2?
O valor presente estimado do custo de descomissionamento da Usina Angra 1 é
de R$ 192.504.748,47, base de setembro de 2009, equivalente a US$
83,226,678.85, e o valor futuro do passivo a ser constituído, corrigido para o fim
da vida econômica depreciável da Usina (dezembro de 2024) é de US$
307,000,000.00. O valor presente estimado do custo de descomissionamento da
Usina Angra 2 é de R$ 33.969.387,47, base de setembro de 2009, equivalente a
US$ 79,386,458.45, e o valor futuro do passivo a ser constituído, corrigido para o
fim da vida econômica depreciável da Usina (agosto de 2040), é de US$
426,000,000.00.
De onde provêm os recursos para o fundo de descomissionamento das
usinas Angra 1 e Angra 2?
Para atender a esses custos futuros, a Eletrobrás criou uma reserva financeira
em conta específica no Banco do Brasil. Essa reserva é constituída por
recolhimentos periódicos feitos pela Eletronuclear. Os custos de
descomissionamento a serem cobertos por esses fundos são compatíveis com o
faturamento bruto na venda da energia produzida pelas usinas nucleares Angra
1 e Angra 2, cuja tarifa atual é R$ 130,79 / MWh para um contrato de
fornecimento anual de 1.475 MW médios. As cotas anuais transferidas pela
Eletronuclear à Eletrobrás, para compor essa reserva financeira, correspondem
a cerca de 2,27% do faturamento bruto, base setembro de 2009, como é prática
normal em outros países.
116
Como funciona o seguro das usinas nucleares? Qual o valor das apólices?
A Eletronuclear mantém uma política de seguros tida pela administração como
suficiente para cobrir eventuais perdas considerando os principais ativos, bem
como a responsabilidade civil inerente a suas atividades.
O seguro das usinas nucleares engloba duas apólices emitidas, apesar de a
contratação ser em um só pacote. Uma cobre danos materiais de propriedade da
Eletronuclear (limite de cobertura de US$ 500 milhões por Usina) e a outra cobre
responsabilidade civil diante de terceiros: US$ 140.000.000 para acidente
nuclear (valor estabelecido pela CNEN em consonância com a legislação
brasileira pertinente); US$ 14.000.000 para acidentes não nucleares; e US$
14.000.000 como empregadora.
Quais riscos são cobertos pelo seguro?
Os riscos são divididos em quatro áreas diferentes. O risco de responsabilidade
civil, que determina indenizações em casos de terceiros que se sintam lesados;
risco nuclear causado por acidente nuclear; o risco de incêndio na planta; e
ainda outros riscos para os bens e equipamentos da Central Nuclear Almirante
Álvaro Alberto (Unidades 1 e 2).
De quanto em quanto tempo as usinas são vistoriadas pelas seguradoras?
O trabalho de análise de risco deve ser contínuo, e o tempo de vistoria varia
entre quatro e seis anos. A periodicidade é determinada pelo estado de
conservação das usinas e a ocorrência de sinistros. A última visita à Central
Nuclear foi em 2008. Devido à falta de acidentes graves, não haverá
necessidade de uma nova visita em um curto prazo.
11. VANTAGENS AMBIENTAIS
Quais as vantagens ambientais de uma usina nuclear sobre as usinas
térmicas convencionais?
Os aspectos ambientais da indústria nuclear como um todo, incluindo a
produção de energia elétrica e toda a indústria do ciclo de combustível
associada, comparam-se, favoravelmente, com as alternativas existentes para a
produção de energia elétrica em grandes quantidades.
117
No Brasil, como também em outros países, as hidroelétricas já tiveram grande
parte do seu potencial economicamente aproveitável esgotada. A construção de
novas usinas ocasionaria inundação de grandes áreas, arruinando-as e
destituindo o local da flora e da fauna originais, o que causaria a perda da
biodiversidade e de terras cultiváveis, provocando danos ambientais irreparáveis
e influenciando diretamente o clima da região. No caso das usinas térmicas
convencionais, como o carvão, o óleo (petróleo) e o gás, a emissão de muitas
toneladas de gases tóxicos na atmosfera altera o clima do globo terrestre,
causando o efeito estufa e as chuvas ácidas.
Em apenas 30 anos, a participação da energia nuclear na produção de energia
elétrica chegou a 17%, tornando-se a 3ª fonte mais utilizada do mundo.
Vantagens:
Não emite gases que contribuem para a chuva ácida (óxidos de enxofre e
nitrogênio);
Não emite gases que contribuem para o efeito estufa (CO2, metano etc...);
Não emite metais cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos (arsênio,
mercúrio, chumbo, cádmio etc...);
Não emite material particulado poluente;
Não produz cinzas;
Não produz escória e gesso (rejeitos sólidos produzidos em usinas a carvão
mineral);
É uma forma de energia barata, já que requer uma pequena área para
sua construção, podendo ser instalada próximo aos grandes centros, com
água em abundância para sua refrigeração, além de ser capaz de extrair
uma enorme quantidade de energia de um volume pequeno de
combustível.
A utilização de combustíveis fósseis no mundo tem provocado impactos
ambientais negativos, entre os quais o aumento do efeito estufa – causado pela
emissão de dióxido de carbono ou gás carbônico, metano e óxido nitroso – e a
chuva ácida, originada pelas emissões de dióxido e trióxido de enxofre e de
óxidos de nitrogênio. O fato de as usinas nucleares não emitirem qualquer
118
desses gases é importante na comparação com outras fontes térmicas de
energia.
Em relação às usinas termoelétricas a carvão, a fonte de geração de energia
elétrica mais utilizada no mundo e responsável por cerca de 40% de toda a
energia elétrica gerada no planeta, as vantagens das usinas nucleares em
termos ambientais são significativas. Em comparação com uma usina
termoelétrica moderna, que utiliza carvão pulverizado e técnicas avançadas de
redução de emissão de poluentes, uma usina nuclear do porte de Angra 3
evitaria a emissão anual para a atmosfera de cerca de 2,3 mil toneladas de
material particulado, 14 mil toneladas de dióxido de enxofre, 7 mil toneladas de
óxidos de nitrogênio e 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono (figura 1).
Em comparação com uma usina termoelétrica a gás, as emissões evitadas por
uma usina nuclear do porte de Angra 3 seriam de cerca de 30 toneladas de
dióxido de enxofre, 12,7 mil toneladas de óxidos de nitrogênio e 5 milhões de
toneladas de dióxido de carbono (figura 2).
Figura 1 – Comparação de usina nuclear com usina a carvão
USINA TERMELÉTRICA A CARVÃO DE 1.300 MW
3,3 milhões t / anoANTRACITA
(1,8% de enxofre)
M R
MP
50 mg / m
2.300 t / ano
3
SO
400 mg / m
14.000 t / ano
32 NO
200 mg / m
7.000 t / ano
3x
RADIOATIVOSEFLUENTES
CO
10.000.000 t / ano
2
M R
CINZAS250.000 t / ano
GESSO DO SISTEMA150.000 t / ano
DE DESSULFURIZAÇÃO
R = RADIOATIVIDADE (9 µSv / ano)M = METAIS (450 t / ano)
USINA NUCLEAR PWR DE 1.300 MW
REJEITOS RADIOATIVIDADE
531 m / ano47 m / ano4,8 m / anoCOM
REPROCESSAMENTO
ALTO NÍVEL DERADIOATIVIDADEMÉDIO NÍVEL DE
RADIOATIVIDADEBAIXO NÍVEL DE
3 3 3
32 t / anoURÂNIO ENRIQUECIDO
170 t / anoURÂNIO NATURAL
EFLUENTES RADIOATIVOS(QUANTIDADES DESPREZÍVEIS)
R
R = 1,3 µSv / ano
(*)
Fonte: SIEMENS (*) MP = material particulado
119
Figura 2 – Comparação de usina nuclear com usina a gás.
USINA NUCLEAR PWR DE 1.300 MW USINA TERMELÉTRICA A GÁS
REJEITOS RADIOATIVIDADE
531 m / ano47 m / ano4,8 m / anoCOM
REPROCESSAMENTO
ALTO NÍVEL DERADIOATIVIDADEMÉDIO NÍVEL DE
RADIOATIVIDADEBAIXO NÍVEL DE
3 3 3
32 t / anoURÂNIO ENRIQUECIDO
170 t / anoURÂNIO NATURAL
EFLUENTES RADIOATIVOS(QUANTIDADES DESPREZÍVEIS)
R
R = 1,3 µSv / ano
CONSUMO DE GÁS:1,9 bilhões de m /ano
(5,2 milhões de m /dia)
CO2.000 t / ano
SO30 t / ano
2 CH12.700 t / ano
4
(CICLO COMBINADO) DE 1.300 MW
CO5.000.000 t / ano
2
3
3
POLUENTES
Fonte: International Nuclear Societies Council
Outro aspecto a ser considerado é a área necessária para a
implantação de cada tipo de usina. Para efeito de comparação, a
Tabela 1 apresenta as áreas requeridas para a implantação de
usinas que utilizam fontes de geração renováveis e não
renováveis, com 1.000 MWe de capacidade, verificando-se que as
primeiras exigem áreas muito maiores que as segundas,
acarretando, conforme o caso, gastos com desapropriações e com
indenização de benfeitorias, deslocamento de população,
alagamento de áreas naturais ou produtivas e descaracterização
da flora e da fauna, com impactos sociais e biológicos
significativos.
Quanto a esses aspectos, as usinas que utilizam fontes não renováveis são mais
favoráveis, pois ocupam áreas muito menores, que podem ser implantadas em
locais onde esses impactos sejam menores ou não ocorram, além da
proximidade aos centros de consumo, com economia em termos de linhas de
transmissão.
Tabela 1 – Áreas necessárias para a implantação de usinas com 1.000 MWe de capacidade
Fonte de energia
Tipo de usina Área necessária (ha)
120
Fonte de energia
Tipo de usina Área necessária (ha)
Hidroelétrica. 25.000
Solar fotovoltaica, em local muito ensolarado.
5.000
Eólica, em local com muito vento. 10.000
Renovável (*)
Biomassa plantada. 400.000
Óleo e carvão, incluindo estocagem de combustível.
100Nãorenovável
Nuclear e gás natural. 50
Fonte: International Nuclear Societies Council(*) Valores indicativos, visto que a área depende da topografia do local deimpantação.
Como é monitorado o meio ambiente para saber se não há risco?
Antes da entrada em operação da primeira usina nuclear brasileira, em 1985, o
Laboratório de Monitoração Ambiental da Eletronuclear mediu os níveis de
radioatividade natural (a Natureza nos submete a um inevitável grau de
radiação) e realizou estudos populacionais dos organismos marinhos – flora e
fauna – na área de influência da CNAAA. Os resultados desses estudos
permitem a comparação com dados obtidos, hoje, em amostras regularmente
coletadas de água do mar, da chuva e de superfície, de areia da praia, algas,
peixes, leite, pasto e do ar. Esse trabalho constatou que o funcionamento das
usinas de Angra, em mais de vinte anos, não causou um impacto significativo
no meio ambiente.
Uma equipe de biólogos, químicos e técnicos altamente especializada executa
programas contínuos de monitoração ambiental e envia os resultados para os
órgãos fiscalizadores nacionais. O controle de qualidade das análises é
realizado através de programas de intercomparação mantidos pela Agência
Internacional de Energia Atômica e pelo Instituto de Radioproteção e
Dosimetria, da CNEN.
São realizadas, também, medidas diretas dos níveis de radiação ambiental
através de dosímetros termoluminescentes instalados na área dos depósitos do
CGR, em todas as áreas de propriedade da Eletronuclear e em vários pontos de
Angra a Paraty. Esses dosímetros utilizados nas medições são verificados
periodicamente conforme procedimentos da Eletronuclear e da CNEN. Os
121
resultados obtidos ao longo desses anos confirmam as doses preconizadas
pelas normas da CNEN.
A equipe do Laboratório de Monitoração Ambiental também realiza observações
diretas, através de mergulhos, além da coleta de amostras da fauna e da flora
marinhas. O objetivo é verificar se a elevação da temperatura da água do mar na
área do lançamento do efluente térmico provoca alguma alteração considerável
no ecossistema marinho na área do entorno da CNAAA. Ao longo dos anos, não
se observou redução quantitativa ou qualitativa das espécies estudadas na
região. A elevação da temperatura pode contribuir para o aumento da
produtividade de algum tipo de vida marinha dada a grande oferta de
organismos provenientes de outras áreas da região costeira. A área onde é
lançado o efluente térmico permanece sendo um criatório de peixes e de outros
organismos da cadeia alimentar.
Qual a posição da empresa em relação aos protestos dos ambientalistas?
A posição da Eletronuclear em relação ao público em geral, incluindo os
ambientalistas, é a de agir com transparência, sempre disponibilizando
informações e também ressaltando a importância da geração de energia elétrica
a partir de fonte nuclear para o desenvolvimento do país. Além disso,
destacamos que a energia nuclear tem primado por sofisticados métodos
operacionais, que garantem a completa preservação do meio ambiente e a total
segurança da população. É a forma de geração que melhor monitora e controla
seus processos em todas as fases, sem liberar produtos que afetem o meio
ambiente. O fato de a geração de energia nuclear não contribuir para o efeito
estufa, que vem provocando o aquecimento do planeta e severas alterações
climáticas, tem levado organizações e líderes de movimentos ambientalistas –
antes ferrenhos críticos à construção de usinas nucleares – a reverem suas
posições, hoje as defendendo.
12. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Como a empresa atua na área de responsabilidade socioambiental?
A atuação da empresa na área de responsabilidade socioambiental com a
comunidade em torno da CNAAA abrange convênios de cooperação para o
desenvolvimento de atividades voltadas para saúde, educação, meio ambiente e
122
infraestrutura com as prefeituras municipais de Angra dos Reis, Paraty e Rio
Claro. A empresa promove, ainda, projetos e ações direcionados para a
promoção da inserção regional em entidades, associações comunitárias e outros
segmentos da sociedade da região. A Eletronuclear mantém uma política formal
de relacionamento com a comunidade, reafirmando o seu comprometimento
socioambiental com a população dos municípios circunvizinhos à Central
Nuclear.
Qual a importância para a empresa em agir de forma socialmente
responsável?
A empresa exerce seu papel de empresa cidadã, cumprindo não só os
compromissos oficiais assumidos no EIA/RIMA de seus empreendimentos, como
executa adicionalmente várias outras ações socioambientais.
As diretrizes traçadas pela Eletronuclear para alcançar resultados positivos na
melhoria da qualidade de vida da população são baseadas em parâmetros do
ambiente socioeconômico das áreas de influência da Central Nuclear. São
levadas em consideração taxas de analfabetismo, desemprego, população
economicamente ativa, faixa etária, entre outras, que dão subsídios importantes
para o desenvolvimento de projetos sociais. Seja através de convênios,
atividades ou apoio a projetos de entidades, órgãos públicos e organizações não
governamentais, a empresa implementa ações próprias e realiza parcerias
ligadas à cultura, ao meio ambiente, à educação, à saúde e à área social,
principalmente no setor de geração de emprego e renda.
A empresa apoia parcerias com o poder público?
Desde 2000, estão sendo firmados pela Eletronuclear diversos convênios, sendo
a maioria deles de cooperação com as prefeituras de Angra dos Reis, Paraty e
Rio Claro, visando a ações de combate à fome e à miséria, geração de trabalho
e renda e melhoria da infraestrutura dos três municípios. Os investimentos são
aplicados em diversos campos: saúde, educação, cultura e meio ambiente,
buscando contribuir para o desenvolvimento humano e a equidade social da
população da região. Esses convênios firmados com as prefeituras locais
possibilitam investimentos contínuos nos municípios, provendo recursos em
diversas áreas, desde a construção de creches, melhorias na qualidade de
123
ensino, compra de remédios e equipamentos hospitalares, à valorização da
cultura regional.
Em 2008, além da continuação de sua política de responsabilidade
socioambiental, a Eletronuclear desenvolveu diversas ações de voluntariado. Em
parceria com a Rede Mobiliza - Fome Zero, por exemplo, promoveu festas para
crianças das comunidades do Parque Perequê e do Frade, incentivando a
participação voluntária de empregados e da população residente em torno do
empreendimento, com o propósito de arrecadar alimentos não perecíveis para
serem doados posteriormente a instituições filantrópicas.
Como é avaliado o retorno desses projetos para a empresa?
Constantemente é feita uma fiscalização oficial, em que se verificam o
andamento dos projetos e a sua conclusão e a extensão dos resultados no setor
da comunidade envolvida.
Além disso, a Eletronuclear recebeu, em 2005, o Selo de Responsabilidade
Social do CREA/RJ com o projeto Gravação de Livros para Cegos e, em 2007,
com o projeto POMAR – Povoamento Marinho da Baía da Ilha Grande. Em
2008, a área de Responsabilidade Socioambiental foi premiada com Moção de
Aplauso e Louvor pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
(ALERJ).
Quais os projetos de voluntariado que a empresa desenvolve?
Desde 2004, a Eletronuclear desenvolve o projeto Gravação de Livros para
Cegos. Trata-se de uma iniciativa da Audioteca Sal e Luz, que visa a
proporcionar a deficientes visuais acesso à cultura, à educação e à informação.
A Eletronuclear, através do trabalho voluntário de seus empregados e
disponibilizando uma cabine para gravação de textos, contribui para o
desenvolvimento desse programa. Os funcionários voluntários são treinados
para a produção dos livros falados que a audioteca disponibiliza para deficientes
visuais de todo o Brasil.
Em abril de 2007, terminou o curso teórico da primeira turma da Brigada de
Voluntários da Eletronuclear. Sob o comando da Defesa Civil de Angra dos
Reis, o objetivo da Brigada é dar apoio em situações de emergência causadas
por chuvas e ventos fortes nas localidades próximas à Central Nuclear. A turma,
que é capacitada periodicamente, não atua apenas em situações de
124
emergência; age também nas comunidades, realizando campanhas de
esclarecimentos nas localidades próximas às usinas. A intenção da
Eletronuclear é ampliar a Brigada abrindo novas turmas.
A empresa também está desenvolvendo um projeto de empreendedorismo
voltado para os empregados das usinas em conjunto com as escolas das vilas
residenciais. Em 2008, destacam-se os cursos noturnos, ministrados por
empregados da empresa, oferecidos aos moradores que vivem nas regiões do
entorno da Central Nuclear. A intenção é contribuir para a capacitação de mão
de obra local, oferecendo oportunidade de emprego aos pretendentes.
Quais os projetos desenvolvidos pela Eletronuclear na área de saúde?
Através de convênios firmados com as prefeituras, a Eletronuclear
constantemente faz investimentos que são aplicados na compra de
medicamentos e equipamentos para as redes municipais de saúde, incluindo
recursos voltados para os hospitais de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro.
Em 2008, a Eletronuclear investiu R$ 211.333,20 na área da saúde.
Além disso, a empresa também investiu, em 2008, mais de R$ 18 milhões na
Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (FEAM), administradora do
Hospital de Praia Brava, que desenvolve ações preventivas e trabalhos de
assistência ambulatorial e hospitalar, realizando anualmente mais de 100 mil
atendimentos (incluindo emergência, internação, ambulatorial, ocupacional e
eletivo), entre pacientes do SUS, convênios e particulares. A FEAM também é
responsável pelo Ambulatório Médico de Itaorna (AMIR), o Ambulatório Médico
de Mambucaba (AMM) e o Centro de Medicina das Radiações Ionizantes
(CMRI).
Em 2008, com a entrada, como observadora, no REMPAN (Radiation
Emergency Medical Preparedeness and Assistence Network) – órgão ligado
diretamente à Organização Mundial da Saúde (OMS) –, a FEAM passou
formalmente a fazer parte das instituições que são referência em resposta a
acidentes envolvendo radiações ionizantes. Em 2009, completou dez anos e
inaugurou o Centro de Informações em Câncer e Anomalias Congênitas, que
possibilitará fazer um acompanhamento sistemático sobre a incidência de câncer
e anomalias congênitas na região através de comparações nacionais e
internacionais, trazendo, assim, maior segurança para a população que vive no
entorno da Central Nuclear.
125
Como a Eletronuclear está investindo na área de educação?
Em 2008, com investimentos de R$ 3.286.719,69 na área de educação, a
Eletronuclear financiou a reforma de escolas de Angra dos Reis e Paraty e
expandiu os programas de alfabetização e inclusão digital.
Nos últimos anos, através de convênios, a empresa vem constantemente
aplicando recursos na melhoria educacional e estrutural dos colégios estaduais
localizados nas vilas residenciais de Praia Brava e Mambucaba. A Eletronuclear
já investiu quase R$ 9 milhões nos últimos anos em equipamentos, obras de
manutenção, material e treinamento de professores. Com esse financiamento, a
empresa vem contribuindo para um ensino de excelência aos quase 3.000
alunos dos colégios Roberto Montenegro e Almirante Álvaro Alberto, que, de
2005 a 2008, se destacaram entre as instituições de ensino público brasileiras
por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ambos obtiveram notas
superiores à média nacional. No Enem/2008, o Roberto Montenegro alcançou a
5ª colocação entre os colégios de Angra, enquanto o Almirante Álvaro Alberto
ficou em 2º lugar entre os educandários de Paraty, atrás apenas de um
estabelecimento particular.
Outras iniciativas apoiadas pela Eletronuclear são os programas de
alfabetização de jovens e adultos no município de Angra dos Reis, por
intermédio do projeto Jovem Aprendiz, e, em Rio Claro, com a parceria da
Confederação das Mulheres do Brasil (CMB). A empresa também foi
responsável pela construção de uma creche comunitária para mais de 100
crianças no bairro do Frade, em Angra. Além disso, jovens, adultos e idosos dos
municípios de Angra dos Reis e Paraty foram beneficiados com o projeto Malê,
um curso de alfabetização e qualificação em artesanato e costura voltado para o
turismo, implementado pela ONG Semear e patrocinado pela Eletronuclear.
Em 2008, a empresa investiu R$ 3.286.719,69 na área da educação.
Quais são os projetos da Eletronuclear para o meio ambiente?
Em 2008, a Eletronuclear investiu R$ 232.873,02 em ações ambientais. O
convênio com o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED-
BIG), que compreende o Projeto Pomar – Repovoamento Marinho da Baía da
Ilha Grande, visa a fortalecer a maricultura e preservar o ecossistema da região
por meio da produção de sementes de vieiras (coquilles Saint-Jacques) e de
126
ações técnicas e educativas. Em 2006, o projeto foi redimensionado para
atender ao programa de geração de emprego e renda da população, obtendo
excelentes resultados. Em setembro de 2007, a Eletronuclear inaugurou sua
própria fazenda marinha, localizada na Ilha Comprida, em frente às usinas Angra
1 e Angra 2, e já abriga mais de 20 mil sementes de coquille. Em maio de 2008,
a empresa foi contemplada com o Selo CREA-RJ de Responsabilidade Social
em reconhecimento ao Projeto Pomar.
A Trilha Ecológica Porã – que na língua guarani significa trilha bonita – está
localizada na Rodovia Rio-Santos Km 526, entre Itaorna e Praia Brava, em
Angra dos Reis. Tem uma extensão de 2.600 metros, em área de Mata Atlântica,
e inúmeras espécies de plantas e animais. Desde que foi aberto à visitação em
junho de 2004, o local tem sido uma grande opção de lazer ecológico, seja para
crianças e adolescentes de escolas da região, como também para grupos
fechados de entidades e associações que agendam visitas à trilha. Em 2008, a
Trilha Porã recebeu mais de 700 visitantes.
Em junho de 2009, por ocasião da Semana do Meio Ambiente, a Eletronuclear
inaugurou um sítio-museu, em Piraquara de Fora, Angra dos Reis. Vinculado ao
licenciamento ambiental da Usina Angra 2, o sítio fica localizado em terreno
pertencente à Eletronuclear, numa região com vestígios da ocupação pré-
colonial com sambaquis e polidores amoladores, ruínas de um forte do século
XVIII e outras construções do século XIX. Trata-se de trabalho pioneiro no
município na área de arqueologia, coordenado pela professora Nanci Vieira de
Oliveira, do Instituto de Filosofia da UERJ. O sítio-museu será aberto à visitação
pública até o final de 2009. No momento, réplicas de algumas peças indígenas
encontradas (como machados, flechas e fragmentos de cerâmica) estão em
processo de finalização. A ideia é que as peças originais sejam preservadas.
Também estão sendo feitos os últimos ajustes para a implantação de uma trilha
arqueológica, onde o visitante terá acesso a alguns dos locais com estruturas
históricas preservadas, como as ruínas de fortificações que serviam para
guardar a Vila de Angra do ataque dos piratas. O custo do projeto foi de R$
150.541,00.
A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das
medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2?
127
O compromisso da Eletronuclear com a preservação do meio ambiente também
está presente no apoio da empresa a diversos projetos, como a construção e o
aparelhamento da sede da Estação Ecológica de Tamoios, terreno na região de
Mambucaba, cedido em comodato pela Eletronuclear. Tecnicamente
denominada “unidade de conservação”, a Estação tem como finalidade
pesquisar e preservar o ecossistema de 29 ilhas – incluindo ilhotas, lajes e
rochedos distribuídos nas baías da Ribeira e da Ilha Grande.
A sede, com 390 m2 , dispõe de salas de reunião, um pequeno auditório, espaço
para exposição e alojamento para pesquisadores. Serve de apoio terrestre à
equipe que supervisionará os 84,5 km2 onde estão as ilhas.
A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das
medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2 e obedece às
determinações da legislação que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC.
A estação ecológica é uma área de proteção integral, sendo permitida a sua
visitação apenas com objetivos educacionais e de pesquisa. Entretanto, no caso
da Estação de Tamoios, algumas das ilhas estão habitadas. Daí a necessidade
do Plano de Manejo para a preservação da diversidade biológica das espécies.
Quem coordena a Estação é o Instituto Chico Mendes, autarquia vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente e que integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama). Ao todo, gerencia 130 Unidades de Conservação de Proteção
Integral e 170 Unidades de Conservação de Uso Sustentável, num total de 300
UCs. O instituto tem também a função de executar as políticas de uso
sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às
populações tradicionais nas unidades de conservação federais de uso
sustentável.
E o Parque Nacional da Serra da Bocaina? Qual é o envolvimento da
Eletronuclear?
O Parque Nacional da Serra da Bocaina abrange uma área de 104 mil hectares,
sendo 60% localizados no Estado do Rio e 40% em São Paulo. O ponto em que
o Parque da Bocaina se encontra com o Parque Estadual da Serra do Mar, em
Ubatuba, é considerado ambientalmente estratégico por ser o local onde as
reservas ecológicas atingem a orla marítima. O Parque também foi criado para
128
preservar parte da Mata Atlântica e desenvolver projetos de educação ambiental,
ecoturismo e pesquisas.
A Eletronuclear participa do grupo de trabalho para diagnosticar e montar
planejamento para desenvolver as atividades importantes nessa área.
A Eletronuclear dá suporte às comunidades indígenas vizinhas às suas
instalações?
Através de convênio firmado entre a empresa e a Funai – Fundação Nacional do
Índio –, a Eletronuclear dá atenção contínua aos índios da região. Além de
desenvolver ações para preservar costumes e tradições das populações
indígenas de Angra dos Reis e Paraty, o convênio tem promovido obras de
infraestrutura, valorização cultural, fomento econômico e educação ambiental,
que viabilizam a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades indígenas.
No total, quatro aldeias são atendidas pelo convênio: Sapukai, no Bracuí, em
Angra dos Reis; Rio Pequeno; Araponga; e Itatiim, em Paraty.
Que tipo de investimento cultural a empresa promove?
A Eletronuclear investe regularmente em projetos culturais que apresentam
contrapartidas ou desdobramentos sociais de capacitação e geração de renda.
Em 2008, destinou R$ 339.102,41 à área da cultura.
A empresa patrocina e apoia programas de revitalização e preservação do
patrimônio histórico e artístico; publicações de livros que resgatam e reavivam os
costumes, a religiosidade e as tradições das comunidades da região; e eventos
culturais locais e de grande porte como a FLIP – Festa Literária Internacional de
Paraty –, que anualmente reúne grandes personalidades da literatura mundial.
Além disso, o Espaço Cultural Eletronuclear, localizado no Centro de Angra dos
Reis, abriga, o ano todo, exposições e lançamentos, além de informações sobre
as usinas nucleares. Só no ano passado, o Espaço recebeu 15.718 visitantes. A
fim de ampliar ainda mais a difusão cultural na região foi inaugurado o Espaço
Cultural Eletronuclear de Lídice/Rio Claro, onde também estão sendo
promovidos exposições e eventos apoiados pela empresa. Em Paraty, também
apoia a Casa da Cultura de Paraty, que foi recuperada e revitalizada graças a
uma parceria da Fundação Roberto Marinho com a Eletronuclear, a Rede Globo
e a Prefeitura de Paraty. A Eletronuclear investiu R$ 690 mil e continua sendo
parceira do projeto através de uma contribuição anual de R$ 24 mil.
129
Que outros investimentos a Eletronuclear vem fazendo para melhorar a
qualidade de vida nos municípios de Paraty, Rio Claro e Angra dos Reis?
Em 2008, para o programa Fome Zero, do governo federal, por exemplo, foram
investidos diretamente R$ 73.400,00 através de doação de cestas de alimento e
celebrações, como a Semana da Cidadania Infantil e o Natal sem Fome. Já os
investimentos realizados para garantir geração de empregos e renda chegaram
a R$ 42.900,00.
Já em convênios firmados com as prefeituras, a Eletronuclear promoveu um
aporte de R$ 3.900.000,00 de forma a atender ao Plano de Ação para
Atendimento das Condicionantes da Licença Prévia nº 279 do IBAMA. Entre eles
estavam vigorando, em 2008, os seguintes convênios para beneficiar a
comunidade:
• Implantação e manutenção do Centro de Informação sobre Câncer e
Anomalias Congênitas na região;
• Implantação do projeto Desenvolvendo o Espírito Empreendedor, com a
Associação Junior Achievement do Rio de Janeiro;
• Mútua colaboração com as secretarias estaduais de Saúde e de Defesa Civil;
• Reforma e obras de ampliação para implantar uma UTI neonatal no Hospital
Municipal São Pedro de Alcântara, em Paraty;
• Reforma e ampliação do Posto de Saúde de Tarituba, em Paraty.
A empresa também apoiou uma série de comemorações regionais, entre as
quais se destacam os 35 anos do Clube Náutico de Praia Brava e o 5º Jogos
Estudantis de Mambucaba. Datas históricas também tiveram o incentivo da
empresa, entre elas o Dia da Consciência Negra e festas locais e tradicionais,
como a Festa do Divino Espírito Santo, a Festa Junina da Vila Histórica de
Mambucaba e a FLIP 2008. No ano passado, a CNAAA recebeu visitas de
comitivas internacionais de Rússia, Coreia, Índia e Inglaterra, assim como
diplomatas sul-americanos, empresários de Barra Mansa e professores de
universidades do Rio de Janeiro. Entre as autoridades brasileiras que estiveram
no sítio destacam-se o deputado federal José Genoino e o ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão. O Espaço Cultural Eletronuclear, localizado no Centro de
Angra dos Reis, abrigou exposições e lançamentos tais como: a do Calendário
2008 e do Livro Olhares, com apresentação do Grupo de Danças Folclóricas de
130
Tarituba, e a II Exposição “PINTURAS DO CAIS”, projeto que nasceu da
necessidade de divulgar a produção de pinturas feitas por portadores de
deficiência mental.
O complexo é aberto ao público para visitação? Para a Eletronuclear, qual
a importância de políticas de comunicação como a do Centro de
Informações de Itaorna, onde há uma exposição de filmes e folhetos
educativos, e os cuidados da empresa com o meio ambiente e a
população?
Em todo o mundo, a grande desinformação sobre o funcionamento e a
segurança das usinas nucleares alimenta muitos mitos sobre o assunto. Ciente
desse fato, a Eletronuclear adotou, desde a implantação da Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), uma política transparente de esclarecimento
das comunidades vizinhas sobre o funcionamento das usinas nucleares. Essa
política está materializada nos centros de informações que a empresa mantém
em Itaorna e no Centro de Angra dos Reis. Visitas guiadas podem ser
agendadas pelo endereço eletrônico: [email protected].
Quanto a Eletronuclear investiu em ações sociais em 2008?
A Eletronuclear investiu R$ 5.048.144,81 em projetos sociais, no ano de 2008.
Qual a meta de investimento para 2009?
A empresa tem como objetivo investir mais de R$ 50.000.000,00 em ações
sociais, no ano de 2009.
13. PANORAMA DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO
Qual a participação da energia nuclear no mercado mundial?
De acordo com o relatório International Status and Prospects of Nuclear Power,
de dezembro de 2008 elaborado pela AIEA, os reatores nucleares são
responsáveis atualmente por 14% da produção de energia elétrica no mundo.
Isso coloca a energia nuclear como a terceira maior fonte, atrás do carvão e do
gás natural.
Qual é a capacidade instalada mundial por fonte nuclear?
370.260 MW(e)
131
(Fonte: AIEA – Pris, Power Reactor Information System – Oct 2009)
Como estão distribuídos, no mundo, os reatores nucleares?
Conforme dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), existem
atualmente em operação 436 reatores comerciais em 31 países. Entre os
maiores parques geradores, destacam-se os Estados Unidos com 104 unidades,
a França com 59 reatores e o Japão com 53.
Como estão distribuídos, no mundo, os reatores do tipo PWR utilizados
nas Usinas Angra 1 e Angra 2?
Segundo dados da AIEA, existem atualmente 264 reatores em operação do tipo
PWR com capacidade total de 243.051 MW, o que corresponde a 61% da
capacidade instalada mundial por fonte nuclear.
Quantos reatores nucleares estão em construção no mundo?
Entre os maiores parques geradores, destacam-se os Estados Unidos com 104
unidades, a França com 59 reatores e o Japão com 53. No ano de 2008, dez
novas usinas tiveram suas obras iniciadas, na Coreia do Sul, na Rússia, na
França e na China, mas nenhuma nova usina entrou em operação. Em 2009, até
setembro, foi iniciada a construção de nove usinas, distribuídas conforme a
132
seguir:
5 (cinco) na China: Hongyanhe 3 (1.000 MW(e), PWR em 07/03/09; Sanmen 1, (1.000
MW(e), PWR AP-1.000) em 19/04/09; Yangjiang 2 (1.000 MW(e), PWR, China) em
04/06/09; Fuqing 2, (1.000 MW(e), PWR,) – em 17/06/09; e Fangjiashan 2 (1.000
MW(e), PWR em 17/07/09
2 (duas) na Eslováquia: Mochovce 3 e 4, (2x405 MW(e), PWR-VVER) – 11/06/09
1 (uma) na Rússia: Novovoronezh 2-2 (1.85 MW(e), PWR-VVER em 12/07/09
1 (uma) na Coreia do Sul: Shin-Kori 4 (1.340 MW(e), PWR-APR 1.400 em 15/09/09
Foi também reativada a construção da central nuclear flutuante da Rússia –
Akademik Lomonosov 1 e 2, (2x30 MW(e), PWR-KLT40 que se localizará perto
de Vilyuchinsk.
Dos reatores em construção, quantos são do tipo PWR?
Dos 53 reatores em construção, 43 são do tipo PWR.
Quais os países que mais dependem da energia nuclear dentro de sua
matriz energética?
França 76,80% Alemanha 25,90%LBituânia 64,40% EUA 19,40%élgica 54,00% Espanha 17,40%crânia 48,10% Rússia 16,00%uécia 46,10% Canadá 16,00%slovênia 41,60% Reino Unido 15,10%uíça 40,00% Argentina 6,20%ungria 36,80% México 4,60%reia 35,30% Brasil 2,80%
inlândia 28,90% Índia 2,50%Japão 27,50% China 1,90%
USESHCoF
133
Fonte: IAEA – PRIS – Abril de 2008
Quais os países que mais contribuem com energia nuclear na matriz
energética mundial? E o Brasil, com quanto contribui?
Em 2008, os Estados Unidos foram o país que mais gerou energia por fonte
nuclear, sendo responsável por 32% da produção total desse tipo de energia no
mundo. Também se destacaram: França (17%), Japão (9%), Alemanha (6%),
Rússia (6%), Coreia do Sul (6%), Canadá (3%), Ucrânia (3%) e China (1,85%).
O Brasil foi responsável por 0,52% da geração de energia por fonte nuclear no
mundo, em 2008.
Qual a situação atual da energia nuclear em alguns países?
Estados Unidos
Os Estados Unidos são o proprietário do maior parque nuclear do mundo, com
104 usinas em operação (69 PWRs e 35 BWRs), que correspondem a uma
capacidade instalada de 106.476 MW e produziram, em 2008, 842.360 GWh(e).
Esse valor é quase o dobro do que foi produzido no Brasil por todas as fontes
disponíveis no mesmo período. Houve nos últimos anos um grande aumento de
capacidade instalada nos EUA devido à ampliação da capacidade das usinas,
134
ainda que nenhuma nova unidade tivesse sido construída. Outro fato relevante a
ser citado é o aumento da vida útil das usinas que está sendo estendida para 60
anos. Nesse caso já são 50 unidades com vida útil ampliada, equivalente a cerca
de 43.500 MW funcionando por mais vinte anos, sem os custos de capital para a
construção. Existem ainda 17 usinas em processo de ampliação de vida no NRC
– Nuclear Regulatory Commission, e outras 22 que já iniciaram o processo, mas
ainda não concluíram o envio de toda a documentação necessária.
Canadá
O Canadá tem 18 usinas nucleares em operação que produziram 94,05 TWh ou
14,8% da energia elétrica do país em 2008. Atualmente está em estudo o
processo de licenciamento de uma nova central com 4 usinas, na região de Lake
Cardinal, no estado de Alberta. As usinas de Ontário estão em processo de
estudos ambientais e preparo do EIA/RIMA pertinente, conforme informação do
órgão ambiental canadense. A empresa Bruce Power suspendeu o
desenvolvimento de novos reatores na região de Lake Huron, devido à alta dos
preços dos fornecedores (Areva, Westinghouse e AECL) e à reduzida
disponibilidade para investimento na empresa, e está se concentrando na
reforma de reatores existentes. Os contratos para reforma das usinas 1 e 2
(PHWR 900MW cada) da central Bruce A para posterior reconexão à rede foram
assinados em março de 2009. Essas usinas estavam fechadas desde 1995.
México
O México possui uma central nuclear com 2 usinas em operação (Laguna Verde
1- BWR, 655 MW e Laguna Verde 2 BWR, 655 MW) localizadas em Vera Cruz,
cuja produção de eletricidade, em 2008, foi de 9,35 TWh ou 4,04% da energia
elétrica do país. O proprietário e operador da central é a empresa estatal
Comision Federal de Electricidad (CFE) que tem o domínio (cerca de 2/3) da
capacidade instalada no sistema elétrico mexicano, inclusive a transmissão e
135
parte da distribuição. A matriz elétrica é essencialmente baseada em petróleo,
uma vez que o país é o sétimo maior exportador do produto.
Argentina
A Argentina possui 2 usinas nucleares em operação (Atucha 1- PHWR, 335 MW
e Embalse PHWR, 600 MW), cuja produção de eletricidade, em 2008, foi de 6,8
TWh ou 6,2 % da energia elétrica do país. No mesmo sítio de Atucha 1, próximo
a Buenos Aires, está em construção Atucha 2 - PHWR, 692 MW com previsão
de entrada em operação comercial em 2010. O PHWR Embalse é fornecido pelo
Canadá (reator CANDU) e os Atucha 1 e Atucha 2 são produzidos pela
Alemanha (KWU/Siemens e sucessoras). As obras de Atucha 2 começaram em
1981, foram paralisadas e retomadas em 2006, com status atual
de finalização de 81%. A política de diversificação energética empreendida pelo
país reduziu fortemente a dependência de petróleo que existia nos anos de
1970, caindo de 93% para 42% em 1994 e estando atualmente em cerca de
52%. O intercâmbio energético, principalmente com o Brasil, ocorre conforme a
disponibilidade de cada país fornecer o insumo. Os operadores de Atucha 1
recebem treinamento no simulador da Eletronuclear em Mambucaba, Angra dos
Reis, e os de Embalse são treinados no simulador da Hidro-Quebec na Central
Nuclear de Gentille-2, no Canadá.
Brasil
O Brasil tem duas usinas nucleares (Angra 1 – PWR, 657 MW, e Angra 2 –
PWR, 1.350 MW) em operação cuja produção de eletricidade, em 2008, foi de
14 TWh ou 3,12% da energia elétrica do país, e uma usina (Angra 3 – PWR,
1.405 MW) com obras aguardando para serem reiniciadas a qualquer momento.
Os planos de diversificação da matriz elétrica brasileira (conforme dados da
Empresa de Pesquisa Energética – EPE) preveem, além da construção de
usinas com outras fontes de combustível, a construção de 4 a 8 usinas
nucleares num horizonte até 2030, localizadas no Nordeste e no Sudeste do
136
país. Escolhas de sítios, tipos de reator e outras questões estão em estudos
preliminares.
Alemanha
A decisão existente para o desligamento das 17 usinas alemãs, até 2020 (ao fim
de sua vida útil), encontra-se sob forte pressão para que seja revogada. Dessas
17 usinas, 11 estão entre as que mais geraram energia elétrica em 2008. Foram
gerados por fonte nuclear 148,66 TWh em 2008, o que representou 28,3% da
energia gerada no país. O custo para substituir a energia elétrica gerada pelas
usinas nucleares alemãs em funcionamento por energia renovável seria alto,
necessitando de subsídios do governo da maior economia da Europa.
Bélgica
A Bélgica tem duas centrais nucleares, Doel com 4 usinas (PWR, 2963 MW) e
Tihange com 3 unidades (PWR, 3129 MW). As usinas têm entre 25 e 35 anos de
atividade, e a licença de operação na Bélgica vale por 40 anos. Foram gerados
por fonte nuclear 43,358 TWh em 2008, o que representou 54,76% da energia
gerada no país, que aprovou em outubro de 2009 a extensão da vida útil das 3
mais antigas usinas – Doel-1 (412-MW), Doel-2(454-MW) e Tihange-1 (1.009
MW) por mais 10 anos, ou seja, até 2025. A atual regra de desligamento de
todos os reatores até 2025 está sendo muito questionada porque as
circunstâncias mudaram muito desde a votação da lei. Os custos serão
enormes, com prejuízos à segurança de suprimento, dependência de fontes
internacionais, aumento de emissões, que diminuiriam a competitividade do país,
conforme assinalado no relatório Belgium’s Energy Challenges Towards 2030,
no qual é fortemente recomendado o retorno à geração nuclear.
Bulgária
137
A Bulgária tem 2 usinas nucleares (KOZLODUY 5 e 6 – VVER-PWR 953 MW,
cada) em operação comercial, que produziram 14,7 TWh, cerca de 33% da
geração elétrica em 2008. Duas usinas se encontram em construção (Belene 1 e
2 VVER PWR 1.000 MW) e 4 estão fechadas (KOZLODUY 1 a 4 – VVER 440
MW) para atender a acordo com a União Europeia. Na Bulgária, o governo já
demonstrou interesse em substituir as centrais nucleares antigas por novas. A
NEK - National Electric Company da Bulgária detém 51% da construção da
Central Nuclear de Belene (2x 1.000 MW – VVER) e assinou contrato com a
russa Atomstroyexport para projeto, construção e comissionamento das usinas
da central. Como subcontratado está o consórcio CARSIB (Consortium Areva
NP-Siemens for Belene), que fornecerá sistemas elétricos e de instrumentação e
controle (I&C systems). A Bulgária tem contrato em andamento (no valor de 2,6
milhões de euros) para a seleção de sítio e projeto de depósito de rejeitos de
baixa e média atividades no país em área superficial.
Espanha
A Espanha tem 8 reatores nucleares (6 PWR e 2 BWR) em operação, com um
total de 7.728 MW de capacidade instalada. Em 2008, foram produzidos
58.997,7 GWh de energia elétrica, que corresponderam a 18,3% de toda
geração elétrica no país, apesar de a capacidade instalada ser equivalente a
8,14% desse total. Essa produção foi 6,6% maior que no ano anterior e evitou a
emissão de cerca de 40 milhões de toneladas métricas (mt) de CO2. A Espanha
tem como política, no momento, o fechamento das usinas nucleares ao término
de sua vida útil, sem reposição da capacidade instalada por outras nucleares.
França
138
A França possui 59 usinas nucleares em operação e 11 desligadas (por término
de vida útil) que produziram 438,6 TWh, o que representa cerca de 76,3% do
total de energia elétrica gerada no país em 2008. A Areva, fornecedora francesa
de bens e serviços nucleares, está construindo junto com a EDF (empresa
francesa de energia que opera todos os reatores nucleares do país) o reator
Flamanville-3 tipo EPR de 1.600 MW, localizado ao norte da França, na região
de Manche. Os demais fornecedores de equipamentos e serviços também foram
escolhidos e contratados, e o início da construção foi no final de 2007. O
governo francês declarou, em junho de 2008, que fará mais um reator EPR
1600, provavelmente no sítio de Penly (Seine-Maritime) no Nordeste do país,
onde já existem 2 reatores em operação, anunciando que o início da construção
será em 2012. Desse mesmo modelo de reator EPR, de fabricação Areva, já
existem outras 4 unidades em construção (Olkiluoto 3 na Finlândia, Flammanvile
3 na França e Taishan-1 e 2 na China).
Finlândia
A Finlândia possui outras quatro usinas que, juntas, correspondem à produção
de 22,9 TWh de energia elétrica ou 29,7% da total produzida em 2008 no país.
O país, ao decidir em 2002 pela construção de uma quinta unidade nuclear,
quebrou a situação vigente na Europa Ocidental, onde a construção de uma
usina nuclear não havia sido iniciada há muito tempo. A importância da decisão
finlandesa reside no fato de que ela foi precedida de análises detalhadas com
participação pública e discussões políticas intensas. A decisão foi baseada em
aspectos ambientais (menores impactos ao meio ambiente), político-
diplomáticos (atendimento aos compromissos internacionais decorrentes do
Protocolo de Kyoto) e estratégicos (diminuição da dependência de outras fontes
energéticas externas, principalmente da Rússia, e a estabilidade a longo prazo
do custo da energia nuclear). A usina Olkiluoto 3 (1.600 MW, EPR) está prevista
para ser sincronizada em 2012. Essa será a primeira usina com reator do
modelo EPR, produzido pela francesa Areva.
Atualmente está em discussão a construção do 6º reator da Finlândia. As três
empresas que submeteram os estudos de impacto ambiental às autoridades do
país são a Fennovoima Oy (34% pertencente à empresa E.On, da Alemanha)
para 2 reatores Areva (EPR 1700 MW) e um Toshiba design (SWR 1.250 MW –
BWR) com 4 possibilidades de sítios; Teollisuuden Voima Oy para mais uma
139
unidade no sítio de Olkiluoto e a Fortum para o sítio da Central de Loviisa, que já
submeteu também a documentação para licença de uma possível construção em
fevereiro de 2009. No caso da Fortum, o reator seria projetado para uma vida útil
de 60 anos, teria capacidade entre 1.000 e 1.800 MW e deveria estar em
operação em 2020. Foram previstos custos entre 4 bilhões e 6 bilhões de euros.
Holanda
A Holanda possui apenas uma usina nuclear em operação (Borssele PWR 482
MW) que produziu em 2008 3,9 TWh, cerca de 3,8% da energia do país. O
governo holandês informou que está iniciando o processo de licenciamento da
sua segunda usina nuclear no sítio de Borssele, onde já existe a primeira usina
do país, que teve sua vida útil ampliada em mais 20 anos em 2006 e deverá
continuar a operar até 2033. Não foi escolhido o projeto nem o fornecedor, mas
a unidade deverá ter entre 1.000 e 1.600 MW e com entrada em operação em
2018, ainda em tempo para atingir as metas de redução das emissões de gases
do efeito estufa em pelo menos 15% até 2020. O custo estimado é de 5 bilhões
a 7 bilhões de dólares.
Hungria
A Hungria tem 4 usinas nucleares (Paks 1 a 4 – VVER-PWR 460 MW) cuja
operação comercial começou entre 1982 e 1987 e que geraram 14 TWh, ou
seja, cerca de 37% da geração elétrica do país em 2008. Essa é a energia
elétrica mais barata gerada no país e, segundo fontes governamentais, o índice
de aprovação à energia nuclear pela população da Hungria é de 73%.
Em 2004 as usinas receberam a autorização para operar por mais 20 anos e em
2009 o parlamento do país aprovou a autorização para o governo começar o
140
projeto para ampliar a capacidade no sítio existente, através da construção de
mais uma ou duas unidades nucleares no mesmo local da central Paks. Os
estudos para a escolha do tipo e tamanho do reator ainda estão em execução.
Inglaterra e Irlanda do Norte
O Reino Unido tem 75% da sua energia elétrica produzida por óleo e carvão e
como forma de reduzir suas emissões de gases do efeito estufa lançou, em
15/07/09, seu Plano de Transição para uma Economia de Baixo Carbono. O
Plano concentra ações em transformar o setor de energia, expandindo o uso de
fontes renováveis, além de aumentar a eficiência energética de prédios, casas e
do setor de transportes do país. Com isso o país deverá alcançar as metas
domésticas de corte de 34% nas emissões de gases do efeito estufa até 2020,
quando 40% da eletricidade consumida no Reino Unido deverão vir de fontes de
baixo carbono, com as tecnologias de energia renovável, nuclear e captura e
sequestro de carbono. A Inglaterra possui 19 reatores nucleares em operação
(15.367 MW de capacidade instalada) cuja produção chegou a 52,5 TWh, que
correspondeu a 13,5% da energia do país.
As pesquisas de opinião na Inglaterra são favoráveis à energia nuclear (65% a
favor) no mix de energia do país e também na reposição da capacidade
existente por novas centrais nucleares. Não há ainda decisão sobre a
construção de reatores, mas várias empresas estão com estudos adiantados e o
governo, por intermédio do seu Departamento de Energia e Mudanças
Climáticas, identificou 11 sítios possíveis para a locação de novas usinas
nucleares. A construção de usinas nucleares faz parte da política de redução de
emissões de carbono vigente no país e elas devem começar a operar até 2017,
substituindo as usinas nucleares antigas (a última a entrar em operação data de
1989) e as já fechadas (26 – são reatores da década de 1950 e 1960) por
término de vida útil.
Itália
A Itália, conforme declarou o premier Silvio Berlusconi em julho de 2008, decidiu
retomar seu programa nuclear paralisado na década de 1980, libertando-se da
dependência do petróleo através de um rápido desenvolvimento da energia
141
nuclear. Segundo o ministro da Economia e Desenvolvimento, Claudio Scajola, o
custo da paralisação do programa nuclear italiano para a economia do país foi
de 50 bilhões de dólares e todo o arcabouço legal para a retomada da fonte
nuclear está sendo adotado no novo plano nacional de energia. A criação de um
órgão regulador independente além da infraestrutura e incentivos às
comunidades são fatores indispensáveis para a construção do primeiro de uma
série de grandes reatores que é previsto para 2013.
Em 9 de julho de 2009 o Senado italiano aprovou um pacote legislativo que deu
luz verde ao retorno do uso da energia nuclear no país e que em até 6 (seis)
meses serão selecionados sítios potenciais para a instalação de novas usinas.
O modelo de reator a ser adotado deverá ser um que já seja licenciado na
Europa, o que permitiria ganhar tempo de licenciamento, uma vez que o plano é
construir de 8 a 10 reatores até 2030, atingindo 25% da geração elétrica italiana.
Atualmente o custo da energia elétrica na Itália (um mix de 60% em gás
importado) é 30% mais alto que a média europeia e 60% maior que o francês.
A Itália, por meio da sua empresa de energia, ENEL, que possui 66% da SE-
SLOVENSKE ELEKTRARNE da Eslováquia, constrói, desde novembro de 2008,
as usinas Mochovce 3 e 4 (VVER-440 MW cada) que devem estar em operação
comercial em 2012 e 2013, respectivamente. O investimento previsto é de 2,77
bilhões de euros. Quando em operação, a produção dessas usinas representará
22% do total de energia elétrica consumido na Eslováquia.
Noruega
Apesar de a Noruega não ter um programa de geração nuclear, o comitê criado
pelo governo norueguês para estudar energia sustentável recomendou, em seu
relatório, o reconhecimento da contribuição da energia nuclear para um futuro
energético sustentável.
República Checa
A República Checa tem 6 usinas (Dukovany 1 a 4 e Temelin 1 e 2, todos VVER)
operadas pela empresa CEZ que produziram 25 TWh em 2008, o que
representou 32,4% da energia elétrica do país. Existe a previsão (com estudos
de impacto ambiental em andamento) de se adicionar mais dois reatores à
142
Central de Temelin, que originalmente foi prevista para 4 reatores, mas onde
somente 2 foram construídos por motivos políticos. Foi solicitado também a
extensão de vida útil dos 4 reatores da central Dukovany, que já tem mais de 20
anos de operação, de forma que possam gerar até 2025-2028. Estão previstos
grande quantidade de trabalhos e muito investimento para permitir a ampliação
de vida útil. As atividades devem começar em 2015 e contemplarão também o
aumento de potência em até 500MW(e)
Romênia
A Romênia tem 2 usinas nucleares (Cernavoda 1 e 2 – PHWR 650 MW) em
operação comercial com 17,5% da geração elétrica suprida por reatores
nucleares em 2008. As duas usinas são operadas pela SNN – Societatea
Nationala Nuclearelectrica. A AIEA não considera as usinas 3 e 4 como estando
“em construção”, mas, como se vê na foto, o processo está adiantado. Um
acordo entre seis companhias investidoras – ENEL (9,15%), CEZ (9,15%), GDF
Suez (9,15%), RWE Power (9,15%), Iberdrola (6,2%), and ArcelorMittal Galati
(6,2%) – e a SNN – Societatea Nationala Nuclearelectrica (51%) da Romênia –
foi assinado em 20 de novembro de 2008 para a conclusão dos reatores de
Cernavoda-3 e 4 (PHWR Candu – 750 MW cada), no mesmo sítio das usinas 1 e
2 em operação. Pelo acordo a empresa S.C. EnergoNuclear S.A. iniciará a
construção das usinas em março de 2009 a um custo estimado de 4 bilhões de
euros, estando as usinas previstas para entrar em operação comercial dentro de
seis anos.
Suécia
A Suécia possui 10 reatores nucleares em operação que produziram 63,9 TWh
de energia em 2008 e 3 fechados, sendo 1 por término de vida útil (Agesta) e 2
(Barsebäck) por decisão política. O aumento de capacidade dos reatores
existentes no país atingiu cerca de 1.150 MW e conseguiu praticamente
equivaler à capacidade dos 2 reatores Barsebäck-1 (BWR-600MW) e 2 (BWR-
143
615 MW), fechados prematuramente em 2004 e 2005. A produção de energia
elétrica na Suécia é dominada por duas formas de geração – a hidroelétrica, com
cerca de 50% da capacidade, e a nuclear, com 45%. A expansão dessas
produções era limitada por legislações que protegiam os rios e proibiam a
construção de novos reatores. Em março de 2009, a legislação que bania a
construção de novos reatores foi oficialmente abolida pelas autoridades do país
e novos reatores poderão ser construídos para substituir os mais antigos quando
do término de vida útil ou para aumentar a capacidade de geração. Com um
parque gerador nuclear em que todos os reatores têm entre 20 e 38 anos de
operação, esse fato é muito importante no sentido de garantir a segurança de
suprimento de eletricidade ao país.
A Companhia de Gerenciamento de Combustível e Rejeitos – SKB, uma
empresa independente de propriedade dos operadores de usinas nucleares da
Suécia, escolheu, em junho de 2009, um sítio (Östhammar) localizado próximo à
Central Forsmark para sediar o depósito final de combustível irradiado do país. A
operação do depósito final pode ser possível em 2023 se for cumprido o
cronograma proposto.
Suíça
A Suíça possui 5 reatores nucleares em operação (3.352 MW de capacidade
instalada distribuída em reatores tipo PWR e BWR) que produziram 27,54 TWh
de energia em 2008, o que representa cerca de 39% da eletricidade gerada no
país. Essas usinas foram projetadas para operar por 50 anos, e só precisarão
ser substituídas a partir de 2020 (Mühleberg e Beznau I e II). Gösgen tem vida
útil até 2040, e Leibstadt até 2045.
A Suíça procura há tempos um local adequado para construir um depósito final
dos rejeitos atômicos. Por enquanto, ele é transportado para depósitos
intermediários em Sellafied (Inglaterra) e La Hague (França), mas deverá
retornar ao país quando houver essa determinação. A previsão da entrada em
operação dos depósitos para rejeitos é até 2024.
As autoridades federais suíças analisam três pedidos de construção de novas
usinas nucleares. De acordo com os pedidos das empresas BKW e Axpo, duas
novas usinas, com capacidade máxima de 1.600 MW cada uma, seriam
construídas perto de duas já existentes, em Beznau, no estado de Aarau (norte),
e Mühleberg (14 km a oeste de Berna, no centro do país). A terceira, da
144
empresa Atel, seria na região de Gösgen / Solothurn (centro), com capacidade
instalada entre 1.100 e 1.600 megawatts. Se todas as três usinas forem
construídas, a partir de 2030 a Suíça disporá de 55 TWh de energia nuclear,
mais do que o dobro da produção atual.
Países Bálticos (Lituânia, Estônia, Bielorrússia e Latvia)
Por serem muito pequenos para assumir os custos da construção de uma usina
nuclear, os países bálticos querem se consorciar para a sua construção. Em
conjunto também podem se beneficiar de linhas de crédito a que têm direito no
Nordic Investment Bank. O projeto pode incluir também a Polônia. Já existe a
proposta para um reator (Visaginas) na Lituânia, em consórcio com a Estônia,
que os governos classificam como de implementação imediata para garantir
segurança energética e aliviar a dependência do gás importado da Rússia, além
de ajudar no cumprimento de metas europeias de redução de emissões de
gases do efeito estufa.
A Lituânia vem tentando manter em funcionamento até 2012 sua única usina
nuclear em operação, Ignalia 2 (1.300-MW RBMK), cujo fechamento irá provocar
um racionamento de energia, além da redução do PIB – Produto Interno Bruto –
em até 3% conforme estudo do Swedish Bank – SEB. A previsão de
desligamento da usina é no final de 2009, conforme o termo de adesão do país à
União Europeia. A Bielorrússia assinou, em março de 2009, acordo com a
Rússia, por intermédio da sua Atomstroyexport, para a construção da primeira
usina nuclear do país. Segundo o governo, se não ocorrerem contratempos as
obras começarão em 2010 e a usina será comissionada em 2016.
Polônia
A Polônia já acena com a possibilidade de construir sua primeira central até
2020, tentando dessa forma iniciar a alteração de sua matriz elétrica, hoje
calcada em carvão (94%), para reduzir suas emissões de CO2.
África / Oriente Médio / Países Árabes
O excepcional interesse em todo o Oriente Médio fez com que o Egito e a
Turquia desenvolvessem ou reativassem seus programas. A Arábia Saudita e os
Emirados Árabes, além do Iêmen, também estão em conversações com diversos
países fornecedores de tecnologia nuclear, objetivando desenvolver as bases de
conhecimentos e preparar sua indústria para as futuras usinas. Outros países
(Arábia Saudita, Marrocos, Tunísia, Argélia) anunciaram a intenção de
desenvolver tecnologia e construir suas próprias usinas. Além destes, também o
145
Iêmen e a Jordânia manifestaram seu interesse em construir suas primeiras
usinas nucleares.
China
A China tem 11 usinas nucleares em operação (9.608 MW), e o governo chinês
prevê a construção de 54 plantas nos próximos 30 anos. De acordo com a
empresa SNPTC – State Nuclear Power Technology Corporation, existem
atualmente 25 usinas em construção (com capacidade total de 26.020 MW), 9
reatores (10.000 MW) serão construídos até 2010 e 16 novos encontram-se
aprovados para início de construção. Todos os grandes fornecedores já fizeram
suas ofertas ao governo chinês, uma vez que esse é o maior negócio mundial
em geração nuclear da atualidade. Só para a Areva a China irá pagar 12 bilhões
de dólares por 2 EPR já contratados. A China, em 2008, produziu 65 TWh de
energia elétrica de fonte nuclear, o que significa que cerca de 2,15% de sua
energia elétrica vêm de reatores nucleares. O país pretende atingir 35 GW de
capacidade instalada nuclear em 2015, 55 GW em 2020 e 70 GW em 2025. Com
tal capacidade a China deverá chegar a 5% de geração por fonte nuclear em
2030. Em abril de 2009, em Zhejiang, iniciaram-se as obras do primeiro AP1000
no mundo, a usina Sanmen 1 (PWR 1.000 MW).
A opção chinesa pela energia nuclear está associada à grande demanda por
energia e à estratégia do governo de diversificar ao máximo sua matriz
energética para evitar colapsos no fornecimento. A matriz energética da China é
baseada, hoje, essencialmente, em carvão. O consumo per capita do país é
cerca de metade do brasileiro, mas a população é quase 7 vezes maior.
Coreia do Sul
A Coreia do Sul tem 20 reatores em operação (18.393 MW de capacidade
instalada). Em 2008 essas usinas nucleares produziram 150,95 TWh, que
representa cerca de 35,6% da energia consumida no país. São 5 as usinas em
construção, com a previsão de um incremento de 30 GW até 2015, sendo que
146
cerca de 4.000 MW se encontram em obras e mais 3.000 MW têm seus
contratos assinados para o início da construção. Até 2020, segundo o governo
coreano, deverão ser construídas mais 8 centrais além das atualmente em
execução. O consumo de eletricidade per capita é cerca de 3 vezes maior que o
brasileiro. A política energética do país privilegia as iniciativas nucleares,
levando em consideração a segurança e a confiabilidade de suprimento de
energia, uma vez que a Coreia do Sul não dispõe de fontes energéticas em seu
território.
Índia
A Índia tem 17 reatores nucleares em operação (3.600 MW) que produziram em
2008 cerca de 2% da energia do país, que correspondeu a 13,17 TWh. Existem
atualmente 6 usinas sendo construídas (2.900 MW) e mais 8 PHWR de 700 MW
e 10 LWR de 1.000 MW estão planejadas oficialmente, com previsão de iniciar
suas obras até 2012. O mercado de fornecedores nucleares espera que até
2020 sejam encomendados 25 novos reatores (cerca de 20 GW) para fazer
frente às gigantescas necessidades de energia de um país com mais de 1,15
bilhão de habitantes e cujo consumo é apenas 4% da energia per capita dos
Estados Unidos ou 25% do consumo per capita do Brasil. A Índia desenvolve um
programa próprio de geração nuclear com ênfase em reatores PHWR (15
unidades), a maioria com 220MW de capacidade. Contudo, também possui 2
reatores BWR (150 MW cada).
A Índia não é signatária do TNP – Tratado de Não Proliferação de Armas
Nucleares, e vinha enfrentando problemas de fornecimento de combustível
nuclear para as suas usinas. Dos reatores em operação e em construção,
somente 6 estão abertos a inspeções pela AIEA. Em outubro de 2008, o Senado
americano suspendeu as restrições, que já duravam mais de 30 anos, ao
fornecimento de material sensível à Índia. Com isso as empresas americanas
estão autorizadas a fornecer implementos, equipamento e tecnologia nuclear ao
país. Em setembro de 2008 a organização Nuclear Suppliers Group – NSG
composta por 45 países fornecedores de material sensível e combustível nuclear
– modificou suas diretrizes de modo a permitir o atendimento do mercado
indiano. Espera-se que o país se torne grande comprador de urânio, uma vez
que importa 70% das suas necessidades em energia, o que equivale a comprar
90% da demanda nacional por combustível.
147
Em setembro de 2009 o país anunciou suas intenções de se tornar um
exportador de reatores de potência de tecnologia própria – Advanced Heavy
Water Reactor (AHWR), que usaria urânio com baixo enriquecimento como
combustível, vindo a concorrer com outros fornecedores. Um sistema para
reprocessamento dos rejeitos nucleares está adiantado e ajudará muito a mitigar
o problema de escassez de energia do país
Irã
O Irã tem uma usina em construção (Bushehr, PWR 1.000 MW) desde 1975,
mas cujas obras foram paralisadas em 1980, após a revolução islâmica.
Recentemente, com o auxílio da Rússia, o empreendimento foi retomado,
estando em testes finais para a entrada em operação comercial.
O país planeja construir outros 5 reatores nucleares, para atingir cerca de 10%
da sua energia, conforme informa o governo, fazendo assim frente aos
racionamentos que têm ocorrido na região. O Irã tem um programa nuclear que
contempla beneficiamento e enriquecimento de urânio que, conforme a AIEA, é
inferior a 5%, mas que tem trazido grandes problemas ao país em relação à
comunidade internacional que o acusa de ter intenções bélicas no processo e de
já ter material suficiente para a construção de uma bomba nuclear. O país nega
essas intenções, uma vez que o enriquecimento para a fabricação de arma
nuclear deve ser em torno de 90%, e que todo o seu urânio se destina à geração
futura de energia elétrica. A Agência Internacional de Energia Atômica está
propondo um acordo no qual o Irã enviaria cerca de 75% de seu estoque de
cerca de 1,5 tonelada de urânio de baixo enriquecimento (LEU) para conversão
no exterior (provavelmente na Rússia), onde seria transformado em combustível
para alimentar um reator de pesquisas em Teerã.
Japão
O Japão tem 53 reatores em operação que, em 2008, produziram 251,75 TWh, o
que representa cerca de 25% da energia do país, que conta ainda 8 reatores em
148
manutenção e 2 usinas em construção, além de planos para ampliações de vida
útil e potência. Em maio de 2006, o Instituto Japonês de Economia (IEEJ) liberou
relatório informando que a energia elétrica no Japão até 2030 deverá ser 40% de
fonte nuclear e que, para isso, as usinas existentes deverão operar por 60 anos,
além de ser necessário construir pelo menos mais 10 unidades.
A queda de produção em 2008 deveu-se às paradas mais longas que o
planejado e à paralisação para realização de testes sísmicos da sua maior
central – Kashiwasaki-Kariwa, com 7 reatores com capacidade total de 8.212
MW – após o grande terremoto em julho de 2007, e também ao longo processo
de manutenção das usinas Hamaoka 1 e 2 (1.380 MW) que poderá durar até
2011. Em maio de 2009 a unidade 7 de Kashiwasaki-Kariwa retomou a operação
e, em setembro, a unidade 6 também o fez.
Paquistão
O Paquistão tem duas usinas nucleares em operação (Chasnupp 1, PWR 300
MW e Kanupp, PHWR – 125 MW) e uma em construção (Chasnupp 2, PWR 300
MW) na região do Punjab. Em 2008 foi gerado 1,7 TWh de eletricidade de fonte
nuclear , cerca de 2% do total do país no ano.
Em abril de 2009 foi noticiado que o governo paquistanês aprovou a construção
de mais dois reatores nucleares que se localizarão no Complexo de Chashma e
terão 340 MW de capacidade instalada cada um, sendo fornecidos pela China.
Uma vez que o Paquistão é detentor de armas nucleares, a China não revelou
detalhes da negociação para evitar ainda mais controvérsias nesse assunto.
Rússia
A Rússia tem 31 usinas em operação (sendo 15 delas com reator RBMK – o
mesmo modelo da usina ucraniana Chernobyl), 8 em construção (1 RBMK e 7
VVER) e 4 planejadas. Em julho de 2008 o diretor-geral da Rosatom – empresa
estatal nuclear russa –, Sr. Sergei Kiriyenko, declarou que o governo russo prevê
a construção de 42 usinas nucleares até 2020, o que corresponderá a cerca de
149
42 GW. Em 2008, o país produziu 152,05 TWh de eletricidade por fonte nuclear,
o que representou cerca de 17% de sua energia elétrica. O país pretende chegar
a 25% ou 30% até 2020. O consumo per capita do país é quase 3 vezes maior
que o brasileiro.
A eficiência da geração nuclear cresceu fortemente na última década (o fator de
disponibilidade passou de 56% para 76%), e toda a matriz energética está
tentando acompanhar o crescimento do consumo, que se tem mantido em níveis
bastante expressivos. O foco em geração nuclear pela política energética russa
visa a permitir a exportação de seu gás natural para a Europa – mais lucrativa do
que seu uso para a geração doméstica de eletricidade – e a substituição de seu
parque gerador, já no fim de sua vida útil.
A Rússia vem firmando uma série de acordos comerciais e de cooperação com
diversos países para construção de reatores, desenvolvimento e exploração de
combustíveis nucleares e pesquisa em geral na área nuclear, formando uma
grande rede de influência mundo afora, que, segundo seus dirigentes, permitirá
ao país ser fornecedor de 30% dos novos negócios na área nuclear. A crise
econômico-financeira do final de 2008 atingiu fortemente a economia russa com
a produção industrial caindo mais de 7% e, consequentemente, diminuindo o
consumo de energia. Apesar disso, seus dirigentes afirmam que os planos
nucleares serão apenas “alongados” no tempo, permitindo que as novas usinas
sejam conectadas mais tarde, em 2020.
Ucrânia
A Ucrânia tem 15 reatores em operação com capacidade instalada de 13.880
MW (13 VVER 1.000MW e 2 VVER 400 MW) e 4 unidades fechadas (a central
de Chenobyl – 3 RBMK 925 MW e 1 RBMK 725 MW). A central nuclear de
Zaporozhe, no Leste da Ucrânia, é a maior da Europa com 6 reatores tipo VVER
de 950 MW cada um. Em 2008 as usinas nucleares ucranianas produziram
89,84 TWh que representaram 47,40% da energia elétrica do país. As fontes
primárias de energia da Ucrânia são o urânio e o carvão, sendo que petróleo e
gás são importados da Rússia, que também fornece o combustível nuclear.
Em 2004 a Ucrânia completou, comissionou e pôs em operação comercial a
unidade 2 da central Khmelnitski (1.000MW – VVER), também a unidade 4
(1.000MW – VVER) da central Rovno foi comissionada e entrou em operação. A
empresa russa Atomstroyexport irá terminar a construção das unidades 3 e 4 da
central Khmelnitski (1.000MW – VVER, cada), conforme aprovado em outubro
de 2008. A construção havia sido suspensa em 1990. A usina 3 está com 75%
dos trabalhos concluídos e a usina 4 com 28%.
150
Vietnã
O ministro da Indústria e Comércio do Vietnã anunciou que o governo pretende
construir 2 centrais nucleares, com dois reatores cada uma, na província de Ninh
Thuan, que deverão estar em operação entre 2020 e 2022. A central 1 (Ninh
Thuan Nuclear Power Plant 1, com dois reatores) se localizará em Phuoc Dinh
Commune, no distrito de Ninh Phuoc, e a central 2 (Ninh Thuan Plant 2, com
dois reatores) em Vinh Hai Commune, distrito de Ninh Hai. A AIEA afirmou que o
Vietnã está bem preparado para começar a desenvolver um parque nuclear e
que apoiará o país no desenvolvimento de procedimentos de segurança e de
resposta a emergências. Atualmente já existe uma equipe de mais de 800
pessoas trabalhando nos institutos de energia, radiologia e segurança nuclear no
país. Um estudo de pré-viabilidade das usinas, preparado com a assessoria do
Japão (Japan Atomic Industrial Fórum-JAIF), será entregue ao Congresso
Nacional vietnamita até novembro de 2009 para as providências da construção,
se aprovado.
Ásia – Outros
As Filipinas, a Indonésia e a Malásia estão em processo de reavivamento de
seus antigos programas nucleares. No caso das Filipinas, inicialmente um grupo
de especialistas da AIEA foi convidado para organizar um processo
multidisciplinar e independente para verificar se a antiga usina nuclear Bataan
Nuclear Power Plant, que, apesar de pronta, nunca operou, pode ser ligada com
segurança, tornando-se uma alternativa local para a geração de energia.
Atualmente, está em vigor o contrato com a empresa coreana Kepco para a
execução desses mesmos estudos. A Malásia já tem luz verde de sua
população, que apoia a construção de usinas nucleares e está em processo de
reconstrução do conhecimento técnico necessário através de programas de
visitas técnicas e de treinamento para projeto, construção e operação de
centrais. A Armênia tem uma usina em operação (Armênia 2, VVER 400MW)
que é responsável por cerca de 40% da energia elétrica do país. Uma nova
usina já foi contratada e deverá ser construída até 2016 para substituir a
existente, que é muito antiga e enfrenta problemas quanto à sua segurança,
sendo que os países próximos têm demandado providências da AIEA.
Quais são as projeções da AIEA quanto ao crescimento da energia
nuclear?
151
As projeções da AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica – mais
recentes quanto ao futuro da energia nuclear em qualquer cenário são
superiores às dos anos anteriores (cerca de 8% maiores), com a previsão de
510 GW de capacidade instalada total em 2030, no caso de menor crescimento,
e de até 810 GW para um alto crescimento, ou seja, mais que o dobro da
capacidade instalada atual.
A AIEA adotou a resolução de encorajar e dar suporte ao desenvolvimento de
aplicações nucleares em países em desenvolvimento com o intuito de reduzir a
imensa distância existente entre o consumo médio anual dos países
desenvolvidos (cerca de 8.600 kwh por habitante na OECD) e, por exemplo, o do
continente africano, que é 170 vezes menor, uma vez que a melhoria desse
indicador é a mola propulsora do progresso e do bem-estar da população mais
pobre.
Atualmente cerca de 50 países visam a ter fontes energéticas nucleares, e as
potências em expansão querem multiplicar o número de usinas em seu território.
Muitos governos consideram a ampliação internacional da energia nuclear uma
opção à mudança climática e uma alternativa às oscilações do preço dos
produtos energéticos, além de ser uma proteção à incerteza sobre os
combustíveis fósseis, mas a iminente expansão da energia nuclear em todo o
mundo requer que os governos atuem com responsabilidade nessa empreitada.
(EL-Baradei -28.10.2008 – United Nations General Assembly.)
As usinas, individualmente, estão produzindo mais devido ao aumento da
disponibilidade e/ou ampliação da capacidade instalada através das “Power
uprates”. Assim estão suprindo mais energia, substituindo as unidades velhas
que estão sendo fechadas com o término de suas vidas úteis. O Brasil, a Rússia,
a Hungria, a República Checa, a Eslovênia e Taiwan bateram recordes de
geração. Várias usinas tiveram seus melhores desempenhos em 2008.
As principais barreiras à opção nuclear dizem respeito à segurança das plantas,
à disposição dos rejeitos radioativos e à proliferação de armas nucleares, além
dos custos de construção e manutenção. O International Energy Outlook-2009
do Departamento de Energia dos Estados Unidos – DoE – prevê um aumento de
40% na geração nuclear até 2030, como forma a fazer frente às preocupações
dos países quanto ao aumento de preço dos combustíveis fósseis, à segurança
energética e à redução das emissões de gases do efeito estufa. China, Índia e
Estados Unidos são os três países que devem ter grande crescimento de seu
parque gerador nuclear devido, no caso americano, à necessária substituição
das usinas em final de vida útil e, na Índia e na China, para atender ao crescente
aumento de consumo da sua enorme população.
152
Para exemplificar apresentamos a seguir um gráfico da expansão projetada da
energia nuclear (2005-2030) nos três maiores consumidores de carvão –
Estados Unidos, China e Índia.
153