GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
A Questão dos Refugiados: Entre a Inclusão e a Exclusão
Amael Notini Moreira Bahia1
A proteção internacional dos refugiados teria a importância fundamental de garantir as
necessidades e os considerados direitos humanos fundamentais a uma grande quantidade de
pessoas que atualmente fogem de perseguição por diversos motivos. Tal proteção é oferecida
a um grupo restrito de pessoas que se enquadram nos requisitos da Convenção relativa ao
Estatuto dos Refugiados de 1951. No entanto, como essa comunicação visa demonstrar,
mesmo que os Estados aleguem agirem em prol de promover tal proteção, os refugiados são
relegados a uma situação de grande precariedade e insegurança, visto que são incluídos a
partir dessa pretensa proteção, são excluídos por esse Estado de asilo.
Dessa forma, é criado um regime de clara exceção que exclui os refugiados e os classifica
dentro do sistema estatal, separando-os em estruturas precárias e assistência precária a título
de uma proteção internacional. Essa estrutura jurídica estadista culmina na criação de campos
de exceção que se pretendem temporários, mas que pela própria natureza complexa dos
conflitos e da locomoção transfronteiriça de pessoas, se realiza como permanente, dentro de
uma lógica capitalista, havendo uma perpetuação de uma lógica excludente que impede a
interação dos refugiados com a sociedade receptora, deixando-os desamparados
juridicamente, mesmo que sejam pretensiosamente protegidos pelo direito internacional.
Desse modo, essa comunicação visa entender como esses mecanismos de exceção operam e
assim encontrar aberturas ou brechas, para se pensar em outras possibilidades democráticas
para essa questão.
1 Graduando em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.
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A natureza jurídica do estado de exceção em Carl Schmitt
Ana Clara Lemes1
Gabriel Afonso Campos2
INTRODUÇÃO
Um dos grandes debates da Filosofia do Direito no século XX é o que ocorreu entre Carl
Schmitt (1888-1985) e Hans Kelsen (1881-1973) a respeito da sua fundamentação e
efetividade. Kelsen, numa ótica positivista, afirma que o Direito é lastreado em uma norma
hipotética fundamental (KELSEN, 2005, p. 162-163). Por outro lado, Schmitt o afirma
fundamentado numa decisão política soberana e desenvolve o pensamento de que o acesso à
essência do Direito só se dá a partir da perspectiva do Estado de exceção. A demonstração de
tal hipótese é o objetivo do trabalho que ora se apresenta.
DISCUSSÃO
Schmitt, crítico do Estado liberal que é, concebe o positivismo como uma mistura entre o
decisionismo e o normativismo. Para o alemão, tal doutrina cinde norma e decisão, sendo que
o Direito adquire fundamento a partir da decisão do Legislador, porém a norma obtém um
caráter de autossuficiência por ser intrinsecamente racional. A decisão que lastreia o Direito,
conforme o pensamento schmittiano, é tratada pelo positivismo como extrajurídica
(KERVEGAN, 2006, p.4-7).
Sob a ótica decisionista, o Direito tem como fundamento uma decisão política soberana. Tal
decisão é a condição “primeira de efetividade e validade da norma”, que “não depende de
uma gênese exterior do direito, mas, por ser fundadora ou „soberana‟, determina o sentido ou
a vontade objetiva” (KERVEGAN, 2006, p.9). E, apesar de incapaz de prever momentos em
que deverá ser reconhecida a exceção, é o próprio ordenamento jurídico que deverá “dizer
quem tem o direito de intervir nesses casos”. É na exceção que se evoca a figura do soberano,
paradoxalmente “submetido a” e incumbido de “decidir se a Constituição deve ser suspensa
1 Graduanda em Ciências do Estado pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
<[email protected]>. Lattes: <http://lattes.cnpq.br/4983230883693347>. 2 Graduando em Ciências do Estado pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
<[email protected]>. Lattes: <http://lattes.cnpq.br/4469266731636889>.
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
em sua totalidade” (SCHMITT, 2006, p.17), e a decisão se torna a “instituição da ordem e dos
valores do direito” (KERVEGAN, 2006, p.10).
Nesse sentido, o locus da decisão que fundamenta o Direito – a exceção – reveste-se de
caráter jurídico, não obstante se diferenciando da norma e da situação de normalidade em que
adquire validade.
Dotada de um valor diacrítico, a exceção faz aparecer o embasamento não normativo da
norma, a saber, a decisão que cria, com a “situação normal”, as condições de sua validade. O
que é assim rejeitado é, antes de tudo, a ideia kelseniana segundo a qual uma norma não pode
ser formulada a não ser por meio de uma outra norma, de maneira que a ordem jurídica,
enquanto normativa, deveria ser concebida como autofundadora. O decisionismo salienta [...]
a existência prévia de condições de efetividade, sem as quais a norma não apenas não é
efetiva, mas seria impensável enquanto norma (KERVEGAN, 2006, p. 22).
Assim, a decisão que confere validade ao Direito não é, de forma alguma, extrajurídica, mas
sim elemento imprescindível para a sua existência, dotando-se de caráter inegavelmente
jurídico. Dessa forma, o Estado de Exceção adquire no pensamento schmittiano um tom de
legalidade, pois é nele que a decisão política se realiza.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHMITT, Carl. Teologia política. Tradução de Elisete Antoniuk. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do Estado. Tradução de Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins
Fontes, 2005.
KERVEGAN, Jean-François. Hegel, Carl Schmitt: o político entre a especulação e a positividade. Tradução
de Carolina Huang. Barueri: Manole, 2006.
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
Anomia/Nómos: direito e exceção em Giorgio Agamben
Ana Suelen Tossige Gomes1
Bruno Bicalho2
A presente comunicação parte de uma leitura do percurso filosófico de Giorgio Agamben na
série Homo sacer, tendo como foco a estrutura ontológica por ele denominada “máquina
bipolar do Ocidente”, ou ainda, de modo mais simples, a própria relação ou mecanismo de
exceção. Compreendendo que as experiências filosófica e linguística ocidentais, assim como
aquela política que lhes é paralela, estruturam-se segundo a lógica da exceção, uma lógica
dual que cinde a realidade e hierarquiza suas partes, remetendo uma delas à origem – ao
“secreto” fundamento de uma atualidade que é, paradoxalmente, contrária e ao mesmo tempo
garantidora da identidade da outra – pretende-se abordar, especificamente, a díade
anomia/nómos. Trata-se, na obra agambeniana, da estrutura mesma do campo do direito que,
articulada pelo estado de exceção, resulta em um limiar de absoluta indiscernibilidade entre
direito e não direito. Assim sendo, se, a princípio, a ordem jurídica se orienta no sentido da
exclusão do não direito, cumpre a esse limiar produzido pelo estado de exceção liberar a
anomia que a realidade nômica, ao impor-se, buscou solapar. Partindo desse ponto, uma
análise da díade anomia-nómos, especialmente na obra Estado de exceção, seguida de uma
comparação com o esquema interpretativo desenvolvido pelo autor para a compreensão da
máquina bipolar da política em Stasis, levam-nos, na fase inicial de pesquisa, a verificar que
os polos anomia/nómos indicam dois vértices que tensionam o campo jurídico em sentidos
opostos: aquele do fato e aquele do direito. Põem, ainda, em questão possíveis núcleos de
emergência da anomia no direito, que, consistindo também em díades, aparecem como pistas
de desvelamento desse fundamento oculto: autoridade/poder, ser/dever-ser, violência/direito,
vida/direito. Em um segundo momento, pretende-se compreender como as máquinas bipolares
do direito e da política se comunicam, buscando responder à questão mais ampla deixada por
Agamben ao longo de sua obra, e que, possivelmente, seria uma via para a destituição de tais
máquinas: o que significa agir politicamente? Desse modo, o trabalho é concluído
1 Mestre e Doutoranda em Direito pela UFMG. Membro do grupo de pesquisa “O estado de exceção no Brasil
contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional”. 2 Graduando em Direito pela UFMG. Membro do grupo de pesquisa “O estado de exceção no Brasil
contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional”.
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estabelecendo interfaces entre a exceção político-jurídica e o que Agamben nomeia em sua
última obra da série Homo sacer – O uso dos corpos – de “potência destituinte”.
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Citação, enjambement e atividade decisória exceptiva em Toda sentença é um antipoema,
de Tarso de Melo
Paulo Caetano1
Clarissa Verçosa2
A comunicação terá dois eixos interpretativos. O primeiro concerne à discussão acerca da
noção agambeniana de enjambement e o procedimento de citação, segundo Antoine
Compagnon, em Toda sentença é um antipoema, de Tarso de Melo. Para o filósofo italiano,
esse recurso poético é da ordem da ambivalência: quebra a sintaxe, quebra o fluxo (que
existiria na prosa) mas “irresistivelmente” joga o leitor para frente, para o verso seguinte.
Assim se delineia uma aparente contradição. Com isso, faz-se instigante pensar no arranjo que
o poeta de Santo André faz: passar da prosa para o verso a sentença dada a Rafael Braga. Ao
tornar literário um texto jurídico (citando integralmente a sentença perpetrada contra Rafael
Braga, negro, pobre e único condenado dos movimentos de junho de 2013), Tarso de Melo
lança luz sobre a performance e o poder no âmbito jurídico, cuja produção textual é marcada
por uma ambição de verdade (ainda que carregue em si muito de ficção, narração,
especulação, imaginação).
O segundo eixo de discussão, por sua vez, baseia-se na análise da aplicação exceptiva de dois
institutos jurídicos na fundamentação da sentença condenatória de Rafael Braga. O primeiro
instituto é o ato administrativo consubstanciado pelos depoimentos dos agentes policiais no
processo, ao quais são atribuídos presunção de veracidade e fé pública pela doutrina
administrativista e tribunais, ainda que envolvidos nos fatos sobre os quais prestam
informações, em detrimento do valor probatório do depoimento de outras testemunhas. O
referido ato unilateral da Administração é assim respaldado por ser reconhecido como forma
de manifestação da soberania do Estado. O segundo instituto, por sua vez, é a reincidência
criminal (como elemento informador do processo penal) cuja consideração foi indevidamente
efetuada na sentença a fim de respaldar a narrativa construída no relatório – e não apenas na
dosimetria da pena, como determinado pela legislação processual penal.
1 Doutor em Teoria da Literatura pela UFMG, professor na UEMG.
2 Graduada em Direito pela UFMG, advogada.
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Propõe-se que o uso dos referidos institutos na sentença parte de uma lógica decisória
soberana – contexto jurídico em que se inscreve o estado de exceção. Uma das facetas do
estado de exceção proposto por Carl Schmitt e posteriormente utilizado por Agamben é
justamente a suspensão da ordem jurídica por meio da instauração de uma ordem não jurídica
que revela a pureza do elemento formal da decisão soberana – a qual ainda pertence ao âmbito
jurídico. O uso da ordem exceptiva para a prolação de uma decisão não jurídica é quase trivial
em âmbito penal, especialmente no exercício do poder estatal sobre espaços periféricos.
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O desmonte da legislação trabalhista brasileira no contexto do estado de exceção atual
Pedro Rodrigo Campelo Lima1
O propósito do presente trabalho é o estudo do processo de desmonte pelo qual vem passando
a legislação trabalhista brasileira no contexto do Governo Temer. A leitura que se faz é de que
tanto a Lei da Terceirização irrestrita (Lei n. 13.429) quanto as contrarreformas da
Previdência (PEC 287) e Trabalhista (Lei n. 13.467) cumprem com um mesmo objetivo no
cenário político-jurídico atual: buscam, a um só tempo, retirar direitos sociais conquistados
pelas brasileiras e brasileiros e beneficiar o capital especulativo internacional, que almeja
lucrar às custas da desigualdade social existente no país. Conquanto seja um fenômeno
presente no Brasil desde a década de 1990, verifica-se que tal processo tem se intensificado
nos últimos meses e sua execução tem exigido cada vez mais a adoção de medidas autoritárias
pelo Governo Federal. A pesquisa também expõe como as reformas exigidas pelo capital
financeiro, quando colocadas em prática em outros países, resultaram em perda de direitos
para a classe trabalhadora. Dessa forma, a partir das obras de Leda Paulani, Souto Maior e
Giorgio Agamben, busca-se demonstrar como, a despeito da aparente legalidade das
mudanças legislativas, estas se configuram como medidas de exceção que não atendem aos
interesses da classe trabalhadora brasileira e aprofundarão o caráter exploratório das relações
empregatícias no país. Ademais, o desmonte da legislação trabalhista brasileira atende
unicamente às vontades do capital financeiro, que se sustenta na lógica de concentração de
riquezas e da subjugação do Estado, sem qualquer compromisso com o desenvolvimento
social da nação. Como conclusões, propõe-se uma reflexão acerca da perda de direitos
fundamentais que as propostas legislativas representam para a sociedade brasileira e suas
consequências no que se refere à fragilização da condição das trabalhadoras e trabalhadores
diante do poder patronal.
Palavras-chave: Desmonte trabalhista. Estado de exceção. Contrarreformas.
1 Acadêmico do curso de Bacharelado em Direito na Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Endereço eletrônico: [email protected].
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Literatura em tempos de exceção: a idiossincrasia do espírito lírico contra a prepotência
das coisas na obra de Maria Valéria Rezende
Renata Cristina Sant‟Ana1
Considerando como traumáticas as experiências e situações que obrigam o ser humano a viver
à margem do que seria um cotidiano isento de tensões, vivenciando conflitos de ordem interna
e externa, a obra de Rezende (2014, 2016) coloca no centro da cena literária brasileira
contemporânea, personagens invisíveis e esquecidos, situados nas margens sociais e
geográficas do Brasil que vivenciam um mundo de exploração, dominação e injustiça que diz
muito sobre o projeto político e o modelo de sociedade que vem se construindo no Brasil ao
longo de sua história. Na esteira do debate sobre seletividade e abertura do campo literário
para novas vozes e temas, a ficção de Maria Valéria Rezende direciona o foco de suas
narrativas para questões políticas relacionadas aos grupos historicamente marginalizados do
país, a exemplo, as mulheres, os migrantes pobres, e os trabalhadores subempregados nas
zonas rurais e urbanas do país. Os discursos produzidos nos interstícios da experiência social
de suas personagens promovem a abordagem de temas caros aos estudos literários em nossa
época, tais como, a supervalorização dos bens de consumo produzidos e apresentados ao
público como sendo necessidade de primeira ordem, os excessos cometidos a favor do
desenvolvimento econômico nas sociedades e a uniformização da cultura resultante do avanço
desenfreado da técnica e dos interesses do mercado no mundo globalizado. Como
consequência desta ordem instituída pelo poder econômico, tem-se o grave processo de
decomposição social a que ficam submetidos os seres humanos que não conseguem adentrar
ao centro da engrenagem que movimenta o capitalismo, e que acabam sendo empurrados para
as margens do sistema, como um tipo de rejeito social que a própria sociedade cria e depois
precisa descartá-lo para que não haja evidência dos prejuízos, arbitrariamente, causados por
sua própria dinâmica. Frente a estas questões, interessa a este estudo discutir, à luz do
pensamento de Benjamin (1987), Debord (1987) e Adorno (2003), o engajamento literário nas
lutas por igualdade e justiça social, e o modo como a autora apresenta em suas obras, a ideia
de que somente através de um encontro verdadeiro e respeitoso com os indivíduos e grupos
1 Doutoranda em Letras - Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
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marginalizados da sociedade é possível pensar em alternativas para a transformação social e
possibilidades de resistência em tempos difíceis.
Palavras-Chave: Literatura, sociedade, política, estado de exceção.
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Onde mora o estado de exceção: um estudo sobre a liberdade para Rafael Braga
Roberta Amaral Damasceno1
A comunicação é em torno de um artigo que visa analisar os aspectos de exceção presentes na
sentença e condução do caso de Rafael Braga, bem como os aspectos criminológicos que
contextualizam a criminalização da pobreza e seletividade do sistema penal. O estudo
caminhará pelo pensamento de Agamben do estado de exceção com característica de
contiguidade dentro do estado de direito com a hipótese da presunção de inocência como
norma suspensa. Dentro do pensamento de Agamben (2004) a análise do caso de Rafael
Braga, tem similitude o pertencimento à zona limítrofe entre direito e política. Embora a
prisão como forma de punição seja por si uma opção política de pensamento sobre controle
social, iremos nos voltar também sobre como existem outras nuances elencadas como: a)
indeterminação da norma em relação a utilização da prova da fase do inquérito policial; c) a
validação maior da interpretação policial do material apreendido em confronto a análise
pericial. Além disso, cercar-se-á de uma base de criminologia crítica, para compreender a
própria ideia de controle penal, bem como a inversão de seus objetivos.
Frisa-se que a delimitação do artigo construirá algo no sentido da análise de aspectos
criminológicos que contextualizam a criminalização da pobreza e seletividade do sistema
penal. Assim há um percalço sobre transbordamento do alvo do sistema penal se espraiando
pelo território estigmatizado que pode-se tornar mais latente a análise de Vera Andrade (2014)
sobre a crise de legitimidade do sistema penal. Corroborando a esse raciocínio é construído a
pergunta acerca da ideia de ordem que perpassa tanto o conceito de Estado quanto a
argumentação jurídica que circunda a gramática de poder.
É questionado a possibilidade do local de oposição à ordem ser contorcido para servir como
repressão. O quanto a defesa da ordem, ganhando contorno meta-espacial e meta-temporal, se
potencializa em um conceito metafísico (BERGALLI et al, 2015). Que ordem seria essa que
ao mesmo tempo em que se faz presente é tão abstrata. O inimigo da ordem atravessa até
mesmo os conceitos de nacionalidade, e deixa o pertencimento como um legado exclusivo
daqueles que se submetem a ordem. Assim a conduta é afastada de uma defesa do território
1 Mestranda em Direito da UFRJ – Linha Direitos Humanos, Arte e Sociedade
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
nacional, enquanto se aproxima da defesa de um funcionamento desejável ao Estado e atribui
nisso territorialidades dentro do próprio território.
O problema a ser indagado neste trabalho seria: Que aspectos de exceção estariam presentes
na sentença e condução do caso de Rafael Braga? Embora se debruce sobre as evidências e
laudos presente nas peças processuais disponíveis sobre o caso de Rafael Braga, a presente
análise se guia principalmente pelo Estado Democrático de Direito garantido pela
Constituição Federal de 1988. Portanto enquanto existir dúvidas acerca da autoria de uma
conduta deve-se sempre preservar a inocência do sujeito ao processo. Assim também a
escolha do título adentra a inspiração de Agamben quando diz: “Se [...] a terminologia é o
momento propriamente poético do pensamento, então as escolhas terminológicas nunca
podem ser neutras” (AGAMBEN, 2004, p.15).
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Democracia e responsabilidade ambiental na mineração: uma relação conflituosa
Sergio Marcos Carvalho de Ávila Negri1
Elora Raad Fernandes2
A mineração é, inexoravelmente, uma atividade predatória. Predatória no sentido mais
originário da palavra: está intrinsicamente ligada à predação, à retirada. A mineração retira
vidas, cenários, territórios, o meio ambiente e a cultura tradicional. A mineração viola
múltiplos direitos humanos e, não obstante, é considerada como símbolo do desenvolvimento
nacional. A estratégia do neodesenvolvimentismo tem o crescimento econômico como
sinônimo de desenvolvimento e, como foco, a inserção do país na rede internacional, o que
liga, cada vez mais, Estado e mercado. E essa estratégia, no caso brasileiro, está diretamente
relacionada ao neoextrativismo, à reprimarização da economia. O neoextrativismo, a partir de
Eduardo Gudynas, é tido como um modelo de desenvolvimento baseado na apropriação de
recursos naturais em redes produtivas pouco diversificadas, na qual o Estado se legitima a
partir da apropriação e da redistribuição de parte da renda gerada. Neste modelo, percebe-se
uma verdadeira relação simbiótica entre Estado e mercado, em que um não existe sem o outro,
relação esta que Sheldon Wolin denomina de Superpoder, caracterizado como antítese do
poder constitucional. A democracia do Superpoder, para Wolin, é um verdadeiro oximoro, de
maneira que, aquela hoje vigente é caracterizada como democracia guiada, uma democracia
que faz com que os cidadãos sejam vistos como consumidores; como receptores e não atores,
facilmente passíveis de manipulação. Para Ellen Wood, inclusive, a desvalorização da
cidadania decorrente das relações sociais capitalistas é atributo essencial da democracia
moderna, por ser necessário ceder espaços de decisão ao poder econômico. A partir desse
cenário, o presente trabalho busca compreender uma eventual incompatibilidade entre a
democracia e o sistema de certificação de responsabilidade ambiental no caso das
mineradoras. Para tal, é necessário analisar os pressupostos democráticos desenvolvidos pelos
autores anteriormente citados e a forma como, hoje, essa certificação é concedida pelo
1 Doutor em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor Adjunto do Departamento de
Direito Privado da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Corpo
Permanente do Programa de Pós-Graduação Estrito Senso em Direito e Inovação da Faculdade de Direito da
UFJF. 2 Mestranda em Direito e Inovação da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
mercado. Acredita-se que tal incompatibilidade pode ser identificada a partir da existência de
um estado de exceção econômico permanente. Uma vez que, na sociedade atual, quem decide
sobre a exceção – isto é, acerca da suspensão da ordem jurídica constitucional, principalmente
dos direitos fundamentais - é o poder econômico e assumindo-se a existência da democracia
guiada, difícil se faz reconhecer que as decisões relativas à viabilidade ambiental de um
empreendimento possam ser democráticas, sendo essas tomadas majoritariamente pelo
mercado.
Palavras-Chave: Estado de exceção econômico. Certificação ambiental. Mineração.
Democracia guiada.
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
Trans a-bandonadas às ruas: o campo destinado àquelas que não se inserem na
cisheteronormatividade
Thiago César Carvalho dos Santos1
Os corpos sociais derivam das normas de gênero e sexualidade, pautadas na binaridade
masculino/feminino, macho/fêmea, as quais se operam na cultura, na sociedade, na política e
no direito. Sendo assim, quaisquer corpos que destoem desses padrões da chamada matriz
cisheteronormativa são relegados à marginalidade e expostos à violência e a morte. Por sua
vez, a prostituição há muito representa uma ameança à ordem social, eis que expõe uma série
de incongruências e inconveniências sociais, familiares e religiosas, as quais assolam a
sociedade burguesa. É a partir dessas verificações que o presente estudo se inicia, com o
objetivo de analisar o contexto de a-bandono das pessoas transgêneros, notadamente travestis
e transexuais, que se prostituem no cenário brasileiro, de modo a demonstra a suspensão da
condição de cidadão e ser humano. Paulo Martins (2016, p. 236) aponta que quase que a
totalidade da população trans se aloca dentro do mercado da prostituição em decorrência da
falta de oportunidade e das violências sofridas dentro do mercado de trabalho “convencional”.
O estudo foi desenvolvido por meio de uma revisão de literatura narrativa, com a tomada de
textos referência para a proposta analítica do trabalho. Foi realizada uma pesquisa com busca
de dados bibliográficos e análise crítica da literatura selecionada, com especial atenção à obra
Homo sacer: o poder soberano e a vida nua de Giorgio Agamben e os estudos acerca das
realidade da prostituição trans no Brasil. Nesse sentido, a prostituição, relegado à noite e às
ruas, configura o espaço destinado às trans prostitutas, espaço em qual são a-bandonadas por
suas famílias e pela sociedade. Esses espaços públicos, se apresentam como “territórios do
medo e da segregação, onde a rua torna-se um local dos mais hostis, acontecendo, diariamente
brigas, assaltos e assassinatos” (RIBEIRO, MATTOS, 1996, p. 74). Desta forma, as ruas
acabam por se revelar a verdadeira representação do campo de concentração identificado por
Agamben, espaços de constante produção da vida nua. Assim, essas vidas trans apresentam
situadas socialmente, juridicamente e espacialmente na exceção da norma, indeterminadas;
1 Cursando Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Constitucional pelo Instituto Elpídio Donizetti. Especialista
em Advocacia Cível pela Escola Superior de Advocacia da OAB/MG. Bacharel em Direito pela PUC Minas.
Advogado. E-mail: [email protected]. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1735005058470375.
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
trata-se de vidas presas ao bando soberano – abandonadas e remetidas a si mesmas. Tal
condição concreta, e não mais virtual, de vida nua pessoas trans que se prostituem nas ruas,
significa relegá-las a mercê dos demais indivíduos, os quais promovem agressões em
diferentes patamares, sem qualquer sanção. Mesmo dos casos em que essas pessoas procuram
auxílio no poder público, na tentativa de denunciar a ocorrência, elas podem sofre novos
incidentes de violência psicológica ou simbólica dentro dos espaços estatais. Assim, o Estado,
como poder soberano, ainda que não criminalize a prostituição, se abstém de lhes oferecer
segurança, e até mesmo considera as prostitutas, e em especial as travestis, um perigo social.
Desta forma, instaura-se o estado de exceção destinado ao extermínio, à repreensão ou mesmo
à higienização, dessas pessoas da sociedade, eis que se representam ameaças constantes à
moral e à cisheterossexualidade, aos bons costumes, à saúde pública (estigma das doenças
sexualmente transmissíveis).
Palavras-Chaves: Transgêneros. Prostituição. Vida nua. Campo de concentração. Estado de
Exceção.
REFERÊNCIAS
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GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
Estado de exceção e democracia radical: considerações críticas sobre os eventos político-
jurídicos em curso na Catalunha
Viviane Madureira Zica Vasconcellos1
Este trabalho aborda a noção de estado de exceção, teorizada por Carl Schmitt, e retomada por
Walter Benjamin e Giorgio Agamben, e visa a apontar pontos de fuga que remetam a outras
formas de normatividade, à produção de novas subjetividades e à possibilidade de irrupção de
uma democracia radical. Trata-se de expor a estrutura tipológica do estado de exceção, assim
como a incidência do elemento exceptivo em diversas instâncias: filosóficas, linguísticas,
políticas e jurídicas. Note-se que Schmitt define o estado de exceção como o problema por
excelência da filosofia política, ao tomar o conceito de soberania como fulcro de sua reflexão
sobre as relações existentes entre política e direito. Abarcando essa problemática inscrita nas
elaborações teóricas de Schmitt e Benjamin, Agamben reafirma a concepção de estado de
exceção como elemento constitutivo da ordem jurídica, em sua afinidade com a decisão
política soberana, dado que a lógica inclusivo-exclusiva conforma, estruturalmente, o direito,
consistindo, também, em uma prática normal de governo. Nas “Teses sobre o conceito de
história”, Benjamin trata de questões como: a noção de estado de exceção como regra, a teoria
da história como catástrofe e a crítica às noções de progresso e domínio da natureza. Ele
questiona a base epistemológica da historiografia tradicional, de caráter representacionista,
cuja concepção de tempo homogêneo e vazio, cursivo e linear, corresponderia à noção de um
progresso inevitável. Conforme descrito na sétima tese, o historiador materialista deveria
“escovar a história a contrapelo”, trazendo à tona a história dos oprimidos, em contraposição à
narrativa oficial, que expressa a perspectiva dos vencedores. Por sua vez, na oitava tese,
Benjamin propõe a instauração do estado de exceção efetivo cuja radicalidade destruiria a
própria base sobre a qual o soberano poderia reinar. Em sintonia com essas concepções
teóricas e no intuito de investigar as potencialidades de insurgência de uma democracia
radical, entendida não como democracia direta, mas como democracia não-representativa,
propõe-se uma análise crítica dos atuais eventos político-jurídicos, deflagrados na Catalunha,
em torno do referendo concernente à sua independência em relação ao governo central
1 Doutora e Mestra em Letras e graduada em Direito e Filosofia, pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-
mail: [email protected].
GT Estado de exceção II Coordenação: Ana Suelen Tossige Gomes e Bruno Bicalho Lage Silva
espanhol. Para tal, retoma-se as considerações de Andityas Matos sobre as contradições
internas presentes nas formulações do liberalismo econômico, especialmente no que diz
respeito a certos dispositivos, tais como soberania e voto, a demonstrar que tal doutrina não se
sustenta em termos jurídico-políticos. Ressalte-se que as manifestações públicas,
protagonizadas pelos catalães, assentam-se nos referidos dispositivos, o que expõe, de um
lado, a estreita ligação dessas ações políticas com a democracia representativa e, de outro, a
reiteração do estado de exceção permanente. Assim, cabe à filosofia crítica do Direito atentar
para a força biopolítica afirmativa, inscrita nesse contexto agônico, assim como a
possibilidade de formação de subjetividades desobedientes de fato, de modo que a exceção se
evidencie como exceção. Na perspectiva benjaminiana, o “Kairós”, a saber, o momento
oportuno, propicia o rompimento do fluxo causalista e progressivo da história e a abertura,
pela via disruptiva, de possibilidades de criação de formas políticas novas e de um direito por
vir.
Referências bibliográficas básicas
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poletti. São Paulo: Boitempo, 2004.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: ______. Magia e técnica, arte e política: ensaio sobre
literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Romanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, pp. 222-232.
GOMES, Ana Suelen Tossige. O direito no estado de exceção efetivo. Belo Horizonte: Plácido, 2017.
MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. Intervenção realizada no Debate preparatório para o II Seminário
Internacional do Grupo de Pesquisa “O estado de exceção no Brasil contemporâneo”: Separatismo?
Independência? Democracia?: o que está ocorrendo na Catalunha? Belo Horizonte, Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, 14 de novembro de 2017.
MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. Filosofia radical e utopia: inapropriabilidade, a-narquia, a-nomia.
Rio de Janeiro: Via Vérita, 2014.