Glomerulonefrite Anti-MBG
Marcel R. B. OliveiraMédico Residente Nefrologia – HCFMRP/USP
Dr. Osvaldo M. Vieira NetoDivisão de Nefrologia – Departamento de Clínica Médica - HCFMRP/USP
Prof. Dr. Roberto S. CostaDepartamento de Patologia – FMRP/USP
Glomerulonefrite Anti-MBG
INTRODUÇÃO:
– A doença por anticorpo anti-MBG é caracterizada pela presença de anticorpos circulantes dirigidos contra antígenos da membrana basal glomerular, resultando em glomerulonefrite aguda tipicamente associada a formação de crescentes.
Glomerulonefrite Anti-MBG
INTRODUÇÃO:
– Cerca de 20% dos casos de glomerulonefrite crescêntica são devidos à presença de anticorpo anti-MBG como mecanismo inicial de lesão
– Acomete principalmente homens, com pico de incidência na terceira e na sexta décadas de vida
Glomerulonefrite Anti-MBG
PATOGÊNESE– Domínio NC1 da cadeia 3 do colágeno tipo IV:
principal alvo do anticorpo anti-MBG
– Estes anticorpos representam aproximadamente 1% do IgG circulante nestes pacientes
– Modelos em animais sugerem que células T auto-reativas também possam contribuir para o desenvolvimento da doença por Ac anti-MBG
Glomerulonefrite Anti-MBG
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
– Glomerulonefrite rapidamente progressiva: insuficiência renal aguda em graus variados, proteinúria (em níveis não-nefróticos), dismorfismo eritrocitário, leucocitúria e cilindrúria
– Em 60 a 70% dos pacientes ocorre comprometimento pulmonar com hemorragia alveolar (Síndrome de Goodpasture)
Glomerulonefrite Anti-MBG
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
– Comprometimento pulmonar: dispnéia, tosse, hemoptise franca, infiltrados pulmonares (Rx tórax).
– Mal-estar, febre, perda ponderal e artralgia estão tipicamente ausentes. Quando ocorrem, sugerem a presença de vasculite.
Glomerulonefrite Anti-MBG
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
– Pode estar associada a comprometimento pulmonar prévio em número pequeno dos casos (DPOC e infecções)
– Pode recorrer em 5 a 10% dos transplantes renais nos pacientes que tem história de nefrite hereditária
Glomerulonefrite Anti-MBG
GENÉTICA
– HLA-DRw15 e DR4: susceptibilidade aumentada
– HLA-DR1: risco menor
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DIAGNÓSTICO:
– Biópsia renal: depósitos lineares de IgG em capilares glomerulares e ocasionalmente nos túbulos; em raros casos, podem ser encontrados depósitos lineares de IgA ou IgM
– Anticorpos anti-MBG: detectados por ELISA ou imunofluorescência indireta
– p-ANCA positivo em 10 a 38% dos casos
Glomerulonefrite Anti-MBG
Glomerulonefrite Anti-MBG
Glomerulonefrite Anti-MBG
TRATAMENTO:
– Plasmaferese
– Prednisona
– Ciclofosfamida
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PLASMAFERESE:
– Diariamente ou em dias alternados, troca de 4000 ml com albumina, por 2 a 3 semanas ou até resolução de hemoptise ou negativação dos títulos de Ac anti-MBG
– Se infecção severa durante tratamento com plasmaferese, Imunoglobulina EV 100 a 400 mg/Kg
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PREDNISONA:
– Metilprednisolona 30mg/Kg/dia (máx 500 a 1000 mg/dia) durante 3 dias, seguido por:
– Prednisona 1mg/Kg/dia (máx 60 mg/dia), diminuída após remissão para 20mg/dia (em 3 semanas). Manter esta dose por 6 semanas e diminuir gradativamente ao longo dos próximos 6 meses, até descontinuação.
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CICLOFOSFAMIDA:
– Dose:2 mg/Kg/dia por 2 a 3 meses
Glomerulonefrite Anti-MBG
BIBLIOGRAFIA:
– Kalluri, R, Wilson, CB, Weber, M, et al. Identification of the alpha-3 chain of type IV collagens the common autoantigen in antibasement membrane disease and Goodpasture syndrome. J Am Soc Nephrol 1995; 6:1178.
– Pusey, CD. Anti-glomerular basement membrane disease. Kidney Int 2003; 64:1535.
– Denton, MD, Singh, AK. Recurrent and de novo glomerulonephritis in the renal allograft. Semin Nephrol 2000; 20:164.