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Jornal Valor --- Página 13 da edição "05/11/2012 1a CAD B" ---- Impressa por lmmorresi às 04/11/2012@19:06:43

Segunda-feira, 5 de novembro de 2012 | Valor | B13

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 5/11/2012 (19:6) - Página 13- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Ag ro n e g ó c i o s

Argentina volta a travar entrada de carne suína brasileiraC o m é rc i oCesar FelícioDe Buenos Aires

O limão siciliano é o culpado domomento em novo impasse nas ex-portações de carne suína brasileirapara a Argentina. O governo argen-tino voltou a suspender a emissão dedeclarações juradas de antecipaçãode importação (DJAI), documentocriado em fevereiro que, na prática,significa uma autorização caso a ca-so para as compras do país no exte-

rior. O problema será discutido en-tre técnicos dos dois governos no dia8, em São Paulo. Do lado brasileirodeverá participar da reunião a secre-tária de Comércio Exterior, TatianaPrazeres. Pela Argentina, estará a se-cretária de Comércio Exterior, Bea-triz Paglieri, ou o secretário de Co-mércio Interior, Guillermo Moreno.

Em outubro, a venda de carne suí-na do Brasil para a Argentina foi de2.370 toneladas (US$ 8,1 milhões),piso desde junho, e só se mantevenesse patamar porque os importa-dores ainda estão utilizando DJAIs

emitidas em julho e agosto. Em se-tembro, foram 3.269 toneladas.

No governo brasileiro, a expecta-tiva é que a partir de novembro asexportações se reduzam a ponto devoltar a afetar o abastecimento in-terno na Argentina. O país atendeapenas 80% de seu consumo aparen-te de 360 mil toneladas e o Brasil é aorigem de 85% das importações.

“Só as indústrias brasileiras insta-ladas na Argentina conseguem li-cença para importar do Brasil, por-que também são exportadoras. Osexportadores de menor porte, so-

bretudo no Rio Grande do Sul, nãoconseguem fechar novas remessas”,disse Pedro de Camargo Neto, dire-tor executivo da Abipecs, que reúneos exportadores brasileiros da área.

Segundo integrantes do governobrasileiro, o secretário de ComércioInterior da Argentina, GuillermoMoreno, teria alegado a importado-res que o Brasil descumpriu promes-sa feita em junho de voltar a permitira entrada de limões sicilianos noBrasil. O limão siciliano é produzidoem uma única Província da Argenti-na, Tucuman, e é pouco consumido

no Brasil. Em 2011, a Argentina ven-deu US$ 17 milhões em limão para omercado brasileiro. Neste ano, nada.

Mas os próprios negociadoresbrasileiros suspeitam que a defesadas exportações argentinas de limãoseja um pretexto. A razão é a poucarelevância do negócio. A venda de cí-tricos argentinos ao Brasil em 2011 édez vezes inferior ao que o mercadobrasileiro adquiriu em peras e ma-çãs da Argentina apenas este ano.

No início de outubro, o ministrobrasileiro da Agricultura, MendesRibeiro, se reuniu com o embaixa-

dor argentino em Brasília, Luis Ma-ria Kreckler, para anunciar um acor-do para destravar o comércio. Nele, oBrasil se comprometeu a revogarportarias que afetavam o comérciode peras e maçãs e acelerar as análi-ses técnicas para a reabertura domercado de cítricos aos argentinos.

O comércio já esteve travado defevereiro a junho, e chegou a se resu-mir a 94 toneladas vendidas emmaio. Os problemas com a carne suí-na brasileira voltaram em setembro,com a resistência do Brasil em abriro mercado a crustáceos argentinos.

.Pe s q u i s a s Trabalho na área, iniciadoem 2010, deve começar a dar frutos

IAC já negociaparceria paraprograma decafés especiais

LUIS USHIROBIRA/VALOR

Segundo Gerson Giomo, algumas empresas já demonstraram interesse no modelo do projeto e uma multinacional está prestes a fechar parceria com o IAC

Carine FerreiraDe Campinas (SP)

Uma nova onda de desenvolvi-mento de variedades de café come-çou a ganhar corpo no InstitutoAgronômico de Campinas (IAC). Ofoco é produzir materiais com carac-terísticas sensoriais distintas, comênfase em aroma e sabor, que po-dem ser obtidos a partir de um ban-co de germoplasma com plantas ori-ginais de diversos países que permi-te cruzamentos com variedades jáexistentes no mercado. Criado em2010, o programa deve ganhar embreve seu primeiro parceiro.

As características desejadasnão serão definidas pelos pes-quisadores, mas por empresas li-gadas ao segmento. A intenção éfazer parcerias para ajudar a fi-nanciar os estudos e conseguirmelhores sabores e aromas ain-da não encontrados no mercado.

O novo modelo também tendea significar menos tempo para olançamento de uma cultivar —para entre dez e 12 anos, ante cer-ca de 30 anos com o melhora-mento genético tradicional.

“A ideia é produzir um cafée x ó t i c o”, explica Gerson SilvaGiomo, pesquisador científicodo IAC e coordenador do novoprojeto, intitulado “ProgramaIAC de Cafés Especiais”. Algumas

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Foco das pesquisas conduzidas pelo IAC está na obtenção de cafés exóticos

empresas já demonstraram inte-resse no modelo do projeto euma multinacional está prestes afechar parceria com o IAC.

O objetivo é oferecer alternativasao mercado, de certa maneira mui-to uniforme em termos de qualida-de, já que as duas variedades maiscultivadas no país — a Mundo Novoe a Catuaí — são “parentes” e têmmuitas semelhanças genéticas.

Por muitos anos, o foco naspesquisas de novas variedades decafé sempre foi produtividade eresistência a doenças. Por isso,desde a década de 1930 —quan -do começou o pioneiro progra-ma de melhoramento genéticode café do IAC—, foram registra-das no Ministério da Agricultura63 cultivares do grão com essascaracterísticas. Expertise querendeu ao IAC o domínio do cul-tivo. O instituto acredita que cer-ca de 90% do parque cafeeiro doBrasil utiliza suas cultivares.

A necessidade de se investir emvariedades com características dequalidade vem de uma espécie de“s a t u r a ç ã o” de formas de manejo ecuidados pós-colheita adequadospara a produção de café especial egourmet. Giomo analisa que, apartir de um certo ponto desse ma-nejo não é mais possível avançar.

Novos híbridos devem ser for-mados a partir do cruzamento

de variedades já usadas com ou-tras provenientes do banco degermoplasma (conjunto de ge-nótipos, neste caso de plantasnativas de diferentes países).

Os materiais foram coletadosem seu estado selvagem, sem ma-nipulação do homem. “Quere -mos a planta o mais original pos-sível para ver a sua qualidade”.

Esse banco do IAC foi formadoaté a década de 1960 com a aqui-sição de sementes de cafeeiros ori-ginais da Etiópia (berço do caféarábica), Quênia, Tanzânia, Ugan-da, Costa do Marfim, Índia, Co-lômbia etc. Na época, havia inte-resse em trazer materiais de prati-camente o mundo todo, diante depouca variabilidade genética parase fazer o melhoramento no Bra-sil. A FAO, braço das Nações Uni-das para agricultura e alimenta-ção, patrocinava expedições parabuscar material genético.

Algumas plantas vindas de ou-tros países estão cultivadas emseu estado original na fazenda do

IAC em Campinas. Outras já fo-ram melhoradas geneticamente.Nas contas do pesquisador, exis-tem cerca de 300 variações com ogermoplasma existente, conside-rado o mais completo do Brasil.

Já existem de dez a 12 híbridoscom possibilidade inicial de seremcolocados em campo. Se a parceriacom a empresa for fechada aindaneste ano, em 2013 começa o plan-tio. Em uma média de seis anos épossível fazer o registro do material,mas para chegar ao produtor podelevar mais três ou quatro anos. Já nosexto ano, a empresa pode usar oproduto em um microlote.

O orçamento necessário para oprojeto inicial é em torno de R$ 1 mi-lhão por ano. Além dos recursos es-taduais, as empresas poderiam com-partilhar recursos que seriam inves-tidos por meio de fundações. A ideiainicial, diz Giomo, era conseguir vá-rias empresas adeptas a esta ativida-de de risco. “Por que não essas em-presas investirem junto com a gente,dividindo riscos e benefícios?”.

Uma nova gestão em construção para o institutoDe Campinas

Fundado por D. Pedro II, o Ins-tituto Agronômico de Campinas(IAC) foi inaugurado em 1887com a denominação de “ImperialEstação Agronômica de Campi-nas”. Surgiu para dar suporte àcafeicultura, mas atualmente sededica a várias frentes. Foram es-tabelecidos cinco programasprioritários de pesquisa: bioe-nergia, segurança alimentar, sus-tentabilidade, mudanças climá-ticas e produtos inovadores.

O diretor-geral do IAC, Hamil-ton Humberto Ramos, que assu-miu o cargo há um ano e meio,desenha uma nova gestão. O or-çamento da instituição na inter-net deverá estar disponível até o

fim deste ano. Além do orçamen-to, o foco também está na gestãoem pesquisa, cujas metas já po-dem ser acompanhadas online.

Com qualidade científica reco-nhecida internacionalmente, oIAC tem de melhorar sua imageminstitucional, segundo Ramos. Aolongo desses 125 anos de ativida-des, o instituto desenvolveu 900variedades de 66 espécies de plan-tas. O feijão mais consumido nopaís — o carioca— é resultado depesquisas do IAC e variedades demandioca do órgão ocupam cercade 80% das lavouras em São Paulo eMinas, entre outras conquistas.

O orçamento não constitui oprincipal problema para a insti-tuição, conforme o diretor-geral.Segundo ele, de 2007 a 2011

houve um aumento de 53% dovolume de recursos estaduaispara o IAC, a maior instituiçãoda Apta (Agência Paulista deTecnologia dos Agronegócios).

Mas, de 2011 para 2012, houveredução de R$ 5,85 milhões paraR$ 4,85 milhões, sem considerargastos com pessoal. A iniciativaprivada e fundações contribuíramcom R$ 16,18 milhões este ano, an-te R$ 16,41 milhões em 2011. So-mando com a verba das agênciasde fomento, como CNPQ, Fapesp, ecom o fundo constituído por meioda comercialização de sementes, oorçamento para este ano é estima-do em R$ 29,54 milhões, queda de2,8% sobre 2011. Para as despesascom pessoal, o Estado arca comcerca de R$ 30 milhões ao ano.

O maior gargalo do IAC, naavaliação do diretor-geral, é a fal-ta de pesquisadores. “É precisoconcursos mais frequentes pararecompor nosso quadro”, afirma.O último concurso para pesqui-sador foi realizado em 2003, comnomeação a partir de 2005. Em1991 eram 231 pesquisadorescientíficos contra 170 este ano. Ameta é voltar a ter 230 profissio-nais dedicados à pesquisa. “Masnão é nada insolúvel, é possívelfazer a gestão”, acredita.

Atualmente, existem 457 pro-jetos de pesquisa em andamentona instituição, sendo 190 (41,5%do total) bancados por agênciasde fomento. O restante é mantidopela iniciativa privada e por re-cursos do Tesouro Estadual. (CF)

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Hamilton Ramos, diretor-geral do IAC: melhora da imagem institucional

va l o r .com.br

C i t r i c u l t u raGreening preocupa produtores de laranja

Tr i g oUcrânia já exportou 4,1 milhões de toneladas

Quase 7% do parque citrícola deSão Paulo, o maior do mundo,registra a presença da doençaconhecida como greening, a maiorgrave do segmento. Olevantamento é do Fundo deDefesa da Citricultura(Fundecitrus), O resultadopreocupa, já que representa um

aumento de quase 83% em relaçãoao ano passado. Há pelo menosuma árvore infectada comgreening em 64,1% dos talhões,20% a mais que em 2011. Cadatalhão é formado, em média, por 2mil árvores de laranja.

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As exportações de trigo da Ucrâniachegaram a 4,125 milhões detoneladas do início da safra, em 1ºde julho, e 1º de novembro, divulgoua Confederação Agrária daUcrânia. Funcionários do governoucraniano ventilaram que, se asexportações chegassem a 5milhões de toneladas, seriam

proibidas. Mas o vice-ministro daagricultura, Ivan Bisyuk, afirmouque não há planos para isso.Segundo a confederação, asexportações de grãos do paísatingiram recorde mensal emoutubro (2,9 milhões de toneladas).

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