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Page 1: GCF Magazine November 2014

gcfmagazineA PROTEGER A INOVAÇÃO

DESDE

Notícias e curiosidades na área da Propriedade Intelectual2ª Edição. 11 de Novembro de 2014

SABIA QUE...A marca Adobe tem a sua origem no Adobe Creek, um pequeno ribeiro que atravessa Los Altos Hills, Los Altos e Palo Alto, to-das cidades da Califórnia, EUA. Ambos os funda-dores da empresa traba-lhavam em Palo Alto, e ao que parece, ambos viviam junto ao ribeiro Adobe Creek.

Segundo algumas publi-cações, a marca visual de Stella Artois é a que tem as origens mais antigas a nível global, tendo deta-lhes na sua imagem que datam desde 1366.

#1 “Não vale a pena investir em direitos de propriedade industrial: o meu negócio é pequeno.”

Em Portugal, cerca de 99% do tecido em-presarial é constituído por pequenas e mé-dias empresas. Mas negócio pequeno não é sinónimo de pequenas ideias ou ambições, antes pelo contrário.

A sua empresa pode não ser única naquilo que faz, pode até nem ter sido a primeira a fazê-lo. Mas é certamente única no modo como desenvolve a sua actividade e se posi-ciona junto dos clientes. Ao não investir na protecção dos factores de diferenciação do seu negócio, estes sujeitam-se a ser copia-dos facilmente pela concorrência, o que leva a uma perda de competitividade.

As patentes de invenção, o registo de marcas ou o registo de design inovador são mecanismos que garantem de forma mais imediata a exclusividade e o factor de dife-renciação do seu negócio.

#2 Não divulgue a sua invenção antes de tempo

As invenções de produto ou processo po-dem ser protegidas por patente desde que sejam 1) novas, 2) contenham actividade in-ventiva e 3) tenham aplicação industrial. Os três requisitos de patenteabilidade são cu-mulativos, e por isso importa tê-los sempre presentes perante uma inovação que se julga que pode valer a pena patentear.

A novidade da invenção perde-se no mo-mento em que a informação respectiva tiver sido divulgada de modo a permitir um téc-nico da especialidade desenvolver a inven-ção com base nessa informação no momen-to do pedido de patente. Divulgações deste tipo de informação em artigos, congressos ou apresentações públicas, feiras, ou através da comercialização do produto que integra a invenção põem em causa a novidade da in-venção e, consequentemente, podem ser um impedimento à sua patenteabilidade.

Antes de divulgar a invenção, informe-se sobre a melhor forma de proteger o seu in-vestimento e o seu trabalho.

1. A informação contida nesta rubrica e as si-tuações nela descritas são de carácter geral e não constituem nem dispensam uma análise adequada a cada caso concreto. 2. Dados do INE, de 2010

Inês Amaral Rodrigues, Advogada

Not to do list

No próximo dia 19 de Novembro, das 9h às 18h, vamos estar presentes no “Fórum Por-tugal Exportador 2014”, no Centro de Con-gressos de Lisboa onde, para além de nós, diversas entidades se oferecem para poten-ciar as melhores estratégias de exportação aos visitantes.

Das 16h30 às 17h15 a nossa colaboradora Dra. Margarida Martinho do Rosário será a moderadora do “Café temático” subordina-do ao tema “A Marca como factor de sucesso na Exportação”.

A entrada é gratuita, mas sujeita a ins-crição através do site www.clubeportugalexportador.aip.pt.

Fica o convite para visitar o nosso exposi-tor e contactar com alguns dos nossos co-laboradores que poderão auxiliar nas suas questões.

De acordo com o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), 2014 está a caminho de vir a constituir-se como o melhor ano de sem-pre em termos de novos pedidos de direitos de PI. Quando comparado com o ano de 2013, 2014 registou um aumento de 22% nos pedidos de mar-ca, um aumento de 27% nos pedidos de design e um aumento de 12% nos pedidos de invenção (patente e modelo de uti-lidade).

Neste número da GCF Magazine dá-se início a uma rubrica que pretende aler-tar para alguns erros comuns em matéria de direitos de propriedade industrial, e para os riscos e perigos que estes acarretam . Fale connosco. A nossa equipa está sempre pronta para analisar cada caso e ajudar a evitar estes e outros erros.

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gcfmagazine Notícias e curiosidades na área da Propriedade Intelectual2ª Edição. 11 de Novembro de 2014

A inovação e a internacionalização são, sem dúvida, dois temas muito abordados ac-tualmente e com os quais os media nos inun-dam diariamente, sendo difícil abordar um sem abordar o outro. Mas que impacto têm na vida de uma empresa? Na verdade, inovação e internacionalização são conceitos ligados entre si através de um mecanismo de casu-alidade cumulativa. Quanto mais inovadora uma empresa for, maior será a capacidade competitiva no mercado onde actua e, con-sequentemente, mais facilmente terá opor-tunidade de se internacionalizar. Por outro lado, uma empresa solidamente internacion-alizada, inserida em meios organizacionais e tecno-logicamente mais ino-vadores, terá maior possi-bilidade de inovar naquilo que produz, na medida em que o contacto privile-giado que tem com outras realidades lhe permitem absorver, desenvolver e implementar as inovações prosseguidas.

É por isso que em-presários e gestores por-tugueses estão cada vez mais fiéis à máxima “quem não inova desa-parece”, pois é desta forma que conseguem afirmar-se em “velhos” e “novos” mercados e recuperar financeiramente.

Porém, a internacionalização de uma em-presa deve ser bem ponderada e com uma estratégia bem definida e não apenas porque se possui momentaneamente uma situação financeira confortável.

É fundamental traçar objectivos e definir estratégias e, depois da entrada num mer-cado estrangeiro, a avaliação constante dos objectivos é imprescindível para que se conclua se o modelo de internacionali-zação adoptado se traduz em cash-in ou se é necessário, entre outros factores, reavaliar se os produtos com os quais se concorre de-vem ser adaptados às necessidades locais ou totalmente alterados.

Independentemente de ser uma grande, pequena ou média empresa, o desafio da internacionalização é permitido a qualquer uma, sendo certo que maior sucesso terá aquela que comercializar produtos de maior qualidade e mais inovadores. Para além da inovação, existem outros factores de com-petitividade críticos e incontornáveis como sejam, por exemplo:

• odesign–“atraente”aoconsumidor

alvo dos produtos disponibilizados;• a marca – sólida e reconhecida de

forma positiva ajudando assim a captar o in-teresse de novos consumidores;

• osrecursoshumanos–quedeverãoter qualificações acima da média da con-corrência directa por forma a obter diferen-ciação positiva, resultando em melhor I&D, logo, maior capacidade de inovação e pers-pectivas de internacionalização com suces-so.

Presentemente, são as tecnologias de informação, dos serviços e da saúde que surgem como as principais áreas em que

Portugal mais inova. Con-tudo, muitas outras exis-tem e que podem ser ex-ploradas.

Apesar de Portugal ter poucas empresas e marcas mundialmente conhecidas, existem algumas que es-tão bem implantadas no mercado internacional. É o caso do Mateus Rosé, da Corticeira Amorim, da Sovena, da EFACEC, da Hovione e da RENOVA. Esta última, devido à sua

persistência e inovação conseguiu entrar em vários mercados tendo sido alvo de um case-study e vencedora de um prémio inter-nacional, onde se analisou a capacidade in-ventiva desta empresa e a distância para os seus concorrentes com a inovação dos seus produtos e estratégias ousadas de comuni-cação e marketing.

Por último, um breve apontamento para o facto de a crise económica/financeira que Portugal atravessa desde aproximadamente 2008, ter impulsionado a necessidade de inovação e de internacionalização de peque-nas e micro empresas. Para tal, contribuiu a menor liquidez por parte dos consumidores e consequentemente a retracção do con-sumo interno, a dificuldade de criação de novos negócios que não se traduzissem em cash-out e ainda uma forte necessidade de se destacarem da concorrência.

Poderemos, então, concluir que este binó-mio internacionalização/inovação é uma questão de sobrevivência (e não de “mo-das”) que poderá ser uma boa saída para a crise, devendo ser encarado como uma me-dida a tomar por todas as empresas que pre-tendam manter-se num mercado cada vez mais exigente e fortemente concorrencial.

Alexandra Paixão, Advogada / AOPI

Inovação e internacionalização: uma questão de moda ou de sobrevivência?

“O desafio da inter-nacionalização é permitido a qualquer empresa, sendo certo que maior sucesso terá aquela que co-mercializar produtos de maior qualidade e mais inovadores.”

Para dar o exemplo, e porque gostamos de acompanhar as tendên-cias no mundo das mar-cas e do marketing, desenvolvemos algo inovador no nosso meio: uma assinatura sonora para assinalar os serviços de assessoria jurídica e de aconselhamento em propriedade intelectual.

A melodia foi criada com base nas notas Sol, Dó e Fá, correspondentes às letras que formam a nossa sigla GCF. Poderão ouvi-la no nosso site ou consultando o processo de registo online da mar-ca nacional n.º 531888. A harmonia pretende re-flectir justamente o senti-mento de segurança que poderão sentir sabendo que os seus direitos de PI estão devidamente pro-tegidos e sob vigilância.

Além da documen-tação e informações ha-bituais, exige-se a apre-sentação de um ficheiro MP3 e uma pauta musi-cal.

O processo de re-gisto da assinatura sonora da GCF

A primeira marca sonora em serviços de propriedade intelectual em Portugal

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As marcas designadas de “clássicas” dividem-se em três tipos: as marcas nominativas compostas somente pelos elementos verbais (o nome da marca) e as marcas mistas - compostas por um elemento verbal e um elemento figura-tivo que se pode traduzir numa imagem, logótipo ou tipo de letra e as marcas fi-gurativas–compostassomenteporumelemento figurativo, sem referência ao nome da marca (vide exemplos abaixo).

As marcas não-convencionais ou atípicas englobam vários tipos de sinais: os visíveis - como é o caso as marcas tri-dimensionais, as marcas slogan, marcas de posição, marcas de movimento, mar-cas cromáticas, marcas fluídas, e os não visíveis que são apreendidos pelos ou-tros sentidos - como é o caso das mar-cas tácteis, das marcas gustativas e das marcas sonoras.

O registo destes sinais é perfeita-mente admissível desde que respeitem os mesmos requisitos básicos dos sinais designados de “clássicos”, a saber:

1) a capacidade distintiva (aptidão que uma marca tem de ter para cum-prirasuafunçãoprincipal–distinguirosprodutos ou serviços uns dos outros);

2) a representação gráfica. No entanto, no caso das marcas não-

convencionais, o preenchimento destes requisitos pode revelar-se bastante difícil. Nos sinais visíveis, esta dificul-dade prende-se sobretudo com a ca-pacidade distintiva pois muitas vezes o sinal que se pretende registar constitui uma característica do próprio produto

que se visa identificar com a marca. Tal foi o motivo de recusa do pedido de re-gisto da marca comunitária gustativa para proteger o gosto artificial de mo-rango para produtos farmacêuticos e o pedido de registo de marca de cor vermelha para proteger extintores de incêndios. Nos sinais não visíveis, as di-ficuldades relacionam-se com o segun-do requisito referido. A questão que se coloca é saber como representar e pu-blicar tais marcas (como exige a lei) de forma clara, objetiva, estável e inteligí-vel para um consumidor médio. Uma amostra de um cheiro pode alterar-se com o tempo, uma descrição sobre um determinado sabor pode ser subjectivo, a fórmula química de um odor pode não ser inteligível para a generalidade dos consumidores.

Assim, o sucesso neste tipo de re-gistos deverá passar primeiro por uma análise rigorosa da aptidão distintiva dos sinais avaliando se o cheiro, sabor ou cor está a ser utilizado como característica ou função do produto que se pretende proteger. Em segundo lugar, deverão ser apresentadas várias formas de re-presentação do sinal de modo a permitir que qualquer pessoa possa facilmente visualizá-lo e compreendê-lo. Em alguns casos–sobretudonasmarcasdecor–oInstituto de registo do país ou jurisdição em causa poderá exigir-lhe a demons-tração que o sinal em causa adquiriu ca-pacidade distintiva através do uso (por exemplo: cor amarela para proteger lis-tas telefónicas)

Serão importantes? Quais as vantagens?

Do ponto de vista do marketing, a exploração dos sentidos não comum-mente utilizados é uma mais-valia po-derosa dadas as emoções, recordações, sentimentos que estão associados a de-terminados cheiros e sons, bem como o próprio efeito de memorização dos mesmos. Basta pensar, por exemplo, que o olfacto constitui o sentido com mais efeito na memória. O facto de um em-

presário conseguir habituar o consumi-dor a associar um aroma a determinado produto ou estabelecimento está a criar um factor de diferenciação único face à concorrência.

Além do efeito de memorização, está em causa outro factor: a facilidade de reconhecimento do produto, que é particularmente importante nos produ-tos alimentares e de limpeza básicos - produtos de conveniência que são vendidos de forma corrente e massifi-cada e sobre os quais o consumidor não despende muito tempo no processo de compra. Quando num supermercado ve-mos ao longe uma forma triangular na secção dos doces sabemos que se trata do chocolate da marca Toblerone. De igual modo, basta depararmo-nos com os frascos em forma de busto humano para reconhecermos imediatamente a marca Jean-Paul Gautier. Agora, veja a imagem reproduzida abaixo: vamos a dirigir na autoestrada quando visuali-zamos esta estação de serviço e, sem conseguir ainda ler o nome da mesma, reconhecemos e sabemos imediata-mente de que se trata da BP.

Do ponto de vista jurídico, o regis-to das formas tridimensionais e das assinaturas sonoras permite perpe-tuar a duração da proteção e direito de exclusivo de realidades cujo prazo de proteção por outras vias já se en-contrava esgotado: no caso, respecti-vamente, a proteção pelo regime do design industrial e pelo Direito de Au-tor.

Por outro lado, os registos de algu-mas marcas atípicas - como é o caso das marcas 3D, de posição e cromáticas são importantes ferramentas no combate à imitação, copycats e concorrência des-leal.

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Registos de marcas não convencionais: atreva-se!E se lhe disséssemos que podia registar e gozar do exclusivo daquela melodia que o persegue, do cheiro dos biscoitos acabados de sair do forno que a sua avó fazia, daquele tecido que o arrepia, para assinalar os seus produtos ou serviços?!!

Verbal LIMIANO KIDS

Mista

Figurativa

(continua na próxima página)

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SOPA DE MARCAS

Consultores em Propriedade IntelectualAgentes Oficiais da Propriedade Industrial

Rua dos Bacalhoeiros 41100-070 Lisboa, Portugalwww.gastao.eu [email protected]. 218823990 F. 218823997

Para ilustrar este entendimento, referimos o exemplo do Caso Langenscheidt V. Roset-ta stone. A conhecida editora alemã Langen-scheidt propôs uma acção contra a socie-dade Rosetta Stone junto do Higher Regional court of Cologne desti-nada a obter a imediata remoção dos softwares reproduzidos na imagem à direita, o que foi conse-guido com sucesso com base no registo da sua marca de cor amarela. A Langenscheidt obteve ainda uma indemnização decorrente da violação da marca cromática.

Na verdade, os regis-tos de marcas de cor (sobretudo as mono-color) têm gerado alguma polémica no cír-culo da propriedade industrial, considerando os monopólios abusivos que se podem criar a favor do titular de uma marca de cor face à limitação do número de cores e insegu-rança jurídica. Entendemos de facto que só

deverão ser concedidas em casos muito especiais e mediante a demonstração de aquisição de capacidade distintiva perante os consumidores do país onde se pretende obter proteção.

Não obstante, no que respeita aos vários outros tipos de marcas inovadoras, é de saudar a abertura de cada vez mais Institutos de Mar-cas à concessão destes registos.

Só através do registo e do seu inerente direito de exclusivo poderá o titular ser compensado pelo esforço investido

no processo de criação de formas e apresen-tações originais, melodias ou aromas que os destacam dos demais no mercado. Assim, se embarcar nesta viagem pelos vários sen-tidos, aconselhamos a que inclua o registo como marca na sua estratégia comercial.

Margarida Martinho do Rosário / AOPI

Alguns exem-plos de registos concedidosMARCA DE POSIÇÃOOs famosos sapatos Louboutin!

MARCA OLFACTIVACheiro a relva recente-mente cortada

MARCA CROMÁTICA MULTICOLORAs cores da lata das bebidas energéticas da Red Bull

MARCA TÁCTIL“Estrutura aveludada cobrindo a superfície de uma garrafa de vinho”

Registada como marca comunitária para sapatos de salto alto

Registada como marca comunitária para bolas de ténis

Registada como marca comunitária para bebidas não alcoólicas

Registada nos E.U.A. para vinhos

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