Transcript

9FORTALEZA-CE, QUARTA-FEIRA, 20 de dezembro de 2006

FORTALEZA

Inquérito para apurardenúncias

Demitri Túlio e Luiz Henrique Camposda Redação

O secretário da Se-gurança Pública eDefesa Social, ge-neral Theo Espín-dola Basto, deter-minou a instaura-ção de inquérito

policial para apurar as denúnciaspublicadas pelo O POVO, no do-mingo, no caderno Documento BR- Histórias de Exploração Sexualde Crianças e Adolescentes nas ro-dovias federais. A ordem foi envia-da à Superintendência da PolíciaCivil na manhã de ontem e a apu-ração correrá em sigilo. “Mandeique o superintendente José Nivalnomeasse um delegado especialpara apurar as graves denúnciascontra os policiais”.

No caderno, Cecília, nome fic-tício de uma adolescente de 16anos, afirmou que teria passadomais de dois anos vendendo crackpor ordem de um delegado, umadelegada e um inspetor da PolíciaCivil. Antes das matérias serempublicadas pelo O POVO, a Corre-gedoria dos Órgãos da SegurançaPública e o Ministério Público Es-tadual receberam a cópia da ínte-gra da entrevista da adolescente.

Por questão de segurança, Ce-cília, menina explorada sexual-mente em Fortaleza, foi incluídano programa federal de proteção àtestemunhas. O POVO não publi-cou durante a matéria os nomesdos policiais para não atrapalhar oandamento da apuração a cargoda Corregedoria dos Órgãos deSegurança Pública. Na entrevista,Cecília diz que em 2003 conheceuum inspetor da Polícia Civil quealugou uma casa e a deixou morarlá, com a condição de que vendes-se droga para ele.

Segundo ainda a jovem, acasa alugada pelo policial ficavanas proximidades do 7º DistritoPolicial (DP), no Pirambu. Cecíliarelata que o arrecadado com avenda da droga era repartido entreo inspetor, um delegado e uma de-legada. A jovem explicou que re-cebia a droga na própria casa doinspetor. “Eles botavam uns ‘peda-ção´ bem grandão na mesa”.

Faria parte ainda do esquemaum homem que Cecília não soubeidentificar se seria policial. “Seique ele ia só cortar (a droga) lá (nacasa). Levava a metade e deixava ametade. Em tudo eu tinha que darmil reais pra eles. Às vezes eu sóvendia 200, 300 (reais)”. Cecíliarelata que a pedra inteira chegavaa custar até R$ 3 mil. Foi tambémnessa época que ela, aos 13 anos,passou a fumar crack.

Cecília contou também na en-trevista publicada no caderno, queos policiais teriam lhe usado, porser adolescente, para forjarflagrantes em motéis. Entravamela e o policial à paisana, como sefossem clientes, tiravam a roupa edepois se fazia o flagrante. A partirdaí o proprietário ou gerente dolocal passava a ser extorquido. Aadolescente ainda teria praticadosexo em motéis com o policial.

[ A série sobre exploração sexual de cri-anças e adolescentes nas BRs do Cearáserá tema de um chat a partir das14h30min de hoje no site www.opo-vo.com.br. Participam os jornalistas Feli-pe Araújo e Luiz Henrique Campos.

LEIAAMANHÃPrefeituras se comprometemcom ações para 2007

DOCUMENTO BR ] As denúnciaspublicadas no domingo no caderno DocumentoBR, envolvendo policiais com a exploração sexualde crianças e adolescentes, fizeram o generalTheo Basto, determinar a abertura de inquéritopolicial que deverá correr em sigilo

Top Related