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  • Pesq. agropec. bras., Braslia, v. 37, n. 3, p. 393-398, mar. 2002

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    Potencial forrageiro de gramneas em condiesde baixas temperaturas e altitude elevada(1)

    Milton de Andrade Botrel(2), Maurlio Jos Alvim(2), Reinaldo de Paula Ferreira(2) e Deise Ferreira Xavier(2)

    ResumoO experimento foi conduzido no Municpio de Santo Antnio do Pinhal, localizado na Serrada Mantiqueira na regio do Vale do Paraba, SP, com o objetivo de estudar o potencial de gramneasforrageiras, para identificar as espcies mais tolerantes ao frio e capazes de proporcionar boa coberturavegetal ao solo. Odelineamento experimental foi o de blocos ao acaso, em trs repeties, com parcelasde 5x 5m. Ostratamentos consistiram de 16gramneas forrageiras. Asespcies Hemarthria altissimae Setaria anceps se destacaram quanto taxa mensal de produo de matria seca, teor de protena bruta,cobertura vegetal do solo e tolerncia a geadas. Portanto, entre as espcies avaliadas, so estas as maisindicadas para a formao de pastagens nas reas montanhosas da regio do Vale do Paraba.

    Termos para indexao: cobertura vegetal, matria seca, formao de pastagem, resistncia s geadas.

    Forage potential of grass species under conditions of low temperature and high altitude

    AbstractThe experiment was conducted at Santo Antnio do Pinhal county on a hilly area of Serra daMantiqueira located in the Paraba Valley region, in the So Paulo State, Brazil. The aim of this workwas to evaluate forages grasses potential for cold tolerance and soil cover. The experimental design wasa randomized block with three replications, and treatments were sixteen forages grasses sown on plotsof 5x 5m. According to the results obtained, the Hemarthria altissima and Setaria anceps speciesshowed the best attributes for monthly dry matter production, crude protein contents, vegetative soilcover and frost tolerance, so they are indicated for pasture establishment in the hilly area of Serra daMantiqueira of the Paraba River Valley.

    Index terms: plant cover, dry matter, pasture establishment, frost resistance.

    pases tropicais, onde tambm predominam os siste-mas de produo de leite em pastagens, como naAustrlia, Nova Zelndia, Porto Rico e Cuba(Martinez, 1981; Assis, 1982), o que est certamenterelacionado, entre outros fatores, com a baixa quali-dade e capacidade de suporte das pastagens predo-minantes na regio.

    Cerca de 90% da rea do Vale do Paraba apresen-ta declividade entre 2 e 20%. Portanto, alguns cuida-dos devem ser considerados na escolha da espcieforrageira a ser utilizada nessa regio, visando evitarou diminuir os efeitos nocivos da eroso ao meioambiente. Assim, a espcie a ser utilizada deve serde rpido estabelecimento e proporcionar uma boacobertura vegetal ao solo (Botrel, 1997). Alm disso,deve-se usar prticas agronmicas adequadas parao estabelecimento, como o preparo do solo em faixasalternadas e em nvel, e a adoo de um manejocriterioso dessas pastagens (Carvalho,1997).

    (1) Aceito para publicao em 11 de junho de 2001.(2) Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite,

    Rua Eugnio do Nascimento, 610, CEP36038-330 Juiz deFora, MG. E-mail: [email protected],[email protected], [email protected],[email protected]

    Introduo

    A regio do Vale do Rio Paraba corresponde auma rea de aproximadamente 14.000km2, e est lo-calizada na regio Leste do Estado de So Paulo.Essa regio contribui com 11,2% do total de leiteproduzido no estado (Zoccal, 1994). Nabacia leiteirado Vale do Paraba, o pasto o principal volumosoutilizado na alimentao do rebanho (Carvalho etal.,1996). Aprodutividade mdia de leite alcanada nes-sa regio baixa, em relao s obtidas em outros

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    Nas reas de altitude mais elevada do Vale doParaba, representadas principalmente pela Serra daMantiqueira, freqente, durante os meses de in-verno, a ocorrncia de geadas, paralisando o cresci-mento das forrageiras predominantes na regio, cri-ando a necessidade de os produtores intensificaremo uso de concentrados ou de forragens conserva-das na alimentao do rebanho, onerando, conse-qentemente, o custo de produo do leite (Vilela &Alvim,1996).

    O trabalho teve como objetivo avaliar o potencialde gramneas forrageiras, para identificar as esp-cies mais tolerantes ao frio e, capazes de proporcio-nar boa cobertura vegetal do solo.

    Material e Mtodos

    O experimento foi conduzido no Municpio de SantoAntnio do Pinhal, localizado na Serra da Mantiqueira naregio do Vale do Paraba, SP. Oclima da regio dotipoCfb, subtropical de altitude, mesotrmico e sem pe-rodo de estiagem. Aprecipitao anual est em torno de1.750mm. Ossolos predominantes na regio so osLatossolos e Podzlicos (Pereira etal., 1995). Durante oinverno, perodo compreendido entre os meses de abril eoutubro, so registradas as mais baixas temperaturas doano, com ocorrncia freqente de geadas. Atemperaturamdia do ms mais quente inferior a 22C. Osolo ondefoi instalado o experimento apresentava as seguintescaractersticas qumicas: pH em gua de 5,01;0,30cmolc/dm3 deAl3+; 0,68cmolc/dm3 deCa2++ Mg2+;2,26mg/dm3 de P; 0,20mg/dm3 deK+.

    Os tratamentos consistiram das seguintes gramneasforrageiras: Andropogon gayanus, Kunth; Brachiariabrizantha, (Hochst.) Stapf; Brachiaria decumbens Stapfcvs. Comum & Basilisk; Brachiaria mutica x Brachiariaarrecta; Brachiaria ruziziensis Germain & Evrard; Chlorisgayana Kunt; Cynodon dactylon cv. Coastcross; Cynodonnlemfuensis Vanderyst var. nlemfuensis; Hemarthriaaltissima (Poir.) Stapf; Setaria anceps Stapf ex-Massey eas cultivares de Panicum maximum Jacq.: Centenrio,Colonio, Makueni, Tobiat e Vencedor.

    Aos 60 dias antes do plantio, foram aplicados 2t/ha decalcrio dolomtico. Por ocasio do plantio (18/10/92) fo-ram aplicados 100kg/ha de P2O5 (superfosfato simples) e50kg/ha de K2O (cloreto de potssio). Dois meses aps oplantio, todos os tratamentos receberam em cobertura50kg/ha deN (sulfato de amnio). Aadubao de manu-teno foi feita anualmente, parcelada em duas aplicaesdurante o perodo do vero, e nas dosagens de 100kg/hadeN (sulfato de amnio) e 60kg/ha de K2O (cloreto de

    potssio), respectivamente. Oplantio foi realizado a lan-o, com incorporao das sementes ao solo com o uso deancinhos. Noplantio das espcies de propagao vegetativaforam utilizados pedaos de estolhos distribudos em sul-cos espaados de 40cm.

    Os primeiros quatro meses aps o plantio foram consi-derados para estabelecimento e todos os tratamentos fo-ram manejados no sentido de aumentar e uniformizar apopulao de plantas. Aps esse perodo, iniciou-se a faseexperimental em que se avaliaram os danos causados pelasbaixas temperaturas na parte area de cada gramnea, efi-cincia na cobertura do solo, composio botnica, teoresde protena bruta e quantidade de forragem produzida,durante as estaes de vero e inverno compreendidas noperodo de 10/3/93 a 15/3/95. Odelineamento experimen-tal foi o de blocos ao acaso com trs repeties e parcelasde 5x5m. Oscortes foram feitos a uma altura de 10 e30cm, nas gramneas de crescimento prostrado e cespitoso,respectivamente. Durante o perodo das chuvas os cortesforam realizados sempre que a maioria das gramneas pros-tradas e eretas atingia, respectivamente, a altura de 30 e60cm e no perodo da seca quando atingiam 20 e 40cm.Esse manejo permitiu um intervalo entre cortes de 60dias,em mdia, no perodo da seca e de 35dias no perodo dasguas. Assim, durante os dois anos de conduo do ensaioforam realizados, em mdia, trs cortes em cada perodo deinverno (perodo compreendido entre os meses de abril aoutubro) e cinco cortes em cada perodo de vero (perodocompreendido entre os meses de novembro a maro).

    A estimativa da produo de forragem (matria seca a65C) foi feita atravs de cortes da forragem existente emum quadrado de um metro de lado, lanado aleatoriamentetrs vezes em cada parcela. Aforragem verde colhida foipesada para clculo da produo, da qual retirava-se umaamostra representativa para secagem em estufas de circu-lao fechada e posteriores determinaes da matria secae protena bruta, segundo Association of Official AnalyticalChemists (1980).

    A porcentagem da cobertura vegetal do solo foi feitadurante o perodo das chuvas, aps a fase de estabeleci-mento dos experimentos. Omtodo utilizado nessa ava-liao foi o dos pontos proposto por Brown(1954).

    Na avaliao da tolerncia a geadas foram atribudasnotas de 1a3 aos danos causados na parte area das plan-tas, sendo: 1)resistente (ausncia de danos); 2)moderada-mente resistente (parte area parcialmente danificada);3)susceptvel (parte area totalmente danificada, causan-do inclusive morte das plantas).

    Os resultados foram submetidos anlise de varincia,e as mdias, comparadas pelo teste de agrupamentos demdias de Scott-Knott a5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAEG (Euclydes,1988).

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    Resultados e Discusso

    Houve diferenas entre as gramneas avaliadasquanto ao potencial para produo de forragem nasduas estaes do ano consideradas (Tabela1).

    Durante o perodo de inverno a maior taxa men-sal de produo de forragem foi alcanada pelo ca-pim-hemrtria, com valor de 1.768kg/ha de matriaseca, indicando uma boa tolerncia dessa espcies baixas temperaturas. No se observaram danosna parte area das plantas, mesmo aps a ocorrn-cia de sucessivas geadas. Orendimento mensal al-canado pelo capim-hemrtria, durante o inverno,correspondeu a aproximadamente 400% do rendi-mento mdio alcanado, em relao s demaisgramneas. Emrazo da grande tolerncia ao frio, ocapim-hemrtria recomendado para as regiesfrias dos Estados de Santa Catarina e Paran(Postiglioni,1983).

    Outras gramneas que se destacaram nessa po-ca do ano foram os capins setria e coastcross, pro-porcionando rendimentos mensais de 946,6, e844,3kg/ha de matria seca, respectivamente. Nes-sas gramneas, apesar de apresentarem a parte area

    parcialmente danificada pelas geadas, observou-se,principalmente no caso do capim-setria, rpida re-cuperao da parte area, atravs da brotao dasgemas basilares. Carvalho etal. (1996) tambm evi-denciaram o potencial forrageiro dos capins hemr-tria e coastcross para a regio do Vale do Paraba.Poroutro lado, Botrel etal. (1994, 1999), em estudosde regionalizao de forrageiras, constataram que,nas condies edafoclimticas da regio do Sul deMinas Gerais e Campos das Vertentes, o capim-hemrtria apresenta baixa adaptao, tanto no pero-do da seca como no das guas.

    O capim-andropgon e as espcies de braquiriaavaliadas, com exceo da B.brizantha, foram se-veramente danificados pelas geadas, com reflexosnegativos na produo mensal de forragem duran-te o perodo do inverno. Considerando todas ascultivares de Panicum maximum, a produo m-dia mensal de matria seca durante o inverno foi de292kg/ha/ms, correspondendo a 16% da produ-o alcanada pelo o capim-hemrtria.

    Durante o perodo de vero, a maior taxa mensalde produo de forragem foi alcanada com as esp-cies B.brizantha, H.altissima, B.ruziziensis eP.maximum cvs. Tobiat e Makueni, cujas produ-

    (1)Mdias seguidas pela mesma letra na coluna no diferem entresi a5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott. (2)1:resistente (ausncia de danos);2:moderadamente resistente (parte area parcialmente danificada); 3:susceptvel (parte area totalmente danificada).

    Tabela1.Tolerncia a geadas, produo mensal de matria seca e porcentagem da taxa de crescimento durante o inverno,em relao ao vero, de gramneas avaliadas na regio do Vale do Paraba, SP(1).

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    es mensais de matria seca no diferiram entresi,apresentando um valor mdio de 2.212kg/ha.Aespcie menos produtiva foi o capim-de-rhodes,com uma taxa mensal de crescimento de 902kg/ha,correspondendo, portanto, a 40% do rendimento al-canado pelo grupo das gramneas mais produtivas.

    A melhor distribuio estacional da produo deforragem foi alcanada com os capins hemrtria,setria, coastcross e tangola, que apresentaram du-rante o perodo de inverno taxas mensais de cresci-mento, correspondendo, em mdia, a 59% das taxasobservadas durante o perodo de vero (Tabela1).Esse resultado superior aos encontrados com es-sas espcies e com outras gramneas tropicais, empesquisas conduzidas em diferentes locais da Re-gio Sudeste (Alvim etal., 1986; Botrel etal., 1987,1992, 1994, 1999), sugerindo, assim, uma boa adapta-o dessas espcies s condies climticas predo-minantes durante o inverno nas regies montanho-sas do Vale do Paraba.

    A porcentagem de invasoras foi mais baixa nostratamentos constitudos por espcies de crescimentoprostrado (Tabela2). Este fato certamente est rela-cionado com a melhor cobertura vegetal do solo pro-porcionada por essas espcies, o que dificultaria odesenvolvimento das plantas invasoras. Conside-

    rando todas as espcies de crescimento cespitoso, aporcentagem de cobertura do solo foi de 62% e acontribuio das invasoras na composio botnicafoi de 24%, enquanto os valores observados nasespcies de crescimento prostrado foram de 80% e11%, respectivamente. Esses resultados so impor-tantes na ocasio da escolha da espcie forrageira aser utilizada para a formao de pastagens em reasmontanhosas, pois, a menor ou maior proteo dosolo contra a eroso ir depender da espcie forrageiraescolhida. Asgramneas dos gnero Brachiaria eCynodon e a espcie H.altissima foram as que pro-porcionaram ao solo melhor cobertura vegetal. As-sim, a porcentagem de solo coberto pelo capim-hemrtria foi de 98%, e no foi constatada a presen-a de invasoras na forragem coletada. Damesma for-ma, C.dactylon e C.nlemfuensis proporcionaram,respectivamente, 90 e 78% de cobertura do solo e 13e 8% de invasoras na forragem colhida. Consideran-do todas as braquirias avaliadas, a porcentagem dosolo coberto por essas espcies foi, em mdia, 82%,sendo, portanto, forrageiras indicadas para prote-o do solo contra a eroso. Ocapim-setria de h-bito de crescimento ereto proporcionou ao solo umacobertura vegetal de 73%, no sendo registrada apresena de plantas invasoras na composio bot-nica na forragem coletada.

    (1)Mdias seguidas pela mesma letra na coluna no diferem entresi a5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.

    Tabela2.Teor de protena bruta e eficincia na cobertura do solo e composio botnica (porcentagem de invasoras namatria seca produzida), de gramneas forrageiras avaliadas na regio do Vale do Paraba, SP(1).

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    Houve diferenas entre as gramneas quanto aoteor de protena bruta, tanto no perodo de invernocomo no de vero (Tabela2). Osmaiores teores deprotena bruta durante o inverno foram registradosnos capins hemrtria e setria com valor mdio emtorno de8,2%. Nasdemais gramneas, a concentra-o de protena bruta durante o inverno foi, na maio-ria delas, inferior ao nvel crtico de7% (Milford &Minson, 1966), ou seja, abaixo do qual o consumovoluntrio de forragem pelos animais pode ser com-prometido. Nessa poca do ano constataram-sediferenas significativas entre as espcies deBrachiaria avaliadas e entre as cultivares deP.maximum quanto ao teor de protena bruta.Assim, os valores extremos nas espcies de braquiriafoi de 7,3 e 5,3%, respectivamente, para aB.ruziziensis e B.decumbens, situando-se aB.brizantha em posio intermediria, com um teorde 6,8% de protena bruta. Entre as cultivares deP.maximum, a Makueni e colonio foram as que apre-sentaram maior e menor concentrao deprotena, respectivamente, e as cultivares Tobiat,Vencedor e Centenrio situaram-se em posio inter-mediria com teor mdio de 6,3% de protena bruta.

    Durante o vero, a concentrao de protena bru-ta variou de 10,2% a 7,0% (Tabela2). Osmaiores te-ores foram obtidos com as espcies S.anceps,B.ruziziensis, C.dactylon e C.gayana, com um va-lor mdio em torno de 9,6%. Nosdemais tratamentosno se observaram diferenas significativas quantoao teor de protena bruta, que foi, em mdia, 7,7%,valor superior ao nvel crtico de 7% (Milford &Minson, 1996) e que, portanto, no deve comprome-ter o consumo voluntrio pelos animais, nessa po-ca do ano.

    Em relao aos teores de protena bruta, asgramneas H.altissima, S.anceps e C.dactylon man-tiveram, em relao s demais, um bom valor nutriti-vo, tanto no perodo de inverno como no de vero(Tabela2).

    Concluso

    As espcies forrageiras Hemarthria altissima eSetaria anceps so indicadas para a formao depastagens em regies frias e de relevo acidentado.

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