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FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE CONTROLE

FINANCEIRO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE

Eduardo Rafael Lenz da Silva

Felipe André Stein

RESUMO

Devido à grande competitividade mundial, torna-se cada vez mais importante abusca por um aprimoramento dos controles contábeis e por ferramentas queauxiliem na gestão financeira das empresas. Para auxiliar as empresas,principalmente as micro e pequenas, o fluxo de caixa é uma importanteferramenta neste processo. Desta forma o objetivo da pesquisa é encontrar asmelhores formas de auxilio às empresas no controle financeiro através do fluxode caixa. Para tal objetivo a metodologia adotada foi o estudo de caso comaplicação da pesquisa exploratória. Como resultado desta aplicação, podemosconfirmar a importância e os benefícios obtidos pela empresa através do fluxode caixa, deste o controle de receitas e despesas até analises e projeções deperíodos passados e futuros.

Palavras-chave:

Controle financeiro; micro e pequenas empresas; fluxo de caixa.

ABSTRACTAs global competitiveness, it becomes increasingly important to search for anenhancement of accounting controls and tools that assist in the financialmanagement of enterprises. To help firms, especially micro and small, cash flowis an important tool in this process. Therefore, the objective of the research is tofind better ways of assistance to companies in the financial control through cashflow. For this purpose the methodology adopted was the case study ofapplication of exploratory research. As a result of this application, we can confirmthe importance and the benefits gained by the company through cash flow, thistrack of income and expenses to analysis and projections of past and futureperiods.

Key-words:

Financial control; micro and small enterprises; cash flow.

1 INTRODUÇÃO

No atual momento do mundo onde a competitividade empresarial é cada

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vez mais rigorosa, cada vez se torna mais necessário observar alguns aspectos

fundamentais, dentre eles o mais importante é o financeiro, onde cada centavo

pode fazer a diferença. Esse aspecto deve ser observado com grande atenção

principalmente a partir da crise mundial que teve inicio nos Estados Unidos e

posteriormente na Europa. Como todos os outros países o Brasil enfrentou

algumas dificuldades com tais acontecimentos, sendo assim os empresários

precisam planejar.

Nesse contexto buscando uma gestão de qualidade e um controle

rigoroso das finanças na administração empresarial, essa pesquisa realizada na

área financeira busca investigar a importância do controle financeiro e a

aplicação do fluxo de caixa nas Micro e Pequenas Empresas Brasileiras. Para

ajudar a desenvolver esse tema centralizaremos os estudos e as análises na

empresa XYZ Serviços ME, que trabalha na área de publicidade. Esse nome

fictício da empresa estudada será usado a pedido do proprietário de não

mencionar o verdadeiro nome da instituição.

Para ajudar nesse processo a contabilidade é fator indispensável, ela

fornece inúmeras informações aos empresários, assim os auxiliando na tomada

de decisões. É uma grande ferramenta para a geração de informações

relevantes nos processos decisórios. O controle financeiro é um dos mais

poderosos instrumentos, ele permite verificar tudo aquilo que foi previsto e

projetado em um planejamento. O controle das finanças é um conjunto de

medidas e técnicas que se tomam ao longo do tempo, permitindo fazer uma

análise e um controle do seu “fluxo de caixa”. Em outras palavras significa

controlar e projetar as atitudes vinculadas a todas as entradas e saídas de

recursos.

Após contextualizar o tema central e caracterizar a empresa a ser focada,

essa pesquisa tem como problema a seguinte questão: Como o controle

financeiro através do fluxo de caixa pode auxiliar as micro e pequenas

empresas?

O objetivo dessa pesquisa é encontrar as melhores formas de auxilio às

micro e pequenas empresas no controle financeiro através do fluxo de caixa.

Tendo por objetivos específicos buscar teorias sobre fluxo de caixa; analisar a

empresa estudada e sugerir melhorias.

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Este trabalho foi desenvolvido baseado sob a hipótese de o fluxo de caixa

ser uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento das empresas, muitas

delas vão à falência por não a utilizarem ou por não saber administrá-la. Além

disso, o controle financeiro é um dos mais poderosos instrumentos, ele permite

verificar tudo aquilo que foi previsto e projetado em um planejamento. Também é

através dele que será possível verificar a falta de recursos para honrar

compromissos, ou evidenciar os recursos disponíveis para investimento.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresentam-se as teorias acerca dos conceitos de

contabilidade, princípios contábeis, controle financeiro e fluxo de caixa, além das

demais teorias relacionadas ao tema.

2.1 Contabilidade, sua origem e objetivos

Para Nagatsuka (2002, p.1) “é difícil precisar exatamente como nasceu à

contabilidade, mas ao fazermos uma analogia com a humanidade, notamos que

a contabilidade e tão antiga quanto o homem que conta”. Segundo informações

de Gitman (2006), há milhares de anos as pessoas e suas famílias produziam

suas próprias roupas e buscam produzir seus alimentos, se tornando

autossuficientes. A partir disso começou a se notar a especialização, onde

alguns se tornavam especialistas em produzir certas coisas como potes, flechas,

roupas e assim por diante. Através disso começa a aparecer os primeiros

comércios em forma de escambo e extremamente localistas. Conforme Gitman

(2006), com o passar dos anos começam a aparecer às primeiras fábricas e a

necessidade de conseguir gente para trabalhar, surgindo então à moeda, e

consequentemente o comércio passa a ser não apenas localista. Com a

circulação da moeda a necessidade de controles era maior.

A contabilidade existe para dar informações importantes aos seus

usuários, sendo que entre eles estão o próprio empresário.

A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação eavaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações eanálises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade,com relação à entidade objeto contabilização.

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É a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos nopatrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstraçãoexpositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecerinformações sobre a composição do patrimônio, suas variações e oresultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.(RIBEIRO, 2002, P. 33).

Segundo Marion (2008) a contabilidade possui vários usuários, que são

pessoas que utilizam a contabilidade para buscar respostas sobre a situação da

empresa, dentre elas estão os gerentes, os investidores, os fornecedores, os

bancos o governo, além dos empregados, sindicato e dos concorrentes.

Como pode ser visto a contabilidade é usada há muito tempo e para

diversas utilidades, sendo assim ela se torna cada vez mais importante. Para

garantir as informações nela contida existem regras e conceitos que a

controlam, essas podem ser chamadas de princípios contábeis, os quais são

regulamentados pelo Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução

nº 750/93. Mesmo que à Resolução fala sobre os Princípios Fundamentais de

Contabilidade, existem diferentes conceitos, principalmente entre os órgãos

públicos e privados, dificultando a tarefa de estender a todos de forma

simplificada resolução.

2.2 Administração Financeira e fluxo de caixa

A contabilidade de forma geral também é conhecida como contabilidade

financeira, assim para Greco (2001, p. 11)

A contabilidade registra, estuda e interpreta os fatos financeiros e/oueconômicos que afetam a situação patrimonial de determinada pessoafísica ou jurídica, apresentando-se ao usuário através dasdemonstrações contábeis tradicionais e de relatórios de exceção,específicos para determinadas finalidades.

Segundo Gitman, (2006, p. 9)”, “O campo de finanças está intimamente

relacionado com a economia”. Conforme o mesmo autor os administradores e

contadores precisam estar preparados para usar as teorias como diretrizes no

funcionamento das empresas, exemplos disso é a lei da oferta e demanda e a

maximização de lucros. Nem sempre é fácil separar administração e

contabilidade financeira, principalmente em micro e pequenas empresas onde

uma mesma pessoa ocupa as duas funções. Ainda para Gitman (2006), a

principal atividade para o contador é a ênfase no fluxo de caixa.

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Todo mundo tem seu fluxo de caixa, por mais simples que ele possa ser,

pode ate ter na memória quanto entrou de dinheiro e quanto de contas ela

pagou. Algumas pessoas mais organizadas tem seu fluxo de caixa anotados em

papeis, ou pelo extrato bancário, e outras em planilhas de Excel por exemplo.

De acordo com Marion (2008, p. 110) “entre as três principais razões de falência

ou insucesso de empresa, uma delas é a falta de planejamento financeiro ou a

ausência total de fluxo de caixa e a previsão de fluxo de caixa (projetar as

receitas e as despesas da empresa)”.

Sob uma analise da contabilidade o fluxo de caixa da empresa pode ser

visualizado nas demonstrações contábeis, assim para Gitman (2006, p. 84) “o

fluxo de caixa, o sangue da empresa, é o tema da preocupação básica do

administrador financeiro, tanto na gestão das finanças no dia-a-dia quanto no

planejamento e na tomada de decisões estratégicas voltadas para a criação de

valor para o acionista".

Segundo Marion (2008, p. 111) um modelo completo de fluxo de caixa

inclui todas as alterações no caixa, sendo elas de investimento e também as de

financiamento. Ele pode ser dividido em modelo direto e indireto:

• Modelo direto: destacam-se os objetos de entradas e saídas de caixa

(dinheiro), tendo informações como a origem e a aplicação do recurso,

sendo assim é um modelo mais revelador e de possível interpretação de

uma pessoa leiga.

• Modelo indireto: as modificações ocorridas no caixa através de atividade

operacional são identificadas pela mudança no capital de giro da

organização. Tendo como exemplo o aumento da conta de estoque,

assim presume-se que haverá uma diminuição no caixa. Ou uma

redução na conta de fornecedores, pressupõe também numa redução de

caixa.

2.4 Fluxo de caixa na organização gerencial da empresa

É possível definir um instrumento gerencial como sendo uma ferramenta

muito importante na busca de resultados e objetivos da empresa. Desta forma

Frezatti (1997) diz que a geração de caixa tem muita importância na

organização, tanto ela no inicio ou durante o desenvolvimento de cada processo.

Para o setor financeiro é de grande relevância, pois nas decisões e escolhas de

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projetos ou investimentos, é necessário mostrar as possíveis gerações dos

fluxos de caixa, possibilitando definir a melhor estratégia a ser tomada.

Um dos aspectos mais importante na contabilidade gerencial e

financeira de uma empresa é uma projeção de seu fluxo de caixa. Assim

também é uma das tarefas mais difíceis de realizar, estão na estimativa de fluxo

de caixa os dispêndios de investimentos e as entradas de caixa anuais.

Segundo Machado (2004), o fluxo de caixa integrado é normalmente elaborado

para um período de um ano e tem como elemento básico para tornar as

entradas de caixa, o orçamento de vendas. O orçamento de vendas é

considerado a principal fonte de entrada recursos financeiros, mas ainda

podemos destacar os aluguéis, recebimento de juros entre outros. Conforme

Machado (2004), os desembolsos podem ser considerados como sendo aqueles

que representam as saídas de caixa daquele período, onde podemos destacar

os mais comuns em uma empresa sendo eles: gastos com matéria-prima;

remuneração de mão de obra mais os encargos; impostos; investimentos em

imobilizado; pagamentos de juros; pagamentos de empréstimos etc.

Para Pivetta (2005) nas micro e pequenas empresas, devido à

simplicidade da estrutura a contribuição do fluxo de caixa é exatamente entender

os efeitos das decisões tomadas, com relação às disponibilidades da empresa.

Segundo ele “O empreendedor, ao conceder prazo para pagamento ou

descontos aos clientes, pode gerar a necessidade de captação de recursos para

pagamento das obrigações e, consequentemente, implicar na inocorrência de

despesas financeiras”. Ocorrendo esses fatos o empresário deveria calcular

esse custo, e verificar se os preços praticados estão cobrindo todos os custos.

Portanto o fluxo de caixa é fundamental para as tomadas de decisões.

Segundo Pivetta (2005, p. 12) outra razão para se considerar o fluxo de

caixa como uma importante ferramenta na administração dos recursos, é uma

característica especial das micro e pequenas empresas, elas normalmente

dispõem de escassos recursos de caixa, pelo menos durante os primeiros anos

de operação e ficam vulneráveis a qualquer mudança repentina tanto dentro da

empresa quanto no ambiente geral do negócio. Muitas micro empresas por

escassez de caixa fracassam exatamente no momento que na verdade estão

tendo lucro.

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O fluxo de caixa é um emaranhado de entradas e saídas financeiras

projetadas. Após observar todos estes aspectos e tomar os devidos cuidados

para não cometer erros na elaboração do fluxo de caixa, devesse contar com o

máximo de informações possíveis. Assim, para Zdanowicz (2004), na elaboração

do fluxo de caixa deverão constar todos os valores a serem pagos e recebidos

pela instituição, permitindo obter um controle mais detalhado, e assim verificar

as suas defasagens e determinando as medidas a serem tomadas.

Observando todos os aspectos importantes mencionados acima e tendo

os contemplado, o próximo passo a ser seguido pela empresa é a manutenção

do controle e preenchimento das planilhas. Caso isso não seja realizado, ou

realizado de forma precária, uma das mais importantes ferramentas gerencias

das empresas não terá utilidade. Assim a preocupação em manter o nível de

caixa e as planilhas sempre bem atualizadas deve ser prioridade para o gestor

financeiro, seja a empresa uma micro, media, ou de grande porte. Essa

atualização deve ser feita diariamente, de preferência tão logo ocorre o fato de

mutação. Este trabalho deve contar com o comprometimento de todos os

setores da organização, tendo como destaque as decisões de compra,

cobrança, as tornando mais ágeis e eficientes.

A manutenção de forma eficaz desta ferramenta necessita de muito

trabalho, e não pode ser classificada como umas das mais fáceis, pois ela

compreende elementos de todos os setores da organização, de forma genérica

pode se dizer que devem ter compromissos com os pagamentos e prazos, entre

eles impostos, salários, despesas e todas outras saídas de recursos, bem como

todas as entradas e previsões de recursos, obrigando assim a ter uma intensa

relação entre o setor comercial e o financeiro.

Uma aplicação empírica da implantação do fluxo de caixa é apresentada

por Massig (2006), seu estudo foi realizado numa micro empresa onde os

lançamentos em planilha ocorreram diariamente. Em todas as compras

efetuadas e também todas as vendas realizadas ao final do dia é fechado o

balanço com saldo positivo ou negativo e o mesmo saldo abrirá as contas no dia

seguinte. Com a implantação do fluxo de caixa simples, tudo o que a empresa

recebe e tudo o que a empresa gasta diariamente fica registrado no programa,

salvo dia a dia. Todos os recebimentos ou pagamentos que a empresa possui de

direito será lançado na Origem como: venda de produtos, e seu respectivo valor

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em Reais na Entrada, devendo gerar um valor Subtotal para todas as entradas

do dia.

Segundo Massig (2006), todas as contas como: compras no mercado,

feira, salários, material de expediente, pagamento de terceirizadas, água,

energia elétrica, gás, telefone, etc..., devem fazer parte dos lançamentos diários

na Origem e o valor correspondente na Saída, devendo gerar um Subtotal para

todas as Saídas diárias. O Total geral será a diferença (-) entre o Subtotal da

Entrada versus o Subtotal da Saída, gerando dessa forma o Saldo para o dia

seguinte a assim sucessivamente. A implantação da Planilha Eletrônica de fluxo

de caixa foi devidamente planejada, organizada e controlada diariamente, tendo

em vista que todos os lançamentos foram rigorosamente anotados em uma

caderneta (livro de caixa) e lançados após isso no programa Excel.

Posteriormente ao que foi descrito acima, Massig (2006) diz que a

Planilha Eletrônica passou a ser utilizado como ferramenta de gestão para a

tomada de decisões futuras que pudessem dar a empresa resultados

operacionais melhores dos que ela estava acostumada a ter. Esses resultados

fazem parte da tomada de decisões estratégicas no ano de 2006, visando um

aumento da produção em virtude da demanda gerada pelos clientes e abertura

de novos segmentos de produtos. Observou-se o seguinte desempenho:

No exemplo de Massig (2006) o fluxo de caixa comprovou ser eficiente na

demonstração das entradas e saídas de recursos dessa empresa, e assim essa

ferramenta pode e deve ser utilizada diariamente pelo gestor se o mesmo

necessita de informações pertinentes ao seu negócio, e também por mostrar

onde estão os recursos financeiros disponíveis quando o mesmo necessita

tomar alguma decisão.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em relação aos objetivos, a metodologia utilizada na realização desde

presente projeto foi o estudo de caso com aplicação da pesquisa exploratória e

enfoque em relatos descritivos embasados em pesquisa bibliográfica na área

financeira, mais especificamente no Fluxo de Caixa de uma micro empresa, a

qual se utilizou como base a organização XYZ Serviços ME.

Quanto aos procedimentos de pesquisa a XYZ Serviços ME serviu de

base para o presente estudo, assim caracteriza-se como um estudo de caso

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único, aplicado em uma empresa que atua no ramo de serviços de publicidade.

Ao caracterizar e conhecer a empresa mencionada acima foram detectados os

problemas a serem desenvolvidos ao longo da pesquisa, sendo assim Gil (2008,

p. 72), descreve o estudo de caso como sendo “um estudo profundo e exaustivo

de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir seu conhecimento amplo e

detalhado”. Assim para realização do estudo, foram realizadas coletas de

informações a partir de análises documentais na empresa, além de informações

obtidos com o próprio empresário, a fim de obter o maior número de informações

possíveis sobre os procedimentos e ferramentas de controle.

Tratando da abordagem deste estudo serão realizadas análises

quantitativas e qualitativas, a quantitativa foi utilizada para verificar a utilização

por parte da empresa de um controle de fluxo de caixa e qualitativa para analisar

e medir dados.

Para isso foram apresentadas algumas técnicas de análises e de

ferramentas para auxiliar a empresa na melhor conduta ao buscar seus

objetivos. Todo o estudo será embasado em pesquisa bibliográfica, através de

busca em diversas obras de diversos autores diferentes, a fim de ter uma melhor

e mais ampla contribuição a empresa e também para dar uma maior

sustentabilidade a tese.

4 ESTUDO DE CASO

Para aprofundar a realização da pesquisa o estudo de caso será aplicado

na empresa XYZ Serviços ME, estabelecida na cidade de Santa Cruz do Sul/RS.

Esta organização foca seus trabalhos na área de publicidade e propaganda,

efetuando a construção e locação de espaços em painéis publicitários, a

empresa atua em diversas cidades da região. Atualmente a empresa conta com

quatro colaboradores além do empresário, as funções e setores estão

distribuídos conforme o organograma abaixo.

Este artigo de acordo com seu objetivo busca verificar a importância da

utilização do fluxo de caixa nas micro e pequenas empresas, assim inicialmente

realizou-se busca de informações no período atual e um possível diagnóstico

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buscando analisar a estrutura financeira da empresa. A organização em questão

divide sua gestão através da segregação de setores, como administrativo,

produção e vendas. Apesar de ter no seu organograma um setor específico de

administração observou-se que a mesma praticamente não possui controle

administrativo, ou pode-se dizer que os controles que existem não satisfazem as

necessidades da organização.

Pode ser observado também que similarmente como outras micro e

pequenas empresas, ficam a cargo do empresário o controle financeiro e a

elaboração das ferramentas necessárias para o controle dos recursos da

empresa. Através de relatos obtidos com o gestor financeiro da empresa e seus

colaboradores, foi possível verificar uma relevante dificuldade do gestor em

formular e adotar medidas para uma boa gestão. Também podemos dizer que a

empresa em estudo no momento está apenas usando a contabilidade para

apuração de impostos, e podemos dizer que mesmo assim não podemos usa-la

como exemplo para outras empresas.

Através destas constatações a aplicação de um controle através do fluxo

de caixa se encaixaria perfeitamente nas necessidades dessa empresa, através

dele poderia ter a real situação de seus resultados, projeções e investimentos.

Para aplicação do fluxo de caixa uma ferramenta importante e de acesso

facilitado a todas as empresas e também demonstrado acima por Massig (2006)

seria o Excel, através dele poderia ser criado controles sobre o cliente da

empresa, onde acompanharia se as datas de recebimento dos valores, os

clientes em atraso, da mesma maneira permitiria controlar os pagamentos

realizados dentro do mês, projetar os pagamentos a serem efetuados evitando

assim gastos desnecessários com atraso de pagamento. A forma mais eficiente

para a empresa como ferramenta para auxilio o fluxo de caixa por modelo direto,

que conforme mencionado acima, destacam-se as entradas e saídas de caixa

(dinheiro).

O método de atualização e alimentação dos dados do fluxo de caixa da

empresa estudada tem como base o lançamento de documentos e informações

que chegam através do empresário, sendo na forma física ou por relato, como

exemplo, uma obrigação gerada pelo gasto com energia elétrica só figura no

fluxo após se ter recebido a conta física, ou quando o empresário gasta um valor

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em determinado lugar sem possuir o documento, neste caso o valor será

lançado assim que o empresário atualizar o fluxo de caixa.

Sendo assim seguem segue como exemplo os dados parciais levantados

no mês de abril de 2014.

Tabela 1 – Modelo fluxo de caixa – Relatório mensal - abril de 2014.

MODELO DE FLUXO DE CAIXARELATÓRIO DIÁRIO: ABRIL 2014

VALORES A RECEBER/RECEBIDOS DIARIAMENTE

Vencto. Pgto. Clientes Prev. caixa

R$BB Bradesco

Saldo mês anterior 565,013.613,0

9-5.157,64

31/03/2014

02/04/2014 JN Blank - parcela 3

0,00 0,00 1.500,00

15/03/2014

02/04/2014 Ederson - aluguel

100,00 0,00 0,00

02/04/2014

02/04/2014 saque

500,00 -500,00 0,00

25/03/2014

04/04/2014 venda placa - Antônio de Souza

1.000,0

00,00 0,00

08/04/2014

09/04/2014 insdust. biscoitos Candelária 2/2

0,00 0,00 2.740,00

10/04/2014

10/04/2014 Qualiarte troca de adesivo placa

250,00 0,00 0,00

11/04/2014

11/04/2014 veiculo tche - saldo placa

0,00 0,00 1.350,00

TOTAL DE RECEBIMENTOS 2.415,0

13.113,09 432,36

Vencto. Pgto. Despesas Prev. caixa BB Bradesco

01/04/2014

04/04/2014

luz 0 0,00 0,00 1.544,20

04/04/2014

04/04/2014

gasolina 0 100,00 0,00 0,00

25/03/2014

04/04/2014 fornecedor Caxias

0 0,00 0,00 1.230,50

25/03/2014

04/04/2014 lotario

0 230,00 0,00 0,00

26/03/2014

04/04/2014 internet

0 0,00 118,52 0,00

28/03/2014

08/04/2014 fornecedor bortolazo 3/5

0 0,00 586,63 0,00

(continua)

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31/03/2014

08/04/2014 boleto - palagio fornecedor

0 0,00 563,25 0,00

04/04/2014

04/04/2014

manutenção máquinas 0 0,00 2.336,52 0,00

04/04/2014

04/04/2014

empregado - Everton 0 0,00 0,00 1.553,63

04/04/2014

04/04/2014

empregado - claudio 0 0,00 0,00 2.780,00

04/04/2014

04/04/2014

empregado - Rogério 0 0,00 0,00 1.000,00

04/04/2014

04/04/2014

retirada empresário 0 0,00 0,00 1.500,00

04/04/2014

04/04/2014

lanche semana 0 150,00 0,00 0,00

07/04/2014

07/04/2014

material - diversos 0 300,00 0,00 0,00

07/07/2014

08/04/2014

FGTS 0 0,00 0,00 610,25

07/04/2014

10/04/2014

agua/esgoto 0 352,36 0,00 0,00

11/04/2014

11/04/2014

lanche 0 120,50 0,00 0,00

TOTAL DE SAIDAS 1.252,8

63.604,9

210.218,58

SALDO DAS RESPECTIVAS CONTAS 1.162,1

5-491,83 -9.786,22

Elaborado pelo autor do trabalho.

Conforme o modelo apresentado acima à empresa poderá aumentar o

seu controle financeiro diário. Após a aplicação desta ferramenta trouxemos os

valores para a tabela abaixo, a qual tem como objetivo registrar um resumo das

movimentações mensais, possibilitando a empresa ter uma base para a análise

de algumas informações. A planilha possui campos onde foram colocados os

saldos do mês das respectivas receitas e despesas, onde podemos vislumbrar

as previsões e realizações no mês, também a participação em percentual das

entradas e saídas, o total realizado e a variação acumulada entre os meses.

A aplicação do plano de contas descrita na tabela acima contribuiu para

uma visão de representação, sendo possível analisar o quanto cada um desses

grupos representará no comprometimento dos recursos previstos pela empresa.

Nesse sentido, já figuram grupos que contemplam valores a serem estimados,

tais como gastos com pessoal, impostos, projeção de contas cíclicas (água, luz,

telefone, etc.).

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Com a utilização do modelo de fluxo de caixa acima, adaptado ao modelo

de Zdanowicz, podemos obter, por exemplo, a análise de variação entre o

previsto e realizado (Anal. Var.), onde permite avaliar o percentual de variação

para cada grupo de contas. Esse tipo de análise poderá contribuir para ajustar

futuras projeções, possibilitando não só contemplar a margem de tolerância,

mas também averiguar em que ponto o planejamento pode estar falhando. Por

exemplo, uma variação muito grande entre os valores previstos e realizados

indica alguma falha do processo de planejamento, como o surgimento de gastos

de última hora.

Após a elaboração da tabela com o fluxo mensal, foi possível projetar

receitas e despesas anuais, de forma bem simplificada, mas que caberá

perfeitamente nas condições da empresa. Através dessa análise, o empresário

saberá o nível de comprometimento de recursos para o ano corrente, bem como

os valores necessários para cobrir as defesas fixas. Neste sentido foi possível

projetar para o ano de 2014 as receitas referentes a vendas, aluguel e

manutenção. Como despesas temos como exemplo energia elétrica, despesas

com pessoal, fornecedores, água, honorários de terceiros e etc.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na execução do projeto realizado na empresa XYZ Serviços ME na área

financeira inicialmente foi buscado uma contextualização da área e um

embasamento teórico com a finalidade de auxiliar a empresa no que diz respeito

aos benefícios do controle financeiro com o auxilio do fluxo de caixa.

O fluxo de caixa pode ser definido basicamente como tudo aquilo que

entra e tudo aquilo que sai do caixa da empresa. Assim possibilitando análises e

projeções da capacidade da organização em pagar suas obrigações, bem como

permitindo uma melhor análise da empresa perante as organizações como

bancos e outros agentes financeiros.

Neste sentido o fluxo de caixa dentro de uma organização é muito

importante, com ele é possível fazer comparativos entre momentos diferentes da

organização, controlar as contas a pagar e receber, bem como permite fazer

análises futuras de curto e médio prazo. Através desta ferramenta será possível

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mensurar as entradas e saídas de recursos, bem como analisar a

representatividade de cada despesas e receita, além de projetar os fluxos para o

ano.

Para a empresa em estudo estas ferramentas descritas acima foram de

grande valia, pois comparado aos controles utilizados até então foi um avanço

extraordinário. Através destes aspectos podemos dizer que o estudo realizado

até o momento foi de grande importância, pois possibilitou ao empresário

vislumbrar a importância de se ter um controle rigoroso do fluxo de caixa,

possibilitando analisar diversas informações.

Percebe-se, através da análise realizada com base nas informações

apuradas no que o simples conhecimento e uso do fluxo de caixa não garante

por si só uma gestão eficiente. O estudo contribuiu para esclarecer que o fluxo

de caixa pode ser subutilizado, tornando-se uma ferramenta limitada ao deixar

de fornecer informações vitais para o processo de gestão financeira e ao ser

tratado como mero relatório de entradas e aplicações dos recursos a curto

prazo.

Contudo, o gestor financeiro da empresa depara-se, por vezes, com

dificuldades para efetuar os lançamentos nas tabelas, por falta de tempo. Como

sugerido, o empresário buscará contratar uma pessoa que ficará responsável

pela parte administrativa da empresa. Apesar do custo de se ter um funcionário

a mais, o próprio empresário admitiu que isto será um avanço positivo para a

organização. Através do novo colaborador, será possível realizar as cobranças

aos clientes no respectivo lançamento, manter o fluxo de caixa sempre

atualizado, e também ajudará o empresário na maximização do tempo para

busca de novas receitas.

Através de uma análise mais profunda verificou-se que as deficiências na

elaboração do fluxo de caixa, sejam elas referentes à estrutura ou à análise dos

dados, podem influenciar negativamente o desempenho da gestão. Além disso,

foi possível concluir que o fluxo de caixa exerce um importante papel para a

gestão financeira de pequenas e microempresas, dada a necessidade de terem

acesso ao crédito mais restrito e realizarem um bom controle das origens e

aplicações de seus recursos. Contudo, verificou-se que a eficiência do fluxo de

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caixa como ferramenta de gestão está intrinsecamente ligada à sua

estruturação; por isso, sua subutilização, causada tanto pela ausência de

informações relevantes quanto pela falta de uma boa planificação de contas e

estimativas relevantes, poderá impactar diretamente o horizonte da

administração da empresa, inviabilizando uma visão mais estratégica e

limitando-se ao simples uso operacional.

6 REFERENCIAS

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GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: AddisonWesley Bra, 2006

GRECO, Alvísio Lahorgue, Contabilidade: teoria e praticas básicas / AlvísioLahorgue Greco, Lauro Roberto Arend. – 9ª edição – Porto Alegre: Editora SagraLuzzatto, 2001.

MARION, José Carlos, Contabilidade básica / Jose Carlos Marion. – 7. ed. – SãoPaulo : Atlas, 2004.

MASSIG, Jacsson, Planilha Eletrônica de Fluxo de Caixa. Trabalho de

Conclusão de Curso de Administração. Universidade Luterana do Brasil. Santa

Maria, 2006.

NAGATSUKA, Divane Alves da Silva, Manual de contabilidade introdutória /Divane Alves da Silva Nagatsuka, Egberto Lucena Teles. – São Paulo: PioneiraThomson Learning, 2002.

PIVETTA, Geize. A utilização do fluxo de caixa nas empresas: um modelo para apequena empresa, Revista Eletrônica de Contabilidade Curso de CiênciasContábeis – UFSM, 2005.

ZDANOWICZ, José Eduardo, Fluxo de Caixa: uma decisão de planejamento econtrole financeiro. 9ª edição – Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto, 2002.


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