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singular

FILOSOFIA

3ª. Unidade Letiva

CURSO ACADÊMICO

1ºs ANOS – Tarde e Noite.

PROF.: ROSEMARIE CASTANHO SANCHES

2016

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O QUE É FILOSOFIA? Segundo Hilton Japiassú1 e Danilo Marcondes2, autores do Dicionário Básico de Filosofia3, “É difícil dar-se uma definição genérica de filosofia, já que esta varia não só quanto a cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação a cada período histórico. Atribui-se a Pitágoras a distinção entre a sophia, o saber, e a philosofia, que seria a “amizade ao saber”, a busca do saber. Com isso se estabelece, já desde a sua origem, uma diferença de natureza entre ciência, enquanto saber específico, conhecimento sobre um domínio do real, e a filosofia que teria um caráter mais geral, mais abstrato, mais reflexivo, no sentido da busca dos princípios que tornam possível o próprio saber. [...]. A filosofia crítica, a partir do Iluminismo vai atribuir à filosofia o papel de investigação de pressupostos, de consciência de limites, de críticas da ciência e da cultura. Pode-se supor que essa concepção, mais contemporânea, tem raízes no ceticismo, que, ao duvidar da possibilidade da ciência e do conhecimento, atribui à filosofia um papel quase que exclusivamente questionador. [...], reflexiva entre filosofia e os outros campos do saber fica sobretudo clara nas chamadas ‘filosofia de’: filosofia da ciência, filosofia da arte, filosofia da história filosofia da educação, da matemática do direito, etc. Segundo autores. “Iluminismo é o movimento filosófico, também conhecido como esclarecimento, ilustração ou séculos das luzes, que se desenvolve notadamente na França, Alemanha e Inglaterra, no século XVIII, caracterizando-se pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso. Em sentido oposto é a doutrina que atribui papel central à iluminação, ou luz interior, na experiência humana. É assim uma forma de ‘espiritualismo, ou mesmo de irracionalismo’, valorizando a intuição, a experiência mística e a atitude visionária”.4 Marilena Chauí, professora de Filosofia na Universidade de São Paulo – USP, é uma das mais prestigiadas intelectuais brasileiras, coloca que filosofia é: “[...] um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu especificamente com os gregos e que, por razões históricas e políticas, tornou-se, depois, o modo de pensar e de se exprimir predominante da chamada europeia ocidental da qual, em decorrência da colonização portuguesa do Brasil, nós também participamos.”

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Como surgiu a Filosofia Ocidental. Como e quando o homem deixa de recorrer aos Deuses e outras formas míticas ou místicas para explicar a vida ao redor? O homem sempre precisou de respostas para as questões que lhe inquietavam, e o mito surge como uma destas primeiras respostas. Na Grécia, os grandes poetas Hesíodo e Homero explicavam a sociedade grega por meio de mitos nas obras “Teogonia”, “Os Trabalhos e Os Dias”, “Ilíada” e “Odisséia”. O mito é uma explicação que encadeia uma série de acontecimentos de forma a estabelecer certa dose de verdade para certo evento. As partes da história possuem cenas simbólicas.

1 Hilton Japiassú. Doutor em filosofia pela Universidade de Grenoble, França. Professor adjunto da Universidade Federal

do Rio de Janeiro. Autor de inúmeras obras da história das ciências. 2 Danilo Marcondes de Souza Filho. Doutor em filosofia pela Universidade de St. Andrews, Grã – Bretanha. Professora

associado do departamento de filosofia da PUC – RJ. Professor adjunto do departamento de filosofia da Universidade

Federal Fluminense. Diretor do departamento de filosofia da PUC – RJ, a partir de 1986. 3 Dicionário Básico de Filosofia. Direitos contratados por Jorge Zahar Editor Ltda. Reedição:1991 (Ed. Revista)

4 Idem 3.

5 CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 5 ed. Ed. Ática – SP, 1995.

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Não se pauta na razão, mas na imaginação. Tem intenção educacional, instrutiva. (Mito não é mentira, é fantasia!) Até por volta dos séculos VII e VI a.C. predominava a explicação mítica. Foi a partir dos séculos V a IV a.C. que a explicação racional passou a predominar paulatinamente. A consciência do logos (razão) vai penetrando a esfera mítica até que só ela prevaleça. A Filosofia retoma os temas da mitologia grega, mas de forma racional.

A Introdução à Filosofia e os Pré-Socráticos: segundo Marilena Chauí Para que serve a Filosofia? A Filosofia serve para questionarmos, de maneira racional, o mundo e a si mesmo, e, destas questões buscarmos explicações racionais, contrapondo-se às explicações pela fé (Mundo Mítico – explicações sobrenaturais sobre a existência de um fenômeno. Exemplo: falta de chuva é castigo divino / Mundo Científico – explicações racionais sobre a existência de um fenômeno. Exemplo: falta de chuva porque a massa de ar não está úmida o suficiente). A Filosofia nos ensina a sermos críticos, não aceitarmos as explicações que nos são dadas sem, ao menos, refletirmos racionalmente sobre elas. Precisamos questionar o que é a verdade, o que é o bom, o que é o belo, o que é a justiça.

Não podemos aceitar as coisas como óbvias, devemos questionar as crenças, os valores, os sentimentos. Temos que questionar o que nos é dado pela mídia, pelos livros, por todos que nos dão algo como certo.

Uma das características do pensamento filosófico é que ele depende de um procedimento ou método baseado na reflexão, que deve ser entendida como algo mais que um simples pensamento. Quando olhamos no espelho o reflexo é a imagem que o espelho nos devolve. Em filosofia, reflexão significa um pensamento que tem a capacidade de voltar – se contra si mesmo. Isso quer dizer que a filosofia procura sempre questionar aquilo que já foi pensado. Dessa forma não se prende a ideias indiscutíveis. Por isso se diz que a reflexão filosófica é crítica. Fazer a crítica na linguagem filosófica significa examinar minuciosamente e sobretudo com critério e rigor, sem extremismos e considerando a diversidade de opiniões. Se alguém diz “não gostei daquele filme “, estará simplesmente emitindo uma opinião, “criticando” (no sentido vulgar da palavra). Mas se disser “Não gostei daquele filme porque o roteiro não é original e os atores foram pouco convincentes “estará fazendo um exame mais minucioso, a partir de critérios mais precisos. Estará, portanto, sendo rigoroso e crítico.

A Filosofia também é de extrema importância para as ciências, uma vez que é ela quem fornece a base para o desenvolvimento destas por meio de seu raciocínio lógico e respostas verdadeiras às indagações.

No nosso dia-a-dia fazemos afirmações ou perguntas que muito têm a ver com filosofia, mas não nos damos conta disso. Quando eu pergunto “que horas são?”, o que quero saber, o que estou afirmando? Em que acredito quando faço à pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe que ele passa que pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente do que há agora, que há um passado e que ele pode ser lembrado ou esquecido, que há um futuro e que ele pode ser desejado ou temido. Nota-se que por trás de uma simples pergunta há inúmeras crenças que não questionamos, simplesmente aceitamos.

Agora imaginem que uma pessoa resolva fazer a pergunta e a afirmação acima de forma inesperada. Ao invés de “que horas são?”, pergunte “o que é o tempo?”. Essa pessoa estaria distante do nosso dia-a-dia, estaria interrogando-se a si mesma, estaria pondo em xeque suas crenças, estaria adotando o que chamamos de atitude filosófica.

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A atitude filosófica consiste em indagar tudo o que nos é dado como certo. A atitude filosófica pode ser negativa ou positiva. Negativa quando se nega o senso comum e positiva quando interroga-se sobre tudo. A reflexão filosófica, por sua vez, é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando-se. Vejamos a explicação do Filósofo Dr. Paulo Ghiraldelli Jr6, sobre o que é filosofia. O que é um problema filosófico?

Segundo Ghiraldelli, um problema não é genuinamente filosófico, ao menos que seja possível imaginar que sua solução consistirá em mostrar como nós tomamos a aparência pela realidade, ou seja, o de distinção entre aparência e realidade. Isto a ciência faz e o senso comum também faz.

O problema da filosofia é quando encontramos os mecanismos pelos quais nós produzimos ilusões ou captamos ilusões, quando deveríamos ter captado realidade. Uma figura (um raio X, por exemplo) explica bem um problema filosófico e aí podemos buscar os mecanismos pelos quais a realidade ficou de lado e a ilusão ficou tomada pela realidade, de modo que esta ilusão se faz necessária, tanto quanto, a realidade não é a ilusão da percepção, a ilusão da vista, é a ilusão como um produto do intelecto.

Quais os mecanismos que nós acionamos e como eles podem ser descritos? Eis aí um problema filosófico, isto é, quando paramos para pensar e analisar o problema.

“Da maneira como a desenvolvo, a filosofia tem uma dupla acepção. De um ponto de vista geral, ela é uma narrativa de desbanalização do banal. De um ponto de vista específico, ela é uma investigação que lida com os mecanismos que nos fazem tomar o aparente pelo real – se é que estamos envolvidos nesse problema”.

O filósofo diz que: “A explicação é simples e direta, a filosofia é um distanciamento para com o mundo, como Aristóteles já dizia, é o espanto e admiração para com o mundo e natureza, é a forma pela qual alguns humanos se espantam com a realidade do mundo, com o que é banal. A filosofia é a desbanalização”. O que é banal?

O que são os pobres ou que é a pobreza? Muitas vezes não sabemos o que responder ou explicar sobre isso, afinal vemos pessoas passando fome e frio a todo o momento! O que fazemos? Olhamos os pobres a pobreza de forma banalizada, ou seja, de forma comum, afinal é o mundo, não paramos para pensar ou questionar, mas só o fato de alguém nos perguntar, tiramos a pobreza do banal, ou seja, paramos para pensar!!

Deveria haver trabalho, algum bem estar para estas pessoas. Quando não vemos os pobres eles estão banalizados, e quando o vemos deixa de ser banal, então começamos a filosofar.

O objeto da filosofia aqui é a pobreza.

Tudo que vemos e que os outros também enxergam todos os dias se torna banal para nós. O trânsito não funciona na cidade de São Paulo e o prefeito diz que está tudo bem. Alguns

6 Paulo Ghiraldelli Jr. Filósofo doutorado pela USP e PUC – SP, autor de mais de 40 livros e diretor do centro de Estudos em

Filosofia Americana, sediado na capital paulista.

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reclamam. Mas a pressão do trabalho faz com que todos entrem no ônibus lotado e se submetam a condições desumanas para ir para o serviço. Eis que em determinado momento, ninguém reclama mais. Toma-se como banal que o trânsito não funcione. Ocorre aí a banalização de nossa própria vida. Então, é hora do filósofo mostrar uma cidade grande, em outro lugar, em outro país, onde o trânsito funciona – para desbanalizar o nosso banal, que é o trânsito não funcionando.

O objeto da filosofia aqui é o transporte o trânsito.

O filósofo é aquele que vê o que todos veem todos os dias, mas ele, diferente de outros, aponta para situações em que aquilo que é visto, não é algo que deveria estar ali como está. Poderia não estar. Talvez devesse não estar como está.

O filósofo diz que: “Até aí, estou no âmbito da minha atividade de desbanalizador do banal. Caminho na função da filosofia, assumida de acordo com a acepção geral que dou a ela. Mas essa desbanalização do banal me conduz para minha segunda acepção de filosofia.

Entro em casa, ligo a televisão e vejo o prefeito, de helicóptero, passeando por cima de São Paulo e afirmando que o trânsito em São Paulo não é tão ruim, que “sempre foi dessa maneira”, que São Paulo é muito grande e que com 22 milhões de pessoas aglomeradas “não poderia ser diferente”. Eis que está na sala um vizinho, e ele apoia o prefeito. Ele acredita que, de certo modo, o prefeito está certo. Como poderiam 22 milhões de pessoas aglomeradas, todo mundo de carro, não congestionar a cidade – impossível. O jeito de lidar com a coisa, então, é uma só: paciência – esta é a fórmula do prefeito e do meu vizinho. Bem, diante dessa conclusão do meu vizinho, minha atividade de desbanalização do banal caminha para o campo da minha segunda acepção de filosofia. Pois o que meu parente está fazendo é simplesmente parar de pensar e aceitar o discurso – ideológico – do prefeito.

O problema, então, não é o de convencer o meu vizinho de que o prefeito está usando de um discurso ideológico. O problema filosófico, neste caso, é mais complexo. O filósofo não é o que vai desideologizar o discurso do prefeito. O filósofo é o que vai investigar para entender quais os mecanismos (se é que existem) tornaram o vizinho capaz de tomar o aparente – o problema do trânsito não tem solução – pelo real – o problema do trânsito deve ter solução, uma vez que a racionalidade em outros lugares eliminou tal problema.

O banal é sempre aquilo que as pessoas olham, mas não veem, então aparece o filósofo que olha e vê, vê de forma simples, começa admirar, a se espantar e a perguntar. O banal então começa ser desbanalizado. Eis aí o princípio da filosofia.

A filosofia começou com os gregos ela é inicialmente a discussão entre mito e razão entre pensamento mítico e pensamento racional.

MITO.

Muitas vezes, acreditamos em algumas coisas e não sabemos bem o por quê. Em outras palavras acreditamos, sem questionar, naquilo em que todos acreditam. Observe a cena abaixo:

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O Jardim do Éden .

A cena retratada pelo artista Peter Paul Rubens no início do século XVII, remonta ao mito que está na base da cultura ocidental: o da existência de um paraíso do qual o homem foi expulso após cometer o pecado original. Apesar de muitos de nós questionarmos a existência do éden, a noção de paraíso é tão forte em nossa cultura que até hoje ela é recorrente em nosso cotitiano, está, por exemplo, na publicidade, no cinema e nas canções populares, e nos referimos a ela sem notar que, na realidade, trata-se de um mito. O mito é uma forma de narrativa que não explica racionalmente a origem das coisas e a realidade, pois utiliza lendas e histórias sagradas para interpretá-las. É tido como verdade por causa da pessoa que a relata, um poeta escolhido pelos deuses, que lhe dirige a partir de visões sobre o passado que permite que a origem das coisas seja desvendada. Ao contrário da filosofia, que se funda na racionalidade, o mito se baseia, sobretudo, na intuição, e incorpora ao mesmo tempo imaginação e emotividade. Segundo: Dicionário Básico de Filosofia7

1- uma narrativa lendária, pertencente à tradição cultural de um povo, que explica através do apelo ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da natureza e a origem e os valores básicos do próprio povo. O surgimento do pensamento filosófico-científico na Grécia antiga (séc. VI a.C.), é visto como uma ruptura com o pensamento mítico, já que a realidade passa a ser explicada a partir da consideração da natureza nela própria, a qual pode ser conhecida racionalmente pelo homem, podendo essa explicação ser objeto de crítica e reformulação, daí a oposição entre mito e logos.

2- Por extensão crença não - justificada, comumente aceita e que, no entanto, pode e deve ser questionada do ponto de vista filosófico. Ex. o mito do bom selvagem, o mito da superioridade da raça branca, etc. A crítica ao mito, nesse sentido, produziria uma desmistificação dessas crenças.

3- Discurso alegórico, que visa transmitir uma doutrina através de uma representação simbólica. Ex. o mito ou alegoria da caverna.

O professor Paulo Ghiraldelli, explica:

7 Idem 3

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Após algum tempo, as pessoas passaram a questionar a veracidade dos mitos contados pelos poetas, pois conseguiram perceber que as explicações dadas sobre a origem de todas as coisas eram contraditórias e limitadas.

Para a percepção das contradições e limites, contaram com algumas condições: - Os gregos realizaram algumas viagens marítimas e perceberam que os locais habitados por deuses, heróis, titãs e outros seres mitológicos, como dizia o mito, eram povoados na verdade por outros seres humanos; - Os gregos conseguiram calcular o tempo inventando o calendário como forma de prever frio, calor, sol, chuva, seca e outros fatores climáticos que antes acreditavam ser alterados pelos deuses; - Também inventaram a moeda para realizarem trocas abstratas sem a necessidade de trocar uma mercadoria por outra; inventaram a escrita alfabética para firmar com mais clareza assuntos que antes eram firmados verbalmente; inventaram a política para que cada pessoa pudesse expor seus pensamentos; - Por último, o surgimento da vida urbana que favoreceu o artesanato, o comércio e o nascimento de classes de comerciantes.

A filosofia dessa forma surge para explicar racionalmente a origem e as transformações que ocorrem.

Não devemos considerar o mito apenas uma narrativa inocente “e que foi definitivamente superada pela filosofia. Ao incluir elementos como a intuição e a emotividade, o mito é uma forma de conhecimento válida, porém diferente daquela que chamamos racional.

Geralmente associa-se o mito à religião e acredita-se que sua força advém do fato de muitas vezes ser transmitido por um narrador que tem algum tipo de autoridade (por exemplo, um religioso). Mas deve-se lembrar que, embora durante muito tempo eles tenham se confundido, o pensamento mítico transcende o religioso. Se não fosse isso, como explicar a força com que certos mitos emergem na contemporaneidade? O mito do herói, por exemplo, costuma levar multidões ao cinema a shows.

Platão acreditava que este mundo em que vivemos não passa de uma cópia imperfeita de outro mundo perfeito que ele chamava de mundo das ideias. Aqui no mundo das aparências permanecemos presos às ilusões, às imagens, às opiniões, às falsas promessas, portanto, a tudo que aprisiona o indivíduo no erro. Através do mito da caverna ele ressalta o papel da filosofia de libertar o ser humano desses grilhões que o aprisionam, trazendo-o para a luz da verdade. Para Platão, o conhecimento da verdade proporcionado pela filosofia nos transporta do mundo das aparências para o mundo das ideias; da caverna para a liberdade; da alienação para a consciência; da morte para a vida.

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis e o domínio das ideias . Para o filósofo, a realidade está no mundo das ideias e a maioria da humanidade vive na condição da

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ignorância, no mundo das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens , as quais são mutáveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.

“No mito, este mundo sensível onde vivemos não é o mundo real. O mundo real é o mundo das ideias. O mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo das ideias, onde cada coisa tem sua ideia correspondente.”

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna, há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas sombras dos outros e de si mesmos porque estão no escuro e imobilizados.

Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas nas paredes do fundo da caverna. Esses prisioneiros tomam as sombras por realidade. Um deles, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça e depois o corpo todo. A seguir, avança em direção ao muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil e sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego com a luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pela luz do sol muito mais forte do que a luz do fogo que tinha na caverna.

Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou na caverna em que vivia. Seu primeiro impulso é voltar para a caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa ver e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o a desejar a caverna, onde tudo é familiar e conhecido. Sem disposição para regressar a caverna permanece no exterior. Aos poucos vai se familiarizando à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se com o mundo real e descobre que a vida toda o que via era apenas sombras. Decide voltar para a caverna para libertar os amigos.

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O que acontece nesse retorno? Os demais companheiros zombam dele e tentam espancá-lo. Se mesmo assim ele afirma o que viu e os convida a sair da caverna acabam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade?

O mito da caverna apresenta algumas pessoas - que seríamos nós no mundo sensível - que estão acorrentadas dentro de uma caverna e não conhecem o mundo externo. Na parede desta caverna, passam sombras de objetos externos provocadas por uma fogueira que está atrás dos objetos. Como os habitantes da caverna não conhecem o mundo externo, então eles pensam que o mundo resume-se àquelas sombras. Porém o sujeito que escapa da caverna depara-se com o mundo das ideias, que é o mundo do intelecto e da filosofia. Ele é ameaçado pelos ainda presos quando retorna e tenta avisá-los.

Matrix é um filme que se fundamenta neste mito.

No filme Matrix a grande batalha consiste em libertar as pessoas de um mundo virtual fantasioso e ilusório. Mas a temática principal também é a transição de uma realidade falsificada para uma realidade verdadeira e plena. E essa passagem é realizada através do conhecimento da verdade – “conhece-te a ti mesmo”. No filme, um dos personagens é visto como o escolhido para realizar esta missão libertadora; mas tudo depende da sua escolha e da sua disponibilidade para enfrentar os desafios e os altos preços desta tarefa. Em Platão o filósofo também paga um preço muito caro por defender a verdade e anunciá-la para os outros. É por isso que muitos o renegam e preferem permanecer na escuridão da caverna.

No filme A ilha encontramos o mesmo tipo de abordagem. Um grupo de “pessoas” está preso em um mundo subterrâneo aguardando ser escolhido para viver em uma ilha onde a vida estaria segura de qualquer ameaça. No entanto, tudo não passa de uma ilusão, de um engano, pois na verdade o destino de suas vidas é outro. Até que aparece alguém que, assumindo o papel de filósofo, duvida, questiona, debate e busca a verdade. Esses gestos desmascaram a falsidade e trazem à tona a verdade, e com ela a liberdade.

Razão.

Segundo Ghiraldelli, razão e logos, logos é a palavra grega para contar, calcular, narrar e explicar, razão é o equivalente dela - latim. A Razão é o elemento da filosofia.

A filosofia começa com Sócrates, quando ele diz que “não vai aceitar nada que não seja passado pelo crivo de sua própria razão”.

A razão é, afinal de contas, a capacidade racional, isto é, um objeto da filosofia.

Em filosofia distinguimos duas acepções de razão: finita e infinita. A razão finita é a capacidade do homem de fazer julgamentos e pensamos na razão

finita, como alguma coisa da mente humana para contar, explicar, para organizar, calcular, para prever acontecimentos sendo utilizada contra a caoticidade do mundo. A razão finita foi desenvolvida pelo Iluminismo no final do século XVIII, o chamado século da razão.

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Razão infinita é toda essa capacidade, mas nós não a imaginamos como na mente humana, nós a imaginamos como alguma coisa que esta prenhe no universo. O universo, portanto, deteria uma razão, uma capacidade de se organizar. Neste caso talvez o caos fossemos nós e não propriamente o universo. A razão infinita é a razão romântica desenvolvida pelo Romantismo no século XIX, é a capacidade das estruturas, sejam elas, sociais ou da natureza de se pôr contra o homem refreando a sua razão finita. Este jogo das duas razões sempre foi uma preocupação da filosofia e lá nos gregos era um problema central para os investigadores da natureza e da sociedade, dos filósofos, que queriam entender como é que a razão finita pode apreender a razão infinita e muitos deles diziam que isto só era possível se estas razões fossem da mesma ordem, então para que o homem pudesse viver na natureza e na sociedade ou para compreender a natureza e a sociedade ela própria deveria ser racional e ele, o homem, um ser racional.

Exercícios: 1- “Mais que um saber, a filosofia é uma atitude diante da vida, tanto no dia a dia como nas situações- limite, que exigem decisões cruciais. Por isso, no seu encontro com a tradição filosófica, é preferível não recebê-la passivamente como um produto, como algo acabado, mas compreendê-la como processo, reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade.” (ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p.20)

Com base no texto, assinale o que for correto.

I. A filosofia é uma forma de conhecimento que questiona a realidade.

II. A filosofia é um saber teórico, não pragmático, que desconsidera a aplicação prática.

III. A filosofia é uma experiência de vida que responde às questões fundamentais da existência.

IV. A filosofia não pode ser reaberta ou discutida, pois os filósofos já morreram.

V. A filosofia é uma ideologia, pois não se ocupa com o debate político.

a) As afirmativas I e II estão corretas b) As afirmativas I e III estão corretas c) As afirmativas II e IV estão corretas d) As alternativas I, II e V estão corretas. e) Somente a alternativa I está correta.

2- Sobre o objeto de estudo da Filosofia, pode-se afirmar: a) A Filosofia possui como único e exclusivo objeto de estudo o mito; b) A Filosofia possui como único e exclusivo objeto de estudo a educação; c) A Filosofia possui como único e exclusivo objeto de estudo a teoria do conhecimento; d) A Filosofia não possui apenas um único e exclusivo objeto de estudo; e) A Filosofia ainda está procurando qual é o seu objeto de estudo. 3- O elemento da filosofia é: a) O sujeito b) A vida c) A razão d) O filósofo e) O mito 4- Para filosofia quando perguntamos: “que horas são?” estamos adotando o que se pode chamar de: a) Atitude filosófica positiva b) Atitude filosófica negativa c) Reflexão filosófica d) Uma atitude e uma reflexão filosófica e) Crença

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5-Como nossa sede de compreender o mundo é tão grande, essa verdade nos exigiu organizar o pensamento filosófico. Logo, Filosofia é:

a) Fundada na ideia da busca. Ela procura respostas, eleva-se, desenvolve-se, reflete-se, retoma, ao reconsiderar respostas anteriores. b) Um esforço intelectual do pensamento para obtenção de uma resposta fixa. c) Uma análise metódica que não permite reflexões. d) Uma reflexão para garantir que as certezas se tornem verdades. e) Uma análise que não admite erros

6. (Ueg) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a filosofia: a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões. b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão. c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão. d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica. e) As alternativas “a” e “b” estão corretas.

7- (UEL- PR) Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, considere as afirmativas a seguir. I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já contêm características essenciais da compreensão de mundo grega que, posteriormente, se revelaram importantes para o surgimento da filosofia. II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos. III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares aos dos homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do pensamento filosófico e científico. IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, devido à assimilação que os gregos fizeram da sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada de qualquer base religiosa. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) II e IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, III e IV.

8- (UEL) Leia o texto. "A caverna (...) é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras, criadas por artefatos fabricadores de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo filosófico, e as

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maneiras desajeitadas e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou a unidade da verdade já não sabe lidar habilmente com a multiplicidade das opiniões nem mover-se com engenho no interior das aparências e ilusões. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma para libertar-se. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A ideia filosófica é uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível. Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina a ver, orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si mesma a capacidade para ver." [Marilena Chauí] De acordo com o texto, pode-se afirmar que: a) O conhecimento filosófico é o único que pressupõe o acesso ao mundo sensível. b) Filosofar é um instrumento de alienação para quem sai da caverna. c) O filósofo, por sua busca, tem uma visão mais abrangente do conhecimento. d) A unidade da verdade não permite divagações metafísicas. e) O processo de esclarecimento por meio da filosofia pressupõe a iluminação das coisas sensíveis pelos fabricadores de ilusões.

9. (ENEM) Texto I O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.

Texto II Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a: a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira.

10- (UEL-PR) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?” (VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.)

O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a alternativa correta. a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.

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b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades. c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica. d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas. e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de não-contradição. 11- Tradicionalmente, as religiões sempre utilizaram os mitos. Que característica do pensamento mítico permitiu isso?

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12- Quais são as principais diferenças entre mito e filosofia?

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13- Aquele que ouve o mito, independentemente de seu nível cultural, enquanto está ouvindo o mito, esquece de sua situação particular e é projetado em outro mundo, em outro universo do dia a dia... Os mitos são verdadeiros porque são sagrados, porque eles falam sobre criaturas e eventos sagrados. Em consequência, recitando ou ouvindo o mito, recupera-se o contato entre o sagrado e o real, e assim fazendo, supera-se a condição profana, a “situação histórica”. Em outras palavras, pode-se ir além da condição temporal e da autossuficiência entorpecente que é o fardo de cada ser humano simplesmente porque cada ser humano é “ignorante” - no sentido de que ele se identifica, e a Realidade, com sua situação particular. E a ignorância é, em primeiro lugar, essa falsa identificação da Realidade, em que cada um de nós parece estar ou possuir. ELIADE, Mirceia. Imagens e símbolos. São Paulo: Martins, 2002.

A partir do fragmento de texto do filósofo romeno Mircea Eliade (1907–1986), responda: Por que existe a crença em mitos ainda hoje? Cite exemplos de mitos contemporâneos, que nos retiram “do universo do dia a dia” e nos colocam em contato com o sagrado. ________________________________________________________________________________

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10- O que é razão?

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Sócrates8 (Filósofo grego)

469 a.C., Atenas 399 a.C., Atenas

Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 aC, e tornou-se um dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da alma humana.

Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais sábios e inteligentes. Desapegado de bens materiais, tinha o hábito de caminhar pela cidade grega propondo diálogos aos cidadãos. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano.

Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus pensamentos.

Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos.

No centro de sua busca pelo conhecimento verdadeiro, estavam as questões humanas, como a amizade, o belo e a virtude. Há um princípio ético na base do pensamento de Sócrates. Uma vez que o ser humano é racional, ele teria capacidade de conhecer a verdade, que não se encontra somente nele, mas também na natureza. Como o ser humano faz parte da natureza pode-se dizer que participa da verdade e pode ter acesso a ela pelo pensamento.

Com o conhecimento, o ser humano ganha autonomia, isto é, a capacidade de determinar a própria conduta e as próprias regras. Por isso Sócrates dava tanta importância ä consciência ética: ao determinar sua conduta, o ser humano deveria, necessariamente, considerar sua relação com a verdade.

8 http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1060.html

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“SEI QUE NADA SEI”

Sócrates acreditava que o primeiro passo para se chegar a essa verdade era o reconhecimento da própria ignorância, ideia expressa pelo lema: “Só sei que nada sei”.

Nas conversas, ele abusava da ironia como forma de abalar crenças constituídas e expor a fragilidade das argumentações.

A mais importante contribuição de Sócrates para a filosofia foi a identificação do ser humano com sua “alma”, caracterizada ao mesmo tempo como centro da racionalidade e da consciência ética.

Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno chamado cicuta, em 399 AC.

Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates:

A vida que não passamos em revista não vale a pena viver. A palavra é o fio de ouro do pensamento. Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. A verdade não está com os homens, mas entre os homens. Quatro características devem ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente,

ponderar prudentemente e decidir imparcialmente. Todo o meu saber consiste em saber que nada sei. Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.

Exercícios:

1- Leia o fragmento. "Lembremos a figura de Sócrates. Dizem que era um homem feio, mas que, quando falava, exercia estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto: “O que é a coragem e a covardia”? "O que é a beleza?", "O que é a justiça?", "O que é a virtude?". Desse modo, Sócrates não fazia preleções, mas dialogava. Ao final, o interlocutor concluía não haver saída senão reconhecer a própria ignorância. “A discussão tomava outro rumo, na tentativa de explicitar melhor o conceito”. (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia, 2009, p.21).

A partir do fragmento acima exposto, é correto afirmar sobre o pensamento socrático:

I. que se define enquanto saber inacabado, porque é dinâmico e está em construção; II. que é por natureza dogmático, já que o próprio Sócrates é detentor de um saber;

III. que não faz de Sócrates "um ser que ilumina", já que o caminho por ele proposto é o da discussão intersubjetiva e dialogal.

É correto o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) todas estão corretas

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c) II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) todas estão incorretas 2- (Unicamp) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois: a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 3- Por meio do diálogo, Sócrates construía com seus interlocutores uma relação pautada em perguntas, respostas e novas perguntas. Tal método também ficou conhecido como maiêutica, e sobre ele é correto afirmar que: a) tem como finalidade uma conclusão efetiva, ainda que seu interlocutor não abandone a doxa. (crença comum ou opinião popular). b) a verdade descoberta por seu interlocutor consiste em uma novidade ontológica. c) enquanto dizia saber apenas que não sabia, Sócrates propunha o "não saber" como termo à sua filosofia. d) possibilitava Sócrates ajudar seus interlocutores dar à luz as ideias que já estavam neles. e) a perspectiva dos sofistas encerra qualquer pretensão de se conter o conhecimento verdadeiro.

4- “Uma vida não examinada não é digna de ser vivida.” Sócrates. Pode-se afirmar que Sócrates lutou contra a indiferença e a passividade dos cidadãos atenienses. Para isso, desenvolveu um método, a maiêutica. Escreva no que consistia esse método e qual a principal arma usada pelo filósofo para desconstruir ideias preconcebidas. ________________________________________________________________________________

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5- Explique por que se pode afirmar que há um princípio ético na base do pensamento socrático.

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Platão9 (Filósofo grego). 427 AC, Atenas 347 AC, Atenas

Um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental, Platão, cujo nome verdadeiro era Aristócles, nasceu de uma família rica, envolvida com políticos. Muitos estudiosos de sua obra dizem que o grego ficou conhecido como Platão por causa do seu vigor físico e ombros largos ("platos" significa largueza). A excelência na forma física era muito apreciada na Grécia antiga e os seus "diálogos" estão repletos de referências às competições esportivas. Ainda na juventude, tornou-se discípulo de Sócrates, com quem conviveu durante oito anos, iniciando-se na filosofia. Depois de acompanhar todo o processo que condenou o seu mestre (Sócrates, acusado de corromper a juventude e de não acreditar nos "deuses", foi obrigado a beber o veneno cicuta, que o levaria à morte), Platão, desiludido com a democracia ateniense, viaja para outras cidades da Grécia, Egito e sul da Itália, e começa a escrever. Platão teve uma educação semelhante à dos jovens aristocratas da sua época, recebendo aulas de retórica, música, matemática e ginástica. Em 387 AC, funda em Atenas uma escola chamada Academia, com uma exigência, escrita na fachada: "Que aqui não entre quem não for geômetra". Em pouco tempo, esta escola tornou-se um dos maiores centros culturais da Grécia, tendo recebido políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo de Cnido e Esquines, entre outros. A sua obra conta com 28 diálogos (alguns historiadores dizem que foram 30) basicamente centrados em Sócrates, onde procura definir noções como a mentira, o dever, a natureza humana, a sabedoria, a coragem, a amizade, a piedade e a retórica. Pela tradição familiar, o seu destino deveria ser a política. Mas, a experiência dos políticos que governaram Atenas por imposição de Esparta (404AC/403 AC), entre os quais estavam dois de seus tios, fez Platão afastar-se dessa forma de política. De acordo com o filósofo, uma cidade-modelo deveria distribuir os seus habitantes em três segmentos: os sábios deveriam pertencem à ordem dos governantes, os corajosos, que deveriam zelar pela segurança, à ordem dos guardiões, e os demais, responsáveis pela agricultura e comércio, fariam parte da ordem dos produtores. O filósofo também não concordava que os políticos mais votados assumissem os principais cargos em uma cidade ou país. Para Platão, nem sempre o mais votado era o mais bem preparado. Dentro deste contexto, era necessário criar uma alternativa para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público. A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da Academia, o mito e a poesia confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais do sistema. A atividade literária do filósofo grego compreende mais de cinquenta anos da sua vida: desde a morte de Sócrates até a sua morte.

9 http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1060.html

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O mundo da ideias - Amor Platônico -- Platão

Trata-se da busca das Formas. As forma platônicas são uma expansão da forma socrática e se caracterizam, entre outros, pelo fato de não se aplicarem somente em conceitos abstratos como o bom e o mau, justo ou injusto, mas também a seres e objetos da realidade concreta, como as plantas e os animas.

Pensemos num cão. Nenhum cão é igual. Apesar de existirem cães da mesma raça, da mesma cor, do mesmo tamanho, sempre haverá algo que os diferencia. Além disso, cada cão tem uma determinada idade e, conforme o tempo passa, ele envelhece e se transforma, até um dia deixar de existir. Porém, há algo em todo cão que nos permite identifica-lo como tal. Trata-se da “forma do cão”. Agora pensemos em uma rosa. Podemos imaginar diferentes tipos, cor, tamanho, quantidade de pétalas e folhas. Porém apesar da diversidade cada rosa imaginada será uma representação individual da “forma rosa”. As coisas materiais são percebidas pelos seres humanos através dos órgãos do sentido (visão, audição, tato, etc.), enquanto as formas só podem ser entendidas pelo pensamento (ou pela “alma”).

Na juventude o amante inicia seu percurso buscando corpos belos. Corpos belos no seu todo. Passa então para almas belas. Em ambos os casos, percebe que os corpos belos e a almas belas são diferentes entre si e, então, vê que o que os faz belos é o compartilhar de algo que é a beleza. Mas este que filosofa não pára, pois é do amor o impulso, o desejo, o querer ir adiante. Indo adiante, aplica-se a mais coisas, adquirindo mais vivências. A cada elemento que encontra e a cada situação vivida, percebe que não é no exemplar que deve permanecer; sente que é no que é comum entre os exemplares que deve dirigir sua atenção. É o que o exemplar compartilha com outros exemplares, no sentido de ser belo, que está o tesouro procurado. E assim, para cada coisa, alcança o seu belo não na própria coisa, mas vê que o belo é algo mais acima, que cede sua condição aos exemplares. E eis que o que sobe as escadas, o filósofo, chega ao resultado de seus esforços: alcança o que é belo em sua própria natureza. Por obras platônicas, inferimos como sendo o caminho para o Mundo das Formas, sendo que, no caso, trata-se da Forma Belo – a Beleza.

Ela [a Beleza] não lhe aparece como uma ideia ou um tipo de conhecimento. Não está em algum lugar em uma coisa, como em um animal ou na terra ou nos céu ou em algum outro lugar, mas ela própria por ela mesma e com ela mesma, é sempre uma em forma; e todas as outras coisas belas exercem um compartilhamento nisso, de tal modo que quando outras coisas emergem ou perecem, ela não se torna nem um pouco maior ou menor nem sofre qualquer mudança. Assim, quando alguém aparece subindo por esses estágios, através do correto amor de garotos, e começa a ver esta beleza, já quase agarrou seu objetivo. Isto é o que é ir corretamente, ou ser conduzido por outro, no mistério do Amor: ele vai sempre mais acima por razão desta Beleza, começando das coisas belas e utilizando-as como degraus de subida: de um corpo para dois e de dois para todos os corpos belos, então, dos corpos belos para os belos costumes, dos costumes para o aprendizado das coisas belas.

Exercícios:

1- Platão dizia que:

I- “No mundo das aparências permanecemos presos às ilusões, às imagens, às opiniões, às falsas promessas”. II- “No mundo das aparências permanecemos presos a tudo que aprisiona o indivíduo no erro”.

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III- “Não é possível separar as formas das particularidades como a forma da beleza, pois é aí que se encontram as propriedades. Exemplo cada flor cada mulher tem sua própria forma e beleza”. IV- “Uma cidade-modelo deveria distribuir os seus habitantes em três segmentos: os sábios deveriam pertencem à ordem dos governantes, os corajosos, que deveriam zelar pela segurança, à ordem dos guardiões, e os demais, responsáveis pela agricultura e comércio, fariam parte da ordem dos produtores”. V- “Não concordava que os políticos mais votados assumissem os principais cargos em uma cidade ou país. Para ele, nem sempre o mais votado era o mais bem preparado. Dentro deste contexto, era necessário criar uma alternativa para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público”.

Escolha a alternativa correta: a) I,II,III,V b) I,II,III,IV c) I,II,IV,V d) I,II e) I,III,IV,V

2- Como a alma, para Platão, a cidade também pode ser considerada um todo composto de três partes. Essas partes são as três grandes classes sociais que Platão reconhece: o povo (classe produtora), os vigilantes (militares) e os filósofos (governantes). A forma de determinar a classe a que pertenceriam os cidadãos seria através da: a) força. b) nacionalidade. c) situação econômica. d) origem familiar. e) educação. 3- Um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental, Platão, cujo nome verdadeiro era Aristócles, nasceu de uma família rica, envolvida com políticos. Muitos estudiosos de sua obra dizem que o grego ficou conhecido como Platão por causa do seu vigor físico e ombros largos. Sobre Platão, escolha entre os textos apresentados abaixo os que estão corretos: I - Desiludido com a democracia ateniense, viaja para outras cidades da Grécia, Egito e sul da Itália, e começa a escrever. II- O filósofo também não concordava que os políticos mais votados assumissem os principais cargos em uma cidade ou país. Para ele, nem sempre o mais votado era o mais bem preparado. Dentro deste contexto, era necessário criar uma alternativa para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público. III- Acreditava que: “este mundo em que vivemos não passa de uma cópia imperfeita de outro mundo perfeito” que ele chamava de mundo das ideias. IV- Assim como Sócrates foi acusado e condenado e para que os atenienses não pecassem duas vezes contra a filosofia ele fugiu, há versões de ter-se jogado no mar por não ter decifrado as mares. V- A herança deixada por ele vai além da filosofia, passa pela lógica, música, leis da poesia e do drama, metafísica, biologia e até pela economia. Escolha a alternativa correta: a) II, III,V b) I,II,III c) II,III,IV d) II,III,IV,V e)I,II,III,IV,V 4- ( UEL ) Platão considera as opiniões e as percepções sensoriais, ou conhecimento das imagens das coisas, como fonte de erro, pois nunca alcançam à verdade plena. Considerando a alegoria do Mito da Caverna, utilizada por Platão no livro A República para elucidar

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suas concepções antropológica e epistemológica, é incorreto afirmar que:

a) O Mundo Sensível é inferior ao Mundo Inteligível; b) O verdadeiro conhecimento é atingível pela razão; c) As sombras dos verdadeiros seres são o que os sentidos captam; d) A verdade essencial é conhecida através do conceito; e) O ser humano nunca se libertará das "prisões" a que está submetido por mais que lute e se esforce;

5- Ler as questões apresentadas abaixo, e refletir um pouco sobre o Mito da Caverna de Platão, e ver como os ensinamentos desse filósofo podem nos ajudar muito em nossa vida cotidiana, sobretudo no que se refere à libertação da caverna, ou seja, da passagem do senso comum para o senso crítico. a) Qual a simbologia da caverna? Nos dias de hoje o que poderíamos chamar de caverna? ________________________________________________________________________________

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b) No Mito da Caverna, o que a luz do sol simboliza? Nos dias de hoje o que poderíamos chamar de luz do sol? ________________________________________________________________________________

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c) As informações que recebemos pela televisão ou pela Internet são plenamente confiáveis? Será que elas não podem nos deixar mais alienados? ________________________________________________________________________________

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d) De que forma nós podemos nos libertar da nossa caverna da alienação? ________________________________________________________________________________

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e) O que você faria se fosse o prisioneiro da caverna que conseguiu se libertar? E o que faria se fosse o prisioneiro que não conseguiu se libertar? _________________________________________________________________________

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6- (Uel) Observe a charge a seguir.

Após descrever a alegoria da caverna, na obra A República, Platão faz a seguinte afirmação: Com efeito, uma vez habituados, sereis mil vezes melhores do que os que lá estão e reconhecereis cada imagem, o que ela é e o que representa, devido a terdes contemplado a verdade relativa ao belo, ao justo e ao bom. E assim teremos uma cidade para nós e para vós, que é uma realidade, e não um sonho, como atualmente sucede na maioria delas, onde combatem por sombras uns com os outros e disputam o poder, como se ele fosse um grande bem. (PLATÃO. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994. p.326.)

Compare a alegoria da caverna e a charge, e explicite o que representa, do ponto de vista político, a saída do homem da caverna e a contemplação do bem.

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Aristóteles: (384 - 322 a.C.)10

A herança de Aristóteles vai além da filosofia, passa pela lógica, música, leis da poesia e do drama, metafísica, biologia e até pela economia. Juntamente com Platão e Sócrates, Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental

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http://pensador.uol.com.br/autor/aristoteles/biografia/

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Notável filósofo grego, Aristóteles, nasceu em Estágira, norte da Grécia. Perdeu os pais muito jovens. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas, gozou de circunstâncias favoráveis para seus estudos. Aos seus 17 anos, foi enviado para a Academia de Platão em Atenas, na qual permanecera por 20 anos, inicialmente como discípulo, depois como professor, até a morte do seu mestre. Quando Platão morre Aristóteles vai embora e a academia fica para um sobrinho de Platão. O fato de ser filho de médico poderá ter dado a Aristóteles o gosto pelos conhecimentos experimentais e da natureza, ao mesmo tempo em que teve sucesso como metafísico. Foi tutor de Alexandre, o Grande, auxiliado sempre por ele que o prestigiava, Aristóteles fundou o Liceu no ginásio do templo de Apolo Liceu (Liceu é referência ao local do templo). Onde criou escola própria no ginásio Apolo Liceu Assim como Sócrates foi acusado e condenado e para que os atenienses não pecassem duas vezes contra a filosofia fugiu, há versões de ter-se jogado no mar por não ter decifrado as mares. Em pouco mais de dez anos de atividade, fez Aristóteles de sua escola um centro de adiantados estudos, em que os mestres se distribuíam por especialidades, inclusive em ciências positivas. A teoria de Aristóteles é a teoria das formas, ele dizia que não é possível separar as formas das particularidades como a forma da beleza, pois é aí que se encontram as propriedades. Exemplo cada flor cada mulher tem sua própria forma e beleza. Sobre a virtude, Aristóteles dizia que é a ponderação. A ideia é de pesar os dois lados de uma questão e ponderar, é o bem deliberar corretamente, ou seja, refletir sobre ela (questão). Ele afirmava que um ser só alcança seu fim quando cumpre a função (ou faculdade) que lhe é própria e o distingue dos demais seres, isto é a, sua virtude. A palavra virtude é entendida aqui como a propriedade mais característica e essencial de um ser, aquela cujo exercício conduz à excelência ou perfeição desse ser, trazendo-lhe prazer. Por exemplo a virtude de uma faca é o seu corte, de uma laranjeira é produzir laranjas, de um dentista é tratar dos dentes.

O ser humano, por sua vez, dispõe de uma grande qualidade de funções ou faculdades (caminhar, correr, comer, sentir, dormir, desejar, amar etc.), mas outros animais podem possuí-las também. Há, porém, uma única faculdade que ele possui com exclusividade e que o distingue dos demais seres: o pensar de forma racional. Essa seria, portanto, sua virtude essencial. Assim, o ser humano só alcançará seu fim e bem supremo (a felicidade) se atuar conforme sua virtude, que é a razão. Aristóteles dizia também que não se pode abandonar a companhia da família e dos amigos, a riqueza e o poder. Todos esses elementos, e o prazer que deles resulta, promoveriam o bem estar material e a paz social, indispensáveis à vida contemplativa. O sábio não poderá dedicar-se à contemplação se, por exemplo, não houver alimentos, se seus filhos chorarem de fome e se a cidade toda estiver em pé de guerra. Além do mais, o gozo de tais prazeres estaria vinculado ao exercício de outras virtudes, humanas – como a generosidade, a coragem, a cortesia e a justiça – que, em seu conjunto, contribuiriam para a felicidade completa do ser humano. O Pensamento de Aristóteles se opõe ao de Platão em diversos aspectos. O principal deles certamente é a importância dada aos sentidos (visão, olfato, tato, etc.) para se alcançar o conhecimento. Platão afirmava a superioridade do mundo das ideias sobre o mundo das coisas: o que vemos à nossa volta seria o reflexo das formas eternas e imutáveis que podem ser conhecidas porque também existem em nossa alma. Para Aristóteles, dá-se exatamente o contrário: as imagens que formamos em nosso pensamento surgem a partir de um contato prévio com as coisas materiais, que são captadas pelos órgãos dos sentidos.

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Além disso, Platão dizia que as ideias eram inatas. Para Aristóteles a razão era inata: todos os homens nascem com a razão, que lhes dá a capacidade de ordenar e classificar todos as coisas do mundo conforme são percebidas pelos sentidos. Portanto, Aristóteles, preocupava-se sobretudo, com a natureza, com a sua observação e com a classificação de seus fenômenos.

De acordo com Aristóteles, as coisas apresentam diversos modos de ser. Um touro, por exemplo, é o mesmo tempo: forte, preto, bravo, touro. Ou seja, ele pode ser caracterizado por diversas categorias. Dessas, a mais substancial é o touro em si, pois é da sua existência ou da sua individualidade que derivam as demais. Nesse caso, o touro é uma substância (uma categoria), sua cor preta é uma qualidade (outra categoria), sua força é uma quantidade (outra categoria). Aristóteles definiu dez categorias, ou seja, dez formas de se caracterizar a substância (o sujeito individual): substância, quantidade, qualidade, relação, tempo, lugar, situação, ação, paixão e possessão.

Desta forma, o mundo seria composto de substâncias distintas, mas que são caracterizadas por categorias comuns a outras substâncias. Segundo Platão, essas qualidades comuns derivam de uma ideia transcendente (por exemplo, a ideia de Belo, a ideia de Branco): já para Aristóteles, essas qualidades eram apenas categorias universais percebidas pela razão no mundo concreto.

Aristóteles não acreditava em alma, para ele a alma é matéria tanto quanto o corpo. Seu pensamento influencia no ocidente por situações físicas e materialistas. A influência na física é o contraponto de Aristóteles para ele tudo é qualidade na física moderna tudo é quantificado, é matemático. Quanto a biologia seu raciocínio é o mesmo da biologia moderna, ou seja, tudo tem uma finalidade. Todos os órgãos têm sua função.

Aristóteles é todo ele finalista, pois cada substância apresenta uma forma e provem de uma causa, que é tudo aquilo que contribui para que se torne real. Aristóteles distinguiu:

Causa material: o material de algo é feito (madeira, mármore, carne, osso) Causa formal: referente à forma (árvore, touro, homem). Causa eficiente (ou motora): responsável por realizar a potencialidade de uma

matéria. Causa final: objetivo ou finalidade do desenvolvimento de uma forma.

Essa divisão ficou conhecida como Teoria das quatro causa. Oculto em uma sua propriedade em Cálcis, ali morreu já no ano seguinte aos 62 anos. Mas o Liceu teve continuidade, como também a Academia de Platão Uma notícia diz que Aristóteles, o mais ilustre dos discípulos de Platão, "tinha a voz débil, pernas delgadas e olhos pequenos; que vestia sempre com esmero, levava anéis e cortava a barba". A estátua, que dele se conserva, o apresenta com a testa e a cabeça menor, que a de Platão; cabelo aparado, sem ser calvo como Sócrates; barba não alongada; boca pequena, entre lábios finos. Tal foi o maior dos mestres.

Exercícios: 1- (ENEM) Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.

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Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se : a) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. e) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.

2-(UEL) Leia o texto a seguir. A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética: a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos. 3- Na concepção aristotélica o fim supremo do homem é a felicidade. Para o filósofo o que ela significa? a) A honra moral; b) O aperfeiçoar-se enquanto homem; c) O acúmulo de riquezas materiais; d) O prazer e o gozo das coisas. e) Apenas uma reflexão 4- (ENEM) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. Das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como: a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual e ascese pessoal. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 5- (UEL-PR) - “[...] uma pessoa age injustamente ou justamente sempre que pratica tais atos voluntariamente; quando os pratica involuntariamente, ela não age injustamente nem justamente, a não ser de maneira acidental. O que determina se um ato é ou não é um ato de injustiça (ou de justiça) é sua voluntariedade ou involuntariedade; quando ele é voluntário, o agente é censurado, e somente neste caso se trata de um ato de injustiça, de tal forma que haverá atos que são injustos mas não chegam a ser atos de injustiça se a voluntariedade também não estiver presente.” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 207.)

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Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de Justiça em Aristóteles, é correto afirmar: a) Um ato de justiça depende da consciência do agente e de ter sido praticado voluntariamente. b) A noção de justo desconsidera a discriminação de atos voluntários e involuntários quanto ao reconhecimento de mérito. c) A justiça é uma noção de virtude inata ao ser humano, a qual independe da voluntariedade do agente. d) O ato voluntário desobriga o agente de imputabilidade, devido à carência de critérios para distinguir a justiça da injustiça. e) Quando um homem delibera prejudicar outro, a injustiça está circunscrita ao ato e, portanto, exclui o agente. 6- “[...] Aristóteles subordina o bem do indivíduo ao Bem Supremo da pólis. Esse vínculo interno entre ética e política significava que as qualidades das leis e do poder dependiam das qualidades morais dos cidadãos e vice-versa, isto é, das qualidades da cidade dependiam as virtudes dos cidadãos”. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo, Editora Ática, 2003, p. 360. Com auxílio do texto é correto afirmar sobre ética e política em Aristóteles que a) existe uma conexão íntima entre ética e política, que torna possível definir o governo político em termos exclusivamente éticos. b) há uma relação próxima entre ética e política, na medida em que a ética se preocupa com o bem comum e a política com o bem individual. c) devido ao vínculo interno entre ética e política, o homem virtuoso só obedece às leis justas que ele impõe a si mesmo. d) independente das condições de vida do indivíduo, uma boa legislação nos faz pensá-lo sempre como cidadão virtuoso. e) toda comunidade política é, ao mesmo tempo, uma comunidade ética, mesmo que os indivíduos que a compõem visem a seus próprios interesses. 7- (UEL-PR) Observe a charge e leia o texto a seguir.

Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25.

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“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem [...].” (ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.) Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar: a) O texto de Aristóteles confirma a idéia exposta pela charge de que a condição humana de ser político é artificial e um obstáculo à liberdade individual. b) A charge apresenta uma interpretação correta do texto de Aristóteles segundo a qual a política é uma atividade nociva à coletividade devendo seus representantes serem afastados do convívio social. c) A charge aborda o ponto de vista aristotélico de que a dimensão política do homem independe da convivência com seus semelhantes, uma vez que o homem bastasse a si próprio. d) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado. e) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles apresentam a idéia de que a vida em sociedade degenera o homem, tornando-o um animal. 8- Observe a pintura abaixo - A escola de Atenas - de Rafael artista italiano que reuniu os principais nomes da filosofia grega, ilustrando a distinção entre a filosofia de Platão que aponta sua mão para o alto e de Aristóteles que aponta para baixo. Indique o significado dos gestos dos filósofos e discorra sobre a principal diferença entre a filosofia de Platão e Aristóteles.

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9- Destaque, entre os elementos propostos por Aristóteles para uma vida feliz, aqueles que você considera condição necessária apara sua felicidade. Para você há algum que, além de necessário é condição suficiente para ser feliz? Qual? Justifique sua resposta.

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10- Quais sao quatro causas que Aristóletes distinguiu em sua teoria? Explique cada uma delas.

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REFERÊNCIAS:

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 5 ed. Ed. Ática – SP, 1995. Danilo Marcondes de Souza Filho. Doutor em filosofia pela Universidade de St. Andrews, Grã – Bretanha. Professora associado do departamento de filosofia da PUC – RJ. Professor adjunto do departamento de filosofia da Universidade Federal Fluminense. Diretor do departamento de filosofia da PUC – RJ, a partir de 1986. Dicionário Básico de Filosofia. Direitos contratados por Jorge Zahar Editor Ltda. Reedição:1991 (Ed. Revista) Hilton Japiassú. Doutor em filosofia pela Universidade de Grenoble, França. Professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autor de inúmeras obras da história das ciências. Paulo Ghiraldelli Jr. Filósofo doutorado pela USP e PUC – SP, autor de mais de 40 livros e diretor do centro de Estudos em Filosofia Americana, sediado na capital paulista. http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1060.html http://pensador.uol.com.br/autor/aristoteles/biografia/ Caderno Anglo – Colégio Singular. - 2016


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