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FIDELIDADE DE CRISTO, FIDELIDADE DO SACERDOTE

PROPOSTA DE TRÍDUO DE ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL

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Título: Fidelidade de Cristo Fidelidade do Sacerdote Proposta de Tríduo de Encerramento do Ano Sacerdotal e Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes

Imagem de capa:

Photograph © 2009 Museum of Fine Arts, Boston Retirada do Cartaz do Início do Ano Sacerdotal da Congregação para o Clero

Pedidos e Informações

Comissão Episcopal Vocações e Ministérios Rua D. António Barroso, 101 4445-396 ERMESINDE � 229741341 � 229741751 � [email protected]

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – apresentação 1

CELEBRAR O ANO SACERDOTAL

proposta de tríduo de encerramento

pela Comissão Episcopal

Vocações e Ministérios

Incentivar um renovado impulso espiritual e apostólico

Renovar os dinamismos da Santidade, da Comunhão, da Missão, do Amor

“O meu desejo é que a minha visita se torne incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico. Que o Evangelho seja acolhido na sua integridade e testemunhado com paixão por todos os discípulos de Cristo, a fim de que se revele como fermento de autêntica renovação de toda a sociedade!”

[Bento XVI, Discurso de Despedida no Porto, 14 de Maio de 2010]

Nota de apresentação � As sugestões que aqui se apresentam são singela proposta de apelo à oração e à meditação, para

celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal nas paróquias e comunidades eclesiais e religiosas. � Aproveitando os três dias de celebrações quotidianas da Missa que antecedem o dia de

encerramento, são apresentados alguns momentos de oração e meditação segundo os principais dinamismos da vida cristã. Para isso, recorremos a alguns textos do Santo Cura d’Ars, do Papa João Paulo II nas orientações pastorais para o terceiro milénio e do Papa Bento XVI no anúncio do Ano Sacerdotal e nas palavras proferidas aquando da sua recente visita a Portugal.

� Nesses três dias, propõe-se que a Eucaristia se inicie com a invocação do Espírito Santo. Após a

proclamação dos textos da liturgia da Palavra própria de cada dia, sugere-se um momento de silêncio, que pode incluir um breve aceno de acolhimento à Palavra escutada. Em seguida, o presidente poderá destacar o dinamismo pastoral que é apresentado, lendo os textos indicados ou realçando alguns aspectos a partir deles. Além destes dois momentos, em cada um dos dias destaca-se um dos momentos da celebração: acto penitencial e acção de graças no primeiro dia; oração dos fiéis no segundo dia; acção de graças no terceiro dia.

� No dia próprio de encerramento, que coincide com a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a

liturgia já contém suficientes elementos celebrativos do Amor de Deus como essência dos que seguem Jesus Cristo em Igreja. Além de alguns pontos de introdução à celebração, sugerem-se apenas alguns comentários à liturgia da Palavra, que poderão servir para a reflexão desse dia ou, porventura, para outros momentos de leitura meditada da Palavra ao longo da semana.

� Oxalá que estas propostas apresentadas pela Comissão Episcopal Vocações e Ministérios possam

gerir alguma unidade celebrativa nas nossas paróquias e comunidades e, sobretudo, promover um renovado impulso espiritual, comunitário e apostólico, conforme nos sugeriu o Papa Bento XVI nas últimas palavras que nos deixou, já no aeroporto do Porto a 14 de Maio, mesmo antes de voar para Roma.

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 8 de Junho 2

RENOVAR O DINAMISMO DA SANTIDADE

- durante a missa de 8 de Junho de 2010 - Depois da saudação inicial Estamos reunidos em celebração eucarística para percorrer juntos este tríduo celebrativo de encerramento do Ano Sacerdotal, rumo à grande Solenidade do Sagrado do Coração de Jesus, com coração filial agradecido pelo imenso amor do Pai em Jesus derramado em nós no seu Espírito. Suplicamos-Lhe que nos fortaleça na adesão ao seu projecto de felicidade, segundo a vocação pessoal de cada um, na alegre e profunda certeza de sermos discípulos de Jesus Cristo na Igreja gerada no Espírito Santo. Recordamos as últimas palavras proferidas pelo Santo Padre antes de deixar o nosso país, após a sua recente visita pastoral: “o meu desejo é que a minha visita se torne incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico. Que o Evangelho seja acolhido na sua integridade e testemunhado com paixão por todos os discípulos de Cristo, a fim de que se revele como fermento de autêntica renovação de toda a sociedade!” Que este tríduo nos leve a “incentivar um renovado impulso espiritual e apostólico”, nas nossas vidas e nas nossas comunidades cristãs. Ao longo destes dias, procuremos celebrar a renovação dos grandes dinamismos da nossa vida cristã: a santidade, a comunhão, a missão, o amor. Neste primeiro dia, renovemos em nós e nas nossas comunidades o dinamismo da Santidade e da Oração, da Espiritualidade, da Consagração… Comecemos por invocar o Espírito Santo, porque sem Ele não podemos ver Deus a agir em nós e à nossa volta. No dizer do Santo Cura d’Ars, que nos acompanhou particularmente ao longo deste Ano Sacerdotal, “só o Espírito Santo pode elevar a nossa alma e levá-la para o alto. Só o Espírito aumenta o nosso olhar e nos abre ao amor de Deus”. Oração ao Espírito Santo Espírito Santo, que gerastes Jesus no seio virginal de Maria, gerai em nós a Cristo e fazei-O crescer no nosso interior. Identificai-nos com Ele, transformai-nos cada vez mais n’Ele. Cristificai-nos e dai-nos a graça de vivermos em Jesus. Espírito Santo, que sois o Mestre interior da nossa oração, inspirai-nos o que devemos rezar e escutai a oração que Vós mesmo nos inspirastes. Que a vossa presença em nós, que o balbuciar da vossa voz nos faça seres impregnados de Deus, nos conduza à divina intimidade. Vinde em nossa ajuda. Iluminai, dai sabedoria e abri os nossos seres à comunhão trinitária. Acto penitencial A humanidade precisa de sacerdotes, consagrados e leigos que expressem o entusiasmo da entrega do dom das suas vidas a Deus e aos irmãos. Como isso nem sempre acontece, pedimos perdão, cantando: Kyrie… Porque nem sempre somos testemunhas e mensageiros da alegria e da esperança, da paz e da reconciliação para mundo, porque nem sempre acolhemos de coração aberto os que buscam e procuram a Deus na sua diferença, porque muitas vezes fechamos os ouvidos ao convite de Jesus para ser sal da terra e luz do mundo, pedimos perdão, cantando: Christe…

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Pelas vezes em que não permanecemos unidos ao Senhor e não demos frutos de vida nova, pelas vezes em que não vivemos unidos no amor fraterno, pelas vezes em que, como videira seca, não produzimos bons frutos, pedimos perdão, cantando: Kyrie… Que o Deus da bondade e da paz, da sabedoria e do amor, da misericórdia e do perdão desça sobre nós o seu olhar bondoso, perdoe os nossos pecados e nos faça viver na santidade. Ámen. Liturgia da Palavra (leituras do dia: 1 Rs 17,7-16 – Sl 4 – Mt 5,13-16) A seguir à proclamação das leituras, propõe-se um momento de silêncio. O presidente da celebração poderá fazer um breve aceno de acolhimento à Palavra escutada. Depois, poderá destacar o dinamismo pastoral que é apresentado, lendo os textos indicados a seguir ou realçando alguns aspectos a partir deles. Leitura meditada sobre o dinamismo da Santidade e da Oração Renovemos em nós e nas nossas comunidades o dinamismo da Santidade e da Oração, da Espiritualidade, da Consagração… Para nós viver é Cristo! Deixemo-nos encontrar por Cristo e com Cristo: meditemos, estudemos, partilhemos a Palavra de Deus, escutemos o Espírito sempre… Deixemo-nos interpelar por algumas palavras do Santo Cura d’Ars, do Papa João Paulo II nas orientações pastorais para o terceiro milénio e do Papa Bento XVI no anúncio do Ano Sacerdotal e nas propostas dirigidas em Portugal. SANTO CURA D’ARS � “Não tenho outra coisa a provar-vos senão a indispensável obrigação em que estamos de nos

tornarmos santos! Se pudéssemos interrogar os santos, dir-nos-iam que a sua felicidade é amar Deus e estarem seguros de O amar sempre”.

� “Os santos não começaram todos bem, mas acabaram todos bem”. � “A pregação dos santos, são os seus exemplos”. � “O caminho de vida com Deus chama-se santidade, que é para nós possível pelo acolhimento do

Espírito. O Espírito Santo compromete-nos, na medida em que queremos viver o nosso baptismo, a dizer um sim total a Deus, Trindade de Amor, para que Ele realize em nós e por nós a sua vontade, a sua obra. Um caminho de fé que nos enche de felicidade”.

� “Onde passam os santos, Deus passa com eles…” � “Aqueles que são conduzidos pelo Espírito Santo têm ideias justas. Quando somos conduzidos por

um Deus de força e de luz, não nos podemos enganar… o olhar do mundo não vê mais longe que a vida, o olhar do cristão vê até ao fundo da eternidade”.

JOÃO PAULO II � “O horizonte para que deve tender todo o caminho pastoral é a santidade. Não era isso

também o objectivo último da indulgência jubilar, enquanto graça especial oferecida por Cristo para que a vida de cada baptizado pudesse purificar-se e renovar-se profundamente? […] Na verdade, colocar a programação pastoral sob o signo da santidade é uma opção carregada de consequências. Significa exprimir a convicção de que, se o Baptismo é um verdadeiro ingresso na

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 8 de Junho 4

santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contra-senso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: «Queres receber o Baptismo?» significa ao mesmo tempo pedir-lhe: «Queres fazer-te santo?» Significa colocar na sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha: «Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste» (Mt 5,48).

[João Paulo II, Novo Millennio Ineunte 30-31] BENTO XVI � “Decisivo é conseguir inculcar em todos os agentes evangelizadores um verdadeiro ardor de

santidade, cientes de que o resultado provém sobretudo da união com Cristo e da acção do seu Espírito. […] A Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade entre os fiéis, porque é da santidade que nasce toda a autêntica renovação da Igreja, todo o enriquecimento da fé e do seguimento cristão, uma reactualização vital e fecunda do cristianismo com as necessidades dos homens, uma renovada forma de presença no coração da existência humana e da cultura das nações”.

[Bento XVI, Discurso aos Bispos em Fátima, 13 de Maio de 2010] � “É nos Santos que a Igreja reconhece os seus traços característicos e, precisamente neles,

saboreia a sua alegria mais profunda. Irmana-os, a todos, a vontade de encarnar na sua existência o Evangelho, sob o impulso do eterno animador do Povo de Deus que é o Espírito Santo. […] É preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja. Portanto a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós. […] Queridos Irmãos e jovens amigos, Cristo está sempre connosco e caminha sempre com a sua Igreja, acompanha-a e guarda-a, como Ele nos disse: «Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Nunca duvideis da sua presença! Procurai sempre o Senhor Jesus, crescei na amizade com Ele, comungai-O. Aprendei a ouvir e a conhecer a sua palavra e também a reconhecê-Lo nos pobres. Vivei a vossa vida com alegria e entusiasmo, certos da sua presença e da sua amizade gratuita, generosa, fiel até à morte de cruz. Testemunhai a alegria desta sua presença forte e suave a todos, a começar pelos da vossa idade. Dizei-lhes que é belo ser amigo de Jesus e que vale a pena segui-Lo. Com o vosso entusiasmo, mostrai que, entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos – todos aparentemente do mesmo nível –, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida e, consequentemente, a alegria verdadeira e duradoura. Buscai diariamente a protecção de Maria, a Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade. Ela, a Toda Santa, ajudar-vos-á a ser fiéis discípulos do seu Filho Jesus Cristo”.

[Bento XVI, Homilia em Lisboa, 11 de Maio de 2010] � “A relação com Deus é constitutiva do ser humano: foi criado e ordenado para Deus,

procura a verdade na sua estrutura cognitiva, tende ao bem na esfera volitiva, é atraído pela beleza na dimensão estética. A consciência é cristã na medida em que se abre à plenitude da vida e da sabedoria, que temos em Jesus Cristo. A visita, que agora inicio sob o signo da esperança, pretende ser uma proposta de sabedoria e de missão. […] Viver na pluralidade de sistemas de valores e de quadros éticos exige uma viagem ao centro de si mesmo e ao cerne do cristianismo para reforçar a qualidade do testemunho até à santidade, inventar caminhos de missão até à radicalidade do martírio”.

[Bento XVI, Discurso na chegada a Lisboa, 11 de Maio de 2010] � “Sim! O Senhor, a nossa grande esperança, está connosco; no seu amor misericordioso,

oferece um futuro ao seu povo: um futuro de comunhão consigo. […] A nossa esperança tem

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 8 de Junho 5

fundamento real, apoia-se num acontecimento que se coloca na história e ao mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré. […] Mas quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa a chama da fé? A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa que não desilude; indica um sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo”.

[Bento XVI, Homilia em Fátima, 13 de Maio de 2010] Oração depois da comunhão (de S. João Maria Vianney) Eu Vos amo, meu Deus, e o meu único desejo é amar-Vos até ao último suspiro da minha vida. Eu Vos amo, ó Deus infinitamente amável, e desejo mais ardentemente morrer amando-Vos, do que viver um só instante, sem Vos amar. Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de amar-Vos eternamente. Eu Vos amo, meu Deus, e desejo o céu para ter a felicidade de Vos amar perfeitamente. Eu Vos amo, meu Deus infinitamente bom, e temo o inferno porque lá não haverá nunca a consolação de Vos amar. Meu Deus, se a minha língua não pode repetir a todo o momento que Vos ama, quero que o meu coração vo-lo repita cada vez que respiro. Meu Deus, concedei-me a graça de sofrer amando-Vos e de Vos amar sofrendo. Eu Vos amo, ó meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim e porque me tendes aqui em baixo crucificado por Vós. Meu Deus, concedei-me a graça de morrer amando-Vos e de saber que Vos amo. Meu Deus, à medida que me aproximo do meu fim, concedei-me a graça de aumentar e aperfeiçoar o meu amor. Ámen.

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 9 de Junho 6

RENOVAR O DINAMISMO DA COMUNHÃO

- durante a missa de 9 de Junho de 2010 - Depois da saudação inicial Estamos reunidos em celebração eucarística para continuar a percorrer juntos este tríduo celebrativo de encerramento do ano Sacerdotal, rumo à grande Solenidade do Sagrado do Coração de Jesus, com coração filial agradecido pelo imenso amor do Pai em Jesus derramado em nós no seu Espírito. Suplicamos-Lhe que nos fortaleça na adesão ao seu projecto de felicidade, segundo a vocação pessoal de cada um, na alegre e profunda certeza de sermos discípulos de Jesus Cristo na Igreja gerada no Espírito Santo. Que este tríduo nos leve a “incentivar um renovado impulso espiritual e apostólico”, nas nossas vidas e nas nossas comunidades cristãs. Ao longo destes dias, continuamos a celebrar a renovação dos grandes dinamismos da nossa vida cristã: a santidade, a comunhão, a missão. Neste segundo dia, renovemos em nós e nas nossas comunidades o dinamismo da Comunhão, da Comunidade, da Igreja! Continuemos a invocar o Espírito Santo, porque sem Ele não podemos ver Deus a agir em nós e à nossa volta. No dizer do Santo Cura d’Ars, que nos acompanhou particularmente ao longo deste Ano Sacerdotal, “só o Espírito Santo pode elevar a nossa alma e levá-la para o alto. Só o Espírito aumenta o nosso olhar e nos abre ao amor de Deus”. Oração ao Espírito Santo Ó Espírito Paráclito, aperfeiçoai em nós o trabalho feito por Jesus: fazei-nos capazes de continuar a orar fervorosamente em nome de todo o mundo; apressai em todos nós o crescimento para uma profunda vida interior; dai-nos vigor no nosso apostolado, de modo que possa atingir todos os povos, todos remidos pelo sangue de Cristo e todos pertença d’Ele. Mortificai em nós o orgulho natural, e elevai-nos à região da santa humildade, do verdadeiro Temor de Deus, da coragem generosa. Não permitais que nenhum apego terreno nos impeça de honrar a nossa vocação, nenhuma consideração cobarde perturbe os direitos da justiça, nenhuma mesquinhez limite a imensidão da caridade. Ámen. Liturgia da Palavra (leituras do dia: 1 Rs 18,20-39 – Sl 15 – Mt 5,17-19) A seguir à proclamação das leituras, propõe-se um momento de silêncio. O presidente da celebração poderá fazer um breve aceno de acolhimento à Palavra escutada. Depois, poderá destacar o dinamismo pastoral que é apresentado, lendo os textos indicados a seguir ou realçando alguns aspectos a partir deles. Leitura meditada sobre o dinamismo da Comunhão Renovemos em nós e nas nossas comunidades o dinamismo da Comunhão, da Comunidade, da Igreja! Somos o corpo de Cristo e seus membros! Fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só Corpo!

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 9 de Junho 7

Vamos construir juntos a Igreja: colocar os dons de Deus ao serviço dos irmãos, buscar a verdade na comunhão de raças, tribos, nações, culturas… Deixemo-nos interpelar por algumas palavras do Santo Cura d’Ars, do Papa João Paulo II nas orientações pastorais para o terceiro milénio e do Papa Bento XVI no anúncio do Ano Sacerdotal e nas propostas dirigidas em Portugal. SANTO CURA D’ARS � “Na unidade do Amor de Deus estão reunidos os corações dos cristãos, e esta unidade é o céu.

Como é belo! Ó bela união da Igreja da terra com a Igreja do céu! O cristão perfeito é o homem que une todas as suas acções, todas as suas penas, todas as suas orações e todas as batidas do seu coração aos méritos da Igreja inteira… É mais ou menos como aquele que reúne um fardo de palha e mete-o no fogo: a chama sobe bem alto, isso faz um braseiro. Se pusermos fogo a uma só palha, ela extingue-se imediatamente”.

� “Feliz o cristão que é instruído e que entra no espírito da Igreja”. JOÃO PAULO II � “«É por isto que todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo

13,35). Se verdadeiramente contemplámos o rosto de Cristo, amados irmãos e irmãs, a nossa programação pastoral não poderá deixar de se inspirar ao «mandamento novo» que Ele nos deu: «Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13,34). «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). Se verdadeiramente contemplámos o rosto de Cristo, amados irmãos e irmãs, a nossa programação pastoral não poderá deixar de se inspirar ao «mandamento novo» que Ele nos deu: «Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13,34)”.

[João Paulo II, Novo Millennio Ineunte 42] � “É preciso promover uma espiritualidade da comunhão, elevando-a ao nível de princípio

educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades. Espiritualidade da comunhão significa em primeiro lugar ter o olhar do coração voltado para o mistério da Trindade, que habita em nós e cuja luz há-de ser percebida também no rosto dos irmãos que estão ao nosso redor. Espiritualidade da comunhão significa também a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como «um que faz parte de mim», para saber partilhar as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade. Espiritualidade da comunhão é ainda a capacidade de ver antes de mais nada o que há de positivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: um «dom para mim», como o é para o irmão que directamente o recebeu. Por fim, espiritualidade da comunhão é saber «criar espaço» para o irmão, levando «os fardos uns dos outros» (Gal 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja ilusões! Sem esta caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores da comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento”.

[João Paulo II, Novo Millennio Ineunte 43]

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 9 de Junho 8

BENTO XVI � [Na mensagem de Fátima…] “indicam-se realidades do futuro da Igreja que se desenvolvem e

se mostram paulatinamente. Por isso, é verdade que além do momento indicado na visão, fala-se, vê-se, a necessidade de uma paixão da Igreja, que naturalmente se reflecte na pessoa do Papa; mas o Papa está para a Igreja e, assim, são sofrimentos da Igreja que se anunciam. O Senhor nos disse que a Igreja seria sempre sofredora, de diversos modos, até ao fim do mundo. O importante é que a mensagem, a resposta de Fátima, não vai substancialmente na direcção de devoções particulares, mas precisamente na resposta fundamental, ou seja, a conversão permanente, a penitência, a oração, e as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. […] A Igreja tem uma profunda necessidade de reaprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender por um lado o perdão, mas também a necessidade de justiça. O perdão não substitui a justiça. Em uma palavra, devemos reaprender precisamente estas coisas essenciais: a conversão, a oração, a penitência e as virtudes teologais”.

[Bento XVI, Encontro com Jornalistas durante o voo para Portugal, 11 de Maio de 2010] � “Na sua função de santuário, seja cada vez mais lugar para cada fiel rever como os critérios do

Reino de Cristo estão impressos na sua vida de consagração baptismal, para fomentar a construção do amor, da justiça e da paz com intervenções na sociedade a favor dos pobres e oprimidos, para centrar a espiritualidade das comunidades cristãs em Cristo, Senhor e Juiz da história”.

[Bento XVI, Mensagem no 50º aniversário do Monumento a Cristo-Rei, 11 de Maio de 2010] � “Há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo, levando a

sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e dignidade. […] A convivência da Igreja, na sua adesão firme ao carácter perene da verdade, com o respeito por outras «verdades» ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer. Nesse respeito dialogante, podem abrir-se novas portas para a comunicação da verdade. […] O diálogo sem ambiguidades e respeitoso das partes nele envolvidas é hoje uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se subtrai”

[Bento XVI, Discurso ao mundo da cultura em Lisboa, 12 de Maio de 2010] � “Vim a Fátima, porque hoje converge para aqui a Igreja peregrina, querida pelo seu Filho como

instrumento de evangelização e sacramento de salvação. Vim a Fátima para rezar, com Maria e tantos peregrinos, pela nossa humanidade acabrunhada por misérias e sofrimentos. Enfim, com os mesmos sentimentos dos Beatos Francisco e Jacinta e da Serva de Deus Lúcia, vim a Fátima para confiar a Nossa Senhora a confissão íntima de que «amo», de que a Igreja, de que os sacerdotes «amam» Jesus e n’Ele desejam manter fixos os olhos ao terminar este Ano Sacerdotal, e para confiar à protecção materna de Maria os sacerdotes, os consagrados e consagradas, os missionários e todos os obreiros do bem que tornam acolhedora e benfazeja a Casa de Deus”.

[Bento XVI, Homilia no Santuário de Fátima, 13 de Maio de 2010] � “Observando-os [movimentos e novas comunidades eclesiais], tive a alegria e a graça de ver

como, num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava de «inverno da Igreja», o Espírito Santo criava uma nova primavera, fazendo despertar nos jovens e adultos a alegria de serem cristãos, de viverem na Igreja que é o Corpo vivo de Cristo. Graças aos carismas, a radicalidade do Evangelho, o conteúdo objectivo da fé, o fluxo vivo da sua tradição comunicam-se persuasivamente e são acolhidos como experiência pessoal, como adesão da liberdade ao evento presente de Cristo”.

[Bento XVI, Discurso aos Bispos em Fátima, 13 de Maio de 2010] � “Que Deus vos pague, derramando em abundância o Espírito Santo sobre vós e vossas dioceses a

fim de que, num só coração e numa só alma, possais levar a cabo o empenho pastoral que vos propusestes: oferecer a todos os fiéis uma iniciação cristã exigente e atractiva, comunicadora da integridade da fé e da espiritualidade radicada no Evangelho, formadora de agentes livres no meio da vida pública”.

[Bento XVI, Discurso aos Bispos em Fátima, 13 de Maio de 2010]

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 9 de Junho 9

Oração universal Elevemos o nosso louvor e o nosso grito de amor ao Senhor, Compaixão infinita, cujo Coração contemplamos sobre este Altar, dizendo-lhe: Dai-nos, Senhor, um coração forte para amar! 1. Senhor, infundi em nós a docilidade de verdadeiros discípulos, prontos a acolher a tua Palavra que nos salva, assíduos a conservá-la e meditá-la, atentos a deixar-nos guiar por ela pelos caminhos que Vós nos traçais. Oremos: 2. Senhor, concedei-nos a graça de nos inclinarmos prontamente à tua vontade para encontrarmos nas veredas da nossa vida Aquele que está vivo, Jesus Cristo nosso Senhor. Oremos: 3. Senhor, concedei-nos um coração grande, que seja uma voz de esperança, que proclame e leve a felicidade aos pobres e últimos do mundo. Oremos: 4. Senhor, para Quem “a seara é grande mas os trabalhadores são poucos”, nós Vos pedimos para que na seara de Jesus haja muitos trabalhadores empenhados e motivados na construção do vosso Reino. Oremos: 5. Senhor, nós Vos pedimos por todos aqueles que se sentem chamados e enviados a uma missão concreta, para que com coragem dêem sabor à vida através do seu testemunho de alegria. Oremos: 6. Senhor, nós Vos pedimos para que toda a nossa vida e o nosso trabalho sejam acompanhados e sustentados por Vós com a força da vossa Palavra e do vosso Pão. Oremos: 7. Senhor, nós Vos pedimos pela Igreja e por todas as comunidades espalhadas pelo mundo, para que sejam cada vez mais sinal misericordioso de Deus. Oremos: 8. Senhor, nós Vos pedimos pelo papa, pelos bispos, presbíteros e diáconos, pelos consagrados e consagradas, para que sejam fiéis ao dom da vocação recebida. Oremos: Cristo, fonte de todo o Amor, iluminai com a luz da vossa ressurreição todos aqueles que chamastes ao sacerdócio, à vida consagrada e à missão, de modo que sejam sinal vivo do Evangelho da alegria em Jesus Cristo, na unidade do Pai e do Espírito Santo. Ámen.

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 10 de Junho 10

RENOVAR OS DINAMISMOS DA VOCAÇÃO E DA MISSÃO

- durante a missa de 10 de Junho de 2010 -

Santo Anjo da Guarda de Portugal Depois da saudação inicial Estamos reunidos em celebração eucarística para continuar a percorrer juntos este tríduo celebrativo de encerramento do ano Sacerdotal, rumo à grande Solenidade do Sagrado do Coração de Jesus, com coração filial agradecido pelo imenso amor do Pai em Jesus derramado em nós no seu Espírito. Suplicamos-Lhe que nos fortaleça na adesão ao seu projecto de felicidade, segundo a vocação pessoal de cada um, na alegre e profunda certeza de sermos discípulos de Jesus Cristo na Igreja gerada no Espírito Santo. Que este tríduo nos leve a “incentivar um renovado impulso espiritual e apostólico”, nas nossas vidas e nas nossas comunidades cristãs. Ao longo destes dias, procuremos celebrar a renovação dos grandes dinamismos da nossa vida cristã: a santidade, a comunhão, a missão. Neste terceiro dia, renovemos em nós e nas nossas comunidades os dinamismos da Vocação e da Missão… Continuemos a invocar o Espírito Santo, porque sem Ele não podemos ver Deus a agir em nós e à nossa volta. No dizer do Santo Cura d’Ars, que nos acompanhou particularmente ao longo deste Ano Sacerdotal, “só o Espírito Santo pode elevar a nossa alma e levá-la para o alto. Só o Espírito aumenta o nosso olhar e nos abre ao amor de Deus”. Oração ao Espírito Santo Onde há transparência, aí está o Espírito. Onde há limpidez de coração, aí está o Espírito. Onde há esquecimento de si, aí está o Espírito. Onde há capacidade de solidão, aí está o Espírito. Onde há fidelidade no amor, aí está o Espírito. Onde há obediência, aí está o Espírito. Onde há humildade, aí está o Espírito. Onde há simplicidade, aí está o Espírito. Onde há discrição, aí está o Espírito. Onde há convivência, aí está o Espírito. Onde há generosidade, aí está o Espírito. Onde há partilha e acolhimento, aí está o Espírito. Onde há sentimentos de misericórdia, aí está o Espírito. Onde há oração, aí está o Espírito. Onde há gratuidade, aí está o Espírito. Onde há amor incondicional, aí está o Espírito. Onde há invocação, aí está o Espírito. Onde há presença de Deus, aí está o Espírito. Deus, Pai de misericórdia, só o vosso Espírito é digno de acção de graças pela imensidão do vosso amor. Introduzi-nos verdadeiramente n’Ele, para que, juntamente com a Virgem Maria e todos os santos, possamos de maneira verdadeira e perfeita reconhecer o nosso pecado e ser louvor da vossa glória, em Cristo Jesus vosso Filho e nosso Senhor. Ámen.

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 10 de Junho 11

Liturgia da Palavra (leituras do dia: Dn 10,2a.5-6.1214ab – Sl 90 – Lc 2,8-14) A seguir à proclamação das leituras, propõe-se um momento de silêncio. O presidente da celebração poderá fazer um breve aceno de acolhimento à Palavra escutada. Depois, poderá destacar o dinamismo pastoral que é apresentado, lendo os textos indicados a seguir ou realçando alguns aspectos a partir deles. Leitura meditada sobre os dinamismos da Vocação e da Missão Renovemos em nós e nas nossas comunidades os dinamismo da Vocação e da Missão! Procuremos seguir Cristo com generosidade, fraternidade, alegria, entusiasmo, paixão, encanto! Cristo continua a chamar-nos e a enviar-nos apóstolos! Procuremos anunciar Cristo. Não bastam serviços religiosos bem cumpridos… É preciso prestar atenção aos apelos do mundo, conhecer as novas culturas e situações… Que o apelo sempre exigente e urgente “ai de vós se não evangelizais” continue a vibrar nos nossos corações e comunidades, abertas e solidárias na única missão de Jesus Cristo! Deixemo-nos interpelar por algumas palavras do Santo Cura d’Ars, do Papa João Paulo II nas orientações pastorais para o terceiro milénio e do Papa Bento XVI no anúncio do Ano Sacerdotal e nas propostas dirigidas em Portugal. SANTO CURA D’ARS � “Como é importante a Palavra de Deus! As últimas palavras de Nosso Senhor aos seus apóstolos

foram estas: “ide e ensinai…” para nos fazer ver que a palavra passa à frente de tudo. O que nos faz conhecer a Igreja? São as palavras que ouvimos. O que nos faz perceber o essencial? A palavra. O que faz conhecer aos pais e mães os deveres que têm de cumprir para com os seus filhos, aos filhos os deveres que têm de cumprir para com os seus pais? A palavra. Porque somos tão cegos e tão ignorantes? Porque não fazemos caso nenhum da Palavra de Deus”.

JOÃO PAULO II � “Sigamos em frente, com esperança! Diante da Igreja abre-se um novo milénio como um vasto

oceano onde aventurar-se com a ajuda de Cristo. O Filho de Deus, que encarnou há dois mil anos por amor do homem, continua também hoje em acção: devemos possuir um olhar perspicaz para a contemplar, e sobretudo um coração grande para nos tornarmos instrumentos dela. Porventura não foi para tomar renovado contacto com esta fonte viva da nossa esperança que celebrámos o ano jubilar? Agora Cristo, por nós contemplado e amado, convida uma vez mais a pormo-nos a caminho: «Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19). O mandato missionário introduz-nos no terceiro milénio, convidando-nos a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora; podemos contar com a força do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes e nos impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança que «não nos deixa confundidos» (Rom 5,5). Ao princípio deste novo século, o nosso passo tem de se fazer mais lesto para percorrer as estradas do mundo. As sendas, por onde caminha cada um de nós e cada uma das nossas Igrejas, são muitas, mas não há distância entre aqueles que estão intimamente ligados pela única comunhão, a comunhão que cada dia é alimentada à mesa do Pão eucarístico e da Palavra de vida. Cada domingo, Cristo ressuscitado marca encontro connosco no Cenáculo, onde, na tarde do «primeiro dia depois do sábado» (Jo 20,19), apareceu aos seus «soprando» sobre eles o dom vivificante do Espírito e iniciando-os na grande aventura da evangelização”.

[João Paulo II, Novo Millennio Ineunte 58]

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 10 de Junho 12

BENTO XVI � “A principal preocupação de todo o cristão, nomeadamente da pessoa consagrada e do ministro

do Altar, há-de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote. […] Neste Ano Sacerdotal, já a caminho do fim, uma graça abundante desça sobre todos vós para viverdes a alegria da consagração e testemunhardes a fidelidade sacerdotal alicerçada na fidelidade de Cristo. Isto supõe, evidentemente, uma verdadeira intimidade com Cristo na oração, pois será a experiência forte e intensa do amor do Senhor que há-de levar os sacerdotes e os consagrados a corresponderem ao seu amor de modo exclusivo e esponsal”.

[Bento XVI, Discurso aos Sacerdotes e Religiosos em Fátima, 12 de Maio de 2010] � “Os tempos que vivemos exigem um novo vigor missionário dos cristãos chamados a formar

um laicado maduro, identificado com a Igreja, solidário com a complexa transformação do mundo. Há necessidade de verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo: políticos, intelectuais, profissionais da comunicação que professam e promovem uma proposta mono-cultural com menosprezo pela dimensão religiosa e contemplativa da vida. […] Mantende viva a dimensão profética sem mordaças no cenário do mundo actual, porque «a palavra de Deus não pode ser acorrentada» (2 Tm 2,9). As pessoas clamam pela Boa Nova de Jesus Cristo, que dá sentido às suas vidas e salvaguarda a sua dignidade”.

[Bento XVI, Discurso aos Bispos em Fátima, 13 de Maio de 2010] � “O cristão é, na Igreja e com a Igreja, um missionário de Cristo enviado ao mundo.

Esta é a missão inadiável de cada comunidade eclesial: receber de Deus e oferecer ao mundo Cristo ressuscitado, para que todas as situações de definhamento e morte se transformem, pelo Espírito, em ocasiões de crescimento e vida. Para isso, em cada celebração eucarística, ouviremos mais atentamente a Palavra de Cristo e saborearemos assiduamente o Pão da sua presença. Isto fará de nós testemunhas e, mais ainda, portadores de Jesus ressuscitado no mundo, levando-O para os diversos sectores da sociedade e quantos neles vivem e trabalham, irradiando aquela «vida em abundância» (Jo, 10, 10) que Ele nos ganhou com a sua cruz e ressurreição e que sacia os mais legítimos anseios do coração humano”.

[Bento XVI, Homilia no Porto, 14 de Maio de 2010] � “Somos chamados a servir a humanidade do nosso tempo, confiando unicamente em Jesus,

deixando-nos iluminar pela sua Palavra: «Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça» (Jo 15, 16). Quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado, por inadvertência deste ponto! Tudo se define a partir de Cristo, quanto à origem e à eficácia da missão: a missão recebemo-la sempre de Cristo, que nos deu a conhecer o que ouviu a seu Pai, e somos nela investidos por meio do Espírito na Igreja. Como a própria Igreja, obra de Cristo e do seu Espírito, trata-se de renovar a face da terra a partir de Deus, sempre e só de Deus!”

[Bento XVI, Homilia no Porto, 14 de Maio de 2010] � “Nestes últimos anos, alterou-se o quadro antropológico, cultural, social e religioso da

humanidade; hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência dos povos. O campo da missão ad gentes apresenta-se hoje notavelmente alargado e não definível apenas segundo considerações geográficas; realmente aguardam por nós não apenas os povos não-cristãos e as terras distantes, mas também os âmbitos sócio-culturais e sobretudo os corações que são os verdadeiros destinatários da actividade missionária do povo de Deus”.

[Bento XVI, Homilia no Porto, 14 de Maio de 2010] � “No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma

chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 10 de Junho 13

àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Queridos irmãos e irmãs, adorai Cristo Senhor em vossos corações (cf. 1 Ped 3, 15)! Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos vossos contemporâneos a luz de Cristo, tal como a Igreja canta na noite da Vigília Pascal que gera a humanidade como família de Deus”.

[Bento XVI, Discurso na bênção das velas em Fátima, 12 de Maio de 2010] � “Queridos irmãos e irmãs que operais no vasto mundo da caridade, «Cristo ensina-nos que Deus é

amor (1 Jo 4,8) e simultaneamente ensina-nos que a lei fundamental da perfeição humana e, consequentemente, também da transformação do mundo é o novo mandamento do amor. Portanto aqueles que crêem na caridade divina têm a certeza d’Ele que a estrada da caridade está aberta a todos os homens» (GS 38). […] Que as instituições da Igreja, unidas a todas as organizações não eclesiais, melhorem as suas capacidades de conhecimento e orientações para uma nova e grandiosa dinâmica que conduza para «aquela civilização do amor, cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura» (GS 33). […] Quem aprende de Deus Amor será inevitavelmente pessoa para os outros. Realmente, «o amor de Deus revela-se na responsabilidade pelo outro» (Spe salvi 28). Unidos a Cristo na sua consagração ao Pai, somos tomados pela sua compaixão pelas multidões que pedem justiça e solidariedade e, como o bom samaritano da parábola, esforçamo-nos por dar respostas concretas e generosas”.

[Bento XVI, Discurso às organizações da pastoral social em Fátima, 13 de Maio de 2010] Oração depois da comunhão (de Adélio Torres Neiva) Senhor, eu Te dou graças pelos leigos que atraíste e despertaste para o anúncio do teu Reino. Eu Te louvo pelos que deixam o seu conforto e a sua comodidade para Te servir na linha da frente, onde tudo falta e as situações tantas vezes são impossíveis. Eu Te louvo pelos que no silêncio do dia a dia se apaixonaram por Ti e não perdem uma oportunidade de Te fazer conhecido e amado. Eu te louvo por todos os que ao serviço da Missão trabalham em movimentos e organismos sem cansar nem desanimar. Eu Te louvo pelos jovens que sacrificam os seus lazeres e as suas férias para nas suas vidas abrirem um espaço para Ti e para aqueles que Tu amas mais que todos: os mais pobres e abandonados. Eu Te louvo por todos os voluntários e leigos missionários que procuram aprofundar na sua vida a vocação missionária que pelo Baptismo receberam. Eu Te louvo por todos os leigos empenhados na vida da comunidade cristã para que encontrem sempre na tua Igreja abertura, apoio, estímulo e compreensão. Eu Te louvo pelos doentes que acompanham mais de perto a tua Paixão e completam na sua vida o mistério do teu amor. Eu Te louvo, Espírito do Senhor, pelas famílias que na fidelidade do seu dia a dia dão testemunho da confiança que nelas depuseste ao fazê-las berço da tua missão. Eu Te louvo por todos os que pelo seu trabalho estão atentos aos teus sinais e procuram transformar este mundo no jardim do teu amor.

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 11 de Junho 14

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL 11 de Junho de 2010

RENOVAR O AMOR DE DEUS NA IGREJA

“Ser bom pastor segundo o coração de Deus” (Santo Cura d’Ars)

“A fidelidade no tempo é o nome do amor”

(Papa Bento XVI) Depois da saudação inicial (ler a introdução e algumas das passagens indicadas) Estamos reunidos para a grande celebração da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que coincide com o encerramento do Ano Sacerdotal, proclamado há um ano pelo Papa Bento XVI. Ao longo destes três dias procurámos meditar e renovar os grandes dinamismos da nossa vida cristã: a santidade, a comunhão, a missão. Deixámo-nos interpelar ainda pelo desafio que o Papa nos deixou há dias após a visita pastoral ao nosso país: “incentivar um renovado impulso espiritual e apostólico” nas nossas vidas e nas nossas comunidades cristãs. Neste dia de encerramento do Ano Sacerdotal, renovemos em nós e nas nossas comunidades o dinamismo do Amor, essência do Ser de Deus na essência dos nossos seres! Contemplemos e saboreemos o amor de Deus derramado nos vossos corações pelo Espírito de Jesus Cristo! Vivamos e testemunhamos esse amor, essência da nossa vida! Centremos a nossa atenção na Palavra que nos é dada como alimento nesta Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que marca o encerramento do Ano Sacerdotal. Logo no início desta celebração, deixemo-nos interpelar igualmente por breves mas pertinentes palavras do Santo Cura d’Ars e do Papa Bento XVI no anúncio do Ano Sacerdotal e nas propostas dirigidas em Portugal, qual convite a renovar o Amor de Deus derramado nos nossos corações. � “«O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus», costumava dizer o Santo Cura d’Ars. […] “O

Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana”.

(Bento XVI, Carta de abertura do Ano Sacerdotal, 16 de Junho de 2009) � “A quem se apresentava já desejoso e capaz de uma vida espiritual mais profunda, o Cura d’Ars

abria-lhe de par em par as profundidades do amor, explicando a inexprimível beleza de poder viver unidos a Deus e na sua presença: «Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para agradar a Deus. (...) Como é belo!» E ensinava-lhes a rezar assim: «Meu Deus, dai-me a graça de Vos amar tanto quanto é possível que eu Vos ame!». […) No seu tempo, o Cura d’Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 11 de Junho 15

misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio e testemunho da verdade do Amor: Deus caritas est (1 Jo 4, 8)”.

(Bento XVI, Carta de abertura do Ano Sacerdotal, 16 de Junho de 2009) � “Permiti abrir-vos o coração para vos dizer que a principal preocupação de todo o cristão,

nomeadamente da pessoa consagrada e do ministro do Altar, há-de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote”.

(Bento XVI, Discurso aos Sacerdotes e Consagrados em Fátima, 12 de Maio de 2010) � “A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa que não desilude; indica um

sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo. […] Exemplo e estímulo são os Pastorinhos, que fizeram da sua vida uma doação a Deus e uma partilha com os outros por amor de Deus. Nossa Senhora ajudou-os a abrir o coração à universalidade do amor. De modo particular, a beata Jacinta mostrava-se incansável na partilha com os pobres e no sacrifício pela conversão dos pecadores. Só com este amor de fraternidade e partilha construiremos a civilização do Amor e da Paz”.

(Bento XVI, Homilia no Santuário de Fátima, 13 de Maio de 2010) � “Neste caminho de fidelidade, amados sacerdotes e diáconos, consagrados e consagradas,

seminaristas e leigos comprometidos, guia-nos e acompanha-nos a Bem-aventurada Virgem Maria. Com Ela e como Ela somos livres para ser santos; livres para ser pobres, castos e obedientes; livres para todos, porque desapegados de tudo; livres de nós mesmos para que em cada um cresça Cristo, o verdadeiro consagrado do Pai e o Pastor ao qual os sacerdotes emprestam voz e gestos, de Quem são presença; livres para levar à sociedade actual Jesus Cristo morto e ressuscitado, que permanece connosco até ao fim dos séculos e a todos Se dá na Santíssima Eucaristia”.

(Bento XVI, Discurso aos Sacerdotes e Consagrados em Fátima, 12 de Maio de 2010)

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LITURGIA DA PALAVRA DA SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (textos e comentários)

A liturgia deste dia convida-nos a contemplar a bondade, a ternura e a misericórdia de Deus pelos homens – por todos os homens, sem excepção. Como imagem privilegiada para exprimir esta realidade, a Palavra de Deus utiliza a figura do Pastor: Deus é o Pastor que, com amor, cuida do seu rebanho. A primeira leitura apresenta Deus como um “bom pastor” (contraposto aos líderes de Israel, os “maus pastores” que conduziram o Povo por caminhos de egoísmo e de morte), cuja preocupação fundamental é o bem-estar do seu rebanho; nesse contexto, o profeta anuncia a obra do Pastor/Deus: libertação do rebanho/Povo, o êxodo para a terra da liberdade, a condução do rebanho para “pastagens excelentes” e os cuidados amorosos que o Pastor dispensará a cada uma das suas ovelhas. A segunda leitura lembra-nos que o amor de Deus se derrama continuamente sobre os homens. A prova cabal desse imenso amor é Jesus Cristo, o Filho que o Pai enviou ao nosso encontro para nos libertar do egoísmo e do pecado e que deu a própria vida para que o projecto de amor do Pai se concretizasse e atingisse a humanidade inteira.O Evangelho retoma a imagem do Deus/Pastor, cujo amor se derrama, de forma especial, sobre as ovelhas feridas e perdidas do rebanho. Dessa forma, sugere-se que o Pastor/Deus não só não exclui ninguém da sua proposta de salvação – nem sequer aqueles que, pelas suas atitudes “politicamente incorrectas” são marginalizados pelos outros homens – mas até tem um “fraco” especial pelos excluídos: são precisamente esses os destinatários privilegiados do amor de Deus. LEITURA I – Profecia de Ezequiel 34,11-16 Eis o que diz o Senhor Deus: «Eu próprio irei em busca das minhas ovelhas e hei-de encontrá-las. Como o pastor que vigia o rebanho, quando estiver no meio das ovelhas que andavam tresmalhadas, assim Eu cuidarei das minhas ovelhas, para as tirar de todos os sítios em que se desgarraram num dia de nevoeiro e de trevas. Arrancá-las-ei de entre os povos e as reunirei dos vários países, para as reconduzir à sua própria terra. Apascentá-las-ei nos montes de Israel, nas ribeiras e em todos os lugares habitados do país. Eu as apascentarei em boas pastagens e terão as suas devesas nos altos montes de Israel. Descansarão em férteis devesas e encontrarão pasto suculento sobre as montanhas de Israel. Eu apascentarei o meu rebanho, Eu o farei repousar, diz o Senhor Deus. Hei-de procurar a ovelha que anda perdida e reconduzir a que anda tresmalhada. Tratarei a que estiver ferida, darei vigor à que andar enfraquecida e velarei pela gorda e vigorosa. Hei-de apascentar com justiça». AMBIENTE Ezequiel, o “profeta da esperança”, integrou essa primeira leva de exilados que, em 597 a.C., Nabucodonosor enviou para a Babilónia. Foi na Babilónia que ele se sentiu chamado por Deus e foi entre os exilados que ele desenvolveu a sua missão profética (entre 592 e 571 a.C., aproximadamente).

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Numa primeira fase (entre 592 e 586 a.C.), a mensagem que Ezequiel se propõe transmitir procura desfazer as falsas esperanças dos exilados (apostados em regressar rapidamente a Judá) e anuncia um novo castigo para Jerusalém: não somos nós que vamos regressar rapidamente à nossa terra – diz o profeta; os que estão em Jerusalém e que continuam a trilhar caminhos de pecado e de infidelidade a Jahwéh é que virão ao nosso encontro, no Exílio. Numa segunda fase (entre 586 e 571 a.C.), a mensagem de Ezequiel vai ser, sobretudo, uma mensagem de salvação, destinada a consolar os exilados e a alimentar a esperança num futuro novo de felicidade e de paz. O texto que nos é proposto pertence a esta segunda fase. Depois de denunciar a responsabilidade dos dirigentes da nação (os “maus pastores”) na catástrofe nacional (cf. Ez 34,1-10), o profeta anuncia uma nova fase da história, na qual o próprio Deus vai apascentar o seu Povo. A ideia de apresentar Deus como um pastor que apascenta o seu Povo não é original: os sumérios, os babilónios e os egípcios aplicavam esta imagem quer aos deuses, quer aos homens; e em Israel é uma imagem que, com frequência, se aplica a Deus (cf. Sal 23; 80; Jr 23,1-8). MENSAGEM O tema fundamental deste texto é, portanto, a apresentação de Deus como um “bom pastor”, que cuida com amor do rebanho que é o seu Povo. O nosso texto começa por apresentar a iniciativa de Deus, que “em pessoa” vem ao encontro do Povo escravizado (vers. 11: “Eu próprio tomarei cuidado das minhas ovelhas”). Apesar do pecado do Povo, Deus não abandonou o seu rebanho: até no Exílio os membros do Povo continuam a ser, para Deus, “as minhas ovelhas”. Qual é o objectivo de Deus ao vir ao encontro das suas ovelhas? É libertá-las da escravidão, reuni-las e conduzi-las de regresso à terra prometida (vers. 12-13b). Tudo isto é descrito segundo o esquema do êxodo: saída e entrada. Deus quer repetir a maravilhosa iniciativa libertadora do êxodo do Egipto, trazendo novamente o seu Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. Com a chegada dos exilados à terra da liberdade, estará terminada a acção de Deus? Não. Mesmo depois de as ovelhas terem reencontrado a sua terra, o pastor (Deus) continuará a dispensar-lhes os seus cuidados… As imagens utilizadas (vers. 13c-15) sublinham, por um lado, a abundância de vida, por outro lado, a tranquilidade e a paz que Deus Se propõe dar – em todos os momentos – ao seu “rebanho”. A acção salvadora e amorosa de Deus concretizar-se-á, ainda, na solicitude com que Ele tratará as ovelhas perdidas, desgarradas, feridas, enfermas (vers. 16). Aí manifestar-se-á a “justiça” de Deus que é amor, solicitude, ternura, misericórdia para com os mais pobres, marginalizados e débeis. INTERPELAÇÕES

Dizer que Deus é o “bom pastor” implica falar de um Deus com o coração cheio de amor, que em todos os instantes está presente nos caminhos da nossa história, luta ao nosso lado contra tudo o que oprime e escraviza, aponta horizontes de esperança àqueles que andam perdidos, cuida de todos aqueles que a vida magoou e feriu, oferece a todos a vida e a salvação. Neste dia do Coração de Jesus, somos convidados a contemplar o amor e a ternura do Pastor/Deus que se derramam sobre todos os homens e, de forma especial, sobre os pobres, os oprimidos, os excluídos.

A imagem do “bom pastor” é posta, nesta leitura, em contraste com os “maus pastores” (os

líderes), os quais, procurando apenas “apascentar-se a si próprios”, conduziram o Povo e a nação por caminhos de egoísmo e de morte… Convida-nos a não colocar a nossa esperança e a nossa segurança em mãos humanas, pois só Deus é o “bom pastor” em quem podemos encontrar a vida em plenitude.

Há aqui, também, um convite implícito a todos aqueles que têm responsabilidades na sociedade,

na Igreja, na comunidade: que o serviço da autoridade seja exercido com solicitude e amor, não para nos servirmos a nós próprios, mas para servirmos os irmãos que Deus nos confiou. Que nos nossos gestos não haja egoísmo e prepotência, mas sim a presença efectiva e concreta do amor de Deus.

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SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23) Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará. O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma. Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome. Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança. Para mim preparais a mesa à vista dos meus adversários; com óleo me perfumais a cabeça e meu cálice transborda. A bondade e a graça hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre. LEITURA II – Carta aos Romanos 5,5b-11 Irmãos: O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios no tempo determinado. Dificilmente alguém morrerá por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. E agora, que fomos justificados pelo seu sangue, com muito maior razão seremos por Ele salvos da ira divina. Se, na verdade, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito maior razão, depois de reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Mais ainda: também nos gloriamos em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem alcançámos agora a reconciliação. AMBIENTE Quando escreve aos Romanos, Paulo prepara-se para deixar Corinto e para regressar a Jerusalém, no termo da sua terceira viagem missionária (ano 57 ou 58). Ele sente que terminou a sua missão na Ásia e pretende, agora, dirigir o seu esforço missionário para Ocidente. Por outro lado, Paulo está preocupado com a ameaça que pesa sobre a Igreja: ela corre o risco de se dividir em duas comunidades, uma judeo-cristã, outra pagano-cristã… Mais do que para a comunidade de Roma, é uma carta para todas as comunidades cristãs, onde Paulo – em tom sereno e didáctico – expõe as questões fundamentais que o preocupam. Sublinhando a unidade da revelação, a unidade do Antigo

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 11 de Junho 19

Testamento e do Evangelho, as promessas feitas a Israel e o papel do antigo Povo de Deus na história da salvação, Paulo demonstra que judeus e pagãos, reconciliados por Cristo, têm lugar nessa comunidade fraterna que é a Igreja. O texto que nos é proposto está incluído na parte dogmática da carta (cf. Rm 1,18-11,36), onde Paulo procura dizer que o Evangelho é a força que congrega e que salva todo o crente. Depois de esclarecer que ninguém tem méritos superiores aos outros, porque todos – judeus e pagãos – são pecadores (cf. Rom 1,18-3,20), Paulo ensina que é a “justiça” de Deus que dá a vida a todos, sem distinção (cf. Rm 3,21-5,11). MENSAGEM O texto começa com uma referência ao amor de Deus, “derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo” (vers. 5). Aqui refere-se algo de essencial na nossa experiência religiosa: o cristão não é um “pobre coitado”, que se tornou escravo de fórmulas e de ritos e que vive prisioneiro de uma moral pré-histórica ou de uma hierarquia centralizadora; mas é, fundamentalmente, alguém a quem Deus ama… Nunca será demais insistir nesta evidência: Deus ama-nos. É essa a grande “boa notícia” que Paulo quer propor a todos os homens. A prova desse amor é essa história incrível de Jesus de Nazaré, o Filho, a quem o Pai enviou ao mundo para “justificar” esses homens mergulhados numa história de egoísmo e de pecado e para os reconciliar definitivamente consigo. Paulo convida-nos a reparar nesse facto espantoso: Deus, o Pai, não passou a amar-nos quando nos convertemos; amou-nos desde sempre e, por isso, enviou o Filho ao nosso encontro “quando éramos ainda pecadores” (vers. 8). É claro que agora, salvos pelo sangue de Jesus, inseridos numa dinâmica de vida nova, temos ainda mais razões para esperar que Deus nos ame e continue a derramar sobre nós a sua vida (vers. 9-10). Esta é a raiz da nossa esperança. Que significa dizer que fomos “justificados” e “reconciliados” com Deus pelo sangue de Jesus (vers. 9-11)? Significa que o Pai exigiu a morte do Filho em nosso lugar, a fim de nos poder perdoar as nossas faltas? Não. Significa que o Pai tinha um projecto de vida e de salvação para nós e que enviou o Filho ao nosso encontro para nos apresentar esse projecto… A morte do Filho foi o resultado do confronto do projecto libertador do Pai com o ódio, o egoísmo, a opressão que dominavam o mundo… Mas, se esse projecto foi cumprido – apesar das resistências – até ao dom da vida do Filho, isso demonstra a imensidão do amor de Deus. INTERPELAÇÕES

Já o dissemos, mas não é demais repeti-lo: o cristão não é um “pobre coitado” nem um “pobre idealista” que, com os olhos no céu, luta contra moinhos de vento, condenado ao fracasso e à irrisão; o cristão é alguém que tem consciência do amor de Deus e que, com o coração cheio de alegria e de esperança, sente a necessidade de testemunhar aos homens – com palavras e com gestos – esse amor. Sentimos, verdadeiramente, que a nossa vocação é o encontro com o Deus/amor e o testemunho, diante dos homens, desse amor libertador?

A consciência do amor de Deus dá-nos a coragem de enfrentar o mundo e de, no seguimento de

Jesus, fazer da vida um dom de amor. O cristão não teme o confronto com a injustiça, com a perseguição, com a morte: tudo isso é secundário, perante o Deus que nos ama e que nos desafia a amar sem medida. Enfrente quem enfrentar, o que importa ao crente é ser, no mundo, um sinal vivo do amor de Deus. A nossa vida de encontro com quem nos cruzamos todos os dias, nos caminhos deste mundo, é testemunho e sinal vivo do amor de Deus que nos enche o coração?

ALELUIA – Mt 11,291b Aleluia. Aleluia. Tomai o meu jugo sobre vós, diz o Senhor, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração.

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 11 de Junho 20

EVANGELHO – Evangelho de São Lucas 15,3-7 Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus e aos escribas a seguinte parábola: «Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar? Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’. Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento». AMBIENTE A história que, hoje, Lucas nos conta deve ser colocada no contexto do “caminho para Jerusalém”, quer dizer, nessa caminhada “espiritual”, durante a qual Jesus prepara os discípulos para serem, após a sua partida para o Pai, as testemunhas do “Reino” no meio dos homens. Em várias lições, Jesus revela aos discípulos o ser do Pai e apresenta-lhes os valores fundamentais do “Reino”; na lição de hoje, Jesus apresenta uma catequese que revela o amor e a misericórdia do Pai. Todo o capítulo 15 é dedicado a mostrar a força do amor de Deus. Em três parábolas, Jesus desenvolve o tema da busca e do encontro do que estava perdido, para mostrar o amor e a solicitude de Deus para com todos, nomeadamente para com os pecadores e os marginais. Trata-se de um tema muito caro ao evangelista Lucas. A “parábola da ovelha perdida” aqui apresentada aparece também em Mateus (cf. Mt 18,12-14); mas, enquanto que em Mateus ela é aplicada à responsabilidade dos chefes da Igreja no que diz respeito aos “pequenos” das suas comunidades, em Lucas a parábola serve para ilustrar a misericórdia de Deus e o seu cuidado para com os pecadores: não há dúvida que o sentido de Lucas deve estar muito mais próximo do sentido original com que Jesus contou esta história. Para percebermos cabalmente o que está aqui em causa, é importante termos em conta o “enquadramento” em que a parábola nos aparece. Tudo começa com uma observação dos escribas e fariseus que, vendo como os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para O ouvir, comentaram: “este homem acolhe os pecadores e come com eles”. Para os fariseus, era absolutamente escandaloso manter contactos com um pecador notório. Na época, um cobrador de impostos não podia fazer parte da comunidade farisaica; não podia ser juiz, nem prestar testemunho em tribunal sendo, para efeitos judiciais, equiparado ao escravo; estava também privado de certos direitos cívicos, políticos e religiosos… Jesus vai demonstrar, àqueles que o criticam, que a lógica dos fariseus (criadora de exclusão e de marginalidade) está em oposição à lógica de Deus. MENSAGEM A parábola do pastor que abandona noventa e nove ovelhas no deserto para ir à procura de uma que se perdeu e que, chegado a casa, convoca os amigos e vizinhos para celebrar o achamento da ovelha perdida, é uma parábola estranha, se olharmos para ela com critérios de coerência e de lógica. Faz sentido abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma? E faz sentido esse espalhafato diante dos amigos e dos vizinhos, por causa de um facto tão banal para um pastor como é o reencontrar uma ovelha que se extraviou do grupo? Ora, são precisamente nesses exageros e nessas reacções desproporcionadas que transparece a mensagem essencial da parábola. Os relatos evangélicos põem, com frequência, Jesus em contacto com gente reprovável, apontada a dedo pela sociedade, como os cobradores de impostos e as mulheres de má vida. É impossível que os discípulos tenham inventado isto: ninguém da comunidade cristã primitiva estaria interessado em atribuir a Jesus um comportamento “politicamente incorrecto”, se isso não correspondesse à realidade

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – 11 de Junho 21

histórica. Não há dúvida: Jesus deu-Se com gente duvidosa, com pessoas a quem os “justos” preferiam evitar, com pessoas que eram anatematizadas e marginalizadas por causa dos seus comportamentos escandalosos, atentatórios da moral pública. Certamente não foram os discípulos a inventar para Jesus o injurioso apelativo de “comilão e bêbedo, amigo de publicanos e de pecadores (Mt 11,19; cf. 15,1-2). Porque é que Jesus se dava com essas pessoas? Porque, na perspectiva de Lucas, Jesus é o amor de Deus que Se faz pessoa e que vem ao encontro dos homens – de todos os homens – para os libertar da sua miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova que é o projecto do “Reino”. A solicitude de Jesus para com os pecadores mostra-lhes que Deus os ama, que Deus não os rejeita, que Deus os convida a fazer parte da sua família e a integrar a comunidade do “Reino”. É que o projecto de salvação de Deus não é um condomínio fechado, com seguranças fardados para evitar a entrada de indesejáveis; mas é uma proposta universal, onde todos os homens e mulheres têm lugar, porque todos – maus e bons – são filhos queridos e amados do Pai/Deus. A lógica de Deus é sempre dominada pelo amor. A “parábola da ovelha perdida” pretende, precisamente, dar conta desta realidade. A atitude desproporcionada de “deixar as noventa e nove ovelhas no deserto para ir ao encontro da que estava perdida” sublinha a imensa preocupação de Deus por cada homem que se afasta da comunidade da salvação e o “inqualificável” amor de Deus por todos os homens que necessitam de libertação. O “pôr a ovelha aos ombros” significa o cuidado e a solicitude de Deus, que trata com amor e com cuidados de Pai os filhos feridos e magoados; a alegria desmesurada do “pastor” significa a felicidade imensa de Deus sempre que o homem reentra no caminho da felicidade e da vida plena. Jesus anuncia, aqui, a salvação de Deus oferecida aos pecadores, não porque estes se tornaram dignos dela mediante as suas boas obras, mas porque o próprio Deus Se solidariza com os excluídos e marginalizados e lhes oferece a salvação. Encontramos aqui o cumprimento da profecia de Ezequiel que nos foi apresentada na primeira leitura: Deus vai assumir-Se (através de Jesus) como o Bom Pastor, que cuidará com amor de todas as ovelhas e, de forma especial, das desencaminhadas e perdidas. INTERPELAÇÕES

Antes de mais, o que está em causa na leitura que nos é proposta é a apresentação do imenso amor de Deus. Deus ama de forma desmesurada cada mulher e cada homem. É esta a primeira coisa que nos deve “tocar” ao celebrarmos o Coração de Jesus. Interiorizamos suficientemente esta certeza, deixamos que ela marque a nossa vida e condicione as nossas opções?

O amor de Deus dirige-se, de forma especial, aos pequenos, aos marginalizados, aos necessitados

de salvação. Os pobres e débeis que encontramos nas ruas das nossas cidades ou à porta das igrejas das nossas paróquias encontram nos “profetas do amor” a solicitude maternal e paternal de Deus? Apesar do imenso trabalho, do cansaço, do “stress”, dos problemas que nos incomodam, somos capazes de “perder” tempo com os pequenos, de ter disponibilidade para acolher e escutar, de “gastar” um sorriso com esses excluídos, oprimidos, sofredores, que encontramos todos os dias e para os quais temos a responsabilidade de tornar real o amor de Deus?

Tornar o amor de Deus uma realidade viva no mundo significa lutar objectivamente contra tudo o

que gera ódio, injustiça, opressão, mentira, sofrimento… Inquieto-me, realmente, frente a tudo aquilo que desfeia o mundo? Pactuo (com o meu silêncio, indiferença, cumplicidade) com os sistemas que geram injustiça, ou esforço-me activamente por destruir tudo o que é uma negação do amor de Deus?

As nossas comunidades (cristãs e religiosas) são espaços de acolhimento e de hospitalidade, oásis

do amor de Deus, não só para os amigos e confrades, mas também para os pobres, os marginalizados, os sofredores que buscam em nós um sinal de amor, de ternura e de esperança?

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Proposta da CEVM para celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal – Santo Cura d’Ars, um magnífico testemunho 22

SANTO CURA D’ARS um magnífico testemunho

Que reter hoje do Santo Cura d’Ars? Que dinamismos da sua vida e acção para as nossas vidas e comunidades? Que frutos levamos deste Ano Sacerdotal? Um homem de BONDADE. Quando se evoca o Santo Cura d’Ars, qual a primeira impressão que vem ao nosso espírito? Os habitantes de Ars, interrogados depois da sua morte, respondem quase todos unanimemente: “a bondade”. Um homem bom, profundamente humano, sempre atento a todos. Um padre que leva até Deus sem rodeios! “Quando estamos a seu lado, temos vontade de ser melhores!”, sublinha um camponês de Ars. Um pobre, um humilde que se abandonou todo nas mãos de Deus, e totalmente dado aos seus irmãos. Um homem de ORAÇÃO. É o que mais chamava a atenção dos seus contemporâneos. Longos momentos diante do sacrário, uma verdadeira intimidade com Deus, um abandono total à sua vontade, um rosto transfigurado… tantos elementos que deixavam perceber, naqueles que o encontravam, a profundidade da sua vida de oração. Isso foi a sua grande alegria e o lugar de uma verdadeira amizade com Deus. No coração da sua vida, a EUCARISTIA. “Ele está ali”, exclamava o santo Cura olhando o sacrário. Homem da Eucaristia, celebrada e adorada. “Não há nada maior que a Eucaristia”, exclamava. O que o mais o tocava, talvez, era constatar que o seu Deus estava ali, para nós, presente no sacrário: “Ele espera-nos!” Um extraordinário testemunho da MISERICÓRDIA. A partir de 1830, milhares de pessoas virão a Ars para se confessar com ele. Ficava no seu confessionário 17 horas por dia para reconciliar os homens com Deus e entre eles. O Cura d’Ars é um verdadeiro “mártir do confessionário”. Tomado pelo amor de Deus, maravilhado diante da vocação do homem, media a loucura de se querer estar separado de Deus. Ele queria que cada um fosse livre de poder saborear a alegria de conhecer Deus e O amar, de saber que Ele nos ama… No coração da sua paróquia, um HOMEM SOCIAL. “Não sabemos quanto o Santo Cura fez como obra social”, relata um dos seus biógrafos. Vendo o Senhor presente em cada um dos seus irmãos, não cessa de os socorrer, ajudar, apaziguar os sofrimentos, permitir a cada um de ser livre e feliz. Orfanato, escola, atenções aos mais pobres e aos doentes… nada lhe escapa. Acompanha as famílias e procura protegê-las de tudo o que as pode destruir. PATRONO de todos os PADRES do mundo. Em 1929, o Papa Pio XI declara-o “patrono de todos os curas do universo”. Bento XVI nomeia-o “patrono dos padres do universo” em 2009. João Paulo II não disse outra coisa ao recordar em três vezes que “o Cura d’Ars permanece para todos os países um modelo fora do comum, ao mesmo tempo do cumprimento do ministério e da santidade do ministro”. Um pastor admirável, testemunha da ternura do Pai para cada um. Um apelo universal à SANTIDADE. “Mostrar-te-ei o caminho do Céu”, respondera ao pastorinho que lhe mostrava a estrada para Ars, isto é: “Vou ajudar-te a tornares-te um santo”. Ulteriormente, convida cada um a deixar-se santificar por Deus, a tomar os meios desta união com Deus, aqui na terra e para a eternidade. A seu exemplo, não hesitemos amar a Deus e os nossos irmãos com todo o coração!

Jean-Philippe Nault, in “Fêtes et Saisons” (Julho 2009) 3. (traduzido e adaptado por Manuel Barbosa)

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