I
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Festivais de Música enquanto Espaços Culturais
Beatriz Pereira Alves
Relatório orientado pela Prof.ª Doutora Maria Teresa Malafaia e
pelo Prof. Doutor Nelson Pinheiro Gomes, especialmente
elaborado para a obtenção do grau de Mestre em Cultura e
Comunicação
2019
Universidade de Lisboa
Faculdade de Letras
II
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Festivais de Música enquanto Espaços Culturais
Beatriz Pereira Alves
Relatório orientado pela Prof.ª Doutora Maria Teresa Malafaia e
pelo Prof. Doutor Nelson Pinheiro Gomes, especialmente
elaborado para a obtenção do grau de Mestre em Cultura e
Comunicação
2019
Universidade de Lisboa
Faculdade de Letras
III
DEDICATÓRIA PESSOAL
Para a mulher da minha vida e perpétuo amor, a minha avó
Alcina. O meu eterno pilar e exemplo a seguir, por toda a força,
amor e dedicação desde sempre e para sempre, não só em relação
a mim, mas também em relação a todos os quais amava. Quem
me ensinou que os sonhos se tornam realidade, se lutarmos por
eles. Também um grande abraço e aperto das bochechas à minha
bisavó pequenina que com as suas palavras severas, mas sempre
sábias me fez acreditar.
"Ninguém escapa ao sonho de voar, de ultrapassar os limites do
espaço onde nasceu, de ver novos lugares e novas gentes. Mas
saber ver em cada coisa, em cada pessoa, aquele algo que a
define como especial, um objeto singular, um amigo, - é
fundamental. Navegar é preciso, reconhecer o valor das coisas e
das pessoas, é mais preciso ainda."
Antoine de Saint-Exupéry in O Principezinho
IV
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores, Prof.ª Doutora Maria Teresa Malafaia e Prof. Doutor Nelson
Pinheiro por toda a orientação e assertividade, incentivo e apoio;
À APORFEST – Associação Portuguesa dos Festivais de Música, e à Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa por, em conformidade, me proporcionarem um Estágio
Curricular no âmbito do Mestrado em Cultura e Comunicação;
A Ricardo Bramão, meu supervisor no estágio, e a Marta Azevedo, por me terem
recebido, por toda a ajuda e oportunidade concedida;
Um especial agradecimento aos meus pais, em particular, ao meu pai pelo seu amor, por
ser para mim um modelo de coragem, pelos incondicionais e incansáveis apoios e
incentivo. Apesar de nem sempre saber exprimir os sentimentos, por palavras, é notório
o que ele sente com tanto fervor;
À minha irmã que (na sua rebeldia própria de adolescente e irmã mais nova) tem tentado
entender as minhas preocupações relacionadas com o trabalho académico, em momentos
de grande stress e menor atenção;
À minha tia (amiga e confidente) pela sua total doação que, nos últimos tempos, tem sido
o nosso rochedo em situações de vária ordem;
Aos meus primos Paula e David e aos meus tios “quase avós” da Guarda, pelos seus
conhecimentos e experiências de vida e pela maneira afetuosa e determinada como
souberam transmiti-los, permitindo que eu derrubasse obstáculos, mesmo em momentos
de falta de forças e as pernas tremiam, quando o percurso académico parecia demasiado
longo;
Por fim, mas igualmente importante, ao meu amor, também pelo seu afeto e paciência e
incondicional apoio, para que eu conseguisse concluir este trabalho, apesar das minhas
indecisões;
Por tudo isto e também pelo que fica guardado em silêncio, dedico a todos este trabalho
com a minha gratidão.
BEM HAJAM
V
RESUMO
O presente relatório expõe um breve olhar sobre o conceito de cultura que tem vindo a
ser defendido, sob vários pontos de vista, ao longo dos tempos. Novas perspetivas e
diferentes conceitos de cultura culminam no entendimento desta como algo transversal a
novas áreas e diferentes temáticas. Trata-se de um relatório que tem como base o estágio
realizado na APORFEST – Associação Portuguesa dos Festivais de Música como objetivo
da obtenção do grau de Mestre em Cultura e Comunicação na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa. Todas as informações recolhidas inicialmente acerca da
instituição, da sua história e estruturação, culminam no entendimento e constatação dos
festivais de música enquanto espaços culturais. A observação de diferentes caraterísticas
que permitem justificar como os eventos da APORFEST e os festivais de música no geral
se organizam, e como toda a sua comunicação é a chave para o seu sucesso e para novas
experiências culturais, foram os princípios orientadores deste trabalho, num sentido
crítico de análise global do futuro da indústria dos festivais de música em Portugal.
Palavras-chave: Cultura; Festivais de Música; Espaço Cultural; Identidade; Turismo de
Eventos, Públicos.
VI
ABSTRACT
This report gives a brief look at the concept of culture which has been supported, under
various points of view, through time. New perspectives and different concepts of culture
culminate in the understanding of culture as something cross-sectional to new areas and
different themes. This is a report based on the Master's degree internship held at
APORFEST - Associação Portuguesa dos Festivais de Música has an objective of
obtaining the Master’s degree of Cultura e Comunicação at Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa. All the information initially collected about the institution, its
history and structure culminate in the understanding and constatation of music festivals
as cultural spaces. The observation of different characteristics that justify how
APORFEST events and music festivals in general are organized, and how all their
communication is the key to their success and to new cultural experiences were the
guiding principles of this work, in a critic sense of a global analysis of the music festivals
industry future in Portugal.
Keywords: Culture; Music festivals; Cultural Space; Identity; Tourism Events; Publics.
VII
ÍNDICE GERAL
DEDICATÓRIA ........................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. IV
RESUMO ........................................................................................................................ V
ABSTRACT .................................................................................................................. VI
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS ................................................................... IX e X
SIGLAS E ABREVIATURAS ..................................................................................... XI
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 e 2
CAPÍTULO I – NOÇÃO DE CULTURA
1.1. Cultura enquanto conceito ................................................................................... 3 a 6
1.2. Cultura enquanto fator de diversificação .............................................................. 6 a 9
1.3. A tribalização da sociedade e o espaço cultural .................................................. 9 a 13
1.4. Gestão e turismo de eventos .............................................................................. 13 a 17
1.5. Identidade visual e marca como catalisadores de novas experiências culturais
..................................................................................................................................17 a 25
CAPÍTULO II - A CULTURA E OS FESTIVAIS DE MÚSICA
2.1. A música ao vivo como novo paradigma .......................................................... 26 a 28
2.2. Dimensão temporal e caraterização dos festivais quanto à sua dimensão ......... 28 a 30
2.3. Perfil do Festivaleiro ......................................................................................... 30 a 34
2.4. O futuro dos festivais de música em Portugal ................................................... 34 a 39
CAPÍTULO III - APORFEST
3.1. Denominação e órgãos sociais .......................................................................... 40 a 43
3.2. Associados APORFEST ................................................................................... 43 a 45
3.3. Alguns dos serviços APORFEST ...................................................................... 45 e 46
3.4. A história e o caminho da APORFEST ............................................................ 46 e 47
3.5. Talkfest & Iberian Festival Awards .................................................................. 48 a 50
VIII
CAPÍTULO IV - ESTÁGIO
4.1. Nota introdutória ao estágio ...................................................................................... 51
4.2. Calendarização do estágio ................................................................................. 51 a 53
4.3. Atividades desenvolvidas
4.3.1. Talkfest & Iberian Festival Awards 2019 ....................................................... 53 a 62
4.3.2. Encontro dos Festivais em Portugal: Promotores e Municípios .............................. 62
4.4. Alinhamento entre os conhecimentos adquiridos no curso e na empresa .......... 62 a 64
CAPÍTULO V – ESTUDOS DE CASO
5.1. Campo vs. Cidade .................................................................................................... 65
5.2. Vodafone Paredes de Coura .............................................................................. 65 a 69
5.3. NOS Alive ........................................................................................................ 69 a 74
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 75 a 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 78 e 79
WEBGRAFIA ........................................................................................................ 80 a 83
ANEXOS
Anexo I - Estatutos APORFEST .............................................................................. 84 a 89
Anexo II - Acta n.º8 APORFEST .................................................................................... 90
Anexo III -Programa Talkfest’19............................................................................ 91 a 97
Anexo IV - Programa IFA 19........................................................................................... 98
Anexo V -Vencedores e descritivos categorias IFA 2019...................................... 99 a 104
Anexo VI - Programa final encontro dos festivais em Portugal: promotores e
municípios ................................................................................................................... 105
IX
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 - Tipologia de eventos planeados ..................................................................... 14
Figura 2 - Psicologia da cor aplicada a marcas………………………………………....24
Figura 3 - Mancha gráfica dos festivais de música em Portugal (2017 e 2018) .............. 26
Figura 4 - Número de festivais por mês (2018) .............................................................. 29
Figura 5 - Logótipo da APORFEST ............................................................................... 40
Figura 6 - Ricardo Bramão (presidente e fundador da APORFEST) ............................. 41
Figura 7 - Marta Azevedo (vice-presidente e fundadora da APORFEST) ..................... 42
Figura 8 - Órgãos sociais da APORFEST ...................................................................... 43
Figura 9 - Marcos históricos da APORFEST ................................................................. 47
Figura 10 - Logótipo Talkfest'19. ................................................................................... 53
Figura 11 - Banner geral Talkfest'19. ............................................................................. 54
Figura 12 - Abertura Talkfest'19..................................................................................... 55
Figura 13 - Conferência .................................................................................................. 55
Figura 14 - Apresentação Científica ............................................................................... 55
Figura 15 - Público no Workshop ................................................................................... 55
Figura 16 - Documentário ............................................................................................... 55
Figura 17 - Pitch Stage ................................................................................................... 55
Figura 18 - Vox Expert .................................................................................................... 55
Figura 19 - Exibição de fotografia digital Hugo Adelino ................................................55
Figura 20 - Logótipo Iberian Festival Awards 2019....................................................... 56
Figura 21 - A ansiosa espera pela entrada do evento ...................................................... 56
Figura 22 - Momentos de networking ............................................................................. 56
Figura 23 - A pista de dança ........................................................................................... 57
Figura 24 - Os apresentadores da gala ............................................................................... 57
Figura 25 - Atuação dos Kings of the Beach .................................................................. 57
Figura 26 - Emoção na performance .............................................................................. .57
Figura 27 - Entrega e agradecimento do prémio Best Small Festival ............................. 57
Figura 28 - O momento final da gala ...............................................................................57
Figura 29 - Sponsors Talkfest'19 .................................................................................... 58
Figura 30 - Pulseiras RFID. ............................................................................................ 59
Figura 31 - Pulseiras RFID. ............................................................................................ 59
Figura 32 - Planificação das pulseiras RFID .................................................................. 60
X
Figura 33 - Totebag Talkfest'19. .................................................................................... 60
Figura 34 - Totebag Talkfest'19. .................................................................................... 60
Figura 35 - Loucura Controlada ..................................................................................... 61
Figura 36 - Oh Elsaaaaa! ................................................................................................ 61
Figura 37 - Copo reutilizável .......................................................................................... 61
Figura 38 - Copo reutilizável .......................................................................................... 61
Figura 39 - Filipe Lopes, José Barreiro, Vítor Pereira e João Carvalho ......................... 66
Figura 40 - Paredes de Coura, cartaz de 1993 ................................................................ 66
Figura 41 - Paredes de Coura, cartaz de 2000 ................................................................ 67
Figura 42 - Vodafone Paredes de Coura, cartaz de 2018. .............................................. 67
Figura 43 - Cartazes publicitários Vodafone Paredes de Coura 2019 ............................ 68
Figura 44 – Vodafone Paredes de Coura, cartaz de 2019. .............................................. 68
Figura 45 - Wicked Youth .............................................................................................. 69
Figura 46 - Álvaro Covões…. ........................................................................................ 69
Figura 47 - Oeiras Alive 2007 ........................................................................................ 71
Figura 48 - NOS Alive 2015 .......................................................................................... 71
Figura 49 - NOS Alive 2018. ......................................................................................... 72
Figura 50 - NOS Alive 2019. ......................................................................................... 72
Figura 51 - Publicidade nas redes. Fonte: Facebook do NOS Alive .............................. 73
Tabela 1 - Modalidades de associação à APORFEST ................................................... 44
Tabela 2 - Atividades desenvolvidas - Talkfest e Iberian Festival Awards 2019. ......... 52
Tabela 3 - Outras atividades desenvolvidas - APORFEST ............................................ 53
XI
SIGLAS E ABREVIATURAS
ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho
APORFEST – Associação Portuguesa dos Festivais de Música
ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
FLUL – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas
GIF - Graphics Interchange Format
IFA – Iberian Festival Awards
INE – Instituto Nacional de Estatística
INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial
MEF – Movimento de Expressão Fotográfica
NFC – Near Field Communication
RFID - Radio Frequency Identification
TCC – Tópicos de Cultura e Comunicação
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization/
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
1
INTRODUÇÃO
O conteúdo desde relatório reflete não só uma grande paixão pela música e por
toda a indústria em volta da mesma (nomeadamente nos festivais de música), mas também
pelo seu funcionamento enquanto dinamizadora e amplificadora de cultura. Foram as
várias vertentes e diferentes perspetivas de cultura adquiridas ao longo do Mestrado que,
em conjunto interesse com a temática, permitiram uma maior pesquisa e inspiração para
o tema deste relatório.
Ao longo de dois anos de curso, surgiram conceitos verdadeiramente
determinantes na delineação do caminho que era pretendido seguir com o mestrado em si,
uma vez que numa primeira fase, não foi uma adaptação fácil, pela proveniência prévia de
uma formação académica e instituição de ensino bastante diferentes. A construção da
designação de “espaço cultural”, diversidade, multiculturalismo foram marcantes ao
longo de todo o percurso académico, aos quais era inevitável a ligação a outros tantos
conceitos tais como eventos, música, festivais, pelo que, não faria qualquer sentido deixar
de os interligar. Nesta perspetiva, um dos primeiros trabalhos académicos realizados para
o mestrado foi precisamente um paper com a mesma temática que este relatório, no
âmbito da unidade curricular de TCCI – Teorias e Análise da Cultura que, a partir daí,
permitiram um maior desenvolvimento para o relatório final de mestrado.
Como parte da oferta curricular da FLUL, o aluno tem a possibilidade de escolher
no segundo ano entre dissertação/trabalho de projeto ou relatório de estágio. Uma vez
que, entre pesquisas para outros trabalhos académicos, já tinha havido um ligeiro contacto
com a APORFEST e havia uma necessidade de obter a componente prática da experiência
profissional, o caminho lógico foi então optar pela vertente estágio.
O presente relatório de estágio foi elaborado no âmbito da unidade curricular de
Estágio, com vista à conclusão do Mestrado em Cultura e Comunicação da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa. O estágio foi então desenvolvido na APORFEST –
Associação Portuguesa dos Festivais de Música, ocupando várias funções no âmbito do
design, do planeamento e da execução dentro da empresa e dos seus eventos adjacentes,
durante três meses (de 17 de setembro a 21 de dezembro de 2018).
O relatório foi dividido em cinco capítulos, sendo que o primeiro capítulo
representa a noção de cultura e todas as suas derivações ao longo dos tempos, num âmbito
de diversidade e novas tribos urbanas, numa interligação com a gestão e turismo de
2
eventos. Neste ponto foram também abordadas a identidade visual e a marca como
catalisadores de novas experiências culturais, numa interligação para o capítulo seguinte.
O segundo capítulo do presente relatório põe em evidência a interligação entre a
cultura e os festivais de música, tema principal do mesmo. A nova dinamização da área
tem trazido novas oportunidades de mercado, aumentando iniciativas culturais como estas
em tamanho e duração. Quem frequenta os festivais de música? Qual será o futuro da
indústria? Serão questões a que se pretende dar resposta neste trabalho académico.
O terceiro capítulo retrata a APORFEST, associação acolhedora do estágio.
Apesar de a mesma ser recente, tem bastante poder e influência no mercado, como se
poderá perceber no decorrer do relatório. Este capítulo começa com toda a sua
caraterização e hierarquia, como funciona a nível dos seus associados, dos seus serviços
e de toda a sua história e caminho ao longo de um curto, mas assinalável percurso.
O quarto capítulo retrata toda a atividade de estágio desenvolvida na entidade
acolhedora anteriormente referida. A sua caraterização e constituição, assim como uma
calendarização e discussão de atividades desenvolvidas, incidindo maioritariamente nos
dois eventos principais da APORFEST, o Talkfest e os Iberian Festival Awards, que
também foram explicados neste ponto. Depois de toda essa análise foi realizado o
alinhamento entre os conhecimentos adquiridos no curso e na empresa.
O quinto e último capítulo inclui dois casos de estudo, Vodafone Paredes de Coura
e NOS Alive. Dois festivais de música muito distintos, onde se pretendeu perceber a
caraterização a nível de organização e imagem, top of mind e imagem cognitiva, tendo em
conta a influência (ou não) da dicotomia campo/cidade, onde estes ocorrem.
No final deste relatório, em anexo, encontram-se incluídos um conjunto de
documentos complementares, mas fundamentais para a realização das atividades no
estágio e devido enquadramento do mesmo e da empresa em questão. Importa salientar
que toda a informação e estudos da APORFEST foram cedidos para uso académico,
devido ao facto de ter decorrido nesta empresa o estágio curricular da autora, ser associada
com quota ativa, (com o direito de acesso aos documentos) e, ainda, desempenhar funções
na mesma, como membro ativo da associação e membro da Assembleia Geral.
3
CAPÍTULO I – NOÇÃO DE CULTURA
1.1. Cultura enquanto conceito
Cultura enquanto conceito é algo lato, complexo e intrincado. Esta poderá ser
interpretada sob as mais variadas definições, com amplos significados. Tem sido um
conceito maleável e moldável a variadas realidades. Não há forma de indicar apenas uma
definição de cultura, pois depende do enquadramento e dos vários contextos de análise. É
a Edward Tylor, antropólogo britânico, que se deve uma das primeiras definições (no
âmbito antropológico) de cultura. Tylor falava num “complexo que compreendia o
conhecimento, a arte, a moral, o direito, os costumes e outras capacidades ou hábitos
adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade” (Tylor, 1871:1). A cultura, para
este autor, representa a totalidade daquela que é a vida social de mulheres e de homens.
A cultura é algo adquirido, não necessariamente herdado biologicamente. O ser humano,
a partir das suas vivências e experiências de vida, vai estar sempre em constante mudança.
É provável que os códigos culturais adquiridos numa idade mais jovem sofram mudanças
ao longo do tempo, à medida que o ser humano se depara com outras realidades, derivadas
da socialização.
Cada cultura é dotada de diferentes estilos, que assumem diversas manifestações,
quer sejam estas a língua, crenças, costumes ou artes, entre outros. Estas interferem no
comportamento dos indivíduos. Esta perspetiva leva ao conceito de relativismo cultural1
como princípio metodológico, proposto por Franz Boas (Boas, F.:1940). Este autor
entendia a defesa da dignidade de cada cultura como ferramenta para o respeito e a
tolerância de culturas que são marcadamente diferentes. A cultura é um conceito muito
complexo, não é simples. O seu significado, segundo Raymond Williams, não se mantém
imutável ao longo do tempo. Este académico e crítico galês teve, com as suas obras acerca
de política, literatura e cultura, uma grande influência na teoria da cultura. O autor
referenciava a cultura, na sua origem, como um verbo semelhante a cuidar ou cultivar, do
qual derivaram significados de adoração e refinamento (o cultivo da mente). No entanto,
a partir do século XX começa a haver uma certa mudança, de um verbo para um
substantivo, o qual se refere a ideias abstratas, tais como o refinamento da sensibilidade,
ou gosto, com a cultura entendida enquanto referência às artes. Assim, a cultura pode ser
1 Perspetiva antropológica que vê diferentes culturas de forma independente do etnocentrismo, não julgando
os outros a partir da sua própria experiência. Propõe o entendimento de povos e culturas diferentes através
das suas próprias crenças (Cuche, 2006:45).
4
considerada como uma forma de vida, um conjunto de hábitos e práticas em vidas comuns.
Atualmente, a cultura é aceite como um modo de vida, uma forma de expressão
livre, ao qual todos os indivíduos têm (ou deveriam ter) direito. As diversas formas que a
cultura adquire, ao longo do tempo e do espaço, mostram-se uma forma muito rica de
intercâmbios, inovação e criatividade. A cultura constitui o “património comum da
humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações presentes e
futuras”. (UNESCO, 2001:3)
É importante que todas as culturas se possam expressar e fazer-se ouvir, pois cada
um tem direito à livre circulação de ideias, mediante tanto a palavra como a imagem.
Através do pluralismo dos diversos meios de comunicação existentes, a cultura tem-se
vindo a multiplicar, crescer e adaptar-se a várias realidades, através de fatores como a
liberdade de expressão, igualdade de acesso às expressões artísticas, entre outros. A
UNESCO defende o património cultural de cada um como indivíduo, e este em conjunto
com a sociedade. São as diferenças de ideais, costumes, crenças, comportamento social e
objetivos que fazem da cultura e da diversidade cultural algo tão importante e
representativo nos dias de hoje.
Sendo a cultura, “um dos dois ou três termos mais difíceis na língua inglesa” (e
não só) segundo Raymond Williams, a ligação entre o crescimento a nível mental e o
crescimento das plantas, para o mesmo, é notória, “para que seres humanos possam ser
cultivados sob condições particulares”. Em resumo, as três definições que sumariza em
relação à cultura são:
1. O nome independente e abstrato que descreve um processo geral de
desenvolvimento intelectual, espiritual e estético (...)
2. O nome independente, quer seja usado geralmente ou especificamente, que
indica uma forma particular de vida, quer corresponda a pessoas, um período ou
um grupo (...)
3. O nome independente e abstrato que descreve o trabalho e a prática de uma
atividade intelectual e especialmente artística. (Raymond Williams, 1989:57 –
tradução nossa)
5
Independentemente da abordagem, definição ou método selecionados, a cultura
deve ser vista como uma peça fundamental, tanto para a sociedade, como para a arte no
geral. É como que um “antídoto” para as classes2, uma vez que permite a convivência de
diferentes grupos de indivíduos com diferentes caraterísticas num mesmo “espaço”
através de diferentes interações culturais, desde que estes se identifiquem com os
mesmos. A cultura deveria ser de livre acesso a qualquer um, nas suas mais diversas áreas.
Apesar dos mais diversos comportamentos sociais existentes, tornou-se, ao longo dos
anos, em algo adaptável a várias realidades e contextos sociais. É inerente a uma reflexão
dentro das ciências sociais. As “diferenças” entre os povos tornam-se cada vez mais
pequenas, independentemente da sua raça3 ou etnia4, à medida que a genética do homem
evolui. O longo processo que tornou o Homem naquilo que se conhece atualmente,
consistiu na sua adaptação a nível genético para a sua adaptação cultural, em relação à
natureza e ao meio que o rodeia. A população universal possui o mesmo património
genético, os mesmos genomas, mas diferencia-se pelos contextos históricos e
socioeconómicos, suscetíveis de constantes evoluções. O encontro das várias culturas não
ocorre apenas entre as sociedades globais, mas também nos diversos grupos sociais que
as compõem. A transformação cultural chega essencialmente do exterior, através do
contacto cultural.
Todo o indivíduo, pelo simples facto de ser um indivíduo singular, com traços de
caráter singulares (ainda que a sua psicologia integre, em larga medida, a
personalidade de base e com uma capacidade fundamental, enquanto ser humano,
de criação, de inovação, vai contribuir para modificar a sua cultura, de maneira
as mais das vezes impercetível e, por isso mesmo, a personalidade de base
correspondente. (Cuche, 2006:72-73)
Cada indivíduo tem a capacidade de interiorizar a sua cultura e vivê-la ao máximo,
na medida em que pode ter todas as possibilidades de apreender os ensinamentos que
podem vir dessa mesma cultura e ensiná-la a terceiros. Ao mesmo tempo que tal acontece,
o indivíduo é profundamente marcado pela cultura, uma vez que esta determina como deve
2 Diferenças socioeconómicas entre grupos de indivíduos que criam diferenças na sua prosperidade material
e poder. (Giddens, 1993:738 – tradução nossa) 3 Diferenças no stock físico humano considerado como categorizando um grande número de indivíduos
juntos. (Giddens, 1993:760 – tradução nossa) 4 Valores culturais e normas que distinguem os membros de um determinado grupo de outros. Um grupo
étnico é aquele cujos membros compartilham uma consciência distinta de uma identidade cultural comum,
separando-os de outros grupos ao seu redor. (Giddens, 1993:741 – tradução nossa)
6
vivenciar e interagir com os outros. Esta nasce das interações entre indivíduos e grupos de
indivíduos. Em toda a sua extensão não há uma verdadeira descontinuidade, pois as
diferentes culturas contatam gradualmente umas com as outras, pelo menos num mesmo
espaço social. Não são absolutamente estranhas umas às outras, nem mesmo quando
acentuadas diferenças são manifestas, para melhor se afirmarem e distinguirem. Sendo
uma produção histórica, a cultura não é uma herança que se passe de geração em geração.
Inscreve-se na história de cada indivíduo, principalmente na componente das relações
entre grupos sociais. No entanto, a humanidade não deixou de produzir diferença cultural.
Os “mercados culturais” é que foram mundializados, mas não na totalidade. Ainda não
existe uma homogeneização do consumo, diferentes culturas consomem diferentes
elementos, de diferentes formas.
1.2. Cultura enquanto fator de diversificação
Num panorama de uma crescente diversidade cultural, torna-se cada vez mais
indispensável a garantia de uma interação em harmonia entre pessoas e grupos com
diferentes identidades culturais. A inclusão e a participação de cada cidadão garantem
uma coesão social cada vez mais necessária. Para tal, é imprescindível formar um
pluralismo cultural, propício, tanto aos intercâmbios culturais, como ao desenvolvimento
das capacidades que “alimentam” a vida quotidiana.
A UNESCO promove, desde a sua fundação em 1946, a paz e segurança no mundo
mediante a educação, ciências naturais e humanas e as comunicações/informação.
Através de tais medidas, a Organização concentra duas grandes prioridades consideradas
globais, sendo estas a diminuição da taxa de analfabetismo e a igualdade de género5.
Através de novos desafios no âmbito ético e social, promove a diversidade cultural. Em
1997, a UNESCO criou a classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade
(ou Património Intangível da Humanidade), distinção que protege e reconhece este
património, abrangendo todas e quaisquer expressões culturais e tradições que
determinado grupo de indivíduos preserve para as gerações futuras. Segundo Andrey
Azoulay, diretora-geral da UNESCO, a diversidade cultural “constitui uma abertura
cognitiva e intelectual e uma força motriz para o desenvolvimento social e o crescimento
5 As expectativas sociais sobre o comportamento são consideradas apropriadas para os membros de cada
sexo. O género não se refere aos atributos físicos em termos dos quais homens e mulheres diferem, mas a
traços de masculinidade e feminilidade formados socialmente. (Giddens, 1993:742 – tradução nossa)
7
económico” (UNESCO, 2018). No entanto, é perfeitamente claro que a diversidade
cultural não é por si só um sinónimo de paz e progresso. Para tal, é necessária uma
aprendizagem de diálogo e uma capacidade de valorização do valor individual de cada
cultura por si só. O “Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o
Desenvolvimento” destina-se então a promover a sensibilização a tais fatores. O
pluralismo cultural é fundamental, um princípio ético e político que merece igual respeito
por todas as identidades culturais e tradições.
A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da UNESCO foi redigida
pela organização em 2001. Reconhece a diversidade cultural enquanto parte do
património da humanidade e uma força fundamental para a paz e prosperidade. Existe
uma necessidade de proteger as diferentes manifestações culturais, sejam estas na área
linguística, artes, ou estilos de vida, principalmente das comunidades consideradas
minorias6 para que não sejam “puxadas” pelo movimento de padronização que
acompanha a globalização existente. Nesta Declaração é salientada também a questão do
acesso à vida cultural de determinada comunidade e país, direito consagrado na
Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos
benefícios que deste resultam. (Declaração Universal dos Direitos Humanos,
artigo 27º)
A construção de uma identidade cultural livre deve ser algo acessível a qualquer
um, para o desenvolvimento sustentável e pacífico da sociedade – cultura como visão
global para o desenvolvimento humano:
A diversidade cultural alarga o leque de opções à disposição de todos; é uma das
fontes do desenvolvimento, entendido não apenas em termos de crescimento
económico, mas também como meio para alcançar uma existência intelectual,
emocional, moral e espiritual mais satisfatória. (Declaração Universal dos
Direitos Humanos, artigo 3.º)
6 Uma minoria é uma categoria de pessoas escolhidas para tratamento desigual e inferior simplesmente
porque são identificadas como pertencentes a essa categoria. Minorias são geralmente definidas em termos
de características de status atribuídas, como raça, género e origem étnica e religiosa, bem como status
adquiridos, como orientação sexual. (Johnson, 1996 – tradução nossa).
8
Numa sociedade cada vez mais diversificada em termos culturais é de extrema
importância a garantia de uma interação em harmonia com grupos de diferentes
identidades culturais. A identidade7 é uma questão fundamental para a maioria dos
indivíduos, em termos da afirmação enquanto indivíduo, numa sociedade atual,
culturalmente diversificada. Diz respeito a quem este é e quem os outros pensam que tal
indivíduo representa. Poderão surgir, no entanto, conflitos quando existem diferenças
acentuadas entre quem um indivíduo pensa que é e o que outros indivíduos pensam do
mesmo.
Na sociedade atual, em muitas áreas, pretende-se demonstrar uma maior
compreensão das questões relacionadas com identidades. Não só em relação ao conceito
no âmbito académico, mas também em relação a áreas do dia-a-dia. Pode-se tomar como
exemplo o caso de um famoso rapper contemporâneo. Eminem, nome artístico de
Marshall Bruce Mathers III, rapper, compositor, produtor musical e ator, detentor de
inúmeros prémios na indústria relativos a melhor rap e melhor performance, é
considerado um dos melhores artistas de todos os tempos, já nomeado para vários prémios
internacionais e referido em inúmeras notícias e votações, entre outros. Numa área onde
a maior parte dos rappers é de raça negra, Eminem teve que lutar para conquistar mercado
e sempre foi considerado o rapper que não tem medo das palavras. Ao longo de toda a
sua carreira sempre falou acerca de temas relacionados com identidade. Uma das suas
frases mais famosas, nas quais marcou a área, nesse aspeto, é:
Eu não me importo que sejas preto, branco, hétero, bissexual, gay, baixo, alto,
gordo, magro, rico ou pobre. Se fores gentil comigo, eu serei gentil contigo. É
simples. (Eminem, tradução nossa – frase do próprio)
Não são os traços fisiológicos de cada um que determinam o carácter e o valor de
um indivíduo. No entanto, cada identidade é desenvolvida através de determinado período e
sempre através da interação que cada indivíduo tem com os outros.
7 Conjunto de características (físicas e psicológicas) essenciais e distintivas de alguém, de um grupo social
ou de alguma coisa. Não é uma questão estável, pois altera-se dependendo dos padrões identitários de cada
sociedade. A identidade dá-nos uma ideia de quem somos e de como nos relacionamos com os outros e com
o mundo em que vivemos. A identidade marca as maneiras pelas quais somos iguais aos outros que
compartilham essa posição e as maneiras pelas quais somos diferentes daqueles que não as compartilham.
Muitas vezes, a identidade é mais claramente definida pelas diferenças, ou seja, pelo que não é. (Woodward,
1997:2 – tradução nossa).
9
Diferentes indivíduos com diferentes caraterísticas têm todo o direito de se identificarem
com uma multiplicidade de grupos, sejam estes relativos a género8, idade, religião,
nacionalidade ou outros.
1.3. A tribalização da sociedade e o espaço cultural
A necessidade de afirmação dos indivíduos enquanto seres pertencentes a
determinado grupo social pode provocar a reivindicação de culturas próprias. A questão
social urgente neste domínio não é a libertação dos indivíduos das suas restrições sociais,
mas sim restabelecer o “local” onde estes se reintegram. O direito à liberdade afeta
praticamente todos os aspetos da vida de cada um, ganhando atualmente um peso maior
como definição de uma condição social, na qual indivíduos, libertos de preconceitos
relacionados com género ou educação, se reafirmam, num processo de personalização das
suas caraterísticas, procurando integração em grupos com os quais se consiga identificar.
A cultura é “desconstruída” na sua génese, naquilo que era conhecido, para ser
reconstruída – com as caraterísticas da emancipação dos indivíduos.
A partir deste pressuposto, culturas derivadas do futebol, música, e estilos de
vestuário são reivindicadas. A cultura do hip-hop, a cultura índie, os metal-heads, entre
outros, “invadem” as ruas e as vidas dos indivíduos. A era atual pode ser interpretada
como um período de acentuada dissolução social e extremo individualismo. No entanto,
as tentativas de recomposição social também são visíveis: os indivíduos que finalmente
se conseguiram libertar das restrições sociais estabelecidas estão a formar um movimento
inverso, de forma a recompor o universo social em que se inserem. Grupos múltiplos e
efémeros surgem, na tentativa de criar (ou recriar) ligações sociais. Emoções,
representações e experiências derivadas, muitas vezes incompreendidas, provocam a
segmentação de indivíduos ou grupos sociais e a emergência do “tribalismo”.
Surge então o conceito de tribo urbana9, criado por Michel Maffesoli, sociólogo
francês (Maffesoli:1996), quando o mesmo o começou a referir nas suas obras. Isto aliado
8 As expectativas sociais sobre o comportamento são consideradas apropriadas para os membros de cada
sexo. O género não se refere aos atributos físicos em termos dos quais homens e mulheres diferem, mas a
traços de masculinidade e feminilidade formados socialmente. (Giddens, 1993:742 – tradução nossa)
9 Grupo heterogéneo de indivíduos, em termos de idade, género, entre outros, que estão ligados por paixões
e/ou emoções partilhadas. (Cova, B. e Cova, V., 2002:602 – tradução nossa)
10
ao facto de acontecer apenas uma década depois do surgimento do movimento punk. Já
existiam fortes subculturas10 e tribos desde o tempo dos índios, mas nunca antes se tinham
manifestado de forma tão acentuada. Desde essa altura os vários estilos e manifestações
não pararam mais de aumentar. Marcadamente diferentes uns dos outros, seja em termos
de comportamento social ou de estilo de vestuário, desde o estilo surfista, ao estilo hippie,
passando pelos rastafári, o que os une são exatamente as suas diferenças.
Talvez se aplique então o famoso ditado português: “Diz-me com quem andas e
dir-te-ei quem és”. De caraterísticas equivalentes aos grupos étnicos, mas em menor
escala – homogeneidade linguística, cultural e local – as tribos pós-modernas,
denominadas então como tribos urbanas, são maioritariamente movidas pela emoção ou
paixão nas suas crenças e gostos. Estão em constante movimento, são instáveis e não se
fixam em nenhum dos padrões definidos pela sociedade moderna. Os diferentes estilos
musicais, o seu vestuário, os locais que frequentam, definem, em parte, o grupo social em
que se integram.
Numa sociedade em constante mudança cultural, muitas das vezes estas tribos
urbanas existem de forma pouco visível, lado-a-lado com a sociedade moderna. “Estão
ligados por uma paixão ou emoção compartilhada” (Cova, B. e Cova, V., 2002:598 –
tradução nossa). A constante partilha de experiências entre os grupos sociais pós-
modernos, ou tribos urbanas, faz com que seja de extrema importância entender como os
integrar, sendo tão diferentes, num mesmo espaço, de forma harmoniosa, de constante
partilha. Contudo, existem diferenças entre estas “novas” tribos e as arcaicas, pois as
tribos urbanas, além de serem efémeras, são mais inclusivas, uma vez que um mesmo
indivíduo pode pertencer a várias tribos pós-modernas – o que não acontecia com as
arcaicas.
Mais do que uma categoria residual da vida social, pertencer a uma tribo urbana
não exclui a possibilidade de ter uma vida denominada “normal”. Existem os empregos
comuns, a vida de estudante, a rotina diária, representando apenas “parte” das
caraterísticas de um indivíduo. Tomando como exemplo, talvez, um trabalho caraterizado
como “aborrecido”, onde um indivíduo tem que ir regularmente vestido formalmente, por
10 Um subgrupo é um conjunto de indivíduos que se identificaram como membros de um grupo que também
faz parte de um sistema social maior ao qual pertencem. (...). Uma subcultura é uma cultura associada a
sistemas sociais (incluindo subgrupos) e categorias de pessoas (como grupos étnicos) que fazem parte de
sistemas maiores, como organizações formais, comunidades ou sociedades. (Johnson,1996 – tradução
nossa)
11
questões éticas do local que frequenta. Mas, por baixo das mangas da camisa tem
tatuagens, gosta de música “pesada” e de se divertir ao fim de semana com o seu grupo
de amigos. Talvez caraterísticas que a uma primeira vista não são percetíveis, mas as
quais não se devem julgar, uma vez que fazem parte de cada indivíduo.
A internet e as novas tecnologias fornecem ferramentas poderosas de ligação entre
as tribos, sem restrições de tempo e espaço. A revolução tecnológica que se tem vindo a
afirmar nos últimos anos torna muitas manifestações culturais e artísticas mais facilmente
acessíveis – apesar de ainda haver muitos obstáculos à igualdade de acesso a bens e
serviços. Apesar de o caminho ter sido “facilitado”, as tribos existem e ocupam espaço
em termos físicos. Estas, ou pelo menos parte dos seus membros, podem reunir-se e
executar os seus “rituais” em espaços públicos, sejam estes espaços de encontro,
veneração, comemoração, (Cova, B. e Cova, V., 2002:605 – tradução nossa) – teatros,
museus, concertos ou festivais de música. Nunca estão sozinhos, dado pertencerem a uma
vasta e informal comunidade.
As crescentes manifestações culturais, derivadas das múltiplas tribos que foram
surgindo ao longo dos tempos, provocaram a necessidade de encontrar um “lugar
comum”, onde as múltiplas culturas e subculturas se tornassem mais acessíveis. O
conceito de “espaço cultural” passou a ser algo real. Espaço cultural é um espaço ou
comunidade que tem a sua própria cultura. Pode ser algo físico e tangível como uma casa,
um lar (o local que parece familiar, onde se cresceu), ou então algo metafórico e
intangível, como a internet, ou outro qualquer lugar (Martin, J. e Nakayama, T.,
2010:287). Não é um simples local onde são construídos e atribuídos significados, é
também algo metafórico a partir do qual se torna mais fácil comunicar. A noção de espaço
é algo que varia muito de cultura para cultura. Dependendo do local onde determinado
indivíduo vive, a noção de espaço e distância que é aceitável para este em determinadas
situações sociais, pode ser muito diferente. “Casa” ou “lar”, é um espaço cultural que
influencia a mente de cada indivíduo acerca de si e em relação aos outros. É o primeiro
espaço cultural da vida de cada um, onde tudo começa. O espaço cultural é, por
conseguinte, um espaço onde identidades são formadas e desenvolvidas, rituais feitos e
cultura absorvida.
Fatores influenciadores da criação de determinado espaço cultural podem ser
derivados de práticas religiosas, tipo de alimentação ou locais de convívio social, tais
como escolas ou hospitais, dependendo da localização em causa, seja esta um bairro,
cidade, região ou país. É através da combinação destes fatores e como são usados que são
12
cidade, região ou país. É através da combinação destes fatores, e como são usados, que são
determinados e criados espaços culturais específicos a cada um. Sendo a nível físico ou
metafórico, cada indivíduo tem determinadas barreiras que tem de superar:
Todo o ser vivo tem um limite físico visível – a sua pele – separando-o do seu
ambiente externo. Este limite visível é rodeado por uma série de limites invisíveis
que são mais difíceis de definir, mas são igualmente reais. Estes outros limites
começam com o espaço pessoal do indivíduo e terminam com este ou com o seu
“território”. (Hall e Hall, 1977:10 – tradução nossa)
O espaço pessoal de cada indivíduo pode então ser interpretado como uma forma
de “território”. A “bolha invisível” que paira em torno de cada um acaba por limitar o
pensamento do indivíduo, fechando-o num espaço mais pessoal. Este pode ou não
expandir-se dependendo de variados fatores. A relação com pessoas próximas ou o estado
emocional do indivíduo podem ser alguns deles. É de extrema dificuldade a penetração
em tal “bolha”, no espaço pessoal de cada indivíduo e, quando tal por vezes ocorre, é
sempre por curtos períodos. Mas, independentemente dos “limites” espaciais de cada
indivíduo, o espaço cultural deve ser uma “representação” de algo ideal, ou seja, deve
demonstrar onde cada um pode deste modo amplificar a sua cultura, os seus
conhecimentos e aprendizagens, contribuindo também para esse efeito, partilhando um
bocado de si, do seu estilo de vida ou pensamento. O “espírito” de determinado local
(genius loci), o seu ambiente caraterístico, através da obra humana e da essência do
próprio local faz com que este adquira caraterísticas inimitáveis e inamovíveis. Os
elementos constitutivos da sua estrutura cultural determinam inadvertidamente a criação
de “ambientes” muito próprios:
Poucas pessoas percebem que o espaço é percebido por todos os sentidos, não
apenas pela visão. O espaço auditivo é percebido pelos ouvidos, espaço térmico
pela pele, espaço cinestésico pelos músculos e espaço olfativo pelo nariz. Como
se pode imaginar, existem grandes diferenças culturais na programação dos
sentidos. (Hall e Hall, 1977:12 – tradução nossa)
Um espaço cultural é percecionado através de cada sentido humano.
Determinados eventos culturais, independentemente do local onde são realizados, são
grandes amplificadores desta noção de espaço cultural. Locais de autêntico convívio,
onde os sentidos são alargados e as múltiplas tribos urbanas se misturam. No caso
específico
13
específico de estudo deste relatório, serão então analisados os “festivais de música”
enquanto espaços culturais. Os festivais de música são eventos que normalmente só
ocorrem uma vez por ano, podendo durar apenas um dia, ou um mês inteiro. No entanto,
é preciso uma gestão e conceptualização muito séria e eficaz, para que a experiência de
quem frequenta tais eventos seja a melhor possível.
1.4. Gestão e turismo de eventos
A cultura enquanto fenómeno social pode ser vivenciada sob as mais variadas
formas. Eventos, no seu contexto global, podem ser interpretados enquanto espaços
culturais. Fazem parte da vida de certos indivíduos, tendo estes, por vezes, um papel ativo
(como participantes) ou, outras vezes, como os próprios organizadores. Tendo em conta
as crescentes mudanças e pressões no meio que envolve o setor da arte do espetáculo no
geral, as entidades organizadoras têm vindo, de forma progressiva, a modificar tanto os
seus paradigmas, como referências e estruturas. Adotar estratégias e táticas de gestão
parece uma boa forma de criar valor genuíno para os públicos. Mas, quando se fala na
gestão de eventos, nomeadamente no seu design e produção, enfrentam-se grandes
desafios. Quando determinados eventos culturais são idealizados para diferentes tipos de
grupos de indivíduos, tudo tem que ser pensado ao pormenor, para corresponder às
expectativas dos seus participantes. As caraterísticas que parecem distintivas dos
serviços, no geral (e dos eventos, na sua maioria), necessitam de ser sempre consideradas.
A sua perecibilidade, intangibilidade, inseparabilidade e heterogeneidade são
caraterísticas a ter em conta, uma vez que poderão levar a problemas específicos, que
necessitarão de estratégias especiais e bem delineadas para lidar com eles
Cada vez mais se exigem eventos memoráveis, uma vez que é preciso “responder”,
com o mesmo nível, aos numerosos eventos que existem anualmente. Estes devem fornecer
experiências únicas, que deverão contribuir tanto para a educação e bem-estar da
comunidade onde se inserem, como cumprir todas as responsabilidades culturais e
artísticas. No entanto, não é fácil organizar um evento. É necessário, em primeira
instância, ter uma “criação mental”, ou seja, uma idealização do evento antes deste
ocorrer. Em seguida, é necessário ter em conta a produção, o que corresponde aos atos de
manufaturação e engenharia baseados no design inicial de tal evento.
14
Um evento é uma experiência desenhada particularmente para aqueles que o
frequentam. A mesma sociedade que há alguns anos se preocupava, fundamentalmente,
com o consumo de produtos, atualmente consome serviços numa proporção muito maior.
Serviços estes que podem ser eventos, nos seus mais derivados formatos. O conceito e o
tema de cada evento são os principais veículos que o transportam até ao resultado final
pretendido. Por norma, um evento é planeado e executado consoante determinado
carácter, que se consolida no produto final. Existem oito principais tipologias de evento,
segundo Donald Getz. Getz é professor na Universidade de Calgary, no Canadá, membro
distinto da International Academy for the Study of Tourism, e tem sido um dos principais
estudiosos nas áreas de turismo e estudos de eventos. A próxima figura esquematiza a
tipologia de eventos que o próprio criou:
Figura 1 - Tipologia de eventos planeados. Fonte: Getz, 2005.
No que respeita à tipologia das “Celebrações culturais” nela podem estar incluídos
os festivais, carnavais/feiras, comemorações e eventos religiosos. Os eventos “Políticos e
de Estado” poderão abranger eventos como cimeiras, ocasiões reais, eventos políticos e
visitas VIP. Nas “Artes e Entretenimento” estão contidos os concertos e cerimónias de
entregas de prémios, por exemplo. Nos “Negócios e Comércio” reuniões, convenções,
feiras, mercados, entre outros. Nos eventos “Educacionais e Científicos” poderão incluir-
se conferências e seminários. Nas “Competições desportivas”, que também são uma
forma de evento planeado, incluem-se tanto o desporto amador como o profissional,
ambos podem mover multidões. Também existem eventos “Recreativos” sendo que estes
oito tipos de eventos podem apresentar sobreposições de temáticas, não tendo um evento
de estar focado apenas num só carácter.
15
Festivais de música, por exemplo, poderão estar incluídos em várias tipologias de evento,
por exemplo nas “Celebrações Culturais” e em “Artes e Entretenimento”. É, portanto,
algo extenso e não tão linear assim. Getz define a temática da gestão de eventos como
sendo:
(…) um campo de estudo e uma área de profissionais dedicados à conceção,
produção e gestão planeada, festivais abrangentes e outras celebrações,
entretenimento, recriação, política, desporto, artes, eventos na área de negócio e
assuntos corporativos, reuniões, convenções, feiras e exposições, no domínio
privado como passagens de ano, casamentos e eventos sociais para grupos de
ligação. (Getz, 2008:404 – tradução nossa)
Em virtude dos eventos planeados serem criados com um elevado grau de
especificidade, torna-se necessário que, tanto as iniciativas individuais como as
comunitárias, recorram a profissionais e empresários do ramo. As razões são claras: “os
eventos são fundamentais e é necessário criar estratégias satisfatórias com numerosos
objetivos, o que, muitas vezes, é arriscado para serem realizados por amadores” (Getz,
2008:404 – tradução nossa). Atualmente, a indústria de eventos é uma grande componente
de uma nova estrutura social, que ambiciona estar mais ligada aos aspetos culturais que a
rodeiam, uma vez que de nada serve um grande cartaz, com excelente programação
cultural, se não cativar os destinatários. Atualmente, valorizam-se muitos parâmetros para
atingir os objetivos delineados. É fundamental o foco na experiência dos participantes,
pois a simples gestão de um evento sem considerar o seu público é a “receita ideal” para
o seu fracasso. Componentes como a vertente de catering, som, iluminação,
entretenimento e outros serviços permitem uma melhor experiência àqueles que
frequentam tal ou tais eventos. O cumprimento de horários e programação são também
fatores que podem ditar a sua reputação e sucesso. A pós-produção do evento não deixa
nunca de ser de igual importância, pois é o que se mantém na memória dos consumidores
assinalando a fidelização do público.
Joe Goldblatt, professor e perito no estudo da área de eventos na sua obra, datada
de 2005, refere a conceptualização de um evento através dos seus “5Ws” – why?, who?,
when?, where?, what? – (Goldblatt, 2005:44), estrutura que se tornou guia para a maior
parte dos eventos. A questão why? ou seja, a razão pela qual o evento deve ser realizado
prende-se com o que se quer alcançar com a experiência dos seus participantes. Who?
corresponde às partes interessadas em participar no evento. Tais indivíduos tornam-se
16
muitas vezes agentes no processo de criação do evento. Este fica então mais complexo,
pois é necessário atender às opiniões adicionais dos interessados. A data, tempo e local
do evento (when?, where?) são componentes fundamentais da conceptualização de um
evento. São frequentemente escolhidos pelo seu criador e implicam a coesão com o tema
escolhido. Um festival de verão junto a uma praia, ou num terreno bastante grande, onde
bata o sol em pleno agosto é exemplo disso, enquanto que um festival de inverno,
provavelmente, ficará melhor enquadrado num espaço fechado. A última questão a que
um evento tem que responder é o what? que corresponde a qual é o produto do evento que
é desenvolvido e apresentado. Este último fator está ligado à experiência psicológica e,
eventualmente, espiritual que os participantes devem relembrar e até refletir após o
evento.
Um evento, nas suas mais diversas vertentes, surge de uma necessidade do ser
humano ser alvo de entretenimento através do espetáculo enquanto arte. Quer se trate de
uma peça de teatro ou mesmo de um festival de música, tais representações podem ser
conceptualizadas como:
Qualquer forma de exibição pública colocada para o entretenimento e benefício
de uma grande multidão de espectadores. É criada pela manipulação consciente
de espaço, paisagem ou objetos para produzir exibições que atraem uma poderosa
resposta emocional de uma audiência ... ao ar livre, num auditório fechado ou em
alguma mistura de ambos. Pode apelar a vários sentidos, mas permanece
predominantemente visual. (Gold e Gold, 2005:15 – tradução nossa)
Ou seja, um evento é uma experiência temporária, baseada numa composição
única entre tempo, localização, tema, estruturação e ambiente criado – complementado
pelos participantes, sejam estes espectadores ou organizadores. Os festivais (de música e
não só) são eventos especialmente desenhados com o intuito da participação do público.
A celebração de identidades e culturas locais é algo fundamental num âmbito cultural,
uma vez que a celebração de determinado estilo ou interpretação cultural deve ser aceite,
independentemente da sua origem. Existe uma noção geral da relação entre a área dos
eventos e o turismo. Esta noção deriva muitas vezes do crescente número de eventos
especiais e iniciativas culturais nos últimos anos. Não se pretende referir apenas os
grandes festivais de música mas, também, pequenos festivais em vilas mais pequenas ou
mesmo festividades tradicionais. Donald Getz afirma que:
17
Celebrações culturais, incluindo festivais, carnavais, eventos religiosos, artísticos
e de entretenimento no geral (maioritariamente concertos e produções teatrais)
são frequentemente subordinados na literatura referente a turismo de eventos.
Festivais em particular têm sido examinados no contexto de placemarketing,
desenvolvimento urbano, turismo e mais recentemente mudanças sociais (Getz,
2008:412 – tradução nossa).
O autor destaca então os festivais entre a multiplicidade dos vários eventos
culturais e no âmbito do portefólio de produtos utilizados pelos destinos turísticos. Esse
tipo de eventos atrai milhares e milhares de participantes, numa interligação turística e
aproveitamento de toda a sua extensão, num forte contributo para o desenvolvimento do
destino turístico onde tal evento ocorre. Neste número crescente de eventos (que se
perceberão em mais detalhe com dados da APORFEST, nos pontos seguintes) poderão
incluir-se os festivais de música, em virtude dos mesmos produzirem impactos de grande
relevância e diferenciadores, onde ocorrem, promovendo o emprego (ainda que sazonal),
multiplicando o turismo e aumentando as receitas da economia local.
Os destinos turísticos, cada vez mais, utilizam os eventos como forma de cativar
novos visitantes, em massa, para as cidades, atraindo assim novos investimentos e
rendimentos, criando, por conseguinte, uma imagem positiva da região. Esta dinamização
das (grandes ou pequenas) cidades acaba por promover uma competitividade saudável
entre eventos e outras manifestações culturais, algo que, antes da década de 80, nem
sequer era mencionado. Não há lógica nem razão explícita para que o estudo de turismo e
o de eventos serem duas áreas separadas. Tanto o turismo como os eventos são
fundamentais para entender estes tipos de experiência, o que por sua vez, nos conduz a
outro campo de estudo que se deve ter em consideração. Trata-se do conceito de evento
enquanto marca.
1.5. Identidade visual e marca como catalisadores de novas experiências culturais
O conceito de marca é algo muito antigo. “Já na antiguidade os fabricantes de
tijolos lhes colocavam símbolos para identificar a sua origem” (Mendes, 2014:21). Desde
então, é notória a aplicação das marcas em produtos e serviços. No entanto, nem todas as
marcas são consideradas marcas fortes, tal como nem todas têm a capacidade de perdurar
ao longo do tempo. A marca “é assim o resultado de um processo cíclico, constantemente
18
construída e reconstruída pelas atividades da empresa e pelas perceções dos clientes”
(Mendes, 2014:21). Não é apenas a identidade visual, nem tão pouco é esta que mais
importa. Uma marca representa uma promessa (emocional/funcional) para o cliente, assim
como a experiência que se pretende vivenciar. A forma como a marca se faz sentir (as
emoções que desperta) também é fundamental para a análise de uma boa marca, assim
como as narrativas criadas e os valores transmitidos. Mas o que é que se espera de uma
marca? Acima de tudo, quatro fatores: transparência em tudo o que promete,
personalidade que reconheça caraterísticas humanas (forma mais fácil de se relacionar
com o consumidor), diálogo (interação com o consumidor) e, por fim, um propósito
(Kapferer, J. N., 2008). Um festival de música, ou qualquer outro evento cultural,
representando uma marca, algo reconhecido, acaba por ter os mesmos valores e
caraterísticas. No entanto, “é preciso tempo para construir uma marca realmente forte”.
(Kapferer, J. N., 2008:55 – tradução nossa)
As marcas são um fenómeno omnipresente em qualquer setor nas sociedades
atuais. Estão em todo o lado. Não apenas fisicamente, nos espaços comerciais, mas
também virtualmente, em quaisquer locais onde é possível estarem. Tal omnipresença da
marca reflete-se de variadas formas e no entendimento do que realmente pode ser uma
marca. Muito mais do que a “oferta” em termos de produto ou serviço, atualmente, pode-
se interpretar o conceito “marca” como algo mais abrangente, quer se trate de pessoas,
locais, filmes, séries de TV ou mesmo eventos. A criação de valor de marca11 tem então
um papel fundamental para tal. Para gerir uma marca de forma a esta gerar valor na melhor
gestão de um evento é fundamental ter um conhecimento profundo sobre as necessidades
do público a impactar. Isto requer um investimento contínuo na pesquisa de novas
soluções, novos “produtos” ou formas de promover, que possam ir de encontro à evolução
dos gostos de cada um.
O conceito de valor de marca é algo abstrato. Uma marca tem valor no mercado
apenas se tiver valor para o consumidor. Uma marca agrega todas as considerações
negativas e positivas da experiência do consumidor com o produto/serviço e os fatores
associados. Coca-Cola, Gillette e Colgate são exemplos de marcas que têm posições
11 É a capacidade das marcas de entregar lucro. Uma marca não tem valor a nível financeiro, a menos que
possa gerar lucro. Marcas podem ser analisadas do ponto de vista da sociologia, psicologia, semiótica,
antropologia, filosofia e assim por diante, mas historicamente foram criadas para fins comerciais e são
geridas com vista a produzir lucro. É o potencial de lucro dos ativos da marca, mediado pela força da marca
no mercado. (Kapferer, J. N., 2008:14)
19
dominantes no mercado há muitos anos. Eventos que, atualmente, se associam a marcas
têm um maior valor agregado, daí resultando uma parceria vantajosa para ambas as partes.
Por exemplo, festivais como Super Bock Super Rock, Vodafone Paredes de Coura ou EDP
CoolJazz utilizam as marcas como suas parceiras e naming sponsors (patrocinadores que
dão “nome” ao evento).
É necessário, em primeira instância, saber comunicar tal marca ou evento junto
dos consumidores. Para ambos os casos é necessário o branding da marca. Não há um
conceito claro relativamente ao mesmo, pois depende da área de aplicação. Encontra-se
em estreita parceria com o marketing, pois a informação vai-se cruzando. Acaba por
consistir em todos os elementos de construção e gestão de uma marca, desde a sua
arquitetura à narrativa. Nas últimas décadas, o branding tornou-se numa importante
ferramenta de gestão, também em torno da área dos eventos. Toda a produção de um
evento tem que estar ligada a determinado conceito, identidade visual e toda outra série
de fatores, de modo a refletir a totalidade das experiências que se pretendem com a
execução do mesmo. À semelhança da marca, se o evento/festival de música quer ter
reconhecimento no mercado tem que ter pelo menos três elementos fundamentais: nome;
símbolos e logótipos (identidade visual) e slogan (Kapferer, J. N., 2008:12). Uns não
deverão funcionar sem os outros.
O nome, seja para marca de produto ou de serviço, trata-se de um elemento
fundamental pois é aquele que sintetiza as associações e conceitos-chave da mesma. É a
base para a formação da essência da marca. Há que ter algum cuidado na escolha de um
nome, não devendo ser de difícil pronúncia, porque tal acaba por ser um obstáculo ao
“passa a palavra”. No entanto, e apesar de dever ser um nome fácil, deverá ser único,
diferente e invulgar, para que a marca se consiga distinguir na sua categoria de produtos.
Isto não quer dizer que, por exemplo, um festival de música tenha que ter um naming
sponsor ou uma associação mais fácil para ser mais ou menos reconhecido. O Boom
Festival, por exemplo, tratando-se de um festival antigo, é uma excelente aplicação de um
nome a um evento. Igualmente, há que ter algum cuidado com a repetição dos nomes. Por
exemplo, existem dois festivais de música com caraterísticas bastante diferentes e com
nomes iguais. Um é o Out Fest e o outro Out.Fest. A única coisa que os separa, para além
das suas caraterísticas é um simples ponto final. O primeiro é um festival de música
eletrónica em Cascais e o segundo, um Festival Internacional de Música Exploratória, no
Barreiro. Esta questão aconteceu, pois, o Out Fest, mais recente, registou o seu nome no
20
INPI, enquanto que o Out.Fest não o fez. O INPI é a entidade que regula as patentes a
nível nacional. A falta de registo ou semelhança entre os nomes pode gerar alguma
confusão, tanto entre promotoras como entre consumidores e respetiva comunicação.
Símbolos e logótipos associados a determinada marca, assim como toda a
identidade visual gerada à volta da mesma, desempenham um papel importante na criação
de valor de marca, tal como o nome. “Um símbolo pode, por si só, criar notoriedade,
associações e sentimentos com a marca” (Mendes, 2014:27). O swoosh da Nike, o M da
MacDonald’s ou a maçã da Apple não excelentes exemplos da aplicação de símbolos a
marcas. Normalmente, no que tem a ver com os festivais de música ou outro tipo de
eventos, nunca são representados apenas por um símbolo. O seu logótipo está sempre, ou
quase sempre, acompanhado pelo nome, para mais fácil compreensão. Os símbolos são
uma forma valiosa para identificar uma marca, desde que estejam fortemente associados
a esta. Símbolos e logos podem ser facilmente reconhecidos em virtude da sua natureza
visual. Um exemplo muito prático é o jogo Logo Quizz que virou moda há uns anos.
Presente em várias plataformas, este era um jogo composto por vários níveis cujo objetivo
era descobrir qual era a marca associada a determinado símbolo, muitas vezes incompleto
para dificultar o processo.
Por fim, os slogans são outro dos elementos da marca. Consistem em frases curtas,
normalmente descritivas ou persuasivas. Auxiliam o público a captar o sentido da marca,
como que a promessa que esta quer transmitir (Kapferer, J. N., 2008:32). Este deve
sempre ser conciso, específico e facilmente memorizável. É curioso que, pelo menos
aplicado a eventos, muitas vezes é o público e a própria imprensa que incentivam a
aplicação de determinada frase como slogan. O Vodafone Paredes de Coura como o
“habitat natural da música”, por exemplo, é precisamente uma promessa que o festival foi
conquistando ao longo dos anos, que acabou por se tornar slogan do mesmo.
David Ogilvy, um dos grandes publicitários da história mundial, aclamado como
o “pai da publicidade” afirmava que “qualquer idiota pode criar um negócio, mas é preciso
génio, fé e perseverança para criar uma marca” (Mendes, 2014:17). Tal afirmação não
poderia estar mais correta. Atualmente, existem diversos negócios dos mais derivados
setores. Seja na restauração, tecnologia, indústria automóvel, eventos dos mais diversos
ambientes e tipologias, se a marca em si, aquilo que se pretende comunicar, não for
credível, estável e minimamente original, é praticamente impossível destacar-se e vencer
num mercado completamente saturado. Tal acontece muito na indústria dos festivais de
21
música. Existem dois grandes setores: os festivais já com muitos anos de existência e
reconhecidos a nível internacional e os novos e mais pequenos festivais, que lutam ainda
por um lugar de destaque. Mas como é que estes segundos se afirmam junto dos
festivaleiros e do possível público que pretendem impactar? Têm que criar um sentido de
comunidade de marca e esperar que a sua diferenciação permita algum brand love (ou
amor à marca).
A relação emocional e a empatia dos consumidores com marcas e os seus produtos
e serviços (eventos variados, festivais de música, entre outros) permitem uma constante
vantagem competitiva e diferenciação de outras marcas. Carroll e Ahuvia, ambos autores
e pesquisadores na área (do amor) e ligação dos consumidores por produtos e marcas,
definem brand love como “o grau de apego emocional que um consumidor satisfeito tem
por um determinado nome comercial/marca” (Carroll e Ahuvia, 2006:81 – tradução
nossa). Isto pode ser facilmente extrapolado para um festival de música. O apego
emocional que os festivaleiros têm por festivais como o NOS Alive, Vodafone Paredes
de Coura e outros é bastante curioso e será discutido mais adiante neste mesmo relatório.
Os autores atrás citados consideram ainda que o brand love é composto por várias
dimensões: paixão pela marca, ligação à marca, avaliação positiva da marca, resposta à
marca com emoções positivas e declarações de amor para com a marca (Carroll e Ahuvia,
2006:81 – tradução nossa). Tais dimensões permitem que o afeto pela marca influencie
positivamente variáveis de marketing importantes, tais como a lealdade. Não existe, no
entanto, um lado negativo, apenas a ausência de brand love, quando determinada marca
não consegue cativar os consumidores.
O que se entende, tanto por marca como por branding, tem vindo a mudar e a
evoluir ao longo dos anos. Atualmente, existe uma lógica conceptual que entende marcas
como um conjunto de vários fatores para uma criação conjunta de valor. O emocional
branding começou a surgir na década de 90 (Mendes, A.,2014), curiosamente, na mesma
década em que se deu o boom de festivais de música em Portugal. Deixou de haver tanto
o conceito de marca enquanto benefício puramente funcional. Nesta mais recente
abordagem de marca enquanto fonte de valor e componente emocional, tornou-se clara a
elaboração de um evento 360º (APORFEST). Para tal, a identidade visual tem tido um
papel-chave, uma vez que marcas, produtos e serviços requerem uma abordagem e uma
comunicação multiplataforma, uma vez que têm que estar presentes em todo o lado. Um
dos sonhos de qualquer profissional é ter o seu evento facilmente reconhecido (é
fundamental
22
fundamental ser reconhecido em qualquer lugar) e diferenciado dos demais na sua
categoria, seja pelo nome ou pela identidade visual, que são duas componentes
primordiais em qualquer comunicação para o efeito. A identidade visual, essencialmente,
consiste no conjunto de elementos formais que representam visualmente, e de forma
sintetizada, um nome, ideia, produto, empresa, instituição ou serviço (Heding, T.,
Knudtzen, C e Bjerre, M., 2009:56). Geralmente esse conjunto de elementos é tomado
como base através de um logótipo, que nada mais é que uma espécie de símbolo visual
formado através de cores, tipografias, grafismos, personagens e outros elementos. A ponte
entre determinado criador e o cliente/público final baseia-se no que o atrai, no que deseja
e no que lhe é possível oferecer.
Uma marca e tudo o que remete a esta, desde o nome da empresa, ao seu logo,
cores, filosofia e missão de trabalho são elementos fundamentais para criar então a
designada identidade visual da marca (Kapferer, J. N., 2008:301). Esta consiste no
conjunto de elementos formais que representam visualmente e de forma sintetizada, a sua
ideia, em toda a envolvente.
O processo de construção de identidade visual deve ser documentado em cada
uma das suas etapas para construir um verdadeiro padrão que represente o evento ou a
marca em si, seja no âmbito de eventos tais como festivais de música ou outros. O
desenvolvimento da estética da marca reúne dados técnicos, análises, especificações e
todo o tipo de informação que se transformará em referência para a criação de qualquer
outro produto onde estará presente o nome da organização. Todo o tipo de material gráfico
executado poderá depois ser replicado em vários meios, seja em suporte físico, tal como
brindes, bandeiras, cartazes, ou em suporte digital, como banners, pop-ups ou qualquer
outro material necessário para as redes sociais ou website. Todos estes elementos
necessitam ter um guia definitivo da comunicação visual de uma marca pelo que,
normalmente, é criado um manual de identidade visual, ou manual de marca (Mendes,
A., 2014). É este o documento que deverá ser consultado sempre que for necessário, por
exemplo, ao criar o layout do website, um cartão de visita ou qualquer outro documento
gráfico que seja destinado a funcionar como peça publicitária. O manual é dirigido aos
profissionais que trabalham nos processos de criação e design da empresa. O objetivo
principal deste guia técnico é construir uma identidade visual tão sólida que impacte e
permaneça na memória do cliente. Nem sempre (ou quase nunca) as empresas de eventos
os criam, muito menos para festivais de música ou qualquer outro evento
23
cultural que, normalmente, renova a sua imagem anualmente. Mas, pelo menos, é
necessária alguma coesão entre as várias propostas gráficas.
Para criar a imagem gráfica de determinada marca ou evento é recomendável
seguir alguns passos, que podem variar conforme os autores, não se tratando de algo
estabelecido de forma rígida. O processo inicia-se, geralmente, pela análise do que se
encontra definido no briefing. Traduzido à letra, briefing são as instruções que deverão
ser observadas durante o processo. Na área de criação de conteúdos de marca é algo mais
abrangente. É um documento elaborado especialmente de forma a guiar um projeto
específico, contendo orientações passadas de um ponto para o outro (quem dá o briefing
e quem cria). Traz informações claras e sucintas para se poder criar as melhores
estratégias, tendo como meta alcançar os objetivos estipulados. Funciona, no fundo, como
uma descrição do trabalho a ser realizado. Pelas suas caraterísticas é bastante utilizado
pelas agências de publicidade. No entanto, um briefing pode ser aplicado em qualquer
projeto, inclusive operações militares. É o primeiro passo em qualquer projeto de criação,
pois sem um bom briefing torna-se quase impossível reunir as ideias que se quer passar
ao cliente por meio da identidade visual. Praticamente todos os pontos essenciais para a
criação de uma identidade gráfica são identificados no briefing. É o momento de encontrar
as respostas para todas as perguntas que definem o conceito por trás da marca. É
necessário perceber como se descreveria o produto/serviço, como se quereria ser
identificado pelo público, quem é o público, qual é o ponto de diferenciação de outros
concorrentes, quem são estes, entre outros. São estes os dados primordiais na construção
da identidade visual durante todo o processo criativo. Além destes objetivos, também
deverão ser definidos os detalhes técnicos do processo de criação, desde as sugestões de
cores e formas, até ao orçamento que é suposto ser respeitado.
Em segundo lugar, deve-se fazer um brainstorming. Este conceito consiste numa
“tempestade” de ideias, onde nenhuma ideia é pequena demais ou sem sentido. O conceito
é quase literal. Este passo exige alguma pesquisa, tanto de conceitos, como ideias e
imagens que comecem a criar algum sentido na ligação com o briefing. É um esboço do
que a identidade visual virá a materializar-se. É uma das etapas onde se verifica a
necessidade de maior criatividade.
Antes de se transformar a missão de uma empresa, marca ou evento em imagem e
design, é necessário transformá-la em palavras (terceiro passo na sequência desta lógica).
Para tal, é necessário entender a brand persona. Esta representa o que a marca tem a
oferecer
24
em termos de comunicação. Criar e definir uma brand persona é, essencialmente, delinear
a personalidade de uma marca aos olhos do público. Para chegar a esta fase sem
dificuldades acrescidas é necessário começar por identificar devidamente quem é o
público-alvo logo no briefing. Ao definir a voz que uma marca terá no mercado, será muito
mais fácil desenhar ou associar um “rosto” à mesma, principalmente um que esteja em
harmonia com a forma de comunicar e com as expectativas do cliente.
Em quarto e último lugar, é necessário definir a fonte, cor e estilo. Todos os dados
recolhidos pelos passos anteriores formam o “esqueleto” do que se materializará nas
formas e cores escolhidas neste momento. A fonte é o elemento responsável por dizer
como a marca é. Precisa de estar em perfeita harmonia com todos os elementos e paleta
cromática, além de, obrigatoriamente ser perfeitamente legível para o público. Diferentes
famílias tipográficas imprimem emoções diferentes nos públicos-alvo à primeira vista.
Fontes mais semelhantes à escrita manual remetem para sofisticação e classe. Fontes mais
comuns inspiram objetividade e clareza. Já a cor é algo complexo, requerendo a aplicação
da teoria da percepção (in Color Psychology). As cores despertam sentidos, ativam
memórias e representam conceitos de forma poderosa, sendo por isso necessário analisar
com cuidado o que se pretende transmitir. Na imagem seguinte, pode-se entender, de
forma simplificada o que as cores podem transmitir quando relacionadas com marcas.
O amarelo estimula o processo mental e a comunicação, sendo ainda responsável
pela captação do olhar. É uma cor capaz de potenciar a alegria, a clareza e o otimismo. É
também a mesma cor à qual os bebés reagem intuitivamente, sendo por isso utilizada em
Figura 2 - Psicologia da cor aplicada a marcas. Fonte: Color Psychology.
25
brinquedos (in Color Psychology). É uma das cores mais atraentes do ponto de vista
psicológico. No entanto, demasiado amarelo pode causar ansiedade, pelo que se verifica
a necessidade de ter algum cuidado na sua utilização de forma a encontrar o equilíbrio
certo. O laranja reflete entusiasmo e confiança. Na área do marketing é utilizada para
influenciar compradores compulsivos. Encontra-se associada à acessibilidade e bons
valores. O vermelho é a cor mais visualmente impactante, pois simboliza dinamismo,
paixão, energia, perigo e intensidade. Estimula as glândulas do apetite, sendo por isso
muitas vezes associada a marcas no setor da restauração. O roxo representa a cor da
realeza, do sucesso, riqueza e sabedoria. Representa marcas criativas e imaginativas. O
azul é uma cor maioritariamente associada ao público masculino. Inibe o apetite e
representa calma e serenidade. Cria uma sensação de segurança e confiança na marca. O
verde significa saúde, serenidade e tranquilidade. Encontra-se conotado com a natureza e
a saúde. É muitas vezes associada a marcas eco-friendly e descontraídas. Por fim, o preto
é a cor da sofisticação, mistério, poder e controlo. É utilizada para vender
produtos/serviços com elegância e marcas mais exclusivas. Quando usada demais, pode
ser repulsiva, pois denota negatividade. Capta a atenção de forma subtil.
26
CAPÍTULO II - A CULTURA E OS FESTIVAIS DE MÚSICA
2.1. A música ao vivo como novo paradigma
A cultura não é, nem deve ser, encarada como um setor de nicho. Equipara-se em
dimensão a outros setores, tais como a indústria alimentar, setor automóvel ou outros. Os
eventos culturais, atualmente, para além de serem importantes motivadores de turismo,
são também um fenómeno crescente a nível global, aumentando em número e
popularidade. Especificamente na área da música, a apreciação de música ao vivo tem
vindo a crescer exponencialmente, como podemos perceber segundo Zack O’Malley
Greenburg, editor sénior da revista Forbes, uma das principais do mercado relativamente
a música, media e entretenimento:
A venda de álbuns físicos e de downloads digitais está a descer. Mas cada vez
mais pessoas ouvem mais música do que alguma vez registado. O que representa
crescentes oportunidades para artistas como The Weekend que se conectam com
a audiência. (Greenburg, Z., 2017:97 – tradução nossa)
Segundo a APORFEST, a associação mais representativa dos festivais de música
em Portugal (e entidade criadora do documento principal da análise efetuada para este
segmento – Annual Report), apresenta o registo de 311 festivais de música em Portugal
no ano de 2018, um crescimento de 14,3% face a 2017, ano em que se registaram 272.
Na figura infra, retirada dos Annual Report de 2017 e 2018 (respetivamente) da
APORFEST, pode ser observada a diferença entre o número de festivais de música
registados, que predominam no litoral centro e norte, apesar de cada vez haver mais
iniciativas no interior.
Figura 3 - Mancha gráfica dos festivais de música em Portugal (2017 e 2018).
Fonte: APORFEST.
27
No entanto, nem sempre houve tantas iniciativas culturais como há atualmente,
incluindo na indústria musical. Surge, nos anos 70, o primeiro festival de música em
Portugal, mais precisamente no verão de 1971 – o Festival Vilar de Mouros (não foi
verdadeiramente a sua primeira edição, pois houve outras edições anteriores, canceladas
pela PIDE). Nos anos 90 dá-se um boom na indústria da música ao vivo, sendo aí que surge
a maior parte dos grandes nomes relacionados com festivais, tais como: Festival Paredes
de Coura, Super Bock Super Rock, Festival Sudoeste, Boom Festival, entre outros. A
partir daqui é possível questionar a relevância da música ao vivo e o seu impacto a vários
níveis, tanto de forma positiva como negativa. O impacto social e cultural de qualquer
tipo de evento é visível tanto junto do público como nas comunidades que recebem tais
eventos. O impacto ambiental é uma preocupação cada vez maior na organização dos
festivais, com soluções como copos reutilizáveis. O impacto político é muito relevante,
principalmente quando se fala em mega eventos como, por exemplo, os Jogos Olímpicos.
No entanto, os impactos turístico e económico são aqueles que mais podem ditar o sucesso
ou fracasso de um festival, contribuindo para a sua potencialização e sustentabilidade ao
longo dos anos. Ricardo Bramão e Marta Azevedo, fundadores da APORFEST, na sua
obra que contempla “Os Festivais de Música em Portugal” comprovam a importância dos
festivais de música:
A importância dos festivais de música para um país, localidade e/ou comunidade
é inegável, trazendo, quando bem geridos, benefícios a vários níveis,
nomeadamente económico. Em Portugal há especificidades e batalhas únicas a
serem travadas para se tornar ao longo do tempo uma área profissionalizada e
com uma gestão eficaz que consiga favorecer todas as partes envolvidas. Com
maior ou menor foco no turismo, na localização, no impacto da comunidade, no
conceito do próprio evento, na sustentabilidade, etc…a mostra de eventos de
música em Portugal é vasta, interessante e com muito potencial. (Bramão,
R. e Azevedo, M., 2015:24)
Ao longo do ano transato, segundo a APORFEST, verificou-se que existiu um
maior orçamento para implementação de novos projetos, principalmente ligados à
sustentabilidade (copos reutilizáveis, água potável) e novas tecnologias (cashless). Tais
factos mostram que a preocupação com as comunidades e o ambiente por parte dos
promotores está a crescer a cada ano que passa. O aproveitamento do ambiente e da
Natureza com as quais os festivais são “abençoados” promove, não só a potencialização
28
do evento, mas também da sua envolvência, seja numa cidade grande ou numa vila
pequena. A comunicação utilizada passou também a ser mais agregadora, alcançando
novos públicos, através de dias específicos para crianças, ou espaços de babysitting, por
exemplo.
Terão passado cerca de 2,7 milhões de espectadores pelos 311 festivais de música
de 2018. É um número surpreendente e que corresponde a cerca de ¼ da população
portuguesa. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2017, a população
residente em Portugal situava-se nos 10,3 milhões de habitantes e, apesar de ainda não
serem conhecidos dados oficiais referentes ao ano de 2018, indiciam que, cada vez mais,
a música ao vivo representa uma grande proporção da vida no âmbito cultural tanto do
público português como dos turistas que, muitas vezes, vêm de propósito assistir a
determinado festival ou artista.
Diversos são os fatores que podem promover a ida aos festivais de música. O
campismo nos festivais, seja este campismo integrado na área do festival ou com
parceiros, ou seja, campismo num local externo ao festival, poderá ser um dos grandes
fatores de promoção. No ano de 2018 houve registo de 36 casos de festivais com
campismo incluído (Vodafone Paredes de Coura, RFM Somnii entre outros). O tipo de
entrada, maioritariamente paga (apesar de haver alguns festivais gratuitos ou mistos), ou
a sua condicionante em termos de espaço (indoor/outdoor) poderão ser também eles
fatores determinantes na escolha de um festival de música a frequentar. Segundo a
APORFEST, surpreendentemente, constata-se que 56,6% dos festivais de música são
realizados indoor, enquanto iniciativas outdoor registam 39,5% e as iniciativas mistas
3,9%.
2.2. Dimensão temporal e caraterização dos festivais quanto à sua dimensão
Relativamente à distribuição temporal dos festivais de música, segundo o Annual
Report, 188 festivais de música (60%) tiveram lugar nos meses de junho a setembro, como
se pode ver na figura 4, pelo que poderemos afirmar que se tratam de iniciativas culturais
marcadamente associadas ao Verão, contrastando com os restantes 123 festivais ocorridos
durante o resto do ano. Em janeiro e dezembro foram registados o menor número de
festivais (5 e 2 respetivamente). Tendo em conta que, praticamente, não existem festivais
de música nos meses de inverno e que a maior concentração dos mesmos se regista entre
junho
29
junho a setembro, será que poderemos caraterizar os festivais de música como festivais
de verão?
Qual será o principal facto motivador para tal, junto das promotoras de festivais?
As condições atmosféricas poderão ser uma das principais razões, uma vez que é mais
agradável experienciar as atuações num dia ou numa noite com bom tempo do que com
chuva, embora se comente que “festival com chuva é festival abençoado”.
Figura 4 - Número de festivais por mês (2018). Adaptado de: APORFEST.
Segundo a APORFEST, a maioria dos festivais de música é ainda de pequena
dimensão, ou seja, com menos de 1500 espectadores por dia, com a larga maioria a ser
realizada por pessoas coletivas privadas sem fins lucrativos (ou seja, associações,
cooperativas, fundações) e entidades públicas. Relativamente a 2018, regista-se um maior
equilíbrio entre o número de espectadores que passaram pelos festivais e o aumento, em
praticamente todos, do número de espectadores, tendo por comparação a edição do ano
anterior, o que resulta num aumento de competitividade e evolução desta área,
nomeadamente no aumento de festivais de grande dimensão (+ de 10000 pax/dia) e no
aumento de um conjunto de festivais de média dimensão (de 1500 a 10000 pax/dia). Em
termos percentuais, os festivais de pequena dimensão representam 54,9% do total. Já os
de grande dimensão representam 12,9% e os de média dimensão 32,2%. O festival com
maior número de espectadores de 2019 foi o Rock in Rio Lisboa (nova entrada – 280000
pax/dia), seguido do NOS Alive (posição igual a 2017 – 165000 pax/dia), MEO Sudoeste
(desceu em relação a 2017 - 147000 pax/dia), Vodafone Paredes de Coura (desceu em
80 74
70
60 53
50
40
30 22 22
24 22
20
10
11
16
21
39
30
relação a 2017 - 100000 pax/dia) e, ainda, MEO Marés Vivas e NOS Primavera Sound
empatados em quinto lugar (subiram em relação a 2017 – 100000 pax/dia). Este é o
ranking do top 5 dos festivais de música quanto ao número de espectadores, de uma lista
de 20 eventos.
2.3. Perfil do Festivaleiro
Desde de 2015, data do primeiro registo da APORFEST acerca do número de
festivais de música, que se verifica um aumento bastante significativo de iniciativas. A
começar então em 2015 ocorreram 210 festivais de música, seguido de 249 no ano de
2016, 272 no ano de 2017 e, finalmente, 311 em 2018. Como o ano de 2019 se encontra
a decorrer, ainda não é possível dispor de dados finais relativos ao presente ano pelo que
os dados referentes a 2018 são os mais atuais. Paralelamente ao Annual Report, que
analisa os festivais de música, todos os anos a APORFEST promove também um segundo
estudo, que visa analisar o perfil dos espectadores dos festivais de música, denominado
Perfil do Festivaleiro. Este estudo é lançado numa plataforma online (distanciada no
tempo dos festivais com o intuito de diminuir a incidência do efeito de recência) e na
última edição, foram obtidas 26 respostas (muito poucas, por ter havido pouca
publicitação do mesmo – no entanto vale a pena a análise) entre 18 de dezembro de 2018
e 4 de fevereiro de 2019. As respostas foram maioritariamente de pessoas de
nacionalidade portuguesa.
Em 2017 havia uma maior diferença em relação ao género dos festivaleiros12, do
que em 2018, onde foram registados 53% espectadores do género feminino e 47% do
género masculino. Relativamente à faixa etária, a maioria dos festivaleiros concentra-se
nas faixas etárias dos 19-24 e 25-30 anos com 42% e 23% respetivamente. 50% dos
festivaleiros estão empregados, e 38% são estudantes, o que é algo previsível, uma vez
que têm maior poder de compra do que os desempregados, pois a maior parte das
iniciativas deste âmbito são pagas, já para não falar dos consumíveis dentro dos recintos.
A maioria dos festivaleiros é solteiro (85%) e com licenciatura (42%), o que pode estar
diretamente relacionado com o facto de se tratar das faixas etárias mais novas e que pela
“ordem natural” dos acontecimentos, se encontram na etapa de vida expectável para estas
motivações.
12 Que ou quem participa num festival (ex.: grupo festivaleiro; participaram milhares de festivaleiros).
"festivaleiro", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013.
31
Lisboa e Vale do Tejo é a região de residência preferencial, com uma esmagadora
maioria de 62%, onde também foram registadas as localidades com mais festivais de
música em 2018 (53 em Lisboa e 8 em Leiria). Apesar de, como analisado anteriormente,
haver uma grande predisposição para festivais junto ao litoral, com cada vez mais
iniciativas a norte, é óbvia a preferência das promotoras pelas zonas mais centrais, onde
tanto indivíduos das zonas norte, como centro e sul se podem reunir “a meio caminho”.
Os portugueses são grandes apreciadores destas iniciativas culturais mas, felizmente cada
vez mais, os festivais de música atraem estrangeiros até Portugal, o que é um grande
potencializador do turismo a nível nacional e da promoção do país além-fronteiras.
São muitos os estilos musicais que percorrem os ouvidos dos indivíduos,
atualmente. Praticamente todos os dias surgem novas formas de “construir” música.
Novos estilos emergem, o que torna os festivaleiros cada vez mais ecléticos na sua
escolha. Novas sonoridades se ouvem, no entanto, o rock mantém-se no topo da tabela (no
Annual Report da APORFEST) há dois anos consecutivos, com 24%. Já o índie subiu de
posição relativamente a 2017, chegando a 2018 também com 24%, empatando assim com
o rock. O pop e o jazz ocupam as posições seguintes, já com 12% e 11%, respetivamente.
Todos os outros estilos ocupam posições inferiores, ocupando o metal apenas 1% da
preferência. Estará o indie a transformar-se num estilo musical de massas? Ou manterá o
rock a preferência dos festivaleiros?
Relativamente à bilhética dos festivais de música, o mesmo estudo indica que a maior
parte dos festivaleiros acaba por adquirir o passe geral (50%) que dá acesso a todos os dias
dos festivais, ao invés de adquirir o bilhete diário, por exemplo. Já a opinião relativamente
à adequação ou não dos preços dos bilhetes está equilibrada. Apesar de 54% acharem os
preços adequados, 42% acham os preços elevados, restando apenas 4% que acham os
preços baixos. Existe uma grande ansiedade na decisão de compra. Quando festivais como
o NOS Alive, Vodafone Paredes de Coura ou NOS Primavera Sound anunciam as
primeiras cabeças de cartaz, 42% dos festivaleiros adquirem logo o seu bilhete/passe, pois
muitas vezes o que acontece é esgotar dias depois. A preferência por pacotes integrados
(com bilhete, alojamento, transfer) é notória, uma vez que muitos dos festivais podem não
ser na zona de residência. Muitos oferecem packs com campismo ou soluções de
alojamento. 65% dos festivaleiros prefere este tipo de pacote. Apesar do poder
económico no contexto português não ser dos melhores, apenas 8% dos festivaleiros
frequentaram apenas um festival no ano de 2018. Os restantes 92% dos inquiridos
frequentaram dois ou mais festivais, o que demonstra uma vez mais que os festivais de
32
frequentaram dois ou mais festivais, o que demonstra uma vez mais que os festivais de
música no contexto geral correspondem a uma grande parte das preferências a nível
cultural.
Em contexto de análise geral dos festivais de música, há ainda a registar que é
gasto muito dinheiro dentro do recinto. Tal fator é muito importante, tanto para os
promotores, como para as empresas parceiras, tal como a Super Bock, Somersby ou
qualquer outra, principalmente do ramo da restauração. Uma vez que, a maioria das vezes,
não é possível entrar no recinto com comida e bebida, os seus frequentadores acabam por
ser obrigados a gastar bastante dinheiro nos mesmos. 42% do dinheiro é gasto em comida
e 42% em bebida (passando as preferências pelos hambúrgueres e fast food em termos de
comida e em água e cerveja quando se fala em bebida). Os restantes 15% são gastos no
merchandising oficial. Um festival de música (por norma) é um evento mais apreciado
quando se pode partilhar a experiência com alguém. 62% dos festivaleiros prefere fazê-
lo com amigos, ainda que haja 35% que vão sozinhos. A razão mais relevante para a
participação num festival de música é, sem dúvida, o cartaz. Pelo menos, 58% dos
festivaleiros indicam essa como a sua principal razão.
A predominância do digital é cada vez mais acentuada em praticamente todos os
setores de informação. Os Millenials13, atualmente entre os 40 e 20 anos,
aproximadamente, foram os seus grandes impulsionadores. Desde que redes sociais como
o Facebook e o Instagram começam a surgir, as marcas, negócios e eventos conseguem
encontrar novas formas de se rentabilizarem. 45% dos festivaleiros afirmam encontrar a
informação relativa ao evento nas redes sociais e, 25%, no próprio site do festival. Assim
sendo, meios mais tradicionais como a imprensa escrita, rádio ou TV parecem perder
relevância.
Sendo os festivais de música eventos de massa, é relevante, em contexto de
análise, tentar perceber o que é mais valorizado e o que pode ser melhorado. Numa escala
de avaliação de 1 a 10, a APORFEST, com o Perfil do Festivaleiro, estudo em análise
para esta secção do relatório, percebe que, entre várias escolhas, aquilo que é mais
valorizado junto dos festivaleiros é, sem dúvida, a atitude positiva e profissional dos
seguranças. Apesar de serem contextos de grande stress e confusão, manter a ordem de
forma
13 Os Millenials são os primeiros nativos digitais, a geração da internet. Estão a transformar a economia e
a obrigar alguns setores tradicionais a reinventar-se, in Visão. Disponível em:
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-09-23-Millennials-A-geracao-que-vem-revolucionar-o-
capitalismo
33
forma civilizada é algo cada vez mais apreciado. Outras razões, nomeadamente o cartaz,
o sentimento de bem-estar, o serviço prestado pelo staff e o sentimento de
segurança/confiança também são igualmente apreciados. Quanto ao que pode ser
melhorado, as principais sugestões referem as infraestruturas, preço dos bilhetes e
responsabilidade social, que cada vez é mais relevante na sociedade atual. Medidas de
sustentabilidade ambiental são urgentemente necessárias e muitos festivais já as tentam
aplicar, como atrás já foi comentado.
Quais são os festivais a assistir em 2019? A votação foi relativamente equilibrada.
Para os festivaleiros que participaram neste estudo (Perfil do Festivaleiro), o cartaz do
festival NOS Alive está mais forte em 2019, relativamente a 2018, uma vez que a
percentagem de preferência subiu de 25% para 31%. Já o festival Vodafone Paredes de
Coura desceu de 30% para 22%, seguido do NOS Primavera Sound, que desceu de 22%
para 15%. Mas, para este ponto, não é só o cartaz que é relevante. Muitos fatores
influenciam esta escolha, tais como a comunicação geral do evento, a relação com o
público e as novas formas de diferenciação que os festivais têm que criar para se destacar
dos outros. Mas um fator muito importante é a opinião que os festivaleiros têm dos
festivais de música em Portugal. 85% dos inquiridos atribuíram uma cotação positiva
(nível 5 e 6 em 10). No entanto, 83% dos inquiridos indicou que pretende ir a um festival
fora do país. Portugal é muito forte em festivais de música, mas também existem muitos
outros festivais de renome pelo mundo fora. As preferências passam pelo Coachella, no
deserto da Califórnia e pelo Mad Cool Festival, em Madrid, entre outros. A participação
no festival de preferência está maioritariamente ligada ao cartaz, pois é o que chama mais
a atenção de quem pretende estar presente. Todavia, outros fatores como o cariz único e
a visibilidade do festival também são ponderados.
De forma a complementar a experiência, na era atual, o social e o online são
fundamentais, como já se percebeu noutros momentos. O Facebook e o Instagram são as
duas principais ferramentas de partilha, esta segunda pesando 58%, enquanto que o
Facebook é usado por cerca de 35%. O Instagram acaba por ter maior relevância em
virtude de ser mais intuitivo na partilha de imagens e conteúdos mais gráficos. Está a ser
uma ferramenta cada vez mais utilizada para este tipo de evento. Muitos festivais optam
também por aplicações móveis próprias, onde colocam toda a programação e informações
úteis ao evento. Servem, no fundo, para saber o que se passa e complementar a experiência
do festivaleiro.
34
Questionados sobre a importância de ver marcas associadas a festivais, a maior
parte dos festivaleiros inquiridos teve uma reação positiva, 38% afirmando que a sua
presença melhora os festivais. Várias poderão ser as motivações que uma marca pode ter
para patrocinar um festival: autopromoção da marca e dos seus produtos ou serviços,
aumento pontual ou geral da faturação, penetração em mercados específicos, etc. A
presença das marcas pode ajudar na credibilização dos festivais, contribuir para o seu
financiamento e potenciar a divulgação. As marcas mais recordadas em 2018 passaram
pelo setor das bebidas alcoólicas e telecomunicações. A Super Bock e Sagres foram as
mais votadas, seguidas pela NOS, Vodafone e Meo. Os stands de ativação das marcas nos
eventos contribuem muito para esta valorização, principalmente se tiverem atividades
dinâmicas. Nota-se, quando se fala de tais marcas como naming sponsors14, um maior
cuidado nesta divulgação, com a distribuição gratuita de branding em forma de
merchandising oficial (totebags, lenços, lanyards…) o que contribui para a rentabilização
e reconhecimento do festival em si e das marcas associadas, sendo por isso tão
fundamental a identidade visual criada à volta da marca que é um festival.
2.4. O futuro dos festivais de música em Portugal
Esta é a era dos festivais de música. Ouvir música é, hoje em dia, um ato simples
que se resume a ligar os headphones ao mp3/telemóvel e conectar-se a plataformas de
música digital, tais como Spotify e Youtube. Para os mais tradicionais, pôr um cd ou um
vinil a tocar é, de igual modo, um processo simples. A música tem um papel
importantíssimo na História, sem forma possível de negação. Mas, e como se viu
anteriormente, a venda de música, seja em suporte digital ou convencional está a
decrescer. Por outro lado, os festivais de música estão a ganhar terreno, pois a experiência
de cada indivíduo, como um só ou em grupo, é cada vez mais relevante. A experiência
está a ser mais determinante do que a posse.
Segundo dados do INE, em 2017 os espetáculos ao vivo contaram com 15,4
milhões de espectadores (mais 3,9% do que em 2016) e 83 milhões de euros de receitas
de bilheteira (menos 2,4% do que no ano anterior)15. a
14 Marcas que dão “nome” ao evento/festival. Ex: NOS Alive, Meo Sudoeste (marcas NOS e Meo).
15 INE (2018). Disponível em:
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=31515063
9&DESTAQUESmodo=2
35
Antes desta proliferação dos festivais de música em Portugal, que se identifica a sua
génese com o Festival Vilar de Mouros, nos anos 70, este tipo de evento era encarado
como uma excecionalidade, um acontecimento completamente raro e vivido como tal.
Era algo contracultura16: ocorria porque determinada geração moldada pela música que
ouvia, se reunia para celebrar a sua diferença. A partir dos anos 90 isso mudou. Segundo
Martin Elborne, cocriador do primeiro WOMAD e do festival de Glastonbury "Os
festivais de música deixaram de ser contra culturais, são a cultura" (Lopes, M. – Público
2014, março 14). Os festivais de música, como se percebeu até aqui, atualmente, são
determinantes para a cultura. A tendência, nos próximos anos, será de aumento deste tipo
de iniciativas, com experiências cada vez mais imersivas e novas formas de destacar os
festivais.
O mercado dos festivais de música está saturado, a competição é feroz, mas o
público cada vez mais exige experiências mais únicas e diferenciadoras. São usadas novas
tecnologias, upgrades a nível de infraestruturas e novas ferramentas digitais, que são
utilizadas como “arma” contra possível concorrência. No mercado atual é necessário
saber que estratégias utilizar para fazer novas edições tangíveis. Um bom cartaz
antigamente valia quase tudo, mas, atualmente, é preciso uma integração total e coerente
desde a execução, passando pela produção, até à entrega ao público final. O que antes era
utilizado, atualmente, não é suficiente. Com a crescente concorrência, a nível nacional e
internacional, é de extrema importância conseguir diferenciar o respetivo produto e saber
comunicá-lo. Os festivais de música são um presente do sucesso das promotoras, e já em
2010, Álvaro Covões, da Everything is New, organizador do NOS Alive, advinha “um
futuro risonho para esta indústria” (Lopes, M. – Público 2010, agosto 16). Mas o
pioneirismo é fundamental. Tanto em grandes festivais internacionais como em Portugal,
existem cada vez mais tendências a investigar e acompanhar nos mais variados campos,
seja a nível de experiência como de organização. Possivelmente, todos os dias são criadas
novas ferramentas de incentivo do público para este tipo de evento. Outras são ajustadas a
novas realidades.
reajustada
15 INE (2018). Disponível em:
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=31515063
9&DESTAQUESmodo=2 16 Uma prática ou atividade, geralmente de um grupo ou uma rede, na qual os valores expressos pelos
participantes são inerentemente críticos ou fora da linha da cultura dominante. Fonte: Oxford Reference.
36
Uma das mais recentes tecnologias, provavelmente, mais associada a outro tipo de
realidade é a tecnologia de Realidade Aumentada, ou Realidade Virtual (associada à sigla
VR, de Virtual Reality). Esta é uma tecnologia recente, que consiste na integração de
elementos ou informações virtuais a visualizações no mundo real. Tem sido adaptada e
reajustada a partir do mundo do gaming17, através de jogos como o Pókemon Go!18, que
se tornaram virais. Esta nova tecnologia tem sido aproveitada noutros meios,
nomeadamente festivais de música. Na sua mais recente edição, em 2019, o festival
Coachella (no deserto da Califórnia, um dos mais reconhecidos festivais do mundo,
especialmente pela sua associação às tendências) proporcionou aos seus frequentadores
uma experiência de palco completamente imersiva com esta nova tecnologia de realidade
aumentada, através dos smartphones. Os festivaleiros foram encorajados a utilizar os seus
smartphones durante as atuações, de modo a interagir com os filtros reativos ao áudio,
com o tema do espaço. Também em Portugal esta tecnologia está a dar os primeiros
passos experimentais, este ano, no festival Imaginarius, em maio. O tema foi a “memória”,
com uma vertente circense. Foi realizado através da performance artística "Hold On", da
companhia francesa Fheel Concepts, no Cineteatro António Lamoso, onde uns óculos de
realidade virtual transportaram o público para o mundo do circo contemporâneo e das
acrobacias aéreas.
Outra das tendências que poderá ser uma medida a aplicar no futuro é o glamping.
Pode-se dizer que o glamping é o campismo 2.0, para quem não aprecia montar uma tenda
na lama e dormir num saco-cama, sem se conseguir mexer. É a vertente mais glamorosa
do campismo, que se assemelha a um hotel ao ar livre. Já esteve muito na moda quando
surgiu o seu conceito, já teve o seu decréscimo e está a voltar a ser utilizado. Existem
várias empresas que o fazem em parceria com as promotoras. O festival de Glastonbury
tem vindo a adotar este conceito nas suas últimas edições com os teepees, uma espécie de
tenda de origem índia, mas, mais cómoda. Por Portugal, festivais como o Vodafone
Paredes de Coura também apresentam esta possibilidade. Os preços são mais elevados do
que os praticados com o típico campismo, mas para muitos festivaleiros a experiência
diferente acaba por compensar.
“ser
17 Indústria de jogos online, seja em consolas ou computador, que visa o role-play com outros jogadores.
Mais associado a jogos de tiro ou combate. 18 Jogo eletrónico free-to-play de realidade aumentada dirigido a smartphones. O jogo é desenvolvido entre
a Niantic, Inc., a Nintendo e a The Pokémon Company em 2016 para as plataformas iOS e Android. O
objetivo, tal como a série de televisão original, é “apanhar” todos os Pokémons.
37
Que o futuro é incerto já temos consciência, especialmente com, cada vez mais,
elementos que prejudicam o meio ambiente. A poluição, vinda dos veículos a motor, dos
mares e oceanos e os incêndios florestais são cada vez mais preocupantes e as
comunidades estão, lentamente, a interiorizar esta realidade. Com o passar dos anos o “ser
amigo” do ambiente apresenta uma importância cada vez maior. Esta noção começou a ser
adotada com o copo reutilizável ou eco-cup, algo já utilizado na maior parte dos festivais
desde há cerca de uns 5 anos atrás. É amigo do ambiente, é possível devolver no fim do
evento para receber de volta o dinheiro taxado pelo copo ou, para quem prefere ficar com
o mesmo, é mais uma recordação. Há inclusive campanhas de sensibilização, para a
recolha desses mesmos copos e atribuições de prémios. Mas, não se trata só disso, novas
soluções tais como pratos e talheres biodegradáveis ou mastigáveis ou palhinhas com
materiais alternativos ao plástico estão a ser explorados. Em Portugal, o Boom Festival e
o Festival Med são dois dos festivais que mais contribuem para a sustentabilidade, sendo
este último vencedor da categoria “Contribution for Sustainability”, dos Iberian Festival
Awards de 2019. Estes festivais utilizam, para além de todas as preocupações em termos
de materiais de restauração, novas formas de ajudar o meio ambiente, como seja a
introdução da bio-construção. O festival DGTL em Amesterdão, por exemplo, integra
preocupações ambientais recorrendo a copos reutilizáveis, planos de energia inteligente e
menus vegan. Esta é, talvez, uma das tendências mais importantes e com mais
expectativas de sucesso no futuro dos festivais.
Novas medidas são tomadas, para facilitar os meios de pagamentos de serviços e
compras. Surgiu a aplicação móvel MB Way (da SIBS, empresa gestora de redes
multibanco) e a tecnologia NFC nos smartphones. A primeira é uma solução interbancária
que permite fazer compras online e, na app, transferências imediatas, levantamentos de
dinheiro sem cartão, entre outros. Já a segunda, é uma tecnologia que permite a troca de
informações sem fio e de forma segura entre dispositivos, o que permite que aplicações
como o MB Way e outras funcionem. Estas novas funcionalidades permitem que a
tecnologia cashless funcione. Esta é associada a pagamentos sem dinheiro ou cartões, mas
já não é novidade. Começou a dar os seus primeiros passos nos festivais em 2015. Mas,
cada vez mais, há um incentivo à sua integração total nos festivais, onde todos os
parceiros, seja restauração, merchandising ou outros, se encontram “ligados” a esta
tecnologia, de forma a evitar constrangimentos a nível de pagamentos mal feitos, ou
provocação de filas por pagamentos recusados. Mais formas de pagamento irão significar
acréscimos de consumo dentro dos festivais, o que é pretendido tanto pelos promotores
38
dos festivais como pelos seus parceiros.
A constante partilha parece ser o caminho a seguir para o futuro dos festivais de
música, tanto em Portugal, como pelo mundo fora. As redes sociais, apesar de efémeras,
são excelentes veículos de comunicação, aos quais são adicionadas novas ferramentas,
constantemente. Para superfãs, festivaleiros casuais ou até mesmo para quem frequenta
pela primeira vez este tipo de eventos, partilhar o que estão a fazer e vivenciar nas redes
sociais é uma forma essencial para falar com os amigos. Através de redes como o
Facebook e o Instagram, o festival está sempre ligado ao seu público, mesmo que o evento
apenas seja durante alguns dias por ano. É um trabalho e esforço que deverá ser constante,
sempre com novidades, anúncios de artistas e passatempos que promovam o festival em
si. Alguns festivais, tais como o Sumol Summer Fest, utilizam inclusive influencers
digitais como veículos de comunicação nas suas redes. Esta é uma tendência recente, tal
como o conceito em si. Influencer, ou influenciador digital, é um indivíduo que trabalha
com a produção de conteúdo para determinado segmento de nicho. É considerado
“autoridade” no assunto, uma referência para quem consome os seus conteúdos.
Consegue, portanto, como o nome indica, influenciar outras pessoas a consumir/comprar
determinado produto, ou a refletir sobre algum assunto específico. É um transformador
de opinião que utiliza os seus canais de comunicação para transmitir o que pensa, faz ou
sabe para o seu público.
No entanto, com a contínua ascensão das redes sociais, os modelos de negócio
modernos são constantemente desafiados a alterar as suas estratégias. Mesmo as redes
sociais em si, hoje, podem estar no auge e, amanhã, podem já nem ser consideradas
ferramentas de otimização dos festivais de música e de outros eventos.
A criação de novos hábitos de cultura e de espetáculos, que antes não existiam,
acabaram por mudar a indústria da música em particular e do entretenimento em geral.
Claramente, os festivais de música são cada vez mais valorizados como atrações, tanto
pela capacidade que têm de fornecer novas aventuras, experiências e emoções aos
consumidores, como pela, cada vez maior, diversidade. Os festivais de música são
procurados por públicos cada vez mais diversificados, das culturas mais distintas, com
níveis sociais e etários completamente diferentes. Anualmente, participantes de todo o
mundo despendem imenso tempo e recursos económicos neste tipo de eventos, com o
objetivo de vivenciar a experiência por estes proporcionada. O sucesso de um festival de
música irá sempre depender de determinado conjunto de fatores que contribuem para a
melhor experiência possível.
39
Existem alguns fóruns e eventos onde são debatidas e questionadas este tipo de
temáticas. A APORFEST organiza, todos os anos, o Talkfest, que é um fórum onde se
debate o futuro dos festivais de música em Portugal. Neste fórum, todas estas e outras
tendências são debatidas. Nos pontos seguintes do presente relatório iremos desenvolver
a análise deste evento.
No âmbito deste relatório, foram questionados os fundadores da APORFEST,
Ricardo Bramão e Marta Azevedo (presidente e vice-presidente, respetivamente) e,
quando questionados acerca do real futuro dos festivais de música em Portugal (em
exclusivo para este relatório), afirmaram o seguinte:
Penso que o futuro dos festivais de música irá passar por uma atividade cada vez
mais regulamentada e certificada que servirá para mais experiências das marcas
e atividades culturais únicas, servindo também para exemplo de boas práticas.
Existirá mais concorrência e o acesso aos mesmos será também mais limitado e
diferenciado. (Bramão, R: 2019)
O futuro dos festivais de música, para mim, irá passar pelo investimento na
experiência por parte do público e não tanto pela música. Frequentar festivais é
mais que conhecer e vivenciar um concerto. É uma experiência social e de
libertação. Potenciar a experiência dos festivaleiros, através do seu envolvimento
no evento, cria pertença e fidelização, sendo maior a probabilidade de retorno e
também de promoção e divulgação do festival que é, cada vez mais, realizado
através do "passa-a-palavra" e também pelas redes sociais. Uma vez que é cada
vez mais difícil ter bons cabeças de cartaz que mobilizem muito público, acaba
por ser a experiência no festival que irá permitir a decisão de comprar ou não
bilhete. (Azevedo, M: 2019)
40
CAPÍTULO III - APORFEST
3.1. Denominação e órgãos sociais
A APORFEST – Associação Portuguesa dos
Festivais de Música, fundada em 2014, afirma-se como
sendo “a organização mais representativa da área dos
festivais de música em Portugal e internacionalmente,
apostando na representação dos seus associados no
desenvolvimento e investigação na área e na interligação
de todos os players do mercado”. (Caracterização
APORFEST – www.aporfest.pt). É uma marca nacional
registada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial,
sob o número 548145.
É considerada “uma associação de direito privado sem fins lucrativos, constituída
por tempo indeterminado que se rege pelos Estatutos e Legislação em vigor” (Artigo 1º
alínea b - Estatutos APORFEST: Anexo I). Constitui morada fiscal na Praça do M.F.A.,
nº14, 2º Esq., 2800-171 Almada, mas possui escritório ativo na Incubadora de Lisboa
(Instituto para a Investigação Interdisciplinar | Av. Prof. Gama Pinto 2, 1649-003 Lisboa)
onde exerce a sua atividade.
São quatro os princípios/raios de ação que norteiam a APORFEST: desenvolver;
representar; interligar e investigar o mercado e toda a sua envolvente. Tendo em conta a
procura por melhores resultados, algo imprescindível para que as organizações se
mantenham competitivas, a APORFEST, enquanto empresa, tem como missão:
Defender os interesses e direitos de todos os Associados, a nível nacional como
internacional, bem como contribuir para o desenvolvimento e profissionalização
da área dos festivais de música em Portugal em todos os seus stakeholders.
Promover o contacto, fornecer informação, dinamizar a formação e a
investigação. Apoiar estrategicamente todos os interessados em festivais de
música. (Missão APORFEST – www.aporfest.pt)
A APORFEST pretende, desde a sua constituição, atingir a maior parte dos
players do mercado, como referido anteriormente, sendo que estes englobam: bandas e
artistas; managers e outros envolvidos na gestão de festivais e promoção da música em
geral; media partners; profissionais nas áreas de gestão, marketing e comunicação;
Figura 5 - Logótipo da APORFEST.
Fonte: APORFEST.
41
promotores de festivais; público em geral; radialistas, jornalistas e fotógrafos; roadies,
técnicos e outros elementos de bandas e sponsors/marcas.
Atente-se ainda aos objetivos definidos no Art.º 4.º dos estatutos desta organização:
Representar o sector dos festivais de música; ajudar a estabelecer um ponto de
contacto na área dos festivais de música, fazendo pontes entre este mercado a
nível nacional e internacional com outros organismos e associações; criar
conteúdos de valor que possam servir para melhorar conhecimento e criar talento
que otimizará esta área a nível técnico-funcional; realizar a comercialização de
produtos e serviços em festivais de música e outros eventos culturais; promover
e apoiar investigação na área dos festivais e assim poder criar empregabilidade e
demais serviços anunciados nas suas comunicações oficiais. (Artigo
4º - Estatutos APORFEST: Anexo I)
Os membros fundadores da APORFEST são: Ricardo Bramão, Marta Azevedo e
Maria Manuel Silva, membros integrantes da primeira direção com as funções de:
presidente, vice-presidente e jurista, respetivamente.
Ricardo Bramão, presidente e fundador da
APORFEST - Associação Portuguesa dos Festivais de Música
é, também, diretor do Talkfest – International Music Festival
Forum. Ambas as atividades são aquelas a que dedica a maior
parte do tempo, sendo ainda consultor/freelancer na área de
gestão de recursos humanos. É licenciado em Psicologia
(especialização Recursos Humanos, Trabalho e
Organizações) na Faculdade de Psicologia da Universidade de
Lisboa e pós-graduado em Leadership & Management no
ISEG. É ainda autor do livro “Como Gerir Recursos Humanos com um Baralho de
Cartas?”, de primeira edição em 2011 e com edições próprias em Portugal, Angola,
Moçambique e Brasil. Em 2015, foi coautor da história dos "Festivais de Música em
Portugal", retratada ao longo de mais de 40 anos, juntamente com Marta Azevedo. Em
2016, foi reconhecido no "Círculo de Inovação" como um dos 100 melhores
empreendedores jovens de Portugal (Órgãos Sociais APORFEST – www.aporfest.pt)
Marta Azevedo, vice-presidente e também fundadora da APORFEST, é
responsável pela Comunicação e Relações Externas do Talkfest - International Music
Figura 6 - Ricardo Bramão
(presidente e fundador da
APORFEST). Fonte: APORFEST.
42
Festivals Forum, onde tem vindo a realizar planos
estratégicos de comunicação e marketing do evento; a sua
produção executiva; acompanhamento logístico e
protocolar do evento; captação de patrocínios e apoios
internacionais; copy e conceção gráfica de materiais de
divulgação; criação de conteúdos editoriais e de promoção;
gestão de site e redes sociais e assessoria de imprensa
internacional. Foi colaboradora no Instituto da Vinha e do
Vinho, de 2016 a 2018. Foi também responsável pelo
Núcleo de Programação Cultural e Ligação à Sociedade da
Universidade de Lisboa durante mais de seis anos, onde desempenhou funções de
relações públicas e promotora de eventos culturais e académicos. Formou-se em
Comunicação Empresarial pela Escola Superior de Comunicação de Lisboa e, desde essa
altura, tem desenvolvido os seus conhecimentos e tem-se especializado nas áreas de
organização de eventos, planeamento estratégico, marketing e design. Atualmente, está
mais ligada ao Núcleo de Relações Públicas e Gestão de Espaços da Universidade de
Lisboa, referente à Aula Magna, mas continua a exercer funções e dar apoio à APORFEST
(Órgãos Sociais APORFEST – www.aporfest.pt).
A APORFEST tem como órgãos sociais a Direção, o Conselho Fiscal e a
Assembleia Geral e, ainda, uma Comissão Consultiva, que constitui um órgão
especializado no interior da APORFEST, sem responsabilidade legal ou executiva, com
intuito de servir os interesses estratégicos e complementares a todos os stakeholders
envolvidos na área dos Festivais de Música em Portugal, nas suas áreas de especialização.
Todos os cargos foram revistos e estão descritos e atualizados na última ata da
organização (acta n.º8 – Anexo II), onde, para além de outras decisões, Beatriz Alves
passou a acumular o cargo de trabalhadora e Secretária de Assembleia Geral, a partir de
7 de maio de 2019, data da mesma acta.
Figura 7 - Marta Azevedo (vice-
presidente e fundadora da
APORFEST). Fonte: APORFEST.
43
3.2. Associados APORFEST
Como forma de fornecer serviços e apoio de 360º dentro da indústria dos festivais
de música, a APORFEST pretende promover e estreitar relações com todos os seus
associados e parceiros. Tal pode ser feito através dos múltiplos serviços que a
APORFEST disponibiliza aos seus associados, dependendo das modalidades.
As vantagens de ser associado APORFEST são transversais, como: acesso
gratuitos a eventos exclusivos (e.g. Talkfest; Iberian Festival Awards), eventos
na área dos festivais de música de forma gratuita ou com descontos (e.g. festivais;
feiras); criar pontos de contacto entre os players da indústria; formação; acesso a
informação privilegiada e atualizada (e.g. annual report festivais; base dados;
artigos; compêndios); apoio jurídico; financiamento & candidaturas; brand
awareness; potenciação de negócio; consultoria; calendário fiscal; fundo social;
bilhética adaptada e planos estratégicos entre muitos outros. (Membros
APORFEST – www.aporfest.pt).
Existem três tipos de modalidade possíveis de associação, sendo uma relativa a
pessoas singulares que podem não estar diretamente ligadas à indústria dos festivais e, as
duas restantes, relativas a profissionais e/ ou empresas diretamente ligadas a festivais de
música que, esquematicamente, se organiza da seguinte forma:
Figura 8 - Orgãos sociais da APORFEST. Adaptado de: APORFEST.
44
Estudante/Público em geral Profissional Empresa/Banda/Festival
Estudantes até aos 30 anos e
público em geral que têm
curiosidade sobre a área e
pretendem, desta forma, ter um
papel ativo na indústria dos
festivais de música.
Pessoas singulares que exercem
uma ou mais atividades no setor
dos festivais de música (e.g.
fornecedor, promotor, artista,
prestador de serviços)
Organizações coletivas de
carácter científico, empresarial
ou associativo com influência
presente ou futura nos festivais
de música.
Apoio Científico: SIM
Passatempo/Bilhetes: SIM
Acesso Talkfest: SIM
Acesso Iberian Festival Awards:
SIM
Candidatura Iberian Festival
Awards: NÃO
Encontro Festivais (promoto-
res): NÃO
Serviços (ver brochura): NÃO
Publicidade/Divulgação: NÃO
Troca associados: NÃO Fundo
Social: NÃO
Portugal Festivals Guide: NÃO
Área reservada associado:
BÁSICA
Apoio Científico: SIM
Passatempo/Bilhetes: SIM
Acesso Talkfest: SIM
Acesso Iberian Festival Awards:
SIM
Candidatura Iberian Festival
Awards: NÃO
Encontro Festivais (promoto-
res): SIM
Serviços (ver brochura): SIM
Publicidade/Divulgação: NÃO
Troca associados: NÃO Fundo
Social: SIM
Portugal Festivals guide: NÃO
Área reservada associado:
TOTAL (nacional)
Apoio Científico: SIM
Passatempo/Bilhetes: SIM
Acesso Talkfest: SIM
Acesso Iberian Festival Awards:
SIM
Candidatura Iberian Festival
Awards: SIM
Encontro Festivais (promoto-
res): SIM
Serviços (ver brochura): SIM
Publicidade/Divulgação: SIM
Troca associado: SIM
Fundo Social: SIM
Portugal Festivals Guide: SIM
Área reservada associado:
TOTAL (internacional)
Quota anual: 30€ Quota anual: 60€ Quota Bronze: 120€ (até 2
associados)
Quota Prata: 240€ (até 5
associados)
Quota Ouro: 480€ (até 10
associados)
Quota Premium: 660€ (até 15
associados)
Jóia inscrição: 7,5€ Jóia inscrição: 7,5€ Jóia inscrição: 7,5€
Tabela 1 - Modalidades de associação à APORFEST. Adaptado de: APORFEST.
A APORFEST conta, atualmente, com mais de 540 associados (em 10 setembro,
2019), divididos pelas três modalidades referidas. Mas, afinal, quais são os serviços que
a APORFEST promete aos seus associados? Todos eles foram resumidamente explicados
anteriormente, mas talvez um dos mais relevantes é o Fundo Social APORFEST. Esta
45
componente consiste num instrumento de apoio financeiro coletivo ao dispor de todos os
associados que a APORFEST possui, perante situações que possam ser extraordinárias,
emergentes e/ou imprevistas decorrentes dos seus festivais ou ações neles contidas
diretamente, com o objetivo de diminuir os gastos extraordinários tidos com as mesmas
e monitorizando a sua real aplicação. Este fundo tem como fonte de receita (a partir de 1
julho, 2017) 5% das quotas de novos associados, 2,5% das quotas derivadas de renovação
dos associados e, ainda, de doações (onde o total das receitas é exclusivamente para este
Fundo). No entanto, apenas poderão solicitar apoio do Fundo Social APORFEST
associados da modalidade empresa/festival, com quota válida até ao devido momento de
solicitação, sem dívida comprovada perante fornecedores, segurança social e autoridade
tributária (Responsabilidade Social APORFEST – www.aporfest.pt).
3.3. Alguns dos serviços APORFEST
Para além de ser uma associação que apoia festivais de música em todas as
vertentes, a APORFEST aposta bastante na área de investigação e informação, a nível
editorial e com newsletters (com periodicidade semanal/quinzenal) de subscrição gratuita,
onde são divulgadas todas as novidades. Também no website oficial (www.aporfest.pt) é
divulgada grande parte da informação que a APORFEST recolhe, seja esta entrevistas,
notícias, reportagens, artigos de opinião, bibliografia, agenda/divulgação (festivais,
eventos, conferências nacionais e internacionais, parceiros), novos benefícios e
vantagens/eventos, ofertas e outros. Os artigos de investigação/estudos (nacionais e
internacionais) que são reportados à APORFEST por parceiros nacionais e internacionais
e, também, por instituições de ensino e revistas especializadas são disponibilizados
mensalmente na plataforma de associado, tendo por base vários temas na área dos festivais
de música, seja a nível de fiscalidade, sustentabilidade ou outros.
Existem anualmente dois documentos muito relevantes realizados pela
APORFEST que assumiram o caráter de estudos de referência nesta área e que, por isso
mesmo, são mencionados por grande parte dos meios sociais. O primeiro é o Perfil do
Festivaleiro, a nível de Portugal, um inquérito online disponível para todos, cujos
resultados são apresentados todos os anos no Talkfest, um dos principais eventos da
APORFEST. O segundo é o Annual Report, estudo que alberga a análise de todos os
festivais de música em Portugal ao longo do ano, quantos foram cancelados, quantas
novas
46
novas edições, etc. Estes dois documentos, contribuíram significativamente para a
realização de alguns pontos deste relatório.
3.4. A história e o caminho da APORFEST
A APORFEST – Associação Portuguesa dos Festivais de Música, de facto, não é
longa, uma vez que foi fundada e lançada a toda a comunidade a 22 de setembro de 2014,
tendo como intuito colmatar algumas falhas e dificuldades sentidas no mercado, dado que
haviam muitas promotoras e muitos artistas, mas nada que permitisse a sua total
integração – de forma a facultar apoio às mesmas. Alguns dos seus primeiros associados
foram: Blitz, Portugal Festival Awards, Uber, Gatrooms, M.E.F. e diversos festivais de
música.
Ainda em 2014, foi realizado o primeiro curso da área: Music Festivals
Management (o único curso académico de curta duração aplicado à gestão de festivais de
música). Em 2014 a APORFEST torna-se a entidade organizadora oficial do Talkfest,
evento que já era organizado, desde 2012, pelos mesmos responsáveis.
Em 2015 é vencedora do Prémio de Criatividade e Inovação na Formação,
atribuído pelo Forma-te - Comunidade de Aprendizagem de Formadores e Professores,
pelo projeto formativo Music Festival Training, destinado a dar resposta a uma
necessidade crítica do mercado formativo português: cursos desenhados por profissionais
e para profissionais que atuam no segmento destinado aos festivais de música, com um
cunho inovador e diferenciador de outras soluções disponíveis no mercado (APORFEST
2015, março 12).
Outro marco histórico muito importante para a APORFEST em 2016, para além
de se tornar entidade organizadora do Talkfest, foi ter dado início à organização dos
Iberian Festival Awards, dentro da rede europeia que premeia os festivais. Foram estas
iniciativas que concorreram para uma maior notoriedade de associado. Assim, em 2017,
a associação por via do estatuto que alcançou levou a efeito as primeiras ações
internacionais em prol da área dos festivais de música; colocou à disponibilização do
Fundo Social para os associados e realizou o 1º Annual Report da área dos festivais em
Portugal.
Por fim, em 2018, foi criada, em parceria com a empresa Weegoto (empresa de
bilhética e backoffice de eventos), a área reservada individual ao dispor de todos os
acontecimentos ao longo dos seus cinco anos de existência.
47
associados da APORFEST. O seguinte esquema sintetiza, então, os principais
acontecimentos ao longo dos seus cinco anos de existência.
Figura 9 - Marcos históricos da APORFEST. Adaptado de: APORFEST.
Em suma, a APORFEST organiza, atualmente, o Talkfest - International Music
Festivals Forum, os Iberian Festival Awards e o Encontro dos Festivais: promotores e
municípios, eventos de caráter único a nível ibérico e que juntam todos os representantes
da área dos festivais de música (e.g. promotores, autarcas, agentes, artistas, meios de
comunicação, investigadores, marcas, prestadores de serviço) sendo o seu corpo técnico
consultado para apoio a entidades nacionais e internacionais.
No âmbito deste relatório, foram questionados os fundadores da APORFEST
Ricardo Bramão e Marta Azevedo, presidente e vice-presidente, respetivamente.
Quando questionados acerca do futuro da APORFEST, em relação ao que mudar
e ao que manter (em exclusivo para este relatório) afirmaram o seguinte:
A APORFEST conseguiu em 5 anos um vasto conjunto de associados que
possibilitou existir e estar ao dispor de associados, parceiros e público ao longo
de todos os dias. Essa capacidade de resposta e apoio imediato possibilitou uma
evolução que faz com que hoje seja possível que a mesma possa ter mais qualidade
nos seus principais eventos e na aposta de novas formas de fazer evoluir a área e
todos os seus stakeholders. Não somos perfeitos, não o iremos ser, não seremos
unânimes, mas queremos ajudar cada vez mais e melhor o nosso associado.
(Bramão, R: 2019)
Para mim o futuro da APORFEST será abrir os serviços que temos para apoio
aos associados a todos os tipos de festivais (teatro, cinema, gastronómicos etc...)
Há um mundo de festivais e festividades por explorar e dar apoio que é muito
necessário a todos os que se aventuram na organização deste tipo de eventos.
(Azevedo, M: 2019)
48
3.5. Talkfest & Iberian Festival Awards
O Talkfest é um fórum internacional de festivais de música, organizado pela
APORFEST, com a sua 1ª edição em 2012. O foco principal do evento, desde então,
continuam a ser as conferências que contam com personalidades reconhecidas da
indústria da música e dos festivais a nível internacional e que discutem e problematizam
várias temáticas relacionadas com a área. O que a APORFEST pretende, desde o início,
com este evento, é a criação de um espaço de reflexão e debate onde os players da
indústria dedicada à conceção, gestão e participação nos festivais (a nível nacional e
internacional) se reúnem para criar/premiar novas ideias e promover o desenvolvimento
sustentado dos envolvidos nos festivais de música - a nível individual e coletivo.
A APORFEST pretende que o Talkfest assente sempre em três valores
fundamentais que são: o pensar o futuro (porque acreditam que as ideias que nascem hoje
vão moldar os festivais de amanhã), a confiança nos parceiros (porque o Talkfest cresceu
graças ao apoio e envolvimento incondicional que estabelecem com as parcerias) e a
sustentabilidade (porque pensar festivais é encontrar formas de melhoria contínua que
vão ao encontro das necessidades do público e da indústria festivaleira). Os objetivos
principais do Talkfest são os seguintes:
▪ Garantir uma discussão anual, credível e isenta, sobre os festivais de música
em Portugal e a nível Internacional para abordar, debater e aprimorar a gestão
deste tipo de eventos;
▪ Analisar o atual estado desta atividade numa vertente técnica e científica, com
enfoques na gestão, na internacionalização e na psicologia aplicada às
organizações (e.g. gestão de recursos humanos; formação; recrutamento
temporário; comunicação ao público);
▪ Favorecer um debate e um conjunto de ideias para desafios futuros, no
sentido de criar e potenciar sinergias entre todos os envolvidos;
▪ Promover um espaço de contacto entre todos os interessados, numa vertente
business to business (B2B);
▪ Envolver entidades nacionais e internacionais numa plataforma de discussão
e partilha de conhecimento;
▪ Receber, fundamentar e debater o conhecimento advindo dos key speakers
internacionais, ligados a festivais europeus;
49
▪ Oferecer uma programação cultural ampla e diversificada dentro da área dos
festivais de música e direcionada a público em geral.
(About Talkfest – www.talkfest.eu)
O Talkfest conta com o apoio de entidades e associados que têm ajudado a
suportar logisticamente a sua realização, nos assuntos básicos e de suporte ao evento,
servindo para uma enorme mitigação de custos. A partir de 2014, foi estabelecida uma
parceria com a Festival Awards Ltd. (uma promotora dos maiores e mais reconhecidos
prémios de festivais de música, os UK Festival Awards e os European Festival Awards)
e que trouxe ao Talkfest algumas das personalidades mais reconhecidas e influentes da
indústria dos festivais na Europa. Em 2015, surgiu o apoio da A/C Española, o que
permitiu trazer ao evento vários oradores influentes, de Espanha.
A nível de oradores, as últimas edições do evento contaram com a presença de
alguns dos maiores especialistas na área dos festivais de música e da cultura como:
Roberta Medina (diretora do Rock in Rio Lisboa); Luís Araújo (presidente do Turismo de
Portugal); Pedro Machado (presidente do Turismo do Centro); Duarte Cordeiro (vice-
presidente da CM Lisboa); Leonor Dias (Diretora Comercial e da Marca Vodafone);
Felipe Gomes (Sponsorship Manager da Central Cervejas); Signe Lopdrup (CEO do
Roskilde Festival - DK); João Goulão (Diretor da Sicad); Pierre Aderne (artista musical
- FR); Miguel Silva Pinto (sub-diretor dos serviços do IVA); Pedro Portugal (Inspetor-
Geral da ASAE): David Carreira (artista musical); João Carvalho (diretor da Ritmos,
Vodafone Paredes de Coura) e muitos outros.
Os Iberian Festival Awards surgem em 2016, como forma de reconhecer as
contribuições e conquistas dos organizadores de eventos e de todos os outros participantes
da indústria de festivais de música. São parte integrante do Talkfest e visam completar-
se mutuamente. Nesta gala, os festivais são premiados em diversas categorias e os
anteriores vencedores podem ser consultados no website do Talkfest.
A edição de 2017 representou uma clara evolução em termos editoriais (nenhum
orador repetido de edições anteriores; maior equilíbrio de géneros e especialistas
inerentes a cada temática abordada) e qualitativos do evento, proporcionando aos
presentes uma maior satisfação das suas necessidades e conforto. A edição em questão
constituiu-se como a primeira internacionalização do evento, integrado na 2ª edição dos
Iberian Festival Awards, que esgotou e decorreu em Barcelona no MACBA - Museu de
Arte Contemporânea de Barcelona.
50
A edição de 2018 manteve a evolução sentida nos anos anteriores, destacando-se:
a não repetição de oradores e moderadores (sinal de evolução da indústria); mais
engagement criado e tempo de permanência no evento pelo público; mais público do
exterior (para além de Lisboa e externo a Portugal); maior qualidade proporcionada ao
público de forma a potenciar os momentos de networking no evento; mais diretos e
reportagens por parte dos media partners diretamente do evento (a gala dos Iberian
Festival Awards foi transmitida na Antena 3 - o programa "Prova Oral" de Fernando
Alvim foi feito em direto numa das salas do evento - no Canal 180 e online; foram ainda
criadas 3 novas categorias para premiar a área dos festivais e maior branding presente.
Entre o público presente, edição após edição, constata-se a presença de bastantes
profissionais e entidades que promovem e desenvolvem a indústria dos festivais de
música ibérica proveniente de diferentes promotoras e festivais de música, como: NOS
Alive; Bilbao BBK Live; Resurrection Fest; Vodafone Paredes de Coura; Primavera
Sound; Bons Sons; Belém Art Fest; Super Bock Super Rock; Boom Festival; Brunch
Electronik; Maré de Agosto; Neopop; Ocean Spirit Santa Cruz ou Festival Forte. É
frequente a presença de representantes de municípios (Águeda, Lisboa, Loulé, Faro,
Sines, Lousada, Porto, Setúbal, Torres Vedras) e, pontualmente, a Universidade de Évora
e a Embaixada de Espanha em Lisboa. Quanto aos parceiros ou patrocinadores
portugueses e internacionais refira-se: Red Bull; Cabify; Paylogic; NOS; Super Bock;
Tabaqueira; JWT; 2East, entre outros.
A organização não materializa o evento apenas a profissionais, visa, também,
engradecer a oferta cultural de Lisboa assim como potenciar o seu trabalho internacional.
Neste sentido, o Talkfest promove, paralelamente, outras atividades e ações junto das
comunidades como sejam: live acts, exposições, afterparties, documentários, entre
outros. Toda esta programação diversificada, em torno da indústria da música e dos
festivais, faz do Talkfest um evento distinto e único em Portugal e na região ibérica, ao
ponto de ser considerado, por muitos, o Festival sobre os Festivais.
51
CAPÍTULO IV - ESTÁGIO
4.1. Nota introdutória ao estágio
Este capítulo visa analisar o trabalho desenvolvido ao longo do estágio curricular,
teve a duração de três meses (de 17 de setembro a 21 de dezembro de 2018) e abrangeu
várias funções nas áreas do design, do planeamento e de execução, dentro da própria
empresa e dos eventos adjacentes à APORFEST. O planeamento da formação em causa
foi elaborado com o intuito de aprender conhecimentos básicos do segmento da indústria
musical, de modo a poder contribuir, fundamentalmente, para o planeamento do
Talkfest’19 e dos Iberian Festival Awards, simultaneamente foram desenvolvidas outras
atividades relativas à APORFEST. Finalizado este estágio foi proposto à mestranda
integrar a equipa da APORFEST na qualidade de colaboradora/trabalhadora e enquanto
Secretária da Assembleia Geral (desde 7 de maio de 2019).
4.2. Calendarização do estágio
A maior parte do estágio curricular incidiu, principalmente, no apoio à produção
do Talkfest’19 e aos Iberian Festival Awards 2019, como se encontra esquematizado
graficamente na Tabela 2: Planeamento Geral de Ações de Marketing e Comunicação
Talkfest’19 (a azul); Planificação (a vermelho); Execução (a amarelo). Cada fase foi
desenvolvida por ordem sequencial, apesar de ter havido fases que se cruzavam, por
serem realizadas quase em simultâneo. A produção do Talkfest e dos Iberian Festival
Awards, assim como outras tarefas adjacentes à APORFEST (a roxo) implicam,
obviamente, trabalhos exaustivos de vária ordem, conforme se pode aferir pelas Tabelas
2 e 3 abaixo indicadas e sempre de acordo com as fases citadas anteriormente.
É de salientar que os trabalhos desenvolvidos, no âmbito da produção dos eventos
citados, decorreram, para além do período de tempo do estágio curricular, ou seja, de
janeiro a finais de março de 2019, altura em que se conheceram os resultados dos eventos
em causa.
52
Atividades desenvolvidas - Talkfest e Iberian Festival Awards 2019 Set. Out. Nov. Dez.
Imagem do Talkfest’ 19 - (website, folhetos, cartazes, banners, roll-
ups, merchandising, etc)
Início da comunicação do Talkfest'19 - (Online e física – gestão das
redes sociais e design gráfico)
Gestão e conteúdos para o Facebook e Instagram do Talkfest e
Iberian Festival Awards
Início da divulgação de programação faseada - Maioritariamente
online e newsletters
Assessoria de Imprensa
Publicidade - (online e imprensa escrita)
Gestão e desenvolvimento do website (www.talkfest.eu)
Planificação da captação de sponsors, parceiros e apoios
Plano de Marketing e Comunicação
Plano de Meios
Candidaturas aos Iberian Festival Awards
Captação de apoios e parcerias (nacionais e internacionais)
Aplicação do plano de Marketing e Comunicação e Início de
divulgação online
Fecho de parcerias e apoios
Análise e fecho de candidaturas aos Iberian Festival Awards
Publicidade e presença nos media
Ações de divulgação e promoção de rua
Tabela 2 - Atividades desenvolvidas - Talkfest e Iberian Festival Awards 2019. Fonte: Autoria nossa.
53
Outras atividades desenvolvidas - APORFEST Set. Out. Nov. Dez.
Ações de divulgação e promoção de rua da APORFEST e de
empresas/parceiros/festivais associados
Apoio de bilhética ao festival “It’s Happening”, da Arte Viral -
Associados
Criação da imagem geral das formações APORFEST para 2019
Design passatempos e outras peças gráficas para redes sociais
APORFEST (incluindo imagens dinâmicas – GIF)
Encontro dos Festivais em Portugal: Promotores e Municípios
Gestão backoffice da plataforma de associados (Weegoto)
Gestão backoffice e desenvolvimento do website (www.aporfest.pt)
Gestão e conteúdos para Facebook APORFEST
Gestão e conteúdos para Instagram APORFEST
Newsletters para associados “Magazine APORFEST”
Novas bases de dados para pesquisa e novos conteúdos aos associados
Pesquisa e criação de notícias para o website APORFEST
Preparação de formações APORFEST
Tabela 3 – Outras Atividades desenvolvidas - APORFEST. Fonte: Autoria nossa.
4.3. Atividades desenvolvidas
4.3.1. Talkfest & Iberian Festival Awards 2019
Os eventos em questão têm sido um sucesso crescente. A edição de 2018 da gala
dos Iberian Festival Awards (no Fórum Lisboa) ficou completamente esgotada. A
organização teve de repensar o local em termos estratégicos, obrigando à escolha de um
espaço de maior dimensão para a edição de 2019 e adequado, também, a uma afterparty
(com open bar para os participantes) e atuações ao vivo previstas.
A 8ª edição do Talkfest (Talkfest’19) ocorreu
entre os dias 13 de março (Iberian Festival Awards 4ª
edição – Vigo) e 22 de março (Talkfest, em Lisboa).
O Talkfest é um evento de cariz único, a nível
ibérico, onde são feitas reflexões e discutido o
"estado da arte", assim como potenciada a conexão
entre profissionais da área e aprofundamento de
Figura 10 - Logótipo Talkfest'19. Fonte:
Talkfest.
54
competências técnicas e de métodos de trabalho. A sua última edição decorreu no Museu
das Comunicações.
Figura 11 - Banner geral Talkfest'19. Fonte:Talkfest.
O programa (Anexo III) incluiu: Conferências, Apresentações Científicas,
Workshops, Documentários, Pitch Stage, e Vox Expert.
As Conferências consistiram em módulos de cerca de uma hora, com temáticas
diversas debatidas por profissionais do meio, das mais diversas áreas (artistas,
promotores, órgãos governamentais, etc), tendo um jornalista/repórter como moderador.
Esta foi a atividade principal no evento e teve lugar no Auditório Principal. As
Apresentações Científicas consistiram numa série de apresentações académicas, aos
níveis de licenciatura, mestrado e doutoramento em que cada orador debateu e
demonstrou as respetivas teses, no âmbito da exploração de novas perspetiva e pontos
investigacionais na área. Os Workshops foram um módulo mais prático, com apresentação
de casos de estudo, debate e aplicação em realidade prática. Ao longo do dia foram
exibidos quatro documentários de artistas reconhecidos, onde se pretendeu dar a conhecer
o seu percurso profissional. O Pitchstage consistiu, mais uma vez, numa série de
temáticas, debatidas e dinamizadas por representantes de empresas do ramo. Por fim, o
Vox Expert consistiu num estúdio, com registo de entrevistas ao longo do dia, com o
público e oradores, para posterior postagem no Youtube (a consultar no canal Youtube
https://www.youtube.com/user/Talkfest13). Para além destas atividades principais esteve
patente uma exibição de fotografia digital, da autoria de Hugo Adelino, projetada em
televisão.
Na abertura do evento estiveram presentes a representante do Governo Português
(Graça Fonseca - Ministra da Cultura); a representante da Fundação Portuguesa de
Telecomunicações (Teresa Salema - membro da administração); e o Diretor do Talkfest
55
Telecomunicações (Teresa Salema - membro da administração) e o Diretor do Talkfest
(Ricardo Bramão).
Figura 12 - Abertura Talkfest'19. Fonte:
Facebook TF.
Figura 14 - Apresentação Científica. Fonte:
Facebook TF.
Figura 18 - Vox Expert. Fonte: Fonte: Facebook
TF.
Figura 13 - Conferência. Fonte: Facebook TF.
Figura 15 - Público no Workshop. Fonte:
Facebook TF.
Figura 17 - Pitch Stage. Fonte: Facebook TF.
Figura 19 - Exibição de fotografia digital Hugo
Adelino. Fonte: Facebook TF.
Figura 16 - Documentário. Fonte: Facebook TF.
56
Teaser Talkfest’19: https://www.youtube.com/watch?v=iIxyx5bF-64
Talkfest’19 Aftermovie: https://www.youtube.com/watch?v=iFe9T88YQcQ&t=3s
Os Iberian Festival Awards 2019 tiveram
lugar no Teatro Afundación, em Vigo, no primeiro
dia do evento (13 de março). Este local foi
escolhido e pensado em termos estratégicos, pois é
um ponto de convergência do público português e
espanhol, praticamente na fronteira entre os dois
países. Esta gala é concebida, desde o seu início,
como forma de reconhecer as contribuições e conquistas dos organizadores do evento e de
outros participantes da indústria de festivais de música (neste caso durante o ano de 2018).
As candidaturas aos prémios são abertas aos festivais de música, festivais culturais,
festividades, parceiros de media, marcas, promotores de serviços e artistas, sendo gratuita
a inscrição dos associados APORFEST. Esta iniciativa visou reforçar as relações ibéricas,
otimizar, dinamizar e operacionalizar díades eficazes entre os dois países. A votação para
atribuição dos prémios decorreu com a participação do público presente e de um júri,
constituído por nove elementos da área (Anexo IV) que distinguiram os vencedores
nacionais e ibéricos distribuídos por 22 categorias (+1 excellence award), (Anexo V). A
gala contou ainda com 6 live acts e 1 DJ para a opening/afterparty. Os apresentadores
deste ano foram Pedro Luzindro (PT) e Ana Cristina Câmara (PT/ES) que conduziram
todos os acontecimentos desta gala que culminou numa afterparty no Hall do Teatro
Afundación, com bar, piano bar, pista de dança e photobooth.
Figura 22 - Momentos de networking. Fonte:
Facebook IFA.
Figura 21 - A ansiosa espera pela entrada do
evento. Fonte: Facebook IFA.
Figura 20 - Logótipo Iberian Festival
Awards 2019. Fonte: Iberian Festival
Awards.
57
Figura 23 - A pista de dança. Fonte: Facebook
IFA.
Figura 25 - Atuação dos Kings of the Beach.
Fonte: Facebook IFA.
Figura 24 - Os apresentadores da gala. Fonte:
Facebook IFA.
Figura 26 - Emoção na performance. Fonte:
Facebook IFA.
O restante report fotográfico do Talkfest’19 poderá ser consultado através do
respetivo Facebook (https://www.facebook.com/pg/talkfest.musicfestivals/photos/?tab=
album&album_id=2088069497928563). O mesmo se passa com o report fotográfico dos
Iberian Festival Awards 2019, que poderá ser consultado no Facebook
(https://www.facebook.com/pg/iberianfestivalawards/photos/?tab=album&album_id=18
92324480877736). Os apoios à realização deste tipo de eventos derivam, essencialmente,
de sponsors e parceiros estratégicos, cujos contactos foram efetuados ao longo dos
primeiros meses de estágio.
Figura 27 - Entrega e agradecimento do prémio
Best Small Festival. Fonte: Facebook IFA. Figura 28 - O momento final da gala. Fonte:
Facebook IFA.
58
Para a edição do Talkfest’19 (e Iberian Festival Awards 2019) os
parceiros/sponsors foram os seguintes:
O Talkfest representa a criação de um espaço de reflexão e debate, onde os players
da indústria festivaleira (nacional e internacional) se reúnem para despoletar novas ideias
e promover o desenvolvimento sustentável de festivais de música. Assenta num conjunto
base de três valores fundamentais que são: o pensar o futuro (porque as ideias que nascem
hoje vão moldar os festivais de amanhã), a confiança nos parceiros (porque o Talkfest
cresceu graças ao apoio e envolvimento que estabelece nas suas parcerias) e a
sustentabilidade (porque pensar festivais é encontrar formas de melhoria contínua que
vão ao encontro das necessidades do público e da indústria festivaleira).
Ambos os eventos excederam as espectativas no que concerne a números finais.
Houve um total de 1050 espectadores (Iberian Festival Awards – 500 pax + Talkfest 550
pax), 599 inserções nos mass media + online (Portugal e Espanha > Mês do evento –
medido com indicadores Cision), 426 entidades presentes (Portugal, Espanha, Brasil,
Itália
Figura 29 - Sponsors Talkfest'19. Fonte: Talkfest.
59
Itália, França. Alemanha, Holanda, Reino Unido), 9% estrangeiros, Talkfest + 59%
estrangeiros Iberian Festival Awards, 315 roomnights externas (noites marcadas em
hotéis) – 247 Iberian Festival Awards + 68 Talkfest (presença de júri, staff, oradores,
bandas, elementos de festivais e entidades presentes). Por fim, 85 oradores (5 deles
internacionais) e 48 sponsors/parceiros e media partners (Talkfest: março 26, 2019). Em
relação à publicitação realizada para promoção dos eventos, há a registar a produção de
15000 flyers A5 (com distribuição desde novembro até ao dia do evento), 500 cartazes
A4 e 300 cartazes A3 (distribuição em pontos estratégicos, tais como universidades), 2
roll-ups (dispostos em vários espaços do evento, dentro e fora dos auditórios), 2 pop-ups
com a imagem do evento (entradas dos auditórios principais nos dias do evento, com
identificação de todos os patrocinadores e parceiros), 1500 booklets (entrega ao público
presente no evento com horários, curiosidades e informações úteis), 650 welcome bags
(entrega aos participantes no evento: lanyard; badge individualizado; pulseira; gifts;
caneta; certificado de participação), entre outros (Relatório Talkfest 19).
Foi todo o trabalho e organização prévia da APORFEST que fez desta edição do
Talkfest (e dos Iberian Festival Awards, incluídos no mesmo) um sucesso. Como parte
integrante do estágio curricular, para além do auxílio na produção executiva e estratégica,
foi trabalhada, fundamentalmente, a comunicação do evento, a nível digital e gráfico,
elementos fundamentais para a atratividade de qualquer evento ou marca, como se
percebeu anteriormente. De seguida, apresentam-se algumas peças gráficas trabalhadas
durante o estágio curricular, com a devida explicação para a sua conceção, e posterior
aplicação no evento.
Figura 30 - Pulseiras RFID. Fonte: Facebook
TF.
Figura 31 - Pulseiras RFID. Fonte: Facebook
IFA.
As pulseiras RFID foram um aspeto fundamental, tanto do Talkfest como dos
Iberian Festival Awards, no âmbito de vigilância e controlo de entradas. Não houve
nenhum briefing específico prévio à idealização das mesmas, apenas foi transmitido que
60
o design deveria conter os elementos relativos à edição de 2019, nomeadamente o
logótipo da APORFEST – entidade organizadora, do Talkfest’19, Iberian Festival Awards
2019 e do sponsor deste elemento, a Glownet. A ideia passou por utilizar as cores alusivas
aos respetivos eventos, o azul para o Talkfest e o vermelho para os IFA, e a mesma
disposição dos logótipos para ambos os eventos. Foi criada uma “malha”, como se pode
perceber pelas imagens abaixo, para fazer alusão à grelha exterior de proteção dos
microfones. Os smart card (chapa preta) foram diferenciados para cada evento e foi a
partir destes que se fez a leitura do número de entradas, entre outros dados.
Figura 32 - Planificação das pulseiras RFID. Fonte: Autoria nossa.
Os totebags foram das primeiras peças gráficas criadas no estágio, alusivas ao
evento. O briefing dado implicava incluir os logótipos da APORFEST e dos eventos e
também duas frases icónicas relativas a festivais de música: Loucura Controlada –
Festival Vilar de Mouros 1971 e Oh Elsaaaaa! – Festival Sudoeste 1997.
Figura 33 - Totebag Talkfest'19. Fonte:
Facebook TF. Figura 34 - Totebag Talkfest'19. Fonte:
Facebook TF.
Nestes totebags foram utilizadas as fontes tipográficas Bebas e Century Gothic,
utilizadas também na restante comunicação e o típico rock fist que simboliza a atitude
rockeira associada aos festivaleiros, conforme as imagens abaixo.
61
Figura 35 - Loucura Controlada. Fonte: Autoria
nossa.
Figura 36 - Oh Elsaaaaa! Fonte: Autoria
nossa.
Como tem vindo a acontecer noutras edições, existiu uma grande preocupação a
nível ambiental e, como forma a contribuir para tal, optou-se por copos reutilizáveis,
como tem vindo a acontecer em muitos festivais de música. Tanto nos bares dos Iberian
Festival Awards como na parte de coffee break no Talkfest, estes copos foram
fundamentais para que não houvesse (mais) desperdício. Nesta edição apenas foram
utilizados os logótipos dos eventos e na zona inferior dos copos colocada uma “multidão”
em plena euforia. Estes utensílios foram patrocinados pelo sponsor ArtCor Light.
Imagens dos mesmos podem ser vistas abaixo.
Figura 37 - Copo reutilizável. Fonte: Facebook
TF.
Figura 38 - Copo reutilizável. Fonte: Facebook
IFA.
Por fim, mas não menos importante, para além de todo o trabalho relativo à parte
gráfica, durante o estágio também foi introduzida a componente audiovisual que acabou
por ser um desafio interessante. O briefing que foi transmitido consistiu em juntar
vídeos/clips de vários festivais nomeados para a última edição dos Iberian Festival
Awards, à semelhança dos vídeos feitos nas edições passadas, de forma a elaborar um
vídeo introdutório para a gala. O resultado poderá ser visualizado em:
https://www.youtube.com/watch? v=GzVsanr5odc. Todos os festivais estão devidamente
creditados no final do vídeo e, como resultado da pesquisa e consulta de tutoriais para
reaprender a trabalhar com programas como o Adobe After Effects, foi possível realizar
62
reaprender a trabalhar com programas como o Adobe After Effects, foi possível realizar
um vídeo bastante impactante na abertura da gala dos Iberian Festival Awards, como foi
o objetivo definido desde o início.
4.3.2. Encontro dos Festivais em Portugal: Promotores e Municípios
Uma das primeiras atividades desempenhadas enquanto parte integrante do
estágio na APORFEST foi o apoio ao Encontro dos Festivais em Portugal: Promotores e
Municípios. Esta foi a 1ª edição do evento, ocorrido sob a temática “Boas Práticas 2020”.
De forma exclusiva, tanto promotores como outros membros de vários municípios,
participaram neste encontro, cujo objetivo foi “retirar linhas de ação para os festivais,
nomeadamente em termos de boas práticas e obrigatoriedades a serem cumpridas no curto
prazo” (APORFEST: setembro 6, 2019). De entre as várias atividades desencadeadas,
tiveram lugar sessões de esclarecimento da ASAE, PassMúsica (Audiogest/GDA) e ACT.
Este encontro teve como principais objetivos a “emissão de um manual/compromisso a
apresentar a várias entidades e instituições reguladoras em Portugal, para que consigam
assim validar, diferenciar e atribuir maior probabilidade de financiamento e divulgação
aos festivais que assumem o compromisso a concretizar até ao ano 2020; sinergias entre
pares; oportunidade de esclarecimento de dúvidas com entidades convidadas; escolha da
comissão projeto” (APORFEST: setembro 6, 2019). A principal função desempenhada
neste evento foi a creditação e validação das inscrições de todos os membros. O programa
completo poderá ser consultado no Anexo VI.
4.4. Alinhamento entre os conhecimentos adquiridos no curso e na empresa
Pode-se entender a cultura de determinado povo ou geração como o seu maior
património e legado, uma vez que ao preservar-se a cultura estaremos a resgatar a história
e perpetuar os valores, permitindo que as gerações vindouras não vivam sob um terrível
anonimato.
Os 311 festivais de música realizados em 2018 (APORFEST:2018) comprovam
que Portugal é, cada vez mais, um produtor de qualidade deste tipo de eventos que
abarcam os mais variados estilos musicais e têm a capacidade de atrair vários públicos.
Uma qualidade intrínseca ao facto de cada vez existirem mais festivais de música prende-
63
se com a constatação de que os festivaleiros não participam neste tipo de eventos
exclusivamente pela música ou pelo bom cartaz.
Cada vez mais está em causa o que é já comum designar-se por “pacote completo
ou a experiência total”. Neste sentido, e dando resposta às preferências dos festivaleiros,
as marcas (ativação de marcas) dinamizam, muitas vezes, as atividades de diversão que
ocorrem nos recintos dos festivais em “equipamentos lúdicos”, como seja, saltos em
insufláveis e “voos” sobre as áreas dos recintos. Estas ocasiões são intensamente vividas
propiciando momentos “instagramáveis” para serem postados nas redes sociais.
Constata-se, ainda, que a feitura de tatuagens, quando tal é permitido, é também
uma prática e parece configurar-se como sendo um desafio ou uma marca, perpétua, de
uma boa experiência.
No que se refere ao alojamento, principalmente durante os festivais de verão, os
festivaleiros que se deslocam para além das suas residências, na sua maioria, preferem o
campismo. Esta opção pode estar associada não só a aspetos económicos como também
à socialização, de forma mais próxima, entre os participantes.
A propósito de socialização ao longo dos festivais, é natural que os participantes
troquem, entre si, experiências de vida que, em certa medida, contribuem para a sua
afirmação cultural.
Por outro lado, a interação é igualmente notória com a população da comunidade
local e com os forasteiros externos aos festivais.
Durante a atuação dos artistas é vulgar gerar-se um clima de proximidade entre
aqueles e o público, pondo em evidência preferências por algumas das atuações, na
medida em que vêm à memória, de cada um, algumas das letras e acordes.
Pode, então, considerar-se que em resultado das boas experiências os festivais
promovem a fidelização dos festivaleiros; contribuem para a formação integral do
indivíduo; as comunidades locais, fundamentalmente, as mais distantes dos grandes
centros veem reconhecidas as suas identidades, aspeto fundamental para o
reconhecimento da identidade do povo, neste caso, Português.
O estágio curricular na APORFEST permitiu a investigação, o estudo e o
tratamento de dados no que respeita à identidade e caraterísticas, únicas, da maior parte
dos festivais de música em geral.
64
A necessidade de se criarem os respetivos conteúdos, seja para a APORFEST, no
geral, seja para os eventos Talkfest e Iberian Festival Awards, têm necessariamente
subjacente entender e dar respostas concretas quanto aos objetivos, definidos logo à
partida, os públicos a tingir, entre outros aspetos, ou seja, adotar estratégias de ação que
potenciem o sucesso de cada nova edição. A título de exemplo, e pela importância do
acontecimento, a elaboração de uma gala de entrega de prémios, parte integrante dos
Iberian Festival Awards, pressupõe o conhecimento rigoroso dos vários festivais
nacionais e internacionais, uma vez que as nomeações não dependem da exclusiva
responsabilidade da APORFEST, da seleção das melhores candidaturas e enquadramento
nas respetivas categorias (obrigatoriamente submetidas a um processo de avaliação
através de documentação presente à entidade promotora e ao júri), mas também da
intervenção do público, através de votação online, e da apreciação do júri nomeado para
o efeito.
Quanto ao Talkfest, um evento de âmbito profissional, é de ter em atenção,
nomeadamente, o que está a acontecer no mercado, quem são os maiores players, pessoas
que dominem conhecimentos específicos nesta área e, ainda, temas que sustentam mais
matérias relevantes para debate. A identidade gráfica e visual, como tem sido dito, é
fundamental e por isso deve respeitar certas caraterísticas que evidenciem a ligação com
os eventos da área e, simultaneamente, deve ter a faculdade de se diferenciar entre os
demais.
65
CAPÍTULO V - ESTUDOS DE CASO
5.1. Campo vs. Cidade
Parece credível poder afirmar-se que uma das principais atrações em Portugal são
os festivais de música, principalmente nos meses de verão. O crescente número de
seguidores de música ao vivo manifesta-se e aproveita esses eventos para investir parte
das suas férias (e rendimento) para desfrutar da sua música de preferência. Sendo o fator
turístico uma das principais fontes de receita económica do país, o fator atrativo dos
festivais de música não pode ser descurado devido à grande afluência que os mesmos
provocam. Destinos turísticos mais modestos utilizam, inclusive, os festivais de música
para criar sinergias “gerando uma imagem positiva junto dos turistas e festivaleiros
nacionais e internacionais” (Nogueira, S. e Almeida, A.:2019).
No entanto, também nas grandes cidades ocorrem (até com mais frequência)
festivais de música, com grandes fontes de receita e retorno do investimento realizado.
São evidentes as diferenças entre ambas as realidades. De um lado, existem iniciativas
culturais deste tipo em pequenas cidades ou vilas que atraem milhares de pessoas num
autêntico sentimento de “peregrinação” ou migração periódica durante um curto espaço
de tempo (cerca de uma semana) e, por outro lado, também existem iniciativas
importantes dentro das grandes cidades. Questiona-se, será o fator distância determinante
para o número de espectadores? Ou estarão fatores como a antiguidade, estatuto e
comunicação mais presentes na mente dos festivaleiros?
De seguida, serão analisados dois estudos de caso, de realidades geográficas
completamente diferentes, onde estarão em análise fatores como a história e origem do
próprio festival, assim como toda a sua comunicação e cuidado para a dinamização da
região a que cada um corresponde.
5.2. Vodafone Paredes de Coura
Faz precisamente 27 anos que a tão aclamada “meca” da música índie nasceu, da
iniciativa e criatividade de um grupo de amigos constituído por Filipe Lopes, José
Barreiro, Vítor Pereira e João Carvalho (fotografia infra). Este foi um evento que, sem
dúvida, colocou a pequena vila minhota no mapa de Portugal. No decorrer do ano de 1993,
aquele grupo teve a ideia de criar um festival de música independente e não deixa de ser
66
relevante que se trata de um ano “rico em produção musical” em que “os Nirvana lançam
o álbum In Utero, cinco vezes platina, 15 milhões de discos vendidos no mundo, quando
o mundo ainda comprava discos” (Notícias Magazine: agosto 14, 2016).
Aqueles amigos colocaram todo o
seu empenho para organizar o melhor
festival de música que conseguiram, na
altura com poucos recursos financeiros.
Colocaram os cartazes e fizeram as
refeições para as bandas pela sua própria
mão. Com os parcos recursos económico
(cerca de 900 euros) criaram aquele que
viria a ser um dos eventos de referência do país. A Ritmos (produtora e promotora do
Vodafone Paredes de Coura) é hoje uma das principais e mais reconhecidas empresas do
ramo. “Em 2011, João Carvalho, José Barreiro e Filipe Lopes, da Ritmos, juntaram-se ao
Primavera Sound fundando a Pic-Nic, empresa que organiza o NOS Primavera Sound, no
Porto” (Ritmos:2019). José Eduardo Martins (in Notícias Magazine: agosto 14, 2016)
afirma:
Coura era a típica terra pobre de emigrantes e sem oportunidades. Não
tinha praia, nem casas solarengas, nem sarrabulho, como os outros
concelhos de Viana. Tinha pouco mais de cinco mil pessoas e era o
concelho mais gozado do Alto Minho. Coura era uma seca!
É curiosa a movimentação atual na pacata vila, durante cerca de uma semana de
festival, em pleno mês de agosto. É impensável alugar quarto ou casa em c i m a da hora.
No campismo há quem “marque o seu território” ou como
quem diz “monte a tenda” cerca de quinze dias (ou mais)
antes daqueles cinco dias de completa efervescência. No
multibanco são levantados “cerca de 3 milhões de euros”
(Notícias Magazine: agosto 14, 2016), uma quantia que,
provavelmente, no resto do ano demoraria,
aproximadamente, um mês a ser esgotada. Dá também
oportunidade de emprego a muitas pessoas, grande parte,
residentes. A organização sabe agradecer à “terra” que lhe
proporcionou a oportunidade, cuidando durante todo o ano
Figura 39 - Filipe Lopes, José Barreiro, Vítor Pereira e
João Carvalho. Fonte: Ritmos.
Figura 40 - Paredes de Coura,
cartaz de 1993. Fonte: Vodafone
Paredes de Coura.
67
dos campos verdes onde ocorre o festival, adquirindo cada vez mais terrenos para uso
próprio. É assim que o anfiteatro natural do Taboão se mostra cada vez mais imponente,
ano após ano. É como que um refúgio mágico com o rio gelado aos pés. É um postal de
uma terra que, antes disso, se sentia esquecida no território de Portugal. Em 1993, o amor
àquela terra inspirou uma lufada de ar fresco mesmo à beira da praia fluvial. O primeiro
cartaz contou apenas com bandas portuguesas, numa edição de entrada gratuita.
Toda a organização do festival, assim como a sua identidade gráfica, foram
crescendo ao longo dos anos. Com o virar da década vieram também algumas mudanças
nesse aspeto. Até aqui o grafismo utilizado era
relativamente simples, imagens de fundo relativas a
atuações, público ou algo abstrato. Em 2000 começou a
estar mais presente o patrocínio principal do festival
em si, neste caso a cerveja Sagres, que mudou passados
uns anos. Vê-se então no cartaz uma lata de cerveja
pousada nuns campos verdes, que podem ser
associados a Paredes de Coura. Para além de toda a sua
identidade gráfica, talvez esta edição tenha sido um
ponto de viragem muito importante para a organização,
uma vez que foi a partir daqui que começaram a
trazer bandas que, atualmente, são reconhecidas
internacionalmente, tal como os Coldplay, mas que na altura eram desconhecidos. Grande
parte destas bandas começaram a ganhar notoriedade após terem passado pelo festival.
Figura 42 – Vodafone Paredes de Coura, cartaz de 2018. Fonte: Vodafone Paredes de Coura.
Figura 41 - Paredes de Coura, cartaz
de 2000. Fonte: Vodafone Paredes de
Coura.
68
Em 2018, a última edição com dados atualizados até à data de entrega deste
relatório, estima-se um total de 100.000 espectadores (APORFEST:2018), um número
que não se assemelha, em nada, aos números das primeiras edições. Também a identidade
gráfica mudou totalmente, sendo facilmente associável o festival à cor vermelha, com
utilização de ilustrações que mostram o mood que se vive naqueles dias no habitat natural
da música. O cartaz em si tem muitas mais atuações e outras atividades para além do
evento principal, tal como o “Festival sobe à Vila” ou o “Jazz na Relva”. O Vodafone
Paredes de Coura, atualmente, não é apenas em quatro dias, começa algum tempo antes e
muitos festivaleiros querem ficar a conhecer a região após o término do evento.
A edição de 2019 traz uma
comunicação que capta perfeitamente o
sentimento que fica na mente dos
festivaleiros após vivenciarem “tamanha
experiência”. O Vodafone Paredes de
Coura soube muito bem posicionar-se a
partir do momento em que foi apelidado
de “paraíso natural da música” ou
“Couraíso” (aglutinação de Coura +
paraíso). Este ano toda a sua comunicação
capta o sentido do “é para a vida”, provavelmente, porque os festivaleiros o dizem de viva
voz. Mais uma vez, são esperados nesta edição grandes nomes do panorama musical
nacional e internacional, tais como The National ou Patti Smith (Figura 44), entre outros.
A organização aposta também em novos talentos no “Festival sobe à Vila”, dando
oportunidade a bandas residentes, ou cujos membros e/ou outras bandas são originários
da região, como é o caso dos Wicked Youth (Figura 45), uma banda de amigos que se
juntou para fazer boa música.
Figura 43 - Cartazes publicitários Vodafone Paredes de
Coura 2019. Fonte: Facebook da Vodafone.
Figura 44 – Vodafone Paredes de Coura, cartaz de 2019. Fonte: Vodafone Paredes de Coura.
69
Integram este grupo, Ricardo Fernandes e
Vasco Ferreira na guitarra, Sérgio Sousa na
bateria e Miguel Carvalho no baixo. São todos
“filhos da terra” e passaram pelo projeto
“Escola de Rock” em Paredes de Coura. No
entanto, não só de rock e indie o Vodafone
Paredes de Coura é feito, também é possível
ouvir calmas e relaxantes músicas “jazz na
relva” do Taboão, ao mesmo tempo que se
apanham banhos de sol, ou mesmo ouvir
poesia.
5.3. NOS Alive
O NOS Alive é um festival de música muito
mais recente em comparação com o Vodafone
Paredes de Coura. A sua primeira edição foi em
junho de 2007, 14 anos após o festival Vodafone
Paredes de Coura, não tendo sofrido interrupção,
pelo que em 2020 será a 14.ª edição. Desde 2008, o
festival acontece anualmente no mês de julho e o
local, tal como em 2007, é o Passeio Marítimo de
Algés, situado no concelho de Oeiras e junto à
periferia do concelho de Lisboa.
A organização do festival é da responsabilidade da produtora Everything is New
e é dirigida pelo seu diretor Álvaro Covões.
Ao contrário de João Carvalho e dos outros impulsionadores do Vodafone Paredes de
Coura, Álvaro Covões nasceu e cresceu no "meio artístico" ligado à música, uma vez que
a sua família é proprietária do Coliseu de Lisboa há quatro gerações e tem desenvolvido
a sua atividade laboral na área em análise, desde há quarenta anos, tendo conseguido que
a sua produtora se tornasse a maior do País, não só responsável pelo NOS Alive, mas
também por trazer para Portugal concertos dos mais reconhecidos artistas internacionais,
tais como Beyoncé ou Adele e, mais recentemente, Ed Sheeran, que esgotou dois dias de
espetáculo no Estádio da Luz.
Figura 45 - Wicked Youth. Fonte: Facebook
Vodafone Paredes de Coura.
Figura 46 - Álvaro Covões. Fonte: Meios e
Publicidade.
70
Este festival, denominado Optimus Alive, antes da fusão entre a Optimus e a ZON
(que deu origem à NOS) tem esta designação devido à música “Alive”, uma das mais
conhecidas de Pearl Jam. Este grupo foi, para Álvaro Covões, uma grande fonte de
inspiração para a criação de um festival tão rico culturalmente, para além de ter sido
cabeça de cartaz desse ano, ao lado de Beastie Boys e Linkin Park, que também se
estrearam em Portugal (New in Town: maio 19, 2018).
Todos os anos existe um investimento enorme a nível de comunicação, tanto
dentro do país como no estrangeiro. O NOS Alive é dos únicos, senão mesmo o único
produto português, que faz campanhas, por exemplo, no Metro de Londres e conseguiu
algo muito importante nesta indústria – criar impacto desde a primeira edição. Trata-se,
acima de tudo, de “fazer bons eventos e passar uma boa mensagem” (Álvaro Covões in
Eventpoint: dezembro 12, 2018). É um facto que a Everything is New já estava bastante
assente e consagrada no mercado antes do festival ser criado, o que também pode ter
contribuído para vantagens competitivas, pois não começaram necessariamente do zero,
“já sabiam” o que estavam a fazer, apesar de um festival de música outdoor necessitar de
outro tipo de logística e planeamento quando comparado com um concerto dentro do
Altice Arena, por exemplo. No entanto, à semelhança do Vodafone Paredes de Coura, o
NOS Alive trabalha em terrenos conhecidos, uma vez que se realiza todos os anos no
mesmo local, o Passeio Marítimo de Algés. Todo o planeamento é facilitado quando não
há “surpresas” no funcionamento de estruturas devidamente testadas e melhoradas, a cada
ano que passa, sendo estas as razões pelas quais, o NOS Alive conseguiu manter-se, ao
longo dos anos, na rota dos melhores do mundo, onde os artistas têm interesse em
participar.
Naquela que foi a sua primeira edição (em 2007), então denominada Oeiras Alive,
conseguiu logo à partida ter como cabeças de cartaz grandes nomes internacionais, tais
como Linkin Park, Smashing Pumpkins e Pearl Jam e os portugueses Da Weasel e Sam
the Kid. Quanto à sua componente a nível gráfico, logo desde o início pode notar-se
bastante coesão, principalmente nas suas três primeiras edições (2007 a 2009).
71
recorre às mesmas cores.
A partir de 2015, ano em que o main sponsor mudou da Optimus para a NOS, a
comunicação geral do festival também mudou. A nível gráfico, começaram a ser
idealizadas novas cores e elementos decorativos, como
é o caso do cartaz desse mesmo ano, onde se utilizou,
como fundo, o branco de uma parede e o pavimento da
calçada, limitando a zona superior do rodapé, aos quais
foram adicionados elementos vegetalistas, com
predomínio do verde, remetendo para a natureza.
Até à data, talvez a edição do NOS Alive 2018 tenha sido a que teve mais impacto
junto dos festivaleiros, a avaliar pela grande e rápida afluência de pessoas “aos postos de
venda de bilhetes”, tendo-se verificado que os passes gerais se esgotaram pouco tempo
depois de terem sido colocados à venda, logo no início do mês de Dezembro de 2017, bem
como o bilhete diário do dia de atuação dos Pearl Jam.
Figura 47 - Oeiras Alive 2007. Fonte:
NOS Alive.
A comunicação, num tom sóbrio e marcado
pela simplicidade, pareceu assinalar o nascimento
deste grande festival, sempre com predominância das
mesmas cores (preto, branco e laranja). De 2010 a
2014 utilizou-se a mesma simplicidade, mas passou a
ser notória a necessidade de uma imagem mais
elaborada, com mais pormenores de fundo. Apesar de
ainda se associarem muito as cores iniciais do festival
(derivado do main sponsor ser representado pelas
mesmas cores), mesmo tendo havido uma grande
mudança, a mesma identidade continua a ser
lembrada nos dias de hoje, uma vez que ainda se
recorr
Desde o ano de 2016 que o festival NOS Alive
tem vindo a ser uma das referências no que diz respeito
à aquisição antecipada de ingressos. Naquele ano, os
bilhetes esgotaram antes do festival e, em 2017, já não
havia bilhetes três meses antes.
Figura 48 - NOS Alive 2015. Fonte: NOS
Alive.
72
Figura 50 - NOS Alive 2019. Fonte: NOS
Alive.
Ainda a este propósito, Álvaro Covões afirma
“quando se trata dos festivais credíveis, as pessoas já
não esperam pelo anúncio do cartaz, compram os
bilhetes no escuro” (Álvaro Covões in Jornal de
Notícias: fevereiro 3, 2018). Relativamente a 2018, ano
da 12ª. edição do festival NOS Alive, a APORFEST
apresenta um registo de espectadores na ordem dos 165
000 (APORFEST:2018) – última edição com dados até
à apresentação do presente relatório.
Comparando, ainda, os festivais NOS Alive e
Vodafone Paredes de Coura, no mesmo ano, verifica-
se que o primeiro regista um valor superior de especta-
dores na ordem dos 15 000. A participação de tão elevado número de participantes implica,
obviamente, para a organização a tomada de decisões em função da complexa logística
necessária, nomeadamente, ao nível das estruturas físi-
cas uma vez que a área do recinto onde ocorre o evento
é notoriamente menor que em Paredes de Coura. O
cartaz de 2019 trouxe nomes bastante nostálgicos para
as gerações nascidas nos anos 60/70. A título de
exemplo, referimos o grupo The Cure, uma banda que
fez vibrar muitos adolescentes de então, as bandas
Smashing Pumpkins e Ornatos Violeta, cujas letras
estavam tão presentes na memória dos festivaleiros
desta edição e é, ainda, de assinalar a presença de
públicos de diferentes gerações.
No que se refere à 14ª.edição do NOS Alive, em 2020, a organização volta a
apostar na apresentação do cartaz em diferentes momentos, em vez de um “cartaz já
fechado”. Neste sentido, segundo o que tem sido divulgado por vários órgãos de
comunicação social, estão anunciadas as respetivas datas - julho -, o local do festival - o
mesmo da edição anterior - e é conhecida a 1ª banda que irá atuar.
Tal como afirmou o promotor, Álvaro Covões, em conferência de imprensa de
balanço da 13.ª edição, em 13 de julho passado, “o NOS ALIVE anuncia a atuação
exclusiva, o regresso, dos Da Weasel” e acrescenta “é uma atuação exclusiva em 2020, o
Figura 49 - NOS Alive 2018. Fonte: NOS
Alive.
73
regresso de Portugal às origens” (Time Out Lisboa: julho 13, 2019), uma banda
portuguesa de grande sucesso na última década de 90 e na primeira década de 2000.
A avaliar pelos resultados obtidos em edições anteriores, tendo em conta,
nomeadamente, o elevado número de espectadores, o público diversificado, os nomes de
cartaz – participantes/artistas – considera-se que a organização tem vindo a apresentar o
melhor que o mercado da música pode oferecer no âmbito destes festivais, abrangendo
um leque diversificado de géneros musicais que vão do rock, rock alternativo, índie,
techno, entre outros. É de referir, ainda, que a grande promessa deste festival e da sua
organização é expressa em frases contidas nas imagens gráficas dos diversos cartazes
como, por exemplo, “o melhor cartaz, sempre!” e “o maior evento de música e arte”.
A nível gráfico é notória uma clara evolução desde os primeiros cartazes, uma vez
que houve necessidade de adaptação a novas realidades, por exemplo, ao nível da
competição que se apresenta cada vez maior e mais complexa e, como se constata, um
mercado de festivais de música que arrasta multidões diferenciadas o que,
necessariamente, implica a adoção de abordagens muito específicas. A utilização do
gradiente cromático é uma escolha arriscada, mas bastante eficaz, que permite a inovação
e renovação da sua identidade visual a cada ano, sem nunca perder a associação à
identidade do evento. Esta estratégia comunicacional refletiu-se, igualmente, em toda a
sua comunicação gráfica para o ano de 2019.
A organização do NOS Alive, ao contrário do Vodafone Paredes de Coura, decidiu
optar pela mesma linha de comunicação em todo o evento, o que tem os seus prós e contras,
uma vez que possibilita uma mais fácil associação ao festival, mas, em simultâneo, pode
causar saturação comunicacional.
Figura 51 - Publicidade nas redes. Fonte: Facebook do NOS Alive.
74
No que se refere ao retorno nas redes sociais, o NOS Alive, comparativamente
com o Vodafone Paredes de Coura, poderá ser considerado um fenómeno, uma vez que o
primeiro, no Facebook tem 548 000 seguidores e no Instagram 76 900, enquanto o
segundo regista grandes diferenças no número de seguidores, com 117 000 e 20 500,
respetivamente no Facebook e Instagram, conforme dados retirados das redes sociais dos
mesmos, a agosto 15, 2019.
É também de referir que ambos os festivais apresentam contrastes distintivos que
poderão ter origem na diversificação dos públicos/participantes e que são fatores de
grande relevância junto do público alvo e da sociedade, em geral. O conceito de cultura,
porque mais abrangente, pode ser considerado um dos fatores preponderantes na tomada
de decisão preferencial, nomeadamente porque este tipo de eventos assumiu um cariz
muito mais amplo, deixando de ser apenas um acontecimento musical.
75
CONCLUSÃO
Neste relatório foi abordada a temática do papel dos festivais de música
(principalmente no caso português) no âmbito do seu impacto cultural, tendo em
consideração todas as adversidades e especificidades que tal indústria apresenta para o
mercado.
Para a realização do mesmo foi imprescindível a concretização do estágio
curricular numa das mais prestigiadas instituições do ramo, como é a APORFEST –
Associação Portuguesa dos Festivais de Música. Durante o estágio, foi possível adquirir,
consolidar e aplicar conhecimentos no domínio da indústria musical festivaleira, passando
pela interação com vários players do mercado.
No que diz respeito ao papel da APORFEST, é possível concluir que se trata de
uma associação que: presta apoio aos seus associados; cria e promove diversos estudos;
faculta estágios curriculares, como é este caso; promove bolsas e apoios a candidaturas
de diversos festivais, de modo a perspetivar um maior sucesso no mercado. Também é
reconhecido o interesse na existência, em Portugal, deste tipo de entidades, face aos
desafios que se colocam, tanto ao nível do turismo como cultural, em sentido mais lato.
Em Portugal, só mais recentemente se encaram os festivais de música como um produto
apelativo, dos pontos de vista cultural e turístico, nomeadamente através da sua inserção
como eixo fulcral, em planos estratégicos de turismo, apresentados pelo poder central ou
poder local. No que respeita ao papel das marcas e das identidades gráficas, associadas a
este tipo de eventos, constata-se que as mesmas potenciam a promoção e dinamização
desta indústria, facilitando a sua diferenciação e sucesso. Apesar de existirem eventos
mais direcionados para determinado tipo de públicos, cada vez mais, as organizações
procuram responder ao maior número de audiências, ajustando-se e readaptando-se a
novas realidades e necessidades.
A APORFEST, além do que já foi referido, permitiu adquirir um maior
entendimento das especificidades e novos fatores, determinantes no mercado, tanto ao
nível de novas e pertinentes medidas ambientais, como de estruturas e outros tipos de
apoios necessários à implementação de festivais.
É realmente bastante positivo que exista uma organização à altura de dar resposta
às solicitudes de promotores e outros players, de forma a permitir a obtenção dos melhores
resultados nos festivais de música e outros eventos.
76
O aumento das iniciativas culturais que se multiplicam em Portugal, tanto em
número como na sua duração, têm, como tem sido afirmado publicamente, proporcionado
novas oportunidades de crescimento económico, de atenção às condições ambientais,
requalificação de espaços, etc.
Quanto ao futuro dos festivais de música, não é possível ter certezas. Contudo, é
possível admitir que nunca será igual aos que já tiveram lugar. Se pensarmos que o
conceito de cultura tem vindo a ser defendido sob vários pontos de vista, é natural que os
festivais não estejam imunes às mudanças de paradigma. Ainda que incerto quanto à
realização, futura, dos festivais de música, nomeadamente, do Vodafone Paredes de Coura
e do NOS Alive, podem apontar-se algumas das diferenças existentes entre ambos que
poderão influenciar rumos distintos. Neste sentido e tal como tem vindo a ser afirmado,
o Vodafone Paredes de Coura teve origem numa pequena vila minhota, desconhecida, por
iniciativa de um grupo de jovens amigos, contando já com 27 edições realizadas, desde
1993. Também a forma como os participantes no festival, antes e após o mesmo,
interagem entre si e com os habitantes da vila, criando laços amistosos ao ponto de se
tornarem participantes assíduos em anos consecutivos, contrasta, em certa medida, com
o ambiente festivaleiro do NOS Alive. Este último, com 13 edições, foi concebido por um
dos maiores players instalados no mercado e encontra-se estrategicamente implantado no
mesmo local, nos arredores da capital, mais precisamente no Passeio Marítimo de Algés,
dispondo de recursos e acessibilidades que lhe facilitam o sucesso das iniciativas.
De forma sucinta, pode-se ainda colocar em questão outros aspetos pertinentes
quando se pretende perspetivar o que poderá influenciar os rumos dos festivais, a saber:
Qual é o poder que exercem as redes sociais e a identidade visual sobre as
pessoas/potenciais festivaleiros? Qual será o "melhor cartaz, sempre!"? Será que as
experiências vividas pelos participantes nos festivais são uma mais-valia ao ponto de os
manter fidelizados? Será que o ambiente social que carateriza os dois festivais, embora
diferenciados entre si, irá manter a mesma configuração? Para ser defensável que estas e
outras perguntas só terão resposta, quando, no futuro, forem realizados estudos relativos
às realidades que venham a ocorrer, baseados em dados credíveis, disponíveis ao público
e que permitam aferir da sua viabilidade.
Por fim, a temática deste relatório esteve, desde há muito, na mente da mestranda,
provocando-lhe fascínio irrecusável. A experiência vivenciada pela mestranda em
festivais
77
festivais de música portugueses foi importante na medida em que obteve conhecimentos
in loco, permitindo-lhe uma melhor avaliação destas atividades. No que respeita à
pesquisa e estudo da temática em análise, houve a maior preocupação em manter, tanto
quanto possível, isenção e ponderação no tratamento dos dados disponíveis, de modo a
atingir os objetivos delineados para a concretização deste relatório. É, ainda, intenção
veemente da mestranda, concluída esta etapa curricular, continuar a trabalhar e investigar
nesta área.
Refletir sobre a tomada de consciência e identidade locais, por parte dos
festivaleiros em relação à população endógena e vice-versa, será por certo uma temática
que poderá ser importante em futuras ações.
Não será, então, importante revisitar o conceito “o espírito dos lugares”?
78
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81
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82
Websites de apoio informativo
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a 3 de maio de 2019. Disponível em: https://www.colorpsychology.org/color-
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Declaração Universal dos Direitos Humanos – Diário da República Eletrónico
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Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural (2001). Adotada pela
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
na sua 31.ª sessão, a 2 de novembro de 2001. Acedido a 24 de fevereiro de 2019.
Disponível em: http://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/decl-diversidadecul
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Dicionário Priberam. Festivaleiro. Acedido a 6 de maio de 2019. Disponível em:
https://dicionario.priberam.org/festivaleiro
INE. Participação cultural aumenta em 2017: museus com mais 10,6% de
visitantes, cinema e espetáculos ao vivo com mais 4,6% e 3,9% de espectadores,
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Disponível em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DE
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Pordata. População residente, média anual: total e por sexo. Acedido a 6 de maio
de 2019. Disponível em: https://www.pordata.pt/Portugal/Popula%C3%A7%C3
83
Redes sociais e websites principais
APORFEST. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em:
https://www.aporfest.pt/
Facebook Iberian Festival Awards. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível
em: https://www.facebook.com/iberianfestivalawards/?ref=br_rs
Facebook NOS Alive. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em:
https://www.facebook.com/NOSalivePortugal/
Facebook Vodafone. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em:
https://www.facebook.com/vodafonePT/?ref=br_rs
Facebook Vodafone Paredes de Coura. Acedido a 16 de agosto de 2019.
Disponível em: https://www.facebook.com/festivalparedesdecoura/?ref=br_rs
Facebook Talkfest. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em:
https://www.facebook.com/talkfest.musicfestivals/?ref=br_rs
NOS Alive. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em: https://nosalive.com/
Ritmos. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em:
http://www.ritmos.biz/inicio/
Talkfest. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em: https://www.talkfest.eu/
Vodafone Paredes de Coura. Acedido a 16 de agosto de 2019. Disponível em:
https://www.paredesdecoura.com/
Youtube Talkfest e Iberian Festival Awards. Acedido a 16 de agosto de 2019.
Disponível em: https://www.youtube.com/user/Talkfest13/featured
84
ANEXOS
ANEXO I – ESTATUTOS APORFEST
Última atualização: 7 dezembro 2018
Capítulo I
Dominação, sede, objetivos e duração
1º
a) A APORFEST - Associação Portuguesa de Festivais de Música, que igualmente utiliza
a denominação comercial “APORFEST” é uma associação de direito privado sem fins
lucrativos, constituída por tempo indeterminado que se rege pelos Estatutos e Legislação
em vigor.
b) Tem o número de pessoa coletiva 51302960 e o número de identificação na segurança
social 25132029603.
2º
a) A APORFEST tem a sua sede na Praça do M.F.A., nº14, 2º Esq., 2800-171 Almada.
b) A localização da sede pode vir a ser alterada dentro do mesmo concelho ou nos
concelhos limítrofes, por decisão da direção, comunicada aos associados.
c) Possui escritório em Lisboa, na Incubadora da Universidade de Lisboa
3º
No âmbito da sua natureza científica, formativa e filantrópica, a APORFEST não apoia
qualquer atividade de cariz político ou religioso.
4º
A APORFEST tem como objetivo: representar o sector dos festivais de música; ajudar a
estabelecer um ponto de contacto na área dos festivais de música, fazendo pontes entre
este mercado a nível nacional e internacional com outros organismos e associações; criar
conteúdos de valor que possam servir para melhorar conhecimento e criar talento que
otimizará esta área a nível técnico-funcional; realizar a comercialização de produtos e
serviços em festivais de música e outros eventos culturais; promover e apoiar investigação
na área dos festivais e assim poder criar empregabilidade e demais serviços anunciados
nas suas comunicações oficiais.
85
Capítulo II
Dos Associados
5º
A APORFEST terá as seguintes categorias de associados:
▪ Estudante (até 30 anos) /Público em geral (individual) - pessoas singulares sem
filiação profissional, com acesso restrito a serviços;
▪ Profissional (individual) - pessoas singulares que exerçam atividade no setor dos
festivais de música, de modo direto ou indireto, como fornecedor, promotor ou
prestador de serviços, com acesso a todos os serviços, exceto publicidade;
▪ Empresa / Banda / Festival (coletivo) - organizações de carácter científico,
empresarial, artístico ou associativo, com acesso a todos os serviços - Mínimo
modalidade Bronze;
▪ Instituições / Empresas / Bandas / Festivais (coletivo) - organizações de carácter
governativo (local, regional, nacional, internacional) e entidades internacionais, com
acesso a todos os serviços - Mínimo modalidade Prata;
▪ Fundador - pessoas singulares que procederam à constituição da APORFEST;
▪ Honorário - pessoas singulares que prestem serviços de prestígio, à APORFEST,
propostos pela direção e aprovados em assembleia geral;
6º
a) Os membros fundadores da APORFEST são: Ricardo Bramão, Marta Azevedo e Maria
Manuel Silva, que integraram a primeira direção com as funções de: presidente, vice-
presidente e jurista, respetivamente.
b) A entrada de novos membros associados obedece a requisitos pré-definidos, consoante
as categorias indicadas no artigo anterior, os quais são estabelecidos em cada mandato e
aprovados em assembleia geral e anunciado no sítio oficial.
c) A entrada de novos membros terá de ser validada pela direção, para o cumprimento
dos requisitos supramencionados ou outros elementos de notória relevância aos objetivos
da APORFEST.
d) A APORFEST pode eleger sócios honorários, em caso de reconhecimento público para
a associação atual e para a posteridade.
86
7º
Os associados, com exceção dos membros fundadores e outros que poderão ser propostos
pela direção e autorizadas pelo conselho fiscal, pagarão uma quotização anual (e joia na
primeira anuidade) fixada pela Assembleia Geral, sob proposta da direção e anunciada no
sítio oficial.
8º
Constituem direitos dos associados: tomar parte na Assembleia Geral; participar nas
atividades desenvolvidas ou promovidas pela APORFEST; usufruir de acesso gratuito,
descontos ou condições especiais nas suas atividades e nas de parceiros ou outros
associados.
9º
Constituem obrigações dos associados: pagar as quotas fixadas (e joia na primeira
anuidade) em Assembleia Geral; colaborar na realização dos objetivos da APORFEST;
cumprir e fazer cumprir os presentes estatutos.
Saída e exclusão de associados
10º
a) A saída voluntária de qualquer membro da associação é sempre permitida, mediante
pedido de demissão escrito pelo próprio e entregue diretamente à APORFEST; não
havendo lugar à devolução de quaisquer quantias previamente pagas a título de quota
anual.
b) A exclusão de membros associados, por iniciativa da APORFEST, verifica-se com
casos de violação das normas do código de conduta elaborado pela Direção e aprovado
pela Assembleia Geral, nomeadamente falta de pagamento das quotas, por período de
carência que ultrapasse 30 dias ou ofensa do bom nome da APORFEST e membros
associados, e ocorrerá mediante processo interno.
c) A exclusão de membros fundadores implica o pagamento pela APORFEST de todas
as despesas que hajam realizado, bem como honorários desde o mês anterior ao início da
associação.
d) Em caso de exclusão dos membros fundadores, estes têm direito de opção em fazer
extinguir a associação no prazo de 30 dias.
87
e) Os sócios honorários não podem vir a ser excluídos da APORFEST.
Dos Orgãos
11º
Constituem Órgãos Sociais da APORFEST:
a) Direção
b) Conselho Fiscal
c) Assembleia Geral
12º
Os Orgãos Sociais são nomeados de quatro em quatro anos em Assembleia Geral
Ordinária, através da apresentação de candidaturas em lista própria para cada órgão
social. As listas deverão ser entregues ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral em
carta fechada na APORFEST, com a antecedência mínima de vinte e cinco dias antes da
Assembleia decorrer. Os órgãos sociais poderão ver os seus mandatos renovados.
a) Direção
1. É composta por 3 associados, o presidente da direção, o vice-presidente da direção e
uma diretora com o cargo de jurista, que farão o arranque da associação num primeiro
mandato de quatro anos e com preferência de ocupação de cargos nos mandatos seguintes.
2. Todos os órgãos estatutários não serão remunerados no primeiro ano, podendo sê-lo
no segundo ano e seguintes, salvo disposto no art. 10º alínea c) destes estatutos.
3. Caso existam renúncias de cargos da direção, esta, com o parecer favorável do
Conselho Fiscal e até à seguinte Assembleia Geral, poderá preencher vagas com
associados que entender convenientes.
4. À direção compete a gerência social, administrativa e financeira da associação,
representar a APORFEST em juízo e fora dele.
5. A forma do seu funcionamento é estabelecida no artigo 171º do Código Civil.
6. A APORFEST obriga-se com a intervenção de duas assinaturas dos órgãos da direção.
b) Conselho Fiscal
1. O Conselho Fiscal, eleito em Assembleia Geral, é composto por 3 associados.
2. A este compete fiscalizar os atos administrativos e financeiros da direção, fiscalizar as
88
suas contas e relatórios, e dar parecer sobre os atos que impliquem aumento de despesas
ou diminuição de receitas.
3. A forma do seu funcionamento é estabelecida no artigo 171º do Código Civil.
c) Assembleia Geral
1. A mesa da Assembleia Geral é composta por três associados, um presidente e dois
secretários, dirigindo as reuniões e lavrando as actas.
2. A Assembleia Geral é formada por associados das categorias “profissional” ou
“empresa” no pleno gozo dos seus direitos, funcionando em Assembleias Gerais
Ordinárias e Assembleias Gerais Extraordinárias.
3. A Assembleia Geral Ordinária reúne anualmente até 31 de março e da sua ordem de
trabalhos constará a discussão e votação do Relatório Anual da direção, Balanço e Contas,
eleições quando as houver e os assuntos que a direção entenda dever submeter a análise.
A Assembleia Geral Extraordinária, reunirá em qualquer altura, a pedida da Mesa de
Assembleia Geral, Direção ou Conselho Fiscal, ou de mais de 50 associados das categorias
“profissional” ou “empresa” no pleno direito das suas funções.
4. As Assembleias Gerais Ordinárias e Extraordinárias serão convocadas através de
qualquer meio de comunicação dirigido aos sócios, com antecedência mínima de oito
dias, devendo constar uma ordem de trabalhos.
5. A competência da Assembleia Geral e do seu funcionamento são os estabelecidos no
Código Civil, designadamente nos artigos 170º, 172º a 179º.
13º
A APORFEST tem também um órgão consultivo - "Comissão Consultiva" composto por
vários associados em diferentes áreas de especialização efetiva e que são facilitadores
para o cumprimento de diferentes objetivos junto de outros associados ou entidades.
Capítulo III
14º
Constituem receitas da APORFEST: o produto das quotizações fixadas em assembleia
geral; rendimentos provenientes de qualquer iniciativa de produção, editorial, formativa
e/ou científica da APORFEST; subsídios, donativos, e legados de qualquer natureza e
origem; liberalidades aceites pela APORFEST; rendimento dos bens da APORFEST.
89
Capítulo IV
Exercício Social, Orçamento, Balanço, Contas
15º
O Exercício Social corresponderá ao ano civil.
16º
A Direção procederá ao inventário e balanço das atividades, fechará a conta de resultados,
e elaborará o orçamento para o exercício (ano civil) seguinte, submetendo toda a
informação ao parecer do Conselho Fiscal e à apreciação da Assembleia Geral.
Capítulo V
Disposições Gerais
17º
Os Estatutos podem ser alterados em Assembleia Geral expressamente convocada para
esse fim, por proposta da Direção ou de todos os elementos dos restantes Orgãos Sociais.
18º
A APORFEST poderá filiar-se em associações congéneres, nacionais ou internacionais.
19º
A APORFEST deverá garantir que os Estatutos reflitam, em cada momento, a evolução
da Associação e a sua inserção no contexto envolvente, pelo que a Direção fica incumbida
de propor à Assembleia Geral, no início de cada mandato, um estudo sobre a oportunidade
de ajustar os estatutos, caso o considere pertinente.
20º
Na falta de disposições estatutárias relativas a algum assunto sobre o funcionamento da
APORFEST, este deverá ser resolvido pela direção, por maioria.
21º
Extinta a APORFEST, o destino dos bens que integrarem o património social, que não
estejam afetados a fim determinado e que não lhe tenham sido doados ou deixados com
algum encargo, será objeto de deliberação dos associados.
90
ANEXO II – ACTA N.º8 APORFEST
91
ANEXO III – PROGRAMA TALKFEST’19
22 MARÇO | Talkfest
Museu das Comunicações – Lisboa
09h00-20h30
Abertura Talkfest'19 (9h00-9h10)
Graça Fonseca (Ministra da Cultura de Portugal); Teresa Salema (FPComunicações -
membro da administração); Ricardo Bramão (diretor Talkfest)
A. CONFERÊNCIAS (Auditório I)
9h10-10h10
> Qual a correta mensagem social que um festival deve ter?
Moderadora: Marta Leite de Castro (jornalista N360 / RTP)
1. Alfredo Vasconcelos (production manager Good Mood Org. / Boom Festival)
2. Gonçalo Lopes (vereador Câmara Municipal da Leiria)
3. Lu Araújo (diretora Mimo Festival)
4. Luís Carvalho (curador artístico EA Live)
5. Paulo Santos (Vereador Câmara Municipal de Faro)
10h10-11h10
> Os festivais conseguem seguir hoje todas as regras e legislação em vigor?
Moderador: Idevor Mendonça (repórter RTP)
1. Edson Santos (vice-presidente Câmara Municipal de Águeda)
2. António Guimarães (diretor AMG Music - O Sol da Caparica)
3. Francisco Rocha Gonçalves (vice-presidente Câmara Municipal de Oeiras)
4. José Aguiar Silva (produtor Laurus Nobilis Music Famalicão)
5. Rui Dâmaso (diretor Out.Fest)
11h25-12h25
> Marcas: patrocinadores, lobbying, relações de confiança e um mercado fechado a
novos festivais e promotores?
Moderadora: Ana Filipa Nunes (jornalista SIC/O Programa da Cristina)
1. Miguel Silva (music manager Red Bull Portugal)
92
2. Maria João Matos (diretora comunicação e marketing SCML)
3. Ricardo Costa (diretor ArtCor Light)
4. Jorge Rodrigues Silva (diretor executivo Bons Sons)
5. Rita Pinho Branco (diretora mkt. Ass. Mutualista Montepio Geral)
12h25-13h25
> Rototom Sunsplash: the history of the world's reggae festival
Keynote Speaker: Claudio Giust (Diretor Comunicação Rototom Sunsplash)
Moderador: Joan S Luna (jornalista Mondo Sonoro)
14h10-15h10
> Que problemas convergem nas várias disciplinas artísticas aquando da concepção
de um festival?
Moderador: Catarina Dias Ribeiro (jornalista RTP)
1. Hugo Nóbrega (owner H2N/Phenomena Maker & Humour Shows)
2. Luís Garcia (programador cultural Câmara Municipal de Évora)
3. Gui Garrido (diretor artístico Festival A Porta)
4. Pedro Souto (diretor Motel/X)
5. Rui Costa (diretor de recursos e projetos especiais Fundação de Serralves)
15h10-16h10
> As exigências dos artistas para um concerto: um vício, uma cortesia ou uma dor
de cabeça para os promotores - uma história com bons e maus exemplos
Moderadora: Iryna Shev (jornalista SIC Notícias / Expresso)
1. Marco António (manager / vocalista The Lucky Duckies)
2. Fernando Cabral (diretor / booking agent Soundsgood)
3. Ingrid Berger (Resp. Backstage Rock in Rio)
4. Nuno Laranjo (diretor Expofacic)
5. Fernando Daniel (artista)
16h30-17h30
> A produção exigida em contexto de festival: a mais, a menos, com vista ao
incremento de qualidade e diferenciação de concorrência ou não?
Moderadora: Carolina Valadas (jornalista SIC)
93
1. Adilson Lima Auxiliador (co-fundador Festival Iminente)
2. Terry Costa (diretor Cordas World Music Festival)
3. Steven Brito (engenheiro mecânico Nortaluga)
4. Fred Martinho (guitarrista HMB)
5. Leocádia Silva (diretora geral Fx Road Lights)
6. Isabel Candeias (produtora Edp Cooljazz / Id_no limits)
17h30-18h30
> Amsterdam Dance Event: case study
Keynote Speaker: Mariana Sanchotene (diretora Amsterdam Dance Event)
18h30-19h30
> Música ao vivo: A Coreografia/Cenografia está inerente como parte de um
concerto apenas nos grandes artistas?
Moderadora: Sara Lima (jornalista RTP)
1. Mundo Segundo (artista)
2. Blaya (artista)
3. Paulo Magalhães (diretor artístico / coreógrafo PMP Eventos)
4. Joaquim Silva (partner Feeders)
5. Mickael Carreira (artista)
B. PITCH STAGE (Auditório II)
10h00-10h30
EcoEventos - o que os festivais podem fazer para se tornarem mais sustentáveis?
(Ana Loureiro, diretora com. EGF)
10h30-11h00
BusUp - mais mobilidade para o público dos festivais (Rui Fernandes, CEO)
11h00-11h30
Artes à Vila - património, música, cultura e a 2.ª edição (Eduardo Jordão, diretor)
94
11h30-12h00
PortInsurance - Novas soluções de seguros para promotores e público que adquire
bilhetes para eventos (Rodrigo Esteves, mkt. & com.)
12h00-12h30
Academia de Música de Alcobaça - Cistermúsica e Gravíssimo! como festivais
comunicados para nichos de público (Dulce Alves, coord. mkt. & relações ext.)
12h30-13h00
Guitarras ao Alto - expressão musical no Alentejo e apresentação da edição de 2019
(Vasco Durão, diretor)
14h00-14h30
Multidados - como dar números e tornar tangível um festival? (Florbela Borges,
partner)
14h30-15h00
Estratégia de preparação e resposta para Eventos de Massa e respetiva
operacionalização, na salvaguarda da saúde pública (Ricardo Mexia, Public Health
Doctor INSA)
15h00-15h30
Associação Salvador - como melhorar a experiência de portadores de mobilidade
reduzida nos festivais? (Joana Gorgueira, project manager)
15h30-16h00
All Music Fests - o sonho de ter os festivais de todo o mundo numa plataforma
(Francisco Pereira, diretor)
16h00-16h30
Sou Quarteira - o caminho para mais uma edição (Naomi Guerreiro e Inês Oliveira,
produção)
95
16h30-17h00
Exib - como colocar música e artistas nos mercados lusófonos e hispânicos? (Adriana
Pedret, diretora)
17h00-17h30
A Palhinha de Massa - soluções sustentáveis para eventos e indução de novos
comportamentos (Luís Monteiro, diretor)
17h30-18h00
Deco - proteção do consumidor na experiência de um festival (Paulo Fonseca, Coord.
Dept. Jurídico e Económico)
18h00-18h30
Give Me 4 - onde até o público que assiste é voluntário (Bernardo Capucho, diretor)
18h30-19h00
Fever - como utilizar dados para criar melhores eventos (Isabel Solano, Head of Fever
Originals)
19h00- 19h30
Glownet – Soluções cashless para eventos (Irina Grade, Head of Operations Europa)
C. APRESENTAÇÕES CIENTÍFICAS (Meeting Room 1)
9h45-10h15
Cities regulated by cultural events: tracking music festivals in Lisbon and São Paulo
(Paulo Nunes, thesis, Universidade de Coimbra, 2019)
10h15-10h45
Leveraging brands at music festivals: NOS Alive sponsorship (Gonçalo Trindade,
thesis, ISCTE-IUL, 2017)
10h45-11h15
Estratégias de Internacionalização de Festivais de Música (Rodrigo Ferreira, thesis,
Universidade Porto, 2018)
96
11h15-11h45
Creating Shared Value in Rock in Rio Business Model - an evolution study (Tatiana
Ribeiro, paper, ISCTE-IUL, 2018)
11h45-12h15
Bioplásticos compostáveis na Economia Circular: possibilidades para os festivais
(João Costa, paper, Faculdade de Belas Artes, 2018)
12h15-12h45
O Efeito Punk - Rock: um arquivo do papel da música na expressão do design (Rita
Prates, thesis, Faculdade de Belas Artes, 2018)
12h45-13h15
Annual Report e Perfil do Festivaleiro - o raio-x dos festivais em Portugal
(Ricardo Bramão, study, Aporfest, 2019)
D. WORKSHOPS (Meeting Room 2)
9h45-11h30
Proteção de dados: aplicação do novo regulamento e regime jurídico para entidades
associadas a atividades culturais (Rumos - Carlos Figueira e João Leitão)
11h45-13h30
How to sell out my events, shortly and all by myself (Arenal Sound - Case-study) (See
Tickets - Antoine Biehler)
14h00-15h45
Music didn’t kill the data star! - A Comunicação Digital na Música e Festivais
(SA365 - Maria Manuel, Marina Faria e Margarida Pinto)
18h00-19h45
Como vender o meu espetáculo e/ou artista além-fronteiras? (WDB Management,
José Manso)
97
E. DOCUMENTÁRIOS (Meeting Room 1)
15h00
Sean Riley & Slowriders - Farewell (2018, PT, 48')
16h00
Paus- Madeira (2018, PT, 60') (Q&A com a banda)
17h15
Slave to the Grind (2018, CN, 100')
19h10
The Legendary Tiger Man - Fade into nothing (2018, PT, 70')
F. VOX EXPERT
Estúdio com entrevistas ao longo de todo o dia com os presentes no evento e emissão no
YouTube
G. ACTIVIDADES EXTRA
9h00-20h20 - Exposição | "Refrão" por Hugo Adelino
16h00-17h45 - Encontro Festivais da Região Centro [exclusivo para promotores,
entidades municipais, culturais e municipais] / Meeting Room 2
23h00-02h00 - Afterparty | Lisboa Night Tour
98
ANEXO IV – PROGRAMA IFA 19
13 MARÇO | Iberian Festival Awards
Teatro Afundación – Vigo
20h30-01h30
20h30 – Abertura de portas & welcome party | Hall Teatro, open bar
21h30 – 1.ª metade - Gala | Auditório
22h45 – Half-Time | Hall Teatro, open bar
23h00 – 2. ª metade - Gala | Auditório
00h00 - Afterparty | Hall Teatro, open bar
APRESENTADORES
Ana Cristina Câmara (PT/ES)
Pedro Luzindro (PT)
JÚRI
Alex Stevens (Dour Festival) (INT)
Almudena Palacios (Prisma Proyecto) (ES)
Beatriz de la Guardia (Planet Events & Ruta 66 Mag) (ES)
Daniela Queirós (Theatro Circo) (PT)
Ivo Purvis (Partners) (PT)
Jarmeson de Lima (Coquetel Molotov) (INT)
Javier Herrero (EFE) (ES)
Luís Sousa (Música em DX) (PT)
Pierre-Marie Oullion (Nuits Sonores) (INT)
LIVE ACT
Bezegol & Rude Bwoy Banda (PT)
Disco las Palmeras! (ES)
Filipe Sambado (PT)
Joana Espadinha (PT)
Kings of the Beach (ES)
Vudú (ES)
Diana Oliveira (PT - opening & afterparty)
99
ANEXO V– VENCEDORES E DESCRITIVOS CATEGORIAS IFA 2019
01. Best Major Festival powered by See Tickets
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Público
Vencedor Ibérico: Bilbao BBK Live (ES) | Vencedor Nacional: FMM Sines (PT)
Para eventos de 10.000 pax capacidade/dia. Festivais que combinam a capacidade do
público com os maiores espetáculos, palcos, performances, parceiros e impacto de media
do mundo, sem negligenciar a qualidade dos eventos.
02. Best Medium-Sized Festival
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Público
Vencedor Ibérico: Bons Sons (PT) | Vencedor Nacional: Arrecife en Vivo (ES)
Para eventos de 1500 a 10.000 pax capacidade/dia. Festivais que podem estar em
desenvolvimento, que tenham um público fiel, que podem ser mais criativos e criar uma
experiência mais íntima.
03. Best Small Festival
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Público
Vencedor ibérico: Rodellus (PT) | Vencedor Nacional: Sinsal Son Estrella Galicia (ES)
Para eventos com capacidade inferior a 1500 pax /dia. Festivais com maior propensão ao
desenvolvimento cooperativo e que envolvem toda a comunidade.
04. Best Touristic Promotion
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Júri
Vencedor ibérico: FMM Sines (PT) | Vencedor Nacional: WOS Festival (ES)
Festivais que integram estratégias e sinergias de promoção que atraem visitantes e turistas
em nível regional, nacional e internacional.
05. Best New Festival
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Público
100
Vencedor ibérico: O Son do Camiño (ES) | Vencedor Nacional: Artes à Vila (PT)
Novos festivais, formatos e redefinições de conceitos acontecem todos os anos. Esses
festivais ajudam a fornecer novos requerimentos e superam as expectativas dos
festivaleiros, artistas e parceiros.
06. Best Line-Up powered by ArtCor Light
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Público
Vencedor ibérico: Resurrection Fest Estrella Galicia (ES) | Vencedor nacional:
EdpCoolJazz (PT)
A música é sempre o principal fator de comunicação de um festival e a principal razão
para atrair os festivaleiros. A combinação de todas as atuações e as performances
especiais ou únicas permitem que os festivais sejam diferenciados da competição.
07. Best Indoor Festival
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do Público
Vencedor ibérico: Lisboa Electrónica (PT) | Vencedor nacional: Bime Live (ES)
Festivais de música (realizados num único dia ou vários dias) usando as estruturas das
salas de concerto existentes. Isso permite que os festivais ocorram em qualquer época do
ano e aumentem o número de festivais com tais características.
08. Best Cultural Programme
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do júri
Vencedor ibérico: Rototom Sunsplash (ES)| Vencedor nacional: FMM Sines (PT)
Festivais que adicionam ao programa de música outras atividades culturais (por exemplo,
documentários, teatro, artes visuais, oficinas, atividades para crianças.
09. Best Communication
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do júri
Vencedor ibérico: Neopop (PT) | Vencedor Nacional: Low Festival (ES
101
O sucesso de um festival depende da sua comunicação - ser eficaz, coerente e ser criativo
quando se trata de relações com a media irá atrair mais público, parceiros e melhores
atuações.
10. Best Hosting and Reception
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do júri
Vencedor ibérico: Bilbao BBK Live (ES) | Vencedor Nacional: Bons Sons (PT)
Os festivaleiros tornaram-se cada vez mais exigentes e muitas vezes a diferença pode
estar na receção e na hospedagem. Os recursos humanos (por exemplo, área VIP,
camping, bastidores, parceiros, seguranças, equipa médica) e outros fatores podem
melhorar a experiência do festival e fazê-los voltar ao festival.
11. Best Infrastructure
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do júri
Vencedor ibérico: Rototom Sunsplash (ES) | Vencedor Nacional: MIMO Festival (PT)
A eficácia de um festival é revelada no seu planeamento e engenharia (no local ou fora
dele) que facilitam o processo de circulação (por exemplo, estacionamento público, palco,
acesso, transporte, local).
12. Contribution to Sustainability
Festivais de Música (PT/ES) | Votação do júri
Vencedor ibérico: Festival Med (PT) | Vencedor nacional: Noches del Botánico (ES)
A preocupação com questões sociais, económicas e ambientais está a aumentar. É
importante que os festivais eduquem o público, os locais e a sociedade para ajudar na
criação de novos comportamentos.
13. Best Lusophone and Hispanic Festival
Festivais realizados em países ibero-americanos e lusófonos | Votação do público
Vencedor ibérico: Festival F (PT)
102
Nesta categoria apenas existe vencedor ibérico, uma vez que é o vencedor tanto do lado
espanhol como português.
14. Best Academic Festival
Festivais académicos (PT/ES) | Votação do público
Vencedor ibérico: Festival Académico de Lisboa (PT)| Vencedor Nacional: Nochevieja
Universitaria Salamanca (ES)
Festivais organizados por associações académicas e para o público académico e juvenil -
hoje esses festivais assumem grande importância e muitas vezes têm uma grande
dimensão.
15. Best Non-Music Festival
Festivais (PT/ES) | Votação do público
Vencedor ibérico: Serralves em Festa (PT) | Vencedor nacional: Poetas (ES)
Hoje existem muitos festivais que têm como área cultural primária algo fora da música e
por isso também reconhecemos esses eventos.
16. Best Festivity - NOVA CATEGORIA
Festividades (PT/ES) | Votação do público
Vencedor ibérico: Expofacic (PT) | Vencedor nacional: Semana Grande de San Sebastián
(ES)
Eventos culturais e populares que se caracterizam por eventos com grande aglomeração
de públicos baseados em festas, feiras e exposições que têm na música a maior fonte de
atração e comunicação.
17. Best Service Provider
Empresas que oferecem serviços em festivais de música PT/ES | Votação do júri
Vencedor ibérico: Idasfest (ES)| Vencedor nacional: Cision (PT)
103
Serviços prestados por diferentes empresas nos festivais de música (PT/ES) - (por
exemplo, segurança, luz e som, emissão de bilhetes, cenografia, equipa médica, bares,
limpeza, catering).
18. Best Brand Activation
Empresas que promovem a ativação de marcas em festivais PT/ES | Votação do júri
Vencedor ibérico: Ribera del Duero/Sonorama Ribera (ES)| Vencedor nacional: Toyota
Caetano (PT)
Os festivais são um dos mercados mais desejáveis para as marcas aumentarem a sua
consciência e se conectarem com o seu público. Ao longo dos anos, as marcas trouxeram
novas formas de surpreender, atrair e reter o público que acompanha esses eventos.
19. Best Use of Technology
Marcas/empresas que possuem soluções tecnológicas para festivais de música PT/ES |
Votação do júri
Vencedor ibérico: MB Way (PT) | Vencedor nacional: See Tickets (PT/ES)
Soluções tecnológicas e inovadoras para festivais, que proporcionam e agregam valor à
experiência dos festivaleiros (por exemplo, aplicações móveis, bilhetes RFID).
20. Best Media Partner
Parceiros media (PT/ES) | Votação do público
Vencedor ibérico: Mondo Sonoro (ES) | Vencedor nacional: Antena 3 (PT)
O poder da imprensa e media é essencial na promoção de um evento. A cobertura da
media é importante não apenas para os promotores, mas também para todas as outras
partes interessadas.
21. Best Live Performance (INT.)
Festivais, Agências ou Bandas (PT/ES) | Votação do público
Vencedor ibérico: Lenny Kravitz - O Son do Camiño (ES) | Vencedor nacional: David
Byrne - EdpCoolJazz (PT)
104
Apresentações de atuações internacionais em festivais de ambos os países que se tornaram
memoráveis.
22. Best Live Performance (PT/ES)
Festivais, Agências ou Bandas (PT/ES) | Votação do público
Vencedor ibérico: Bezegol - MUSA Cascais (PT) | Vencedor nacional: Bunbury -
Mundaka Festival (ES)
Apresentações de artistas portugueses/espanhóis em festivais de ambos os países que se
tornaram memoráveis.
23. Excellence Award
Nomeação direta | APORFEST + Júri + Associados
Vencedor ibérico: Luis Ferreira (Bons Sons)
Dedicado a um indivíduo (um de cada país - PT/ES) cujo papel, visão e energia
impulsionou a indústria dos festivais de música de forma dinâmica, criativa e positiva.
105
ANEXO VI – PROGRAMA FINAL ENCONTRO DOS FESTIVAIS EM
PORTUGAL: PROMOTORES E MUNICÍPIOS
Programa final
9h15-9h30 - Abertura e apresentação do Encontro e estratégia Aporfest
9h30-10h00 - Discussão de temas [coletivo]
10h00-11h00 - Sessão esclarecimento ASAE - Autoridade de Segurança Alimentar e
Económica, com: Eng. Cristina Caldeira (Inspetora Diretora da Unidade Nacional de
Operações] e Eng. João Pedro Machado [Inspetor Chefe da Divisão de Controlo
Operacional]
11h00-11h30 - Coffee Break [disponibilidade organização]
11h30-12h30 - Sessão esclarecimento PassMúsica (Audiogest/GDA), com: Silvia Sá
(Direção executiva)
12h30-13h00 - Espaço para pitch (intervenções individuais)
13h00-14h00 - Almoço
14h15-15h15 - Sessão esclarecimento ACT - Autoridade para as condições do Trabalho,
com: Paula Vieira (Chefe da Divisão da Coordenação da Actividade Inspectiva)
15h15-15h45 - Discussão e esclarecimento: Taxa de IVA em eventos culturais para 2019
15h45-17h00 - Elaboração compromisso de boas práticas
17h00-17h15 - Formulação de etapas futuras e escolha comissão projeto
17h15-17h30 - Coffee Break [disponibilidade organização]