Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
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Fatores sociais e epistemológicos relativos à interdisciplinaridade do
conhecimento científico, na Universidade Federal de Pelotas – UFPel: um estudo de
caso
Léo Peiosto Rodrigues1 Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Gabriel Bandeira Coelho2
Universidade Federal de Pelotas - [email protected]
Eixo temático: Teoria e Prática da Interdisciplinaridade
Introdução
Já existe alguma produção acadêmica que busca dar conta dos termos interdisciplinar e, mais
recentemente, transdisciplinar. Alguns desses trabalhos objetivam problematizar não apenas as noções de
interdisciplinaridade ou de transdisciplinaridade, mas também a idéia de multidisciplinaridade ou de
pluridisciplinaridade. Evidentemente que os prefixos inter, trans, pluri e multi apresentam diferenças
relativamente claras entre si. Multi e pluri são praticamente sinônimos e parecem denotar, com alguma
precisão, a idéia de diversos, de vários: um currículo acadêmico geralmente é multi ou pluridisciplinar.
Assim, este artigo não se deterá numa discussão mais específica dos termos multidisciplinar ou
pluridisciplinar por julgarmos que o seu emprego é relativamente consensual.
Em outro lugar, abordamos sobre os pífios resultados concretos do debate que por vezes se
travam sobre as diferenças conceituais entre os termos interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, etc. Não
cremos que essa discussão semântica faça, de fato, avançar a reflexão em torno das dificuldades que
posturas interdisciplinares de pesquisa realmente enfrentam. Portanto, a discussão que será feita neste artigo
utilizará sempre o termo interdisciplinaridade, acreditando que a reflexão que propomos servirá, se não
completamente, parcialmente, aos demais termos que evocam abordagens teóricas e práticas que envolvam
mais de uma disciplina.
Outro aspecto é que as abordagens teóricas sobre a interdisciplinaridade quase sempre exploram ou
questões internalista, ou em questões externalista3 do conhecimento científico, isto é, ou são discutidos
1 Doutor em Sociologia (UFRGS); professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel - RS) 2 Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel-RS)
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aspectos epistêmico-metodológicos ou aspectos de caráter exclusivamente político-institucionais. Queremos
neste artigo retomar uma reflexão que envolva tanto os aspectos de natureza epistemológica, como aqueles
que se vinculam à dimensão político-sociológica da produção de conhecimento científico. Neste sentido,
antes de discutirmos as questões que envolvem a interdisciplinaridade propriamente dita, julgamos de
fundamental importância resgatar, primeiramente, alguns aspectos históricos e epistemológicos que deram
origem ao próprio processo de disciplinarização do conhecimento científico.
Este artigo está organizado em três momentos: inicialmente um resgate histórico, sociológico e
epistemológico dos principais fatores que deram origem ao processo de fragmentação (disciplinarização) do
conhecimento; posteriormente, buscamos, de modo mais reflexivo, discutir diferentes enfoques teóricos,
com relação à disciplinarização do conhecimento, lançando mão de elementos conceituais de Pierre
Bourdieu, de Michel Foucault e a perspectiva teórica do processo disciplinar de Timothy Lenoir; por fim,
indicamos alguns fatores restritivos à interdisciplinaridade e a necessidade de se repensar saídas para a
superação dos obstáculos que se contrapõem a uma efetiva prática interdisciplinar. Argumentamos que essa
questão precisa ser enfrentada a partir de renovados referenciais teóricos sejam do ponto de vista micro ou
macro do processo de produção do conhecimento científico.
O conhecimento científico e a fragmentação disciplinar
De origem latina, a palavra disciplina – mesma origem do termo discípulo (discipulus) – significa
ensino, instrução, método de ensino, matéria de ensino, mas também significa sujeição, ordenação (Koehler,
1959, p. 248). O processo de disciplinarização do conhecimento na modernidade teve início com a primeira
e grande diferenciação entre conhecimento filosófico e conhecimento científico, a partir do século XVII,
com o gradativo aumento dos trabalhos experimentais e empíricos. A Ciência, entendida como ciência da
natureza, somente solidificou a sua autonomia a partir do século XIX, período em que uma rica e sinuosa
história do Conhecimento, quer do ponto de vista epistemológico4, quer do ponto de sua institucionalização,
produziu um vigoroso processo de diferenciação (disciplinarização) do conhecimento. Wallerstein (1996, p.
3 Conforme Lamo de Espinosa, García e Albero (1994, p. 461, grifo nosso) "[...] a 'explicação internalista' dá ênfase no fato de
que o progresso científico deve-se a fatores estritamente cognitivos ligados ao trabalho cotidiano dos cientistas, recorrendo, para tal tarefa, a procedimentos lógicos e empíricos de tipo normativo e universal; a "explicação externalista" destaca que o desenvolvimento da ciência moderna só pode ser entendido a partir de condições variadas (sócio-econômicas, políticas, culturais, etc) que circunscrevem o trabalho dos cientistas."
4 O termo epistemológico – que significa, em sua raiz grega, o estudo da própria ciência, como forma de produção de conhecimento – será aqui empregado sempre que desejarmos fazer referência a como a Ciência se fundamenta, em termos teóricos e metodológicos, para pretender falar “verdadeiramente” acerca do mundo.
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21) afirma que “a história intelectual do século XIX é marcada, antes de tudo, por este processo de
disciplinarização e profissionalização do conhecimento, o que significa dizer, pela criação de estruturas
institucionais permanentes...”.
A disciplinarização do conhecimento ou da constituição de disciplinas, no decorrer da rica
história do conhecimento moderno, foi provocada por múltiplos fatores de diferentes ordens. Entretanto,
acreditamos que tais fatores possam ser colocados, para fins didáticos, em duas grandes categorias: uma que
se referem às características intrínsecas de cada tipo de conhecimento, de disciplinas, e que encerra o que
chamaremos de fatores epistemológicos; e outra que se referem aos processos de institucionalização
político-social (o campo disciplinar propriamente dito, isto é: as faculdades, os institutos, as cátedras) e que
apresenta fatores de ordem sociológica e política. Ambas as categorias, em maior ou menor grau, como já é
bem sabido, de certo modo foram sobredeterminadas por uma ontologia racionalista, empirista e
experimental de conhecimento, em que práticas metódicas de análises e sínteses constituíam-se em axiomas
fundamentais. Segundo Wallerstein (1996, p. 21) o processo de disciplinarização fundamentou-se no fato de
que: A criação de disciplinas múltiplas teve por premissa a crença segundo a qual a
investigação sistemática exigia uma concentração especializada nos múltiplos e
distintos domínios da realidade, um estudo racionalmente retalhado em ramos de
conhecimento perfeitamente distintos entre si. Essa divisão racional prometia ser
eficaz, ou seja, intelectualmente produtiva.
As universidades, como instituição social, já existiam desde o século XIV, inseridas em
alguns dos diferentes contextos sociais europeus. Elas desempenhavam um significativo papel social:
produtoras e reprodutoras de mão-de-obra voltada para a ordem político-econômica vigente, não obstante a
escassa especialização disciplinar, subordinadas às relações de poder, oriundas da forte dominação clerical.
Isto impediu a efetiva expansão da Ciência, dada à inexistência de pesquisa, e fez com que houvesse pouca
especialização do conhecimento científico nas universidades da Europa durante os séculos XIV e XV. As
poucas disciplinas existentes, tais como: astronomia, física natural, aritmética, geometria, provenientes de
macrodisciplinas, as chamadas cátedras, como Ciência, Medicina e Filosofia, apresentavam-se ainda
demasiadamente filosóficas, amplas e generalistas (Rodrigues, 2003). A não-especialização do
conhecimento no interior das universidades de algumas das principais cidades européias fez com que o
mesmo permanecesse relativamente estagnado até o final do século XV. Certamente esta foi uma das razões
para que as “ciências naturais” passassem a não depender das universidades, durante o período renascentista,
para prosseguirem em seu desenvolvimento. Elas conseguiram angariar apoio político e econômico fora das
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instituições universitárias, dada a promessa de resultados práticos e eficazes. Bem-David (1974, p. 236), a
este respeito explica que: Em diferentes partes da Europa, entre os séculos XV e XVII, surgiram grupos
influentes de pessoas econômicas e socialmente móveis que estavam em busca de uma
estrutura cognitiva coerente com seus interesses numa sociedade mutável, pluralista e
orientada para o futuro. A ciência natural empírica (cujo desenvolvimento conceitual foi
independente de tais circunstâncias sociais) dava essa estrutura cognitiva, cuja validade
poderia ser posta à prova. Embora não desse algo semelhante a um modelo lógica e
empiricamente satisfatório para a explicação da vida social, seu progresso constante
despertava suficiente confiança na crença de que os métodos científicos algum dia dariam a
chave para a compreensão do homem e da sociedade.
As ciências sociais – chamadas, então, genericamente de humanidades – tiveram a sua
história de desenvolvimento e de posterior diferenciação disciplinar, vinculada às universidades. A história
da disciplinarização do conhecimento social praticamente se confunde com a história da revitalização das
universidades, no final do século XVIII e primeira metade do XIX. Mesmo assim, o reconhecimento formal
de muitas das disciplinas como hoje as conhecemos (sociologia, história, pedagogia, geografia, economia,
ciência política, antropologia etc.) só passou a ocorrer após 1850, estendendo-se até quase o final da
primeira metade do século XX. Foi nesse período que ocorreu a institucionalização das diferentes disciplinas
vinculadas às ciências sociais e à conseqüente institucionalização da formação de profissionais. Também foi
nesse mesmo período que se deu a institucionalização da pesquisa e o aparecimento de uma série de
periódicos especializados tanto em âmbito nacional como internacional (Wallerstein, 1996).
Na metade do século XX, já era possível identificar um punhado significativo de disciplinas,
tanto nas ciências naturais como nas ciências sociais. Evidentemente que essa primeira grande diferenciação
disciplinar do conhecimento veio acompanhada por dois importantes movimentos: um de ordem
epistemológica e o outro de ordem sócio-político-institucional. As diferentes e novas disciplinas,
estruturadas dentro de uma tradição positivista5 de Ciência, necessitaram desenvolver um objeto
relativamente bem delimitado, um método de abordagem empírica e um escopo teórico. Tal autonomia
disciplinar propiciava, portanto, uma relativa autonomia também no campo epistemológico, uma vez que a
própria epistemologia no decorrer do processo de disciplinarização do conhecimento autonomizava-se da
5 Ao nos referir à expressão “tradição positivista”, lembramos que a filosofia positiva de Auguste Comte, sobretudo em seu “Curso de Filosofia Positiva” (1983), condensa, de maneira muito sistemática, toda a tradição empirista e racionalista. Comte engloba, no que chamou de “ramos fundamentais da filosofia natural” tanto aspectos epistemológicos da física clássica (o mecanicismo), como da biologia (o evolucionismo e o organicismo). Esta tradição do “fazer científico”, plasmada na filosofia positiva de Comte, conhecida como “received view”, ou “concepção herdada”, orientou toda a sua proposta para a construção do conhecimento social.
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tutela da filosofia, para tornar-se parte integrante dos diferentes currículos. A partir da segunda metade do
século XX, as diferentes disciplinas já se referiam as suas “epistemologias particulares”, isto é, sobre o
modo como elas deveriam produzir e fundamentar o conhecimento que lhes era atinente.
A autonomia das diferentes disciplinas não se restringiu, como já mencionamos, a uma
autonomia epistemológica, teórica, metodológica ou curricular. A disciplinarização do conhecimento, em
fins do século XIX e na primeira metade do século XX, não apenas coincidiu, mas propiciou e foi propiciada
pelas transformações na estrutura social, sobretudo vinculadas ao mundo do trabalho. Se analisarmos os
principais centros universitários do mundo, onde primeiramente se deu a formação (autonomização) e a
consolidação de diversas disciplinas do conhecimento científico, principalmente vinculadas às ciências
humanas, verificaremos que, concomitantemente nesses mesmos centros, houve uma importante redução da
empregabilidade no setor rural e um aumento do número de empregos (e de população) nas cidades. Sobre
esta mudança estrutural do emprego, sobretudo nos países de economia avançada, os quais foram
precursores no processo de disciplinarização do conhecimento científico, Castells (1999, p. 230 [grifos do
autor]) argumenta que: A análise da evolução do emprego nos países do G-7 deve começar pela
distinção entre dois períodos que, por pura sorte, correspondem às nossas duas
diferentes bases de dados: circa 1920-70 e circa 1970-90. A principal distinção
analítica entre os dois períodos origina-se do fato de que, durante o primeiro período,
as sociedades em exame tornaram-se pós-rurais, enquanto no segundo·período elas
realmente se tomaram pós-industriais. Quer dizer, houve declínio maciço do emprego
rural no primeiro caso e rápido declínio do emprego industrial no segundo período.
Além das questões epistemológicas, a disciplinarização do conhecimento passou a produzir e
reproduzir diversificadas estruturas de saber – saber-poder, nos termos propostos por Foucault (2006) –
relativamente autônomas, as quais constituíram-se em lócus de poder, isto é num campo agonístico (de luta),
onde variados bens simbólicos são disputados. Em outras palavras, o processo de formação de diferentes
disciplinas veio acompanhado de um processo estruturante de práticas discursivas e da decorrente
institucionalização dos novos saberes, cujo campo (disciplinar) produzia uma nova moeda de troca: o
conhecimento específico de tal disciplina; e, por conseguinte, toda a estruturação de um novo mercado de
trocas simbólicas, nos termos teóricos propostos por Pierre Bourdieu (2000).
Pierre Bourdieu, em diferentes obras, aplica um de seus principais conceitos para a análise de
relações sociais que é a noção de “campo”: Campo de produção literário, campo artístico, campo jurídico,
campo científico, etc. A noção de campo, segundo ele, serve para compreender as diferentes produções
culturais. Entretanto, a compreensão de tais produções não deve se referir exclusivamente ao conteúdo
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textual de tal produção, ou ao contexto social em que tal produção se dá. Para Bourdieu, a noção de campo
serve para indicar um espaço social, dentre outros tantos, que apresenta uma relativa autonomia, isto é,
regras próprias que definem o que é ou não legítimo, o que tem ou não valor, o que é próprio e o que é
impróprio àquele campo. Bourdieu (2004, p 21) diz que: “O campo científico é um mundo social e, como
tal, faz imposições, solicitações etc., que são, no entanto, relativamente independente das pressões do mundo
social global que o envolve”.
Quando focado o processo que disciplina o conhecimento científico, por um viés teórico proposto
por Bourdieu, poderíamos conceber a constituição de disciplinas como subcampos com relação ao campo
científico, uma vez que as diferentes disciplinas apresentam, em maior ou menor proporção. Neste sentido,
emerge uma relativa autonomia com relação ao campo científico como um todo, e passam a ser construídos
os elementos que diferenciam tal autonomização; isto é, que as particularizam, tanto do ponto de vista
epistemológico como político-social.
Timothy Lenoir (2004), ao se referir aos aspectos sócio-culturais da produção e institucionalização
das disciplinas científicas, busca superar os impasses entre ciência internalista (realismo) e ciência
externalista (subjetivismo), explorando a noção de verdade como historicamente situada e aspectos do
realismo pragmático de C.S. Peirce e de William James. Em Pierre Bourdieu, Lenoir, percebe que o teórico
da “sociologia dos campos” reconhece tanto a lógica racional da teoria, como a lógica da prática e da ação
estratégica. Assim, lança mão de um conjunto de conceitos desenvolvidos no interior da sociologia de
Bourdieu, com vistas a apresentar seu enfoque sobre a história da ciência. Ao se referir às disciplinas do
conhecimento científico, Lenoir, (2004, p. 65 [grifos do autor]) argumenta que:
As disciplinas são a infra-estrutura da ciência corporificada, antes de qualquer coisa,
nos departamentos universitários, nas sociedades profissionais, nos manuais e livros didáticos.
Como Charles Rosenberg tem apontado, a identidade disciplinar forma a identidade
vocacional de um investigador, estabelecendo problemas e definindo ferramentas para abordá-
los; além disso, a disciplina premia realizações intelectuais. Ao mesmo tempo, a disciplina
ajuda a estruturar as relações dos cientistas com contextos particulares institucionais e
econômicos. As disciplinas são os mecanismos institucionais para regular as relações de
mercado entre consumidores e produtores de conhecimento. Elas são também instrumentos
para distribuir status; ao fundar especialidades e habilidades, a disciplina estabelece limites e
demarca hierarquias entre especialistas e amadores. (...) Ao mesmo tempo, na quantidade de
operadores práticos corporificados, as disciplinas são estruturas políticas que de forma crucial
fazem a mediação entre a economia política e a produção do conhecimento
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Lenoir, na citação anterior, consegue abarcar de forma ampla, porém precisa, as diferentes
dimensões institucionais da disciplina como um subcampo do campo científico. Ao afirmar que as
disciplinas são a infraestrutura da Ciência, o autor está apontando o espaço onde de fato o conhecimento
científico é produzido e, como mercadoria (ou moeda de troca), representa um capital simbólico e
conseqüentemente determina o “valor”, a posição (status) de diferentes atores sociais no espaço social da
produção do conhecimento científico. Neste sentido, o processo de disciplinar do conhecimento científico
tem produzido diversificados nichos de práticas científicas, em que a diferenciação não se restringe a
questões meramente epistemológicas (objeto, método, heurística, teorias, descobertas etc.) como supõem
alguns debatedores sobre a interdisciplinaridade, mas encerram questões de ordem social, uma vez que o
processo de construção de disciplinas tem produzido também estruturas políticas, estruturas discursivas, e
estruturas de bens simbólicos.
Michel Foucault, em diferentes momentos de sua obra, mesmo em sua fase mais fortemente
marcada pelo estruturalismo, tem apontado para os aspectos sociológicos da disciplinarização do
conhecimento. Entretanto, é no Foucault da genealogia, isto é, o Foucault de Vigiar e Punir (2006) e seus
escritos posteriores que a questão do conhecimento, do saber é colocada como possível de ser explicada
pelo poder. Foucault (1995) busca dar conta de explicar o poder não como emanando de um determinado
centro (o Estado, por exemplo), mas do exercício concreto do poder, na sua dimensão mais micro, mais
molecular. De outro modo, para Foucault, o conhecimento, o saber não se vinculam a um estatuto
epistemológico de verdade, uma vez que a verdade depende de um sistema discursivo socialmente aceito.
Lenoir (2004, p. 66) vai concordar também com essa perspectiva Foucaultiana, desdobrando-a para explicar
a disciplinarização do conhecimento. Segundo ele, a noção de poder em Foucault não deve ser vista como
“uma força negativa”, mas sim como uma “fonte construtiva”. Argumenta ainda que para Foucault, são as
relações de poder, que fazem parte da tessitura social e acabam por engendrar as regras para a “produção da
verdade e do conhecimento”; e acrescenta:
Se minha interpretação [de Foucault] está correta as disciplinas são estruturas essenciais
para sistematizar, organizar e incorporar as práticas sociais e institucionais das quais dependem
tanto o discurso coerente quanto o exercício legítimo do poder. A concepção de disciplina que
quero desenvolver se integra à noção de Foucault e de uma formação discursiva (...) A idéia de
regime de verdade e formação discursiva fornecem recursos úteis para compor a análise do
problema das disciplinas (...) A disciplina é central a micropolítica da produção do
conhecimento. Além disso, essas noções dão suporte à imagem da ciência desunificada (...) a
disciplina é crucial para organizar e estabilizar a heterogeneidade. Operando em silêncio, mas
poderosamente, ela é que faz a ciência desunificada funcionar (Lenoir, 2004, p. 67-70).
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É interessante observar-se que o argumento de Lenoir (2004) ao justificar e defender a
disciplinarização do conhecimento, apoiando-se, de certo modo em Bourdieu e Foucault, apresenta
importantes elementos de persuasão. É necessário, porém, avançarmos um pouco mais.
Certamente que as disciplinas produzem heterogeneidade no conhecimento científico, tanto no que se
refere aos seus aspectos epistemológicos, como os de uma micropolítica no âmbito da Ciência. Todavia, o
efeito colateral (e, como tal, perverso) desse processo de disciplinarização é justamente o contínuo
aprofundamento, produzindo o que se conhece como hiperespecialização. Com isto, pode acontecer
exatamente o contrário do que afirma Lenoir (2004), ou seja, a desorganização e desestabilização, da
Ciência, como um campo (no sentido proposto por Bourdieu) com relativa autonomia, aproximando-se,
tanto em aspectos epistemológicos como sociológicos daquilo que Boaventura de Souza Santos (1989) vê
como uma “Ciência pós-moderna”. Em outros termos, significa dizer que o processo de hiperespecialização
e de fragmentação disciplinar poderia se constituir como um sério obstáculo epistemológico aos esforços
inter e transdisciplinares.
Interdisciplinaridade: aspectos epistêmico-sociais
Se a Ciência como forma de produção de conhecimento for pensada pelos vieses “internalista” e
“extermalista”, isto é, o primeiro se referindo sobre a lógica intrínseca, específica da chamada “descoberta
de pesquisa”, e o segundo se referindo sobre o contexto sócio-político-cultural em que tal “descoberta”
ocorre e é validada, certamente estaríamos apenas optando por uma didática de exposição. Estes “dois
momentos”, internalista/externalista do fazer científico não podem ser separados, dado que se confundem e
se interfecundam no processo de produção científica. Os agentes sociais (cientistas ou instituições de
pesquisa), produtores de ciência, estão mergulhados, ao mesmo tempo, nessa dualidade6.
No contexto de instabilidade do entre-guerras, as nações desenvolvidas fazem com que a
pesquisa em diferentes áreas do conhecimento fosse acelerada, sobretudo com fins armamentistas tanto para
defesa como para o ataque. Após 1945 os Estados Unidos saem da guerra com significativo poder
econômico e científico-tecnológico, esse último, resultado da integração de conhecimentos produzidos em
diferentes disciplinas científicas. Um dos exemplos mais significativos dessa integração e um dos primeiros
6 Quando se aponta para a falsa dicotomia entre internalismo e externalismo na produção do conhecimento científico, ou sobre um processo retroalimentativo (micro e macro) do “fazer científico” não estamos trazendo propriamente uma novidade. Thomas Kuhn (1996) já apontava para a dimensão complementar de tais processos. As discussões pós- estruturalistas realizadas pela sociologia têm muito a contribuir para o debate interdisciplinar.
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trabalhos realmente interdisciplinar foram os estudos da cibernética que já aconteciam antes de 1943 e se
seguiram até o pós-guerra, com as chamadas Conferências de Macy7, organizadas pela fundação Josiah
Macy Jr8. O poderio científico dos Estados Unidos fez com que outras nações como a Ex-União Soviética e
diferentes países europeus, investissem de forma maciça em diversos ramos de pesquisa. Este contexto teve
como palco o cenário de uma crescente expansão das cidades, das populações urbanas e do desenvolvimento
das universidades como centro de pesquisa e excelência.
A partir de então foi possível presenciar um inédito processo de diferenciação do
conhecimento e, como toda a diferenciação, um aumento de complexidade epistemológica. A partir da
segunda metade do século XX, verificou-se um processo que passou a ser chamado de hiperespecialização
do conhecimento científico; tornou-se comum falar que alguém era especialista em algum ramo disciplinar.
Esse processo de hiperespecialização originou-se, por um lado, das transformações sociais, políticas e
econômicas – a reconfiguração geopolítica que se consolidou logo após a II Grande Guerra, e o chamado
pós-industrialismo que emerge a partir da década de 70 do século XX; e, por outro, lado dos produtos
produzidos no interior das diferentes instituições de produção de conhecimento científico, isto é, a
tecnologia num sentido lato, que remodelaram as sociedades.
Assim como a especialização, a hiperespecialização também teve o seu desenvolvimento a
partir de uma dinâmica que envolveu aspectos epistemológicos e aspectos político-institucionais. Do ponto
de vista epistemológico, o emprego de abordagens metodológicas de caráter indutivista-dedutivista, calcada
muito mais numa episteme de análise (quebra, repartição) do que numa episteme de sínteses (unificação,
organização, composição), levou cada uma das disciplinas do conhecimento científico a se confrontar com
suas próprias fronteiras, isto é, fronteiras inter (do latim: entre, no meio de, por entre de) disciplinares. Eis
aí uma primeira aproximação do sentido etimológico do termo interdisciplinar. Desta forma, as fronteiras
entre uma e outra disciplina tradicional propiciaram a possibilidade do desenvolvimento de novas
disciplinas, seja pelo método utilizado (dimensão epistemológica), seja pela possibilidade de produção de
novos nichos de institucionalização política e de poder do conhecimento (dimensão político-institucional).
Na segunda metade dos novecentos é possível ser assistida uma série de processos que se
retroalimentam e consolidam o aprofundamento da especialização disciplinar, quis sejam: a explosão urbana
e a emergência de novas necessidades associadas à remodelação do mundo do trabalho; a institucionalização
7 Essas conferências (fechadas, isto é, não públicas) tinham um caráter absolutamente interdisciplinar, considerando que eram compostos por matemático, neurofisiólogo, biólogo, filósofo etc., como representante da sociologia Talcott Parsons participou de algumas delas. 8 Para um maior conhecimento sobre integração disciplinar desenvolvida pela cibernética ver DUPUY, M. (1996) e RODRIGUES, L. e MENDONÇA, D. (2006).
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de novas profissões, vinculadas ao setor de prestação de serviços e a própria ampliação da noção de
“serviços”. Além disto, foi possível assistirmos à vigorosa horizontalização do ensino técnico e
universitário. Tudo isto fez com que as novas disciplinas – a chamada hiperespecialização – encontrassem
espaço epistemológico e político para se institucionalizarem. Entretanto, estes novos espaços implicam na
necessidade, tanto numa perspectiva internalista como externalista – divisão esta, diga-se novamente, de
caráter meramente didático – de que a Ciência seja repensada, reestruturada, reorganizada tanto em aspectos
de natureza epistemológica (conceitos, comensurabilidades, métodos, heurísticas, teorias, empiria etc.),
como nos aspectos de natureza político-institucional, isto é, a necessidade de se repensar o campo científico
como um todo.
A partir de uma perspectiva epistemológica, a hiperespecialização, ao gerar as “disciplinas de
fronteira” tem colocado em relevo questões importantes sobre o método analítico. Tem demonstrado, por
exemplo, que o contínuo fluxo de novos conhecimentos, a partir do loteamento do próprio conhecimento,
tem conduzido a ciência não apenas a uma infinidade de conhecimento(s), mas também a sua relatividade, a
sua precariedade, a sua temporalidade (circustancialidade), no que se refere à pretensão iluminista de falar
verdadeiramente sobre o mundo. Ao contrário do que se pensava nos primeiros passos da ciência moderna,
quando se acreditava que o mecanicismo, o evolucionismo e o positivismo, vinculados, respectivamente, às
ciências física, biológica e humana, conseguiriam encontrar as leis que governavam o conhecimento
universal, a hiperespecialização tem mostrado que a secção do conhecimento faz emergir não apenas novos
campos férteis de reflexão científica, mas também novos esboços disciplinares e possibilidades
institucionais de poder.
À medida que a hiperespecialização, a fragmentação ou a diferenciação do conhecimento foi
ocorrendo, guiada pelo método indutivo-dedutivo, em busca de um objeto último, um telós, uma lei, uma
certeza, um fundamento, verificamos, contrariamente, a emergência de um fabuloso número de objetos –
naturais e não-naturais –, os quais apresentam uma surpreendente gama de possibilidades combinatórias,
fazendo aumentar a noção de complexidade da realidade e a precariedade da noção de verdade. A partir de
então, o conceito de interdisciplinaridade começa a lograr guarida nas reflexões acadêmica. Parece que a
noção de interdisciplinaridade, como tantos outros conceitos que fazem parte da história do conhecimento,
emerge para anunciar uma situação de crise: a própria crise do método analítico de se fazer conhecer.
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Considerações
Muito já se tem debatido sobre as possibilidades e impossibilidades da interdisciplinaridade. Os
debates, como já mencionamos, via de regra, colocam-se a partir de uma abordagem epistemológica
separada de uma reflexão político institucional, ou contrariamente. Entretanto, como têm sido demonstradas
pela história da Ciência e ao logo do processo de disciplinarização do conhecimento, as questões
epistemológicas e político-institucionais são faces de uma mesma moeda.
A interdisciplinarização do conhecimento, portanto, esbarra sempre na demarcação dos
subcampos disciplinares que, dada a necessidade de diferenciação como instância de poder, constroem todo
um sistema de ordenação simbólica. Do ponto de vista epistemológico, esse sistema simbólico constitui-se
na construção de um código conceitual, metodológico, teórico etc; e, do ponto de vista sociológico,
constitui-se em uma demarcação burocrático-legal de campo de poder, isto é, a institucionalização de
diferentes instâncias, respaldadas pelo sistema jurídico tais como conselhos profissionais, sindicatos,
associações, agremiação etc. Entretanto, a disciplina, para constituir-se como tal, necessita desses dois lados:
o epistemológico que se vincula mais ao macro campo denominado Ciência, constituído como um campo de
conhecimento autonomizado secularmente, e o sociológico que se acopla, com relativa plasticidade, às
peculiaridades político-institucionais, de diferentes sociedades. Resta-nos, então, questionar sobre até que
ponto a interdisciplinaridade é desejada e necessária para a Ciência contemporânea.
Se tomarmos as reflexões de Pierre Bourdieu (2000, 2004), Por exemplo, veremos que todo o campo
que se autonomiza – e quanto mais autônomo for – adquire a capacidade de se produzir (autopoduzir) e de
reproduzir (com o tempo) seus diferentes capitais, isto é, o capital político, social, cultural, econômico e
simbólico. Do mesmo modo, se tomarmos as reflexões de Niklas Luhmann (1998, 2007), veremos que em
sua abordagem sistêmica a Ciência pode ser vista como um sistema autorreferente que se produz e reproduz
a si próprio mediante as comunicações que produz e se reproduzem. Neste sentido, a Ciência, do modo com
tem sido produzida, e reproduzida impossibilita ou no mínimo dificulta os espaços para o desenvolvimento
da interdisciplinaridade, uma vez que tanto a partir de uma perspectiva de método (epistemológica), como
de uma perspectiva político-social, a fragmentação disciplinar tem sido paradigmática. Decorre daí que a
interdisciplinaridade surge, contemporaneamente, mais como uma necessidade que propriamente um desejo.
É certo que a Ciência, tanto de um ponto de vista epistemológico como político-institucional, logrou
importante êxito durante toda a sua história. São incontestáveis os benefícios proporcionados pela Ciência
nos últimos três séculos. Inúmeros indicadores bio-sociais tais como número populacional, longevidade,
alimentação, controle de pragas e doenças, integração de regiões, etc, indicam que a Ciência, como um
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projeto da modernidade, logrou pleno êxito, conduzindo, inclusive, a humanidade a perceber os próprios
limites da relação homem e natureza versus Ciência e sistema capitalista de produção.
Não queremos passar uma visão ingênua sobre a Ciência, não discutindo aqui os diversos problemas
decorrentes do seu desenvolvimento: aquecimento global, problemas na camada de ozônio, desmatamento
desordenado, extinção de espécies animais e vegetais, surgimento e intensificação de novas patologias
advindas com o processo de industrialização, como o aumento de diversos tipos de cânceres, por exemplo.
Entretanto, aqui, estamos reconhecendo que, graças à Ciência, nunca fomos tantos e que este dado do ponto
de vista biológico, indica, para qualquer espécie, condições propícias de desenvolvimento. Além disto,
também devido ao desenvolvimento científico, a longevidade na maioria dos continentes aumentou, decorre
daí que as condições de vida, incluindo a alimentação, são incomparáveis às épocas anteriores aos séculos
XV/XVI. O mesmo se pode falar do Capitalismo, como sistema de produção, que de certo modo estabeleceu
uma relação simbiótica com a Ciência.
A necessidade de apreensão das relações possíveis entre os diferentes conhecimentos disciplinares,
com vistas ao avanço e aprofundamento do próprio conhecimento científico, expressa, de certo modo, o que
chamamos de inter ou transdisciplinaridade. Neste sentido, a interdisciplinaridade tem se constituído mais
numa necessidade epistemológica do que propriamente político-institucional.
A sociedade contemporânea, como um todo, tem apresentado um grau de complexidade cada vez
maior. A complexidade decorre, sim, do avanço que a Ciência moderna tem logrado ao longo da sua
existência. O desenvolvimento da ciência tem mostrado que a “realidade” não se dá facilmente a conhecer,
isto é, que aquilo que chamamos de realidade apresenta uma tessitura mais profunda, com múltiplas
camadas e que a divisão do todo em quantas partes necessárias for para que melhor conheçamos a verdade,
como propusera Descartes (1983), já não é suficiente para o afrontamento da complexidade que a própria
Ciência nos trouxe.
É por este motivo que a interdisciplinaridade não é fácil. Ela traz em seu bojo a necessidade de lidar
com a complexidade. Luhmann (1998) nos ensina que a complexidade só pode ser reduzida mediante
complexidade, isto significa que o método analítico, aquele que divide e separa, não é competente para lidar
com os problemas complexos que a própria Ciência nos descortinou. Neste sentido, na história da ciência, os
exemplos bem sucedidos de construção de conhecimento interdisciplinar, como o da cibernética (Rodrigues
2006) e da ciência cognitivas, verifica-se um deslocamento de foco do objeto. Ao invés de se buscar a
construção de congruências disciplinares (sejam de que natureza for), o foco é deslocado das disciplinas para
problemas específicos – na maior parte das vezes complexos – comuns a diferentes disciplinas.
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
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