EXPANSÃO E MODALIDADES DE ESCOLA PRIMÁRIA RURAL NO ESTADO DO
PARANÁ: INICIATIVAS DE GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL DE 1930-
Analete Regina Schelbauer - UEM
Rosa Lydia Teixeira Corrêa - PUC/PR
Palavras chave: expansão; modalidades; escola primária rural, estado do Paraná.
Introdução
O estudo sobre a Escola Primária no estado Paraná no período anunciado no título
desta comunicação, certamente como em outros estados brasileiros é desafiante do ponto de
vista metodológico uma vez que requer que o objeto de estudo, a Escola Primária, seja situada
em momentos políticos, econômicos, ideológicos e de exigências sociais distintos. Um
período de trinta anos no qual o sistema político brasileiro sofre profundas alterações, após a
revolução de 30, com as medidas intervencionistas de Estado, a ditadura Vargas e,
posteriormente, a democratização que não perdura por muito tempo. No interior desse
processo, novas e múltiplas demandas são postas para os diferentes estados em particular,
com os incipientes processos de industrialização e urbanização que impõem imperativos à
escolarização não somente para os centros urbanos, mas também para a população que nesse
período ainda se encontra sobremaneira situada na zona rural do estado. É sobre o recorte da
Escola Primária Rural que versará este estudo. Nesse contexto, objetivamos analisar a
expansão da Escola Primária Rural que dar-se-á gradativamente, por meio da construção de
prédios escolares de modo rarefeito com a colaboração do Governo Federal e, de maneira
acentuada como ação do governo estadual, mas também com a presença do poder municipal.
Em termos ideais, em correspondência às exigências de obrigatoriedade desse Ensino,
segundo as Constituições Federais de 1934, 1937 e 1946. O propósito também é fazer uma
apreciação sobre as diferentes iniciativas levadas a cabo pelas distintas esferas de poder. Para
tanto, faremos uso de fontes que constam dos acervos da Biblioteca Pública do Paraná e do
Arquivo Público do Estado, dentre elas, os Relatórios de Secretários de Governo, Relatórios e
Mensagens de Governadores e interventores do estado do Paraná. Dados preliminares indicam
que a expansão da Escola Primária Rural acompanha o processo de interiorização do estado,
por exemplo, por meio de abertura e pavimentação de rodovias bem como às demandas da
população infantil em idade escolar em diferentes municípios.
Expansão da Escola Primária no estado do Paraná: alguns aspetos
A expansão da escola primária rural no estado do Paraná resulta gradativamente de um
curioso processo de desenvolvimento que se manifesta, tudo leva a crer, pela necessidade de
expansão agroindustrial no interior dessa unidade da federação. Essa expansão ocorre com
maior intensidade em direção ao norte do estado e, destacadamente por meio de ações
voltadas para a agricultura.
É possível pensar numa expansão no que podemos denominar de dois níveis inter-
relacionados: um horizontal e outro vertical. O primeiro caracterizado pela construção de
edifícios escolares por meio de modalidades de escolas diferentes. O segundo, pela matrícula
que acompanha e dá sentido ao processo de expansão e, ao mesmo tempo faz com que ele se
consolide ou sofra refluxo.
Entendemos que a expansão da Escola Primária Rural no estado do Paraná não pode
ser compreendida antes de tudo, fora de uma ação modernizadora de governos do estado em
articulação com o governo federal1 que imprime a expansão geral dessa escola pelo território
paranaense, consequência do povoamento e seus desdobramentos. Desse modo não seria
demais trazermos alguns dados que traduzem o cenário do protagonista principal tanto do
crescimento populacional, como das exigências de modernização que são impostas para o
estado. Para CANCIAN (Apud, MAGALHÃES, 2001, p.50).
Ao entrar na fase de maior dinamismo, a cafeicultura paranaense
determinou um aproveitamento cada vez mais intensivo do solo,
arrastando consigo a dinamização das lavouras temporárias e pastagens,
em face a urbanização crescente e do incremento populacional regional
que aumentou entre 1920 e 1940 em 468%, de 1940 a 1950 em 286,2%,
de 1950 a 1960 em 265,8%, e de 1960 a 1970, 171%. A população das
áreas cafeeiras, abrangendo o Norte pioneiro, Norte Novo e Norte
Novíssimo, em 1920 era de 72.627 habitantes, passando em 1970 a 4.428
habitantes, num incremento de 6.096,9%. De 1940 a 1970 cresceu em
1.300,6%. Em 1920 havia seis municípios cafeeiros no Norte do Paraná,
em 1940, 14, em 195036, em 1960 104 e em 1970 atingiam 192,
incluindo o Extremo Oeste, por onde o café extravasou.2
Os dados acima, ainda que incluam e avancem para além dos que se referem ao nosso
período de estudo, contribuem sobremaneira para termos a dimensão das exigências que
1 No período de 1930 a 1960 são consideradas forças políticas locais articuladas ao governo federal, em especial
ao Governo Vargas, Manoel Ribas que governou esse estado de 1932 a 1945, considerado o herdeiro político de
Vergas, Moysés Lupion de 1947 a 1951 e de 1956 a 1961. Munhoz da Rocha, de 1951 a 1956, que mesmo
opondo-se ao governo federal, não deixou de imprimir uma gestão modernizadora. (Cfr. Magalhães, 2001, p.
50). A ênfase modernizadora adquiria maior visibilidade nos anos Jk, principalmente com a internalização do
capital. 2 Sobre o povoamento estado e colonização ver também NADALIN, S. O. Paraná: Ocupação e Territórios,
população e Migrações. Governo do Paraná, Secretaria de Estado de Educação. Coordenadoria Geral do Projeto
Qualidade no Ensino Público do Paraná. Coordenadoria de Materiais Didáticos Pedagógicos, 2001.
concomitantemente se impondo para o campo educativo. Importa dizer que o processo de
modernização no estado pode ser constatado também por meio do se pode chamar de
interiorização caracterizado pela abertura e pavimentação de estradas, ampliação da rede
ferroviária construção de pontes em alvenaria (obras de arte) e ampliação de porto de
Paranaguá, por exemplo. (Cfr. PARANÁ, Mensagem...... 1932 a 1939). Aquela interiorização
pode ser constada na década de 1930, por meio de Relatórios (PARANÁ, ....... 1935, 1936,
1932 a 1939), Mensagens de Governadores e Relatórios da Secretaria de Estado de Viação
obras Públicas, (PARANÁ,....... 1933, 1934), mensagens principalmente do interventor
Manoel Ribas3. Isso permite perceber que a expansão econômica do estado não se dará pela
indústria, mas pela lavoura, tendo o café como principal protagonista, destacadamente a partir
dos anos de 1940. Vale dizer que o projeto de modernização do Paraná não se constitui num
caso isolado. Ele é parte das necessárias transformações principalmente econômicas que o
país precisaria passar para manter-se condizente com as condições de exigências mundiais
pós-crise de 1929 de cunho nacionalizante, mas que adicionaria esta necessidade a de
nacionalizar estrangeiros pelo aprendizado do idioma e valores nacionais, ao que se vincula
também o aumento do número de escolas. É importe reiterar que a expansão agrícola e escolar
está sobremaneira vinculada a atuação do poder público estadual em estreita relação com o
federal, principalmente nos governos de Manoel Ribas e Moysés Lupion. Embora ela se dê
também por meio do Município, ainda assim será maneira tímida.
A expansão da escola primária ocorrerá de diferentes maneiras e do modo crescente,
segundo bases ideológicas distintas segundo a documentação a que tivemos acesso. A
expansão pode ser situada a partir no núcleo da década de 1930 de 1935 a 1937, neste período
em especial, segundo orientação da Educação Nova4.
3 Destaque deve ser dado com Pinheiro Machado (Apud, Magalhães, 2001, p. 48), para o fato de que “o
interventor Manoel Ribas que administraria o estado durante praticamente por todo o período em que Vargas
esteve à frente do Executivo , não estabeleceu aliança com elites locais, fosse pela sua fragilidade em fazer valer
seus projetos locais , fosse pela rápida liderança conquistada pelo interventor nomeado no Estado- situação
confortável que lhe permitiu governar, de 1932 a 1945, de acordo com as prioridades exclusivamente do governo
federal.” 4 Ideal educativo de escola democrática, solidária, que considera antes de tudo para a aprendizagem de conteúdos
as experiências vivências que as crianças possuem. Considera os pressupostos da ciência moderna no que tange a
realização de experiências e observação como necessários à motivação para a aprendizagem escolar. Nesta
perspectiva, cabe ao professor apenas mediar o saber em um processo democrático de diálogo com os alunos.
Seu represente que adquire maior repercussão por meio de educadores brasileiros como Lourenço Filho e Anísio
Teixeira é John Dewey. Outras vertentes mais voltadas ao aspecto propriamente pedagógico como Maria
Montessori, Claparéd, Ferrier, Decroly. Tudo indica que estes últimos mais repercussão tiveram nos meios
educacionais no Paraná naquele período. Ver, a exemplo, Educação nova Lourenço Filho, M. B. Introdução ao
estudo da escola nova: bases, sistemas e diretrizes da pedagogia contemporânea. São Paulo: Melhoramentos,
1 .
Antes, porém, torna-se importante trazer os números da expansão por década,
considerando dados dispostos em Relatórios de governadores e interventores e mensagens
destes à Assembleia Legislativa do Estado, muitas vezes contraditórios. Optamos por mostrar
a expansão entre as décadas de 1930 e o ano 1959, embora limite de período de estudo, seja
1960. Assim traremos dados concernentes à expansão pelo poder público, por meio das
diferentes modalidades encontradas na documentação pesquisada. Vale dizer que seria
oportuno, dada natureza da expansão e sua relação com a institucionalização, trazermos os
dados vinculados às esferas de poder federal, estadual e municipal. Contudo devido, a fluidez
dessas categorias na documentação, os mesmos serão apresentados e analisados vinculados às
diferentes modalidades.
QUADRO DEMONSTRATIVO DA EXPANSÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NO
ESTADO DO PARANÁ DE 1930 A 19605
MODALIDADE
UE*
UE
UE
Grupos Escolares 184 288
Grupos Escolares Rurais 1 8
Escolas Isoladas 1.8 1.
Casas Escolares 2
Escolas Rurais subvencionadas 120
Escolas agrupadas 1
Escolas de trabalhadores Rurais6 0 2 4
Escolas complementares 4
Escolas Municipais Isoladas 2 4 2. 14
Fonte: PARANÁ, ...1932-1 1 -1 42 1 4 -1 0 1 1 8.
5 Para a composição desse quadro considerou aqueles existentes nos seguintes documentos: 1º Para compor a
década de 1930 tomamos os dados do Relatório de Governo Apresentado pelo Interventor Federal Manoel Ribas,
ao Sr. Dr. Getúlio Vargas, presidente da República, correspondente ao exercício de 1932 a 1939; 2º A
composição dos dados da década de 40 foi a mais difícil, considerando que a gestão de Manoel Ribas termina em
1946 e a Moysés Lupion inicia-se no ano seguinte, finda em 1951. O que consideramos o primeiro Relatório de
seu governo apresentado à Assembleia Legislativa do estado, no ano de 1948, não traz dados objetivos sobre
número e modalidades escolares, apenas percentuais (ver p. p. 84 e85). Para esse período de gestão (1947-1950),
o então governador sintetiza por meio de dados de diferentes secretarias de estado as realizações de seu governo
(empreendimentos concretizados, em concretização, e planejados), procurando assim dar visibilidades às suas
realizações. Diante disso, optamos por trazer reunir os dados do Relatório de Governo Apresentado pelo
Interventor Federal Manoel Ribas, ao Sr. Dr. Getúlio Vargas, presidente da República, correspondente ao
exercício de 1937-1942, com os que constam no Relatório anteriormente referido do governador Lupion (1947-
1950). Para a década de 1950 usamos como referência a Mensagem do Governador Moysés Lupion apresentada
a Assembleia Legislativa do estado no ano de 1956 e 1958. O ano de 1960 não traz dados porque a Mensagem
do Governador Ney Braga a Assembleia Legislativa do estado, não os objetiva sobre o ensino de modo geral no
estado. * Unidades Escolares (UE)
6
**Das quais 1036 eram Escolas Primárias Rurais subvencionadas com verba do Governo estadual, mediante
acordo firmado com 116 municípios para ampliação da rede de Ensino Público Rural.
Observa-se expansão importante dos grupos escolares, bem como das Escolas
Isoladas. Considerando-se que os dados referentes à década de 1940, resultam de somas de
duas gestões diferentes, sendo que numa delas lidamos com números de prédios de unidades
escolares em construção. Assim há probabilidade do que prédios escolares não tenham tido
sua construção concluída ou mesmo não chegaram a funcionar.
A expansão tanto pode ser analisada pela matricula em cada uma cada das décadas,
como pelo crescimento do número de unidades, assim como de salas de aula. Há, porém,
alguns problemas com os quais nos deparamos quando da apreciação de dados nos relatórios e
mensagens de governadores. O primeiro é o da continuidade de números em relação, por
exemplo, a grupos escolares na sequência de mensagens de um mesmo governo. No Relatório
de 1940 e 1941, o interventor Manoel Ribas apresenta 85 unidades de grupos escolares, sendo
que no 1937 a 1942 que abrange o período anterior e, ao mesmo tempo o engloba. Os
números para essa modalidade de ensino são de 87, com acréscimo de apenas duas unidades.
O mesmo ocorre praticamente em relação aos dados apresentados por esse mesmo governo
que, em 1937, apresenta a Assembleia Legislativa do estado o computo de 54 grupos
escolares, em comparação ao ano de 1935 quando existiam 49 grupos, número que se mantém
até 1937. Assim cabe refletir que, se no intervalo de dois anos (1935-1936) foram construídos
cinco grupos escolares, no de cinco (1937-1942), apenas duas unidades dessa modalidade
foram erguidas e instaladas? Embora façamos a constatação pelos documentos consultados de
que houve importante expansão principalmente por parte dos governos estaduais com apoio
do governo federal que, desde 19187 subvenciona escolas rurais, na década de 1930, a
expansão dos grupos escolares se dará sobremaneira a partir da década de 1940, em menor
grau com Manoel Ribas e, em maior na gestão de Moysés Lupion. A expansão desse tipo de
escola sedará de 1930 até 1946, sob a égide do Regulamento de 1917, numa versão bastante
diferenciada dos grupos escolares da década de 1920. Poderíamos dizer, sob dois distintos
pilares de nacionalização. O dos anos 20 calcava-se na concepção racional/cientifica da
educação como mola propulsora para a construção de um Brasil/Nação ordeiro, civilizado e
progressista. Papel fundamental a ser desempenhado pela Escola e Instrução Primária, na
conformação do escolar. O dos anos de 1930 contribuiria para edificar o Brasil/Nação,
geopolítica e economicamente comprometido com a formação do escolar para o trabalho ou
para simplesmente voltar-se para a sua Pátria a ela pertencente, em se tratando da formação
7 Decreto Federal nº 13.014 de 4 de Maio de 1918.
escolar com o “peso” do ensino da Língua Pátria. Essa mudança pode ser observada na
arquitetura dos grupos já na década de 30. Vejamos a seguir:
Entre as diferentes modalidades: As Escolas Primárias Rurais
A Escola Primária Rural, tudo leva a crer, é uma modalidade de escola que tem sua
origem com a preocupação nacionalista por parte do governo federal ainda na segunda década
do século XX, como dissemos anteriormente. Dentre as modalidades de escolas rurais
institucionalizadas no período em foco, estão as Escolas de Trabalhadores Rurais e de
Pescadores, com oferta de ensino primário. A primeira escola de Trabalhadores Rurais do
Paraná, “Dr. Carlos Cavalcanti” foi inaugurada em Março de 1 , com Regimento interno
aprovado pelo Decreto nº 234 de 22 de Fevereiro desse ano, na cidade de Curitiba.
Corroborando o feito, o então Governador Manoel Ribas, assim se manifesta em Mensagem
apresentada à Assembleia Legislativa do Estado em 18 de Maio de 1
Como já vos disse, no momento em que me referi as obras públicas
realizadas, foi construído um prédio próprio ao funcionamento da Escola
de Trabalhadores Rurais, a qual deu o Governo o nome de “Dr. Carlos
Cavalcanti”, em atenção aos serviços prestados por esse ex-Presidente ao
Estado, rendendo assim significativa homenagem a sua memória. Os
internados no Abrigo de Menores (Seção Masculina), e que estavam
alojados no prédio sito à rua Marechal Floriano, foram transferidos para
aquela Escola, onde receberão o ensino preciso e prático que os habilitará
a exercerem a profissão de trabalhadores rurais. [...] O Governo não se
descuidou de todos os problemas que se relacionam com a agricultura, da
qual está dependendo, em grande parte, a nossa emancipação econômica.
Continuarei a empregar todos os meus esforços, para a vitória dessa
campanha. (PARANÁ. Mensagem Apresentada a Assembleia
Legislativa, 1935, p. 34).
A expansão desta modalidade de escola primária rural irá tudo indica corresponder
também a imperativos sociais assistenciais. No texto da mensagem de apresentada a
Assembleia Legislativa em 1º de setembro de 1936, o Governador esclareceu que os 54
alunos da seção masculina do Abrigo de Menores (Escola de Preservação) passaram a
constituir o corpo discente da Escola de Trabalhadores Rurais “Dr. Carlos Cavalcanti”,
instalada em edifício próprio novo e apropriado, cuja construção foi idealizada e realizada
com a finalidade de “dar o máximo conforto material e ensinamentos proveitosos aos menores
que se achavam pessimamente localizados em acanhado prédio”. (PARANÁ. Mensagem...,
1936, p. 14). A referida Escola localizava-se no arrabalde do Bacacheri e destinava-se ao
preparo intelectual e profissional rural dos menores desamparados, por meio de instrução
primária e noções práticas de agricultura, para familiarizarem-se com o tratamento e a criação
de animais domésticos, aprenderem a trabalhar em indústrias caseiras e rurais e em outros
ofícios. A área destinada à escola era de 20 hectares de terras cultiváveis, com cavalariças,
pocilgas, silos e outras instalações para os animais de serviço e de aprendizagem. Com
capacidade inicial de 200 alunos internos, já esgotada na ocasião da abertura, a escola
comportava 600 alunos externos.
A mensagem também destacou a conclusão, no final de 1 4, da “Escola Correcional
da Ilha de Cobras”, em Paranaguá, com capacidade para abrigar 80 detentos. O Governador
esclarece que estava providencial a adaptação do prédio a uma “Escola de Pesca”, com a
finalidade de dar “aos nossos praieiros e aos reclusos de bom comportamento, a oportunidade
de aprenderem uma profissão rendosa e útil à sociedade”. (PARANÁ, Mensagem
Apresentada ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná pelo Exmo. Snr. Governador
Manoel Ribas à Assembleia Legislativa do estado, ao instalar-se a 3ª sessão ordinária da 1ª
Legislatura em 1º de setembro de 1937, p.22).
As Escolas Primárias Rurais têm sua institucionalização ampliada a partir da década
de 1930, para desempenhar uma fundamental função num estado que se interioriza tendo a
agricultura como núcleo da economia. Elas deveriam cumprir seis finalidades que constam
tanto pelo Regimento Interno anteriormente indicado, substituído pelo de 1938 que, traz suas
finalidades no Capítulo I, Dos Fins e Organização, do Regulamento das Escolas de
Trabalhadores Rurais do Paraná de 1938, 8 dispostas entre seis artigos
9 os seguintes, a saber:
As Escolas de trabalhadores Rurais são internatos de ensino público
destinado ao preparo geral de profissionais agricultores e criadores de
ambos os sexos, de acordo com os imperativos sociais às necessidades
técnico-práticas da lavoura e da pecuária. (Art. 1º).
Instaladas e mantidas pelo Governo Estadual, as escolas deste gênero
devem funcionar, entretanto, no sentido de sua independência econômica,
até produzirem o suficiente para manutenção e crescimento próprios.
(Art.2º).
Para facilitar o cumprimento do que dispõe o artigo anterior as escolas
serão instaladas em zona rural conveniente. (Art.3º).
As Escolas de Trabalhadores Rurais para o sexo feminino deverão ter
funcionamento completamente independente das suas congêneres para o
sexo masculino. (Art.4º)
Nas escolas que trata o artigo anterior, além do preparo agrícola-pastoril,
que a mulher do campo deve ter, como natural colaboradora do homem,
no amanho da terra, deverá ser ministrada a educação domestica, a fim de
torna-la ótima dona de casa rural. (Art.5º). (PARANÁ, Decreto nº
82, 1939, p. 1).
Dos cinco artigos podemos depreender características tais como: serem internatos,
preparação profissional para o exercício agrícola e pecuário, busca de independência
econômica, atenderem aos sexos masculino e feminino, educação doméstica da casa rural,
internatos. Além disso, nos parece que a diferença entre os Regimentos de 1935 e o de 1938
está no caráter da formação. Primeiro voltado para formação profissional visando a pecuária e
lavoura tinha propósito de formação teórico/prático. O Regimento de 1935 define que o será
teórico e pratico orientado pelos mais modernos métodos culturais (Art. 1º). Esse ensino seria
dado em gabinetes apropriados, bem como em um campo de culturas para o aprendizado
pratico. A relação teoria pratica estaria presente nos trabalhos de campo, “o ensino teórico
deve ser ministrado, sempre que possível, durante os trabalhos de campo.” (Art. 4º). O ensino
8 Decreto nº 7782 de 7 de novembro de 1938. Publicado no Diário Oficial de 6 de Janeiro de 1939. Atos da
Interventoria Federal do Estado do Paraná, Assinado pelo Interventor Manoel Ribas. 9 O Art. 6º trata da composição organizacional dos serviços. São os seguintes: a).- da administração; b). - da
assistência alimentar, higiênica, sanitária e educacional dos internos; c). - do campo de culturas; d) – do posto
zootécnico e campo de criação; e).- das oficinas para trabalhos em ferro, madeira e couro; f).- das indústrias
rurais. Art. 7º - Para os serviços de que trata o artigo anterior haverá o seguinte quadro de funcionários: Um
diretor; Um secretário; Um almoxarife; Um chefe de disciplina; Um porteiro-protocolista; Uma zeladora por
grupo de 50 internos; Uma cozinheira; Uma auxiliar de cozinha; Uma roupeira; Uma auxiliar de roupeira; Uma
lavadeira de roupas por grupo de 50 internos; Uma enfermeira; Um dentista; Um assistente educacional por
grupo de 50 internos; Um professor por classe de curso primário; Um professor por cada uma das cadeiras de
curso agrícola profissional; Um instrutor de Educação Física; Um chefe de cultura por grupo de 50 internos; Um
assistente de pecuária escolar; Um mestre ferreiro; Um mestre carpinteiro; Um mestre seleiro; Um técnico de
indústrias rurais, Um guardião. (PARANÁ, Decreto nº. 7782 de 7 de novembro de 1938.Regulamento das
Escolas Rurais de Trabalhadores do Paraná, Diário Oficial, 6 de janeiro de 1939, p. 1)
teórico e prático seria ministrado em três cursos distintos: primário10
, complementar,11
profissional.12
No Regulamento de 1938 esse aspecto central da formação parece ter mudado
o seu caráter teórico e pratico principalmente nos cursos complementar e profissional, em
relação ao Regulamento anterior, voltado para os campos de conhecimentos específicos
(agricultura, botânica, zoologia e disciplinas correlatas), para teórico e prático (teoria do
ensino elementar dos grupos escolares), o de quatro anos, em se tratando do Ensino Primário
Agrícola, provavelmente pela urgência na formação de mão obra para o campo que se fazia
necessária em decorrência da intensificação das consequentes ações do estado em direção à
interiorização destacadamente do norte do Paraná, bem como a diversificação de formação
profissional em decorrência de exigências do mercado de trabalho rural. Do Capítulo II, do
Regulamente das Escolas de Trabalhadores Rurais de 1939, podemos depreender aquela
mudança de caráter: com duração de quatro anos, a Escola de Trabalhadores Rurais destinava-
se a formar trabalhadores por meio de Curso Primário Agrícola e Curso Agrícola Profissional.
O curso Primário Agrícola, composto de duas partes: uma de ensino elementar primário
idêntica a dos grupos escolares do estado e, a segunda, paralela e simultânea a primeira,
composta de trabalhos essencialmente voltados para a agricultura e pecuária13
. (PARANÁ,
10 “O ensino no curso “primário” terá duração de quaro anos e obedecerá a orientação e o programa seguidos nas
escolas primárias do estado” (PARANÀ, Regimento Interno da Escola de Trabalhadores Rurais, Diário Oficia de
12 de Março de 1935, Art. 8, p. 1). 11
“O ensino no curso “complementar” será prelecionado em dois anos, divididos em semestres e constará das
seguintes matérias: 1º semestre do 1º ano: Aritmética, Botânica e Instrução Moral e cívica; 2º. semestre do 1º
ano: noções de álgebra – zoologia física elementar: 1º semestre do 2º ano: geometria, desenho linear e a mão
livre – química mineral: 2º semestre do 2º ano – contabilidade agrícola, noções de química orgânica - noções de
geologia e mineralogia. (PARANÁ, Regimento Interno da Escola de Trabalhadores Rurais, Diário Oficial de 12
de Março de 1935, Art. 9, p. 1). 12
O ensino teórico do “curso profissional terá a duração de dois anos, dividido em quatro semestres e
compreenderá as seguintes matérias: (PARANÁ, Regimento Interno da Escola de Trabalhadores Rurais, Diário
Oficial de 12 de Março de 1935, Art. 10º, p. 1). 1º semestre do 1º ano: agricultura geral – noções de genética –
fruticultura – noções de agrimensura e nivelamento: 2º. semestre do 1º ano: Zootecnia Geral – apicultura,
avicultura - tecnologia dos derivados de leite e da carne; 1º semestre do 2º ano: Agricultura especializada às
culturas que mais interessam a vida econômica do estado – noções meteorologia e climatologia – moléstias
parasitarias, inseticidas e fungicidas; 2º semestre do 2º ano: Zootecnia especializada em raças, bovinas,
cavalares, suínas e lanígeras, que mais se adaptam as condições mesológicas do estado – Racionamento dos
animais – tecnologia dos principais produtos da horticultura e fruticultura”. (PARANÁ, Regimento Interno da
Escola de Trabalhadores Rurais, Diário Oficia de 12 de Março de 1935, Art. 10º, p. 1). 13
1ºANO – Trabalhos com instrumentos e máquinas agrícolas elementares de acordo de acordo com o físico do
aluno. Serviço de lavras, destorroamento e semeaduras; 2º ANO: - Serviço de irrigação de plantações e de
aplicação de adubos orgânicos e químicos. Multiplicação de plantas ornamentais. Escrituração agrícola
elementar: 3º ANO – Plantio e corte de gramados. Enxerto de plantas ornamentais e de árvores frutíferas.
Colheita de flores, legumes e frutos. Embalagem. Conservação e acondicionamento. Poda de plantas ornamentais
e de árvores frutíferas. Multiplicação de plantas ornamentais por meio de sementes, estacas, mergulho e enxertia;
4º ANO – Trabalhos práticos especializados sobre: os laticínios, a apicultura, a serigrafia, Noções de redação e
de contabilidade agrícola; os trabalhos em ferro, couro e madeiras nas oficinas; a drenagem e a irrigação; a
avicultura; o emprego dos inseticidas e fungicidas; a zootecnia; a veterinária; as sementes e os viveiros; as podas;
os campos de criação; o conhecimento das raças animais, suas doenças mais comuns e o tratamento respectivo;
Decreto nº 7782, 1939, p. 1). Depreende-se que, ao ser dada a formação geral nos quatro anos,
ou séries, se daria concomitantemente a formação profissional, de cunho mais básico,
diferente do Curso Agrícola Profissional14
.
Vale dizer que a Mudança no Regulamento no Ensino Agrícola Primário Regulamento
imprimida no ano de 1938, em alguns aspectos é possível afirmar que muito se aproxima do
que mais seria apregoado nas Leis Orgânicas para esse tipo de ensino, por exemplo, “as
técnicas e os ofícios deverão ser ensinados com os processos de sua exata execução prática e
também com os conhecimentos teóricos que lhes sejam relativos. Ensino prático e ensino
teórico apoiar-se-ão sempre um no outro.” (BRASIL, Decreto-Lei N. 9.613, 1 4 , Item 3). No
quadro a seguir podemos estão listadas 18 unidades escolares de ensino rural também
primário.
QUADRO DAS MODALIDADES ENSINO AGRÍCOLA, COM OFERTA DE
CURSO PRIMÁRIO
Denominação da Escola Localização
Município
Capacidade Ano em
que foi
instalada
Número
de
matrículas
Escola de Trabalhadores Rurais
do CANGUIRI
PIRAQUARA 85 alunos 1
Escola de Trabalhadores Rurais
“Dr. CARLOS
CAVALCANTI”
CURITIBA 60 alunos 1 0
Escola de Trabalhadores Rurais
“AUGUSTO RIBAS”
PONTA
GROSSA
110 alunos 1 8 110
Escola de Trabalhadores Rurais
“OLEGÁRIO MACEDO”
CASTRO 100 alunos 1 8 0
Escola de Trabalhadores Rurais
“GETÚLIO VARGAS”
PALMEIRA 100 alunos 1 40 100
Escola de Trabalhadores Rurais
“LYSÌMACO FERREIRA DA
RIO NEGRO 60 alunos 1 40 0
os serviços de culturas em fazendas de criação. (PARANÁ, Decreto nº 7782 de Diário Oficial de 06/0/1939, Art.
9º). 14
“As matérias constantes do CURSO AGRÍCOLA PROFISSIONAL são agrupadas em oito cadeiras, da
seguinte forma e com oito denominações: 1ª cadeira: Português, 2ª cadeira: Aritmética, Álgebra e Geometria; 3ª
cadeira: Física Geral, Física Agrícola e Meteorologia, Física Química do solo, Mineralogia Agrícola, geologia
Agrícola; 4ª cadeira: Química Geral, Química Inorgânica, Química Orgânica e Tecnologia, Química Agrícola; 5ª
Cadeira: Botânica Agrícola, Agricultura Geral e Especial, Horticultura, Pomicultura, Jardinocultura, Silvicultura,
Viticultura; 6ª cadeira: Zootecnia Geral e Especial, Zootecnia Agrícola, Apicultura, alimentação dos Animais,
Julgamento dos Animais e Veterinária, Indústria de Laticínios: 7ª Cadeira: Desenho Geométrico, Desenhos
ornamentais, Construções Rurais, Mecânica Agrícola, máquinas Agrícolas, Contabilidade Agrícola,
Administração Rural, Economia rural. (PARANÁ, Decreto nº 7782 de Diário Oficial de 06/0/1939, Art. 11º, p.
2). “ Os Programas e Horários para as aulas teóricas e práticas das matérias do CURSO AGRÍCOLA
PROFISSIONAL serão elaboradas anualmente pelo Diretor da Escola de Trabalhadores Rurais Dr. Carlos
Cavalcante e apresentado ao Diretor do Departamento de Agricultura, para aprovação de Exmo. Sr. Secretário
de Obras Públicas ,Viação e Agricultura.” (PARANÁ, Decreto nº 82 de Diário Oficial de 0 /0/1 , Art. 12º,
p. 2).
COSTA”
Escola de Trabalhadores Rurais
“CAMPO COMPRIDO”
CURITIBA 30 alunos 1 41 0
Escola de Trabalhadores Rurais
“IVAÍ”
IPIRANGA 60 alunos 1 42 0
Escola de Trabalhadores Rurais
“TRÊS BICOS”
RESERVA 60 alunos 1 42 0
Escola de Pescadores
“ANTONIO SERAFIM
LOPES”
PARANAGUÁ 75 alunos 1 80
Escola de Pescadores de
“GUARATUBA”
GUARATUBA 60 alunos 1 40 0
Escola de Trabalhadores Rurais
“DR. ASSIS BRASIL”
CLEVELANDIA
Escola de Trabalhadores Rurais
“MANOEL RIBAS”
GUARAPUAVA
Escola de Trabalhadores Rurais
“ERNESTO LUIZ DE
OLIVEIRA”
FOZ DO
IGUAÇÚ
Escola de Trabalhadores Rurais
“FERNANDO COSTA”
SANTA
MARIANA
Escola de Trabalhadores Rurais
de ARAPOTI
ARAPOTI
Escola de Trabalhadores Rurais
de Apucarana
APUCARANA
Escola de Trabalhadores Rurais
de TIBAGI
TIBAGI
Fonte: PARANÁ, Mensagem apresentada pelo Governador Moyses Lupion à Assembleia
Legislativa do Estado, por ocasião da abertura da sessão legislativa de 1956.
O Grupo Escolar Rural foi uma modalidade de ensino que também esteve presente no
interior estado do Paraná, ela aparece em quantidade importante instituídas em diferentes
municípios do estado Nos quadro a seguir, ainda no governo de Manoel Ribas possível ver
listados os nomes de trinta e oito.
QUADRO DEMONSTRATIVO DE CONSTRUÇÕES DE EDIFÍCIOS ESCOLARES
PÚBLICOS 1938- 15
MUNICIPIO EDIFÍCIO VALOR
Curitiba Grupo Escolar Professor Cleto Cr$ 27.254,00
Curitiba Grupo Escolar Professor Pedrosa Cr$ 22.185,60
Ponta Grossa Grupo Escolar “Julio Teodorico” Cr$193.037,00
Ponta Grossa Grupo Escolar “Dr. Colares” Cr$ 176.630,00
Ponta Grossa Grupo Escolar “Gal. Osório” Cr$60.000,00
Ponta Grossa Escola de trabalhadores Rurais “Augusto Ribas” Cr$ 200.000,00
15 Os dados que constam no quadro sobre Grupos Escolares Rurais e outras modalidades de escolares foram
compostos a partir de um quadro apresentado em Relatório pelo governador Manoel Ribas onde o mesmo expõe
sob a denominação “Quadro Demonstrativo das Construções de Edifícios Públicos 1938-1 42,” todas as
construções públicas de seu governo nesse período. Dele retiramos apenas as construções escolares. Com
destaque para os Grupos Escolares Rurais.
Sanges Grupo Escolar Cr$ 99.212,70
Wenceslau Braz Grupo Escolar Cr$ 135.971,40
Tomazina Grupo Escolar Barra Bonita Cr$ 102.429,90
Tomazina Grupo Escolar de Pinhalão Cr$ 57.822,80
Tomazina Grupo Escolar de Jaboti Cr$ 28. 632, 0
Santo Antonio da
Platina
Grupo Escolar Cr$46.095,50
Joaquim Távora Grupo Escolar Quatiguá Cr$125.652,50
Ribeiro Claro Grupo Escolar Cr$ 76.026,60
Cambará Grupo Escolar Cr$ 59. 035,30
Sertanóplis Grupo Escolar Cr$ 47.758,00
Londrina Grupo Escolar Cr$ 120.076,60
Londrina Grupo Escolar de Ibiporã Cr$ 47.000,00
Londrina Casa Escolar de Rolândia Cr$ 27.341,10
Londrina Casa Escolar de Dantzig Cr$ 22.061,30
Campo Largo Grupo Escolar Cr$ 179.000,00
Palmeira Grupo Escolar Cr$ 250.063,20
Palmeira Casa Escolar de Papagaios Novos Cr$ 13.824,80
Palmeira Casa Escolar de Porto Amazonas Cr$ 19.300,00
Palmeira Casa Escolar de Roxo Roiz Cr$ 3.573,20
Palmeira Casa Escolar de Rio Dareia Cr$ 3.715,70
Irati Grupo Escolar Cr$ 399.500,00
Irati Casa Escolar de Gonçalves Junior Cr$ 17.632,50
Irati Casa Escolar de Riozinho Cr$ 11.141,80
Clevelândia Casa Escolar Cr$ 16.575,00
Antonina Grupo Escolar Cr$ 150.000,00
Paranaguá Escola de Trabalhadores Rurais de Guaratuba Cr$ 184.250,00
Lapa Grupo Escolar Cr$ 305.743,10
Rio Negro Grupo escolar Cr$ 333.900,00
Rio Negro Grupo Escolar Campo do Tenente Cr$ 34.983,00
Rio Negro Casa Escolar do Distrito de Pien Cr$ 18.034,00
Lapa Casa Escolar de Engenheiro Bley Cr$ 29.323,00
Tibagi Casa Escolar de Caetê Cr$ 5.500,00
Guarapuava Casa Escolar de Rio Batista Cr$ 9. 639,20
Guarapuava Casa Escolar de Rio das Cobras Cr$ 10.375,00
Guarapuava Casa Escolar de Rocinha Cr$ 18.581,10
Guarapuava Casa Escolar de Catanduvas Cr$ 11.375,00
Siqueira Campos Grupo Escolar (Construção do Muro) Cr$ 35.000,00
Irati Grupo Escolar (construção do muro) Cr$ 43.560,20
Curitiba Escola de Trabalhadores Rurais “Dr. Carlos
Cavalcanti (construção de boeiro e aquisicão de fogão)
Cr$ 11.010,20
Male Grupo Escolar Rural da Sede Cr$ 142.920,00
Male Grupo Escolar Rural de Vera Guarani Cr$ 80.000,00
União da Vitória Grupo Escolar Rural do Porto Vitória Cr$ 91.000,00
União da Vitória Grupo Escolar Rural de Santa Bárbara Cr$ 113.000,00
Grupo Escolar Rural de Dorizan Cr$ 111.000,00
Teixeira Soares Grupo Escolar Rural de Valinhos Cr$ 111.751,70
Clevelândia Grupo Escolar Rural de Pato Branco Cr$ 127.650,00
Bandeirantes Grupo Escolar Rural da Sede Cr$ 199.328,00
Cerro Azul Grupo Escolar Rural da Sede Cr$ 129.000,00
Reserva Grupo Escolar Rural de Três Rios Cr$ 176.000,00
Ipiranga Grupo Escolar Rural de Bom Jardim Cr$ 150.923, 80
Fonte: PARANÁ, Realizações de Governo Manoel Ribas no período de 1937-1 42.
A seguir trazemos duas imagens de Grupos Escolares Rurais. Sobre eles não temos
muitos neste momento da pesquisa. Entendemos que serão mais bem perscrutados quando
tivermos acesso à legislação levantada que consta dos Decretos de nº 1.874 de 29 de julho de
1932 e, nº 9.592, de 26 de fevereiro de 1940. Possivelmente nesta documentação encontremos
dados sobre sua organização, funcionamento e finalidades.
A expansão das Escolas Rurais teve avanço também nos Governos de Moisés (1947-
1951 e 1956 a 61), embora com concepção diferentes daquela que marcou a expansão na
década de 30. Finalidade da Escola Rural Primaria entre os da escola primária e “despertar,
nos alunos das escolas situadas nas zonas rurais, o goste pelo cultivo da terra e os recursos
que tornam a lavoura mais produtiva a fim de combater a miséria e a ignorância, através dos
clubes agrícolas, fixando o homem do campo ao solo, e combatendo o êxodo rural.”
(PARANÀ, Mensagem apresentada pelo Governador Moyses Lupion à Assembleia
Legislativa do Estado, por ocasião da abertura da sessão legislativa de 1956, p.158).
Na mensagem de abertura, acima referida, Moysés Lupion menciona o anteprojeto de
assistência ao trabalhador rural, enviado à Assembleia Legislativa do Estado, em mensagem,
como um dos pontos fundamentais do seu Governo, consciente de que um dos grandes dramas
brasileiros reside no desamparo e no esquecimento das populações rurais. Afirma que “Não
há em todo o Brasil, oportunidade melhor que a hora vivida pelo Paraná em suas zonas rurais,
para o início dessa assistência. Ao contrário do que acontece nas maiores áreas nacionais, é
insignificante no Paraná o êxodo das populações para as cidades. E o movimento migratório
interno que há tempos se processa no país, talvez o maior que a história nacional registra, esta
povoando intensamente as nossas melhores terras de lavoura. Os contingentes humanos que
procuram ininterruptamente o norte e o noroeste do Estado, a maior faixa continua de terras
férteis no Brasil, e as correntes imigratórias que, oriundas do extremo sul, procuram o
sudoeste e oeste paranaense, garantem uma prosperidade sem par ao nosso Estado. O Paraná
possui, desde 1920, o maior crescimento demográfico do Brasil, está sendo intensamente
povoado e trabalhado. Mas essa expansão não se faz sem os dramas do homem rural. É
necessário que o poder público venha assisti-lo e aqui, o pode fazer em condições melhores
que na maioria dos Estados brasileiros, evitando-se a formação de problemas complexos no
futuro”. (PARANÁ, Mensagem apresentada pelo Governador Moyses Lupion à Assembleia
Legislativa do Estado, por ocasião da abertura da sessão legislativa de 1956, p. 6-7). Diante
disso, afirma que um dos planos de primeira emergência consiste em organizar através do
DER as Estradas de Rodagem para fazer corresponderem as atuais condições da vida
econômica do Estado. Menciona o pleno ciclo cafeeiro da economia estadual que consolidou
o Estado como o segundo produtor nacional, marchando para a liderança, necessitando de
produção e transporte, armazenamento e escoamento da produção.
A escola primária rural, sua expansão e as diferentes modalidades que ocuparam o
cenário paranaense no período de 1930 a 1960: as Escolas de Trabalhadores Rurais e de
Pescadores, os Grupos Escolares Rurais e as Casas Escolares Rurais, oferecem fortes indícios
de que a questão do ensino rural no Estado acompanhou o debate nacional em torno de uma
concepção de educação capaz de manter o homem no campo, preparado para resolver os
problemas regionais.
Tendo em vista as iniciativas, particularidades e intencionalidades que marcaram as
ações governamentais no Paraná em relação ao movimento de expansão e institucionalização
da Escola Primária Rural, consideramos que o presente estudo possa suscitar questões
relevantes para pensar a escola primária situada no meio rural, em termos de uma história
comparada da educação, pelo fato desta modalidade de instituição escolar ter sido responsável
pela escolarização de um contingente significativo da infância brasileira em um momento de
defesa da escola pública primária no Brasil.
Referências bibliográficas
BRASIL, Decreto-Lei N. 9.613 – de 20 de agosto de 1946, Lei Orgânica do Ensino Agrícola,
Capítulo II, dos Princípios Gerais do Ensino Agrícola, Item 3. Disponível em: www.soleis.adv.br.
Acesso em: fevereiro de 2013.
LOURENÇO FILHO, M. B. Introdução ao estudo da escola nova: bases, sistemas e diretrizes
da pedagogia contemporânea. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
MAGALHÃES, M. B. de. Paraná: política e Governo. Curitiba: SEED, 2001. (Coleção
historia do Paraná; textos introdutórios).
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Assembleia Legislativa do Estado, por ocasião da abertura da sessão legislativa de 1951.
PARANÁ, Mensagem apresentada pelo Governador Moysés Lupion à Assembleia Legislativa
do Estado, por ocasião da abertura da sessão legislativa de 1950.
PARANÁ, Relatório Apresentado à sua Excelência o Snr. Dr. Getúlio Vargas M. D.
Presidente da República pelo Snr. Manoel Ribas Interventor Federal no Estado do Paraná,
exercícios de 1940 e 1 41.
PARANÁ, Realizações de Governo, Manoel Ribas no Período de 1937-1 42.
PARANÁ, Mensagem Apresentada a Assembleia Legislativa do Estado pela ocasião da
abertura da Sessão Legislativa de 1948, pelo Sr. Moysés Lupion, Governador do Paraná,
Curitiba, Paraná, 1948.
PARANÁ, Mensagem Apresentada ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná pelo
Exmo. Snr. Governador Manoel Ribas à Assembleia Legislativa do estado, ao instalar-se a 3ª
sessão ordinária da 1ª Legislatura em 1º de setembro de 1937.
PARANÁ, Mensagem Apresentada ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná pelo
Exmo. Snr. Governador Manoel Ribas à Assembleia Legislativa do estado, a 2ª Sessão
ordinária da 1ª Legislatura da Segunda República em 1º de setembro de 1936. Imprensa
Gráfica Paranaense, Curitiba.
PARANÁ, Mensagem Apresentada ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná pelo
Exmo. Snr. Governador Manoel Ribas à Assembleia Legislativa do estado, ao instalar-se a 1ª
Legislatura da Segunda República em 16 de maio de 1935.
PARANÁ, Relatório Apresentado apo Exmo. Sr. Manoel Ribas, D.D. Governador do Estado
do Paraná, pelo Secretario de Estado dos Negócios da Fazenda e Obras Públicas, Othon
Mader, Exercício de 1934. Junho de 1935.
PARANÁ, Mensagem Dirigida pelo Interventor Federal do Paraná, General ario Tourinho, ao
chefe de governo Provisório da República Dr. Getúlio Vargas, Curitiba, 5 de outubro de 1931.