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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 683.126 - DF (2004/0115048-3)

RELATOR : MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIORRECORRENTE : LUZIA LIBÂNIO DINIZ E OUTROSADVOGADO : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S)RECORRIDO : IRINEU BELLUCO E OUTROSADVOGADO : FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR E OUTRO(S)

EMENTA

COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE DELIBERAÇÃO SOCIAL E ALTERAÇÃO CONTRATUAL, CUMULADA COM PERDAS E DANOS. CLÍNICA MÉDICA. EXCLUSÃO IRREGULAR DE SÓCIOS. ALEGADA PERDA DA AFFECTIO SOCIETATIS. DEVIDO PROCESSO LEGAL INOBSERVADO. CÓD. COMERCIAL, ART. 334. SÚMULA N. 7-STJ.

I. Configura-se irregular e, portanto, anulável, a exclusão de sócios promovida pelos remanescentes majoritários, que, sob alegação de perda da affectio societatis, serviram-se de instrumento de mandato a eles outorgado pelos autores minoritários para alterar o contrato social, alienando suas cotas a terceiros, desviando-se da deliberação acordada entre todos, que era a de finalizar a empresa.

II. Caso em que a instância ordinária, soberana no exame do quadro probatório, concluiu pela inexistência de previsão contratual para assim proceder, nem, tão pouco, identificou comportamento dos minoritários hostil com os gestores, firmando a indispensabilidade, na hipótese, do respeito ao devido processo legal, que se impõe.

III. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial" (Súmula n. 7-STJ).

IV. Recurso especial não conhecido, prejudicado o REsp n. 683.128/DF (Ação Cautelar).

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Quarta Turma, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Luis Felipe Salomão, não conhecendo do recurso especial, por maioria, não conhecer do Recurso Especial 683.126/DF e julgar prejudicado o Recurso Especial 683.128/DF, nos termos do voto do Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior, que lavrará o acórdão, vencido o Sr. Ministro Fernando Gonçalves.

Brasília (DF), 05 de maio de 2009 (Data do Julgamento)

MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Relator

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RELATÓRIO

EXMO. SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES:

Trata-se de recurso especial interposto por LUZIA LIBÂNIO DINIZ e

outros com fundamento no art. 105, inciso III, letras "a" e "c", da Constituição

Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios,

em grau de embargos infringentes, assim ementado:

"EMBARGOS INFRINGENTES. SOCIEDADE COMERCIAL. ALTERAÇÃO DE CONTRATO SOCIAL. EXCLUSÃO DE SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DE CLÁUSULA CONTRATUAL EXPRESSA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. VIOLAÇÃO DE GARANTIA CONSTITUCIONAL. NULIDADE. OCORRÊNCIA.

I - Os sócios majoritários não poderiam excluir os embargantes do quadro social sob pretexto de perda da affectio societatis e nem se apoderar de suas cotas manu militari , sem utilizar o devido processo legal, uma vez que o contrato social não contém cláusula expressa em tal sentido. Ademais, não há ensejo para afirmar que os sócios minoritários se tornaram hostis, dissidentes da vontade da maioria detentora do capital social, para com isso justificar a sua exclusão do quadro social.II - Inexistindo justa causa para a exclusão dos sócios da sociedade empresarial, e não havendo previsão estatutária a respeito do tema, a demissão dos embargantes só poderia ser validamente efetivada por decisão judicial, observados os seus direitos e garantias fundamentais assegurados na Carta Magna.III - A subsistência da alteração contratual chancelará indevido locupletamento da primeira embargada em detrimento do empobrecimento dos embargantes, na medida em que a sócia majoritária, única com poderes para gerir a empresa, deixa entrever não ter interesse em honrar o contrato preliminar de alienação dos imóveis pertencentes à sociedade, cujos bens experimentaram monumental valorização.IV - Recurso provido. Maioria." (fls.666)

Afirmam os recorrentes violado o art. 334 do Código Comercial,

bem como dissídio com julgados deste Superior Tribunal de Justiça, onde

firmada tese no sentido de que, havendo divergência entre os sócios acerca da Documento: 810371 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2011 Página 2 de 25

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continuidade da empresa, é possível, pela maioria do capital social, a exclusão

daqueles que desejam o fim do empreendimento, independentemente de

previsão no contrato social ou de ordem judicial.

Contra-razões (fls.710/721).

Recurso admitido (fls.723/725).

É o relatório.

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VOTO (VENCIDO)

EXMO. SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES (RELATOR):

Por IRINEU BELLUCO, RITA BRASIL BENDER, ANITA ESSINGER

TOLEDO e MARIA TERESA VTTI VIEIRA foi ajuizada ação anulatória de

deliberação social e alteração contratual, cumulada com perdas e danos, contra

LUZIA LIBÂNIO DINIZ, RAIMUNDO AIRTON BRAGA, GETÚLIO BERNARDO

MORATO, DÁRIO LUIZ DA COSTA, JAIR LUIZ DA COSTA, ANTÔNIO CARLOS

SANTOS DINIZ, CARLOS MAURÍCIO LIBÂNIO DINIZ e PAI - PRONTO

ATENDIMENTO INFANTIL LTDA.

Segundo narra a exordial, os autores e os cinco primeiros réus,

todos médicos, eram sócios da empresa PAI - PRONTO ATENDIMENTO INFANTIL

LTDA e, de comum acordo, teriam deliberado, em 15/10/1998, o fim das

atividades da empresa em face de problemas financeiros e dívidas,

determinando, inclusive, a venda dos dois imóveis pertencentes à pessoa

jurídica, onde tinha sua sede (fls. 58/67).

Não obstante, a primeira ré, LUZIA LIBÂNIO, mediante procuração

outorgada pelos outros quatro primeiros réus e sob o fundamento de perda da

affectio societatis , fez realizar alteração contratual, em 22/02/2000, excluindo

os ora autores da sociedade e transferindo as cotas dos outorgantes das

procurações a dois novos sócios, de sorte a formar novo quadro social (fls.

39/47).

Os autores, Irineu Belluco e outros pretendem seja anulada essa

alteração contratual, afirmando não existir, de fato, qualquer perda da affectio

societatis, visto ter havido concordância anterior, da totalidade dos sócios,

inclusive de LUZIA LIBÂNIO, em encerrar as atividades da empresa e, por isso

mesmo, não poderiam ter promovido a mencionada alteração contratual,

notadamente depois de ter anuído com a venda dos imóveis onde funciona a

pessoa jurídica.Documento: 810371 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2011 Página 4 de 25

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Em primeiro grau de jurisdição o pedido foi julgado procedente em

parte, apenas para anular a alteração contratual (fls. 494/500).

Manejada apelação pelos réus, a Terceira Turma Cível do Tribunal

de Justiça do Distrito Federal e Territórios, por maioria, dá-lhe provimento em

acórdão que guarda a seguinte ementa:

"DIREITO COMERCIAL. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. EXCLUSÃO DE SÓCIOS POR DELIBERAÇÃO DA MAIORIA. ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL. ARQUIVAMENTO VÁLIDO.

1 - A desinteligência entre os sócios, incluindo ações judiciais e o declarado intuito de dissolução da sociedade, é suficiente para ensejar a exclusão de alguns deles por deliberação da maioria, sem necessidade de previsão contratual ou de decisão judicial.2. A assinatura do instrumento de alteração contratual por mandatário que detinha amplos poderes outorgados por outros quatro sócios, compondo a maioria do capital social, não padece de qualquer nulidade.3 - O arquivamento dessa alteração contratual, sem que dela constem as assinaturas dos sócios dissidentes, não viola o art. 15 do Dec-lei 3.708/1919 ou o artigo 35, inciso VI, da Lei 8.934/94.4 - Apelação provida. Maioria." (fls. 566)

Apresentados embargos infringentes, foram providos,

restabelecendo-se o voto então vencido na apelação, dando pela anulação da

alteração contratual, móvel da presente demanda (fls. 666/690).

Inconformados, apresentam os réus, Luzia Libânio Diniz e outros,

recurso especial onde entendem violado o art. 334 do Código Comercial, pois,

excluídos os sócios minoritários do quadro da pessoa jurídica, não há motivo

para impedir a cessão de cotas a terceiros sem o consentimento daqueles que

não ostentam mais a condição de sócio.

Suscitam divergência com julgados desta Corte que admitem a

exclusão, pela maioria do capital social, daqueles sócios minoritários que

desejam a extinção da empresa.

Os fundamentos que norteiam o acórdão recorrido estão alinhados

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com base nas afirmações de que, no caso concreto, não há previsão no contrato

social para a exclusão de sócios minoritários e também no fato de que não

haveria justa causa para essa eliminação, sendo certo que, em razão disso,

deveria ter sido precedida de contraditório e mediante decisão judicial.

Acrescenta que a subsistir a alteração contratual como alinhavada, estar-se-á

chancelando indevido locupletamento da sócia LUZIA LIBÂNIO, que deixara

entrever não ter intenção de honrar a venda dos imóveis pertencentes à

sociedade, que experimentam monumental valorização.

Ao assim decidir, coloca-se em contraposição com o entendimento

majoritário desta Corte e da doutrina especializada, no sentido de que, havendo

divergências entre os sócios, os majoritários podem promover a exclusão dos

minoritários, ainda que não haja previsão no contrato social. Baseia-se, pois,

esse posicionamento, na premissa de que, se existem sócios que desejam a

continuidade da empresa e outros, em minoria, que pretendem a sua extinção,

estes podem ser excluídos por aqueles. Há de prevalecer a vontade da maioria

do quadro societário e, sobretudo, a vontade de manter a empresa funcionando,

gerando empregos, tributos e etc..

Eventuais conjecturas a respeito das boas ou más intenções dos

sócios majoritários, ou se determinarão prejuízos aos sócios minoritários, são

impertinentes no caso presente, onde não se discute a apuração de haveres

daqueles que deixam a condição de sócio, mas tão somente a nulidade ou não

da alteração contratual promovida pela maioria das cotas sociais. Além do mais,

guardam nuances fático-probatórias não condizentes com a via especial, ut

Súmula 7/STJ.

De outra parte, se houve ou não monumental valorização dos

imóveis pertencentes à pessoa jurídica, isso deve ser verificado e devidamente

acertado na apuração dos haveres de cada sócio, os que ficam e os que se

retiram da sociedade, não sendo, de igual modo, motivo bastante para impedir a

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modificação do contrato social, na linha do que entendem a doutrina e a

jurisprudência.

O ato de exclusão, apesar da ausência de previsão contratual, não

encontra obstáculo e nem desborda da lei, diante da evolução doutrinária,

jurisprudencial e legislativa (v.g., art. 1085 do Código Civil de 2002)

experimentada pelo tema. Diz, com efeito, JOSÉ WALDECY LUCENA, in das

Sociedades Limitadas - Renovar - 6ª edição - pág. 732/733, verbis :

"Na síntese de Orlando Gomes, refletidora do pensar uníssono da doutrina contemporânea, "o art. 15 da lei das sociedades por quotas de responsabilidade limitada admite interpretação conforme a qual é perfeitamente dispensável a cláusula contratual expressa, já que a maioria dos quotistas pode alterar o contrato social e, portanto, despedir um deles, com a única limitação de haver causa justificada para a deliberação."

No caso, entre os sócios houve ajuste no sentido da extinção da

sociedade, optando a maioria pela sua continuidade com exclusão dos

dissidentes em função da perda da affectio societatis . Ora, como ninguém pode

ser forçado, como ensina aquele autor, "contra a vontade, a permanecer no

estado de sócio, apresenta-se como causa justa a exclusão daqueles que

optaram pela extinção da sociedade que, por opção da maioria, sobrevive" . A

jurisprudência abona a tese. A propósito, transcrevo:

"COMERCIAL - EXCLUSÃO DE SÓCIO-GERENTE DA SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA - DELIBERAÇÃO DE SÓCIOS REPRESENTANDO A MAIORIA DO CAPITAL - DESNECESSIDADE DO CONSENSO UNÂNIME DOS SÓCIOS, QUANDO INEXISTENTE PREVISÃO NO CONTRATO SOCIAL.

I - A jurisprudência endossa lineamento doutrinário firmado no sentido de que o gerente, nas sociedades por quotas de responsabilidade limitada, ocupando esse cargo na qualidade de sócio, por previsão estatutária, pode ser excluído da função, alterando-se o ato constitutivo pelo consenso dos sócios com maioria no capital.II - Tal hipótese justifica-se quando, como no caso, verificou-se inexistente disposição que exigisse a unanimidade dos sócios para decisão que implique em alteração de cláusula constitutiva do

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estatuto social.III - recurso não conhecido." (REsp 33670-7/ SP, Terceira Turma, Rel. o Min. WALDEMAR ZVEITER, DJ de 27.09.1993)

"SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. EXCLUSÃO DE SÓCIO.

A desarmonia entre os sócios é suscetível de acarretar a exclusão de um deles por deliberação da maioria, independentemente de previsão contratual ou de pronunciamento judicial.Inadmissível a pretensão do recorrente de rediscutir a matéria probatória no âmbito do apelo excepcional (súmula n. 7 do STJ).Recurso especial não conhecido." (REsp 7183/AM, Quarta Turma, Rel. o Ministro BARROS MONTEIRO , DJ 16.10.1991)

"DIREITO COMERCIAL. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. EXCLUSÃO DE SÓCIO POR DELIBERAÇÃO DA MAIORIA. ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL. ARQUIVAMENTO. PRECEDENTES. RECURSO DESACOLHIDO.

I - A desinteligência entre os sócios, no caso, foi suficiente para ensejar a exclusão de um deles por deliberação da maioria, sem necessidade de previsão contratual ou de decisão judicial, tendo a sentença disposto sobre os direitos do sócio afastado.II - O arquivamento dessa alteração contratual, sem que dela conste a assinatura do sócio dissidente, não viola o art. 15 do Decreto-Lei 3.708/19 ou o art. 38-V da Lei 4.726/65." (REsp 66530/ SP, Quarta Turma, Rel. o Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO

TEIXEIRA , DJ de 02.02.1998)

Para não ficarmos apenas nos arraiais do Superior Tribunal de

Justiça, vamos ao Supremo Tribunal Federal:

"Sociedade por quotas. Alteração do contrato social por deliberação de maioria dos sócios (L. 3.708/19, art. 15). Registro de contrato de que não consta a assinatura do sócio dissidente. Legitimidade. Inexistência de ofensa ao art. 38, V, da L. 4.726/65, que não revogou a norma do art. 15 da L. 3.708. Recurso não conhecido." (RE 76710/ AM, Primeira Turma, Rel. o Min. RODRIGUES ALCKMIN , DJ de 28.06.1974)

Neste contexto, conheço do recurso e lhe dou provimento para

restaurar o julgado da apelação, prejudicado o REsp 683.128/DF.

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VOTO

EXMO. SR. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR: Sr.

Presidente, o tema é interessante, mas confesso que não fiquei convencido das razões

da recorrente, inobstante a judiciosa sustentação do eminente advogado e das

ponderações do voto de V. Exa.

Parece-me que a questão importa em reexame de matéria de fato à

consideração do acórdão de que é possível a exclusão de sócio. Mas tem que haver o

procedimento legal - due process of law. O que aconteceu aqui? Pelo que pude

perceber, houve uma utilização de procurações dadas por sócios minoritários à sócia

majoritária, que vendeu suas cotas a terceiros, ou seja, a maioria entendeu de excluir a

minoria. Procedi a pesquisa via internet enquanto se desenrolavam a sustentação oral e

o relatório e descobri o acórdão a quo, que ingressa em questões sobre as quais houve

um debate profundo - a matéria foi decidida em embargos infringentes no Tribunal a

quo - eles discutem, inclusive, as cláusulas estatutárias. Também encontrei acórdão

nosso, da Quarta Turma, de relatoria do Sr. Ministro Massami Uyeda, no REsp n.

813.430/SC, onde se lê:

"O quotista interessado na expulsão de outro deverá instaurar o contencioso em face deste, dos sócios remanescentes e da pessoa jurídica à qual se ligavam."

A nossa jurisprudência admite a dissolução parcial de sociedade, a

exclusão de sócio, mas não da forma como foi feita. E o Tribunal a quo entendeu que

a forma como foi feita foi irregular, inclusive examinando as normas estatutárias que

dispunham sobre o direito de preferência e o modo como isso se operou, ou seja, com

a utilização de procuração para vender a cota dos minoritários a terceiras pessoas.

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Daí por que o acórdão é muito enfático, inclusive na ementa e ao longo

do voto, no sentido de garantir os "direitos e garantias fundamentais assegurados na

Carta Magna" de se determinar o devido processo legal para essa exclusão do sócio, e

não feita unilateralmente por uma maioria.

E aí vem a segunda parte da estória. É que na dissolução parcial existe a

apuração de haveres. Então, a maioria agiu assim: ao invés de utilizarem a procuração

dos minoritários para liquidar a sociedade - esta era a finalidade da outorga da

procuração - usaram-na para ficar com as cotas, pagando aos minoritários um

determinado valor, ficando com todo o patrimônio societário. Portanto, um claro

desvirtuamento do mandato e uma forma de exclusão de minoritários inteiramente à

margem do que era o consenso e o acordo entre os sócios. A sociedade tinha,

inclusive, bens imóveis em seu patrimônio.

Como foi feito, os minoritários não tiveram nenhuma oportunidade, nem

de defesa de seus direitos e nem de até receber os haveres pela forma correta.

Ainda destaco um trecho do debate travado no Tribunal de Justiça, entre

os ilustres Desembargadores Estevam Maia, Antônio Lopes e José Divino de Oliveira,

que fez este aparte:

"Agradeço V. Exa., mas, com todo respeito, entendo que esse direito de preferência não pode ser invocado. O direito de preferência é alegado quando se pretende alienar as cotas para terceiros."

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"E isso foi feito, se V. Exa. me permite. Mas foi feito depois que os sócios foram excluídos. O problema é antes, não depois."

Todas as questões que temos examinado aqui sobre affectio societatis

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dizem respeito à impossibilidade de uma empresa continuar existindo por

incompatibilidade entre os sócios. Mas isso, evidentemente, é definido em juízo, e não

unilateralmente. E a ementa diz: "Os sócios majoritários não poderiam excluir os

embargantes do quadro social, sob pretexto de perda da affectio societatis, nem se

apoderar de suas cotas mano-militares sem utilizar o devido processo legal". Então, ele

complementa: "... uma vez que o contrato social não contém cláusula expressa em tal

sentido". Ainda que não houvesse cláusula expressa, ou se houvesse, é até possível a

dissolução total ou parcial pela quebra da affectio societatis, mas, parece-me, não da

forma como foi feito. E, realmente, a controvérsia guarda um forte contexto

fático-contratual.

Peço vênia para entender que a espécie dos autos não comporta apenas

uma decisão meramente jurídica, sem se reexaminar essa matéria fática, notadamente

os argumentos do acórdão a quo, tudo no sentido de que, no caso, impossível a

alteração unilateral da composição acionária da sociedade, sem que tivesse sido

observado o devido processo legal, e volto a citar aqui como precedente o REsp n.

813.430/SC, de relatoria do eminente Ministro Massami Uyeda, quando S. Exa. ainda

integrava a Quarta Turma, que preconiza a existência do contencioso em relação à

sociedade dos sócios remanescentes e do próprio sócio que está sendo excluído.

Não conheço do recurso especial.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOQUARTA TURMA

Número Registro: 2004/0115048-3 REsp 683126 / DF

Números Origem: 20000110190119 20000110268810

PAUTA: 26/08/2008 JULGADO: 26/08/2008

RelatorExmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. DURVAL TADEU GUIMARÃES

SecretáriaBela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : LUZIA LIBÂNIO DINIZ E OUTROSADVOGADO : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S)RECORRIDO : IRINEU BELLUCO E OUTROSADVOGADO : FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR E OUTRO(S)

ASSUNTO: Comercial - Sociedade - Por Cotas - De Responsabilidade Limitada

SUSTENTAÇÃO ORAL

Dr(a). SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA, pela parte RECORRENTE: LUZIA LIBÂNIO DINIZ Dr(a). FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR, pela parte RECORRIDA: IRINEU BELLUCO

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Após o voto do Sr. Ministro Relator, conhecendo do recurso especial e dando-lhe provimento, e o voto divergente do Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior, que dele não conhecia, PEDIU VISTA dos autos o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

Aguardam os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão e Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ª Região).

Brasília, 26 de agosto de 2008

TERESA HELENA DA ROCHA BASEVISecretária

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RELATOR : MINISTRO FERNANDO GONÇALVESRECORRENTE : LUZIA LIBÂNIO DINIZ E OUTROSADVOGADO : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S)RECORRIDO : IRINEU BELLUCO E OUTROSADVOGADO : FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR E OUTRO(S)

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA:

Trata-se de recurso especial interposto por Luzia Libânio Diniz e outros com

fundamento nas alíneas “a” e “c” do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo

Tribunal de Justiça do Distrito Federal que, em sede de embargos infringentes, concluiu que “os

sócios majoritários não poderiam excluir os embargantes do quadro social sob pretexto de

perda a affectio societatis e nem se apoderar de suas cotas manu militari , sem utilizar o devido

processo legal, uma vez que o contrato social não contém cláusula expressa em tal sentido ”.

O Ministro Relator deu provimento ao recurso especial ao entendimento de que a

perda da affectio societatis autoriza a exclusão de sócios pela decisão da maioria dos outros,

mesmo que inexista previsão contratual nesse sentido.

O Ministro Aldir Passarinho Júnior inaugurou divergência, não conhecendo do

recurso ao entendimento de é admitida a exclusão dos sócios divergentes, mas não como

efetivada pela recorrente, havendo necessidade de ser utilizado o devido processo legal.

Pedi vista dos autos para melhor exame e, data venia do i. Relator, voto

acompanhando a divergência, mas pelos fundamentos que indico a seguir.

É certo que há decisões deste Tribunal, como citado pelo i. Relator, no sentido de

que é possível a exclusão de sócios sem necessidade de previsão contratual ou de decisão

judicial, desde que seja por deliberação da maioria dos sócios, quando a desarmonia entre eles

comprometa ou inviabilize a empresa. Todavia, a hipótese dos autos vai além do perdimento da

affectio societatis , assentando-se na causa que ensejou tal perdimento, provocado pela própria

recorrente que buscou se beneficiar do ato.

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Eram nove os sócios do clínica médica, todos com partes iguais em participação

societária. Haviam deliberado em assembléia e à unanimidade que a sociedade seria extinta;

mas, antes da consolidação de tal empreendimento, a recorrente, utilizando-se de mandatos

outorgados por quatro dos noves sócios, promoveu alteração social, excluindo da sociedade os

recorridos – que eram quatro – e ainda transferiu as quotas sociais dos outorgantes a seu esposo

e filho, Antônio Maurício Libânio Diniz e Carlos Maurício Libânio Diniz, que não tinham

participação na sociedade antes de tal ocorrência.

Diante de tais fatos, o voto condutor do acórdão objurgado, com base nas

disposições do artigo 334 do Código Comercial (parte já revogada), concluiu que, realmente, não

houve deliberação da maioria dos sócios para exclusão dos recorridos, tornando nula a respectiva

alteração contratual, uma vez que sem a deliberação da maioria e sem justa causa, além da falta

de previsão contratual, a demissão de sócios somente pode dar-se por decisão judicial.

Observe-se:

“Como bem alinhavado no douto voto vencido, '(...) não sendo possível a retirada de sócios em razão da inacessibilidade de cotas, não seria possível, de igual forma, a exclusão de sócios efetuada através de cessão de cotas.

Dessarte, não houve deliberação da maioria dos sócios majoritários para exclusão dos apelados, mas sim uma cessão de cotas por meio das referidas procurações outorgadas, ao pretexto de tornar os réus sócios majoritários, que representados pela primeira ré tentou fazer a questionada alteração contratual.'

Além da apontada ilicitude, os réus/embargados ainda fizeram tabula rasa da cláusula décima segunda do contrato social da empresa (fls. 52/56 do proc. n° 26881-0), do seguinte teor:

'Nenhum dos sócios poderá ceder ou transferir parte ou totalidade de suas cotas sem o expresso consentimento dos demais, que em igualdade de condições tem o direito de preferência na aquisição das mesmas.'

(...)

Não havendo, como de fato não houve justa causa para a exclusão dos embargados da sociedade empresarial, e nem previsão estatutária a respeito do tema, a demissão dos embargantes só poderia ser validamente efetivada por decisão judicial, observados os seus direitos e garantias fundamentais assegurados na Carta Magna.”

Portanto, sendo certo que o ato de expulsão dos sócios não foi tomado pela maioria

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dos sócios, sendo a expressão da vontade deliberada da recorrente, e firmando o acórdão

recorrido a inexistência de justa causa para tanto, inviável a consolidação de tal ato.

Sérgio Campinho adverte que a exclusão extrajudicial dos sócios não pode ser um

ato discricionário, devendo respaldar-se em justa causa, bem como em previsão contratual, nada

obstante esse último item não contar com entendimento uniforme dos doutrinadores. Veja-se:

“No cenário das sociedades limitadas, veio permitir o Código (artigo 1.085) uma outra modalidade de exclusão extrajudicial, consistente na possibilidade de a maioria social, representativa de mais da metade do capital, entender que um ou mais sócios minoritários estão colocando em risco a continuidade da empresa pela pessoa jurídica exercida, em razão de atos de inegável gravidade. Poderá a maioria, mediante alteração do contrato social levada a registro, imprimir a resolução da sociedade em relação ao sócio ou sócios minoritários. Todavia, exige-se, para poder a exclusão assim viabilizar-se, que no ato constitutivo conste previsão da possibilidade de expulsão, no plano extrajudicial, do sócio por justa causa.

(...)A exclusão não é, pois, um ato discricionário da maioria, estando vinculada a

uma justa causa, reveladora do comprometimento do dever de lealdade do sócio com os interesses sociais. Deve ser constatada falta grave no cumprimento desse dever, para se justificar essa forma de expulsão” (in O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil, 9ª edição, pág. 220).

O argumento expendido pela parte recorrente de que os recorridos buscavam a

liquidação da sociedade não serve como justa causa, pois a extinção da sociedade foi opção de

todos os sócios, e somente após essa decisão tomada em assembléia é que os fatos em causa

ocorreram.

Por todo o exposto, e pedindo vênia ao i.Relator, meu voto é pelo não

conhecimento do recurso, pois não vislumbro ofensa às disposições do art. 334 do Código

Comercial.

Com a definição do especial, resta naturalmente prejudicado o exame da ação

cautelar a ele vinculada em razão da perda de seu objeto. Assim, prejudicado o REsp n.

683.128-DF.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOQUARTA TURMA

Número Registro: 2004/0115048-3 REsp 683126 / DF

Números Origem: 20000110190119 20000110268810

PAUTA: 11/11/2008 JULGADO: 11/11/2008

RelatorExmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS FONSECA DA SILVA

SecretáriaBela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : LUZIA LIBÂNIO DINIZ E OUTROSADVOGADO : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S)RECORRIDO : IRINEU BELLUCO E OUTROSADVOGADO : FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR E OUTRO(S)

ASSUNTO: Comercial - Sociedade - Por Cotas - De Responsabilidade Limitada

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro João Otávio de Noronha não conhecendo do Recurso Especial 683.126/DF, e julgando prejudicado o Recurso Especial 683.128/DF, PEDIU VISTA dos autos o Sr. Ministro Luis Felipe Salomão.

Aguarda o Sr. Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região).

Brasília, 11 de novembro de 2008

TERESA HELENA DA ROCHA BASEVISecretária

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RECURSO ESPECIAL Nº 683.126 - DF (2004/0115048-3)

RELATOR : MINISTRO FERNANDO GONÇALVESRECORRENTE : LUZIA LIBÂNIO DINIZ E OUTROSADVOGADO : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S)RECORRIDO : IRINEU BELLUCO E OUTROSADVOGADO : FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR E OUTRO(S)

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO:

1. Cuida-se de ação objetivando a anulação de deliberação social e

alteração contratual, cumulada com perdas e danos, proposta por quatro sócios da firma

Pai - Pronto Atendimento Infantil Ltda. No início, nove médicos constituíram a

mencionada empresa, por cotas de responsabilidade limitada, cada qual com parte igual

o capital social. Em 15/10/1998, resolveram os sócios o encerramento das atividades da

sociedade, com o pagamento das dívida e depois o rateio dos haveres, Contudo, em

dezembro de 1998, os sócios Raimundo Airton Braga, Dário Luiz da Costa, Jair Luiz da

Costa e Getúlio Bernardo Morato, outorgaram procuração à ré, Luzia Libânio Diniz, com

autorização para cessão das suas quotas a terceiros. Em seguida (22/02/2000), os sócios

então majoritários, realizaram alteração contratual, excluindo os autores minoritários da

sociedade e admitindo novos sócios.

Em primeiro grau, a sentença foi de procedência do pedido, com anulação

da alteração contratual (fls. 494/500).

Em segundo grau, em sede de embargos infringentes, o Tribunal de Justiça

do Distrito Federal entendeu:

EMBARGOS INFRINGENTES. SOCIEDADE COMERCIAL. ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL. EXCLUSÃO DE SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DE CLÁUSULA CONTRATUAL EXPRESSA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. VIOLAÇÃO DE GARANTIA CONSTITUCIONAL. NULIDADE. OCORRÊNCIA.I - Os sócios majoritários não poderiam excluir os embargantes do quadro social sob o pretexto de perda da affectio societatis e nem se opoderar de suas cotas manu militari, sem utilizar o devido processo legal, uma vez que o contrato social não contém cláusula expressa em tal sentido. Ademais, não há ensejo para afirmar que os sócios minoritários se tornaram hostis, dissidentes da vontade da maioria detentora do capital social, para com isso justificar a sua exclusão do quadro social. II - Inexistindo justa causa para a exclusão dos sócios da sociedade empresarial, e não havendo previsão estatutária a respeito do tema, a demissão dos embargantes só poderia ser validamente efetivada por decisão judicial, observados os seus direitos e garantias fundamentais assegurados na Carta Magna. III - A subsistência da alteração contratual chancelará indevido

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locupletamento da primeira embargada em detrimento do empobrecimento dos embargantes, na medida em que a sócia majoritária, única com poderes para gerir a empresa, deixa entrever não ter interesse em honrar o contrato preliminar de alienação de imóveis pertencentes à sociedade, cujos bens experimentaram monumental valorização. IV - Recurso provido. Maioria. (fls. 666/690)

Inconformados, os réus interpuseram recurso especial, com base nas

alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, alegando, em síntese, ofensa ao art. 334

do Código Comercial, tendo em vista que a transferência das quotas ocorreu, segundo os

reús, após a exclusão dos sócios minoritários, não podendo invocar direito de preferência

aqueles que já não detinham a condição jurídica de sócio. Aponta, ainda, dissídio

jurisprudencial a respeito da possibilidade de exclusão extrajudicial dos sócios

minoritários em razão da perda da affectio societatis .

O Relator, Ministro Fernando Gonçalves, deu provimento ao recurso

especial, sob o argumento de que a perda da affectio societatis autoriza a exclusão de

sócios pela decisão da maioria do capital social, ainda que não haja previsão contratual

sobre o tema, não sendo necessária a via judicial, conforme jurisprudência desta Casa.

O Ministro Aldir Passarinho inaugurou divergência, não conhecendo do

recurso especial, tendo em vista que, embora admitida a exclusão de sócios divergentes,

deve-se respeitar o devido processo legal, o que não ocorreu no caso sob análise.

O Ministro João Otávio de Noronha, por sua vez, acompanhou a

divergência, mas com fundamento diferente. Afirmou que não houve ofensa às

disposições do art. 334 do Código Comercial, pois, "sendo certo que o ato de expulsão

dos sócios não foi tomado pela maioria dos sócios, sendo expressão da vontade

deliberada da recorrente, e firmando o acórdão recorrido a inexistência de justa causa

para tanto, inviável a consolidação de tal ato". Acrescentou, ainda, que "o argumento

expendido pela parte recorrente de que os recorridos buscavam a liquidação da

sociedade não serve como justa causa, pois a extinção da sociedade foi opção de todos

os sócios, e somente após a decisão tomada em assembléia é que os fatos em causa

ocorreram".

Pedi vista dos autos.

É o relatório.

2. O cerne da questão é saber se a alteração da composição societária

realizada pelos sócios majoritários, com a exclusão dos minoritários, sem a observância

do devido processo legal e não invocada a justa causa para a expulsão (apenas a quebra

da "affectio societatis "), pode ou não ser realizada extrajudicialmente.

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Superior Tribunal de Justiça

Inicialmente, cumpre uma distinção.

Com a redação do art. 1.085, do CC/2002, não há mais dúvida quanto a

possibilidade de exclusão do sócio minoritário, em havendo justa causa.

Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assembléia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa.

Vê-se, portanto, que é imprescindível, no caso de expulsão sancionadora, a

realização de assembléia convocada com fim específico, garantido o direito de defesa no

âmbito administrativo.

Diferente é a questão, no entanto, como no caso dos autos, em que a

exclusão dos minoritários ocorre sem função sancionadora, mas apenas por cessação de

afinidade entre os sócios.

É Rubens Requião, na doutrina, quem fere o tema com mais precisão:

"O Código Civil não prevê, como causa da dissolução da sociedade limitada, ou de outros tipos sociais, a desinteligência entre os sócios. Prevê o direito de recesso do sócio da sociedade limitada, no caso de alteração do contrato social, fusão da sociedade, incorporação de outra sociedade, ou dela por outra, a ser exercido no prazo de trinta dias seguintes à reunião ou assembléia (art. 1.077). A desinteligência grave entre os sócios poderá levar, entretanto, à impossibilidade de se realizar o fim social. É a inexiqüibilidade do fim social, prevista no art. 1.034, II, do Código Civil, como causa da dissolução da sociedade. Aproveita-se então, a construção doutrinária erguida em torno do antigo art. 336, I, do Código Comercial." (REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial, 2º volume. São paulo: Saraiva, 2005. p. 351/352)

Convém, nesse passo, transcrever o art. 1.034, do CC/2002:

Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando:I - anulada a sua constituição;II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade.

Nessa hipótese de exclusão do sócio sem justa causa, seja a dissolução

parcial seja a total, parece imprescindível, pela dicção da Lei, que o processo ocorra

judicialmente.

Por vários motivos, soa razoável a necessidade dessa distinção.

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Fábio Ulhoa Coelho, ao tratar do tema, esclarece que:

"O sócio da limitada que não cumpre suas obrigações (perante os demais ou a sociedade) pode ser expulso. Trata-se a expulsão - ou exclusão - de uma forma de desfazimento de vínculos societários exclusiva das sociedades contratuais. A rigor, está-se diante de um ato jurídico muito comum, que é a rescisão do contrato por culpa de uma das partes. Como qualquer outro contratante, o sócio da limitada que descumpre as obrigações contratadas dá ensejo à rescisão do contrato. É importante destacar que a expulsão não é medida de discricionariedade da maioria societária (CC, arts. 1.004, parágrafo único, e 1.030). O sócio que cumpre a obrigação de integralizar a quota do capital social, nos prazos e pelos valores contratados, e observa o dever de lealdade não pode ser expulso. Não tendo o sócio incorrido em ato culposo, não há fundamento para essa forma de rescisão do vínculo contratual.(...)A exclusão do sócio pode ser feita sempre que a causa for a mora na integralidade do capital social ou por deliberação da maioria societária, em reunião ou assembléia de sócios convocada especialmente para essa finalidade, desde de que o contrato social contenha cláusula que a permita (exclusão extrajudicial)."(COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 132 - 134)

Assim, quando o sócio descumpre seus deveres, a exclusão tem caráter

sancionatório, pois a continuidade da própria sociedade está em risco com a presença do

sócio desleal, havendo, portanto, a possibilidade de exclusão extrajudicial, mais célere e

consentânea com a crise da empresa.

Por outro lado, quando a exclusão não pressupõe uma sanção, só poderá

ser realizada sob o crivo do contraditório, com a respectiva apuração dos haveres.

Observa-se, portanto, por esse ângulo, "data maxima vênia", que não houve

a apontada violação ao art. 334 do Código Comercial.

3. No caso vertente, ademais, o Tribunal de origem, ao analisar como foi

realizada a exclusão dos sócios minoritários, assim se manifestou:

“Como bem alinhavado no douto voto vencido, '(...) não sendo possível a retirada de sócios em razão da inacessibilidade de cotas, não seria possível, de igual forma, a exclusão de sócios efetuada através de cessão de cotas.Dessarte, não houve deliberação da maioria dos sócios majoritários para exclusão dos apelados, mas sim uma cessão de cotas por meio das referidas procurações outorgadas, ao pretexto de tornar os réus sócios majoritários, que representados pela primeira ré tentou fazer a questionada alteração contratual.'Além da apontada ilicitude, os réus/embargados ainda fizeram tabula rasa da cláusula décima segunda do contrato social da empresa (fls. 52/56 do proc. n° 26881-0), do seguinte teor:

'Nenhum dos sócios poderá ceder ou transferir parte ou totalidade de suas cotas sem o expresso consentimento dos demais, que em igualdade de condições tem o direito de preferência na aquisição das mesmas.'

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Pois bem. Diante das apontadas irregularidades praticadas pelos embargados - talvez animados por indisfarçável propósito de lesar os direitos societários da minoria - a cessão das cotas do capital social da empresa efetivada por seus titulares, RAIMUNDO AIRTON, GETÚLIO BERNARDO, DARIO LUIZ E JAIR LUIZ aos novos sócios ANTONIO CARLOS e CARLOS MAURÍCIO (cláusulas terceira e quarta da alteração contratual impugnada, fls. 39/47 do processo n° 26881-0) é irremediavelmente nula. Assim sendo, o ato é inválido, sem nenhuma eficácia em relação aos embargantes, posto que além de não terem dado a eles a oportunidade de exercer o direito de preferência na aquisição das cotas dos sócios retirantes, ao invés de diminuir o capital social na exata proporção de suas cotas sociais, a primeira embargada, LUZIA LIBÂNIO DINIZ, usurpou-lhes a titularidade das mencionadas cotas, incorporando-as ao seu patrimônio, conforme consignado na cláusula décima da famigerada alteração contratual, assim redigida: LER.Os embargados afirmam que a empresa deve prosseguir com as suas atividades empresariais, não estando os sócios remanescentes vinculados à deliberação efetivada na Assembléia Extraordinária de 1998 quando deliberaram pelo encerramento de tais atividades. De fato, por motivos óbvios, o prosseguimento das atividades sociais da empresa é interessante. Aliás, esse tema não é objeto de discussão nestes autos, os embargantes não se insurgiram contra tal fato, mesmo porque a sociedade empresarial não foi dissolvida. Pediram a tutela jurisdicional apenas para que fossem restabelecidos os seus direitos societários que foram injusta e ilegalmente solapados. Portanto, não é menos certo afirmar que os sócios majoritários não poderiam excluir os embargantes do quadro social sob o pretexto de perda da affectio societatis e nem se apoderar de suas cotas manu militari, sem utilizar o devido processo legal, uma vez que o contrato social não contém cláusula expressa em tal sentido. Não há ensejo para afirmar que os sócios minoritários se tornaram hostis, dissidentes da vontade da maioria detentora do capital social, para com isso justificar a sua exclusão do quadro social. E nem venham argumentar que o exercício do direito de ação, direito subjetivo público que todos os indivíduos tem contra o Estado para dele pedir a tutela jurisdicional de um direito que entender ameaçado ou lesado, constitui abuso ou insubordinação ao dever geral de colaboração. Assim sendo, pode-se concluir que o exercício regular de um direito, como de fato foi efetivado pelos embargantes em relação aos embargados, por si só, não justifica a sua exclusão do quadro social da empresa. Ainda mais quando os autos revelam que não houve prévia deliberação para a exclusão dos embargantes e nem lhes deram oportunidade para exercer o direito de preferência na aquisição das cotas sociais dos quatro retirantes, sendo certo que os mesmos foram representados pela primeira embargada, apenas para alienar as suas respectivas cotas e por conseguinte promover a alteração contratual, conforme instrumentos de mandatos acostados às fls. 48/51 (proc. n° 26881-0).Não havendo, como de fato não houve justa causa para a exclusão dos embargados da sociedade empresarial, e nem previsão estatutária a respeito do tema, a demissão dos embargantes só poderia ser validamente efetivada por decisão judicial, observados os seus direitos e garantias fundamentais assegurados na Carta Magna.”

Verifica-se, portanto, que, para assim decidir, o Tribunal a quo, após

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aprofundada discussão, baseou-se nas provas coligidas.

Assim, para acolher a alegada possibilidade de exclusão dos sócios no caso

ora em análise, faz-se necessário o reexame do conjunto fático-probatório, o que

encontra óbice na súmulas 5 e 7/STJ.

Cabe ressaltar que não se nega a possibilidade de exclusão de sócio

minoritário por justa causa e mediante deliberação da maioria do capital social,

independentemente de previsão contratual ou decisão judicial (REsp 7183/AM, Rel.

Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 13/08/1991, DJ

16/10/1991 p. 14481; RMS 8110/SP, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA

TURMA, julgado em 23/09/1997, DJ 10/11/1997 p. 57767; Resp 66530/SP, Rel. Ministro

SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 18/11/1997, DJ

02/02/1998 p. 109). Entretanto, na espécie, a exclusão não se deu de acordo com o

devido processo legal.

As instâncias ordinárias esclarecem que sócia Luzia Libânio Diniz,

utilizando-se de procurações outorgadas, em princípio, para que fosse extinta a

sociedade, realizou alteração contratual excluindo os autores da sociedade, e,

apoderando-se de suas cotas, as tranferiu a terceiros, não havendo, de fato, uma

deliberação da maioria sobre o tema e, tampouco, apuração de haveres.

Nesses termos os seguintes julgados:

RECURSO ESPECIAL - OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO - INOCORRÊNCIA - AÇÃO DE EXCLUSÃO DE SÓCIO - FORMA DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE - SOCIEDADE E SÓCIO REMANESCENTE - LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO - INTEGRAÇÃO DA LIDE - NECESSIDADE - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - IMPOSSIBILIDADE - ENTENDIMENTO OBTIDO PELO EXAME FÁTICO-PROBATÓRIO - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO Nº 7/STJ - RECURSO NÃO CONHECIDO.(...)II - O quotista interessado na expulsão de outro deverá instaurar o contencioso em face deste, dos sócios remanescentes e da pessoa jurídica à qual se ligavam;III - O Tribunal de origem, após analisar toda a matéria devolvida em apelação, assentou que as provas colacionadas nos autos não seriam suficientes para concluir que houve efetivamente infidelidade, má-fé ou exorbitância de poderes na administração, sendo imprescindível, para tal, a realização de perícia técnica e contábil;IV- Recurso não conhecido.(REsp 813430/SC, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, QUARTA TURMA, julgado em 19/06/2007, DJ 20/08/2007 p. 288)______________________________________________________________

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CIVIL. SOCIEDADE. ALTERAÇÃO DE CONTRATO SOCIAL. LEI FEDERAL. OFENSA NÃO CONFIGURADA. JULGAMENTO ANTECIPADO. POSSIBILIDADE. NOMEAÇÃO DE CURADOR. DESNECESSIDADE. DOLO. FRAUDE. COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.(...)- O delineamento fático da causa se exauriu plenamente no Tribunal a quo, no sentido de estar comprovado à sociedade que a alteração contratual padecia de nulidade, pois claramente realizada com dolo, no verdadeiro intuito de se afastar o sócio minoritário da sociedade, sendo defeso, na instância especial, qualquer alteração desse quadro. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial." (Súmula nº 7/STJ).- Recurso especial não conhecido.(REsp 259052/MG, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 15/05/2001, DJ 10/09/2001 p. 393)______________________________________________________________

SOCIEDADE COMERCIAL. EXCLUSÃO OU DESPEDIDA DE SOCIO. SUPÕE A EXISTENCIA DE CAUSA QUE JUSTIFIQUE A DESPEDIDA (COD. COMERCIAL, ART. 339). NÃO PODE A SOCIEDADE DESPEDIR O SOCIO A REVELIA, "SEM QUALQUER OPORTUNIDADE DE DEFESA". FALTA DE PREVISÃO CONTRATUAL. CONTROLE JUDICIAL DO ATO DE DISPENSAR OS SERVIÇOS DE SOCIO. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. (REsp 50543/SP, Rel. Ministro NILSON NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/05/1996, DJ 16/09/1996 p. 33738)

- SOCIEDADE COMERCIAL. EXCLUSAO DE SOCIO. ART. 339 DO CÓDIGO COMERCIAL. RAZOAVEL E O ENTENDIMENTO DE QUE A EXCLUSAO DE SOCIO, POR JUSTA CAUSA, NOS TERMOS DO ART. 339 DO CÓDIGO COMERCIAL, SEM PREVISÃO EM CLÁUSULA CONTRATUAL, E SEM ANUENCIA DO SOCIO, RECLAMA SOLUÇÃO JUDICIAL, POIS EQUIPARAVEL A DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE INTER NOLENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO. (RE 109203, Relator(a):  Min. RAFAEL MAYER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/05/1986, DJ 06-06-1986 PP-09939 EMENT VOL-01422-04 PP-00679)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. EXAME DE PROVA. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. CESSÃO DE QUOTAS. A TRANSFERENCIA DE QUOTAS CEDIDAS A TERCEIROS E A EXCLUSAO DOS SOCIOS FOI REPELIDA PELAS INSTANCIAS ORDINARIAS APÓS FARTO EXAME DA MATÉRIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (AI 74316 AgR, Relator(a):  Min. RAFAEL MAYER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/05/1979, DJ 08-06-1979 PP-04535 EMENT VOL-01135-01 PP-00132)

4. No tocante ao apontado dissídio jurisprudencial, o recorrente não realizou

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Superior Tribunal de Justiça

o necessário cotejo analítico das decisões, com indicação das circunstâncias que

identifiquem as semelhanças entre o aresto recorrido e os paradigmas, nos termos do

parágrafo único, do art. 541, do Código de Processo Civil e dos parágrafos do art. 255 do

Regimento Interno do STJ. Nesse sentido existem diversos precedentes dessa Corte

(EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 922.650/ES, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA

TURMA, julgado em 18/11/2008, DJe 01/12/2008; REsp 972.849/RN, Rel. Ministro JOÃO

OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 28/10/2008, DJe 10/11/2008).

5. Ante o exposto, peço vênia ao i. Relator e acompanho os votos

divergentes, não conhecendo do Resp 683.126 e julgando prejudicado o Resp 683128.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOQUARTA TURMA

Número Registro: 2004/0115048-3 REsp 683126 / DF

Números Origem: 20000110190119 20000110268810

PAUTA: 05/05/2009 JULGADO: 05/05/2009

RelatorExmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Relator para AcórdãoExmo. Sr. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS PESSOA LINS

SecretáriaBela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : LUZIA LIBÂNIO DINIZ E OUTROSADVOGADO : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S)RECORRIDO : IRINEU BELLUCO E OUTROSADVOGADO : FERNANDO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR E OUTRO(S)

ASSUNTO: Comercial - Sociedade - Por Cotas - De Responsabilidade Limitada

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Luis Felipe Salomão, não conhecendo do recurso especial, a Turma, por maioria, não conheceu do Recurso Especial 683.126/DF e julgou prejudicado o Recurso Especial 683.128/DF, nos termos do voto do Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior, que lavrará o acórdão, vencido o Sr. Ministro Fernando Gonçalves.

Brasília, 05 de maio de 2009

TERESA HELENA DA ROCHA BASEVISecretária

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