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DA TICA DO ADVOGADODAS REGRAS DEONTOLGIAS FUNDAMENTAISDAS RELAES COM O CLIENTE

Porto Velho ROMaio/2015

DA TICA DO ADVOGADODAS REGRAS DEONTOLGIAS FUNDAMENTAISDAS RELAES COM O CLIENTE

Exerccio da advocacia exige conduta compatvel com os preceitos do Estatuto da OAB, alm dos princpios da moral, social e profissional.

Advogado: indispensvel para a administrao da justia; defensor do estado democrtico de direito; da cidadania; moralidade pblica; justia e da paz social.

Cdigo de tica e Disciplina da OAB Elaborado pelo Conselho Federal da OAB artigos 33 e 54, V da Lei 8.906/94; Objetivo: nortear os princpios que formam a conscincia profissional do advogado, representando imperativos de sua conduta. Princpios: Lutar pelo primado da justia; Pugnar pelo cumprimento Constituio e o respeito Lei; Fidelidade verdade Proceder com lealdade e boa-f; Empenhar-se na defesa das causas que lhe so confiadas; Comportar-se com independncia e altivez; Exercer a advocacia com senso profissional; Culto aos princpios ticos e domnio da cincia jurdica; Agir com dignidade de pessoas de bem e a correo de profissionais que honram sua classe. EAOAB, art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Cdigo de tica e Disciplina. A tica profissional impe-se ao advogado em todas as circunstncias e vicissitudes de sua vida profissional e pessoal que possam repercutir no conceito pblico e na dignidade da advocacia. Os deveres ticos consignados no Cdigo no so recomendaes de bom comportamento, mas normas que devem ser cumpridas com rigor, sob pena de cometimento de infrao punvel. CED est dividido em:TTULO I: tica do Advogado Captulo I Regras deontolgicas fundamentais; Captulo II Relaes com o cliente; Captulo III Sigilo profissional; Captulo IV Publicidade; Captulo V Honorrios profissionais; Captulo VI Dever de Urbanidade; Captulo VII Disposies Gerais; TTULO II: Processo Disciplinar Captulo I Competncia do Tribunal de tica e Disciplina Captulo II - Procedimentos; Captulo III Disposies gerais e transitria.

Deveres: Urbanidade: artigos 44 a 46 do CED;Independncia: Artigo 4, CED - sua principal caracterstica. Para Lbo (1994, p. 117), sem independncia no h representao sincera, no h advocacia. Artigo 31, s 1 e 2, EAOAB;Responsabilidade: a contrapartida da liberdade e da independncia. Presente quando o advogado atua com negligncia, imprudncia ou impercia. Advogado responde civilmente pelos danos que causar ao cliente. Servio prestado pelo advogado configura obrigao de meio, jamais de resultado. Eventual clausula contratual que exclui a responsabilidade do advogado nula (CDC, art. 51).

Relaes com os clientes: Confiana Informar ao cliente sobre os eventuais riscos que podero advir da demanda; Prestar contas e devolver bens, valores e documentos na concluso ou desistncia da demanda; Abster-se do patrocnio de causa contrria tica, moral ou validade de ato jurdico em que tenha colaborando, orientado ou conhecido em consulta; e, declinar quando tenha sido convidado para outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer; proibido funcionar no mesmo processo simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente, haja vista que como advogado, no poder dar depoimento pessoal.

Deveres da representao: Em regra, no aceitar procurao de quem j tenha patrono constitudo, sem prvio consentimento deste; No abandonar os feitos, sem justo motivo e comprovada cincia do constituinte; Ao renunciar permanecer responsvel pelo feito durante 10 dias; Mandato judicial ou extrajudicial no se extingue pelo decurso do tempo. Advogados de sociedade profissional no podem representar em juzo clientes com interesses opostos; No conflito entre litisconsortes, o advogado pode renunciar ambos ou optar por um dos mandatos, resguardando o sigilo profissional. Pode postular contra ex-cliente ou ex-empregador, desde que resguarde o segredo profissional e as informaes reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.

Sigilo profissional: Salvo grave ameaa ao direito vida, honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo prprio cliente e, em defesa prpria, tenha de revelar segredo, porm sempre restrito ao interesse da causa; Em depoimento judicial recusa como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte. Confidncias feitas ao advogado podem ser utilizadas nos limites da necessidade da defesa, desde que autorizado pelo constituinte.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBRASIL, Lei 8.906, de 04 de julho de 1994.BRASIL, Cdigo de tica e Disciplina. LANGARO, Curso de deontologia jurdica. So Paulo: Sarava, 2011.LBO, Paulo Luiz Netto. Comentrios ao novo Estatuto da Advocacia e da OAB, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Braslia Jurdica, 1994.MARIN, Marco Aurlio. tica Profissional. So Paulo: Editora Mtodo, 2008.

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TOMO I. DA TICA DO ADVOGADO. CAPTULO I. DAS REGRAS DEONTOLGIAS FUNDAMENTAISO Cdigo de tica e Disciplina da OAB inaugura o texto com um contedo de normas gerais, em que trazida uma gama de regras deontolgicas, com o fito de se demonstrar que, por tal palavra, o que se deseja chamar a ateno dos profissionais s espcies de regras que esto sendo trazidas e apresentadas trata-se de normas de contedo da tica aplicada profisso do advogado, cuja abordagem se d pela utilizao de princpios de ordem da moral nas acepes individual, social e profissional, isto porque o exerccio da advocacia exige conduta compatvel com os preceitos deste Cdigo, do Estatuto, do Regulamento Geral dos Provimentos e com os demais princpios da moral individual, social e profissionalEste tpico se preocupou tambm por fazer a apresentao do profissional do Direito advogado, colocando-o em lugar certo e definido, quanto ao seu papel no aspecto da administrao da Justia, bem como atribuindo, desde logo, os deveres que lhe so peculiares, em face do exerccio da atividade diferenciada que desempenha no mbito da sociedade brasileira:

Art. 2 O advogado, indispensvel administrao da Justia, defensor do Estado democrtico de direito, da cidadania, da moralidade pblica, da Justia e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministrio Privado elevada funo pblica que exerce. No bojo dos deveres, podemos vislumbrar uma gama considervel de incisos que so verdadeiros princpios insertos em um conjunto de normas de contedo pragmtico, no sentido de fazer ou deixar fazer tal conduta que seja prejudicial ao ao seu prprio nome, justia, sociedade, ao seu cliente, principalmente:Pargrafo nico. So deveres do advogado: I preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profisso, zelando pelo seu carter de essencialidade e indispensabilidade; II atuar com destemor, independncia, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-f; III velar por sua reputao pessoal e profissional; IV empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeioamento pessoal e profissional; V contribuir para o aprimoramento das instituies, do Direito e das leis;VI estimular a conciliao entre os litigantes, prevenindo, sempre que possvel, a instaurao de litgios; VII aconselhar o cliente a no ingressar em aventura judicial; VIII abster-se de: a) utilizar de influncia indevida, em seu benefcio ou do cliente; b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas advocacia, em que tambm atue; c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; d) emprestar concurso aos que atentem contra a tica, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constitudo, sem o assentimento deste. IX pugnar pela soluo dos problemas da cidadania e pela efetivao dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no mbito da comunidade.Ao advogado cobrada uma ateno redobrada, mediante a sua percepo mpar com que consegue enxergar a natureza das coisas, quando no das pessoas, em grau mais apurado do que o senso comum, de forma que reza o art. 3 o advogado deve ter conscincia de que o Direito um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de solues justas e que a lei um instrumento para garantir a igualdade de todos.2) CAPTULO II. DAS RELAES COM O CLIENTEH uma relao de confiana entre advogado e cliente, quando da contratao daquele por este, para fins de represent-lo em juzo, para o exerccio do jus postulandi, o direito de postular que, em regra, atribudo ao advogado, salvo as excees ou permisses pertinentes aos juizados especiais, consoante j fecunda anotao no mbito acadmico, portanto desnecessrios maiores comentrios a respeito.Deste modo, pertinente que o advogado, quando da primeira conversa, to-logo seja efetivado o primeiro contato, em que o cliente por certo ir expor suas necessidades jurdicas, contar as razes de estar sentado naquela cadeira, e logo em seu escritrio, j se utilize de regras deontolgicas, isto , utilize-se da tica de sua profisso, tratando o cliente com respeito, passando-o confiana em sua pessoa e em sua postura como advogado, no fazendo promessas que no possa cumprir, tais como a causa j est ganha, ou no vai demorar nada, ou qualquer outra semelhante. por tais razes que o Captulo II do Cdigo de tica, em seu art. 8, declara que o advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequvoca, quanto a eventuais riscos da sua pretenso, e das conseqncias que podero advir da demanda. A observncia dessa prescrio normativa do art. 8, ao contrrio do que se pode imaginar, demonstrar um carter de confiabilidade no profissional, pois seu cliente perceber que est diante primeiramente de um homem que, tal qual sua pessoa, tem o compromisso de honrar com a palavra, sem, no entanto fazer promessas vazias s quais no possa dar cumprimento, isso por que, conforme anotado por Roque (2009, p. 16): a lealdade, a boa-f e o pego verdade so virtudes capitais do advogado, para servir Justia como seus elementos essenciais. Deve proceder com lealdade e boa-f em suas relaes profissionais e em todos os atos de seu ofcio.CONCLUSOO presente trabalho preocupou-se por fazer uma abordagem da tica aplicada s profisses em geral para, a partir da noo da Deontologia, falar-se da tica inserida na profisso do advogado.Assim, trouxe o conceito de Deontologia, sua etimologia, sua aplicao no mundo das profisses, chegando-se ao conceito de Deontologia Jurdica.Primou-se por fazer uma anlise no profunda a respeito dos ttulos e dos principais captulos do Cdigo de tica, anotando-se, quando cabvel o artigo que se achou de maior interesse como sendo o que melhor resumiria o tpico.Das leituras empreendidas ora no prprio Cdigo, ora nos livros utilizados como meio de consulta consecuo deste singelo texto, percebeu-se o quanto ainda somos carentes de uma base curricular que trabalhe e explore a aplicabilidade de contedos de compleio tica e moral, ao longo de nossa vida estudantil, isso desde as sries iniciais.Ao longo da exposio das linhas deste trabalho, percebeu-se a importncia de incutir no mbito das Faculdades de Direito a necessidade da existncia de um corpo docente capacitado quanto especialidade de disciplinas como Filosofia e tica; Direito Constitucional, haja vista crermos que em assim sendo posta como pragmtica dos currculos das faculdades de Direito, qui poderemos um dia (e que no seja muito distante), mudar uma realidade ainda presente nas estatsticas brasileiras, as quais apontam que os estudantes de Direito no gostam das disciplinas apresentadas no incio do Curso. Lamentavelmente essa constatao se d no que concerne s disciplinas que tratam de Histria do Direito; Filosofia do Direito; tica aplicada ao direito. O aluno de Direito precisa perceber que essas disciplinas so, na verdade, a essncia do Curso de Direito. E que se eles aspiram a ser excelentes profissionais do mundo jurdico, precisam tambm lembrar de que o Direito construdo diariamente, e que muita parte dessa construo se d na escolha das boas leituras. Uma delas dever por certo comear pelo Cdigo de tica e Disciplina da OAB, como leitura de travesseiro at. O que, sem dvidas, muito trar de contribuio vida profissional do aspirante ao ofcio da atividade jurdica.REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBRASIL. Cdigo Civil, Cdigo Comercial, Cdigo de Processo Civil, Constituio Federal. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.BRASIL. CDIGO DE TICA E DISCIPLINA DA OAB.CASTRO. A. Pinheiro de. Sociologia do Direito. 8 ed. So Paulo: Atlas, 2003.CAVALIERI FILHO, Srgio. PROGRAMA DE SOCIOLOGIA JURDICA. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.CHAU. Marilena. CONVITE FILOSOFIA. So Paulo: tica, 2004.ESTVO, Carlos. JUSTIA E EDUCAO. So Paulo: 2001.LOBO, Paulo. Comentrios ao Estatuto da Advocacia e da OAB. De acordo com a lei n. 11.767/2008. So Paulo: Saraiva, 2009.MASCARO, Alysson Leandro. INTRODUO FILOSOFIA DO DIREITO. Dos Modernos aos Contemporneos. So Paulo: 2002.MOREIRA, Mrcio Martins. Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. Anotado. De acordo com a Emenda Constitucional 45/2004. So Paulo: cone, 2005.ROQUE, Sebastio Jos. DEONTOLOGIA JURDICA (TICA PROFISSIONAL DO ADVOGADO). Coleo Elementos de Direito. So Paulo: cone, 2009.

1. O que tica

Sem progresso moral no h verdadeiro progresso, JOS SARAMAGO. A evoluo no depende apenas de progressos tcnicos e cientficos, mas acima de tudo, depende do progresso da valorizao dos princpios bsicos que regem uma sociedade, garantindo a sua harmonia e a dignidade de seus cidados. E , por isso que devemos dar uma maior importncia ao estudo desses princpios, que dizem respeito tica.

Antes da anlise do que seja a tica h de se fazer uma distino entre tica e moral diante da facilidade de se confundir ambas. A moral originada da palavra romana mores, que significa costumes, normas adquiridas pelo hbito reiterado de sua prtica. Ela estabelece regras que direcionam o comportamento humano a uma determinada conduta definida como moralmente correta, relacionada a uma dada comunidade humana. Por sua vez, a tica uma disciplina terica sobre o comportamento do indivduo em suas relaes com os seus semelhantes, que parte dos pressupostos das diversas morais existentes na comunidade global. Ela sistematiza as diversas morais. Estabelece princpios da vida que orientam o homem permitindo que as relaes deste com os demais sejam harmnicas. Diz LEONARDO BOFF, citado por Paulo de S Elias - "No basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradio. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de valores. Cumpre tambm sermos ticos, quer dizer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. Abertos a valores que concernem a todos os humanos, como a preservao da casa comum, o nosso esplendoroso planeta azul-branco. Valores do respeito dignidade do corpo, da defesa da vida sob todas as suas formas, do amor verdade, da compaixo para com os sofredores e os indefesos. Valores do combate corrupo, violncia e guerra. Valores que nos tornam sensveis ao novo que emerge, com responsabilidade, seriedade e sentido de contemporaneidade.A tica, diferentemente da moral, uma verdadeira cincia, que possui um objeto prprio, a moral. Atravs do estudo das morais, ela extrai os princpios gerais, relacionados ao comportamento humano, que regem a sociedade.

As normas ticas se destinam a direcionar a conduta humana levando o homem a decidir como agir e neutralizando conflitos. Como observa MIGUEL REALE, bem lembrado por Paulo S Elias, as normas ticas no implicam apenas um juzo de valor, mas impe a escolha de uma diretriz considerada obrigatria, numa determinada coletividade.

2. tica Profissional do Advogado

Para uma maior aproximao do tema de que pretendo tratar nesse artigo, cabe agora restringir o assunto para o campo da tica profissional. A tica profissional parte da tica geral. Aquela estabelece regras de conduta funcional que dizem respeito a uma determinada profisso. Seus princpios condicionam a valorao de condutas restritas ao campo da profisso, determinando o modo de agir do profissional. Esses princpios no so absolutos, so extrados do senso comum dos profissionais e podem mudar com o tempo.

Analisando o conceito de profisso proposto por Jos Renato Nalini, ela uma atividade pessoal, desenvolvida de maneira estvel e honrada, a servio dos outros e a beneficio prprio, em conformidade com a prpria vocao e em ateno dignidade humana, percebemos que a tica um elemento intrnseco profisso, sem ela no seria possvel ser exercida uma atividade honrada, em benefcio dos outro e sem prejuzo dignidade humana. O trabalho apenas dignifica o homem quando este o exerce sob a ptica da tica.

O profissional jurdico no deve apenas ser um profundo conhecedor das leis, um tcnico, mas deve tambm buscar a sua valorizao pessoal, atravs da postura tica adequada. E atravs do comportamento tico que se d o respeito, no s ao semelhante e sociedade, como tambm o respeito a si prprio, sua conscincia.

A tica profissional permite que a finalidade da profisso seja atingida dentro dos parmetros morais da sociedade. Sem tica, por exemplo, o advogado jamais chegaria ao seu objetivo de Justia, de defesa da democracia e dos direito humanos. E, como lembra o ilustre PAULO LUIZ NETO LOBO, de todas as profisses, a advocacia a nica que nasceu de preceitos rigidamente ticos. Ela foi uma das primeiras profisses a se preocupar com a tica e a regulament-la em um cdigo. Segundo o Mestre RUY DE AZEVEDO SODR, a tica profissional do advogado entendida como persistente aspirao de amoldar a sua conduta, sua vida aos princpios bsicos dos valores culturais de sua misso e seus fins, em todas as esferas de sua atividade. Ao optar por advogar, a pessoa propor-se- a resolver questes de direito postas perante o seu grau, portando-se corretamente no desempenho profissional. A falta de tica profissional uma traio prpria escolha de desempenhar o ofcio.

3. Cdigo de tica Profissional

O cdigo de tica profissional que vai permitir que os princpios ticos sejam sistematizados e que sejam exigidos com uma maior segurana. A partir da sua regulamentao, a tica profissional passa a ser objeto de normas jurdicas definidas, obrigatrias a todos os profissionais da rea, da a sua importncia principalmente na rea do direito em que a tica fundamental. Alm disso, o cdigo de tica profissional possibilita a concretizao dos princpios ticos. As normas contidas no cdigo so seguidas de sanes que garantem o cumprimento da conduta tica desejada. Como dispe PAULO LUIZ NETO LOBO, Os deveres ticos consignados no Cdigo no so recomendaes de bom comportamento, mas normas que devem ser cumpridas com rigor, sob pena de cometimento de infrao disciplinar punvel.

Por fim, o Estatuto da Advocacia, baixado pela lei 8.906 de julho de 1994, em seu art.33, caput estabelece: O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Cdigo de tica e Disciplina, integrando, assim, a tica profissional no mundo do direito. Esse novo Estatuto preferiu concentrar toda a matria no Cdigo de tica e Disciplina. O Cdigo de tica e Disciplina da OAB editado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que regulamenta a conduta tica do advogado sintetizando os deveres desses profissionais. 4. A Misso do Advogado

Constituio Federal (art.133)Estatuto da Advocacia (arts. 2; 31;);Cdigo de tica Disciplinar da OAB (arts. 2) O advogado indispensvel administrao da justia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes no exerccio de sua profisso, nos limites da lei (CF/88, art.133). O advogado (...) defensor do estado democrtico de direito, da cidadania, da moralidade pblica, da Justia e da paz social (Cdigo de tica e Disciplina da OAB) No processo judicial, o advogado contribui, na postulao de deciso favorvel ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constitui mnus pblico (CPC, art.2, 2). RUI DE AZEVEDO SODR, ao tratar do assunto coloca: O advogado repetindo a lio de Calamandrei um rgo intermedirio entre o juiz e a parte e nele se conciliam o interesse privado de alcanar uma sentena favorvel, e o pblico de obter uma soluo justa. Por isso sua funo necessria ao Estado como do juiz, quando atua como servidor do direito. O seu objetivo proteger e fazer triunfar os interesses de seu cliente e o de defender a supremacia da lei como mxima garantia da segurana jurdica e da estabilidade social. Por isso o advogado, que , em virtude de seu dever profissional, servidor de seu cliente, , tambm em razo de sua funo social, servidor da sociedade e do direito.(enciclopdia Saraiva do Direito, vol.6/60).

No pode haver garantia de justia sem a presena do advogado. necessrio que haja sbios do direito, tcnicos na arte da retrica, na arte do convencimento, grandes oradores para que exista uma defesa forte e segura dos diretos humanos. Um cidado comum sem grandes conhecimentos em matria de direito, sem aprimoramentos oratrios, sem o um estudo mais desenvolvido, sem uma tcnica de defesa mais trabalhada, no teria condies de defender os seus direitos to bem quanto um advogado. Por este, mister o domnio do conhecimento doutrinrio, da legislao e da jurisprudncia, est atualizado dos fatos sociais mais atuais. Ele quem dedica a sua vida ao trabalho de defender cada vez melhor os direitos dos cidados e, por isso, ningum melhor do que ele pode exercer essa funo. A presena do advogado indispensvel para que haja democracia e justia. Desde pocas mais remotas, os advogado aprenderam a falar aos potentados como nunca os fracos e desprotegidos ousaram falar-lhes. nisso que reside o indelvel apangio da corporao advocatcia.(MARIO FIGUEIREDO BARBOSA).

Ademais, o citado operador do Direito possui um mnus pblico, ou seja, um encargo imposto pela constituio a ele em proveito da sociedade. Devido a isso, o advogado tem grande responsabilidade no seu trabalho, na busca de uma ordem jurdica justa. Esta, no entanto, seria impossvel se o advogado no cultivasse a tica. Como poderia a sociedade confiar o poder de defender os seus direitos, as suas garantias fundamentais, nas mos de pessoas que se encontram fora do padro tico aspirado por esta? Que valeria a perfeio de uma ordem jurdica se o advogado no cumprisse eticamente o dever de lutar pela dignidade de sua postulao? (MARIO FIGUEIREDO BARBOSA). H uma exigncia muito grande da moral na advocacia, principalmente pelo fato de ela lidar com a justia e com a dignidade das pessoas. Por isso, um comportamento antitico de um advogado causa um impacto muito grande na sociedade e se torna marcante. A possibilidade de escolha de o advogado tomar ou no uma atitude tica est presente constantemente em sua profisso, e dessa escolha que depender o andamento do seu trabalho. Embora muitas vezes tentado a optar por uma atitude antitica, o advogado nunca deve fazer essa escolha, pois ele tem uma responsabilidade muito grande perante a sociedade. Sua palavra o seu instrumento de trabalho, por isso importante que seja confivel. JOS RENATO NALINE, observa que o advogado no dispe do poder do juiz e os meios de coao da polcia. Sua fora reside na palavra e na autoridade moral que ostente.Sem moral o advogado no tem a possibilidade de desempenhar bem sua funo e, por conseguinte, fracassar com seu papel de garantidor da justia, devendo ser severamente penalizado. Deve-se considerar, todavia, que caminhar os caminhos da tica misso rdua, quando no penosa, ainda mais porque o itinerrio no permite atalhos. Mas imprescindvel para que cada um possa fazer a descoberta de si mesmo, do sentido ou dos sentidos da existncia, o que s possvel quando o eu procura se abrir para a experincia do outro.(ANTONIO CAVALCANTE DA COSTA NETO).

A palavra advogado originada do latim advocatus, que significa aquele a quem se pede socorro. Na elucidao de CARNELUTTI, "s ao advogado se d este nome. Quer dizer que h entre a prestao do mdico e a do advogado uma diferena, que no voltada para o direito, , todavia descoberta pela rara intuio da linguagem. Advogado aquele ao qual se pede, em primeiro plano, a forma essencial de ajuda, que propriamente a amizade (1995:26). Ao advogado cabe ajudar a todos que pedem por socorro, independente do fato de essa pessoa ser ou no um delinqente, porque esse julgamento cabe apenas ao juiz. A sociedade costuma crucificar o advogado que defende um criminoso, mas todos, at estes, tm o direito pela defesa garantida pela constituio e dever do advogado segui-la.Cabe, pois, ao advogado, a tarefa muitas vezes impopular de encontrar uma centelha de dignidade na lama de iniqidade em que o ser humano pode ser tragado. Para tanto no preciso abrir mo da tica. (ANTONIO CALVACANTE DA COSTA NETO). Segundo as palavras do grande sbio CARNELUTTI, A essncia, a dificuldade, a nobreza da advocacia situar-se no ultimo degrau da escada, junto ao acusado. As pessoas, inclusive os juristas no o compreendem. (...) A razo pela qual a advocacia objeto de difundida antipatia, inclusive no campo literrio e litrgico, no outra seno esta. Muitas pessoas tm uma imagem deformada do exerccio da profisso do advogado, pois no acreditam que nele haja, na prtica, um comportamento tico. Elas generalizam e acreditam que todos esses profissionais so antiticos. Isso ocorre devido falta de conhecimento a respeito da funo advocatcia ou devido ao comportamento antitico de uma camada de advogados, o que acaba deturpando a imagem dos advogados em geral. Como toda profisso, na advocacia existem os aproveitadores, porm no justo que se faa uma generalizao.

Existem situaes em que, misturada com a ignorncia de muitos, levam estes a acreditarem que a advocacia uma profisso de mentirosos e ladres. Sempre dentro de um processo h duas partes contraditrias que compem a lide. Existe um advogado defendendo uma parte, que sustenta uma verso do fato, e o advogado da outra parte, que sustenta uma outra verso contrria. Fica difcil, nessa situao, entender que os dois advogados esto falando a verdade, levando muitas vezes a acharmos que um advogado est adotando uma conduta antitica, mentindo. Se pensarmos assim, chegaremos concluso que todo advogado no atua de acordo com a tica. Entretanto, se partirmos do pressuposto de que todo ponto de vista um ponto de vista de um ponto, e que em uma mesma situao pode haver vrias vises diferentes, e que podem inclusive ser contraditrias, poderemos concluir que nenhuma dessas verses falta com a verdade. Antonio Calvacante da Costa Neto faz referencia a CARNELUTTI, "a verdade como a luz ou como o silncio, os quais compreendem todas as cores e todos os sons; mas a fsica tem demonstrado que a nossa vista no v e os nossos ouvidos no ouvem mais que um breve segmento da gama das cores e dos sons; esto aqum e alm da nossa capacidade sensorial as infra e ultracores, como os infra e ultra-sons. A verdade decomposta por diversas verses e que ofertadas perante a Justia pode-se se chegar verdade mais coerente. No entanto, nem toda e qualquer verso pode ser considerada verdade, j pode haver a impossibilidade de compatibilidade da verso com o fato real revelando uma possvel atitude antitica de quem a defendeu.

importante que se citem as palavras de ADA PELEGRINE, De h muito, o processo deixou de ser visto como instrumento meramente tcnico, para assumir a dimenso de instrumento tico voltado a pacificar com justia. Nessa tica, a atividade das partes, embora empenhadas em obter a vitria, convencendo o juiz de suas razes, assume uma dimenso de cooperao com o rgo judicirio, de modo que sua dimenso dialtica no processo possa emanar um provimento jurisdicional o mais aderente possvel da verdade, sempre entendida como verdade processual e no ontolgica, ou seja, como algo que se aproxime ao mximo da certeza, adquirindo um alto grau de probabilidade. por isso que os cdigos processuais adotam que visam inibir e a sancionar o abuso do processo, impondo uma conduta irrepreensvel s partes e a seus procuradores. Muitas pessoas imaginam que para se ganhar um processo, preciso ter malcia, agir com esperteza, de m f. Todavia, o direito no d ao advogado a possibilidade de ele tomar tal postura. O Cdigo de Processo Civil limita a atividade do advogado e determina seus deveres. O advogado deve agir com lealdade e boa-f, no deve faltar com a verdade, na devem formular pretenses sem fundamentos, no deve produzir provas nem praticar atos inteis defesa do direito, no podem fazer injrias verbais ou escritas, devem cumprir com exatido os provimentos fundamentais e no criar embaraos efetivao de provimentos judiciais, de natureza antecipatria ou final. Essas determinaes fazem com que o processo cumpra seu papel de pacificao de modo justo e tico.

O dever fundamental do advogado cooperar com a Justia, defendendo em direito os interesses de que lhe deu confiana, sendo estes no podem estar acima do fim primordial de Justia.

5. Deontologia Forense A Deontologia Forense o estudo dos princpios, fundamentos e sistemas morais que dizem respeito s funes jurisdicionais. Determina o conjunto de normas ticas que devem ser cumpridas pelo profissional jurdico. Estabelece, portanto, os deveres que devem nortear o operador do direito.

O princpio fundamental da deontologia profissional agir segundo cincia e conscincia, como coloca Jos Renato Nelini. A cincia est relacionada ao conhecimento tcnico. Assim, o profissional deve ter o domnio de sua rea, conhecendo as regras, o mtodo e tudo que envolve e possibilita o exerccio da profisso. Ele, alm de estar devidamente formado em sua rea, deve estar sempre buscando novos conhecimentos para poder desempenhar a sua funo da melhor forma possvel. O Direito uma rea de constantes modificaes, principalmente pelo fato de estar diretamente ligado com a conduta humana, que imprevisvel, condicionada a fatos novos que surgem na sociedade, e esta, sempre em evoluo. O Direito segue a evoluo da sociedade e o profissional do Direito deve acompanhar sempre as inovaes da sociedade. O advogado um eterno estudante, sempre procurando se aperfeioar e estar atualizado. Por isso ele tem que ser humilde para buscar o conhecimento e nunca se conformar com o que sabe, deve sempre buscar mais. Aquele que acha que j sabe de tudo medocre e nunca ter oportunidade de crescer, e no caso do advogado no poder desempenhar bem a sua profisso. A conscincia diz respeito a ter sempre em mente a sua funo social. Assim, o profissional deve agir de forma tica, sempre com compromisso finalidade da profisso e nunca se desvirtuar dela. a conscincia que vai gui-lo a optar pela conduta correta e agir sempre de acordo com a moral.

Alm desses princpios apresentados, a deontologia forense possui diversos outros que ditam deveres do profissional jurdico. H o princpio que dita a necessidade de preservao da dignidade e do decoro, que, desrespeitado, gera desconfiana em relao ao profissional e desprestgio da sua classe. O uso de expresses chulas e vulgares lesiva ao decoro, deve haver moderao aos mpetos de defesa e aos impulsos do carter. H na deontologia o princpio do coleguismo: dever de companheirismo, respeito, lealdade, solidariedade recprocos entre os integrantes das funes jurdicas.

Existe o princpio da correo profissional, que diz respeito a um comportamento srio, discreto, honesto e corts. O princpio da diligncia no qual p profissional de trabalhar com zelo, aplicao. A justia lida com pessoas frgeis, que precisam de assistncia para garantir um direito vulnerado ou vulnervel e o profissional deve agir com cuidado no pode ser acomodado e incessvel. O dever de diligncia o mesmo para todos os casos, tanto os casos menores quanto os mais relevantes devem ser tratados com a mesma dedicao. A diligncia tambm inclui o constante auto-aprimoramento, acompanhando as novas concepes doutrinrias, a jurisprudncia e as edies legislativas.

A fidelidade em relao Constituio, lei maior da qual todos indistintamente devem respeitar, a fidelidade do advogado em relao a seu cliente, que o escolhe de acordo com seus atributos personalssimos confiando a esse os seu segredo para que possa resolver os seus problemas, so outros dos atributos cobrveis ao profissional jurdico. O advogado alm de lealdade com os demais operadores do direito, juiz, promotor etc, deve ter lealdade com o seu cliente, como coloca Jos Renato Nalini, o qual lembra que mesmo se o seu cliente estiver mentindo ao juiz ou at mesmo acusando falsamente um terceiro, o advogado, tendo cincia disso, no deve desmascarar o seu cliente, o dever dele defender quem lhe confiou a defesa. O advogado deve lealdade ao seu cliente no que diz respeito tambm ao esclarecimento a este sobre o andamento da causa e sobre as estratgias adotadas por ele.

Existe o princpio da reserva, no qual, alm do silncio, o profissional deve agir de forma que as informaes ntimas do interessado sejam salvaguardadas, devendo o profissional, por exemplo, manter reservados todos os documentos ou objetos do processo, o endereo do cliente, e no externar opinies sobre o processo para outras pessoas, nem mesmo famlia. Alm desse, h o princpio da independncia profissional: o advogado, no exerccio de sua profisso, deve manter independncia em qualquer circunstncia (Lei 8.906 de 94 Estatuto da advocacia e a ordem dos Advogados do Brasil), esse princpio deve ser seguido mesmo se ele tiver relao de emprego com seu cliente ou tiver com este contrato de prestao permanente de servio.

H uma srie de princpios ticos relacionados funo jurisdicional que podem ser observados, os princpios do desinteresse, da conduta ilibada, da confiana; da informao; da solidariedade; da cidadania, da funo social; da clareza, pureza e persuaso da palavra; da moderao; da tolerncia, entre outros que podem ser citados por outros autores. Esses princpios dizem respeito a os profissionais que atuam na jurisdio, incluindo o advogado. Porm, este, alm desses princpios ticos colocados pela deontologia forense, possui princpios prprios relacionados atividade advocatcia e regulamentados em um cdigo especfico, o Cdigo de tica e Disciplina da OAB. 5.1.Regras Deontolgicas Fundamentais na Advocacia As regres deontolgicas fundamentais impem conduta compatvel com os preceitos do cdigo, do estatuto da OAB, do Regulamento geral, dos Provimentos e dos demais princpios morais da sociedade. A moral um atributo essencial ao advogado, a sua reputao e o seu talento dependem dela. Como o Cdigo de tica e Disciplina da OAB coloca, o advogado alm de defensor do Estado democrtico de direito, da cidadania, da justia e da paz social, tambm defensor da moralidade pblica.

A regulamentao da conduta tica dos advogados est presente no Cdigo de tica e Disciplina da OAB, que sintetiza os deveres ticos do advogado. Este estabelece as regras deontolgicas fundamentais, os deveres do advogado com o seu cliente, regras em relao aos honorrios profissionais, em relao ao seu dever de urbanidade e regras sobre o Tribunal de tica e Disciplina, que ir orientar, aconselhar e julgar causas relacionadas tica nos processos disciplinares.

As regras deontolgicas so disciplinadas pelo Cdigo referido, a partir de seu artigo 1 at o artigo 7. No artigo 1, coloca que, para o exerccio da advocacia necessrio que o advogado exera a sua profisso de acordo com o que regulado no Cdigo e de acordo com os princpios morais individuais, sociais, e profissionais. O Cdigo estabelece algumas normas de conduta tica que o legislador considerou ser importante a sua regulamentao em um Cdigo especfico para a matria, porm no apenas a conduta tica legislada que o advogado deve seguir. O advogado deve respeitar toda a moral que envolve a sua profisso, no apenas o que est previsto no cdigo, mas o necessrio para a preservao da dignidade sua, da sua classe e do outro. Cuidando em no ser extremamente moralista e conservador, o advogado deve estar atento ao seu tempo e s novas necessidades. No apenas como advogado, mas tambm como cidado, ele deve seguir os princpios morais da sociedade. No seu artigo 2, o legislador estabelece deveres ao advogado:

I- preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profisso, zelando pelo seu carter de essencialidade e indispensabilidade ; II- atuar com destemor, independncia, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-f; III- velar por sua reputao pessoal e profissional; IV- empenhar-se , permanentemente, em seu aperfeioamento pessoal e profissional; V- contribuir para o aprimoramento das instituies, do Direito e das leis; VI- estimular a conciliao entre os litigantes, prevenindo, sempre que possvel, a a instaurao de litgios; VII- aconselhar o cliente e no ingressar em aventura judicial; VIII- abster-se de: a) utilizar de influncia indevida, em seu benefcio ou do cliente; b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas advocacia, em que tambm atue; c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestadamente duvidoso; d) emprestar concurso aos que atentem contra a tica, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constitudo, sem o assentimento deste. IX- pugnar pela soluo dos problemas da cidadania e pela efetivao dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, mbito da comunidade. O artigo 3 obriga ao advogado a ter conscincia da funo social do Direito, que a rea que ele escolheu atuar. voltado para funo que ele deve trabalhar para que o Direito cumpra a sua finalidade. Uma conduta oposta a essa finalidade ofender a deontologia forense. O advogado deve sempre estar ciente de que o Direito um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de solues justas, amparando, assim, os fracos e oprimidos e dando a cada um o que lhe de direito. Tendo cincia tambm de que a lei um instrumento para garantir a igualdade de todos, por isso a sua conduta deve estar subordinada a ela.

Ainda em relao s regras deontolgicas fundamentais , o art. 4 refere-se ao princpio da independncia e liberdade do advogado. Sendo que mesmo este estando vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relao de emprego ou contrato de prestao permanente de servios, integrante de departamento jurdico, ou rgo de assessoria jurdica, pblico ou privado, tem a legitimidade de recusar o patrocnio de pretenso concernente lei ou direito que tambm lhe seja aplicvel, ou contrarie expressa orientao sua, manifestada anteriormente.

O artigo 5 desse Cdigo probe qualquer procedimento de mercantilizao no exerccio da advocacia, incluindo aqui procedimentos usados para a captao de clientela. O advogado no pode usar nenhum meio que tenha essa finalidade, nem rdio, televiso, nem mesmo a internet. No pode, ele, participar de entrevistas com o fim de se promover. A capitao de clientela est mencionada no artigo 7, que veda o oferecimento de servios profissionais que impliquem direta e indiretamente, inculcao ou capitao de clientela. O artigo 6 do Cdigo trata do dever do advogado com a verdade, colocando que defeso ao advogado expor os fatos em juzo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se na m-f.

Das Relaes com o Cliente

A partir do seu artigo 8 ao artigo 24, o Cdigo de tica disciplina as relaes do advogado com os seus clientes. Os clientes merecem conscincia, dedicao e aprimoramento do esprito conciliatrio - Jos Renato Nalini. O dever primordial que o advogado tem para com o seu cliente o de lealdade, que abarca uma srie de outros deveres, inclusive o de dedicao com a causa, devendo trabalhar conscientizando-o e procurando sempre o melhor caminho para a soluo da causa: a conciliao.

De acordo com o artigo 8- O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequvoca, quanto a eventuais riscos de sua pretenso, e das conseqncias que podero advir da demanda. O dever de informar ,devido a sua importncia, o primeiro dever do advogado em relao ao seu cliente a ser posto pelo Cdigo . O cliente deve ser conscientizado pelo advogado, que tem o dever de verdade. Ele no pode iludi-lo, no pode garantir que o seu direito ser reconhecido, o cliente deve saber de todos os riscos que poder sofrer com a demanda jurisdicional. O advogado cumpri um papel de conselheiro, ele deve estar sempre ao lado de seu cliente lhe mostrando o melhor caminho, e de forma alguma deve engan-lo, isso o desvirtuaria de sua funo. No poder ele levar o seu cliente a uma aventura judicial como dispe o artigo 2,inciso VII do prprio cdigo. Dever, sim, estimular a conciliao entre os litigantes para evitar, se possvel, a instaurao de um litgio.

O artigo 9 do cdigo dispe que, quando h concluso ou desistncia da causa, o advogado deve devolver todos os bens, valores e documentos que recebeu no exerccio do mandato. Nesse caso, tambm deve ser feita a pormenorizada prestao de contas, no excluindo outras prestaes solicitadas, pelo cliente, a qualquer momento.

Segundo o art.10, h a presuno do cumprimento e cessao do mandato quando concluda a causa ou arquivado o processo. A atividade do advogado uma atividade meio, sua funo defender o seu cliente da melhor forma possvel dentro dos padres ticos. No importa se ele ganhou a causa ou no, o cumprimento do contrato do advogado com o seu cliente se dar apenas com a concluso da causa ou arquivamento do processo. Porm, a relao do advogado com o seu cliente no cessa plenamente com o cumprimento ou cessao do mandato, ainda existe, como alguns chamam, obrigaes ps-contratuais. O advogado ainda tem deveres para com o seu cliente, dever de esclarecimentos posteriores sobre a causa, dever de lealdade, de sigilo das informaes que o cliente passou para o advogado. Quando, por exemplo, o advogado postular contra ex-cliente, em nome de terceiro, ele deve resguardar o segredo profissional e as informaes reservadas ou privilegiadas que lhe tenha sido confiada, o que diz o art.19 do Cdigo de tica.

O advogado, segundo o art.11, s pode aceitar procurao de quem j tenha patrono constitudo se houver um prvio conhecimento do mesmo. Ele s aceitar a procurao depois de conversar com o seu colega. Porm, se houver motivo justo ou necessidade de adoo de medidas judiciais urgentes e inadiveis, o advogado poder aceitar a procurao sem o prvio conhecimento do outro advogado j constitudo anteriormente pela parte como procurador. O novo procurador dever se entender como antigo patrono assim que possvel. Esse dispositivo diz mais respeito relao do advogado com o seu colega do que necessariamente do advogado com o seu cliente. A renuncia do advogado do patrocnio independe de motivo. O advogado poder renunciar , porm ir ser responsabilizado se causar danos dolosamente ou culposamente ao seu cliente ou terceiros, de acordo com o art.13. O art.12 dispe que o advogado no pode deixar abandonado ou desamparado os feitos. Assim como o advogado pode renunciar o mandato, o cliente, por sua vontade, pode revogar o mandato. Nesse caso, este fica ainda obrigado a pagar as verbas honorrias contadas, ou eventual verba honorria de sucumbncia, calculada proporcionalmente, em face do servio efetivamente prestado. Essa situao est disciplinada no art.14 do Cdigo de tica.

O Cdigo de tica obriga o advogado, observe que no apenas uma faculdade, um dever, a no patrocinar causas contrrias tica, moral, ou validade de ato jurdico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta. Da mesma forma, deve declinar seu impedimento tico quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado segredo ou obtido seu parecer (art.20 do Cdigo de tica). A tica e a moral sero avaliadas de acordo com a conscincia do prprio advogado, e de acordo com a sua viso, aproximando, assim, o carter de obrigatoriedade da norma para o de faculdade, pois se o advogado no julgar a causa como atentatria tica ou moral, ele poder aceit-la. Lembrando, que ele deve estar atento para no prejudicar a sua reputao e a reputao da classe.

Todos tm o direito de defesa assegurado pela constituio, em seu art.5, inciso LX. Quando se tratar de defesa criminal, o advogado, constitudo ou nomeado, tem o dever de exerc-la, sem considerar a sua prpria opinio sobre a culpa do acusado (art. 21 do Cdigo de tica). Deve haver uma preocupao maior na defesa do ru, hiposuficinte na relao processual penal, pois se ele for acusado injustamente por um crime que ele no praticou, o dano causado em sua dignidade ser enorme e insupervel. Quem deve julgar a inocncia ou no do ru o juiz e no o advogado.

Em relao ao substabelecimento do mandato, ou seja, atribuir a outro advogado o poder que recebeu do constituinte, o art. 24 do cdigo estabelece duas modalidades: substabelecimento sem reserva de poderes e com reserva de poderes. No primeiro caso, o advogado atribui ao colega todos os poderes que foram atribudos a ele, o advogado deixa inteiramente o patrocnio da causa ao substabelecido. Nesse caso h a necessidade do prvio e inequvoco conhecimento do cliente, pois a relao do cliente com o advogado personalssima, aquele escolhe este para defender a sua causa porque h uma relao pessoal de confiana. Quando o substabelecimento com reserva de poderes, o advogado apesar de atribuir prerrogativas adquiridas com o mandato a seu colega , conserva-a tambm para si. Este ato pessoal do advogado, devendo ajustar antecipadamente seus honorrios com o substabelecente.

Do Sigilo Profissional

O sigilo profissional um item importantssimo que deve ser seguido pelo advogado em respeito confiana que o seu cliente depositou nele. Quanto mais o cliente confia no advogado, ele se sente seguro para dar a este todas as informaes possveis que poder ajud-lo na causa. cumprindo o dever de sigilo profissional, que o advogado far com que o seu cliente tenha mais abertura e confiana para falar tudo o que ele desejar. A partir da, o advogado poder juntar informaes suficientes para encontrar o melhor caminho e satisfazer o seu cliente da melhor forma possvel.

O sigilo profissional inerente prpria profisso, como o prprio Cdigo de tica dispe. O advogado que no respeita esse sigilo profissional estar praticando um crime. O Cdigo Penal em seu art. 154 estabelece como crime de violao de segredo profissional, revelar, sem justa causa, segredo, de que tem cincia em razo de funo, ofcio ou profisso, sendo a pena de trs meses a um ano ou multa.

O Cdigo de tica, art.25, abre excees para o sigilo em casos de grave ameaa do direito vida, honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo prprio cliente e, em defesa prpria, tenha que revelar segredo, porm sempre restrito ao interesse da causa. As confidncias feitas ao advogado pelo cliente s podem ser utilizadas pelo advogado para a sua defesa, se autorizado pelo constituinte e no limite da necessidade da defesa . Presumem-se confidncias, as comunicaes epistolares entre advogado e cliente, as quais no podem ser reveladas a terceiros (art.27 do Cdigo de tica).

Mesmo que solicitado pelo constituinte, dever tico do advogado recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, o que determina o artigo 26 do Cdigo.

Da Publicidade

O advogado poder anunciar seus servios, porm com discrio e moderao, para finalidade exclusivamente informativa (art.28 do Cdigo de tica). O que pode ou no estar disposto no anncio est disciplinado pelo prprio cdigo, para no haver dvidas. Essa publicao s pode ser feita na mdia impressa, vedada a sua vinculao pelo rdio e televiso e a denominao de fantasia. As placas na sede profissional tambm devem observar discrio, quanto ao contedo, forma e dimenses. vedada a utilizao de outdoor, assim como qualquer outro meio equivalente (art.30 do Cdigo de tica) . Ao anunciar seus servios, no pode haver neste anncio qualquer aspecto mercantilista.

Quando o advogado aparece em programas de rdio ou de televiso, assim como a participao em manifestao pblica para esclarecimentos de tema jurdico, este deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos. No pode haver o propsito de promoo pessoal ou profissional (art.32 do Cdigo de tica). A promoo pessoal inadmissvel em qualquer tipo de meio de comunicao , inclusive por meio de artigos ou livros. A utilizao da internet tambm deve respeitar as regras de publicidade, tema que ser tratado mais adiante.

O advogado deve se abster de responder, com habitualidade, consulta sobre matria jurdica, nos meios de comunicao social, com intuito de promover-se profissionalmente, assim como debater em qualquer veculo de divulgao, causa sobre o seu patrocnio do colega. No poder abordar tema que compromete a dignidade da profisso, divulgar ou deixar que seja divulgada lista de clientes e de demandas, bem como se insinuar para reportagens e declaraes pblicas. Sbias so as palavras de Jos Renato Nalini ao lembrar que a vaidade do profissional no pode se sobrepor vontade de se fazer o bem, e que ganhar divulgao exagerada transforma o advogado em vedete jurdica. O advogado deve ser reconhecido de forma digna e respeitosa, devido aos seus feitos e suas qualidades e no atravs de divulgaes exacerbadas. O advogado que procura ser reconhecido atravs de publicidade e no atravs do seu empenho e dedicao na sua profisso um advogado medocre e que no merece ser reconhecido. Internet A internet representa uma imensa revoluo nos meios de comunicao. Ela j est sendo utilizada largamente pelos juristas. Tribunais esto oferecendo seu andamento por via internet, juzes e advogados realizam pesquisas e oferecem colaborao doutrinria. Advogados apresentam seus servios pela rede atravs de pginas pessoais. Existem hoje inmeros sites feitos por vrios escritrios de advocacia contendo verdadeiros anncios de mercatilizao da profisso, afrontando a tica. Porm deve haver um limite tico para isso, no porque no h no Cdigo de tica referencia internet, que esta pode ser usada arbitrariamente. De forma analgica, as regras dispostas no Cdigo podem ser aplicadas em relao internet.

As decises judiciais tm se fixado em permitir a abertura de home page na internet , desde que com discrio e moderao, valendo as regras para a publicao em jornais e revistas. Entre as decises nesse sentido est a do E. Tribunal de tica I, da OAB/SP, no processo E-1.435 com votao unnime do Rel. Dr. Roberto Francisco de Carvalho - Rev. Dr. ELIAS FARAH- sob a presidncia do Dr. ROBISON BARONI, em 19.09.1996, como lembra Paulo S Elias, advogado de So Paulo, em seu artigo A tica do Advogado na Publicidade Eletrnica Via Internet. Segundo essa deciso, no poder, na home page, incluir dados como referncias a valores dos servios, tabelas, gratuidade ou forma de pagamento, termos ou expresses que possam iludir ou confundir o pblico, informaes de servios jurdicos suscetveis de implicar direta ou indiretamente, captao de causa ou de clientes.

O provimento n 94/2000 trata desse tema reproduzindo principalmente o que consta no Cdigo de tica , e de acordo tambm com as decises dos Tribunais. No art. 1 desse provimento consta: permitida a publicidade informativa do advogado e da sociedade de advogados, contanto que se limite a levar ao conhecimento do pblico em geral , ou da clientela, em particular, dados objetivos e verdadeiros a respeito do servio de advocacia que se prope a prestar, observadas as regras do Cdigo de tica e Disciplina e as desse Provimento.

Da Relao com seus colegas

O advogado dever respeitar os seus colegas, ser cordial e colaborador. Seguindo esses preceitos se garantir uma harmonia entre esses profissionais do direito, o que contribuir para o desenvolvimento da profisso e um maior resultado dela na busca de sua finalidade.

O Cdigo de tica do Advogado dispe sobre esse tema em apenas um de seus artigos, o art.44, no qual tambm trata do dever deste perante o pblico, as autoridades, e funcionrios do juzo. Esse artigo obriga o advogado a tratar todos eles com respeito, discrio e independncia. Deve haver um coleguismo entre os advogados, eles no podem disputar entre si. Para serem ticos, eles devem colaborar entre si para o progresso de todos, o que muito difcil de se ver hoje na prtica. A confraternidade facilita as relaes e anula as dificuldades auxiliando a Justia.

O artigo 11 do Cdigo de tica, apesar de estar no captulo das relaes do advogado com o seu cliente, diz respeito principalmente a sua relao com o seu colega. Ele estabelece que o advogado s poder aceitar procurao de quem j tenha patrono constitudo, com o prvio conhecimento deste. O artigo 2, inciso VII, alnea e, tambm trata de um dever do advogado para com o seu colega. Ele veda o advogado a entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constitudo, sem o assentimento deste.

Bibliografia

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