Gustavo Vicente
Ética, educação ambiental e acesso à informação
População, Recursos e Ambiente1º Ano / 1º Semestre - 2008-09
Ética
� A palavra ética vem do grego ETHOS que significa: modo de ser, carácter enquanto forma de vida do homem
� Ética é a forma do ser humano proceder ou se comportar no seu meio social
� Os parâmetros são as condutas aceites no meio social, e tem raízes na moral como sistema de regulamentação das relações inter sociais humanas
Ética Ambiental
Área disciplinar que reflecte sobre o valor que atribuímos ou devemos atribuir ao ambiente e sobre os valores que orientam ou devem orientar as nossas relações para com o mesmo
Ética Ambiental
Beckert, C. e Varandas, M.J. (Org.) – Éticas e PolíticasAmbientais. CFUL. 2004
Beckert, Cristina (Org. ) - Natureza e Ambiente: Representações na Cultura Portuguesa. Lisboa. SPF. 2001
Beckert, Cristina (Org. ) - Ética Ambiental: Uma Ética para o Futuro. Lisboa. SPF. 2003
Maldonado, Tomás - Meio Ambiente e Ideologia. Lisboa. Socicultur. s/d
Ost, François - A Natureza à Margem da Lei. A Ecologia àProva do Direito. Lisboa. Inst. Piaget. 1995
Varandas, Maria José - O Valor do Mundo Natural. Perspectivas para uma Ética Ambiental. Lisboa.SEA. 2003
As várias éticas…
�Ética antropocêntrica�Ética Animal�Biocentrismo�Ecocentrismo�Ecologia Profunda (Deep Ecology)�Ecofeminismo
Ética antropocêntrica
Considera que o universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem. A preocupação com o ambiente decorre unicamente do impacte que este tem nos humanos, e não do respeito próprio pela natureza e ou seres da natureza
Ética Animal
Defende moralmente os animais seja pelo critério da senciencia (capacidade de possuir sentimentos), seja pelo critério da auto-consciência
Charles Darwin (1809 a 1882):
"Não existe nenhuma diferença fundamental entre o ser humano e os animais superiores em termos de faculdades mentais. A diferença entre a mente de um ser humano e de um animal superior é certamente em grau e não em tipo"
Biocentrismo
Respeita todos os seres vivos em geral (não considerando a humanidade como o centro da existência)
Ecocentrismo
Reconhece que é a ecosfera, com os seus componentes bióticos e abióticos (e não a consideração individual dos organismos), que é a fonte e suporte da vida (perspectiva holista)
Ecologia profunda
Defende que não deve haver distinção moral entre o humano e o não humano de tal modo que o homem , o seu corpo, a sua identidade, o seu inteiro ser éintrinsecamente constituído pelo mundo natural
Ecologia profunda (cont.)
Ecologia superficial – centrada em preservar os recursos naturais para a utilização do ser humano
O que interessa é a preservação do desenvolvimento humano e não propriamente a natureza em si
Ecologia profunda vê a natureza como um valor em si mesmo, considerando que há um valor intrínseco da natureza
Ecofeminismo
Salienta as conexões simbólicas entre a dominação da mulher e a dominação da Natureza a partir de um pressuposto de inferiorização conduzido pela ideia androcêntrica de primazia masculina
Educação Ambiental
Definida na Conferência de Tibilisi como uma dimensãodada à prática da educação, orientada para a resoluçãodos problemas concretos do ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação activa e responsável de cada indivíduo na colectividade
Educação Ambiental (cont.)
Conferência de Tibilisi – Princípios:
� A Educação Ambiental deve desempenhar uma função capital no sentido de criar a consciência dos problemas que afectam o Ambiente
� A Educação Ambiental deve ser dirigida a pessoas de todas as idades e de todos os níveis de ensino formal e não formal
� A Educação Ambiental deve constituir uma educação permanente
� A Educação Ambiental deve ter um enfoque global sustentado em base interdisciplinar
� A Educação Ambiental pode contribuir para renovar o processo educativo
Educação Ambiental (cont.)
Processo interdisciplinar de desenvolvimento de umacidadania consciente e conhecedora do ambiente, tantonos seus aspectos naturais como nos que sãoconstruídos e alterados pelo homem (…). Cumulativamente, a educação ambiental visa o desenvolvimento nos cidadãos da capacidade e motivação para se envolverem na investigação, naresolução dos problemas, na tomada de decisões e narealização de acções concretas que, ao garantirem a elevada qualidade do ambiente, estejam a garantir umaelevada qualidade de vida (Mrazek, R, 1993)
Educação para o Desenvolvimento Sustentável
Aceitação da existência de um contínuo entre ‘selvagem’(isento de intervenção e presença humana) e ‘humanizado’(meio em que a presença humana domina); assumindocaracterísticas de maior realismo, com os olhos postos naconstrução de um futuro pensado e vivido na lógica de desenvolvimento e de progresso (Sterling, S, 1992)
Acesso à informação
Convenção de Aarhus (UNECE, 1998):
“Em matéria de ambiente, a melhoria do acesso àinformação e a participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão aumenta a qualidade e a implementação das decisões, contribui para o conhecimento do público sobre as questões ambientais, dáoportunidade aos cidadãos de expressar as suaspreocupações e permite às autoridades públicas considerartais preocupações”
Acesso à informação (cont.)
Convenção de Aarhus (cont.):
“Os cidadãos devem ter acesso à informação, ter direitoa participar no processo de tomada de decisão e teracesso à justiça em matéria de ambiente. Reconhecendo que a este respeito os cidadãos possamnecessitar de ajuda a fim de poder exercer os seusdireitos”
Acesso à informação (cont.)Informação sobre o ambiente deve ser :
� proactiva – permitindo a participação numa fase tão inicial quantopossível nos processos de tomada de decisão
� completa – dando ao público informação com qualidade, ampla e suficiente para formar uma opinião (não excluindo as áreas maistécnicas)
� de fácil leitura – na medida em que uma linguagem demasiadotécnica dificulta a compreensão e pode impedir ou tornar mais difícila participação
� transparente e acessível – facilitando a obtenção da informação, quer nos meios, quer na forma de acesso, que deve ser simples e fácil para a generalidade dos cidadãos
(CNADS, 2003)
Acesso à informação (cont.)Mas de uma forma geral constata-se:
� falta de transparência no acesso à informação e no relacionamento das instituições com os cidadãos
� resistência à mudança por parte dos agentes e funcionários públicos
� sociedade civil tradicionalmente pouco interventiva� Incapacidade dos cidadãos para fazer valer os seus
direitos� Morosidade e complexidade do sistema judicial
(CNADS, 2003)
Acesso à informação (cont.)
Participação pública nos processos de AvaliaçãoAmbiental (AIA, AAE):
“Na realidade, muitos dos EIA, na prática, são sujeitos àconsulta pública como se a autorização para levar à práticao projecto fosse um dado adquirido e não dependesseprimeiramente de uma análise e discussão públicas da suaviabilidade ambiental.”
(CNADS, 2003)
Acesso à informação (cont.)
“A existência de um ambiente propício à saúde e bem estardas pessoas e ao desenvolvimento social e cultural dascomunidades, bem como à melhoria da qualidade de vida, pressupõe a adopção de medidas que visem, designadamente: a promoção da participação daspopulações na formulação e execução da política de ambiente e qualidade de vida, bem como o estabelecimentode fluxos contínuos de informação entre os órgãos daAdministração por ela responsáveis e os cidadãos a quemse dirige”
(Lei de Bases do Ambiente, 1987)