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Page 1: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

ETICA da SAÚDE PÚBLICAETICA da SAÚDE PÚBLICA

Paulo Antonio Carvalho Fortes

FSP-USP

Escola Nacional de Saúde Pública

Rio de Janeiro / 2007

Page 2: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

“ “Saúde pública é o Saúde pública é o esforço organizado da esforço organizado da

sociedadesociedade, principalmente através de suas , principalmente através de suas

instituições de caráter público, para instituições de caráter público, para melhorar, melhorar,

promover, proteger promover, proteger ee restaurar restaurar a saúde dasa saúde das

populaçõespopulações por meio de atuações de alcance por meio de atuações de alcance

coletivocoletivo”. ”.

(OPAS: Salud de las Americas 2002)(OPAS: Salud de las Americas 2002)

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Missão da Saúde Pública

Proporcionar um Proporcionar um ótimo nível de saúde às ótimo nível de saúde às pessoas e à populaçãopessoas e à população

Distribuir, de Distribuir, de formaforma eqüitativa,eqüitativa, o nível de o nível de saúdesaúde

Proteger as pessoas dos Proteger as pessoas dos riscos de adoecerriscos de adoecer

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Princípios Éticos da Saúde Pública

• Promoção da justiça e da Promoção da justiça e da equidadeequidade

• Respeito à Respeito à dignidadedignidade humanahumana

• Promoção do Promoção do bem estarbem estar da população da população

• Respeito e estímulo à Respeito e estímulo à autonomiaautonomia

Page 5: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Ética na pesquisa

Instrumento Instrumento parapara

HarmonizarHarmonizar e “Procurar o e “Procurar o felizfeliz e e justojusto

convívio” entre os vários interesses envolvidosconvívio” entre os vários interesses envolvidos

Instrumento Instrumento parapara

HarmonizarHarmonizar e “Procurar o e “Procurar o felizfeliz e e justojusto

convívio” entre os vários interesses envolvidosconvívio” entre os vários interesses envolvidos

Page 6: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Atores Sociais envolvidos na pesquisa

SujeitoSujeito de pesquisa

Pesquisador(es)

InstituiçãoInstituição de pesquisa

Comitê de Ética em Pesquisa

PromotorPromotor

Patrocinador

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Declaração de Helsinque

• Adotada na 18ª Assembléia da Adotada na 18ª Assembléia da Associação Médica Associação Médica MundialMundial - - Helsinki/ Finlandia - 1964 Helsinki/ Finlandia - 1964

• EmendadaEmendada

• 29ª - Tokyo - 197529ª - Tokyo - 1975

• 35ª - Veneza - 198335ª - Veneza - 1983

• 41ª - Hong Kong - 198941ª - Hong Kong - 1989

• 48ª - Somerset West/Africa do Sul - 199648ª - Somerset West/Africa do Sul - 1996

• 52ª - 52ª - EdimburgoEdimburgo/Escócia - /Escócia - 2000 2000

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• OMS e o CIOMS - OMS e o CIOMS - 19911991

MotivoMotivo: estudos epidemiológicos da AIDS, com : estudos epidemiológicos da AIDS, com

vacinas e novos medicamentos e uso de grande vacinas e novos medicamentos e uso de grande

número de sujeitos de pesquisa em várias número de sujeitos de pesquisa em várias

partes do mundo.partes do mundo.

Diretrizes Éticas Internacionais para Estudos Epidemiológicos

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Resolução 196/96

II.2II.2 - - Pesquisa que, Pesquisa que, individual ou individual ou

coletivamentecoletivamente, envolva o ser humano, de , envolva o ser humano, de

forma direta ou indiretaforma direta ou indireta, em sua , em sua

totalidadetotalidade ou ou partespartes dele, incluindo o dele, incluindo o

manejo de informações ou materiais.manejo de informações ou materiais.

Page 10: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Resolução 196/96

Pesquisas em Saúde Pública abrangem todos Pesquisas em Saúde Pública abrangem todos

campos científicoscampos científicos que envolvem seres humanos que envolvem seres humanos

– –

Pesquisas biomédicas, ambientais, nutricionais, Pesquisas biomédicas, ambientais, nutricionais,

terapêuticas, sociológicas, educacionais, econômicas, terapêuticas, sociológicas, educacionais, econômicas,

físicas ou relacionadas à esfera psíquica.físicas ou relacionadas à esfera psíquica.

Page 11: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

AUTONOMIAAUTONOMIA

BENEFICÊNCIABENEFICÊNCIA

NÃO MALEFICÊNCIANÃO MALEFICÊNCIA

JUSTIÇAJUSTIÇA

Princípios éticos para pesquisas em seres humanos

Page 12: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Hierarquização de princípios

1º 1º passopasso - Justiça e Não Maleficência - Justiça e Não Maleficência

2º 2º passo -passo - Balanço entre não Balanço entre não

maleficência/beneficênciamaleficência/beneficência

3º 3º passopasso - Autonomia e consentimento - Autonomia e consentimento

Base: Diego Gracia – Fundamentos de Bioética - 1989Base: Diego Gracia – Fundamentos de Bioética - 1989

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Justiça

Toda pesquisa deve terToda pesquisa deve ter relevância social e relevância social e

científicacientífica

Page 14: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Justiça

O O bem estarbem estar das pessoas que se das pessoas que se

submetem a pesquisas submetem a pesquisas deve sempre deve sempre

prevalecerprevalecer sobre os interesses da ciência e sobre os interesses da ciência e

mesmo da sociedade.mesmo da sociedade.

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Justiça

• É injusta a freqüente utilização de pesquisados É injusta a freqüente utilização de pesquisados provenientes de provenientes de camadas mais desfavorecidascamadas mais desfavorecidas que que nãonão poderão se beneficiar dos resultantes poderão se beneficiar dos resultantes positivos das pesquisas em que tomaram parte. positivos das pesquisas em que tomaram parte.

• Tal pode ampliar as condições de iniquidade Tal pode ampliar as condições de iniquidade

existentes em nossa sociedadeexistentes em nossa sociedade

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Justiça

Deve haver justificativas éticas para a

utilização de usuários de serviços serviços

públicospúblicos, de pessoas e grupos sociais pessoas e grupos sociais

vulneráveisvulneráveis.

Page 17: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Algumas Algumas populações são vulneráveispopulações são vulneráveis e necessitam e necessitam

proteção especialproteção especial. As necessidades particulares . As necessidades particulares

daquelas economicamente e medicamente em daquelas economicamente e medicamente em

desvantagem devem ser reconhecidas.desvantagem devem ser reconhecidas.

((Helsinki Helsinki 20002000))

Vulnerabilidade

Page 18: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Vulnerabilidade

“É injusto recrutar seletivamente pessoas para participar como sujeitos de pesquisa simplesmente porque pode ser mais fácil induzi-las a aceitar emtroca de ganhos modestos”.

CIOMS - 1991

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Relativismo ético

O princípio ético da justiça requer que O princípio ético da justiça requer que nos posicionemos contrariamente:nos posicionemos contrariamente:

• À adoção de À adoção de critérios éticos diferenciadoscritérios éticos diferenciados

para as pesquisas a serem aplicadas nos para as pesquisas a serem aplicadas nos

países “países “desenvolvidosdesenvolvidos” e naqueles “” e naqueles “em em

desenvolvimentodesenvolvimento”.”.

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Não Maleficência

• Considera-se que Considera-se que toda pesquisatoda pesquisa envolvendo envolvendo

seres humanosseres humanos envolve envolve risco risco (biológicos, (biológicos,

psíquicos e sociais)psíquicos e sociais)

• O O dano eventualdano eventual poderá ser poderá ser imediato ou tardioimediato ou tardio, ,

comprometendo o indivíduo ou a coletividade.comprometendo o indivíduo ou a coletividade.

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Não Maleficência

Não obstante os riscos potenciais, as Não obstante os riscos potenciais, as pesquisas pesquisas

são admissíveissão admissíveis se : se :

a) oferecerem a) oferecerem elevada possibilidade de gerar elevada possibilidade de gerar

conhecimentoconhecimento para entender, prevenir ou para entender, prevenir ou

aliviar um problema que afete o bem-estar dos aliviar um problema que afete o bem-estar dos

sujeitos da pesquisa e de outros indivíduossujeitos da pesquisa e de outros indivíduos;;

Page 22: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Beneficência

b) o b) o risco se justifiquerisco se justifique pela importância do pela importância do

benefício esperado;benefício esperado;

c) o c) o benefício seja maiorbenefício seja maior, ou , ou no mínimo igualno mínimo igual, a , a

outras alternativas já estabelecidas para a outras alternativas já estabelecidas para a

prevenção, o diagnóstico e o tratamentoprevenção, o diagnóstico e o tratamento

Page 23: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Princípio da Autonomia

Autonomia é a capacidade da pessoa Autonomia é a capacidade da pessoa de de

se dar a própria leise dar a própria lei, de decidir o que é , de decidir o que é

““bombom”, o que é ”, o que é adequadoadequado para si, de para si, de

acordo a seus valores, necessidades e acordo a seus valores, necessidades e

interesses.interesses.

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Informação

As informações devem ser simplessimples,, aproximativasaproximativas,, inteligíveis inteligíveis,, leais leais ee respeitosasrespeitosas, fornecidas dentro de padrões acessíveis à compreensão intelectual e cultural do cliente/usuário.

Page 25: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Qual o padrão de informação a ser utilizado

em pesquisas no campo da saúde pública?

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Padrão de Informação da Pessoa Razoável

Se fundamenta nas informações que uma hipotética pessoa razoável, medianahipotética pessoa razoável, mediana, necessitaria saber sobre as condições de saúde e propostas terapêuticas ou preventivas.

“Pessoa razoávelPessoa razoável”: uma pessoa tida como representação da “médiamédia” de uma determinada comunidade e cultura.

Page 27: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Padrão Subjetivo ou orientado à pessoa

• Abordagem informativa apropriada a cada apropriada a cada

pessoapessoa, personalizadapersonalizada, passando as informações a contemplarem as expectativas psicológicas e sociais, os interesses e valores individuais

Page 28: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Toda pessoa autônoma tem o Toda pessoa autônoma tem o

direito de direito de consentirconsentir ou de ou de recusarrecusar o o

que lhe é proposto, que afete ou que lhe é proposto, que afete ou

possa afetar sua integridade físico-possa afetar sua integridade físico-

psíquicapsíquica. .

Princípio ético do consentimento

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Consentimento: questões

• Como recolher o Como recolher o consentimento de uma consentimento de uma

comunidade?comunidade?

• Deve-se admitir Deve-se admitir recusas individuais?recusas individuais?

• É válido o consentimento das É válido o consentimento das liderançaslideranças e e

autoridades governamentais?autoridades governamentais?

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Consentimento como processo

Consentir = SEMPRE

Page 31: ETICA da SAÚDE PÚBLICA

Consentimento

Questão

O Termo de Consentimento pode ser

Desnecessário ou DESACONSELHÁVEL em

algumas circunstâncias?

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Consentimento

O termo de consentimento O termo de consentimento nãonão deve ser deve ser

utilizado como um instrumento queutilizado como um instrumento que

possibilite possibilite riscos psíquicos ou sociaisriscos psíquicos ou sociais para para

o sujeito de pesquisa, o sujeito de pesquisa,

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Consentimento expresso (por escrito)

PodePode ser ser desaconselhável, desaconselhável, por exemplo, em pesquisas por exemplo, em pesquisas

sobre:sobre:

• atosatos ilícitos ilícitos

• atosatos anti-sociais anti-sociais

• valores e valores e atitudesatitudes morais morais

• MedoMedo de exposição pessoal de exposição pessoal

• (...) (...) desdedesde que não envolvamque não envolvam riscosriscos àà integridade integridade

físicafísica do sujeito de pesquisa.do sujeito de pesquisa.

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OBRIGADO

[email protected]


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