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TICA

ESCOLA TCNICA ESTADUAL

DE SANTA CRUZ

TICA APLICADA

A

ENFERMAGEM

PROF. GENILSON ZAMBA

2015TICAProf. Genilson ZambaDIREITO SADE

A constituio de 1988 estabeleceu que a sade direito de todos e dever do Estado, que deve implementar polticas econmicas e sociais que viabilizem esse direito por meio de aes de promoo, proteo, recuperao e reabilitao da sade. Surge o Sistema nico de Sade SUS.

Estima-se que entre 15 a 20 milhes de pessoas no dispem de quaisquer servios de sade.

Segundo Carvalho, estima-se que no grupo etrio de 35 a 44 anos, aproximadamente um em cada dois brasileiros esta desdentada e milhes de brasileiros esto com dentes perdidos ou cariados em virtude da falta de uma poltica para assistncia bucal.

O descumprimento do direito sade facilmente identificvel na m distribuio de servios de sade, nas extensas filas nos servios de emergncia, na desmotivao de boa parte dos trabalhadores do setor Infelizmente no de agora que a sade tem sido vista, como um direito do cidado, mas sim enquanto uma mercadoria similar a tantas outras dispostas nas relaes de consumo.

Entre os trabalhadores de sade, tanto no setor publico quanto no privado, inmeros profissionais acham-se em difcil situao para estabelecer o exerccio correto de suas profisses. Desmotivados, trabalhando em dois ou mais empregos, submetendo-se s condies que resultam na falta de vinculo adequado com os servios e a clientela. Tais circunstncias se apresentam ento, como condies facilitadoras da desumanizao da assistncia em sade.

Quanto aos pacientes, mesmo aqueles que tm acesso a servios de sade, estatais ou privados, enfrentam inmeros exemplos de desrespeito dignidade da natureza humana e aos seus direitos. O respeito pessoa humana um dos valores bsicos da sociedade moderna, fundamentando-se no principio de que cada pessoa deve ser vista como um fim em si mesmo e no somente como um meio, principio frequentemente infringido nas instituies de assistncia sade.

DESUMANIZAO DO SISTEMA DE SADE.

Os servios de sade tm principalmente nos servios hospitalares, instituies onde mais prevalecem infraes aos direitos dos cidados, em virtude de necessidades de assistncia a sua sade, o indivduo requer o atendimento de instituies e profissionais, aos quais a sociedade delegou o papel de cuidar da sade da pessoa humana, e que, muitas vezes, perdendo a condio de cidadania so preteridos pelo sistema que os relega a condio de seres passivos, dependentes, submetidos a condutas paternalistas ou autoritrias. A cultura autoritria mostra-se hegemnica em nosso meio desumanizando o atendimento e desrespeita os direitos dos pacientes informao, reclamao, enfim, anulando seu direito sade, isso faz crescer o ndice de denuncias e processos contra os profissionais de sade, que por sua vez passam muitas vezes a encarar a clientela como inimiga. Os direitos do paciente no devem ser confundidos com a noo de que as atividades de sade comportam uma obrigao de resultados.

O que se espera o emprego dos meios possveis para que as finalidades da atividade do profissional de sade possam ser atingidas.

Art. 26 Prestar adequadas informaes ao cliente e famlia a respeito da assistncia de enfermagem, possveis benefcios, riscos e conseqncias que possam ocorrer.

Art.27 Respeitar e reconhecer o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa, seu tratamento e seu bem estar.

Art.33- Proteger o cliente contra danos decorrentes de impercia, negligncia ou imprudncia por parte de qualquer membro da equipe da sade.

DIREITOS DOS PACIENTES

A tica contempornea no se coloca contraria ao desenvolvimento tcnico - cientifico, mas considera que os limites a serem estabelecidos devam ser dados pela garantia do respeito dignidade humana.

A humanizao dos servios de sade confunde-se historicamente com a luta por direitos morais dos pacientes.

A humanizao dos servios de sade confunde-se historicamente com a luta por direitos morais dos pacientes. Nas ultimas dcadas a conquista dos direitos dos pacientes passou a figurar em diversos textos. Sendo o homem um agente livre e autnomo para decidir sobre seus atos praticados em sua integridade fsica e psquica, no pode ser tratado como ser passivo em suas relaes com os profissionais e estabelecimentos de sade.

A primeira declarao de direitos dos pacientes atribuda ao Hospital Mont Sinai, em Boston-EUA em 1972, onde consagrou os direitos dos usurios de servios de sade, a informao e o consentimento.

Em 1979, a Comunidade Econmica Europia promulga a Carta do Doente Usurio de Hospital onde afirma o direito do cidado hospitalizado autodeterminao, ressaltando o dever dos profissionais de sade observar o consentimento ou a recusa dos pacientes aos cuidados propostos para diagnstico ou tratamento, assim como a obrigatoriedade da informao sobre todos os fatos referentes a seu estado de sade.

Em 1991 a Organizao das Naes Unidas declara os Princpios para a Proteo de Pessoas Acometidas de Transtornos Mentais e para a Melhoria da Assistncia Sade Mental.

Em 1995 O conselho Estadual de Sade do estado de So Paulo emitiu a Cartilha dos Direitos do Paciente. A cartilha permite verificar que seu contedo fundamenta-se na ampliao do respeito autonomia e aos direitos dos pacientes no cotidiano dos servios de sade. Ex:

O paciente tem direito a atendimento humano, atencioso e respeitoso, por parte dos profissionais de sade.

O paciente tem direito a ser identificado pelo nome e sobrenome

O paciente tem direito a segurana e integridade fsica nos estabelecimentos de sade, publico e privados.

O paciente tem direito de receber ou recusar assistncia psicolgica, social e religiosa.

Os pacientes tm o direito moral e legal de se associar na defesa de seus interesses. Essas organizaes atuam conscientizando os pacientes e a comunidade sobre as necessidades e os direitos dos portadores de patologias crnicas e agem junto aos rgos governamentais em defesa dos direitos dos pacientes.

Art. 22- Prestar assistncia com justia, competncia, responsabilidade e honestidade.Art. 23- Prestar assistncia de enfermagem a clientela, sem discriminao de qualquer natureza.

Art.- 28- Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente.

A tica um dos mecanismos de regulao das relaes sociais do homem que visa garantir a coeso social e harmonizar interesses individuais e coletivos.

Na atualidade, vivemos uma sociedade pluralista onde coexistem diferentes compreenses e interpretaes sobre os princpios e valores tico-sociais e no se aceita a existncia de deveres e princpios absolutos como outrora.

A sociedade manifesta descrdito com a perspectiva de que o progresso cientfico e tecnolgico possa resolver problemas sociais crnicos, pois este progresso vem sendo acompanhado da ampliao do desemprego, do aprofundamento das desigualdades sociais e de graves atentados ao meio ambiente.

TICA E MORAL

O termo moral deriva do latim mos ou mores, significando costumes, conduta de vida. Refere-se s regras de conduta humana no cotidiano. O termo tica se equivale etimologicamente moral, pois provm do grego ethos, que significa carter, modo de ser, costumes, conduta de vida. Atualmente distingue-se tica de moral, considerando-se que moral seja o conjunto de princpios, valores e normas que regulam a conduta humana em suas relaes sociais, existentes em determinado momento histrico.

A tica, enquanto disciplina, se refere reflexo critica sobre o comportamento humano, reflexo que interpreta,discute e problematiza , investiga os valores, princpios e o comportamento moral a procura do bom, da boa vida, do bem estar da vida em sociedade. A tarefa da tica a procura e o estabelecimento das razes que justificam o que deve ser feito, e no o que pode ser feito; a procura das razes de fazer ou deixar de fazer algo; aprovar ou desaprovar; a distino entre o que bom e do que mau; o que justo do que injusto.

Os atos ticos so exclusivos dos seres humanos, realizados por sujeitos ticos. Estes devem ter liberdade de pensamento, sem serem coagidos, devem ser livres, voluntrios e conscientes. Para serem julgados eticamente preciso que se caracterizem por afetar pessoas, o meio ambiente e /ou a coletividade.

TICA E NORMAS JURDICAS

Enquanto o comportamento tico requer adeso intima do individuo, convico pessoal, necessitando que os indivduos harmonizem de forma livre e consciente, seus interesses com os da coletividade, o Direito no exige convico pessoal as suas normas, pois elas so obrigatrias, impostas e comportam coero estatal.

Art.1 - A enfermagem uma profisso comprometida com a sade do ser humano e da coletividade. Atua na promoo, proteo, recuperao da sade e reabilitao das pessoas, respeitando os preceitos ticos e legais.

Art. 2 O profissional de enfermagem participa, como integrante da sociedade, das aes que visem satisfazer as necessidades de sade da populao.

TICA E NORMAS DEONTOLGICAS

Deontologia a cincia dos deveres. Constitui um conjunto de normas que indicam como devem se comportar indivduos na qualidade de membros de determinado corpo scio-profissional. A Deontologia diz o que deve ser e o que no se pode fazer.

No Brasil, as diversas categorias no campo da sade esto submetidas a normas deontolgicas, inscritas em seus cdigos de tica, so normas que servem como padro de conduta para os profissionais em suas relaes com membros da prpria categoria, com profissionais de outras categorias, com seus pacientes, clientes, famlias de pacientes, autoridades, poder judicirio e administrao pblico-privada.

Os conselhos de tica que atuam no campo da sade constituem pessoas de direito publico, institudas mediante diploma legal e tem como funo a preservao do desempenho tcnico e moral dos afiliados. Pela legislao brasileira obrigatria a inscrio de todo profissional de sade no rgo regional da categoria para legalizar seu exerccio profissional.

Art. 4 So enfermeiros

I O titular do diploma de enfermeiro conferido por instituio de ensino nos termos da lei.

Art.5 - So tcnicos de enfermagem:I - Titular do diploma ou de certificado de tcnico de enfermagem, expedido de acordo com a legislao e registrado no rgo competente.

AUTONOMIA E CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

Autonomia significa autodeterminao, autogoverno, o poder da pessoa humana de tomar decises que afetem sua vida, sua sade, sua integridade fsico-psquica, suas relaes sociais.

Refere-se capacidade do ser humano de decidir o que bom, o que e seu bem estar, de acordo com valores, expectativas, necessidades, prioridades e crenas prprias. A pessoa autnoma e aquela que tem liberdade de pensamento, livre de coaes internas ou externas, para escolher as alternativas que lhe so apresentadas.

Alm da liberdade de optar, a ao autnoma tambm pressupe liberdade de ao, requer que a pessoa seja capaz de agir conforme as escolhas feitas e as decises tomadas.

A partir dos anos 60, movimentos de defesa dos direitos fundamentais da cidadania e reivindicaes do direito a sade e humanizao dos servios de sade, vem ampliando a conscincia dos indivduos de sua condio de agentes autnomos.

FUNDAMENTOS DA AUTONOMIA

Na assistncia a sade,o principio da autonomia requer que o individuo,quer esteja sadio ou doente, no se entregue inteiramente aos profissionais de sade, e to pouco venha a renunciar ao seu direito de liberdade em troca de uma parcela menor de sua prpria sade.

Por vezes no podemos escolher o que nos acontece, podemos escolher o que fazer diante da situao que nos apresentada, devemos reconhecer que cada pessoa possui pontos de vista e expectativas prprias quanto a seu destino, e que cada uma dessas pessoas deve deliberar e tomar decises seguindo seu prprio plano de vida e ao, embasada em crenas, aspiraes e valores prprios, mesmo quando estes divirjam dos valores dos profissionais de sade ou dos dominantes na sociedade. Cabe sempre lembrar que o corpo, a dor, o sofrimento, a doena, so da prpria pessoa, e que violar a autonomia significa tratar pessoas como meios e no como fins em si mesmas. Ex. testemunha de Jeov.

Art.28- Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente.

COMPETNCIA E AUTONOMIA REDUZIDA: O ser humano no nasce autnomo, torna-se autnomo e competente para decidir sobre a sua existncia. Entretanto, existem pessoas que, de forma transitria ou permanente, tem sua autonomia reduzida, como as crianas, os deficientes mentais, as pessoas em estado de agudizao de transtornos mentais, sob efeito de drogas, ou em estado de coma.

No caso dos deficientes mentais, no implica que ocorra incapacidade do individuo para todas as decises a serem tomadas com respeito a sua sade ou vida. necessrio avaliao da competncia decisria naquele momento. Se o doente no se encontra em crise, ele pode estar em condies de decidir competentemente, e o principio da autonomia deve ser respeitado.

As crianas tm autonomia reduzida, durante a infncia, este perodo de vida requer proteo de terceiros: pais ou responsveis, que assumem a responsabilidade por decises que as afetam ou venham a afetar.

Os profissionais de sade so guiados pelos princpios ticos da beneficncia e da no maleficncia.Beneficncia - significa agir em favor do bem-estar, em beneficio de outra pessoa.

No maleficncia - significa no causar dano, prevenir o mal. Estes princpios so justificados, em determinadas ocasies, por preservarem a pessoa de causar um dano a si mesma, tais princpios tem apenas um propsito: Restaurar autonomia do indivduo.

LIMITES DA AUTONOMIA: A autonomia no deve ser convertida em direito absoluto, seus limites devem ser dados pelo respeito dignidade e liberdade dos outros e da coletividade.

o Poder Legislativo, em nome da sociedade, o nico autorizado a emitir limites legais ao principio da autonomia individual. Ex: tratamento por doenas sexualmente transmissveis, isolamento, quarentena e etc. A autonomia limitada pelo bem de terceiros e/ou coletividade.

Deve-se salientar que a autonomia do paciente, no sendo um direito moral absoluto, poder vir a se confrontar com a do profissional de sade. Este por razes ticas, poder se opor aos desejos do paciente. Ex; eutansia, aborto, reproduo assistida, e outros. Mesmo que haja amparo legal ou deontolgico.

Art.45- Provocar aborto ou cooperar em prtica destinada a interromper a gestao.

Pargrafo nico - Nos casos previstos por lei, o profissional dever decidir de acordo com a sua conscincia.

Art.46- Promover eutansia ou cooperar em prtica destinada a antecipar a morte do cliente.

ADOLESCNCIA E AUTONOMIA: Segundo a Organizao Mundial de Sade, a adolescncia esta compreendida dos 10 aos 20 anos de idade, no Brasil o ECA, Lei Federal n8. 069 de 13.07.90 limita ao perodo de 12 a 18 anos.

O Direito Civil Brasileiro considera os adolescentes ate 16 anos, como absolutamente incapazes, e de 16 a 18 anos como relativamente incapazes para a prtica de determinados atos jurdicos da esfera civil. Exceo a essa regra so os menores emancipados, onde o ptrio poder extinto e os adolescentes passam a ter status jurdico, atravs do casamento, emprego pblico efetivo, colao de curso superior e condies econmicas prprias.

PATERNALISMO: As condutas paternalistas na prtica mdica aplicam regimes para o bem do doente. A ao seria feita baseada somente na opinio exclusiva do mdico. O profissional de sade deve acreditar que sua ao benfica outra pessoa e no a ele prprio ou terceiros, e que sua ao envolve uma violao de regra moral. Ex: placebos, sonegao da verdade. O paternalismo considerado uma usurpao do direito moral que tem o paciente de decidir o que melhor para seus prprios interesses.

O paternalismo tambm e visto como uma forma de autoritarismo de nossa sociedade expresso nas relaes do sistema de sade.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: O consentimento deve ser livre, esclarecido, renovvel e revogvel. No deve ser obtido mediante prticas de coao fsica, psquica ou moral, ou simulao e prticas enganosas ou qualquer outra manipulao.

O consentimento deve ser esclarecido, requerer adequadas informaes, que sejam compreendidas pelo paciente. (informar no quer dizer esclarecer). O consentimento deve ser renovado ou revogado a qualquer instante, sem que o paciente sofra imputaes morais ou administrativas.

CONSENTIMENTO NAS SITUAES DE EMERGNCIA

Nas situaes de emergncia se aceita a noo da existncia de consentimento presumido ou implcito, pelo qual que a pessoa se estivesse de posse de sua real autonomia e capacidade, se manifestaria favorvel s tentativas de resolver causa e/ou conseqncia de suas condies de sade.

A compreenso jurdica aponta que no caso iminente perigo de vida, o valor da vida humana possa se sobrepor ao requerimento do consentimento e do esclarecimento do paciente.

Art. 42 Negar assistncia de enfermagem em caso de urgncia ou emergncia.

Art.44 Participar de tratamento sem consentimento do cliente ou representante legal, exceto em iminente risco de vida.

DIREITO INFORMAO: O direito do paciente de ser informado no deve ser em linguajar tcnico-cientifico. Basta que seja simples, aproximativo, inteligvel, leal e respeitoso, ou seja, dentro dos padres acessveis a compreenso intelectual e cultural do paciente.

O paciente tem o direito moral a ser esclarecido sobre os objetivos dos procedimentos diagnsticos, preventivos ou teraputicos, da natureza do procedimento, de sua invasibilidade, da durao dos tratamentos, dos benefcios, provveis desconfortos, possveis riscos fsicos, psquicos, econmicos e sociais que possa ter.

Quanto aos riscos, devem ser capaz de compreender sua natureza, magnitude, probabilidade e a iminncia de sua materializao. Deve conter riscos normalmente previsveis em funo da experincia habitual e de dados estatsticos, no sendo preciso que sejam informados de riscos excepcionais ou raros. Diferente o caso das cirurgias plsticas.

PADRES DE INFORMAO

Na prtica dos profissionais de sade se apresentam trs padres de informao:1 - Padro da prtica profissional - Revelao das informaes determinada pelas regras habituais e prticas tradicionais de cada profisso. (no individualiza as informaes aos reais interesses de cada individuo).

2- Pessoa razovel V o paciente como pessoa mediana, razovel no informando sobre determinadas condies de sade. O profissional decide o que ser ou no revelado.

3 - Padro subjetivo ou orientado Uma abordagem informativa a cada pessoa, personalizada, passando as informaes, observando sua individualidade.

PRONTURIO DO PACIENTE O pronturio consiste em um conjunto de documentos padronizados e ordenados, proveniente de vrias fontes, destinado ao registro dos cuidados profissionais prestados ao paciente. Serve para: o paciente, instituio, os profissionais de sade e para a sociedade como um todo.

utilizado para anlise e avaliao dos cuidados e como meio de comunicao entre os profissionais de sade. Serve como instrumento para fins cientficos de estudo e pesquisa.

Os pronturios contm dados de anamnese, histria de vida, motivo da internao, exame fsico, psicolgico, evoluo, prescrio teraputica, procedimentos cirrgicos e anestsicos, odontolgicos, fichas de acidentes de trabalho, exames complementares laboratoriais e radiolgicos, registros de enfermagem, resultados de autopsia e etc. O pronturio de propriedade fsica dos estabelecimentos de sade, mas contm informaes no campo do direito legal e moral do paciente.

PRIVACIDADE E SEGREDO PROFISSIONAL

A privacidade um principio da autonomia intimidade, privacidade honra e imagem das pessoas.

O ser autnomo deve ter a liberdade de guardar para si mesmo fatos pessoais que no deseja serem revelados a outras pessoas.

A garantia da privacidade e da confidencialidade das informaes dos pacientes que gera nos profissionais e na administrao de servios de sade o dever tico e legal de manter o sigilo das informaes.

O segredo compreende as informaes que os profissionais tm acesso, no exerccio de suas atividades, quando transmitidas pelos pacientes ou responsveis, obtidas atravs do pronturio. So informaes que possam causar danos ao paciente.

Art.29- Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razo de sua atividade profissional, exceto nos casos previstos em lei.

Art.28- Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente.

SEGREDO PROFISSIONAL

Durante o contato com o paciente, o pessoal de enfermagem toma conhecimento de fatos da vida deste, que por sua prpria natureza ou por uma solicitao do doente considerado revelao de valor. Isto se d pela confiana depositada no profissional de enfermagem. Deve-se ter em mente que medida que guardamos devidamente um segredo estamos respeitando o paciente.

- Tipos de segredo a) Segredo natural o que se vem a conhecer sem estar no exerccio da profisso;

b) Segredo profissional o que se vem a conhecer exercendo uma atividade profissional.- Formas de possvel revelao do segredoa) Pode-se revelar um segredo

- quando o dono o permite;

- quando o bem comum o exige;

- quando o bem de terceira pessoa o exige;

- quando o bem do depositrio o exige.

b) Deve-se revelar um segredo

- Ao se tratar de uma declarao de nascimento;

- Para evitar um casamento, em caso de enfermidades que possam por em risco

um dos cnjuges ou a prole;

Na declarao de doenas infecto-contagiosas de notificao compulsria;

Ao se tratar de fato delituoso previsto em lei;

Em caso de sevcias de menores;

Ao se ter conhecimento de abortadores profissionais;

Nas percias mdico-legais;

Nos registros de livros hospitalares.

A garantia da privacidade e da confidencialidade das informaes dos pacientes que gera o dever tico e legal nos profissionais e na administrao de servios de sade.

O segredo compreende as informaes que os profissionais tm acesso, no exerccio de suas atividades, (anamnese, exame fsico, cuidados ao paciente, ou provenientes das observaes de outros profissionais). Deve ser sigiloso nas comunicaes orais ou escritas.

Na presena de estudantes, o paciente deve ser tratado com honradez, o paciente tem o direito de ter o seu segredo mantido, cabendo ao paciente a condio de emitir seu consentimento sobre as informaes a serem compartilhadas pelo estudante. E este por sua vez deve manter as informaes sob sigilo.

VIOLAO DO SEGREDO COMO INFRAO LEGAL

Considera segredo profissional enquanto interesse publica e sua violao constitui infrao social, sancionada pela norma penal. (art.154 do Cdigo Penal) revelar algum, sem justa causa, segredo, de que tem cincia em razo de funo, oficio ou profisso, podendo causar dano a outrem.

Os profissionais de sade no so obrigados a depor em juzo, revelando segredo de seu paciente, em virtude do conhecimento dos fatos atravs do exerccio profissional. (art.207 do Cdigo Penal).

QUANDO O SEGREDO PODE SER ROMPIDO

Por meio do consentimento prprio paciente ou de seu representante legal, por dever legal ou pela existncia de uma justa causa.

Quando o pedido vem de terceiros pagantes, empregadores, seguros de sade, autoridade policial, as informaes podem ser fornecidas com o consentimento do paciente seu representante legal ou pela famlia em caso de falecimento.

Somente sai do manto do segredo por dever legal ou justa causa.

Dever Legal - Preservao da sade da coletividade (notificao compulsria), com intuito de evitar a propagao. Como tambm por maus tratos crianas e adolescente e o idoso, segundo seus estatutos. A outra condio na qual o segredo dever ser revelado est imbricada nos casos de apurao de crimes relacionados prestao de socorro mdico ou omisso de socorro. Tambm nos casos de homicdio ou leso corporal que ele tenha sofrido, causados por integrantes da equipe de sade. O estabelecimento e os profissionais de sade esto obrigados a revelar as informaes necessrias.

No aborto - O Supremo Tribunal Federal entende que os casos de aborto, mesmo que provocado, deve seguir as regras do segredo profissional no trazendo prejuzo ao paciente quando este estiver ameaado de sofrer sanes penais.

Os de justa causa - Quando h coliso de interesses e de direitos. O direito a privacidade deve ser sacrificado em benefcio de outro (pessoa ou coletividade).

SEGREDO E NORMAS DEONTOLGICAS

O Cdigo de tica mdica insere normas relativas ao segredo em vrios de seus artigos. Arts: 11, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 117.

O Cdigo de tica de Enfermagem trata o assunto nos seguintes artigos

Art.28 respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente.

Art.29 manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razo de sua atividade, exceto nos casos previstos em lei. Art. 54 publicar trabalho com elementos que identifiquem o cliente, sem sua autorizao. A ENFERMAGEM COMO PROFISSO

Para Wanda de Aguiar Horta, Enfermagem a arte de assistir ao ser humano (indivduo, famlia e comunidade), no atendimento de suas necessidades bsicas; de torn-lo independente desta assistncia, quando possvel, pelo ensino do autocuidado, de recuperar, manter e promover sua sade em colaborao com outros profissionais. Assistir, em enfermagem, fazer pelo ser humano tudo aquilo que ele no pode fazer por si mesmo; ajud-lo ou auxili-lo quando parcialmente impossibilitado de se auto cuidar; orient-lo ou ensin-lo, supervision-lo ou encaminh-lo a outros profissionais.

Durante muitos sculos a enfermagem foi exercida por pessoas sem qualificao profissional e de maneira emprica como por mes, sacerdotes, feiticeiros e religiosos.

A enfermagem moderna iniciou-se em 1854 com Florence Nightingale que ao final de sua atuao na Guerra da Crimia fundou o Hospital So Toms na Inglaterra. Criou um mtodo de ensino baseado no ponto de vista intelectual, moral, fsico e de aptido profissional. CONSCINCIA PROFISSIONAL

Para Gellain, psicologicamente, a conscincia indica a percepo que a pessoa tem de si, do meio ambiente e dos outros. o ego psicolgico, e tem como antnimo a inconscincia. Para a Deontologia, a conscincia significa o julgamento interno que cada pessoa faz de seus atos e dos atos de outros. Baseia-se em parmetros e no conjunto de potencialidades de cada ser humano, evoluindo sua realizao. Forma-se, com isto, uma conscincia deontolgica da pessoa ou de um grupo. Cria-se uma forma individual ou grupal de analisar o que est conforme ou no com os parmetros ticos. Estabelece-se a partir da a conscincia profissional de um grupo, isto , a maneira caracterstica de uma profisso analisar, interceptar e julgar os problemas deontolgicos.

TICA PROFISSIONAL

o conjunto de princpios morais que regem os direitos e deveres de um indivduo ou de uma organizao, dentro de um determinado setor de trabalho (tica profissional). O objetivo da tica a aquisio de hbitos bons, que contribuam para a formao do carter nobre, levando o indivduo a ser e agir de maneira ntegra e honrada.

Ao abordarmos o conceito de tica importante relembrarmos tambm o significado de moral e deontologia (j citados) devido a sua inter-relao. frequente a discusso em torno destes termos e muitos autores no se referem a eles de maneira uniforme. Portanto ratificamos que:b) DEONTOLOGIA Estudo dos princpios, fundamentos e sistemas de moral; Tratado dos deveres.

c) MORAL Conjunto de regras de conduta consideradas como vlidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.

Para Gelain, no h grandes diferenas entre as palavras tica, moral e deontologia, pois todas se referem diretamente ao comportamento humano, com apenas algumas caractersticas diferentes. Assim, atribuiu a tica uma conotao mais filosfica na anlise dos problemas e os aspectos diretamente relacionados com a honestidade profissional, como justia, lealdade, prudncia e outros. moral atribuiu conotao sobrenatural. Deontologia atribuiu a preocupao mais direta com os deveres de um grupo profissional em relao s suas atribuies e responsabilidades profissionais.

EFICCIA DO SOCORRO

A omisso de socorro caracteriza-se por um ato doloso, voluntrio, consciente, daquele que omite. As omisses involuntrias, mesmo que culposa, no so punidas pelas normas jurdicas e deontolgicas. No havendo prova de que se agiu dolosamente, no caracterizada omisso de socorro.

preciso que a situao se configure grave e iminente, e no um perigo qualquer ou que possa ocorre em futuro distante. Tambm no basta que o estado seja grave, pois grave a presena de qualquer patologia ontolgica.

No se exige manifestaes de herosmo, logicamente, no h que se desculpar o profissional por no agir, temendo os riscos, pois a atividade de assistncia sade, por sua natureza, no isenta de riscos, mesmo que cuidados adequados sejam tomados.

INFORMAES PRESTADAS POR TERCEIROS

O profissional de sade no deve se contentar com informao a ele revelada por terceiros.

Deve em caso de duvida se deslocar para anlise prpria ou utilizar meios adequados para se certificar da veracidade das informaes recebidas.

OMISSO E ENCAMINHAMENTO

O encaminhamento para estabelecimento de sade valido, quando juridicamente objetiva resolver problemas que ocasionam a situao de emergncia para obteno de recursos tcnicos e profissionais.

Comete delito de omisso de socorro o medico que exige deposito prvio e aval para o atendimento de pessoa ferida gravemente e no assistida por falta de recursos financeiros.

ESPECIALISTAS

No se justifica o cometimento da falta tica e jurdica por alegao de que o profissional de sade no especialista no tratamento daquela condio de sade. No se exige eficcia da conduta tomada, mas sim o cumprimento do dever de assistir.

OMISSO DE SOCORRO E AS NORMAS DEONTOLGICAS

O cdigo de tica mdica considera infrao tica no seu art.58.O cdigo de tica de enfermagem no art.42 e 43.ALTA A PEDIDO

Demanda pelo prprio paciente ou seus representantes legais, contrarias aos pareceres tcnicos emitidos.

Retirar-se de um estabelecimento de sade um direito de toda pessoa quando sua vontade preenche os pressupostos da manifestao autnoma, quando sua deciso livre e esclarecida, independente da patologia ou do agravo de sade que tenha.

Quando a situao se conforma na existncia de perigo iminente de vida, o profissional de sade e a administrao, para evitar danos graves ao paciente, podero sobrepor a uma deciso, sem contrariar aos fundamentos deontolgicos e jurdicos. Pode-se restringir a liberdade de locomoo para intervir nos casos iminentes de vida, pois se assim no o fizerem, o profissional respondera por omisso de socorro.

As declaraes de alta a pedido tm valor tico e jurdico muito limitado assinatura de alta pelo paciente, no exonera a responsabilidade do profissional, se a situao do paciente se agravar e for provado que houve ao imprudente ao deix-lo partir.

VIOLAO DA LIBERDADE DE LOCOMOO

Denomina-se crcere privado o crime de restrio parcial ou total, da liberdade de movimento no espao de algum, restringindo sei ir e vir, forando a vitima a permanecer em espaos limitados, dos quais se encontra impedida de sair.

No se pode nem se deve permitir a priso em crcere privado ou sem liberdade de ir e vir, de algum, em qualquer hospital, por no possuir recursos financeiros para pagar dividas ou despesas provenientes de tratamento ou internao.

TICA NAS PESQUISAS EM SERES HUMANOS

A necessidade da realizao de pesquisas no campo da sade inegvel, pelo seu valor como mecanismo de aquisio de novos conhecimentos pela sociedade. Porem, seu desenvolvimento envolve dilemas ticos, pelos possveis conflitos entre os interesses dos pesquisadores, da sociedade e dos pesquisadores.

As pesquisas tm por finalidade estabelecer procedimentos, mtodos para a preveno de doenas, recuperao ou reabilitao da sade, podendo ser de cunho preventivo, diagnostico e ou teraputico.

Em 1993 as Organizaes Internacionais das Cincias Mdicas (CIOMS), juntamente com a Organizao Mundial da Sade (OMS), publica as Normas ticas Internacionais para Pesquisas Biomdicas Envolvendo seres humanos, ressaltando a proteo de grupos humanos vulnerveis (transtornos mentais, crianas, prisioneiros, comunidades subdesenvolvidas, gestantes e nutrizes). Refora o principio da participao autnoma, da privacidade, da confidencialidade e sigilo dos dados e a necessidade dos comits de tica em pesquisa.

Art. 35, 36, 37,53 - pargrafo nico

CLASSIFICAO DA PESQUISA

1- De interesse direto para o pesquisado trar resultados para a sociedade ou ao tratamento da pessoa que se presta pesquisa. Ex: coquetel de drogas em portadores do HIV ou aidticos.

2- No existe interesse ou beneficio direto da pessoa envolvida pesquisas em pessoas sadias, voluntrias, ou doentes no relacionados ao objeto de pesquisa (a de maior preocupao no aspecto tico).

A pesquisa por ser de relevncia social e cientifica necessrio, aprovao por um comit de tica de pesquisa. (estabelecimentos de sade ou de ensino).

O principio tico da justia requer o maior beneficio possveis as pessoas e a coletividade e no somente beneficiar classe social de maior poder aquisitivo.

O pesquisado deve se sentir livre na sua deciso e no ameaado na continuidade de sua assistncia, pela possibilidade de ser abandonado pelos profissionais de sade quando se recusa a participar ou desistir.

Artigos: 36,37 e 57

Conceituaes relevantes para o estudo da tica1) O HOMEM Segundo o conceito judaico cristo o homem um ser criado por Deus sua imagem e semelhana. dotado de inteligncia e de liberdade, pelo que se distingue de todos os outros seres. O homem, portador de imortalidade, tende sempre a Deus. O homem a nica criatura querida por Deus, por si mesma.

Somente o homem pode optar pelo bem ou pelo mal, graas inteligncia, e liberdade.

Para o humanista, o homem uma entidade nica no universo, que toma decises e moralmente responsvel.

Cada ser humano substncia individual completa, da conservao de uma individualidade, mesmo vivendo em constante interao com outras pessoas.

Pessoa o ser que subsiste distinto na natureza racional (Toms de Aquino). pela racionalidade e a sua transcendncia que a pessoa se constitui valor. O fato de ser fim e no instrumento coloca o homem no s como valor, mas como valo absoluto, portanto ele nunca pode ser considerado como meio para outro fim.

2) A VIDA - Desde que anunciada a vida, em qualquer circunstncia merece um sublime e incomensurvel respeito. Este o ponto comum em que se completam todas as opinies de pesquisadores do assunto.

Para que exista de fato esta ateno pela vida de outrem, necessrio, que o ser humano ame e reverencie sua prpria vida porque ela acima de tudo o instrumento do bem utilizado por todos os homens.

O direito vida o mais fundamental dos direitos do homem, sendo inalienvel. Por sua vez o dever enaltecido, com muito entusiasmo, Lucaz ratifica a expresso: A vida sempre bela para quem a compreende no seu dever e pe a felicidade acima do seu sentido vulgar.

A vida se apresenta como um dever contnuo, como um desdobrar-se de dentro para fora, em oposio rigidez e uniformidade dos corpos inanimados (Camargo).

3) A SADE - o estado de completo bem estar fsico, social, mental espiritual e no somente ausncia de enfermidade (OMS) Pio XII acrescenta: A sade no puramente negativa, como se consistisse na simples excluso da doena corporal e das foras fsicas, como se a sade mental, em particular, no exprimisse mais do que a ausncia de toda a anomalia ou alienao. Ela comporta positivamente o bem estar fsico, espiritual e social da humanidade como uma das condies da paz universal e da segurana comum. Longe de considerar a sade objeto de ordem exclusivamente biolgica, sublinhamos a importncia das foras religiosas e morais para mant-la e sempre a inclumos em nmero das condies para a dignidade e o bem estar da humanidade, de seu bem corporal e espiritual, temporal e eterno.

4) O FIM DA VIDA HUMANA - O homem voltado para uma realizao plena, procura desabrochar plenamente e ser totalmente ele mesmo.

O fim da vida deve ser entendido de duas maneiras: Fim em si mesmo e fim-plenitude.

a) Fim da vida como fim-fim. O homem nasce, cresce, se desenvolve, amadurece, envelhece e morre. Inicia a sua vida com um enorme potencial dinmico que vai se desgastando medida que vai envelhecendo.

A morte como fim-fim verdadeira. Marca a interrupo de um processo, de algo que existe. Cria uma separao entre tempo e a eternidade. Ela dolorosa e triste como o fim de uma festa ou fim de um encontro.

b) O fim da vida como fim-plenitude - A morte um fim, o fim da vida, mas entendido como meta-alcanada, plenitude-almejada e o lugar do verdadeiro nascimento. Portanto, o homem vive alm do tempo, porque ele suspira pela eternidade do amor e da vida. O homem pessoa e interioridade. Dentro da vida humana existe uma chance nica na qual o homem nasce totalmente ou acaba de nascer: na morte.

5) TICA - a cincia que ensina o homem a agir corretamente ou Aquilo que o homem deve ser em funo daquilo que ele . O homem no quer apenas viver, mas viver bem; no se deve entender este bem como uma preocupao egosta de conseguir valores materiais, seno um aperfeioamento moral capaz de integrar a aspirao de cada um aos interesses de todos.

O objetivo da tica a aquisio de hbitos bons, que contribuem para a formao de um carter nobre, levando o indivduo a ser e agir de maneira ntegra honrada. A tica mantm o homem dentro de um padro de comportamento, ditando-lhe aquilo que deve fazer e aquilo que deve evitar, a fim de ser um bom profissional. Assim, temos a tica mdica, a tica dos advogados, dos padres, dos enfermeiros, etc.. A observncia desses princpios ticos, prprios de cada profisso, impe-se a todos aqueles que a abraam como uma necessidade.

5.1 A tica no mbito das relaes sociais: Afirma-se explicitamente que: A pessoa humana e deve ser o princpio, sujeito e fim de todas as instituies sociais. A vida social criao sua, nela se concretiza e realiza a liberdade do homem; a ordem social e o progresso devem ordenar-se incessantemente ao bem das pessoas, pois a organizao das coisas deve subordinar-se ordem das pessoas e no ao contrrio.

5.2 Divrcio entre cincia e moral: Um dos mais graves riscos a que est exposta a nossa poca o divrcio entre cincia e moral, entre as possibilidades oferecidas por uma tecnologia para metas cada vez mais assombrosas e as normas ticas derivadas de uma natureza cada vez mais esquecida. necessrio que todas as pessoas responsveis se ponham de acordo em reafirmar a prioridade da tica sobre tcnica, a primazia da pessoa sobre as coisas a superioridade do esprito sobre a matria. (L Osservatore Romano 27/04/86).

5.3 Concluso: Diante disso, notamos que querer agir eticamente querer ter sade e querer mais vida. O homem deve procurar normas ticas no para se diminuir, mas para crescer em todos os aspectos no conjunto de seu todo existencial, embora s vezes deva sacrificar algum elemento de seu ser.

Toda pessoa um ser complexo. Ela no pura exterioridade, fachada, periferia, matria e aparncia. O corpo importante, fundamental, mas no a nica dimenso do homem.

Existe uma outra realidade mais profunda. Ao lado de toda exterioridade, existe uma interioridade. Toda fachada tem um interior, toda superfcie tem uma profundidade e toda periferia, um centro. E h muita gente por a que s vive na superfcie, na periferia, na aparncia; por isso so uns superficiais.

Toda vida um dom, um presente, uma presena, uma palavra irrepetvel de Deus. Toda vida importante! Cada pessoa uma obra de arte feita com carinho pelas mos do criador. Mas este primeiro apelo de Deus exige uma resposta. E a nica resposta vlida que o homem pode dar construir-se, conquistar-se, tomar posse de si mesmo, assumir a sua prpria existncia, desenvolvendo toda a sua potencialidade e capacidade.

ELEMENTOS DA NATUREZA HUMANA

I - O homem - SER-VIVO

Cada vida humana, singular irrepetvel. No entanto, na sua natureza distinguimos elementos que podemos estudar separadamente. O homem ser vivo

a) Conseqncias dessa verdade so: O respeito vida humana; A conservao da vida humana; a manuteno de tudo que vida no ser humano.

c) Independentemente da legislao existente a respeito do elemento da natureza humana acima referido, muitas questes so colocadas para a tica. As principais questes so: suicdio, homicdio, aborto, esterilizao, pena de morte, transplante de rgos, transfuso de sangue, experincias no ser humano, entorpecentes, eutansia, morte, necropsia e cremao de cadveres.

SUICDIO1) A realidade do suicdio: As estatsticas revelam que o suicdio possui dimenses nada desprezveis. Segundo a Organizao Mundial de Sade, nos pases desenvolvidos da Europa e na Amrica do Norte, o suicdio figura entre as cinco das dez primeiras causas de morte. Na Sua, o nmero de suicdios superou pela primeira vez o nmero de mortos em acidentes de trnsito. A anlise das tentativas de suicdio e o histrico das pessoas que se suicidaram permitiram a descoberta de mecanismos psicolgicos e sociais que podem favorecer a tomada de uma deciso to radical. No entanto, apesar disso, ainda nos movemos em meio a uma grande escurido nesse campo. J se tentou formular inmeras explicaes do suicdio, as quais podem ser englobadas em dois grupos: explicaes psicolgicas ou sociolgicas, conforme a preferncia que se d aos fatores de um ou outro tipo na deteco da responsabilidade por esse fato.

2) Enfoque moral: Do ponto de vista moral, devemos distinguir a viso subjetiva (responsabilidade da pessoa que se suicida ou tenta suicdio) e a viso objetiva (o suicdio em si mesmo).2.1 - Viso subjetiva: Antigamente, como se desconheciam os complexos que intervinham em um suicdio, exagerava-se a responsabilidade pessoal do suicdio, acreditando-se que sua ao correspondia a um plano pensado e executado com lucidez. Hoje est suficientemente provado que , na grande maioria dos casos, o suicida apresenta uma percepo muito unilateral dos valores, devido a um processo de escolha pr-condicionado. Esse fato um sintoma de que a liberdade necessria, para um ato humano est muito comprometida.

No se exclui a possibilidade de certos suicdios serem decididos aparentemente com maior lucidez, como, por exemplo, os chamados suicdios altrustas a pessoa que se suicida para no delatar companheiros, prevendo ser torturado com esse fim a pessoa se suicida como sinal de protestos diante de determinadas situaes polticas e etc.

A moral no deve se preocupar muito em indagar as responsabilidades pessoais dos suicidas: J sendo difcil em qualquer ser humano, humano, uma anlise pessoal revela-se muito aleatria no caso do suicdio, pois cerca de oitenta por cento acabam cumprindo seu propsito. Sendo o suicdio o final de um processo, possvel conhecer a tempo que pessoas podem ser consideradas candidatas ao suicdio com certa probabilidade. Uma doena psquica ou uma crise psquica aguda podem facilmente desembocar no suicdio. Ao que parece, a vivncia religiosa exerce um importante efeito contrrio. O suicdio pode parecer uma sada, sobretudo para aqueles que se sentem excludos da comunidade.

2.2) Viso objetiva: Praticamente inexistentes justificativas generalizadas para o suicdio. Mas, em casos de suicdios concretos, j foram apresentadas justificativas como ato de coragem ou de obedincia a Deus ou ainda como mal menor.

Segundo muitos autores, a filosofia no conseguiu apresentar uma argumentao vlida e conclusiva que demonstre a imoralidade absoluta do suicdio. O mximo que a que ela parece chegar pela concluso de que o suicdio no desejvel eticamente, com base em uma perspectiva de prioridade ou preferncias.

A auto-realizao tem prioridade sobre a autodestruio. Suicdio corta radicalmente toda possibilidade de auto-realizao.

As aes revogveis tm prioridade sobre as no revogveis. O suicida destri irreparavelmente a sua criatividade, a possibilidade de colaborar para seu prprio desenvolvimento e para a construo social por meio de atos passveis de reviso.

A liberdade vivida por mais tempo e com maior intensidade tem proeminncia sobre a liberdade prematuramente cortada. O homem um ser que amadurece com o tempo: O suicdio acaba com esse processo de desenvolvimento.

Todos esses esforos filosficos para criar uma base tica contra o suicdio no demonstram a sua imoralidade absoluta em qualquer situao.

2.3) Viso Crist: O homem no dono de sua prpria vida, mas deve ser um fiel administrador dessa mesma vida, a fim de conserv-la e promov-la at faz-la chegar plenitude de suas vidas. A mais chocante infidelidade que o administrador possa cometer consiste em jogar fora a sua vida como se tratasse de algo sem valor.

Dentro do cristianismo e a partir de uma perspectiva religiosa, j se justifica a condenao absoluta do suicdio com base no mandamento de no matar. O no matars, tal como aparece na Bblia, no apresenta qualquer referncia em relao ao suicdio, muito embora posteriormente a tradio crist tenha recorrido a essa proibio querendo incluir nela tambm o suicdio.

A vida um dom dado ao homem por Deus e sujeito ao seu divino poder, que mata e faz viver; portanto, quem se privar a si mesmo da vida peca contra Deus.

O HOMICDIO 1) Definio de homicdio: a morte de uma pessoa causada por outra, direta ou indiretamente, por ao ou emisso, dolosa ou culposa. Segundo essa definio somente existe motivo jurdico-penal da punio quando ocorre crime. E crime s se verifica quando existe ato, o qual se identifica com dano ou leso, ou como perigo de leso ou de dano.

2) O homicdio no Cdigo Penal: O Cdigo penal brasileiro liga o homicdio ao resultado. Quer se trate de ao ou omisso, s h crime quando o agente desejou o resultado, ou tomou sua conta produzi-lo.

3) O homicdio e suas Causas: A mais comum situao no homicdio simples, que busca a causalidade material e psquica igualmente.

O fato material da morte deve ser examinado juntamente com o elemento moral do crime. A morte pode ser paralela com leso, ou sobrevir depois de certo espao de tempo. No primeiro caso, havendo dano, o homicdio est caracterizado. No segundo, preciso distinguir se o agente no quis a morte, nem tomou a si o risco de produzi-la, isto , se no foi alm do ferimento causado, mas do qual, resultou a morte, o crime preterintencional, capitulado como leso agravada, nos termos do Art. 4 3 e do Art. 129 do Cdigo Penal.

4) Tipos de homicidios:

Homicdios simples: matar algum. Pena de 6 a 20 anos de priso.

Homicdio Qualificado: o crime agravado ou de maior gravidade, em vista da intensidade da situao, nele adotada, da natureza e dos meios postos em ao para execut-los do modo de ao ou desejo de fugir da punio. Revela-se assim a visvel maldade de sua prtica.

Homicdio culposo: Ato negligente, imprudente ou inbil do agente embora no tenha sido inteno criminosa. No havia a inteno de matar, mas o ato no foi previsto, quando devia dar causa ao seu todo.

Homicdio doloso: vontade de praticar o ato, consumando o seu objetivo, fazendo com que a vtima agonize at os minutos antecedentes sua morte.

Homicdio necessrio: Estado de necessidade, pode-se dizer que decorre em legtima defesa.

5) Causas de homicdios comumente praticados: Segundo estudiosos cada ser humano, composto de clulas, tecidos, rgos, lquidos, e conscincia. Possui caracteres orgnicos e mentais diversos segundo a origem, o modo de vida, a educao, o clima o regime alimentar, a disciplina fisiolgica e moral. Consider-los num s nvel, v-los por um s lado seria, desatender a realidade. O cronograma das sociedades descerra-nos a vida nas suas paixes e misrias; fraquezas e hipocrisias; prepotncias e invejas; ambies e indignidades; impulsos e caprichos; crimes e injustias.

Da as vrias razes e patologias homicidas existentes entre as quais citamos: amor, cime, medo, vingana, dio, inveja, angstia, tristeza e ansiedade.

Portanto, na disposio do Art. 24, I do Cdigo Penal brasileiro, insere-se que a emoo e a paixo no excluem sob nenhuma forma a responsabilidade penal, que constitui o homicdio (delito) verificado e comprovado legalmente segundo a lei vigente no Pas.

O indivduo uma das partes de um todo o organismo social. assim necessrio investigar a influncia que esse todo tem exercido sobre as diversas partes, do Estado sobre o homem sobre a populao. O estudo da filosofia das cincias, a observao do inconsciente coletivo, a psicologia profunda das massas vo contribuir para que os problemas sociais, as angstias, os sofrimentos e os crimes sorriam nas sociedades futuras e futuristas.

urgente em todos os agrupamentos humanos, investigao e medidas que minimizem essa tenso coletiva, e diminuam a criminalidade existente.

possvel harmonizar-se o direito do cidado com os direitos da sociedade, o indivduo com a coletividade. Essa conciliao precisa de justia humana. Com todas aquelas providncias os grupos sociais e os seres que os formam conseguiro a relativa felicidade e justia para toda essa Terra em que vivemos.

ABORTO: uma interrupo da gravidez , quando o feto ainda invivel, ou seja, incapaz de viver fora do tero materno. Costuma-se no campo da medicina e sade, frisar dois tipos de aborto:

a) Aborto espontneo que se produz por si, sem interveno especial do homem.

b) Aborto provocado que produzido com interveno especial do homem.

A tica ocupa-se somente do aborto provocado. Geralmente encontra como causas s indicaes mais absurdas.

As estatsticas comprovam que em todos os pases do mundo os abortos provocados crescem proporcionalmente ao nmero de nascimentos.

1) Incio da vida do ser humano: Embora a problemtica do aborto esteja ligada problemtica do incio da vida humana, est fora de dvida que no momento de fuso do espermatozide com o vulo, comea uma realidade biolgica humana, uma vida nova distinta da dos seus pais, com um cdigo gentico nico e irrepetvel e com vida independente. Portanto, a vida deve ser respeitada desde a fecundao. Esta vida humana entra num processo de Evoluo. Sponker diz que o ser humano necessariamente um ser-humano-em-evoluo.

2) O que ensina a Igreja: Todas as crises que atentam contra a prpria vida, como so os homicdios, os genocdios, os abortos, a eutansia e s vezes o prprio suicdio.... . Desonram os que a eles se entregam...; a vida deve ser protegida... desde o momento da concepo; o aborto e o infanticdio so delitos abominveis.. 3) As indicaes para o aborto: Os diversos motivos ou situaes de conflito costumam receber o nome de indicaes, para justificar o aborto. um problema tico.

Destacam-se:

a) Indicao mdica. Quando h situao conflituosa entre a vida da me e a vida do filho. Ex: gravidez ectpica, cncer de tero. O princpio tico ideal que se tente salvar ambas as vidas. Se for impossvel, salvar o salvvel.

b) Indicao eugnica: o caminho aberto a eutansia. No.

c) Indicao psiquitrica. Trata-se de poupar a mulher do trauma: gravidez por incesto, adultrio. No se pode justificar eticamente, mas ajudar a mulher com outra soluo justa.

d) Indicao scio-econmica. Em casos de crise pequena, pobreza e etc. Essas razes no legitimam o aborto. a autoacusao do Poder Pblico da sua ineficcia perante o problema.

e) Indicao criminal. o caso de gravidez por violao. Haring diz: moralmente admissvel expelir o esperma: o aborto no permitido.. O direito vida o primeiro direito da pessoa humana, condio fundamental de todos os demais direitos.

O direito vida procede da prpria dignidade humana, anterior sociedade e autoridade.

5) Aspecto jurdico: Alm da dimenso pessoal existe a dimenso social do aborto. A mulher e o ser concebido so parte da sociedade.

6) Aspecto Social: O respeito vida desde a fecundao necessariamente deve-se estendes ao longo da vida toda. Se o aborto uterino arranca do seio da me a vida da criana no nascida, o aborto social arranca do seio da sociedade e de uma possibilidade de vida digna a criana j nascida. Exemplo claro disso so os milhes de crianas abandonadas e as crianas que morrem antes do primeiro ano de vida por subnutrio.

Pergunta-se: - A sociedade pode e deve intervir? Qual o critrio?

O legislador do bem comum o que vai legislar?

Legislar, despenaliza o aborto ou defende a vida?

CONCLUSES:

A moralidade e legalidade no se identificam. Uma coisa pode ser legalmente legtima, mas moralmente ilcita.

No caso de aborto, ainda que a lei autorize ou no castigue em determinadas circunstncias, permanece a obrigao moral de dizer no.

Toda legislao sobre o aborto deve salvaguardar a liberdade de conscincia.

ESTERILIZAO A esterilizao a incapacidade de gerar vida biologicamente. A infertilidade no exclui necessariamente a capacidade de conceber, mas inclui a incapacidade de dar luz. A esterilizao leva esterilidade, mas pode ter uma diversidade de sentidos de acordo com as diferentes situaes e objetivos.

A esterilizao pode ser feita por vasectomia, que uma pequena interveno cirrgica, quase sem nenhum risco. A histerectomia no um processo mdico adequado para a esterilizao, mas, quando realizado por outros motivos, provoca naturalmente a esterilidade. Embora no caso da vasectomia e da ligao de trompas, os rgos retirados possam ser restabelecidos, na maioria dos casos a pessoa permanece praticamente estril. Por si mesma, a esterilizao no tem influncia negativa sobre as relaes sexuais ou sobre a pessoa, quando est preparada.

A esterilizao difere bastante da castrao. A castrao priva o corpo de importantes hormnios sexuais. Quando realizada antes ou durante a puberdade, prejudicar grandemente o amadurecimento pessoal. A castrao de mulheres adultas acarretar uma menopausa prematura. A castrao altera profundamente os dotes sexuais da pessoa.

A questo da esterilizao constitui um tema urgente na tica mdica e social de nossos dias. A discusso necessita de cuidadoso discernimento.

1) Esterilizao direta e indireta: A esterilizao indireta e lcita aquela que envolve diretamente um rgo sexual gravemente doente e que s h uma possibilidade de cura ou de manter a paz e harmonia entre os esposos. A esterilizao direta aquela em que simplesmente se faz por no querer mais filhos ou pela finalidade de egosmo particular, e, portanto, ilcita.

2) A atitude anti-filhos: H pessoas que procuram a esterilizao porque rejeitam radicalmente a vocao paterna. Para eles, o sucesso material, uma vida confortvel ou um cachorro caro so mais importantes do que os filhos. Eles se esterilizam espiritual e psicologicamente mesmo antes de tentarem a esterilizao. O mal neste caso no tanto com a esterilizao em si, mas antes a atitude bsica das pessoas interessadas. Seria intil discutir com eles o mal moral da esterilizao direta. No entanto, o conselheiro ou mdico que eles escolhem devero advert-los de que, um dia, podero vir a mudar seu sistema de valores e converter-se para o grande dom da vida. Nesta ocasio, certamente iro lamentar muitssimo sua esterilizao fsica. No obstante, o mdico pode muito bem achar que o incentivo atitude antifilhos por meio da esterilizao constitui um mal menor do que o aborto.

3) Esterilizao e paternidade responsvel: Pensemos nos esposos que sabem muito bem que o amor a resposta e que aceitam a abstinncia peridica e at total sempre que o prprio amor requer. O aspecto saudvel do matrimnio, a riqueza de relacionamento entre esposos, a harmonia na famlia to necessria educao equilibrada dos filhos j existem, a libertao dos esposos, especialmente da mulher, de angstias perigosas, os riscos contidos em outros mtodos usados para manter a deciso consciente de evitar novos filhos, tudo isto enfim precisar ser tomado em considerao quando se trata de ajudar os esposos a discernirem o sentido moral de uma esterilizao.

4) Esterilizao teraputica: Para alguns a esterilizao teraputica apenas quando se trata de uma terapia exclusivamente ligada a um rgo sexual doente.

Quando a necessidade de infertilidade por parte dos esposos um dado claro, e quando a esterilizao possui um sentido teraputico de acordo com uma viso sagrada da pessoa humana, da sade, da cura e da salvao, existe uma ntida indicao mdica para o caso.

5) Argumentos contra esterilizao gentica imposta: Ainda existe uma tendncia que defende a esterilizao imposta s pessoas retardadas. Mas o grau de retardamento e o quociente de inteligncia so medidos pelos padres de uma sociedade orientada para o sucesso, e pelos padres verdadeiramente humanos da capacidade de amar e de ser amado.

A deciso absolutamente livre de procurar a esterilizao por causa de uma herana gentica que, segundo a conscincia sincera dos esposos, os probe de transmitir a vida, j uma questo moral totalmente diferente. Quem conhece a angstia dos pais que j tem um filho gravemente deficiente ou excepcional, e que esto plenamente conscientes da situao de alto risco no caso de uma nova gestao, ho de concordar que a esterilizao poder ser em muitos casos, uma interveno verdadeiramente teraputica. Ela poder libertar os esposos de uma angstia perturbadora e favorecer uma vida conjugal transcorrida num clima de paz e confiana.

Ningum, entretanto, deveria tentar induzir esposos que se amam a uma deciso angustiante quando se trata de um retardamento moderado. Eles poderiam muito bem ser incapazes de levar uma vida conjugal sadia e de educar os filhos com bastante amor.

6) Esterilizao para controle da populao: Vrias naes superpopulosas j comearam a induzir os esposos a se deixarem esterilizar depois do segundo ou terceiro parto. Esta persuaso pode ocorrer sob a forma de manipulao psicolgica, com reforos positivos e negativos, ou at com coao. Embora possamos ter profunda compreenso das complexidades e da gravidade, nunca poderemos aprovar tal atitude, que priva as famlias da presena de filhos.

A valiosa causa da liberdade e da integridade certamente no est sendo bem servida pelo fato de se alimentarem complexos de culpa entre os que cederem sob presso e a coao.

RECUSA DE TRANSFUSO DE SANGUE POR CONVICES RELIGIOSAS.

1. Consideraes preliminares: Embora a prescrio de sangue seja atribuio, sua aplicao, quando necessria, muitas vezes fica a cargo da Enfermagem. Neste momento, s vezes, surge o impasse, pois h pacientes que recusam o sangue e pessoas que impedem a transfuso de sangue em seus filhos e familiares, mesmo que disso sobrevenha morte. Trata-se de um grupo religioso denominado Testemunhas de Jeov, que considera a transfuso de sangue profundamente proibida pela Bblia. Para eles, a proibio de receber sangue bblica, pois o livro bblico de atos delineia uma ordem para todos os cristos de que se abstenham... do sangue (Atos 15:20, 28,29; 21:25). Por conseguinte, privar-se de sangue , segundo as testemunhas de Jeov, to importante como para os cristos abster-se da idolatria ou da fornicao (1) Diante do problema, passou-se a estudar o assunto com mais cuidado. A conduta mdica era de desconhecer as convices religiosas e impor a transfuso de sangue em defesa da vida em perigo e em primeiro plano. Esta atitude, do nosso ponto de vista to radical quanto das testemunhas de Jeov, sem dvida traumatizou pessoas e provocou sua expulso da agremiao religiosa, pois os adeptos deste grupo religioso, ao receberem uma transfuso de sangue, mesmo sem o saberem, dele so expulsos. Por esta foram impedidos de agir, podemos avaliar a gravidade atribuda a uma transfuso de sangue pelas testemunhas de Jeov. Passou ento, a questionar a validade de se agir radicalmente. Qual a vantagem em se salvar a vida de algum se ferimos suas mais profundas convices?

1) Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia: Estudou a questo e expressou-se oficialmente num documento cujas concluses os conselhos regionais de Medicina aceitam e sugerem que sejam adotadas, mas no impem. O documento reduz o problema a trs aspectos:

O adulto consciente - Diante do adulto consciente, sugere-se respeitar suas convices, mas exige-se que ele assine uma declarao isentando de responsabilidade instituio, o mdico e quem dele cuidar.

O adulto inconsciente - Tratando-se de um adulto inconsciente, o documento admite que o sangue possa ser aplicado, desde que nem o cliente nem seus familiares venham a saber. O problema bsico evitar o trauma psicolgico e espiritual, enquanto a vida salva. Esta atitude, todavia, embora salve a vida do cliente e no o traumatize, contm um desrespeito s suas convices e sua vontade.

A criana, o menor de idade, o incapaz - Aqui o problema no est na criana, no menor, no incapaz, mas nos pais e tutores. Possuem uma convico e o impe aos filhos ou tutelados sob o amparo do ptrio poder. A orientao do documento de que se respeite sua deciso de no permitir que o sangue seja aplicado, mas dever-se- exigir deles a assinatura do termo de responsabilidade. Embora seja possvel burlar a vigilncia dos pais e tutores e aplicar o sangue, aconselha-se a no faz-lo e deixar o problema sob suas responsabilidades.

De todas as sugestes do documento, segundo o visto, salienta-se o respeito pelas convices religiosas, embora possam ser consideradas radicais.

O Problema frente a funcionrios e profissionais: O problema, s vezes, poder situar-se num funcionrio, num membro da equipe de sade ou da enfermagem que siga as convices das Testemunhas de Jeov.

Temos conhecimento de uma auxiliar de enfermagem, adepta das Testemunhas de Jeov, que nos plantes noturnas procurava evitar, ao mximo, que as prescries de sangue fossem executadas. Para ela evitar a aplicao do sangue correspondia a impedir que Jeov fosse ofendido. Desnecessrio se torna comentar a gravidade desta situao, pois jamais poder algum impor aos outros sua maneira de pensar, principalmente quando houver risco de vida. Pessoas assim no tem condies de continuar atuando em funes que possibilitem prejudicar o paciente.

As testemunhas de Jeov possuem alguns mdicos como adeptos. Estes profissionais, quando chamados oficialmente a opinar, caso por caso, sobre a possibilidade de o paciente poder receber sangue, so obedecidos pelos pacientes Testemunhas de Jeov. bom lembrar, todavia que, alm do engano ser desrespeito, as Testemunhas de Jeov podem facilmente reconhecer o mdico adepto de sua crena.

Diante do exposto, tudo indica que embora nada impea que sejam tomadas atitudes radicais, mais bem indicada a atitude de respeito s convices religiosas do paciente.

OS TRANSPLANTES

O transplante converteu-se em uma atividade mdica bastante comum em certos setores. Em outros, encontra-se diante de desafios muito difceis. Segundo alguns. O futuro da medicina est muito ligado aos progressos nesse campo.

Outra faceta importante dos transplantes o aspecto legal. De um lado as leis comeam a favorecer o exerccio da solidariedade humana nesse terreno, fixado ao mesmo tempo formas de controle para evitar abusos.

Por outro lado, h um aspecto scio-cultural que no pode ser ignorado: o transplante seja entre vi vos, seja de um cadver, criam um mundo simblico, emocional, de crenas e relaes.

A moral no apresenta dificuldades para muitas intervenes, mas algumas levantam problemas.

1) Classificao dos transplantes e seu aspecto tcnico: Do ponto de vista moral, a ateno se concentrou nos rgos e no nos enxertos de tecidos, conforme o critrio que se adote, podem se fazer diversas classificaes dos transplantes. As duas classificaes mais importantes so feitas segundo a relao entre doador e receptor e segundo o tipo de rgo transplantado.

Quanto aos rgos transplantados e quanto s consequncias para o doador, necessrio distinguir entre rgos vitais e no vitais; duplos e simples. medida que se descobrirem tcnicas para o lado das vantagens, haver menos resistncias legais e menos problemas morais.

2) Os tecidos ou rgos objetos de transplantes

So muitos os tecidos ou rgos de transplantes reais ou experimentais: rins, corao, fgado, pulmo, pncreas, crneas, ovrios, testculos, sangue. Pele, ossos, tendes, cartilagens, etc... Os aspectos mais importantes para os quais se deve atentar na tcnica dos transplantes so a tipificao dos tecidos, a identificao do sangue, os critrios de seleo e a conservao dos rgos, a fim de evitar o mximo possvel rejeio do rgo transplantado. Outro aspecto importante a determinao da morte nos casos de transplante a partir de um cadver.

3) Indicaes para uma avaliao moral

Os transplantes realizados DENTRO DO MESMO ORGANISMO no apresentam qualquer problema moral, desde que exista uma finalidade razovel e uma compensao entre os riscos e vantagens.

Os transplantes realizados para um ser humano A PARTIR DE UM ANIMAL no representam nenhum problema moral.

TRANSPLANTE DE UM CADVER PARA UM SER VIVO. Um aspecto bsico a ser levado em conta a morte de uma pessoa, no h obstculos morais para a utilizao de seus rgos para eventuais transplantes. As maiores resistncias poderiam vir do campo religioso ou de concepes scio-culturais particulares.

Do ponto de vista moral, no se exige em absoluto o consentimento do interessado ou da famlia para proceder utilizao dos rgos para transplante. No entanto, na ausncia de disposies legais a respeito, ser necessrio prever as possveis conseqncias de se proceder extirpao sem se preocupar em obter o consentimento prvio. Nesse ponto, a moral deve favorecer tudo o que se situe na linha da solidariedade humana e da caridade crist, procurando eliminar tudo o que representa obstculo a isso.

TRANSPLANTES ENTRE VIVOS. Se a moral quase no fez reparos nos transplantes de um defunto para uma pessoa viva, o mesmo j no acontece ao que se refere interveno envolvendo unicamente seres vivos. Em um primeiro momento, considerou-se como um obstculo intransponvel o simples fato de que se tratava de duas pessoas diferentes, inclusive em caso de transplante de rgos duplos, como os olhos ou rins.

A razo principal para a condenao desses transplantes entre vivos era a maldade da mutilao direta. Tirar um rgo doente visando sade do prprio organismo era aceito normalmente como lcito, em virtude da subordinao da parte ao todo. No entanto, a retirada de um rgo sadio visando o bem de um organismo alheio era tida como uma mutilao direta, moralmente digna de rejeio. Hoje em dia, o fato de se tirar um rgo sadio de uma pessoa viva para transplant-lo para outra pessoa no constitui um problema moral se atentarmos para a simples circunstncia de que se trata de duas pessoas diferentes; essa dificuldade, que tanto atormentou os moralistas durante vrias dcadas, j est praticamente vencida.

A licitude desses transplantes depender fundamentalmente dos seguintes aspectos: da parte do doador, consentimento com conhecimento de causa, respeitando sua autonomia e excluindo imposies alheias ou decises pessoais irresponsveis; exames dos eventuais prejuzos derivados da tirada de um rgo; por parte do receptor, preciso avaliar os riscos e as vantagens, tanto no caso de no se realizar o transplante como no caso de faz-lo.

A TICA POSSUI PRINCPIOS CAPAZES DE DEFINIR DIREITOS E DEVERES DE UM CIDADO, DE UMA ORGANIZAO OU DE UMA SOCIEDADE.

O que pode causar deficincia no desempenho profissional?

1. Imprudncia

2. Impercia

3. Negligncia

4. Insegurana

5. Precipitao

MECANISMOS DE DEFESA USADOS PELO HOMEM:

1. Negao - Recusar-se a reconhecer a existncia de uma situao real ou os sentimentos associados a ela - Uma mulher toma bebidas alcolicas todos os dias e no consegue parar, no reconhecendo que tem um problema.2. Regresso - Retirar-se em resposta ao estresse para um nvelanterior de desenvolvimentoe as medidas de confortoassociadas a esse nvel. Ex: Ao ser hospitalizado devido amigdalite, Jay, de 2 anos,s mama na mamadeira,embora sua me diga que eleest tomando leite no copo h seis meses.3. Aceitao - Aresignao, ou aindaaceitao, geralmente se refere experienciar uma situao sem a inteno de mud-la. A aceitao no exige que a mudana seja possvel ou mesmo concebvel, nem necessita que a situao seja desejada ou aprovada por aqueles que a aceitam. De fato, a resignao freqentemente aconselhada quando uma situao tanto ruim quanto imutvel, ou quando a mudana s possvel a um grande preo ou risco.Aceitaopode implicar apenas uma falta de tentativas comportamentais visveis para mudar, mas a palavra tambm utilizada mais especificamente para um sentimento ou um estadoemocionaloucognitivoterico. A aceitao contrastada com aresistncia, mas esse termo tem fortes conotaes polticas epsicoanalticaque no so aplicveis em muitos contextos. s vezes, a aceitao usada com noes de espontaneidade: "Mesmo se uma situao indesejvel da qual no poderei escapar ocorrer comigo, eu ainda posso espontaneamente escolher aceit-la..4. Compensao - Encobrir uma fraqueza real ou percebida enfatizando uma caracterstica que se considera mais desejvel - Um menino deficiente fsico no consegue jogar futebol, por isso compensa tornando-se muito estudioso.5. Deslocamento - A transferncia de sentimentos de um alvo para outro, que considerado menos ameaador ou neutro. Esse mecanismo no tem qualquer compromisso com a lgica. o caso de algum que tendo tido uma experincia desagradvel com um policial, reaja desdenhosamente, em relao a todos os policiais.

muito corrente nos sonhos, onde uma coisa representa outra. Tambm se manifesta na Transferncia, fazendo com que o indivduo apresente sentimentos em relao a uma pessoa que, na verdade, lhe representa uma outra do seu passado. Podemos citar ainda como exemplo aquele cliente que est furioso com seu mdico, no expressa isso, mas agride verbalmente a enfermeira.6. Fantasia - um processo psquico em que o indivduo concebe uma situao em sua mente, que satisfaz uma necessidade ou desejo, que no pode ser, na vida real, satisfeito. um roteiro imaginrio em que o sujeito est presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realizao de um desejo e, em ltima anlise, de um desejo inconsciente. A fantasia apresenta algumas modalidades:

a) Fantasias conscientes ou sonhos diurnos.

b) Fantasias inconscientes como as que a anlise revela, como estruturas subjacentes a um contedo manifesto.7. Formao Reativa - um processo psquico que se caracteriza pela adoo de uma atitude de sentido oposto a um desejo que tenha sido recalcado, constituindo-se, ento, numa reao contra ele, impedindo a expresso depensamentos ou sentimentos inaceitveis exagerando pensamentos ou tipos de comportamento opostos. Ex: Jane odeia a enfermagem. Elafez enfermagem para agradaraos pais. Durante oexerccio da profisso, elafala a estudantes em perspectiva sobre a excelnciada enfermagem como carreira.8. Introjeo - Integrar as crenas e os valores de um outro indivduo estrutura do prprio ego. Ex: As crianas integram o sistema de valores de seus pais ao processo de formao da conscincia. Uma criana diz a um amigo: "No trapaceie. Isso errado..9. Projeo Atribuir sentimentos ou impulsos inaceitveis para si mesmo a outra pessoa. o caso do menino que gostaria de roubar frutas do vizinho sem, entretanto, ter coragem para tanto, e diz que soube que um menino, na mesma rua, esteve tentando pular o muro do vizinho. Podemos ter como outro exemplo a pessoa que sente uma forte atrao sexual por seu treinador de atletismo e diz a uma amiga:Ele est vindo atrs de mim!".10. Racionalizao Tentar desculpar ou formular razes lgicas para justificar sentimentos ou comportamentos inaceitveis. Ex: John diz enfermeira de reabilitao: "Eu bebo porque esta a nica maneira quetenho para lidar com meu casamento fracassado e meu emprego ainda pior..11. Represso - Bloquear involuntariamenteda prpria conscincia os sentimentos e experincias desagradveis. Ex: Uma vtima de acidente noconsegue se lembrar de nadaa respeito do acidente.12. Sublimao Modificao de um desejo. o mais eficaz dos mecanismos de defesa, na medida em que canaliza os impulsos libidinais para uma postura socialmente til e aceitvel. As defesas bem sucedidas podem colocar-se sob o ttulo de sublimao, expresso que no designa mecanismo especfico; vrios mecanismos podem usar-se nas defesas bem sucedidas; por exemplo, a transformao da passividade em atividade; o rodeio em volta do assunto, a inverso de certo objetivo no objetivo oposto. Ex: Uma me cujo filho foi morto por um motorista embriagado canaliza sua raiva e energia para ser a presidente da seo local das Mes contra motoristas Bbados.13. Transferncia Afetiva Ao atrativa ou repulsiva.14. Identificao - Uma tentativa de aumentar o valor pessoal adquirindo alguns atributos e caractersticas de um indivduo que se admira. Ex: Um adolescente que precisou de uma reabilitao longa aps um acidente decide tornar-se fisioterapeuta em conseqncia de suas experincias.

15. Intelectualizao - Uma tentativa de evitar aexpresso de emoes reais associadas a uma situao de estresse pelo uso dos processos intelectuais da lgica, raciocnio e anlise. Ex: O marido de Susan est sendo transferido no emprego parauma cidade bem distante dospais dela. Ela oculta a ansiedade explicando aospais as vantagens associadas mudana.

16. Isolamento - Separar um pensamento ou recordao do sentimento, afeto ou emoo a eles associados. Ex: Uma mulher jovem descreve como foi atacada e estuprada, sem demonstrar nenhuma emoo.17. Supresso - O bloqueio voluntrio da prpria conscincia de sentimentos e experincias desagradveis. Ex: Scarlett 0'Hara dizia: "Noquero pensar nisso agora. Vou pensar nisso amanh..18. Anulao - Desfazer ou cancelar simbolicamente uma experincia que se considera intolervel. Ex: Joe est nervoso quanto ao seunovo emprego e grita com aesposa. Ao voltar para casaele pra e compra flores paraela e um novo vdeo gamepara si.

TICA E LIBERDADE EM SARTRE

A liberdade sempre foi o centro das preocupaes humanas. Desde a mais remota Antigidade, muito se escreveu, muito se falou e se reivindicou em funo de garantir a sua primazia. Entretanto, no podemos afirmar o mesmo com relao tica, cujo interesse sempre se restringiu a um universo, sem dvida alguma, muito mais limitado. Grosso modo, esse foi o perfil histrico construdo at quase o final do sculo XX. Contudo, qualquer olhar um pouco mais atento poder perceber que um novo movimento comea a se formar em torno dessa questo. Nunca se falou tanto em tica como nesses conflituosos momentos em que vivemos. A tica torna-se urgente. Num movimento inverso, a sociedade reivindica agora princpios ticos e novas disciplinas que possam sistematiz-los, de forma a garantir a sua liberdade to ameaada. E, assim sendo, temos ento a biotica que tenta regulamentar os avanos cientficos desenvolvidos principalmente na rea mdica. Temos organizaes governamentais propondo a formao de Conselhos de tica que controlem o nepotismo, a corrupo e outros desvios no comportamento poltico; temos em todas as demais profisses, princpios ticos colocados em questo pela nossa sociedade consumidora, de forma a assegurar os direitos dos cidados num estado democrtico. No h dvida: estamos vivendo seguramente um estado de transio. A constatao da turbulncia que acompanha esse esvaziamento do nosso campo de valores nos induz a buscar novos olhares e novas propostas que nos auxiliem no alargamento de nossos j insuficientes e defasados saberes.

Esse movimento de busca nos traz de volta ento, as preocupaes ticas de Jean-Paul Sartre que, apesar de to negligenciadas, hoje nos surgem com uma sonoridade atual e possvel. O porqu da procura por esse filsofo, entre tantos outros, se explica pelo fato de que tal pensador colocou exatamente como fio condutor de sua construo filosfica a possvel conciliao entre a liberdade e as questes morais que a envolviam. E disso que passamos a tratar ento, neste momento.

Costuma-se afirmar que a filosofia sartriana uma filosofia da liberdade. De fato Sartre construiu um sistema filosfico defendendo a criatura humana naquilo que mais a dignifica: a sua liberdade de ser. Mas seu conceito de liberdade no traduz exatamente aquilo que o senso comum entende por tal questo. A liberdade para Sartre tem um sentido ontolgico, isto , o homem intrnseca e ontologicamente livre. A liberdade surge como uma necessidade: o homem est condenado a ser livre1 afirma Sartre. Contudo, no se trata de uma liberdade abstrata, ou de absoluta transcendncia; a liberdade desponta na origem de uma conscincia que est inserida no mundo e comprometida com ele por uma relao indissolvel, ou seja, que est em situao.

Voltemos, portanto, nosso olhar para essa questo to polmica que diz respeito relao da liberdade com a responsabilidade. A dificuldade que contorna a proposta sartriana reside basicamente no princpio primeiro que rege essa relao. Afirma o filsofo: ... minha liberdade o nico fundamento dos valores (...). Enquanto ser pelo qual os valores existem, sou injustificvel3. Logo, pela liberdade humana que os valores vm ao mundo: o homem inventa os seus prprios valores. No h, a priori, valores inscritos num cu inteligvel, no h um imperativo categrico universalmente vlido, nem uma lei tica geral que determine as suas escolhas. O que h, a deciso humana de cri-los. Na sua liberdade de escolha, portanto, reside o nico fundamento no qual o homem pode se apegar. No faz sentido para Sartre, o que os moralistas nomeiam como valores universalmente vlidos e logicamente necessrios. ele que escolhe seus prprios valores. Com isso, Sartre abre a assustadora possibilidade de uma moral varivel.

A ousadia dessa proposta, sem dvida alguma, causou enorme polmica nos meados do sculo passado e, ainda hoje, causa estranheza nos mbitos mais moralistas de nossa sociedade. A questo colocada em relevo poderia ser assim formulada: de que forma poderia, falar em moral diante de tal subjetividade? Como constituir uma sociedade com uma moral varivel e subjetiva? Mas, por outro lado, podemos constatar tambm a decepo desses mesmos moralistas quando, ao diagnosticar a nossa sociedade, nos apontam, desiludidamente que os valores at hoje impostos vm sendo no s questionados, mas esvaziados de seus significados ao longo do tempo e que temos hoje uma sociedade esquecida de seus mandamentos primeiros, ou seja, uma sociedade que nunca incorporou verdadeiramente os valores morais que lhe foram tradicionalmente transmitidos - exatamente pela falcia dessa transmisso e pela forma tomada por ela no nosso mundo de representaes - sem levar em conta o aspecto subjetivo que acompanhava a objetividade de tais determinaes.

Em primeiro lugar, vejamos o que significa moral para Sartre. Chamaremos de moral ao conjunto de imperativos, valores e critrios axiolgicos que constituem os lugares comuns de uma classe, de um ambiente social ou de uma sociedade inteira4. Tais imperativos porm - apesar de manter com o homem um nexo de ligao externa assegurando seu carter de alteridade - so, tambm a forma pela qual o homem se afirma como um sujeito de interioridade, autnomo e que tem por si mesmo o domnio das circunstncias externas. O carter de alteridade fica camufladamente substitudo pela autonomia, ou seja, construmos uma falsa moral autnoma, mantendo de forma velada o aspecto heternomo desta mesma moral Dessa forma, os imperativos e os valores - que nada mais so do que imperativos afetivos ligados imperativos prticos - nos surgem como frmulas tranqilizadoras, estreitamente ligadas s possibilidades: deves, logo podes, afirma a moral kantiana que, com seu carter formal e universal, negligencia, por um lado, as caractersticas contingentes da realidade humana em situao, e por outro, deixa encoberto nesta frmula, que tal possibilidade, a afirmada, retorna e recai incondicionalmente sobre o dever interiorizado. Este aspecto incondicional da possibilidade no leva em considerao o meu ser passado, as minhas vivncias anteriores, nem as minhas reais possibilidades; estes ficam falazmente suplantados pelo imperativo do dever, cujo cumprimento far de mim um sujeito de interioridade.

Sem dvida alguma, tais aspectos normativos so bastante confortveis e tranqilizadores, pois aliviam a responsabilidade pela escolha livremente assumida diante de determinada situao. Isto , opto por certas atitudes porque as leis, os costumes, os valores impostos pela sociedade assim me obrigam, logo no posso ser responsabilizado pelas conseqncias que advieram da minha escolha. Mas o fato no-desvelado que sou eu que significo tais imposies como valores que devero nortear as minhas decises. a minha conscincia sempre significante que d o sentido de valor s coisas do mundo, que em si mesmo no tm valor algum.

Deste ponto de vista, a atividade moral apresenta, segundo Sartre, dois aspectos: um aspecto relativo que supe o homem-no-mundo, em situao e um aspecto absoluto que tem origem no prprio homem, e que diz respeito s decises por ele tomadas em sua relao com o outro em funo de sua situao. O absoluto surge, portanto como produto do relativo, e no ao contrrio. pela situao que o homem escolhe o absoluto que vai direcionar a sua escolha. No h valores prescritos, nem receitas pr-determinadas. A cada momento e em cada situao ele inventa suas solues e decide, pela sua liberdade, o caminho a seguir, tornando-se, assim, o nico responsvel pelas decises escolhidas. E essa responsabilidade que Sartre coloca em questo em sua conceituao filosfica.

A responsabilidade de que nos fala, portanto, esse filsofo, nos trs um homem responsvel por uma escolha feita, no apenas no interior de uma subjetividade rigorosamente individual, mas atravs de uma subjetividade que passa pelo outro, ou seja atravs de uma intersubjetividade que leva em conta a liberdade do outro e o compromisso com a situao por ele significada como tal e, na qual, esto imbricadas inmeras outras conscincias tambm ontologicamente livres, mas tambm imersas num plano ntico, constitudo por pessoas que esto presentes em sua temporalidade de forma concreta, carregando consigo seu carter de alteridade, e no somente com uma existncia abstrata. Logo, na moral reivindicada por Sartre, pouco importa que seja ela varivel ou no, o que importa que seja uma moral de compromisso e cujas escolhas sejam feitas em funo da liberdade humana.

Tudo isso faz da responsabilidade algo cujas propores se apresentam com um carter infinitamente maior do que essa noo de responsabilidade que frequentemente acompanha o senso comum. A noo sartriana de responsabilidade faz do homem um ser inteiramente comprometido com o mundo no qual est inserido, pois, segundo tal noo, esse homem, ao escolher suas condutas, ao apresentar ao mundo suas aes e suas possibilidades, est apresentando a imagem do homem como ele julga que deve ser; uma imagem por ele escolhida e construda sobre valores por ele mesmo fundados e consciente ainda, de que o que possvel para ele, em sua liberdade, possvel tambm para todos os outros homens. Logo suas escolhas comprometem toda a humanidade e ele se torna com isso, no somente responsvel por si, mas tambm responsvel pela humanidade inteira.

A questo da responsabilidade, adquire, diante tal quadro conceitual, uma tamanha abrangncia e uma tal relevncia que seu surgimento vem acompanhado de um pesado sentimento de angstia. Uma angstia necessria que, nada mais do que um correlato da liberdade e da responsabilidade que constituem o prprio ser da realidade humana. No momento mesmo, em que o homem deixa cair os artifcios e as mscaras por ele criadas em seu mundo psquico atravs de um comportamento de m-f que lhe venda os olhos e, em seguida, volta-se desvendando com autenticidade a sua implacvel condio de legislador, a angstia torna-se inevitvel. De qualquer forma, ele pode sempre optar por uma vida autntica, ou ainda permanecer na alienao proporcionada pela magia de seu mundo psquico. Mas o que precisa ser considerado que seja qual for a escolha, a sua escolha, logo, tambm sua a responsabilidade sobre as conseqncias que dela lhe advm.

Diante da aridez que contorna tais princpios filosficos no de admirar que uma sociedade constituda basicamente sobre normas e princpios deterministas - sejam eles mticos, religiosos, psicolgicos ou sociais - veja tal proposta como terrivelmente ameaadora. Entretanto, se levarmos em considerao a rapidez das transformaes ocorridas em nossa atualidade, se considerarmos que estamos hoje diante de um quadro social para o qual no temos ainda as ferramentas suficientes que nos permitam interpret-lo e que nossos antigos cdigos no mais esgotam a exigncia de formulao de novos conceitos, ou seja, se a dimenso de uma nova ordem planetria nos exige a cada momento uma reformulao do nosso mundo de representaes, talvez seja esse, o momento de admitir que existe realmente hoje um novo homem. No se trata de postular a existncia de um Super-Homem. Trata-se do fato de que temos hoje um homem ainda desconhecido, um ser cujos valores se mostram ainda indefinidos e que, por isso mesmo, nos possibilita levantar de novo as cortinas e focalizar mais uma vez a esperana de formarmos com esse novo ser humano uma sociedade mais autntica, mais verdadeira e mais honesta. Em suma: uma sociedade que atualize, de fato, o cenrio, at ento utpico, de uma tica da libertao e salvao que sempre esteve presente como um pano de fundo, apenas possvel, nos dramas teatrais e filosficos.

A EQUIPE DE ENFERMAGEM E SUAS ATRIBUIES (Decretos e Artigos)

1- Decreto n 94.406, de 08 de junho de 1987

Regulamenta a Lei n 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispe sobre o exerccio da Enfermagem, e d outras providncias

O Presidente da Repblica,

usando das atribuies que lhe confere o Art. 81, item III, da Constituio, e tendo em vista o disposto no Art. 25 da Lei n 7.498, de 25 de junho de 1986,

Decreta:

Art. 1 - O exerccio da atividade de Enfermagem, observadas as disposies da Lei n 7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitao, privativo de Enfermeiro, Tcnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e s ser permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva regio.

Art. 2 - As instituies e servios de sade incluiro a atividade de Enfermagem no seu planejamento e programao.

Art. 3 - A prescrio da assistncia de Enfermagem parte integrante do programa de Enfermagem.

Art. 4 - So Enfermeiros:

I - O titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituio de ensino, nos termos da lei;

II - O titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obsttrica, conferidos nos termos da lei;

III - O titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obsttrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as respectivas leis, registrado em virtude de acordo de intercmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obsttrica ou de Obstetrcia;

IV - Aqueles que, no abrangidos pelos incisos anteriores, obtiveram ttulo de Enfermeira conforme o disposto na letra "d" do Art. 3. do Decreto-lei Decreto n 50.387, de 28 de maro de 1961.

Art. 5 - So tcnicos de Enfermagem:

I - O titular do diploma ou do certificado de tcnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislao e registrado no rgo competente;

II - O titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de tcnico de Enfermagem.

Art. 6 - So Auxiliares de Enfermagem:


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