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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Juliane Umann
Santa Maria, RS, Brasil 2011
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ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS
HOSPITALARES
Juliane Umann
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Área de concentração em Cuidado, Educação e Trabalho em Enfermagem e Saúde, Linha de Pesquisa: Trabalho e Gestão em Enfermagem e
Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profa. Dra. Laura de Azevedo Guido
Santa Maria, RS, Brasil. 2011
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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Enfermagem Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES
elaborada por Juliane Umann
como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Enfermagem
COMISSÃO EXAMINADORA:
Laura de Azevedo Guido, Drª (UFSM) (Presidente/Orientador)
Eliane da Silva Grazziano, Drª (UFSCAR)
Tânia Bosi de Souza Magnago, Drª (UFSM)
Nara M. Oliveira Girardon Perlini, Drª (UFSM)
Santa Maria, 18 de janeiro de 2011.
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AGRADECIMENTOS
Algumas pessoas foram fundamentais no decorrer dessa trajetória e para que este trabalho
fosse concretizado e, portanto, não poderia deixar de agradecê-las incansavelmente:
Primeiramente, a Profª Laura, pela confiança e credibilidade em mim depositadas, além do
apoio e dedicação ímpares. Muito mais que orientadora, foste meu exemplo e inspiração de
vida. Tens meu carinho e admiração.
Serei imensa e infinitamente grata.
As colegas Carolina, Onélia, Juliana e Lilian, pelos momentos de escuta e apoio mútuo,
pelas parcerias nas tarefas de classe e momentos de descontração.
Nossas risadas tornaram a caminhada mais leve.
Ao apoio das amigas e companheiras de grupo de pesquisa Graciele e Etiane, que sem data,
hora ou qualquer restrição disponibilizaram sua atenção e ajuda incondicional.
Vocês são muito especiais.
Ao meu amigo e companheiro Alex, que me ofertou conforto e incentivo em momentos de
dúvida e angústia.
És meu maior incentivador!
A minha família, que tolerou com minha ausência por longos oito anos de estudo,
a minha profunda gratidão.
Aos enfermeiros do HUSM, pela confiança e colaboração que possibilitaram a realização
deste estudo.
Aquelas pessoas que me oportunizaram, mesmo que inconscientemente, crescimento e
maturidade para enfrentar as adversidades durante a trilha percorrida.
A todos, meus sinceros e infinitos agradecimentos.
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“A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe,
mas no quanto ele tem consciência que não sabe.
O destino não é frequentemente inevitável,
mas uma questão de escolha.
Quem faz escolha, escreve sua própria história,
constrói seus próprios caminhos.”
(Augusto Cury)
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RESUMO
Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Universidade Federal de Santa Maria
ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS
HOSPITALARES
AUTORA: JULIANE UMANN ORIENTADORA: LAURA DE AZEVEDO GUIDO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 18 de janeiro de 2011.
Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, descritivo transversal contemporâneo, com o objetivo de verificar associações entre estresse, coping e presenteísmo em enfermeiros hospitalares. A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário de Santa Maria com 129 enfermeiros atuantes nas unidades de assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos. Seguiu-se um protocolo de pesquisa que consta de caracterização individual, com variáveis sociodemográficas e funcionais, além de questionário composto por três instrumentos para a avaliação do estresse (Inventário de estresse em enfermeiros), coping (Escala de Coping Ocupacional) e presenteísmo (Questionário de Limitações no Trabalho). A aplicação destes instrumentos foi realizada nos meses de março e abril de 2010 de maneira que os participantes responderam em único momento e de forma individual, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para o armazenamento e organização das informações construiu-se um banco de dados em uma planilha eletrônica, no programa Excel (Office 2007). As variáveis sociodemográficas e funcionais e os itens que compõem os instrumentos foram analisados estatisticamente com o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS – versão 17.0). A consistência interna das escalas, avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach, atestou fidedignidade da medida a que os instrumentos se propõem, com valores que variaram entre 0,78 a 0,95. Identificou-se prevalência de enfermeiros do sexo feminino, casados, com filhos, pós-graduados, que realizaram tratamento de saúde, trabalham no turno da noite, receberam treinamento e fazem horas extras. Obteve-se idade média de 39,47 anos, carga horária média de 34,4 horas semanais e tempo de trabalho na instituição e unidade com médias de 10,96 e 7,10 anos de trabalho, respectivamente. Neste estudo, 66,7% dos enfermeiros de assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos apresentaram baixo estresse, 87,6% utilizam estratégias de coping controle, e decréscimo de 3,31% na produtividade. Encontraram-se correlações diretas e significativas entre estresse ocupacional e as variáveis: carga horária semanal, ocorrência de faltas ao trabalho, não ter outro emprego, ausência de treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se relações diretas e estatisticamente significantes entre o fator manejo de sintomas e realização de treinamento e tratamento de saúde. O presenteísmo correlacionou-se diretamente à realização de tratamento de saúde e ocorrência e número de faltas, e indiretamente ao tempo de trabalho na unidade. Relações diretas e significativas entre os escores de estresse e produtividade perdida foram comprovadas. Conclui-se que o estresse ocupacional, decorrente de um processo de trabalho marcado por condições precárias e pelo aumento da jornada de trabalho, interfere no cotidiano profissional e pessoal dos enfermeiros, com repercussões para a produtividade no ambiente ocupacional, opção de coping, saúde e bem estar dos profissionais envolvidos na assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos. Os resultados deste estudo contribuem para o avanço do conhecimento multidisciplinar da Saúde do Trabalhador e fornecem subsídios à área da Enfermagem para o planejamento de medidas preventivas ao estresse ocupacional e para a promoção e proteção da saúde e bem estar dos profissionais envolvidos na assistência direta a pacientes críticos e potencialmente críticos no contexto hospitalar. Palavras-chave: Enfermagem. Estresse. Coping. Presenteísmo. Saúde do trabalhador.
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ABSTRACT
Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Universidade Federal de Santa Maria
STRESS, COPING AND PRESENTEEISM IN HOSPITAL NURSES
AUTORA: JULIANE UMANN ORIENTADORA: LAURA DE AZEVEDO GUIDO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 18 de janeiro de 2011.
The following research presented a quantitative, analytical contemporary cross approach, aiming to detect associations between stress, coping and presenteeism in hospital nurses. The research has been conducted at the University Hospital of Santa Maria with 129 nurses working in patient care units and the ones that are potentially critical. A research protocol has been followed consisting of individual characteristics, with sociodemographic and functional variables, besides a survey composed by three instruments for the assessment of stress (Inventory of stress in nurses), coping (Occupational Coping Scale) and presenteeism (Work Limitations Questionnaire). These instruments have been applied in March and April 2010 so that the participants answered them only once anda individually, after signing the informed consent (IC). For storage and organization of information has built up a database in an Excel spreadsheet (Office 2007). Sociodemographic and functional variables composing the instruments were statistically analyzed with the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS – version 17.0). The internal consistency of the scales, assessed by Cronbach’s Alpha Coefficient, testified that the reliability of the measurement for the instruments, with values ranging from 0.78 to 0.95. It has been identified the prevalence of female nurses, married, with children, post-graduates, who underwent medical treatment, work the night shift, undergoing training and overtime. Average age was 39.47 years, average workload of 34.4 hours per week on the job time in the institution and unit respectively of 10.96 and 7.10 years of work. In this study, 66.7% of nurses taking care of critically ill patients and potentially critical presented low stress, 87.6% use control coping strategies, and a decrease of 3.31% in productivity. Direct and significant correlations have been found between occupational stress and the variables: weekly workload, the occurrence of absenteeism, having no other job, no training, and work in open units. Regarding coping, direct and statistically significant relations have been established between management and implementation of training and health care. The presenteeism directly correlated to the performance of health care and the occurrence and number of absences, and indirectly working time in the unit. Direct and significant relations between scores for stress and lost productivity have been proven. It is concluded that occupational stress, resulting from a wprk process market by poor conditions and increasing workload, interferes with the daily work of nurses and staff, with implications for productivity in the workplace, the choice for coping and health welfare of professionals involved in the care of critically ill patients and potentially critical.The results of this study corroborate the advancement of multidisciplinary knowledge on Workers’ Health and provide subsidies to the area of Nursing for the planning of preventive measures to occupational stress and for the promotion and protection of health and welfare of professionals involved in the direct assistance to critical and potentially critical patients in a hospital.
Key words: Nursing. Stress. Coping. Presenteeism. Occupational Health.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE ...........................................45
Figura 2 - Distribuição das categorias do IEE por freqüência de resposta ..............................47
Figura 3 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO .........................................49
Figura 4 - Distribuição dos fatores do ECO por freqüência de resposta .................................51
Figura 5 - Valores médios obtidos com os resultados da escala WLQ ...................................54
Figura 6 - Distribuição dos domínios do WLQ por freqüência de resposta ............................55
Figura 7 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para unidades abertas e
fechadas .................................................................................................................60
Figura 8 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não filhos ........61
Figura 9 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não de
treinamento ............................................................................................................61
Figura 10 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não de
treinamento ...........................................................................................................62
Figura 11 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não outro
emprego ..............................................................................................................63
Figura 12 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ocorrência ou não
de faltas ................................................................................................................64
Figura 13 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para ocorrência ou não
de faltas ...............................................................................................................64
Figura 14 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a
ocorrência ou não de faltas ................................................................................65
Figura 15 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não
de tratamento de saúde .......................................................................................66
Figura 16 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não
de tratamento de saúde .......................................................................................66
Figura 17 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização
ou não de tratamento de saúde .............................................................................67
Figura 18 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização
ou não de horas extras ..........................................................................................68
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Coeficiente Alfa de Cronbach dos instrumentos WLQ, IEE e ECO ......................40
Tabela 2 - Teste de normalidade dos instrumentos WLQ, IEE e ECO ....................................41
Tabela 3 - Distribuição da população, segundo variáveis qualitativas ....................................42
Tabela 4 - Distribuição da população, segundo variáveis quantitativas ..................................44
Tabela 5 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE ...........................................44
Tabela 6 - Apresentação dos itens da escala IEE de maior e menor pontuação ......................46
Tabela 7 - Distribuição dos valores obtidos para o IEE geral nas unidades de internação ......47
Tabela 8 - Distribuição da população de acordo com resultados do ECO ...............................49
Tabela 9 - Apresentação dos itens da escala ECO de maior e menor pontuação .....................50
Tabela 10 - Distribuição dos valores obtidos para a ECO nas unidades de internação ...........51
Tabela 11 - Valores obtidos para o questionário WLQ ...........................................................53
Tabela 12 - Valores de intervalos interquartil obtidos para o questionário WLQ ...................53
Tabela 13 - Distribuição dos valores obtidos para o questionário WLQ nas unidades de
internação .............................................................................................................56
Tabela 14 - Coeficientes de correlação de Pearson entre variáveis de interesse e IEE ...........58
Tabela 15 - Coeficientes de correlação de Spearman entre variáveis de interesse e WLQ .....58
Tabela 16 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de
estresse geral .........................................................................................................59
Tabela 17 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de
estresse geral .........................................................................................................59
Tabela 18 - Matriz de correlação entre domínios do IEE (Pearson) ........................................69
Tabela 19 - Matriz de correlação entre domínios do ECO (Spearman) ...................................69
Tabela 20 - Matriz de correlação entre domínios do WLQ (Spearman) ..................................70
Tabela 21 - Matriz de correlação entre WLQ x IEE ................................................................70
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Classificação dos coeficientes de correlação quanto à intensidade da
associação...............................................................................................................57
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LISTA DE REDUÇÕES
CCS – Centro de Ciências da Saúde
CC/SRA – Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação anestésica
CHS – Carga horária semanal
CO – Centro Obstétrico
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
DEPE – Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão
ECO – Escala de Coping ocupacional
GAP – Gabinete de Projetos
HUSM – Hospital Universitário de Santa Maria
IEE – Inventário de Estresse em enfermeiros
TTI – Tempo de trabalho na instituição
TTU – Tempo de trabalho na Unidade
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UCI – Unidade Cardiológica Intensiva
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria
UHO – Unidade Hemato-oncológica
UTI – Unidade de Terapia intensiva
WLQ – Work Limitations Questionnaire
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO A - Inventario de Estresse em enfermeiros..............................................................120
ANEXO B - Escala de coping ocupacional............................................................................122
ANEXO C - Questionário de Limitações no Trabalho...........................................................124
ANEXO D - Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa .......................................130
ANEXO E - Carta de liberação WLQ ....................................................................................131
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LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Formulário para caracterização individual..................................................116
APÊNDICE B –Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................117
APÊNDICE C – Termo de confidencialidade........................................................................119
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................16
2 OBJETIVOS...................................................................................................19
2.1 Objetivo Geral...................................................................................................................19
2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................19
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................20
3.1 Processo de trabalho do enfermeiro na assistência em alta complexidade..................20
3.1.1 Absenteísmo x presenteísmo............................................................................................23
3.2 Estresse: definições e fatores organizacionais................................................................24
3.3 Coping: conceitos, classificações e aplicabilidade no contexto laboral........................27
4 METODOLOGIA...........................................................................................31
4.1 Campo de Estudo..............................................................................................................31
4.2 População do Estudo.........................................................................................................32
4.2.1 Critérios de Inclusão........................................................................................................32
4.2.2 Critérios de Exclusão.......................................................................................................32
4.3 Método de Coleta..............................................................................................................32
4.3.1 Formulário de caracterização sociodemográfica..............................................................33
4.3.2 Inventário de Estresse em enfermeiros............................................................................33
4.3.3 Escala de coping ocupacional..........................................................................................34
4.3.4 Questionário de Limitação no trabalho............................................................................35
4.4 Análise estatística..............................................................................................................37
4.5 Riscos e Benefícios.............................................................................................................37
4.6 Aspectos Éticos da Pesquisa.............................................................................................38
5 RESULTADOS...............................................................................................39
5.1 Análise de confiabilidade dos instrumentos e normalidade dos dados .......................39
5.2 Perfil sociodemográfico e funcional da população ........................................................42
5.3 Estresse em enfermeiros hospitalares ............................................................................44
5.4 Coping ocupacional em enfermeiros hospitalares .........................................................48
5.5 Limitações no trabalho – Produtividade perdida e Presenteísmo ...............................52
5.6 Análise de correlação entre variáveis sociodemográficas e funcionais com escores
das escalas IEE, ECO e WLQ...........................................................................................57
15
5.7 Análise de correlação inter e intra-escalas IEE, ECO e WLQ ....................................68
6 DISCUSSÕES.................................................................................................72
6.1 Estudo das correlações .....................................................................................................95
7 CONCLUSÕES...............................................................................................98
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................102
REFERÊNCIAS..............................................................................................107
APÊNDICES ...................................................................................................116
ANEXOS .........................................................................................................120
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1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento tecnológico, sócio-cultural e as consequências da globalização
proporcionam benefícios ao mundo moderno e, em contrapartida, desencadeiam mudanças no
comportamento biopsicossocial dos indivíduos, interferindo diretamente na qualidade de vida
da população (JODAS; HADADD, 2009). As exigências da dinâmica capitalista vigente no
mundo do trabalho têm exercido influências também sobre o setor da saúde (OLIVEIRA;
TRISTÃO; NEIVA, 2006).
Assim, as contínuas inovações técnicas e tecnológicas e as exigências decorrentes
dessas mudanças introduzidas na organização do trabalho nas instituições hospitalares são
percebidas como condições que, ao alterar frequentemente a dinâmica laboral, podem afetar a
saúde do trabalhador na medida em que ultrapassam a capacidade de adaptação destes
profissionais, com importantes repercussões na organização laboral e força de trabalho em
saúde.
Neste contexto, a enfermagem está presente em setores hospitalares considerados
desgastantes, tanto pela carga de trabalho quanto pelas especificidades das tarefas e
diversidade das funções desempenhadas (BATISTA; BIANCHI, 2006).
A diversidade de funções, a rotina laboral, a falta de controle, a impossibilidade de
tomar decisões relacionadas ao trabalho, a ausência de apoio dos pares e chefia tem sido
indicadas em pesquisas como características e condições que influenciam no processo de
estresse e/ou repercutem no bem estar dos enfermeiros no ambiente laboral (CAVALHEIRO;
MOURA JR; LOPES, 2008; LARANJEIRA, 2009; JODAS; HADADD, 2009; SCHMIDT, et
al., 2009; FERREIRA; DE MARTINO, 2009).
Aliada a essas características, a cobrança no trabalho pela maior produtividade,
associada à redução do contingente de trabalhadores e tempo para realização das atividades e
aumento da complexidade das tarefas, pode gerar tensão, fadiga e esgotamento profissional,
constituindo-se em fatores responsáveis por situações de estresse ocupacional (SCHMIDT, et
al., 2009). Dessa forma, o estresse está presente no cotidiano do trabalho do enfermeiro
decorrente de fatores relacionados ao tipo de ambiente, relações interpessoais, autonomia
profissional, grau de exigência e responsabilidade, e pode levar a alterações fisiológicas,
emocionais e comportamentais que favorecem a diminuição da saúde e do bem estar desses
profissionais (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; SCHMIDT, et al.,
2009).
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O reconhecimento dos efeitos do trabalho na determinação e evolução do processo
saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais, que se refletem
sobre a organização e a qualidade da assistência prestada. A influência do trabalho como fator
causal de dano ou agravo à saúde está estabelecida e dimensionada em sua importância e
magnitude de maneira que o Ministério da Saúde reconhece a relação entre o trabalho e o
processo saúde-doença, com a classificação dessas doenças para os órgãos e sistemas do
corpo humano (BRASIL, 2001).
Ainda, os danos causados a saúde dos trabalhadores representam custos econômicos
decorrentes do abandono e tratamento dos trabalhadores, bem como a diminuição do
desempenho e produtividade, e destacam-se como condições emergentes com efeitos
negativos para a organização (PASCHOAL; TAMAYO, 2004).
Dessa maneira, as situações peculiares ao ambiente de trabalho em saúde e os
elementos comportamentais envolvidos no processo decisório, como a motivação e a relação
do indivíduo com o trabalho e com seu processo de saúde-doença, são fatores relacionados ao
absenteísmo (PRIMO; PINHEIRO; SAKURAI, 2007).
As ausências no trabalho por motivo de doença, processo denominado absenteísmo,
acarreta sobrecarga àqueles que permanecem no trabalho, pela necessidade em executar
também as atividades dos trabalhadores ausentes, o que pode levar ao aparecimento de novos
problemas de saúde e possibilidade de afastamentos futuros (PRIMO, 2008).
Neste contexto, contrapondo-se ao absenteísmo, tem-se o presenteísmo, que designa a
condição em que as pessoas comparecem ao ambiente laboral, porém realizam as atividades
inerentes às suas funções de um modo não produtivo, ou seja, não apresentam bom
desempenho por problemas físicos e mentais relacionados ao trabalho (LARANJEIRA, 2009).
O presenteísmo relaciona problemas de saúde e perda de produtividade, consequência do
trabalho excessivo e o sentimento de insegurança no trabalho, resultado das novas relações de
trabalho, caracterizadas pelas altas taxas de desemprego, reestruturação nos setores públicos e
privados, diminuição no tamanho da organização, redução do número de trabalhadores,
aumento do número de pessoas com contratos temporários e redução dos benefícios (SANDÍ,
2006).
Compreende-se que o estresse é um fenômeno complexo que, por meio do estímulo e
da interação do indivíduo com o ambiente interno e externo pode causar mudanças
fisiológicas, psicológicas, emocionais e comportamentais e que a organização laboral é capaz
de limitar os esforços do indivíduo em adequar a forma de trabalho às necessidades
individuais e organizacionais.
18
Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação entre um determinado evento de
saúde – dano ou doença – individual ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição
de trabalho constitui a condição básica para a implementação das ações de Saúde do
Trabalhador nos serviços de saúde (BRASIL, 2001).
Assim, a identificação do estresse ocupacional bem como das estratégias de
enfrentamento utilizadas nesse processo e a repercussão nas atividades laborais corresponde a
um dos grandes agentes de mudança, uma vez que desenvolvidas as possíveis soluções para
minimizar seus efeitos, estas podem tornar o cotidiano da equipe de enfermagem mais
produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-la mais no que se refere aos aspectos
humanos e profissionais.
Nesse sentido, questiona-se:
- O presenteísmo está relacionado ao estresse e às estratégias de enfrentamento (coping) em enfermeiros hospitalares?
A partir disso defende-se a seguinte hipótese:
- O estresse e as estratégias de enfrentamento (coping) relacionam-se ao presenteísmo na medida em que podem interferir na produtividade do enfermeiro na assistência hospitalar.
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2 OBJETIVOS:
2.1 Objetivo geral
Verificar associações entre estresse, coping e presenteísmo em enfermeiros
hospitalares.
2.2 Objetivos específicos
- caracterizar sociodemográfica e funcionalmente os enfermeiros;
- mensurar estresse e coping dos enfermeiros no ambiente ocupacional;
- determinar a produtividade estimada das limitações no trabalho relacionadas à saúde;
- relacionar estresse, coping e presenteísmo (produtividade perdida) entre enfermeiros
hospitalares de unidades de assistência abertas e fechadas.
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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta fundamentação teórica terá como propósito apresentar temas referentes ao
processo de trabalho na enfermagem, com ênfase nas características laborais desta categoria
profissional na assistência hospitalar e os conceitos de presenteísmo, estresse e coping no
ambiente ocupacional.
Ao considerar diferentes concepções relativas ao processo de estresse e coping e
entender o modelo interacionista como o mais adequado para esta proposta de pesquisa,
optou-se pela adoção deste referencial teórico para fundamentar este estudo.
3.1 Processo de trabalho da enfermagem na assistência hospitalar
A assistência de enfermagem integra o processo de trabalho em saúde, pela
interdependência e complementaridade das ações em conjunto com a equipe multidisciplinar,
no atendimento ao ser humano que, em determinado momento do seu percurso de vida,
necessita cuidados de prevenção, promoção e reabilitação da saúde para a preservação e
manutenção da vida (LEOPARDI, 2006).
A reestruturação produtiva, consequência da dinâmica capitalista vigente, pela qual o
setor da saúde passa, acarreta em profundas mudanças, com repercussões na organização
laboral e força de trabalho em saúde, particularmente do enfermeiro. Essas mudanças são
percebidas sobre a forma de flexibilização das relações de trabalho, desregulamentação dos
direitos sociais e trabalhistas, reduções no quadro quantitativo de profissionais, incorporação
do subemprego, assim como regime de trabalho pautado na escala extra e/ou multiemprego
(FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008).
Dentre as repercussões acarretadas por essas mudanças, a exigência pela maior
produtividade associada a redução do contingente de trabalhadores, a limitação do tempo e a
complexidade das tarefas, além de expectativas irrealizáveis e relações de trabalho
hierárquicas e precárias, podem levar a tensão, fadiga e esgotamento profissional,
constituindo-se em situações de estresse no trabalho (SCHMIDT, et al., 2009).
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Ainda, o processo de comunicação dentro do ambiente de trabalho, moldado pela
cultura organizacional, também é considerado fator importante na determinação da saúde dos
trabalhadores no contexto hospitalar. Ambientes que dificultam a comunicação espontânea, a
manifestação de insatisfações, as sugestões dos trabalhadores em relação à organização ou ao
trabalho desempenhado provocarão tensão e, por conseguinte, sofrimento e insatisfação do
trabalhador, que manifestam-se não apenas pela doença, mas nos índices de absenteísmo,
conflitos interpessoais e extra trabalho (BRASIL, 2001).
Nessas circunstâncias, além da possibilidade de desencadeamento de doenças físicas,
pode ocorrer um quadro de esgotamento emocional, caracterizado por sentimentos negativos
como pessimismo, atitudes desfavoráveis em relação ao trabalho, mudança de comportamento
e não aceitação de novas tecnologias (FERREIRA; DE MARTINO, 2009). Estas questões são
fundamentadas por pesquisadores (SOUZA; LISBOA, 2006; PASCHOALINI, et al., 2008;
CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; COUTO, 2008) ao revelar que os
aspectos organizacionais, como sobrecarga de trabalho, falta de controle, recompensa
insuficiente e conflitos de valores, podem influenciar o desempenho das atividades laborais
hospitalares e, por conseguinte, a qualidade da assistência prestada.
Desta forma, o trabalho do enfermeiro em setores considerados desgastantes, tanto
pelas exigências quanto pela especificidade das tarefas e diversidade das funções
desempenhadas, especialmente nas unidades de assistência em alta complexidade, é
caracterizado por incertezas, instabilidades, imediatismo, e pela necessidade de enfrentamento
de situações de alta variabilidade e emergenciais (BATISTA; BIANCHI, 2006).
O paciente com demanda de cuidados críticos/intensivos, reconhecido como grave e
recuperável, com risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das funções vitais, requer
assistência de enfermagem e médica permanente e especializada (BRASIL, 2006), de modo
que a qualificação profissional e disponibilização de treinamentos são condições
fundamentais para o desempenho do trabalho.
Considera-se que a assistência à pacientes críticos e potencialmente críticos seja
prestada em ambientes especializados, como as unidades de tratamento intensivo e semi-
intensivo. Porém, em razão das transformações sociais, econômicas e culturais nas condições
de vida da população brasileira, ocorre aumento da demanda por esses serviços. Estas
transformações se traduzem por mudanças nos problemas e necessidades de saúde, aliadas a
falta de uma rede de atendimento consolidada para esse perfil assistencial, distorções e
déficits na oferta desses serviços. Assim, a demanda aumentada por atendimentos
especializados leva uma parcela significativa de pacientes críticos e potencialmente críticos a
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ocuparem outros espaços assistenciais, como: Unidades de Internação Clínica, Unidades
especializadas, Unidades Cirúrgicas, Centros de Diagnóstico e Pronto-Socorros (LINO;
CALIL, 2008).
Julga-se oportuno salientar que a demanda por cuidados de Enfermagem intensivos
não se limita a referenciais fisiopatológicos ou de prognóstico, abrange também a natureza
humana em suas dimensões, expressões e fases evolutivas. Inclui, ainda, a assistência a
pacientes crônicos ou terminais, que necessitam de intervenções e procedimentos de alta
complexidade, devido à dependência total para o atendimento das necessidades de saúde.
A influência do trabalho como fator causal de dano ou agravo à saúde está hoje bem
estabelecida e dimensionada em sua importância e magnitude de maneira que o Ministério da
Saúde reconhece a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença, classificando essas
doenças para os órgãos e sistemas do corpo humano (BRASIL, 2001). O trabalho em saúde é
considerado uma fonte de vários fatores de risco, motivo pelo qual recebeu tratamento
específico do Ministério do Trabalho com a promulgação da Norma Regulamentadora número
32 (NR-32) que trata das condições e necessidades dos trabalhadores em atividades de
atenção à saúde e estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de
proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores em estabelecimentos de assistência à saúde
(BRASIL, 2005).
A relação saúde-doença-trabalho tem sido permeada por fatores que causam prejuízos
a saúde física e mental dos trabalhadores, tais como: prolongadas jornadas de trabalho,
relações interpessoais autoritárias no ambiente laboral, monotonia ou ritmo acelerado de
trabalho pelas exigências de produtividade, automação devido a realização de ações
repetitivas, com parcelamento de tarefas e remuneração baixa em relação a responsabilidade e
complexidade dos serviços executados (FARIAS; ZEITOUNE, 2004; COUTO, 2008;
CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008).
Dessa maneira, os fatores organizacionais e suas implicações no adoecimento dos
trabalhadores referem-se a aspectos da natureza da instituição (pública/privada) e condições
de trabalho, como também se relacionam ao clima organizacional, pela exigência de
assiduidade e baixa capacidade de flexibilidade dentro da organização (SOUZA; LISBOA,
2006; PRIMO, 2008).
Além disso, as contínuas inovações técnicas e tecnológicas e as exigências decorrentes
dessas mudanças introduzidas na organização do trabalho no setor da saúde, são percebidas
como condições que, ao alterar frequentemente a dinâmica laboral, podem afetar a saúde do
trabalhador na medida em que ultrapassam a capacidade de adaptação destes profissionais.
23
Assim, os efeitos e consequências dessas condições podem levar ao estresse
ocupacional e, por conseguinte, ao adoecimento no trabalho, caracterizado por altos índices de
absenteísmo, redução na produtividade e qualidade dos serviços prestados, com prejuízo para
a saúde dos trabalhadores e para as organizações (COUTO, 2008).
Diante da multiplicidade de funções e atividades executadas, da organização do
trabalho fragmentada, e dos reflexos da globalização e características da assistência de
enfermagem hospitalar, os enfermeiros estão constantemente expostos a riscos ocupacionais,
sejam físicos, químicos ou biológicos, e ao adoecimento pelo desgaste físico e mental
decorrente da atividade laboral, fatores que resultam em absenteísmo e presenteísmo.
3.1.1 Absenteísmo e presenteísmo
O absenteísmo, processo em que ocorrem ausências no trabalho por motivo de doença,
tem repercussão na organização hospitalar, uma vez que indicam o processo de adoecimento
dos trabalhadores e têm impacto econômico, pois interferem na produção, aumentam o custo
operacional e reduzem a eficiência no trabalho (LARANJEIRA, 2009). Dessa maneira, o
absenteísmo acarreta sobrecarga àqueles que permanecem no trabalho, pela necessidade em
executar também as atividades dos colegas ausentes, o que pode levar ao aparecimento de
novos problemas de saúde e possibilidade de afastamentos futuros (PRIMO, 2008).
As situações peculiares ao ambiente de trabalho em saúde e os elementos
comportamentais envolvidos no processo decisório, como a motivação e a relação do
indivíduo com o trabalho e com seu processo de saúde-doença, são fatores relacionados ao
absenteísmo (PRIMO; PINHEIRO; SAKURAI, 2007).
O absenteísmo na equipe de enfermagem foi avaliado em estudo que constatou
frequência entre auxiliares (62,4%) e técnicos (65,2%) de enfermagem maior que em
enfermeiros (45,7%), porém a taxa de gravidade (dias de licença/trabalhador) foi maior entre
enfermeiros (8,38), seguido dos auxiliares (7,48) e dos técnicos (6,07) de enfermagem
(PRIMO, 2008).
Contrapondo-se ao absenteísmo, foi identificado, nos últimos anos, um novo conceito:
o presenteísmo. Nesta situação, há presença do trabalhador, ainda que doente, no seu local de
trabalho, de maneira que a realização de atividades inerentes a suas funções pode ocorrer de
um modo não produtivo (LARANJEIRA, 2009).
24
O termo presenteísmo foi criado para descrever a relação entre a enfermidade e perda
de produtividade, consequência do trabalho excessivo e o sentimento de insegurança no
trabalho. Resultado das novas relações de trabalho, caracterizadas pelas altas taxas de
desemprego, reestruturação nos setores públicos e privados, diminuição no tamanho da
organização, redução do número de trabalhadores, aumento do número de pessoas com
contratos temporários e redução dos benefícios (SANDÍ, 2006).
Estudo com trabalhadores de hospital constatou que quanto mais alta a pressão no
ambiente de trabalho, maiores serão os índices de presenteísmo e a possibilidade de erros,
apontando os riscos do presenteísmo para este grupo de profissionais que, em seu processo
cumulativo, pode levar a eventos adversos ou mesmo a acidentes de trabalho e comprometer a
qualidade da assistência prestada (SANDÍ, 2006).
Resultados de um estudo que investigou os efeitos do tempo para o trabalho e
eficiência no cumprimento das demandas ocupacionais sobre a prevalência do absenteísmo e
presenteísmo apontou para forte associação com à auto-avaliação do trabalhador sobre sua
saúde. Nesta investigação, trabalhadores que percebem como bom seu estado de saúde
apresentam maiores níveis de absenteísmo, e aqueles que avaliam sua saúde como regular tem
alta prevalência de presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI, 2009).
A partir disso, pode-se evidenciar que a percepção dos trabalhadores acerca do seu
estado de saúde tem influencia sobre as relações pessoa/ambiente e, consequentemente, o
desgaste enquanto profissional.
3.2 Estresse: definições e fatores organizacionais
Selye (1959) definiu estresse como uma reação inespecífica do organismo a qualquer
demanda, descreveu a Síndrome da Adaptação Geral ou do Estresse Biológico caracterizada
como uma reação defensiva fisiológica do organismo em resposta a qualquer estímulo
aversivo (GUIDO, 2003). Mas, no século XX, pesquisadores iniciaram as investigações sobre
seus efeitos na saúde física e mental das pessoas, apresentando o modelo interacionista, que
considera a subjetividade do indivíduo como fator determinante da severidade do estressor.
Neste modelo, o estresse é definido como qualquer evento que demande do ambiente
externo ou interno, que taxe ou exceda a capacidade de adaptação de um indivíduo ou sistema
social (LAZARUS; LAUNIER, 1978).
25
A avaliação cognitiva do individuo frente a um evento potencialmente estressor pode
ser primária e secundária, e ocorre em momentos interdependentes e concomitantes
(CHAVES, et al., 2000). Na avaliação primária o indivíduo avalia rapidamente o significado
de determinado estímulo ambiental quanto à relevância, possibilidade de perigo, dano e
influência sobre a situação, ou seja, quanto menor o controle sobre o evento ou maior a
possibilidade de perigo, mais intensa será a reação do organismo na tentativa de minimizar a
situação (LAZARUS; FOLKMAN, 1984). O processo avaliativo secundário é mais refinado,
reflexivo sobre a possibilidade de ação frente ao problema. É, portanto, realizado tomando-se
em consideração as opções e recursos disponíveis à pessoa (CHAVES, et al., 2000).
Essa avaliação inicial resulta em esforço de coping e a reavaliação determinará o
sucesso ou não da resposta, fornecendo retroalimentação a forma de coping utilizada
(GUIDO, 2003). Juntas a avaliação primaria e secundária determinam a extensão em que a
situação é percebida pelo individuo como estressora (MOSKOWITZ, 2007).
Desta forma, a avaliação cognitiva constitui-se em um processo que, ao considerar a
interação pessoa-ambiente e os resultados desta interação, percebidos como danos, ameaças
ou desafios, é considerada como mediadora da resposta de estresse já que coloca a
subjetividade do individuo como fator determinante da severidade do estressor (GUIDO,
2003).
O estresse e suas relações com a saúde e qualidade de vida no trabalho tem sido foco
de investigações com profissionais de enfermagem, nas quais o ambiente laboral é abordado
por alguns autores (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES, 2008; JODAS; HADADD, 2009;
SCHIMIDT, et al., 2009; FERREIRA; DE MARTINO, 2009) como um contexto
determinante para a avaliação dos estressores específicos relacionados a demandas
ocupacionais. Essas demandas do trabalho referem-se a condições laborais que interferem nas
habilidades do trabalhador para o desempenho de suas atividades e responsabilidades
(KRANTZ; MCCENEY, 2002).
Estudo realizado com trabalhadores de enfermagem de um pronto atendimento
concluiu que a dinâmica organizacional nesta unidade gera sobrecarga de movimento e tensão
ocupacional, o que está diretamente relacionado a degradação da saúde física e mental destes
profissionais (JODAS; HADADD, 2009).
O estresse ocupacional em profissionais de enfermagem de Centro cirúrgico foi foco
de uma pesquisa em que os resultados apontaram para associações significativas entre as
demandas no trabalho e categoria profissional, de maneira que os enfermeiros apresentaram
maiores médias em relação aos demais profissionais da equipe de enfermagem (SCHIMIDT,
26
et al., 2009). Para estes autores este achado justifica-se pelo fato dos enfermeiros serem
responsáveis pelas atividades de administração e gestão de pessoal, da assistência de
enfermagem e de conflitos no ambiente de trabalho.
A adequação das características do ritmo biológico do trabalhador ao seu horário de
trabalho foi comprovada em uma pesquisa com profissionais da equipe de enfermagem em
uma instituição hospitalar, porém este estudo constatou alto nível de estresse nesses
trabalhadores, o que denota a presença de outras características organizacionais e individuais
na percepção dos estressores laborais (FERREIRA; DE MARTINO, 2009).
Em pesquisa realizada com enfermeiros de unidades de terapia intensiva, a avaliação
do estresse foi correlacionada com condições de trabalho referentes à satisfação profissional,
sendo constatado que altos níveis de estresse relacionam-se a insatisfação e surgimento de
sintomas cardiovasculares, alterações músculo-esqueléticas e do aparelho digestivo
(CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES, 2008).
Nota-se que nessas investigações o estresse ocupacional refere-se a estímulos do
ambiente de trabalho, os chamados estressores organizacionais; às respostas (psicológicas,
fisiológicas e comportamentais) dos indivíduos frente a esses estressores; e ao processo
estressor-resposta (PASCHOAL; TAMAYO, 2004). Nesse processo o estresse ocupacional
pode ser definido pela interação das condições de trabalho com as características do
trabalhador, nas quais a demanda do trabalho excede suas habilidades de enfrentá-las
(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000).
Os estressores organizacionais podem ser de natureza física, tais como ventilação e
iluminação do local de trabalho, barulho; ou psicossocial, considerados relacionamento
interpessoal, fatores intrínsecos ao trabalho e papéis estressores da carreira (STACCIARINI;
TRÓCCOLI, 2000; PASCHOAL; TAMAYO, 2004).
Estressores decorrentes do relacionamento interpessoal podem envolver as relações
no ambiente de trabalho com outros profissionais, com pacientes e familiares, com alunos,
com o grupo de trabalho, e também com a própria família do profissional. Aqueles
relacionados aos fatores intrínsecos ao trabalho incluem as funções desempenhadas com a
jornada de trabalho e com os recursos inadequados, como repetição de tarefas, pressões de
tempo e sobrecarga decorrente do excesso de atribuições, ambigüidade ou polivalência de
atividades. Ainda, papéis estressores da carreira referem-se à indefinição, à falta de
reconhecimento e à autonomia da profissão, à impotência diante da impossibilidade de
executar algumas tarefas e a aspectos sobre a organização institucional e ao ambiente físico
27
(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000; PASCHOAL; TAMAYO, 2004; FERNANDES;
MEDEIROS; RIBEIRO, 2008; CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008).
No ambiente laboral a relação entre as demandas e a possibilidade de controle também
são determinantes na maneira como o profissional administra as atividades do trabalho, de
modo que a ausência de controle indica limitação de autonomia, e freqüentemente contribui
para o aumento da insatisfação profissional que interfere na qualidade de vida no trabalho dos
profissionais (SCHMIDT, et al., 2009).
Estas situações podem originar um conjunto de respostas restritivas que podem ser
psicológicas (aumento da insatisfação, do desinteresse, da irritabilidade), fisiológicas
(aumento da pressão sanguínea, do ritmo cardíaco e dos níveis hormonais) e comportamentais
(fragilidade das relações interpessoais, dificuldades de concentração) que favorecem a
diminuição da saúde e do bem estar do individuo (LARANJEIRA, 2009). Tais respostas são
inerentes ao processo de estresse e permeiam o enfrentamento às demandas ocupacionais,
denominado coping, que pode ser considerado mediador entre a avaliação e repercussão do
estressor para o indivíduo.
3.3 Coping: conceitos, classificações e aplicabilidade no contexto laboral
Numa perspectiva inicial, o coping foi concebido enquanto correlato aos mecanismos
de defesa, porém, após algumas distinções, uma nova tendência buscou enfatizar os
comportamentos de coping e seus determinantes cognitivos e situacionais, conceitualizando-o
como um processo transacional entre pessoa e ambiente (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO;
BANDEIRA, 1998).
Compreendido como um processo dinâmico e modulável, o coping é definido como
uma constante mudança cognitiva e comportamental para manejar demandas externas e/ou
internas específicas que são avaliadas como excedentes aos recursos da pessoa (LAZARUS;
FOLKMAN, 1984).
Desta forma, o coping é considerado qualquer tentativa individual de adaptação a
circunstâncias adversas e consideradas estressantes, tenha ela ou não sucesso no resultado
(GUIDO, 2003). Desta forma, o processo de coping pode incluir tanto respostas efetivamente
positivas sobre o estressor, como respostas negativas para a saúde e bem estar do indivíduo.
28
A maneira como as pessoas lidam com as situações desgastantes depende, em parte,
dos recursos disponíveis e das restrições que inibem seu uso, que podem ser pessoais (físico,
psicológico, competências) sociais (rede de suporte social) e materiais (financeiros)
(FOLKMAN; MOSKOWITZ, 2000; CHAVES, et al., 2000). A disponibilidade de recursos
varia de pessoa para pessoa, e também em um mesmo indivíduo, de acordo com o estágio do
desenvolvimento em que se encontra e a avaliação do estressor (LAZARUS; FOLKMAN,
1984).
Para melhor compreensão deste referencial, é necessária a abordagem das categorias
classificatórias para o coping, quais sejam: os estilos e as estratégias de enfrentamento. Os
estilos de enfrentamento são estáveis, inconscientes e ligados a fatores disposicionais do
indivíduo, ou seja, estão associados a características da personalidade ou resultados de
enfrentamento. Contraditoriamente, as estratégias refletem ações, pensamentos ou
comportamentos relacionados a fatores situacionais, e podem mudar em função do momento e
avaliação específica do estressor em questão (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA,
1998; SEILD; TRÓCCOLI; ZANNON, 2001; CHAMON, 2006).
Além desses enfoques, no modelo interacionista cognitivo de Lazarus e Folkman
(1984), propõe-se a divisão das estratégias de coping em duas categorias funcionais: coping
focalizado na emoção e focalizado no problema. O coping centralizado na emoção é definido
como um esforço para substituir ou regular o impacto emocional que é associado ao estresse
ou que é o resultado dos eventos estressantes (CHAVES, et al., 2000). Corresponde a
estratégias que derivam, principalmente, de processos defensivos, o que faz com que os
indivíduos evitem confrontar-se com a ameaça e realizem uma série de manobras cognitivas
(fuga, distanciamento, aceitação, entre outras) com o objetivo de modificar o significado da
situação (GUIDO, 2003). A função destas estratégias é reduzir a sensação física desagradável
de um estado de estresse.
O coping focalizado no problema constitui-se em um esforço para atuar na situação
que deu origem ao estresse, tentando mudá-la (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA,
1998). É necessário definir o problema, enumerar as alternativas e compará-las, escolhendo
uma ação. São estratégias voltadas para a realidade, consideradas mais adaptativas, pois são
capazes de modificar as pressões ambientais, de diminuir ou eliminar o estressor (GUIDO,
2003).
Usualmente, em resposta a um determinado estressor, pode haver utilização conjunta e
interdependente dessas categorias funcionais de coping, de maneira que o sucesso na
utilização de estratégias com foco no problema para o enfrentamento do estresse pode
29
minimizar os sentimentos decorrentes do estressor e, assim, reduzir as estratégias focadas na
emoção (MOSKOWITZ, 2007).
Pesquisa realizada com enfermeiros de unidades de terapia intensiva aponta para a
utilização em maior proporção de estratégias focadas no problema, em detrimento das
estratégias com foco na emoção. Porém, mesmo que em proporções diferentes, há utilização
dos dois tipos de foco, que confirma o caráter de interdependência e complementaridade entre
as duas categorias funcionais de coping (BRITTO; CARVALHO, 2004).
Provenientes da focalização no problema e emoção, surgem diferentes fatores
classificatórios das estratégias de enfrentamento que podem indicar uma ação direta
(confrontação, controle, suporte social) ou afastamento e inibição da ação em relação ao
estressor (distanciamento, negação, evitação-fuga) (SAVOIA, 1999; SEILD; TRÓCCOLI;
ZANNON, 2001; PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO, 2003; CHAMON, 2006).
Nesta perspectiva, uma estratégia de coping não pode ser considerada como
intrinsecamente adaptativa ou mal adaptativa, tornando-se necessário considerar a natureza do
estressor, a disponibilidade de recursos de coping e o resultado do esforço de coping
(FOLKMAN; MOSKOWITZ, 2004).
O coping, por ser um processo multidimensional complexo relacionado ao ambiente,
às demandas físicas e materiais, como também às características da personalidade e vivencias
do indivíduo, precisa ser avaliado em um contexto específico de estresse em que ocorre.
Dessa maneira, a abordagem contextual para o enfrentamento das demandas
ocupacionais no trabalho do enfermeiro tem sido tema de pesquisas (TAMAYO; TRÓCCOLI,
2002; RODRIGUES; CHAVES, 2008; MURTA; TRÓCCOLI, 2009) em que são abordadas
estratégias individuais e organizacionais para o enfrentamento das demandas ocupacionais no
ambiente hospitalar. O coping individual envolve as habilidades e o desenvolvimento de
estratégias pessoais para enfrentar estressores, e podem incluir: práticas de relaxamento,
exercícios físicos regulares, alimentação adequada, reavaliação de objetivos, lazer e
participação em atividades de grupos; o coping organizacional está relacionado à produção
de ambientes relaxantes, interações pessoais saudáveis e condições de trabalho adequadas
(ARAÚJO; SANTO; SERVO, 2009).
Estratégias individuais são abordadas em estudo que identificou o coping em
enfermeiros que atuam em oncologia e constatou ter o foco na emoção, essencialmente a
reavaliação positiva, a estratégia mais utilizada por estes profissionais como forma de
amenizar a carga emotiva da situação, em que há concentração nos aspectos positivos, no
intuito de amenizar os estressores (RODRIGUES; CHAVES, 2008).
30
A relação entre percepção do suporte organizacional, coping no trabalho e exaustão
emocional foi objetivo de uma investigação que evidenciou que o uso de estratégias de
esquiva aumenta a percepção de desgaste e exaustão psicológica, enquanto que a utilização de
estratégias de controle diminui a exaustão psicológica dos trabalhadores (TAMAYO;
TRÓCCOLI, 2002).
Assim, as organizações podem desenvolver intervenções para a prevenção e controle
dos estressores ocupacionais que incluam mudanças na estrutura organizacional e condições
de trabalho, treinamento e desenvolvimento dos profissionais, participação e autonomia no
ambiente laboral e relações interpessoais (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER,
2008).
Estudo que comparou intervenções focadas em habilidades individuais e sociais para o
manejo do estresse ocupacional comprovou que, ao final do programa, os participantes de
ambas as intervenções apresentaram similaridade na avaliação do estresse e coping, não
havendo, portanto, superioridade entre um tipo de intervenção sobre outro (MURTA;
TRÓCCOLI, 2009).
Dessa maneira, para que as estratégias de enfrentamento no ambiente de trabalho
sejam eficazes é necessário que sejam implementadas ações conjuntas, tanto no âmbito
individual como no organizacional, o que poderá favorecer a produtividade, o desempenho e a
saúde dos trabalhadores.
31
4 METODOLOGIA
Estudo descritivo transversal contemporâneo, com abordagem quantitativa.
4.1 Campo de Estudo
A pesquisa foi desenvolvida no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM),
instituição pública de alta complexidade considerada referência regional em saúde no âmbito
médico e hospitalar, que tem por finalidade promover a assistência, ensino, pesquisa e
extensão de serviços à comunidade*.
As unidades de atuação do enfermeiro que compõem a referida instituição serão
classificadas em abertas e fechadas levando-se em consideração o estado de saúde de
pacientes, críticos e potencialmente críticos. Por pacientes críticos, entende-se: pacientes
graves, com comprometimento de um ou mais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto-
regulação, necessidade de substituição artificial de funções e assistência contínua; e
potencialmente críticos: os pacientes graves, que apresentam estabilidade clínica, com
potencial risco de agravamento do quadro e que necessita de cuidados contínuos (BRASIL,
2006).
Para este estudo serão consideradas unidades abertas aquelas que recebem pacientes
potencialmente críticos, como: Unidades de Internação Clínica Médica I e II, Cirúrgica, Toco-
ginecológica, Pediátrica, Psiquiátrica, Pronto Socorro. E unidades fechadas aquelas em que
são atendidos pacientes críticos, quais sejam: Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adulto,
pediátrica e neonatal, Unidade Cardiológica Intensiva (UCI), Unidade Hemato-oncológica
(UHO), Centro Obstétrico (CO), Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação Anestésica
(CC/SRA), Laboratório de Hemodinâmica e Serviço de Nefrologia.
* informações disponibilizadas pelo setor de acessoria e comunicação do Hospital Universitário de Santa Maria, no endereço eletrônico <http://www.husm.ufsm.br/index.php?secao=apresentacao> Acesso em outubro de 2009.
32
4.2 População de Estudo
A população do estudo foi composta por 147 enfermeiros atuantes nas referidas
unidades hospitalares, elegidos de acordo com os critérios descritos abaixo:
4.2.1 Critérios de inclusão
- enfermeiros servidores públicos (quadro permanente);
- enfermeiros na assistência direta aos pacientes.
4.2.2 Critérios de exclusão
- profissionais afastados por licença de qualquer natureza no período estabelecido para a
coleta de dados;
- não assinar o termo de consentimento livre esclarecido.
4.3 Coleta de dados
Para atender aos objetivos propostos neste estudo, seguiu-se o protocolo de pesquisa
que consta de caracterização sociodemográfica e funcional (APÊNDICE A), além de
questionário composto por três instrumentos, para a avaliação do estresse (ANEXO A),
coping (ANEXO B) e presenteísmo (ANEXO C).
A aplicação destes instrumentos foi realizada nos meses de março e abril de 2010 a
partir da tramitação e aprovação no Comitê de ética em Pesquisa. Os enfermeiros foram
contatados em reuniões de equipe, em momento previamente acordado entre mestranda e
coordenadores de área, quando foi apresentada a proposta do estudo, realizado o convite aos
profissionais e solicitado a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (APÊNDICE B). O termo de confidencialidade, em cujos pesquisadores se
comprometeram em preservar a privacidade dos sujeitos e resguardaram que estas
informações seriam utilizadas única e exclusivamente para execução do presente estudo
consta no Apêndice C.
A coleta de dados foi realizada por meio dos questionários entregues em mãos aos
participantes, com retorno agendado pela pesquisadora de acordo com a disponibilidade
33
referida por eles para tal, em envelopes fechados que permitiram o anonimato dos
respondentes.
Procedeu-se com a conferência dos dados, no momento em que foram recolhidos,
sendo solicitados preenchimentos faltantes quando necessário.
Para o armazenamento e organização das informações foi construído um banco de
dados em uma planilha eletrônica, no programa Excel (Office 2007), onde foram distribuídas
as variáveis sociodemográficas e os itens que compõem os instrumentos.
4.3.1 Formulário para caracterização individual
Inclui dados referentes às variáveis sociodemográficas (data de nascimento, sexo,
escolaridade, estado civil, número de filhos, realização de algum tratamento de saúde) como
também variáveis funcionais (carga horária semanal, tempo de trabalho, turno, unidade de
trabalho, faltas ao trabalho por doenças no último ano).
4.3.2 Inventário de Estresse em enfermeiros (IEE)
Desenvolvido para a população brasileira e validado por Stacciarini e Tróccoli (2000),
a partir das propostas de Cooper e Banglioni (1988), que investigaram os principais
estressores na profissão de enfermagem. Este instrumento recorre aos estressores e a
frequência destes nas atividades laborais do enfermeiro de maneira que o estresse ocupacional
é investigado pela identificação dos estressores no trabalho.
Composta por 38 itens referentes à estressores no ambiente laboral, os quais devem ser
avaliados de acordo com uma escala de frequência de cinco pontos, que variam de um ponto
para a opção nunca e cinco para sempre.
Propõe categorias para os estressores do ambiente de trabalho: relações interpessoais,
papéis estressores da carreira e fatores intrínsecos ao trabalho.
- Relações interpessoais: contém 17 itens (2, 3, 11, 13, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27,
28, 33, 35, 37, 38) que abordam relações no ambiente de trabalho com outros profissionais,
34
com pacientes e familiares, com alunos, com o grupo de trabalho, e também com a própria
família do profissional.
- Papéis estressores da carreira: possui 11 itens (15, 16, 17, 18, 26, 29, 30, 31, 32,
34, 36) e refere-se à indefinição, à falta de reconhecimento e à autonomia da profissão, à
impotência diante da impossibilidade de executar algumas tarefas e a aspectos sobre a
organização institucional e ao ambiente físico.
- Fatores intrínsecos ao trabalho: composto por 10 itens (1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12,
14) que se referem à funções desempenhadas com a jornada de trabalho e com os recursos
inadequados.
O IEE (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000) fornece uma medida geral de estresse
ocupacional do enfermeiro a partir da média dos itens que compõe a escala. A avaliação dos
domínios será feita pela média dos atributos. Dessa forma, o índice IEE bem como seus
domínios tem valores que variam entre um e cinco, que correspondem respectivamente a
menor e maior pontuação na escala de estresse.
4.3.3 Escala de coping ocupacional (ECO)
Escala desenvolvida por Latack (1986), posteriormente traduzida, adaptada para a
realidade brasileira e submetida a avaliação psicométrica (PINHEIRO; TRÓCCOLI;
TAMAYO, 2003) para mensurar coping no ambiente ocupacional. Trata-se de uma escala
tipo Likert, de cinco pontos que variam de um (1) nunca faço isso a cinco (5) sempre faço
isso, composta por 29 itens relacionados a maneira como as pessoas lidam com os problemas
do ambiente de trabalho, distribuídos em três fatores classificatórios:
- Fator controle: composto por 11 itens (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11) consiste em
ações e reavaliações cognitivas proativas;
- Fator esquiva: possui nove itens (12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20) relativos a ações
e reavaliações que sugerem fuga ou um modo de evitação;
35
- Fator manejo de sintomas: inclui nove itens (21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29) e
refere-se a estratégias utilizadas pelo indivíduo para administrar situações estressoras, tais
como relaxamento ou atividades físicas.
Os escores de cada fator classificatório do ECO (PINHEIRO; TRÓCCOLI;
TAMAYO, 2003) são realizados pela média dos itens que os compõe. Assim, o fator que
apresentar maior média será considerado o prevalente para cada enfermeiro.
4.3.4 Questionário de Limitações no Trabalho (Work Limitations Questionnaire - WLQ)
O WLQ é um instrumento desenvolvido por Lerner, et al. (1998) traduzido, adaptado
culturalmente e validado para a realidade brasileira por Soárez, et al. (2007) para a avaliação
de presenteísmo a partir da medida de produtividade perdida associada à interferência dos
problemas de saúde no desempenho das atividades no trabalho. O documento de liberação
para a utilização nesta investigação, disponibilizado pela equipe de autoria, consta no Anexo
E.
Composto por 25 itens agrupados em quatro domínios de limitação de trabalho, que
abrangem o caráter multidimensional das funções desenvolvidas no ambiente ocupacional,
quais sejam:
- Gerência de tempo: contém cinco itens (questão 1) que abordam dificuldades em
cumprir horários e tarefas no tempo previsto;
- Demanda física: inclui seis itens (questão 2) que avaliam a capacidade de realizar
tarefas que exijam força corporal, resistência, movimento, coordenação e flexibilidade;
- Demanda mental-interpessoal: composta por nove itens (questões 3 e 4) que
avaliam a dificuldade em realizar tarefas cognitivas no trabalho e interagir com pessoas no
trabalho;
36
- Demanda de produção: possui cinco itens (questão 5) que se referem a decréscimos
na habilidade da pessoa de conseguir, em tempo hábil, a quantidade e qualidade de trabalho
concluído necessárias.
Cada item recebeu pontuação referente às opções: nenhuma parte do tempo (1 ponto),
uma pequena parte do tempo (2 pontos), alguma parte do tempo (3 pontos), a maior parte do
tempo (4 pontos) todo o tempo (5 pontos). Das cinco questões, somente a questão de número
dois, correspondente ao domínio demanda física, possui direção reversa, neste caso: todo o
tempo (1 ponto), a maior parte do tempo (2 pontos), alguma parte do tempo (3 pontos), uma
pequena parte do tempo (4 pontos) nenhuma parte do tempo (5 pontos).
Os domínios do WLQ (SOÁREZ, et al., 2007) apresentam um escore que varia de
zero (sem limitação) a 100 (todo tempo com limitação) que indica a porcentagem de tempo
nas duas últimas semanas em que o indivíduo esteve limitado para realizar suas tarefas no
trabalho. Para se calcular o escore dos domínios, todas as respostas válidas são somadas e
colocadas numa escala de zero a 100, utilizando-se a seguinte fórmula:
Escore da escala = 100 X (soma total itens da escala – escore mínimo da escala)/(escore
máximo da escala - escore mínimo da escala)
Após o cálculo do escore de todos os domínios é possível calcular o índice do WLQ,
que é uma soma ponderada dos escores dos quatro domínios (gerência de tempo, demanda
física, demanda mental-interpessoal e demanda de produção). Para gerar o índice do WLQ,
multiplica-se o escore de cada domínio do WLQ pelo seu determinado peso e soma os
resultados, usando a seguinte fórmula:
Índice do WLQ = (β1 X WLQ Gerência de tempo + β 2 X WLQ Demanda física + β 3 X
WLQ Demanda mental-interpessoal + β 4 X WLQ Demanda de produção)
Onde,
β 1 = 0,00048, β 2 = 0,00036, β 3 = 0,00096 e β 4 = 0,00106
37
4.4 Análise estatística
As variáveis sociodemográficas e os itens que compõem os instrumentos foram
analisados estatisticamente com o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS
– versão 17.0). Realizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a aderência dos
dados a distribuição normal (FIELD, 2009).
As variáveis qualitativas foram descritas por meio da frequência absoluta e relativa,
enquanto que as quantitativas pela média e desvio padrão, quando satisfizessem a suposição
de normalidade, ou mediana e intervalo interquartil, no caso de não atenderem a distribuição
normal.
As correlações entre os índices WLQ e de estresse, bem como os domínios
correspondentes, e os fatores de coping, foram realizadas pelo coeficiente de correlação de
Pearson e Spearman. Para associações entre os índices das escalas à condição da unidade de
trabalho (abertas e fechadas) utilizou-se o teste t e teste qui-quadrado. As relações entre dados
sociodemográficos e funcionais com os resultados das escalas de estresse, coping e WLQ
foram feitas por meio do Teste t, Mann-Whitney, análise de variância e Kruskal-Wallis.
A consistência interna das escalas foi avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach, a
fim de verificar a fidedignidade da medida a que os instrumentos se propõem, de maneira que
valores acima de 0,70 são confirmativos para este fim (BISQUERRA, SARRIELA,
MARTINEZ, 2004; FIELD, 2009).
4.5 Riscos e Benefícios
Os participantes desta pesquisa expuseram-se a riscos como: cansaço, desconforto
pelo tempo gasto no preenchimento do questionário e relembrar algumas sensações diante do
vivido com situações desgastantes. Os benefícios para os integrantes deste estudo foram
indiretos, pois esta investigação permitiu uma avaliação da repercussão do estresse e
estratégias de enfrentamento sobre a produtividade no trabalho, o que poderá desencadear
subsídios para a construção de conhecimento em saúde e Enfermagem, numa perspectiva de
promoção e educação em serviço, proporcionando benefícios ao trabalhador e à sociedade em
geral.
38
4.6 Aspectos éticos da pesquisa
O projeto de pesquisa foi registrado junto ao Gabinete de Projetos (GAP) do Centro de
Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), assim como,
encaminhado a Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão (DEPE) do Hospital Universitário de
Santa Maria (HUSM) e Comitê de Ética em Pesquisa (CEP – Reitoria/UFSM) para registro,
avaliação e posterior liberação para a execução da pesquisa (ANEXO D).
Atendendo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos (Resolução CNS 196/96), disponibilizou-se aos participantes da pesquisa um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual foi assinado após exposição e
esclarecimentos por parte dos pesquisadores acerca da natureza da pesquisa, seus objetivos,
métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incomodo que esta pode acarretar,
formulada no termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária na pesquisa
(BRASIL, 1996). Além disso, os pesquisadores comprometeram-se com a privacidade e a
confidencialidade (APENDICE C) dos dados utilizados, preservando integralmente o
anonimato dos sujeitos.
Após a análise, elaboração e divulgação dos resultados da pesquisa, os dados foram
armazenados pela pesquisadora responsável, assim como os instrumentos da coleta e os
TCLE, na sala 1305 do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFSM por um período de
cinco anos, sendo posteriormente destruídos.
39
5 RESULTADOS
A apresentação dos resultados será realizada de acordo com o protocolo de pesquisa
proposto de maneira a contemplar a sequência dos objetivos estabelecidos para este estudo.
Inicialmente prosseguir-se-á com a análise da confiabilidade e avaliação de normalidade das
variáveis.
Após, procede-se com a descrição do perfil da população com a apresentação e análise
dos dados (variáveis quantitativas e qualitativas) referentes à caracterização sociodemográfica
e funcional.
A seguir, os escores das escalas IEE, ECO e WLQ serão apresentados, bem como os
itens que obtiveram maior e menor pontuação.
O estudo das associações e correlações estabelecidas entre os dados será descrito na
sequência, a saber:
- análise entre variáveis sociodemográficas e funcionais com escores das escalas IEE, ECO e
WLQ;
- avaliação inter e intra-escalas IEE, ECO e WLQ.
5.1 Análise de confiabilidade dos instrumentos e normalidade dos dados
O Coeficiente Alfa de Cronbach mede consistência interna de um instrumento, ou seja,
a confiabilidade de uma escala quanto à medida do construto a que se propõe avaliar, e se esta
medida está perturbada por outros efeitos (erros de medida). Permite avaliar o grau de
coerência e precisão dos instrumentos, ou seja, se os entrevistados respondem de forma
similar as questões que foram idealizadas para medir o mesmo atributo. O parâmetro varia
entre 0 (zero) e 1 (um), sendo que 0 (zero) corresponde a um conjunto de medidas totalmente
aleatório (sem relação com o construto) e 1 (um) corresponde a um conjunto de medidas
perfeito (BISQUERRA; SARRIELA; MARTINEZ, 2004). Para a avaliação dos índices de
confiabilidade, foram consideradas as respostas válidas para cada instrumento e o número de
itens que os compõe.
Destaca-se que o instrumento WLQ apresenta como forma de avaliação dos seus itens
a opção “Não se aplica ao meu trabalho”, que corresponde ao valor “zero” na pontuação em
escala tipo Likert. Assim, foram consideradas respostas válidas aquelas que diferiram de zero
40
para o cálculo dos escores correspondentes e do índice de confiabilidade. Os outros dois
instrumentos utilizados para coleta de dados, IEE e ECO, apresentam a pontuação na escala
Likert com variação de um a cinco, não ocorrendo, portanto perdas, ou seja necessidade de
desconsiderar quaisquer itens destas escalas.
Assim, seguem dispostos na tabela 1 os valores dos Coeficientes alfa de Cronbach dos
instrumentos e seus respectivos domínios, bem como o número de itens e de respostas válidas
considerados para o cálculo dos índices.
Tabela 1 – Coeficiente Alfa de Cronbach dos instrumentos WLQ, IEE e ECO. Santa Maria/RS, 2011.
Instrumentos/domínios
Confiabilidade
Coeficiente Alfa de
Cronbach
Nº de itens Nº de respostas válidas
IEE 0,954 38 129
Relações interpessoais 0,931 17 129
Papéis estressores da carreira 0,841 11 129
Fatores intrínsecos ao trabalho 0,880 10 129
ECO 0,847 29 129
Fator controle 0,792 11 129
Fator manejo de sintomas 0,905 9 129
Fator esquiva 0,808 9 129
WLQ 0,854 25 114*
Gerencia de tempo 0,897 5 121*
Demanda Física 0,789 6 120*
Demanda mental-interpessoal 0,902 9 127*
Demanda de Produção 0,871 5 127*
* respostas válidas diferentes de zero.
Neste estudo, encontrou-se valores para o Coeficiente alfa de Cronbach que variam de
0,789 a 0,954, o que atesta, dessa forma, a fidedignidade das escalas para avaliação dos
construtos a que se propõem.
No intuito de avaliar a melhora dos índices gerais dos instrumentos, prosseguiu-se
com a análise da confiabilidade em caso de remoção de cada item que compõem as escalas.
Constatou-se que a remoção de quaisquer itens não acarretaria em aumento para os valores do
41
Coeficiente Alfa de Cronbach, portanto todos os itens foram mantidos sem prejuízo na
avaliação da confiabilidade para este constructo.
Assim, tem-se neste estudo valores de Coeficiente Alfa de Cronbach que atingem
valores confiáveis para a medida e avaliação dos constructos: estresse, coping e presenteísmo.
Para verificar a aderência das variáveis a normalidade, foi realizado o teste
Kolmogorov-Smirnov, de maneira que valores para p>0,05 denotam distribuição normal
(Tabela 2).
Tabela 2 – Teste de normalidade dos instrumentos WLQ, IEE e ECO. Santa Maria/RS, 2011.
Instrumentos/domínios Kolmogorov-smirnov
Estatística Sig.
IEE 0,040 0,200*
Relações interpessoais 0,067 0,200*
Papéis estressores da carreira 0,049 0,200*
Fatores intrínsecos ao trabalho 0,062 0,200*
ECO 0,514 <0,001
Fator controle 0,064 0,200*
Fator esquiva 0,068 0,200*
Fator manejo de sintomas 0,081 0,042
WLQ 0,164 <0,001
Gerencia de tempo 0,248 <0,001
Demanda física 0,178 <0,001
Demanda mental-interpessoal 0,191 <0,001
Demanda de produção 0,267 <0,001
*p>0,05
A partir do exposto, tem-se aderência à normalidade para as escalas IEE e ECO, com
exceção do fator manejo de sintomas desta última escala que não atende a distribuição
normal, assim como a escala WLQ e seus domínios.
42
5.2 Perfil sociodemográfico e funcional da população
Da população de 147 enfermeiros atuantes em unidades de assistência a pacientes
críticos e potencialmente críticos do Hospital Universitário de Santa Maria, participaram do
estudo 129. De acordo com os critérios de seleção estabelecidos, 18 enfermeiros foram
excluídos, dos quais sete apresentavam-se em licença tratamento de saúde (LTS) no período
estabelecido para a coleta de dados, seis estavam deslocados para cargos administrativos, três
aposentados e dois negaram-se a participar do estudo. Desconsiderando-se os afastamentos
(LTS e aposentadorias) e deslocamentos, tem-se 98,4% de representatividade para os
enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos nesta
instituição.
As características sociodemográficas e funcionais constam de variáveis qualitativas,
tais como: sexo, situação conjugal, turno de trabalho, ter outro emprego e faltas ao trabalho,
motivo das faltas, realização de horas extras, pós graduação, tratamento de saúde e
treinamento para atuar na unidade em questão; e quantitativas, a saber: idade, número de
filhos, tempo de trabalho na instituição e unidade, carga horária semanal e número de faltas.
As variáveis qualitativas estão dispostas na tabela 3, com valores percentuais e
absolutos.
(continua)
Tabela 3 – Distribuição da população, segundo variáveis qualitativas. Santa Maria/RS, 2011.
Variáveis qualitativas Frequência
Absoluta (n) Percentual (%)
Sexo
Mulheres 119 92,2
Homens 10 7,8
Situação conjugal
Casado 84 65,1 Solteiro 27 20,9
Viúvo 1 0,8
Divorciado 17 13,2
43
(conclusão)
Variáveis qualitativas Freqüência
Absoluta (n) Percentual (%)
Turno de trabalho Manhã 21 16,3
Tarde 17 13,2
Noite 54 41,9
Manhã,tarde, noite 11 8,5
Manhã,tarde 25 19,4
Manhã, noite 1 0,8
Treinamento
Sim 86 66,7
Não 43 33,3
Outro emprego
Sim 31 24,0
Não 98 76,0
Horas extras
Sim 100 77,5
Não 29 22,5
Faltas ao trabalho
Sim 49 38,0
Não 80 62,0
Motivo das faltas
Doenças diagnosticadas 30 61,2
Razões diversas de caráter familiar 15 30,6
Ambos 4 8,2
Tratamento de saúde
Sim 53 41,1
Não 76 62,50
Pós graduação
Sim 116 89,9
Não 13 10,1
Na tabela 4 estão apresentados os dados referentes às variáveis quantitativas da
população, com valores máximos e mínimos, média e desvio padrão.
44
Tabela 4 – Distribuição da população, segundo variáveis quantitativas. Santa Maria/RS, 2011.
Variáveis Quantitativas Valores
Mínimo Máximo Média DP
Idade (anos) 25 63 39,47 8,99
Número de filhos 0 5 1,27 1,07
Tempo de trabalho na instituição (anos) 2 34 10,96 8,66 Tempo de trabalho na unidade (anos) 0* 26 7,10 6,06
Carga horária semanal (horas) 20 60 34,46 5,09
Numero de faltas (dias) 1 300 7,47 28,08
* referente a 11 enfermeiros com tempo inferior a um ano.
Destaca-se que 11 enfermeiros deste estudo relataram tempo inferior a um ano na
unidade de lotação no período de coleta de dados, ou seja, foram deslocados de outros setores
desta instituição para a unidade referida recentemente.
5.3 Estresse em enfermeiros hospitalares
Para a avaliação do estresse em enfermeiros hospitalares, têm-se escores referentes à
escala IEE geral e suas categorias (Tabela 5). Na análise dos resultados escala geral, a média
representa baixo ou alto estresse para a população, sendo que valores abaixo de três são
afirmativos para a primeira hipótese (baixo estresse) e acima de três para a segunda (alto
estresse). As médias referentes aos domínios da escala indicam aquela que, com maior
pontuação, foi considerada estressor prevalente para os enfermeiros deste estudo, ou seja,
englobam situações consideradas mais desgastantes para estes profissionais.
(continua)
Tabela 5 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE. Santa Maria-RS, 2011.
Instrumento IEE/domínios Valores
Mínimo Máximo Média DP CV
IEE geral 1,26 4,29 2,70 0,63 23,3%
Relações interpessoais 1,00 4,82 3,59 0,73 20,3%
45
(conclusão)
Instrumento IEE/domínios Valores
Mínimo Máximo Média DP CV
Papéis estressores da carreira 1,36 4,36 2,70 0,62 22,9%
Fatores intrínsecos ao trabalho 1,20 4,50 2,90 0,72 24,8%
Os dados apresentados indicam baixa intensidade de estresse para esta população,
visto que a média da escala IEE geral foi de 2,7. Dentre as situações que representam maior
desgaste, aquelas vinculadas ao relacionamento interpessoal foram prevalentes, com média de
3,59, ou seja, foram estressores percebidos com maior frequência no cotidiano dos
profissionais (Figura 1). As categorias fatores intrínsecos ao trabalho (2,90) e papéis
estressores da carreira (2,70) obtiveram médias inferiores a três, e portanto, consideradas
como de baixa intensidade de estresse em sua avaliação.
Destaca-se que houve pequena variabilidade nas respostas, percebidas pelos valores de
coeficientes de variação inferiores a 25%, o que denota a uniformidade de avaliação dos
estressores no ambiente ocupacional, relacionadas ao atendimento a pacientes críticos e
potencialmente críticos.
Figura 1 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE, Santa Maria, 2011.
46
Considerando-se as médias para cada item que compõe a escala IEE, foram captados
aqueles de maior e menor pontuação, ou seja, as situações/condições relacionadas ao
ambiente ocupacional que representam mais ou menos desgaste para os enfermeiros no
cotidiano de trabalho (Tabela 6).
Destaca-se que os itens mais pontuados estão incluídos na categoria fatores
intrínsecos ao trabalho (itens 12 e 14), e papéis estressores da carreira (item 15), de maneira
que não compõem a categoria indicada como a de maior estresse, ou seja, as relações
interpessoais. Já os itens menos pontuados fazem parte das três categorias: relações
interpessoais (item 23), papéis estressores da carreira (item 36), fatores intrínsecos ao trabalho
(item 9).
Tabela 6 – Apresentação dos itens da escala IEE de maior e menor pontuação. Santa Maria/RS, 2011.
Itens da escala IEE Valores
Média DP
Mais pontuados
falta de material necessário para o trabalho (12) 3,50 0,928
falta de recursos humanos (14) 3,64 0,942
trabalhar com pessoas despreparadas (15) 3,31 0,891
Menos pontuados
levar serviço para fazer em casa (9) 2,16 0,942
trabalhar em equipe (23) 2,22 1,03
impossibilidade de prestar assistência direta ao paciente (36) 2,12 0,941
Pela análise dos estressores de acordo com a freqüência em que foram avaliados nas
categorias do IEE pelos enfermeiros, obteve-se que 31,1% destes profissionais perceberam o
os fatores intrínsecos ao trabalho presente sempre e muitas vezes no ambiente ocupacional
(Figura 2).
47
Figura 2- Distribuição das categorias do IEE por freqüência de resposta, Santa Maria, 2011.
Os resultados da análise do IEE nas unidades pesquisadas, de acordo com a
classificação em abertas e fechadas, estão dispostos na tabela 7.
(continua)
Tabela 7 – Distribuição dos valores obtidos para o IEE geral nas unidades de internação. Santa Maria/RS, 2011.
UNIDADES DE INTERNAÇÃO Valores
Mínimo Máximo Média DP
ABERTAS 1,38 4,21 2,81 0,62
Clínica Médica I (n=6) 1,47 3,13 2,45 0,70
Clínica Médica II (n=5) 2,00 3,08 2,56 0,44
Clínica Cirúrgica (n=10) 2,47 3,42 2,89 0,33
Toco-ginecológica (n=6) 2,29 3,79 2,82 0,54
Pediátrica(n=6) 2,53 3,39 3,01 0,35
Psiquiátrica (n=8) 1,39 3,39 2,41 0,81
Pronto socorro(n=19) 1,58 4,21 3,01 0,76
FECHADAS 1,26 4,29 2,60 0,63
Hemato-oncológica(n=18) 1,26 4,16 2,53 0,62
Terapia intensiva adulto (n=7) 2,34 3,32 2,76 0,29
48
(conclusão)
UNIDADES DE INTERNAÇÃO Valores
Mínimo Máximo Média DP
Terapia intensiva pediátrica (n=6) 2,03 2,74 2,50 0,29
Terapia intensiva neonatal (n=8) 1,47 3,89 2,85 0,84
Cardiológica intensiva (n=5) 1,61 2,58 2,23 0,42
Centro obstétrico (n=6) 1,55 3,58 2,66 0,80
Centro cirúrgico e recuperação (n=13) 1,32 3,84 2,49 0,69
Laboratório de Hemodinâmica (n=3) 2,18 3,08 2,48 0,52
Serviço de Nefrologia(n=3) 2,89 4,29 3,48 0,72
Evidencia-se que, a equipe no serviço de nefrologia alcançou maior índice de estresse
geral (3,48) e a unidade cardiológica intensiva obteve a menor média de estresse geral (2,23)
frente às demais unidades de internação deste estudo. Dentre as unidades abertas, a Pediátrica
(3,01) e o Pronto Socorro (3,01) obtiveram as maiores pontuações na avaliação do estresse
ocupacional geral. Já nas unidades fechadas, as médias mantiveram-se entre 2,23 e 2,85, a
exceção do serviço de nefrologia, com média 3,48.
5.4 Coping ocupacional em enfermeiros hospitalares
Na avaliação do coping a partir da escala ECO, as pontuações são direcionadas a
estratégias de enfretamento específicas (controle, esquiva, manejo de sintomas), sem que haja
avaliação conjunta de valores para o grupo de itens que a compõe. Portanto, para este
instrumento, não há medida geral. A seguir, os valores máximos, mínimos, de média e Desvio
padrão, resultados da escala ECO, apresentados na tabela 8.
49
Tabela 8 – Distribuição da população de acordo com resultados do ECO, Santa Maria/RS, 2011.
Instrumento ECO/domínios Valores
Mínimo Máximo Média DP CV
Fator controle 2,18 5,00 3,68 0,51 13,8%
Fator esquiva 1,00 4,56 2,46 0,65 26,4%
Fator manejo de sintomas 1,00 4,89 2,50 0,77 30,8%
O fator controle foi o que obteve maior média (3,68) na avaliação de seus itens,
considerado, portanto, prevalente para esta população (87,6%). Os fatores esquiva e manejo
de sintomas representam, respectivamente, a opção de coping para 4,7 e 7,8% dos enfermeiros
(Figura 3).
Os coeficientes de variação denotam variabilidade superior a 30% para o fator manejo
de sintomas, o que representa haver maior divergência para a utilização desta estratégia do
que para as demais entre os participantes da pesquisa.
Figura 3 – Valores médios obtidos com resultados da escala ECO, Santa Maria, 2011.
Pela análise conjunta do grupo de itens que compõe o instrumento, têm-se aqueles que
obtiveram maiores e menores pontuações, e correspondem, portanto às ações mais
50
empregadas por esta população para administrar os estressores decorrentes do ambiente
ocupacional (Tabela 9).
Tabela 9 – Apresentação dos itens da escala ECO de maior e menor pontuação. Santa Maria/RS, 2011.
Itens da escala ECO Valores
Média DP
Mais pontuados
esforço para fazer o que se espera de mim ( 8) 4,12 0,81
converso com colegas que também estejam envolvidos com o problema (1)
3,92 0,86
tento ver a situação como uma oportunidade para aprender e desenvolver novas habilidades (2)
3,88 0,75
me envolvo ainda mais nas minhas tarefas, se acho que isso pode ajudar a resolver a questão (11)
3,88 0,93
Menos pontuados
delego minhas tarefas a outras pessoas (17) 1,74 0,78
procuro a companhia de outras pessoas (23) 2,22 1,03
mantenho a maior distancia possível das pessoas que causaram a
situação (18) 2,33
1,04
Os itens mais pontuados pelos enfermeiros fazem parte do domínio controle desta
escala e representam uma atitude positiva frente ao estressor, ou seja, tentativa de resolução
ativa dos problemas relacionados ao ambiente ocupacional.
Entre os itens menos pontuados, tem-se aqueles cujas ações estão voltadas para as
estratégias esquiva (itens 17 e 18) e manejo de sintomas (item 23), significam passividade e
evitação do estressor em questão e, portanto, pouco utilizadas pelos sujeitos deste estudo.
Analisando-se as frequências com que foram sinalizadas as estratégias de coping nos
fatores propostos na escala, tem-se que 51,7% e 53,6% dos enfermeiros raramente ou nunca
utilizam o fator manejo de sintomas e esquiva, respectivamente (Figura 4).
51
Figura 4 - Distribuição dos fatores do ECO por freqüência de resposta, Santa Maria/RS, 2011.
Prosseguiu-se com a avaliação do coping ocupacional nas unidades de assistência a
pacientes críticos e potencialmente críticos, classificadas em abertas e fechadas, apresentadas
na tabela a seguir:
(continua)
Tabela 10 – Distribuição dos valores obtidos para a ECO nas unidades de internação. Santa Maria/RS, 2011.
UNIDADES DE INTERNAÇÃO Controle Esquiva Manejo de Sintomas
Média DP Média DP Média DP
ABERTAS 3,74 0,55 2,47 0,70 2,62 0,73
Clínica Médica I (n=6) 3,97 0,54 2,48 0,91 2,44 0,94
Clínica Médica II (n=5) 3,53 0,32 2,11 0,87 2,44 0,46
Clínica Cirúrgica (n=10) 3,65 0,50 2,06 0,48 2,61 0,49
Toco-ginecológica (n=6) 3,88 0,46 2,24 0,34 2,59 0,83
Pediátrica (n=6) 3,62 0,26 2,98 0,23 2,98 0,39
Psiquiátrica (n=8) 3,58 0,70 2,00 0,28 2,19 0,68
Pronto socorro (n=19) 3,81 0,72 2,92 0,70 2,75 0,90
52
(conclusão)
UNIDADES DE INTERNAÇÃO Controle Esquiva Manejo de Sintomas
Média DP Média DP Média DP
FECHADAS 3,62 0,46 2,44 0,61 2,40 0,80
Hemato-oncológica (n=18) 3,66 0,42 2,55 0,76 2,41 0,72
Terapia intensiva adulto (n=7) 3,39 0,51 2,48 0,70 2,56 0,48
Terapia intensiva pediátrica (n=6) 3,70 0,43 2,50 0,53 2,19 0,51
Terapia intensiva neonatal (n=8) 3,76 0,53 2,15 0,62 2,79 1,21
Cardiológica intensiva (n=5) 3,42 0,25 2,31 0,60 1,89 0,51
Centro obstétrico (n=6) 3,62 0,23 2,17 0,50 2,33 0,80
Centro cirúrgico e recuperação (n=13)
3,80 0,46 2,59 0,60 2,22 0,94
Laboratório de Hemodinâmica (n=3) 3,91 0,09 2,44 0,19 2,22 0,40
Serviço de Nefrologia (n=3) 2,79 0,59 2,63 0,32 3,44 0,59
Constatou-se no serviço de nefrologia a maior média para o fator manejo de sintomas
(3,44), o que indica, portando, ser a estratégia mais utilizada pelos enfermeiros desta unidade.
Contrariamente, a unidade de cardiologia intensiva foi a de menor média neste fator, o que
aponta para menor utilização deste tipo de estratégia por estes profissionais. A exceção do
serviço de nefrologia, os enfermeiros das demais unidades obtiveram predomínio da estratégia
controle.
5.5 Limitações no trabalho – Produtividade perdida e Presenteísmo
Os escores do WLQ variam de um valor menor para maior, de acordo com o aumento
da perda da produtividade. Na tabela 11, dispõem-se os valores dos escores para esta escala
com valores máximos e mínimos, média e desvio padrão.
53
Tabela 11 – Valores obtidos para o questionário WLQ. Santa Maria/RS, 2011.
Instrumento WLQ/domínios Valores
Mínimo Máximo Média DP
Índice WLQ 0,60 14,37 3,31 2,78
Gerencia de tempo 0,0 70,0 9,1 13,39
Demanda física 8,33 62,5 26,33 10,77
Demanda mental-interpessoal 0,0 58,33 11,54 12,75
Demanda de produção 0,0 55,0 8,8 12,09
O escore do índice representa o percentual de produtividade perdida em relação a
pessoas saudáveis. Neste estudo, os enfermeiros apresentam um decréscimo de 3,31% na
produtividade quando comparados a indivíduos completamente sadios.
As médias dos domínios do WLQ situam-se entre oito e 12, com exceção do domínio
demanda física que avalia a capacidade de realizar tarefas que exijam força corporal,
resistência, movimento, coordenação e flexibilidade. Neste domínio, o valor médio obtido foi
maior que nos demais (26,33), o que significa que nas duas últimas semanas os enfermeiros
tiveram limitação maior que 25% do seu tempo para realizar este tipo de tarefa no seu
trabalho.
Na análise dos resultados do questionário WLQ, ao considerar a variabilidade das
medidas, representadas por altos valores de desvio padrão e a distribuição não normal, optou-
se pela apresentação por meio de mediana e intervalos interquatis (Tabela 12), que distribuem
os escores em intervalos de 25, 50 (mediana) e 75%, como forma de garantir melhor
representatividade dos dados para a população. Assim, tem-se para 75% dos enfermeiros um
índice de produtividade perdida de até 4,84%.
(continua)
Tabela 12 – Valores de intervalos interquartil obtidos para o questionário WLQ. Santa Maria/RS, 2011.
Instrumento WLQ/domínios Intervalos interquartil
25 50 75
Índice WLQ 1,15 2,36 4,84
Gerência de tempo 0,0 5,0 15,0
54
(conclusão)
Instrumento WLQ/domínios Intervalos interquartil
25 50 75
Demanda física 16,66 25,0 33,33
Demanda mental-interpessoal 0,0 8,33 18,05
Demanda de produção 0,0 0,0 15,0
A partir da análise dos valores de mediana, tem-se a maior perda de produtividade
relacionada ao domínio demanda física (25%). Para a demanda de produção, obteve-se valor
de mediana ‘zero’, ou seja, metade da população não sinalizou perda de produtividade
relacionada à capacidade de conseguir em tempo hábil, a quantidade e qualidade de trabalho
concluído necessárias. A perda de produtividade relacionada à gerência de tempo e demanda
mental-interpessoal obtiveram percentuais de 5 e 8,3% (Figura 5).
Figura 5 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ, Santa Maria, 2011.
55
Destaca-se que os sinais “*” e “º” representam valores extremos (valores três vezes
superiores ao 3º quartil) e outliers (valores 1,5vez superior ao 3ºquartil), respectivamente, em
virtude da não normalidade na distribuição dos dados para esta escala.
A partir das opções da escala Likert, constatou-se que a demanda física representou
perda de produtividade com a frequência “todo o tempo” em 12,04% das respostas. Os
domínios demanda de produção, demanda mental-interpessoal e gerência de tempo obtiveram
entre 63 e 70,2% das respostas para a freqüência “nenhuma parte do tempo”, ou seja,
correspondem a domínios de limitação no trabalho que não interferem na produtividade para
esta porcentagem de enfermeiros no ambiente hospitalar (Figura 6).
Figura 6 - Distribuição dos domínios do WLQ por frequência de resposta, Santa Maria, 2011.
Quanto às unidades de internação, tem-se para o WLQ escores que variam de 1,39 a
6,43%, de maneira que as unidades abertas apresentaram índice geral de produtividade
perdida mais elevado (2,74%) que as unidades fechadas (2,13%) (Tabela 13).
56
Tabela 13 – Distribuição dos valores obtidos para o questionário WLQ nas unidades de internação. Santa Maria/RS, 2011.
UNIDADES DE INTERNAÇÃO Valores
Mínimo Máximo 25% Mediana 75%
ABERTAS 0,60 10,59 1,13 2,74 5,41
Clínica Médica I (n=6) 0,60 4,24 0,60 1,70 4,06
Clínica Médica II (n=5) 1,13 3,61 1,20 1,39 2,69
Clínica Cirúrgica (n=10) 0,60 9,61 0,95 4,37 5,78
Toco-ginecológica (n=6) 0,60 6,33 0,60 2,56 5,80
Pediátrica (n=6) 0,60 10,52 2,20 6,43 8,48
Psiquiátrica (n=8) 1,04 9,08 1,77 3,29 6,32
Pronto socorro (n=19) 0,60 10,59 1,01 2,59 5,70
FECHADAS 0,60 14,37 1,16 2,13 4,11
Hemato-oncológica (n=18) 0,60 14,37 0,86 2,74 4,73
Terapia intensiva adulto (n=7) 1,95 5,95 2,71 4,42 5,55
Terapia intensiva pediátrica (n=6) 0,75 5,87 0,83 2,49 4,35
Terapia intensiva neonatal (n=8) 0,60 12,14 1,70 2,12 3,38
Cardiológica intensiva (n=5) 1,16 2,40 1,35 1,91 2,28
Centro obstétrico (n=6) 0,86 8,46 1,26 1,72 3,94
Centro cirúrgico (n=13) 0,60 6,25 0,75 2,60 0,60
Laboratório de Hemodinâmica (n=3) 0,75 2,13 0,75 1,44 -
Serviço de Nefrologia (n=3) 1,53 9,15 1,53 5,82 -
A unidade pediátrica obteve maior índice geral de produtividade perdida dentre as
demais (6,43%). Já as unidades Laboratório de hemodinâmica e Clínica Médica II
apresentaram os menores índices gerais de produtividade perdida, com valores de 1,44 e
1,39%, respectivamente.
57
5.6 Análise de correlação entre variáveis sociodemográficas e funcionais com escores das
escalas IEE, ECO e WLQ
Para as associações e correlações selecionaram-se variáveis de interesse,
correspondente aos dados que obtiveram variabilidade, para os cruzamentos. Assim, a
variável sexo (92,2% feminino), realização de pós graduação (89,9%) e o domínio controle da
escala ECO (87,6%) não foram associados às demais variáveis em função de sua prevalência
para esta população. Ainda agrupamentos não representativos para esta população, tais como
situação conjugal e turnos de trabalho, foram desconsiderados para fins de associações.
Foram utilizadas para a análise das variáveis e escores IEE as provas de correlação de
Pearson, mediante observação do nível de significância de 0,05.
Para correlações entre escores da escala WLQ e IEE com as variáveis de interesse,
utilizou-se o teste de Correlação de Spearman, tendo em vista a não aderência a normalidade.
Serão apresentadas as análises que obtiveram diferenças estatísticas, de maneira que a
intensidade das associações será classificada de acordo com o quadro que segue:
Quadro 1 – Classificação dos coeficientes de correlação quanto a intensidade da associação. Santa Maria/RS, 2011.
Muito alta r= 0,8 a 1,0
Alta r=0,6 a 0,8
Moderada r=0,4 a 0,6
Baixa r= 0,2 a 0,4
Muito baixa r=0,0 a 0,2
Fonte: BISQUERRA, SARRIELA, MARTINEZ, 2004.
Tem-se, pela avaliação entre variáveis de interesse e escores do IEE, correlações
diretas e estatisticamente significantes, que variam de baixa a muito baixa, entre carga horária
semanal (CHS) e índice geral IEE e seus domínios (Tabela 14).
58
Tabela 14 – Coeficientes de correlação de Pearson entre variáveis de interesse e IEE. Santa Maria/RS, 2011.
Variáveis de interesse x IEE Coeficiente Correlação de Pearson
Idade TTI CHS TTU nº faltas
Relações interpessoais 0,013 -0,017 0,185* -0,064 0,092
Papéis estressores da carreira -0,042 -0,061 0,186* -0,107 -0,030
Fatores intrínsecos ao trabalho -0,044 -0,027 0,286* -0,118 0,000
IEE geral -0,018 -0,035 0,234* -0,099 0,039
*nível de significância 0,05; TTI=tempo de trabalho na instituição; CHS=carga horária semanal; TTU=tempo de trabalho na unidade.
A correlação entre WLQ e variáveis de interesse resultou em associações diretas,
significantes, porém baixas, entre o número de faltas apresentado por estes profissionais com
o índice geral desta escala e o domínio gerência de tempo (Tabela 15). Este resultado indica
que quanto maior o número de faltas, maior a perda de produtividade geral e relacionada à
gerência de tempo.
Já para correlação do domínio demanda mental-interpessoal com a variável tempo de
trabalho na unidade, obteve-se associação significativa, indireta e de intensidade muito baixa,
o que significa que, quanto maior o tempo de trabalho no setor em questão, menor a limitação
relacionada a realização de tarefas cognitivas e dificuldade de interação com pessoas no
trabalho (Tabela 15).
Tabela 15 – Coeficientes de correlação de Spearman entre variáveis de interesse e WLQ. Santa Maria/RS, 2011.
Variáveis de interesse x WLQ Coeficiente Correlação de Spearman
Idade TTI CHS TTU nº faltas
Gerência de tempo -0,023 -0,044 0,004 -0,036 0,274*
Demanda física 0,085 0,057 0,031 0,122 0,165
Demanda mental-interpessoal -0,150 -0,134 -0,082 -0,177* 0,171
Demanda de produção -0,022 -0,067 -0,017 -0,109 0,123
Índice WLQ -0,032 -0,055 -0,002 -0,089 0,244*
*nível de significância 0,05; TTI=tempo de trabalho na instituição; CHS=carga horária semanal; TTU=tempo de trabalho na unidade.
59
Associações entre unidades abertas e fechadas e escores de estresse (IEE) foram
feitas mediante teste quiquadrado e test T.
Constatou-se que existe diferença para avaliação de estresse entre enfermeiros de
unidades abertas e fechadas, sendo que dentre os enfermeiros com alto estresse, 62,8%
trabalham em unidades abertas. Em unidades fechadas, mais de 60% dos enfermeiros
apresentaram baixo estresse, ou seja, pontuaram escores até três para o índice IEE geral
(Tabela 16).
Tabela 16 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de estresse geral. Santa Maria/RS, 2011.
Unidades de internação IEE GERAL TOTAL
ALTO BAIXO
ABERTAS 27(62,8%) 33(38,4%) 60 FECHADAS 16 (37,2%) 53(61,6%) 69
Total 43 (100%) 86(100%) 129
p=0,015 (teste qui-quadrado)
Fazendo-se a análise pelas categorias do IEE, pode-se identificar uma tendência a alto
estresse relacionado aos fatores intrínsecos ao trabalho para enfermeiros de unidades abertas
(Tabela 17). Destaca-se que não foram encontradas associações entre unidades abertas e
fechadas para as demais categorias do IEE e para as estratégias de coping.
Tabela 17 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de estresse geral. Santa Maria/RS, 2011.
Unidades de internação Fatores intrínsecos ao trabalho TOTAL
ALTO BAIXO
ABERTAS 30(56,6%) 30(39,5%) 60 FECHADAS 23(43,4%) 46(60,6%) 69
Total 53 (100%) 76(100%) 129
p=0,082 (teste qui-quadrado)
60
Comparando-se as médias dos escores de estresse entre enfermeiros de unidades
abertas e fechadas (Figura 7), encontrou-se tendência a maior estresse em unidades abertas
vinculado ao IEE geral (p=0,063), papéis estressores (p=0,087), relacionamento interpessoal
(p=0,052).
Figura 7 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para unidades abertas e fechadas, Santa Maria, 2011.
Para os escores do WLQ não foram encontradas tendências ou diferenças estatísticas
na comparação entre unidades abertas e fechadas.
Comparou-se as diferenças entre médias do IEE e ECO e as variáveis ter ou não
filhos, realização de treinamento, outro emprego, faltas ao trabalho, tratamento de saúde, e
horas extras com a utilização o teste T. Para as relações entre estas variáveis e os escores
WLQ foi utilizado o teste não paramétrico Mann-Whitney. As relações entre turnos e
escores IEE, ECO e WLQ foram feitas mediante análise de variância e o teste Kruskal-
Wallis.
Ter filhos representa tendência a maiores médias de estresse (2,66) em comparação ao
grupo de enfermeiros que não os têm (2,41) vinculada ao relacionamento interpessoal
(p=0,072) (Figura 8).
61
Figura 8 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não filhos, Santa Maria, 2011.
Foram encontradas associações não significativas entre ter ou não filhos para as
estratégias de coping. De maneira semelhante, não foram encontradas correlações entre esta
variável e os escores do WLQ.
Para o grupo que não realizou treinamento houve uma tendência para maior índice de
estresse geral (p=0,071) e estresse vinculado ao relacionamento interpessoal (p=0,066)
(Figura 9).
Figura 9 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não de treinamento, Santa Maria, 2011.
62
O grupo de enfermeiros que não realizou treinamento diferiu estatisticamente daquele
que o fez quanto a utilização de estratégias de manejo de sintomas (p=0,031), ou seja, o grupo
que não realizou treinamento utiliza mais estratégias de manejo de sintomas quando
comparados ao grupo que recebeu treinamento (Figura 10).
Figura 10 – Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não de treinamento, Santa Maria, 2011.
O grupo que não possuía outro emprego apresentou maiores índices de estresse
relacionado aos fatores intrínsecos ao trabalho (p=0,01), e tendência para maiores índices
gerais (p=0,079) e relacionados aos papéis estressores da carreira (p=0,066) (Figura 11).
63
Figura 11– Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não outro emprego, Santa Maria, 2011.
Existem diferenças estatísticas entre escores de estresse e ocorrência ou não de faltas,
sendo que o grupo de enfermeiros que faltaram ao trabalho apresentaram maiores índices de
estresse geral (p=0,032), estresse relacionado aos papéis estressores da carreira (p=0,043) e
relações interpessoais (p=0,029) (Figura 12).
64
Figura 12– Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ocorrência ou não de faltas, Santa Maria, 2011.
Em relação à utilização de estratégias de coping, constatou-se tendência a utilização
do fator de manejo de sintomas para o grupo que apresentou faltas ao trabalho (p=0,078)
(Figura 13).
Figura 13– Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para ocorrência ou não de faltas, Santa Maria, 2011.
65
No que se refere aos escores do WLQ, tem-se diferenças estatísticas entre enfermeiros
que faltaram ou não ao trabalho, de maneira que aqueles que apresentaram faltas obtiveram
maiores índices gerais de produtividade perdida (p=0,004), como também vinculada aos
domínios demanda física (p=0,03) e gerência de tempo (p=0,001) (Figura 14).
Figura 14 – Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a ocorrência ou não de faltas. Santa Maria, 2011.
Para o domínio demanda de produção, obteve-se tendência a ser significativo para o
grupo de enfermeiros faltantes (p=0,057). Destaca-se que para o domínio demanda mental-
interpessoal não foram detectadas diferenças estatísticas.
Os enfermeiros que realizaram tratamento de saúde apresentaram maiores índices de
estresse geral (p=0,009) e nas três categorias: relações interpessoais (p=0,018), papéis
estressores da carreira (p=0,022) e fatores intrínsecos ao trabalho (p=0,04) quando
comparados ao grupo de enfermeiros que indicou não ter realizado (Figura 15).
66
Figura 15 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não de tratamento de saúde, Santa Maria, 2011.
A estratégia manejo de sintomas foi mais utilizada pelos enfermeiros que realizaram
tratamento de saúde (p=0,015) em relação aos profissionais que não o fizeram (Figura 16).
Figura 16 – Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não de tratamento de saúde, Santa Maria, 2011.
67
Quanto às limitações no trabalho, constatou-se que enfermeiros que realizaram
tratamento de saúde apresentam diferenças estatísticas significativas no que se refere à
gerência de tempo (p=0,047) e índice WLQ (p=0,023). A partir destes dados, tem-se que os
maiores índices de produtividade perdida foram encontrados para os enfermeiros que
realizaram tratamento de saúde. Ainda, foi constatada uma tendência a maior perda de
produtividade relacionada domínio demanda mental-interpessoal (p=0,095) para aqueles
profissionais que relataram estar ou ter realizado tratamento de saúde (Figura 17).
Figura 17 – Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização ou não de tratamento de saúde. Santa Maria, 2011.
A partir das relações entre escores do WLQ, obteve-se que os profissionais que não
fazem horas extras tendem a ter maior índice geral de produtividade perdida quando
comparados ao grupo de enfermeiros que as realizam (p=0,085) (Figura 18).
68
Figura 18 – Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização ou não de horas extras. Santa Maria, 2011.
Foram feitas comparações entre os turnos de trabalho e escores das escalas IEE e
ECO por meio de análise de variância, e WLQ pelo teste Kruskal-Wallis, porém não foram
estabelecidas correlações significativas nesta avaliação. A partir disso, tem-se que o turno de
trabalho não interfere na avaliação do estresse, opção de coping e produtividade perdida em
enfermeiros atuantes na assistência direta a pacientes críticos e potencialmente críticos.
5.7 Análise de correlação inter e intra-escalas IEE, ECO e WLQ
Neste estudo, as correlações entre escores obtidos nas escalas foram avaliadas pelos
coeficientes de correlação de Pearson e Spearman, sendo que a ocorrência de correlações
diretas e estatisticamente significativas (p<0,01 e/ou p<0,05) permite confirmá-las.
69
Os valores obtidos para a análise da escala IEE encontram-se dispostos na tabela 18.
Nesta escala, os escores estão relacionados diretamente entre si, por meio de correlações com
intensidade alta a muito alta. Portanto, na medida em que aumenta o escore de estresse em
qualquer uma de suas categorias, o índice geral de estresse também será elevado. Desta forma,
comprova-se a coerência do instrumento com o referencial teórico no qual está pautado.
Tabela 18 - Matriz de correlação entre domínios do IEE (Pearson). Santa Maria/RS, 2011.
Instrumento IEE/domínios
Coeficiente Correlação de Pearson (r) Relações
interpessoais
Papéis estressores
da carreira
Fatores intrínsecos ao
trabalho
IEE geral
Relações interpessoais 1
Papéis estressores da carreira 0,734*
1
Fatores intrínsecos ao trabalho 0,744*
0,672*
1
IEE geral 0,950*
0,866*
0,876*
1
*nível de significância 0,01
Na tabela 19, apresenta-se a avaliação das correlações para a escala ECO. Destaca-se
que para a escala ECO não há medida geral para o constructo e, dessa forma, não necessita
avaliação da correlação para o grupo de itens que a compõe. Pela avaliação, tem-se correlação
direta, significativa e muito baixa entre os fatores esquiva e manejo de sintomas. O fator
controle é estatisticamente independente dos demais.
Tabela 19 - Matriz de correlação entre domínios do ECO (Spearman). Santa Maria/RS, 2011.
Instrumento
ECO/domínios
Coeficiente Correlação de Spearman (r) Fator controle Fator esquiva Fator manejo de sintomas
Fator controle 1
Fator esquiva 0,108 1
Fator manejo de sintomas 0,008 0,199* 1
*nível de significância 0,05
70
Os valores de correlação encontrados para a escala WLQ estão dispostos na tabela 20.
Tabela 20 - Matriz de correlação entre domínios do WLQ (Spearman). Santa Maria/RS, 2011.
Instrumento
WLQ/domínios
Coeficiente Correlação de Spearman Demanda
de tempo
Demanda
física
Demanda mental-
interpessoal
Demanda de
produção
Índice
WLQ
Gerência de tempo 1
Demanda física 0,408* 1
Demanda mental-interpessoal
0,644* 0,287* 1
Demanda de produção 0,591* 0,287* 0,635* 1
Índice WLQ 0,799* 0,493* 0,870* 0,848* 1
*nível de significância 0,01
O domínio demanda mental-interpessoal correlacionou-se direta e significativamente,
com intensidade alta a muito alta, à gerência de tempo, demanda de produção e índice WLQ.
Entre os demais escores do WLQ obtiveram-se correlações diretas e significativas, de
intensidade baixa a moderada.
A hipótese de relação entre estresse e produtividade perdida pode ser comprovada
mediante correlações diretas e significativas entre os escores destas duas escalas (Tabela 21).
A partir dos valores apresentados, têm-se correlações de intensidade baixa a moderada,
porém, em sua maioria, com nível de significância a 0,01.
Tabela 21 – Matriz de correlação entre WLQ x IEE. Santa Maria/RS, 2011.
WLQ X IEE
Coeficiente Correlação de Spearman Demanda
de tempo
Demanda
física
Demanda mental-
interpessoal
Demanda de
produção
Índice
WLQ
Relações interpessoais 0,335* 0,328 0,317* 0,307* 0,395*
Papéis estressores da carreira
0,329* 0,214** 0,389* 0,365* 0,431*
Fatores intrínsecos ao trabalho
0,235* 0,296* 0,258* 0,292* 0,353*
IEE geral 0,323* 0,332* 0,323* 0,339* 0,416*
*nível de significância 0,01 **nível de significância 0,05
71
Vale destacar que para a escala ECO, a prevalência do fator controle inviabiliza
quaisquer associações com os escores dos demais instrumentos, visto a impossibilidade de
serem encontradas diferenças referentes a esta variável para o grupo de enfermeiros desta
pesquisa em função da alta representatividade da população neste fator.
72
6 DISCUSSÃO
À semelhança desta investigação, a confiabilidade das escalas IEE, ECO, WLQ
também foi ratificada nos estudos realizados por outros autores (STACCIARINI;
TRÓCCOLI, 2000; PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO, 2003; SOÁREZ, et al., 2007). Os
autores afirmam que estes instrumentos satisfazem às exigências dos pesquisadores quanto
aos três parâmetros avaliados - estresse, coping e produtividade perdida. Tem-se, a partir da
avaliação da normalidade dos dados, uniformidade para a população deste estudo, percebida
pela normalidade dos dados e concentração de respostas nas variáveis, o que denota que este
agrupamento possui características semelhantes em relação ao perfil sociodemográfico e
avaliação dos constructos estresse, coping e produtividade perdida.
Dados referentes ao perfil sociodemográfico para esta população são semelhantes
aqueles encontrados em investigações nacionais (GRAZZIANO, 2009; JODAS; HADADD,
2009; SHIMIDT, et al., 2009) e internacionais (TARRANT; SABO, 2010; DENIS, et al.,
2010; WU, et al., 2010), discutidos e detalhados a seguir.
Para análise do perfil sociodemográfico, consideraram-se as variáveis: sexo, idade,
situação conjugal, número de filhos, realização de tratamento de saúde e pós-graduação.
Verificou-se predominância de enfermeiros do sexo feminino (92,2%), o que
tradicionalmente caracteriza a profissão de enfermagem. Em comparação com outras
investigações (GUIDO, 2003; MAGNAGO, et al., 2010) realizadas na mesma instituição,
verifica-se estabilidade no quantitativo de enfermeiras mulheres, mesmo diante da inserção de
novos trabalhadores mediante concurso público, cuja última reposição deu-se no ano de 2007.
Dados publicados pelo Ministério do Trabalho e Emprego indicam que as mulheres
representam 73% dos empregos formais da área da saúde e, embora no mercado de trabalho
brasileiro a participação feminina tenha se intensificado a partir da década de 70, no trabalho
de enfermagem, a predominância de mulheres sempre foi e continua presente (GIRARDI;
CARVALHO, 2003).
No que se refere à idade, observou-se média de 39,47 anos, com variação entre 25 e
63. Tem-se uma população predominantemente jovem, na faixa etária de 25 a 35 anos
(38%), seguida por enfermeiros com idade entre 36 a 45 anos (31%) e 46 a 55 (30%), sendo
que 0,8% da população, que corresponde a um enfermeiro, esta na faixa etária de 56 a 65
anos, com idade acima de 60 anos. Destaca-se que 69% dos enfermeiros têm até 45 anos
(56% até 40 anos), o que caracteriza uma população relativamente jovem, em plena fase de
73
produtividade, e leva ao entendimento de que os profissionais mais jovens se envolvem com
áreas de grande complexidade. Este achado é similar ao de investigação (PRETO; PEDRÃO,
2009) realizada com enfermeiros de unidade de terapia intensiva, cujos resultados apontaram
que a redução do número de enfermeiros com mais de 40 anos nestes setores pode estar
relacionada ao indício de que, quando atingem essa idade, são absorvidos em outros setores,
procuram cargos administrativos, buscam a área de ensino ou até mesmo desistem da
profissão.
Constatou-se que 65,1% dos enfermeiros pesquisados são casados, e que 69,5% têm
filhos, em números que variam de um a cinco, sendo que para 32% destes o número de filhos
é de dois. Acredita-se que o convívio familiar e social está relacionado a estilos de vida
saudáveis, uma vez que pode contribuir para o estabelecimento de relações solidárias que
permitem lidar com os problemas de forma mais positiva (OPAS, 2008). Porém, quando há
dificuldade para conciliar trabalho, família e vida pessoal, podem ocorrer consequências para
os trabalhadores, como sentimentos de desconforto, déficit de atenção e problemas de saúde; e
repercussões para a organização, que incluem, risco de acidentes de trabalho, e elevação dos
índices de absenteísmo (LEITE JR, 2009).
Em relação a tratamento de saúde no momento, 62,5% revelaram não estar
realizando ou ter se tratado nos últimos 12 meses, dado corroborado pelo percentual de
enfermeiros que alegaram não ter faltado ao trabalho (62%). No que se refere a cursos de
pós-graduação, notou-se percentual expressivo de enfermeiros (89,9%) que realizaram ou
estão cursando, o que denota interesse na busca de aperfeiçoamento profissional mesmo
diante da estabilidade do vínculo empregatício em instituições federais. Essa demanda pode
ser decorrente da concessão de benefícios salariais em virtude de titulação, estabelecidos pela
Lei Federal 11.091/2005 de incentivo a qualificação de cargos técnico-administrativos. Em
estudo realizado em hospital privado, de grande porte, na cidade de São Paulo, foi constatado
percentual de 93,3% de enfermeiros pós-graduados (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES,
2008). Para estes autores, a pós-graduação pode aumentar a auto-estima, e contribuir para o
melhor desempenho e maior segurança no desenvolvimento das atividades profissionais.
Situação inversa foi encontrada em investigação realizada com trabalhadores de enfermagem
de hospitais no Paraná, cujos resultados apontaram para percentual de 7,6% para a realização
de cursos de pós-graduação (SCHIMIDT, et al., 2009). Esta oposição pode ser,
empiricamente, justificada pela inclusão de auxiliares e técnicos de enfermagem à população
estudada.
74
Para a caracterização funcional da população, foram considerados os dados
investigados referentes ao turno de trabalho, tempo de trabalho na instituição e unidade,
treinamento para atuar na unidade em questão; carga horária semanal, ter outro emprego e
realização de horas extras, faltas ao trabalho, motivo das faltas, e número de faltas.
Evidenciou-se que o turno da noite corresponde à maior porcentagem entre os
enfermeiros (41,9%) uma vez que para a organização do trabalho, de acordo com a
Consolidação das Leis do Trabalho, no artigo 73 que discorre sobre o trabalho noturno, estão
estabelecidos os direitos dos trabalhadores quanto à insalubridade, horas de trabalho e
intervalos de descanso, e assim torna-se necessário quantitativo maior para este turno. Há de
se considerar que o trabalho noturno pode ser um fator que contribui para o aparecimento de
doenças relacionadas tanto a mudanças nos hábitos alimentares do trabalhador, quanto às
implicações desse horário de trabalho na saúde dos trabalhadores (MORENO; LOUZADA,
2004).
Julga-se interessante considerar o número de enfermeiros sem turno definido, que
realizam plantões entre manhã, tarde e noite, dos quais totalizam 28,7% da população deste
estudo. A alteração e instabilidade de turnos de trabalho podem ocasionar conflitos e
insegurança para o enfermeiro que, diante da necessidade do serviço ou por problemas de
desempenho do funcionário, realiza trocas para o cumprimento da jornada de trabalho. Além
disso, podem representar situações de desgaste para esses trabalhadores em virtude da
necessidade de ajustes na jornada de trabalho em função da existência de outro vínculo
empregatício. Aliada a essas situações, a organização do trabalho em regime de plantão e
turnos rotativos, dificulta o amparo social, principalmente no que diz respeito à interação com
a família, a participação em atividades sociais, lazer, entre outras.
Com relação ao tempo de trabalho na instituição e na unidade em que se encontram
alocados, obtiveram-se médias de 10,96 e 7,10 anos, respectivamente, o que pode ser
entendido como favorável ao desempenho profissional, pela maior segurança na realização
das atividades diárias em função da estabilidade e adaptação às normas institucionais e rotinas
de cada setor.
Quanto à realização de treinamentos para atuar na unidade em questão, observou-se
que 66,7% dos enfermeiros o fizeram, o que permite constatar que mais da metade dos
enfermeiros tiveram oportunidade de melhor adaptação aos serviços, o que pode amenizar o
desgaste decorrente de situações desconhecidas. Autores corroboram com esta suposição ao
afirmar que a realização de treinamentos, ao prover aos enfermeiros conhecimento e
75
habilidades para enfrentar as demandas do trabalho, pode auxiliar no manejo dos estressores
no ambiente laboral e, consequentemente, reduzir o estresse ocupacional (WU, et al., 2010).
No que se refere à carga horária, constatou-se média de 34,4 horas semanais, com
variação de 20 a 60 horas, sendo que para 26,4% dos enfermeiros a carga horária corresponde
a 40 horas. Esta realidade está posta em outras instituições, em que pesquisas a nível nacional
(ARAÚJO, et al., 2003; CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; JODAS;
HADADD, 2009) e internacional (WU, et al., 2010) foram realizadas e os resultados
apontaram para a execução de cargas horárias que ultrapassam 40 horas semanais. Estudo que
avaliou a carga horária total dos profissionais de enfermagem, e considera a existência de
outro vínculo empregatício, constatou que percentual significativo de trabalhadores (35%)
realizava até 79 horas de trabalho por semana (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-
WEBSTER, 2008).
No Brasil, há divergências quanto ao número de horas semanais de trabalho para a
categoria, com exigências que variam entre as instituições. Em função disso, foi criada a
norma regulamentadora 2.295/2000, sob forma de Projeto de Lei em tramitação no Congresso
Nacional, que regulamenta a jornada de trabalho dos profissionais da enfermagem em 30
horas semanais. Estes resultados estão distantes do proposto por essa normativa, e com isso
evidencia-se a excessiva quantidade de horas trabalhadas, de maneira a contribuir para a
sobrecarga dos profissionais e consequentemente levar ao desgaste físico e emocional.
Ao contrário do que tem sido encontrado em outras pesquisas (ARAÚJO, et al., 2003;
PAFARO; MARTINO, 2004; PRETO; PEDRÃO, 2009), nas quais a maioria da população
faz dupla jornada e atribui a isto a necessidade econômica devido aos baixos a salários na
categoria de enfermagem, neste estudo 76% referiram não possuir outro emprego. Porém, ao
considerar que 24% dos enfermeiros têm outro emprego, e 77,5% realizam horas extras,
percebe-se que o número de vínculos empregatícios aliado a realização de horas extras
incrementam a carga horária de trabalho, o que pode contribuir para maior desgaste destes
profissionais além de ampliar os riscos ocupacionais pelo quantitativo de horas trabalhadas.
Nesta perspectiva, é preciso ponderar a ocorrência de faltas em 38% dos enfermeiros,
sendo que destes, 36,7% com números que variam de um a cinco dias de ausência ao trabalho.
Ao considerar que 49 enfermeiros referiram ausências nos últimos 12 meses, representadas
por 963 dias perdidos no trabalho, fica evidente a repercussão destes afastamentos para os
demais membros das equipes envolvidas, interligada às necessidades de alterações na
organização do serviço, tais como reajuste na escala de trabalho, duração da jornada, turnos
trabalhados e autonomia no desenvolvimento de suas atividades.
76
Comparando-se aos achados de outro estudo realizado em um hospital universitário
de Minas Gerais, constatou-se semelhança nos resultados, tidos por 52 ausências de
enfermeiros que contabilizaram 1102 dias perdidos de trabalho (ABREU; SIMÕES, 2009).
Porém, estes autores apontaram que, frente às demais categorias profissionais na equipe de
enfermagem, os enfermeiros apresentaram menor número de ausências e relacionam a isso o
reduzido número destes profissionais nas instituições e ao seu grau de responsabilidade para
com a equipe, características que determinam maior permanência no trabalho.
Informações referentes ao motivo das faltas constaram de doenças diagnosticadas
(61,2%) e razões de caráter familiar (30,6%), sendo que ambos motivos foram apontados por
8,2% dos enfermeiros que faltaram ao trabalho. Estes dados se assemelham aos de outro
estudo (CASTRO; BERNARDINO; RIBEIRO, 2008) em que foi constatado percentual maior
para ausências decorrentes de problemas de saúde em relação às razões de caráter familiar.
Ainda, sobre o percentual de faltas por adoecimento, outra pesquisa apontou para associação
inversa à taxa de ocupação, e sugere que os profissionais ausentaram-se por doença após
terem sido submetidos a ritmos maiores de trabalho (SANCINETTI, et al., 2009). Este tipo de
análise merece atenção e constante avaliação, em virtude da iminência de novos afastamentos
e pela possibilidade de alterações inesperadas no quantitativo de trabalhadores, de maneira a
representar sobrecarga aos que permanecem no ambiente de trabalho e repercutir na saúde
destes profissionais.
Pela análise do estresse ocupacional, obtiveram-se percentuais de 66,7% de
enfermeiros com estresse baixo, ou seja, valores para a média de até três pontos na escala tipo
Likert. Assim, deve-se considerar que 33,3% da população atingiu média acima de três,
considerados com alto estresse. De maneira semelhante, estudo realizado com enfermeiros de
um hospital psiquiátrico, por meio da avaliação de sintomas, evidenciou maior porcentagem
para ausência de estresse nestes profissionais (62%) e atribui a isto a presença de resposta
adaptativa, equilíbrio homeostático e utilização de estratégias de coping resolutivas (COSTA;
LIMA; ALMEIDA, 2003).
Em investigação com enfermeiros portugueses foi concluído que 56% avaliaram-se
com nenhum ou pouco estresse, enquanto que 29% assinalaram níveis moderados e 15% dos
participantes consideraram muito estressante a profissão (SILVA; GOMES, 2009). Foi
constatado por estes autores que a instabilidade profissional, o excesso de trabalho e a
possibilidade de cometer erros consistiram em situações apontadas como mais estressantes.
A nível hospitalar, em pesquisa realizada com profissionais de enfermagem, foi
detectado médio estresse para enfermeiros, e demonstrado que estes profissionais
77
apresentaram maiores escores de estresse geral quando comparados aos técnicos e auxiliares
de enfermagem (PASCHOALINI, et al., 2008). Neste mesmo estudo, os autores ainda
revelaram haver intensidades variadas em diferentes setores de um mesmo hospital, resultado
que se assemelha ao identificado por esta investigação, cujos escores de estresse diferiram
entre baixo e alto nas unidades pesquisadas.
Neste estudo, as unidades fechadas apresentaram menores médias para a avaliação do
estresse, sendo que mais de 60% dos enfermeiros nestas unidades apresentaram baixo
estresse. Dentre elas, a unidade de cardiologia intensiva foi a que obteve menor média nesta
investigação. A exceção das demais unidades fechadas, o Serviço de Nefrologia alcançou
maior escore para o índice de estresse geral. Contrariamente, outro estudo apontou para baixo
estresse em enfermeiros que atuam na assistência a pacientes com problemas renais, o que
pode ser decorrente da identificação do uso de estratégias centradas no problema (BRITTO;
CARVALHO, 2004). Porém, os autores atribuem ao baixo estresse a resignação e aceitação
histórica da submissão na profissão de enfermagem e consideram que tais avaliações
compreendem um senso de compromisso com o trabalho e aceitação de riscos.
Em unidades fechadas, pesquisas têm apontado para resultados de baixo estresse em
enfermeiros nos setores específicos como unidade de terapia intensiva, portadores de AIDS e
problemas hematológicos (BRITTO; CARVALHO, 2003; PRETO; PEDRÃO, 2009).
Acredita-se que estes resultados estejam vinculados a estrutura física destes serviços, uma vez
que existe a maior disponibilização e proximidade de equipamentos para situações de
emergência que permitem aos profissionais agilidade e segurança em procedimentos que
exigem rapidez e efetividade. Além disso, a capacitação técnico-científica da equipe que atua
nestes setores específicos bem como a presença permanente de profissionais médicos também
é favorável para a avaliação de baixo estresse.
Constatou-se que enfermeiros que atuam em unidades abertas obtiveram maiores
índices de estresse geral, de maneira que 62,8% pontuaram alto estresse. Nas unidades
Pediátrica e o Pronto Socorro verificaram-se os maiores escores de estresse. Resultados
semelhantes foram identificados por pesquisadores que avaliaram o estresse na equipe de
enfermagem de Pronto Atendimento e constataram que 97% destes profissionais relataram
sentir-se estressados, e os estressores referidos estavam relacionados a fatores organizacionais
e relacionamento com equipe e clientela (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER,
2008). Nestas unidades, o contato direto com familiares e acompanhantes pode ser
responsável pelos maiores índices de estresse nos profissionais enfermeiros, uma vez que o
gerenciamento da equipe e a realização de procedimentos ocorrem em meio aos olhares,
78
julgamentos e questionamentos dos mesmos, sendo necessárias orientações e justificativas
frequentes. Presume-se que inserção do familiar e acompanhante no cuidado ao paciente no
ambiente hospitalar pode ser percebida como um motivo de preocupação para a equipe, visto
as frequentes interferências e solicitações, que tornam difícil o cumprimento das atribuições
de trabalho. Autores respaldam essa suposição ao afirmar que a dificuldade de
relacionamento, seja pelo envolvimento emocional excessivo ou ausente, pode ser prejudicial
na relação enfermeiro–cliente–familiares e limitar suas ações. (SIQUEIRA, et al., 2006)
Dentre as categorias do inventário de estresse em enfermeiros de acordo com as
médias encontradas, tem-se prevalência para estressores relacionados às relações
interpessoais, seguida por fatores intrínsecos ao trabalho e papéis estressores da carreira.
Acredita-se que as relações de trabalho, que envolvem o apoio social dos colegas,
chefes e subordinados, são determinantes fundamentais na saúde do trabalhador.
Pesquisadores afirmam que competitividade e a falta de confiança levam à superficialidade no
relacionamento interpessoal, e prejudicam a qualidade e quantidade do trabalho (SILVA;
YAMADA, 2008). A partir disso, pode-se inferir que o desenvolvimento de relacionamentos
menos humanos e mais técnicos contribui para esta avaliação de estresse ocupacional e podem
ser estabelecidos em resposta às pressões vividas no cotidiano do trabalho dos enfermeiros
nas unidades de assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos.
Dificuldades de relacionamento profissional entre os colegas no ambiente de trabalho
foram indicadas como fator desencadeador de estresse em trabalhadores de enfermagem de
um hospital universitário do Estado de São Paulo (BELANCIERI; BIANCO, 2004). Este
achado foi justificado pela influência das relações de poder existentes na organização
hospitalar, determinadas pela hierarquia vigente e a divisão de saberes (concepção do trabalho
e execução) no surgimento de crises e conflitos.
Além disso, a inobservância da ética pelos colegas, representadas por brincadeiras
inoportunas, banalização e desrespeito frente a equipe e pacientes em um centro cirúrgico foi
apontada como principal motivo de conflitos entre os profissionais que atuam neste setor
(STUMM, et al., 2008). Questões como indefinição do papel profissional, incompreensões,
cobranças e insensibilidades também foram identificadas como determinantes na dificuldade
de integração e relacionamento com a equipe multiprofissional no contexto hospitalar
(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001; FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008)
Com a análise baseada nas frequências com que os enfermeiros percebem cada
situação como estressante, obteve-se que 31,1% destes profissionais perceberam os fatores
intrínsecos ao trabalho presente sempre e muitas vezes no ambiente ocupacional. Estes
79
dados permitem constatar que existe desgaste relacionado às funções desempenhadas com a
jornada de trabalho e recursos inadequados.
Resultado de pesquisa realizada com enfermeiros de unidade de emergência indicou
nível médio de estresse, e que as condições de trabalho e atividades relacionadas à
administração de pessoal foram consideradas as mais estressantes (BATISTA; BIANCHI,
2006). A estrutura organizacional da instituição hospitalar, para estes autores, tem parcela de
responsabilidade na ocorrência de estresse para o enfermeiro de unidade de emergência, e por
conseguinte interfere na vida pessoal e profissional deste indivíduo.
As situações de emergência também foram alvo de investigação em enfermeiros
oncológicos, que referiram ser os procedimentos como parada cardiorespiratória e piora no
quadro clínico e óbito dos pacientes, bem como problemas de relacionamento com a equipe
de enfermagem os estressores intensamente percebidos nesta unidade de assistência
(RODRIGUES; CHAVES, 2008).
Altos níveis de estresse foram relacionados à insatisfação com o trabalho em
enfermeiros que trabalham em unidades de terapia intensiva, com repercussões para a saúde
destes profissionais pela presença de sintomas cardiovasculares, alterações do aparelho
digestivo e músculo-esqueléticas (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES, 2008).
Evidenciou-se que, dentre os itens que compõe a escala IEE, aqueles que abordaram as
condições relacionadas ao quantitativo e qualitativo de recursos humanos e a carência de
recursos materiais, representam maior desgaste para os enfermeiros.
Fatores relacionados à estrutura do ambiente de trabalho, bem como a deficiência no
número de funcionários da equipe de enfermagem também foram relatados como estressores
pelos enfermeiros de unidade de emergência (BATISTA; BIANCHI, 2006) e unidade de
terapia intensiva (SANTOS; OLIVEIRA; MOREIRA, 2006). Para estes autores, o ambiente
físico e o tempo mínimo para a realização da assistência de enfermagem apresentam-se como
determinantes na carga de trabalho do enfermeiro. De maneira semelhante, em outro estudo
foi constatado que as demandas de trabalho, afastamento da assistência, e urgência de tempo
correspondem às condições que representam maior desgaste para os enfermeiros em unidade
de emergência hospitalar (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009).
Situações relacionadas à realização do serviço, trabalhar em equipe, prestar assistência
a pacientes foram consideradas pelos enfermeiros desta pesquisa como aquelas menos
desgastantes e, portanto, representam situações de menor estresse para estes profissionais.
Estas questões são fundamentadas quando autores (JODAS; HADDAD, 2009)
revelam que aspectos organizacionais como sobrecarga de trabalho, falta de controle,
80
recompensa insuficiente e conflitos de valores podem influenciar a qualidade do trabalho em
maior caráter que comparado ao relacionamento com o paciente.
Porém, em estudo realizado com enfermeiras chinesas, o relacionamento com os
pacientes foi apontado como situação no trabalho associada ao estresse ocupacional (WU, et
al., 2010). Para os autores, este resultado está vinculado à insatisfação frente ao modelo de
assistência vigente no país (centrado na doença), e a escassez de enfermeiros em relação ao
contingente populacional. Assim, as altas demandas de atendimento, o reduzido número de
profissionais e o consequente aumento da carga de trabalho, tornam tensa a relação
enfermeiro-paciente e favorecem o desgaste no ambiente ocupacional.
Da mesma forma, a assistência a pacientes críticos foi referida em pesquisa com
enfermeiros de unidade de terapia intensiva, como situação de desgaste em face da
instabilidade do quadro clínico e necessidade de monitorização rigorosa e constante
(SANTOS; OLIVEIRA; MOREIRA, 2006).
Com relação às características sociodemográficas e funcionais, estudo realizado
com profissionais da saúde portugueses demonstrou maior tendência ao estresse ocupacional
para a categoria profissional de enfermeiros, mulheres, mais novos e com menor experiência
profissional, e que realizam trabalho em turnos rotativos (SILVA; GOMES, 2009).
Pesquisa realizada com trabalhadores de uma universidade pública demonstrou que o
gênero feminino apresenta mais fatores psicossociais de risco, estresse no trabalho, alterações
de saúde, com maior risco de adoecimento físico e/ou mental do que o gênero masculino
(AREAS; GUIMARÃES, 2004). Contraditoriamente aos resultados deste estudo, com
população predominantemente feminina (92,2%), esta constatação não foi confirmada, o que
leva a crer que a relação gênero e estresse ocupacional precisa ser avaliada pela vinculação ao
tipo de trabalho realizado, em função dos fatores contextuais específicos. Esta suposição está
respaldada no referencial de estresse já que reafirma a interação pessoa ambiente, a
subjetividade na avaliação dos estressores no ambiente laboral, considerando a história de
vida e experiências anteriores do indivíduo.
Acredita-se que a prevalência de enfermeiros casados e com filhos neste estudo está
em consonância com os resultados da avaliação de baixo estresse geral nestes indivíduos,
visto que essas condições, ao ampliar os relacionamentos e contatos sociais, permitem
assegurar a rede de suporte social. Porém, foi constatada tendência a maiores médias de
estresse vinculadas ao relacionamento interpessoal para enfermeiros que tem filhos. A partir
disso, pode-se inferir que o suporte social interfere na percepção do estresse no ambiente
ocupacional quando há dificuldade de conciliar trabalho, família e vida pessoal. O suporte
81
social foi indicado como um recurso pessoal importante na avaliação do estresse ocupacional
em estudo com enfermeiras chinesas a partir de correlações significativas e indiretas entre
estas variáveis (WU, et al., 2010). Para estes autores, esta condição aliada a atividades
recreacionais, utilização de estratégias de coping efetivas e auto-cuidado, permite aos
profissionais reduzir a tensão no trabalho, resolver conflitos e melhorar habilidades para
tolerar o estresse.
O tempo de trabalho na instituição e unidade, com médias relativamente altas
(10,96 e 7,10), pode ser considerado situação favorável para a avaliação do estresse e coping.
Este resultado foi corroborado em investigação que atestou correlação inversa entre estresse e
tempo de experiência profissional dos enfermeiros (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES,
2008). Para estes autores, o tempo oferece subsídios para adequação e melhor avaliação da
atividade profissional, mediando o impacto negativo do estresse no trabalho. Em oposição,
pesquisa realizada com profissionais da equipe de enfermagem constatou sintomas de estresse
em indivíduos com maior tempo de serviço na instituição (FERREIRA; DE MARTINO,
2009). Os autores atribuem a este resultado o fato de ser uma investigação realizada em
instituição privada, em virtude da instabilidade de vínculo e necessidade de atualizações
técnico-científicas representarem desgaste para estes profissionais.
Neste estudo, os enfermeiros que realizaram tratamento de saúde apresentaram
maiores índices de estresse geral e nas categorias relações interpessoais, papéis estressores da
carreira e fatores intrínsecos ao trabalho. Autores demonstraram que o adoecimento está
fortemente associado a escores elevados de estresse e acreditam, portanto, que a manutenção
da saúde é fundamental para a redução do estresse ocupacional entre enfermeiros (WU, et al.,
2010).
Apesar de ter sido encontrada baixa intensidade de estresse para 66,7% da população
deste estudo, é preciso considerar os resultados apresentados sobre carga horária, realização
de horas extras e múltiplos vínculos empregatícios, uma vez que o excesso de trabalho
pode produzir gradualmente a exaustão emocional e física, e assim reduzir a eficiência,
prejudicar a saúde e bem estar dos profissionais.
Foram constatadas correlações diretas e estatisticamente significantes entre carga
horária semanal e índice geral IEE e seus domínios, ou seja, profissionais que cumprem
jornadas extensas de trabalho apresentam maiores índice de estresse. Este achado também foi
constatado em outro estudo, cujos resultados apontaram para associações significativas entre
o escore de estresse ocupacional e a variável carga horária semanal maior que 40 horas (WU,
et al., 2010). Entende-se que o ritmo intenso de trabalho aumenta a exposição dos
82
trabalhadores de enfermagem às diversas cargas de trabalho, com destaque para as cargas
fisiológicas decorrentes da demanda aumentada de trabalho e as cargas psíquicas, oriundas da
pressão organizacional para o atendimento das necessidades e cumprimento das atividades
num dado período. Dessa maneira, percebe-se que aliada à carga horária semanal a realização
de horas extras por 77,5% dos enfermeiros nesta instituição torna elevado o quantitativo de
horas de trabalho, o que representa aumento dos riscos de acidentes e contribui para o estresse
dos enfermeiros.
Em oposição ao esperado, enfermeiros que não possuíam outro emprego
apresentaram maiores índices de estresse relacionado aos fatores intrínsecos ao trabalho e
tendência a maiores médias de estresse geral. Estes resultados são contrários aos de pesquisa
em que foi constatado que os enfermeiros com dupla jornada estavam mais estressados em
relação aos sujeitos com jornada única (PARAFO; DE MARTINO, 2004). Os autores
justificam este achado pelo acúmulo de atribuições advindas do duplo vínculo empregatício, e
por ser uma profissão prevalentemente feminina, em cuja inserção das mulheres no mercado
de trabalho não as desvinculou das tarefas domésticas e da educação dos filhos, resultando em
multiplicidade de papéis.
Julga-se a insatisfação com as condições de trabalho, a falta de recursos materiais e
humanos como condições fundamentais para a avaliação de estresse dos enfermeiros com
único emprego. Esta situação pode ser, empiricamente, justificada, pela não convivência
destes profissionais em realidades de trabalho de outras instituições que apresentam
problemas similares, que podem não considerar esta uma situação comum aos serviços de
saúde. Porém, sabe-se que a carência de recursos, seja quantitativa e qualitativamente, é uma
realidade nas instituições de saúde no Brasil, e a ausência de confronto entre duas ou mais
realidades institucionais pode afetar a percepção de estresse destes enfermeiros, ao sentirem-
se prejudicados no seu ambiente de trabalho em detrimento de outrem.
Neste estudo, mesmo que relações não tenham sido estatisticamente estabelecidas
entre estresse ocupacional e turnos de trabalho, acredita-se que o fato de grande parte desta
população não possuir outro emprego (76%) ameniza a percepção de estresse em relação à
distribuição de turnos de trabalho, uma vez que não existe a necessidade de conciliar a escala
de serviço em diferentes instituições e/ou entre distintas equipes de trabalho.
Pesquisa apontou correlação direta entre o turno da noite e o escore de estresse, o que
denota a existência de repercussão na realização do trabalho no período da noite (WU, et al.,
2010). Outra investigação, ainda aponta a interferência acentuada na saúde dos profissionais
da enfermagem que trabalham no noturno, representadas pelo sobrepeso, alteração no padrão
83
do sono e aparecimento de doenças cardiovasculares e gástricas (MORENO; LOUZADA,
2004).
Mesmo diante da adequação ao cronótipo e turno de trabalho, foi identificada presença
de estresse na equipe de enfermagem em um hospital privado de São Paulo, por meio da
prevalência de sintomas nos profissionais do turno na manha e da noite (FERREIRA; DE
MARTINO, 2009). A elevada incidência no turno da manhã foi atrelada a intensa rotina do
hospital neste turno, uma vez que a maior parte dos procedimentos de enfermagem, como
banhos, curativos, medicações, coletas de exames e encaminhamento de pacientes, são
realizados neste período. Estes autores ainda afirmaram que o trabalho noturno altera o ritmo
circadiano, provoca alterações no padrão do sono e consequentemente desencadeia e/ou
acentua o processo de estresse nestes indivíduos.
Em profissionais da saúde portugueses, foi constatado que aqueles que realizavam
trabalho por turnos rotativos apresentaram maior estresse ocupacional, bem como menor
comprometimento organizacional (SILVA; GOMES, 2009). Tais resultados realçam o fato do
trabalho por turnos rotativos representar prejuízos à saúde dos trabalhadores, com efeitos
individuais e institucionais.
Além disso, a realização de treinamentos para atuar na unidade em questão também
precisa ser ponderada na avaliação de estresse já que, neste estudo, houve uma tendência para
maior índice de estresse geral e estresse vinculado ao relacionamento interpessoal para o
grupo que não realizou treinamento. Desta forma, visualiza-se que a inexistência de
atividades de adaptação e compartilhamento de normas e rotinas, além de representar desgaste
para o profissional em seu novo ambiente de trabalho, pode ocasionar problemas de
relacionamento entre os membros da equipe advindos de dificuldades de entrosamento e
realização das tarefas.
De maneira semelhante, a insuficiência de treinamento e de conhecimento dos
profissionais, assim como a falta de familiarização com normas e rotinas de cada setor, foram
situações identificadas em estudos como associadas a falhas e erros inaceitáveis (STUMM, et
al., 2008; WU, et al., 2010). Estes autores consideram a complexidade do trabalho e
instabilidade na assistência a pacientes críticos, pela frequência de situações inesperadas e de
rápida reação, como condições atreladas a necessidade de realização de atividades de
treinamento e atualizações.
A ocorrência de faltas em 38% da população é um dado importante para a avaliação
do estresse, uma vez que as ausências podem acelerar o ritmo de trabalho, devido a
84
sobreposição de tarefas que deveriam ser divididas com os outros membros da equipe e que, a
longo prazo, podem desencadear e/ou acelerar o processo de estresse ocupacional.
Enfermeiros que referiram faltar ao trabalho apresentaram maiores índices de estresse
geral, estresse relacionado aos papéis estressores da carreira e relações interpessoais. Ao
considerar que a redução no quantitativo de profissionais na equipe é a consequência
primordial das faltas ao trabalho, evidencia-se que as relações interpessoais serão
automaticamente prejudicadas, uma vez que a redistribuição do trabalho para os demais
membros da equipe que permanecem no ambiente laboral, propiciam conflitos e acentuam as
desavenças, além de desajustar a rotina e o ritmo habituais de trabalho.
Na avaliação do coping ocupacional, o fator controle apresentou prevalência para
esta população. Sinalizada por 87,6% dos enfermeiros deste estudo como a estratégia mais
utilizada, significa que os indivíduos fazem uso de ações e reavaliações cognitivas proativas
no ambiente ocupacional.
Partindo-se do princípio de que o enfrentamento é considerado uma ação intencional,
física ou mental, que tem início em resposta a um estressor percebido e é dirigido para
circunstâncias externas ou estados internos, é possível afirmar que os problemas no ambiente
de trabalho são reconhecidos pelos enfermeiros deste estudo, bem como as repercussões
destes na sua saúde e bem estar. Assim, a possibilidade de agir ativamente frente aos
problemas identificados é benéfica para a avaliação do estresse e direcionada as causas
principais de desgaste no trabalho.
Estudo realizado com a equipe de enfermagem de uma unidade médico cirúrgica de
um hospital escola constatou alta demanda psicológica, elevado poder de controle e baixo
apoio social (SILVA; YAMADA, 2008). Para estes autores quando grandes demandas e alto
controle coexistem, os indivíduos vivenciam o processo de trabalho de forma ativa, já que as
demandas são menos danosas na medida em que o trabalhador tem liberdade para planejar as
horas de trabalho de acordo com seu ritmo biológico e utilizar estratégias para lidar com suas
dificuldades. Porém, o baixo apoio social apontado nesse estudo denota dificuldades nas
relações interpessoais, o que pode interferir negativamente na saúde dos trabalhadores.
Estes resultados fornecem sustentação à suposição dos autores da ECO, de que a
utilização da estratégia controle associa-se diretamente a percepção favorável do ambiente de
trabalho e indiretamente ao estresse, enquanto que sob circunstâncias como a sobrecarga de
trabalho ou exaustão emocional, a esquiva seja a estratégia mais utilizada, mesmo que não
necessariamente a mais eficaz (PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO, 2003).
85
Segundo o modelo interacionista cognitivo de Lazarus e Folkman (1984), tem-se neste
estudo, predominância de estratégias focadas no problema uma vez que foram constatadas
atitudes positivas e efetivas para a resolução dos problemas no ambiente laboral. Supõe-se a
utilização desta estratégia como benéfica, uma vez que, para estes indivíduos existe a
possibilidade de intervenção sobre o estressor no ambiente ocupacional no intuito de mantê-lo
no limite que estas pessoas são capazes de suportar.
Com o intuito de manejar o estresse advindo das situações do trabalho, em
investigação realizada com enfermeiros em unidade de emergência hospitalar foram listadas
ações praticadas por estes profissionais, quais sejam: estabelecer e manter diálogo, ajuda
mútua de colegas, buscar aperfeiçoamento profissional e resolver situações conflitantes
(SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009). Estas estratégias correspondem a atitudes
positivas e ativas frente aos problemas no trabalho, e atuam diretamente no gerenciamento do
estresse ocupacional, com repercussões benéficas para o desempenho dos enfermeiros,
preservação da saúde e qualidade da assistência.
De maneira semelhante, as estratégias centradas no problema prevaleceram em
enfermeiros de unidades de terapia intensiva e problemas renais (BRITTO; CARVALHO,
2004). Este resultado condiz com a avaliação de baixo estresse e de saúde satisfatória indicada
por este estudo, de maneia a confirmar a resolutividade das estratégias com foco no problema
em prol da saúde dos profissionais enfermeiros.
Em oposição, a unidade de nefrologia apresentou, neste estudo, prevalência para a
estratégia manejo de sintomas. Evidenciou-se o maior escore de estresse frente às demais
unidades pesquisadas, o que viabiliza a constatação das dificuldades apresentadas por esta
equipe no gerenciamento do estresse ocupacional visto que são utilizadas estratégias de cunho
emotivo no enfrentamento dos estressores decorrentes do trabalho. Acredita-se que a
constância e permanência de pacientes neste setor, decorrentes da condição crônica de saúde,
seja um fator importante relacionado à avaliação de alto estresse e utilização de estratégias
não resolutivas pela equipe, em função da reduzida perspectiva de cura. Conviver com o óbito
e frequente instabilidade no quadro clínico são circunstâncias que representam desgaste aos
profissionais que atuam em unidades a pacientes críticos, tanto pelo sentimento de impotência
frente à doença quanto pela necessidade de vigilância e aperfeiçoamento técnico-científico
constantes (LEITE; VILA, 2005). Além disso, supõe-se que a dificuldade no enfrentamento
da doença crônica, bem como a resistência ao tratamento pelos pacientes, situação
constantemente vivenciada neste setor, reflita na opção de coping dos enfermeiros envolvidos
na assistência, voltadas para ações emotivas.
86
De maneira geral, foram identificadas menores frequências na utilização das
estratégias esquiva (4,7%) e manejo de sintomas (7,8%), que apontam para reduzida
utilização de estratégias com foco na emoção.
Há evidências de que o uso de estratégias de escape incrementa a exaustão emocional,
percebida como sensação de super exigência e sentimentos de esgotamento e cansaço como
consequência do trabalho (TAMAYO; TRÓCCOLI, 2002). Pesquisadores afirmam que,
frente às restrições impostas pelo ambiente ocupacional, a esquiva pode ser a estratégia mais
adaptativa em um contexto altamente estressante (PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO,
2003). Estas constatações justificam a reduzida frequência de utilização desta estratégia na
população deste estudo, cuja avaliação de estresse ocupacional foi predominantemente baixa.
Em enfermeiros atuantes em unidades de oncologia foram constatadas estratégias
como foco na emoção, essencialmente a reavaliação positiva, visto que lidar com a
impossibilidade terapêutica e a morte recorrente dos pacientes foram descritas como os
principais estressores por estes profissionais (RODRIGUES; CHAVES, 2008).
Em oposição aos resultados aqui apresentados, a simultaneidade dos focos problema e
emoção foi apontada por autores que avaliaram as estratégias utilizadas pela equipe de
enfermagem em Pronto Atendimento e revelaram a opção destes trabalhadores por estratégias
de evitamento, como adiar e bloquear emoções, e de confronto, que incluem ações como
buscar informações, falar sobre o assunto e negociar alternativas (CALDERERO; MIASSO;
CORRADI-WEBSTER, 2008). Para estes autores, as ações de caráter emocional podem levar
a um relaxamento temporário, mas que não modificam o estressor em questão, já as
estratégias focadas no problema podem minimizar os sentimentos decorrentes do estressor,
além de atuar diretamente para a resolução do mesmo.
É preciso considerar que a organização hospitalar fundamenta-se no poder, por vezes
disciplinar e coercitivo, que tem por finalidade a organização do espaço, por meio do controle
do tempo e pela vigilância, que poderá provocar ou potencializar situações conflitivas e
ansiógenas, que evidenciam sintomas de estresse (BELANCIERI; BIANCO, 2004). Assim, o
trabalhador da área de enfermagem está imerso num ambiente onde estão presentes as
relações de poder, determinadas pela hierarquia vigente na força de trabalho em enfermagem.
Ou seja, poder de que é investido o enfermeiro que domina e controla, mas que ao mesmo
tempo é dominado e controlado, as categorias consideradas subalternas: os técnicos e
auxiliares.
Constata-se que essa alternância entre controlar e ser controlado pode ocasionar
mudança de atitude e adoção de estratégias diferentes frente a situações diversas postas no
87
ambiente de trabalho, justificando na utilização de estratégias de coping simultâneas e
conjuntas.
A complementaridade na seleção das estratégias é defendida por Lazarus e Folkman
(1984) quando a situação é considerada altamente desgastante. Assim, o coping focado na
emoção pode facilitar o coping focado no problema por amenizar a tensão e, similarmente, o
coping focado no problema pode diminuir a ameaça, reduzindo assim a tensão emocional.
Dentre os itens mais pontuados nesta escala, obteve-se aqueles cujas ações estão
voltadas predominantemente para resolução de problemas no trabalho, de maneira que os
enfermeiros apontaram proceder ativa e positivamente frente a uma situação considerada
desgastante no intuito de manejar o estressor em questão. Resultado este corroborado pela
prevalência do fator controle para esta população.
Evidencia-se que dentre os itens de maior pontuação, tem-se a busca pela aquisição de
novas habilidades como atitude frequente diante de estressores ocupacionais. O
aperfeiçoamento técnico e científico para profissionais que atuam na assistência a pacientes
críticos e potencialmente críticos é importante ferramenta para o cumprimento das demandas
de trabalho com efetividade e segurança, o que garante resolutividade de problemas e assim, o
reconhecimento e respeito profissional frente a equipe multidisciplinar, pacientes e familiares.
A busca de apoio com os colegas de trabalho também foi uma das atitudes mais frequentes
neste estudo. Além de fortalecer as relações interpessoais, o compartilhamento e
aconselhamento com demais membros da equipe pode auxiliar na elucidação das situações e
colaborar para a tomada de decisão mais acertiva, conjunta e co-responsável, que pode
garantir efetividade, agilidade e resolutividade.
Já os itens com pontuações menores, correspondem a ações como delegar suas
tarefas, procurar a companhia de outras pessoas e afastar-se das pessoas que causaram o
problema e, portanto são pouco utilizadas por estes profissionais para o manejo do estresse
decorrente de diferentes situações de trabalho. Desta forma, atitudes passivas e de evitação
não são frequentemente utilizadas quando os enfermeiros defrontam-se com problemas
relacionados ao ambiente ocupacional.
Neste estudo não foram encontradas correlações entre variáveis sociodemográficas e
utilização das estratégias de enfrentamento no ambiente ocupacional, porém faz-se necessário
considerar o contexto e condições em que estes profissionais atuam. Dados como idade, sexo,
estado civil, presença de filhos podem influenciar na opção de coping, uma vez que a maneira
como as pessoas lidam com situações desgastantes varia de acordo com a disponibilidade de
88
recursos e restrições que inibem seu uso, sejam estas pessoais, sociais e materiais
(FOLKMAN; MOSKOWITZ, 2000; CHAVES, et al., 2000).
Dentre os trabalhadores de saúde colombianos, ser enfermeiro, pertencer ao gênero
feminino e ter menor idade são preditores significativos para o aumento na utilização de todas
as estratégias de enfrentamento, especialmente a focalização na solução de problemas e a
reavaliação positiva (CONTRERAS; JUARÉZ; MURRAIN, 2008).
Mesmo que não tenham sido estabelecidas correlações entre as variáveis como tempo
de formação e de experiência profissional, realização de pós-graduações e vínculo
empregatício, considera-se que estas podem interferir na opção e utilização de estratégias de
coping. Assim, quanto maior o tempo de formado e experiência profissional, aliados a
busca de aprimoramentos e especializações, acredita-se que estes profissionais podem
apresentar maior segurança técnica e, consequentemente, facilidade no controle de situações,
principalmente aquelas decorrentes da instabilidade característica da assistência a pacientes
críticos.
Ainda, a estabilidade do vínculo empregatício, tida pelo cargo público em uma
instituição hospitalar federal e universitária, pode ter contribuído para a prevalência do fator
controle nesta população, visto que existe a possibilidade de sugestões e intervenções capazes
de modificar as pressões ambientais sem que isso represente riscos ou prejuízos para a
manutenção do cargo público.
A realização de treinamentos pode ser benéfica para a opção de coping na medida em
que proporciona subsídios para a tomada de decisão e solução de problemas, pela adequação
as normas e rotinas institucionais e setoriais. A possibilidade de controle e intervenção ativa
em realidades conhecidas e identificação dos problemas pode ser, empiricamente, confirmada
quando há reconhecimento dos recursos disponíveis e suporte dos colegas de trabalho,
promoção de abertura e co-responsabilização. Esta constatação pode ser confirmada pela
ocorrência de diferença entre enfermeiros que realizaram treinamento e aqueles que não o
fizeram quanto à utilização da estratégia manejo de sintomas. Desta maneira, tem-se que
enfermeiros que não treinaram para atuar na unidade de lotação utilizaram em maior
frequência a estratégia manejo de sintomas, ou seja, estes profissionais apresentam atitudes
passivas e permissivas para mediar o impacto negativo do estresse no trabalho vinculado as
dificuldades de adaptação ao serviço.
A estratégia manejo de sintomas também foi mais utilizada por enfermeiros que
relataram realizar tratamento de saúde e ter faltado ao trabalho. Pode-se inferir que a
opção pela estratégia manejo de sintomas no grupo que realiza tratamento de saúde pode ter
89
caráter de manutenção e/ou recuperação da saúde e bem estar destes profissionais. A relação
entre faltas e manejo de sintomas, pode ser justificada pela tentativa de preservação da
integridade física e mental aos danos oriundos de situações de estresse ocupacional.
Pela análise do presenteísmo, avaliado pela perda de produtividade, contatou-se um
índice de até 4,84% para 75% dos enfermeiros, de maneira que é possível considerar reduzido
o percentual de produtividade perdida nesta população.
A perda da produtividade, mesmo que em com baixo percentual, é indício de que co-
existem, mesmo que sutilmente, interferências e consequências, sejam para a organização do
serviço, e instituição como para os profissionais e assistência prestada.
A inadequação entre a capacidade para o trabalho e a exigência da tarefa a ser efetuada
tem influência na produtividade e sua inobservância pode ser uma causa de desgaste, mal-
estar, doenças e limitações ligadas à profissão (COSTA, 2009). Nesta perspectiva, é mister
considerar a multidimensionalidade relacionada a perda de produtividade no contexto
hospitalar e enfatizar a interação entre pessoa e ambiente e sua interferência à saúde. A
percepção do trabalhador sobre seu ambiente, determinada por aspectos culturais, sociais e
individuais, pode afetar seu desempenho físico, cognitivo e assim, exercer influência sobre a
saúde dos profissionais.
Essa constatação é confirmada quando pesquisadores apontam características pessoais
e atitudes como responsáveis por acentuar a ocorrência do presenteísmo, e fatores
relacionados ao trabalho como os principais determinantes na decisão de comparecer ao
ambiente laboral mesmo em condições de debilidade física e emocional ou doenças
diagnosticadas (HANSEN; ANDERSEN, 2008).
Neste estudo, o domínio que representou maior limitação para os enfermeiros é a
demanda física (25%), seguido por demanda mental-interpessoal, gerência de tempo e
demanda de produção, com escores que variam de 5 e 8,3%. Assim, a capacidade de realizar
tarefas que exijam força corporal, resistência, movimento, coordenação e flexibilidade foi
percebida como a limitação mais influente para perda de produtividade dos enfermeiros deste
estudo. Isto significa que nas duas últimas semanas esses profissionais tiveram limitação de
25% do seu tempo para realizar tarefas relacionadas à demanda física no seu trabalho.
Visualiza-se, a partir deste resultado, a repercussão à saúde dos enfermeiros das
peculiaridades que envolvem o atendimento a pacientes críticos e potencialmente críticos,
pelas exigências de mobilização de pacientes e equipamentos, transporte e manobras inerentes
ao atendimento de pacientes instáveis.
90
De maneira similar, estudo identificou que quanto mais afetada a saúde física dos
enfermeiros, pior a saúde psicológica e a capacidade para o trabalho reduz-se
consideravelmente (COSTA, 2009). A pesquisadora justifica este resultado ao considerar que
a capacidade para o trabalho satisfatória é sustentada e promovida pela boa saúde física e
mental e por condições favoráveis de trabalho.
Em outra investigação foi constatado que a atividade física laboral aumenta as chances
para a presença de morbidades (FONSECA, 2009). A autora constatou que a identificação de
doenças como hipertensão e problemas osteomusculares podem explicar esta associação, e
afirma que o tipo de atividade física realizada interfere na relação desta com o adoecimento
do trabalhador.
Por meio de avaliação da dor lombar e incapacidade de identificar redução da adptidão
física pelos enfermeiros, foi verificado que a habilidade destes profissionais para fazer seu
trabalho é diminuída com o aumento da intensidade da dor e aptidão diminuída, ou seja,
correspondem a condições que representam maior limitação no trabalho (DENIS, et al.,
2007). Esses autores consideram que o diagnóstico e prognóstico são ferramentas
fundamentais, em se tratando de presenteísmo ou absenteísmo, para avaliação das condições
individuais e decisão de permanência no ambiente de trabalho ou afastamento para
reabilitação da saúde.
A demanda de produção não representou limitação no trabalho para metade da
população deste estudo, ou seja, estes profissionais não apresentaram decréscimo na
habilidade de conseguir, em tempo hábil, a qualidade e quantidade de trabalho concluído
necessários. Ressalta-se que, mesmo diante da limitação física sinalizada, os enfermeiros
consideram atender ao quantitativo de tarefas com qualidade e no tempo disponível para tal.
Nesse sentido, questiona-se os critérios com os quais a qualidade da assistência é avaliada por
estes profissionais e mesmo a percepção e reconhecimento de sua debilidade física para o
trabalho, especialmente em setores em cuja instabilidade clínica dos pacientes constantemente
altera as demandas e requer reordenação de prioridades.
As tarefas cognitivas no trabalho e de interação com as pessoas (domínio demanda
mental-interpessoal) não determinaram perda de produtividade expressivas no trabalho
(8,33%). Estes achados são surpreendentes ao considerar que o estressor relacionamento
interpessoal foi prevalente para esta população. Acredita-se que a perda de produtividade
relacionada a problemas de interação na equipe possa ser, empiricamente, amenizada pela
utilização da estratégia controle nesta população e assim, representar reduzida influência
sobre a produtividade dos enfermeiros.
91
De maneira semelhante, o cumprimento de horários e tarefas no tempo previsto
representaram limitações em menor freqüência (5%) para estes profissionais (domínio
gerência de tempo). Por se tratar de trabalho em turnos, em cuja continuidade do plano
assistencial ocorre pelo sistema de passagem de plantão, atividades não vencidas no período, e
que não emergentes, podem ser transferidas ao turno progressivo, desde que sem prejuízo.
Esta possibilidade pode aliviar o sentimento de limitação imposta pela falta de tempo ou
recursos para realização de suas atribuições.
Deve-se considerar a carência de recursos como fator interveniente para o alcance da
produtividade exigida no ambiente de trabalho. Esta suposição foi confirmada por
pesquisadores que comprovaram que recursos insuficientes não só aumentam os casos de
presenteísmo, como elevaram os níveis de dor musculoesquelética, também são preditores de
absenteísmo e acentuam a probabilidade do aparecimento de doenças crônicas (HANSEN;
ANDERSEN, 2008). Assim, os autores referem que a inedaquação de condições para a
realização das funções no ambiente laboral é duplo fator de risco, ao promover a insegurança
no trabalho, e exacerbar ocorrência de acidentes e erros.
Neste estudo, as unidades abertas apresentaram índice geral de produtividade perdida
mais elevado que as unidades fechadas. A unidade pediátrica obteve maior índice geral de
produtividade perdida dentre as demais. Já as unidades Laboratório de hemodinâmica e
Clínica Médica II apresentaram os menores índices gerias de produtividade perdida. Julga-se
que a assistência a crianças determine maior perda de produtividade pelo reconhecimento dos
enfermeiros sobre a resistência desse tipo de paciente ao tratamento e procedimentos
necessários, fato que pode ser amenizado no atendimento a pacientes adultos e,
empiricamente mais colaborativos. Pode-se inferir que nas unidades abertas, por sua estrutura
física e funcional, tem-se menor vigilância e proximidade em detrimento das fechadas, o que
acredita-se contribuir para a percepção de produtividade diminuída. Por outro lado, a cultura
histórica da profissão de enfermagem precisa ser levada em consideração, uma vez que
quanto maior a demanda e a quantidade de tarefas executadas, melhor a percepção de
rendimento por parte destes profissionais.
Enfermeiros que apresentaram faltas obtiveram maiores índices gerais de
produtividade perdida (3,78%) e nos domínios demanda física (29,17%) e gerência de tempo
(5%). Ainda, quanto maior o número de faltas, maior a perda de produtividade geral e
relacionada à gerência de tempo. É importante considerar que diante do percentual de faltas e
número de dias perdidos de trabalho, a redução da produtividade toma uma dimensão
acentuada pelo encargo aumentado aos membros da equipe que permanecem no ambiente de
92
trabalho, uma vez que as demandas precisam ser redistribuídas sem prejuízos às necessidades
de assistência aos pacientes críticos e potencialmente críticos.
Nessas circunstâncias, a redistribuição das atividades pode ocasionar ou acentuar
conflitos e dificuldades de relacionamento, pelo aumento da demanda no mesmo período de
tempo. O relacionamento com colegas foi identificado em pesquisas como fator que aumenta
a probabilidade de presenteísmo (SANDÍ, 2006; HANSEN; ANDERSEN, 2008). Julga-se
que dificuldades de entrosamento e integração à equipe podem comprometer a execução de
algumas tarefas e mesmo levar a fragmentação da assistência.
Neste estudo, quanto maior o tempo de trabalho na unidade em questão, menor a
limitação relacionada a realização de tarefas cognitivas e dificuldade de interação com
pessoas no trabalho (demanda mental-interpessoal). A partir desse resultado, pode-se inferir
que a ambientação, tida pela permanência e manutenção em um determinado setor, pode
facilitar a negociação e ajuste às demandas pela proximidade de vínculos estabelecidos no
decorrer do tempo, e possibilidade de solicitar alterações que contribuem para a execução do
trabalho. Além disso, há evidencias de que a flexibilização das exigências no cumprimento
das demandas de trabalho diminuem a ocorrência do presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI,
2008).
Maiores índices de produtividade perdida foram encontrados para os enfermeiros que
realizaram tratamento de saúde, o que demonstra, mesmo diante da busca pela solução do
problema, que a debilidade física e/ou mental interfere no rendimento, compromete a
efetividade das tarefas no ambiente de trabalho e acentuam os riscos e predispõe a erros, com
prejuízo para a qualidade da assistência prestada. Ainda, a permanência no trabalho daqueles
trabalhadores doentes, mesmo que em tratamento de saúde, pode provocar disseminação em
caso de afecções infecciosas, em prejuízo a saúde dos demais membros da equipe, além de
representar possibilidade de agravo àqueles pacientes sob seu cuidado. Autores enfatizam essa
possibilidade e sugerem que avaliações criteriosas sejam preconizadas em cada caso, para
respaldar a decisão de permanência ou afastamento do profissional (SANDÍ, 2006; DENIS, et
al., 2007).
Destaca-se que neste estudo não foram encontradas relações entre presenteísmo e
carga horária, porém julga-se oportuno reforçar que o quantitativo de horas de trabalho,
mesmo que não sequenciais, pode levar ao desgaste do trabalhador e consecutivamente
desencadear o adoecimento. Em respaldo a esta inferência, pesquisadores revelaram que o
presenteísmo é mais sensível ao regime de horas de trabalho do que absenteísmo, e existem
fatores causais comuns entre estes, que incluem o trabalho em instituições públicas e em
93
turnos indefinidos (BOCKERMAN; ERKKI, 2008). Em instituições públicas a cobrança pelo
rendimento e assiduidade é tênue em detrimento dos setores privados, em cuja qualidade e
quantidade de trabalho são lucro-dependentes e asseguram a sobrevivência do serviço no
mercado de trabalho. O cumprimento de cargas horárias em turnos rotativos é igualmente
prejudicial para produtividade e saúde de profissionais em ambos os tipos de instituição, em
função da dificuldade de organização pessoal de vida e limitações sociais impostas por essa
condição. A partir dessas constatações pode-se justificar a ocorrência de presenteísmo em
instituições públicas em cuja organização do trabalho inclui sistema de turnos rotativos,
condições que envolvem incremento da carga horária para suprir carências de rendimento e
cumprir as demandas excedidas.
Outros autores afirmaram que pessoas que trabalham mais de 45 horas semanais ou
tem instabilidade na carga horária apresentam menores índices de absenteísmo, porém
aumento nos episódios de presenteísmo, ou seja, os profissionais comparecem ao trabalho
doentes ao invez de pedir licença, mesmo tendo que cumprir horas de trabalho não
programadas pela carga horária estendida (HANSEN; ANDERSEN, 2008).
Relações entre presenteísmo e duplo vínculo empregatício não foram encontradas
neste estudo. Dados semelhantes foram identificados em estudo com enfermeiros portugueses,
que relacionam esse achado às características individuais de cada pessoa e sugerirem que os
enfermeiros que têm um segundo emprego fazem-no porque se “sentem bem” ou enquanto se
sentem “capazes” (COSTA, 2009). Presume-se que profissionais que não se percebem
capazes e/ou apresentam recursos psicológicos para tal, não possuem outro emprego paralelo
ou acabam por abandoná-lo.
Enfermeiros que não fazem horas extras tendem a ter maior índice geral de
produtividade perdida (3,78%). Este resultado pode ser decorrente da ausência de necessidade
em organizar e reordenar as tarefas no tempo disponível para atender as demandas externas ao
horário habitual de trabalho. Julga-se que profissionais que fazem horas extras, além de auto
desafiarem-se, gerenciam melhor o tempo, em vista da menor quantidade de tempo livre para
o atendimento das tarefas que lhe são atribuídas, e por isso pode-se, empiricamente, justificar
a maior produtividade destes enfermeiros em comparação com aqueles que não as fazem.
Em oposição, foi constatado em estudo que a realização de horas extras regularmente é
indiretamente proporcional ao absenteísmo por doença, mas aumenta a ocorrência do
presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI, 2008). Acredita-se que a relização de horas extras,
quando opcional, é feita mediante boas condições de saúde, porém o acúmulo com a carga
94
horária exigida seja condição que gradativamente leva ao desgaste e esgotamento físico e
mental, com prejuízos a saúde dos profissionais e limitações para a realização do trabalho.
Neste contexto, há de se considerar que o presenteísmo está conceitualmente pautado
na perda de produtividade relacionada a problemas de saúde, especialmente o adoecimento.
Por ter esta base conceitual, autores enfatizam a necessidade de considerar, além das situações
relacionadas a saúde, a inserção da dimensão psicossocial como fator envolvido no
surgimento do presenteísmo (ARTEGA, et al., 2007). Assim, situações que envolvem
problemas sociais e familiares, dificuldades de adaptação ao trabalho, aspectos culturais,
locais e regionais, condições e carcaterísticas do mercado de trabalho, podem, da mesma
forma, predispor ao presenteísmo por acarretarem, a longo prazo, alterações na saúde e bem
estar dos profissionais e, consequentemente, interferir na capacidade dos indivíduos para o
trabalho (ROJAS, 2007).
Há evidências de que os aspetos biopsicossociais afetam as interações pessoais,
comportamentos e habilidades, concentração, forma de pensamento e resposta a processos
patológicos (SANDÍ, 2006; ARTEGA, et al., 2007). Neste sentido, o referencial de estresse e
coping respalda essa constatação ao considerar que a relação pessoa-ambiente é dinâmica e
passível de alterações na percepção de desgaste em função das mudanças de
condição/situação e possibilidade de intervenções frente aos problemas que se colocam em
determinadas circunstâncias.
A partir dessas constatações, acredita-se que o presenteísmo limita a produtividade
tanto em quantidade, pela diminuição do rendimento físico e mental, como para a qualidade
do trabalho, pela possibilidade de erros e diminuição da atenção no desenvolvimento das
atividades laborais.
Apesar das críticas ao pensamento capitalista, em cuja produtividade é elemento
primordial no mundo do trabalho com reflexos para a economia mundial, julga-se que
avaliações deste constructo mereçam especial atenção, principalmente em profissionais da
saúde, em virtude da especificidade do processo de trabalho, e suas repercussões no contexto
laboral, que envolvem as relações interpessoais e satisfação com o trabalho e qualidade da
assistência prestada.
95
6.1 Estudo das correlações (intra e inter-escalas)
Foram encontradas correlações diretas e estatisticamente significantes entre os escores
e seus domínios para as escalas IEE e WLQ, a exceção da escala ECO. Estes resultados
justificam-se pela congruência das categorias da escala para a aferição do constructo a que se
propõe, ou seja, o aumento de escore em quaisquer categorias promove o aumento do índice
geral de estresse. O mesmo ocorre com o instrumento WLQ, em cujo índice de produtividade
perdida se eleva proporcionalmente ao aumento dos escores dos seus domínios.
Na escala ECO a forma de avaliação difere, uma vez que a avaliação conjunta dos
fatores que a compõe não estabelece uma medida geral, e sim significam a utilização ou não
de cada tipo de estratégia. Identificou-se o fator controle como estatisticamente independente
dos demais, o que vai ao encontro do referencial teórico, uma vez que a estratégia controle
não se vincula a utilização dos fatores manejo de sintomas e esquiva e, portanto, não devem
estar correlacionadas. Os fatores manejo de sintomas e esquiva correlacionaram-se
diretamente. Assim, na medida em que os enfermeiros utilizam de ações que sugerem fuga e
evitação podem ocorrer atitudes voltadas ao manejo de sintomas, numa proporção direta.
Entre estresse e produtividade perdida (presenteísmo) a hipótese de relação foi
comprovada mediante correlações diretas e significativas entre os escores destas duas escalas,
o que demonstra haver interferência entre eles. Considera-se que a inter-relação entre as
condições de vida e de trabalho e as características individuais, pode determinar a tolerância
ao trabalho, sendo distinta para cada trabalhador. O grau de tolerância e a forma como o
trabalhador se adapta ao trabalho determina, em grande parte, a sua saúde e a capacidade para
o trabalho (COSTA, 2009).
Autores evidenciaram que o estresse se relaciona diretamente com a produtividade do
indivíduo, uma vez que a reação do organismo é no intuito de manter o equilíbrio e garantir a
adaptação às circunstâncias adversas. Porém, quando o estressor extrapola os limites
suportáveis e a capacidade de adaptação de cada pessoa, ocorrem prejuízos à produtividade e
à suscetibilidade a doenças aumenta (PAFARO, 2004).
No contexto organizacional, a presença de trabalhadores com estresse na equipe pode
provocar o desenvolvimento das atividades com ineficiência, comunicação deficitária,
desorganização do trabalho, insatisfação, diminuição da produtividade, o que trará
consequências ao cuidado prestado à clientela.
96
Estudos apontaram que altas demandas no trabalho, estresse e menor controle sob as
atividades são elementos preditores para o presenteísmo que por conseguinte acentuam a
perda da produtividade (SANDÍ, 2006; ARTEGA, et al., 2007, DENIS, et al., 2007).
Neste estudo não foram estabelecidas relações entre presenteísmo e coping, visto a
prevalência do fator controle para esta população. Porém, a partir do referencial teórico, é
possível confirmar a ligação existente entre a utilização de uma estratégia de coping
resolutiva, o baixo estresse apresentado para esta população e os pequenos índices de
produtividade perdida encontrados neste estudo.
A partir de outros estudos, pode-se verificar conotações distintas para a utilização da
estratégia controle: uma, na qual o profissional percebe-se como insubstituível e visualiza a
realização do trabalho dependente de sua presença; e outra em que a possibilidade de controle
viabiliza a reordenação do trabalho e adaptação a limitação temporária imposta pela
debilidade ocasionada pelo adoencimento, seja de ordem física ou mental.
Trabalhar em tempo integral e realizar longas jornadas de trabalho semanais (carga
horária superior a 48 horas) foram identificados por pesquisadores como fatores que
aumentam a prevalência do presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI, 2008). Os autores
relacionam estes achados ao alto grau de controle em trabalhadores que executam seu trabalho
em tempo integral, principalmente em cargos de supervisão e chefia, em comparação com
aqueles que trabalham em turno único, que os “impossibilita” de afastarem-se e/ou serem
substituídos enquanto doentes. Esta situação é recorrente para profissionais enfermeiros, uma
vez que a coordenação da equipe e da prestação do cuidado é de responsabilidade do mesmo.
Pela intensa inserção no processo de trabalho e a condução das ações passam a ser
requisitadas a este profissional que possivelmente desenvolve um sentimento de ser
insubstituível.
Em oposição, em outra investigação foi verificado que o único fator relacionado ao
trabalho que não interfere nos casos de presenteísmo é o controle sobre as tarefas (HANSEN;
ANDERSEN, 2008). Os autores afirmam que pessoas com alto grau de controle sobre as
tarefas no trabalho sejam capazes de gerir a limitação temporária imposta pelo defict de saúde
(física ou mental) e ajustar-se a sua capacidade de trabalho momentânia. Delegar funções e
atribuir atividades podem ser privilégios do profissional que detém o controle sobre seu
processo de trabalho e mesmo tem o poder de coordenar e conduzir as atividades no ambiente
ocupacional, de maneira que o trabalho (cumprimento das tarefas e atendimento às demandas)
pode transcorrer sem a intervenção e atuação direta do mesmo.
97
Acredita-se que para estabelecer e implementar intervenções que reduzam ou atenuem
os efeitos do presenteísmo, seja necessário ampliar a percepção para além da causa
adoecimento, e considerar situações determinantes da alteração da condição de saúde e bem
estar dos profissionais, as quais incluem o reconhecimento dos estressores no ambiente
ocupacional e das estratégias utilizadas por eles.
98
7 CONCLUSÕES
Quanto ao perfil sociodemográfico, verificou-se entre os enfermeiros deste estudo
que:
» sexo feminino prevalente (92,2%);
» idade média de 39,47 anos, com variação entre 25 e 63;
» situação conjugal casados para 65,1%, seguido por 20,9% de solteiros, 13,2%
divorciados e 0,8% viúvos;
» 69,5% dos enfermeiros têm filhos, com variação de um a cinco, dos quais 32% em
número de dois filhos;
» tratamento de saúde no momento ausente para 62,5%;
» cursos de pós graduação presentes em 89,9%.
Em relação à caracterização funcional da população, constatou-se:
» prevalência para turno da noite (41,9%);
» tempo de trabalho na instituição e unidade com médias de 10,96 e 7,10 anos de
trabalho, respectivamente;
» realização de treinamento em 66,7% dos enfermeiros;
» carga horária média de 34,4 horas semanais, sendo que para 26,4% dos enfermeiros
a carga horária corresponde a 40horas;
» 24% dos enfermeiros têm outro emprego;
» 77,5% realizam horas extras,
» ocorrência de faltas em 38% dos enfermeiros, sendo que para 13,95% com o número
de um a cinco dias de ausência ao trabalho;
» motivo das faltas constaram de doenças diagnosticadas (23,3%) e razões de caráter
familiar (11,6%), e ambos motivos foram apontados por 3,1% dos enfermeiros.
99
Resultados para o Inventário de Estresse em Enfermeiros –IEE
» média da escala IEE geral foi de 2,7, o que representa baixa intensidade de estresse
para esta população;
» a categoria relacionamento interpessoal foi considerado estressor prevalente (média
de 3,59);
» as categorias fatores intrínsecos ao trabalho (2,90) e papéis estressores da carreira
(2,70) obtiveram em sua avaliação baixa intensidade de estresse;
» os itens mais pontuados estão incluídos na categoria fatores intrínsecos ao trabalho
(itens 12 e 14), e papéis estressores da carreira (item 15);
» os itens menos pontuados fazem parte das três categorias: relações interpessoais
(item 23), papéis estressores da carreira (item 36), fatores intrínsecos ao trabalho (item 9);
» 31,1% dos enfermeiros perceberam os fatores intrínsecos ao trabalho presente
sempre e muitas vezes no ambiente ocupacional;
» o Serviço de Nefrologia alcançou maior escore para o índice de estresse geral e a
unidade cardiológica intensiva obteve a menor média de estresse geral (2,23).
Resultados para a Escala de Coping Ocupacional – ECO
» O fator controle prevalente para esta população (87,6%), seguido pelos fatores
esquiva (4,7%) e manejo de sintomas (7,8%);
» os itens mais pontuados pelos enfermeiros neste estudo fazem parte do domínio
controle;
» itens menos pontuados, tem-se aqueles cujas ações estão voltadas para as estratégias
esquiva (itens 17 e 18) e manejo de sintomas (item 23);
» 51,7% e 53,6% dos enfermeiros raramente ou nunca utilizam o fator manejo de
sintomas e esquiva, respectivamente;
» serviço de nefrologia apresentou maior média para o fator manejo de sintomas e a
unidade de cardiologia intensiva foi a que pontuou menor média neste fator.
100
Resultados para o Questionário de Limitações no Trabalho – WLQ
» 75% desta população tem um índice de produtividade perdida de até 4,84%;
» limitação de 5% para gerência de tempo, 25% para demanda física, 8,33% para
demanda mental-interpessoal e zero para demanda de produção;
» demanda física representou perda de produtividade com a frequência “todo o tempo”
em 12,04% das respostas;
» os domínios demanda de produção, demanda mental-interpessoal e gerência de
tempo obtiveram entre 63 e 70,2% das respostas para a freqüência nenhuma parte do tempo;
» as unidades abertas apresentaram índice geral de produtividade perdida mais
elevado (2,74%) que as unidades fechadas (2,13%);
» a unidade pediátrica obteve maior índice geral de produtividade perdida (6,43%);
» as unidades Laboratório de hemodinâmica e Clínica Médica II apresentaram os
menores índices gerais de produtividade perdida, com valores de 1,44 e 1,39%,
respectivamente.
Resultados para associações e correlações entre variáveis e escores IEE, ECO e WLQ
» direta entre carga horária semanal (CHS) e índice geral IEE e seus domínios;
» direta entre ocorrência de faltas e índices de estresse geral (p=0,032), estresse
relacionado aos papéis estressores da carreira (p=0,043) e relações interpessoais (p=0,029);
» direta entre número de faltas apresentado por estes profissionais com o índice geral
WLQ e o domínio demanda de tempo;
» indireta entre domínio demanda mental-interpessoal e a variável tempo de trabalho
na unidade;
» associações significativas enfermeiros de unidades abertas e alto estresse (p=0,015);
» direta entre realização de treinamento e a utilização de estratégias de manejo de
sintomas (p=0,031),
» direta entre não ter outro emprego e índices de estresse relacionado aos fatores
intrínsecos ao trabalho (p=0,01);
101
» direta entre ocorrência de faltas e índices gerais de produtividade perdida (p=0,004),
como também vinculada aos domínios demanda física (p=0,03) e gerência de tempo
(p=0,001);
» direta entre ausência de treinamento e índices de estresse geral (p=0,009) e nas três
categorias: relações interpessoais (p=0,018), papéis estressores da carreira (p=0,022) e fatores
intrínsecos ao trabalho (p=0,04);
» direta entre realização de tratamento de saúde e estratégia manejo de sintomas
(p=0,015);
» direta entre realização de tratamento de saúde e escores dos domínios gerência de
tempo (p=0,047) e índice WLQ (p=0,023);
» correlações diretas e significantes foram estabelecidas entre os escores das escalas
IEE e WLQ.
102
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Houve valorização do estudo por parte dos profissionais contatados, visto o percentual
de representatividade da população (98,4%), o que pode ser decorrente da estratégia utilizada
para captação dos dados via participação da mestranda em reuniões de equipe nas diferentes
unidades para apresentação do projeto e convite aos enfermeiros. Contou-se com a
flexibilidade para o agendamento dos retornos, o que favoreceu o resgate dos questionários
preenchidos, mesmo diante de múltiplas remarcações. Procedeu-se com uma rápida
conferência dos dados, no momento em que foram recolhidos, sendo solicitados
preenchimentos faltantes quando necessário, o que garantiu pequena perda de informações.
Salienta-se que um pequeno percentual de profissionais (1,6%) se negou a participar
do estudo, situação favorável para a avaliação do estresse, coping e presenteísmo e que torna
satisfatória a abrangência do estudo para a população, ou seja, alcançou-se representatividade
de enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos nesta
instituição.
Sobre os instrumentos utilizados nesta investigação, é valido destacar que houveram
algumas dificuldades referentes a análise e comparações com outros estudos. Quanto ao IEE,
mesmo que publicado e validado para a população brasileira, foram encontradas divergências
quanto à forma de apresentação e análise nas investigações que aplicaram este instrumento.
Acredita-se que a não especificação no artigo de validação quanto a leitura dos dados
tenha sido um fator importante para essa diversidade. Frente à isso, houve dificuldade quanto
às comparações com outros estudos.
Para a ECO, o fato de não ter sido utilizada em outras investigações com enfermeiros
inviabilizou comparações entre estudos com a mesma escala de medida, sendo estas
realizadas mediante aproximação com resultados de avaliação obtidos por outros constructos.
Salienta-se que, para a escala WLQ, por abranger um referencial relativamente novo e ter
validação recente (2007), não foram encontrados estudos a nível nacional. Encontrou-se uma
investigação a nível internacional com a utilização desta escala, na qual a população constou
de enfermeiros. Acredita-se que a complexidade no processo de autorização para aplicação do
instrumento WLQ escala seja um fator limitante para sua utilização, visto a necessidade de
contatar com a equipe de autoria para liberação de sua utilização, e exigências, via contrato,
de retorno dos resultados.
103
Neste estudo, 66,7% dos enfermeiros de assistência a pacientes críticos e
potencialmente críticos apresentaram baixo estresse, 87,6% utilizam estratégias de coping
controle, e decréscimo de até 4,84% na produtividade. Deve-se considerar que estes
profissionais podem, em outro momento, alterar a percepção do estresse em virtude das
mudanças frequentes que ocorrem na interação pessoa-ambiente, de acordo com a avaliação
cognitiva do indivíduo frente a situações diferenciadas em seu ambiente de trabalho. Desta
forma, no processo contínuo de avaliação e reavaliação, a subjetividade do indivíduo é
determinante para a severidade do estressor e, portanto, para a repercussão do mesmo na
saúde e bem estar destes profissionais.
Destaca-se que 33,3% dos participantes pontuaram alto estresse, frequência
considerada preocupante. No ambiente laboral, o estresse do enfermeiro pode se justificar
pela alta responsabilidade e pela baixa autonomia, as quais refletem situações de tensão,
determinantes do estresse e, por conseguinte, interferir na produtividade dos enfermeiros.
O estresse ocupacional decorrente de um processo de trabalho marcado por condições
precárias e pelo aumento da jornada de trabalho tem importantes repercussões no cotidiano
profissional e pessoal dos enfermeiros. Constata-se que as condições de trabalho a que estão
expostos os trabalhadores, favorecem a exposição ao estresse ocupacional, pelas
características inerentes a profissão e natureza do trabalho.
Os dados apresentados apontaram para a prevalência de estressores vinculados a
categoria relações interpessoais revelando que o relacionamento com outros profissionais,
com pacientes, familiares, e com o grupo de trabalho é percebido como desgastante no
cotidiano dos enfermeiros na assistência ao paciente critico e potencialmente crítico. De
maneira geral, os estressores que representaram maior desgaste para os enfermeiros, foram
aqueles relacionados ao quantitativo e qualitativo de recursos humanos e a carência de
recursos materiais. Este resultado era esperado, por se tratar de uma pesquisa realizada em
hospital público cujos problemas comumente enfrentados referem-se às dificuldades
financeiras e de falta de material de trabalho. Porém, por mais que existam problemas com
infra-estrutura e material, eles não são os principais desencadeadores de estresse visto que
obteve-se a prevalência para estressores relacionados às relações interpessoais.
É preciso ponderar o significativo número de enfermeiros (31,1%) que avaliaram as
situações vinculadas aos fatores intrínsecos ao trabalho como presente sempre e muitas vezes
no ambiente ocupacional. Assim, situações e condições relacionadas ao cumprimento das
atividades durante a jornada de trabalho, como repetição de tarefas, pressões de tempo e
sobrecarga decorrente do excesso de atribuições, ambiguidade ou polivalência, mesmo que
104
não prevalentes, podem representar ameaça e prejudicar as relações interpessoais e devem ser
consideradas como estressores importantes para estes profissionais.
O fato da maioria dos trabalhadores deste estudo sinalizar a estratégia de coping
controle está em consonância com os resultados de estresse ocupacional encontrados, pois
representam atitudes ativas e positivas frente aos estressores do ambiente laboral. Esse
aspecto pode ser justificado, pois o grau de controle pode indicar uma medida de autonomia,
de liberdade para uso das habilidades, compensando os efeitos negativos provenientes das
excessivas demandas no trabalho.
É necessário enfatizar que as pessoas diferem em sua sensibilidade e vulnerabilidade
ante os estressores, assim como em suas interpretações, reações e avaliações. A forma com
que as pessoas lidam com estressores depende, em grande parte, dos recursos disponíveis e
das restrições que inibem seu uso, que podem ser pessoais, sociais, entre outros.
Constata-se que há influência de fatores organizacionais ou individuais na
produtividade do indivíduo frente às circunstâncias que envolvem a assistência ao adulto
crítico e potencialmente crítico. Atenção especial precisa ser dada às limitações de ordem
física, apontadas como as responsáveis pela maior perda de produtividade e por afetar a saúde
dos enfermeiros. Características inerentes à assistência a pacientes instáveis, recursos
insuficientes e dificuldades de relacionamento interpessoal são condições que podem acarretar
em danos à saúde física e mental destes profissionais. A ocorrência de faltas e realização de
tratamento de saúde também precisam ser ponderadas, por representarem tentativas de
preservação e reabilitação da saúde.
Em uma realidade técnica e tecnológica em cujas relações trabalhistas ocorrem em
pressão/exigência a produtividade e redução de custos, o presenteísmo é percebido como uma
condição negativa ao satisfatório rendimento econômico nas organizações. Em se tratando de
instituições de saúde, o produto do trabalho envolve a promoção, reabilitação e recuperação
da saúde e bem estar dos indivíduos. Portanto, os trabalhadores que atuam nesse setor
merecem especial atenção, uma vez que é resultante de sua força de trabalho (física e
intelectual) o benefício da sociedade em geral.
O tipo de instituição em que foi realizado o estudo pode ser considerado um fator
limitante para a avaliação do presenteísmo nestes profissionais, visto que, em hospitais
públicos a estabilidade de vínculo permite o afastamento para reabilitação e recuperação da
saúde. Situação esta que difere em instituições privadas, que lhes conferem outras exigências
em relação à produtividade e assiduidade.
105
Por se tratar de um estudo de corte transversal, que proporciona uma imagem
instantânea das variáveis estudadas, há necessidade de outros estudos com delineamentos
distintos que possam avaliar o estresse ocupacional, coping e presenteísmo entre os
enfermeiros no decorrer do tempo.
Em detrimento do absenteísmo, avaliar o presenteísmo é um desafio por ser uma
condição não palpável, aparentemente encoberta, que necessita do reconhecimento do
profissional sobre sua melhor e pior condição para o desenvolvimento das atividades no
trabalho. Considera-se também um desafio a incorporação deste referencial na instância
administrativa das instituições, por ter repercussões que, muitas vezes, tornam-se visíveis com
a ocorrência de faltas e afastamentos. Além disso, a medição direta da produtividade é uma
tarefa difícil, principalmente para ocupações de trabalho mental e cognitivo já que engloba
fatores de natureza subjetiva.
Constatada a variedade de situações que os enfermeiros avaliaram como estressantes
no ambiente laboral, justifica-se a necessidade de estudos nessa área, tanto em termos de
avaliação e diagnóstico, como em relação à prevenção e intervenção psicológica.
Sugere-se a realização de investigações que testem a relação entre estresse
ocupacional e aspectos pessoais (ansiedade, satisfação, motivação, hardiness), interpessoais
(competências para a gestão de conflitos, suporte social) e situacionais (exaustão emocional,
percepção do suporte organizacional, índices de absenteísmo). Ainda, estudos em setores
específicos, como o serviço de nefrologia, merecem ser realizados, visto o resultado de alto
estresse e utilização de estratégias menos resolutivas nesta equipe.
É indispensável considerar, a partir da investigação produzida, que com o
conhecimento das estratégias, seu efeito sobre o indivíduo em relação a um contexto
específico, torna-se possível levantar os recursos internos e/ ou externos disponíveis e
melhorar as habilidades do indivíduo para enfrentamento das situações, considerando-se tanto
a doença como suas necessidades pessoais.
Assim, exalta-se a relevância do desenvolvimento de estratégias de intervenção que
visem promover melhores condições de trabalho em cada contexto laboral. Acredita-se que a
combinação entre esforço individual e suporte organizacional pode ser uma junção favorável
para o bom desempenho profissional e produtividade adequada as demandas de trabalho.
Os resultados deste estudo contribuem também para o avanço do conhecimento
multidisciplinar da Saúde do Trabalhador e fornecem subsídios à área da Enfermagem para o
planejamento de medidas preventivas ao estresse ocupacional e para a promoção e proteção
106
da saúde e bem estar dos profissionais envolvidos na assistência direta a pacientes críticos e
potencialmente críticos no contexto hospitalar.
Este estudo não esgota o assunto, tampouco revela soluções imediatas para a
problemática, mas levanta alguns pontos de reflexão, ampliando as discussões em torno da
relação trabalho-saúde, especialmente na área da enfermagem.
107
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116
APÊNDICES APÊNDICE A – FORMULÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO INDIVIDUAL
Data: ___ /___ /______ Nº Controle: _______________
1- Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino 2- Data nascimento: ___________________
3- Situação conjugal: ( ) casado ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) divorciado/separado ( ) outro
4- Nº de Filhos: ( ) nenhum ( )um ( ) dois ( ) três ( ) outro _____
5- Tempo de trabalho na instituição:______________ 6- Carga horária semanal:______________
7- Unidade de trabalho:_____________________ 8- Tempo de trabalho na unidade:___________
9- Turno de trabalho: ______________________
SIM NÃO
10- Possui outro emprego?
11- Recebeu treinamento para atuar nesta unidade?
12- Possui Pós graduação?
13- Realiza algum tratamento de saúde no momento?
14- Faltas ao trabalho nos últimos 12 meses devido a problemas de saúde:___________________
15- Motivo:
( ) Doenças diagnosticadas (efetivamente comprovadas) ( ) Doenças não diagnosticadas (não comprovadas) ( ) Razões diversas de caráter familiar ( ) Falta voluntaria por motivos diversos
117
APENDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
Título do estudo: “ESTRESSE, COPING E PRESENTEISMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES”. Pesquisador(es) responsável(is): Profª Drª Laura Azevedo Guido, Enfª Mstª Juliane Umann. Instituição/Departamento: Programa de Pós graduação em Enfermagem – Universidade Federal de Santa Maria (PPGEnf/UFSM) Telefone para contato: (55) 3025-4554 ou (55) 8125-6929 Local da coleta de dados: Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM Prezado(a) Senhor(a):
• Você está sendo convidado(a) a responder às perguntas deste questionário de forma totalmente voluntária.
• Antes de concordar em participar desta pesquisa e responder este questionário, é muito importante que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento.
• Os pesquisadores deverão responder todas as suas dúvidas antes que você se decida a participar.
• Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito.
Objetivo do estudo: verificar associações entre estresse, coping e presenteísmo em enfermeiros hospitalares. Procedimentos. Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no preenchimento deste questionário, respondendo às perguntas formuladas. Benefícios. Os benefícios para os integrantes desta pesquisa serão indiretos, pois as informações coletadas fornecerão subsídios para a construção de conhecimento em saúde e Enfermagem, bem como para novas pesquisas a serem desenvolvidas sobre essa temática. Riscos. Os participantes desta pesquisa poderão expor-se a riscos mínimos como: cansaço, desconforto pelo tempo gasto no preenchimento do questionário e relembrar algumas sensações diante do vivido com situações altamente desgastantes. Sigilo. As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma.
118
Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto, eu ___________________________________________, estou de acordo em participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias, ficando com a posse de uma delas.
Santa Maria, ____ de __________ de 2010.
____________________________________________ _________________
Assinatura do sujeito de pesquisa N. identidade
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo.
Santa Maria, ____ de __________ de 2010.
____________________________________________
Mestranda/Pesquisadora Juliane Umann
Telefone: (55) 8125-6929
____________________________________________
Profª Coordenadora Dra Laura de Azevedo Guido
Telefone: (55) 3220-8029 ___________________________________________________________________ Em caso de duvida ou consideração sobre a ética da pesquisa entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP-UFSM, na Av. Roraima, 1000 – Prédio da Reitoria – 7º andar – Campus Universitário – 97105-900 – Santa Maria-RS. Telefone: (55) 3220-9362 – email: [email protected]
119
APENDICE C - TERMO DE CONFIDENCIALIDADE
Projeto de pesquisa: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS
HOSPITALARES
Pesquisador Responsável: Enfª. Drª Laura de Azevedo Guido
Autor: Enfª. Mst Juliane Umann
Instituição/departamento: Programa de Pós graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Maria (PPGEnf/UFSM)
Telefone para contato: (55) 81256929
Local de Coleta de dados: Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM)
Os pesquisadores do presente projeto se comprometem a preservar a privacidade dos
sujeitos cujos dados serão coletados por questionários auto-aplicáveis. Concordam,
igualmente, que estas informações serão utilizadas única e exclusivamente para execução do
presente projeto. As informações somente poderão ser divulgadas de forma anônima e serão
mantidas em planilha eletrônica no programa Excel (Office 2007) por um período de cinco
anos sob a responsabilidade do (a) Sr. (a) Drª Laura de Azevedo Guido. Após este período, os
dados serão destruídos. Este projeto de pesquisa foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da UFSM em ...../....../......., com o número do CAAE .........................
Santa Maria, .............de ............................de 2010.
.........................................................................
Drª Laura de Azevedo Guido
RG: 5007594665
COREN: 22213
120
ANEXO A
INVENTÁRIO DE ESTRESSE DE ENFERMEIROS
Leia cuidadosamente cada uma das sentenças listadas abaixo, que apontam situações
comuns à atuação do(a) enfermeiro(a).
Considerando o ambiente de trabalho onde se encontra no momento, indique se nos
últimos seis meses elas representaram para você fontes de tensão ou estresse, de acordo com a
seguinte escala:
(1) nunca (2) raramente (3) algumas vezes (4) muitas vezes (5) sempre
01. Executar tarefas distintas simultaneamente 1 2 3 4 5
02. Resolver imprevistos que acontecem no local de
trabalho
1 2 3 4 5
03. Fazer um trabalho repetitivo 1 2 3 4 5
04. Sentir desgaste emocional com o trabalho 1 2 3 4 5
05. Fazer esforço físico para cumprir o trabalho 1 2 3 4 5
06. Desenvolver atividades além da minha função
ocupacional
1 2 3 4 5
07. Responder por mais de uma função neste emprego 1 2 3 4 5
08. Cumprir na prática uma carga horária maior 1 2 3 4 5
09. Levar serviço para fazer em casa 1 2 3 4 5
10. Administrar ou supervisionar o trabalho de outras
pessoas
1 2 3 4 5
11. Conciliar as questões profissionais com as familiares 1 2 3 4 5
12. Falta de material necessário ao trabalho 1 2 3 4 5
13. Manter-se atualizada 1 2 3 4 5
14. Falta de recursos humanos 1 2 3 4 5
15. Trabalhar com pessoas despreparadas 1 2 3 4 5
16. Trabalhar em instalações físicas inadequadas 1 2 3 4 5
17. Trabalhar em ambiente insalubre 1 2 3 4 5
121
(1) nunca (2) raramente (3) algumas vezes (4) muitas vezes (5) sempre
18. Trabalhar em clima de competitividade 1 2 3 4 5
19. Relacionamento com os colegas enfermeiros 1 2 3 4 5
20. Relacionamento com a equipe médica 1 2 3 4 5
21. Relacionamento com a chefia 1 2 3 4 5
22. Trabalhar em equipe 1 2 3 4 5
23. Prestar assistência ao paciente 1 2 3 4 5
24. Prestar assistência a pacientes graves 1 2 3 4 5
25. Atender familiares de pacientes 1 2 3 4 5
26. Distanciamento entre a teoria e a prática 1 2 3 4 5
27. Ensinar o aluno 1 2 3 4 5
28. Executar procedimentos rápidos 1 2 3 4 5
29. Ter um prazo curto para cumprir ordens 1 2 3 4 5
30. Restrição da autonomia profissional 1 2 3 4 5
31. Interferência da Política Institucional no trabalho 1 2 3 4 5
32. Sentir-se impotente diante das tarefas a serem
realizadas
1 2 3 4 5
33. Dedicação exclusiva à profissão 1 2 3 4 5
34. Indefinição do papel do enfermeiro 1 2 3 4 5
35. Responsabilizar-se pela qualidade de serviço que a
Instituição presta
1 2 3 4 5
36. Impossibilidade de prestar assistência direta ao
paciente
1 2 3 4 5
37. A especialidade em que trabalho 1 2 3 4 5
38. Atender um número grande de pessoas 1 2 3 4 5
122
ANEXO B
ESCALA COPING OCUPACIONAL
A terceira parte da pesquisa tem como finalidade conhecer como as pessoas lidam com
os problemas do ambiente de trabalho. No questionário, você encontrará uma série de
afirmativas sobre possíveis maneiras de enfrentá-los.
Sua tarefa consiste em indicar com que freqüência você utiliza cada uma dessas
maneiras. Para assinalar a sua resposta, marque o número que represente melhor a sua
opinião, de acordo com a escala abaixo:
1
Nunca faço isso
2
Raramente faço
isso
3
Às vezes faço isso
4
Freqüentemente
faço isso
5
Sempre faço isso
QUANDO TENHO UM PROBLEMA NO TRABALHO, EU ...
01. converso com colegas que também estejam
envolvidos no problema
1 2 3 4 5
02. tento ver a situação como uma oportunidade para
aprender e desenvolver novas habilidades
1 2 3 4 5
03. dou atenção extra ao planejamento 1 2 3 4 5
04. penso em mim como alguém que sempre
consegue se sair bem em situações como essa
1 2 3 4 5
05. penso na situação como um desafio 1 2 3 4 5
06. tento trabalhar mais rápida e eficientemente 1 2 3 4 5
07. decido sobre o que deveria ser feito e comunico às
demais pessoas envolvidas
1 2 3 4 5
08. me esforço para fazer o que eu acho que se espera de
mim
1 2 3 4 5
09. peço conselho a pessoas que, embora estejam fora da
situação, possam me ajudar a pensar sobre o que fazer
1 2 3 4 5
10. tento modificar os fatores que causaram a situação 1 2 3 4 5
11. me envolvo mais ainda nas minhas tarefas, se acho
que isso pode ajudar a resolver a questão
1 2 3 4 5
123
1
Nunca faço isso
2
Raramente faço
isso
3
Às vezes faço isso
4
Freqüentemente
faço isso
5
Sempre faço isso
12. evito a situação, se possível 1 2 3 4 5
13. digo a mim mesmo que o tempo resolve problemas
desta natureza
1 2 3 4 5
14. tento manter distância da situação 1 2 3 4 5
15. procuro lembrar que o trabalho não é tudo na vida 1 2 3 4 5
16. antecipo as conseqüências negativas, preparando-me
assim para o pior
1 2 3 4 5
17. delego minhas tarefas a outras pessoas 1 2 3 4 5
18. mantenho a maior distância possível das pessoas que
causaram a situação
1 2 3 4 5
19. tento não me preocupar com a situação 1 2 3 4 5
20. concentro-me em fazer prioritariamente aquilo que
gosto
1 2 3 4 5
21. pratico mais exercícios físicos 1 2 3 4 5
22. uso algum tipo de técnica de relaxamento 1 2 3 4 5
23. procuro a companhia de outras pessoas 1 2 3 4 5
24. mudo os meus hábitos alimentares 1 2 3 4 5
25. procuro me envolver em mais atividades de lazer 1 2 3 4 5
26. compro alguma coisa 1 2 3 4 5
27. tiro alguns dias para descansar 1 2 3 4 5
28. faço uma viagem 1 2 3 4 5
29. me torno mais sonhador(a) 1 2 3 4 5
124
ANEXO C
QUESTIONÁRIO DE LIMITAÇÃO NO TRABALHO
Problemas de saúde podem dificultar a realização de certas tarefas referentes ao
trabalho das pessoas.
As perguntas do questionário pedem que você pense sobre sua saúde física e/ou
emocional, ou seja, qualquer problema de saúde que você já teve há algum tempo ou esteja
tendo no momento e quaisquer efeitos causados por tratamentos que você fez ou esteja
fazendo devido a algum problema de saúde física ou emocional. Problemas emocionais
podem incluir depressão ou ansiedade.
As perguntas são de múltipla escolha. Você deverá respondê-las marcando os
quadrados que retratam sua situação.
Atenção:
• Somente marque o quadrado “Não se aplica ao meu trabalho” se a pergunta descrever algo
que não faça parte do seu trabalho.
125
Estas perguntas pedem que você avalie como os PROBLEMAS FÍSICOS OU
EMOCIONAIS dificultaram a realização de tarefas de seu trabalho.
1. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo a sua saúde física e/ou seus problemas
emocionais dificultaram você a fazer as seguintes tarefas?
Todo o tempo
A maior parte do tempo
Alguma parte do tempo
(cerca de 50%)
Uma pequena parte do tempo
Nenhuma parte do tempo
Não se aplica ao
meu trabalho
a. Seus problemas dificultaram trabalhar o número de horas exigidas
1
2
3
4
5
0
b. Seus problemas dificultaram começar facilmente o trabalho, no início do dia
1
2
3
4
5
0
c. Seus problemas dificultaram começar o trabalho logo ao chegar ao local de trabalho
1
2
3
4
5
0
d. Seus problemas dificultaram fazer seu trabalho continuamente, exigindo que você parasse para pequenos intervalos ou descanso
1
2
3
4
5
0
e. Seus problemas dificultaram manter a rotina ou horário de trabalho.
1
2
3
4
5
0
126
Estas perguntas pedem que você avalie a quantidade de tempo em que você foi
CAPAZ DE FAZER certas tarefas do seu trabalho sem dificuldade.
2. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo você foi capaz de fazer as seguintes tarefas sem dificuldades causadas por sua saúde física e/ou seus problemas emocionais?
Todo o tempo
A maior parte do tempo
Alguma parte do tempo
(cerca de 50%)
Uma pequena parte do tempo
Nenhuma parte do tempo
Não se aplica ao
meu trabalho
a. Caminhar ou deslocar-se no local de trabalho (por exemplo, ir a reuniões)
1
2
3
4
5
0
b. Levantar,carregar ou mover objetos com mais que 4,5 kg no trabalho.
1
2
3
4
5
0
c. Sentar-se, ficar de pé ou permanecer na mesma posição por mais de 15 minutos enquanto trabalhava
1
2
3
4
5
0
d. Repetir várias vezes o mesmo movimento enquanto trabalhava.
1
2
3
4
5
0
e. Curvar-se, contorcer-se, ou esticar-se para alcançar objetos enquanto trabalhava.
1
2
3
4
5
0
f. Usar ferramentas ou equipamentos com as mãos (por exemplo, um telefone, uma caneta, um teclado, um mouse de computador, uma furadeira, um secador de cabelo ou uma lixa).
1
2
3
4
5
0
127
Estas perguntas referem-se às DIFICULDADES que você pode ter tido no trabalho.
3. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo a sua saúde física e/ou seus problemas emocionais dificultaram você a fazer as seguintes tarefas?
Todo o tempo
A maior parte do tempo
Alguma parte do tempo
(cerca de 50%)
Uma pequena parte do tempo
Nenhuma parte do tempo
Não se aplica ao
meu trabalho
a. Seus problemas dificultaram manter sua cabeça no trabalho
1
2
3
4
5
0
b. Seus problemas dificultaram pensar claramente enquanto trabalhava
1
2
3
4
5
0
c. Seus problemas dificultaram fazer o trabalho cuidadosamente
1
2
3
4
5
0
d. Seus problemas dificultaram concentrar-se no seu trabalho.
1
2
3
4
5
0
e. Seus problemas dificultaram trabalhar sem perder sua linha de pensamento
1
2
3
4
5
0
f. Seus problemas dificultaram ler ou usar facilmente seus olhos enquanto trabalhava
1
2
3
4
5
0
128
As próximas perguntas referem-se às DIFICULDADES COM RELAÇÃO ÀS
PESSOAS com quem você entrou em contato no trabalho. Elas incluem patrões,
supervisores, colegas de trabalho, clientes, ou o público.
4. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo a sua saúde física e/ou seus problemas emocionais dificultaram você a fazer as seguintes tarefas?
Todo o tempo
A maior parte do tempo
Alguma parte do tempo
(cerca de 50%)
Uma pequena parte do tempo
Nenhuma parte do tempo
Não se aplica ao
meu trabalho
a. Seus problemas dificultaram falar, pessoalmente, com outros em reuniões ou ao telefone.
1
2
3
4
5
0
b. Seus problemas dificultaram controlar seu temperamento ao lidar com as pessoas enquanto trabalhava
1
2
3
4
5
0
c. Seus problemas dificultaram ajudar outras pessoas a terminar o trabalho
1
2
3
4
5
0
129
Estas perguntas referem-se ao como as coisas aconteceram no trabalho, em TERMOS
GERAIS.
5. Nas 2 últimas semanas, quanto tempo a sua saúde física ou seus problemas emocionais dificultaram você fazer as seguintes tarefas?
Todo o tempo
A maior parte do tempo
Alguma parte do tempo
(cerca de 50%)
Uma pequena parte do tempo
Nenhuma parte do tempo
Não se aplica ao
meu trabalho
a. Seus problemas dificultaram dar conta da carga de trabalho
1
2
3
4
5
0
b. Seus problemas dificultaram trabalhar rápido o suficiente
1
2
3
4
5
0
c. Seus problemas dificultaram terminar o trabalho no tempo certo
1
2
3
4
5
0
d. Seus problemas dificultaram fazer o seu trabalho sem cometer erros.
1
2
3
4
5
0
e. Seus problemas dificultaram sentir que você tem realizado o que você é capaz de fazer
1
2
3
4
5
0
Questionnaire is based upon the English language version of the Work Limitations Questionnaire, © 1998, The Health Institute; Debra Lerner, Ph.D.; Benjamin Amick III, Ph.D.; and GlaxoWellcome, Inc. All Rights Reserved.
OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO!
130
ANEXO D
131
ANEXO E