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Estratégia de Lisboa pós‐2010 

 

 

A Visão Portuguesa                3 

 

Balanço dos Workshops Realizados             6 

 

Anexos 

Workshop 1: “Crescimento Económico e Sustentabilidade – Competitividade e Coesão”               13 

Workshop 2: “Modelo Social Europeu”           19 

Workshop 3: Dimensão Externa da Estratégia de Lisboa: Visão, Apropriação e Governação              22 

 

 

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Estratégia de Lisboa pós‐2010 

 

A Visão Portuguesa 

Portugal  considera  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós‐2010  e  o  Tratado  de  Lisboa  são  os  dois pilares estruturantes da consolidação do projecto europeu no quadro de mudança disruptiva que se verifica no mundo. 

 Essa convicção é reforçada pelo papel importante que a Estratégia de Lisboa teve como matriz agregadora  da  resposta  europeia  á  crise,  demonstrando  a  flexibilidade  e  a  resiliência  das prioridades definidas para o Novo Ciclo 2008/2010. 

Com o objectivo de contribuir para a formulação duma Estratégia de Lisboa pós 2010 à altura dos desafios que  se  colocam á União Europeia, Portugal elaborou uma posição de princípio sobre  o  futuro  da  Estratégia  de  Lisboa  no  quadro  da  preparação  do  documento  que  a Comissão Europeia submeteu ao Conselho Europeu da Primavera de 2008. 

Dando  sequência  às  decisões  desse  Conselho  foi  implementada  uma  estratégia  de  debate público  das  linhas  orientadoras  da  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  que  culminou  com  a realização  dum  Workshop  cujo  programa,  conclusões  gerais  e  conclusões  temáticas  se anexam. 

Entendemos que é fundamental o envolvimento dos parceiros sociais e dos cidadãos europeus no debate e na formulação da Estratégia de Lisboa pós 2010.  

Prosseguiremos por  isso em Portugal o processo de debate alargado, ao mesmo  tempo que faremos da  implementação em concreto do Programa Nacional de Reformas 2008/2010 uma boa prática mobilizadora para os novos desafios. 

Tendo em conta o mandato da Comissão Europeia para o lançamento no inicio do Outono dum debate  alargado  sobre  a Estratégia de  Lisboa pós 2010  consideramos  relevante  e oportuno enviar  formalmente  os  documentos  resultantes  do  debate  público  decorrido  até  agora  em Portugal. 

Para  além  de  disponibilizar  as  conclusões  e  a  síntese  do  debate  realizado,  importa  ainda sublinhar como  introdução política ao documento, as 4  linhas de força que emergiram como fundamentais para enquadrar uma Estratégia de Lisboa pós 2010 bem sucedida. 

 

1. Uma estratégia política  

Entendemos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  que  constituir  uma  resposta política e não uma  resposta  técnica aos desafios europeus e  ser assumida  como  tal 

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pelas  instituições  europeias,  nacionais,  regionais  e  locais.  Uma  resposta  política implica compromissos fortes e escrutináveis nos diversos patamares. 

A dimensão política é também condição necessária para que seja assumida em pleno a dimensão externa da Estratégia de Lisboa pós 2010. 

 No  novo  quadro  competitivo  global  a  convergência  numa  Estratégia  política  de afirmação interna e externa é fundamental para garantir a capacidade de influência da UE  na definição de quadros  regulatórios  e de normas  concorrenciais  sustentáveis  e favoráveis aos padrões e aos valores em que assenta o projecto europeu. 

Uma Estratégia Política matricial, com dimensões  territoriais diversas, necessita para ser consistente, de ser ancorada numa Rede de Coordenadores Nacionais reconhecida, com parâmetros de missão e estatuto concertados e respeitados por todos os Estados Membros e pelos órgãos da União.      

2. Uma estratégia integrada  

Consideramos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  deve  ser  um  referencial  de convergência  para  as  Estratégias  sectoriais  no  quadro  da  EU,  não  forçando  uma integração artificial mas definindo mecanismos de coordenação que conduzam a uma harmonização interactiva, necessária face á progressiva diluição de fronteiras entre as dimensões económicas, sociais e ambientais das dinâmicas de desenvolvimento.  

A Estratégia de Lisboa pós 2010 deve ter como referência de elaboração a ambição de uma  Europa  verde,  baseada  na  sustentabilidade  dos  processos  económicos,  dos modelos  sociais  e  dos  impactos  ambientais,  fazendo  do  combate  às  alterações climáticas um motor de reconfiguração e modernização da sociedade europeia.  

3. Uma estratégia ambiciosa  

A afirmação global da União Europeia pressupõe a liderança em sectores estratégicos e de fronteira tecnológica.  

Em particular, domínios em que a Europa enfrenta uma ameaça competitiva como a energia,  o  envelhecimento  populacional  ou  a  qualidade  ambiental,  devem  ser transformados  em  áreas  de  oportunidade  e  liderança,  designadamente  as  energias renováveis, os novos modelos de produção eficiente, as novas respostas de saúde e as redes de nova geração.  

A  consolidação  de  lideranças  no  quadro  da  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  deve privilegiar o modelo inclusivo subjacente ao Método Aberto de Coordenação, mas não pode descartar a aplicação de cooperações reforçadas específicas, para objectivos que não possam ser prosseguidos sem esse reforço de compromisso.  

 

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4. Uma estratégia mobilizadora  

A  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  que  conectar  a  inovação  às  pessoas,  gerando novas  atitudes  e  novas  oportunidades.  A  medição  do  seu  sucesso  deve  como indicadores  últimos  as  oportunidades  emprego  ou  de  actividade  empreendedora geradas e a qualidade dessas oportunidades, assim como a riqueza criada num quadro de equidade e sustentabilidade. 

A  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  por  isso  que  ser  flexível,  adequada  aos  ciclos políticos  e  avaliada  em  termos  de  progresso  relativo  e  grau  de  concretização  de objectivos assumidos por cada Estado Membro no quadro da União. 

Este  modelo  implica  um  processo  político  de  contratualização  de  objectivos  e  de definição de contrapartidas no âmbito do quadro financeiro global da União, seja nas perspectivas  financeiras,  seja  na  aplicação  das  políticas  comuns  de  crescimento  e estabilidade macroeconómica. 

 

   

  

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Estratégia de Lisboa pós 2010 

Balanço dos Workshops Realizados 

 

Contexto 

Uma  reflexão sobre os contornos que a Estratégia de Lisboa deverá assumir no período pós 2010 terá forçosamente de considerar como pano de fundo uma análise actual mas também prospectiva  do  contexto  económico  e  dos  elementos  que  condicionam  o  futuro  cenário económico – como, por exemplo, o envelhecimento das populações, as alterações climáticas ou  a  sustentabilidade  no  fornecimento  energético.  A  análise  deve  também  levar  em consideração  a  necessidade  de  encarar  as  políticas  sociais,  não  apenas  na  sua  vertente “reparadora”  de  situações  menos  favoráveis  ou  desfavoráveis,  mas  como  promotoras  de dinâmicas sociais de desenvolvimento. 

O  futuro  da  competitividade  da  UE  poderá  assentar  numa  nova  lógica  internacional  de mercados  e  produtos  baseada,  em  grande  medida,  na  economia  verde  ‐  empresas  de tecnologias limpas, industrias ambientais, entre outras ‐ e de informação. O futuro da UE passa também por assegurar a segurança e estabilidade no abastecimento da energia à União, pelo papel motor das energias renováveis e da inovação industrial na transição para um paradigma de baixo carbono, essencial para um combate efectivo às alterações climáticas.  

O  reforço  da  empregabilidade  dos  trabalhadores;  o  estímulo  à  criação  de  empresas  e  à inovação;  a  importância  do  papel  da  educação  e  da  aprendizagem  ao  longo  da  vida;  são algumas  das  áreas  que  a  UE  deve  dar  prioridade  na  definição  das  suas  políticas  de desenvolvimento.  

 

Dimensão externa 

A dimensão externa da Estratégia de Lisboa deverá desempenhar um papel fundamental na competitividade  da  União  Europeia  no  mundo,  bem  como  no  reforço  do  seu  papel  na governação a um nível global. Como forma de “exportar” a Estratégia de Lisboa e de conseguir que  os  valores  europeus  possam  inspirar  outras  grandes  regiões,  afigura‐se  igualmente fundamental  introduzir sistematicamente nas agendas das Cimeiras da União a preocupação com  a  abertura  dos  mercados,  com  a  convergência  de  regras  e  com  a  cooperação regulamentar. 

Para  promover  a  dimensão  externa  o  primeiro  passo  é  assegurar  uma  forte  coordenação interna  à  UE,  que  se  traduza  numa  actuação  coerente  e  concertada  em  todos  os  canais 

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disponíveis:  relacionamento  bilateral  dos  EM,  relacionamento  bilateral  da  UE  e relacionamento  multilateral.  Contudo,  nem  sempre  é  fácil  conseguir  a  convergência  de diferentes  interesses  nacionais;  só  com  solidariedade  dentro  da  UE  e  ultrapassando “egoísmos” nacionais se poderá alterar o actual status quo. 

O  futuro  do  comércio  internacional  estará  centrado, mais  do  que  na  clássica  redução  das tarifas, no relacionamento e no diálogo entre países e nas barreiras não‐tarifárias (regulação, regras e comportamentos) que dificultam a troca de produtos e sobretudo a de serviços. Esta nova abordagem, mais política e menos técnica, exige um compromisso político alargado para que  a  abertura  do  comércio  internacional  contribua  efectivamente  para  o  crescimento económico a nível global. 

Deverá também ter‐se em consideração a coerência das políticas “internas” com as políticas “externas”  no  seio  da  Estratégia.  O  reforço  do  enfoque  na  competitividade  não  deixa  de constituir um apelo a que a estratégia de crescimento da União tome em devida linha de conta os parceiros comerciais (e de investimento) da EU. Ao mesmo tempo, nas relações económicas com  esses  parceiros,  devem  ser  veiculadas  as  prioridades  da  estratégia  de  Lisboa.  Tal  se consubstancia na promoção dos  standards  seguidos pela UE  (em matéria  social,  ambiental, etc.) no contexto daquelas relações. 

Por fim, saliente‐se que o Tratado de Lisboa reforçará a capacidade de afirmação externa da UE, permitindo um processo de tomada de decisão mais rápido através de um número mais alargado de decisões por co‐decisão e por maioria qualificada, reforçando o papel estratégico e de coordenação do CAGRE, atribuindo uma maior capacidade à UE para agir noutras políticas e desenvolvendo um quadro institucional que facilita a coerência e a eficácia da acção externa. 

 

Competitividade e Coesão  

A  Estratégia  de  Lisboa  deve  centrar‐se  no  conceito  de  desenvolvimento  sustentável:  neste contexto, a vertente ambiental é pilar fundamental deste conceito, bem como o pilar social. 

A  Estratégia  deve  cobrir  todos  os  factores  que  condicionam  a  criação  de  empregos sustentáveis; ela deverá, assim, dar coerência ao conjunto de instrumentos que estimulam os factores de produtividade, empregabilidade e de competitividade na UE. 

As  áreas  de maior  competitividade  deverão  andar  em  torno  da  energia,  da  educação  e  da formação, no sentido de um novo paradigma de desenvolvimento. Sectores como o turismo, as tecnologias de  informação e comunicação, a saúde ou os transportes (enquanto  indústrias com  potencial  de  inovação) merecerão  ter  o  seu  espaço  na  Estratégia,  na medida  em  que importa estimular a sua produtividade, competitividade e capacidade de criação de emprego. Entre os  factores‐chave para  reforçar a produtividade e a competitividade, destacados pelos intervenientes, contam‐se a inovação, o empreendedorismo e a assunção do risco. 

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Alguns  intervenientes  indicaram  a  concorrência  fiscal  entre  Estados  Membros  como constituindo um entrave à consolidação na  implementação, e à coesão na aplicação, de uma Estratégia promotora do desenvolvimento económico (a par do desenvolvimento ambiental e social) no conjunto da UE.    

A coerência entre as várias políticas que compõem a Estratégia de Lisboa deve ser reforçada (coesão/competitividade,  energia/ambiente,  etc.)  logo  na  altura  da  sua  concepção,  mas também  ao  longo  da  respectiva  implementação.  Onde  se  constate  que  a  integração  de domínios  de  política  em  instrumentos  comuns  torna  difícil  a  sua  implementação  prática, dever‐se‐á pelo menos assegurar que a prossecução dos objectivos desses domínios é feita em harmónio. 

Na medida  em  que  se  espera  que  a  Estratégia  promova  a  empregabilidade  dos  cidadãos europeus,  a  interacção  da  parte  “competitividade”  da  Estratégia  com  a  sua  parte  mais “social” é crucial. Não  se esperando que esgote a vertente  social da Estratégia de Lisboa, o mercado de  trabalho é o domínio onde se cruzam as preocupações económicas e sociais da mesma,  e  onde  se  promove  em  simultâneo  a  produtividade,  a  empregabilidade  e  a competitividade: o reforço da participação efectiva no mercado de trabalho – isto é, assegurar que existem condições de empregabilidade dos trabalhadores ao longo da sua vida activa – é essencial para o reforço da produtividade e da inovação, e em simultâneo promove a inclusão e o combate às desigualdades sociais. 

Interacção  com  a  parte  ambiental  fortemente  assente  no  domínio  energético.  O  sector energético, claramente  reconhecido pelos participantes como parte  integrante da Estratégia de Lisboa, constitui a principal ponte entre as vertentes económica e ambiental da mesma. Foi dado destaque a questões como a  importância de  se assegurar  segurança e estabilidade no abastecimento  da  energia  à  União  e  o  papel‐motor  das  energias  renováveis,  dos biocombustíveis e da  inovação  industrial na  transição para um paradigma de baixo carbono, essencial para um combate efectivo às alterações climáticas.  

O  papel  central  da  educação  e  da  formação.  Para  a  referida  empregabilidade  dos trabalhadores, mas também para potenciar a criação de empresas, logo de postos de trabalho, importa reconhecer o papel da educação e da formação ao  longo da vida. A educação para a vida activa, se assente na ideia de “literacia técnica”, permitirá aos trabalhadores manterem‐se “empregáveis”. Ao mesmo tempo, torna‐se urgente aumentar a  integração da educação para o empreendorismo e para  comportamentos mais  “risk‐taking”  (i.e., a assunção de  riscos), e criativos. Estes elementos permitirão  reforçar os  factores “iniciativa” e “inovação” na União. Os participantes colocaram clara ênfase na educação básica generalizada de alta qualidade e na  importância de  integrar aquelas preocupações nos curricula das crianças europeias desde cedo. 

 

Dimensão Social 

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As  políticas  sociais  deverão  ser  encaradas,  não  apenas  na  sua  vertente  “reparadora”  de situações menos  favoráveis ou desfavoráveis, mas como promotoras de dinâmicas sociais de desenvolvimento. 

Momento  de  viragem,  enquanto  oportunidade  para  alterar  as  políticas  europeias:  maior europeização das políticas nacionais ou inicio de processos de re‐nacionalização? 

Lições dos últimos 10 anos e o horizonte de 2020: 

• Trade‐off  entre  os  grandes  objectivos  e  ambições  de  carácter  normativo  e  a capacidade de europeizar as políticas domésticas; 

• A UE continua a ter uma grande capacidade para  formatar as agendas nacionais, pelo  que  os  EM  devem  fazer  o  possível  por  reflectir  as  suas  preferências domésticas ao nível comunitário; 

• Perda  de  relevo  político  dos  processos  europeus  ligados  às  políticas  sociais  – importância de “etiquetas” tipo flexigurança; 

• Uma ideia  “abandonada”, mas que poderia ser recuperada foi a do diálogo social autónomo e bipartido. Poder‐se‐ia procurar um diálogo social de nível intermédio, que esteja para além do nacional, mas que não  implique uma concertação a 27. Uma  possibilidade  realista  seria  o  relacionado  com  os  acordos  de  geometria variável ou de progressão por clusters; 

• Outra  possibilidade  passa  por,  mantendo  a  centralidade  do  tema  “emprego”, complementá‐lo  com  outras  dimensões  sociais  (formação  de  activos/  coesão social; níveis de desigualdade/ pobreza); 

 

Entre as prioridades foram abordadas questões como a importância da Inovação Social (e não apenas  inovação  tecnológica)  aliada  ao  empreendedorismo  social,  sem  esquecer  que  as respostas  sociais  têm uma duração  específica  (caducam  no  tempo), o  que  também  exige  a aposta na  I&D na  área  social.  Foi  também  focada  a necessidade de novos  instrumentos de qualificação dos actores sociais e de disseminação de boas‐práticas. 

A  Inclusão das políticas de  imigração na Estratégia deve estar mais associada à dimensão da competitividade e da resposta às questões do envelhecimento da população, mas também à questão da diversidade cultural e sustentabilidade do modelo social europeu. 

Foram  abordadas  também  as  questões  das  Desigualdades  sociais  e  pobreza,  bem  como  a necessidade do desenvolvimento de políticas de inclusão social activa, tendo em conta as suas três dimensões essenciais:  rendimento mínimo,  inserção no mercado de  trabalho e acesso a serviços sociais de qualidade. 

 

Governação 

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Coerência  com  outras  políticas  da União  e  dos  Estados Membros.  Importa  assegurar  uma reforçada coerência entre as políticas (macro, micro e para o mercado de trabalho) cobertas pela Estratégia e outras políticas da UE. Salientado foi, por exemplo, o caso da política para a imigração  que,  tal  como  as  políticas  para  a  família,  deverão  ser  consistentes  com  as preocupações  em  matéria  de  envelhecimento  das  populações,  e  com  a  necessidade  de assegurar uma taxa de actividade (taxa de participação no mercado de trabalho) crescente na UE. 

Resultados palpáveis e acessibilidade às empresas e aos  cidadãos. A Estratégia deverá  ser abrangente mas  focalizada, o que quer dizer que em vez de dar orientações excessivamente genéricas, deve permitir ser concreta e consequente. Para tal, é importante que o alcance e os resultados  da  Estratégia  sejam  compreendidos  pelos  cidadãos  e  pelas  empresas.  Mais,  é importante  uma  Estratégia  de  Lisboa  que  esteja  ao  serviço  do  grosso  dos  cidadãos  e  das empresas.  Tal  implica  que  a  Estratégia  de  Lisboa  não  seja  uma  Estratégia  unicamente orientada para as “élites” da União.  

A Estratégia de Lisboa  também deverá desbloquear as condições para que estas empresas possam ganhar dimensão, produtividade e competitividade externa, o que ao mesmo tempo reforçará o seu potencial de empregabilidade. De forma análoga, o aumento generalizado do nível de qualificações afigura‐se a única  forma de aumentar a empregabilidade do  conjunto dos cidadãos europeus. 

Ainda  que  as  empresas  mais  inovadoras  ou  tecnologicamente  mais  avançadas,  ou  os trabalhadores altamente qualificados mereçam um espaço próprio no seio da Estratégia (note‐se que os participantes  indicaram claramente que os  instrumentos devem entrar em  linha de conta  com  a  especificidade  dos  vários  beneficiários  e  sectores  de  actividade),  há  que  ter sempre  presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de produtividade do conjunto da União, é necessário que a Estratégia se dirija à base produtiva da UE  no  seu  conjunto.  Nesse  contexto,  há  que  reconhecer  que  o  tecido  produtivo  da  UE  é maioritariamente  constituído  por  pequenas  e  médias  empresas,  muitas  das  quais  serão microempresas. Assim, a Estratégia deve orientar‐se para a promoção de melhores condições de funcionamento destas.  

Resultados  também no  curto prazo. Tratando‐se de uma Estratégia para o  crescimento e o emprego da UE,  fortemente assente num programa de  reformas estruturais, a Estratégia de Lisboa orienta‐se naturalmente para o médio/longo prazo: com efeito, o prazo dentro do qual é  razoável  esperar  resultados  palpáveis  da  Estratégia  deverá  ser  coerente  com  a  natureza estrutural de parte  significativa das políticas,  iniciativas e  instrumentos por ela cobertos. No entanto, os participantes não deixaram de salientar a  importância de promover (pelo menos alguns) resultados visíveis num prazo mais imediato. 

Destaca‐se  a  necessidade  da  aperfeiçoar  o  Método  Aberto  de  Coordenação,  através  da melhoria da cooperação entre EM e entre actores sociais, complementado com a melhoria da hard  law, bem como o reforço da cooperação entre os actores dentro cada Estado‐membro, de forma horizontal e vertical. Salienta‐se ainda a Importância de fazer reflectir tanto quanto 

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possível  as preferências nacionais no nível  comunitário,  incluindo o  seu  reflexo  ao nível do orçamento da EU. 

Empowerment. Debateu‐se também a necessidade de fomentar um maior empowerment que deverá  traduzir‐se  num  forte  compromisso  político  em  todos  os  níveis  de  intervenção  da Estratégia.  Num  plano  nacional,  o  reforço  do  empowerment  pode  ser  conseguido, nomeadamente,  por  uma maior  incorporação  da  Estratégia  de  Lisboa  nos  programas  dos governos,  é  também  fundamental  o maior  envolvimento  dos  parlamentos  nacionais. Neste âmbito,  importa  ainda  valorizar  junto  dos  cidadãos  as  reformas  estruturais  levadas  a  cabo internamente  e  que  decorrem  ou  se  cruzam  com  o  contexto  da  EL.  A  nível  europeu  a apropriação política deverá  ser  reforçada, em particular através do maior envolvimento das várias  formações do Conselho e do papel de coordenação do CAGRE e do Conselho Europeu valorizando,  também,  a  importância  de  iniciativas  comuns  e  promovendo  um  melhor enquadramento e articulação dos coordenadores nacionais que é actualmente deficitário. 

Necessidade  de maior  harmonização  dos  perfis  dos  coordenadores  nacionais  da  EL,  bem como  da Rede.  Refira‐se,  por  um  lado,  a  importância  de  serem  dotados  de  capacidade  de decisão política e de proximidade aos Primeiros‐ministros dada a transversalidade sectorial da Estratégia.  Por  outro  lado,  afigura‐se  igualmente  central  que  os  coordenadores  nacionais tenham uma efectiva capacidade executiva que confira flexibilidade e operacionalidade à sua actuação 

No  que  respeita  à  avaliação  e  monitorização  pode  salientar‐se  que,  não  obstante  a importância de manter objectivos comuns, deve equacionar‐se em paralelo a possibilidade de introduzir  metas  e  indicadores  mais  adaptados  a  cada  EM  que  permitam  atender  às diferenciações nacionais que importa valorizar.  As metas devem ser realista smas ambiciosas e  os  indicadores  devem  ser  construídos  de  forma  a  permitir,  para  além  das  habituais caracterizações  absolutas  mas  estáticas,  medir  também  o  progresso  relativo  dos  países, permitindo, desta forma, contemplar as desiguais situações de partida. 

 Metodologia  

Reforço  da  apropriação  da  Estratégia  a  nível  político.  Enquanto  estratégia  para  o desenvolvimento  económico  e  social  da  UE,  a  Estratégia  consubstancia  um  conjunto  de prioridades de política económica e para o mercado de trabalho. É essencial que esse conjunto de prioridades seja subscrito ao mais elevado nível político. É igualmente necessário reforçar a responsabilização  e  apropriação  política  dos  planos  nacionais  que  implementam  as orientações da Estratégia, bem como dos respectivos resultados. 

Responsabilização versus controlo. É importante reforçar a apropriação da Estratégia também por  parte  dos  intervenientes  na  sua  execução.  No  entanto,  a  responsabilização (“accountability”) de tais  intervenientes não deve seguir uma  lógica de controlo excessivo da sua implementação. 

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Indicadores  quantitativos  e  qualitativos.  Parte  da  apropriação  passa  por  assegurar  uma monitorização da implementação da estratégia com base em indicadores. Os mesmos deverão tratar‐se essencialmente de indicadores quantitativos, mas que sejam susceptíveis de reflectir também os resultados qualitativos da  implementação da estratégia. A escolha de  indicadores deve ser muito cuidadosa, devendo ser dada prioridade aos que podem dar uma perspectiva dinâmica e relativa (comparada) dos resultados.  

Utilização  integral da  “caixa de  ferramentas” da Estratégia. Para  ser eficaz, é  fulcral que a Estratégia de Lisboa continue a explorar ao máximo a metodologia à sua disposição, desde as iniciativas das  Instituições comunitárias plasmadas no Programa Comunitário de Lisboa até à “transmissão”  de  orientações  comuns  aos  planos  nacionais  de  reforma,  passando  pela aplicação  do método  aberto  de  coordenação  e  da  troca  de  boas  práticas  em  domínios  de competência dos Estados Membros. 

Meios necessários. A Estratégia de Lisboa deve encontrar‐se equipada dos meios (incluindo os meios  financeiros  a  nível  da UE)  necessários  a  produzir  os  resultados  a  que  as  respectivas políticas e instrumentos se propõem.  

A  lógica de  funcionamento dos  instrumentos é  igualmente  importante. O montante afecto aos  instrumentos  que  implementam  a  Estratégia  de  Lisboa  não  é  a  única  variável  que determina o  sucesso na obtenção de  resultados: é essencial assegurar que os  instrumentos funcionam bem. Primeiro, a utilização dos meios deverá estar efectivamente à disposição dos operadores económicos: uma subutilização destes meios poderá sugerir que os mesmos foram mal  desenhados  ou  são  largamente  inacessíveis  a  vastos  grupos  de  cidadãos  ou  empresas. Aqui, é crucial que tais meios sejam amplamente divulgados e desburocratizados. 

Os instrumentos podem promover a coerência das várias vertentes da Estratégia. A título de ilustração, alguns participantes salientaram que a “lisbonização” dos fundos comunitários por meio  do  “earmarking”  não  é  suficiente  para  assegurar  que  os  objectivos  da  Estratégia  se encontrem cabalmente reflectidos nestes instrumentos e na utilização que deles é feito pelos Estados Membros. Foi sugerida uma “lisbonização” dos critérios que os projectos concorrentes à  utilização  desses  fundos  devem  cumprir  (por  exemplo,  entrar‐se  em  linha  de  conta,  na avaliação de um projecto de investimento, do seu potencial de empregabilidade).  

  

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ANEXOS 

Relatos dos Workshops Realizados no  

CENTRO CULTURAL DE BELÉM 

26 DE JUNHO DE 2009 

 

Workshop 1: “Crescimento Económico e Sustentabilidade – Competitividade e Coesão” 

 

A sessão dedicada ao  tema “Crescimento Económico e Sustentabilidade – Competitividade e Coesão” teve por base um documento de trabalho da autoria do Professor José Maria Brandão de  Brito,  e  foi  pautada  por  uma  muito  participada  troca  de  impressões  sobre  a  futura configuração da Estratégia de Lisboa no período pós 2010 nos referidos domínios. Da síntese dos  contributos  apresentada  de  seguida,  foi  escolha  dos  relatores  excluir  aqueles  que implicariam  uma  alteração  das  competências  das  instituições  da  UE  e/ou  dos  Estados Membros apenas implementáveis através de uma alteração aos Tratados. 

 

O novo contexto onde a Estratégia se desenrola 

Uma  reflexão sobre os contornos que a Estratégia de Lisboa deverá assumir no período pós 2010  deverá  forçosamente  ter  como  pano  de  fundo  uma  análise  actual  mas  também prospectiva  do  contexto  económico  e  dos  elementos  que  condicionam  o  futuro  cenário económico – como, por exemplo, o envelhecimento das populações, as alterações climáticas ou  a  sustentabilidade  no  fornecimento  energético.  Deverá  também  levar  em  conta  as características da crise económica que se  faz sentir e a  ideia central de que o modelo social Europeu está a  ter, e  irá previsivelmente  continuar a  ter,  custos  crescentes. Como pano de fundo  fica a  ideia que outras  regiões, estão a  ter mais  sucesso no aumento do  seu nível de vida, sem que isso esteja necessariamente associado a uma estratégia do tipo da Estratégia de Lisboa e respectivo modelo social. 

 

Abrangência  e  Coerência  da  Estratégia  de  Lisboa:  A  Necessidade  de  Resultados  sentidos pelos cidadãos e empresas 

A  Estratégia  deverá  ser  abrangente  mas  focalizada,  o  que  quer  dizer  que  deve  evitar orientações excessivamente genéricas e ser concreta e consequente.  

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Para a sua apropriação é importante que os seus objectivos e resultados sejam compreendidos pelos cidadãos e pelas empresas. Para tal tem que ser uma Estratégia que esteja ao serviço do grosso  dos  cidadãos  e  das  empresas.  Tal  implica  que  a  Estratégia  de  Lisboa  não  seja  uma Estratégia  unicamente  orientada  para  as  “élites”  da  União.  Ainda  que  as  empresas  mais inovadoras ou tecnologicamente mais avançadas, ou os trabalhadores altamente qualificados, mereçam relevância no seio da Estratégia como impulsionadoras de progresso (note‐se que os participantes indicaram claramente que os instrumentos devem entrar em linha de conta com a especificidade dos vários beneficiários e sectores de actividade), há que ter sempre presente que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de  produtividade  do conjunto  da  União,  é  necessário  que  a  Estratégia  se  dirija  à  base  produtiva  da UE  no  seu conjunto.  Nesse  contexto,  há  que  ter  presente  que  o  tecido  produtivo  da  UE  é maioritariamente  constituído  por  pequenas  e  médias  empresas,  muitas  das  quais microempresas.  Assim,  a  Estratégia  deve  ter  em  conta  também  a  promoção  das melhores condições  para  que  estas  empresas  possam  ganhar  dimensão,  produtividade  e competitividade  externa,  o  que  ao  mesmo  tempo  reforçará  o  seu  potencial  de empregabilidade. De forma análoga, o aumento generalizado do nível de qualificações afigura‐se  a  única  forma  de  aumentar  a  empregabilidade  do  conjunto  dos  cidadãos  europeus.  A Estratégia deve cobrir  todos os  factores que condicionam a criação de emprego sustentável; ela deverá, assim, dar coerência ao conjunto de  instrumentos que estimulam os  factores de produtividade, empregabilidade e de competitividade na UE.  

 

As  intervenções  dos  participantes  foram  bastante  claras  no  que  respeita  às  dúvidas  que  o actual modelo de gestão macroeconómica levanta. Se por um lado se trata de uma política que sobrevaloriza os  riscos de  inflação,  ganhando‐se uma política  social  assente  em  regimes de baixa inflação, por outro esta mesma política de baixa inflação não favorece o crescimento e a criação de emprego.  Foram  também  levantadas questões  já  antigas mas  ainda por  resolver que  dizem  respeito  à  necessária  harmonização  fiscal  no  espaço  europeu.  Foi  também relembrado  que  as  políticas  salariais  estão  no  essencial  indexadas  a  diferentes modelos  de concertação social a nível nacional, não havendo (dificilmente se vislumbra que possa haver) uma  política  comunitária  de  harmonização  salarial.  Trata‐se  de  aspectos  essenciais  em qualquer política de crescimento económico e que no entanto são pouco abordados no quadro da Estratégia de Lisboa. O mesmo no que respeita à política de concorrência que no essencial continua a ter enormes assimetrias e especificidades em diferentes Estados Membros. 

A  vertente  ambiental,  como  condicionante  da  competitividade  foi  também  abordada  e considerada como pilar fundamental. 

Ao  nível  micro  foi  também  recomendado  uma  maior  atenção  aos  aspectos  intangíveis associados  à  inovação  organizacional,  considerados  bem  mais  pertinentes  para  a produtividade, que a inovação tecnológica strictu sensus. Por outro lado, foi também lembrado que  a  Europa,  ao  contrário  dos  EUA,  aposta muito  em  I&D mas  em  sectores  que  não  têm grande margem  de  progressão.  A  inovação  em  associação  ao  novo  contexto  de  crise,  foi 

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considerada um aspecto essencial. Contudo, o que mais releva são os aspectos sistémicos da inovação  (a  inovação  em  rede),  as  interacções  entre  actores,  uma  maior  actuação  na mobilidade, nos transportes na saúde, etc. Também a inadequação do actual quadro de registo de patentes a nível Europeu, e a crescente substituição de actividades de I&D pelo registo de patentes nacionais  e  europeias,  contrasta  com os novos modelos da  inovação  aberta  e  em rede,  que  em  parte  estão  na  base  dos  actuais  sucessos  empresariais  que mais  facilmente resistem à crise. 

Uma discussão em torno dos vários domínios da Estratégia de Lisboa 

 

Os  intervenientes destacaram como áreas de relevância crescente a energia, a educação e a formação. Mas sectores como o turismo, as tecnologias de informação e comunicação, a saúde ou  os  transportes  (enquanto  indústrias  com  potencial  de  inovação)  merecerão  ter  o  seu espaço  na  Estratégia,  na  medida  em  que  importe  estimular  a  sua  produtividade, competitividade e capacidade de criação de emprego. Entre os factores‐chave para reforçar a produtividade e a competitividade, destacados pelos  intervenientes, contam‐se a  inovação, o empreendedorismo e a assunção do risco. A  importância da coesão territorial foi  igualmente destacada 

A coerência entre as várias políticas que compõem a Estratégia de Lisboa deve ser reforçada (coesão/competitividade,  sustentabilidade,  etc.)  logo  na  altura  da  sua  concepção,  mas também ao logo da respectiva implementação.  

Deve‐se pensar em  ter políticas de  inovação e competitividade com preocupações  sociais e, por  outro  lado,  ter  políticas  de  coesão  com  preocupações  económicas.  Os  dois  domínios funcionam em harmónio, um compensando e complementando o outro. 

Deve‐se  também  procurar  áreas  onde  a  integração  seja  possível.  Por  exemplo,  nos  fundos estruturais e de coesão  (em particular na gestão dos sistemas de  incentivo) devia‐se  ter em atenção a empregabilidade e a educação e formação. Actualmente, a decisão dos programas operacionais  serem  mono‐fundo  dificulta,  se  não  mesmo  impede,  a  integração  de instrumentos que favoreçam simultaneamente a competitividade e o emprego. Outro exemplo é o de não haver integração entre a política de transporte ferroviário de mercadorias e outros domínios  que  ela  serve,  em  particular  a  economia  verde,  a  empregabilidade  e  a  coesão territorial.  Também  a  política  de  cidades,  nas  suas  várias  vertentes,  é  um  exemplo  de  não integração com políticas de competitividade e de coesão territorial 

Importa ainda assegurar uma  reforçada  coerência entre as políticas  (macro, micro e para o mercado  de  trabalho)  cobertas  pela  Estratégia  e  outras  políticas  da UE.  Salientado  foi,  por exemplo, o caso da política para a imigração que, tal como as políticas para a família, deverão ser consistentes com as preocupações em matéria de envelhecimento das populações e com a necessidade  de  assegurar  uma  taxa  de  actividade  (taxa  de  participação  no  mercado  de trabalho) crescente na UE. 

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Um outro aspecto importante é a coerência das políticas “internas” com a dimensão externa. O reforço do enfoque na competitividade, acima referido, não deixa de constituir um apelo a que  a  estratégia  de  crescimento  da  União  tome  em  devida  linha  de  conta  os  parceiros comerciais (e de  investimento) da UE; ao mesmo tempo, nas relações económicas com esses parceiros, devem ser veiculadas as prioridades da Estratégia de Lisboa. Tal consubstancia‐se na promoção dos  standards  seguidos pela UE  (em matéria  social,  ambiental,  etc.) no  contexto daquelas relações. 

 

A interacção da parte “competitividade” da Estratégia com a sua parte mais “social” é crucial, mesmo centrando a empregabilidade dos cidadãos europeus como o seu objectivo central. A qualidade do mercado de trabalho é um domínio onde se cruzam as preocupações económicas e  sociais  e  onde  se  promove  em  simultâneo  a  produtividade,  a  empregabilidade  e  a competitividade: o reforço da participação efectiva no mercado de trabalho – isto é, assegurar que existem condições de empregabilidade dos trabalhadores ao longo da sua vida activa – é essencial para o reforço da produtividade e da inovação, e em simultâneo promove a inclusão e o combate às desigualdades sociais. 

 

Uma estratégia assente numa visão pós‐crise 

De  certa  forma  a  reflexão  também  abordou  o  que  será  a  economia  do  pós‐crise.  Foi consensual entre os participantes a existência de um hiato de visão e  liderança. Não é claro quais irão ser os novos drivers pós crise. Se, por um lado, o binómio energia ambiente parece ser  seguramente  um  eixo,  há  ainda  um  aprofundamento  a  fazer  da  economia  baseada  no conhecimento.  

Considerou‐se  fundamental  tratar  o  sector  energético  como  a  principal  ponte  entre  as vertentes económica e ambiental da Estratégia de Lisboa. Foi dado destaque a questões com a importância de se assegurar a segurança e estabilidade no abastecimento da energia à União, e ao papel motor das energias  renováveis, dos bioc‐ombustíveis e da  inovação  industrial na transição  para  um  paradigma  de  baixo  carbono,  essencial  para  um  combate  efectivo  às alterações climáticas.  

Para a referida empregabilidade dos trabalhadores, mas também para potenciar a criação de empresas,  logo  de  postos  de  trabalho,  importa  reconhecer  o  papel  da  educação  e  da formação ao  longo da vida. A educação para a vida activa,  se assente na  ideia de  “literacia técnica”, permitirá aos trabalhadores manterem‐se “empregáveis”. Ao mesmo tempo, torna‐se  urgente  aumentar  a  integração  da  educação  para  o  empreendedorismo  e  para comportamentos mais  “risk‐taking”  (i.e.,  a  assunção de  riscos),  e  criativos.  Estes  elementos permitirão reforçar os factores “iniciativa” e “inovação” na União. Os participantes colocaram clara ênfase na educação básica generalizada de alta qualidade, e na  importância de  integrar aquelas preocupações nos curricula das crianças europeias desde cedo. 

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Governança, instrumentos e responsabilização 

Foi  também  consensual  entre  os  participantes  que  os  desafios  lançados  por  Kok  em  2004 continuam ainda presentes, e que seja qual for a Estratégia pós 2010 no novo contexto, há que repensar  o modelo  de  governança multinível,  o  portfolio  de  instrumentos  que  o  serve  e  a responsabilização. Por exemplo, os participantes  referiram que  foi um avanço a  criação dos Coordenadores da Estratégia de Lisboa. 

 

Foi referida a falta de aplicação de  linhas directrizes, nomeadamente as mais particulares ou específicas.  Contraste‐se,  por  exemplo,  assertividade  do  Plano Obama  para  recuperação  da economia  Americana,  com  a  generalidade  das  linhas  directrizes  da  Estratégia  de  Lisboa. Continua portanto  a existir uma  importante desconexão entre  a  concepção política e  a  sua implementação.  

Foi igualmente salientada a necessidade de fechar o gap de informação. Aliás, foi considerado que o cidadão Europeu, mais do que ser informado, quer ser “envolvido” na Estratégia.  

A Estratégia de  Lisboa não pode  ser uma Estratégia  apenas  comunicada para  as  “elites” da União. Ainda que as empresas mais  inovadoras ou  tecnologicamente mais avançadas, ou os trabalhadores altamente qualificados, sejam alvos  importantes no seio da Estratégia, há que ter  presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de produtividade do conjunto da União, é necessário que a Estratégia se dirija à base produtiva da UE no seu conjunto e aos cidadãos em geral. 

Sendo essencial que o conjunto de prioridades da nova Estratégia de Lisboa seja subscrito ao mais elevado nível político, é igualmente necessário reforçar a responsabilização e apropriação política  dos  planos  nacionais  que  implementam  as  orientações  da  Estratégia,  bem  como informar e envolver as  instituições, associações e os mais diversos  sectores da  sociedade. É também  importante  reforçar  a  apropriação  da  Estratégia  por  parte  de  todos  os  actores importantes na sua execução.  

Foi  considerado  também  importante  reforçar  a  monitorização  da  implementação  da Estratégia,  o  que  passa  por  assegurar  uma  monitorização  com  base  em  indicadores.  Os mesmos  deverão  tratar‐se  essencialmente  de  indicadores  de  contexto,  mas  que  sejam susceptíveis  de  reflectir  a  adicionalidade  e  os  resultados  directamente  imputáveis  à implementação da Estratégia. A escolha de indicadores deve ser muito cuidadosa, devendo ser dada  prioridade  aos  que  podem  dar  uma  perspectiva  dinâmica  e  relativa  (comparada)  dos resultados.  Tratando‐se  de  uma  Estratégia  fortemente  assente  num  programa  de  reformas estruturais,  a  Estratégia  de  Lisboa  orienta‐se  naturalmente  para  o  médio/longo  prazo  e portanto a monitorização deverá ser coerente com a natureza estrutural de parte significativa das  políticas,  iniciativas  e  instrumentos  por  ela  cobertos. No  entanto,  os  participantes  não 

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deixaram de salientar a importância de promover (pelo menos alguns) resultados visíveis num prazo mais imediato. 

Para  ser  eficaz,  é  fulcral  que  a  Estratégia  de  Lisboa  continue  a  explorar  ao  máximo  a metodologia à sua disposição, desde as iniciativas das Instituições comunitárias plasmadas no Programa  Comunitário  de  Lisboa  até  à  “transmissão”  de  orientações  comuns  aos  planos nacionais de reforma, passando pela aplicação do método aberto de coordenação e da troca de boas práticas em domínios de competência dos Estados Membros. Falta porém uma melhor articulação  dos  instrumentos  exclusivamente  comunitários  no  âmbito  do  Programa Comunitário  de  Lisboa,  com  os  instrumentos  exclusivamente  nacionais,  potenciando complementaridades e evitando sobreposições. 

Quanto à instrumentação, os participantes indicaram claramente que os instrumentos devem entrar  em  linha  de  conta  com  a  especificidade  dos  vários  beneficiários  e  sectores  de actividade. Também  salientaram que a  “lisbonização” dos  fundos  comunitários por meio do “earmarking” não é  suficiente para assegurar que os objectivos da Estratégia  se encontrem cabalmente  reflectidos  nestes  instrumentos  e  na  utilização  que  deles  é  feito  pelos  Estados Membros.  Foi  sugerida  uma  “lisbonização”  dos  critérios  que  os  projectos  concorrentes  à utilização  desses  fundos  devem  cumprir  (por  exemplo,  entrar‐se  em  linha  de  conta,  na avaliação de um projecto de investimento, com o seu potencial de empregabilidade).  

 

Os relatores da sessão 

Manuel Laranja 

Paulo Eurico Variz 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Workshop 2: “Modelo Social Europeu”  

 

A sessão dedicada ao tema “Modelo Social Europeu” teve por base um documento de trabalho da  autoria  do  Dr.  Pedro  Adão  e  Silva,  cujas  conclusões  transcrevemos  na  1ª  parte  desde documento. Na 2ª parte, relatam‐se os principais contributos dos participantes na sessão de trabalho sobre este tema.  

 

 

Síntese  do  documento  apresentado  para  discussão:  “O  futuro  da política social europeia: entre eficácia e normatividade”, de Pedro Adão e Silva 

- No que  respeita  ao Modelo  Social Europeu  subsistem opiniões distintas quanto  à  sua existência.  Se, de  acordo  com  alguns, não existe um MSE, mas  várias políticas  sociais relacionadas  com  a  realidade  de  cada  EM;  para  outros  é  precisamente  o MSE  que distingue o espaço europeu de outros espaços económicos e políticos. 

- Têm  vindo  a  existir  caminhos  alternativos  para  a  integração  das  políticas  sociais europeias, notando‐se, contudo, uma opção mais ou menos explícita para contornar os obstáculos,  em  vez  de  os  enfrentar  ou  remover.  Para  tal  recorre‐se,  por  exemplo,  a coligações de geometria variável entre diferentes EM. 

- A Estratégia de Lisboa constitui o exemplo mais ambicioso para ultrapassar alguns dos principais  bloqueios  por  que  tem  passado  a  integração  das  políticas  sociais,  sem  os enfrentar,  optando  por  contorná‐los.  A  revisão  da  EL,  em  2005, marca  a  redução  do pendor social (torna‐se um pilar autónomo, problemas ligados ao alargamento da UE e a própria ideologia política sofre alguma alteração). 

- Defensores  da  coordenação  suave  (Método Aberto  de  Coordenação  ‐ MAC):  afirmam que este método de “europeização” das políticas domésticas é eficaz e produz de facto mudança. 

Este método contrasta com o tradicional “método comunitário” – que produz soluções vinculativas  e  uniformes  pouco  sensíveis  à  diversidade  nacional  –  facilitando  o desenvolvimento de políticas onde as competências europeias são escassas e/ou onde a regulação  é  pouco  visível.  O  seu  potencial  passa  pela  capacidade  de  promover  a “aprendizagem  social”,  todavia a evidência empírica desvaloriza o  impacto directo dos mecanismos de “aprendizagem social”. 

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- O  autor  evidenciou,  ainda,  alguns  constrangimentos  actuais  à  integração  social  e que deverão ser tidos em consideração na proposta de prioridades: 

• Crise  económica  e  financeira  –  para  além  de  diminuir  os  recursos  disponíveis necessários  a  uma  estratégia  comum  ao  nível  social,  tem  sido  reveladora  das dificuldades em consensualizar e fazer convergir as respostas políticas 

• Sucessivos  alargamentos  –  têm  incrementado  a  diversidade  institucional  nas questões  sociais,  inibindo  a  integração  nestas  áreas,  ao mesmo  tempo  que  têm produzido uma crescente fragmentação da paisagem política europeia 

− Estes constrangimentos têm vários efeitos: 

• Reforço de alguns obstáculos tradicionais ao desenvolvimento de uma politica social comum 

• Degradação progressiva dos equilíbrios políticos nas áreas sociais 

• Crescente fragmentação dos processos, à qual tem estado associada uma crescente invisibilidade nacional das estratégias europeias 

- Momento de viragem, enquanto oportunidade para alterar as políticas europeias: maior europeização das políticas nacionais ou inicio de processos de re‐nacionalização. 

- Lições dos últimos 10 anos e o horizonte de 2020 

• Trade‐off  entre  os  grandes  objectivos  e  ambições  de  carácter  normativo  e  a capacidade de europeizar as políticas domésticas 

• A UE continua a ter uma grande capacidade para  formatar as agendas nacionais, pelo  que  os  EM  devem  fazer  o  possível  por  reflectir  as  suas  preferências domésticas ao nível comunitário 

• Perda  de  relevo  político  dos  processos  europeus  ligados  às  políticas  sociais  – importância de “etiquetas” tipo flexigurança 

• Uma ideia  “abandonada”, mas que poderia ser recuperada foi a do diálogo social autónomo e bipartido. Poder‐se‐ia procurar um diálogo social de nível intermédio, que esteja para além do nacional, mas que não  implique uma concertação a 27. Uma  possibilidade  realista  seria  o  relacionado  com  os  acordos  de  geometria variável ou de progressão por clusters 

• Outra  possibilidade  passa  por,  mantendo  a  centralidade  do  tema  “emprego”, complementá‐lo  com  outras  dimensões  sociais  (formação  de  activos/  coesão social; níveis de desigualdade/ pobreza) 

 

Contributo  dos  Participantes  na  Sessão  “Modelo  Social Europeu” 

Nesta  sessão,  bastante  participada,  foram  registados  os  contributos  do  debate  gerado  em torno  das  políticas  sociais.  Uma  das  conclusões  desta  sessão  foi  a  necessidade  de  que  as políticas sociais deverão ser encaradas, não apenas na sua vertente “reparadora” de situações 

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menos  favoráveis  ou  desfavoráveis,  mas  como  promotoras  de  dinâmicas  sociais  de desenvolvimento. 

Método 

No  que  respeita  ao Método,  destaca‐se  a  necessidade  da  aperfeiçoar  o MAC,  através  da melhoria da cooperação entre EM e entre actores sociais, complementado com a melhoria da hard  law, bem como o reforço da cooperação entre os actores dentro cada Estado‐membro, de forma horizontal e vertical. Salienta‐se ainda a Importância de fazer reflectir tanto quanto possível  as preferências nacionais no nível  comunitário,  incluindo o  seu  reflexo  ao nível do orçamento da EU. 

Prioridades 

Entre as prioridades foram abordadas questões como a importância da Inovação Social (e não apenas  inovação  tecnológica)  aliada  ao  empreendedorismo  social:  problemas  sociais  novos exigem  novas  e  melhores  respostas  sociais  (por  exemplo:  na  justiça  criminal;  no envelhecimento; nas alterações climáticas),  sem esquecer que as  respostas  sociais  têm uma duração específica (caducam no tempo), o que também exige a aposta na I&D na área social; necessidade de novos  instrumentos de qualificação dos actores sociais e de disseminação de boas‐práticas. 

A  Inclusão das políticas de  imigração na Estratégia deve estar mais associada à dimensão da competitividade e da resposta às questões do envelhecimento da população, mas também à questão da diversidade cultural e sustentabilidade do modelo social europeu. 

Foram abordadas também as questões das Desigualdades sociais e pobreza, nomeadamente a infantil,  na  medida  em  que  se  impõe,  cada  vez  mais,  a  importância  da  igualdade  de oportunidades  no  acesso  a  condições  de  vida  por  parte  das  famílias.  Torna‐se  também necessário o desenvolvimento de políticas de  inclusão social activa,  tendo em conta as suas três dimensões essenciais:  rendimento mínimo,  inserção no mercado de  trabalho e acesso a serviços sociais de qualidade. 

Governação  

O debate em torno desta questão salientou a necessidade do desenvolvimento de mecanismos comuns  de  governação  da  EL,  na  medida  em  que,  por  exemplo,  os  coordenadores  têm estatutos  distintos  consoante  os  EM. Neste  sentido,  torna‐se  necessário  o  reforço  e maior legitimidade dos Coordenadores Nacionais da EL em cada Estado‐Membro – coordenação ao mais alto nível.  

Focou‐se  também  a  importância de  recomendações mais  vinculativas  e do maior  e melhor envolvimento dos actores, desde o  início do processo, bem como a apropriação da EL pelo público  em  geral,  através  da  democratização  da mesma  procurando  descer  ao  terreno  e abranger os diferentes grupos da população – identificação das iniciativas com a EL, de forma a garantir uma maior apropriação. 

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No  sentido  de  um  maior  rigor  no  acompanhamento  das  políticas  sociais,  reforçou‐se  a Importância da actualização dos dados estatísticos, nomeadamente sobre pobreza, uma vez que a tomada de decisão requer dados actualizados e indicadores comuns e robustos. 

Relatores da Sessão:  

Cândida Soares 

António Bob Santos 

WORKSHOP 3: DIMENSÃO EXTERNA DA ESTRATÉGIA DE LISBOA. VISÃO, APROPRIAÇÃO E GOVERNAÇÃO 

 

Os trabalhos desta sessão foram organizados em torno de dois grandes temas abordados separadamente: governação e dimensão externa. 

 

1. Governação  O debate centrou‐se na questão da melhoria dos mecanismos de  implementação, no reforço da  coordenação  horizontal  entre  as  diferentes  políticas  e  na  promoção  da  apropriação  por parte da sociedade civil, assegurando níveis mais elevados de participação.  Dos  principais  aspectos  que  reuniram  consenso  pode  salientar‐se,  em  primeiro  lugar,  a necessidade  de  fomentar  um  maior  empowerment  que  deverá  traduzir‐se  num  forte compromisso político em todos os níveis de intervenção da Estratégia.   Num plano nacional, o  reforço do empowerment pode  ser  conseguido, nomeadamente, por uma maior  incorporação da Estratégia de Lisboa nos programas dos governos, naturalmente sem pôr em causa a necessidade de alcançar um consenso estratégico para um horizonte de médio  e  longo prazo.  Para  este  reforço do  compromisso político  é  também  fundamental o maior envolvimento dos parlamentos nacionais.  Neste  âmbito,  importa  ainda  valorizar  junto dos  cidadãos  as  reformas  estruturais  levadas  a cabo  internamente e que decorrem ou  se  cruzam  com o  contexto da EL, mas às quais nem sempre é dada a visibilidade merecida, sendo  frequentemente assumidas apenas no quadro das políticas públicas. Este  factor não concorre para promover a  importância da EL  junto da sociedade civil.   No  debate  foi  igualmente  destacado  o  papel  dos  coordenadores  nacionais,  bem  como  a necessidade  de maior  harmonização  dos  seus  perfis  que  presentemente  são  ainda muito diversos. Refira‐se, por um  lado, a  importância de  serem dotados de capacidade de decisão política  e  de  proximidade  aos  Primeiros‐ministros  dada  a  transversalidade  sectorial  da Estratégia.  Por  outro  lado,  afigura‐se  igualmente  central  que  os  coordenadores  nacionais tenham uma efectiva capacidade executiva que confira flexibilidade e operacionalidade à sua actuação. Este modelo é aproximadamente o que se verifica em Portugal, Espanha e Suécia. 

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 Também a nível europeu a apropriação política deverá ser reforçada, em particular através do maior envolvimento das várias formações do Conselho e do papel de coordenação do CAGRE e do  Conselho  Europeu  valorizando,  também,  a  importância  de  iniciativas  comuns  e promovendo  um melhor  enquadramento  e  articulação  dos  coordenadores  nacionais  que  é actualmente deficitário.  Destaque‐se  ainda  o  consenso  em  torno  da  necessidade  de  um  maior  envolvimento  dos parceiros  económicos  e  sociais,  numa  governação  partilhada  entre  governos  nacionais  e sociedade civil.  Foi  igualmente  sublinhada,  no  contexto  da melhoria  da  governação,  a  importância  de  dar visibilidade  à  Estratégia  noutras  escalas  de  intervenção,  como  a  regional,  bem  como  a necessidade de desenvolver abordagens de base territorial  (na medida em que os territórios têm  um  papel  a  desempenhar  enquanto  sede  privilegiada  para  a  articulação  das  políticas públicas), promovendo a participação e o envolvimento das associações de desenvolvimento local e de outros actores organizados regional ou localmente.  No que se relaciona com as temáticas da avaliação e monitorização pode salientar‐se que, não obstante  a  importância  de  manter  objectivos  comuns,  deve  equacionar‐se  em  paralelo  a possibilidade  de  introduzir metas  e  indicadores mais  adaptados  a  cada  EM  que  permitam atender às diferenciações nacionais que importa valorizar.  De  referir  ainda  que  o  desenho  das  metas  deve  ser  realista  mas  ambicioso  e  que  os indicadores  devem  ser  construídos  de  forma  a  permitir,  para  além  das  habituais caracterizações  absolutas  mas  estáticas,  medir  também  o  progresso  relativo  dos  países, permitindo, desta forma, contemplar as desiguais situações de partida.   

2. Dimensão Externa  No âmbito da dimensão externa debateu‐se essencialmente a questão de como pode a União Europeia influenciar o contexto internacional através de uma posição mais coordenada.  Em primeiro lugar pode destacar‐se a conclusão geral de que a dimensão externa da Estratégia de Lisboa deverá desempenhar um papel fundamental na competitividade da União Europeia no mundo, bem como no reforço do seu papel na governação a um nível global.  O  futuro  da  competitividade  da  UE  poderá  assentar  numa  nova  lógica  internacional  de mercados  e  produtos  baseada,  em  grande  medida,  na  economia  verde  ‐  empresas  de tecnologias limpas, industrias ambientais, entre outras ‐ e de informação.  Para  promover  a  dimensão  externa  o  primeiro  passo  é  assegurar  uma  forte  coordenação interna  à  UE,  que  se  traduza  numa  actuação  coerente  e  concertada  em  todos  os  canais disponíveis:  relacionamento  bilateral  dos  EM,  relacionamento  bilateral  da  UE  e relacionamento  multilateral.  O  reforço  da  articulação  interna  é  essencial  também  para valorizar a voz da UE no contexto das organizações internacionais face à crescente importância das economias emergentes.  

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Como  forma  de  “exportar”  a  Estratégia  de  Lisboa  e  de  conseguir  que  os  valores  europeus possam  inspirar  outras  grandes  regiões,  afigura‐se  igualmente  fundamental  introduzir sistematicamente  nas  agendas  das  Cimeiras  da  União  a  preocupação  com  a  abertura  dos mercados, com a convergência de regras e com a cooperação regulamentar.  Neste contexto, há que manter uma perspectiva realista de que nem sempre é fácil conseguir a convergência de diferentes interesses nacionais, o que pode dificultar que a União Europeia consiga sempre “falar a uma só voz”. Contudo, deve ter‐se presente que só com solidariedade dentro da UE e ultrapassando “egoísmos” nacionais se poderá alterar o actual status quo.   O  futuro  do  comércio  internacional  estará  centrado, mais  do  que  na  clássica  redução  das tarifas, no relacionamento e no diálogo entre países e nas barreiras não‐tarifárias (regulação, regras e comportamentos) que dificultam a troca de produtos e sobretudo a de serviços. Esta nova abordagem, mais política e menos técnica, exige um compromisso político alargado para que  a  abertura  do  comércio  internacional  contribua  efectivamente  para  o  crescimento económico a nível global.  Por fim, saliente‐se que o Tratado de Lisboa reforçará a capacidade de afirmação externa da UE, permitindo um processo de tomada de decisão mais rápido através de um número mais alargado de decisões por co‐decisão e por maioria qualificada, reforçando o papel estratégico e de coordenação do CAGRE, atribuindo uma maior capacidade à UE para agir noutras políticas e desenvolvendo um quadro institucional que facilita a coerência e a eficácia da acção externa.    Relatores: Maria João Botelho João Mateus 

 


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