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Page 1: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Ralf Hermes Siebiger*

* Técnico do Ensino Superior - Unemat

* Mestrando em Educação (Políticas de Educação Superior) - UFGD

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O que é Estado?

O que é Governo?

O que são Políticas Públicas?

Questões iniciais

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Parte 1

Conceitos e relações

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Conceitos e relações

• Conjunto de instituições, definidas pelos próprios agentes do Estado. São instituições políticas, jurídicas, administrativas, militares, etc.

• Essas instituições encontram-se dentre um território geograficamente limitado, a qual geralmente nos referimos como sociedade. A responsabilidade do Estado se circunscreve ao seu território geográfico-político, a que chamamos de soberania. Por vezes, é também chamado de Estado-nação.

• O Estado é responsável pela criação de regras dentro de seu território, o que tende à criação de uma cultura política comum, partilhada por todos seus cidadãos.

Estado

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Conceitos e relações

• Conjunto de programas e projetos que uma parcela da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil) propõem para a sociedade como um todo.

Governo

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Conceitos e relações

• São as de responsabilidade do Estado > a partir de um processo de decisão que envolve: órgãos públicos, agentes da sociedade e entidades relacionados à política implementada.

• É o Estado em ação.

• Estado implementando um plano de governo por meio de programas, projetos e ações voltados à áreas específicas da sociedade.

Políticas Públicas

Governo agindo por meio das instituições estatais

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Conceitos

• Ações que compreendem o padrão de proteção social do Estado.

• Voltadas à redistribuição de benefícios sociais visando a diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico.

• São formas de interferência do Estado, visando a manutenção das relações sociais de uma sociedade.

• Indicam que tipo particular de Estado está em vigência.

Políticas Públicas Sociais

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Conceitos

• Política pública social, de responsabilidade do Estado, mas não pensada somente pelo Estado.

Educação

= Políticas educacionais dizem respeito à áreas específicas de

intervenção: políticas de educação infantil, ensino fundamental,

ensino médio, educação superior, etc.

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Conceitos

• compreender a educação como uma esfera de planejamento de políticas; as intenções que subsidiam os planos e as ações;

Educação como política pública

• planos e ações do de um Governo com relação à essa esfera de responsabilidade do Estado.

Políticas públicas de educação

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Conceitos e relações

Educação e Política

Reproduzir Transformar

possuem a mesma natureza,

pois podem tanto

a ordem estabelecida

(os planos e ações vigentes)

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Estado Políticas Sociais

Análise de políticas públicas

análise da

relação

Concepções

Sociedade

Período

histórico

em determinados

Quando nos referimos à política pública, estamos tratando de idéias e de ações. E,

sobretudo, de ações governamentais, reconhecendo que a “análise de políticas

públicas é, por definição, estudar o governo em ação” (SOUZA, 2003).

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Parte 2

Concepções epistemológicas e políticas

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Concepções epistemológicas e políticas

2 concepções

Marxismo (Claus Offe) Liberal (Milton Friedman)

Corrente do pensamento que surgiu

em 1848 como reação aos

problemas estruturais da

acumulação capitalista. Interpreta a

vida social conforme a dinâmica da

base produtiva das sociedades e das

lutas de classes daí consequentes.

Tentativa de reavivar o socialismo, ou

a socialização dos meios e da própria

produção.

Com início no século XVIII, é a

filosofia política que tem como

fundamento a defesa da liberdade

individual nos campos econômico,

político, religioso e intelectual, da

defesa da propriedade privada e da

supremacia do indivíduo contra as

ingerências e atitudes coercitivas do

poder estatal.

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Concepções epistemológicas e políticas

Marxismo (Claus Offe)

Esfera da sociedade que concentra e manifesta relações e conflitos sociais de classe.

Revelou que o Estado atua como regulador das relações sociais a serviço da manutenção das relações capitalistas em seu conjunto.

Estado

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Concepções epistemológicas e políticas

Marxismo (Claus Offe)

Se ocupa em qualificar permanentemente a mão-de-obra para o mercado de trabalho; e

Por meio de programas sociais, manter sob controle parcelas da população não inseridas no processo produtivo.

Estado moderno

Deve „responder‟ aos problemas estruturais de reprodução da

força de trabalho e de aceitação dessa condição pela sociedade.

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Concepções epistemológicas e políticas

Marxismo (Claus Offe)

Como as instituições sócio-políticas e estatais contribuem para a resolução desses problemas estruturais (gerando intervenção do Estado), e a partir de quais referenciais são equacionadas.

Política social

Política social é um processo de mediação entre:

exigências políticas da sociedade civil organizada (associações,

sindicatos, etc.)

exigências da produção capitalista

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Concepções epistemológicas e políticas

Liberal (Milton Friedman)

Deve garantir a preservação dos direitos individuais, sem interferir nas esferas da vida pública, na economia e na propriedade privada.

Pressuposto básico: se o Estado não institui ou concede a propriedade privada e nem as relações comerciais, não tem o direito (ou poder) de interferir nelas.

Um vez que não viole as leis da justiça, cada um tem a liberdade de ir em busca de seu próprio interesse.

Estado

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Concepções epistemológicas e políticas

Liberal (Milton Friedman)

So

cie

da

de

•Livre concorrência

•(-) Estado e (+) Mercado

•“Virtudes” reguladoras do mercado

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Concepções epistemológicas e políticas

Liberal (Milton Friedman)

Duas fases do pensamento

2a) Neoliberalismo

Estado é ineficiente

1a) Liberalismo

Estado não deve interferir na economia e na liberdade individual

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Concepções epistemológicas e políticas

Liberal (Milton Friedman)

Consideradas os maiores entraves ao desenvolvimento do processo de acumulação capitalista

Políticas públicas sociais

O Estado não tem a responsabilidade de oferecer educação pública a todos os cidadãos, uma vez que isso compromete a liberdade de escolha, por parte dos pais, com relação à educação de seus filhos.

Educação

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Concepções epistemológicas e políticas

Liberal (Milton Friedman)

Educação

Escolas: fornecedores

Pais e filhos: consumidores

Lógica: se posso escolher, vou escolher as melhores.

Logo, as piores irão sucumbir/desaparecer.

Será?

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Concepções epistemológicas e políticas

Liberal (Milton Friedman)

Estado: dividir a responsabilidade com o setor privado

A verba pública para a educação viria através de cupons para comprar, no

mercado, os serviços educacionais que mais

atenderiam suas expectativas e necessidades

Os pais arcariam com o custo da

diferença de preço, caso seja superior ao cupom recebido

“Vantagem”: promove-se a

competição entre os serviços oferecidos

no mercado, mantendo-se sua

qualidade

Será?

O que se “esquece” é: quem terá condições de escolher as melhores? Todos? E

quem não puder pagar?

>> Proposta para a Educação

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Parte 3

Redefinição e reestruturação do Estado no Brasil

Page 24: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Anos 80 - Redemocratização

Término do regime militar (1985) e promulgação da Constituição Federal (1988)

• políticas adotadas pelos governos propuseram uma reconfiguração do Estado, de suas funções e de suas instituições.

luta pela redemocratização

da sociedade

luta pela redemocratização

da educação

Eleição de Diretores

Conselho Escolar

Democracia

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Anos 90 - neoliberalismo

Estado

• Discurso de que não há crise econômica, e sim, o Estado é que é incompetente em gerir a economia (gastou demais, endividou-se, etc.)

Solução • Estado mínimo

Mercado

• Regula o Estado mediante parâmetros de eficiência, competitividade e qualidade

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Anos 90 - neoliberalismo

Governos Collor (91-92) e Itamar Franco (93-94

privatizações (programa nacional de desestatização –

Lei 8.031/90)

liberalização do comércio

redução da circulação de moeda por meio do confisco

das cadernetas de poupança.

E para a Educação?

dois projetos de emenda constitucional

um de redução do % de recursos para financiamento das

universidades

outro de transformação delas em organizações sociais.

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Anos 90 - neoliberalismo

Ministério da Administração e

Reforma do Estado (MARE) (1994)

Plano Diretor de Reforma do Estado

(1994)

Modernização do aparelho estatal com base na administração

gerencial: eficiência, qualidade nos serviços prestados e cultura

gerencial nas instituições.

Governo FHC (1995-2002):

Estado Brasileiro Moderno

3) serviços não exclusivos do

Estado;

1) núcleo burocrático-estratégico;

2) atividades exclusivas do

Estado;

4) produção de bens e serviços para o mercado.

Page 28: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Anos 90 - neoliberalismo

Estado

Deixa de ser o responsável pelo desenvolvimento

econômico e social.

Passa a ser regulador

Transfere a responsabilidade pelo desenvolvimento ao:

1) setor privado por

meio da política de

privatização;

2) setor público

não-estatal

[setor subsidiado pelo Estado e que

executaria serviços não exclusivos

do Estado = educação, saúde,

atividades sociais e culturais]

Universidades

•seriam transformadas em entidades públicas não estatais: organizações sociais – juridicamente caracterizadas por fundações de direito privado que celebrariam contratos com o Estado.

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Anos 90 - neoliberalismo

Conceito neoliberal de

•Serviços de propriedade pública não estatal ou privada [e não direitos]

•Atividades competitivas [“quase-mercado”]

•“Economia constitucional”: que os dispositivos constitucionais se aproximem do mercado

Políticas sociais

Tudo aquilo que é um direito, mas que pode ser transformado em

serviço, desonerando e desresponsabilizando o Estado, ao repassar

para a iniciativa privada

Ou seja,

Publicização:

parcerias com

o terceiro setor

Privatização:

instituições

privadas

Page 30: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Esquema de conversão de direitos em serviços

Políticas Sociais

Estado (ineficiente)

Instituições Privadas

(eficientes)

$ público

responsabilidade desobrigação

[educação, saúde,

segurança, etc.]

eficiência

qualidade

Serviço Direito

[sucateamento] [competitividade]

Page 31: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Parte 4

Retomando conceitos e relações

- Exemplos -

Page 32: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Sobre as políticas públicas sociais...

As políticas são exclusivamente iniciativas do Estado?

É apenas o Estado que executa as políticas públicas?

Percebem que, na maioria das vezes, o Estado não oferece “produtos” tangíveis?

O que o Estado oferece?

Dispõe de pessoas, instituições e recursos

Porém, oferece bens em sua maioria intangíveis/imateriais

Estado

Educação • Direito público

subjetivo (intangível)

Page 33: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Sobre as políticas públicas sociais...

É na correlação de forças entre atores sociais das esferas do Estado – sociedade política e

civil – que se definem:

Políticas sociais

Ações governamentais

Organização política de uma sociedade; conjunto de agentes e instituições [executivo,legislativo, judiciário, partidos, etc.] que compõem a sociedade;

Sociedade política

Todos os cidadãos pertencentes a um território nacional; toda a sociedade;

Sociedade civil

Entidades que representam determinados segmentos da sociedade civil [por exemplo, associação nacional de professores, sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais, etc.] que, embora tenham um caráter político, não pertencem ao Estado.

Sociedade civil organizada

Page 34: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

América Latina

Brasil – Educação Básica e Superior

Exemplos

Page 35: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

América Latina R

efo

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Nova organização e governação: adotar o princípio do mercado como indicador de eficiência nas esferas sociais;

Ressignificar o conceito de cidadão enquanto consumidor: formas quase mercantis de relação com a demanda educacional (e de relações entre pessoas).

Descentralização

Não significa mais a redistribuição de

responsabilidade e maior autonomia

Significa a preocupação do Estado por redefinir quem

assume a responsabilidade pela educação pública

[incluindo a definição de conteúdos,

financiamento e resultados]

Page 36: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

América Latina

Chile

Público não significa necessariamente gratuidade (reconceitualização do público)

Descentralização para o mercado (quem quiser investir em educação)

Privatização = quase-mercado (esquema de financiamento, forncecimento e regulação que simula o mercado).

Menos nítida a distinção entre direitos sociais e direitos individuais

Page 37: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

América Latina

Descentralização para o mercado

b) descentralizar a oferta e a universalização do “serviço” educativo

a) descentralizar a responsabilidade de contole

e regulação educacional

Page 38: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

América Latina

•os pais (cosumidores) tem o direito de escolher a melhor educação para seus filhos, oferecida pelas escolas (fornecedoras).

a) mercado de consumo de serviços educacionais

Subsídios dos governos, financiados por meio de impostos, distibuídos aos pais para matricularem seus filhos nas escolas que desejarem

Vouchers (cupons)

Em vez de direitos sociais de educação

para os cidadãos

Direitos individuais do consumidor

Page 39: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

América Latina

•envolvimento privado no funcionamento e gestão da escola, voluntariado, filantropia, „solidariedade‟

b) transferência de funções e responsabilidades para a sociedade civil

A idéia de fundo é que a responsabilidade pela educação deve ser assumida por todos, e não apenas ao Estado

Parcerias público-privadas

propostas que incentivem a colaboração de setores da sociedade civil, filatrópicos, empresariais, nas escolas

slogans como “amigos da escola”, “responsabilidade social”, “empresa cidadã”,

etc.

Page 40: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação básica

Terceira via – parcerias público-privadas

“Reconstrução do Estado”

(que é ineficiente)

Repasse das Políticas Sociais

Instituições privadas

(mercado) = privatização

Público não-estatal (org.

sociais) = publicização

[Terceira via]

Page 41: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação básica

Exemplos:

PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola

Criado em 1995 (governo FHC), dentre o Plano Diretor de Reforma do Estado

Governo federal repassa recursos públicos direto para a escola

Escola tem que criar um CNPJ

Escolas se tornam pessoas jurídicas de direito privado

Repasse de políticas sociais para organizações

sociais (ONG/OSCIP)

Escola tem de estabelecer parerias

público-privadas

Page 42: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação básica

Instituto Ayrton Senna (IAS)

ONG fundada em 1994

Objetivo: “trabalhar para criar oportunidades de desenvolvimento humano à crianças e jovens brasileiros, em cooperação com empresas, governos, prefeituras, escolas, universidades e ONG‟s”

Implantado no RS; contrato com prefeitura no período de 1997-2006

Proposta inicial: correção de distorções no fluxo das séries iniciais do EF

Ampliação da proposta: roteiro para a gestão de escolas de EF

SIASI: “Sistema Ayrton Senna de Informações” > monitorar se a escola

cumpre as metas contratuais

Page 43: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação básica

Franquias e venda de materiais pedagógicos e „pacotes educacionais

Franquias (COC, Objetivo, Positivo, Pitágoras, etc.)

Vendem materiais pedagógicos e „pacotes educacionais‟, que incluem apostilas, aluguel de marca, avaliação e formação em serviço do professor, etc.

Atendem inclusive o sistema público de educação básica

Produzem material para ser avaliado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Vocês conhecem algum exemplo de parceria público-privada?

Page 44: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação básica

Algumas críticas

“A educação não constitui a cidadania, mas é uma condição

indispensável para que a cidadania se constitua.”

Quando as funções do Estado se restringem à regulação,

se trasfere à sociedade civil a responsabilidade pela área social,

que, por sua vez, a assume enquanto iniciativa privada.

A igualdade cidadã

passa a ser subordinada à

possibilidade de acesso a esses

direitos.

E um dos indicadores mais evidentes é a

condição de se pagar por esses direitos.

Page 45: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação superior

Acordo Geral de Comércio de Serviços (AGCS) 1994

•Liberalização do comércio de todo tipo de serviço - tais como meio ambiente, comunicações, saúde, cultura, turismo, transporte, etc.

Organização Mundial do Comércio (OMC) 1995

•Consolidar a posição dos países industrializados, reforçando que todos os serviços, inclusive os públicos, devem ser prioritariamente comerciais.

Documento do Conselho de Comércio de Serviços (OMC) 1998

•Defende a tese que, desde que permita a existência de provedores privados na educação, os governos aceitam o princípio de que a educação, e em particular a educação superior, pode ser tratada como um serviço comercial e, em consequência, deve ser regulamentada no quadro da OMC.

Educação Superior 1999

•Educação superior como um dos 12 setores de serviços incluídos no AGCS

Page 46: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação superior

Essa realidade tem provocado uma discussão sobre a questão do serviço público

em todas as áreas, em especial, na educação, na saúde e no meio ambiente.

Qualquer Estado que descumpra os compromissos

firmados dentre a OMC no setor de educação superior

poderá ser condenado a pagar indenizações aos empresários

da educação que se considerem prejudicados

Para os serviços e provedores

internacionais, o acordo prevê

tratamento igual aos provedores nacionais.

Tendência à regulação

supranacional da educação superior

Consequências

Page 47: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação superior

E o que já vem acontecendo no Brasil?

2005 (início): aquisição da Universidade Anhembi-Morumbi, pelo grupo Laureate (EUA), por R$ 165 mi. Primeira instituição estrangeira a gerir uma universidade no Brasil.

2006: Anhanguera Educacional, recebeu US$ 12 mi de investimentos da International Finance Corporation (pertencente ao Banco Mundial), para financiar sua expansão.

Exemplos

Parcerias de instituições

privadas com fundos de

investimentos internacionais

Fundos injetam altas quantias em

empresas educacionais

Empreendem ou induzem processos de reestruturação das escolas em que investem (redução de custos,

racionalização administrativa, etc.).

Page 48: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação superior

Aquisições da Anhanguera Educacional 2006-2008

•Em 2006: 3 IES (GO e SP), por R$ 33 mi;

•Em 2007: 18 IES (MS, RS, e SP), por R$ 363 mi;

•Em 2008: 21 IES (DF, MG, MT, RS, SC e SP), por R$ 192 mi.

Bolsa de valores 2007

•Lançamento de ações desses fundos de investimentos na bolsa de valores.

•Ou seja, das ações que „rendem‟ a partir da comercialização da educação superior.

Movimentação anual da educação superior 1998

•R$ 90 bi.

Alguns dados:

Page 49: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Educação superior

A quem deve destinar-se?

Quem deve ter direito ao ensino superior?

Deve ser para todos?

Questões

Abertura à atividades não apenas, privadas,

mas comerciais e empresariais na

educação

Transformação da educação em

atividade mercantil

Universidades deixam de ser instituições sociais e

passam a ser organizações sociais

neoprofissional heterônoma operacional empresarial

Page 50: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Parte 5

Para [não] concluir...

Page 51: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Estado e educação (política social)

tem abandonado o status de

provedor

atualmente vivencia um período em que

seu status é de regulador, e

transita para um status de

avaliador.

O Estado contemporâneo: „lava-se as mãos‟

(deixa por conta

do mercado)

Em vez de um processo de

integração social...

...retomada da ênfase no individualismo (liberdade individual), na heterogeneidade, na diferença e no mercado (livre iniciativa

privada e autoregulação)

“Modernização”: adaptar a educação às mudanças econômicas e de

concorrência internacional.

Page 52: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Questões... para [não] concluir...

•Reformar-se, ou render-se às exigências de mercantilização do conhecimento e da deserção do Estado de seu papel de principal mantenedor da educação superior?

Dilema “hamletiano”

•Por quê o Estado precisa manter públicas as instituições sociais – educação, saúde, segurança?

Razões?

•Não seriam as instituições sociais estatais mantidas somente para assegurar o mínimo necessário de educação, saúde, segurança, previdência, habitação e saneamento para formar e manter (vivo) um cidadão basicamente produtivo?

Provocação

Page 53: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Segundo Krawczyk (2005), não

se trata apenas de um problema

epistemológico, mas sobretudo

de um problema político.

Questões... para [não] concluir...

Bem público: é tangível

Escola pública: é bem público

Educação: direito social

Educação: direito ou serviço?

Educação: garantia ou mercadoria?

Page 54: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Questões... para [não] concluir...

Lembrando que...

Constituição Federal (Art. 6º): São direitos sociais a educação, a saúde, a

alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência

social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados.

Como vamos

nos posicionar

ante essa

questão?

E que... mercado

serviço direito

garantia

Page 55: Estado, Governo e Políticas Públicas na Educação

Referências bibliográficas

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