EROSÕES FLUVIAIS NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CASCAVEL / GOIÂNIA – GOIÁS
Ana Carolina Seibt- Engenheira Ambiental - Gerência de Contenção e Recuperação de Erosões e Afins/ Agência Municipal de Meio Ambiente - Goiânia- Goiás- [email protected] Karla Maria Silva de Faria – Doutoranda em Geografia - Universidade Federal de Goiás - Goiânia- Goiás [email protected] Aline Stival Victoy – Tecnóloga em Saneamento Ambiental – Gerência de Contenção e Recuperação de Erosões e Afins/ Agência Municipal de Meio Ambiente- Goiânia- Goiás –[email protected] Hérica Ozana da Silva – Geógrafa- Gerência de Contenção e Recuperação de Erosões e Afins/ Agência Municipal de Meio Ambiente -Goiânia- Goiás [email protected] Resumo O crescimento urbano acelerado do município de Goiânia provocou já nas primeiras décadas de sua fundação, um desordenamento na estrutura urbana que se expressou em vários problemas de ordem sócioambientais aos cursos de água do município, que passaram a ser compreendidos como mananciais confinados pela urbanização submetidos a obras de engenharia. A sub-bacia do Córrego Cascavel localizada na porção sul do município com área de drenagem de 34,28 Km², abrange os bairros mais antigos da capital e apresenta relevantes indícios de necessidade de interferências ou adaptações devido a modificações causadas por um planejamento indevido. O trabalho desenvolveu-se com apoio de fotografias aéreas de 1992 e 2006, imagens de satélite QuickBird (2002), trenas, GPS e de vistorias em campo para identificação das erosões fluviais e também das condições gerais dos lançamentos de galerias pluviais. Constatou-se que nos mananciais desta sub-bacia (córregos Vaca Brava, Serrinha e Mingau) apresentam grandes extensões de erosões fluviais, que chegam a atingir 14 metros de profundidade. O desenvolvimento destas erosões foi relacionado principalmente a sobrecarga do sistema de macro-drenagem urbana: ausência de mecanismos de dissipação de energia nos lançamentos de água pluvial, lançamentos concentrados em um único ponto; desmatamentos e ocupação com edificações na área de preservação permanente (APP). Constataram-se ainda episódios repetidos de inundações, desmoronamentos ao longo de toda a área. A existência de um trecho de 4 km canalizado, no leito do córrego Cascavel ampliou os estágios de degradação ambiental no manancial. Além da identificação pontual dos focos de erosão fluviais, foi realizada ainda a elaboração de projetos de contenção dos processos erosivos em estágio acelerado. Palavras Chaves: Urbanização acelerada, erosões fluviais, sub-bacia do córrego Cascavel. Abstract Urban growth accelerated in the municipality of Goiânia has resulted in the first decades of its foundation, a lack in the urban structure that is expressed in various problems of social order to the water courses of the municipality, which began to be understood as confined by springs undergoing urbanization engineering works. The sub-basin of the stream located in Cascavel southern portion of the municipality with the drainage area of 34.28 km ², includes the oldest neighborhoods of the capital and presents relevant evidence of the need for interference or adjustments due to changes caused by an undue planning. The work was developed with support of aerial photographs from 1992 and 2006, Quickbird satellite images (2002), sledges, GPS and field surveys to identify the river erosion and also the general conditions of the release of galleries rain. It is in this sub-basin water sources (streams Vaca Brava, and Serrinha Mingau) show large stretches of river erosion, which amount to 14 meters deep. The development of these erosions was related mainly to overload the system of macro-urban drainage: lack of mechanisms for energy dissipation in the entries of rainwater, releases concentrated at a single point, deforestation and occupation with buildings in the area of permanent preservation (APP) . There is repeated episodes of flooding, landslides throughout the area. The existence of a stretch of 4 km channeled in the bed of the stream Cascavel increased the levels of environmental degradation in the spring. Besides the identification of occasional outbreaks of river erosion, was also held to draw up projects for curbing the erosion processes in accelerated stage. Keywords: rapid urbanization, river erosion, sub-basin of the stream Cascavel
Introdução
O crescimento acelerado e desordenado do município de Goiânia gerou inúmeros problemas
ambientais, dentre os quais se destacam os processos erosivos lineares e fluviais desencadeados em
diversos pontos dentro da cidade que estão relacionados às práticas inadequadas como impermeabilização
superficial excessiva com concentração do fluxo e lançamentos inapropriados das drenagens de águas
pluviais. Em ambiente urbano os córregos passam a ser compreendidos como “mananciais confinados pela
urbanização” e submetidos aos impactos inerentes desta localização, sendo as mais graves formas de
degradação relacionadas à interferência direta nos canais (retificação, alargamento e aprofundamento do
canal), barramentos para controle de vazão e construção de pontes e diques artificiais.
Uma forma de erosão comum de se encontrar ao longo de cursos hídricos, amplamente
visualizados nos mananciais alvos deste estudo, trata-se da erosão fluvial. Conforme Godinho (200?.) este
tipo de erosão refere-se a um desgaste da superfície do talude e do talvegue, se processando por corrosão
ou solução, onde a água decompõe quimicamente as rochas fazendo com que os elementos que formam os
minerais sejam solubilizados e transportados pela água; ou por abrasão, onde o trabalho mecânico
elaborado pelo intemperismo e fricção do silte, areia, cascalho e matacão levados pela corrente, sobre as
rochas, tem como resultado o desgaste do leito. Ocorre ainda a ação hidráulica, que é o impacto do fluxo
de água sobre os detritos de rochas deslocando-os no sentido da corrente.
Segundo Carvalho (2001) a remoção das rugosidades naturais ou mesmo antrópicas nas cidades,
implica a ampliação, em termos absolutos, dos caudais, para idênticos eventos chuvosos, porque o
escoamento mais rápido reduz a taxa de infiltração, provocando concentração de águas mais rápidas,
significando que para a vazão alcançar um determinado valor crítico, num ponto qualquer, a necessidade
de tempo é menor que o anteriormente à ocupação.
Diante da necessidade de contribuir para a recuperação de áreas degradadas no município de
Goiânia e fornecer subsídios para o planejamento da cidade a Agência Municipal de Meio Ambiente de
Goiânia através da Gerência de Contenção e Recuperação de Erosões e Afins propôs-se a realizar
diagnósticos ambientais das bacias hidrográficas existentes no município. A sub-bacia do Córrego
Cascavel, destaca-se dentre as demais do município, por abranger os bairros mais antigos da capital e
apresentar relevantes indícios de necessidade de interferências ou adaptações devido a modificações
causadas por um planejamento urbano indevido.
Materiais e Métodos
Localização
O município de Goiânia capital do Estado de Goiás possui uma área de 739 km², e uma população
estimada em 1.265.394 habitantes, (IBGE, 2007; SEPIN, 2008). A topografia da cidade de Goiânia e seu
entorno é composta por 22 sub-bacias hidrográficas, que deságuam nos Ribeirões João Leite, Anicuns e
Dourados que pertencem a bacia hidrográfica do Rio Meia Ponte.
A sub-bacia do córrego Cascavel localiza-se na porção Sul do Município, apresentando uma área
de 34,28 km², correspondendo à área de drenagem dos córregos Cascavel, Vaca Brava, Mingau e Serrinha
(Figura 01). Sob influência destes córregos são encontrados os bairros mais antigos da capital, como:
Parque Amazônia, Jardim América, Setor Sudoeste, Setor Bueno, Bairro dos Aeroviários, Setor
Campinas, entre outros.
Figura 1 - Mapa de localização da micro-bacia do córrego Cascavel
Procedimentos metodológicos
Os procedimentos metodológicos para a elaboração do trabalho iniciaram-se com a identificação
na imagem de satélite, datada de 2002, da área a ser percorrida pelos córregos Cascavel, Vaca Brava,
Mingal e Serrinha. Elaboração de roteiro de vistorias, onde foram identificados os bairros, problemas
ambientais, condições gerais dos lançamentos de galeria pluvial, lançamento de efluentes, existência e tipo
de processos erosivos, vegetação, ocupações entre outros.
As vistorias foram realizadas no período de Novembro de 2007 a Fevereiro de 2008, por equipe
composta por técnicos e estagiários. Após concluídas procedeu-se com a redação final do relatório e
elaboração de técnicas de contenção para as áreas que apresentavam erosão fluvial em estágio critico.
Resultados e Discussões
A análise dos impactos ambientais, especialmente das erosões fluviais foi realizada considerando
como unidade de análise a bacia hidrográfica. No entanto, todos os cursos d`água apresenta características
de ocupação em estágios diferenciados que consequentemente se refletem nos estágios das erosões
fluviais.
Conforme vistorias realizadas ao longo da sub-bacia foram identificados 24 lançamentos de água
pluvial, sendo que destes 8 encontram-se concentrados na área de drenagem do afluente córrego Serrinha,
que por conta deste fator apresenta erosões fluviais com altura de 8,00 metros.
Constatou-se que nos mananciais desta sub-bacia (córregos Vaca Brava, Serrinha e Mingau)
apresentam grandes extensões de erosões fluviais, que chegam a atingir 14 metros de profundidade e
comprometem obras particulares e públicas.
Figura 2 – Erosão fluvial do longo do córrego Cascavel. Foto: STIVAL, 2008
O desenvolvimento destas erosões foi relacionado principalmente a sobrecarga do sistema de macro-
drenagem urbana: ausência de mecanismos de dissipação de energia nos lançamentos de água pluvial,
lançamentos concentrados em um único ponto; desmatamentos e ocupação com edificações na área de
preservação permanente (APP).
Constataram-se ainda episódios repetidos de inundações, desmoronamentos ao longo de toda a
área. A existência de um trecho de 4 km canalizado, no leito do córrego Cascavel ampliou os estágios de
degradação ambiental no manancial.
Conclusões
Tendo em vista o apresentado, a sub-bacia em questão vem sofrendo uma gama relevante de
impactos que englobam a ocupação de sua área de proteção ambiental, que visa à manutenção da
qualidade e longevidade do curso hídrico, a contaminação de suas águas por despejo de esgoto domiciliar
e resíduos sólidos tanto orgânicos quanto inertes, supressão de vegetação, erosões laminares, lineares e
fluviais. Além dos problemas ambientais, há também a ocupação irregular e sem planejamento por
edificações dentro do leito do corpo hídrico causadoras, em grande escala, do assoreamento e diminuição
da profundidade do manancial, fato este que impacta a fauna aquática, a qualidade da água e assim toda a
biocenose ligada ao corpo hídrico.
Concluiu-se que excluindo o trecho canalizado e o portador de estrutura de gabião, perfazendo um
total de 2,5 Km de extensão, o restante do corpo hídrico, cerca de 8 Km encontram-se em intenso processo
de erosão fluvial e de emergente necessidade de interferências.
Para que o manancial receba a atenção necessária faz-se necessária a parceria entre os órgãos
integrantes do poder público de modo a promover as melhorias, tanto estruturais quanto ambientais,
necessárias e em acordo com todas as diretrizes que o complexo quadro exige.
Referências bibliográficas
CARVALHO, J.C. et al. Processos Erosivos do Centro-Oeste Brasileiro. Brasília: Universidade de
Brasília. FINATEC, 2006.
GODINHO, J. Rios. Disponível em: http://www.universidadenet.com/geografia/rios.htm>. Acesso em: 20
de Dezembro de 2007.