Download - Energia hidraulica
Andréia Roberta Costa Reis
Ricardo Pereira Arantes
ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS
E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE
UNISAL – Unidade Lorena
São Paulo
2011
Andréia Roberta Costa Reis
Ricardo Pereira Arantes
ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS
E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Perícia em Meio
Ambiente – orientado pelo Prof. Luiz Gustavo Galhardo Mendes, como
requisito parcial para obtenção do título de especialista em Perícia Ambiental.
UNISAL – Unidade Lorena
São Paulo
2011
Andréia Roberta Costa Reis
Ricardo Pereira Arantes
ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS
E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE
Lorena, ___ de ___________ de 2011.
___________________________________________________
Profº. Orientador: Luiz Gustavo Galhardo Mendes
___________________________________________________
Profº. Examinador:
Resumo
Atualmente as usinas hidrelétricas representam a principal fonte de geração no
Brasil. Na matriz energética brasileira, verifica-se que a base da capacidade
instalada do parque gerador é a exploração de potenciais hidráulicos. O setor
elétrico nacional sente a necessidade de agilizar a entrada de novas unidades
geradoras, o que reduziria o risco de déficit de oferta de energia, auxiliando na
expansão da oferta de energia elétrica. A preservação do meio ambiente é
essencial para a sustentabilidade dos ecossistemas, além de gerar melhorias
substanciais para a população com a geração de postos de trabalho,
arrecadação de impostos, incentivo ao turismo e muitos outros. Todas as
formas de obtenção de energia implicam variados impactos sócio-ambientais.
No caso das usinas hidrelétricas, esses impactos vão além da criação em si de
um empreendimento de grandes proporções, mas englobam uma gama maior
de problemas com diversos aspectos. Não só o ambiente natural é afetado,
mas também as populações são atingidas no processo de construção de
usinas hidrelétricas. Compreender e minimizar esses impactos constitui hoje o
grande desafio das empresas que optam por implantar usinas dessa natureza.
A presente pesquisa tem como objetivo sistematizar e comentar um conjunto
de dados e informações relativas ao contexto dos diversos impactos gerados a
partir da inserção de usinas hidrelétricas no meio ambiente, e as possíveis
soluções para mitigar tais impactos.
Palavras-chave: usinas hidrelétricas, energia elétrica, impactos sócio-
ambientais.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Recursos Hídricos por país
Tabela 2: Potenciais Hídricos com capacidade de exploração no mundo
Tabela 3: Parque Elétrico Brasileiro
Tabela 4: Fontes Alternativas de Energia versus Matriz Energética
Brasileira
Tabela 5: Posição das PCHS X Maiores UHEs
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Pequena Central Hidrelétrica de Queluz
FIGURA 2: Pequena Central Hidrelétrica de Lavrinhas
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
...............................................................................................07
1.1 Objetivos ....................................................................................................08
1.2 Justificativa ...............................................................................................08
1.3 Materiais e Métodos ..................................................................................08
2 IMPLANTAÇÃO DAS USINAS HIDRELÉTRICAS .......................................09
2.1 Potencial Hidrelétrico Brasileiro .............................................................09
2.2 Obtenção de Energia e o Impacto Ambiental .........................................10
2.3 Questões Sociais nos Empreendimentos Hidrelétricos .......................14
2.4 Hidrelétricas X Sustentabilidade .............................................................15
3 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ............................................................17
3.1 Principais Bacias Produtoras de Hidroeletricidade ..............................17
3.2 Evolução Histórica ....................................................................................18
3.3 Aspectos Legais .......................................................................................19
3.4 Plano de Expansão da Energia Elétrica no Brasil .................................23
3.5 Perspectivas do Setor Hidrelétrico Brasileiro ........................................25
3.5.1 Consumo de Energia Elétrica no Brasil ...............................................25
3.5.2 A Matriz Elétrica Brasileira no Cenário Mundial .................................27
3.5.3 Características Básicas das Usinas de Produção de Energia
Elétrica ....................................................................................................30
3.5.4 Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs ............................................31
3.5.4.1 Pequenas Centrais Hidrelétricas do Vale do Paraíba ......................33
4 CONCLUSÃO
................................................................................................36
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................37
Capítulo Primeiro - Introdução
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Brasil está entre
os cinco maiores produtores de energia hidrelétrica no mundo, possuindo
atualmente 158 usinas hidrelétricas de grande porte.
A hidroeletricidade penetrou no país no ano de 1883, com a usina de Ribeirão
do Inferno, no município de Diamantina. Em 1889, no despertar da República,
inaugurou se a usina de Marmelos, em Juiz de Fora, já na condição de serviço
público (CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL, 1989).
Mas, nesta época, o empreendedorismo prevaleceu. Pouco a pouco, as
potências instaladas de proprietários foram aumentando, excedendo suas
necessidades e motivando a instalar pequenas redes de distribuição, as quais
se expandiram gradativamente para regiões vizinhas, tornando-se um negócio
rentável (MARIOTONI E MAUAD,1999).
Nas décadas 1940/1950, o acelerado desenvolvimento do parque industrial
brasileiro mostrou a vulnerabilidade do setor elétrico, o qual passou a exibir
acentuada redução de qualidade de seus serviços, com freqüentes e
crescentes interrupções e cortes de energia que, agravando-se, obrigou o
Estado a adotar medidas de racionamento e a pensar em planejamento de
longo prazo (CHIGANER et al., 2002).
Em termos macroeconômicos, o Plano Real também foi um dos aliados
fundamentais da estratégia de reestruturação do setor elétrico, propiciando ao
Estado passar do papel de produtor para o de financiador (via BNDES),
fiscalizador e poder concedente (SOUZA E VALENCIO, 2005).
Essa busca pelo aumento da exploração energética para a expansão do
progresso do país é causa de grandes discussões na sociedade
contemporânea principalmente no que tange os impactos sócio-ambientais.
Para Pierre George (1973, p.7) o meio ambiente é constituído por um conjunto
de dados fixos e de equilíbrio de forças concorrentes que condicionam a vida
de um grupo ecológico, assim, aspectos decorrentes de impactos são
causadores do desequilíbrio natural que ocorre no meio ambiente.
1.1 OBJETIVOS
Relatar o uso da energia hidroelétrica no Brasil e suas vantagens e
desvantagens a respeitos ambientais.
1.2 JUSTIFICATIVA
Quando o ser humano interfere de alguma forma nos sensíveis ciclos da
natureza, por mais sutis que possam ser os efeitos dos seus atos, estes podem
ser catastróficos. A energia hídrica é considerada uma energia limpa e
renovável, devido à disponibilidade do ciclo da água ser inesgotável. Mas com
sua construção ela altera fortemente o ambiente e com isso prejudica muitas
espécies de seres vivos, inunda florestas que se decompõem produzindo o gás
metano que contribui para o efeito estufa.
1.3 MATERIAIS E MÉTODOS
Material: Câmera fotográfica.
Métodos: Visita às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) de Lavrinhas e
Queluz, ambas no estado de São Paulo, referências bibliográficas e pesquisas
didáticas.
Capítulo 2 - Implantação das Usinas Hidrelétricas
2.1 POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO
Os órgãos de planejamento do setor elétrico iniciam o trabalho de estimativa do
potencial hidrelétrico do país, em diferentes regiões, motivados pela
necessidade de aumentar a oferta de energia elétrica, sinalizada pela
tendência de crescimento da demanda.
A etapa preliminar dos estudos, com vistas à implantação de usinas
hidrelétricas, constitui-se da análise preliminar das características da bacia
hidrográfica, especialmente quanto aos aspectos topográficos, hidrológicos,
geológicos e ambientais. Nessa etapa, o objetivo fundamental é verificar a
potencialidade da referida bacia para geração de energia elétrica.
Com base nos resultados dos estudos para estimativa do potencial hidrelétrico,
são definidas, as bacias prioritárias para serem objeto de análises mais
complexas, os chamados estudos de inventário hidrelétrico.
Nessa fase, o potencial hidrelétrico de uma bacia hidrográfica é determinado.
Também é estabelecida a melhor divisão (partição) de quedas, mediante a
identificação do conjunto de aproveitamentos que propiciem um máximo de
energia ao menor custo aliada a um mínimo de efeitos negativos sobre o
ambiente. Destaca-se que, neste momento, o conceito de impacto ambiental
constitui-se como a variável ambiental objeto de mensuração que é utilizada na
tomada de decisão.
A elaboração dos estudos de inventário é baseada em informações de campo,
referenciadas em estudos hidrometeorológicos, energéticos, geológicos,
ambientais e de outros usos da água. Esses fatores determinam as principais
características dos aproveitamentos hidráulicos (ELETROBRÁS/DNAEE,
1997).
Após a elaboração dos estudos de inventário hidrelétrico inicia-se o estudo de
viabilidade, etapa de definição da concepção global de um dado
aproveitamento. Esse estudo parte da identificação da melhor alternativa de
divisão de quedas estabelecida na etapa anterior. Os estudos de viabilidade
vislumbram a otimização técnico-econômica e ambiental, além da avaliação
dos benefícios e custos associados.
Essa concepção compreende o dimensionamento do aproveitamento, as obras
de infra-estrutura local e regional necessárias à sua implantação, o seu
reservatório e respectiva área de influência, os outros usos da água e as ações
ambientais correspondentes.
O Relatório Final do Estudo de Viabilidade constituirá a base técnica para a
licitação da concessão de projetos de geração de energia hidrelétrica.
Conhecido o vencedor do leilão, será iniciada a elaboração do projeto básico.
Nesta etapa, o aproveitamento, como concebido nos estudos de viabilidade, é
detalhado e o seu orçamento é definido com mais precisão (CEPEL/COPPE,
1999).
Paralelamente, é concebido o projeto executivo, onde se processa a
elaboração dos desenhos de detalhamento das obras civis e dos equipamentos
hidromecânicos e eletromecânicos, necessários à execução da obra e à
montagem dos equipamentos. Nesta etapa, são tomadas todas as medidas
pertinentes à implantação do reservatório (ANEEL, 2004).
2.2 OBTENÇÃO DE ENERGIA E O IMPACTO AMBIENTAL
A preocupação com os impactos ambientais vem da crescente conscientização
de que a vida na Terra necessita dos recursos naturais para se manter em
equilíbrio.
Ao mesmo tempo em que o homem precisa de energia elétrica para seu
desenvolvimento, ele precisa encontrar formas para que essa geração não
degrade o meio ambiente, que é o grande gerador dos recursos naturais e de
importância vital.
Segundo Goldemberg (2003), as agressões antropogênicas ao meio ambiente
se tornaram significantes após a Revolução Industrial, e particularmente no
século XX, devido ao aumento populacional e ao grande aumento no consumo
per capita, principalmente nos países industrializados.
Após a Revolução Industrial, iniciou-se uma exploração desenfreada dos
recursos naturais, utilizando-se tecnologias em larga escala para obtenção de
energia, sem preocupações ou conhecimento das conseqüências disso. A
preocupação maior era alcançar o crescimento econômico e tecnológico, e
aumentar de modo geral oferta e mercado.
Atualmente, o preço deste desenvolvimento é conhecido: os impactos
ambientais gerados são alvos de discussões internacionais para que sejam
contidos e, se possível, restaurados.
Segundo Goldemberg (2003), os impactos ambientais podem ser:
• Locais - poluição urbana do ar, poluição do ar em ambientes fechados;
• Regionais – chuva ácida; ou
• Globais – efeito estufa, desmatamento, degradação costeira e marinha.
Adicionando a estes impactos outros relacionados à poluição sonora, impacto
sobre a flora e fauna, nota-se então a relação entre impactos ambientais e
problemas sócio-econômicos gerados, problemas com saúde, dentre outros.
Embora a construção de reservatórios, grandes ou pequenos, tenham trazido
enormes benefícios para o país, ajudando a regularizar cheias, promover
irrigação e navegabilidade de rios, elas também trazem impactos irreversíveis
ao meio ambiente. Isso é especialmente verdadeiro no caso de grandes
reservatórios. Existem problemas com mudanças na composição e
propriedades químicas da água, mudanças na temperatura, concentração de
sedimentos, e outras modificações que ocasionam problemas para a
manutenção de ecossistemas à jusante dos reservatórios. Esses
empreendimentos, mesmo bem controlados, têm tido impactos na manutenção
da diversidade de espécies (fauna e flora) e afetado a densidade de
populações de peixes, mudando ciclos de reprodução. (JANNUZZI, 2001)
O Brasil tem acumulado grande experiência com o resultado das várias usinas
hidroelétricas construídas, o que provocou a inundação de parte de florestas
nativas, ocasionando alterações na composição e acidez da água, que depois
teve impacto no próprio desempenho das usinas. Por sua vez, as turbinas
apresentam problemas de corrosão e depósito de material orgânico, devido às
alterações que ocorrem na composição da água.
Segundo Martins e De Luca (1994, p. 23), “a indústria pode ser a menos
poluente do mundo, porém, se seus produtos forem de má qualidade, não
haverá negócio. Contudo, se são poluentes, mesmo com qualidade podem
também estar fora dos planos de muitos consumidores”.
Segundo Oliveira (2004, p. 1):
O impacto ambiental na construção de uma usina hidrelétrica é muito intenso,
pois na área que recebe o grande lago que serve de reservatório da
hidrelétrica, a natureza se transforma: o clima muda, espécies de peixes
desaparecem, animais fogem para refúgios secos, árvores viram madeira
podre debaixo da inundação.Isso fora o impacto social: no Brasil, 33 mil
pessoas deixaram suas casas e têm de recomeçar sua vida do zero num outro
lugar.
É notório que o barramento de um rio provoca impactos ambientais
irreversíveis. Construir hidrelétricas à maneira tradicional significa abrir mão de
recursos naturais para a produção de energia em escala: isto é um fato
técnico.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Brasil está entre
os cinco maiores produtores de energia hidrelétrica no mundo, possuindo
atualmente 158 usinas hidrelétricas de grande porte, que produzem um total de
74.438.695 kW (BONSOR, 2008).
Esse tipo de geração de energia produz diversos impactos ambientais, o que
faz com que seja motivo de polêmica atualmente com o avanço das discussões
sobre desenvolvimento sustentável. Os estudiosos procuram descobrir a
dimensão deste impacto a fim de encontrar formas de amenizá-los, uma vez
que a energia hidrelétrica é considerada fonte renovável.
Esses impactos ocorrem principalmente durante a construção dessas usinas,
quando afetam a fauna e a flora local. O represamento da água contribui para
esta destruição, fazendo com que diversas espécies fiquem submersas e
morram, aqueles animais que conseguem fugir acabam saindo de seu habitat
natural precisando se adaptar em novos lugares.
Em relação às espécies aquáticas, o represamento faz com que umas acabem
por se proliferar em relações a outras e, para aquelas espécies que fazem a
piracema, são utilizadas escadas nas barragens para que esses peixes
possam circular. O represamento também gera um excesso de nutrientes
culminando na eutrofização das águas e aumentando a proliferação de
microorganismos que, além de poluir, causam conseqüências negativas aos
homens. Além disso, a morte da floresta eleva a temperatura ambiente
mudando o ciclo de chuvas.
A Resolução nº001 do CONAMA, em seu artigo 1º define impacto ambiental
como:
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que diretamente ou indiretamente afetam a saúde, a
segurança e o bem estar da população; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos naturais. (BRASIL,
1997)
Outra polêmica em relação à construção das usinas hidrelétricas é a
contribuição para o efeito estufa. Durante suas construções e seu
funcionamento, as usinas hidrelétricas emitem gás carbônico (CO2) e metano
(CH4), dois dos principais causadores do aumento prejudicial do efeito estufa,
porém ainda não se sabe se o impacto causado é tão grande quanto o de
usinas termoelétricas, consideradas uma das maiores responsáveis pelo
aquecimento global (FENILI, 2008).
2.3. QUESTÕES SOCIAIS NOS EMPREENDIMENTOS
HIDRELÉTRICOS
O modelo utilizado atualmente para a construção de hidrelétricas coloca em
primeiro lugar os interesses econômicos (privados) em relação aos bens
coletivos (meio ambiente), consubstanciando-se em uma visão antropocêntrica
de mundo, gerador de fortes impactos sócio-ambientais.
O aumento da construção de usinas, principalmente as hidrelétricas no Brasil,
deve-se ao fato da energia ser um fator essencial para o desenvolvimento
sócio-econômico de uma nação. Porém, os impactos sócio-ambientais
causados por essas normalmente não são visíveis para a sociedade.
No que se refere aos aspectos sociais, particularmente com relação às
populações ribeirinhas atingidas pelas obras, essas são invariavelmente
desconsideradas diante da perspectiva da perda irreversível das suas
condições de produção e reprodução social, determinada pela formação do
reservatório.
As usinas hidrelétricas construídas até hoje no Brasil resultaram em mais de
34.000 km2 de terras inundadas para a formação dos reservatórios, e na
expulsão – ou “deslocamento compulsório” – de cerca de 200 mil famílias,
todas elas populações ribeirinhas diretamente atingidas. (CMB, 2000)
Com freqüência, a construção de uma usina hidrelétrica representou para
essas populações a destruição de seus projetos de vida, impondo sua expulsão
da terra sem apresentar compensações que pudessem, ao menos, assegurar a
manutenção de suas condições de reprodução num mesmo nível daquele que
se verificava antes da implantação do empreendimento.
Historicamente, muitas usinas hidrelétricas são instaladas em espaços sociais
inicialmente concebidos pelas e para populações ribeirinhas produzirem suas
formas de subsistência por meio da pesca e da lavoura. Os projetos de
construção de hidrelétricas acabam ocupando os espaços de reprodução
social/cultural de proprietários e não-proprietários de terras (meeiros,
arrendatários, posseiros, assalariados etc.).
2.4 HIDRELÉTRICAS X SUSTENTABILIDADE
Apesar do tema “desenvolvimento sustentável” vir sendo citado freqüentemente
nas últimas décadas, a idéia corrente de “progresso” ou “desenvolvimento”
ainda está cega em relação à questão ambiental, fazendo com que surja a
necessidade de despertar a sociedade para a conseqüência deste
desconhecimento.
As hidrelétricas, vistas por muitos como uma fonte de “energia limpa”, do ponto
de vista ambiental não podem ser consideradas uma ótima solução ecológica.
Elas interferem drasticamente no meio ambiente devido à construção das
represas, que provocam inundações em imensas áreas de matas, interferem
no fluxo de rios, destroem espécies vegetais, prejudicam a fauna, e interferem
na ocupação humana. As inundações das florestas fazem com que a
vegetação encoberta entre em decomposição, alterando a biodiversidade e
provocando a liberação de metano, um dos gases responsáveis pelo efeito
estufa e pela rarefação da camada de ozônio.
Segundo Leite (2005), a implantação de hidrelétricas pode gerar impactos
ambientais na hidrologia, clima, erosão e assoreamento, sismologia, flora,
fauna e alteração da paisagem. Na hidrologia impacta com a alteração do fluxo
de corrente, alteração de vazão, alargamento do leito, aumento da
profundidade, elevação do nível do lençol freático, mudança de lótico para
lêntico e geração de pântanos. Impacta no clima alterando temperatura,
umidade relativa, evaporação (aumento em regiões mais secas), precipitação e
ventos (formação de rampa extensa).
Impacta também através da erosão marginal com perda do solo e árvores,
assoreamento provocando a diminuição da vida útil do reservatório,
comprometimento de locais de desova de peixes, e perda da função de
geração de energia elétrica. Na sismologia pode causar pequenos tremores de
terra, com a acomodação de placas. Na flora provoca perda de biodiversidade,
perda de volume útil, eleva concentração de matéria orgânica e conseqüente
diminuição do oxigênio, produz gás sulfídrico e metano provocando odores e
elevação de carbono na atmosfera, e eutrofiza as águas. Na fauna provoca
perda da biodiversidade, implica em resgate e realocação de animais, somente
animais de grande porte conseguem ser salvos, aves e invertebrados
dificilmente são incluídos nos resgates, e provoca migração de peixes.
No Brasil, a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia vem degradando
enormemente a floresta, que “tornou-se alvo das estratégias de
desenvolvimento e integração territorial de diversos países da América do Sul”
(FAVARETTO, 1999).
Cortez (2005) coloca que:
O desmatamento é o principal fator da redução pluviométrica nas áreas de
recarga (cabeceiras) dos rios que abastecem as represas. E cita o rio São
Francisco como exemplo: o desmatamento de sua cabeceira e afluentes, a
perda das matas ciliares, a retirada sem controle de grandes volumes de água
para irrigação e consumo rebaixaram o seu nível, assorearam o seu leito e
causaram a salinização de sua foz. E, conseqüentemente, perda de volume
nos reservatórios das suas hidrelétricas.
Os impactos ambientais provocados por hidrelétricas podem ser exemplificados
pela usina de Balbina, na Amazônia. Neste caso não só os impactos
ambientais são visíveis, como também os resultados da falta de planejamento
para implantação do projeto.
Capítulo 3 - O Setor Elétrico Brasileiro
3.1 PRINCIPAIS BACIAS PRODUTORAS DE
HIDROELETRICIDADE
A capacidade de geração do Brasil é de 82,35 GW. Existem, ainda, sistemas
isolados no norte do país, cujo parque gerador representa 3,5% do parque
nacional instalado. A base geradora é eminentemente hidráulica (78%), com a
geração térmica exercendo a função de complementaridade nos momentos de
pico do sistema. Uma característica importante da geração elétrica brasileira é
a coordenação da operação das usinas hidrelétricas para a otimização da
utilização do parque instalado (SILVA, 2004).
Pouco menos de 60% da capacidade instalada, no Brasil, está na bacia do rio
Paraná. Outras bacias importantes são as do São Francisco e do Tocantins,
com 16% e 12%, respectivamente, da capacidade instalada no país. As bacias
com menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste e Amazonas,
que somam apenas 1,5% da capacidade instalada, no país. Em termos de
esgotamento dos potenciais, verifica-se que as bacias mais saturadas são as
do Paraná e do São Francisco, com índices de aproveitamento (razão entre
potencial aproveitado e potencial existente) de 64,5% e 39,2%,
respectivamente.
As menores taxas de aproveitamento são verificadas nas bacias do Amazonas
e Atlântico Norte/Nordeste. Em nível nacional, cerca de 25,6% do potencial
hidrelétrico estimado já foi aproveitado. Em relação ao potencial inventariado,
essa proporção aumenta para 37,3%. Os baixos índices de aproveitamento da
bacia do Amazonas devem-se ao relevo predominante da região (planícies), à
grande diversidade biológica e à distância dos principais centros consumidores
de energia.
Já na região centro-sul do país, o desenvolvimento econômico muito mais
acelerado e o relevo predominante (planaltos) levaram a um maior
aproveitamento dos seus potenciais hidráulicos. Mas o processo de
interiorização do país e o próprio esgotamento dos melhores potenciais das
regiões Sul e Sudeste têm requerido um maior aproveitamento hidráulico de
regiões mais remotas e economicamente menos desenvolvidas.
Na primeira metade do século XX, a grande maioria dos projetos hidrelétricos
foi instalada na região Sudeste. Até 1950, as usinas estavam concentradas
próximas ao litoral, entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais.
Atualmente, há uma dispersão mais acentuada, cujo centro de massa está
localizado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e
Goiás. No período de 1945 a 1970, os empreendimentos se espalharam mais
em direção ao Sul e ao Nordeste, com destaque para os estados do Paraná e
Minas Gerais. Entre 1970 e meados dos anos 80, as usinas espalharam-se por
diversas regiões do país, graças ao aprimoramento de tecnologia de
transmissão de energia elétrica em grandes blocos e distâncias.
Nesse mesmo período verificou-se também uma forte concentração de projetos
na zona de transição entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde estão
duas importantes sub-bacias do Paraná (Grande e Paranaíba). Mais
recentemente, tem-se destacado as regiões Norte e Centro-Oeste,
principalmente o estado de Mato Grosso (ANEEL, 2004).
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A iniciativa privada, cuja participação setorial foi praticamente inexistente nos
anos 60 até meados dos anos 90, hoje participa, após a privatização realizada
nos âmbitos federal e estadual, respectivamente, com cerca de 62% e 12% dos
segmentos de distribuição e geração de eletricidade. Apesar da estrutura
diversificada, historicamente a estrutura de decisões do Setor Elétrico Brasileiro
- SEB era bastante centralizada.
Essa característica acentuou-se após 1962, com a criação da Eletrobrás que
assumiu as funções de coordenação do planejamento e da operação e de
agente financeiro e transformou-se em holding das quatro geradoras federais,
(Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul) responsáveis, ao longo da década de
90, por cerca de 50% da energia gerada no país (PIRES et al., 1999).
A reestruturação do SEB, na última década, tinha como objetivo a busca da
eficiência econômica em um setor tradicionalmente caracterizado pela forte
intervenção do poder público, em grande parte sob a forma de monopólios
estatais. A reforma do SEB não pode ser examinada fora do quadro de
transição econômica que o Brasil vivenciava no início dos anos 90.
A abertura comercial promovida a partir de 1989 sinalizou o início de uma nova
etapa de desenvolvimento marcado pela substituição de crescimento
impulsionado pelo Estado, para o crescimento predominantemente
impulsionado por capitais privados. Como a economia de escala era a
prioridade que definia a maior parte das decisões sobre investimentos, as
usinas maiores eram preferidas às menores. Isso resultou em projetos
enormes, os quais demandaram grandes dispêndios com ativos fixos e
períodos de maturação longos – fatores que, posteriormente, impediram o
término da construção de muitas delas (SILVA, 2004).
A crise de abastecimento de energia elétrica, verificada no país no ano de
2001, foi oriunda de inúmeros fatores, tais como: falta de investimentos no
setor elétrico, falta de infra-estrutura nos órgãos ambientais, lacunas
regulatórias, erros na elaboração do planejamento, cenário hidrológico
desfavorável, dentre outros. Aspectos de cunho estrutural e também
conjuntural levaram o país a implementar um plano de redução do consumo e
aumento de oferta de energia elétrica.
3.3 ASPECTOS LEGAIS
Para uma análise da legislação ambiental brasileira, obrigatoriamente, tem-se
que iniciar nosso estudo pela Lei Maior do País, ou seja, pela Constituição da
República Federativa do Brasil. Pela primeira vez, o meio ambiente foi objeto
de tratamento direto e minucioso no texto constitucional, considerado como
parte integrante do patrimônio público e indispensável à existência da vida e à
manutenção de sua qualidade e que, nessa condição, deve ser objeto de
atenção e proteção por parte do poder público e da coletividade.
Assim, o Capítulo VI, da Constituição Federal, trata exclusivamente, do meio
ambiente, interessando especificamente o disposto no Artigo 225:
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder publico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
Deste modo é incontestável que o texto constitucional e a própria legislação
ordinária visam proteger a qualidade do meio ambiente em função da qualidade
da vida humana. Assim sendo, há inegável interesse público na proteção
ambiental. O interesse que está em questão, e que deve ser objeto de
proteção, pertence à coletividade como um todo, a um número indeterminado
de pessoas que são seus integrantes. Trata-se, portanto, de um interesse
difuso, superior ao interesse coletivo e ao interesse particular.
Neste contexto, de acordo com o Ministério de Minas e Energia – MME (2006,
p. 1):
A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL foi criada pela Lei Nº 9.427,
de 1996. Autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e
Energia, tem como atribuições regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a
distribuição e a comercialização da energia elétrica; mediar os conflitos de
interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores;
conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas
justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a
competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços.
Sendo assim, a viabilidade de construção de novas usinas hidrelétricas é
gerenciada pela ANEEL. Compete a ela também programar as políticas e
diretrizes do Governo Federal para a exploração de energia elétrica e o
aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica. Muitas atribuições legais
da ANEEL estão diretamente ligadas à área de hidrologia e aos recursos
hídricos, das quais se destacam:
a) desenvolver atividades relativas aos aproveitamentos de energia elétrica;
b) definir o aproveitamento ótimo do potencial de energia hidráulica;
c) promover as licitações destinadas a contratação para a produção de energia
elétrica e para a outorga de concessão com vistas ao aproveitamento de
potenciais hidráulicos;
d) regular e fiscalizar a conservação e o aproveitamento dos potenciais
hidráulicos;
e) definir e arrecadar os valores relativos à compensação financeira pela
exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica;
f) homologar dos valores das energias asseguradas das centrais elétricas;
g) promover a articulação como os Estados e o Distrito Federal para o
aproveitamento energético dos cursos de água e a compatibilização com a
política nacional de recursos hídricos.
Nesse sentido, a Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas –
SIH desenvolve trabalhos de forma a subsidiar a ANEEL no cumprimento
dessas atribuições. Outro órgão que fiscaliza o meio ambiente e seus recursos,
é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA. Fazendo parte do IBAMA, há o Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA. Conforme Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de
1997:
Art. 3º - A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas
efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio
dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de
impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual se dará publicidade,
garantido a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com
a regulamentação.
Tanto o EIA como o RIMA são responsáveis por evidenciar toda a
operacionalização ambiental da instituição antes, durante e após a conclusão
dos projetos, o que os tornam imprescindíveis na gestão ambiental. Também
conforme Resolução CONAMA Nº 237, define em seus artigos 4 º,5 º e 6 º os
órgãos competentes para o licenciamento, como segue:
Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento
ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito nacional ou regional, a saber:
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no
mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em
terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País
ou de um ou mais Estados;
Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o
licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:
I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação
natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771,
de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por
normas federais, estaduais ou municipais;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um
ou mais Municípios;
Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos
competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto
ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.
3.4 PLANO DE EXPANSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NO
BRASIL
A Eletrobrás tem como atribuição executar o plano de expansão do sistema
elétrico brasileiro, cujo desenvolvimento se dá em três níveis: longo, médio e
curto prazos.
Os estudos que subsidiam a elaboração do Plano de Longo Prazo devem ser
conduzidos em consonância com a Política Energética Nacional. Esse plano
contempla a definição das estratégias de expansão do sistema para um
horizonte de 20 anos e aponta as disponibilidades de fontes energéticas
primárias e alternativas tecnológicas.
Nessa etapa do planejamento, torna-se extremamente necessária, a utilização
de ferramentas de Avaliação Ambiental Estratégica – AAE. Essas ferramentas
estão sendo desenvolvidas para subsidiar a concepção e análise de políticas,
planos e programas.
Os estudos relativos à hidroeletricidade deverão apontar a necessidade de
realização de novos inventários, para melhor conhecimento do potencial
hidroelétrico disponível, em vistas a atender a requisitos técnicos, energéticos,
econômicos e ambientais. Como exemplo, a perspectiva de esgotamento do
potencial hidráulico disponível nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, apontam
para a utilização dos recursos hídricos na região Amazônica. Isso exigirá,
certamente, cuidados específicos para a priorização da utilização dos recursos
dessa região, em função de sua complexidade ambiental e de grande interesse
pelas intervenções aí realizadas, manifestado pela sociedade em geral
(CEPEL/COOPE, 1998).
A partir da escolha de aproveitamentos inventariados, são programados os
estudos de viabilidade, configurando-se na etapa de planejamento de médio
prazo, contemplando um horizonte de 15 anos.
Por fim, o planejamento de curto prazo, conhecido como Plano Decenal de
Geração – PDG, com horizonte de 10 anos, inicia-se a partir da aprovação dos
estudos de inventário e de viabilidade. Empresas contratadas elaboram os
projetos básicos e fazem ajustes nos cronogramas de implantação dos
aproveitamentos, em função da evolução do mercado consumidor de energia,
estimado também pela Eletrobrás, por meio do Comitê Técnico de Estudos de
Mercado – CTEM (ELETROBRÁS, 2004).
Os estudos são elaborados com o objetivo de estabelecer diretrizes para a
expansão do sistema, de modo a atender a demanda de energia e nortear as
decisões individuais dos agentes investidores. Eles indicam a melhor
seqüência de obras no horizonte de dez anos, do ponto de vista energético,
econômico e ambiental (GCPS/ELETROBRÁS, 1998).
Devem ser sinalizados os custos e as incertezas associados a cada projeto,
especialmente com relação aos aspectos ambientais. Igualmente as incertezas
relativas à data de entrada em operação, em decorrência do prazo necessário
para o cumprimento dos procedimentos do processo de licenciamento
ambiental (ELETROBRÁS, 2004).
O processo de planejamento deverá contar, desde o início da tomada de
decisão, com instâncias participativas, de modo a integrar visões extra-setoriais
e reduzir a margem de conflitos sócio-ambientais, em etapas mais adiantadas.
Considere-se que o comprometimento com recursos e prazos é maior devido a
decisões já estabelecidas (ELETROBRÁS/DNAEE, 1997).
Os estudos de inventário hidrelétrico são desenvolvidos em consonância com o
planejamento indicativo do setor elétrico que deverá observar as diretrizes
estabelecidas pelo poder concedente. A realização dos estudos de inventário
tem importância estratégica para a definição do aproveitamento ótimo.
Do ponto de vista estritamente setorial, o inventário hidrelétrico assume um
papel central na determinação da boa qualidade da expansão do setor. Nesta
etapa são analisadas as múltiplas implicações dos diferentes aproveitamentos,
sem ainda ter ocorrido o comprometimento de recursos técnicos e financeiros
(LA ROVERE, 2000).
Do ponto de vista ambiental, é o momento em que podem ser identificados os
impactos ambientais do conjunto de aproveitamentos sobre a bacia
hidrográfica, os efeitos cumulativos e as sinergias entre os diferentes projetos.
Além disso, as restrições são impostas aos demais usos dos recursos hídricos
e buscados os meios de equacioná-los ou minimizá-los.
Por outro lado, nesta fase, as interações com os interesses dos demais
agentes usuários da água na bacia hidrográfica em estudo podem ser mais
bem avaliadas (LA ROVERE, 2000).
De modo a disciplinar a execução dos estudos ambientais em paralelo com os
estudos energéticos, a Resolução ANEEL nº 393/98 estabelece que os titulares
de registro de estudos de inventário deverão formalizar consulta aos órgãos
ambientais para definição dos estudos relativos aos aspectos ambientais e aos
órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, com vistas à melhor
definição do aproveitamento ótimo e da garantia do uso múltiplo dos recursos
hídricos.
3.5 PERSPECTIVAS DO SETOR HIDRELÉTRICO
BRASILEIRO
3. 5.1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL
A geração hidráulica é responsável por cerca de 40% da oferta interna de
energia no Brasil — percentual ligeiramente superior ao do petróleo e do gás
natural somados (37%) — e por mais de 90% do suprimento de eletricidade no
país. Somente cerca de 25% do total do potencial hidrelétrico brasileiro (de
aproximadamente 261 mil megawatts) corresponde a usinas em operação, o
que indica que a participação da energia hidráulica na matriz energética
brasileira deverá aumentar, sobretudo em razão do aproveitamento do
potencial da Amazônia, considerado uma das melhores soluções para
assegurar o suprimento da demanda de energia elétrica no período entre 2005
e 2020.
O país possui 403 usinas em operação e 25 em construção, além de mais de
3.500 unidades registradas no Sistema de Informação do Potencial Hidrelétrico
Brasileiro (instrumento desenvolvido pela divisão de Recursos Hídricos e
Inventário da Eletrobrás), em fases diversas de avaliação ou planejamento. No
rio Paraná, situa-se a maior usina do mundo, a Itaipu Binacional,
empreendimento conjunto do Brasil e do Paraguai, com potência instalada de
12.600 megawatts (MW). As bacias brasileiras com maior potencial hidrelétrico
são a do Paraná - 59.183MW e a do Amazonas - 105.440MW.
Segundo o Instituto do Ambiente – IA (2004), a produção de energia
hidroelétrica pode ser atrativa pelos seguintes motivos:
a) é nula ou reduzida a poluição atmosférica, da água e do solo;
b) contribui para os objetivos da política energética e de desenvolvimento
sustentável (fonte renovável de energia);
c) caso haja uma barragem construída, esta pode ter outros benefícios
associados, tais como: o abastecimento público de água, a irrigação, a criação
de uma zona de lazer e com potencial turístico, etc;
d) a energia elétrica é mais barata para o consumidor em comparação com
outras formas de energia, eólica, térmica ou nuclear.
De acordo com Vésper (2006, p. 1), “a demanda mundial por energia irá quase
dobrar até 2030”, ou seja, há uma tendência significativa na construção e
modernização de usinas hidroelétricas para os próximos anos, principalmente
no Brasil, um país em desenvolvimento.
Ainda segundo Vésper (2006, p. 2):
O ritmo de crescimento do consumo de energia nos países ricos é menos
acelerado que naqueles em desenvolvimento. "Isso acontece por causa dos
diferentes estágios de industrialização", diz Mike Grillot, economista do
Departamento de Energia dos Estados Unidos. Países atrasados têm indústrias
pesadas, que consomem mais eletricidade. As nações maduras, por sua vez,
estão cada vez mais se especializando na área de serviços e deslocando
fábricas para países em desenvolvimento. Hoje, de cada dez habitantes do
planeta, três não têm acesso à eletricidade.
3.5.2 A MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA NO CENÁRIO MUNDIAL
O Brasil é o país que detém maior quantidade de água no planeta. Na Tabela 1
é possível observar os países com maiores recursos hídricos. Por meio dessa
tabela nota-se a importância que o Brasil possui no mundo quando se trata de
recursos hídricos.
Tabela 1: Recursos Hídricos por país
País Recursos hídricos interno ao território (km³/ano) Recursos hídricos de
origem externa (km³/ano)
Total (km³/ano)
% do total
Brasil 5418 2815 8233 18,81%
Rússia 4312,7 194,6 4507,3 10,30%
Canadá 2850 52 2902 6,63%
Indonésia 2838 0 2838 6,48%
China 2812 17,2 2829,2 6,46%
Estados Unidos 2000 71 2071 4,73%
Peru 1616 297 1913 4,37%
Índia 1260,5 636,1 1896,6 4,33%
Congo 900 383 1283 2,93%
Venezuela 722,5 510,7 1233,2 2,82%
Mundo 43.764 43.764 100%
Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED
NATIONS (2003)
A partir dos recursos hídricos totais é possível avaliar quanto é aproveitável
para geração de energia, como mostra a Tabela 2.
Tabela 2: Potenciais Hídricos com capacidade de exploração no mundo
País Capacidade Teórica (TWh/ano) Tecnicamente Exploráveis (TWh/ano)
Produção em 2005 (TWh/ano) Economicamente Exploráveis (TWh/ano)
% Total
Brasil 5920 1920 337 1260 13%
Rússia 2800 1670 165 852 12%
Canadá 2040 1488 337,46 811 10%
Indonésia 1289 951 358,61 523 7%
China 1397 774 5,8 419 5%
EUA 4485 529 269,69 376 4%
Peru 527 264 15 264 2%
Índia 650 260 2,84 260 2%
Congo 1578 260 17,98 260 2%
Venezuela 600 260 136,4 180 1%
Fonte: WORLD ENERGY CONCIL (2007)
O parque energético brasileiro é um dos mais limpos do mundo. De acordo
com dados da Eletronorte (2009), 14,7% da matriz energética brasileira é de
fonte hidráulica, sendo que a energia hidráulica representa 85,6% da oferta
interna de energia elétrica. Desta forma, pode-se afirmar que o Brasil é uma
grande referência para o setor de energia elétrica no mundo, em razão da alta
participação de fontes renováveis.
Além disso, segundo Eletronorte (2009), de todo o potencial hídrico brasileiro,
apenas 30% se transformaram em usinas construídas ou outorgadas. Essa
situação ocorre, porque 70% do potencial aproveitável está localizado nas
bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia. Assim em 2008 os potenciais da
região Sul, Sudeste e Nordeste já estavam quase que integralmente
explorados, em razão dos grandes centros consumidores estarem nessas
localidades.
Apesar do Brasil ser referência no setor de energia, a participação das PCHs
ainda é pequena como pode ser observado na Tabela 3. No entanto essa
participação vem aumentando de forma consistente nos últimos anos.
Tabela 3: Parque Elétrico Brasileiro
Tipo Quant.
Potência Fiscalizada (KW) %
Eólica 17 272.650,00 0,27%
PCH 542 2.336.976,00 2,29%
Solar 1 20,00 0,00%
Grandes Hidrelétricas 159 75.066.931,00 73,46%
Térmica 1.039 22.500.308,00 22,02%
Termonuclear 2 2.000.700,00 1,96%
Total 1.760 102.183.885,00 100,00%
Fonte: ANEEL (2011)
Nota-se pela Tabela 4 que a participação de PCHs em construção teve um
grande crescimento, quando comparado com a porcentagem das PCHs em
operação, um aumento de 2,3% para 17,4%. A potência instalada das PCHs
que estão em construção são aproximadamente 50% superior do que a
capacidade de geração das que estão operando atualmente. Sendo que a
potência das futuras PCHs que já possuem autorização da ANEEL é maior que
a atual potência elétrica em funcionamento.
Tabela 4: Fontes Alternativas de Energia versus Matriz Energética Brasileira
Tipo Operação Construção Autorização Total
PCH 2.336,00 1.264,00 2.446,00 6.046
Eólica 273,00 174,00 3.181,00 3.628
Biomassa 4.600,00 176,00 970,00 5.746
Total 7.209,00 1.614,00 6.597,00 15.420
Brasil 102.183,00 7.266,00 33.557,00 143.006
(PCH/Brasil) % 2,3% 17,4% 7,3% 4,2%
Fonte: ANEEL (2011)
Na Tabela 5 pode-se visualizar o atual potencial de geração elétrica das PCHs
em comparação com as maiores usina hidrelétricas brasileiras. Somando a
potência gerada pelas 542 PCHs que operam atualmente pelas diversas
regiões do Brasil, se chega à potência de 2.336 MW, fazendo essa
consideração elas ficam destacadas em sexto lugar entre as maiores usinas.
É bem possível que em alguns anos, com o ritmo de crescimento das PCHs
atual, juntas, as PCHs tenham uma capacidade de geração elétrica superior
que qualquer usina hidrelétrica no país.
Tabela 5: Posição das PCHS X Maiores UHEs
1° Tucuruí I e II 8.370
2° Itaípu (Parte do Brasil) 7.000
3° Ilha Solteira 3.444
4° Xingó 3.162
5° Paulo Afonso IV 2.462
6° PCH (542) 2.336
7° Itumbiara 2.280
8° São Simão 1.710
9° Jupiá 1.551
10° Porto Primavera 1.540
Fonte: ANEEL (2011)
3.5.3 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS USINAS DE PRODUÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA
Para produzir energia a partir de uma fonte hidráulica é necessário integrar a
vazão do rio, a quantidade de água disponível em certo período de tempo e os
desníveis de relevo, sejam naturais ou criados, artificialmente. A estrutura
básica de uma usina é composta resumidamente por uma barragem, sistema
de captação e adução de água, casa de força e vertedouro, que funcionam de
forma integrada.
A barragem interrompe o curso normal do rio e permite a formação do
reservatório. Além de estocar a água, os reservatórios possuem outras
funções: possibilitar a formação do desnível necessário para configuração da
energia hidráulica, a captação da água em volume apropriado e a regularização
da vazão do rio em épocas de chuva ou estiagem. Algumas usinas são
denominadas “a fio d'água”, isto é, não existe reservatório de água, o que
diminui a capacidade de armazenamento.
Os sistemas de captação e adução são formados por canais, túneis ou
condutos metálicos que possuem a função de induzir a água até a casa de
força. Neste local ficam instaladas as turbinas, formadas por uma série de pás
ligadas ao eixo que está conectado ao gerador. Durante o movimento das pás,
as turbinas transformam energia cinética em energia elétrica por meio dos
geradores. As águas depois que passam pelas turbinas são restituídas ao leito
natural do rio pelo canal de fuga.
O vertedouro tem a função de possibilitar a saída da água sempre que os
níveis do reservatório ultrapassar o limite recomendado. Sua abertura ocorre
em razão do excesso de vazão ou chuva, isto é, quando a quantidade de água
é maior que a necessária para o armazenamento ou para geração de energia.
Em tempos de chuva, o processo de abertura de vertedouros procura evitar
enchentes nas regiões de entorno da usina.
3.5.4 PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS - PCHs
As PCHs são feitas na maioria das vezes em rios de médio e pequeno porte
que possuam um desnível expressivo durante seu percurso, que possa gerar
potência hídrica o suficiente para movimentar as turbinas.
Geralmente uma PCH opera a fio da água, ou seja, o reservatório não
possibilita a regularização do fluxo da água. Dessa forma, em épocas de
estiagem a vazão disponível pode ficar menor que a capacidade das turbinas, o
que leva a ociosidade. Em outras circunstâncias as vazões são maiores, o que
leva a passagem da água pelo vertedouro.
Isso faz com que o custo da energia elétrica gerada pelas PCHs seja maior que
de uma usina de grande porte, onde o reservatório pode ser operado de forma
a contornar a ociosidade ou os desperdícios de água. Porém as PCHs são
usinas que trazem um menor impacto ambiental e ajudam na geração
descentralizada da energia no país.
Além dos elementos técnicos para definir o porte de uma barragem, como o
volume de água do rio, características geográficas e fragilidade ambiental, o
porte de usina também pode sofrer influência de aspectos sociais e políticos, o
que reduzem a otimização da usina. Mas na maioria das vezes os recursos são
os fatores restritivos a maximização do aproveitamento do potencial hídrico.
De acordo com a resolução n° 652 da ANEEL, foi determinado que serão
denominadas de Pequena Central Hidrelétrica (PCH). A classificação, segundo
a Eletrobrás, das centrais quanto à capacidade de regularização são
classificadas da seguinte forma: (1) de acumulação, com regularização diária
ou mensal do reservatório; (2) a fio d'água.
Uma PCH de acumulação é construída quando a vazão do curso da água não
é suficiente para gerar a energia necessária de descarga para o sistema
gerador. Dessa forma a barragem terá que acumular água nos momentos de
baixo consumo, para utilizá-la no período de pico. Em situação extrema, as
máquinas param o suprimento de energia no baixo consumo, que deverá ser
suprido com outras fontes como geradores a diesel. Esse tipo de PCH tem
maiores efeitos ambientais, em especial sobre a vida aquática, já que o
reservatório estará em constante mudança de nível.
Já uma PCH a fio d'água possuiu um rio com volume de água maior que a
descarga necessária para o sistema gerador. Com isso a adução pode ser feita
a partir de uma barragem mínima, já que o aproveitamento do potencial hídrico
será parcial, ocorrendo descarga de forma continua pelo vertedouro.
Segundo Müller (1995) o potencial aproveitável de PCHs no Brasil é de cerca
de 7GW, porém a participação de PCHs no parque elétrico brasileiro é
consideravelmente baixo, ainda mais considerando a competitividade de custos
das PCHs em frente a outras fontes de energia elétrica. Entretanto a
participação dessa fonte é significativa no atendimento de regiões isoladas e
em situações ligadas a usos conciliados de reservatórios.
Outra vantagem das PCHs é que pela lei n° 9.648 de 27 de maio de 1998, as
PCHS destinadas a autoprodução ou à produção independente só precisam de
autorização da ANEEL, estando livre do pagamento pelo uso do bem público.
3.5.4.1 PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS DO VALE DO PARAÍBA
O Vale do Paraíba possui três usinas hidrelétricas em operação, com
capacidade instalada de 174 megawatts. A maior central é de Paraibuna, com
85 megawatts, seguida pela de Santa Branca (57 megawatts) e Jaguari (27,6
megawatts).
Além da geração de energia, o rio Paraíba do Sul é o responsável pelo
abastecimento de água das cidades localizadas na bacia paulista do rio e da
região metropolitana do Rio de Janeiro.
Para suprir a população do Rio, é retirado diariamente volume de cerca de 160
metros cúbicos por segundo do Paraíba. A água é levada para o sistema
Guandú, na baixada fluminense, onde é tratada e distribuída para consumo
humano.
O governo paulista também estuda a possibilidade de transpor um volume de
água do Paraíba para suprir a região metropolitana de São Paulo. A questão é
polêmica e movimenta ambientalistas e autoridades contrários a uma possível
transposição.
Recentemente, foram concluídas as novas centrais hidrelétricas do rio Paraíba
do Sul, entre as cidades de Queluz e Lavrinhas, no Vale Histórico, na divisa
entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Ambas possuem capacidade de geração de energia de 30 megawatts. O lago
da central de Queluz (FIGURA 1) tem capacidade máxima de armazenamento
de 3,37 bilhões de litros e ocupará uma área de 0,88 quilômetros quadrados. A
PCH de Lavrinhas (FIGURA 2) possui um reservatório com capacidade para
armazenar até 8,84 bilhões de litros.
Figura 1 – Pequena Central Hidrelétrica de Queluz
Fonte: http://colunajeremias.blogspot.com/2011_09_01_archive.html
Como as barragens destas PCHs foram desviadas, as águas do rio formaram
lagos para a alimentação das mesmas, o que acarretou a perda das belas
corredeiras do Rio Paraíba do Sul e perdendo tudo o que a natureza formatou
nesse trecho para purificá-lo e oxigená-lo.
Figura 2 – Pequena Central Hidrelétrica de Lavrinhas
Fonte: RICARDO PEREIRA ARANTES (2009)
4 Conclusão
O problema dos impactos sócio-ambientais relacionados à construção de
usinas hidrelétricas ainda é de difícil solução. Das primeiras usinas implantadas
no Brasil até a atualidade muito se evoluiu no que diz respeito à mitigação dos
impactos nos sistemas vivos inseridos nesse contexto. Uma perspectiva mais
abrangente que contemple o homem, os animais, a vegetação, o curso d'água
e suas interações pode ser muito útil para se mensurar o impacto dessas obras
e propor alternativas de minimização de problemas. De fato muito já se pode
fazer nesse sentido.
Em contrapartida a crescente demanda de energia elétrica para abastecer os
grandes centros urbanos, com suas indústrias, exige a expansão do parque
gerador brasileiro. Deve-se então condicionar esses empreendimentos a uma
série de estudos sob uma ótica multidisciplinar, levando em conta não só o
meio ambiente, o ser humano e suas relações, mas também a necessidade de
energia elétrica das futuras gerações.
Cada forma de obtenção de energia, renovável ou não, possui pontos positivos
e negativos, entretanto os pesos para cada ponto devem ser atribuídos
corretamente para que o planejamento seja válido e realmente possa mitigar os
impactos ambientais. Conhece-los e quantifica-los é essencial para o
planejamento.
Diante da crescente demanda por energia elétrica, concluí-se que os incentivos
às Pequenas Centrais Hidrelétricas, por serem consideradas uma forma de
produção de energia com baixo impacto ambiental e uma energia “limpa” e
renovável, criam atrativos para que sejam implantadas PCHs nas regiões que
seriam consideradas críticas em relação à falta de energia.
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