Encontros Nacionais do IRB / Região Sudeste:
Inteligência e Controle
Desafios e Perspectivas da Atividade de Inteligência de Controle
Denilson FeitozaPós-Doutorado em Inteligência, Segurança e Direito
Rio de Janeiro/RJ, 16 de junho de 2016
Denilson Feitoza
Presidente da Associação Internacional para Estudos de Segurança e Inteligência
International Association for Security and Intelligence Studies
INASIS
Pós-Doutorado em Inteligência, Segurança e Direito (CCISS/Canadá)
Pós-Doutorado em Ciência da Informação (PPGCI/UFMG)
www.inasis.org
PARTE 1 – A
DIREITOS FUNDAMENTAIS / DEVERES CONSTITUCIONAIS
Segurança pública
direito fundamental social, direito fundamental
individual, dever fundamental, princípio, bem
jurídico constitucional difuso ou coletivo lato sensu
funções de defesa, de proteção, de prestação
social e de não-discriminação
PARTE 1 – C
DIREITOS FUNDAMENTAIS / DEVERES CONSTITUCIONAIS
“Métodos”:
Investigação criminal e processo penal
Policiamento ostensivo
Inquérito civil e processo civil
Atividade de inteligência
Análise criminal
Administração estratégica
Gestão do conhecimento
etc.
PARTE 1 – D
DIREITOS FUNDAMENTAIS/ DEVERES CONSTITUCIONAIS
Da mesma forma ocorre com
MORALIDADE ADMINISTRATIVA
(prevenção, controle e combate à improbidade
administrativa / CORRUPÇÃO)
EFICIÊNCIA
MEIO AMBIENTE
INFÂNCIA/JUVENTUDE
SAÚDE
EDUCAÇÃO
SEGURANÇA PÚBLICA
DEFESA NACIONAL etc.
PARTE 2 – A
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA ATUAÇÃO “DESIGUAL”:
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
IGUALDADE (fator diferencial, igualização material,
adequação do tratamento desigual e conformidade à
Constituição)
PROPORCIONALIDADE (adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito)
EFICIÊNCIA (quantitativa – economicidade e
qualitativa – satisfatoriedade)
DEVIDO PROCESSO LEGAL (controlabilidade dos atos
estatais)
PARTE 2 – B
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA ATUAÇÃO “DESIGUAL”:
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA(art. 37, caput, art. 74, II, art. 144, § 7°, CR)
Economicidade
Satisfatoriedade
Inteligência
“método” eficiente
(econômico e satisfatório)
PARTE 2 – C
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA ATUAÇÃO “DESIGUAL”:
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
Inteligência
Método
“desigual”,
proporcional,
eficiente
e controlável
PARTE 3 – A
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA ATUAÇÃO
“DESIGUAL”: OUTROS MÉTODOS
Os mesmos fundamentos se aplicam:
IGUALDADE
PROPORCIONALIDADE
EFICIÊNCIA
DEVIDO PROCESSO LEGAL
PARTE 3 – B
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
DA ATUAÇÃO “DESIGUAL”: OUTROS MÉTODOS
Os mesmos fundamentos se aplicam a:
PLANEJAMENTO/ADMINISTRAÇÃO
ESTRATÉGICOS
GESTÃO DO CONHECIMENTO
POLÍTICA INSTITUCIONAL
CIÊNCIAS SOCIAIS/HUMANAS
DESENVOLVIMENTO, ESTUDOS E PESQUISAS
PARTE 4
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
DA ATUAÇÃO “DESIGUAL” DE INSTITUIÇÕES “DIVERSAS”
(TRIBUNAIS DE CONTAS, MP, PC, PM, SEFAZ,
CONTROLADORIA-GERAL, SISTEMA PENITENCIÁRIO ETC.)
Competência constitucional/legal
Meios explícitos e implícitos para realizá-la
Atividades de inteligência e outros métodos,
em face de desigualdade que demande
métodos proporcionais.
“TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS”
QUE ESPÉCIE DE INTELIGÊNCIA PARA AS
INSTITUIÇÕES SEGUINTES?
TRIBUNAIS DE CONTAS
MINISTÉRIO PÚBLICO
POLÍCIAS CIVIS
POLÍCIAS MILITARES
SECRETARIAS DA FAZENDA
CONTROLADORIAS-GERAIS
SISTEMA PENITENCIÁRIO
ETC.
Inteligência de Estado no Brasil (“clássica”) 1
Lei 9.883/1999
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN)
Agência central (formalmente): Agência
Brasileira de Inteligência (ABIN)
Finalidade: fornecer subsídios ao Presidente
da República nos assuntos de interesse
nacional
Inteligência de Estado no Brasil (“clássica”) 2
Lei 9.883/1999
SISBIN
Órgãos: basicamente Administração PúblicaFederal, especialmente aqueles responsáveispela defesa externa, segurança interna erelações exteriores
Inteligência de Estado no Brasil (“clássica”) 3
SISBIN
Função: processo de obtenção, análise edisseminação da informação necessária aoprocesso decisório do Poder Executivo, bemcomo salvaguarda da informação contra oacesso de pessoas ou órgãos não autorizados
Inteligência de Estado no Brasil (“clássica”) 4
Inteligência como organização (serviço de
inteligência, comunidade de inteligência)
Inteligência como processo ou atividade
Inteligência como produto ou conhecimento de
inteligência
Ainda se pode falar em:
Inteligência como método
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 1
Inteligência produz conhecimento
Contrainteligência produz conhecimento
Como?
Ciclo de produção de conhecimento
(método)
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 2
Ciclo da produção do conhecimento
O CPC é definido sinteticamente, como um
processo formal e regular, separado em duas
etapas principais (uma vinculada à reunião de
dados e outra ao processo de análise), no qual
o conhecimento produzido é disponibilizado aos
usuários, agregando-se medidas de proteção e
negação do conhecimento.
(DNISP, 3. ed., 2009)
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 3
Ciclo da produção do conhecimento
O resultado deste conjunto de ações
sistemáticas é um conhecimento de
Inteligência, materializado em documentos de
inteligência, atendidas as peculiaridades de sua
finalidade.
(DNISP, 3. ed., 2009)
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 4
Metodologicamente, o CPC atende às
seguintes etapas (DNISP, 2009):
Planejamento
Reunião de dados e/ou conhecimentos
(ações de coleta e ações de busca)
Processamento (avaliação, análise,
integração e interpretação)
Difusão
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 5
Tipos de conhecimento: Informe, informação,
apreciação e estimativa
Documentos de inteligência: Relatório de
Inteligência (RELINT), Pedido de Busca (PB),
Mensagem (Msg) e Sumário.
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 6
Tanto inteligência quanto contrainteligência:
ciclo de produção de conhecimento
reunião de dados
se dados negados ou indisponíveis
operações de inteligência / ações de busca /
técnicas operacionais de inteligência
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 7
Reunião de dados –
Operações de inteligência
“É o conjunto de Ações de Busca, podendo, eventualmente,
envolver Ações de Coleta, executado para obtenção de
dados protegidos e/ou negados de difícil acesso e que
exige, pelas dificuldades e/ou riscos, um planejamento
minucioso, um esforço concentrado, e o emprego de
pessoal, técnicas e material especializados.”
(DNISP, 3.ed., 2009)
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 8
Reunião de dados –
Operações de inteligência
Ações de busca: reconhecimento;
vigilância; recrutamento operacional;
infiltração; desinformação; provocação;
entrevista; entrada; e interceptação de sinais
[eletromagnéticos, óticos e acústicos] e de
dados; observação [DISPERJ: interrogatório;
interceptação postal; interceptação das
comunicações; não entrada].
Inteligência de Segurança Pública – DNISP 9
Reunião de dados –
Operações de inteligência
Técnicas operacionais (TOI): observação,
memorização e descrição (OMD); estória-cobertura;
disfarce; comunicações sigilosas; leitura da fala;
análise de veracidade; emprego de meios eletrônicos;
foto-interpretação; processos de identificação de
pessoas (fotografia, fotometria, retrato falado,
datiloscopia, documentoscopia, DNA, arcada dentária,
voz, íris, medidas corporais, descrição, dados de
qualificação) [DISPERJ: detector de mentiras; emprego
de meios cinefotográficos]
Operações de inteligência,
ações de busca e
técnicas operacionais de inteligência !!
A dúvida de sempre!!
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de Estado
(inteligência civil, inteligência de defesa e
parte da inteligência militar)
versus
Inteligência de segurança pública,
inteligência criminal etc.
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de Estado
Política externa, defesa nacional e
segurança interna
Chefe de Estado e de Governo
Maior flexibilidade
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de segurança pública, inteligência criminal etc.
Segurança pública
Diversos destinatários
Rígidas limitações constitucionais e legais
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de Estado
(inteligência “consultiva”/ inteligência “assessorial”)
versus
ISP
(inteligência “executiva”)
SISBIN (e SINDE) versus SISP
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de Estado
≠
ISP, Inteligência Criminal etc.
(No ordenamento jurídico-constitucional brasileiro,
implicitamente)
Contaminação recíproca das competências
constitucionais
(mandatos legais)
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de Estado
SEM PODER DE POLÍCIA
(inteligência de “natureza assessorial”)
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
ISP, Inteligência Criminal, Inteligência Fiscal, Inteligência Penitenciária/Prisional, Inteligência
Ministerial, Inteligência de Controle etc.
ÓRGÃOS COM PODER DE POLÍCIA
(inteligências de “natureza executiva”)
Inteligência assessorial versus Inteligência executiva
Inteligência de Estado
(inteligência “consultiva”/ “assessorial”)
≠ISP, Inteligência Criminal, Inteligência Fiscal,
Inteligência Penitenciária/Prisional, Inteligência Ministerial, Inteligência de Controle etc.
(inteligência “executiva”)
Demandam marcos regulatórios diferentes
QUE ESPÉCIE DE INTELIGÊNCIA PARA AS
INSTITUIÇÕES SEGUINTES?
TRIBUNAIS DE CONTAS
MINISTÉRIO PÚBLICO
POLÍCIAS CIVIS
POLÍCIAS MILITARES
SECRETARIAS DA FAZENDA
CONTROLADORIAS-GERAIS
SISTEMA PENITENCIÁRIO
ETC.
GUIA
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA(art. 37, caput, art. 74, II, art. 144, § 7°, CR)
Economicidade
Satisfatoriedade
Inteligência
“método” eficiente
(econômico e satisfatório)
FORMAS DE USO DA INTELIGÊNCIA
(TC = MP = PF = PC = PM = SEFAZ = PRF =
“CGU” = PENIT)
ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA PELO TC/MP/ETC.
(níveis estratégico e tático-operacional)
USO DO PRODUTO DA ATIVIDADE DE
INTELIGÊNCIA
AUXÍLIO DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA AO
TC/MP/PF/ETC.
ADAPTAÇÃO DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
PELO TC / MP / PF / PC / PM / ETC. (EFICIÊNCIA,
EFICÁCIA E EFETIVIDADE)
FORMAS DE USO DE OUTROS MÉTODOS
(TC = MP = PF = PC = PM = SEFAZ = PRF =
“CGU” = PENIT)
ADAPTAÇÃO DE (métodos de sociologia,
psicologia, engenharia, antropologia, medicina,
biologia etc.) PELO TC/MP/PF/ETC.
(em razão de EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E
EFETIVIDADE)
ATIVIDADES DE ... PELO TC/MP/PF/ETC.
(níveis estratégico e tático-operacional)
USO DO PRODUTO DE ... PELO TC/MP/PF/ETC.
AUXÍLIO DE ... AO MP/PF/ETC.
Exemplo: Inteligência aplicada ao inquérito 1
Técnicas analíticas aplicadas pelo órgão de
inteligência (OI) no inquérito policial (IP) ou no
inquérito civil (IC)
Exemplo: em determinado inquérito policial de
alta complexidade, analistas do órgão de
inteligência empregam técnica de análise
associativa para estabelecer vínculos /ligações
entre “entidades” (contas-correntes,
correntistas, datas, transferências etc.)
Exemplo: Inteligência aplicada ao inquérito 2
Conhecimento de inteligência do OI no IP/IC
Exemplo: conhecimento de inteligência sobre
modus operandi de certa organização
criminosa pode orientar apuração em
determinado inquérito policial
Exemplo: Inteligência aplicada ao inquérito 3
Conhecimento de contrainteligência
do OI no IP/IC
Exemplo: conhecimento de contrainteligência
sobre ameaça concreta de certa organização
criminosa pode orientar medidas de salvaguarda
em determinado inquérito policial
Exemplo: Inteligência aplicada ao inquérito 4
Ações de busca/técnicas operacionais do OI
no IP/IC
Exemplo: em inquérito policial sobre
determinada organização criminosa, equipe do
órgão de inteligência é acionada para ação de
busca de dado protegido
Exemplo: Inteligência aplicada ao inquérito 5
Métodos, técnicas e instrumentos de inteligência e contrainteligência aplicados pelo
órgão de investigação ao IP ou ao IC
Não são exclusividade de órgãos de inteligência e podem ser adaptados a órgãos
de investigação criminal.
Daqui, dificuldade distinção IP/IC x Ativ.Intel.
LEMBRETE 1
As inteligências “executivas” somente podem serdesempenhadas no âmbito das competências dosrespectivos órgãos e submetidas aos controles elimites específicos aplicáveis a tais órgãos.
Isso implica que suas operações de inteligência,ações de busca e técnicas operacionais estãosujeitas às limitações dos meios de investigação,fiscalização e ação próprios destes órgãos.
LEMBRETE 2
As inteligências “executivas” são, no mínimo, umadecorrência lógico-sistemática das competênciasconstitucionais de órgãos que possuem autonomiae/ou independência, como meios implicitamentenecessários à realização de parte das respectivascompetências.
As inteligências “executivas” não são uma meraopção, mas um imperativo constituciona/legal, jáque tais órgãos não podem, simplesmente, abrirmão de suas competências.
Então…
Que espécie de inteligência para o TCU?
Que espécie de inteligência para os Tribunais de Contas?
Atividade de inteligência?
Técnicas “aprimoradas” de controle?
O certo é que a atividade de inteligência de controle é uma nova espécie de inteligência.
Denilson Feitoza
Presidente da Associação Internacional para Estudos de Segurança e Inteligência
International Association for Security and Intelligence Studies
INASIS
Pós-Doutorado em Inteligência, Segurança e Direito (CCISS/Canadá)
Pós-Doutorado em Ciência da Informação (PPGCI/UFMG)
www.inasis.org
Referências
FEITOZA, Denilson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis. 7. ed. rev.,
ampl. e atual. Niterói: Impetus, 2010.
FEITOZA PACHECO, Denilson. O princípio da proporcionalidade no direitoprocessual penal brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
FEITOZA PACHECO, Denilson. Relatório de pesquisa: inteligência, segurança e
direito: políticas e operações de inteligência. 2012. 264 f. Relatório final
(Residência pós-doutoral em Ciência da Informação) – Escola de Ciência da
Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública . 3.ed. Brasília, 2009.