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22 ● ECONOMIA Terça-feira, 19 de julho de 2011O GLOBO.

O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 22 - Edição: 19/07/2011 - Impresso: 18/07/2011 — 21: 34 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Empresas dominam debate sobre plano de saúdeAssociação do setor elabora roteiro de discussão para guiar a Subcomissão de Saúde Complementar da Câmara

Evandro É[email protected]

● BRASÍLIA. Criada para elabo-rar o marco regulatório dos pla-nos de saúde, a subcomissãode Saúde Suplementar da Câ-mara dos Deputados está sen-do orientada pela AssociaçãoBrasileira de Medicina de Gru-po (Abramge), entidade quereúne empresas que atuam nes-se mercado. Por solicitação daprópria subcomissão, a Abram-ge elaborou um roteiro de tra-balho sobre como a subcomis-são deve funcionar e os temas aserem tratados. O documentofoi distribuído a parlamentarese a dirigentes de outras entida-des, durante reunião na Câma-ra, semana passada.

Na reunião, que ocorreu naúltima quarta-feira, o advoga-do e dirigente da Abramge, Da-goberto José Steinmeyer Li-ma, sentou-se à mesa, ao ladodo presidente da subcomis-são, deputado André Zacha-row (PMDB-PR), e apresentouo roteiro. Zacharow, na suacampanha eleitoral , teveapoio do setor e recebeu R$ 50mil da Unimed. O relator dasubcomissão, Luiz HenriqueMandetta (DEM-MS), dirigiu aUnimed em seu estado.

Participação de associaçãoé vista como ingerênciaA Abramge também fez um

levantamento de quantos pro-jetos de lei sobre regulamenta-ção dos planos de saúde tra-

mitam no Congresso Nacional,41, e listou todas essas pro-postas. No documento, a enti-dade relaciona as mudançasque precisam ser feitas na le-gislação e, entre outras pro-postas, prevê regras para evi-tar a judicialização dos contra-tos de planos de seguros desaúde, da participação de em-presas estrangeiras nesse

mercado e de como deve ser aatuação da Agência Nacionalde Saúde Suplementar (ANS).

A presença de Lima na co-ordenação dos trabalhos irri-tou alguns dos convidadosda reunião. Um dos vice-pre-sidentes do Conselho Federalde Medicina (CFM), AloísioTibiriçá Miranda, da Comis-são de Saúde Suplementar da

entidade, considerou a atua-ção da Abramge uma ingerên-cia indevida.

— Fiquei preocupado quan-do foi apresentado o roteiroda nova legislação justamentepor quem deve ser regulado,que são as operadoras. Ques-tiono a Abramge estar ditan-do o roteiro desse trabalho,dessa subcomissão. Que isto

fique em ata. Os médicosquestionam as operadoras es-tarem na coordenação do ro-teiro da comissão — afirmouAloísio Tibiriçá na reunião.

Diretor da Abramge dizque participação é técnicaLima é advogado especialis-

ta em direito empresarial e as-sessora entidades e operado-ras de planos de saúde. Na dé-cada de 90, ele prestou asses-soria para o relator do textoque criou a atual legislação so-bre planos de saúde. Lima jus-tificou sua presença na comis-são e afirmou ter sido convida-do.

— Fui convidado pela sub-comissão para fazer essa ex-posição e foi sugerido queapresentasse esse roteiro bá-sico, como forma de ordenar otrabalho. Me pediram para co-laborar tecnicamente — disseLima.

Autores do estudo “Repre-sentação política e interesses

particulares na saúde”, sobrefinanciamento de campanhaseleitorais pelas empresas deplanos de saúde, Mário Schef-fer e Ligia Bahia, criticaram apresença da Abramge na coor-denação do trabalho.

— É a volta do mesmo e bem-sucedido lobby, que atuou emoutras ocasiões. Com total im-pedimento ético. E, desta vez,com roteiro e tudo, ou seja, tudodocumentado — disse MárioScheffer, da USP.

— O que é preocupante éque, na verdade, essa comis-são, criada para regulamentar,vai é desregulamentar. É a au-tonormatização do setor. É umparadoxo — disse a professo-ra Ligia Bahia, da UFRJ.

Zacharow afirmou que a co-missão vai ouvir todos os seg-mentos que atuam nesse setore que o roteiro elaborado pelaAbramge é uma orientação.

— Podemos discordar eapresentar outra proposta —afirmou Zacharow. ■

O QUE DIZ A PROPOSTA

O inimigo de Hayalla

Bruno [email protected]

● Na vida real, o Carrefour— a segunda maior redevarejista do país — foi alvorecente de uma proposta defusão com o Grupo Pão deAçúcar. Na novela “O As-tro”, da Rede Globo, a gi-gante francesa também des-perta o interesse dos con-correntes. Na ficção, osfranceses servem de refe-rência para o personagemSalomão Hayalla, imigrantelibanês que fundou a redede supermercados Hayalla.

Na novela, o Carrefour émostrado como a principalrede varejista do país. Porisso, Salomão, personagemvivido por Daniel Filho, fi-cará de olho nas estratégiasadotadas pelo rival francês.

Diferentemente da vidareal, na novela, a menção deum concorrente ao Carre-four faz parte de uma açãode merchandising da rede

francesa. De acordo com oprojeto de marketing, o Car-refour fará seis ações aolongo dos 60 capítulos dofolhetim.

Em cada uma das ações,será abordado um tema. Nalista, destaque para os pre-ços promocionais, o lança-mento de itens de marcaprópria e ações como a “ga-rantia de origem”, uma es-pécie de certificado de qua-lidade. Segundo uma fonte,está prevista também a idado próprio Salomão a umadas lojas do Carrefour.

As lojas da companhiafrancesa servem ainda delocação para o fictício mer-cado Hayalla. Além disso,segundo a agência de pu-blicidade F/Nazca, a redeexplorará suas ações desustentabilidade, como assacolas retornáveis. “O As-tro” é um remake da novelaescrita por Janete Clair eexibida na TV Globo nosanos 70.

Infraestrutura de tamanho mínimoMesmo com PAC, investimento no setor foi só de 2,53% do PIB em 2010

Mariana Durã[email protected]

● O Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) não foisuficiente para mudar o pa-tamar dos investimentos eminfraestrutura no país. Um es-tudo do economista CláudioFrischtak, da InterB Consul-toria, mostra que a média dosaportes no setor de 2008 a2010 foi de 2,62% do ProdutoInterno Bruto (PIB), pouco su-perior aos 2,32% apurados aolongo de toda a década pas-sada. Em 2010, auge do PAC, opaís investiu apenas 2,53% doPIB em áreas como rodovias,energia, aeroportos e portos, oequivalente a R$ 93 bilhões. Osdados foram apresentados on-tem, no Rio, em seminário so-bre infraestrutura na Funda-ção Getulio Vargas (FGV).

— O esforço do governo ge-rou um aumento de 0,48% do fimde 2007 a 2010. Ainda gastamospouco e estamos distantes deoutros competidores — diz Fris-chtak, cujos cálculos não in-cluem o setor de óleo e gás.

Contribuição do setorprivado foi pífia

O Brasil, destaca, está muitoatrás de outros países dos Brics.Nos últimos dois anos, a Índiaaportou 4,8% de sua riqueza eminfraestrutura; a China 13,4% sóem 2010. Para chegar onde aCoreia do Sul está hoje, o Brasilteria que investir de 4% a 6% doPIB em infraestrutura por aomenos 20 anos.

Para o economista, o dadomais preocupante e surpreen-

dente diz respeito à fraca par-ticipação do setor privado naera do PAC. Da expansão de0,48% do investimento em in-fraestrutura como proporção doPIB entre 2007 e 2010, o governofederal contribuiu com 0,19%, asempresas públicas com 0,22% eo setor privado teve uma “con-tribuição marginal” de meros0,07% do PIB. Ampliar a par-ticipação privada é, na avaliaçãode Frischtak, a única chance dopaís atingir um patamar de in-

vestimento ideal de 6% do PIB aoanonosetor, jáqueacapacidadede investimento do setor pú-blico já estaria no seu limite.

— Temos uma baixa taxa depoupança e uma demandaenorme por ampliação de gas-tos correntes. Todo o deltaagora virá do setor privado. Eo drama é que no PAC ele nãoveio — diz Frischtak.

Fatores como incertezas noplano regulatório e imprevisi-bilidade de custos e tempo de

licenciamento ambiental sãoconsiderados pela InterB comobarreiras significativas ao au-mento do interesse privado nosetor. É o caso por exemplo dafalta de clareza no papel da In-fraero no modelo de concessõesde aeroportos e mesmo do pro-jeto do Trem de Alta Velocidade(TAV), cujo leilão fracassou.

O economista Armando Cas-telar, do Ibre/FGV, criticou a faltade uma estratégia para atrair oinvestidor privado. Para ele, asdificuldades para impulsionar asParcerias Público-Privadas é umexemplo. Castelar estima que háum hiato de 3% do PIB em in-vestimentos em infraestrutura,cerca de R$ 140 milhões ao ano,na média da próxima década.

CNI sugere indicador deinfraestrutura ao IBGE

Em busca de dados precisossobre o tema, a ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI) en-viou ao governo federal uma pro-postadecriaçãodeumindicadorglobal de investimento em in-fraestrutura econômica. O estu-do sugere uma metodologia, masa proposta é que o levantamentofique a cargo do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Além do instituto, a dis-cussão já passou pelo BNDES epelo Banco Central.

— O indicador é essencialpara fazermos comparaçõescom outros países e saber quetipo de esforço está sendo fei-to internamente. Hoje não hádados precisos — diz o pre-sidente do Conselho de In-fraestrutura da CNI, José deFreitas Mascarenhas. ■.

Aneel aprova leilãopara novas usinas

Objetivo é ampliar a geração de energia

● BRASÍLIA. O conselho diretor da Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel) aprovou o edital do leilão de novasusinas de energia. O preço-teto de venda da energia noleilão, que será realizado no dia 17 de agosto, foi es-tabelecido em R$ 139 por megawatt-hora (MW/h). Para aexpansão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, opreço-teto será de R$ 102 MW/h.

Vencerá o grupo que oferecer o menor valor. Serãolicitadas usinas hidrelétricas, eólicas e termelétricas mo-vidas a biomassa e a gás natural para entrar em operaçãocomercial a partir de 1o- de março de 2014.

Foram cadastrados junto à Empresa de Pesquisa Energética(EPE) 582 empreendimentos de geração, com capacidadeinstalada de 27.561 MW. Do total, 429 são usinas eólicas (10.935MW); 41 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs); 81 ter-melétricas movidas a biomassa; e uma ampliação de hi-drelétrica.

Também foram registradas 30 termelétricas a gás na-tural, sendo que 4 delas, com capacidade de 2.222 MW,serão instaladas no Rio. (Monica Tavares)

GIGANTE FRANCÊS é principal concorrente da rede Hayalla

Pablo Jacob/28-6-2011

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