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FAZER O BEM PARABEM

Na disciplina de Gerenciamento de Projeto, da Esag, os alunos colocam os conceitos aprendidos em sala em prática por

meio de projetos sociais em comunidades carentes

APRENDER

G E S TÃ O

A instituição Novo Alvorecer atende crianças carentes da Vila Aparecida,

na Grande Florianópolis

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BEM

“O projeto se origina da necessidade

de vivenciar uma metodologia cujo

aprendizado quando tratado apenas na

instância acadêmica é muito superficial”,

diz André Nepomuceno, aluno responsável pelo projeto Tempo de Viver

por Raquel [email protected]

Oferecer aos alunos a oportunidade de aprender na prática a gerenciar um projeto e, paralelo a isso, ajudar diferentes entida-des sociais integra a proposta inovadora de ensino no curso de Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc-Esag). A ideia lançada pelo professor Leandro Schmitz, que leciona a disciplina, já concretizou 40 projetos sociais, benefician-do mais de 20 entidades da Grande Floria-nópolis. A grande demanda dos próprios alunos para atuarem como gestores em situações reais fez o professor sugerir a abor-dagem diferenciada para ensinar a disciplina. E foram os próprios estudantes que manifes-taram a intenção de realizar projetos sociais.

Inspirados pelo conceito de retribuir à sociedade o investimento feito neles mes-mos, já que a Udesc é uma universidade pú-blica, os estudantes se envolvem de maneira intensa nos projetos. Do outro lado, o pro-fessor Schmitz atua como consultor e incen-tivador, sustentando o discurso de que “no papel tudo funciona” e por isso é necessário agir. “O projeto se origina da necessidade de vivenciar uma metodologia cujo aprendiza-do quando tratado apenas na instância aca-dêmica é muito superficial”, destaca André Souza Noronha Nepomuceno, gerente geral do projeto Tempo de Viver, que realizou obras de melhorias e compra de equipamen-tos para o Cantinho dos Idosos.

A iniciativa, desenvolvida pela universida-de há oito anos com absoluto sucesso em to-dos os projetos quando se refere ao alcance das metas definidas, acaba gerando um com-prometimento dos alunos com a causa muito maior do que uma disciplina de universidade poderia justificar. E isso acontece, argumenta o professor Schmitz, porque somente em situações reais os alunos podem exercer o gerenciamento, quando é necessário resol-ver problemas, gerenciar mudanças, motivar equipes e balancear demandas conflitantes.

Aos acadêmicos é dada autonomia total para gerenciar os projetos – estruturados no início do semestre letivo – com o apoio de softwares específicos. Ao longo do período, o planejamento é executado e acompanhado semanalmente. Com equipes em cada área do projeto com as respectivas responsabili-

dades, em média, eles têm duração de três meses. No final do semestre letivo, é apre-sentada a prestação de contas dos recursos captados, as despesas e o resultado efetivo.

Na opinião de Thiago Furlani, ex-aluno da Udesc que foi gerente geral do projeto Tocando Vidas, a iniciativa do professor é perfeita. O Tocando Vidas ajudou a institui-ção Novo Alvorecer, que oferece aulas no contraturno escolar para crianças carentes da Vila Aparecida. O diferencial da instituição está em oferecer aulas de música. Com a ação realizada pelos alunos da Udesc, foi possível construir duas novas salas e reformar os ba-nheiros e o acesso ao nível superior do pré-dio. Para Furlani, a oportunidade de construir e entregar algo grande para ajudar muitas crianças foi a grande lição que a disciplina de Gerenciamento de Projetos deixou. Além dis-so, ele acrescenta que o projeto possibilitou a utilização de muitos conhecimentos e habili-dades aprendidas durante o curso, a vivência com uma ação de grande responsabilidade, complexidade e todas as dificuldades que isso envolve e, por fim, a realização de uma entrega concreta. “A disciplina é, em minha opinião, a melhor do curso”, enfatiza Furlani.

O acompanhamento constante do professor Leandro Schmitz nos projetos o motivou a fazer um doutorado sobre o de-senvolvimento de competências. A pesquisa para a tese foi realizada com mais de 200 alunos, abordando levantamento qualitativo

A instituição beneficiada Novo Alvorecer tem como diferencial

as aulas de música

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e quantitativo, e concluiu que este direcio-namento da disciplina promove uma relação de liderança, mantém os alunos motivados para o trabalho, incentiva a organização do fluxo de informações, facilita a comunicação e o trabalho em equipe e proporciona a de-legação de responsabilidades. Além disso, desenvolve habilidades para aplicar técnicas de gerenciamento de projetos para acompa-nhar o desempenho, ensina a saber quando há necessidade de promover mudanças na equipe para não comprometer o resultado e a planejar e assumir uma postura proativa.

O aluno Daniel Faust está na sétima fase e gerencia o projeto Com Licença, que auxilia a Casa São José, responsável por cui-dar de 166 crianças no morro da Serrinha. As crianças ficam no contraturno das aulas no local, onde é oferecido reforço escolar, aulas de educação física, música, teatro, além de apoio psicopedagógico. Até o mo-mento, foram captados cerca de R$ 35 mil para adequar a casa às normas exigidas pe-los bombeiros, caso contrário a instituição poderá perder um subsídio mensal de R$ 15 mil que recebe da Prefeitura de Florianó-polis. Para arrecadar a quantia, os alunos re-alizaram happy hours, venda de cupcakes, feijoada. “A potencialização do resultado quando se trabalha em uma causa nobre, em equipe e com planejamento, é muito grande”, avalia Daniel.

O projeto Tempo de Viver, gerenciado pelo estudante André, trabalha o desafio de arrecadar R$ 152 mil para executar uma obra hidrossanitária no Cantinho dos Idosos. O valor alto para ser conquistado e o curto período de tempo para trabalhar fez com que os acadêmicos fossem buscar parcei-ros e patrocinadores para o projeto. André conta que a equipe teve que negociar para conseguir ter êxito e, para isso, testou tudo aquilo que aprendeu ao longo da faculdade. Para André, a Udesc-Esag, com esse projeto, consegue cumprir à risca seu lema “Escola-Empresa-Comunidade” e aproxima os alu-nos da sociedade e do mercado. E de forma mais profunda, o legado que os projetos so-ciais da universidade deixam ultrapassam os resultados financeiros. O desenvolvimento dessas iniciativas fortalece, de maneira sistê-mica, toda a sociedade. André relata que a grande lição que ele aprendeu foi procurar ser um promotor de soluções e auxiliar a so-ciedade a fazer o mesmo. “Afinal, por essên-cia somos administradores”, conclui.

O professor Leandro afirma que o objeti-vo com a proposta era mostrar as vantagens de executar um projeto a partir de um pla-nejamento detalhado. Mas, ele revela que a interação com as causas sociais foi um gran-de fator motivador. Leandro diz que poderia resumir a experiência afirmando que ela per-mite construir o certo, do jeito certo.

A ideia lançada pelo professor Leandro

Schmitz, que leciona a disciplina

Gerenciamento de Projetos na Udesc/

Esag, já concretizou 40 projetos sociais,

beneficiando mais de 20 entidades da

Grande Florianópolis

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Com os recursos obtidos pelo projeto Tocando Vidas foram feitas melhorias no

prédio da instituição Novo Alvorecer


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