Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Em Torno da Escola
Diretrizes para a Implementação da Educação de Tempo Integral
nas Cidades do Entorno de Brasília
Ministério Público do Estado de Goiás
2009
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Procurador- Geral de JustiçaEduardo Abdon Moura
Coordenador Projeto Entorno/DFMarcus Antônio Ferreira Alves
Assessoria Técnica em EducaçãoMariabe Silva
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Procedimento nº 2009000100070837
Origem: Coordenação Projeto Entorno/DF
Interessado: escola de tempo integral
IntroduçãoMariabe Silva, Técnica em Educação, designada para elaboração de
projeto modelo de escola de tempo integral para a região do Entorno/DF, apresenta o
resultado do trabalho.
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
“Tudo o que a gente puder fazer no sentido de
convocar os que vivem em torno da escola, e dentro
da escola, no sentido de participarem, de tomarem
um pouco o destino da escola na mão, também.
Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é
pouco ainda, considerando o trabalho imenso que
se põe diante de nós que é o de assumir esse país
democraticamente.”Paulo Freire
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Contexto histórico
A primeira proposta de educação de tempo integral no Brasil apareceu
nas décadas de 20 e 30 com a concepção de Anísio Teixeira conceituando uma
educação escolar que abrangesse a cultura, a socialização primária, a preparação para
o trabalho e para a cidadania. A base de sua concepção de educação integral é a de que
“a educação é vida e não preparação para a vida, o entendimento de que as demais
instituições sociais perderam parte de sua capacidade educativa e a busca da escola
verdadeiramente comum, isto é, democrática”.1
Em 1950, Anísio Teixeira concretiza suas ideias implantando, em
Salvador, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro. O complexo educacional constava de 4
escolas-classe com capacidade para 1.000 alunos cada e 1 escola-parque, onde o aluno
completava de forma alternada o horário de 7h30 às 16h30 quando permanecia na
escola. Participa, também, da implementação do sistema educacional de Brasília, que
pretendia ser um modelo para todo o país.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, aprovado em 1962,
teve participação ativa de Anísio Teixeira, que foi relator do Plano. Foi também o
articulador para que as instâncias federal, estadual e municipal garantissem os serviços
educacionais, transformando a educação no mais importante serviço público do país.
A concepção de educação integral reapareceu na década de 80 quando
Darcy Ribeiro, baseado nos projetos idealizados por Anísio Teixeira, implantou os
Centros Integrados de Ensino, no Rio de Janeiro. A escola, criada para crianças das
classes populares, propunha-se a formar um cidadão critico oferecendo 6 horas diárias
de atividades de ensino e aprendizagem, orientação artística, assistência médica e
1 Escola de Tempo Integral – Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais - 2009
5
Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
odontológica, alimentação e banho.
A partir do ano 2000, a escola de tempo integral volta ao centro do
debate educacional brasileiro. Vários estados e municípios introduzem o conceito de
educação integral em suas redes, ampliando a jornada de 4h e surgem projetos em
todos os pontos do país.
Segue, abaixo, alguns exemplos que tem sido considerados de sucesso.
Em Apucarana, no Paraná, O Programa de Educação Integral está em
funcionamento desde 2001. O Programa foi firmado em 4 pactos fundamentais: Pacto
pela Educação, Pacto pela Responsabilidade Social, Pacto pela Vida e Pacto por uma
Cidade Sustentável.
Em Nova Iguaçu, o Projeto Bairro-Escola, iniciado em 2006, sustenta-se
sobre 2 conceitos básicos: Cidade Educadora e Educação Integral. O Bairro-Escola
oferece atividades sócio-educativas nos turnos alternativos aos das aulas, através de
parcerias com diferentes instituições que se transformam em espaços de aprendizagem.
Em Belo Horizonte, o Programa Escola Integrada, implantado em 2006,
ampliou a jornada para 9 horas, com atividades diversificadas mas articuladas com o
Projeto Político Pedagógico de cada instituição. Conta com a parceria de instituições de
ensino superior, ONGs, artistas, comerciantes e empresários, envolvidos no
desenvolvimento dos potenciais educativos da comunidade.
Em São Paulo a proposta da escola integral também foi implantada em
2006 e está baseada no saber construído coletivamente, na cultura de paz e no
protagonismo juvenil.
No Estado de Goiás, a Escola de Tempo Integral foi implantada, através
da Secretaria de Estado da Educação, no segundo semestre de 2006, em 32 unidades.
Atualmente, conta com 103 unidades, tem o projeto consolidado e, para garantir a
identidade e a unidade diante das Diretrizes propostas, amplia sua rede mantendo como
critério de adesão ao programa o compromisso da comunidade em assumir como
modelo de educação o estudante como sujeito de sua própria formação e participante
ativo no processo de aprendizagem.
Na região do Entorno/DF a SEE-GO tem 3 escolas de tempo integral em
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
funcionamento:
– Luziânia – Colégio Estadual Cecília Meireles;
– Formosa – Escola Estadual Mauro Alves Guimarães e Escola Estadual Presidente
Vargas.
Outros municípios do estado – Goiânia, Anápolis, Rio Verde, já
implantaram unidades com tempo integral e tem ampliado, sistematicamente, sua rede.
Desde 2004 o Ministério da Educação, tendo como objetivo a
perspectiva de universalizar o acesso, a permanência e a qualidade da educação
pública, vem discutindo, de forma participativa, uma proposta de educação integral. Em
2007 foi criado um grupo de trabalho formado por representantes de gestores municipais
e estaduais, sob a Coordenação do MEC, para a construção de um texto referência
sobre Educação Integral, com vistas à formulação de uma política pública e como auxilio
para a reflexão do debate nacional.
Em 2009, este grupo apresentou a Série Mais Educação composto de 3
volumes, que pretende desencadear um amplo diálogo nacional que envolva todos os
atores da cena escolar.
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Justificativa
1. Sobre a escola de tempo integralRepensar a escola e seus objetivos é uma questão emergente. Uma
escola que seja voltada para o desenvolvimento pleno da pessoa, com igualdade de
condições de acesso e permanência, garantia de padrões de qualidade e a possibilidade
do pleno exercício da cidadania.
A ampliação das tarefas da escola contemporânea para além do
currículo básico pressupõe uma visão de educação democrática, humanista,
compromissada com a transformação social e com a diversidade, com a ética e com a
cultura. Uma educação que se faça em uma escola que apresente as crianças e aos
adolescentes “um retrato da vida em sociedade”.2
Neste contexto, as concepções e práticas da educação de tempo
integral, baseadas na ampliação da jornada escolar, vem promover a reestruturação da
escola, respondendo aos desafios de seu tempo histórico.
Existem, hoje, muitas concepções de educação de tempo integral. Essa
concepção, no entanto, não pode se limitar apenas ao aumento do tempo e do espaço
nos projetos políticos pedagógicos das escolas que aderirem a este modele de prática
educativa. È necessário que se reconheça o sentido e a identidade de cada grupo, de
forma que a construção da proposta de trabalho coletiva seja baseada na sistematização
do conhecimento universalizado.
Os pressupostos da educação de tempo integral é a de que o estudante
deve “desenvolver a curiosidade, o questionamento, a observação, descobrir,
experimentar, identificar e distinguir, relacionar, classificar, sistematizar, criar, jogar,
2 Anísio Teixeira, 1950
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
debater, comparar, concluir, entre outras experiências formadoras.”3
A escola de tempo integral propõe o redimensionamento da estrutura
organizacional com novos espaços e maior tempo de permanência dos alunos, que as
matrizes curriculares sejam ampliadas e que se tenha o compromisso da equipe escolar.
O currículo básico objetivará ser enriquecido com atividades diversificadas de forma
articulada com o projeto político pedagógico da instituição.
A extensão do horário escolar e a ampliação dos espaços usados nas
atividades escolares, por si só, não garantem a melhoria da qualidade do ensino. No
entanto, quando se discute a educação de tempo integral, é necessário que se fale
sobre a questão do tempo – a ampliação da jornada escolar, tendo como referência o
espaço físico em que cada escola estará inserida.
As atividades complementares de apoio pedagógico, a prática de
atividades esportivas, culturais e artísticas, o conhecimento do mundo em que se vive e
o acesso ao mundo digital, a gestão do meio ambiente, o estudo de línguas e a prática
da leitura, devem estar em sintonia com a matriz curricular básica de forma que
aglutinem conhecimentos e não haja a fragmentação em disciplinas tradicionais e
diversificadas. Na ampliação do tempo pedagógico e do uso dos espaços deve-se
manter o equilíbrio entre as atividades com características acadêmicas e as de caráter
lúdico.
Deve-se ainda considerar como variável crucial a premissa: para que
esse projeto realmente se efetive é necessário que a comunidade escolar possa
participar do diálogo para a construção do projeto político pedagógico da escola.
A escola é vista, ao longo do tempo, como um espaço privilegiado da
formação do aluno. Na escola de tempo integral há uma revisão deste parâmetro quando
a cidade passa a ser considerada como espaço sócio-cultural, construído
potencialmente como espaço educador. Um novo contrato social é articulado entre a
escola e a comunidade, onde o professor, intencionalmente, transforma-a em
possibilidades educativas para a consolidação do projeto maior que é ver o aluno como
protagonista de sua formação.
3 Rede de Saberes Mais Educação, MEC, 2009
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Faz parte integrante deste processo de inserção da escola no espaço
comunitário considerar os tempos dos atores que estarão, a partir de agora, envolvidos
no processo de aprendizagem: o aluno, o professor, a equipe escolar, a comunidade em
que a escola está inserida.
A escola, deste ponto de vista, vai se transformar no centro da
construção de uma rede de saberes culturais, políticos, sociais, simbólicos, morais e
éticos de um território. E esse território é o espaço onde “a realização da vida em
sociedade acontece”.4
O Projeto Político Pedagógico da escola é que vai promover o encontro
entre as diferenças de identidade da comunidade que a escola está inserida, permitindo
que os processos educativos sejam construídos à partir do diálogo norteador,
promovendo em seu planejamento o uso dos novos espaços e a necessidade de uma
nova visão temporal que evite a fragmentação de sua proposta educacional. Requer
elaboração, realização de experiências e planejamento, de forma que a aprendizagem,
em qualquer dos espaços ou tempos existentes, esteja contextualizado a ação educativa
que se propõe.
O professor é papel fundamental nesta nova visão da escola. É
necessário que atue como “aquele que reinventa a relação com o mundo, que reinventa
sua relação com o conteúdo que ensina, com o espaço da sala de aula e com seus
alunos”5 Seu planejamento pressupõe uma relação de compromisso com o projeto de
educação que foi construído coletivamente e é o responsável pela efetivação desta
intencionalidade por meio de sua ação educativa.
A escola vista deste novo ponto de vista requer a democratização de sua
gestão. Assim, cabe a este novo Gestor potencializar a participação social da
comunidade onde a escola está inserida, agregando valores e conhecimentos que serão
significativos às crianças e adolescentes que ali viverem.
Torna-se indispensável que esta nova equipe educacional participe de
programas de formação continuada, onde, para esses atores, também serão criados
novos espaços e tempos de reflexão de sua prática profissional. Programas onde as
4 idem5 idem
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
necessidades destes profissionais devem ser priorizadas para que seu planejamento
seja estruturado em atividades inovadoras e criativas, em sintonia com a prática que
requer a nova proposta educacional. Programas que possibilitarão a implantação do uso
de novos recursos didáticos e tecnológicos, que favoreçam a contextualização que se
faz necessária e estimule a apropriação dos saberes de todo a comunidade que a escola
está inserida.
2. Sobre o Projeto Entorno/DF O Projeto Entorno/DF, implantado pelo Ministério Público do Estado de
Goiás tem, como objetivo primordial, melhorar as condições de cidadania da população
da região, fomentando e coordenando ações nas área de segurança pública, saúde,
meio ambiente, patrimônio público, infância, juventude e educação6.
A atuação do Ministério Público do Estado de Goiás é imprescindível
para assegurar a observância dos direitos essenciais violados, resgatar a dignidade da
comunidade, solidificar a credibilidade das instituições.
Para tanto, vem desenvolvendo ações como a reestruturação das
Promotorias de Justiça, implantação da Lei da Hora Certa, promovendo instituição dos
Procons e Conselhos tutelares da região, estabelecendo um sistema eficiente
permanente de fiscalização pelos órgãos ambientais governamentais , regulando aterros
sanitários, entre outras.
Na área da Educação o Projeto Entorno/DF tem como meta a
implementação das escolas de tempo integral, apresentando diretrizes de gestão,
curriculares, capacitação dos profissionais envolvidos, adequação da estrutura física e
recursos didáticos, que subsidiarão a construção do projeto Político Pedagógico do
município, a ser realizado pela comunidade educacional.
3. Sobre LuziâniaLuziânia, com uma área de 3.975km² e 142.600 habitantes, fica a 188km
da capital Goiânia e 56km de Brasília.
6 Projeto Entorno do Distrito Federal, MP-GO, 2009
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Fundada em 13/12/1746 e elevada a cidade em 1943, tem sua história
ligada a aventuras, bandeiras, ouro, devoção, crenças e talentos. Desde a fundação de
Brasília, experimenta amplo crescimento populacional, incentivando a criação de outros
municípios da região do entrono do DF.
Segundo IBGE, em 2008, contava com 30 escolas de educação infantil,
sendo 16 municipais, 87 escolas de Ensino Fundamental, com 41 municipais e 28 de
Ensino Médio. As matrículas do Ensino Fundamental foram de 34.462 alunos e na
educação Infantil de 2.936 alunos. Oferece ensino superior em 2 unidades, sendo 1
delas estadual.
O bairro do Ingá fica localizado na periferia da cidade e tem, atualmente,
61 mil habitantes. É considerado uma das regiões mais violentas do país, sua população
tem pouco ou nenhum acesso a políticas públicas de atendimento. O comércio, apesar
de independente, tem problemas de segurança.
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Objetivos
1. Objetivos gerais– implementar o programa de educação em tempo integral nas escolas municipais das
cidades do entorno de Brasília;
– implantar projeto-piloto de educação integral em escola do Jardim do Ingá, em
Luziânia
2. Objetivos específicos– elevar a qualidade do ensino;
– possibilitar que o aluno amplie suas experiências de vida;
– estimular o interesse pelo processo de conhecimento;
– oferecer oportunidade de apropriação do conhecimento historicamente produzido;
– proporcionar uma estrutura rica em experiências culturais, artísticas, físicas e sociais;
– promover condições adequadas de aprendizagem ao aluno com defasagem;
– reduzir a reprovação e a evasão escolar.
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Metodologia
1. Sobre os conceitos básicos7
1.1. Diretrizes Curriculares Nacionais
As Diretrizes Curriculares Nacionais compõem o conjunto de definições
doutrinárias sobre os princípios fundamentais da Educação Básica, expressos pela
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que vão orientar as
escolas brasileiras na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas
propostas pedagógicas.
1.2. Currículo
Currículo tem origem em curriculum-i, que significa pista de corrida.
Segundo Sacrisán (1998), de uma perspectiva processual, pode ser entendido como a
trajetória de formação dos alunos.
Envolve 3 outros conceitos:
1.2.1. currículo formal – planos e propostas pedagógicas;
1.2.2. currículo em ação – aquilo que efetivamente acontece nas salas de aulas e nas
escolas;
1.2.3. currículo oculto - o não dito, aquilo que tanto alunos, quanto professores trazem,
carregando sentidos próprios, criando as formas de relacionamento,poder, convivência
nas salas de aula.
1.3. Base Nacional Comum
A Base Nacional Comum é o conjunto de conteúdos mínimos nas Áreas
de Conhecimento. Por ser a dimensão obrigatória dos currículos nacionais e âmbito
7 segundo Diretrizes Curriculares Nacionais, MEC, 2009
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
privilegiado da avaliação nacional do rendimento escolar, devendo preponderar
substancialmente sobre a dimensão diversificada.
1.4. Parte Diversificada
A Parte Diversificada do currículo da escola de tempo integral envolve os
conteúdos complementares escolhidos por cada sistema de ensino e unidades
escolares, integrados à Bases Nacional Comum, de acordo com as características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia, refletindo na proposta
pedagógica década escola.
1.5. Conteúdos Mínimos das áreas de Conhecimento
Os Conteúdos Mínimos das áreas de Conhecimento são as noções e os
conceitos essenciais sobre fenômenos, processos, sistemas e operações que
contribuem para a constituição de saberes, conhecimentos, valores e práticas sociais
indispensáveis ao exercício de uma vida de cidadania plena.
2. Sobre a Proposta PedagógicaAo definir suas propostas pedagógicas, as escolas explicitam a
identidade pessoal de seus alunos e profissionais envolvidos no processo em cada
unidade escolar, reconhecendo as diversidades e peculiaridades básicas relativas as
variedades étnicas, etárias, regionais, socioeconômicas, culturais, psicológicas e físicas.
A proposta pedagógica de cada escola será apresentada em seu Projeto
Político Pedagógico que, ao contemplar os Parâmetros Curriculares Nacionais aliados à
proposta de matriz curricular complementar, deverá articular o paradigma curricular do
projeto de sociedade que se deseja instituir e que homem deseja formar.
É no Projeto Político Pedagógico que a escola vai atuar como o
mediador do ato pedagógico, com o objetivo de interagir a Base Nacional Comum e a
Parte Diversificada, de forma que possa constituir a identidade do aluno como “cidadão
em processo”, capaz de se tornar protagonista de ações responsáveis, solidários e
autônomos.
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
3. Sobre o PlanejamentoUma das funções do professor é planejar. É neste momento que se torna
possível pensar a prática, ainda que após sua elaboração não se realizem
completamente na sala de aula.
O Professor tem papel fundamental na prática educativa da escola de
tempo integral quando é o instrumento que vai permitir a reflexão das possibilidades de
aprendizagem, oferecendo aulas criativas, mudando a organização da sala de aula,
explorando espaços, ampliando as experiências.
Na escola o planejamento é visto em 3 momentos específicos:
3.1. Projeto Político Pedagógico – é planejamento porque implica uma projeção do
futuro. Vai nortear as ações educativas e, por isso, deve ser um processo coletivo.
3.2. Planejamento curricular – diz respeito a dinâmica de cada escola. É aqui que a
organização dos conteúdos considera as experiências culturais que ampliam a
perspectiva das disciplinas.8
3.3. Plano de aula – é um recorte do processo global, que organiza e registras as
decisões, considera as condições de tempo, espaço, estrutura física e organização da
escola.
4. Sobre a organização da prática educativaA organização da prática educativa das escolas de tempo integral será
legitimada através das decisões, objetivos e metas coletivamente formuladas pela
comunidade no Projeto Político Pedagógico.
A aprendizagem deve basear-se numa ação organizada por projetos,
incorporados ao cotidiano da escola, que permitirão ao aluno ampliar seu universo de
experiências. É preciso considerar quais os interesses dos alunos, suas dificuldades,
seus conhecimentos, o mundo em que vivem para que possam ser motivados e
envolvidos nesta prática educativa que tem como objetivo primordial prepará-los para o
exercício pleno da cidadania.
8 Zenaide Ferreira Fernandes, 2008
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
5. Sobre a Matriz CurricularA Matriz Curricular vai permitir organizar o espaço e o tempo da vida na
escola, integrando a Base Nacional Comum e a Parte Diversificada em um eixo dinâmico
e integrada das ações da escola.
A Matriz Curricular da escola de tempo integral é único, estruturado por
uma concepção de currículo integral. É fundamental que a organização do tempo escolar
não seja fragmentado em atividades acadêmicas e lúdicas, que possam permitir o
descomprometimento desta organização.
5.1. A Base Nacional Comum da 1ª a 5ª série do Ensino Fundamental é dividida em 3
eixos, segundo orientações do MEC:
5.1.1. Linguagem e Comunicação
a. Língua Portuguesa
b. Artes
c. Educação Física
5.1.2. Ciências e Matemática
a. Ciências
b. Matemática
5.1.3. Histórico e Social
a. Geografia
b. História
5.2. A proposta do Ministério Público do Estado de Goiás relativa a Parte Diversificada
da Matriz Curricular da escola de tempo integral é sua divisão em 2 componentes:
projetos* e atividades permanentes** incorporados a cada um dos 3 eixos: Linguagem e
Comunicação, Ciências e Matemática, Histórico e Social.
No Projeto Político Pedagógico da escola serão elaborados subprojetos
da Parte Diversificada, que têm, como prioridade, o trabalho lúdico, a oralidade, o som e
o movimento. Cada subprojeto possui sua própria proposta pedagógica, com objetivos
* Anexo 1** Anexo 2
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
claros e definidos, plano de trabalho e metodologia de atuação.
5.2.1. Parte Diversificada - área: Linguagem e Comunicação
a. Escolas do mundo: Língua estrangeira
b. Escola de Sons: Cantoria
c. Escola de Movimento: Artes Marciais
d. A Escola na cidade: Jornal mural
e. atividades permanentes
e.1. Letras e Números: Letramento
e.2. A Escola é um filme***
5.2.2. Parte Diversificada - área: Ciências e Matemática
a. Escola Inteligência ambiental: Horta
b. Escola Inteligência ambiental: Jardinagem
c. Escola de Tecnologia: Informática
d. Escola de Estratégia: Xadrez
e. Escola de Estratégia: Dama
f. atividades permanentes
f.1. Letras e Números: Raciocínio Lógico
f.2. Escola Inteligência ambiental: Alimentação saudável
5.2.3. Parte Diversificada - área: Histórico e Social
a. A Escola é minha: Educação patrimonial e ambiental
b. A Escola na cidade: Emissora de Rádio
c. atividades permanentes
c.1. Letras e Números: Estudos e Pesquisa
c.2. Escola Inteligência ambiental: Lixo reciclado
c.3. Escola cidadã: ética e responsabilidade social
5.3. Sobre a Grade do Sistema
5.3.1. Número de dias letivos: 200
5.3.2. Carga horária mínima: 800 horas
*** Anexo 3
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
5.3.3. Carga horária período integral: 9 horas/dia
5.3.3.1. Duração da hora/aula: 45 minutos
5.3.3.2. Intervalos para lanche: 50 minutos divididos em 2 ou 3 tempos
5.3.3.3. Intervalo entre turnos: 1h25 divididos em almoço e livre
5.3.4.Divisão das disciplinas
5.3.4.1. Base Nacional Comum: 5 aulas/dia
5. Parte Diversificada: 4 aulas/dia
5.4. Sobre o número de aulas por semana, em cada série, da Base Diversificada da
Matriz Curricular da 1ª a 5ª série do Ensino Fundamental
Disciplina Número de aulas na semana por série1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
Escolas do mundo: língua
estrangeria- - 1 1 1
Escola de sons: coral 1 1 1 1 1Escola de movimentos:
artes marciais2 2 2 2 2
Escola na cidade: jornal
mural- - - 1 -
Escola na cidade:
emissora de rádio- - - - 1
Letras e Números:
letramento2 2 2 2 2
Letras e Números:
raciocínio lógico2 2 2 2 2
Letras e Números: estudos
e pesquisas4 4 4 4 4
A escola é um filme 3 3 3 3 3Escola Inteligência
ambiental: horta1 1 1 - -
Escola inteligência
ambiental: jardinagem- - - 1 1
Escola de Tecnologia:
informática2 2 2 1 1
Escola de estratégia: 1 1 - - -
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
damaEscola de estratégia:
xadrez- - 1 1 1
A escola é minha:
educação patrimonial e
ambiental
2 2 1 1 1
Total 20 20 20 20 20
Na escola de tempo integral as atividades que deveriam ser realizadas
em casa são acompanhadas por um professor em disciplina da Base Diversificada, aqui
denominada Letras e Números: estudos e pesquisas. Essas atividades são
determinadas segundo critério estabelecidos pela Coordenação e professores de cada
série. Com o objetivo de envolver a família no processo aprendizagem as atividades da
6ª feira deverão ser elaboradas para que a criança faça em casa, durante o final de
semana, com a participação dos pais. Conforme organização do horário de cada escola,
1 dia por semana, na 6ª ou na 2ª feira, não haverá esta disciplina no quadro de horário
em razão da explicação anterior.
As atividades permanentes Escola Inteligência ambiental: alimentação
saudável e lixo reciclado e Escola Cidadã: ética e responsabilidade social são projetos
realizados além da sala de aula, como propostas mediadoras da atuação da escola na
vida do aluno e de sua comunidade, portanto, com a participação imprescindível de
todos os profissionais envolvidos no processo.
6. Sobre a Gestão A gestão democrática da educação está associada ao estabelecimento
de mecanismos legais e institucionais e à organização de ações que desencadeiem a
participação social, garantindo e mobilizando os diferentes atores envolvidos, que
participam do sistema de ensino e da escola. É uma necessidade de qualquer gestor
que pretende priorizar a qualidade do trabalho pedagógico.
Neste sentido, a gestão democrática é uma gestão de autoridade
compartilhada e a escola de tempo integral deve ser um espaço de dialogo coletivo e
democrático da comunidade a qual pertence. Nenhuma escola avança sem a unidade de
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
seu grupo. Portanto, a participação plena promovida pela gestão escolar pode dar
sustentabilidade ao processo educacional fortalecendo o desenvolvimento de uma
consciência social crítica direcionada a formação humana.
A qualidade da educação não depende apenas de uma gestão
democrática, mas de um planejamento participativo e de um projeto pedagógico eficiente
e contextualizado com a realidade da escola. A consecução do Projeto Político
Pedagógico da escola é garantido com uma gestão que atende as finalidades
educacionais propostas. E estas finalidades educacionais são discutidas num espaço
coletivo de diálogo criado para definir os caminhos que a escola vai seguir naquela
comunidade diante da proposta curricular. A participação é o principal meio de
envolvimento de toda a comunidade escolar – professores, alunos, pais – no processo
de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.
Ao assumir uma gestão democrática e participativa, o gestor deve,
necessariamente, buscar a articulação dos diferentes atores em torno de uma educação
de qualidade, o que implica uma liderança democrática, capaz de interagir com todos os
segmentos da comunidade escolar. A liderança do gestor requer uma formação
pedagógica crítica e autônoma, liderança abalizada e dedicação, visando valores que
inspirem a todos á trabalharem em prol de uma escola produtiva.
O conceito de Gestão Escolar, relativamente recente, é de extrema
importância, na medida que se deseja uma escola que se proponha a formar cidadãos e
a possibilidade de apreensão de competências e habilidades necessárias e facilitadoras
da inserção social. A organização em gestões pedagógica, administrativa e de recursos
humanos correspondem a uma formulação teórica, explicativa, pois, na realidade
escolar, as três devem atuar integradamente, de forma a garantir a organicidade do
processo educativo.
O Gestor, também chamado de Diretor, é o grande articulador da Gestão
Pedagógica, e o primeiro responsável pelo seu sucesso, e é auxiliado nessa tarefa pelo
Coordenador Pedagógico. Cuida da área educativa propriamente dita da escola (da
educação escolar), da parte física (o prédio e os equipamentos materiais), da parte
institucional (a legislação escolar, direitos e deveres, atividades de secretaria), e da área
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
de recursos humanos (alunos, equipe escolar e comunidade).
As especificidades de toda a comunidade escolar está enunciada no
Projeto Político Pedagógico. Direitos, deveres, atribuições - de professores, corpo
técnico, pessoal administrativo, alunos, pais e comunidades, estão previstos no
Regimento Escolar. Quando o Regimento Escolar é elaborado de modo equilibrado, não
tolhendo a autonomia das pessoas envolvidas com o trabalho escolar, nem deixando
lacunas e vazios sujeitos a interpretações ambíguas, a gestão de recursos humanos se
torna mais simples e mais justa.
6.1.Fórum avaliativo
Na gestão democrática, cada vez mais, a resolução dos problemas são
abordados através da compreensão da busca por soluções possíveis, procurando
priorizar o que de melhor se pode oferecer enquanto instituição educacional. Faz-se
necessário que as dificuldades e problemas sejam considerados e refletidos. Isso não
significa, necessariamente, que todos os problemas serão resolvidos, mas o importante
é o processo de busca de soluções, em que a equipe escolar se transforme, abrindo e
valorizando o espaço para a elaboração das questões necessárias à (re)construção do
conhecimento e da aprendizagem.
Para uma proposta permanente de diagnóstico dos problemas
enfrentados e busca de soluções possíveis deve-se implantar um Fórum Participativo.
Representantes de cada segmento da comunidade escolar da rede municipal elege um
representante para participar, a cada dois meses, num período de quatro a oito horas, de
reunião onde são discutidos os problemas que as escolas enfrentam no cotidiano e
propor soluções factiveis àquela realidade.. Esses encontros, onde estarão presentes
professores, coordenadores, monitores, funcionários, diretores, equipe que compõe a
Secretaria Municipal de Educação e, posteriormente, representantes da comunidade,
têm a oportunidade de, além de apresentar os problemas pedagógicos e administrativos,
discutir questões relacionadas ao desenvolvimento e educação dos alunos ou qualquer
outro problema que possa interferir no bom andamento da instituição. Além de
apresentar os problemas, cabe aos representantes do Fórum Participativo, estudar as
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
alternativas viáveis de resolução para os mesmos, lembrando sempre que os limites são
as leis que regem a educação do país.
A importância do Fórum Participativo é de cada um dos integrantes
sentir-se responsável em transformar a educação. Para que a escola possa formar
crianças que no futuro sejam adultos autônomos, criativos, críticos e participativos, é
preciso hoje, trabalhar a autonomia do próprio professor, levando-o a estabelecer
relações democráticas em sala de aula, excluindo o autoritarismo com seus
alunos,incentivando o caráter democrático da relação, por meio de atitudes coerentes e
éticas.
7. Sobre a AvaliaçãoA avaliação de aprendizagem é entendida como um diagnóstico que
subsidia as decisões relativas ao processo de continuidade do trabalho realizado em
sala de aula. Não tem como objetivo a aprovação ou reprovação e não deve ter como
meta a exclusão.
A avaliação possibilita o repensar de procedimentos e estratégias e a
busca por novas soluções. São indicadores que permitirão redefinir e implantar ações de
melhoria dos processos educacionais. Ao verificar as competências e habilidades em
relação à aprendizagem e identificar os alunos com defasagens possibilita a intervenção
pedagógica.
É necessário que um acompanhamento e uma avaliação permanente do
projeto de educação de tempo integral seja implantado na escola. Relatórios qualitativos
e quantitativos de rendimento escolar poderão contribuir para avaliações periódicas e
levados para discussão com a equipe pedagógica, o que possibilitará a reorganização
das metas e/ou a mudança de proposta em relação a uma turma ou a um aluno
especifico.
A forma como se avalia é crucial para o processo educacional. A
avaliação deve estar comprometida com a escola e esta deverá contribuir no processo
de construção da consciência e da cidadania, pela produção do conhecimento, fazendo
com que o aluno compreenda o mundo em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
que esteja preparado para transformá-lo.
Gadotti9 (1990) diz que a avaliação é essencial à educação, inerente e
indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão,
sobre a ação.
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que
seus fantasmas ainda se apresentam como forma de controle e de autoritarismo por
diversas gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo que
cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem.
Segundo Luchesi10, a avaliação contemporânea:
– tem o foco na aprendizagem – o alvo do aluno deve ser a aprendizagem e o que de
proveitoso e prazeroso dela obtém. Sua implicação é de neste contexto, a avaliação
deve ser um auxílio para se saber quais objetivos foram atingidos, quais ainda faltam
e quais as interferências do professore que podem ajudar o aluno.
– tem o foco nas competências – o desenvolvimento das competências previstas no
projeto educacional devem ser a meta em comum dos professores. Sua implicação é
a de que a avaliação deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução
de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e
acompanhamento do processo de aprendizagem.
– O estabelecimento de ensino centrado na qualidade – deve-se preocupar com o
presente e o futuro do aluno, especialmente com a relação à sua inclusão social
(percepção do mundo, criatividade, empregabilidade, interação, posicionamento,
criticidade). Sua implicação é que o foco da escola passa a ser o resultado de seu
ensino para o aluno e não mais a média do aluno na escola.
8. Sobre as ParceriasA implantação da escola em que a comunidade participa ativamente de
sua proposta requer a implementação de estratégias de construção de redes sócio
educativas neste comunidade. A escola deve ser vista como o centro e a sede de todos
os processos de elaboração dos saberes, mas as parcerias com a comunidade podem, e 9 Moacir Gadotti Pedagogia da Terra10 Cipriano Luchesi Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola?
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
devem. agregar valor ao Projeto Político Pedagógico elaborado.
Esta parceria pode ser baseada em recursos humanos, técnicos,
espaciais ou financeiros, desde que se proponham a atingir como objetivo a qualidade
da educação das crianças e adolescentes envolvidos no processo. Assim, nesta
comunidade a praça, a rua, o parque, a chácara, a biblioteca, a igreja, o teatro, o
cinema, a associação, o pátio, passam a ser vivenciados como espaços que permitem
múltiplas experiências e possibilidades educativas, por todos os atores envolvidos.
Os princípios que devem reger estas parcerias são:
– as ações desenvolvidas através da parceria devem ser coordenadas por profissionais
da escola;
– as ações a serem desenvolvidas, o nível de comprometimento e a responsabilidade
de cada parceiro devem ser formalizadas em documento oficial;
– o tempo de duração das ações devem ser de, no mínimo, 1 ano letivo;
– a avaliação das ações desenvolvidas devem fazer parte do processo avaliativo da
escola.
9. Sobre o Conselho EscolarO Conselhos Escolares é um órgão colegiado composto por
representantes da comunidade escolar – professores, pais, alunos, que tem como
atribuição decidir sobre questões político-pedagógicas, administrativas e financeiras, no
âmbito da escola. Cabe aos Conselhos analisar as ações, decidir sua prioridade e os
meios para colocar em prática a construção da proposta educativa da escola.
Os membros do Conselho Escolar representam a comunidade em que a
escola está inserida, atuando em conjunto e definindo caminhos para tomar as
deliberações que são de sua responsabilidade. Representam um lugar de participação e
decisão, um espaço de discussão, negociação e encaminhamento das demandas
educacionais, possibilitando a participação social e promovendo a gestão democrática.
A escolha dos membros do Conselho Escolar deve ser definida pela
possibilidade de efetiva participação e as diretrizes do sistema de ensino. É importante a
definição dos critérios que envolvem esse processo, como a duração do mandato dos
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
conselheiros, forma de escolha, Comissão Eleitoral, convocação de assembléias-gerais
para deliberações, existência de membros efetivos e suplentes.
De modo geral, podem ser definidas como atribuições do Conselho
Escolar:
– coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar;
– convocar assembléias-gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;
– promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e
valorize a cultura da comunidade local;
– participar da elaboração do calendário escolar;
– acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação,
aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções
pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social
da educação escolar;
– elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando
ampliar a qualificação de sua atuação;
– aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a
programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o
caso;
– fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar;
– promover relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares.
10. Sobre o Projeto da Escola de Tempo Integral no Sistema Educacional
A escola de tempo integral irá necessitar do apoio da
da Secretaria Municipal de Educação, gestora da educação municipal, para
implementação e manutenção do referido programa.
A Equipe que coordenará este acompanhamento terá como atribuição
principal o oferecimento de suporte técnico às atividades administrativas, pedagógicas e
financeiras da escola, além de acompanhar e avaliar os resultados alcançados.
Esta equipe deve ser composta por profissionais da educação,
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comprometidos com a qualidade do processo educacional municipal, já que será o elo
de ligação entre a comunidade escolar e a Secretaria Municipal. Este elo é que vai
permitir que a escola de tempo integral mantenha-se alinhada com a proposta municipal
ao mesmo tempo que introduz em seu cotidiano as particularidades da comunidade em
que está inserida. As orientações que estarão à cargo desta equipe possibilitarão a
escola a execução das ações do projeto de escola de tempo integral de forma continua,
sistemática e responsável.
Cabe a esta equipe propor a Diretoria de Ensino Fundamental, a qual
está ligada administrativamente, a capacitação dos profissionais envolvidos no projeto, a
reorientação de ações e as soluções encontradas pela comunidade escolar para
resolução das dificuldades apresentadas.
A equipe de acompanhamento da escola de tempo integral terá, também,
como atribuição, manter um arquivo histórico deste processo, garantindo que as
gerações futuras do município, em especial os educadores, possam participar conclusão
do processo de garantia de educação de qualidade para todas as crianças e
adolescentes.
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Em torno da escola: a implementação da escola de tempo integral no Entorno/DF
Considerações finais
A escola, onde quer que ela esteja implantada, sempre foi um foco de
convergências importantes daquela comunidade. Quando esta relevância foi realmente
compreendida, os muros deixaram de ser uma barreira. Os pais entraram efetivamente
na escola através do Conselho Escolar, os professores da região se incorporaram a seus
quadros, a vida cultural da escola começou a fazer parte do cotidiano dos moradores. A
escola de tempo integral vem apenas institucionalizar um movimento que a escola
iniciou há muito tempo atrás. E propõe, como meta principal, não só ter o aluno mais
tempo dentro da escola, mas inseri-lo, efetivamente, em um processo educacional de
qualidade, garantindo sua permanência na escola e o exercício pleno da cidadania.
A elaboração desde trabalho teve várias etapas. Estudo teórico.
Pesquisas. Visitas institucionais. Entrevistas com profissionais envolvidos em processos
semelhantes. Leitura de projetos. Conversas informais. Sonhos... que resultou em uma
pergunta:
em que medida o que eu estou fazendo enquanto Técnica em
Educação do Ministério Público do Estado de Goiás vai
contribuir para se alcançar o objetivo da implementação da
educação de tempo integral nas escolas das cidades do
Entorno/DF?
Este projeto é a resposta a esta pergunta e pretende ser, ao mesmo
tempo, o articulador do grupo de pessoas envolvidas neste processo, que devem agir
com um objetivo comum, buscando o resultado desejado por todos, mobilizando
vontades, discursos, ações e decisões, para, num propósito comum, num sentido
compartilhado, garantir que “sem todos pela educação, não há educação para todos”.
Considero esta uma oportunidade profissional única: participar,
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efetivamente, da implementação de uma política pública na área da educação. Todos os
profissionais envolvidos neste processo – Promotores de Justiça, Assessores e
Estagiários do MP, Secretários Municipais de Educação, Assessoria Técnica das
Secretarias de Educação, Diretores, Coordenadores, Professores, equipe administrativa
das escolas, serão vistos como coadjuvantes em um processo em que os atores
principais serão as crianças e os adolescentes moradores das cidades do Entorno do
DF.
Assim, em resposta a solicitação da Coordenação do Projeto
Entorno/DF, sugiro que o Ministério Público do Estado de Goiás se proponha a:
fazer da educação um direito de fato de todas as crianças e
adolescentes goianos e uma missão para todos que, de alguma
forma, podem contribuir para esse objetivo como profissionais e
como cidadãos.
Goiânia, 03 de novembro de 2009
Mariabe Silva
Técnica em Educação
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