Em Quem Esperamos?
A Quem Iremos?
Por
Silvio Dutra
Out/2019
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A474 Alves, Silvio Dutra Em Quem Esperamos? A Quem Iremos? Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019. 61p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé 4. Graça. I. Título. CDD 252
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Nem sempre existiu no mundo a presente
condição em que os governantes das nações se
encontram, pois foi a partir da revolução
industrial, da formação dos grandes
conglomerados financeiros, das poderosas
corporações comerciais e midiáticas, e de
outros agentes poderosos, que as coisas
começaram a mudar drasticamente quanto a
quem realmente governa as nações, pois não há
reis, presidentes, governadores, deputados,
senadores e juízes que não estejam debaixo da
influência de todos estes poderes que não
somente influenciam como até mesmo dirigem
em muitos casos as ações daqueles que se
encontram nominalmente no exercício público
do poder.
Isto se torna um grande complicador não
apenas para o adequado entendimento como
sobretudo para a aplicação de ordenanças
bíblicas como a de se dar a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus; e de os crentes
se sujeitarem às autoridades e de honrá-las.
Todavia, não importa por quais poderes e os que
governam exercem a magistratura são
influenciados, pois encontram-se na ponta
assumindo a responsabilidade que pesa sobre
eles de serem justos e verdadeiros, e quando
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disto se afastam terão que prestar contas a Deus.
E de igual forma os que os influenciam para a
prática do mal também serão condenados por
Ele. Então, a regra geral de o crente estar sujeito
às autoridades prevalece tanto agora como nos
dias dos apóstolos em que se sujeitaram aos
governantes e magistrados ímpios tanto da
Judeia quanto do Império Romano.
A condição da prática da injustiça é o que
prevalece no mundo desde o princípio, em razão
da entrada do pecado, e de Satanás e os
demônios agirem sobre a humanidade
escravizando-a e amplificando a prática do mal.
Graças a Deus sempre houve e haverá um Rei
justo sob cujo governo podemos estar, e no qual
esperar por justiça, paz, bondade e amor, não
somente aqui embaixo como para toda a
eternidade.
Ai de nós, que amamos a justiça e a verdade se
não existisse tal Governo, pois estaríamos
sempre em frustração e desalento caso nossa
esperança estivesse em algum governo terreno!
Nós podemos ver não somente nas páginas da
Bíblia, como em toda a história secular qual tem
sido a atuação dos governos deste mundo, e não
é de se admirar que Jesus tenha dito
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expressamente que o seu reino não é como os
deste mundo, e que a Igreja não deve proceder
segundo o modo destes governantes.
Deus permite que vivamos debaixo da
autoridade de tais governos injustos para que
aprendamos a grande diferença que há entre o
nosso Rei eterno e estes governantes terrenos, e
quão diferente é a justiça perfeita do Seu reino,
quando comparada com a justiça de palha deste
mundo.
Além disso, aprendemos a interceder
incessantemente por tais governantes para que
Deus possa intervir e dirigi-los, de forma que
tenhamos um viver quieto e sossegado no que se
refere à proteção divina em meio a tantas ações
conturbadas.
Spurgeon, em seu sermão intitulado O Governo
de Cristo, assim se expressou na sua parte
introdutória:
“Em 2 Samuel 23: 4, sem dúvida, em primeiro
lugar, Davi estava falando dos benefícios de um
sábio e justo governante sobre o homem. No
Oriente, onde os governantes são despóticos,
eles podem muito em breve lançar mão de uma
taxação tão pesada e fazer leis tão opressivas que
o povo se empobrece gravemente. Às vezes, os
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habitantes quase deixam de cultivar suas terras,
pois sentem que, se produzirem colheitas, só as
produzem para a mesa de um tirano. Por tais
exações cruéis, o comércio de um país é
frequentemente expulso, e as terras frutíferas
são transformadas em um deserto. No presente
momento, parece haver pouca ou nenhuma
razão pela qual a Palestina, por exemplo, não
deva voltar a ser tão frutífera quanto costumava
ser, se não fosse o domínio turco tão severo e tão
injusto que o povo não tem razão para a
indústria, e nenhum motivo para a economia,
uma vez que eles são tão esmagados por aqueles
que estão no poder. (Devemos lembrar que nos
dias de Spurgeon, Israel não havia ainda
retornado à Palestina). Foi em grande parte nos
dias de Davi. As nações estavam tão
completamente sujeitas ao governo de seus reis
que, de acordo com o caráter de seu governante,
era o estado do povo. É uma feliz circunstância
para nós que, como nação, tenhamos terminado
tudo isso, mas foi o estado predominante das
coisas nos dias de Davi. (Lembrar também que
nos dias de Spurgeon não havia ainda toda a
influência dos poderes que nomeamos no início
deste livro). Então, suponho que, como uma
descrição do que ele próprio havia sido, e de sua
esperança do que Salomão seria, ele diz: “Um
bom governante é para um povo como o nascer
do sol.” Seus problemas desaparecem - ele
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conquista para eles em guerras estrangeiras, e
ele faz justiça a eles em casa. Um bom
governante remove, ou pelo menos reduz, as
tristezas das pessoas sobre quem ele governa.
Ele é para eles como “uma manhã sem nuvens”.
Eles não podem encontrar falhas em sua
administração, pois todos os dias são bons e não
fazem mal - e fazem até mesmo sua tristeza
passada contribuir para seu bem presente. Sob
seu domínio eles desfrutam de uma estação de
claro brilho após uma longa chuva de tristeza, e
por suas sábias leis, ele torna a terra tão
frutífera, e as pessoas tão prósperas, que ele é
para elas “como a tenra erva brotando da Terra,
brilhando depois da chuva.” Sem dúvida, isso
era uma parte do que Davi queria dizer. Mas, por
favor, lembre-se que este foi o canto do cisne de
Davi, pois o capítulo começa assim: “Estas são as
últimas palavras de Davi”. E lembre-se também
que estas últimas palavras de Davi são
precedidas por esta importante declaração: “O
Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e
a sua palavra está na minha língua.”
Assim, sob essas circunstâncias, não podemos
supor que o significado que dei ao texto possa
ser a interpretação completa dele, já que não
haveria necessidade de inspiração para ensinar
isso, e não é necessário para o Deus de Israel,
por assim dizer, e a Rocha de Israel para libertar.
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Podemos ter certeza de que deve haver algum
significado mais profundo, mais completo, mais
místico e espiritual aqui. E cristãos de todos os
tempos e judeus também de eras anteriores
concordaram que esta passagem se relaciona
com o Messias. E nós, que sabemos que o
Messias é Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus,
podemos, sem a menor dificuldade, aplicar
essas palavras a Ele e sentir que elas são mais
verdadeiras a respeito dEle. Mesmo se elas não
se referissem primariamente ao Messias, nós
estaríamos bem em fazê-los, porque, se é uma
regra geral que um bom governante é tudo isso
para o seu povo, então Jesus Cristo, sendo o
melhor dos Governantes, deve ser tudo isso
para o seu povo, e Ele, governando entre os
homens como Ele faz - neste dia nós O
chamamos de Mestre e Senhor - e governando
como Ele faz, com sabedoria, e no temor de
Deus, Ele deve ser para aqueles que pertencem
ao Seu reino abençoado, tudo o que qualquer
outro bom governante poderia ser, e muito
mais, de modo que por muitas razões estamos
certos em atribuir ao nosso Senhor Jesus a
linguagem do nosso texto: “Disse o Deus de
Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele
que domina com justiça sobre os homens, que
domina no temor de Deus, é como a luz da
manhã, quando sai o sol, como manhã sem
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nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz
brotar da terra a erva.”
Até aqui as palavras de Spurgeon.
Observe que foi Deus quem falou a Davi estas
palavras de 2 Samuel 23.3,4, as quais são
introduzidas por: “Aquele que domina com
justiça sobre os homens, que domina no temor
de Deus”. E quanto a isto perguntamos: quantos
são os reis, presidentes, governadores,
magistrados que atuam sob um constante
domínio de Deus e do Seu temor? Quando isto
ocorre como foi o caso de Calvino em Genebra,
tão forte é a oposição que sofrem da parte
daqueles que defendem interesses injustos e
escusos, que mal conseguem governar como
gostariam, e acrescente-se a isto a própria
rebelião e rejeição que sofrem da parte de
muitos do povo que não temem a Deus.
Isto explica a razão de que quando Israel tinha
sobre si reis justos, o povo continuava
praticando grosseira idolatria e todas as demais
formas de pecado, inviabilizando que houvesse
justiça, paz e verdade sobre a nação.
Nestas condições, o Senhor se volta para os que
são piedosos e faz boas promessas a eles,
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enquanto mantém os demais sob ameaças de
juízos caso não se arrependam.
Nós podemos ver isto claramente no texto de
Miqueias 6 e 7:
Miqueias – 6
1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te,
defende a tua causa perante os montes, e ouçam
os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e
vós, duráveis fundamentos da terra, porque o
SENHOR tem controvérsia com o seu povo e
com Israel entrará em juízo.
3 Povo meu, que te tenho feito? E com que te
enfadei? Responde-me!
4 Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da
servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés,
Arão e Miriã.
5 Povo meu, lembra-te, agora, do que maquinou
Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu
Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde
Sitim até Gilgal, para que conheças os atos de
justiça do SENHOR.
11
6 Com que me apresentarei ao SENHOR e me
inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele
com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de
carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o
meu primogênito pela minha transgressão, o
fruto do meu corpo, pelo pecado da minha
alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é
o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a
justiça, e ames a misericórdia, e andes
humildemente com o teu Deus.
9 A voz do SENHOR clama à cidade (e é
verdadeira sabedoria temer-lhe o nome): Ouvi,
ó tribos, aquele que a cita.
10 Ainda há, na casa do ímpio, os tesouros da
impiedade e o detestável efa minguado?
11 Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas
de pesos enganosos?
12 Porque os ricos da cidade estão cheios de
violência, e os seus habitantes falam mentiras, e
a língua deles é enganosa na sua boca.
13 Assim, também passarei eu a ferir-te e te
deixarei desolada por causa dos teus pecados.
12
14 Comerás e não te fartarás; a fome estará nas
tuas entranhas; removerás os teus bens, mas
não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o
entregarei à espada.
15 Semearás; contudo, não segarás; pisarás a
azeitona, porém não te ungirás com azeite;
pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o
vinho,
16 porque observaste os estatutos de Onri e
todas as obras da casa de Acabe e andaste nos
conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma
desolação e dos habitantes da tua cidade, um
alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio
dos povos.
Miqueias – 7
1 Ai de mim! Porque estou como quando são
colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da
vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem
figos temporãos que a minha alma deseja.
2 Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os
homens um que seja reto; todos espreitam para
derramarem sangue; cada um caça a seu irmão
com rede.
3 As suas mãos estão sobre o mal e o fazem
diligentemente; o príncipe exige condenação, o
13
juiz aceita suborno, o grande fala dos maus
desejos de sua alma, e, assim, todos eles
juntamente urdem a trama.
4 O melhor deles é como um espinheiro; o mais
reto é pior do que uma sebe de espinhos. É
chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o
dia do teu castigo; aí está a confusão deles.
5 Não creiais no amigo, nem confieis no
companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela
que reclina sobre o teu peito.
6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta
contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos
do homem são os da sua própria casa.
7 Eu, porém, olharei para o SENHOR e esperarei
no Deus da minha salvação; o meu Deus me
ouvirá.
8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu
respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-
ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha
luz.
9 Sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei
contra ele, até que julgue a minha causa e
execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e
eu verei a sua justiça.
14
10 A minha inimiga verá isso, e a ela cobrirá a
vergonha, a ela que me diz: Onde está o
SENHOR, teu Deus? Os meus olhos a
contemplarão; agora, será pisada aos pés como
a lama das ruas.
11 No dia da reedificação dos teus muros, nesse
dia, serão os teus limites removidos para mais
longe.
12 Nesse dia, virão a ti, desde a Assíria até às
cidades do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e
do mar até ao mar, e da montanha até à
montanha.
13 Todavia, a terra será posta em desolação, por
causa dos seus moradores, por causa do fruto
das suas obras.
14 Apascenta o teu povo com o teu bordão, o
rebanho da tua herança, que mora a sós no
bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se
em Basã e Gileade, como nos dias de outrora.
15 Eu lhe mostrarei maravilhas, como nos dias
da tua saída da terra do Egito.
16 As nações verão isso e se envergonharão de
todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os
seus ouvidos ficarão surdos.
15
17 Lamberão o pó como serpentes; como répteis
da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos
e, tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e
terão medo de ti.
18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas
a iniquidade e te esqueces da transgressão do
restante da tua herança? O SENHOR não retém
a sua ira para sempre, porque tem prazer na
misericórdia.
19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos
pés as nossas iniquidades e lançará todos os
nossos pecados nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a
misericórdia, as quais juraste a nossos pais,
desde os dias antigos.
O evangelho continua sendo interposto por
Deus em meio a um mundo injusto e de trevas
para que todos aqueles que suspirem por um
reino justo o possam encontrá-lo em Jesus
Cristo, pois se enganam todos aqueles que o
aguardam em qualquer outro.
Se as coisas eram assim nos dias do profeta
Miqueias, cerca de 600 a.C., quanto mais não
serão em nossos dias, nos quais a iniquidade
tem se multiplicado?
16
Se desviarmos o nosso olhar de Jesus para os
governantes deste mundo, podemos nos
preparar para ter muita frustação e tristeza,
porque não serão poucos os motivos para tal.
No contexto de toda a sorte de coisas terríveis e
pecaminosas que estavam acontecendo na
nação de Israel, o profeta diz de si mesmo: “Eu,
porém, olharei para o SENHOR e esperarei no
Deus da minha salvação; o meu Deus me
ouvirá.” Devemos seguir o seu exemplo se
pretendemos encontrar justiça e paz em nossos
próprios dias.
Jesus sendo o criador dos céus e da Terra, sendo
o governante de tudo, recebeu o tratamento que
lhe foi dirigido não somente pelos governantes
como do próprio povo ao qual pertencia, e temos
nisto o exemplo supremo do que se pode
esperar do mundo, de seu povo e governantes.
O diálogo mantido com Pilatos, em que foi
ironizado em vez de ser julgado com justiça,
podemos ver a linha divisória que Jesus
estabeleceu entre o Seu reino e os deste mundo:
“35 Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A
tua própria gente e os principais sacerdotes é
que te entregaram a mim. Que fizeste?
17
36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os
meus ministros se empenhariam por mim, para
que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora
o meu reino não é daqui.
37 Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei?
Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para
isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar
testemunho da verdade. Todo aquele que é da
verdade ouve a minha voz.” (Lucas 18.35-37).
O povo sempre procura um Barrabás para livrá-
lo dos poderes opressores, colocando sua
esperança no homem, e não em Deus, e por isso
rejeitam a Jesus que é o único e eficaz libertador
do diabo, do pecado e do mundo.
Daí decorre a instrução do Senhor para os
crentes:
“25 Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos
dominam sobre eles, e os que exercem
autoridade são chamados benfeitores.
26 Mas vós não sois assim; pelo contrário, o
maior entre vós seja como o menor; e aquele
que dirige seja como o que serve.
18
27 Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem
serve? Porventura, não é quem está à mesa?
Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.
28 Vós sois os que tendes permanecido comigo
nas minhas tentações.
29 Assim como meu Pai me confiou um reino,
eu vo-lo confio,
30 para que comais e bebais à minha mesa no
meu reino; e vos assentareis em tronos para
julgar as doze tribos de Israel.” (Lucas 22.25-30)
Quantos estão dispostos a seguir de fato a Jesus
e as leis do Seu Reino? Quantos amam de
coração os Seus mandamentos? Quantos se
encaixam no padrão dos cidadãos do Reino que
está descrito no Sermão do Monte? Quantos
negam o seu ego, carregam a cruz diariamente,
seguindo os passos de Jesus? Os que podem
responder afirmativamente são os que
pertencem de fato ao Reino do céu.
Não é quem se declara cristão que é
necessariamente um cidadão do Reino, porque,
sendo diferente dos reinos deste mundo, não se
participa deste reino por voto ou por mera
declaração de apoio verbal, mas por uma
19
transformação radical mediante a regeneração
do Espírito Santo.
Está chegando o dia em que os reinos deste
mundo passarão a ser exclusivamente de Deus e
de Cristo, conforme profetizado nas Escrituras:
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu
grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se
tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele
reinará pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse
11.15).
“17 Estes grandes animais, que são quatro, são
quatro reis que se levantarão da terra.
18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino
e o possuirão para todo o sempre, de eternidade
em eternidade.
19 Então, tive desejo de conhecer a verdade a
respeito do quarto animal, que era diferente de
todos os outros, muito terrível, cujos dentes
eram de ferro, cujas unhas eram de bronze, que
devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o
que sobejava;
20 e também a respeito dos dez chifres que tinha
na cabeça e do outro que subiu, diante do qual
caíram três, daquele chifre que tinha olhos e
20
uma boca que falava com insolência e parecia
mais robusto do que os seus companheiros.
21 Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra
contra os santos e prevalecia contra eles,
22 até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos
santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os
santos possuíram o reino.
23 Então, ele disse: O quarto animal será um
quarto reino na terra, o qual será diferente de
todos os reinos; e devorará toda a terra, e a
pisará aos pés, e a fará em pedaços.
24 Os dez chifres correspondem a dez reis que se
levantarão daquele mesmo reino; e, depois
deles, se levantará outro, o qual será diferente
dos primeiros, e abaterá a três reis.
25 Proferirá palavras contra o Altíssimo,
magoará os santos do Altíssimo e cuidará em
mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão
entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos
e metade de um tempo.
26 Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe
tirar o domínio, para o destruir e o consumir até
ao fim.
21
27 O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos
debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos
santos do Altíssimo; o seu reino será reino
eterno, e todos os domínios o servirão e lhe
obedecerão.” (Daniel 7.17-27).
As profecias em Daniel descrevem com
precisão os reinos que se levantariam sobre a
Terra até que se cumprisse o tempo
determinado por Deus para o reino eterno de
Cristo se manifestar sobre todo mundo depois
dos dias do Anticristo, o qual a propósito já deve
estar até mesmo presente no mundo em nossos
dias, aguardando apenas a sua manifestação
para efetuar tudo o que está profetizado a
respeito dele. É necessário que haja a apostasia
a manifestação dele, para que Jesus possa voltar
com poder e grande glória.
Deus permite que todos estes governantes
injustos se levantem sobre a Terra, para
sujeitar-lhes ao grande juízo no tempo do fim.
Alguém pode indagar em seu íntimo por que
Deus permite que o ímpio domine por tanto
tempo sobre a Terra, mas podemos antever o
Seu propósito eterno nisto, principalmente para
demonstrar que os homens não buscam o amor
à verdade como ela é em Cristo, e amam a
mentira, a par de lutarem tanto por liberdade,
22
paz, segurança e justiça. Não propriamente as
que são do Reino de Deus, mas as que lhes
garantisse prosperidade e paz mundanas.
Por isso são submetidos ao juízo do Senhor
conforme pode ser visto em várias passagens
das Escrituras:
“9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a
eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e
prodígios da mentira,
10 e com todo engano de injustiça aos que
perecem, porque não acolheram o amor da
verdade para serem salvos.
11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda
a operação do erro, para darem crédito à
mentira,
12 a fim de serem julgados todos quantos não
deram crédito à verdade; antes, pelo contrário,
deleitaram-se com a injustiça.” (2
Tessalonicenses 2.9-12)
Especialmente a Europa se encaixa nesta
palavra em nossos dias, em que tantos
apostataram da fé, voltando as costas
definitivamente para o Senhor.
23
Quando a nação de Israel estava às portas do
juízo que lhe viria em razão da infidelidade deles
e abandono de Deus, os profetas foram
levantados para anunciarem as coisas que
teriam que sofrer, e pela mesma palavra somos
exortados ao arrependimento para que
possamos escapar do julgamento que se
encontra às portas.
Veja o que Deus disse através do profeta
Jeremias:
Jeremias – 2
1 A mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim
diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da tua afeição
quando eras jovem, e do teu amor quando noiva,
e de como me seguias no deserto, numa terra
em que se não semeia.
3 Então, Israel era consagrado ao SENHOR e era
as primícias da sua colheita; todos os que o
devoraram se faziam culpados; o mal vinha
sobre eles, diz o SENHOR.
4 Ouvi a palavra do SENHOR, ó casa de Jacó e
todas as famílias da casa de Israel.
24
5 Assim diz o SENHOR: Que injustiça acharam
vossos pais em mim, para de mim se afastarem,
indo após a nulidade dos ídolos e se tornando
nulos eles mesmos,
6 e sem perguntarem: Onde está o SENHOR, que
nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou
através do deserto, por uma terra de ermos e de
covas, por uma terra de sequidão e sombra de
morte, por uma terra em que ninguém
transitava e na qual não morava homem algum?
7 Eu vos introduzi numa terra fértil, para que
comêsseis o seu fruto e o seu bem; mas, depois
de terdes entrado nela, vós a contaminastes e da
minha herança fizestes abominação.
8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o
SENHOR? E os que tratavam da lei não me
conheceram, os pastores prevaricaram contra
mim, os profetas profetizaram por Baal e
andaram atrás de coisas de nenhum proveito.
9 Portanto, ainda pleitearei convosco, diz o
SENHOR, e até com os filhos de vossos filhos
pleitearei.
10 Passai às terras do mar de Chipre e vede;
mandai mensageiros a Quedar, e atentai bem, e
vede se jamais sucedeu coisa semelhante.
25
11 Houve alguma nação que trocasse os seus
deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o
meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de
nenhum proveito.
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos!
Ficai estupefatos, diz o SENHOR.
13 Porque dois males cometeu o meu povo: a
mim me deixaram, o manancial de águas vivas,
e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não
retêm as águas.
14 Acaso, é Israel escravo ou servo nascido em
casa? Por que, pois, veio a ser presa?
15 Os leões novos rugiram contra ele,
levantaram a voz; da terra dele fizeram uma
desolação; as suas cidades estão queimadas, e
não há quem nelas habite.
16 Até os filhos de Mênfis e de Tafnes te
pastaram o alto da cabeça.
17 Acaso, tudo isto não te sucedeu por haveres
deixado o SENHOR, teu Deus, quando te guiava
pelo caminho?
18 Agora, pois, que lucro terás indo ao Egito para
beberes as águas do Nilo; ou indo à Assíria para
beberes as águas do Eufrates?
26
19 A tua malícia te castigará, e as tuas
infidelidades te repreenderão; sabe, pois, e vê
que mau e quão amargo é deixares o SENHOR,
teu Deus, e não teres temor de mim, diz o
Senhor, o SENHOR dos Exércitos.
20 Ainda que há muito quebrava eu o teu jugo e
rompia as tuas ataduras, dizias tu: Não quero
servir-te. Pois, em todo outeiro alto e debaixo de
toda árvore frondosa, te deitavas e te prostituías.
21 Eu mesmo te plantei como vide excelente, da
semente mais pura; como, pois, te tornaste para
mim uma planta degenerada, como de vide
brava?
22 Pelo que ainda que te laves com salitre e
amontoes potassa, continua a mácula da tua
iniquidade perante mim, diz o SENHOR Deus.
23 Como podes dizer: Não estou maculada, não
andei após os baalins? Vê o teu rasto no vale,
reconhece o que fizeste, dromedária nova de
ligeiros pés, que andas ziguezagueando pelo
caminho;
24 jumenta selvagem, acostumada ao deserto e
que, no ardor do cio, sorve o vento. Quem a
impediria de satisfazer ao seu desejo? Os que a
27
procuram não têm de fatigar-se; no mês dela a
acharão.
25 Guarda-te de que os teus pés andem
desnudos e a tua garganta tenha sede. Mas tu
dizes: Não, é inútil; porque amo os estranhos e
após eles irei.
26 Como se envergonha o ladrão quando o
apanham, assim se envergonham os da casa de
Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, os
seus sacerdotes e os seus profetas,
27 que dizem a um pedaço de madeira: Tu és
meu pai; e à pedra: Tu me geraste. Pois me
viraram as costas e não o rosto; mas, em vindo a
angústia, dizem: Levanta-te e livra-nos.
28 Onde, pois, estão os teus deuses, que para ti
mesmo fizeste? Eles que se levantem se te
podem livrar no tempo da tua angústia; porque
os teus deuses, ó Judá, são tantos como as tuas
cidades.
29 Por que contendeis comigo? Todos vós
transgredistes contra mim, diz o SENHOR.
30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não
aceitaram a minha disciplina; a vossa espada
devorou os vossos profetas como leão
destruidor.
28
31 Oh! Que geração! Considerai vós a palavra do
SENHOR. Porventura, tenho eu sido para Israel
um deserto? Ou uma terra da mais espessa
escuridão? Por que, pois, diz o meu povo: Somos
livres! Jamais tornaremos a ti?
32 Acaso, se esquece a virgem dos seus adornos
ou a noiva do seu cinto? Todavia, o meu povo se
esqueceu de mim por dias sem conta.
33 Como dispões bem os teus caminhos, para
buscares o amor! Pois até às mulheres perdidas
os ensinaste.
34 Nas orlas dos teus vestidos se achou também
o sangue de pobres e inocentes, não
surpreendidos no ato de roubar. Apesar de todas
estas coisas,
35 ainda dizes: Estou inocente; certamente, a
sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em
juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei.
36 Que mudar leviano é esse dos teus
caminhos? Também do Egito serás
envergonhada, como foste envergonhada da
Assíria.
37 Também daquele sairás de mãos na cabeça;
porque o SENHOR rejeitou aqueles em quem
confiaste, e não terás sorte por meio deles.
29
Jeremias – 5
1 Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora,
procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se
achais alguém, se há um homem que pratique a
justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei
a ela.
2 Embora digam: Tão certo como vive o
SENHOR, certamente, juram falso.
3 Ah! SENHOR, não é para a fidelidade que
atentam os teus olhos? Tu os feriste, e não lhes
doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a
disciplina; endureceram o rosto mais do que
uma rocha; não quiseram voltar.
4 Mas eu pensei: são apenas os pobres que são
insensatos, pois não sabem o caminho do
SENHOR, o direito do seu Deus.
5 Irei aos grandes e falarei com eles; porque eles
sabem o caminho do SENHOR, o direito do seu
Deus; mas estes, de comum acordo, quebraram
o jugo e romperam as algemas.
6 Por isso, um leão do bosque os matará, um
lobo dos desertos os assolará, um leopardo
estará à espreita das suas cidades; qualquer que
sair delas será despedaçado; porque as suas
30
transgressões se multiplicaram, multiplicaram-
se as suas perfídias.
7 Como, vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me
deixam a mim e juram pelos que não são deuses;
depois de eu os ter fartado, adulteraram e em
casa de meretrizes se ajuntaram em bandos;
8 como garanhões bem fartos, correm de um
lado para outro, cada um rinchando à mulher do
seu companheiro.
9 Deixaria eu de castigar estas coisas, diz o
SENHOR, ou não me vingaria de nação como
esta?
10 Subi vós aos terraços da vinha, destruí-a,
porém não de todo; tirai-lhe as gavinhas, porque
não são do SENHOR.
11 Porque perfidamente se houveram contra
mim, a casa de Israel e a casa de Judá, diz o
SENHOR.
12 Negaram ao SENHOR e disseram: Não é ele; e:
Nenhum mal nos sobrevirá; não veremos
espada nem fome.
13 Até os profetas não passam de vento, porque
a palavra não está com eles, as suas ameaças se
cumprirão contra eles mesmos.
31
14 Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus dos
Exércitos: Visto que proferiram eles tais
palavras, eis que converterei em fogo as minhas
palavras na tua boca e a este povo, em lenha, e
eles serão consumidos.
15 Eis que trago sobre ti uma nação de longe, ó
casa de Israel, diz o SENHOR; nação robusta,
nação antiga, nação cuja língua ignoras; e não
entendes o que ela fala.
16 A sua aljava é como uma sepultura aberta;
todos os seus homens são valentes.
17 Comerão a tua sega e o teu pão, os teus filhos
e as tuas filhas; comerão as tuas ovelhas e o teu
gado; comerão a tua vide e a tua figueira; e com
a espada derribarão as tuas cidades fortificadas,
em que confias.
18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o SENHOR,
não vos destruirei de todo.
19 Quando disserem: Por que nos fez o SENHOR,
nosso Deus, todas estas coisas? Então, lhes
responderás: Como vós me deixastes e servistes
a deuses estranhos na vossa terra, assim
servireis a estrangeiros, em terra que não é
vossa.
32
20 Anunciai isto na casa de Jacó e fazei-o ouvir
em Judá, dizendo:
21 Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem
entendimento, que tendes olhos e não vedes,
tendes ouvidos e não ouvis.
22 Não temereis a mim? – diz o SENHOR; não
tremereis diante de mim, que pus a areia para
limite do mar, limite perpétuo, que ele não
traspassará? Ainda que se levantem as suas
ondas, não prevalecerão; ainda que bramem,
não o traspassarão.
23 Mas este povo é de coração rebelde e
contumaz; rebelaram-se e foram-se.
24 Não dizem a eles mesmos: Temamos agora ao
SENHOR, nosso Deus, que nos dá a seu tempo a
chuva, a primeira e a última, que nos conserva
as semanas determinadas da sega.
25 As vossas iniquidades desviam estas coisas, e
os vossos pecados afastam de vós o bem.
26 Porque entre o meu povo se acham
perversos; cada um anda espiando, como
espreitam os passarinheiros; como eles,
dispõem armadilhas e prendem os homens.
33
27 Como a gaiola cheia de pássaros, são as suas
casas cheias de fraude; por isso, se tornaram
poderosos e enriqueceram.
28 Engordam, tornam-se nédios e ultrapassam
até os feitos dos malignos; não defendem a
causa, a causa dos órfãos, para que prospere;
nem julgam o direito dos necessitados.
29 Não castigaria eu estas coisas? – diz o
SENHOR; não me vingaria eu de nação como
esta?
30 Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo
na terra:
31 os profetas profetizam falsamente, e os
sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e
é o que deseja o meu povo. Porém que fareis
quando estas coisas chegarem ao seu fim?
Jeremias – 9
1 Prouvera a Deus a minha cabeça se tornasse
em águas, e os meus olhos, em fonte de
lágrimas! Então, choraria de dia e de noite os
mortos da filha do meu povo.
2 Prouvera a Deus eu tivesse no deserto uma
estalagem de caminhantes! Então, deixaria o
34
meu povo e me apartaria dele, porque todos eles
são adúlteros, são um bando de traidores;
3 curvam a língua, como se fosse o seu arco, para
a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para
a verdade, porque avançam de malícia em
malícia e não me conhecem, diz o SENHOR.
4 Guardai-vos cada um do seu amigo e de irmão
nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz
mais do que enganar, e todo amigo anda
caluniando.
5 Cada um zomba do seu próximo, e não falam a
verdade; ensinam a sua língua a proferir
mentiras; cansam-se de praticar a iniquidade.
6 Vivem no meio da falsidade; pela falsidade
recusam conhecer-me, diz o SENHOR.
7 Portanto, assim diz o SENHOR dos Exércitos:
Eis que eu os acrisolarei e os provarei; porque de
que outra maneira procederia eu com a filha do
meu povo?
8 Flecha mortífera é a língua deles; falam
engano; com a boca fala cada um de paz com o
seu companheiro, mas no seu interior lhe arma
ciladas.
35
9 Acaso, por estas coisas não os castigaria? – diz
o SENHOR; ou não me vingaria eu de nação tal
como esta?
10 Pelos montes levantarei choro e pranto e
pelas pastagens do deserto, lamentação; porque
já estão queimadas, e ninguém passa por elas; já
não se ouve ali o mugido de gado; tanto as aves
dos céus como os animais fugiram e se foram.
11 Farei de Jerusalém montões de ruínas,
morada de chacais; e das cidades de Judá farei
uma assolação, de sorte que fiquem desabitadas.
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto, e a
quem falou a boca do SENHOR, homem que
possa explicar por que razão pereceu a terra e se
queimou como deserto, de sorte que ninguém
passa por ela?
13 Respondeu o SENHOR: Porque deixaram a
minha lei, que pus perante eles, e não deram
ouvidos ao que eu disse, nem andaram nela.
14 Antes, andaram na dureza do seu coração e
seguiram os baalins, como lhes ensinaram os
seus pais.
15 Portanto, assim diz o SENHOR dos Exércitos,
Deus de Israel: Eis que alimentarei este povo
com absinto e lhe darei a beber água venenosa.
36
16 Espalhá-los-ei entre nações que nem eles
nem seus pais conheceram; e enviarei a espada
após eles, até que eu venha a consumi-los.
17 Assim diz o SENHOR dos Exércitos:
Considerai e chamai carpideiras, para que
venham; mandai procurar mulheres hábeis,
para que venham.
18 Apressem-se e levantem sobre nós o seu
lamento, para que os nossos olhos se desfaçam
em lágrimas, e as nossas pálpebras destilem
água.
19 Porque uma voz de pranto se ouve de Sião:
Como estamos arruinados! Estamos sobremodo
envergonhados, porque deixamos a terra, e eles
transtornaram as nossas moradas.
20 Ouvi, pois, vós, mulheres, a palavra do
SENHOR, e os vossos ouvidos recebam a palavra
da sua boca; ensinai o pranto a vossas filhas; e,
cada uma à sua companheira, a lamentação.
21 Porque a morte subiu pelas nossas janelas e
entrou em nossos palácios; exterminou das ruas
as crianças e os jovens, das praças.
22 Fala: Assim diz o SENHOR: Os cadáveres dos
homens jazerão como esterco sobre o campo e
37
cairão como gavela atrás do segador, e não há
quem a recolha.
23 Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na
sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o
rico, nas suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me
conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço
misericórdia, juízo e justiça na terra; porque
destas coisas me agrado, diz o SENHOR.
25 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que
castigarei a todos os circuncidados juntamente
com os incircuncisos:
26 ao Egito, e a Judá, e a Edom, e aos filhos de
Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os
cabelos nas têmporas e habitam no deserto;
porque todas as nações são incircuncisas, e toda
a casa de Israel é incircuncisa de coração.
Quando lemos todo livro do profeta Jeremias
encontramos ali muitos juízos contra o pecado
tanto de Israel quanto das demais nações, mas
também há boas promessas de restauração dos
que viessem a se arrepender, especialmente
pela nova aliança que seria feita com eles
através de Jesus Cristo.
38
Assim tem sido e será até que Cristo volte,
porque, na verdade, a grande batalha que há é
entre aqueles que amam a Deus e os que o
odeiam. Os que amam a verdade e os que amam
a mentira. Os que lutam contra o pecado e
aqueles que o amam. E a raiz de tudo se encontra
no grande conflito das eras entre Satanás e
Cristo.
Fora de Cristo, tudo é morte e juízo. Em Cristo,
tudo é vida e paz.
Quando desviamos as nossas expectativas e
esperanças do Senhor, e as depositamos nos
governantes e magistrados deste mundo,
estamos incorrendo numa grande ilusão e nos
sujeitando a sermos julgados por Deus. “Assim
diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no
homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta
o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17.5).
É sobre o Senhor que devemos lançar nossos
fardos e cuidados, e não sobre qualquer outra
criatura como nós, por mais investida de poder
que ela esteja neste mundo. Não é sequer em
anjos ou arcanjos que devemos colocar a nossa
esperança, senão somente no Senhor.
“25 Bom é o SENHOR para os que esperam por
ele, para a alma que o busca.
39
26 Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e
isso, em silêncio.” (Lamentações de Jeremias
3.25,26).
“18 Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os
que o temem, sobre os que esperam na sua
misericórdia,
19 para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo
da fome, conservar-lhes a vida.
20 Nossa alma espera no SENHOR, nosso auxílio
e escudo.” (Salmo 33.18-20).
“7 Descansa no SENHOR e espera nele, não te
irrites por causa do homem que prospera em
seu caminho, por causa do que leva a cabo os
seus maus desígnios.
8 Deixa a ira, abandona o furor; não te
impacientes; certamente, isso acabará mal.
9 Porque os malfeitores serão exterminados,
mas os que esperam no SENHOR possuirão a
terra.
10 Mais um pouco de tempo, e já não existirá o
ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.
40
11 Mas os mansos herdarão a terra e se
deleitarão na abundância de paz.” (Salmo 37.7-
11).
“Agrada-se o SENHOR dos que o temem e dos
que esperam na sua misericórdia.” (Salmo
147.11).
“1 Os que confiam no SENHOR são como o
monte Sião, que não se abala, firme para
sempre.
2 Como em redor de Jerusalém estão os montes,
assim o SENHOR, em derredor do seu povo,
desde agora e para sempre.
3 O cetro dos ímpios não permanecerá sobre a
sorte dos justos, para que o justo não estenda a
mão à iniquidade.
4 Faze o bem, SENHOR, aos bons e aos retos de
coração.” (Salmo 125.11)
“4 Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e os
livraste.
5 A ti clamaram e se livraram; confiaram em ti e
não foram confundidos.” (Salmo 22.4,5)
Que liberdade é a que o mundo procura e que
deixa Deus do lado de fora? Que amor? Que
41
justiça? Que paz? Que segurança? Se for apenas
de coisas ruins que lhe possam ocorrer aqui
embaixo, o que será depois quando se encontrar
lançado fora do céu para sempre? Nossa
esperança em Cristo não é apenas para este
mundo, mas para a vida eterna.
42
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de
apêndice em nossas últimas publicações, uma
vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o
evangelho, na forma em que nos é apresentado
nas Escrituras, já que há muita pregação e
ensino de caráter legalista que não é de modo
algum o evangelho de nosso Senhor Jesus
Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao
que seja a aliança da graça por meio da qual
somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos
bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos
ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra
revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas
do Novo Testamento. Mas, por interpretações
incorretas é possível até mesmo transformá-lo
em um meio de perdição e não de salvação,
conforme tem ocorrido especialmente em
nossos dias, em que as verdades fundamentais
43
do evangelho de Jesus Cristo têm sido
adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que
consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso
entender que somos salvos exclusivamente
com base na aliança de graça que foi feita entre
Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação
do mundo, para que nas diversas gerações de
pessoas que seriam trazidas por eles à existência
sobre a Terra, houvesse um chamado invisível,
sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas
de seus pecados, justificadas, regeneradas
(novo nascimento espiritual), santificadas e
glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a
terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o
seriam pelo meio de atração que seria feita por
Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que
pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem
receber a graça necessária que os redimiria e os
transportaria das trevas para a luz, do poder de
Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria
em filhos amados e aceitos por Deus.
44
Como estes que foram redimidos se
encontravam debaixo de uma sentença de
maldição e condenação eternas, em razão de
terem transgredido a lei de Deus, com os seus
pecados, para que fossem redimidos seria
necessário que houvesse uma quitação da dívida
deles para com a justiça divina, cuja sentença
sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do
homem, trazendo sobre si os seus pecados e
culpa, e morrendo com o derramamento do Seu
sangue, porque a lei determina que não pode
haver expiação sem que haja um sacrifício
sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de
pecadores, assumisse a responsabilidade de
cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à
sua conversão, como a que seria contraída
também no presente e no futuro, durante a sua
jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem
pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do
pecador é eterna e infinita. Então deveria ser
alguém divino para realizar tal obra.
45
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da
graça feita com o Pai, para ser este Salvador,
Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para
realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição
eternas. Como poderia responder por si mesmo
para garantir a eternidade da segurança da
salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado
da natureza divina que sempre possuiu, a
natureza humana, e para tanto ele foi gerado
pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria
ser o de alguém que fosse humano, mas
também divino, de modo que se pode até
mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue
do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte
de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o
caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta
grande e importante verdade do evangelho de
que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o
46
nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou
podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou
a Ceia que deve ser regularmente observada
pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu
corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado
em profusão, conforme representado pelo
vinho, para que tenhamos vida eterna por meio
de nos alimentarmos dEle. Por isso somos
ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para
o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que
é verdadeira bebida para nos refrigerar e
manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e
a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é
estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto
se aplica ao fato de que não há outra verdade,
outro caminho, outra vida, senão a que existe
somente por meio da fé nEle. A porta é estreita
porque não admite uma entrada para vários
caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle,
conduzem à perdição. É estreito e apertado para
que nunca nos desviemos dEle, o autor e
consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça
que foi feita, nada exige do homem, além da fé,
pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser
47
transformado e firmado na graça, será realizado
pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de
sermos justificados, regenerados e santificados,
percebemos, enquanto neste mundo, que há em
nós resquícios do pecado, que são o resultado do
que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido
crucificado juntamente com Cristo, ainda
permanece em condições de operar em nós, ao
lado da nova natureza espiritual e santa que
recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa
salvação é inteiramente por graça e mediante a
fé? Que é Ele somente que nos garante a vida
eterna e o céu. Se não fosse assim, não
poderíamos ser salvos e recebidos por Deus
porque sabemos que ainda que salvos, o pecado
ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias
passagens bíblicas e especialmente no texto de
Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos
48
físicos, e outras em nossa alma, são o resultado
da imperfeição em que ainda nos encontramos
aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde
perfeita a todos os crentes, sem qualquer
doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o
faz para que aprendamos que a nossa salvação
está inteiramente colocada sobre a
responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter
seguros na plena garantia da salvação que
obtivemos mediante a fé, conforme o próprio
Deus havia determinado justificar-nos somente
por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão
e com muitos outros mesmo nos dias do Velho
Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé
porque não consegue vencer determinadas
fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o
consiga neste mundo, não perderá a sua
condição de filho amado de Deus, que pode usar
tudo isto em forma de repreensão e disciplina,
mas que jamais deixará ou abandonará a
qualquer que tenha recebido por filho, por
causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a
anularia por causa de nossas imperfeições e
transgressões.
49
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a
Jesus, mas sempre lamentará que não o ame
tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma
coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito,
virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a
apresentar a Deus que ele foi salvo, mas
simplesmente por meio do arrependimento e
da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é
necessário para a segurança eterna da sua
salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha
percebido a grande verdade central relativa ao
evangelho, que está sendo comentada neles, e
que foi citada de forma resumida no primeiro
deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça
que foi feita, nada exige do homem, além da fé,
pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser
transformado e firmado na graça, será realizado
pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação
desta verdade, que tudo é de fato devido à graça
de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é
suficiente para nos garantir uma salvação
eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e
50
Deus Filho, que nos escolheram para esta
salvação segura e eterna, antes mesmo da
fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra
são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle
que somos aceitos por Deus, nos termos da
aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os
agentes da aliança, e os crentes apenas os
beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos
beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé
aos termos da aliança, eles são convocados a
fazê-lo voluntariamente e para o principal
propósito de serem salvos para serem
santificados e glorificados, sendo instruídos
pelo evangelho que tudo o que era necessário
para a sua salvação foi perfeitamente
consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor
Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito
importante, de que tanto é assim, que não é pelo
fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles
correm o risco de perderem a salvação deles,
uma vez que a aliança não foi feita diretamente
com eles, e consistindo na obediência perfeita
deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com
51
Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa
deles, como para garantir o aperfeiçoamento
deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente
no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos
salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi
dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas
também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o
evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem
tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da
incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a
única coisa que pode nos afastar da
possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma
voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo
Seu próprio poder, a viver de modo agradável a
Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa
52
da nossa salvação, pois, como temos visto esta
causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus,
manifestados em Jesus em nosso favor, todavia,
o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida
que lute contra o pecado, e que busque se
revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem
manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há
qualquer impossibilidade para que Deus nos
salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à
busca de prazeres terrenos, e completamente
avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria
até mais facilidade para Deus salvar a estes que
vivem na iniquidade porque a vida deles no
pecado é flagrante, e pouco se importam em
demonstrar por um viver hipócrita, que são
pessoas justas e puras, pois não estão
interessados em demonstrar a justiça própria
do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano,
53
pudessem alcançar algum favor da parte de
Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação
da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que
dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e
eles lamentam por seus pecados e fogem para
Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os
receberá, e a nenhum deles lançará fora,
conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito
para a sua salvação exige somente o
arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios
necessários para que permaneçamos firmes na
graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza
divina, no novo nascimento operado pelo
Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita.
Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a
velha venha a se dissolver totalmente, assim
como está ordenado que tudo o que herdamos
de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo
é feito novo em Jesus, em quem temos recebido
54
este nosso novo ser que se inclina em amor para
Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele
se encontra destronado, pois quem reina agora
é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o
pecado. Ainda que algum pecado o vença isto
será temporariamente, do mesmo modo que
uma doença que se instala no corpo é expulsa
dele pelas defesas naturais ou por algum
medicamento potente. O sangue de Jesus é o
remédio pelo qual somos sarados de todas as
nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente
extinta quando partirmos para a glória, onde
tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da
salvação dado a nós pela habitação do Espírito
Santo, que testifica juntamente com o nosso
espírito que somos agora filhos de Deus, não
apenas por ato declarativo desta condição, mas
de fato e de verdade pelo novo nascimento
espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé
em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por
meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se
entregou por nós, para que vivamos por meio da
Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador
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de toda a criação, inclusive desta nova criação
que está realizando desde o princípio, por meio
da geração de novas criaturas espirituais para
Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual
seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe
perfeitamente quais são aqueles que atenderão
ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se
revela em espírito para que creiam nEle, e assim
sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que
nada possuem em si mesmos para agradarem a
Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus
e que se dispõem a cumprir os Seus
mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo
o pecado que há no mundo, que é uma rebelião
contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da
misericórdia de Deus para serem perdoados.
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Os pacificadores, e não propriamente pacifistas
que costumam anular a verdade em prol da paz
mundial, mas os que anunciam pela palavra e
suas próprias vidas que há paz de reconciliação
com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida,
mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram
em dar testemunho do Nome e da Palavra de
Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não
significa: de qualquer modo, de maneira
descuidada, sem qualquer valor ou preço
envolvido na salvação. Jesus pagou um preço
altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da
aliança por meio da qual somos salvos são todos
bem ordenados e planejados para que a salvação
seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais,
celestiais, espirituais envolvidos em todo o
processo da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo
quando não há naqueles que são salvos um
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conhecimento adequado de todas estas
verdades, pois está determinado que aquele que
crê no seu coração e confessar com os lábios que
Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é
necessário para um pecador ser transformado
em santo e recebido como filho adotivo por
Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de
Jesus são necessários para o nosso
aperfeiçoamento espiritual em progresso da
nossa santificação, mas não para a nossa
justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos
simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como
nos encontrávamos na ocasião, totalmente
perdidos e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da
promessa da aliança é que todo aquele que crê
será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito
entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre
si para que fôssemos salvos por graça e
mediante a fé.
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Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da
nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da
graça, e nós somos eleitos para recebermos os
benefícios desta aliança por meio da fé nAquele
a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na
Bíblia, isto não significa que Deus fez uma
aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança
com Deus para a vida eterna demanda uma
perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem
qualquer falha, e de nós mesmos, jamais
seríamos competentes para atender a tal
exigência, de modo que a aliança poderia ter
sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em
Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que
somos também recebidos. Jamais poderíamos
fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa
Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto
é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem
serem apresentados pelo sacerdote escolhido
por Deus para tal propósito. Nenhum outro
Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que
pudéssemos receber uma redenção e
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aproximação eternas, senão somente nosso
Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu
para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus
por meio da fé em Jesus Cristo, importa
permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que
muitos crentes caminham de forma
desordenada, uma vez que tendo aprendido que
a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus
Filho, e que são salvos exclusivamente por meio
da fé, que então não importa como vivam uma
vez que já se encontram salvos das
consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da
justificação, é apenas uma das faces da moeda
da salvação, que nos trazendo justificação e
regeneração instantaneamente pela graça,
mediante a fé, no momento mesmo da nossa
conversão inicial, todavia, possui uma outra
face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos
santificados pelo Espírito Santo, mediante
implantação da Palavra em nosso caráter. Isto
tem a ver com a mortificação diária do pecado, e
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o despojamento do velho homem, por um andar
no Espírito, pois de outra forma, não é possível
que Deus seja glorificado através de nós e por
nós. Não há vida cristã vitoriosa sem
santificação, uma vez que Cristo nos foi dado
para o propósito mesmo de se vencer o pecado,
por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança
da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da
fundação do mundo, e para isto somos também
inteiramente dependentes de Jesus e da
manifestação da sua vida em nós, porque Ele se
tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça,
redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios
1.30). De modo que a obra iniciada na nossa
conversão será completada por Deus para o seu
aperfeiçoamento final até a nossa chegada à
glória celestial.
“Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até
ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e
o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos
chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
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“Assim, pois, amados meus, como sempre
obedecestes, não só na minha presença, porém,
muito mais agora, na minha ausência,
desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor; porque Deus é quem efetua em vós
tanto o querer como o realizar, segundo a sua
boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).