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Eliminação de odores
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
Um dos problemas mais comunsencontrados em processos de produ-ção e em estações de tratamentos deefluentes é a formação de odores, prin-cipalmente em tratamentos sanitáriosque afetam não só o pessoaloperacional envolvido, mas a comu-nidade existente nas proximidades.
Podemos identificar como algumasfontes geradoras deste efeito a presen-ça de sulfetos, mercaptanas, amôniae compostos orgânicos de enxofre enitrogênio.
Indústrias que envolvem a geraçãode odores indesejáveis incluem, entre
outras, a produção de plásticos, ma-nufatura de borracha, processos daindústria alimentícia (processamentode carnes e peixes), indústrias de pa-pel e celulose, indústria farmacêuticae estações de tratamento de efluentes,particularmente o processamento econdicionamento de lodo produzidonas estações.
Normalmente, os odores são devi-dos aos gases formados pela decom-posição de matéria orgânica.
Águas residuais de origem indus-trial possuem odor característico dosprodutos que as compõe, de formageral desagradável, mas bem mais to-lerável que águas residuais de origem
sanitária e que possuem odor caracte-rístico de gás sulfídrico ( H
2S), gera-
do por microorganismos anaeróbiosque reduzem os sulfatos a sulfitos.
Esgotos domésticos possuem 3-6mg/l de enxofre e derivados em resí-duos orgânicos provenientes de deri-vados de proteínas, mais aproximada-mente 4 mg/l provenientes de deter-gentes domésticos e 60 mg/l proveni-entes de matéria inorgânica.
Em lagoas facultativas os odorespodem ser produzidos em diversascircunstâncias. Freqüentemente, suaorigem provém da decomposição demassas de algas acumuladas pela açãodo vento nas margens das mesmas.
Eliminação de odoresutilizando Sistema de
Lodos AtivadosBernardo M. Bacicurinski
engenheiro mecânico, especialista em Meio Ambiente, diretor técnico da Technion Consultoria
José Alfredo Mattioengenheiro químico, gerente de Mercado Meio Ambiente da Air Liquide Brasil
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Eliminação de odores
Em outros casos, principalmenteem lagoas pouco profundas, quandoa temperatura da água é elevada, ca-pas de lodo podem flotar do fundo esubir à superfície. Estas massas de re-síduos orgânicos acabam acumulan-do nas margens e ficando cobertas dealgas cianófilas. Em geral, a ativida-de bacteriana nestes casos é intensa ea geração de odor é inevitável.
O grande desafio dos projetistas,operadores e técnicos responsáveispelas estações de tratamento é justa-mente tentar controlar os odores ge-
rados pelas estações, buscando solu-ções e alternativas que diminuam seuimpacto ambiental.
A tabela abaixo indica algumasfontes de geração de odor e suas prin-cipais características:
Sistema PSistema PSistema PSistema PSistema Propostoropostoropostoropostoroposto
Como mostrado na tabela acima,a maior parte das substâncias gerado-ras de odor é gasosa sob pressão at-mosférica ou possui alta volatilidade.A volatilidade é mostrada na tabela
por partes por milhão (ppm[v/v]) e éigual à pressão de vapor. O pesomolecular destas substâncias geral-mente se encontram em valores entre30 a 150. Normalmente, baixo pesomolecular de um componente, impli-ca alta pressão de vapor e maior po-tencial de emissão na atmosfera.Substâncias com alto peso molecularsão normalmente menos voláteis eassim menor seu potencial de emis-são atmosférica.
Tradicionalmente os odores são tra-tados utilizando três processos, sendo:
odemoNetnenopmoc
alumróFosePralucelom
aedadilitaloV)v/v(mppCo52
oãçcetededetimiL)v/v(mpp
edetimiLotnemicehnocer
)v/v(mppocitsíretcaracrodO
odíedlatecA HC3
OHC 44 sáG 760,0 12,0 aturf,etnatirrI
anatpacremlilA HC2
HCHC:2HS 47 100,0 5100,0 ohla,levádargaseD
ainômA HN3
71 sáG 71 73 etnatirri,etnarteneP
anatpacremlimA HC3HC(2)4HS 401 3000,0 - erdoP
anatpacremlyzneB C6H5HC2HS 421 2000,0 6200,0 etrof,levádargaseD
animalytuB-n HC3HC(2HN)2
37 00039 080,0 8,1 ainôma,erca,odezA
orolC lC2
17 sáG 080,0 13,0 etnacofus,etnegnuP
animalytubiD C(4H9)2HN 921 0008 610,0 - exieP
animaliporposiiD C(3H7)2HN 101 31,0 83,0 exieP
animalitemiD HC(3)2HN 54 sáG 43,0 - erdopexieP
otefluslitemiD HC(3)2S 26 000038 100,0 100,0 erdopohlopeR
otefluslinefiD C(6H5)2S 681 001 1000,0 1200,0 levádargaseD
animalitE C2H5HN2
54 sáG 72,0 7,1 ainômA
anatpacremlitE C2H5HS 26 000017 3000,0 100,0 erdopohlopeR
ocirdíflussáG H2S 43 sáG 5000,0 7400,0 erdopovO
elodnÍ C6H4HC(2HN) 711 063 1000,0 - laceF
animaliteM HC3HN2
13 sáG 7,4 - erdopexieP
anatpacremliteM HC3HS 84 sáG 5000,0 0100,0 erdopohlopeR
oinôzO O3
84 sáG 5,0 - etnatirri,etnarteneP
anatpacremlineF C6H5HS 011 0002 3000,0 5100,0 erdopohlA
anatpacremliporP C3H7HS 67 000022 5000,0 020,0 levádargaseD
anidiriP C5H5N 97 00072 66,0 47,0 etnatirri,etnarteneP
lotacsE C9H9N 131 002 100,0 050,0 odnubaesuan,laceF
erfoxneesodixóiD OS2
46 sáG 7,2 4,4 etnatirri,etnarteneP
losercoiT HC3C6H4HS 421 1000,0 -
animalitemirT HC(3)3N 95 sáG 4000,0 - exiep,etnarteneP
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- Biológico - Biofiltros,biotecnologia;
- Químico – Lavadores de gases(scrubbers), oxidação;
- Físico – Condensação, filtrosde carvão ativo.
O tratamento biológico para abatimen-to de odores tem ganhado importância nosanos 90, não só pelo baixo custo apresen-tado para implementar o sistema, mas pelaboa eficiência apresentada. Neste proces-so, o aproveitamento de reatores biológi-cos (lodos ativados) vem crescendo ano aano e é uma boa opção para estações quejá possuem estes sistemas.
Os mecanismos de difusão do gásno meio líquido compreendem os se-guintes mecanismos:
� Absorção – Dissolução do gás nomeio líquido. Componentes res-ponsáveis pela geração de odor sãoinjetados na forma de gás no meiolíquido. Elementos solúveis emágua (tais como gás sulfídrico) sãoabsorvidos pelo líquido. A capa-cidade de absorção do gás é fun-ção da área de contatodas bolhas, tempo decontato e o coeficientede difusão do gás.
� Adsorção – Componen-tes com baixa solubili-dade são adsorvidosdentro do floco. Algunscomponentes com altopeso molecular e baixasolubilidade são fisica-mente adsorvidos dentrodo floco biológico, quedeve estar numa concen-tração de 100 a 2.000mg/l no meio líquido.
� Condensação – Elemen-tos voláteis a altas tem-peraturas condensamem contato com o meiolíquido que está a tem-peraturas mais baixas.
� Oxidação Biológica – Consistena digestão de componentes pormicroorganismos ativos no floco eque foram inicialmenteadsorvidos.Estes mecanismos são seguidos
de digestão biológica promovidapelos microorganismos existentesno reator biológico.
Os gases são recolhidos em suafonte de geração e transferidos porsopradores a dutos que transportame injetam estes gases dentro doreator biológico.
Performance de remoção de odo-res utilizando lodos ativados:
Como limitação da técnica,pode-se apontar:
1. aumento de carga orgânica no re-ator biológico;
2. a introdução de sulfetos (depen-dendo da quantidade) no reator bi-ológico, inibe a nitrificação e podeprovocar bulking (lodo fofo) no
sistema. O grau de inibição depen-de da concentração de H
2S intro-
duzido, da composição eaclimatação da biomassa existen-te no tanque, da temperatura na
aicnâtsbuSaicnêicifEoãçomered
agracedlevíN)d/SSLM-gk/g(
saicnêrefeR
*XETB 99> d/l/XETB71-51 7991,..latetdlefeleiB
S2H 69 7 6891,..lateamayukuF
S2H 59 51
alitemidedotefluS 53 l/lµ2,0
onobracedoteflusiD 9,33 l/lµ950,0
S2H 99 51<
S2)3HC( 99 9<
animalitemirT 99 861
animaliteonoM 99 291
lonaporposI 5,99 49
ainômA 69earukasaK5991,awakustaT
anatpacremliteM 99
oteflusidliteM 89
**sesagedarutsiM 7,39-6,29 9991,..latetleppO
H2S 9,99
oneliXeonezneblitE,oneuloT,onezneBodnetnocság-XETB*-4,2,1,oneuloT,onaxeH,onezneblitE,oimróforolC,onateorolC,onezneBodnetnocsesagedarutsiM**
.onelix-P,oneliX-O,onelix-M,alinivedotatecA,onezneblitemirT
qual estes gases são in-troduzidos, que podemafetar não só a solubili-dade do gás mas tam-bém o crescimento demicroorganismos.
3. Em reatores que pos-suem aeradores, osplash levantado podepermitir que gases vo-láteis sejam liberadose, neste caso, o aumen-to de odor é inevitável,ou seja, mesmo sendoinjetado no interior dotanque de aeração, es-tes gases têm a tendên-cia de seremsuccionados pelosplash e liberados paraa atmosfera.
O Turboxal é um oxigenador superficialcompacto com alta eficiência detransferência, que pode ser utilizado paraa transferência do oxigênio ao meiolíquido e também do gás a ser tratado
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Eliminação de odores
PPPPProcessos e Trocessos e Trocessos e Trocessos e Trocessos e Tecnologiasecnologiasecnologiasecnologiasecnologias
O aumento de carga no reator bio-lógico pode ser compensado peloaporte necessário de oxigênio ao sis-tema e também pelo ajuste da concen-tração de microrganismos adequada ànova situação (ajuste da relação F/Mno reator).
Apropriados para intervir rapida-mente em sistemas com carga de cho-que frequente e na estabilização dooxigênio dissolvido no meio líquido,os processos a oxigênio puro podemgarantir a performance do processo,bem como a mistura ótima requeridapara a operação (fig.1).
Sistemas combinados também po-dem trazer bons resultados, transfor-mando-se os aeradores convencionaispara sistemas fechados comcampânulas onde o gás a ser tratado éintroduzido a baixa pressão e posteri-ormente dissolvido no líquido (fig.2).
DATASESMT
Neste caso, evita-se o efeitode emissão de gases no pró-prio reator biológico, ou seja,a utilização de campânulasevita a emissão de gasespelo splash do aerador,promovendo um abafamen-to destes. Este t ipo detecnologia pode ser aplica-da tanto em aeradores fixoscomo flutuantes.
A utilização decampânulas não só evita a emissão deelementos voláteis, como permite,pelo aproveitamento das característi-cas de mistura dos aeradores, injetaroxigênio puro com excelente eficiên-cia de dissolução.
Nos casos onde a corrente degás a ser tratada excede a cargamáxima de projeto da estação,pode-se utilizar uma etapa inter-mediária de oxidação, onde o gásé absorvido em meio líquido e oxi-dado parcialmente com ozônio atéatingir os níveis exigidos para quea corrente líquida seja então sub-metida à oxidação biológica no sis-tema de lodos ativados (fig. 3).
Recomenda-se, no entanto, umtrabalho experimental em escalapiloto para investigar e avaliar ospossíveis efeitos de cargas de cho-que e possíveis períodos deaclimatação necessários para a es-tabilização do processo.
RRRRReferências Bibliográficas:eferências Bibliográficas:eferências Bibliográficas:eferências Bibliográficas:eferências Bibliográficas:
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- Gloyna F. Ernest “Estanquesde Estabilización de AguasResiduales” - Organización Mundialde la Salud Ginebra - 1973
Figura 3
Figura 1 Figura 2
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