Transcript
Page 1: Edição Especial do Pirituba Acontece

Esta publicação é o resultado doprojeto Click, um olhar curioso sobre

o mundo, que promove oficinas dejornalismo comunitário em Pirituba

JUNHO 2013 | www.clickumolhar.com

EDIÇÃOESPECIAL

Entenda o queé o plebiscito

Reforma política: o que vai mudar?

Linha do tempo

E mais:novidades

sobre ojornal

Page 2: Edição Especial do Pirituba Acontece

PÁG 2 | Julho 2013 | EDIÇÃOESPECIAL PIRITUBA ACONTECE | Reforma Política

50 ANOS EM 5 (SEMANAS)Confira uma linha do tempo com os principais aconteci-mentos que agitaram o Brasil nos últimos dois meses:

1 DE JUNHOOs R$ 0,20 a mais na tarifa

do transporte público come-çam a valer em São Paulo.

6 DE JUNHOProtesto com 5 mil ganha destaque na mídia ao dei-xar rastro de destruição e sujeira na Avenida Paulista.Imprensa classifica movimento como “vandalismo”.

11 DE JUNHOApós mais manifestações, Haddad, até então em Paris, diz não dialogar com violência.

Quarto grande ato contra o aumento das passagens.Protesto é marcado por forte repressão policial.

13 DE JUNHO

TEMPO DE MUDANÇASEm meio à onda de protestos que tomou as ruas, os brasi-leiros têm assistindo a diversas tentativas de resposta por parte do governo — que parece ter entendido o quanto a população quer se fazer presente na tomada de decisões no País. O plebiscito para reforma política é uma dessas ten-tativas. Nesta edição especial, entenda o que ele significa.

Foto: Evelyn Kazan

Page 3: Edição Especial do Pirituba Acontece

EDIÇÃOESPECIAL | Julho2013 | PÁG 3PIRITUBA ACONTECE | Reforma Política Reforma Política | PIRITUBA ACONTECE

14 DE JUNHODiante da violência policial e pressão do pú-blico, imprensa adota nova postura em rela-ção aos protestos e passa a apoiar os manifes-tantes. A partir de então, atos de vandalismo são considerados “movimentos isolados”.

17 DE JUNHOManifestações por todo o país reúnem mais de 250 mil pessoas. Reivindicações dei-xam de ser “só pelos R$0,20”: começam no preço do transporte, passam pela cor-rupção e vão até os custos da Copa.

18 DE JUNHODurante discurso no Palácio do Planalto, Dilma defende protestos

e diz que governo “está ouvindo essas vozes pela mudança”.

19 DE JUNHOSão Paulo baixa a tarifa para R$ 3

Governo sugere plebiscito;entenda o que ele significa

O movimento das ruas mexeu com os mem-bros do governo, e também com a própria presidenta Dilma Rousseff, que enviou ao Congresso a proposta de um plebiscito — consulta prévia feita à população sobre uma lei ou ato administrativo — para tratar da reforma política.

Plebiscitos são feitos antes de uma pro-posta ser aprovada pelo Legislativo, o que os diferencia de referendos (quando a po-pulação é questionada acerca de uma nor-ma já decidida). O último referendo que aconteceu no País foi em 2005, quando os brasileiros votaram se aceitavam ou não a proibição do comércio de armas de fogo.

No caso do plebiscito, a população es-colhe se uma nova norma deve entrar na pauta do Congresso. Para a reforma políti-ca, Dilma propôs que cinco pontos fossem abordados: financiamento das campanhas

eleitorais, sistema eleitoral, suplência dos senadores, coligações partidárias e voto secreto no Parlamento.

Uma das questões levantadas pela opo-sição, entretanto, é a pressão do governo para a realização do mesmo, por ser consi-derado inviável em um prazo curto de tem-po, o que impossibilitaria que entrasse em vigor já para as eleições de 2014.

Henrique Alves (PMDB-RN), presiden-te da Câmara, chegou a definir a consul-ta como “inviável” por não haver, segundo ele, como fazê-la até 5 de outubro (ou seja, a tempo das eleições do próximo ano).

Para Dilma, a rejeição do Congresso ao plebiscito seria um erro político, já que as manifestações deixaram claro que a população quer mudanças e não de-seja esperar ate 2016 ou 2018 para que elas aconteçam.

Fotos: Evelyn Kazan; YagoRudá; Felipe Gabriel

Foto: Evelyn Kazan

Page 4: Edição Especial do Pirituba Acontece

PÁG 4 | Julho 2013 | EDIÇÃOESPECIAL PIRITUBA ACONTECE | Reforma Política

20 DE JUNHOManifestações continuam pelo país e reunindo mais de 1,25 milhão de pessoas, protestando contra diver-sas questões. O dia também foi marcado por manifes-tação contra o aumento das passagens, em Pirituba.

21 DE JUNHODilma vai à rede nacional e fala durante 10 minutos sobre os protestos. “Eu quero dizer a vocês que fo-ram pacificamente às ruas: eu estou ouvindo vocês!”

22 DE JUNHOAto em São Paulo contra a PEC 37. Proposta impedia o Ministério Público de pro-mover investigações crimi-nais por conta própria.

24 DE JUNHOPresidente propõe aos 27 governadores e aos 26 prefeitos de capitais, convidados por ela para reunião no Palácio do Planalto, cinco pactos e plebiscito para constituinte da reforma política.

25 DE JUNHOCâmara dos Deputados derruba PEC 37.

Tá, mas o que a reforma política vai mudar?

Não é de hoje que o tema da reforma polí-tica é articulado no Congresso Federal.

Há mais de 25 anos, políticos da oposi-ção e da base discutem a necessidade da reforma política, todavia a mudança en-volveria uma nova configuração política e social, mudando o cenário atual do sistema político, e, portanto, trazendo riscos, que os políticos levam em consideração na hora da mudança.

Contudo, as vozes das ruas reacenderam o debate por alterações no sistema político.

Atualmente, os temas da reforma en-volvem: a reeleição; a unificação de elei-ções nacionais e municipais, que uniria todos os pleitos, a cada quatro anos, e visaria reduzir os gastos com eleições no país; o fim das coligações proporcionais, impedindo, assim, que os partidos se unis-sem, para disputar eleições proporcionais nos cargos de vereador, deputado estadual e federal, impossibilitando que sejam elei-tos, indiretamente, parlamentares sem votação expressiva, beneficiados pelos

“puxadores de votos” de outros partidos; a fidelidade partidária, que trataria de impedir que políticos troquem de partidos durante o mandato; a ampliação ou redu-ção do número de partidos; o voto dis-trital, que objetiva a divisão do país em distritos, no qual o eleitor passaria a votar no candidato do seu bairro, mudando a re-gra que determina se um candidato será eleito ou não, já que atualmente o cálcu-lo é feito com base no sistema proporcio-nal, que estabelece cotas mínimas para a eleição de um candidato; a extensão dos mandatos para 5 anos.

Além do financiamento público de campanha, em substituição ao misto, hoje existente, a proposta prevê que os candi-datos seriam obrigados a fazer campanha somente com a verba de um fundo que seria distribuída aos partidos, e o desrespeito tra-ria punições como a cassação do mandato.

Com a reforma política, referendos e plebiscitos seriam incluídos como modalida-des permanentes de participação política.

A proposta promete chacoalhar diversos pontos do sistema político

Page 5: Edição Especial do Pirituba Acontece

EDIÇÃOESPECIAL | Julho2013 | PÁG 5

‘‘‘‘‘‘

‘‘

PIRITUBA ACONTECE | Reforma Política Reforma Política | PIRITUBA ACONTECE

01 DE JULHODilma declarou que “gostaria” que a reforma políti-ca já valesse nas eleições de 2014.

02 DE JULHOConhecido como “cura gay”, projeto de lei que permitia que psicólogos “tratassem” pacientes que dese-jassem não ser homos-sexuais é arquivado.

04 DE JULHOo vice-presidente da República, Michel Temer, diz não haver condições de fazer com que o plebis-cito seja válido até 2014. Mais tarde, o político volta atrás.

11 DE JULHOSindicatos levam novas manifestações às ruas.

Em São Paulo, movimento tem baixa adesão.

OUVINDO A SUA VOZO Pirituba Acontece perguntou a moradores da região a opinião deles sobre reforma política:

Sobre o plebiscito, eu acho que está sendo fei-to com muita pressa. Antes de votar, o povo preci-sa saber exatamente o que está escolhendo, é pre-ciso primeiro discutir o que está sendo proposto.

Silvia Aparecida Ferrari, 44 anos

A reforma política deve ser feita porque os políticos brasileiros concentram em suas mãos o poder que her-daram de seus antecessores, geralmente pertencentes a famílias tradicionais e poderosas, os conhecidos “coronéis”, que subjugavam economicamente o povo.

Antonio Carlos Ferrari, 69 anos Mateus Alves, 16 anos

“Nada está nos agradando.”Angélica Barbara, 22 anos

Infelizmente a política brasileira é muito suja e precisa melhorar

Talliane de Jesus, 13 anos

Do que adianta ter re-forma política e conti-nuar com a corrupção? Sou a favor do melhor.

Matias Bastos, 69 anos

*O jornal conversou com 33 pessoas no bairro e nas redes sociais. Entre os en-trevistados, 18 não sabiam o que era plebiscito.

Fotos: Reprodução; Jose Cruz/ABr; Antonio Cruz/ABr

SOU A FAVOR DA REFORMA POLÍTICA. COM ELA, MUITA COISA IRÁ MUDAR. PRECISAMOS PENSAR NO FUTURO DA SOCIEDADE.

Page 6: Edição Especial do Pirituba Acontece

PÁG 6 | Julho 2013 | EDIÇÃOESPECIAL

CLICKERS: Adriane Toscano, Ana Laura Ferrari, Beatriz Xavier, Cris Bibiano, Edson Caldas, Evelyn Kazan, Gabriela Lucena, Julia Reis, Karine Ferreira, Lilian Ferrari, Lolla Rodriguez, Marina Nagamini, Mirella Nicolau, Roberta Caroline, Samuel Parmegiani, Thalita Xavier, Thamires Castanha, Vanes-sa Coscia, Victhor Fabiano e Yago Rudá. DIAGRAMAÇÃO: Edson Caldas, Evelyn Kazan e Victhor Fabiano. RESPONSÁVEIS: Edson Caldas e Evelyn Kazan.

COPIE E DISTRIBUA, MAS DÊ CRÉDITOS AO PIRITUBA ACONTECE.

PIRITUBA ACONTECE | Reforma Política

PROJETO CLICK

CONSTRUINDO UM NOVOPIRITUBA ACONTECE

Após quase dois anos publicando men-salmente o jornal Pirituba Acontece, os integrantes do projeto “Click, um olhar curioso sobre o mundo” decidiram que era hora de mudar, de enfrentar novos desafios. A partir de agosto, a publica-

ção se tornará uma revista bimestral! O objetivo é trazer as reportagens mais interessantes sobre o bairro de manei-ra mais profunda e ainda mais atrativa.

Então, não deixe de enviar suas suges-tões: [email protected]!

Fotos: Edson Caldas


Top Related