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Page 1: EdgarLisboa EntrevistaEspecial Brasília PMDBdeveternomeà · 2014. 11. 24. · tize.Nesse caso,permanecemos no governo, podemoscontinuar com odiscurso. Asegunda hipótese éa decisãoque

Política

O deputado federal EliseuPadilha (PMDB) avalia que, se opartido conseguir se unificar emtorno da reforma política, terá ca-pacidade de coesão para lançaruma candidatura própria para aseleições presidenciais de 2018. Oparlamentar acredita que a sua le-genda é a única capaz de liderar areforma no Congresso Nacional. É aesses debates que o peemedebistagaúcho – que não se candidatou anenhum cargo eletivo nestas elei-ções – pretende se dedicar a partirde 31 de janeiro de 2015, quandoencerra seu mandato na Câmarados Deputados.

Padilha defendeu a aliança en-tre PMDB e PT nas últimas eleiçõespresidenciais – em consonânciacom o diretório nacional do seupartido, mas divergindo do diretó-rio do Rio Grande do Sul, que relutaem apoiar a chapa liderada pelospetistas, desde o começo da parce-ria. Entretanto, neste ano, enquantofazia campanha para a presidenteDilma Rousseff (PT) e o vice MichelTemer (PMDB), declarou em um atopolítico com prefeitos gaúchos queera a última vez que fazia campa-nha para uma chapa que não eraliderada pelo PMDB.

O peemedebista crê que a uni-dade dentro do partido – o que via-bilizaria a candidatura ao Paláciodo Planalto – é possível. Para isso,é necessário mudar a tradição dopartido, em que “os caciques locaisdo PMDB, nos estados, sobrepõe osseus interesses aos do PMDB nacio-nal”. Contudo, afirma que o PMDBgaúcho não tem um cacique, o quefacilitaria a adesão dos peemede-bistas gaúchos a um projeto nacio-nal do partido. Nesta entrevista aoJornal do Comércio, aborda combastante ênfase a coesão nacionaldo partido. Também analisa qualdeve ser a relação entre o governofederal e a gestão do governadoreleito José Ivo Sartori (PMDB).

Jornal do Comércio – Passa-das as eleições de 2014, comoficou a relação entre o PMDBnacional e o estadual, visto queapoiaram candidatos diferentesà presidência da República?

Eliseu Padilha – O PMDB doRio Grande do Sul adotou nestaseleições uma posição equivocada,mas que foi adotada pelo PMDBde muitos outros estados. Tambémaconteceu isso na Bahia, Pernam-buco, Rio de Janeiro, Mato Grossodo Sul. Temos visto que, às vezes,

os interesses dos coronéis, dos ca-ciques locais se sobrepõem ao pro-jeto nacional. Não foi o que ocor-reu no Rio Grande do Sul, porque,aqui, não foi a decisão de umapessoa que levou à divergência emrelação à diretriz nacional. Foi umadecisão coletiva, porque, no PMDBdo Rio Grande do Sul, não existeum cacique local. De qualquerforma, fiz campanha para o nossocandidato escolhido na convençãomajoritária. E, dos nossos oito de-putados estaduais, seis estiveramvinculados à nossa tese de guardarcoerência com a eleição nacional.A maioria absoluta dos nossos pre-feitos, algo em torno de 90% deles,trabalharam junto com a tese doPMDB nacional. Entretanto, achoque a divergência foi compreensí-vel pela tradição do nosso partido,mas isso tem que ser mudado,senão nunca teremos um projetonacional de poder. Se cada estadotiver o seu interesse em razão docacique ou do coronel regional,nunca vamos ter um projeto nacio-nal. E, consequentemente, o maiorpartido do Brasil – maior númerode vereadores, prefeitos, deputa-dos estaduais, senadores, gover-nadores, bancada de deputadosfederais, quase empatando com amaior (do PT) – vai ficar gravitandoem torno de uma legenda menor.Mas isso passou, está vencido.Agora, devemos olhar adiante etrabalhar para mostrar que pode-mos construir uma proposta nacio-nal que unifique o partido.

JC – Durante a campanha àreeleição da presidente Dilma edo vice Temer, o senhor mencio-nou, em algumas convenções,que era o último ano que apoia-ria uma chapa que não fosse li-derada por um peemedebista. OPMDB pretende ter candidaturaao Palácio do Planalto em 2018?

Padilha - É um tema que opartido está discutindo. Eu defendoessa tese há muito tempo. Mas, seo PMDB quiser ter uma candida-tura própria em 2018, terá o óbicede negociar politicamente com oPT e com a presidente da Repú-blica. Essa decisão implicará emuma relação muito transparentecom a presidenta, com o governo ecom o PT. Essa premissa não podeentrar em choque com a nossarelação que está consagrada comuma eleição em que foram eleitoso vice-presidente Michel Temer ea presidente Dilma. Não podemosdescumprir, abandonar, deixar sema sustentação política o nosso vice--presidente da República. O certoé que o partido tem que buscar oexercício do poder, pois partidoque não busca a conquista, não épartido político, é qualquer outracoisa. Às vezes, não é aconselhávelque quem pode ser presidente secontente em ser vice.

JC – A negociação com apresidente e o PT seria em quesentido?

Padilha – Na questão da can-didatura própria, temos três hipó-teses. A primeira é que a tese dacandidatura própria não se concre-tize. Nesse caso, permanecemos nogoverno, podemos continuar como discurso. A segunda hipótese é adecisão que o PMDB vai ter candi-datura própria em 2018. Bom, en-tão, teremos que deixar claro como PT e com a presidência da Repú-blica quando o partido vai entregaros cargos que tem. Afinal, não con-cebo disputar uma eleição contrao governo do qual construímos eparticipamos. É antiético. E o tercei-ro cenário é mantermos a aliançacom o PT para 2018, mas fazendoum acordo, um ajuste: quem iriapara a cabeça de chapa seria o par-tido que tivesse o nome com maior

“O certo éque o partidopolítico temque buscaro exercíciodo poder”

Entrevista Especial

Marcus [email protected]

Agilizar os portos secos

Combate continental à corrupçãoO Brasil quer levar para outros países da América Latina e do Caribe

experiências no combate à corrupção. O presidente do Tribunal de Con-tas da União, Augusto Nardes, está em Cuzco, no Peru, para apresentaraos presidentes de tribunais de contas a Rede de Combate à Corrupção,que é um esforço do TCU, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Po-lícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP), entre outros órgãos, paracombateros desmandos no Brasil. A ideia é montaruma rede semelhan-te, mas de dimensões continentais com os países da América Latina edo Caribe. O próprio Nardes vê resultados no combate à corrupção noBrasil. “O Brasil está realmente enfrentando o problema, identificandoe punindo os culpados. É sinal de amadurecimento e consolidação dademocracia”, avaliou Augusto Nardes ao The Wall Street Journal.

Aposta no crescimentoO parecer da Comissão Mista do Orçamento (CMO) está apostando

em um crescimento de R$ 21,2 bilhões na arrecadação no ano que vem.Desse dinheiro, R$ 2,5 bilhões serão destinados aos estados e municí-pios, via fundos de participações e outras obrigações, e R$ 18,7 bilhõesficarão com a União. A aposta é otimista, de acordo com o relator, depu-tado Paulo Pimenta (PT). “É um parecer que historicamente o Congres-so tem feito, que aposta no crescimento da economia em parâmetrossuperiores ao que vamos ter neste ano, tanto no cenário local, como nocenário internacional.”

Interrogação com o futuroO senador Pedro Simon (PMDB) é muito mais pessimista. “Sincera-

mente, eu não vejo momento mais grave e mais dramático na sociedadebrasileira do que esse que estamos vivendo. Há uma interrogação muitogrande com relação ao futuro do Brasil”, disse. De acordo com ele, mu-danças são imprescindíveis para que as reformas política e tributáriasejam realizadas.

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Edgar Lisboa

Repórter Brasília PMDBdeve ter nome à

18 Jornal do Comércio - Porto AlegreSegunda-feira24 de novembro de 2014

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MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA (PMOC)

Indiferença com o sofrimentoEm 2012, foram assassinadas 56 mil pessoas no Brasil - 30 mil delas

entre 15 e 29 anos. Entre os jovens assassinados, 77% eram negros. E, deacordo com o senador Paulo Paim (PT), as mortes são tratadas com indi-ferença. “Apesar dos altíssimos índices de homicídios de jovens negros,o tema é, em geral, tratado com indiferença. Não está como prioridadena agenda nacional”, lamentou.

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O deputado Afonso Hamm (PP, foto)enviou ao ministro-chefe da Casa Civil,Aloizio Mercadante, uma carta sugerindosete medidas para agilizar os portos secosnas fronteiras brasileiras. De acordo comHamm, os despachantes aduaneiros,transportadores internacionais de carga,importadores e exportadores reclamamda “imensa lentidão no desembaraçoaduaneiro das cargas e da burocraciaexcessiva” nos portos secos. Entre as medidas propostas estão aintegração de órgãos, melhorias na infraestrutura e concursos paranovos agentes. “Isso iria aumentar a competitividade do produtobrasileiro e diminuir o custo Brasil”, disse Hamm.

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