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Page 1: Edgar Lisboa Brasília Danéris defende que o alinhamento ...de do Sul, todos são positivos. Por dois motivos: pela nossa gente que é empreendedora, que acredita, que investe, e

Segunda-feira24 de fevereiro de 2014

Política

Jornal do Comércio - Porto Alegre22

Alexandre [email protected]

Ao ser confrontado com a di-ficuldade que vem enfrentando o governador Tarso Genro (PT) nas articulações empreendidas em Brasília para destravar a votação, no Senado, do projeto que altera o indexador das dívidas de estados e municípios com a União, o secre-tário executivo do Conselho de De-senvolvimento Econômico e Social do governo do Estado - mais co-nhecido como Conselhão -, Marce-lo Danéris (PT), demonstra otimis-mo. Danéris lembra que o projeto é de autoria do governo federal, que estaria apenas aguardando um momento mais adequado para a votação, como forma de evitar um possível ataque especulativo ao Brasil. O petista argumenta que a tese de campanha usada em 2010, do chamado ‘alinhamento das es-trelas’, “está funcionando bem”, e enumera um conjunto de indica-dores econômicos do Rio Grande do Sul, que seriam resultantes da sintonia na relação entre o gover-no gaúcho e o Palácio do Planalto.

O secretário avalia o cenário eleitoral gaúcho, afirmando que “quem concorre não escolhe ad-versário” e que o grande embate se dará entre um modelo que acei-ta aumentar gastos, como forma de induzir o desenvolvimento, em oposição a legendas que propa-gam a ideia de uma gestão fiscal mais ortodoxa.

“Eles querem voltar ao pro-grama anterior de déficit zero, que precarizou a saúde, a educação... Não importa se o candidato vai ser o Sartori (ex-prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, do PMDB), ou a Ana Amélia (senadora do PP), quem vai representar esse projeto de redução do Estado contraposto ao nosso”, diz o petista, ao comen-tar o discurso que vem sendo pro-ferido por integrantes dos partidos de oposição a Tarso.

Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Danéris também fala dos recorrentes condicionamentos impostos por Tarso para ser can-didato à reeleição, da política de alianças, da CPI da Energia Elétri-ca e da experiência do Conselhão, entre outros temas.

Jornal do Comércio - O go-verno federal vem impedindo a votação, no Senado, do projeto que muda o indexador da dívi-da dos estados e municípios. O governador Tarso Genro (PT) é um dos principais articuladores

para que a proposta seja votada. O chamado ‘alinhamento das estrelas’ não está funcionando?

Marcelo Danéris - Ele está funcionando e está funcionando bem. O Rio Grande do Sul come-çou a dar uma virada. Retomou o crescimento em todos os indica-dores. Se pegarmos o PIB, vai dar mais de 6%; se pegarmos o cres-cimento das exportações, está na faixa dos 40%; o crescimento da indústria está acima da média na-cional, com 6,8%; somos o segun-do Estado em geração de empre-gos do País; a safra agrícola bateu recorde e continua com a expec-tativa de uma boa safra esse ano. Então, se pegarmos todos os indi-cadores econômicos do Rio Gran-de do Sul, todos são positivos. Por dois motivos: pela nossa gente que é empreendedora, que acredita, que investe, e porque tem um Es-tado indutor do desenvolvimento, com o Fundopen, o Plano Safra, o microcrédito, a Sala do Investidor, com uma política industrial, uma política de distribuição de renda, o piso regional e o RS Mais Igual.

JC - E o alinhamento das estrelas?

Danéris - Há uma nova rela-ção nacional e internacional. Está a olhos vistos, quando temos aqui Mitsubishi, Hyundai, uma série de investimentos internacionais, tam-bém decorrência de uma relação nova internacional. Visitamos In-glaterra, Espanha, Portugal, países da África, China, Uruguai, Argen-tina, passamos por tudo e todos com retorno. No âmbito nacional, somos o terceiro Estado que mais captou recursos do PAC. É aqui no Rio Grande do Sul que a Dilma estava inaugurando a BR-448 re-centemente, que acabou de fechar o projeto para a segunda ponte do Guaíba. Todos investimentos

em saneamento, todos programas com contrapartida, bolsa na área de segurança para capacitação para Copa, todas essas relações com o governo federal só mostram que as portas estão abertas.

JC - E a dívida?Danéris - Aí há um entendi-

mento tático diferente. O governo federal entende que, por conta da macroeconomia, do cenário in-ternacional, da especulação que estão fazendo nos países emer-gentes... O que a Europa e os Es-tados Unidos estão fazendo? Para manter seus investidores, porque eles estão tentando sair de uma crise e acham que é o momento de dar uma virada, eles lançaram uma especulação, que a África está mal, que o Brics está mal, que o Brasil está mal... Então, há um ataque especulativo, onde as agências de risco cumprem um papel fundamental para criar um ambiente de crise econômica.

JC - Mas o governador discorda dessa opinião...

Danéris - Sim, discorda. Não há discordância no mérito, que é preciso alterar a dívida, tanto que o projeto é do governo federal, não é de iniciativa nossa, não é dos se-nadores, não é da base do gover-no. O governo federal entende que, taticamente, por conta do mercado internacional, é preciso esperar mais um tempo. O que estamos dizendo? Que não é necessário. Aí é que eu digo que há uma diferen-ça de opinião tática, não de identi-dade política. O alinhamento está dado igual.

JC - Tarso já disse que não será candidato à reeleição se o projeto da dívida não for aprovado...

Danéris - Ele já colocou essa condição, já disse também que esse tema eleitoral e das candida-

“O palanque da presidenta Dilma Rousseff é o do governador Tarso Genro”

Entrevista Especial

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Edgar Lisboa

Repórter BrasíliaDanéris defende que o alinhamento das estrelas segue forte

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CurtasO corte no orçamento significou R$ 300 milhões a menos para

o Rio Grande do Sul. “Estou olhando para o céu para ver se ainda enxergo o alinhamento das estrelas”, ironizou o deputado Osmar Terra (PMDB-RS).

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) está entre os senadores que irão se despedir do atual mandato em janeiro de 2015. Paulo Paim (PT) e Ana Amélia (PP) ainda têm mais quatro anos.

Crime de desordemUm gaúcho esteve sob os holofotes na semana passada. O se-

cretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, natural de Santa Maria, foi ao Congresso entregar uma proposta ti-pificando o “crime de desordem”. De acordo com a proposta, quem praticar desordem em local público, agredir ou cometer atos de vio-lência contra qualquer pessoa; destruir, danificar ou invadir bem público ou particular; e bloquear vias públicas pode ser condenado de 2 a 6 anos de prisão. A pena será aumentada para 8 anos se os manifestantes usarem substância inflamável ou explosiva saque-arem o comércio ou usarem meios de comunicação, incluindo a internet, para divulgar o protesto. “Para prender pessoas está tudo claro na Constituição. O que estamos querendo é organizar as ma-nifestações e garantí-las. Mas tudo que se quer é ordem”, afirmou o secretário.

Nomes para as comissõesPassada a distribuição das presidências das comissões da Câ-

mara aos partidos, os nomes começam a aparecer. Quinze dos 22 colegiados já têm os presidentes definidos, mas quatro partidos ainda têm que escolher os nomes: PT, PSDB, PSD e PSC. O PT pre-tende divulgar as indicações amanhã, mas alguns nomes estão no páreo. Na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, disputam Éri-ka Kokay (DF), Nilmário Miranda (MG) e Luiz Couto (MG). Na de Seguridade Social e Família, estão no páreo Rogério Carvalho (SE), Amaury Teixeira (BA) e Benedita da Silva (RJ). Na de Constituição, Justiça e Cidadania, considerada a mais importante da Câmara, apenas dois nomes estão disputando: Alessandro Molon (RJ) e Vi-cente Cândido (SP). O PSD já escolheu quem vai presidir uma das duas comissões que o partido tem direito: Minas e Energia ficará com Geraldo Thadeu (MG). Ainda falta indicar alguém para Defesa do Consumidor. O PSDB ainda não oficializou, mas internamente o partido já escolheu Eduardo Barbosa (MG) para Relações Exteriores e Defesa Nacional e Ricardo Trípoli (SP) para Ciência e Tecnologia.

O único gaúcho que irá pre-sidir uma comissão será o de-putado Renato Molling (PP), que estreará a Comissão de Turismo. O colegiado foi criado para aco-modar os novos partidos Pros e Solidariedade, que começaram a vida já grandes. Molling vai ser o primeiro presidente da nova comissão, e em um ano de Copa do Mundo, em que o turismo e o esporte vão estar mais próximos do que nunca, ele acredita que duas comissões farão o trabalho melhor. “As duas continuam tra-balhando juntas. Mas agora haverá mais movimentação, o que qualifica o trabalho”, disse. O deputado também quer qualifi-car o turismo nacional para atrair mais estrangeiros. “Quem não é bem recebido, não volta e ainda fala mal.”

Molling em turismo

AGÊNCIA CÂMARA/JC

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