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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
O DESIGN INSTRUCIONAL DO CURSO DE EXTENSÃO:
“PROCESSO FORMATIVO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA UFMT”
ÉDER REVERDITO
CUIABÁ – MT
2011
U F M T
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
O DESIGN INSTRUCIONAL DO CURSO DE EXTENSÃO: “PROCESSO
FORMATIVO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA UFMT”
ÉDER REVERDITO
Orientador: Prof. Dr. Cristiano Maciel
Projeto de Monografia apresentado ao Curso
de Especialização em Informática na Educação
– Modalidade à Distância, do Instituto de
Computação da Universidade Aberta do Brasil
da Universidade Federal de Mato Grosso,
como requisito para elaboração da Monografia
da Especialização em Informática na
Educação.
CUIABÁ – MT
2011
U F M T
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ÉDER REVERDITO
O DESIGN INSTRUCIONAL DO CURSO DE EXTENSÃO: “PROCESSO
FORMATIVO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA UFMT”
FICHA DE APROVAÇÃO
Aprovado em: 14/07/2011
_______________________________________________
Prof. Dr. Cristiano Maciel
Orientador (UFMT)
_______________________________________________
Profa. MSc. Elida Furtado da Silva Andrade
PROPG/UFMT
_______________________________________________
Prof. MSc. Vinicius Carvalho Pereira
IFMT
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DEDICATÓRIA
Ao amigo Rômulo Pires (in memoriam),
dedico e ofereço esta conquista. Com ele
aprendi que existe conhecimento com
generosidade.
Amigos verdadeiros são inesquecíveis,
sempre estarão por perto, mesmo que ausentes.
Obrigado meu amigo atleta!
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pela oportunidade concedida para a realização deste curso.
Aos meus familiares, amigos e colegas pela compreensão nos momentos em
que fiquei ausente para dedicar-me aos estudos.
Aos professores que contribuíram para a construção deste conhecimento.
Ao meu orientador, que me orientou para que eu pudesse concluir esta missão.
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"Mantenha seus pensamentos positivos, porque
seus pensamentos tornam-se suas palavras.
Mantenha suas palavras positivas, porque suas
palavras tornam-se suas atitudes. Mantenha
suas atitudes positivas, porque suas atitudes
tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos
positivos, porque seus hábitos tornam-se seus
valores. Mantenha seus valores positivos,
porque seus valores... Tornam-se seu destino."
(Mahatma Gandhi)
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RESUMO
Este trabalho se propõe mostrar à atuação do Designer Instrucional (DI) no
planejamento, organização e construção do ambiente que será utilizado como sala de
aula pelos alunos do curso a distância: “Processo Formativo em Educação Ambiental
da UFMT”. Dentre as variadas especificidades que podem suscitar análise, esta pesquisa
optou por analisar determinados aspectos que foram julgados relevantes para
fundamentar a organização e implementação de cursos em ambientes virtuais de
aprendizagem. Como metodologia de trabalho, optou-se pela pesquisa qualitativa
bibliográfica. Ao fim, concluiu-se que o papel exercido pelo DI é de grande relevância
para o sucesso do curso, sugerindo-se mudanças para que a parceria entre tecnologia e
educação frutifique.
Palavras-chave: Aprendizagem online. Design Instrucional. Educação online. Extensão
UFMT.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Página inicial do curso mostrando estrutura e cores .................................................... 14
Figura 2: Tela com o sistema de avaliação.................................................................................. 21
Figura 3: Organização do material .............................................................................................. 23
Figura 4: Tela com o contexto geral do cursos.................................................................25
Figura 5: Página inicial do curso de extensão – UFMT................................................................32
Figura 6: Banco de Questões ....................................................................................................... 32
Figura 7: Configuração do questionário ...................................................................................... 32
Figura 8: Configuração de um questionário................................................................................36
Figura 9: Tela acrescentar atividades .......................................................................................... 32
Figura 10: Módulos do curso ...................................................................................................... 38
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AbraEAD Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
CD-ROM Disco Compacto - Memória Somente de Leitura
DI Designer Instrucional
EaD Educação a Distância
GPEA Grupo Pesquisador em Educação Ambiental
IUB Instituto Universal Brasileiro
LMS Learning Management System
PDF Portable Document Format
PROCERGS Centro de Processamento de dados do Rio Grande do Sul
PUC Pontifícia Universidade Católica
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI Serviço Social da Indústria
STI Sistema de Tecnologia da Informação
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
TV Televisor
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
WEB World Wide Web
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10
1. O ENSINO A DISTÂNCIA E A TECNOLOGIA .......................................... 12
1.1. A educação a distância .............................................................................................. 14
1.2. A educação continuada .............................................................................................. 17
1.3. Formação dos professores ......................................................................................... 18
1.4. Internet para formar ................................................................................................... 19
1.5. O professor online ..................................................................................................... 20
2. O DESIGNER INSTRUCIONAL ................................................................ 22
2.1. Responsabilidades do designer instrucional .............................................................. 26
2.2 Software de LMS………………………………………………………….……………………………………….27
2.3 O papel do design instrucional na Educação ............................................................. 29
3. DESIGN INSTRUCIONAL NO CURSO DE EXTENSÃO: “PROCESSO
FORMATIVO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL-UFMT” .................................... 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 39
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INTRODUÇÃO
A evolução da internet e da multimídia fez com que a Educação a Distância (EaD)
beneficiasse milhões de pessoas, oportunizando aprendizagem e certificação de competências
e habilidades para aqueles que não podem ou não querem frequentar um curso presencial.
Essa modalidade de ensino está em permanente modernização em decorrência da sucessão de
gerações de tecnologia, de pesquisas e da implementação de metodologias e novas práticas
pedagógicas.
A evolução das mídias de comunicação atesta esse progresso: das cartas para os e-
mails, do rádio para a videoconferência, dos módulos escritos para a hipermídia. Em meio a
essa revolução digital, surgem a reboque novas profissões, tais como o designer instrucional.
Considerando o âmbito desta pesquisa, exemplifiquemos, em breves palavras, a
trajetória evolutiva do design instrucional, na UFMT, com a iniciativa do GPEA, que ofereceu
o curso de extensão, na modalidade a distância, “Processo Formativo em Educação
Ambiental”; e elegeu a UFMT, a UFMS e a UFOP para formar alunos de todos os estados
brasileiros. Quando da idealização do projeto, a UFMT assumiu a responsabilidade da
construção da identidade visual e do design instrucional do curso. A partir desse momento
surgiu a necessidade de se conhecer o papel do designer instrucional no AVA. Dos seminários
de estudos sobre o conteúdo do curso a ser ministrado, elaborou-se o Guia Didático, com
orientações sobre o formato do curso, a ser seguido por toda equipe pedagógica e tecnológica
envolvida no processo.
Neste contexto surge problemática: como o Designer Instrucional pode contribuir nas
decisões durante a criação de ambientes virtuais, considerando aspectos pedagógicos inerentes
ao guia didático elaborados pelo professor, em especial, utilizando questionários?
Face a tal problemática o objetivo desta pesquisa é compreender a importância do
trabalho do designer instrucional na implementação do curso de extensão “Processo
Formativo em Educação Ambiental”, da UFMT, levando em conta a necessidade de um
Designer Instrucional para que o ambiente de aprendizagem atenda às demandas do curso.
Para atingir a meta proposta, elencaram-se as seguintes ações: destacar a importância
do designer instrucional para a construção do Ambiente Virtual de Aprendizagem; apontar as
vantagens do planejamento e implementação de cursos utilizando o DI; analisar os benefícios
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do uso do ambiente elaborado sob orientação do DI, com base em um projeto de design
instrucional; avaliar a necessidade da atuação do designer instrucional na implementação de
um curso a distância; por fim, entender as diferentes áreas de atuação do designer instrucional
na construção de um ambiente de aprendizagem.
A justificativa para empreender esta pesquisa deve-se ao constante estado de
aprendizagem consequente dos avanços tecnológicos que afetam a vida das pessoas e, em
particular, a Educação. Mudanças estruturais na forma de ensinar e aprender, demandam
profissionais especializados que atuem na produção de ambientes virtuais de aprendizagem.
Para que a construção do conhecimento seja efetiva, faz-se necessário
o uso das tecnologias inovadoras vinculadas à Internet, aos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVAs), aos blogs, wikis, etc., como recurso didático pedagógico que
amplia as possibilidades de interação entre os usuários (professores e alunos), a
construção de redes colaborativas de aprendizagem, o desenvolvimento da pesquisa
e a produção do conhecimento. Os recursos são agregados ao sistema informático,
em permanente desenvolvimento, e potencializam este processo ao permitir que
usuários de qualquer ponto geográfico possam trocar informações, rearticular ideias,
individual e coletivamente, partilhar novos sentidos, socializar saberes e
compartilhar novos consensos com todos os usuários da rede (ZANETTE, 2008,
p.6).
Zanette chama atenção para as inovações tecnológicas e o seu uso em ambientes e
ferramentas disponíveis na internet como forma de agregar recursos e socializar saberes
possibilitando a interação de alunos e professores.
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem são um dos desafios de docentes, discentes,
equipe tecnológica e designers instrucionais que precisam levar em conta variados fatores que
serão abordados neste estudo.
Adotou-se, como processo investigativo, a pesquisa bibliográfica nas áreas de
aprendizagem online, design instrucional e educação online do curso de extensão da UFMT. Para
amostra foi utilizado o mesmo conteúdo aplicado no curso de Educação Ambiental. No período de
15/11/2010 a 07/04/2011, participaram da pesquisa mil e noventa e três usuários cadastrados na
plataforma; destes, trinta são tutores, um designer instrucional, e três coordenadores pedagógicos.
Os dados foram coletados no ambiente em que o curso foi ofertado em forma de extensão. As
atividades e os respectivos modos de configuração no ambiente foram o alvo dessa coleta.
A análise dos dados apontou pontos positivos e benefícios para o cursista, quando o
ambiente é construído sob a ótica de um designer instrucional. Evidenciaram-se a baixa evasão e o
aumento da participação dos alunos, devido à agradabilidade visual resultante do trabalho deste
profissional, levando o usuário a se identificar com o ambiente.
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O presente trabalho está organizado sob três títulos: “O ensino a distância e a
tecnologia”, “Design instrucional” e ”Design Instrucional no Curso de Extensão: Processo
Formativo em Educação Ambiental – UFMT”. Por último, são apresentadas as considerações
finais acerca do tema proposto.
1. O ENSINO A DISTÂNCIA E A TECNOLOGIA
A internet viabiliza a comunicação rápida, fácil e barata entre pessoas dispersas por
vários lugares do mundo, quebrando barreiras de tempo e espaço. A tecnologia que faz isso se
tornar possível envolve redes, processamento cliente/servidor, padrões de telecomunicações e
tecnologias de hipertexto e hipermídia.
Por intermédio desses dispositivos, que juntos formam a malha de computadores que
alicerçam a internet, trafegam voz, dados, imagem, som e uma série de mensagens
eletrônicas.
Para compreender como a informação viaja pela internet, tomemos por empréstimo a
metáfora proposta por Reali (2007) sobre a Espinha Dorsal da Internet (The Internet
Backbone):
À medida que você viaja pela internet, o roteador lhe encaminha para o equivalente
a uma rodovia Federal - a espinha dorsal da Internet. Esta espinha dorsal é o reduto
da Internet, atravessando o planeta e transportando uma quantidade enorme de
Informações através de grandes distancias em altíssima velocidade. Esta espinha
dorsal consiste de três componentes: o primeiro é constituído de linhas telefônicas e
cabos que tornam reais os canais por onde os dados circulam, O segundo
componente, são os Provedores de Serviços de Redes (Network Service Providers
(NSPs) (ex: Embratel, ANSP, Telefonica) proporcionando acesso de alta velocidade
a Internet para os Provedores de acesso (ISPs) (ex: Terra, IG, AOL), que tornam
então disponível para seus usuários ou assinantes. E por fim, o terceiro componente,
que são denominados Pontos de Acesso a Internet (Network Access Points - NAPs),
que permitem que a Informação salte ou se transfira entre diferentes redes, através
disso provendo a conexão entre diferentes redes, são também conhecidos como
Ponto de Presença (PoP) (ex: USP, UFSCar). Os três componentes trabalham juntos
para facilitar o movimento da informação em alta velocidade por todo mundo.
(REALI, 2007)
O Autor ilustra e demonstra como a tecnologia permite o tráfego das informações
possibilitando assim essa “viajem” e os componentes que aproximam o aluno do professor no
ensino a distância. Ele demonstra que assim como uma grande rodovia interliga vários pontos
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através de rodovias menores, a internet aliada a um conjunto de tecnologias e protocolos
também interliga e conduz a informação, aproximando o aprendiz do educador.
Em se tratando da tecnologia fundamental à internet, usemos um excerto do trabalho
De Cantú (2003):
Olhando a Internet com um pouco mais de detalhe, identificamos a periferia da
rede, onde estão os computadores que rodam as aplicações, e o núcleo da rede,
formado pela malha de roteadores que interligam as redes entre si.
Na periferia da rede estão os sistemas terminais ou hospedeiros (hosts). São
referidos como hospedeiros porque hospedam programas de aplicação. São
programas típicos da Internet: o login remoto a sistemas (Telnet ou SSH), a
transferência de arquivos (FTP), o correio eletrônico(email), a paginação da
Web(www), a execução de áudio e vídeo, etc.
Os sistemas terminais são divididos em duas categorias: os clientes e os servidores.
Os clientes são em geral computadores pessoais ou estações de trabalho, e os
servidores computadores mais poderosos. Servidores e clientes interagem segundo o
modelo cliente/servidor, no qual uma aplicação cliente solicita e recebe
informações de uma aplicação servidora(CANTÚ, 2003, p. 7).
Tipicamente a aplicação cliente roda em um computador e a aplicação servidorea em
outro, sendo por definição as aplicações cliente/servidor ditas aplicações
distribuídas (CANTÚ, 2003, p.7).
O Autor fundamenta que mediante todo esse aparato tecnológico, é possível permitir
esse acesso. Agora com a infraestrutura mínima para um ambiente virtual ficar acessível, cabe
ao designer instrucional, no uso de suas atribuições, recriar o ambiente da sala de aula, em um
espaço online. E para tanto deve planejar, organizar e implementar este ambiente, juntamente
com uma equipe que possa agregar, no contexto do curso, os ingredientes necessários à
construção do conhecimento.
Mas até chegarmos ao designer instrucional, um longo e interessante caminho foi
percorrido. E ainda há muita estrada a ser percorrida até que tenhamos o trabalho do designer
instrucional como um elemento chave para a coerência entre as teorias da EaD e suas práticas
nos AVAs.
Por isso, essa pesquisa, tem como objeto de análise, o curso de “Processo Formativo
em Educação Ambiental da UFMT”, no qual são trabalhados conteúdos importantes para a
atuação docente, numa metodologia pensada especialmente para que os docentes ampliem sua
visão e atuação neste contexto.
As ilustrações a seguir, como mostra a figura 1, fazem parte do ambiente de
aprendizagem construído para este curso. As atividades síncronas e assíncronas foram
planejadas através do trabalho de uma equipe que contou com a participação efetiva de um
designer instrucional.
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As cores do ambiente e a linguagem utilizada, além focar o estudante que irá utilizar
este ambiente como salas de aula também consideraram o profissional que está se adaptando a
uma educação continuada mediada pela tecnologia.
Para que o ambiente do curso reflita a necessidade deste DI, é necessário um estudo
sobre as necessidades de conteúdo, recursos de interação, tecnologias necessárias e
capacidade do servidor, por exemplo.
1.1. A educação a distância
A educação a distância é uma realidade para alguns brasileiros e algo quase
impossível para os mais entusiastas do ensino presencial que ainda defendem a ideia de que a
modalidade EaD não traz bons resultados. Porém, o resultado positivo já é uma realidade,
mesmo com grandes desafios.
Para Alves (2001, p. 31), mesmo sendo uma realidade que acontece no Brasil, desde
o Instituto Universal Brasileiro, os desafios para que as iniciativas de ensino a distância
alcancem seus objetivos tem demandado inúmeros esforços.
Instituto Universal Brasileiro (IUB) é um dos pioneiros no ensino a distância no
Brasil e se mantém firme com os seus cursos por correspondência, como os de Mecânica de
Automóveis e Auxiliar de Escritório. Assim como o IUB foi pioneiro, hoje o mercado
Figura 1: Página inicial do curso mostrando estrutura e cores
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corporativo investe alto no ensino a distância tanto que já é uma das maiores demandas para o
ensino pela internet. (IUB, 2006). Todos os dias podem ver que, empresas dos mais variados
segmentos estão lançando mão de cursos online para preparar seus funcionários, treiná-los e
mantê-los atualizados. Esse crescimento se dá justamente por oferecer ao aprendiz a
construção do conhecimento com base na colaboração e cooperação mediadas por Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC‟s).
Para Braga et al. (2007, p. 44),
a proposta da Educação a Distância é oferecer ao aprendiz um processo de interação
e comunicação que permite a construção do conhecimento através da colaboração e
cooperação de todos (inclusive o professor) os integrantes do curso. Portanto, o
principal método é a aplicação da aprendizagem colaborativa mediada por
computador.
A par dessa definição, espera-se que tanto o atendimento quanto a individualidade
do aluno sejam considerados durante sua permanência no curso.
Considerando-se a grande área territorial brasileira, a EaD é uma alternativa para o
estudo de quem está longe dos grandes centros, ou mesmo de quem precisa de horários mais
flexíveis para o estudo.
Conforme Alves (2001, p. 46) O Brasil está gerando grandes oportunidades e
despertando interesses de empresas internacionais. Nota-se investimentos milionários em
cursos a distância no país, usando a Internet como a principal ferramenta. Exemplo disto é a
empresa americana Unext.com que chegou ao Brasil para atender ao mercado empresarial,
sustentada por um investimento de US$ 100 milhões e por instituições de ensino que têm em
seus quadros vários prêmios Nobel.
As ações estudar e ensinar tradicionalmente implicam a relação aluno-professor.
Todavia, o uso do computador como ferramenta de estudo, é sem dúvida, um desafio, que
vem sendo alcançado com sucesso nos dias atuais.
As faculdades, escolas técnicas, empresas e, principalmente, as pessoas que já estão
em uma faixa etária mais elevada estão entre os principais interessados e incentivadores desse
novo estilo de aprendizado.
Um levantamento realizado pelo Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e
a Distância (AbraEAD), em sua edição 2008, afirma que de 2,5 milhões de brasileiros
estudaram em cursos com metodologias a distância no ano de 2007. A pesquisa inclui não só
os alunos em cursos de instituições credenciadas pelo sistema de ensino, mas também grandes
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projetos de importância regional ou nacional, como os da Fundação Bradesco, Fundação
Roberto Marinho e os do Grupo S (Sesi, Senai, Senac, Sebrae etc.).
Para falarmos de educação a distância é preciso conhecer um pouco sobre o papel da
Universidade Federal de Mato Grosso, neste processo histórico, por meio do seu Núcleo de
Educação Aberta e a Distância (NEAD-IE), em parceria com a Universidade de Estado de
Mato Grosso (UNEMAT), a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC) e
mais de setenta prefeituras, a partir de 1994, passou a implementar e desenvolver o primeiro
curso de graduação a distância no País, visando a formação dos professores da rede pública
que atuam nas primeiras quatro séries do Ensino Fundamental. Foi também o primeiro curso
de graduação a distância a ser reconhecido pelo MEC (Portaria 3220, 22/11/2002). A oferta
desse curso fazia parte do “Programa Interinstitucional de Qualificação Docente em Mato
Grosso" que tinha como meta profissionalizar todos os professores dos sistemas, estadual e
municipal de Educação, no Estado de Mato Grosso, até o ano 2011 (UFMT, 2011).
Além de cursos de graduação a distância, como o de Pedagogia para os Anos
Iniciais, Pedagogia para Educação Infantil, Ciências Naturais e Matemática e Administração,
a UFMT têm oferecido cursos de pós-graduação lato-sensu e de educação continuada a
centenas de profissionais da educação aqui em Mato Grosso como em outros Estados. Esses
números já se aproximam de 5.000 alunos (UFMT, 2011).
É importante ressaltar que a experiência de Mato Grosso também se expandiu para
outros Estados, por meio de parcerias com Instituições Públicas de Ensino Superior,
atendendo a mais de 16 mil professores da rede pública, em parceria com universidades
públicas locais, consolidando-se e tornando-se referência nacional no campo da formação de
professores e na modalidade a Distância (UFMT, 2011).
A atuação da UFMT vem contribuindo de maneira significativa na formação de
profissionais para atuarem no campo da educação e vai ao encontro da atual política do MEC,
Secretaria de Educação a Distância e CAPES que, nesses últimos anos, sobretudo, vem se
empenhando para que essa modalidade se expanda, ganhe credibilidade e significância social
junto à comunidade (UFMT, 2011).
A partir de 2007, ao ingressar no Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), a
UFMT vem ampliando sua atuação na EaD contribuindo na democratização do ensino
superior e garantindo qualidade aos processos de formação e de melhoria na oferta dos
serviços públicos (UFMT, 2011).
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Em 2008 a Universidade Federal de Mato Grosso cria a Secretaria de Tecnologias da
Comunicação e da Informação Aplicadas a Educação, com o objetivo de possibilitar uma
discussão contextualizada de tecnologias, não apenas em uma visão instrumental, mas com o
sentido de apoiar as discussões aplicadas aos contextos educacionais da Instituição (UFMT,
2011).
E é com base nessa larga experiência que escolhemos para pesquisa um curso
ofertado por uma instituição com referência nacional em EaD.
Em suma, cabe aos profissionais da EaD pensar sobre as várias alternativas
existentes para que os ganhos com a tecnologia saiam das empresas e se espalhem pelos
bancos universitários.
1.2. A educação continuada
O contexto educacional e empresarial torna-se cada vez mais competitivo, exigindo
dos profissionais que já atuam no mercado e dos que querem nele ingressar, permanente
atualização.
Aos candidatos não bastam informar que têm os conhecimentos específicos
necessários ao cargo ou função, é preciso provar o domínio sobre a sua profissão.
De acordo com Moreira (2001, p. 14),
as exigências de treinamento das empresas não cabem mais no espaço
compreendido pelas quatro paredes da sala de aula. Nos últimos dois anos, diversas
companhias começaram a pôr em prática projetos de treinamento a distância
baseados em intranet, internet, extranet, transmissão via satélite ou outros meios
digitais para suprir a demanda de aperfeiçoamento e reciclagem de profissionais. O
apelo do uso da tecnologia na área de educação é tão marcante que alguns
observadores arriscam afirmar que o e-learning - ou ensino eletrônico - é a mais
nova onda da Internet, depois do comércio eletrônico.
Pode-se presumir, então, que a formação a distância tem sido muito procurada por
empresas em geral, devido à diminuição de gastos com treinamento e deslocamento de seus
funcionários.
Conforme Castro (2000, p. 23),
o fenômeno mais espantoso do chamado milagre econômico brasileiro nos anos
setenta foi o crescimento sem educação. Essa mágica se esgotou. Ela não se
repete mais. De uns tempos para cá e de agora em diante o crescimento econômico
será movido à educação. Boa parte de nosso atraso resulta de termos crescido num
ritmo maior que o da educação.
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O capital humano das empresas advém dos funcionários que, além das aptidões
básicas profissionais, investem em educação; ficando relegados ao desemprego ou a
subempregos aqueles que não tiverem a mesma atitude.
Em função dessa exigência de mercado, nos ambientes de aprendizagem planejados
por designers instrucionais, há maiores chances de que o estudo, atualização e treinamento de
funcionários tenha êxito, uma vez que também são exercitados aspectos como o debate e a
escrita. Conforme o formato projetado para o curso, existem à disposição vários recursos de
ambiente como fóruns, relatórios, atividades, e-mails etc. para que ocorra a interação entre os
participantes.
1.3. Formação dos professores
A formação dos professores é parte essencial para que a tecnologia realmente seja
aproveitada nas escolas. Os ambientes de aprendizagem devem levar em conta as aptidões do
profissional da educação, sua formação e seu fazer pedagógico. A sala de aula online precisa
ser um ambiente de estudo em que o professor se sinta à vontade, valorizado, estimulado a
estudar e a convidar seus alunos para tirarem o mesmo proveito desses ambientes.
Na obra de Castro et al. (2001, p. XX) , há o seguinte relato:
Em minha trajetória como professora do Ensino do Estado de São Paulo, iniciada
em 1968, tenho constatado que, entre os vários problemas inerentes ao
magistério, existe um que se sobrepõe aos demais: falta de tempo disponível para o
professor frequentar cursos de orientação pedagógica ou mesmo para obter
informações em geral. Como se sabe, o trabalho do professor não se restringe às
atividades realizadas em sala de aula, independentemente do componente curricular
lecionado e do nível escolar em que atue. Analisando essas circunstâncias,
conclui-se que elas absorvem todo o tempo que deveria ser destinado à atualização
docente, sem a qual não se pode falar em ensino de boa qualidade. Torna-se,
portanto, imprescindível a fixação do professor em apenas uma Unidade Escolar e
com carga horária que lhe possibilite um contínuo aperfeiçoamento.
Logo, é imprescindível investir na formação dos professores, oferecendo-lhes
treinamento, palestras, visitas técnicas e cursos. A falta de recursos financeiros da escola e a
inexistência de políticas públicas voltadas para a capacitação pedagógica e digital dos
professores do ensino médio e fundamental de escolas públicas deixam-nos em desvantagem
em relação aos funcionários de uma empresa, que para obter a qualidade total em seu produto
ou serviço, incentiva e investe no seu patrimônio humano.
Segundo Castro et al. (2001, p.55), há quem afirme que o ensino no Brasil passa por
um processo de transformação. O bem da verdade existe universidades, escolas de ensino
19
técnico e fundamental que já descobriram que, para ter professores sempre atualizados, é
necessário investir, promover e valorizar a capacitação dentro e fora da sala de aula.
1.4. Internet para formar
O ensino a distância não é novidade no Brasil e os meios mais tradicionais são por
correspondência, televisão, rádio. No entanto, diferem quanto ao tipo de relacionamento entre
o estudante e o docente. No caso da correspondência, o tipo de relação é de um para um; no
rádio e TV, de um para muitos; e via internet existem três possibilidades de comunicação
reunidas numa só mídia: um para muitos, um para um e muitos para muitos. Esta
possibilidade de interação ampla confere à EaD, via internet, um status de modernidade,
levando a sociedade a olhá-la de uma maneira diferente daquela com que olha outras formas
de EaD.
Durante muito tempo, educação a distância foi considerada uma espécie de
complemento do ensino, utilizada principalmente quando outras modalidades de educação
falhavam em proporcionar escolaridade mínima a uma parcela significativa da população. Por
conseguinte, a sociedade se acostumou a olhar a EaD como uma educação de segunda
categoria a ser utilizada por aqueles que não tiveram a oportunidade de uma educação melhor,
a educação presencial convencional.
Com a chegada da internet, os congressos e encontros de educação a distância se
proliferaram, chamando a atenção de pessoas interessadas em conhecer as novas tecnologias a
ela aplicadas. Jornais e revistas começaram a dar destaque a projetos de escolas e
universidades virtuais. Este fenômeno não foi um caso isolado acontecido no Brasil.
Mundialmente as melhores e mais renomadas universidades começaram a montar seus campi
virtuais e a oferecer educação a distância via internet. Segundo Azevêdo(2002a, p. 39), “de
um lado está o status e o apelo da novidade: hoje tudo o que envolve Internet chama à
atenção.”
Em diversas vias de propagação, usam o endereço de seu site ou e-mail como forma
de contato, às vezes substituindo por completo o endereço físico e o número de telefone.
De outro lado, há a percepção clara de que estamos diante de uma tecnologia que permite
coisas impensáveis em outras modalidades de ensino que utilizam diferentes tecnologias, por
exemplo, a formação de comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa, isto é,
20
comunidades compostas por pessoas que estão em diversas partes do mundo e que
interagem sem que necessariamente estejam juntas ou conectadas na mesma hora e no
mesmo lugar. Uma mensagem, enviada num determinado horário para um grupo de 30 ou 40
pessoas, poderá ser lida em horários diferentes, causar reações distintas em cada uma delas e
sustentar um debate por dias seguidos.
Via internet pode-se experimentar aprender junto com outros, interagindo com
muitos, independente do tempo e do lugar. Mas, e o professor, onde fica nesta realidade de
ambientes virtuais de aprendizagem?
1.5. O professor online
O professor online precisa ser, antes de tudo, sensibilizado a uma nova pedagogia.
Não é apenas mais um novo meio no qual ele precisa aprender a se movimentar, mas é uma
nova proposta pedagógica que ele ajuda a criar com sua prática educacional. Seu grande
talento deverá se concentrar não apenas no domínio de um conteúdo ou de técnicas didáticas,
mas na capacidade de mobilizar a comunidade de aprendizes em torno da sua própria
aprendizagem, de fomentar o debate, manter o clima de ajuda mútua, incentivar cada um a se
tornar responsável pela motivação de todo o grupo.
Segundo Azevêdo (2002b, p. 59),
este novo aluno e este novo professor ainda não existem. Precisam ser criados e,
depois de criados, aperfeiçoados continuamente nesta nova área de prática
educativa. Isto deverá levar muitos anos, talvez décadas, pois não se trata apenas de
uma mera transposição da velha sala de aula para o mundo virtual.
Creio que hoje o Brasil já ocupa posição de destaque no campo da infraestrutura de
comunicação de dados para suporte a projetos de educação a distância via internet. Há
empresas que hoje exportam softwares educacionais para o mundo inteiro. Mas o universo de
professores e alunos capazes de ensinar e aprender online está muito aquém da necessidade
nacional. Acredito ser esta dificuldade enfrentada hoje no desenvolvimento de programas de
educação online. Não faltam máquinas, programas ou conexões, o que falta mesmo são
pessoas capacitadas e especializadas em educação online.
Campos (2000, p. 56) defende a ideia de que
sendo um modelo aberto de ensino-aprendizagem, o EaD atende a uma população
numerosa, ainda que dispersa geograficamente, oferecendo oportunidades de
formação adequadas às exigências atuais daqueles que não puderam iniciar ou
concluir sua formação anteriormente. Como modelo flexível, elimina os rígidos
21
requisitos de espaço (onde estudar?), de tempo (quando estudar?) e de ritmo (a
que velocidade aprender?), comuns no modelo tradicional. Dessa forma, a educação
a distância permite uma eficaz combinação de estudo e trabalho, garantindo a
permanência do estudante em seu próprio ambiente profissional, cultural e
familiar. O aluno passa a ser sujeito ativo em sua formação e faz com que o
processo de aprendizagem se desenvolva no mesmo ambiente em que se trabalha.
Assim, consegue-se uma formação teórico-prática ligada à experiência e em contato
direto com a atividade profissional que se deseja aperfeiçoar.
Cabe ao professor aprender a lidar com novas formas de avaliação, acompanhamento
do aluno e realidades diferentes de atuação docente. As atividades são direcionadas, a
participação dos alunos é observada e avaliada de maneira processual. Conforme vemos na
Figura 3, há modos diferentes de trabalho e requisitos a serem cumpridos pelo professor como
acompanhar as atividades realizadas pelos alunos ou responder as dúvidas a ele dirigidas.
A figura 2 nos dá ainda uma idéia das possibilidades do professor online, O ambiente
torna possível para o professor ir além de atribuir uma nota ao aluno ele pode retornar ou
orientar através de inserções de comentários na própria atividade realizada pelo aluno,
nesta mesma ação o professor pode determinar que este aluno seja alertado por e-mail
desta forma acompanhar a construção do conhecimento e de forma colaborativa conduzir
Figura 2: Tela com o sistema de avaliação
22
o aprendiz ao entendimento e ao aprendizado, o uso do ambiente elimina a distância e
aproxima aluno e professor online através da internet.
2. O DESIGNER INSTRUCIONAL
A tecnologia não faz o curso sozinha, é preciso que esteja acompanhada por um
acervo de escolhas metodológicas. Tecnologia e metodologia, aliadas a um designer
instrucional, são elementos importantes para que os ambientes de aprendizagem tenham êxito
em suas iniciativas. Quanto ao desenho e desenvolvimento, o designer instrucional deverá
selecionar, modificar ou criar um modelo apropriado de desenho e desenvolvimento para um
determinado projeto; selecionar e usar uma variedade de técnicas para definir e sequenciar o
conteúdo e estratégias instrucionais; selecionar ou modificar materiais instrucionais
existentes; desenvolver materiais instrucionais; e avaliar a instrução e seu impacto.
A educação superior tem dado prioridade à integração da tecnologia ao currículo. À
medida que isso ocorre, as instituições se deparam com muitas questões que dizem
respeito ao fato de fazer com que as aulas funcionem tecnologicamente [...]. É,
portanto, fácil deixar de lado o design instrucional de tais currículos para manter sob
controle todas as questões referentes à tecnologia. Os professores precisam aprender
a teoria da elaboração de tecnologia instrucional para que possam criar aulas que
não sejam apenas eficazes tecnologicamente, mas significativas para o ponto de
vista do aluno. (FIDISHUN, apud PALLOF; PRATT, 2004, p. 14).
Nos bastidores de um curso projetado para AVA, há um enorme esforço da equipe
para organizar o material, desenhar o mapa do curso, levantar as necessidades de demanda,
elaborar o conteúdo, o guia didático, pensar sobre as estratégias que serão utilizadas, tipo de
atividades, temas, teorias pedagógicas de apoio aos procedimentos adotados, tudo são
aspectos fundamentais para um início de caminhada com tranquilidade. Observe a figura 3:
23
Figura 3: Organização do material
No Brasil, recentemente adotado pelos especialistas das teorias educacionais, surge o
conceito de design instrucional, que representa uma ação intencional e sistemática de ensino
dentro de uma abordagem transdisciplinar com as demais áreas do conhecimento. Esse
movimento utiliza as tecnologias de informação e comunicação para alcançar os objetivos
propostos, motivando o desenvolvimento de capacidades e habilidades de individuo que
participam das comunidades de aprendizagem virtual.
Segundo Cancún a palavra design, no vocabulário do inglês antigo (1588), significa
propósito, intenção. O design é visto como um tipo de construção que envolve complexidade
e síntese, podendo ser compreendido como a ação de estabelecer objetivos futuros e de
encontrar meios e recursos para cumpri-los. Assim como o design, a palavra instrucional
necessita de uma atenção bem específica para que não seja apenas identificada como instrução
ou treinamento. Segundo Filatro (2004, p.37), a “instrução é uma atividade de ensino que se
utiliza da comunicação para facilitar a compreensão da verdade.”
A linguagem usada no ambiente deve ser uma aliada da aprendizagem, convidando o
estudante à participação, ao estudo, à reflexão. Há que se evitar uma linguagem punitiva, em
prol do amadurecimento intelectual dos envolvidos no processo. Desse modo todos aprendem:
quem constrói o ambiente e os materiais, a tutorial e os estudantes do curso.
Design instrucional é um conjunto de atividades para identificar um problema de
aprendizagem e, posteriormente, desenhar, implementar e avaliar uma solução. A
ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o
desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades, eventos e produtos
educacionais em situações didáticas específicas, a fim de promover, a partir dos
24
princípios de aprendizagem e instruções conhecidos, a aprendizagem humana.
(FILATRO, 2008, p. 3)
Outros termos podem ser utilizados para o design instrucional como desenho
educacional, desenho instrucional ou desenho didático. Filatro (2008) argumenta que não
existe consenso entre os educadores sobre o termo mais apropriado. Neste trabalho, será
usado o termo design instrucional, por ser o mais difundido entre os profissionais tanto da
área corporativa como da acadêmica.
O designer instrucional é o profissional responsável pelo desenvolvimento do DI.
Como suas atribuições ainda não estão claramente definidas, pois ainda não faz parte do
código brasileiro de ocupações. Observam-se diferenças marcantes em sua atuação
dependendo do projeto, da composição da equipe multidisciplinar e da instituição onde está
inserido.
O escopo de atuação do DI, no curso de educação a distância, pode se dar em dois
níveis: macro, compreendendo as atividades que vão da concepção à avaliação; ou micro,
atividades voltadas para o design de unidades, tópicos e atividades.
Em contraste com a educação presencial, em que as soluções educacionais são
apresentadas pelo pedagogo, na educação a distância essas particularidades ficam a cargo do
desenhista instrucional – um profissional novo no mercado que já conta com a
regulamentação do Ministério do Trabalho, desde janeiro de 2009, para atuar no mercado de
trabalho.
O design instrucional, propriamente dito, é um “canal” de ligação entre a teoria (que
é a base) e a tecnologia (que suporta essa prática) e tem, por finalidade, a transmissão de
novos conhecimentos. Pode-se dizer que as teorias são a base, o designer instrucional o meio
e a tecnologia é o suporte da prática. Romiszowski (2010)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Desenho Industrial o designer instrucional é,
antes de tudo, um educador. Esse profissional está envolvido em todas as etapas dos projetos
educacionais a distância (planejamento, desenvolvimento e implementação) e deve atuar de
maneira interdisciplinar na elaboração dos elementos não verbais que irão compartilhar com
os elementos verbais na transmissão dos conteúdos didáticos, tendo em vista que o simples
acesso ao conteúdo não garante um aprendizado de sucesso.
O design instrucional é uma área propícia à investigação, devendo ser apoiada por
avaliação, pesquisa e questionamento científico. Romiszowski (2010), afirma que hoje, sob
maior influência das teorias cognitivas de aprendizagem e das novas tecnologias de
25
informação e comunicação, precisa desenvolver uma base sólida de conhecimento que sirva
de orientação para a prática educacional vigente.
Um projeto de desenho instrucional, como mostra a Figura 4, deve levar em conta o
contexto em que o curso acontece; o cronograma das atividades propostas; o orçamento que
será utilizado; os objetivos a que o projeto se propõe atender; o público-alvo; a justificativa
para o ambiente virtual escolhido para dar andamento ao curso; os conteúdos a serem
trabalhados; as formas de apresentação dos materiais e atividades; as teorias de aprendizagem
que darão suporte teórico às metodologias propostas; as mídias escolhidas para trabalhar os
conteúdos; a definição de regras que pautarão a comunicação e interação entre os estudantes,
tutores, professores, coordenadores, equipe tecnológica e pedagógica; e, não menos
importante, o modo de avaliar a participação dos alunos quando da utilização dos recursos da
plataforma (fóruns, chats, avaliações no ambiente etc.).
Figura 4 - Tela com o contexto geral do curso
Em suma, são aspectos para os quais o designer instrucional do curso precisa estar
atento, fazendo com que, através de sua atuação, essas engrenagens que proporcionam o
caminhar do curso estejam em sintonia.
26
Segundo Santos (2008, p. 28),
o projeto deve especificar, ainda, os seguintes recursos: Mapa de Atividades,
Storyboards e Matriz de design instrucional. O primeiro recurso nos dá uma ideia
geral do planejamento das atividades. O segundo complementa o mapa na forma de
um esboço gráfico, orientando a equipe de produção. Já a Matriz de DI indica as
atividades dinâmicas, com seus objetivos, a produção dos alunos e os critérios de
avaliação.
2.1. Responsabilidades do designer instrucional
O designer instrucional tem a responsabilidade de criar ciclos de atividades e plano
geral do curso, além de decidir sobre a escolha da melhor técnica a ser praticada e das
ferramentas para o controle das avaliações. Esse profissional não está ligado somente à EaD,
podendo trabalhar também com treinamentos presenciais, blended learning e cursos
acadêmicos.
Para desenvolver um bom curso, o designer instrucional deve ficar atento a alguns
tópicos: clareza nos objetivos pedagógicos; material interativo e objetivo; cronogramas das
atividades; agradabilidade visual do ambiente; e eficiência no custo-benefício.
No que tange à gerência do projeto do curso, é seu dever observar as fases de
desenvolvimento que compõem o design instrucional:
Análise: é a base do curso. Nesta etapa é analisado todo o material enviado pelo
cliente que é submetido, posteriormente, a uma triagem, separando-se o que for julgado
necessário, como os objetivos do curso, a leitura (mais coloquial ou diária) e o número de
telas;
Projeto: é a fase em que são definidos os passos para alcançar os objetivos
determinados na fase de análise e para expandir a fundamentação instrucional. Faz parte desta
etapa a descrição do relatório pedagógico para aprovação do cliente e o estabelecimento dos
objetivos e itens para a avaliação.
Desenvolvimento: etapa conduzida pelo designer do curso. Existe um roteiro com o
passo a passo para elaboração do projeto cujo produto são os materiais das lições. Nesta fase
serão desenvolvidas a instrução, as mídias digitais de armazenamento de dados e a
27
documentação. Aqui podemos escolher a forma de disponibilizar isso, através de mídias CD-
ROM, hardware e/ou softwares LMS.
Implementação: o curso já foi produzido, revisado e está pronto para ser entregue e
disponibilizado. Esta fase deve fornecer para os alunos a compreensão do material, suporte e
garantia do conhecimento para a avaliação.
Avaliação: é a fase que mede a eficiência da instrução do curso projetado.
Normalmente os cursos possuem duas avaliações:
1. O pré-teste – é pré-requisito para o aluno iniciar o curso. Esta fase avalia os
conhecimentos antes do tema abordado.
2. O pós-teste – é realizado após todo o conteúdo do curso ser ministrado. As
mesmas questões são abordadas para obter uma nota ao longo do processo. As avaliações
podem ser: somativa (ocorre após o término do curso para obter a eficiência da instrução
pedagógica) ou formativa (ocorre durante o cumprimento das etapas dos módulos).
2.2 Softwares de LMS
Os softwares de Learning Management System (LMS) trabalham com quatro tipos
de usuários: o administrador (a quem cabe a criação, organização, extração de cursos), o
coordenador do curso (responsável pelo gerenciamento do curso), o formador (que ajuda o
coordenador nas tarefas de gerenciamento), o instrutor (que disponibiliza o acesso às
ferramentas) e os alunos.
O sistema de LMS deve permitir a personalização de perfis de administração (os
tutores) para facilitar o acesso, mapear as competências dos stakeholders, disponibilizar
fóruns para interatividade e computar todo o conteúdo.
Dentro da categoria ambientes virtuais de aprendizagem existe uma categoria
específica de aplicações denominada de Sistemas de Gestão da Aprendizagem. Esta categoria
de ambiente dispõe de um conjunto de funcionalidades projetadas para armazenar, distribuir e
gerenciar conteúdos de aprendizado, de forma progressiva e interativa, podendo também
registrar e relatar atividades do aprendiz bem como seu desempenho. A estratégia educativa
implícita visa dar suporte para que dois ou mais sujeitos construam o conhecimento através da
discussão, da reflexão e tomada de decisões nas quais os recursos informáticos atuam como
mediadores do processo de ensino-aprendizagem (RICCIO, 2010, p.12).
28
O cliente pode desenvolver um LMS próprio ou usufruir de software livre. Alguns
não comportam muitos usuários ou possuem limitações para interação como vídeos, PDFs,
avaliações e outros requisitos.
Alguns tópicos devem ser levados em conta na escolha de um LMS: agenda do
curso, áudio conferência, avaliações, bate-papo/fóruns, caixa de mensagens, relatórios, FAQ,
glossário, grupos, ajuda do sistema, perfil de alunos, quadro de avisos, enquetes para
pesquisas de opinião, arquivos para complementação do curso e sistema de busca.
A interação dos alunos com o professor e a troca de informações entre o grupo para
discussão é essencial para que ocorra a aprendizagem. Os diversos ambientes promovem
interações entre os participantes via textos e ação.
Na essência, um LMS é uma solução de alto nível e estratégica para o planejamento,
disponibilização e gestão de qualquer evento de aprendizagem dentro de uma organização,
incluindo cursos online e salas de aula virtuais. A sua função principal é substituir programas
de aprendizagem isolados e fragmentados por um meio sistemático de avaliar e melhorar as
competências e os níveis de desempenho nas organizações.
A PROCERGS (Cia. de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul), por meio
do projeto “Rede escolar Livre”, elaborou uma lista de Ambientes de EaD que permitem
realizar cursos através da internet.Vejamos algumas:
Moodle: software livre que possui duas categorias de recursos que podem ser
disponibilizados no sistema: materiais e atividades.
Blackboard: possui uma maior flexibilidade pedagógica, permite o uso de
várias funções, podendo ser utilizado tanto para aprendizado a distância quanto para apoio
ao ensino presencial.
AulaNet: software desenvolvido pela PUC-RJ, baseado em três conceitos:
cooperação (operação conjunta dos membros do grupo para a realização das tarefas
propostas pela instrutor), coordenação e comunicação.
Independente do software utilizado é necessário que as considerações pedagógicas
estejam presentes com planejamento, implementação e avaliação, envolvendo assim uma
integração do professor e dos alunos.
29
2.3 O papel do design instrucional na Educação
A educação online é uma ação sistemática de uso de tecnologias, incluindo
hipertexto e redes de comunicação interativa, para distribuição de conteúdo educacional e
apoio à aprendizagem, sem limitação de tempo ou lugar (anytime, anyplace). Sua principal
característica é a mediação tecnológica através da conexão em rede.
A educação online se concretiza em diferentes modalidades que vão desde a
educação presencial, apoiada por tecnologias, até a educação totalmente a distância. O nível
de utilização das TICs depende em grande parte da infraestrutura tecnológica disponível
(como largura de banda e espaço em disco), da capacidade humana em lidar com as
tecnologias, e também dos objetivos educacionais propostos.
Na educação online, o design instrucional se dedica a planejar, preparar, projetar,
produzir e publicar textos, imagens, gráficos, sons e movimentos, simulações, atividades e
tarefas ancorados em suportes virtuais.
Além de representarem poderosos recursos de apoio à aprendizagem, a utilização das
TICs também fortalece um movimento recente dentro da teoria e prática do design
instrucional que propõe a adoção de uma nova forma de planejar o ensino-aprendizagem.
Esse movimento pode ser exemplificado por referências a um design instrucional
descrito como “situado” (WILSON, 1995b), “flexível” (NIKOLOVA e COLLIS, 1998),
“reflexivo e recursivo” (WILLIS e WRIGHT, 2000) ou simplesmente “construtivista”
(CAMPOS et al., 1998; JONASSEN, 1998; LEBOW, 1993) cujos pressupostos básicos
apontam para a necessidade de adaptar qualquer proposta de design instrucional ao contexto
local de implementação.
Jonassen (1998), por exemplo, constata que, historicamente, projetos de design
instrucional têm fracassado principalmente devido aos problemas de implementação:
com frequência, a tentativa é implementar inovações sem considerar importantes
aspectos físicos, organizacionais e culturais do ambiente nos quais a inovação está
sendo implementada. Ao conceber e implementar ambientes construtivistas de
aprendizagem, é importante acomodar fatores contextuais para uma implementação
bem-sucedida (JONASSEN, 1998, p. 7)
Nikolova e Collis (1998) acentuam, com as novas tecnologias de informação e
comunicação, a necessidade de prover os alunos com um design instrucional flexível, que
propicie oportunidades efetivas de escolha, pois
30
em um curso tradicional, há pouco ou nenhum espaço para a escolha do aluno:
usualmente, os dados dos cursos são fixos, o conteúdo é predeterminado, as
abordagens instrucionais já estão selecionadas e os materiais de aprendizagem são
preparados com antecedência; a organização do curso é pré-definida. Isso é um
extremo. Na outra ponta do continuum está uma aprendizagem just-in-time, baseada
no mundo do trabalho e voltada para a solução de problemas, a respeito da qual o
aluno toma as decisões-chave e que ocorre ao longo de toda a vida” (NIKOLOVA;
COLLIS, p. 60-62) (grifos dos autores).
Assim, apoiado por tecnologias, o design instrucional admite mecanismos de efetiva
contextualização caracterizados por maior personalização aos estilos e ritmos individuais de
aprendizagem; adaptação às características institucionais e regionais; atualização a partir de
feedback constante; acesso a informações e experiências externas à organização de ensino;
possibilidade de comunicação entre os agentes do processo (professores, alunos, equipe
técnica e pedagógica, comunidade); e monitoramento automático da construção individual e
coletiva de conhecimentos.
Por essa razão, esta pesquisa utiliza o termo “design instrucional contextualizado”
para descrever a ação intencional de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas
específicas que, valendo-se das potencialidades da internet, incorporem, tanto na fase de
concepção como durante a implementação, mecanismos que favoreçam a contextualização e a
flexibilização.
Os modelos convencionais de design instrucional frequentemente estruturam o
planejamento do ensino-aprendizagem em estágios distintos:
Análise: envolve a identificação de necessidades de aprendizagem, a definição de
objetivos instrucionais e o levantamento das restrições envolvidas;
Design e desenvolvimento: quando ocorre o planejamento da instrução e a
elaboração dos materiais e produtos instrucionais;
Implementação: quando se dá a capacitação e ambientação de docentes e alunos nos
termos da proposta de design instrucional e a realização do evento ou situação de ensino-
aprendizagem propriamente ditos; e por fim
Avaliação: envolve o acompanhamento, a revisão e a manutenção do sistema
proposto.
Enquanto os modelos convencionais frequentemente incluem estágios distintos de
atividades de análise, design, desenvolvimento e avaliação, como mostra a Figura 6, no
design instrucional contextualizado, essas operações acontecem recursivamente ao longo de
todo o processo.
31
A implementação (situação didática) não se dá separadamente da concepção (fases de
análise, planejamento e produção), mas progride através de uma série de estágios e então
espirala de volta, adicionando mais detalhes.
Conforme Willis e Wright (2000), nesse modelo o foco é inicialmente difuso e se
torna mais nítido e distinto à medida que a implementação da proposta evolui. Esse caráter
recursivo e dinâmico é possibilitado pela seleção de ambientes tecnológicos de
desenvolvimento que suportem os recursos de autoria, flexibilidade e acessibilidade.
3. DESIGN INSTRUCIONAL NO CURSO DE EXTENSÃO: “PROCESSO
FORMATIVO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL-UFMT”
Como visto anteriormente, há várias etapas que apontam para a necessidade de
atuação do designer instrucional na educação online. Dependendo da empresa ou instituição
onde o material para a web será desenvolvido, da abordagem pedagógica, dos objetivos, do
público, de seu projeto pedagógico e ainda da equipe multidisciplinar para o trabalho, o
processo de desenvolvimento e o tipo de produto final podem ser diferentes. Por isso, é
importante que algumas ações sejam de responsabilidade do designer instrucional, como
trabalhar em paralelo com a equipe pedagógica do curso.
A seguir são destacadas algumas dessas funções: O gerenciamento das etapas de
construção do curso envolve as seguintes ações: planejar e gerenciar projetos de desenho
instrucional; promover a colaboração, parcerias e relacionamentos entre os participantes de
um projeto de desenho; aplicar habilidades de negócio no gerenciamento ao desenho
instrucional; providenciar a implementação eficaz de produtos e programas instrucionais.
Por meio da Figura 5, podemos ter uma ideia do resultado desse trabalho em conjunto
pois são vários fatores que precisam ser levados em conta para que o resultado seja
harmônico. Isso inclui, por exemplo, tema do ambiente para o curso, cores, imagens,
posicionamento da identificação do usuário no ambiente, menu de links, barra de navegação,
texto de boas-vindas, organização do curso, fale conosco, material de apoio, link de
participantes, calendário de eventos e atividades do curso.
32
O curso Processo Formativo em Educação Ambiental possui certificação de extensão
e abrangência nacional. Tem por objetivo ensinar sustentabilidade para professores, a fim de
que promovam esse aprendizado na escola, como também para o secretário de educação e
diretores de escola. Afinal, no mundo que vivemos hoje, faz-se necessário modificar pequenas
atitudes diárias para um mundo melhor no futuro, tais como economizar energia, gás, reciclar
o lixo etc.
Na Figura 7, vemos a programação, os participantes, calendário, seleção de eventos.
Para esse projeto de educação online o professor montou um guia didático (vide
anexo I), onde o DI o transforma para web proporcionando navegabilidade, padronização de
interfaces e layout de fácil utilização, por exemplo. O Guia Didático é o documento que ajuda
o aluno a navegar e realizar as atividades, também convida-o a acessar o site com a
expectativa de que este encante pelo ambiente da mesma forma como navega no Orkut, no
Facebook e em outros sites da internet.
Na Figura 6 vê-se uma das atividades criadas pelo designer instrucional na
plataforma Moodle: o questionário. Esse instrumento é utilizado para fazer avaliações rápidas
com feedback automático. Tão logo o aluno termina a atividade, sua nota já pode ser
conhecida, dada a facilidade de pré-configuração existente no ambiente. O questionário pode
ser criado com questões de associação, múltipla escolha e verdadeiro ou falso.
Figura 5: Página inicial do curso de extensão – UFMT
33
No banco de questões, está cadastrado mais de um tipo de questão a fim de flexibilizar
a mensuração da aprendizagem, conforme a disponibilidade de tempo e o objetivo pedagógico
a ser alcançado. Quanto à construção de material online e à entrega de conteúdo, devem ser
ressaltadas algumas competências do design instrucional, como os fundamentos profissionais:
comunicar-se efetivamente por meio visual, oral e escrito; aplicar pesquisas e teorias
atualizadas na prática de desenho instrucional; e identificar e resolver problemas éticos e
legais que surjam no trabalho de desenho instrucional.
Entre as possibilidades existentes, as questões de múltipla escolha podem ser
incorporadas a materiais didáticos com o objetivo de aferir conhecimentos mais pontuais e
específicos, demandando do aprendiz atenção na leitura das alternativas e critérios adequados
de julgamento para a seleção de uma das possíveis respostas.
Figura 6: Banco de Questões
34
Figura 10: Configuração do questionário
Como mostrado na Figura 7, o foco de interesse do DI, quando da configuração do
questionário, era o box Tempo. Nesse local é possível definir duas opções: a data em que o
questionário estará livre, automaticamente, para visualização do aluno; e determinar um
intervalo de tempo entre uma tentativa e outra.
No box Visualização é possível definir quantas questões devem estar na mesma
página, misturar as perguntas e alterar a ordem das opções das respostas e misturar as
perguntas. Em se tratando do uso em laboratório, traz a vantagem de dificultar a cola, pois os
alunos nunca estarão com a mesma atividade aberta.
Tentativas é um box que permite que um questionário seja respondido diversas vezes
pelo mesmo aluno. Isso é muito útil quando a prova é considerada uma atividade de
autoaprendizagem ou de avaliação formativa. Os próximos quatro parágrafos abordarão, em
detalhes, as possíveis configurações e os respectivos resultados.
E para controlar as tentativas de preenchimento do questionário, existem duas opções
configuráveis: "Tentativas permitidas" e "Cada tentativa se baseia na última". Atribuindo-se a
configuração 'múltiplas' e 'sim', respectivamente, significa que cada nova tentativa
preenchimento conterá o resultado da anterior, ou seja, cada questionário será completado
Figura 7: Configuração do questionário
35
após cada tentativa. Por outro lado, mantendo a primeira opção e alterando a segunda para
'não', o questionário estará vazio em a cada tentativa.
Ao configurar-se a opção Modo adaptativo para „sim‟, isso implica a permissão de
respostas múltiplas para uma pergunta, até mesmo dentro da mesma tentativa do questionário.
Assim, se a primeira resposta do estudante estiver incorreta, ele terá n tentativas de respondê-
la até acertar. Contudo, a cada tentativa ele sofre uma penalidade em sua nota, qual seja a
subtração da pontuação (o valor da penalidade é determinado pelo fator de penalidade
configurado na próxima opção). Esta configuração também permite perguntas adaptativas que
podem se alterar de acordo com a resposta do estudante. Em seguida será apontado como a
especificação define perguntas adaptativas (itens).
Um item adaptativo é passível de sofrer adaptação em sua aparência, em sua
pontuação (processamento da resposta), ou em ambos, de acordo com cada tentativa do
respondente. Para cada resposta errada, um novo item é escolhido no banco de questões,
conforme o nível do traço latente (conhecimento) estimado no passo anterior. Por exemplo,
um item adaptativo pode iniciar pedindo uma entrada de texto livre, mas recebendo uma
resposta insatisfatória, apresentar em seguida uma interação de escolha simples; porém,
concedendo-lhe uma pontuação inferior. A adaptação permite aos autores criar itens para
situações formais com a intenção de guiar os alunos para uma dada tarefa e também provém
um resultado que leva em consideração o caminho seguido.
No modo adaptativo um botão adicional “Enviar” é mostrado para cada pergunta,
havendo distintas respostas para essa ação, de acordo com o tipo de pergunta utilizado. Em se
tratando de uma pergunta particular, a nota obtida será mostrada na tela. Todavia, se a
pergunta for do tipo adaptativo, poderá ser mostrado seu novo estado, ou ser apresentado um
novo formato de pergunta. Nas perguntas adaptativas mais simples, este novo estado pode ser
apenas um texto de feedback, convidando o estudante a fazer uma nova tentativa; no entanto,
para as mais complicadas, tanto o texto da pergunta quanto os elementos de interação podem
ser mudados.
Caso o questionário tenha sido configurado para o modo adaptativo, o box Notas,
habilita três opções: “Aplicar Penalidades”, “Penalidades” e “Números decimais nas notas”.
A primeira opção aplica-se às respostas erradas. Na segunda, o valor da penalidade é
escolhido individualmente para cada pergunta durante a configuração ou a edição da pergunta.
Já a terceira opção permite a formatação da nota de cada tentativa realizada. Por exemplo, '0'
36
significa que os números mostrados serão inteiros. Esta configuração se aplica apenas à
modalidade de visualização e não altera o cálculo das notas.
O box Opções de Revisão apresenta três níveis de configurações: “Após tentativa”,
“Mais tarde quando ainda estiver aberto” e “depois do fechamento do questionário”.
Todas são opções para controle do que pode ser visualizado pelo respondente quando
da revisão de uma resposta ou da verificação dos relatórios do questionário. Tais opções
limitam o prazo de disponibilidade da informação, a saber: a primeira se encerra dois minutos
após o usuário clicar em 'Enviar tudo e terminar'; a segunda, quando finda o tempo (fixado
previamente) de realização do questionário; e a terceira, quando finda a data(fixada
previamente) de realização do questionário. Os respondentes identificados no sistema como
professores ou administradores não são afetados por estas configurações e sempre terão
permissão para rever todas as informações sobre as tentativas dos estudantes.
Um questionário tem muitas maneiras diferentes de ser configurado. A Figura 9
mostra uma dessas maneiras: um questionário de múltipla escolha. Na construção desta
ferramenta de avaliação, é permitido criar quantas perguntas e respostas forem necessárias.
Figura 9 - Configuração de um questionário
Além da múltipla escolha, a plataforma permite a criação de questões dissertativas,
verdadeiro ou falso etc. É possível também atribuir uma nota às respostas, assim como
determinar feedback automático ao estudante, estando correta ou não a resposta de cada
questão.
37
A Figura 10 mostra as diversas opções de atividades e tarefas possíveis de serem
criadas e configuradas, o ambiente é robusto e para toda situação existe uma combinação de
configurações que permite ao professor usar sua criatividade para tornar as questões atraentes
para o aluno.
As atividades e tarefas a serem acrescentadas seguem o layout da Figura 11, atuando
como um sistema vivo e dinâmico. Uma proposta de design instrucional contextualizado pode
partir de uma estrutura matricial e do planejamento de situações didáticas que prevejam saídas
e possibilidades de abertura, de modo que, na aprendizagem em sala de aula, sejam
contextualizados segundo a compreensão dos fenômenos educacionais locais.
Figura 10: Tela acrescentar atividades
38
Figura 11 - Módulos do curso
A Figura 11 ilustra e nos permite observar que o papel do DI é preponderante do
Design do curso, pois sua ação cria um ambiente que facilita na tomada de decisão, agiliza o
feedback ao aluno e disponibiliza uma interface fácil de usar aos usuários do ambiente,
harmonizando a disposição dos materiais e das atividades e principalmente na escolha das
ferramentas a serem usadas para que atendam a necessidade levantada pelo professor. O
ganho em qualidade é significativo quando se observa cursos que não tiveram uma
participação deste profissional.
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O design instrucional é um “canal” de ligação entre a teoria (que é a base) e a
tecnologia (que suporta essa prática) e tem por finalidade a transmissão de novos
conhecimentos. Pode-se dizer que as teorias são a base, o designer instrucional o meio e a
tecnologia é o suporte da prática.
Considerando que o ser humano passa toda uma vida agindo e interagindo com seu
ambiente interno e externo, sempre se desafiando e buscando melhorar-se, esse modelo de
ensino-aprendizagem aproxima-se de suas características naturais. Nesse cenário a instrução
deve ser ministrada de forma ampla e aberta para que o aluno perceba que precisa continuar e
aprofundar a sua busca pelo conhecimento. O tutor/professor age apenas como um
provocador, orientando-o e estimulando-o na aquisição de conhecimento e no despertamento
da consciência de que cada passo (ação e decisão de cada pessoa) gerará várias possibilidades
que precisam ser vivenciadas pelos envolvidos. Essas possibilidades e probabilidades de
combinações são infinitas.
O curso de extensão da UFMT “Processo Formativo em Educação Ambiental” é um
exemplo de sucesso de como a parceria entre profissionais das áreas de Tecnologia e de
Educação para um fim comum (montagem de cursos a distância em AVAs) pode ser benéfica
para todos os envolvidos.
Esta pesquisa contribuiu para solidificar a necessidade da atuação do designer
instrucional na elaboração, planejamento e implementação de cursos a distância, uma vez que
a construção do conhecimento online é uma tarefa que vai além das questões didático-
pedagógicas que o docente trabalha em seu cotidiano. Logo, a construção de um ambiente que
funcione como sala de aula virtual requer profissionais capacitados para lidar com esse
desafio, pois o aluno deve encontrar navegabilidade agradável, acessibilidade, facilidade para
entender o ambiente e motivo para encantar-se com ele e construir com este uma relação
duradoura, que possibilite o estudo durante o percurso de estudo programado para a duração
do curso.
Como dificuldades citam-se a escassez de referencial teórico sobre os temas
mencionados e a falta de relatos de experiências nos textos publicados nesta área.
Para trabalhos futuros fica a sugestão para a intensificação dos esforços para que haja
o comprometimento dos docentes na apropriação do conhecimento tecnológico, a fim de que
40
auxiliem o trabalho do DI nas discussões acerca do ambiente virtual de aprendizagem, aliando
o aspecto pedagógico às peculiaridades do design instrucional; o aprofundamento dos estudos
sobre a necessária atuação do designer instrucional em todos os cursos online; e a importância
da profissionalização desse indivíduo para o sucesso dos cursos online.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M. E. B. O computador na escola: contextualização da formação de
professores. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo,
2000.
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44
Anexo I
“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só.
Sonho que se sonha junto é realidade.”Raul Seixas
9
Convite para sonharmos juntos um futuro possível
Qual é a primeira imagem que lhe vem à mente como abrigo para as famílias desalojadas por tragédias, como
inundações e vendavais? Qual é o primeiro lugar a ser pensado em situações diversas que mobilizam a comunidade, o
bairro, o município, como festas coletivas, votação, campanhas de esclarecimento, vacinação em massa, distribuição
de agasalhos e alimentos?
A escola sempre foi uma importante referência na vida das comunidades. Além do papel que exerce na formação das
pessoas, possui uma influência social que precisa ser cada vez mais fortalecida nesses momentos em que a sociedade
brasileira clama por revalorizar a educação.
Como espaço de defesa civil, de transmissão de valores culturais ou de produção de conhecimento, a escola está no
centro do debate sobre a busca da sustentabilidade. Afinal, faz parte da sua missão orientar as presentes e futuras
gerações sobre as mudanças sociais e ambientais sem precedentes com as quais o mundo se defronta atualmente.
Mais do que um modismo passageiro, este debate será cada vez mais intenso, exigindo que ressignifiquemos o nosso
modo de viver e o que entendemos por qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
LEITURA1 – O texto Mudanças Climáticas e a Sustentabilidade sintetiza o pensamento da ex-ministra Marina Silva sobre a
importância da busca da sustentabilidade diante das mudanças socioambientais globais.
1 - Os textos e documentos indicados nos quadros se encontram disponíveis para acesso na Biblioteca Virtual do ambiente Moodle, bem como no DVD que acompanha esta publicação.
10
Reconhecendo o papel da educação e da escola nessa necessária mudança cultural, o Plano Nacional sobre
Mudança do Clima (PNMC), lançado pelo Governo Federal em 2008, enfatizou a importância de transformá-las
em espaços educadores sustentáveis. Espaços educadores sustentáveis são aqueles que têm intencionalidade
de educar para a sustentabilidade; eles mantêm uma relação equilibrada com o meio ambiente e compensam
seus impactos com o desenvolvimento de tecnologias apropriadas. Permitindo melhor qualidade de vida, estes
espaços educam por si e irradiam sua influência para as comunidades nas quais se situam.
A escola como espaço educador sustentável
O conceito de sustentabilidade ambiental muitas vezes é deixado de lado, até mesmo por não ser percebido pela
própria sociedade e por educadores e educadoras como algo que deve fazer parte do cotidiano da sala de aula. A
ideia de que o meio ambiente se reduz a preocupações com a ecologia ou à natureza ainda se faz muito presente
e restringe a compreensão sobre suas possibilidades e alcances no contexto atual.
Para que a educação ambiental aconteça de fato, cada medida adotada em relação ao espaço escolar, ao currículo
e à gestão da escola precisa considerar critérios de sustentabilidade, que devem funcionar como balizadores de
todas as ações. Precisamos transformar a escola em um espaço vivo, integrado à natureza, de forma a criarmos um
ambiente bonito, aconchegante e motivador, que estimule a inovação, a aprendizagem e reflita o cuidado com o
ambiente e com as pessoas.
As ideias de Leonardo Boff são reafirmadas no texto mais recente das Diretrizes Curriculares Gerais Nacionais
para a Educação Básica, produzidas pelo Conselho Nacional da Educação e publicadas em julho de 2010, onde
se lê o seguinte trecho:
Educar exige cuidado; cuidar é educar, envolvendo acolher, ouvir, encorajar, apoiar, no sentido
de desenvolver o aprendizado de pensar e agir, cuidar de si, do outro, da escola, da natureza, da
água, do planeta. Educar é, enfim, enfrentar o desafio de lidar com gente, isto é, com criaturas
tão imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao longo de uma existência inscrita na teia
SAIBA MAIS – O item
6 do PNMC recomenda
a implementação de
programas de espaços
educadores sustentáveis,
com a readequação dos
prédios escolares, além de
mudanças curriculares e
nos materiais didáticos para
educar sobre as mudanças do
clima. O texto está no DVD
que acompanha esta obra.
LEITURA – O escritor e teólogo Leonardo Boff coloca o cuidado como um princípio fundamental
para a vida. No texto Ética do Cuidado há uma síntese de sua reflexão sobre o tema.
SAIBA MAIS – Acesse
o texto completo das
Diretrizes Curriculares
Gerais Nacionais para a
Educação Básica no DVD
que acompanha esta obra.
11
das relações humanas, neste mundo complexo. Educar com cuidado significa aprender a amar sem
dependência, desenvolver a sensibilidade humana na relação de cada um consigo, com o outro e com
tudo o que existe, com zelo, ante uma situação que requer cautela em busca da formação humana plena.
Na escola sustentável, o espaço físico cuida e educa, pois incorpora tecnologias e materiais mais adaptados às
características ambientais e sociais de cada região. Isso resulta em construções com maior conforto térmico e acústico,
eficiência energética, uso racional da água, baixa emissão de carbono, horta agroecológica, enfim, um espaço mais
adequado para se viver e conviver.
Na escola sustentável, a gestão cuida e educa, pois encoraja relações de respeito à diversidade, mais democráticas e
participativas. O coletivo escolar constrói mecanismos eficazes para a tomada de decisões por meio da Comissão de
Meio Ambiente e Qualidade de Vida. A Com-Vida é um espaço de diálogos que ajuda a escola a projetar e implementar
ações visando um futuro sustentável. Isso tem reflexos na diminuição do desperdício, nas compras conscientes, na
destinação adequada dos resíduos, entre outras práticas voltadas ao bem-estar pessoal, coletivo e do ambiente.
Na escola sustentável, o currículo cuida e educa, pois é iluminado por um Projeto Político-Pedagógico que estimula
a visão complexa da educação integral e sustentável. Valoriza a diversidade e estabelece conexões entre a sala de aula
e os saberes científicos, os gerados no cotidiano das comunidades e aqueles dos povos originários e tradicionais. E,
sobretudo, incentiva a cidadania ambiental, estimulando a responsabilidade e o engajamento individual e coletivo na
transformação local e global.
EspaçoEducador sustentávelIntegridade
GestãoCom-VidaEnergia/mobilidadeConsumo água/saneamentoEquidadeAcessibilidadeJustiça ambiental
CurrículoPPPFormação inicial e ContinuadaA partir do meio ambiente
12
A tendência de perceber e exercer nossas responsabilidades humanas com a complexa teia de biosfera revela-
se nas diversas versões da Carta das Responsabilidades Humanas. A primeira versão desse documento surgiu
como produto da mobilização de grupos da sociedade civil de diversos países, que em 1999 começaram a
trabalhar em torno da Aliança para um Mundo Responsável, Plural e Solidário. Trata-se de um brado daqueles que
compartilham as mesmas preocupações diante das sucessivas crises que enfrenta a humanidade. Com o tempo,
diversos setores organizados iniciaram um trabalho de traduzir a carta para suas respectivas áreas de atuação.
Como foi pensado este processo formativo
Conhecimento é poder. A consciência de que podemos melhorar nosso ambiente e nossos espaços de convivência
e de aprendizado é uma sabedoria que deve ser valorizada e levada adiante para as atuais e futuras gerações. Por
isso, propomos a você esta pequena jornada de 90 horas. Nela você partirá do chão de sua escola em busca da
escola que sonhamos.
Este processo tem o formato de um caracol, porque acreditamos na escola como uma espiral de possibilidades
e descobertas. Para sair da realidade que às vezes nos desmotiva e desmobiliza precisamos resgatar a esperança
e a capacidade de voar em busca de novas informações, possibilidades e parcerias. E precisamos também nos
enraizar, mobilizando o querer “trasform-ativo” que existe em cada um, em todos e todas, para nos lançarmos
rumo ao futuro desejado.
Por isso:
No módulo 1 partimos do EU, buscando o ENGAJAMENTO individual. O exercício da Pegada Ecológica
pretende incitar a reflexão sobre as marcas que deixamos no mundo devido à satisfação de nossas
necessidades e desejos. Por meio de exercício de memória recuperamos nossa história, a história de nossa
família e dos nossos antepassados na relação com o ambiente.
No módulo 2 caminhamos até o OUTRO, ou os outros com quem convivemos, em busca do exercício
da RESPONSABILIDADE. Somos chamados a perceber o território escola: o nível de cuidado com o local,
bem como os pactos e diretrizes firmados por meio do Projeto Político-Pedagógico. Queremos com isso
estabelecer um marco zero, que servirá de referência para sonhar o diferente, uma base para a mudança
desejada. Como produtos desse módulo esperamos a criação ou revitalização da Com-Vida e o mapeamento
LEITURA – O texto
Responsabilidades e Ações
baseia-se nas ideias da ativista
em “Direitos Humanos” Edith
Sizoo sobre a importância de
também exercermos nossos
“Deveres Humanos” .
SAIBA MAIS – Durante a
Conferência Internacional
Infanto Juvenil Vamos
Cuidar do Planeta, em
junho de 2010, jovens de 47
países criaram a Carta das
Responsabilidades Vamos
Cuidar do Planeta. Você
pode lê-la na íntegra no DVD
que acompanha esta obra.
13
socioambiental da escola. Essas serão nossas ferramentas para a ação transformadora que torna a escola um
espaço educador sustentável.
No módulo 3 projetamos nossa escola no planeta para perceber o MUNDO e adentramos as múltiplas
possibilidades de atuação na busca da SUSTENTABILIDADE. Partindo da planta baixa da escola que temos,
começamos a empreender o movimento para o desenho da escola que queremos, por meio de um cardápio
de ecotécnicas. Pensando um projeto de mudança, temos como produto esperado desse módulo a elaboração
de uma proposta concreta de intervenção na realidade escolar.
As atividades propostas nesta formação exigem a vinculação a uma escola. Para realizá-las, sugerimos que você
mobilize sua escola ou “adote” uma. Queremos também estimular a comunicação de tudo o que for produzido com
as demais escolas e, quem sabe, com muitas outras pessoas que compartilham o sonho da sustentabilidade. Por isso,
encorajamos a criação de blogs, seja o seu próprio – acessível no ambiente Moodle – quanto o dos grupos que se
formarem neste processo e até mesmo o de sua escola.
Para entender esta publicação
Em viagens pequenas, bagagens pequenas. Por isso esta publicação é sintética, embora contenha o roteiro para uma
viagem muito maior. Colocamos à sua disposição uma biblioteca virtual, com leituras, imagens, vídeos complementares,
para que você possa utilizar percursos mais curtos ou longos, dependendo de seu interesse e disponibilidade.
O DVD que acompanha esta publicação contém arquivos organizados por módulo e na ordem em que aparecem no
texto. Os ícones apontam para as atividades propostas. Temos:
LEITURA: atividade obrigatória, com textos necessários ao aprofundamento e contextualização
dos temas tratados.
SAIBA MAIS: atividade optativa, que propõe textos, vídeos, imagens capazes de enriquecer e
aprofundar as abordagens.
14
FÓRUM: atividade obrigatória destinada a debates em torno de perguntas orientadoras.
WIKI: atividade obrigatória destinada à criação coletiva de textos, com debate de ideias e
conceitos.
LIGANDO CONTEXTOS: indicações de possíveis conexões entre saberes e componentes
curriculares, apontando caminhos didáticos para aplicação dos conhecimentos em sala de aula.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM: atividade obrigatória avaliativa da participação e produção
do(a) cursista no módulo.
Algumas atividades poderão ser empreendidas de forma individual, enquanto outras serão, necessariamente,
coletivas. Como a criatividade não tem limites, cada coletivo escolar poderá criar suas propostas e soluções, com
base na realidade local e na troca de saberes entre a escola e a comunidade. Utilize os fóruns para compartilhar suas
sugestões e trazer suas contribuições para este processo formativo de construção conjunta.
Sabemos que as transformações de que necessitamos terão efeito apenas se forem abraçadas pela sociedade/
coletividade. Por isso, este processo formativo quer que a educação ambiental e as diversas dimensões da
sustentabilidade entrem “na corrente sanguínea” das políticas de educação. Nessa direção, muito ainda há por fazer.
Mas a longa caminhada começa sempre com o primeiro passo e é esse que queremos dar com você e sua escola.
Boas aprendizagens!