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Ecoética e aquecimento global http://dx.doi.org/10.15601/1983-7631/rt.v8n14p66-74
Manuel Alfonso Díaz Muñoz*
Resumo
O presente artigo pretende apresentar os dados científicos mais recentes sobre a
questão do aquecimento global e discutir suas implicações políticas e éticas. Destaca-
se a centralidade da questão ética e a necessidade de um novo paradigma
biocêntrico, pois a vivência de uma nova ética ambiental global ou ecoética aparece
como condição necessária para a sobrevivência humana e planetária. Conclui-se o
artigo com o que se entende é a expressão concreta dessa referência ética comum: a
Carta da Terra.
Palavras-chave: aquecimento global; eco ética; carta da terra.
Introdução
Na década passada, Al Gore ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel da
Paz em 2007, alertava que o nível do mal poderia subir por acima dos seis metros
em um futuro próximo. Esta previsão foi criticada por muitos como exagerada, mas a
realidade parece lhe estar dando a razão.
Novos estudos confirmam o progressivo aquecimento da temperatura global e a
elevação do nível marino, revivendo as funestas previsões feitas pelo Painel
Intergovernamental das Nações Unidas para o Câmbio Climático (IPCC) em 2007. Estes
fatos colocam a questão ética em pauta, embora deva ser pensada desde um novo
paradigma que deixe de lado a visão antropocêntrica tradicional. A vivência de uma
nova ética ambiental ou ecoética aparece como condição necessária para a
sobrevivência humana e planetária.
No presente artigo, pretende-se discutir esta questão a partir dos dados científicos
mais recentes sobre o tema, destacando a dimensão política e ética do problema e
apresentando as razões da necessidade de um novo paradigma ético global.
Concluímos o artigo com o que entendemos é a expressão concreta dessa referência
ética comum: a Carta da Terra, ratificada pela UNESCO em março de 2000.
A dimensão ética do aquecimento global
O Painel Intergovernamental das Nações Unidas para o Câmbio Climático* (IPCC,
2001), que compartilhou o prêmio Nobel com Gore, calculou que o nível do mar
* Psicólogo e teólogo com mestrado em Teologia (Religião e Educação) e em Psicologia (Social) e
doutorado em Teologia (Religião e Educação). Professor da disciplina Meio Ambiente e Consciência
Planetária e pesquisador na área de Direitos Humanos e Educação, com ênfase na temática da educação
para a paz. [email protected]
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elevou-se a um ritmo de 1,7 milímetros anuais durante o século passado. A previsão
para o séc. XIX era de uma elevação do nível do mar, em média, entre 0,22 e 0,44
cm. em relação a 1990 (VELAYOS, 2008).
Estes dados foram contestados em um artículo publicado no dia 22 de janeiro na
prestigiosa revista Nature (HAY; MORROW; KOPP; MITROVICA, 2015) onde uma equipe
de pesquisadores da Universidade de Harvard, usando novos modelos matemáticos,
calcula que o nível do mar subiu “apenas” 1,2 milímetros ao ano entre 1901 y 1990.
Mas, igualmente, afirma que a velocidade da subida do nível do mar nos últimos 20
anos é maior do que se pensava, chegando a ser de 3 milímetros anuais entre 1993
e 2010. Isto é, o mar passou de ascender 1,2 milímetros por ano até 1990 para 3 até
2010.
O crescimento do nível dos oceanos está diretamente relacionado com o aumento da
temperatura terrestre, que provoca o derretimento do gelo principalmente concentrado
nos dois casquetes polares do planeta. Contudo, essa elevação não é uniforme, pois
depende de múltiplos padrões geográficos estudados pelos pesquisadores de Harvard
através de dados enviados por satélite e o registro histórico das marés.
O Painel Intergovernamental das Nações Unidas para o Câmbio Climático (IPCC)
calculou que, após o último período glacial que viveu a Terra faz uns 21 mil anos
atrás, o nível do mar ascendeu 120 m. Nos últimos dois mil anos estabilizou-se até a
chegada da Revolução Industrial, que disparou as emissões de CO2 e provocou o
aumento da temperatura planetária e o Aumento do nível marino. As consequências
futuras de novas elevações podem ser catastróficas para as populações litorâneas.
Segundo analistas independentes da NASA e da Administração Nacional Oceânica e
Atmosférica dos EUA (NOAA), a temperatura média da superfície da Terra no ano de
2014 foi 0,69ºC superior à média do séc. XX, 0,04ºC a mais do que os anteriores
recordes observados em 2005 e 2010 (ANSEDE, 2015). Isto é, desde que começaram
os registros em 1880 2014 é o ano mais quente. Vejam o gráfico dos recordes de
calor (vermelho) e de frio (azul) em 2014 (Figura 1).
Segundo os estudiosos da NASA, a subida média de 0,8ºC da temperatura terrestre
desde 1880 é devida, em grande parte, ao aumento das emissões humanas de gases
à atmosfera, principalmente CO2, sobretudo nos trinta últimos anos. De fato, com
exceção de 1998, os dez anos mais quentes tem se registrado no séc. XXI. Gavin
Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, declarou num
comunicado:
Este é o último de uma série de anos quentes, de uma série de
décadas quentes. Enquanto que um ano isoladamente pode se ver
afetado por padrões meteorológicos caóticos, as tendências em
longo prazo podem-se atribuir a fatores geradores da mudança
climática, dominados, agora, pelas emissões humanas de gases de
efeito estufa (NASA, 2015).
* O IPCC foi constituído pela ONU e a Organização Meteorológica Mundial em 1988 para recolher
informação sobre a mudança climática no mundo e elaborar informes que ajudem os governos na tomada
de decisões.
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Figura 1 - Gráfico dos recordes de calor (vermelho) e de frio (azul) em 2014.
Fonte: Ansede, (2014).
Os dados foram tomados em 6.300 estações metereológicas terrestres e marítimas
(barcos e bóias), além de registros na Antártida. Os analistas da NASA salientam,
contudo, que os fenômenos El Niño e La Niña, responsáveis pelo aquecimento e
esfriamento das águas oceânicas da região tropical provocarão flutuações nas
temperaturas nos próximos anos. Eles são os responsáveis de que nos últimos 15
anos as temperaturas não tenham subido mais e de que tenham acontecido
fenômenos climáticos extremos em diferentes regiões do planeta.
Como consequência da elevação da temperatura planetária houve uma diminuição de
50% (em relação ao registro histórico) da extensão da cobertura de neve do
hemisfério norte do planeta, atualmente na faixa dos 65 milhões de Km2. A cobertura
de gelo da região ártica, de 28 milhões de Km2 em média, foi a menor dos últimos
36 anos. Esta perda triplica o volume de gelo ganho, paradoxalmente, na Antártida em
2014 e por segundo ano consecutivo (34 milhões de Km2).
Sendo assim, embora alguns dos seus dados serem corrigidos em pesquisa recentes
como temos visto anteriormente, as previsões do Painel Intergovernamental das
Nações Unidas para o Câmbio Climático continuam sendo válidas. O Quarto Informe
do IPCC (2007) elaborou um mapa de possíveis cenários em função das medidas
sociais e políticas tomadas pelos diversos governos. Ao mesmo tempo, classificou a
probabilidade de cada efeito estudado. Estas são suas previsões:
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1. Elevação nos próximos cem anos da temperatura média da Terra dentre 1,8ºC
e 4ºC (100 milhões de anos atrás a elevação de 3ºC provocou a desaparição
doe 90% das espécies vivas).
2. É provável que a circulação meridional de retorno do Atlântico norte diminua
de velocidade durante o séc. XXI em 25%. É muito improvável que se produza
uma transição brusca.
3. Muito provavelmente aumentará a frequência das ondas de calor, o que
prejudicará as lavouras nas áreas mornas e aumentará os incêndios florestais.
A qualidade do ar diminuirá em muitas cidades.
4. Aumentará com muita probabilidade a ocorrência de tempestades e chuvas
torrenciais. Mudanças nos processos de evaporação/condensação da água
trarão mudanças no regime dos ventos, na frequência e intensidade de
furacões, tornados e tufões, no regime hidrológico e perturbações em
fenômenos como El Niño e La Niña.
5. A fusão dos casquetes polares, mesmo parcialmente, provocará a subida do
nível do mar entre 15 e 95 cm. ao longo do séc. XXI, com o consequente
alagamento das terras e populações litorâneas.
6. Inundações, especialmente no sudeste asiático, do Paquistão ao Vietnam. Risco
de desaparição de ilhas no Caribe, no Oceano Índico e no Pacífico. As 200
ilhas do delta dos Sundarbans, entre a Índia e o Bangladesh estão gravemente
ameaçadas.
7. Escassez de água no sul da Europa e África, na Austrália e Nova Zelândia,
Índia e Oriente Médio, sobretudo a partir de 2030.
8. Consequências negativas para a saúde humana causadas por ondas de calor,
aumento da desnutrição, inundações, propagação de doenças endêmicas,
incremento da asma, maior concentração dos níveis de ozônio, com incidência
nas doenças cardiorrespiratórias.
9. Mudanças substanciais nos ecossistemas e desaparição de espécies animais e
vegetais (30% até 2050).
10. Diminuição da produtividade agrária e pesqueira, especialmente na África (até
2020 uma diminuição do 50% nas colheitas).
11. Perdas importantes no turismo. Vulnerabilidade maior das pequenas ilhas mar.
12. Incremento dos fluxos migratórios: 200 milhões de refugiados até 2050.
A partir destes dados devemos salientar que a questão da mudança climática e,
especificamente, do aquecimento global não é apenas um problema científico, técnico
ou econômico, é também um dos problemas políticos e morais mais graves da nossa
época ao colocar em perigo a própria sobrevivência da espécie e aumentar a injustiça
e desigualdade entre os habitantes do planeta. Dentre os grupos humanos, as
comunidades economicamente deprimidas são as mais vulneráveis, especialmente as
concentradas em zonas de alto risco e que dependem exclusivamente de recursos
fortemente afetados pelas mudanças climáticas como a água e o alimento local. Por
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faixa etária, são as crianças as mais afetadas, e por sexo, as mulheres (VELAYOS,
2008, p.28-29).
Ecoética: do paradigma antropocêntrico ao paradigma biocêntrico
O reconhecimento do aquecimento global como um problema derivado direta ou
indiretamente da atividade humana e não apenas da natural variabilidade climática o
converte num dano produzido pelo próprio ser humano. Não sendo um mal inevitável
e necessário surgem as perguntas sobre a responsabilidade e a justiça, pois esse
dano não é produzido igualmente por todos, afeta a todos os seres no presente e no
futuro e se origina desde um bem comum: a capacidade do planeta Terra de absorver
emissões de gases estufa. Conhecer o problema e suas variáveis ajuda a encontrar
caminhos de solução, mas não basta. Faz-se necessário o agir político e ético de
governos e cidadãos. Faz-se necessário um novo paradigma que coloque a vida do
planeta, e não apenas a humana, no centro da questão ética.
Impõe-se retomar o diálogo e o consenso ético, mas desde um novo paradigma. A
razão é obvia e foi colocada de forma simples pelo pastor batista Martin Luther King:
“precisamos aprender a viver juntos como irmãos, ou pereceremos todos juntos como
loucos” (Apud CONIC, 2005, p. 97). O sociólogo francês Alain Touraine, no seu livro
Poderemos viver juntos?, considera que é possível a coexistência de diferentes culturas
sem precisar anular a diferença unificando as culturas. Isto, para o autor, é uma
necessidade do ser humano. Necessitamos estar juntos com nossas diferenças, mas
somente vai acontecer se nos reconhecermos mutuamente como sujeitos e, “o
reconhecimento do outro só é possível se a partir da afirmação que cada um faz de
seu direito de ser sujeito. Complementarmente, o sujeito não pode se afirmar como tal
sem reconhecer o outro como sujeito e, em primeiro lugar, sem se livrar do medo do
outro, que leva à sua exclusão” (TURAINE, 1999, p.203).
Considerando esta perspectiva parece ser evidente qual é a resposta à pergunta
inicial. Mas... a vida humana é a única forma de vida do planeta com a que podemos
e devemos coexistir? Estamos sozinhos? Os únicos seres que merecem nosso respeito,
com os quais devemos nos comportar bem (de um modo ético) são os humanos? Eles
são os únicos sujeitos morais e, por tanto, merecedores de consideração ética? Os
danos causados no meio ambiente não somente vão prejudicar os seres humanos,
agentes ativos da crise ambiental, mas também a outros seres que, evidentemente,
não são responsáveis, mas são pacientes, vítimas. Assim, é lógico que desde uma
ética ambiental, ou ecoética, se exija garantir a sobrevivência e o bem-estar de outros
seres e o reconhecimento do valor ético da natureza não humana. O conceito
clássico e antropocêntrico da disciplina chamada ética sofre uma ruptura conceitual
ao incluir a pergunta sobre o valor moral da natureza não humana que leva ao
alargamento da comunidade dos agentes morais.
Uma nova relação do ser humano com a natureza, cooperativa, respeitosa e não
agressiva, exige uma mudança de paradigma ético, que não é mais antropocêntrico e
sim biocêntrico, pois a relevância moral vai além da comunidade humana e é
estendida a toda a criação. Isto é, desde a ética ambiental a natureza não humana
(consciente ou não) tem valor intrínseco e merece, por esta razão, consideração ética.
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Razões para uma ética ambiental.
Seguindo a filósofa espanhola Carmen Velayos (2008), podemos destacar três tipos de
argumentos, ou razões, básicos fundamentam esta opção ética:
1. Razões de luxo: não existe justificativa para destruir e dominar a natureza não
humana. Organismos e ecossistemas não existem em função dos interesses humanos,
que não são “donos e senhores absolutos”. Cada espécie ocupa um determinado
nicho ecológico, uma determinada área de especialização no ecossistema geral, sendo
a humanidade “a única espécie que não respeita os nichos e as fronteiras naturais,
que garantem a todos a sobrevivência e ao ecossistema global a sustentabilidade”
(SOROMENHO-MARQUES, 2005, p.14). Deste modo, o cuidado da natureza reclama do
ser humano o dever de não interferência abusiva e de não dominação, pois:
a) não contamos com razões necessárias para perturbar a subsistência de um ser
biológico ou dos ecossistemas em que estão inseridos;
b) a dominação e a violência carecem de sentido em si mesmo;
c) não sabemos o suficiente sobre a natureza e seus processos;
d) a vida que floresce ao nosso redor não é nossa, não nos pertence.
2. Razões de necessidade: por sermos agentes éticos temos a necessidade de
respeitar e cuidar o meio ambiente, pois destruir a vida que nos rodeia significa, ao
mesmo tempo, destruir nossa própria vida. A preservação da natureza supõe a
garantia de múltiplas experiênciaS humanas (psicológicas, transcendentais, estéticas...)
ligadas a sua manutenção. A consequência econômica imediata desta atitude é a
troca do modelo de crescimento ilimitado pelo de desenvolvimento sustentável, no
nível macro, e a adoção de formas de vida quotidianas mais moderadas no consumo
e uso dos recursos naturais, no nível micro.
3. Rações de mérito:
a) o valor estético da natureza como valor inerente: complexidade, riqueza,
raridade...
b) o valor derivado do caráter do “outroriedade” da natureza, isto é, possui valor
intrínseco porque é independente e autônoma com respeito aos seres
humanos. Neste sentido, embora se afirme que existe por si e para si (mesmo
sendo tão útil para os seres humanos), não para os fins e necessidades
humanas, vale a pena lembrar que o meio ambiente é um conjunto inter-
relacionado de diversos ambientes parciais (físico, biótico, social e cultural) e
que qualquer uma resposta à crise ambiental deve ter em conta os nexos
existentes entre o ambiente natural e o humano.
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c) a relevância ética dos seres vivos não humanos. O bem inerente dos
organismos estaria na consecução das suas finalidades respectivas,
independentes das finalidades humanas. Desde esta perspectiva, um
determinado objeto adquire relevância ética quando possui um bem ou uns
interesses vulneráveis à interferência humana, isto é, quando com sua ação
pode favorecê-lo ou prejudicá-lo. E para ter interesses basta estar vivo.
Considerações finais
O discurso ético se concretiza em normas morais concretas*, em pautas de ação
conformes com os princípios postulados. Na questão ambiental não poderia ser
diferente. A presente crise ambiental global remete a uma crise fundamental de
relações do ser humano com seu entorno físico e social. Impõe-se retomar o diálogo
e o consenso, mas desde um novo paradigma, construir um novo ethos que permita
uma nova convivência entre os seres humanos e os demais seres da comunidade
planetária. O desafio vem dessa realidade multicultural e plural que coloca ao redor
da mesa planetária homens e mulheres com os mais diferentes rostos, filosofias e
tradições culturais e religiosas.
A Carta da Terra aparece como uma tentativa real de referência ética comum.
Ratificada pela UNESCO em março de 2000, é fruto de um processo de
amadurecimento que se estendeu durante muitos anos a partir de um amplo debate
mundial que tem sua origem remota na criação da ONU em 1945 e sua origem
próxima na Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento
celebrada em 1992, no Rio de Janeiro.
O teólogo brasileiro Leonardo Boff (2008, p. 196-198) considera este documento um
princípio civilizador benéfico para o futuro da Terra e da Humanidade. Já que a
limitação do presente texto nos impede transcrever o documento todo, apenas
citaremos os 4 princípios fundamentais e os 16 pontos de referência do modo
sustentável de vida afirmados na carta. Fica como conclusão e “para casa” deste
artigo a leitura completa dela.
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e
amor.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas,
sustentáveis e pacíficas.
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às
futuras gerações.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
* Embora os termos ética e moral sejam sinônimos (heranças do grego e do latim respectivamente) podem
ser atribuídos significados diferentes, mas sempre complementares, às duas palavras, Assim, podemos
chamar de moral os comportamentos, normas e valores que devemos aceitar como válidos ou coletivamente
aceitos como bons e desejáveis. Isto é, as leis que orientam nosso agir. A ética, nesta perspectiva, será a
reflexão sobre o porquê os consideramos válidos. Isto é, os ideais que dão sentido a vida. A moral
responde à pergunta como agir? A ética à pergunta como viver?
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5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da
Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos
naturais que sustentam a vida.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção
ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma
postura de precaução.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam
as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o
bem-estar comunitário.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o
intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os
níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e
sustentável.
11. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-
requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso
universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades
econômicas.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a
um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade
humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial
atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e
prover transparência e responsabilização no exercício do governo,
participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da
vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um
modo de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
Ethics ecological and global warming
Abstract
This article aims to present the latest scientific data on the issue of global warming
and discuss their political and ethical implications. It highlights the centrality of ethics
and the need for a new paradigm biocentric, as the experience of a new global
environmental ethics or ethics ecological appears as a necessary condition for human
and planetary survival. We conclude the article with what is meant is the concrete
expression of this common ethical reference: the Earth Charter.
Keywords: global warming; ethics ecological; earth charter.
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