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Administrao Pblica Local, Instituies Polticas Locais.
As Autarquias Locais, e, o Poder Local no Brasil, Ilha da
Madeira, Aores, Algarves, e, em Portugal, ontem, e, hoje.
O funcionamento eficiente e a grande liberdade e autonomia das
vilas e cidades do Reino de Portugal no tempo das Ordenaes
do Reino.
- Os Concelhos ou Repblicas no Tempo das Ordenaes do Reino, (1100-
1828), no Brasil, Aores, Algarves, Madeira e em Portugal.
- A Cmara Municipal do Imprio do Brasil (1828-1899).
A Cmara Municipal, os intendentes municipais, e, o Prefeito Municipal, a
Prefeitura Municipal, na Repblica, no Brasil.
- A Cmara Municipal, e, as Juntas de Freguesias, em Portugal.
- As Assembleias de Freguesias e as Assembleias Municipais em Portugal.
- Condados norte-americanos e outros governos colegiados.
Autor: Paulo Csar de Castro Silveira
Genealogista, e, Bacharel em Economia-Unesp Araraquara-SP.
So Jos dos Campos-SP, Brasil, 04 de abril de 2015.
...e na Villa de Sam Paulo,
ocupou todos os honrosos cargos da Repblica.
O povo lusitano, o povo portugus, nunca se imaginou vivendo sem leis ou sem
governo. As administraes romanas (municpio) sobreviveram s invases brbaras, e,
mais tarde, assim que, quando uma vila era libertada dos mouros, era criado um
concelho no mesmo dia, como foi o caso da hoje milenar Cmara Municipal de Lisboa.
No Alm Mar, dava-se o mesmo, como a Vila de Santo Andr da Borda do Campo
sozinha no Planalto cercada de feras e de ndios por todos os lados, tinha o seu concelho
governando a vila; o mesmo ocorria na mais antiga vila, e, depois, mais antiga cidade
lusitana de Alm-Mar: A Cidade do Funchal, na Ilha da Madeira, onde, por volta de
1450, realizou-se a primeira eleio fora do continente europeu, e, em 1532, na Vila de
So Vicente, a primeira eleio em continente americano.
E que leis seguiam religiosamente o povo lusitano? A Lei de Deus O que ser
mostrado aqui. Outro mundo, o Mundo Antigo, com este princpio:
Quem considerado, entre vs, o autor primeiro de
vossas leis? Um Deus, ou, um homem? - Plato.
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No h limite para quem se aproxima de Deus, e, no h limite para quem se afasta de
Deus.
No Tempo das Ordenaes do Reino se considera as Leis como Plato queria Feitas
por Deus.
Depois, Portugal e o Brasil passaram a serem monarquias constitucionais, e, depois,
repblicas. O que isto alterou a vida pblica e a vida privada das pessoas o que vai ser
estudado aqui.
Um estudo sobre as Cmaras, sobre como as pessoas se organizavam e viviam nas vilas
e cidades do Reino de Portugal no pode ser feita como se o passado fosse igual aos
dias de hoje quando a religio pouco conta.
Isto seria ver o passado com o pensamento de hoje. preciso colocar em relevncia a
religio, pois esta contava e muito naquele tempo e era o centro da vida das pessoas e
assim ser mostrada aqui, contando o passado como ele realmente era.
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UM ESTUDO COMO ESTE S VIVEL A PARTIR DA CONSULTA DAS
ACTAS DAS CMARAS DAS VILAS E CIDADES DE PORTUGAL E DO BRASIL,
das poucas actas de Cmara que sobreviram no Brasil das poucas vilas e cidades que
existiram at 1828, e, especialmente das poucas Actas publicadas (Taubat-SP, So
Paulo-SP, Mogi das Cruzes-SP, e, Curitiba-PR, e, Salvador-BA); todas estas hoje obras
rarssimas, dificlimas de encontrar em sebos. Mesmos as Actas de Cmara publicadas
foram pouco lidas como mostradas abaixo.
Os poucos livros dedicados, no Brasil, s cmaras, (o prinicpal de Taunay, que
dedicou alguns captulos de um livro sobre a Vila de So Paulo s cmaras, que
colocamos link para a obra hoje online), foram pouco lidos, no reeditados e no
chegaram a influenciar a Histria Oficial.
Estes livros padecem de pouco conhecimento pelos autores das Ordenaes do Reino,
tambm obras raras, e, total desconhecimento, por parte destes autores, das cmaras de
Portugal e suas actas.
E isto ser feito neste presente texto: Links para Actas de Cmara de Portugal, Madeira
e Aores e links para as Ordenaes do Reino, tudo fundamental para entender que no
havia diferena alguma entre Brasil e Portugal.
E nos socorremos aos trabalhos portugueses sobre Cmaras, os quais so muito mais
profundos.
E o seu principal objetivo mostrar um mundo desaparecido, anterior Revoluo
Francesa e de seus desdobramentos:
A Existncia de Cmaras, no tempo das Ordenaes do Reino, com grande
independncia e liberdade, hoje, desconhecido do grande pblico no Brasil, e,
especialmente, desconhecida, hoje, aquela maneira antiga e desaparecida de viver a
vida privada e vida pblica, mostrada pelas Actas de Cmara antigas totalmente
desconhecida do pblico atual, e nela se pode achar uma maneira de sair da atual
decadncia poltica e moral do Brasil atual.
Mostraremos o quanto o poder local, das instituies polticas locais, foi castrado e
abortado, aps 1828, e, at um pouco antes.
Mostraremos o que deu deixar de ser Deus o autor das leis, e, como chegou at hoje,
com uma luta incessante de doutrinas ideolgicas, umas contra as outras, na confeo de
leis e mais leis, tentando virar, sem cessar, as vidas das pessoas de perna para o ar.
Mostraremos tambm como tudo o que existia antes caiu no esquecimento.
Como o fato dass actas de cmara, por serem raramente estudadas, raramente lidas, e,
nunca compreendidas, contribuiu para este esquecimento do passado.
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Monumento em Santo Andr-SP com rplica de Pelourinho mostrando o orgulho dos
paulistas com sua primeira Cmara no Planalto, a primeira do interior do Brasil: o
Concelho da Vila de Santo Andr da Borda do Campo
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Comparamos, neste estudo, tambm, a forma e problemas das instituies locais do
Brasil de hoje com Portugal, suas regies autnomas dos Aores e Madeira, que antes
eram capitanias como o Brasil, e, que se deram muito bem continuando sendo parte de
Portugal.
No Brasil, a alienao em relao ao passado e desconhecimento a respeito dos
governos colegiados existentes ainda hoje em Portugal e na Europa tanto que se alvora
como progresso a eleio direta de prefeito municipal pela primeira vez no Brasil em
quase todos os municpios a partir da Constituio de 1946 que teramos que considerar
atrasado a Frana onde isto no ocorre at hoje, onde o Maire de Paris eleito pelos
seus pares no Conseil Municipal.
Outra amostra desta ignorncia do passado sempre contar as histrias de municpios
no Brasil, do alto para baixo:
Como foi a independncia na nossa vila, a proclamao da repblica, etc, ignorando-se
totalmente a indepedncia das vilas de antigamente e a vida centrada na vila e no nas
esferas nacionais e regionais de poder.
Os acontecimntos nacionais no tinham a relevncia que tem hoje nos municpios; isto
se percebe pelos oficiais das cmaras deporem autoridades, pela palavra ptria signicar,
na poca, a vila ou aldeia em que nasceu; pela altivez do povo da vila de So Paulo
como ser mostrado, e, por exemplos, como nem aparecer registrado nas actas das
cmaras antigas, em 1640, a Restaurao em Portugal, um evento de mxima
importncia da Histria de Portugal.
Mostramos neste texto, para quem desconhece, o quanto existiu de civismo no passado
no Brasil, o quanto jamais os portugueses do Brasil viveram como cidados inferiores
aos cidados de Portugal, e, mostramos o quanto funcionou bem e funciona bem o
governo colegiado e sem partidos polticos, e, para tal, estudamos tanto Portugal, Frana
e os condados norte americanos.
Mostraremos tambm os estragos feitos pelos partidos polticos e apontamos como
remediao do mal, as etiquetas polticas, tipo de partido poltico local francs.
No tempo das Ordenaes do Reino, todos os Oficiais da Cmara
juravam servir e ser fiel Sua Majestade sem remunerao
sem partido poltico.
No servir a chefes polticos nem a partido poltico, servir juntos,
em bloco, Sua Majestade.
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NDICE:
1- DO QUE TRATA ESTE ESTUDO SOBRE CONCELHOS ou Repblicas, e CMARAS MUNICIPAIS no BRASIL, e em PORTUGAL.
2- O que o Passado pensava de si mesmo, e, no o julgalmento do passado pelos valores de hoje.
3- Significado de algumas palavras usadas neste estudo. 4- Consideraes Gerais Resumidas sobre Cmara e autarquias locais. 5- Consideraes Gerais sobre Cmara e autarquias locais. 6- Histria contexto, entender uma poca, mostrar o contexto de uma
poca sem conden-la.
7- Bsico do Bsico sobre Autarquias e Cmaras, municpios e cidades. 8- A importncia da Cmara e a importncia de seu estudo hoje. 9- Actas de Cmara Caderno de Vereaes e as Ordenaes do Reino
pouco lidas e pouca compreendidas.
10- Esquema de como funcionou o poder local, os concelhos, depois chamados Cmaras municipais, das autarquias locais - Concelhos, vilas e cidades, no
Brasil, e, em Portugal.
11- O que vem a ser realmente Executar, Legislar e Fazer Justia. 12- Uma forma de governo direto do povo que sobreviveu at os nossos dias
Um fssil vivo das antigas organizaes administrativas locais e da vida
pblica local que remonta aos tempos das Ordenaes do Reino.
13- UMA LEI UNIFORME para TODO O REINO de Portugal que abrangia Portugal, Algarves, Brasil, Ilha da Madeira, e, o Arquiplago dos Aores.
14- Um Exemplo no Brasil onde a Lei era a mesma de Portugal S que em vez de Concelho, a unidade administrativa local era chamada de Vila ou Cidade.
15- Estudos online sobre Cmaras antigas. 16- ATAS DE CMARA ONLINE: Fonte Primria para Estudos. 17- Textos notveis e documentos originais sobre Concelhos e reunies em
Cmara.
18- Leia as Ordenaes do Reino na parte em que se referem aos Concelhos, e, aos Oficiais das Cmaras.
19- A SITUAO ATUAL DO PODER LOCAL NO BRASIL DE 2015. DESCRENA E REVOLTA DO POVO DO BRASIL de 2015 COM AS
AUTORIDADES - Situao idntica em Portugal. 20- AS COMPANHIAS DE ORDENANAS: Antes de estudar os Concelhos,
(chamadas de Cmaras Municipais aps o Imprio do Brasil), vamos ver as
Companhias de Ordenanas.
CONCELHOS e CMARAS MUNICIPAIS - PRIMEIRA PARTE
Nota: A denominao Cmara Municipal s foi usada a partir do Sculo XIX.
1- Viso Global das Administraes Locais de antigamente - A Cmara, na poca chamada Concelho, sob as Ordenaes do Reino 1100 a 1820 em
Portugal, e, de 1532 a 1828 no Brasil.
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2- A Viso errada que se tinha, e, que ainda muitos tm as Cmaras no Brasil - O que sobreviveu de Actas de Cmara do Brasil como o nico recurso para
desmentir estas vises erradas sobre a Cmara no Brasil.
3- Alguns exemplos da situao da conservao de Actas de Cmara no Brasil. 4- Actas de Cmara publicadas no Brasil e livros sobre Cmaras publicados no
Brasil.
5- Ignorncia ao Cubo, no Brasil atual, sobre o poder das cmaras antigas e sobre sua organizao.
6- O que se pensa, hoje, sobre o ofcio de Alcaide como exemplo de desconhecimento total do passado das Cmaras no Brasil.
7- O Esvaziamento das Cmaras - O Esquecimento do quanto j foram poderosas.
8- Erros graves dos estudos, no Brasil, sobre o Poder Local. 9- Consideraes sobre Vereador, Intendente, e, sobre o Prefeito Municipal no
Brasil.
10- O que o Brasil realmente foi, e, o que o Brasil nunca foi, com relao liberdade e direitos do cidado e a independncia do poder local nas vilas e
cidades.
11- O tempo passou, e, o passado caiu no esquecimento - Nada das novas geraes conhecerem o passado, e, j ningum lia, ou sabia ler as Actas de
Cmara da Vila de So Paulo quinhentista.
12- O porqu da importncia dos Concelhos, hoje chamados Cmara Municipal em Portugal, e no Brasil, no mais existentes.
13- Comparao de como era a poltica e os polticos antes e depois do fim das
Ordenaes do Reino Reflexo, neste estudo, do porque isto pode
acontecer.
14- O que so as Cmaras O que um Concelho - Como funcionavam - Que poder tinham as Cmaras no tempo das Ordenaes do Reino.
15- O que um Concelho Primeiro Significado Uma Palavra ainda em uso em Portugal:
16- Concelho (CONCILIUM) x Cmara. 17- Cerne da questo. 18- Acesso direto e gratuito Justia. 19- O prprio nome Cmara, hoje, no Brasil, inadequado - O correto seria
chamar Assembleia Municipal como em Portugal - No mais um governo
coletivo, (uma administrao colegiada), reunido em cmara que administra
um municpio no Brasil.
20- O Conceito exato, antigo, e, ainda atual em Portugal, de MUNICPIO. 21- Reforando e Relembrando conceitos: Casa de Cmara Pao do Concelho
Mesa de Cmara:
22- O conceito exato do que vila e cidade, e, as datas exatas de criao de Vila e sua elevao categoria de Cidade - Ignorncia e erros sobre o passado das
Cmaras no Brasil.
23- O Brasil viveu duas situaes extremas em relao extenso dos termos das vilas.
24- A Cmara e o Cidado: - A Cmara das Vilas do Brasil frente aos arraiais e julgados distantes da sede das Vilas.
25- A importncia de ser Vila em Portugal A Autonomia A Dignidade A Liberdade - o Auto Governo A No Submisso a instncias superiores de
Poder - O Concelho dos Homens Bons foi a origem de tudo.
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26- imprescindvel para a compreenso dos Concelhos e das Vilas criadas pelo Rei que se entenda o Direito Divino dos Reis, e, o Lealismo.
27- As Ordenaes do Reino - O Cdigo de Leis, compilao de leis, vigente tanto em Portugal quanto no Brasil, Madeira, Algarves e nos Aores, onde os
cidados tinham os mesmos direitos que os cidados de Portugal.
28- A Vida Privada e Pblica centrada na Vila no Tempo das Ordenaes do Reino Centrada na Vila e no na Metrpole mais prxima nem na Capital -
Rarssimas vezes, os Cadernos de Vereaes do Concelho da Vila de So
Paulo faz referncia Cabea da Capitania A Vila de So Vicente.
29- A VIDA DO CIDADO GIRAVA EM TORNO DA IGREJA. 30- A Propriedade Privada Garantida e Respeitada. 31- O Imprio da Lei. 32- As Repblicas que eram as Vilas do Reino de Portugal e nos Estados do
Brasil e do Maranho, ou, na Repartio do Norte, e, na Repartio do Sul.
33- A incompreenso do passado, especialmente no Brasil - A Repblica Municipal Expresso de um autor que resgatou a importncia das
cmaras.
34- O Patriotismo e o Civismo Extremo do Povo Paulista - A Dcada de 1550 na Vila de Santo Andr da Borda do Campo, depois Vila de So Paulo - A Vida
de uma Vila centrada na Igreja e na Cmara que apoiava a Igreja a ponto de
multar quem no fosse a procisses - Manuel Gonalves Ferreira o
Historiador que finalmente entendeu as Cmaras.
35- As Actas de Cmara mais estudadas e MUITO POUCO COMPREENDIDAS, no Brasil - As Actas da Cmara da Vila de So Paulo.
36- Oficiais da Cmara - Repetindo, Relembrando: O Oficial da Cmara no tempo das Ordenaes do Reino.
37- As Cmaras tinham, entre outros, os seguintes oficiais, os quais eram, sempre, chamados de OFICIAIS DA CMARA.
38- Quem presidia um Concelho, hoje chamado Cmara? 39- Relembrando o importante e fundamental - A Evoluo do MUNICPIO e
seu conceito exato.
40- Ficha Limpa e Homem Bom. 41- O Erro de achar que um Homem Bom tinha que ser grande proprietrio de
terras.
42- O Vereador.
43- Verear, Vereao, Vereador.
44- Eleies por pelouro e por sorteio.
45- Pires x Camargos.
46- NO REELEIO NO REMUNERAO.
47- LEMBRANDO SEMPRE: No havia separao das funes legislativas,
judicirias e executivas no tempo das Ordenaes do Reino.
48- Pao do Concelho - Tambm chamado Autarquia e Paos do Concelho, e,
mais recentemente Pao Municipal.
49- O Pao do Concelho e a Casa de Cmara e Cadeia no Brasil.
50- Descrio de como funcionava uma Casa de Cmara e Cadeia no Brasil.
51- Ironia da Histria - Prdios luxuosos s quando a cmara passara a ter
poderes reduzidos no Brasil.
52- Alguns exemplos da situao da conservao de Actas de Cmara no Brasil.
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1- DO QUE TRATA ESTE ESTUDO SOBRE CONCELHOS ou Repblicas, e CMARAS MUNICIPAIS no BRASIL, e em
PORTUGAL:
Num pequeno povoado, no ano de 1555, contendo 20 choupanas de pau a
pique, h juiz eleito pelo povo, assim como os demais governantes, no
planalto paulista, h 10.000 km da civilizao, em meio selva. E o um
dos oficiais da Cmara condenado a pagar uma multa descontada de seu salrio.
E, dois anos depois, no ano de 1555, quando j havia umas 50 choupanas
de pau a pique no meio da selva, os oficiais da Cmara reclamam ao
governador que no podem fazer justia e esto sem lei e ordem por causa do governador no ter aprovados seus atos do ano que findara.
Anos depois, em 1623, os oficiais da Cmara da mesma vila recebem
reclamaes de um povo preocupado com estar, por causa das novas leis, sendo eleita gente baixa para servirem como oficiais da Cmara.
Em 1828, o Regimento das Cmaras confessa o medo que o Poder das
Cmaras lhe causa quando consagra oficialmente em texto legal este
poder a partir do momento em que proibi expressamente as cmaras de
deporem autoridades. Os novos donos do poder no se sentiriam seguros se no proibissem expressamente e explicitamente.
ISTO QUE ESTE TEXTO MOSTRA:
A Plena liberdade, a retido das instituies locais de governo, e, o perfeito
civismo do povo que existiu no Brasil de 1532 a 1828, e, mostra como, a
partir deste incio promissor, chegamos ao descalabro, que hoje, no
Brasil, o poder local.
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Os Oficiais das Cmaras no tempo das Ordenaes do Reino:
O cidado que exerce um ofcio na no Concelho que se rene em Cmara serve ao
povo, na Mesa de Cmara, de frente para o povo; no podendo ter, portanto, ideias
prontas (ideologias na cabea), nem era submetido a partidos polticos.
O cidado que exerce um ofcio na Cmara tem que servir ao povo, ouvir seus
reclamos; no pode induzir este povo, ou doutrin-lo; tendo que ter o Oficial da
Cmara, portanto, no tempo das Ordenaes do Reino, um papel passivo em relao a
este povo.
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MESA DE CMARA
GOVERNANDO NA PRESENA DO POVO
DECISES TOMADAS NA PRESENA DO POVO, sem diviso, sem partido
poltico, sem decises tomadas entre quatro paredes.
Sobre Partido Poltico causando discrdia onde antes todos trabalhavam unidos
para o bem comum citaremos e analisaremos as profundas reflexes do Dr. Rui
Barbosa e as do Dr. Getlio Vargas.
Partido Poltico e decises entre quatro paredes eram coisas inconcebveis
naquela poca, o que ser estudado aqui com detalhes:
Este texto medieval est em portugus arcaico, e, que traduzimos assim:
A Mesa de Vereao da Cmara, mandamos que seja quadrada de dez palmos de
comprimento e seis palmos de largura e no seja estreita e longa como antes soia que
no era assim necessrio e antes trazia embarao. E assento para os vereadores todos
os trs de uma parte e despejados com o rosto do povo e o que estiver no meio seja
encarregado de responder a todas as partes aquilo que por todos os trs for
determinado e acordado.
SENADO DA CMARA
Em alguns lugares como a Vila de So Paulo havia a expresso Senado da
Cmara.
E, onde era a povoao tinha a categoria de cidade, uma honraria apenas que no
conferia, a princpio, nenhum direito adicional, ocorria a expresso SENADO
DA CMARA, que no se sabe exatamente se sinnimo da Mesa da Cmara
ou se seria o conjunto dos oficiais da Cmara.
No correto dizer que s nas cidades usava-se a expresso Senado.
Veja a expresso sendo usada no Concelho da Vila de So Paulo:
Lisboa j era cidade h muito tempo quando teve seu Senado da Cmara.
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O Estado Pequeno provoca a iluso que a Cmara de antigamente pouco fazia:
preciso ter em mente que as obras pblicas, no tempo das Ordenaes do Reino,
sendo de pequeno vulto, podiam ser feitas pelas vilas.
Os dois governos gerais, (Maranho e Brasil), cuidavam basicamente da segurana e da
marinha. Atualmente, as obras pblicas so de grande tamanho em preo, fazendo as
municipalidades e os governos estaduais depender demais do governo federal.
a existncia em si das Actas de Cmara, a existncia em si dos concelhos, das
Cmaras de origem remotssima, que louvvel.
Existia sim uma vida livre, plena de direitos, de autonomia polticas dos ncleos
urbanos, vilas e cidades; existiam sim eleies livres, gente honesta sria e responsvel,
sem rivalidades partidrias, gerindo livremente os negcios pblicos, a repblica, gente
com alto grau de civismo e patriotismo, isto tudo em tempos remotos, muito antes das
revolues liberais e quando Brasil e Portugal formavam junto com a Madeira e os
Aores, um nico reino.
O importante deste Estado Pequeno a Cmara antiga, o Concelho, no depender de verbas de unidades administrativas maiores.
No se menciona, nas actas das cmaras no Brasil, a choradeira de pedir
verba para o Capito Mor da Capitania, coisa muito comum, depois, do Sculo XIX em diante, o que leva troca de apoio por verbas.
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Um Exemplo de Vereao no Tempo das Ordenaes do Reino: O Concelho de Felgueiras - Seus oficiais da Cmara, que fazem a
Cmara, que se renem em Cmara, para verear:
Tem Juiz Ordinario, trs Vereadores, & Procurardor do Concelho por pilouro de eleio triennal do povo, a que prefide o Corregedor da Comarca, dous Almotaceis, Efcrivo da Camara, & Almotaaria, que tambm ferve no Couto de Pombeiro, cinco Tabeliaens, hum Contador,
Enqueredor, & Diftribuidor, Juiz dos Orfos, que tambem He em Pombeiro, com feu Efcrivo, & outro das Sizas, todos data delRey; hum Meirinho, que aprefenta o fenhor do Concelho; quatro
Companhias com Sargento mr, que fazem a Camara, com o fenhor defta terra, que He Capito mr, & Ouvidor.
Uma descrio de um Concelho do Norte de Portugal - O Concelho de Felgueiras
que fica prximo Villa de Guimares, a primeira capital do Reino de Portugal - Lista
todos os Oficiais da Cmara - Populao (vizinhos) de cada uma das freguesias do
Concelho de Felgueiras
importante notar que esta Corografia Portugueza cita o Sargento Mor de
Ordenanas figura importantssima e to negligenciada pelos historiadores brasileiros.
Mais abaixo, ser analisada a importante figura do Capito de Ordenanas.
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2- E este texto diz:
O que o Passado pensava de si mesmo:
No tempo das Ordenaes do Reino, os oficiais da Cmara amavam o Rei. O povo
amava o Rei ungido por Deus. O Rei era respeitado. Todos aceitavam a situao em que
viviam.
Com a Revoluo Francesa, comea-se a odiar o passado, conden-lo e achar que todos
que viviam durante o tempo das Ordenaes do Reino odiavam o Mundo em que
viviam.
a projeo do pensamento atual no passado, o que todo historiador politicamente
correto atual faz o tempo todo.
Mesmo os historiadores liberais, (no sentido europeu da palavra defensores da livre
iniciativa, do governo mnimo), acabam por fazer isto de ver o passado com o
pensamento atual pr Revoluo Francesa e usando seus termos como absolutismo,
ficando na defensiva: No foi to ruim assim. Sentem-se impotentes para defender o
passado O tempo das Ordenaes do Reino tal como ele era.
No momento crtico de transio no Brasil, a dcada de 1820, ainda viviam muitas
testemunhas oculares do passado que sempre acharam que era bom. Estas testemunhas,
porem, j usavam termos revolucionrios como absoluto e absolutismo. Mas, ainda
tinham coragem, em 1823, de defender este passado que estava sendo destrudo e estava
sendo apagado naquele momento.
Neste momento crtico em que dois mundos ainda coexistem que deve se concentrar o
estudo investigar o que simplesmente foi mitos criados pelos revolucionrios, e, o que
era real mesmo sobre o passado das Cmaras no Brasil e em Portugal.
Quando se vive uma situao, achando-a normal e eterna, no se fica falando sobre ela.
Por isso no se encontra gente do tempo das Ordenaes do Reino declarando o que
todo mundo achava: Normais e vlidas.
S um viajante estrangeiro que v como novidade E o que ser citado comentado
aqui, neste texto, o viajante de 1710 que elogiou muito os cidados da Villa de Sam
Paulo, muito corretos no pagamento dos impostos ao Rei.
Vem a Revoluo:
Aos poucos, os sobreviventes, as testemunhas oculares do passado destrudo, aos
poucos, morrem, desaparecem, e, o que sobrevive o mito construdo pelos
revolucionrios sobre o passado.
Cabe recuperar este passado sem usar nenhuma expresso revolucionria e ps-
revolucionrio, e resgatar este passado lhe dando voz, como, aqui, o canto do cisne dos
oficiais do Concelho da Villa de Taubat em 1823 apoiando o absolutismo,
(expresso jamais usada antes), que sempre tiveram e sempre foram felizes com ele,
com o Rei, e, com as Ordenaes do Reino.
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A dinmica das revolues e mudanas nas crenas e pensamento sempre foi esta. Os
sobreviventes ainda do os ltimos suspiros, lembrando que o passado era bom, mas j
caindo na defensiva, usando expresses dos revolucionrios e se desculpando, no fundo
acabam aceitando a imposio dos revolucionrios que o novo melhor e se desculpam
no ramos to ruins assim.
A defesa do passado j feita, desde o incio, se desculpando, j feita na defensiva.
As novas geraes, que nunca viveram a situao antiga j so doutrinadas desde a
infncia a odiar o passado, e s o conhece pela viso dos revolucionrios.
com as Actas de Cmara, com os Registros Gerais das Cmaras que o passado
ganha voz e passa a ser visto e julgado por ele mesmo.
Da Acta da Cmara, (Termo de Vereana), da Villa de So Francisco das Chagas do
Taubat, na Provncia de So Paulo, em 01 de maio de 1825, dirigindo uma mensagem
ao novo Imperador do Brasil, usando expresses dos revolucionrios, j contaminado
por eles, defende o passado:
E, unanimemente, foi respondido que queriam como bons e fiis
vassalos de to amvel Soberano que Sua Majestade Imperial
governe os seus Povos como Monarca Absoluto, assim e da
maneira que o fizeram seus Augustos antecessores Reis de
Portugal.
Estas palavras dignificam Taubat-SP, so escondidas dos leitores atuais porque no
interessa dizer que os reis eram amados, respeitados, e, aceito pacificamente o seu poder
de Rei ungido.
Mostra tambm o povo ainda lembrando que sempre foram do Reino de Portugal,
cidados portugueses com todos os direitos. As geraes seguintes veriam o Reino de
Portugal como sendo outro reino; um reino invasor.
Nota: Curiosamente, pouco depois, em Portugal, D. Pedro IV ir se encontrar no outro
lado Ser o constitucionalista D. Pedro IV que lutar contra o absolutista D. Miguel.
A monumental publicao das Actas da Cmara da Villa de So Francisco das Chagas
do Taubat, a atual Taubat-SP, se deve ao historiador, prefeito municipal, e,
genealogista, Dr. Flix Guisard Filho.
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3- Significado de algumas palavras usadas neste estudo:
Nota: Algumas palavras aqui usadas, ainda hoje, com o mesmo significado em Portugal:
Aldeia
Aldeia tem significado distinto no Brasil e em Portugal: Em Portugal, so locais muito
pequenos sem governo prprio e que esto dentro do termo de uma Freguesia.
O que uma Aldeia:
Em Portugal:
Palavra trazida pelos rabes para a Hispania (Al Dai - povoao pequena) - pequena
povoao que no dispe de jurisdio prpria, no autarquia, dependendo administrativamente de uma freguesia, a cujo termo pertence.
Por exemplo: A Aldeia de Boassas ou Boaas:
Boassas, ou Boaas, um lugar na Freguesia de So Miguel de Oliveira do Douro, Concelho de Cinfes, Distrito de Viseu.
No Brasil:
Povoao constituda exclusivamente de ndios; local em que se agrupavam ndios domesticados vindos dos sertes.
Os portugueses do Brasil chamavam de aldeias tambm as tabas dos ndios, (conjunto de malocas, de onde vem o adjetivo depreciativo "Maloqueiro"), e, os portugueses do Brasil
tambm chamavam de aldeias, as povoaes criadas pelos padres missionrios jesutas para os ndios que iam se convertendo ao cristianismo.
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Freguesia
PARQUIA E FREGUESIA NO SO EXATAMENTE A MESMA COISA
ATUALMENTE EM PORTUGAL
Freguesia no igual, hoje, a parquia. Freguesia a menor autarquia em Portugal,
governado hoje por uma Junta de Freguesia e uma Assembleia de Freguesia. Parquia
a diviso eclesistica que est submetida a uma Diocese. At a fuso de freguesias em
Portugal por lei de janeiro de 2013, cada freguesia tinha uma s parquia.
Na Vila, e, depois, Cidade de So Paulo, existiam freguesias suburbanas, como a
Freguesia de Santa Ifignia, Freguesia do e Freguesia do Brs, que, depois,
emendaram com a Cidade de So Paulo, que tinha a sua a cidade e Igreja Matriz.
Freguesia em Portugal:
Freguesia uma subdiviso de uma diocese da Igreja Catlica e uma subdiviso de um Concelho na administrao pblic, na diviso poltica de Portugal.
Atualmente as subdivises das dioceses so parquias e cada freguesia (unidade administratica) tem sua parquia correspondente j que Estado e Igreja eram unidos. S que no o so mais a partir da Repblica em 1910.
E, a partir de 2013, vrias freguesias foram unidades, reduzindo-se, por medida de economia, de 4.000 para 3000 freguesias, tendo, portanto, desde 2013, freguesias com vrias parquias.
Freguesias so rurais ou urbanas. As freguesias rurais so uma localidade distante e separada da vila ou cidade sede de um concelho, e, tem vrias aldeias em seu termo. A rigor cada aldeia teria sua capela filial da matriz, a freguesia, atualmente parquia.
Algumas vilas e cidades tm vrias freguesias em sua rea urbana. No tem sentido nestas freguesias urbanas, falar em aldeias.
A Cidade do Porto, por exemplo: A Cidade do Porto se parece administrativamente como a Ville de Paris: Tem sua Cmara Municipal que governa todo o Porto e vrias juntas de freguesias que administram as vrias freguesias urbanas da Cidade do Porto.
A Freguesia registrava em livros os batismos, casamentos e bitos, os quais eram os documentos do cidado naquele tempo.
Em Portugal, os 308 concelhos, (hoje chamados municpios), se dividiam em 4.260 freguesias. Em janeiro de 2013, foram extintas 1.169 freguesias, reduzindo-se, o seu nmero, a 3.091, pela Lei 11-A-2013).
As menores autarquias de Portugal hoje so as freguesias e depois os concelhos, atualmente ditos municpios.
As Freguesias so governadas pelas Juntas de Freguesia (Poder Executivo) e pela Assembleia de Freguesia (Poder Legislativo), e, esto dentro do termo de um concelho (atualmente chamados de Municpio) ao qual pertencem. As freguesias em Portugal so milenares, assim
como a maioria das vilas.
http://www.dre.pt/pdf1s/2013/01/01901/0000200147.pdf
18
Em Portugal, chama-se, tambm, as pequenas povoaes de uma Freguesia de "LUGARES" -
Assim, Boassas, ou Boaas, um Lugar, uma localidade, na Freguesia de So Miguel de Oliveira do Douro, e, considerada a "Segunda Aldeia Mais Portuguesa".
No Brasil, at a proclamao da repblica, as freguesias eram subdivises das vilas e
das cidades, depois, esta subdiviso passou a era o Distrito de Paz, com a mesma rea
do distrito administrativo.
H uma diferena importante, em 2015, entre a Freguesia de Portugal e o Distrito
Administrativo. So as menores divises administrativas destes dois pases com a
importante diferena que o Distrito no Brasil governado por um subpreito nomeado e
no h poder legislativo no Distrito, e, a Freguesia em Portugal tem autonomia
administrativa sendo governada por um colegiado, a Junta de Freguesia, e, possui poder
legislativo, a Assembleia de Freguesia.
Distrito de Paz:
Somente com a Proclamao da Repblica no Brasil, em 1889, acontece a separao da
Igreja do Estado, passando as vilas e cidades a serem divididas, no mais em freguesias, mas em "Distritos de Paz", os quais, at hoje, tm um Juiz de Paz, mas com funes limitadas.
A Constituio de 1988 prev eleies diretas para Juiz de Paz, mas at hoje no houve regulamentao para isto.
No Estado de So Paulo, no incio do Sculo XX, primeiro se criava um Distrito Policial (chefiado por um subdelegado) que eram subdivididos em quarteires chefiados por inspetores de quarteiro. Nestes distritos policiais, criava-se, posteriormente, um de Distrito de Paz.
A sede do distrito de paz e do distrito administrativo uma vila e lhe d o nome. Exceto os 5570 distritos sedes que tem o mesmo nome da cidade sede do municpio.
Em um distrito pode existir arraiais, povoados e bairros rurais, cujos cidados resolvem seus negcios no cartrio do distrito de paz e na subprefeitura localizadas na vila sede do distrito.
Distritos podem estarem dentro de uma cidade, ou serem inicialmente longe das cidades mas com o crescimento destas se uniram. A cidade de So Paulo tem muitos distritos contiguos. Alguns distritos podem ser vilas localizadas muito longe da cidade sede do municpio, isto em municpios de grande extenso territorial.
Exemplo:
LEI N.1.945, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1923 - Cria o dstricto de paz de Santa Cruz da Esperana, com sde no actual dstricto policial de igual nome.
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1923/lei%20n.1.945,%20de%2019.12.1923.htmhttp://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1923/lei%20n.1.945,%20de%2019.12.1923.htm
19
Geralmente, no incio do Sculo XX, no Estado de So Paulo, primeiro um povoado era
estao e/ou distrito policial, e, depois, promovido a distrito de paz.
A palavra "Distrito", em Portugal, tem outro significado, so os governos regionais (a Administrao civil - o Governo Civil).
A Palavra freguesia no se usa mais no Brasil: Hoje se diz Parquia. Uma Freguesia podia ter vrias capelas a ela subordinadas.
Quantos distritos de paz, e quantos distritos administrativos (que ocupam o mesmo
territrio) tem o Brasil?
preciso lembrar que toda cidade distrito sede de um municpio e tem seu juiz de
paz, portanto, tem o Brasil, 5570 distritos sedes mais os outros distritos que existem em
municpios que no so muito pequenos, e, portanto, tm mais de um distrito. As vezes
um municpio pequeno em populao e grande em territrio; estes acabam tendo
vrios distritos.
Concelho - Dois sentidos:
A- O antigo nome da Administrao Local em Portugal, Brasil, Ilha da Madeira e Arquiplago dos Aores Tinha as 3 funes bsicas de governo: Executar,
Legislar e fazer Justia. Usava-se tambm o nome REPBLICA como ser
visto abaixo, Hoje, em Portugal, o Concelho corresponde ao Municpio, (no
sentido que a palavra tem em Portugal, ver abaixo), que tem a Cmara
Municipal como seu principal rgo executor, alm de ter a Assembleia
Municipal e as juntas de freguesias. Hoje, no Brasil, os Concelhos foram
substitudos pela Prefeitura Municipal e Cmara Municipal os quais no tem
funo judiciria alguma.
B- Em Portugal, o Concelho hoje, o que no Brasil, se chama de Municpio - A Unidade Administrativa, num total de 5570 municpios, no Brasil. atualmente,
enquanto Portugal tem 350 concelhos somente. A sede de um concelho pode ser
tanto uma vila quanto uma cidade, em Portugal at hoje. No Brasil, a partir de 1937,
todas as sedes de municpios so cidades. At ento, as sedes dos municpios,
palavra s usada a partir do Imprio do Brasil e da Lei de Cmaras de 1828, podia
ser vila ou cidade. O Concelho a diviso administrativa em Portugal, que pode ter
vrias freguesias em seu termo. At hoje em Portugal as sedes dos concelhos so
vilas ou cidades. Quando uma vila torna-se mais importante, honrada com o ttulo
de cidade.
No Brasil, no se usou a palavra concelho para designar a unidade administrativa, ento,
para se referir vila como todo (a sede e suas freguesias e seus arraiais), dizia-se no
termo da vila de do termo da vila de.
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Municpio: (Ver em detalhes abaixo):
Sentidos diferentes no Brasil, e, em Portugal:
No Brasil: municpio a menor unidade administrativa com governo prprio. So 5.570
municpios no Brasil, e, todas as sedes de municpios, a partir de 1937, so cidades.
Em Portugal: Municpio, ver com detalhes abaixo, so as instituies poltico
administrativas de um concelho: A Cmara Municipal, a vereao, seus rgos, a
Assembleia Municipal, as juntas de freguesias.
Exemplo: Quando se abre o portal da internet de uma Cmara Municipal, a pgina
Municpio mostra exatamente isto: Os rgos administrativos e legislativos do
concelho:
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Cmara Municipal:
No Brasil Legislativo, em Portugal executivo, e, no tempo das Ordenaes do
Reino era tudo.
Palavra que surgiu no Sculo XIX A Cmara Municipal substituiu os Concelhos ou
Repblicas em Portugal, Aores, Madeira, e, no Brasil.
A Cmara Municipal do Sculo XIX era um colegiado formado somente de vereadores,
(No existiam mais os demais oficiais do Concelho), que governavam as vilas e cidades
do Brasil, Portugal e a Ilha da Madeira.
Portugal: Nada mudou, at hoje, em Portugal, Aores e Madeira, exceto que nestes
foram criadas as Assembleias Municipais. A Cmara Municipal tem funes executivas
nestes 3 lugares.
Diz a Cmara Municipal de Lisboa: A Cmara Municipal de Lisboa o rgo
executivo do municpio e tem por misso definir e executar polticas que promovam o
desenvolvimento do Concelho em diferentes reas. - A Cmara Municipal composta
por 17 autarcas eleitos, representando diferentes foras polticas, sendo 1 o Presidente
e 16 vereadores.
Brasil: No Brasil, porm, no final do Sculo XIX e incio do Sculo XX, foram
separadas, aos poucos, as funes executivas e legislativas das Cmaras Municipais,
que ficaram somente com as legislativas. As funes executivas ficaram com os
intendentes e depois com os prefeitos municipais.
.
Vila e Cidade as sedes dos concelhos no Reino de Portugal
Ver estudo detalhado no PDF abaixo:
https://homemculto.files.wordpress.com/2014/10/a-administracao-local-em-portugal-e-
no-brasil-doze-abril-quatro.pdf
https://homemculto.files.wordpress.com/2014/10/a-administracao-local-em-portugal-e-no-brasil-doze-abril-quatro.pdfhttps://homemculto.files.wordpress.com/2014/10/a-administracao-local-em-portugal-e-no-brasil-doze-abril-quatro.pdf
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Eu moro no municpio ou na cidade, no Brasil? A Miss da cidade ou do municpio? -
Os eleitores so da cidade ou do municpio?
Todos moram em algum municpio exceto quem mora no Distrito Federal no Brasil
onde no pode ter municpios.
Cada um em seu municpio pode ter sua residncia na cidade, em um distrito ou em um
bairro rural, ou em uma propriedade rural que pertence a algum distrito ou ao distrito
sede.
A Miss escolhida entre as moas de todo o municpio, no miss s da cidade.
O eleitorado contado pela Justia Eleitoral no Brasil por zonas eleitorais e por
municpios.
Vilas e cidades no Brasil, a partir de 1937:
As sedes dos municpios so cidades e do o nome a estes municpios.
A sede dos municpios tambm um distrito de paz, e, pode ter subdistritos.
A sede de um distrito uma cidade (o distrito sede) ou vila, nos demais distritos de um
municpio.
Se a cidade sede de comarca, esta comarca tem o nome da cidade sede.
Histrico dos Municpios no Brasil:
dificlimo ter todas as datas referentes a um municpio, especialmente os antigos:
O esquema de datas histricas :
Data da fundao do arraial, povoado, patrimnio e outras denominaes.
Data da elevao da povoao categoria de quarteiro, bairro, distrito policial, distrito
de paz, especialmente, a partir da repblica, estes dois ltimos.
Data da elevao categoria de freguesia; isto at 1889.
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Data da elevao da freguesia categoria de vila, e alguns categoria de julgado,
especialmente na Capitania de Gois.
Data da elevao da vila categoria de cidade. Cerca de mil vilas foram elevadas
cidade em uma penada s em 1937.
Da vila ou cidade categoria de comarca.
De algumas vilas e cidades categoria de capital de capitania, provncia ou estado.
Prefeito e Prefeito Municipal:
Prefeito:
O Prefeito que existiu no Brasil de 1835 a 1838, criado por leis provinciais, era uma
cpia do Preft de Department francs criados por Napoleo I, um delegado do governo
provincial na vila e nas cidades, portanto, um estrupo da autonomia das autarquias
locais. S historiador ignorante acha que o Brasil teve Prefeito Municipal como os
atuais neste perodo de 1835 a 1838. Mostraremos estes Prefeitos neste texto.
Prefeito Municipal:
Existe em poucos pases, inexiste na Europa. No foi criado no Brasil por lei federal, e,
sim, paulatinamente, por leis estaduais, nas primeiras dcadas do Sculo XX. Isto ser
estudado em detalhes neste texto.
24
Actas das Cmaras:
Nome dado, no Sculo XX, s actas das reunies dos vereadores das Cmaras
Municipais. Na poca dos Concelhos, que antecederam s Cmaras Municipais, (1100-
1820), chamavam-se Cadernos de Vereaes e, tambm Livros de Vereaes.
As Actas das Cmaras so o eixo deste presente estudo e estas abaixo so o orgulho de
todo paulista: A monumental publicao Actas da Camara da Villa de So Paulo, em mais de 50 volumes, pelo Arquivo Pblico do Municpio de So Paulo Dr. Washington Lus na dcada de 1910 e seguintes.
As vereaes do Concelho comeam, em 1553, ainda como Vila de Santo Andr da Borda do Campo, transferida, em 1560, para o Ptio do Colgio, e, a partir de ento, dita Villa de So Paulo.
Transcrio das "Actas da Camara da Villa de Sam Paulo" (1653-1678) - publicada em
1915 - A expresso "Actas da Camara" foi criada posteriormente - Na poca se dizia
"Termo de Vereao", e, tambm, Termo de Vereana - O livro assinala
corretamente Camara da Villa e no Cmara Municipal, expresso esta s usada
a partir do Sculo XIX A Gratido ao Prefeito Municipal Baro de Duprat e ao
Prefeito Municipal Dr. Washington Lus por esta publicao tem que ser eterna
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Actas da Cmara da Villa de So Francisco das Chagas do Taubat-SP:
Eterna gratido ao Dr. Flix Guisard Filho, Prefeito Municipal de Taubat-S -
Infelizmente rarssimos prefeitos municipais no Brasil estiveram altura do Dr. Felix
Guisard Filho
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Actas da Cmara da Villa de Curitiba-PR, na poca, Capitania de So Paulo:
27
4- Introduo e Consideraes Gerais Resumidas:
Este estudo analisa o que faziam e como eram estruturadas as administraes locais, o
poder local, e, as instituies poltico-administrativas-judicirias locais, (as Autarquias
locais), no Brasil, e, em Portugal, no tempo das Ordenaes do Reino, que eram uma
compilao da legislao do Reino de Portugal, e antes destas (de +-1100 at o ano
de 1828).
Nota: A Primeira das Ordenaes do Reino, (iniciada por D. Duarte), uma compilao
de trs sculos de direito medieval portugus, no publicado, na poca (+- 1460), por
ainda no haver imprensa em Portugal naquele momento, portanto, j eram fortes e
livres as vilas e cidades portuguesas desde a primeira Ponte de Lima.
Desde a primeira Vila portuguesa, a Vila de Ponte de Lima, tornar-se Vila, e, ter um
Concelho que se reunia em Cmara, e, para fazer Cmara, para verear, j significava
ter grande liberdade.
E, o eixo deste Estudo so estas Ordenaes do Reino, e, mais algumas leis
extravagantes que a complementaram em Legislao Local e Eleitoral.
Estudamos a trajetria de decadncia e esvaziamento do poder e da administrao local
no Brasil e em Portugal at chegar situao atual.
Deixamos claro, de sada, que o cidado portugus no Brasil tinha os mesmos
direitos que quando estava em Portugal. As cmaras no Brasil, o mesmo poder que
as de Portugal.
Isto quer dizer: Um cidado portugus que fosse oficial da Cmara de Viana do
Castelo ou da de Vila Real, e, que migrasse para a Vila de So Paulo, e, ali fosse eleito
oficial da Cmara, no teria nem mais nem menos poder do que tinha quando era oficial
da cmara em sua vila de origem.
Mostraremos que a partir da Revoluo Francesa no houve uma mera perda de
Poder das Cmaras, no Brasil, para a Prefeitura Municipal, devido teoria da
Separao dos Poderes. Mostraremos que foi muito mais que isso.
Nota: A expresso Separao dos Poderes, no nvel local de poder e de organizao
administrativa pblica, inadequada:
A Cmara no um Poder Soberano. A expresso mais exata Separao das
Funes administrativas.
Esta separao de poderes mostrou-se inadequada, insensata e impraticvel, haja vista
que para governar preciso baixar normas e quem tem as informaes para tal o
Executivo, haja vista tambm, que no Brasil, os vereadores continuam sendo cobrados
pela populao sobre obras tendo que apoiarem o Prefeito Municipal nas votaes da
Cmara Municipal (mero legislativo que no governa ao contrrio de Portugal) para, em
troca, a Prefeitura Municipal realizar as obras que os eleitores destes vereadores pedem.
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Tambm uma insensatez achar que o Poder Executivo se tornaria mero executor
tcnico das leis de um parlamento que no est ausente dos problemas. No vivel
formular leis sem contacto com os problemas. No vivel nem crvel existir um poder
(que no seria poder) que meramente executaria ordens, um poder totalmente
despolitizado.
De uma situao em que os moradores governam, (administravam, em sentido amplo, o
que inclua administrar a justia), as Vilas e Cidades atravs de um COLEGIADO,
formado por oficiais da Cmara (juzes, vereadores, procuradores, alcaides, e, outros)
gozando de grande autonomia, passou-se a uma Cmara que s tinha, no Imprio do
Brasil, um nico tipo de oficial OS VEREADORES os quais governavam as Vilas e
Cidades do Brasil, agora chamadas de Municpios, ainda em governos COLEGIADOS.
E da situao em que, no Imprio do Brasil, s os Vereadores governavam,
(administravam, porm no mais administrando a justia, porm ainda gerindo o
policiamento local), os Municpios, passou-se situao em que apenas um dos
vereadores pode governar na condio de INTENDENTE, e, depois PREFEITO
MUNICIPAL.
E desta situao, passou-se gradualmente situao atual, no Brasil, onde nenhum
vereador governa mais. Hoje, o Prefeito Municipal no mais um vereador, e,
monopoliza a Administrao Pblica Municipal.
Mostramos, neste estudo, como das poderosas cmaras do tempo das Ordenaes do
Reino, as quais depunham autoridades, chegou-se, no Brasil, s incuas cmaras
municipais atuais, que, sobre as quais, comumente, diz-se que apenas podem dar nomes
s ruas e dar ttulo de cidado honorrio.
Traamos um paralelo com Portugal, onde, pelo menos, at hoje, as vilas, (que existem
at hoje), e as cidades so AINDA governadas por um colegiado composto de
vereadores, membros da Cmara Municipal, chefiada pelo Presidente da Cmara
Municipal.
No Brasil, ningum aceita isto, pois considera que se trataria de uma eleio indireta dos
governantes locais, mas, na Europa em geral isto visto como sendo normal e
democrtico.
Mostramos mudanas mais profundas na mentalidade, na organizao poltica, do que
uma mera redistribuio dos agentes pblicos: Quem exercia qual funo pblica
(legislativa, executiva, judiciria). Foi muito mais que isso que se transfigurou a partir
da Revoluo Francesa e suas imitaes em Portugal e no Brasil.
De onde em diante, a Lei passou a ser uma aventura:
Disputas infindveis, e, sangrentas, muitas vezes, para se estabelecer qual era a lei
boa, e, para estabelecer qual a doutrina que predominaria na determinao de qual
seria a lei boa, pois, o princpio antigo vigente desde a Grcia antiga, e, tambm, desde
os tempos bblicos havia sido destrudo.
29
5- Introduo e Consideraes Gerais:
Este estudo mostra a trajetria de decadncia do Poder Poltico Local no Brasil e em
Portugal, poder este situado nas Cmaras, antigamente chamadas Concelhos, que
tinham grande poder, e, tinham grande autonomia, e, cujos seus oficiais reuniam-se em
cmara, fazendo uma vereao, um auto de vereao, fazendo cmara (donde
posteriormente surgiu, em 1350, mais ou menos, o oficial denominado Vereador do
Concelho), ou seja, um colegiado de homens que decidiam, e, que administravam as
vilas e cidades do Reino de Portugal do qual pertenciam os Aores, a Ilha da Madeira, e,
o Brasil.
A palavra administravam significa que os oficiais das Cmaras baixavam normas,
regulamentos e posturas (Legislativo), cuidavam do bem comum (Executivo) e faziam
justia (Judicirio).
De reunir-se em Cmara deriva o atual nome Cmara Municipal, nome este que s
passou a ser usado, a partir do Sculo XIX, tanto no Brasil quanto em Portugal.
Hoje a Cmara Municipal em Portugal, no Arquiplago dos Aores, e, na Ilha da
Madeira, apenas o Poder Executivo local, e, no Brasil, apenas o Poder Legislativo
local.
Este estudo analisa o que faziam e, como se organizavam as Autarquias locais
(Concelhos Cmaras), e mais tarde a Cmara Municipal em Portugal e no Brasil, e a
Prefeitura Municipal no Brasil.
Este estudo analisa o Concelho Cmara, as administraes e as instituies locais
(poltico, administrativas, e judicirias, das vilas e cidades), no Brasil, e, em Portugal,
no tempo das Ordenaes do Reino, e, antes destas (de 1125 at o ano de 1820,
(Revoluo Liberal do Porto), em Portugal, e, at o ano de 1828 no Brasil).
Os Concelhos As Cmaras eram de extrema importncia, naquele tempo, pois eram
nelas onde se dava praticamente toda a Vida Pblica no Brasil e em Portugal por ser
diminuta a mquina administrativa na capital Lisboa, e, por terem, as Autarquias locais,
grande autonomia, e, porque, pela simplicidade da vida de ento, grande dos problemas
podiam ser resolvidos na Vila e na Cidade.
Comparamos aquele perodo com a situao posterior Revoluo Liberal do Porto em
Portugal, e, com a situao da vida pblica e comunitria local, no Brasil, aps a Lei de
1 de outubro de 1828, (o Regimento das Cmaras).
Usaremos, durante todo o texto, a palavra Cmara, pois a palavra Concelho, usada
desde o Sculo XI at o Sculo XIX, pouco conhecida hoje, e, causa confuso com o
outro sentido desta palavra em Portugal, o sentido Unidade Administrativa Local, a
qual, a partir da Constituio Portuguesa de 1976, passou a ser chamada de Municpio.
E, assim, (Cmara), que os Concelhos so tradicionalmente chamados pelos
estudiosos do Brasil; assim, costuma-se dizer, em retrospectiva, Actas da Cmara da
Villa de So Paulo (referindo-se aos dois primeiros sculos, at So Paulo ser elevado
30
categoria de cidade em 1711); nunca se dizendo Cmara Municipal, denominao
que s foi usada, no Brasil, a partir de 1828.
No Sculo XIX, no Brasil, a partir do Regimento das Cmaras de 1828, (a Lei de 1 de
Outubro de 1828), a administrao pblica local das vilas e cidades passa a denominar-
se Cmara Municipal com funes legislativas e executivas, mas, em ambos estes
poderes, de forma castrada e limitada, muito distante do poder que tiveram de 1532 at
este ano de 1828. A partir de ento as unidades administrativas e polticas locais passam
a se denominarem municpios.
A Lei de 1 de Outubro de 1828, o Regimento das Cmaras, no Brasil consagrou e
imortalizou a glria e poder das cmaras antigas quando, em um ato falho, diz
explicitamente: As cmaras so meramente administrativas, ou seja, no so mais
polticas nem teriam mais o poder judicirio nas mos, e, quando, em outro trecho, diz:
As cmaras esto impedidas de deporem autoridades, confessando que estas
depunham e que a nova lei tinha que ser explicitamente contra para que isto no
continuar acontecendo.
E a partir da Repblica no Brasil, em 1889, variando de estado para estado por serem as
leis que regiam os municpios, passam em muitos casos, a Cmara Municipal a ser
dominada pelos governos estaduais.
No Brasil de 2015, a hoje chamada Cmara Municipal limita-se, totalmente ao contrrio
de seu passado heroico, a um amputado e esvaziado Poder Legislativo local, ou melhor,
com apenas algumas e limitadssimas funes legislativas.
E, em extenso, o hoje chamado Municpio no Brasil est esvaziado, e, dependente
dos governos estaduais e o federal. No se diz mais taubateanos e paulistas,
expresso do tempo que as pessoas se identificavam pela vila em que viviam. Hoje, as
pessoas se dizem sou paulista significando que do Estado de So Paulo; outros se
identificam como baianos, mineiros, etc.
O cidado hoje no Brasil acha natural o inchao dos governos hoje chamados estaduais
e o do governo federal, a unio. No possvel para o cidado de hoje entender e
visualizar mais o passado independente e livre da vila e desta como sendo o centro da
vida das pessoas. Eram bons tempos aqueles em que todos viviam em uma vila ou
cidade e no em um Estado no Brasil.
Mostraremos aqui a altivez, a independncia da vila antiga, a palavra ptria
significando a vila em que nasceu e no o pas. isso que se perdeu e isso que estes
documentos sobreviventes chamados Actas da Cmara hoje e, no seu tempo,
chamados cadernos de vereaes ou livros de vereaes mostram.
Resgatar esta vila livre, independente e orgulhosa de si, o caminho para reverter a
situao atual de uma vida decidida longe, por modismos polticos das capitais e para se
tentar renascer, nos municpios, hoje, a vida em comunidade independente e coesa sem
que a vida poltica e social local seja fracionada por disputas poltico partidrias e sem
depender eternamente de recursos, ideias e ideais federais e estaduais, ou seja, vindos de
fora.
31
E resgatar a vila antiga, o Concelho poderoso, altivo e independente no dar mais
recursos aos hoje chamados municpios e mais poder de fazer leis transferindo
competncias da esfera geral e regionais de governo (no Brasil Federal e Estadual) para
os municpios mantendo o Estado Papaizo, o Estado de Bem Estar Social, que tudo
prov e tudo controla.
O Estado de Bem Estar Social j fracassou; seus maiores crticos, gente que estaria
muito bem como Homem Bom e oficial da cmara, resumiram brilhantemente este
fracasso com peas lapidares:
- Na presente crise, o governo no a soluo para os nossos problemas O governo
o problema Ronald Wilson Reagan, 40 presidente dos EUA em 1981.
- Se o governo administrar o Deserto do Sahara, em 5 anos, faltaria areia. Economista
Milton Friedman.
No dar, por exemplo, todo o poder da educao infantil para os municpios que ento
passariam eles a serem os doutrinadores das crianas. sim resgatar a vila independente
no submetida a ideias de fora impostas por partidos polticos que buscam suas ideias
no estrangeiro, a vila no dividida em faces.
Sobre Partido Poltico causando discrdia onde antes todos trabalhavam unidos
para o bem comum citaremos e analisaremos as profundas reflexes do Dr. Rui
Barbosa e as do Dr. Getlio Vargas.
No se trata de manter a incessante fbrica de leis, apenas mudando o endereo da
fbrica, dando mais poder s cmaras municipais e assembleias legislativas no Brasil de
fazerem leis, reduzindo um pouco o tamanho da fbrica de leis do Congresso Nacional
do Brasil, o que normalmente entendido como a reforma poltica que descentralizaria
o poder.
Muito pelo contrrio, o que a leitura das Actas das Cmaras antigas mostra que
antigamente no existiam, nas vilas e nas cidades, essas fbricas incessantes de leis que
temos hoje, querendo tudo regular e controlar a vida privada do cidado.
O que havia de regulamentao e controle no se compara com o que ocorre nos dias de
hoje em que se probe o uso de armas, e se regula como os pais devem ou podem criar
os filhos.
A legislao da Cmara era feita para fazer funcionar a Administrao Local sendo
indissocivel uma coisa da outra. Mostramos, neste estudo, que o fracasso da separao
dos poderes atual deve-se essencialmente ao fato de no ter como funcionar separado a
produo das leis de sua execuo.
Ou seja, a separao dos poderes invivel. Mostraremos que em vrios pases onde a
separao dos poderes nas administraes locais no foi to radical como no Brasil os
resultados foram melhores que no Brasil.
Do lado da Histria do Brasil, as Actas das Cmaras mostra que lemos uma mentira
desde criana nos livros didticos e isto se prolonga at Universidade nos seus
32
trabalhos cientficos de que no havia nao, que no havia conscincia nacional e
que todos se sentiam explorados por Portugal, quando na verdade, todos eram cidados
portugueses de pleno direito como ainda o so os aorianos e madeirenses, sendo
honrados que ttulos nobilirquicos e com a honra de ser um Homem Bom e de poder
ocupar os altos cargos da Repblica como se dizia dos paulistas que ocupavam os
ofcios do Concelho da Vila de So Paulo.
A leitura das Actas de Cmara antigas mostra serenidade na resoluo de questes
pontuais como a escassez de alimentos e no a execuo de programas ideolgicos,
partidrios tentando criar tal e tal tipo de escola, famlia e sociedade como ocorre hoje.
preciso fazer renascer a vila antiga que caminhava seguindo seu prprio rumo, com
seus prprios valores, voltando a serem, os municpios, verdadeiras comunidades
mesmo; comunidades no melhor sentido da palavra, podendo-se voltar a dizer paulista
assim, taubateano assado, tornando-se verdade a frase de Andr Franco Montoro:
Ningum vive na Unio nem no Governo Estadual, todos vivem no Municpio.
Em Portugal, mesmo esvaziada de muito de seu poder milenar, surgido no Conselho dos
Homens Bons, a Cmara Municipal continua governando, de forma colegiada, os
concelhos, (hoje chamados na Constituio de 1976 de municpios, mas ainda chamados
concelhos pelo povo de Portugal que manteve a tradio do nome e inclusive pelos
stios na internet das cmaras municipais), portugueses, os quais so de nmero
pequeno, (350 municpios), no havendo, portanto, grande fragmentao deste poder
como acontece no Brasil com os seus 5.570 municpios.
Municpio uma palavra que vem do latim:
mnus, eris = Cargo, Funo, Ocupao, Ofcio Pblico.
Cippus, i = Marco, Poste Pelourinho.
No Brasil, simplesmente a Histria das Cmaras desconhecida e omitida
intencionalmente nos livros escolares desde o antigo Grupo Escolar. Desde criana, o
brasileiro doutrinado a achar o Prefeito Municipal como tendo sempre existido e a
acreditar que o seu governo tirnico, individualista e possessivo como o nico
possvel, omitindo-se sempre, intencionalmente, que em Portugal ainda um colegiado
que governa vilas e cidades, idem nos condados norte-americanos.
Um livro escolar da antiga 3 srie do Grupo Escolar engana a criana mostrando o
mundo atual como o nico possvel e o nico que sempre existiu. Induz a acreditar que
quando um dos vereadores escolhido para governar uma cidade ou vila, como
intendente municipal, como veremos aqui, no h eleio direta, portanto um atraso.
Doutrinado desde criana que o certo e o nico sistema poltico possvel a eleio
direta para prefeito municipal, governos coletivos como os atuais de Portugal e da
Frana, onde os conselheiros municipais so os que governam as comunas algo
inimaginvel para o cidado atual do Brasil, e, caso o venha a conhecer, vai v-lo como
sistema atrasado, pois no seria, nestes, o governante da vila ou cidade eleito
diretamente pelo povo.
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O Poder Executivo exercido pelo prefeito (municipal) e seus auxiliares (nomeados
pelo Prefeito Municipal, e, no conselheiros eleitos como na Frana). O Prefeito
(municipal) eleito pelo povo. o poder encarregado de aprovar e fazer executar as
leis.
Essa verso mentirosa, enfiada na cabea de uma criana inocente, torna o Poder
Executivo Local um mero departamento tcnico executor de tarefas. Isso vai contra tudo
que se l nas Actas de Cmaras das vilas antigas, onde as leis era consequncia do ato
de governar.
Hoje, um governo colegiado como existe e funciona bem nas chart cities dos Eua, e nos
seus condados e nas cmaras municipais de Portugal so vistas, no Brasil, como uma
forma indireta de se escolher os governantes. Acredita-se no Brasil, piamente, que
nestes lugares h eleio indireta para quem governa a unidade administrativa, como,
por exemplo, o Maire de Paris. S se aceita no Brasil, o governo municipal sendo
tocado por um prefeito municipal eleito por voto direto.
No Brasil, caiu no esquecimento o fato que de 1532 at o incio do Sculo XX, variando
de estado para estado, um governo colegiado governava as vilas e cidades. Eram
pessoas eleitas diretamente pelo povo.
Com o surgimento dos intendentes e depois dos prefeitos no inicio do sculo xx, o
governo das vilas e cidades deixaram de serem colegiados, e, esses pequenos ditadores,
(intendentes e, posteriormente, prefeitos municipais), podiam ser nomeados pelo
governador ou presidente dos estados, coisa invivel quando o governo formado por
um colegiado.
Ressalta-se, contudo, que as Cmaras Municipais (denominao que os concelhos
passaram a ter aps 1828 no Brasil), apesar de ainda governarem s vilas e cidades do
Brasil de forma colegiada no Imprio do Brasil, tiveram seu poder diminudo
imensamente a partir de 1828 com o novo Regimento das Cmaras que substitui as
Ordenaes do Reino.
Isso foi uma infelicidade. No imaginrio da populao, em meados do sculo xx ficou a
ideia de que o Brasil era atrasado, ou seja, que os governantes de vilas e cidades no
eram eleitos pelo povo, esquecendo-se dos quase 400 anos de governo colegiado eleito
pelo povo.
Passou-se a considerar um tremendo progresso a generalizao da eleio direta do
prefeito municipal (no nas capitais de estado) a partir de 1947. Houve eleies diretas,
em alguns lugares, como em So Paulo, a partir de 1917, a qual voltou a ter prefeitos
municipais nomeados de 1947 a 1954.
A viso correta seria ento:
O Brasil regrediu: Funcionou de forma excelente, com ampla liberdade e participao
popular nas decises, sem interferncias de governos gerais e das capitanias, de 1532
at 1828, a administrao das vilas e cidades por colegiados de pessoas eleitas pelo
povo, sem que nenhum dos membros do colegiado predominasse e impusesse sua
vontade. Era o prprio povo governando.
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Isso decaiu muito a partir de 1828, quando foram abolidas as Ordenaes do Reino na
sua parte relativa administrao local e quando entrou em vigor o Regimento das
Cmaras.
As cmaras foram esvaziadas a partir de 1828, mas o pior disto tudo foi que havia
partidos polticos, e, portanto, com os lderes locais, atravs dos partidos polticos
(conservador ou o liberal) submetidos a lderes de fora. S eram eleitos agora os
vereadores e no havia mais os outros oficiais da cmara, que tambm foram por 300
anos eleitos pelo povo.
A regresso maior do Brasil na sua administrao local ocorreu depois na Repblica
com o surgimento do intendente municipal e do prefeito municipal, miniditador,
indicado na maioria das vezes e totalmente dependente dos governos estaduais.
Neste contexto, pouco resolveu a eleio direta para prefeito municipal a partir de 1947:
No voltou a existir mais o governo colegiado como ainda existe em Portugal, e,
continua o prefeito municipal centralizando tudo como mini ditador e com as cmaras
municipais como mero rgo que referenda o prefeito municipal decide, e, este
submetido a partidos polticos e seus lideres, ou seja, submetidos a "gente de fora."
Estudamos em conjunto Portugal, Aores, Algarves, Madeira e o Brasil, pois nunca
houve distino alguma entre os portugueses de aqum e de alm mar. Todos,
portugueses do Brasil, da Madeira, dos Aores e de Portugal eram, igualmente, sbitos
fiis de Sua Majestade com os mesmos direitos e deveres.
No havia diferena alguma entre ser um oficial da Cmara de Ponte de Lima, do Porto,
do Funchal, de Vila de Praia da Vitria e da Vila de So Paulo. Todos os vereadores e
demais oficiais das cmaras destas localidades de Portugal, Madeira, Aores e Brasil
tinham as mesmas prerrogativas, e, era igualmente honroso servir a qualquer uma destas
Cmaras, na poca chamadas de Concelhos.
Estudaremos esta decadncia das Cmaras, especialmente no Brasil, e, mostraremos que
quem mais perdeu no foi s a Cmara, a Vila, e, a vida pblica local como um todo.
Mostraremos que foi todo um modo de vida e de participao na vida pblica, em geral,
extremamente livre, direta, sem intermedirios, de grande independncia, e, livre de
influncias externas, que desapareceu.
Tentaremos interpretar a organizao poltica e administrativa atuais do Brasil, e, do
Ocidente, em oposio ao que eram a Administrao e Organizao Poltica local no
Brasil e em Portugal antes da Revoluo Francesa e seus desdobramentos no Brasil e
em Portugal.
Comparamos aquele perodo com a situao posterior Revoluo Liberal do Porto em
Portugal, e, com a situao da vida pblica e comunitria local, no Brasil, aps a Lei de
1 de outubro de 1828, (o Regimento das Cmaras).
Analisamos a trajetria de decadncia das autarquias locais - Concelho - Cmara, e a
decadncia do Poder Local aps a Revoluo do Porto de 1820, em Portugal, e, aps
1828, no Brasil, a partir de ento chamadas Cmara Municipal.
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Relacionamos este esvaziamento das autarquias locais nova forma de conceber o
Estado, as instituies e a sociedade originada na Revoluo Francesa, e a partir
da, interpretamos a poltica e a sociedade atuais do Brasil e do Mundo Ocidental,
tendo em vista o seu oposto, que a sociedade que existia antes da Revoluo
Francesa.
Isso fundamentalmente na GARANTIA DA PROPRIEDADE PRIVADA, a qual se
tornou incerta e relativizada hoje em dia, e, esta relativizao da propriedade privada
tem sua gnese na Revoluo Francesa.
Em pases que no tiveram influncia dela, ou sua influncia foi menor, continua firme
a sua garantia, especialmente em pases seguidores da tradio inglesa, como ser visto
neste estudo, sendo que os Cadernos de Vereaes, ou seja, nas Actas da Cmara
antigas um dos poucos textos em que se pode verem descritas um mundo antigo
totalmente isento de ideias esquerdistas em geral, no s com relao propriedade
privada.
Esta Garantia da Propriedade Privada, sem a qual o Brasil no existiria, pois no haveria
como se firmar no Brasil, no teria como convencer o portugus a vir para o Brasil, se o
portugus migrante no a tivesse, recorrente nos Livros de Registros da Cmara da
Vila de So Paulo com inmeras concesses de terras, (As Terras do Concelho, ou
Rossio da Vila), aos cidados portugueses dela.
Esse poder a Cmara perdeu e que ningum sabe disso. Dar terras e garantir a
propriedade privada era um poder que a Cmara possua; foi lhe tirado este
poder.
Hoje, no Brasil, o Governo Federal confisca terras usando vrios pretextos. Apenas
nesse ponto da GARANTIA DA PROPRIEDADE PRIVADA j se v a mudana
profunda que ocorreu na maneira das coisas funcionarem, e, v-se, tambm, que no se
trata de forma alguma de mero esvaziamento do poder da Cmara nos mnimos assuntos
de urbanismo em que hoje ela atua. Pensar isto seria ter uma viso limitada e levaria
este presente estudo a um enfoque estreito.
E, em contraponto, no se deve esperar das leituras das Actas das Cmaras antigas
(1110-1828) mil benesses concedidas por um Estado-Messias, um Estado-Providncia,
que tudo d ao povo, o qual quer viver mimado e protegido pelos governos.
No. Isto o que existe hoje. As actas das Cmaras, pelo contrrio, preservam, em suas
pginas, um mundo em que cada um cuidava de si, acreditava em si, e, cuidava sozinho
dos filhos sem que o Estado os doutrinasse.
este enfoque estreito, (projetando o presente no passado, por total desconhecimento
deste passado poderoso da Cmara), que predomina nas discusses sobre o poder local,
pedindo-se, no final, sempre mais verbas pblicas e reforma tributria para poder ser
realizado maiores obras locais. Pede-se, no Brasil, maior poder para o Poder Legislativo
Local, que este tenha maior controle sobre o prefeito municipal, e, fica nisto.
O poder que a Cmara tinha no contencioso judicirio, seu judicirio eletivo, seu poder
de polcia, de dar terras e de derrubar governantes, de fazer que as vilas fossem
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pequenas repblicas com grande autonomia e causa de orgulho para seus habitantes
foram esquecidos, e, no objeto, hoje, de pleito poltico partidrio.
E, o que no esquecido, neste estudo: a garantia da religio. Um mundo totalmente
religioso que tinha sua religio garantida, preservada e colocada como base de todas as
suas leis. Governos colegiados, (ainda o em Portugal), perdidos no Brasil, e, um
mundo sem disputas partidrias, sem formao de grupos, com todos representando toda
a comunidade. Todos a servio da comunidade e no a servio de partidos polticos.
A partidarizao da administrao pblica local e geral trouxe a troca de favores, a
presso poltica, o toma-l-d-c, o dando que se recebe e a prtica de desfazer as
obras da administrao anterior se era de outro partido poltico. Sero vistas em
detalhes, neste estudo, as mazelas dos partidos polticos. Decises saram da Mesa de
Cmara de frente para o povo, para serem tomadas nas sedes dos partidos polticos.
Estudamos a trajetria de decadncia e esvaziamento do poder e de esvaziamento da
administrao local no Brasil, e, em Portugal at chegar situao atual 2014.
Este esvaziamento deu-se no s tirando o Poder Judicirio da Cmara, tirando o Poder
de Polcia, tirando-lhe o Poder Executivo (no Brasil), e, tirando-lhe o Poder Legislativo
(em Portugal).
Deu-se, esteve esvaziamento da Cmara, da Vila, tambm, devido centralizao do
Poder na Esfera hoje chamada, no Brasil, Federal de Poder.
Mas, em sentido mais profundo, estas mudanas acabaram matando todo um orgulho
local que ser mostrado aqui especialmente tomando como exemplo o caso da Vila de
So Paulo no Brasil, e, matando um estilo de vida que est no Esprito de todas as
Ordenaes do Reino.
Houve uma desvalorizao da Vila, a qual tem origem medieval, muito antiga.
Houve a morte de Deus nas novas leis ps Ordenaes do Reino. Morte de Deus e
fim dos Direitos de Deus.
E, especialmente, como reflexo e consequncia de tudo isto, a perda da liberdade de
viver em paz, com cada um cuidando de seu destina na Vila, trocada esta liberdade pela
pretensa igualdade a qual, s com mais e mais governo, com menos e menos indivduo,
com mais e mais impostos, e, mais e mais proibies, pode ser atingida.
Comparamos, tambm, a situao atual do poder local e das autarquias locais no Brasil
com os de Portugal, onde sofreram menos transformaes negativas.
Comparamos a Administrao Local no Brasil com a de vrios pases que preservam
ainda, como em Portugal, uma administrao local de carter coletivo como o eram
as Cmaras no Brasil, no tempo das Ordenaes do Reino.
Desde a criao da primeira Vila portuguesa, em a Vila de Ponte de Lima, tornar-se
Vila, e, ter um Concelho, o qual se reunia em Cmara, para fazer cmara, j
significava ter grande liberdade e ter grande autonomia administrativa.
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E, o eixo deste Estudo so estas Ordenaes do Reino, e, mais algumas leis
extravagantes que a complementaram na sua parte de Legislao Local e Eleitoral.
O que restou de documentao, pela qual pode ser estudada, com detalhes, no Brasil, e,
em Portugal, a participao do cidado na vida pblica no Antigo Regime so as
Ordenaes do Reino, as Actas das Cmaras antigas ainda existentes, assim como os
livros de registros das Cmaras, por isso, este estudo concentra-se nelas, comparando-as
com Actas das Cmaras e Legislao posteriores s Ordenaes do Reino.
Como as Ordenaes do Reino eram vlidas e usadas da mesma forma tanto no Brasil
quanto em Portugal, vale, para estudar o Brasil, consultar Actas de Cmaras de
concelhos de Portugal, hoje publicadas em maior nmero que no Brasil, para entender
como o portugus do Brasil agia na vida pblica, e ver, sobretudo, como era idntico o
poder da Cmara e do oficial da Cmara no Brasil e em Portugal, muito diferente do que
sempre foi contado nos livros no Brasil e no imaginrio popular no Brasil desde a
separao do Reino Unido entre Portugal Brasil e os Algarves.
As Ordenaes do Reino mais antigas, de D. Duarte, que so de 1460, no uma lei
nova, mas sim, uma compilao de leis medievais, assim sendo, a ruptura com o
passado, ocorrida no Brasil, em 1828, e em Portugal, em 1820, foi uma ruptura com um
passado que durava j quase 800 anos.
O dito poltico conservador, hoje, em pases que vivem sobre forma de governo
republicana herdeira da Revoluo Francesa, pede, no mximo, que o socialismo no
avance tanto.
Fica sempre na defensiva, tentando impedir a completa destruio do mundo antigo,
porm sem ter voz ativa. No mximo se atreve a pedir um pouco de garantia da
propriedade privada, garantida pelo Cdigo Napolenico de 1804, e, seus herdeiros, os
cdigos por ele inspirado mundo afora.
Fica difcil dizer o que se deve conservar, e o que seria um conservador em se tratando
de poder pblico local O que existiu no Imprio do Brasil j uma distoro, uma
afronta Cmara antiga, idem o que existiu nas vrias fazes da Repblica no Brasil.
Pedir a volta da vida em comunidade livre de submisso a partidos polticos e a
doutrinas vindas de fora da comunidade no tem coragem de pedir. No pedem nem
mesmo a volta de partidos polticos locais como existiu no Brasil por um sculo e meio
aps o fim das Ordenaes do Reino.
Pedir a volta de governos colegiados, ningum no Brasil, pede. Estes continuam
existindo em Portugal, nas Cmaras Municipais, as quais governam vilas e cidades
portuguesas.
O Governo colegiado fundamental hoje em dia, dado a complexidade dos problemas,
pois vrias cabeas pensam melhor que uma.
Um veterano ex-prefeito municipal de um municpio do Estado de So Paulo j com
mais de 80 anos, lembrando-se da complexidade das administraes atuais, disse que
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j est mais que na hora de existir no Brasil administraes colegiadas como nas
cmaras municipais e juntas de freguesias de Portugal e nos condados norte-americanos.
Outra razo urgente para a volta no Brasil do Governo colegiado evitar o personalismo
e messianismo na poltica, endmicos no Brasil, onde, por estes motivos, jamais
institudo o parlamentarismo como forma de governo na esfera federal.
O outro motivo, tambm fundamental, que um colegiado mais difcil de ser
subornado do que um prefeito municipal.
Pedir que as leis voltem a serem inspiradas na Bblia e somente na Bblia, e, que
estejam de acordo com a Bblia, tambm no se atrevem a pedir.
Pedir que a religio volte a ser o centro da vida das pessoas, no se atrevem.
Alguns estudiosos do Direito pedem, no Brasil, timidamente, a volta da Justia Eletiva,
retomando-se os poderes do Juiz de Paz, e, outros pedem a volta do Juiz Municipal,
ambos criados no Imprio do Brasil. O Juzo Municipal criaria mais uma instncia
judiciria, demorando mais ainda a tramitao dos processos em grau de recurso.
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6- Histria Contexto - Mostrar o contexto de uma poca sem conden-la:
Este presente estudo procura situar detalhadamente a Cmara no contexto de sua poca
em Portugal e no Brasil, e, no contexto das Ordenaes do Reino, explicando qual era o
esprito destas ordenaes.
Inverteremos o que os historiadores comumente fazem de julgar o passado pelos
padres deles, no caso, pelos padres do Sculo XXI.
Normalmente, vista a Cmara Municipal do Imprio do Brasil e da primeira fase da
Repblica no Brasil como tendo sido poderosas porque eram dominadas por coronis,
(da Guarda Nacional), poderosos.
Mesmo os estudos favorveis s Cmaras, como do historiador Ferreira peca por ainda
estar preso viso da historiografia atual que v sempre o maquiavelismo dos
personagens: - O Rei dando poder vila e ao seu concelho para, em troca, ter apoio dos
homens bons contra os senhores feudais. Nisto, h uma incapacidade de ver o Rei como
algum realmente bom que amava seu povo e tinha orgulho de criar vilas e concelhos.
chocante, logo de sada, aceitar uma poca em que no existiam partidos polticos,
que todos eram unidos em torno do bem comum, amigos, patriotas (no sentido antigo,
de amar terra em que nasceu - vila, aldeia, cidade), todos fiis ao Rei.
Isto ser visto com detalhes neste texto. Sabemos com certeza, que os homens bons do
passado ficariam chocados se vissem as divises polticas atuais. Ningum era
influenciado por doutrina vindo de fora, nem trabalhava para ningum de fora. Nem
partidos polticos locais existiam, nem informalmente, e quando existiu Pires x
Camargos na Vila de So Paulo, foi um escndalo.
No se pode escrever sobre Cmara, no se pode buscar no passado a correo dos erros
de presente sem explicitar que a existncia do partido poltico um dos maiores
motivos da catstrofe atual. Seria ingenuidade demais no dizer e mostrar isto.
Mostraremos, aqui, neste estudo, que eram estes totalmente subjulgados pelo poder
provincial, estadual, imperial e federal, e, que tinham poder sobre uma Cmara
Municipal j esvaziada, sem poder e sem dinheiro, em um novo contexto, no Sculo
XIX de obras mais caras e de populao urbana mais numerosa e em crescimento.
A nfase que os estudos sobre poder local no Brasil do no coronel e no coronelismo
faz que no se destaque o fato de que, no Imprio do Brasil, o governo das vilas e
cidades continuou sendo exercido por um colegiado de cidados, coisa que
desapareceria totalmente no Sculo XX.
Imaginaremos, ao contrrio, que aqueles velhos Homens Bons oficiais das velhas
cmaras medievais continuam reunidos e analisando com o seu pensamento, com o
esprito original dos Concilium, (conselhos), dos Homens Bons do ano de 1100, o que
fim levou as Cmaras.
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Coloca as cmaras no devido contexto de como e qual era o tamanho dos governos de
sua poca.
Coloca as Administraes locais no contexto dos valores religiosos do povo nas vilas,
os quais contavam muito.
Compara as Administraes locais do passado e as atuais do Brasil e de Portugal com as
de outros pases europeus e norte-americanos, sem jamais julgar o passado com os
valores atuais, (vale dizer: o Politicamente Correto de 2015).
Normalmente, quem estuda as Cmaras no Brasil, perde-se nos detalhes de seu
funcionamento, nos problemas que enfrentava, e, esquece-se de ressaltar a prpria
existncia das Cmaras como algo maravilhoso: Gente primitiva, vivendo em modos
primitivos para os padres de hoje, atrasados tecnologicamente, cheio de supersties,
davam a maior importncia para o Estado de Direito, para as Leis, e, seus cidados
consideravam algo extremamente srio o governo de uma vila como a de So Paulo
composta de 30 casebres.
Havia plena liberdade, em sentido amplo, e muito mais livre comparado com hoje pela
ampla garantia da propriedade, pelo diminuto poder e influncia dos governos centrais e
das capitanias nas vilas, por no existir o alistamento obrigatrio, nem escolas que
doutrinavam para se aceitar o pensamento do dia dos poderosos das capitais.
No se pode usar para este Mundo que se estuda aqui a palavra democracia, pois est,
no imaginrio atual, liga-se Revoluo Francesa que considera que tudo que existiu
antes dela como sendo tirania.
A Lei seguia a Lei de Deus e o Rei era Legislador como manda a Bblia. A Revoluo
Francesa teve ento que matar Deus. Passou a existir o Ser Supremo, efmero. No
tinham justificativa para o poder deles. Sem Deus, elegeram o povo como Deus e
passaram a disputarem quem seria o verdadeiro representante deste deus-povo Cada
grupo dizia-se melhor representante desse deus-povo. Ai surge o partido poltico, coisa
impensvel antes.
Essa de representarem o deus-povo a sua legitimidade, coisa inventada por eles e
sem sentido no tempo das Ordenaes do Reino.
Este pessoal da Revoluo Francesa est no poder em vrias partes do mundo at hoje e
o que eles pregam nos livros escolares, invertendo a situao, mentindo, dizendo que o
Rei que no tinha legitimidade, pois no representava o deus-povo.
A vem a aberrao de ver de trs para frente, imaginando que a legitimidade sempre
existiu e que o Rei como no a tinha, mentia que foi ungido por Deus, e mentia,
enganando o povo, que acreditava e seguia Deus quando promulgava leis.
Isso projetar o atesmo deles em todos inclusive no passado. E, isto, exatamente, que
fazem os livros didticos no Brasil quando dizem que o Direito Divino dos reis eram
uma ideologia para os reis se legitimarem.
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Seria uma aberrao to grande como dizer que o Rei da Arbia Saudita um ateu que
mente que acredita em Allah, e que mente quando diz que faz que as leis de Allah sejam
cumpridas. Em pas muulmano, ponto passivo, at hoje, que as leis dos homens tm
que seguir as leis divinas.
No contexto da poca, em que toda a populao era catlica praticante, nada mais
natural que esta populao achasse timo que o governo sustentasse a Igreja, a religio,
a f e que a lei seguisse a Bblia.
Mostramos, veremos, em um exemplo abaixo, sobre a Cmara da Vila de So Paulo,
multando quem no fosse a uma procisso. Ningum achava errado que fosse assim, e,
algum daquela poca, vindo aos dias de hoje, acharia absurdo que cada vez mais a
religio seja banida do pblico e cada vez mais confinada no privado.
Hoje, o Homem Bom, da Vila, tido como um tipo inaceitvel; um tipo desprezado
como sendo poderoso, como, alis, todos que vencem na vida so desprezados pela
Esquerda como sendo poderosos. Ns nos colocamos aqui no ponto de vista do cidado
da vila antiga para tentar entend-lo, e, assim vemos o Homem Bom, na perspectiva de
seu tempo.
Em primeiro lugar, desmistificando as mentiras sobre o Homem Bom que esconde que a
principal caracterstica era de ser um Ficha Limpa, em palavras de hoje, como
mostraremos abaixo, que as Ordenaes do Reino exigiam que s pudesse ser um
oficial de um Concelho quem fosse isento de culpas.
Para os padres de hoje, isto inaceitvel: Reduzir acesso ao poder local a um pequeno
grupo. Para o pensamento d poca, a pessoa tinha que fazer por merecer e possuir as
melhores qualidades. No cabe a ns julgar o conceito de qualidade de ningum.
Tempo este que, trazido at o presente, 2014, caso viesse em uma mquina do tempo,
algum oficial das cmaras de antigamente, condenaria duramente a situao atual da
poltica e da sociedade do Brasil especialmente e a de Portugal tambm.
Para a poca, como no caso de 1623, era plenamente aceitvel e vlido, tanto que
naquele ano, o Concelho da Vila de So Paulo recebe reclamaes de que gente baixa
tem sido eleita como oficial da cmara, aproveitando-se das brechas das novas leis.
Entre outros aspectos, um oficial da cmara ou um cidado daquele tempo condenaria a
no existncia mais do Homem Bom, o qual foi ressuscitado, em parte, pela Lei Ficha
Limpa, e, condenaria veementemente a existncia de disputas partidrias.
Pode-se dizer em relao ao Homem Bom, hoje execrado no Brasil, que na Inglaterra
ainda um nobre bem visto. No feio ser nobre na Inglaterra. No feio ser rico nos
EUA. E assim, podemos tentar visualizar esta gente antiga que prezava a riqueza, a
nobreza, o fino trato, o ser respeitado na comunidade.
E desmistificamos tambm as inverdades e exageros sobre o Homem Bom: Que era
sempre rico e poderoso: Mostramos um pobre sapateiro que desistiu de ser oficial da
Cmara da Vila de So Paulo por ter que trabalhar todo dia no tendo como atuar no
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Concelho por este no ser remunerado. Mostramos que na Vila de So Jos, atual So
Jos dos Campos-SP, os primeiros oficiais da Cmara eram ndios.
E, corrigimos a desinformao de que Homem Bom significava s ter posses.
Mostramos que Lei falava essencialmente em ser, em palavras de hoje, um Ficha
Limpa.
Lembramos que se o voto no era universal nas vilas e cidades do Reino de Portugal,
no o era tambm em nenhum outro lugar. A Grande e livre Inglaterra tambm no o
tinha, nem por isso deixava de ser grande e livre. Isto ver as coisas em seu contexto. E
a grande e livre Amrica s teve o voto universal na dcada de 1960 com o Civil Rights.
O estudo do que era o Homem Bom, quais eram suas qualidades mostra o quanto a srio
era levado o ofcio de governar as vilas e cidades; mostra que em nada o cidado nos
Aores, na Madeira e no Brasil era menos que o cidado de Portugal, sendo tremenda
mentira o que se conta na Histria do Brasil atual de que no havia cidado no Brasil ou
que este no tinha as mesmas prerrogativas dos de Portugal.
Era uma honraria e uma recompensa por se ter uma vida reta e honrada ser considerado
um Homem Bom, e, por outro lado, era um estmulo para que as pessoas tivessem uma
vida reta e se garantia contra ms pessoas na administrao local, como se ver com um
ocorrido na Vila de So Paulo em 1623.
Um Homem Bom de qualquer vila ou cidade de Portugal e do Brasil que viesse para os
tempos atuais por uma mquina do tempo acharia sim uma aberrao o Estado Laico
que seria por ele vi