Agradeço a todos que tornaram possível este livro. Em especial, aos
profissionais que fundamentaram o trabalho e aos que farão uso do conteúdo
aqui apresentado.
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Sumário
Apresentação
1 A importância da linguagem na atividade jurídica1.1 Linguagem técnica e linguagem rebuscada
1. 2 Vocabulário jurídico
1.3 Níveis de linguagem
1.3.1 Clareza
1.3.2 Concisão
1.3.3 Formalidade e correção gramatical
1.3.4 Objetividade
1.3.5 Simplicidade
1.3.6 Estilo
1.3.7 O que deve ser evitado
2 Padronizações e normatizações2.1 Elementos normativos
2.2 Pontuação com elementos normativos
2.3 Pontuação de atos normativos
2.4 Referência a texto legal
2.5 Nomenclatura dos feitos
2.6 Pronomes de tratamento
2.7 Fechos para comunicações oficiais
2.8 Identificação do signatário
2.9 Data
2.10 Numeração de documentos
2.11 Folhas de continuação
2.12 Horas
2.13 Siglas, abreviaturas e símbolos
2.14 Citação
2.15 Referência
2.16 Referência de textos jurídicos
2.17 Expressões latinas em referências e citações
2.18 Linha pontilhada
2.19 Maiúsculas e minúsculas
2.20 Números
2.21 Itálico e negrito
2.22 Referência a folhas
2.23 Anexos, tabelas, gráficos, quadros
2.24 Moedas e valores
2.25 Cargos e funções
2.26 Termos estrangeiros
3. Expressões e vocabulário3.2 a cerca de - acerca de - há cerca de
3.3 à custa de – a expensas de – em via de
3.4 a fim de - afim de
3.5 a maior - a menor
3.6 à medida que - na medida em que
3.8 a partir de – com base
3.9 a princípio – em princípio
3.10 abaixo-assinado - abaixo assinado
3.11 acaso se – caso
3.13 adjetivo por advérbio
3.14 afinal – a final
3.15 além de (...) também
3.17 anexo – em anexo
3.18 ante
3.19 ao ano - por ano
3.20 ao encontro de - de encontro a
3.21 ao invés de - em vez de
3.22 ao nível de – em nível de – a nível de
3.23 apelar
3.24 apenar - penalizar
3.25 arquive-se ou arquivem-se - cite-se ou citem-se
3.26 através de - por meio de
3.27 atuado – autuado
3.28 bastante
3.29 cada - todo
3.30 com o pretexto – a pretexto de – sob o pretexto de
3.31 com vista a - com vistas a
3.33 comunicar
3.34 conectivos
3.35 conjuntura - conjectura
3.36 constar de – constar em
3.38 cumprir
3.39 custas - custa
3.40 dado - visto - haja vista
3.41 deferir – diferir
3.42 defeso - defesso
3.43 deficit - défice
3.45 delatar - dilatar
3.46 demais – de mais
3.47 dentre - entre
3.49 desapercebido - despercebido
3.50 descriminar – descriminalizar - discriminar
3.51 despensa - dispensa
3.52 desprover - improver
3.53 destratar - distratar
3.54 deve estar – deve de estar
3.57 do ponto de vista – sob o ponto de vista
3.58 de cujus – decujo
3.60 de menor – menor de
3.61 eminente - iminente
3.62 enquanto
3.63 estância - instância
3.64 este – esse - aquele
3.66 exceto – afora, à exceção – menos - salvo
3.67 expressões latinas
3.68 em conformidade com - na conformidade de
3.69 em face de
3.70 em longo prazo - a longo prazo
3.72 em prol de
3.73 em que pese a – em que pese(m)
3.74 em sede de
3.75 falar - dizer
3.76 flagrante - fragrante
3.77 gerúndio
3.78 grafia dos números de órgãos judiciários
3.79 grosso modo
3.80 habeas corpus – hábeas-córpus
3.81 hora extra
3.82 há que + infinitivo
3.83 inapto - inepto
3.84 infinitivo
3.85 inobstante
3.86 judicial - judiciário
3.87 junto a
3.88 junto com – juntamento com
3.90 mais bem - melhor
3.91 mesmo
3.94 no sentido de
3.95 onde – aonde - de onde
3.96 opor veto
3.97 ou melhor, qual seja, isto é, ou seja, a saber
3.98 particípio
3.99 pedir para - pedir que
3.101 pedir vista - pedir vistas
3.102 percentagem - porcentagem
3.103 por hora - por ora
3.104 por si só
3.105 posto que
3.107 prescrever - proscrever
3.109 processo epigrafado
3.110 perante ao juiz ou perante o juiz?
3.111 pertine/no que diz respeito a
3.112 porquê, uso do
3.113 protocolar - protocolizar
3.114 qualquer – sequer – algum - nenhum
3.115 quando do (da)
3.117 ratificar - retificar
3.118 reincidir - rescindir
3.119 remição / remissão
3.120 salário mínimo/salário-mínimo
3.121 se(c)cão – sessão - cessão
3.122 sendo que
3.123 se não - senão
3.124 se se
3.125 sortir - surtir
3.126 suso
3.127 tal qual
3.128 tampouco - tão pouco
3.129 ter - haver
3.130 todo – todo o – todos os - cada
3.131 todos - unânimes
3.132 trata-se de
3.133 ver - vir
3.134 vez que, eis que, posto que, haja visto
3.135 viger
3.136 vista – vista dos autos
3.137 vítima fatal - letal - mortal
3.139 vultoso - vultuoso
4. Texto jurídico4.1 Qualidades do texto jurídico
4.1.1 Sentido denotativo e conotativo
4.1.2 Período adequado
4.1.3 Ordem direta
4.1.4 Voz ativa
4.1.5 Evite gerúndio
4.1.6 Três verbos por período
4.1.7 Parágrafo adequado
4.2 Vícios de linguagem
4.3 Resumo e síntese
4.3.1 Resumo na ABNT
4.3.2 Resumo em instituições públicas
4.4 Ementa
4.4.1 Ementa em atos normativos ou legislativos
4.4.2 Ementa em parecer
4.5 A arte de argumentar
4.5.1 Tipos de argumentos
4.5.2 Abordagem, fundamentação e consistência
4.5.3 Principais argumentos retóricos na linguagem jurídica
4.5.4 Figuras retóricas
4.6 Peça Jurídica
4.7 Parecer jurídico
5. Aspectos gramaticais5.1 Novo Acordo Ortográfico
5.1.1 Alfabeto
5.1.2 Nomes próprios
5.1.3 Nomes próprios estrangeiros
5.1.4 Consoantes mudas
5.1.5 Trema
5.1.6 Acentuação gráfica
5.1.6.1 Regra das oxítonas
5.1.6.2 Regra das paroxítonas
5.1.6.3 Regra das proparoxítonas
5.1.6.4 Dupla grafia
5.1.6.5 Regra do ditongo
5.1.6.6 Regra do hiato
5.1.6.7 Acento diferencial
5.1.6.8 Acentuação gráfica por outros motivos
5.1.7 Hífen
5.1.7.1 Usa-se hífen
5.1.7.2 Não se usa hífen
5.1.8 Apóstrofo
5.1.8.1 Usa-se apóstrofo
5.1.8.2 Não se usa apóstrofo
5.1.9 Divisão silábica
5.1.10 Emprego de letras
5.1.10.1 Do h inicial e final
5.1.10.2 Da homofonia de certos grafemas consonânticos
5.1.10.3 Das sequências consonânticas
5.1.10.4 Das vogais átonas
5.1.10.5 Das vogais nasais
5.1.10.6 Dos ditongos
5.2 Crase
5.2.1 Casos em que ocorre a fusão
5.2.2 Casos que merecem atenção
5.2.3 Crase facultativa
5.3 Regência
5.3.1 Regência nominal
5.3.2 Regência e pronome relativo
5.3.3 Preposição
5.4 Concordância
5.4.1 Casos que merecem atenção na concordância verbal
5.4.2 Concordância nominal
5.6 Pontuação
5.6.1 Vírgula
5.6.2 Vírgula em textos jurídicos
5.6.3 Ponto-e-vírgula
5.6.4 Ponto-e-vírgula em textos jurídicos
5.6.5 Pontuação no fim de frase, após abreviatura
5.6.6 Dois-pontos
5.6.7 Aspas
5.6.8 Travessão
5.6.9 Parênteses
5.6.10 Barra
5.6.11 Reticências
5.6.12 Colchete
5.7 Pronome
5.7.1 Pronome pessoal
5.7.2 Pronome possessivo
5.7.3 Pronome demonstrativo
5.7.4 Colocação pronominal
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Introdução
Tenho escrito livros há mais de trinta anos e posso afirmar que esta foi a
obra em que mais me empenhei para que o conteúdo fosse apresentado de
forma prática, direta e relevante. Procurei apresentar tópicos importantes e
fundamentados de forma objetiva a profissionais da área jurídica e a servidores
de órgãos públicos. Tenho ministrado cursos e prestado consultoria a
instituições públicas e privadas (CNJ, STF, STJ, TST, TSE, STM, MPU, Polícia
Federal, tribunais estaduais, escritórios de advocacia etc) e observo que
magistrados, procuradores, promotores, advogados, defensores públicos,
servidores e profissionais em geral procuram aprofundar o conhecimento de
nosso idioma a fim de produzirem textos cada vez melhores. O interesse é
intenso e isso me motiva a pesquisar cada vez com mais seriedade a fim de
oferecer recursos apropriados.
O objetivo principal do livro é ser um manual de consulta para uso
adequado de vocábulos, expressões, padronizações, estruturas textuais e
regras gramaticais em textos jurídicos. Não se trata de impor ou interferir no
estilo de cada autor. O interesse é oferecer orientação padronizada em atos
normativos, manuais de redação e gramáticas conceituadas. Certamente,
outras opções de uso, em alguns casos, estarão disponíveis em dicionários ou
gramáticas com abordagens mais amplas.
O conteúdo desta obra, no entanto, direciona-se à linguagem jurídica e,
assim, procurei sempre optar pela linguagem formal e específica. Isso não
significa texto rebuscado e, muitas vezes, incorreto. Linguagem formal deve
apresentar clareza, objetividade, coerência, coesão e correção gramatical. A
linguagem jurídica é técnica e, realmente, faz uso de termos específicos. Isso
não significa criações mirabolantes e inadequadas, muitas vezes justificadas
equivocadamente como linguagem técnica.
Considero a boa redação ferramenta indispensável para a realização de
atividade que tanto depende da linguagem. Escrever bem é essencial ao
exercício na área jurídica. Muitos são os casos em que o texto fica aquém da
capacidade de conteúdo e argumentação do próprio autor. O profissional,
muitas vezes, conhece profundamente o assunto a ser transmitido. No entanto,
não consegue expressar-se de forma adequada. O livro o auxiliará a elucidar
as principais dúvidas sobre padronizações e a desenvolver sua capacidade de
entender e produzir textos para explorar de forma mais adequada os
conhecimentos profissionais.
Este trabalho só foi possível graças a diversos outros profissionais que
colaboraram de forma direta ou indireta. O livro é o resultado de intensa
pesquisa em diversas fontes. Assim, agradeço a outros estudiosos de nosso
idioma no Brasil (Celso Cunha, Evanildo Bechara, Napoleão Mendes de
Almeida, Mattoso Câmara, Adalberto Kaspary, Luiz Antônio Sacconi, Edmundo
Dantès Nascimento) e em Portugal (Álvaro Gomes, Edite Estela, Maria Almira
Soares, Maria José Leitão, Francisco Torrinha, José da Costa Pimenta, Helder
Martins Leitão). Agradeço também aos servidores que se empenharam na
realização dos manuais de redação em nossos órgãos públicos (Supremo
Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral,
Conselho Nacional de Justiça, Presidência da República, Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios, Tribunal de Contas do Distrito Federal, Senado,
Câmara dos Deputados e outros).
Marcelo Paiva
1______________________________
A importância da linguagemna atividade jurídica
O profissional da área jurídica deve ter, em primeiro lugar, conhecimento
do Direito. Assim, deve estudar, entre outros tópicos, o funcionamento teórico e
prático do ordenamento jurídico: leis, jurisprudência, doutrina, processos etc.
Esse conhecimento é parte mais que relevante do instrumental intelectual a
que o profissional é obrigado a recorrer em suas atividades. A teoria jurídica,
da mais simples à mais complexa, tem valor prático inequívoco, porquanto virá
a contribuir, direta ou indiretamente, no seu trabalho.
Não deve, no entanto, limitar-se a tais aprendizados. O ato de escrever e
de organizar ideias é técnica essencial para o profissional demonstrar o
domínio de sua capacidade. Não se trata de arte ou dom. É estudo, prática,
técnica. A inadequação na linguagem compromete o pensamento jurídico.
Muitos são os casos em que o texto fica aquém da capacidade do próprio
autor. Se você escolheu a atividade jurídica como profissão, a busca pelo
conhecimento da regras gramaticais e pela boa redação será sua companheira
diária.
Há profunda relação entre o Direito e a linguagem. Impossível imaginar um
profissional da área jurídica sem domínio adequado do idioma tanto em sua
interpretação como em sua produção. Os atos normativos, os conhecimentos
doutrinários, as petições, os atos processuais, as decisões judiciais, tudo passa
pelo uso da linguagem. Todo o conhecimento e realização do processo jurídico
passa pela linguagem.
1.1 Linguagem técnica e linguagem rebuscada
Não há dúvida de que a linguagem jurídica é técnica e faz uso de termos
específicos e estrutura própria em seus textos. Presume-se que um advogado,
um juiz ou um desembargador conheça palavras complexas, apuradas e,
então, o léxico mais vasto será tanto símbolo de maior erudição quanto forma
de contribuição para uma expressão mais específica, com linguagem técnica
característica do direito. Em toda a atividade forense, é evidente que se deve
preferir a linguagem formal. Palavras técnicas e precisas inibem falhas de
compreensão. Não se pode, no entanto, em nome da linguagem técnica,
justificar o uso de rebuscamento e comprometer as técnicas de um bom texto.
Observe exemplo de rebuscamento:
Com espia no referido precedente, plenamente afincado, de modo
consuetudinário, por entendimento turmário iterativo e remansoso, e
com amplo supedâneo na Carta Política, que não preceitua garantia ao
contencioso nem absoluta nem ilimitada, padecendo ao revés dos
temperamentos constritores limados pela dicção do legislador
infraconstitucional, resulta de meridiana clareza, tornando despicienda
maior peroração, que o apelo a este Pretório se compadece do
imperioso prequestionamento da matéria abojada na insurgência, tal
entendido como expressamente abordada no Acórdão guerreado, sem
o que estéril se mostrará a irresignação, inviabilizada ab ovo por
carecer de pressuposto essencial ao desabrochar da operação
cognitiva.
Observe a construção com clareza, concisão e objetividade
Um recurso, para ser recebido pelos tribunais superiores, deve abordar
matéria explicitamente tocada pelo tribunal inferior ao julgar a causa.
Isso não ocorrendo, será pura e simplesmente rejeitado, sem exame do
mérito da questão.
O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
Carlos Alberto Bencke esclarece que:
Os advogados peticionam para o juiz que assim os entende; o promotor exara parecer e o direciona também para o juiz; e, finalmente, o juiz decide para os advogados, para o promotor e para o Tribunal. Enfim, as palavras ficam num mesmo círculo e, de rigor, ninguém necessita pedir explicações sobre o real sentido daqueles termos técnicos utilizados. Lembremo-nos, todavia, que o Direito não pertence aos lidadores do Direito, mas sim às partes, geralmente pessoas leigas nos assuntos jurídicos.Com a abertura cada vez maior dos julgamentos – públicos na sua
essência – a imprensa passou a realizar a cobertura dos processos que
dizem respeito mais de perto aos interesses da sociedade. Daí
esbarrou nos termos técnicos e nas dificuldades de passar uma
informação inteligível para o seu público consumidor.
O Superior Tribunal Militar recebeu, certa vez, um recurso assim
redigido:
O alcândor Conselho Especial de Justiça, na sua apostura irrepreensível, foi
correto e acendrado no seu decisório. É certo que o Ministério Público tem o
seu lambel largo no exercício do poder de denunciar. Mas nenhum lambel o
levaria a pouso cinéreo se houvesse acolitado o pronunciamento absolutório
dos nobres alvarizes de primeira instância.
Observe trecho de circular produzida pelo Banco Central do Brasil:
Os parentes consanguíneos de um dos cônjuges são parentes por afinidade do
outro; os parentes por afinidade de um dos cônjuges não são parentes do outro
cônjuge; são também parentes por afinidade da pessoa, além dos parentes
consanguíneos de seu cônjuge, os cônjuges de seus próprios parentes
consanguíneos.
Inúmeras são as vezes em que a má redação compromete o
entendimento. O texto a seguir foi escrito por um magistrado e publicado pela
revista “Isto É”. Tratava-se de um pedido de habeas corpus. O delegado, ao
receber, entendeu exatamente o contrário do que desejava o magistrado.
Por determinação da egrégia segunda vice-presidência, comunico que a
colenda primeira Câmara Criminal, julgando habeas corpus xx Proc. Crime xx,
dessa Vara, em que são impetrantes os bacharéis xx e paciente xx, proferiu a
seguinte decisão: conhecida em parte, na parte conhecida, concederam
parcialmente a ordem impetrada, tão somente para anular o depoimento das
testemunhas protegidas pelo provimento xx, com reiquirição das mesmas, após
as providências constantes do v. Acórdão, ficando denegada a pretensão
formulada na sustentação ora de concessão de ordem de “habeas corpus”, de
ofício, deferindo liberdade provisória ao paciente, retificada a tira de julgamento
anterior, nos termos do pedido hoje ofertado.
O delegado libertou o preso por não interpretar corretamente o texto.
A página eletrônica “Consultor Jurídico” publicou entrevista com o
advogado Manuel Alceu sobre o rebuscamento na linguagem jurídica. Cito
trecho da entrevista.
Conjur – O senhor acha que a mudança de atitude na relação entre jornalistas
e juízes passa também pela discussão da reforma da linguagem jurídica?
Manuel Alceu – Com relação ao ‘juridiquês’, tenho uma posição intermediária.
Realmente é preciso facilitar o entendimento do direito e de sua aplicação aos
casos concretos. Mas, ao mesmo tempo, existem termos jurídicos dos quais
não se pode abdicar, sob pena de sacrificar as ideias e conceitos neles
embutidos. Como posso substituir, por exemplo, ‘comoriência’, ‘prescrição em
concreto’, ‘preclusão recursal lógica’, ‘inépcia substancial’ etc? Cada atividade
tem o seu palavreado exato, que é insubstituível. Assim, também ocorre com o
direito. Em suma, a reforma da linguagem jurídica será feita para simplificá-la
naquilo que não prejudique a exatidão daquilo que se quer dizer. Ademais, o
‘juridiquês’ não deve ser confundido com demonstração da falsa erudição, com
o rebuscado. No meio e no razoável é que se buscará a solução.
Finalizo este tópico com trecho do discurso de posse da Ministra Ellen
Gracie como presidente do Supremo Tribunal Federal e sua preocupação com
a linguagem forense:
Que a sentença seja compreensível a quem apresentou a demanda e
se enderece às partes em litígio. A decisão deve ter caráter
esclarecedor e didático. Destinatário de nosso trabalho é o cidadão
jurisdicionado, não as academias jurídicas, as publicações
especializadas ou as instâncias superiores. Nada deve ser mais claro e
acessível do que uma decisão judicial bem fundamentada.
1.2 Vocabulário jurídico
A linguagem forense é técnica. Isso significa que muitos termos utilizados
em textos jurídicos, apesar de parecerem complexos e mesmo estranhos, têm
função de definir conceitos de que aquele que redige não se pode afastar.
Observe o exemplo.
O advogado mostrou que o homicídio simples não constitui crime
hediondo e defendeu, em excelente tese, que mesmo o homicídio qualificado,
por vezes, não deve ser visto como tal.
É possível, sem conhecimento jurídico, entender o texto acima, mas,
provavelmente, parte do conteúdo da mensagem será perdida. Quando o
advogado cita o termo hediondo, refere-se à enumeração taxativa de lei
específica e remete a todos os efeitos que ela determina. Um leitor comum não
compreende o termo em sua amplitude jurídica. A essas expressões de sentido
técnico crítica alguma merece ser feita.
Respeita-se o aspecto técnico, mas condena-se veementemente a
prolixidade e o rebuscamento de muitos profissionais da área. Linguagem
confusa e arcaica contribui para a morosidade da justiça. Há um leitor
interessado em entender o que está escrito o mais rápido possível e de forma
precisa para dar prosseguimento ao trabalho. Transcrevo exemplos que devem
ser evitados.
a) Estribado no escólio do saudoso mestre baiano, o pedido contido na exordial
não logrou agasalho.
b) Os adjetivos podem vir, mas que se separem os adjetivos e os advérbios de
modo, para que fiquemos com o substantivo. E o Tribunal que decidir
substantivos, não propriamente adjetivos, nem advérbios de modo. Vamos
reduzir, digamos, a liturgia da adverbiação para caminharmos para o
compromisso da substantivação.
c) Ementa de Tribunal: Adultério. Para o flagrante de adultério, não é
indispensável à prova de seminatio in vas, nem o encontro dos infratores nudo
cum nudo in eodem cubículo. Basta que, pelas circunstâncias presenciadas, se
possa inferir como quebrada materialmente a fidelidade conjugal.
d) V. Exª, data máxima vênia, não adentrou as entranhas meritórias
doutrinárias e jurisprudenciais acopladas na inicial, que caracterizam,
hialinamente, o dano sofrido.
e) Procura o réu escoimar-se da Jurisdição Penal, por suas pueris alegações.
f) E vem ora o querelante vestir-se com o cretone da primariedade como se
isso o eximisse de responsabilidade.
g) A acusação enjambra-se em seus próprios argumentos.
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados
aprovou o Projeto de Lei 7.448, criado para garantir que sentenças judiciais
empreguem linguagem acessível. Também a Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB) defende uso mais adequado da linguagem jurídica e cita
vocábulos a serem evitados:
Abroquelar (fundamentar)
Apelo extremo (recurso extraordinário)
Areópago (Tribunal)
Com espeque no artigo (com base no artigo)
Consorte supérstite (viúvo)
Ergástulo público (cadeia)
Estipêndio funcional (salário)
Exordial (peça ou petição inicial)
Fulcro (fundamento)
Indigitado (réu)
Peça increpatória (denúncia)
Peça vestibular (peça ou petição inicial)
Pretório Excelso (Supremo Tribunal Federal)
Proemial delatória (denúncia)
Prologal (peça ou petição inicial)
1.3 Níveis de linguagem
A língua apresenta diversidade de expressão imensa. Nossa forma de
expressar está relacionada a inúmeras variáveis. Assim, usamos determinada
linguagem em família, outra com amigos, outra ainda no trabalho. Ao
conversarmos com uma criança, falaremos de uma forma. Ao proferirmos uma
palestra, já será outra. Essa capacidade de expressão possui diversos níveis.
A linguagem empregada no ambiente jurídico e no serviço público deve ser
formal e culta. No entanto, isso não significa linguagem rebuscada,
incompreensível. É comum encontrar textos jurídicos com verdadeiras
acrobacias linguísticas com desprezível conteúdo.
Exemplo de linguagem rebuscada:
O vetusto vernáculo manejado no âmbito dos Excelsos Pretórios, inaugurado a
partir da peça ab ovo, contaminando as súplicas do petitório, não repercute na
cognoscência dos frequentadores do átrio forense. Ad excepcionem o
instrumento do Remédio Heroico e o Jus Laboralis, onde o jus postulandi
sobeja em beneplácito do paciente e do obreiro.
Hodiernamente, no mesmo diapasão, elencam-se os empreendimentos in
Judicium Specialis, curiosamente primando pelo rebuscamento, ao revés do
perseguido em sua prima gênese (...).Fragmento do artigo “Entendeu?”, de Rodrigo Collaço, presidente da AMB.
Também não deve ser coloquial, com gírias, regionalismos etc. Exemplo
de linguagem coloquial:
E aí, doutor, vou ou não vou ganhar minha indenização?” – perguntou por e-
mail o cliente. O advogado prontamente respondeu: “O egrégio tribunal acolheu
o supedâneo de nosso arrazoado e reformou a sentença prolatada dando a lide
como transitada em julgado em prol do deprecante”. O cliente, perplexo, ficou
na mesma. Só entendeu o que o advogado quisera dizer quando, no final da
mensagem, viu um “parabéns”. Ou seja: vai ganhar, sim, a indenização(...).Fragmento do artigo “Falar difícil”, de Joaquim Falcão, diretor da Escola de Direito da FGV.
1.3.1 Clareza
Habilidade de transpor com exatidão uma ideia ou pensamento para o
papel. O texto deve ser claro de tal forma que não permita interpretação
equivocada ou demorada pelo leitor. A compreensão deve ser imediata. É
importante usar vocabulário acessível, redigir orações na ordem direta, utilizar
períodos curtos e eliminar o emprego excessivo de adjetivos. Deve-se excluir
da escrita ambiguidade, obscuridade ou rebuscamento.
O texto claro pressupõe o uso de sintaxe correta e de vocabulário ao
alcance do leitor. O Supremo Tribunal Federal, em seu Manual de Redação,
recomenda para obtenção de clareza:
a) releia o texto várias vezes após escrevê-lo, para assegurar-se de que está
claro;
b) empregue a linguagem técnica apenas em situações que a exijam e tenha o
cuidado de explicitá-la em comunicações a outros órgãos ou em expedientes
voltados para os cidadãos;
c) certifique-se de que as conjunções realmente estabeleçam as relações
sintáticas desejadas, no entanto evite o uso excessivo de orações
subordinadas, pois períodos muito subdivididos dificultam o entendimento;
d) utilize palavras e expressões em outro idioma apenas quando forem
indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de uso já
consagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico.
Observe texto com falta de clareza.
Vossa Excelência, data maxima venia, não adentrou às entranhas meritórias
doutrinárias e jurisprudenciais acopladas no inicial, que caracterizam,
hialinamente, o dano sofrido.
Veja como fica melhor na redação da professora Hélide Santos Campos.
Vossa Excelência não observou devidamente a doutrina e a jurisprudência
citadas na inicial, que caracterizam, claramente, o dano sofrido.
Outro texto com falta de clareza.
Com espia no referido precedente, plenamente afincado, de modo
consuetudinário, por entendimento turmário iterativo e remansoso, e com
amplo supedâneo na Carta Política, que não preceitua garantia ao contencioso
nem absoluta nem ilimitada, padecendo ao revés dos temperamentos
constritores limados pela dicção de meridiana clareza, tornando despicienda
maior peroração, que o apelo a este Pretório se compadece do imperioso
prequestionamento da matéria abojada na insurgência abordada no Acórdão
guerreiro, sem o que estéril se mostrará a irresignação, inviabilizada ab ovo por
carecer de pressuposto essencial ao desabrochar da operação cognitiva.
Veja como fica melhor na redação do advogado Sabitini Giampietro Netto.
Um recurso, para ser recebido pelos tribunais superiores, deve abordar matéria
explicitamente tocada pelo tribunal inferior ao julgar a causa. Isso não
ocorrendo, sem análise do mérito da questão.
Observe modelo de texto com clareza.
O exame da viabilidade técnico-econômica da obra ou serviço é peça
fundamental no processo de contratação e deve conter os elementos
necessários, suficientes e atualizados, com precisão adequado, para
caracterizar devidamente a obra. Deve, ainda, contar com estudos técnicos e
ambientais que subsidiem a análise, em conformidade com o art. 6º, inciso IX,
da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993.
A jurisprudência desta Corte de Contas é no sentido de que a análise da
viabilidade técnico-econômica da contratação, inserida no projeto básico ou
termo de referência, deve estar fundamentada adequadamente por meio de
estudos técnicos preliminares atualizados (Acórdãos 1.568/2008, 397/2008,
1.273/2007, 481/2007, 222/2007, 2.338/2006 e 1.730/2004, todos do Plenário).
Desse modo, a inexistência de estudos técnicos adequados que subsidiem de
forma adequada a análise da viabilidade econômica do projeto configura
irregularidade, afrontando a lei e reiterada jurisprudência do TCU.
Outro modelo de texto com clareza.
O Supremo Tribunal Federal, tratando da responsabilização pelo parecer
vinculativo, permite a responsabilidade solidária do parecerista em conjunto
com o gestor, conforme voto condutor proferido em julgamento do Plenário (MS
24631/DF, de 9/8/2007, Relator Ministro Joaquim Barbosa):
“B) Nos casos de definição, pela lei, de vinculação do ato
administrativo à manifestação favorável no parecer técnico jurídico, a lei estabelece efetivo compartilhamento do poder administrativo de decisão, e assim, em princípio, o parecerista pode vir a ter que responder conjuntamente com o administrador, pois ele é também
administrador nesse caso.” (grifos acrescidos).
Vale ressaltar que o parágrafo único do artigo 38 da Lei 8.666/1993 prescreve que
as minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios
ou ajustes, devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria
jurídica da Administração. O Ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, ao discorrer
sobre a responsabilidade do consultor jurídico, assim se pronunciou no voto
condutor do MS 24584/DF, de 9/8/2007, de sua relatoria:
“Daí a lição de Marçal Justen Filho em Comentários à Lei de Licitações
e Contratos Administrativos, 8ª edição, página 392, citada no parecer
da Consultoria Jurídica do Tribunal de Contas da União, no sentido de
que, ‘ao examinar e aprovar os atos da licitação, a assessoria jurídica assume responsabilidade pessoal solidária pelo que foi praticado’”.
Evite rebuscamento ou arcaísmos que podem comprometer a clareza ou
a correção gramatical.
Evitar Preferirtrancatório denegado
vergastado recorrido
ostilizada recorrida
espalma indica
empilha traz, coleciona
vazada, lançada proferida, consignada
em sede de Recurso no recurso
em sede extraordinária em instância extraordinária
sendo assim Assim
a teor nos termos, conforme, de acordo
no que pertine no que concerne, quanto a
nem tampouco tampouco
à hipótese na hipótese
descabe falar não há falar
Egrégio, Colendo egrégio, colendo
inobstante não obstante
abroquear fundamentar
apelo extremo recurso extraordinário
areópago tribunal
com espeque com base
com fincas com base
com supedâneo com base
estribado com base
excelso Sodalício Supremo Tribunal Federal
indigitado réu
peça incoativa petição inicial
petição de intróito petição inicial
peça increpatória denúncia
proemial delatória denúncia
1.3.2 Concisão
Ser conciso é informar o máximo em um mínimo de palavras. Não se deve,
no entanto, eliminar informação essencial apenas para reduzir-lhe o tamanho.
Os itens que nada acrescentam ao que já foi dito é que necessitam ser
eliminados. Mais que curtas e claras, as expressões empregadas devem ser
precisas. Observe exemplo a seguir.
A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais
alarmante de desempregados, problema que aflige principalmente os países
em desenvolvimento, tem alarmado as autoridades governamentais, guardiãs
perenes do bem-estar social, principalmente pelas consequências adversas
que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por
desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana que aterroriza a
família, esteio e célula-mater da sociedade.
Se esse mesmo trecho for reescrito sem a carga informativa
desnecessária, obtém-se um texto conciso e não prolixo:
O número cada vez maior de desempregados tem alarmado as autoridades
governamentais, pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade,
desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o
crescimento da violência urbana.
Recomendações:
a) revise o texto e retire palavras inúteis, repetições desnecessárias de ideias,
desmedida adjetivação e períodos extensos e emaranhados. Não acumule
pormenores irrelevantes. O Manual do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios afirma que, “nos documentos jurídicos, costumam-se empregar
diversos adjetivos para qualificar os substantivos a que se referem, como
pretório excelso, douto magistrado, augusto presidente, respeitável decisão,
elevado e digno ministro, sobrelevado órgão recursal, entre outros. Esses
adjetivos devem ser evitados, por não acrescentarem informação necessária
ao texto e por serem contrários aos princípios da concisão e da clareza;
b) dispense, sempre que possível, os verbos auxiliares, em especial ser, ter e
haver, pois a recorrência constante a eles torna a redação monótona,
cansativa;
c) prefira palavras breves. Entre duas palavras opte pela de menor extensão;
d) dispense, nas datas, os substantivos dia, mês e ano: no dia 12 de janeiro
(em 12 de janeiro), no mês de fevereiro (em fevereiro), no ano de 2012 (em
2012);
e) troque a locução verbo + substantivo pelo verbo: fazer uma viagem
(viajar), fazer uma redação (redigir), pôr as ideias em ordem (ordenar as
ideias), pôr moedas em circulação (emitir moedas);
f) use aposto em lugar de oração apositiva: O contrato previa a construção da
ponte em um ano, que era prazo mais do que suficiente (O contrato previa a
construção da ponte em um ano, prazo mais do que suficiente);
g) empregue particípio para reduzir orações: Agora que expliquei o título, passo
a escrever o texto (Explicado o título, passo a escrever o texto);
h) elimine, sempre que possível, os indefinidos um e uma: Dante quer (um)
inquérito rigoroso e rápido. Timor-Leste se torna (uma) terra de ninguém. A
cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva.
i) seja conciso nas correspondências também. Selecionei alguns exemplos:
Em vez de Escreva
Servimo-nos da presente para informar Informamos
Venho pela presente informar Informamos
Por intermédio desta comunicamos-lhes Comunicamos; informamos
Desejamos levar ao conhecimento de Informamos-lhes que
Se possível, gostaríamos que nos
informassem
Informem-nos sobre
Tendo chegado ao nosso conhecimento
que
Informados que
Levamos ao seu conhecimento Comunicamos; informamos
Vimos pela presente encaminhar-lhes Encaminhamos
Por intermédio desta solicitamos Solicitamos
Por obséquio, solicitamos que
verificassem
Solicitamos verificar
Formulamos a presente para solicitar Solicitamos
Vimos solicitar Solicitamos
Acusamos o recebimento Recebemos
Chegou-nos às mãos Recebemos
Encontra-se em nosso poder Recebemos
É com satisfação que acusamos o
recebimento
Recebemos
Temos a honra de convidar Convidamos
Temos a satisfação de comunicar Comunicamos
Vimos pela presente agradecer Agradecemos
Pedimos a gentileza de nos enviar Solicitamos nos enviem; enviem-nos
Efetivamos-lhes uma remessa de Remetemos-lhes
Ficamos no aguardo de suas notícias Aguardamos informações
Procedemos a escolha Escolhemos
Faça chegar às mãos de Envie a
Anexo à presente Anexo
Seguem em anexo Anexamos
Enviamos em anexo Enviamos
Conforme acordado De acordo
Conforme seguem abaixo relacionados Relacionados a seguir
Acima citado Citado
Antecipadamente gratos Agradecemos
Durante o ano de 2006 Em 2006
Com referência a Referente a
Sem outro particular para o momento Agradecemos a atenção
Sendo o que tinha a informar Agradecemos a atenção
Sem mais para o momento Agradecemos a atenção
Com estima e consideração Agradecemos a atenção
1.3.3 Formalidade e correção gramatical
A utilização do padrão formal de linguagem representa texto correto em
sua sintaxe, claro em seu significado, coerente e coeso em sua estrutura,
elegante em seu estilo. Ser culto não é ser rebuscado. As incorreções
gramaticais desmerecem o redator e a própria instituição. É comum encontrar
textos com verdadeiras acrobacias linguísticas com desprezível conteúdo.
Também não deve ser coloquial, com gírias, regionalismos etc.
Como produzir texto formal e simples?
1. evitar expressões e clichês do jargão burocrático e as formas arcaicas de
construção de frases, assim como o coloquialismo e a gíria;
inadequado adequadoao apagar das luzes no final
depois de longo e tenebroso inverno após muito tempo
dizer cobras e lagartos expressar abertamente
mestre Aurélio dicionário
obra faraônica obra grande
voltar à estaca zero retornar ao início
2. preferir, em qualquer ocasião, a palavra simples.
3. adotar como norma a ordem direta da frase, por ser a que conduz mais
facilmente o leitor à essência da mensagem.
Modelo de texto formal e simples
Encaminho a Vossa Excelência cópia do Acórdão n.º XX,
acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, adotado por este
Tribunal em Sessão XX.
2 Informo que o não cumprimento à decisão do Tribunal sujeita o
responsável à multa prevista no art. 58, § 1º, da Lei nº 8.443/92.
3. Por fim, solicito devolução imediata da 2ª via deste ofício, com o “ciente”
de Vossa Excelência.
1.3.4 Objetividade
A objetividade consiste em ir diretamente ao assunto com informação e
pensamento claro e concreto para o leitor. Não há espaço para rodeios. É
escrever ideias fundamentadas em fatos e(ou) interpretações lógicas. Observe
texto com falta de objetividade retirado de revista de grande circulação
nacional.
Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu espírito
durante os anos tão distantes da infância que não voltam mais e da qual
poucos traços guardo na memória, já que tantos anos se escoaram, a vocação
para a Engenharia é tarefa que pelas razões expostas, me é praticamente
impossível e, ouso acrescentar que, mesmo para um psicólogo acostumado a
investigar as profundezas da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo
árdua para não dizer impossível.
Observe texto com falta de objetividade retirado de revista de grande
circulação nacional.
Texto subjetivo
Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu espírito
durante os anos tão distantes da infância que não voltam mais e da qual
poucos traços guardo na memória, já que tantos anos se escoaram, a vocação
para a Engenharia é tarefa que pelas razões expostas, me é praticamente
impossível e, ouso acrescentar que, mesmo para um psicólogo acostumado a
investigar as profundezas da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo
árdua para não dizer impossível.
Texto objetivo
Investigar as causas principais que, na infância, despertaram em mim vocação
para a Engenharia é tarefa praticamente impossível, mesmo para um
psicólogo.
Texto subjetivo
O assassínio do Presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro,
quando percorria a cidade de Dallas, aclamado por numerosa multidão,
cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas, terra natal, aliás,
do seu sucessor, o Presidente Johnson, chocou a humanidade inteira não só
pelo impacto emocional provocado pelo sacrifício do jovem estadista
americano, tão cedo roubado à vida, mas também por uma espécie de
sentimento de culpa coletiva, que nos fazia, por assim dizer, como que
responsáveis por esse crime estúpido, que a História, sem dúvida, gravará
como o mais abominável do século.
Texto objetivo
O assassínio do Presidente Kennedy chocou a humanidade inteira, não só pelo
impacto emocional, mas também por um sentimento de culpa coletiva por um
crime que a História gravará como o mais abominável do século.
Como produzir texto objetivo?
1. usar frases curtas e evitar intercalações excessivas ou inversões
desnecessárias.
Inadequado: O maior país da América Latina – apesar de ainda desconhecer
seu potencial imenso – parece ter encontrado o caminho do progresso tão
esperado pela população.
Adequado: O Brasil parece ter encontrado o caminho do progresso.
2. eliminar os adjetivos que não contribuam para a clareza do pensamento.
Inadequado: A maravilhosa cidade de Brasília, capital do Brasil, representará
nosso imenso país.
Adequado: Brasília representará o Brasil.
3. cortar os advérbios ou as locuções adverbiais dispensáveis.
Inadequado: Desde sempre e nos dias de hoje, há necessidade de estudo.
Adequado: Há necessidade de estudo sempre.
4. ser econômico no emprego de pronomes pessoais, pronomes possessivos e
pronomes indefinidos. Evitar, por exemplo, um tal, um outro, um certo, um
determinado, pois termos indefinidos juntos não contribuem para maior clareza,
ao contrário, tornam o texto obscuro.
Inadequado: Um tribunal de São Paulo produziu um parecer contrário.
Adequado: Tribunal de São Paulo produziu parecer contrário.
5. procurar restringir o uso de conjunções e de pronomes relativos (que, qual,
cujo).
Inadequado: O processo que foi arquivado e que apresentava informações que
eram relevantes.
Adequado: O processo arquivado apresentava informações relevantes.
6. não usar expressões irrelevantes, pois tornam o texto artificial.
Inadequado: O STF, que fica em Brasília, decidiu assim.
Adequado: O STF decidiu assim.
7. não usar figuras de linguagem, frases ambíguas.
Inadequado: O tribunal é fogo para decidir.
Adequado: O tribunal é criterioso para decidir.
8. se puder optar, escolher a voz ativa.
Inadequado: A decisão foi divulgada pelo Tribunal.
Adequado: O Tribunal divulgou a decisão.
9. não externar opiniões, reunir fatos. Este tópico é muito importante em nosso
curso e será bem abordado no último módulo.
10. usar palavras específicas, pertinentes ao assunto. Outro tópico a ser
abordado com destaque no último módulo.
1.3.5 Simplicidade
Redigir com simplicidade significa escrever para o leitor. Se ele é
especialista na área de seu conhecimento, pode-se empregar linguagem mais
técnica. Se não, deve-se escrever com um vocabulário adequado à situação. O
bom senso estabelecerá o equilíbrio entre a linguagem técnica e a comum.
Com palavras adequadas e de conhecimento amplo, é possível escrever de
maneira direta e compreensível.
Recomendações:
a) evite expressões e clichês do jargão burocrático e as formas arcaicas de
construção de frases, assim como o coloquialismo e a gíria;
b) prefira, em qualquer ocasião, a palavra simples.
c) adote como norma a ordem direta da frase, por ser a que conduz mais
facilmente o leitor à essência da mensagem.
1.3.6 Estilo
O Manual do Senado afirma que há quem pretenda justificar como
particularidade de estilo o uso sistemático de figuras de retórica, de expressões
enviesadas e de tantos outros enfeites linguísticos que normalmente
comprometem a clareza do texto e dificultam sua compreensão.
Se tal uso é admissível nas peças literárias e nos discursos, que amiúde se
utilizam de linguagem refinada e grandiloquente, ele se revela inadequado à
redação jurídica, que devem primar pela clareza e objetividade.
O artigo 11 da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998,
aborda também o assunto. Observe as recomendações:
a) clareza, que torna o texto inteligível e decorre:
• do uso de palavras e expressões em seu sentido comum, salvo quando o
assunto for de natureza técnica, hipótese em que se empregarão a
nomenclatura e terminologia próprias da área;
• da construção de orações na ordem direta, evitando preciosismos,
neologismos, intercalações excessivas, jargão técnico, lugares-comuns,
modismos e termos coloquiais;
• do uso do tempo verbal, de maneira uniforme, em todo o texto;
• do emprego dos sinais de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos
estilísticos;
b) precisão, que complementa a clareza e caracteriza-se pela:
• articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da
ideia veiculada no texto;
• manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando
o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;
• escolha de expressão ou palavra que não confira duplo sentido ao texto;
• escolha de termos que tenham o mesmo sentido e significado em todo o
território nacional ou na maior parte dele, evitando o emprego de expressões
regionais ou locais;
c) coerência, que implica a exposição de ideias bem elaboradas, que tratam
do mesmo tema do início ao fim do texto em sequência lógica e ordenada. Isso
significa que o texto deve conter apenas as ideias pertinentes ao assunto
proposto;
d) concisão, alcançada quando se apresenta a ideia com o mínimo de
palavras possível, o que importa no uso de frases breves, na eliminação dos
vocábulos desnecessários e na substituição de palavras e termos longos por
outros mais curtos;
e) consistência, decorrente do emprego do mesmo padrão e do mesmo estilo
na redação do texto, o que evita a contradição ou dubiedade entre as ideias
expostas.
1.3.7 O que deve ser evitado
a) repetição de palavras e utilização de termos cognatas, tais como:
“designação” e “designado”, “compete” e “competente”, etc.;
b) uso de expressão ou palavra que configure duplo sentido no texto;
c) expressões regionais;
d) palavras ou expressões de língua estrangeira, exceto quando
indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de uso já
consagrado ou que não tenham exata tradução. Nesse caso, a palavra ou
expressão deve ser grafada em itálico ou entre aspas. Tomem-se como
exemplos: ad referendum ou “ad referendum”, royalties ou “royalties”.
e) divisão silábica. Caso isso seja inevitável, as recomendações a seguir darão
ao texto maior legibilidade e elegância: nunca dividir grupos vocálicos: ai, ui,
ão, etc.; não deixar letra isolada em uma linha; não deixar isoladas sílabas às
quais se possa atribuir outro sentido; não separar números; nos casos de
palavras compostas, não se deve repetir o hífen na linha seguinte; evitar a
separação de hiatos e de nomes próprios; evitar a separação de palavras de
língua estrangeira.
f) pleonasmo. Trata-se de repetição de termos que, em certos casos, têm
emprego legítimo, para conferir à expressão mais força, mais vigor, ou mesmo
por questão de clareza. Na frase Conheça-te a ti mesmo, atribuída a Sócrates,
a redundância (te = a ti) produz inegável efeito retórico. À exceção desses
casos, o pleonasmo constitui vício inadequado na linguagem formal.
Observe o fragmento a seguir:
Não provado o dano supostamente sofrido, nem tampouco o nexo de
causalidade entre a causa alegada e o prejuízo, impossível o deferimento de
indenização compensatória pleiteada. Recurso ordinário improvido.
Pode-se observar o emprego da construção nem tampouco. A
expressão “tampouco” já tem sentido negativo e equivale a também não. O
emprego da segunda negativa (nem) é, portanto, redundante. Aproveito para
explicar que a expressão “tampouco” deve ser empregada após oração
negativa, da qual deve ser separada por vírgula. Observe exemplo adequado:
Não provou o dano, tampouco o nexo de causalidade.
Segue lista de pleonasmos viciosos: abertura inaugural, acordo
amigável, adiar para depois, apenas tão só (apenas tão somente), apertada
síntese, breve alocução, cada um dos participantes, compartilhar com, criar
novos cargos, deferimento favorável, detalhe minucioso, elo de ligação, e nem,
encarar de frente, erário público, exceder em muito, expectativa futura,
experiência anterior, expressamente proibido, exultar de alegria (de felicidade),
fato verídico, frequentar constantemente, ganhar grátis, há dois anos atrás,
habitat natural, outra alternativa, panorama geral, peculiaridade própria, pessoa
humana, planejar antecipadamente, prever antes (antecipadamente),
prosseguir adiante, reincidir novamente, repetir de novo (outra vez), superávit,
positivo, supracitado acima (anteriormente), surpresa inesperada, todos foram
unânimes, tornar a repetir, totalmente lotado
g) chavão. É lugar comum, clichê. É o que se faz, se diz ou se escreve por
costume. De tanto ser repetido, o chavão perde a força original, envelhece o
texto. Recorrer a eles poderá denotar falta de imaginação, preguiça ou pobreza
vocabular. Por isso, deve-se procurar evitá-los. Exemplos de chavões:
a cada dia que passa
a olhos vistos
abrir com chave de ouro
acertar os ponteiros
ao apagar das luzes
assolar o país
astro-rei (sol)
baixar a guarda
cair como uma bomba
calor escaldante
crítica construtiva
depois de longo e tenebroso
inverno
dizer cobras e lagartos
em sã consciência
estar no fundo do poço
hora da verdade
inflação galopante
inserido no contexto
mestre Aurélio (dicionário)
obra faraônica
óbvio ululante
parece que foi ontem
passar em brancas nuvens
perda irreparável
perder o bonde da história
pomo da discórdia
silêncio sepulcral
singela homenagem
tábua de salvação
vaias estrepitosas
voltar à estaca zero
2_____________________________
Normatizações e padronizações
2.1 Elementos normativos
Artigo
O artigo é a unidade básica para apresentação, divisão ou agrupamento de
assuntos num texto legal. Pode desdobrar-se “em parágrafos ou em incisos; os
parágrafos em incisos; os incisos em alíneas e as alíneas em itens”. (Lei
Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, art. 10, II.)
Emprega-se a palavra artigo:
a) na forma abreviada (art.), seguida do ordinal até o art. 9o , dispensando-se o
ponto entre o numeral e o texto. A partir do art. 10, emprega-se o cardinal,
seguido de ponto:
Art. 5o Nas eleições proporcionais (...).
Art. 10. Cada partido poderá registrar (...).
b) por extenso, se vier empregada em sentido genérico ou desacompanhada
do numeral: Fez referência ao artigo anterior da lei.
O texto de um artigo inicia-se por maiúscula e encerra-se por ponto-final.
Quando se subdivide em incisos, a disposição principal, chamada caput (do
latim, cabeça), encerra-se por dois-pontos e as subdivisões encerram-se por
ponto-e-vírgula, exceto a última, que terminará por ponto-final.
Em citações, emprega-se a forma abreviada art., seguida de algarismo
arábico e do símbolo de numeral ordinal até o nove: O fundamento é o art. 5º
da Constituição. A partir do número dez, emprega-se apenas o algarismo
arábico correspondente: Fizemos referência ao art. 10.
Parágrafos
Os parágrafos são divisões imediatas do artigo e podem conter
explicações ou modificações da proposição anterior. São representados pelo
sinal gráfico §, forma entrelaçada dos esses iniciais da expressão latina signum
sectionis (sinal de seção, corte).
Usa-se o sinal gráfico §:
a) antes do texto do parágrafo, quando seguido de número. Emprega-se o
ordinal até o nono, dispensando-se o ponto entre o numeral e o texto. A partir
do § 10, emprega-se a numeração cardinal, seguida de ponto:
§ 1o Qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos poderá (...).
§ 11. A violação do disposto neste artigo sujeita (...).
b) nas citações e referências bibliográficas:
Agiu nos termos do art. 37, § 4o, da Constituição Federal.
Emprega-se o sinal gráfico duplo §§, quando seguido de número,
indicando mais de um parágrafo: O art. 32 e seus §§ 4o e 5o esclarecem o
assunto.
Usa-se a palavra parágrafo por extenso quando:
a) o parágrafo for único:
Art. 43. É permitida (...)
Parágrafo único. A inobservância dos limites estabelecidos (...);
A forma p. único somente será usada nas referências, entre parênteses: (art.
32, p. único, do Código Eleitoral).
b) o sentido for vago, indeterminado, e estiver desacompanhado do número:
Isso se refere ao parágrafo anterior.
O texto de um parágrafo inicia-se por maiúscula e encerra-se por ponto-
final. Quando se subdivide em incisos, empregam-se dois-pontos antes das
subdivisões, que se separam por ponto-e-vírgula, exceto a última, terminada
por ponto-final.
Incisos
Os incisos são usados como elementos discriminativos do caput de um
artigo ou de um parágrafo. Eles vêm após dois-pontos, são indicados por
algarismos romanos, seguidos de travessão e separados por ponto-e-vírgula,
exceto o último, que se encerra por ponto-final. As iniciais dos textos dos
incisos são minúsculas:
“Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I – o Tribunal Superior Eleitoral;
II – os tribunais regionais eleitorais;
III – os juízes eleitorais;
IV – as juntas eleitorais” (Constituição Federal).
Quando citado em ordem direta, o inciso deve ser grafado por extenso: a
alínea c do inciso V (...). Na ordem indireta, o nome inciso pode ser suprimido:
o art. 67, IX, c, do Regimento Interno.
Alíneas
As alíneas são desdobramentos dos incisos e vêm indicadas por letras
minúsculas seguidas de parênteses. Quanto às iniciais e à pontuação dos
textos das alíneas, empregam-se as mesmas regras dos incisos:
“Art. 14. (...)
§ 1o O alistamento eleitoral e o voto são:
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos” (Constituição Federal).
Quando citada em ordem direta, a alínea deve ser grafada por extenso: a
alínea c do inciso V (...). Na ordem indireta, o nome alínea pode ser suprimido:
o art. 67, IX, c, do Regimento Interno.
Itens
Os itens são desdobramentos das alíneas e vêm indicados por algarismos
arábicos. As letras iniciais e a pontuação dos textos dos itens seguem o padrão
dos incisos:
“Art. 1o São inelegíveis:
(...)
II – para presidente e vice-presidente da República:
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus cargos e
funções:
1 – os ministros de Estado;
2 – os chefes dos órgãos (...)” (Lei Complementar no 64, de 18 de maio de
1990).
Observações:
b) Por ser um termo latino, caput deve ser destacado (itálico ou negrito): O
caput do art. 91 da Constituição. Quando citado na ordem indireta, deve vir
entre vírgulas: O art. 91, caput, da Constituição.
c) Alguns manuais de redação oficial orientam a não empregar a abreviatura de
número. Assim, indicam: Lei 6.368/1976; Resolução 3/1999.
2.2 Pontuação com elementos normativos
Ao citar referências de elementos articulados, geralmente surgem dúvidas em
relação ao uso de vírgulas. Vamos esclarecer:
a) ordem direta crescente, ligada pela preposição “de”, não recebe vírgula: O processo está baseado nos incisos I e II do artigo 226 do Código Penal.
O advogado recorreu com base na alínea “d” do inciso III do artigo 593 do
Código de Processo Penal.
A autorização está fundamentada corretamente com base na alínea “b” do inc.
II do art. 10 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
Observe que, no último exemplo, a vírgula aparece somente por causa da data.
b) sequência em ordem indireta, mesmo com a preposição “de”, é separada por vírgula. Tal situação é regulada no art. 302, inc. III, do Código de Processo Penal.
O art. 5o, inc. XXXVI, da Constituição de 1988 repete a regra do art. 153, § 3o,
da Constituição de 1967.
Erros comuns:
A art. 14, “b” do Código de Processo Penal (faltou a vírgula após a alínea).
O art. 14, do Código de Processo Penal (não existe a vírgula após o número
do artigo, pois está na ordem crescente).
2.3 Pontuação em atos normativos
Dúvida comum é a existência ou não de vírgula antes da data do ato normativo:
A Portaria 8, de 20 de março de 2008 (com vírgula).
A Portaria 8 de 20 de março de 2008 (sem vírgula).
Há duas situações específicas:
a) algumas instituições numeram seus atos normativos de forma contínua. A
numeração segue sequência de ano para ano. Se a última portaria publicada
em dezembro foi número 18. Em janeiro do ano seguinte será 19. Assim, só
existe uma portaria com cada número naquela instituição. A data que
aparecerá em seguida indicará ideia explicativa.
b) outros órgãos optam por iniciar a cada ano nova numeração e retornam ao
número 1 em janeiro sempre. Assim, existem diversas portarias 1, 2, 3, 4 etc. A
data a seguir indicará ideia restritiva, pois indicará exatamente a que portaria
se refere.
Em nosso idioma, ideia explicativa deve aparecer com vírgula. Por isso, deve-
se colocar vírgula no caso dos atos normativos publicados pelas instituições
que seguem o primeiro caso:
Portaria 168, de 14 de junho de 2007 (só existe uma portaria com esse número
na instituição).
Nas instituições que seguem o segundo caso, a ideia passa a ser restritiva e
não pode ocorrer a vírgula.
Portaria 20 de 16 de outubro de 2005 (existem outras portarias com o número
20 na instituição. A ausência da vírgula indica ideia restritiva).
2.4 Referência a texto legal
A primeira referência a texto legal deve ser feita por extenso: Lei nº 8.177,
de 1o de março de 1991. Nas seguintes, pode-se empregar a forma reduzida:
Lei n° 8.177, de 1991 ou Lei nº 8.177/ 91. Portaria nº 10, de 20 de março de
2004. Nas seguintes: Portaria nº 10/2004.
Usa-se inicial maiúscula e por extenso quando há referência expressa a
um diploma legal: Lei nº 8.112; Portaria nº 28; Resolução nº 113; Decreto-Lei nº
2.354. Em sentido generalizado, usa-se com inicial minúscula: A lei é a fonte
imediata da justiça em um país.
Quando se tratar de referência à legislação, colocada entre parênteses, a
expressão pode ser abreviada: O referido dispositivo (DL 2.354/92).
2.5 Nomenclatura dos feitos
Em sentido generalizado, as iniciais devem ser minúsculas: O mandado de
segurança é o remédio adequado para. Deverão ser usadas iniciais maiúsculas
quando se tratar de um julgado específico: O Agravo de Instrumento nº
89.01.07582-6/MG. Habeas Corpus nº 90.01.02123-7/RO.
2.6 Pronomes de tratamento
O conhecimento adequado no uso dos pronomes de tratamento é
fundamental em instituições públicas. É necessário atenção para o seu uso em
três momentos distintos: no vocativo, no corpo do texto e no endereçamento.
Grafia
Não se devem abreviar os pronomes de tratamento no endereçamento, no
encaminhamento, no vocativo e em comunicações dirigidas a altas autoridades
dos Poderes da República e a altas autoridades eclesiásticas. A forma por
extenso demonstra maior respeito e deferência, sendo, pois, recomendável em
correspondência mais formal ou cerimoniosa.
Na correspondência interna, nada impede que se abrevie a forma de
tratamento no texto. Entretanto, é mais conveniente que se utilizem as formas
por extenso por serem mais elegantes e mais adequadas à norma culta da
língua portuguesa.
Concordância com o pronome de tratamento
Vossa: é empregado para a pessoa com quem se fala, a quem se dirige a
correspondência.
Sua: é empregado para a pessoa de quem se fala.
Concordância de pessoa
Os pronomes de tratamento, embora se refiram à pessoa com quem se
fala, concordam com a terceira pessoa. O verbo concorda com o substantivo
que integra a locução: Vossa Senhoria saberá encaminhar o problema.
Também os pronomes possessivos referentes a pronomes de tratamento são
sempre os da terceira pessoa: Solicito que Vossa Senhoria encaminhe seu
pedido (e não vosso pedido).
Concordância de gênero
Faz-se a concordância não com o gênero gramatical, mas com o sexo da
pessoa representada pelo pronome de tratamento. Ex.: Vossa Senhoria será
arrolado como testemunha; Vossa Excelência será informada imediatamente
sobre a solução dada ao caso; Diga a Sua Excelência que nós o aguardamos
no aeroporto.
Excelência ou Senhoria
São tratados por “excelência”:
Poder ExecutivoPresidente da República
Vice-Presidente da República
Ministros de Estado
Secretário-Geral da Presidência da República
Consultor-Geral da República
Advogado-Geral da União
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República
Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República
Secretários da Presidência da República
Procurador-Geral da República
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal
Chefes de Estado-Maior das Três Armas
Oficiais-Generais das Forças Armadas
Embaixadores
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios
Secretários de Estado dos Governos Estaduais
Prefeitos Municipais
Poder LegislativoPresidente, Vice-Presidente e membros da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal
Presidente e membros do Tribunal de Contas da União
Presidentes e membros dos tribunais de contas estaduais
Presidentes e membros das assembleias legislativas estaduais
Presidentes das câmaras municipais
Poder JudiciárioPresidente e membros do Supremo Tribunal Federal
Presidente e membros do Superior Tribunal de Justiça
Presidente e membros do Superior Tribunal Militar
Presidente e membros do Tribunal Superior Eleitoral
Presidente e membros do Tribunal Superior do Trabalho
Presidente e membros dos tribunais de justiça
Presidente e membros dos tribunais regionais federais
Presidente e membros dos tribunais regionais eleitorais
Presidente e membros dos tribunais regionais do trabalho
Juízes de Direito, Juízes Federais, Juízes do Trabalho, Juízes Eleitorais, Juízes
Militares,
Juízes-Auditores Militares
Procurador-Geral do Estado
Procurador de Estado
Membros do Ministério Público (Procuradores da República, Procuradores do
Trabalho, Procuradores da Justiça Militar, Promotores da Justiça Militar,
Procuradores de Justiça, Promotores de Justiça, Promotores de Justiça
Adjuntos) Membros da Defensoria Pública (Defensores Públicos)
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é
Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal,
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do
cargo respectivo:
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
No envelope (e no endereçamento em documentos como ofício) das
comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a
seguinte forma:
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Ministro de Estado da Justiça
70064-900 - Brasília-DF
A Sua Excelência o Senhor
Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70165-900 – Brasília/DF
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10ª Vara Cível
Rua ABC, nº 123
01010-000 – São Paulo/SP
Alguns órgãos apresentam o endereçamento com a substituição do “A Sua
Excelência o Senhor” por “Excelentíssimo Senhor”.
Ao Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Ministro de Estado da Justiça
70064-900 - Brasília-DF
Ao Excelentíssimo Senhor
Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70165-900 – Brasília/DF
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares.
O vocativo adequado é:
Senhor Fulano de Tal,
No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua ABC, nº 123
70123-000 – Curitiba-PR
Observações:
1. O Manual do Supremo recomenda não abreviar os pronomes de tratamento
em comunicações dirigidas a altas autoridades dos Poderes da República e a
altas autoridades eclesiásticas. A forma por extenso demonstra maior respeito
e deferência, sendo, pois, recomendável em correspondência mais formal ou
cerimoniosa.
2. A forma Vossa Magnificência é empregada em comunicações dirigidas a
reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo “Magnífico Reitor”.
3. Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia
eclesiástica, são: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O
vocativo correspondente é “Santíssimo Padre”. Vossa Eminência ou Vossa
Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe
o vocativo “Eminentíssimo Senhor Cardeal” ou “Eminentíssimo e
Reverendíssimo Senhor Cardeal”. Vossa Excelência Reverendíssima é usado
em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou
Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais
religiosos.
4. Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades
que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente
o uso do pronome de tratamento Senhor.
5. Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações
dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário
de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente em
Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a
desejada formalidade às comunicações.
6. Formas de tratamento consagradas na linguagem jurídica:
Substantivo AdjetivoAcórdão Venerando Acórdão
Câmara Colenda Câmara
Defensor Nobre Defensor
Juiz Meritíssimo Juiz
Juízo Digníssimo Juízo
Julgador Ínclito Julgador
Patrono Culto Patrono
Promotor Nobre Promotor
Relator Culto Relator
Sentença Respeitável Sentença
7. Observe quadro demonstrativo das formas de tratamento elaborado pelo
Manual de Padronização de textos do STJ.
Incluir anexo 1
2.7 Fechos para comunicações oficiais
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria nº 1 do Ministério da
Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e
uniformizá-los, padronizou-se somente dois fechos diferentes para todas as
modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades
estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados
no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
O título de representante diplomático ou cônsul não deve preceder o nome
da pessoa. Assim, escreva: o Senhor José da Silva, Embaixador do Brasil na
Itália; o Senhor José da Silva, Cônsul da Itália.
2.8 Identificação do signatário
As comunicações devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as
expede, com exceção daquelas assinadas pelo Presidente da República. Isso
facilita a identificação da origem das comunicações. Abaixo do nome de quem
assina, coloca-se o cargo ou função que o signatário ocupa na organização. A
forma da identificação deve ser a seguinte:
(espaço para assinatura)
José da Silva
Secretário-Geral
(espaço para assinatura)
JOSÉ DA SILVA
Ministro de Estado da Justiça
(espaço para assinatura)
JOSÉ DA SILVA
Secretário de Administração
Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará
O nome do signatário pode ser apresentado com apenas as iniciais
maiúsculas ou com todas as letras maiúsculas. A tendência é o emprego
apenas das iniciais maiúsculas. O cargo, no entanto, deve apresentar apenas
as iniciais maiúsculas. Evite-se, portanto:
José da Silva
MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
ou
JOSÉ DA SILVA
MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
Recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente.
Transfiram-se para essa página ao menos as duas linhas anteriores ao fecho.
Fazer uso do traço para a assinatura é considerado deselegante, porque
supõe a necessidade de “demarcar” um campo para o “correto” preenchimento
pelo subscritor. Dessa forma, em qualquer documento esse procedimento é
dispensável.
Observação: Em alguns documentos que normalizem situações
administrativas internas do próprio órgão (ato regulamentar, instrução
normativa, ordem de serviço, portaria e resolução), não se especifica o cargo
junto ao nome e à assinatura, visto que aquele já vem destacado no início do
documento.
2.9 Data
As datas devem ser grafadas com as seguintes normas, estabelecidas
pelo Decreto 4.176, de 28 de março de 2002 e consagradas em textos
jurídicos:
1. a localidade não pode sofrer abreviatura;
2. a unidade da federação não é obrigatória;
3. o primeiro dia é sempre ordinal. Não existe zero antes do número 2 ao 9;
4. o mês é minúsculo e por extenso;
5. não existe ponto entre o milhar e a centena no ano: 2012 (não: 2.012);
6. nos casos em que for cabível o uso da data abreviada (nunca na data do
documento), não se deve pôr zero à esquerda do número no dia e no mês:
5/6/2012 (não: 05/06/2012);
7. no interior do texto, as datas e os anos podem ser escritos de forma plena ou
abreviada. No entanto, em órgãos públicos, a preferência é pela forma extensa.
O primeiro dia do mês é designado com ordinal também. O Brasil proclamou a
independência em 7 de setembro de 1822. Entre 1986 e 1988, o Congresso
elaborou a atual Constituição brasileira, assinada em 8 de outubro de 1988.O
Brasil foi campeão mundial de futebol em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. O
documento foi assinado em 1º de abril de 2004;
8. se a data não estiver centralizada, indica-se o uso de ponto final. Brasília, 1º
de junho de 2010. Brasília, 2 de junho de 2010. Brasília-DF, 27 de junho de
2010;
9. datas que se tornaram efemérides são escritas por extenso: O Sete de
Setembro, o Quinze de Novembro, o Dois de Julho. Mas (dia 1º): o 1º de
Janeiro, o 1º de Maio;
10. as décadas podem ser mencionadas sem a referência ao século (salvo
quando houver possibilidade de confusão). O “milagre econômico” da década
de 70. Os anos 20 foram fortemente influenciados pela Semana de Arte
Moderna de 1922. Na década de 1850.
2.10 Numeração de documentos
Os documentos devem ser numerados em ordem crescente cronológica
ou, em situações especiais, de acordo com critério estabelecido pelo emissor.
Deve-se reiniciar a numeração a cada ano, a partir do número 1: Memorando
nº 8 / DGE.
A numeração é um dos indicadores de recuperação do documento.
Consiste, portanto, em informação que deve ser registrada com atenção, para
evitar a atribuição de um mesmo número a documentos diversos.
2.11 Folhas de continuação
Recomenda-se, principalmente em atos oficiais administrativos, indicar as
folhas de continuação com, no mínimo, as seguintes informações, entre
parênteses: número respectivo da folha sequencial, tipo do ato com a sua
numeração institucional e data. Exemplo: (Fl. 2 do Ofício nº 194 / GP, de
18.3.09). As folhas sequenciais não devem trazer o timbre apresentado na
primeira página.
2.12 Horas
1. O símbolo de horas é “h”, o de minutos é “min” e o de segundos é “s”, sem
ponto nem “s” indicativo de plural, sem espaço entre o número e o símbolo.
2. Na menção de horas apenas, não se usa o símbolo, mas a palavra hora(s),
por extenso: Encontro você às 14 horas.
3. Na menção de horas e minutos, usa-se o símbolo de horas, mas não há
necessidade de incluir o símbolo de minutos: Encontro você às 14h30.
4. Na menção de horas, minutos e segundos, usam-se os símbolos de horas e
minutos, mas não há necessidade de incluir o símbolo de segundos: Encontro
você às 14h30min22.
5. Em referência a horas, não se usa zero antes do numeral.
Observações:
a) Quando a referência for a período de tempo e não a hora, não se usa o
símbolo, mas as palavras hora(s), minuto(s), segundo(s), por extenso.
Recomenda-se, também, não usar algarismo:
A reunião se estendeu por quatro horas e vinte minutos.
A viagem dura dezoito horas.
O terremoto começou às 10h35min22 e durou quarenta e três segundos.
b) Na linguagem formal devem-se seguir as instruções anteriores, mesmo que
a leitura não corresponda exatamente à grafia:
A sessão terminou às 12h30 (na leitura: às doze horas e trinta minutos; às doze
e trinta; ao meio dia e meia).
c) As regras não se aplicam quando, em linguagem estritamente técnica, não
corresponderem à praxe ou a instruções específicas.
2.13 Siglas, abreviaturas e símbolos
2.13.1 Siglas
As siglas são empregadas para evitar a repetição de palavras e
expressões no texto. Na primeira citação, a expressão designada deve vir
escrita por extenso, de forma completa e correta, sempre antes da sigla ou do
acrônimo respectivo, que deve estar entre parênteses ou travessões e em
letras maiúsculas Exemplos: O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou
ontem mais uma medida restritiva. A discussão do Imposto Predial e Territorial
Urbano (IPTU) pela Câmara ainda promete alongar-se por muito tempo.
1. Pode-se dispensar a parte por extenso apenas para a representação do
nome dos partidos políticos, das empresas privadas ou quando a forma
abreviada já se tornou sinônimo do próprio nome: PSDB, Bradesco, FGTS. Em
caso de dúvida, prefira transcrever o significado da sigla.
2. Não se usam aspas nem pontos de separação entre as letras que formam a
sigla.
3. Com sigla empregada no plural, admite-se o uso de “s” (minúsculo) de plural,
sem apóstrofo: os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), 300 UPCs, 850 Ufirs
(não: TRE’s, Ufir’s). Esta regra não se aplica a sigla terminada com a letra s,
caso em que o plural é definido pelo artigo: os DVS (Destaques para Votação
em Separado). O plural também pode ser feito pela duplicação das letras. Ex.:
EEUU (Estados Unidos), HHCC (Habeas Corpus), RREE (Recursos
Extraordinários).
Maiúscula e minúscula em siglas
1. Siglas formadas por até três letras são grafadas com maiúsculas: ONU, PIS,
OMC. Não se deve fazer divisão silábica de sigla grafada em letras maiúsculas.
2. Siglas formadas por quatro ou mais letras, cuja leitura seja feita letra por
letra, são grafadas com maiúsculas: PMDB, INPC, INSS.
3. Siglas formadas por quatro ou mais letras que formem palavra pronunciável
são grafadas preferencialmente como nome próprio (apenas a primeira letra é
maiúscula): Otan, Unesco, Petrobras.
4. Siglas em que haja leitura mista (parte é pronunciada pela letra e parte como
palavra) são grafadas com todas as letras em maiúsculas: DNIT (Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), Veículos Automotores de Via
Terrestre), HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).
5. No caso de siglas consagradas que fogem às regras acima, deve-se
obedecer à sua grafia própria: CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas), MinC
(Ministério da Cultura), UnB (Universidade de Brasília). As letras minúsculas
são abreviaturas e não devem ser confundidas com as letras das siglas.
6. Siglas que não mais correspondam com exatidão ao nome por extenso
também devem ser acatadas, se forem as siglas usadas oficialmente: Embratur
(Instituto Brasileiro de Turismo), MEC (Ministério da Educação).
7. A sigla de órgãos estrangeiros formam-se com as letras da tradução do
nome do órgão em português, quando essa denominação é usual. Ex.: ONU
(Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Bird
(Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). Caso a
denominação não seja usual em nosso idioma, a sigla dos órgãos estrangeiros
formam-se com as letras do nome do órgão na língua estrangeira quando a
tradução portuguesa não é usual. Ex.: Nafta (North America Free Trade
Agreement/Acordo de Livre Comércio da América do Norte), Unesco (United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization/Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
8. A identificação de siglas pode ser pesquisada na obra Siglas brasileiras,
publicada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia –
IBICT.
9. O Supremo Tribunal Federal padronizou algumas siglas de uso no âmbito da
Corte a fim de facilitar as comunicações e a inclusão de dados nos sistemas
eletrônicos (Resolução 230/2002 e Instrução Normativa 26/2005, que se
referem às classes processuais e às unidades da estrutura orgânica da Casa).
Siglas dos processosAC – Ação Cautelar
ACO – Ação Cível Originária
ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade
AO – Ação Originária
AOE – Ação Originária Especial
AP – Ação Penal
AR – Ação Rescisória
Ag – Agravo
AI – Agravo de Instrumento
AgR – Agravo Regimental
ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
AS – Arguição de Suspeição
CR – Carta Rogatória
Cm – Comunicação
CC – Conflito de Competência
ED – Embargos de Declaração
EDv – Embargos de Divergência
EI – Embargos Infringentes
Ext – Extradição
HC – Habeas Corpus
HD – Habeas Data
Inq – Inquérito
IF – Intervenção Federal
MI – Mandado de Injunção
MS – Mandado de Segurança
MC – Medida Cautelar
Pet – Petição
PPE – Prisão Preventiva para Extradição
PA – Processo Administrativo
QO – Questão de Ordem
Rcl – Reclamação
RC – Recurso Criminal
RHC – Recurso em Habeas Corpus
RHD – Recurso em Habeas Data
RMI – Recurso em Mandado de Injunção
RMS – Recurso em Mandado de Segurança
RE – Recurso Extraordinário
RvC – Revisão Criminal
SE – Sentença Estrangeira
SEC – Sentença Estrangeira Contestada
SL – Suspensão de Liminar
SS – Suspensão de Segurança
STA – Suspensão de Tutela Antecipada
10. Siglas mais comuns
AABA – Associação Brasileira de Anunciantes.
Abap – Associação Brasileira de Agências de Publicidade.
Abecip – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança.
Abert – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.
ABI – Associação Brasileira de Imprensa.
Abifarma – Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica.
Abin – Agência Brasileira de Informações
ABL – Academia Brasileira de Letras
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
AEB – Agência Espacial Brasileira, vinculada ao Ministério da Ciência e
Tecnologia.
AGU – Advocacia-Geral da União
Aids – AcquiredImmunologicalDeficiencySyndrome (Síndrome da Deficiência
Imunológica Adquirida).
Ajuris – Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul
ALA – American Library Association/Associação Americana de Bibliotecas
Alca – Área de Livre Comércio das Américas
Amagis – Associação dos Magistrados
Amatra – Associação dos Magistrados do Trabalho
AMB – Associação Médica Brasileira ou Associação dos Magistrados
Brasileiros
ANA – Agência Nacional de Águas
Anac – Agência Nacional de Aviação Civil
Anamatra – Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho
Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações
ANC – Assembleia Nacional Constituinte
Ancine – Agência Nacional de Cinema e Vídeo
Andes – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica
Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
ANJ – Associação Nacional de Jornais.
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
ANS – Agência Nacional de Saúde
Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ANVS – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vinculada ao Ministério da
Saúde.
Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.
Apec – Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico.
BBacen ou BC – Banco Central do Brasil
BB – Banco do Brasil
BCN – Banco Central Europeu. European Central Bank (ECB), com sede em
Frankfurt, Alemanha.
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
Bird – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
BIS – Banco para Compensação Internacional
BM&F – Bolsa Mercantil e de Futuros
BMJ – Boletim do Ministério da Justiça
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Bovespa – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.
BRB – Banco de Brasília
CCade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica
Cadin – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público
Federal
CAN – Correio Aéreo Nacional
Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Ministério da Educação).
Caricom – Mercado Comum e Comunidade do Caribe.
CBL – Câmara Brasileira do Livro.
CC – Código Civil
CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (Senado Federal)
CCJC – Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (Câmara dos
Deputados)
CCom – Código Comercial
CCSivam – Comissão para Coordenacão do Projeto do Sistema de Vigilância
da Amazônia (Ministério da Defesa).
CCT – Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Ministério da Ciência e
Tecnologia).
CDB – Certificado de Depósito Bancário
CDC – Código de Defesa do Consumidor
CDD – Classificação Decimal de Dewey
CDDPH – Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Ministério da
Justiça).
CDU – Classificação Decimal Universal
Cebrap – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.
CEF – Caixa Econômica Federal
Cenafor – Fundação Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para a
Formação Profissional
CEP – Código de Endereçamento Postal
Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Comission
Económica para América Latina y el Caribe), integra o sistema ONU, sediada
em Santiago, Chile.
Cespe – Centro de Seleção e de Promoção de Eventos134
CF – Constituição Federal
CFE – Conselho Federal de Educação (Ministério da Educação).
CGC – Cadastro Geral de Contribuintes
CGJ – Corregedoria-Geral de Justiça
CGT – Central Geral dos Trabalhadores
CGU – Corregedoria-Geral da União
CIA – Agência Central de Inteligência (Estados Unidos)
CIC – Cartão de Identificação do Contribuinte
CID – Classificação Internacional de Doenças
Ciee – Centro de Integração Empresa – Escola
Cimi – Conselho Indigenista Missionário, sediado em Brasília.
Cindacta – Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CJF – Conselho da Justiça Federal
CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.
CMN – Conselho Monetário Nacional
CNA – Confederação Nacional da Agricultura.
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sediada em Brasília.
CNC – Confederação Nacional do Comércio.
CNDM – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Ministério da Justiça).
CNE – Conselho Nacional de Educação
CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear (Ministério da Ciência e
Tecnologia).
CNI – Confederação Nacional da Indústria, com sede em Brasília.
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
CNPCP – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNPS – Conselho Nacional de Previdência Social
CNS – Conselho Nacional de Saúde
CNSS – Conselho Nacional de Seguridade Social
CNT – Código Nacional de Trânsito
CNTI – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria, com sede em
Brasília.
COB – Comitê Olímpico Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro.
Codevasf – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba (Ministério da Integração Nacional).
Cofins – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
COI – Comitê Olímpico Internacional (Comité International Olympique), com
sede em Lausanne, Suíça.
Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente (Ministério do Meio
Ambiente).
Conamaz – Conselho Nacional da Amazônia Legal (Ministério do Meio
Ambiente).
Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Ministério da Justiça).
Conar – Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária.
Conaren – Conselho Nacional dos Recursos Hídricos (Ministério do Meio
Ambiente).
Conasp – Conselho Nacional de Segurança Pública (Ministério da Justiça).
Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.
Contran – Conselho Nacional de Trânsito
Copom – Comitê de Política Monetária, do Banco Central.
CP – Código Penal
CPC – Código de Processo Civil
CPF – Cadastro de Pessoa Física
CPM – Código Penal Militar
CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.
CPP – Código de Processo Penal
CPPM – Código de Processo Penal Militar
CSM – Conselho Superior da Magistratura
CTB – Código de Trânsito Brasileiro
CTN – Código Tributário Nacional
CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (Ministério da Ciência
e Tecnologia).
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social
CUT – Central Única dos Trabalhadores
CUT – Central Única dos Trabalhadores, com sede em São Paulo.
CVM – Comissão de Valores Mobiliários (Ministério da Fazenda).
DDAC – Departamento de Aviação Civil (Ministério da Defesa).
Darf – Documento de Arrecadação de Receitas Federais
Dataprev – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social
(Ministério da Previdência e Assistência Social).
Dataprev – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social
Denatran – Departamento Nacional de Trânsito
DER – Departamento de Estradas e Rodagem
Detran – Departamento de Trânsito
Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
Dieese – Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
Dirf – Declaração de Imposto de Renda na Fonte
DJ – Diário da Justiça
DJE – Diário da Justiça do Estado
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
DODF – Diário Oficial do Distrito Federal
DOE – Diário Oficial do Estado
Dops – Departamento de Ordem Política e Social
DOU – Diário Oficial da União
DPF – Departamento de Polícia Federal
EEBC – Empresa Brasil de Comunicação
EC – Emenda Constitucional
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
ECT – Empresa de Correios e Telégrafos
Eletrobrás – Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações S/A
Embratur – Empresa Brasileira de Turismo
Enap – Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Enem – Exame Nacional do Ensino Médio
EOAB – Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
Esaf – Escola de Administração Fazendária
ESG – Escola Superior de Guerra (Ministério da Defesa).
ETA – Euskadi Ta Askatasuna, organização terrorista separatista do País
Basco, Espanha.
FFAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(Food and Agriculture Organization), com sede em Roma, Itália.
FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador
FBI – Birô Federal de Investigação (Federal Bureau ofInvestigation), com sede
em Washington, DC, EUA.
FBN – Fundação Biblioteca Nacional
Fed – Banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), sediado em
Washington, DC, EUA.
Fenabran – Federação Brasileira das Associações de Bancos.
Fenabrave – Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores.
Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas.
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FID – Federação Internacional de Documentação
Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Fifa – Federação Internacional de Futebol (Fédération Internationale de
Football Association), sediada em Zurique, na Suíça.
Finep – Financiadora de Estudos e Projetos
Finex – Fundo de Financiamento às Exportações.
Finor – Fundo de Investimento do Nordeste
Finsocial – Fundo de Investimento Social
Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz (Ministério da Saúde).
Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
FMI – Fundo Monetário Internacional
FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação
FUB – Fundação Universidade de Brasília
Funai – Fundação Nacional do Índio
Fundef – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Funrural – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural
Fust – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações.
GGDF – Governo do Distrito Federal
HHBB – Hospital de Base de Brasília
HFA – Hospital das Forças Armadas
IIbama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (entidade não-
governamental que acompanha a aplicação de verbas públicas em projetos
sociais no país, elaborando estatísticas que servem de base para estudos de
programas alternativos), sediado no Rio de Janeiro.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ibict – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
Ibope – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
ICV – Índice do Custo de Vida
IGP – Índice Geral de Preços
IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado
IML – Instituto Médico Legal
INCC – Índice Nacional de Custos da Construção.
Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Indesp – Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (Ministério do
Esporte e Turismo).
Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Infraero – Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
Inmet – Instituto Nacional de Meteorologia
Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Ministério da Ciência e
Tecnologia).
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor.
Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Inpi – Instituto Nacional da Propriedade Industrial
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras
IP – Inquérito Policial
IPA – Índice de Preços por Atacado.
IPC – Índice de Preços ao Consumidor.
IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo.
Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados
IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano
IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
IR – Imposto de Renda
IRPF – Imposto de Renda da Pessoa Física
IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica
IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
ISBN – International Standard Book Number(ing) System
ISO – International Organization for Standardization
ISO – International Standard Organization/Organização Internacional de
Normalização
ISS – Imposto sobre Serviços
ISSN – International Standard Serial Number/Número Internacional
Padronizado de Publicações Seriadas
ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica
ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis
ITR – Imposto Territorial Rural
IVC – Instituto Verificador de Circulação.
JJF – Justiça Federal
LLC – Lei Complementar
LCH – Lei dos Crimes Hediondos
LCP – Lei das Contravenções Penais
LDA – Lei dos Direitos Autorais
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias
LEF – Lei das Execuções Fiscais
LEP – Lei de Execução Penal
LF – Lei de Falências
LIC – Lei de Incentivo à Cultura
LICC – Lei de Introdução ao Código Civil
LICP – Lei de Introdução ao Código Penal
LICPP – Lei de Introdução ao Código de Processo Penal
LMS – Lei de Mandado de Segurança
LOA – Lei Orçamentária Anual
Loman ou Lomn – Lei Orgânica da Magistratura Nacional
Lops – Lei Orgânica da Previdência Social
LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal
LSN – Lei de Segurança Nacional
LTN – Letra do Tesouro Nacional
MMapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MC – Ministério das Comunicações
MCE – Mercado Comum Europeu
MCidades – Ministério das Cidades
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
MD – Ministério da Defesa
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MDN – Ministério da Defesa Nacional
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
ME – Ministério do Esporte
MEC – Ministério da Educação
Mercosul – Mercado Comum do Cone Sul
MF – Ministério da Fazenda
MHN – Museu Histórico Nacional
MI – Ministério da Integração Nacional
MinC – Ministério da Cultura
MJ – Ministério da Justiça
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MME – Ministério de Minas e Energia
MP – Medida Provisória
MP – Ministério Público
MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura
MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
MPE – Ministério Público Estadual
MPF – Ministério Público Federal
MPM – Ministério Público Militar
MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MPS – Ministério da Previdência Social
MPT – Ministério Público do Trabalho
MPU – Ministério Público da União
MRA – Ministério da Reforma Agrária
MRE – Ministério das Relações Exteriores
MS – Ministério da Saúde
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
MT – Ministério dos Transportes
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
MTur – Ministério do Turismo
NNafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North American Free
Trade Agreement).
Nasa – National Aeronauticsand Space Administration (Administração Nacional
de Aeronáutica e Espaço dos EUA).
NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira
Novacap – Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OOAB – Ordem dos Advogados do Brasil
OCDE – Organização Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
OEA – Organização dos Estados Americanos
OGU – Orçamento Geral da União
OIT – Organização Internacional do Trabalho (International Labour
Organization), sede em Genebra, Suíça.
OLP – Organização para a Libertação da Palestina.
OMC – Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization), que
consolidou em uma única organização os signatários do extinto Acordo Geral
de Tarifas e Comércio (Gatt). Tem sede em Genebra, Suíça.
Ompi – Organização Mundial da Propriedade Intelectual (World Intellectual
Property Organization), integrante do sistema das Nações Unidas, com sede
em Genebra, Suíça.
OMS – Organização Mundial da Saúde (World Health Organization), integrante
do sistema das Nações Unidas, sediada em Genebra, Suíça.
ONG – Organização Não-Governamental
Onip – Organização Nacional da Indústria do Petróleo
ONS – Operadora Nacional do Sistema Elétrico
ONU – Organização das Nações Unidas (United Nations), com sede em Nova
York.
Opas – Organização Pan-Americana de Saúde (Pan American Health
Organization), que tem sede em Washington, DC, EUA. Entidade regional da
OMS.
Opep – Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Organization of the
Petroleum Exporting Countries), com sede em Viena, Áustria.
Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte (aliança militar dos países
ocidentais liderada pelos EUA)
OTN – Obrigação do Tesouro Nacional
PPAD – Processo Administrativo Disciplinar
PAS – Programa de Avaliação Seriada
Pasep – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador
PCCS – Plano de Carreira, Cargos e Salários
PEA – População Economicamente Ativa
Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A.
PF – Polícia Federal
PGE – Procuradoria-Geral do Estado
PGJ – Procuradoria-Geral de Justiça
PGR – Procuradoria-Geral da República
PIB – Produto Interno Bruto.
Pibic – Programa Internacional de Iniciação Científica
PIS – Programa de Integração Social
PM – Polícia Militar
PMDF – Polícia Militar do Distrito Federal
PME – Pesquisa Mensal de Emprego.
PNB – Produto Nacional Bruto
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (United
Nations Development Programme), que tem sede em Nova York.
PPA – Plano Plurianual
PR – Presidência da República
Procon – Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor
Prodasen – Centro de Processamento de Dados do Senado
Prodecon – Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor
Proer – Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema
Financeiro Nacional.
Pronai – Programa Nacional de Apoio à Infância.
PRR – Procuradoria Regional da República
PRT – Procuradoria Regional do Trabalho
PSS – Plano de Seguridade Social do Servidor Público Civil da União
RRadiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação S.A.
RF – Receita Federal
RFB – Receita Federal do Brasil
RISTF – Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
RISTJ – Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça
RJTSE – Revista de Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral
RSTJ – Revista do Superior Tribunal de Justiça
RTJ – Revista Trimestral de Jurisprudência
SSebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
Senad – Secretaria Nacional Antidrogas (Presidência da República).
Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Serpro – Serviço Federal de Processamento de Dados
Sesc – Serviço Social do Comércio.
Sesi – Serviço Social da Indústria.
Siafi – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal
Siape – Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos
Sicaf – Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores
Sistema S – Conjunto dos serviços sociais e de aprendizagem dos
trabalhadores (Senai, Sesc, Sesi, Senac).
Sivam – Sistema de Vigilância da Amazônia (Ministério da Defesa).
SPC – Serviço de Proteção ao Crédito
SRF – Secretaria da Receita Federal (atual RFB)
STF – Supremo Tribunal Federal
STJ – Superior Tribunal de Justiça.
STJD – Superior Tribunal de Justiça Desportiva
STM – Superior Tribunal Militar.
STN – Secretaria do Tesouro Nacional
Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus (Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
SUS – Sistema Único de Saúde
Susep – Superintendência de Seguros Privados (Ministério da Fazenda).
TTAC – Tribunal de Alçada Civil
Tacrim – Tribunal de Alçada Criminal
TCE – Tribunal de Contas do Estado
TCM – Tribunal de Contas dos Municípios
TCU – Tribunal de Contas da União
Terracap – Companhia Imobiliária de Brasília
TJ – Tribunal de Justiça
TJ – Tribunal de Justiça; Tribunal do Júri.
TJAC – Tribunal de Justiça do Estado do Acre
TJAL – Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas
TJAM – Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas
TJAP – Tribunal de Justiça do Estado do Amapá
TJBA – Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
TJCE – Tribunal de Justiça do Estado do Ceará
TJD – Tribunal de Justiça Desportiva
TJDFT – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
TJES – Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo
TJGO – Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
TJMA – Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão
TJMG – Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
TJMS – Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
TJMT – Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso
TJPA – Tribunal de Justiça do Estado do Pará
TJPB – Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba
TJPE – Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco
TJPI – Tribunal de Justiça do Estado do Piauí
TJPR – Tribunal de Justiça do Estado do Paraná
TJRJ – Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
TJRN – Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte
TJRO – Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia
TJRR – Tribunal de Justiça do Estado de Roraima
TJRS – Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
TJSC – Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
TJSE – Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe
TJSP – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
TJTO – Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
TPI – Tribunal Penal Internacional
TRE – Tribunal Regional Eleitoral.
TRF – Tribunal Regional Federal
TRT – Tribunal Regional do Trabalho.
TSE – Tribunal Superior Eleitoral.
TST – Tribunal Superior do Trabalho.
UUbes – União Brasileira de Estudantes Secundaristas.
UDR – União Democrática Ruralista, com sede em Brasília.
UE – União Europeia (European Union), antiga Comunidade Econômica
Europeia, tem sua sede em Bruxelas, Bélgica.
Ufir – Unidade Fiscal de Referência
UIT – União Internacional de Telecomunicações.
UnB – Universidade de Brasília
UNE – União Nacional dos Estudantes.
Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(United NationsEducational, Scientificand Cultural Organization), sediada em
Paris, França.
Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância (United
NationsChildren’sFund), que tem sede em Nova York.
URV – Unidade Real de Valor
USP – Universidade de São Paulo
VVEC – Vara de Execuções Criminais
2.13.2 Abreviatura
A abreviatura é a escrita reduzida de uma palavra ou locução e pertence ao
estudo de processo de formação de palavras de nosso idioma. Trata-se de
corte na palavra, com ou sem a omissão de alguma letra anterior, aceito nos
casos em que há interesse máximo na síntese dos dados. Apesar do uso cada
vez mais frequente, a prática da abreviação vocabular ainda não deixou de
gerar controvérsias. A manual de redação do Supremo Tribunal Federal
orientar a evitar sempre que possível o uso de palavras abreviadas, sobretudo
no interior de uma frase; abreviaturas são mais usadas em textos específicos,
como dicionários e formulários.
1. Admite flexão de gênero, número e grau: Sr. ou Sra.; prof. ou profs.; D. ou
DD.
2. O termo “S. A.”, embora tenha a aparência de sigla, constitui a abreviatura
das palavras “sociedade” e “anônima”. Por isso, exige o uso do ponto, que não
pode ser substituído por barra.
3. Para abreviar, sempre que possível termine a abreviatura em consoante.
Ex.: ac. (acórdão), rel. (relator). Se a palavra é cortada em um grupo de
consoantes, todas estas devem aparecer na abreviatura. Ex.: inst. (instituição),
secr. (secretaria). Independentemente de a abreviatura terminar em vogal ou
consoante, coloque sempre o ponto final. Ex.: ago. (agosto), téc. (técnica).
4. Há palavras cujas abreviaturas podem ser formadas pela combinação de
suas consoantes ou de suas iniciais e suas últimas consoante e vogal. Ex.: dz.
(dúzia), vl. (valor).
5. Se, na parte constante da abreviatura, aparece o acento gráfico da palavra,
deve ele permanecer. Ex.: pág. (página), déb. (débito).
6. Em palavras compostas ligadas por hífen, deve ele ser mantido na
abreviatura. Ex.: secr.-ger. (secretaria-geral), proc.-ger. (procurador-geral).
7. A inicial poderá ser maiúscula ou minúscula de acordo com as normas da
ortografia oficial do novo Acordo ortográfico em relação à palavra por extenso.
Ex.: R. (Rua) das Laranjeiras ou r. (rua) das Laranjeiras, Dr. (Doutor) Albert
Einstein, tel. (telefone), fl. (folha).
8. O ponto abreviativo, quando coincide com o ponto-final, acumula a função
deste, por isso deve-se evitar a repetição: Foram convidados para o debate:
políticos, professores, engenheiros etc.
9. Os meses são abreviados com as três letras iniciais. Se for escrito todo em
letras maiúsculas, dispensa-se o ponto. Se for escrito apenas com a inicial
maiúscula ou todo em letras minúsculas, deverá aparecer o ponto abreviativo.
Não se abrevia o mês de maio. Ex.: JAN, Jan., jan.
10. Existem abreviaturas que podem ser reduzidas com variações: a.C. ou A.C.
(antes de Cristo); f., fl. ou fol. (folha).
11. Existem abreviaturas que representam mais de uma palavra: p. (página, pé,
palmo).
12. Não se abreviam nomes geográficos, a não ser os estados da Federação e
casos mundialmente aceitos: DF (Distrito Federal), SP (São Paulo), USA
(Estados Unidos da América), UK (Reino Unido). Portanto, as cidades
brasileiras são sempre grafadas por extenso: Rio de Janeiro, São Paulo etc.
13. Por praticidade, as abreviaturas podem ser grafadas sem sobrelevação,
seguidas de ponto (Cia., Dra., V. Exma.), desde que não formem palavras
inadequadas, como profa. (professora), amo. (amigo), nº (número). Tal recurso
não é muito empregado em textos jurídicos.
14. Também não se abreviam palavras com menos de cinco letras. Exceções:
h (hora), id. (idem), S. (São), t. (tomo), v. (ver, veja, vide), S (Sul).
15. As unidades de peso e medida são abreviadas quando seguem os
numerais: 10 g, 24 ml. Abreviaturas das unidades de medida não têm plural
nem ponto: centímetro (cm), metro (m), segundo (s), grama (g), milímetro
(mm), quilograma (kg), quilômetro (km). Quando apresentadas isoladamente,
devem ser gradas por extenso: grama, mililitro.
16. os plurais também comportam abreviatura, sendo geralmente indicados
pelo acréscimo da letra “s” antes do ponto que indica o corte. Todavia, alguns
plurais são indicados pela duplicação da letra. Exemplos: sécs. XV e XVI; págs.
54 e 55; fls. 56 e segs.; srs.; dras.; S. Sas.; V. Exas.; AA. (autores); EE.
(editores). Observe que o “S.” de “Sua Senhoria” e o “V.” de “Vossa Excelência”
ficam invariáveis nos exemplos acima. Isso porque não há forma abreviada
plural para os possessivos integrantes dos pronomes de tratamento. Tampouco
se pluraliza a abreviatura de “dons” ou “donas”. Além do plural, a duplicação da
letra pode também indicar o superlativo: D. (digno), DD. (digníssimo).
17 Ressalte-se, a propósito, que não se usa a abreviatura “n°” antes do
numeral que discrimina o logradouro, mas sim a vírgula, nem se marca a
separação das ordens ou classes com espaço ou ponto. No caso de referência
a caixa postal, é vedado o uso tanto da abreviatura de “nº” quanto da vírgula:
Caixa Postal 4352.
18. as abreviaturas do sistema de unidades de medida, ao contrário das
demais,
não recebem ponto nem plural, são grafadas com letras minúsculas e
separadas por espaço do número que normalmente acompanham. Exemplos:
289 t; 3 kg; 45 g; 130 m; 12 km; 1 h; 22 h; 7 min, 18 s; 50 l; 600 ml; 27 ha.
Observações: Só se suprime o espaço entre a abreviatura e o número diante
da possibilidade de fraude e no caso de transcrição completa de horário (hora e
minutos ou hora, minutos e segundos). Exemplos: 9h57min; 1h20min;
18h16min14s.
Não se abrevia unidade de medida não determinada e tampouco se misturam
abreviaturas com medidas transcritas por extenso.
19. As abreviaturas de colendo, egrégio e eminente ainda não foram
registradas em livros, contudo são frequentes no meio jurídico.
20. Abreviaturas de títulos, postos e formas de tratamento:
almirante − alm.
arcebispo − arceb./arco.
bacharel/bachareis − bel./béis.
bacharela/bacharelas − bela./belas.
bispo − bpo.
brigadeiro − brig.
cardeal − card.
capitão − cap.
colendo − col.
comandante −com./comte.
comendador − comend.
cônego − côn./côno.
coronel − cel.
desembargador(a) − desemb(a)./desdor(a).
dom/dona − D.
doutor/doutora − Dr./Dra.
egrégio − eg.
embaixador − emb.
eminente − em.
eminentíssimo − emmo.
excelentíssimo − exmo.
general – gen./gal.
ilustríssimo − ilmo.
licenciado − ldo.
madame − mme.
major − maj.
marechal − mal.
meritíssimo(a) − MM.
ministro(a) − min.
monsenhor − mons.
padre − p./pe.
pároco − páro.
presidente − pres./presid.
procurador − proc.
professor/professora − prof./profa.
reverendíssimo − revmo.
reverendo − rev./revdo.
sargento − sarg.
senhor/senhora − Sr./Sra.
senhorita − Srta./Sta.
tenente − ten.
Vossa Eminência − V. Ema.
Vossa Excelência – V. Exa.
Vossa Magnificência − V. Maga.
Vossa Reverendíssima − V. Revma.
Vossa Senhoria – V. Sa.
Sua Eminência − S. Ema.
Sua Excelência – S. Exa.
Sua Reverendíssima − S. Revma.
21. As abreviaturas dos nomes das unidades da Federação são constituídas
por duas letras maiúsculas sem ponto:
Acre − AC
Alagoas – AL
Amapá – AP
Amazonas – AM
Bahia – BA
Ceará – CE
Distrito Federal – DF
Espírito Santo − ES
Goiás – GO
Maranhão – MA
Mato Grosso – MT
Mato Grosso do Sul – MS
Minas Gerais – MG
Pará − PA
Paraíba − PB
Paraná – PR
Piauí − PI
Pernambuco – PE
Rio de Janeiro – RJ
Rio Grande do Norte – RN
Rio Grande do Sul − RS
Rondônia − RO
Roraima − RR
Santa Catarina − SC
São Paulo − SP
Sergipe − SE
Tocantins − TO
6. Abreviaturas dos meses:
jan.
fev.
mar.
abr.
maio (não se abrevia maio)
jun.
jul.
ago.
set.
out.
nov.
jun.
dez.
7. Abreviaturas de vias, lugares públicos e palavras usadas em
endereçamentos são escritas com iniciais maiúsculas:
alameda − Al.
apartamento – Ap.
avenida − Av.
beco − B.
bloco – Bl.
casa – C.
caixa postal – C.P.
conjunto − Conj.
edifício − Ed./Edif.
estrada − Est.
jardim − Jd.
largo − L.
loja − Lj.
parque − Pq.
praça − P.
rua − R.
quadra − Q.
sala – Sl.
sobreloja − S/l
travessa − Trav.
vila − V.
Abreviaturas mais comuns
Aabreviação – abrev.
abreviatura − abrev.
abril- abr.
absolutamente − abs.
absoluto − abs.
academia- acad.
acórdão − ac.
acusativo − ac.
adaptação − adapt.
adjetivo − adj.
adjetivo de dois gêneros e dois números − adj. 2g. 2n.
adjunto − adj.
adjunto adverbial − adj. adv.
administração − adm.
administrativo- adm.
advérbio − adv.
advogado − advo.
aeronáutica- aer.
agência- ag.
agente administrativo - ag. adm.
aglomerado − agl.
aglutinação − agl.
agosto- ago.
agricultura − agr./agric.
ajudante- aj. ouajte.
alameda - al.
altitude − alt.
altura − alt.
alvará − alv.
análise- anal.
anatomia − anat.
Anno Domini− A.D.
Ante meridiem (antes do meio-dia) - a. m.
antes de Cristo - a.C. ou A.C.
antigo − ant.
antigo, antigamente - ant.
antônimo − ant.
ao ano − a.a.
ao mês – a.m.
apartamento- ap. ou apart.
aprovado, apostila, apud (em) - ap.
aproximado- aprox.
arcebispo- arco.
aresto- ar.
Aritmética - Arit.
Arquitetura - Arquit.
arquivo- arq.
artigo, artigos - art., arts.
aspirante- asp.
assembleia − assemb.
assessor, assessoria, associação, assembleia- ass.
assinado(a) − a.
assinado, assinados - (a), (aa) ou a., aa.
assinados(as) − aa.
atenciosamente- atte.
atendente judiciário - atde. jud.
atestado- at.
atestado − at.
aumentativo − aum.
autor − A.
autores − AA.
auxiliar- aux.
auxiliar judiciário - aux. jud.
avenida - aven.
aviador, avenida - av.
Bbacharel, bachareis - bel., béis.
batalhão − btl.
beco - b.
bibliografia − bibl.
biblioteca − bibl.
biologia − biol.
bitransitivo − bitr.
boletim – bol.
brasileiro- bras.
Ccadeira- cad.
caixa − cx.
capítulo, capítulos - cap., caps.
cardinal − card.
cartonado, cartonados - cart., carts.
catálogo, catálogos - cat., cats.
cavalaria − cav.
centavo, centavos - ct., cts.
Centro-Oeste − C. O.
cerimonial- cerim.
chefe, chefia - ch.
cidade(s) − cid.
circular − circ.
circunscrição administrativa - circ. adm.
citado(s), citação - cit.
classe(s) - cl.
clássico − clás.
código/códigos − cód./códs.
cognato − cog.
colaborador − col.
colégio − col.
coletivo − col.
coluna, colunas, colaborador, colaboradores, colégio, colégios - col., cols.
com- c/
comandita- cta.
comarca − c.
Companhia - Cia.
comparativo − comp.
comparativo de inferioridade − comp. infer.
comparativo de superioridade − comp. super.
compare- cp.
complemento − compl.
composto − comp.
comprimento- compr.
computador- compt.
comunicação- com.
comunicação − comunic.
conclusão − concl.
conclusivo − concl.
concreto − concr.
condicional − cond.
confira, confronte - cf., cfr.
conforme- cfe., conf.
confronte (com) − cf./cfr.
Congresso Nacional − CN
conjunção − cj.
conjunto − conj.
consecutivo − consec.
consoante − cons.
Constituição Federal − CF
construção- constr.
contador, contabilidade - cont.
contração, contrato - contr.
convênio, convenente, conveniado - conv.
coordenativo − coord.
copiado, cópia - cop.
crédito − créd.
cronologia − cron./cronol.
cronológico- cron.
cumprimento- cumpto.
Ddécada − déc.
decoração − decor.
decreto − dec.
decreto-lei − DL
definido − def.
demonstrativo- demonstr.
departamento − dep.
departamento, depósito - dep.
depois de Cristo - d.C., D.C.
derivação − der.
desconto − desc.
designação − design.
desinência − desin.
despesa − desp.
dezembro- dez.
Diário Oficial da União – DOU
dicionário- dic.
diferente- dif.
digitador, digitado - dig.
diminutivo − dim.
diploma − dipl.
diplomacia − dipl.
diplomática − diplom.
direito − dir.
direito canônico − dir. can.
direito civil − dir. civ.
direito comercial − dir. com.
direito constitucional − dir. const.
direito das sucessões − dir. suc.
direito de família – dir. fam.
direito eclesiástico − dir. ecles.
direito esportivo − dir. esport.
direito falimentar − dir. fal.
direito fiscal − dir. fis.
direito industrial − dir. ind.
direito internacional privado − dir. int. priv.
direito internacional público − dir. int. públ.
direito militar − dir. mil.
direito penal − dir. pen.
direito político − dir. pol.
direito processual civil − dir. proc. civ.
direito trabalhista − dir. trab.
direito tributário − dir. trib.
diretoria-geral - dir.-ger.
distrito − dist./distr.
divisão − div.
documento, documentos - doc., docs.
dúzia − dz.
Eedição − ed.
editor, editores - E., EE.
elemento − el.
elemento de composição − el. comp.
elemento(s) - el.
eletricista- eletr.
em mão - E.M.
em mão própria - E.M.P.
em mão(s) − E. M.
emolumento- emol.
empregado − empr.
empréstimo- empr.
encadernação − enc.
endereço- end.
enfermeiro- enf.
engenharia, engenheiro - eng.
epístola- epís.
era cristã - E.C.
escola − esc.
espera deferimento − E. D.
espera resposta - E.R.
estado − E.
estante(s), estado(s) - est.
estatística − estat.
estilística − estil.
et alii (e outros) − et al.
etcetera(e outras coisas, e assim por diante) − etc.
etcoetera, et cetera(e outras coisas, e os outros, e assim por diante) - etc.
etimologia − etim.
etnografia − etnog./etnogr.
evolução − evol.
exclamação − excl.
exempli gratia (por exemplo) − e.g.
exemplo(s) − ex.
expressão − expr.
Ffaculdade- fac.
família- fam.
farmácia, farmacêutico - farm.
fascículo(s) − fasc.
feminino- f., fem.
férias- fér.
fevereiro- fev.
figura, figurado - fig.
filologia − fil.
filosofia − filos.
física − fís.
flexionado − flex.
folha(s) − fl./fol./fls./fols.
folha, folhas - fl., fls.
folheto- folh.
folheto − folh.
fonêmica − fon.
fonética − fon.
fonologia − fon.
formulário- form.
fotografia − fot.
fracionário − frac.
frase − fr.
frequente − freq.
fulano- f.
funcionário- func.
futebol − fut./futb.
futuro − fut.
futuro do presente − fut. pres.
futuro do pretérito − fut. pret.
Ggabinete − gab.
gênero − gên.
geralmente- ger.
glossário- gloss.
governo, governador - gov.
gramática − gram.
grande- gde.
gratificação- grat.
grosa, grosas - gr., grs.
Hhabitante(s) − hab.
hibridismo − hibr.
híbrido − híbr.
hidrografia − hidrog.
história − hist.
honorário- hon.
honoris causa (por causa da honra, honorariamente) - h.c.
honoris causa (por honra) − h.c.
hora- h
horse-power(cavalo-vapor) - H.P.
hospital- hosp.
hotelaria − hot.
Iibidem(no mesmo lugar – obra, capítulo, página) −ib.
ibidem(no mesmo lugar) - ib., ibid.
id est (isto é) - i.e.
idem(o mesmo) − id.
imperativo − imper.
imperfeito − imperf.
impessoal − impes.
indeterminado − indet.
indicativo − ind.
índice- índ.
indústria- ind.
inferioridade − infer.
infinitivo − inf./infin.
influência, influente - infl.
informação − inform.
informação, inferior, informática - inf.
informática- inform.
insumo- ins.
interjeição − interj.
interrogativo − interr./interrog.
intransitivo − int./intr./intrans.
invariável − inv.
irregular − irreg.
isto é − i.e.
Jjaneiro- jan.
Jesus Cristo - J.C.
jornalismo − jorn.
julho- jul.
junho- jun.
jurídico − jur.
jurisprudência- jur.
justiça- just.
Llargo, linha(s) - l.
latitude- lat.
legislação − leg.
légua, léguas - lég., légs.
Leste − L.
lexicografia − lex.
limitada − Ltda.
linguagem − ling.
linguística − ling.
literatura – lit.
livraria – liv.
livro(s) - l., liv.
loco citato (no lugar citado) – loc. cit.
locução, locativo - loc.
logaritmo − log.
lógica − lóg.
longitude- long.
Mmanuscrito, manuscritos - ms., mss.
maquinista- maq.
março- mar.
masculino − masc.
masculino, mês ou meses - m.
matemática − mat.
matéria − mat.
material, matéria - mat.
mecânica − mec.
medicina − med.
médico- méd.
médico veterinário - méd. vet.
memorando − memo./memor.
ministro- min.
mitologia − mit.
moderno − mod.
morfologia − morf.
município − mun.
música − mús.
Nnegativo − neg.
neologismo − neol.
nihil obstat (nada obsta) - n. obs.
nome, número = n.
nominativo − nom.
Nordeste − N. E.
Noroeste − N. O.
Norte − N.
nota bene (nota bem) - N.B.
nota da direção − N. da D.
nota da redação − N. da R.
nota da redação - N.R.
nota do autor − N. do A.
nota do autor - N.A.
nota do editor − N. do E.
nota do editor - N.E.
nota do tradutor − N. do T.
nota do tradutor, nota técnica - N.T.
note bem − N. B.
novembro- nov.
Novo Testamento − N.T.
numeral − num.
número(s) − n.
Oo mesmo que - o m. q.
objeto- obj.
objeto direto − obj. dir.
objeto indireto − obj. ind.
obra citada - ob. cit.
obra(s) - ob.
observação, observações - obs.
observações – obss.
Oeste − O.
oficial de gabinete - of. gab.
ofício − of.
opus citatum (obra citada) − op. cit.
ordinal − ord.
organização − org.
original- orig.
outubro- out.
Ppacote- pac., pc.
pagamento- pgto.
página − p./pág.
páginas – pp./págs.
pago − pg.
palavra − pal.
palavra(s) - pal.
papelaria − papel.
parecer − par.
parte − par.
passim(aqui e ali, em diversos lugares) - pass.
patrimônio- patrim.
pátrio- pátr.
peça(s) − pç.
pede deferimento − P.D.
pede justiça - P.J.
pede recebimento e justiça - P.R.J.
perfeito − perf.
peso bruto - P.B.
pessoa – p.
PhilosophiaeDoctor(doutor em filosofia) − Ph. D.
plural − pl.
política − polít.
ponto − pt.
popular- pop.
por especial favor - P.E.F.
por especial obséquio - P.E.O.
por exemplo − p. ex.
por extenso - p. ext.
por favor - P.F.
por mão própria - P.M.P.
por procuração − p.p.
porque, parque - pq.
portaria − port.
possessivo − poss.
postmeridiem(depois do meio-dia) - p.m.
postscriptum(pós-escrito, depois de escrito) − P.S.pouco mais ou menos - p.m.o.m.
praça - p., pça.
predicativo − pred.
prefeito- pref.
prefeitura municipal - P.M.
prefixo − pref.
preposição − prep.
presente − pres.
presidente- pres.
pretérito − pret.
problema(s) - probl.
processo, procuração, procurador - proc.
professor, professores - prof., profs.
projeto- proj.
provisório- prov.
próximo futuro - p.f.
próximo passado, por procuração - p.p.
Qqualidade- qual.
quando- qdo.
quantidade- quant.
quanto- qto.
quartel-general- Q.G.
que- q.
queira ver − q.v.
química − quím.
quod vide (veja isto), quantum vis (quanto se queira) - q.v.
Rradical − rad.
receita, recesso - rec.
redução − red.
reformado- ref.
regimento − reg.
regimento interno − RI
regionalismo − region.
regular, regimento - reg.
relatório, relator - rel.
religião − rel.
remetente − remte.
remuneração- rem.
repartição − repart.
residência − res.
resolução − res.
revista − rev.
rua, réu, reprovado - r.
Ssalário mínimo - sal. min.
salvo erro - S.E.
salvo erro ou omissão - S.E.O.
salvo melhor juízo − S.M.J.
scilicet(a saber, quer dizer) - sc.
seção- seç.
secretário(a) − secr.
século/séculos − séc./sécs.
seguinte, seguintes - seg., segs.
sem data − s.d.
sem lugar nem data − s.l.n.d.
sem número – s.n.
semana(s) − sem.
semana, semanal, semestre - sem.
separado- sep.
serviço- serv.
setembro, setor, setorização, setorial - set.
símbolo − símb.
sinal de socorro − S.O.S.
singular − sing.
sinônimo(s) − sin.
sintaxe − sint.
sociedade anônima - S.A., S/A
subjuntivo − subj.
substantivo − s.
substantivo feminino − s.f.
substantivo masculino − s.m.
sucursal- suc.
Sudeste − S. E.
Sudoeste − S. O.
Sul − S.
superioridade – super.
Ttabela- tab.
também − tb.
taquigrafia − taquigr.
tarefa- tar.
teclado- tecl.
tecnologia − tec.
telefone − tel. (recomenda-se usar a palavra por extenso).
televisão − TV/telev.
temperatura − temp.
teologia − teol.
terminação − term.
termo(s), tomo(s) - t.
território federal − territ. fed.
tesoureiro- tes.
testemunha − test.
título, titular - tít.
tradução − trad.
transitivo − t./trans./transit.
transitivo direto − t.d.
transitivo indireto − t.i.
transporte- transp.
tratado − trat.
travessa- t., trav.
tribunal − trib.
trigonometria − trig.
trimestre − trim.
U
ubi infra (lugar abaixo mencionado) − u.i.
ubi supra (lugar acima mencionado) − u.s.
unidade − un.
universidade − univ.
urbano − urb.
uso externo − u.e.
uso interno − u.i.
Vvalor- vl.
veículo- veíc.
veja, você, verso, verba - v.
Velho Testamento – V.T.
vencimento- venc.
verbi gratia (por exemplo) − v.g.
verbo − v.
vestuário − vest.
visto − V.
vocabulário − voc.
vocativo − vocat.
vogal − vog.
volume, volumes - vol., vols.
Zzoologia − zool.
zoológico − zool.
Observações:
a) Não serão usadas abreviaturas em endereços. Escreve-se Avenida, Rua, Praça.
b) S. A. (e não S/A, para Sociedade Anônima).
2.12.3 Símbolos
São abreviaturas fixadas por convenções quase sempre internacionais.
Geralmente, não recebem ponto abreviativo, não admitem plural nem são
escritos com letra maiúscula: 200 g (200 gramas); 5 km (5 quilômetros); 2 min
(dois minutos).
1. alguns casos, no entanto, são escritos com letras maiúsculas: os símbolos
que se originam de nomes próprios: W (watt), N (newton); os prefixos gregos:
M (mega), G (giga), MHz (megahertz); os símbolos dos elementos químicos: O
(oxigênio), Au (ouro), Ag (prata); os símbolos dos pontos cardeais: N (norte), S
(sul), L (leste), O (oeste).
2. a representação das horas nunca deverá conter vírgula, pois esta é privativa
de decimal. Ex.: 16h15min, 16.15 e jamais 16,15h.
3. os símbolos das unidades de medida, com exceção das horas, devem ser
escritos depois do número a que se referem e não antes ou intercalados entre
a parte inteira e a parte decimal. Ex.: 34,5 km, 1,25 Kg, 35 mm e não
34km500m, 1kg250g, mm35.
4. os símbolos das unidades de ângulo plano são grafados como expoentes.
Ex.: 45°, 13°18’20”.
5. o símbolo do real é R$. Fica antes do número que indica a importância e
separado deste por um espaço. Se houver possibilidade de fraude, deve-se
escrever também por extenso.
6. recomenda-se observar espaço entre entre o número e o símbolo, exceto na
combinação de horas e minutos. Ex.: 10 cm, 22 m, 15 mm, 1.000 kW, 2 kg, 200
Kg, 2h30min, 23h.
7. pesos e medidas devem ser escritos por extenso, a não ser em tabelas e
gráficos (quilos, metros, hectares, acres etc.). Exceções: abrevia-se quilômetro
quando em referência a um ponto determinado de uma rodovia (“Os grevistas
bloquearam o tráfego no Km 345 da BR-103”) e peso e altura de pessoas
(90kg; 1,80m).
Símbolos mais comunsÂngulo plano° = grau
’ = minuto
” = segundo
Áreaa = are
ha = hectare
km² = quilômetro quadrado
m² = metro quadrado
Comprimentocm = centímetro
dam = decâmetro
dm = decímetro
hm = hectômetro
km = quilômetro
m = metro
mm = milímetro
Mn = miriâmetro
Dados digitais
b = bite
B = byte
GB = gigabyte
Kb = quilobite
KB = quilobyte
Mb = megabite
MB = megabyte
EnergiaJ = Joule
kcal = quilocaloria
KeV = quiloelétron-volt
kJ = quilojoule
KT = quiloton
KWh = quilowatt-hora
MeV = megaelétron-volt
Fluxo magnéticoG = Gaus
Mx = Maxwell
T = Tesla
Wb = Weber
Fluxo de massakg/s = quilograma por segundo
Forçakgf = quilograma-força
N = Newton
FrequênciaHz = hertz
kc = quilociclo
kHz = quilohertz
MHz = megahertz
Impedância elétricaW = ohm
Intensidade de correnteA = ampere
kA = quiloampere
mA = miliampere
Massacg = centigrama
dg = decigrama
g = grama
kg = quilograma
mg = miligrama
t = tonelada
Nível de potênciaB = bel
dB = decibel
Potênciacv = cavalo-vapor
KVAr = quilovar
kW = quilowatt
Var = var
W = watt
Pressãokb = quilobar
mb = milibar
mm Hg = milímetro de mercúrio
N/m² = Newton por metro quadrado
Quantidade de eletricidadeC = coulomb
kC = quilocoulomb
Temperatura Celsius°C = grau celsius
Tempod = dia
h = hora
min = minuto
s = segundo
Tensão elétricakVA = quilovolt-ampere
V = volt
Vazãom³/s = metro cúbico por segundo
Velocidadekm/h = quilômetro por hora
m/s = metro por segundo
m/s² = metro por segundo ao quadrado
Volumecm³ = centímetro cúbico
dm³ = decímetro cúbico
hl = hectolitro
kl = quilolitro
l = litro
m³ = metro cúbico
ml = mililitro
Pesos e Medidas
O jornalista Eduardo Martins escreveu o Manual de Redação e Estilo do Estadão. Reproduzo
ÁREA
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
Obs.:Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado em questão e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 hectares em acres, basta dividir 100 por 0,4046856224.
Acres 0,4046856224 Hectares
Acres 4046,8564224 Metros quadrados
Ares 0,0247105 Acres
Hectares 2,47105 Acres
Metros quadrados 1,19599 Jardas quadradas
Hectares 10.000 Metros quadrados
Alqueires mineiros 48.400 Metros quadrados
Alqueires do Norte 27.225 Metros quadrados
Alqueires paulistas 24.200 Metros quadrados
Braças quadradas 3,052 Metros quadrados
Braças de sesmaria 14.520 Metros quadrados
Quadras quadradas 17.424 Metros quadrados
PESO
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
(1) Também conhecidas como toneladas americanas.(2)Também conhecidas como toneladas britânicas.
PESO
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
Obs.: Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 quilos de aveia em bushels, basta dividir 100 por 14,51495.
Arrobas 15 Quilos
Bushels (trigo) 25,401168 Quilos
Bushels (milho) 25,401168 Quilos
Bushels (aveia) 14,51495 Quilos
Bushels (soja) 27,21553 Quilos
Bushels (farelo de soja) 27,21553 Quilos
Libras 0,4535923 Quilos
Onças 28,349 Gramas
Onças troy 31,10347 Gramas
Quilogramas 2.204,622 Libras
Toneladas 1.000 Quilos
Toneladas curtas (1) 907,19 Quilos
Toneladas longas (2) 1.016 Quilos
COMPRIMENTO
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
Obs.: Caso seja necessário qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 metros em jardas, basta dividir 100 por 0,9144.
Braças 1,8288 Metros
Jardas 0,9144 Metros
COMPRIMENTO
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
Metros 1,09361 Jardas
Metros 39,3701 Polegadas
Milhas náuticas 1.852 Metros
Pés 30,48 Centímetros
Polegadas 2,54 Centímetros
Quilômetros 0,621371 Milhas estatutárias
Milhas terrestres 1,609344 Quilômetros
Quilômetros 0,539957 Milhas náuticas
Palmos 22 Centímetros
VOLUME E CAPACIDADE
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
Obs.: Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 litros em galões, basta dividir 100 por 3,785.(1) Essa medida refere-se à capacidade, em litros, de um galão norte-americano. Há uma diferença entre este galão e o galão inglês em termos de volume: o galão norte-americano possui 3.785 centímetros cúbicos, enquanto o galão inglês possui 4.546 centímetros cúbicos (também chamado de galão imperial).
Barris (de petróleo) 0,1589872 Metros cúbicos
Barris (de petróleo) 158,98 Litros
Galões (1) 3,785 Litros
VELOCIDADE
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
Obs.: Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita
VELOCIDADE
Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em
em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 quilômetros por hora em milhas, basta dividir 100 por 1,609344.
2.14 Citação
O registro de uma informação extraída de outra fonte denomina-se citação,
que pode ser uma transcrição ou paráfrase. Estas podem ser diretas, quando
reproduzem o texto original, ou indiretas, quando reproduzem uma fonte
intermediária.
Normas gerais
a) Manter a fidedignidade às ideias do autor, se paráfrase, ou ao texto citado,
se transcrição, fazendo apenas a correção de erros de grafia. Na ocorrência de
outros erros, além dos de grafia, emprega-se a palavra latina sic (assim) entre
parênteses ou colchetes, ao final da citação ou logo após a palavra ou
expressão estranha ou errada, para indicar que está igual ao original:
“À unanimidade, negar provimento o (sic) recurso”.
O correto seria: À unanimidade, negar provimento ao recurso.
b) Usar aspas duplas no início e no final de transcrição e aspas simples em
transcrição inserida em outra (pode-se usar também o itálico para destacar).
c) Recuar, em relação à margem esquerda, e usar corpo menor que o do texto,
quando as transcrições tiverem três ou mais linhas. Quando se tratar de textos
de lei, recuar independentemente do número de linhas. Geralmente, o recuo é
de 4 cm. Deve-se usar espaço simples entre as linhas e um espaço duplo entre
a citação e os parágrafos anterior e posterior. Esse tipo de citação aparece
sem aspas, destacando-se do texto pelo posicionamento diferenciado e pela
utilização de tamanho de letra menor ou itálico.
d) As supressões feitas numa transcrição são indicadas por reticências entre
parênteses e os acréscimos ou comentários feitos pelo autor do texto, por
colchetes: “Segundo João Barbalho, a cláusula final do art. 28 resultara de uma
falha da redação, pois a emenda aditiva (...) dizia: representação das minorias
[e não da minoria] com mais propriedade e acerto”.
e) As citações podem vir introduzidas por expressões latinas, como: verbis, in
verbis, ipsis verbis (pelas mesmas palavras; textualmente) ou ipsis litteris
(textualmente; pelas mesmas letras): O Ministério Público Federal sintetizou de
forma coerente a questão. In verbis: (...)
f) No caso de matérias publicadas em colunas, como acontece em revistas e
jornais, mantêm-se apenas as aspas, dispensando-se o recuo e a composição
em corpo menor, independentemente da extensão das transcrições.
g) Caso se queira destacar algum termo ou expressão de uma citação direta,
utiliza-se destaque (negrito, itálico ou sublinhado) e, no final, acrescenta-se a
expressão assim “grifo nosso” ou “sem grifo no original”. Observe dois
exemplos:
Lopes (2005, p. 59) afirma que “princípio dispositivo, em sua concepção
radicional, significava que a iniciativa das alegações, pedidos e provas
pertencia exclusivamente às partes” (grifo nosso).
“O princípio dispositivo, em sua concepção tradicional, significava que a
iniciativa das alegações, pedidos e provas pertencia exclusivamente às
partes” (LOPES, 2005, p. 59, sem grifo no original).
h) Ao fazer citação em nota de rodapé, deve-se sempre vir entre aspas,
independentemente de sua extensão. Observe modelo:
No texto:
Num primeiro momento, reafirma a versão oficial de que o exército naquela
ocasião, como de costume, apenas patrulhou a cidade. Sem qualquer amparo
documental¹, vê-se vencida pelas evidências levantadas em pesquisa posterior.
No rodapé:1 Sua única fonte comprobatória é a seguinte: “Várias pessoas que moravam
em Francisco Beltrão, na época, afirmaram isso, inclusive Walter Pecoils e Luiz
Prolo, que eram da comissão” (Gomes, 1986, p. 104).
Normas para indicação da fonte
a) Indicar os dados necessários à identificação da fonte citada. Técnica bem
comum é o sistema autor-data em que a indicação é feita no corpo do texto,
logo após a citação, pela entrada grafada com inicial maiúscula (sobrenome do
autor ou nome da instituição responsável ou título da obra), seguida da data de
publicação do documento original e, se necessário, do número da página, da
seção, ou do capítulo referido. Observe exemplo:
Parece não haver mais dúvida de que “O pós-modernismo é o consumo da
própria produção de mercadorias como processo”. (Jameson, 1996, p. 14)
Em citações indiretas, geralmente emprega-se o nome do autor e a data antes
da paráfrase. Observe exemplo:
Num estudo recente, Barbosa (1998) questiona todos os pressupostos da
teoria do fim das narrativas mestras.
b) A citação de uma obra, quando feita pela primeira vez num texto, deve ter
sua referência completa. Se não houver intercalações de outras obras do
mesmo autor, as citações seguintes da mesma obra podem ser substituídas
pela expressão latina opus citatum (obra citada) na forma abreviada op. cit.,
após o nome do autor: MIRANDA, Jorge. Op. cit., p. 208.
c) A indicação de uma obra de mesmo autor, já referenciada em nota
imediatamente anterior, na mesma página ou em página não distante, faz-se
com a expressão latina, na forma abreviada, id. ibid. (mesmo autor e mesma
obra):
Na mesma página: Id. ibid. Em páginas diferentes: Id. ibid., p. 150.
d) Sendo obra diferente, porém de autor já referenciado em nota
imediatamente anterior, usa-se a expressão latina abreviada id. (mesmo autor),
acrescida do título e demais elementos de referência:
Id. Partidos e sistemas partidários. Brasília: Universidade de Brasília, 1982.
e) Na citação indireta, usa-se a expressão latina apud (da obra de, citado por,
conforme, segundo) e faz-se a indicação da obra consultada de forma
completa:
Apud REALE, Miguel. O sistema de representação proporcional e o regime
presidencial brasileiro. Estudos Eleitorais. Brasília: TSE, v. 1, n. 1, jan./abr.
1997. p. 110.
f) Citação de citação
Trata-se da menção a um documento a que não se teve acesso, mas do qual
se tomou conhecimento apenas por citação em outro trabalho. Só deve ser
usada no caso de absoluta impossibilidade de acesso ao documento original. A
indicação é feita pelo nome do autor original, seguido da expressão “citado por”
ou “apud” e do nome do autor da obra consultada, aparecendo somente o
nome deste nas referências bibliográficas.
Exemplo:
Segundo Hall e Stolcke, apud Lamounier (1984, p. 300), os fazendeiros, a partir
da metade do século, já supunham que a força de trabalho escrava teria que
ser substituída.
g) Tradução em citação
Textos em língua estrangeira podem ser citados no original ou traduzidos
(documentos legais devem coner a tradução obrigatoriamente). Neste último
caso, a expressão “trad. por” deve aparecer logo após a citação. Se a citação
mantiver o idioma original, a tradução feita pelo autor do trabalho deve
aparecer em nota de rodapé.
2.15 Referência
A referência pode aparecer: no rodapé, no fim de texto ou de capítulo, em
lista de referências e antecedendo resumos, resenhas e recensões. O título
deve ser destacado, de forma uniforme, em todas as referências de um mesmo
documento, utilizando-se negrito, itálico ou sublinhado. Essa regra não se
aplica a documentos sem indicação de autoria ou responsabilidade, que devem
ter a entrada pelo próprio título, com a primeira palavra escrita em letras
maiúsculas.
Modelos de referência
Incluem modelos de referências, exemplificados de acordo com o tipo de
suporte documental (livro, periódico, artigo de periódico, tese, CD-ROM, DVD,
filme, mapa, música, recursos eletrônicos).
Referência de material gráfico
Os elementos essenciais são: autor, título, edição, local, editora e data de
publicação, que devem constar, obrigatoriamente, na referência.
SOBRENOME, Nome (s) do(s) autor(es) (pessoa, entidade). Título. Edição.
Local de publicação: Editora, Data de publicação.
VERISSIMO, Luís Fernando. O analista de Bagé. 4ª ed. Porto Alegre: L&PM,
1992.
Os elementos complementares não são obrigatórios, mas, permitem identificar
melhor o documento. Pode-se incluir: tradutor, revisor, ilustrador, descrição
física (número de páginas, volume, tomo ou capítulo), dimensão, série, notas
especiais, ISBN ou ISSN.
SOBRENOME, Nome(s) do(s) autor(es) (pessoa, entidade). Título. Tradução.
Edição. Local de publicação: Editora, Data de publicação. páginas, volumes,
tomo ou capítulos. Série.
STEIN, Suzana Albornoz. O que é trabalho. 6. ed. São Paulo: Brasiliense,
2002. 103 p. (Coleção Primeiros Passos).
Observação: Mantém-se a ordem de apresentação empregada na publicação
em relação à ordem de entrada dos autores, seguido de ponto-e-vígula e do
nome do segundo (e demais autores, se for o caso)
Autor repetido
O autor de várias obras apresentadas sucessivamente deve ser
substituído, nas referências subsequentes à primeira, por um travessão
equivalente a cinco espaços.
WHATELY, Lígia. Alegria de Viver. São Paulo: Dasein, 1994,
_____. Permissão para ser mulher. São Paulo: Dasein, 1995.
Referência de um capítulo de livro quando o autor do capítulo não é o autor do livro.
SOBRENOME DO AUTOR DO CAPÍTULO, Prenome. Título do capítulo. In:
SOBRENOME DO AUTOR DO LIVRO, Prenome. Título do livro. Edição. Local:
Editora, data, Página inicial e página final do capítulo utilizado.
VIEIRA, José. A importância da linguagem jurídica. In: Linguagem jurídica em Portugal. 5ª. Lisboa: Lux, 2002, p. 38-42.
Referência de dissertações, teses e trabalhos acadêmicos
SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título. Local da publicação, ano,
número de páginas. Tipo de trabalho acadêmico. Institutição.
PAIVA, Denise. A psicologia nos contos de fadas. São Paulo, 2004, 98 p.
Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade de São Paulo.
Referência de Meio Eletrônico
A International Standards Organization (ISO) recomenda o seguinte padrão:
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título [tipo de suporte]. Edição, Local
de publicação: Editora, Data de publicação. Data de atualização ou revisão
(opcional). Disponibilidade e acesso. Data de acesso.
CARROLL, Lewis. Alice´s Adventures in Wonderland [on-line]. Dortmund,
Germany: WindSpiel, novembro 1994. Disponível em:
<//www.germany.eu.net/books/carroll/alice.html>. Acesso em: 27 de maio de
1991.
Percebe-se que a forma mais comum contém apenas os elementos essenciais:
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Ano. Endereço disponível.
Acesso.
BACON, Francis. Novum Organum. 2002. Disponível em:
<http://www.ebooksbrasil. org/eLibris/norganum.html>. Acesso em: 7 jan. 2009.
Referência de parte do material
Quando, numa obra, cada capítulo ou parte foi escrito por um autor(es)
diferente(s) e necessita-se referenciar apenas um capítulo ou uma das partes
(livros, folhetos, guias, catálogos, dicionários, trabalhos acadêmicos entre
outros), deve-se obedecer à seguinte ordem:
SOBRENOME, Nome (s) do(s) autor(es) (pessoa, entidade) do capítulo ou da
parte. Título do capítulo ou da parte. Expressão In: (que significa contido em).
SOBRENOME, Nome (s) do(s) autor(es). (pessoa, entidade (coordenador,
organizador, entre outros) da obra no todo. Título da obra no todo. Edição.
Local de publicação: Editora, data de publicação. paginação ou outra forma de
indicar a parte referenciada (volume, tomo ou capítulo).
VERGEIRO, Waldomiro. Publicações governamentais. In: Campello, Bernadete
Santos; Cendón, Beatriz Valadares; Kremer, Jeannette Marquerite (Org.).
Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte:
Universidade Federal de Minas Gerais, 2000. cap. 1, p. 111-128.
Referência de parte do material em Meio Eletrônico
Conflito entre tratados e leis. Disponível em: <http://www.puc-rio.br/direito
/pet_jur/textos/cafpattl.rtf>. Acesso em 21 jan. 2009.
Autoria de entidades coletivas
Sociedades, organizações, entidades e instituições podem ser autores, tendo
seus nomes escritos em maiúsculas. As unidades subordinadas são
mencionadas após o nome da instituição, separadas por ponto e com iniciais
maiúsculas. As entidades de natureza científica, cultural ou artística entram por
seu próprio nome. Os órgãos governamentais de função executiva, legislativa e
judiciária entram pelo nome do local de sua jurisdição. Exemplos:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de Contabilidade.
Congressos e eventos assemelhadosCongressos, reuniões, simpósios, conferências e assemelhados têm entrada
pelo nome do evento, seguido de número, data (ano) e local, separados uns
dos outros por vírgula. Exemplos:
ENCONTRO BRASILEIRO SOBRE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA
HISTÓRIA, 1968, Nova Friburgo.
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO,
10, 1979, Curitiba.
ColetâneasEm caso de coletâneas, existindo um editor, diretor, organizador ou compilador
responsável, em destaque na folha de rosto, efetuar a entrada por seu nome,
seguido da abreviatura da função editorial, na língua da publicação, com inicial
maiúscula, entre parênteses. Não havendo indicação de responsabilidade, a
entrada deve ser feita pelo título. Exemplos:
SIMONSON, H. P. (Ed.).
CADERMATORI, Lígia (Org.).
Tratados, acordos e similaresA entrada é feita pelo nome pelo qual o documento ficou conhecido, seguido da
data entre parênteses. Exemplos:
Tratado da Antartica (1959).
Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (1968).
Relatórios oficiaisA entrada é feita pelo nome da instituição, e não pelo autor do relatório. Não se
indica o nome da editora quando é o mesmo da entrada. No caso de relatórios
governamentais, a entrada inclui o nome do chefe de governo. Exemplos:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Relatório de atividades 1985.
Curitiba, 1986.
COMPANHIA VALE DO RIO DOCE. Relatório anual 1989. Rio de Janeiro,
1989.
PARANÁ. Governador (1857-1859 : Mattos). Relatório do presidente da
Província do Paraná Francisco Liberato de Mattos na abertura da Assembléa
Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1858. Curityba: Typ. Lopes, 1858.
Obras inéditasNo caso de trabalhos e documentos não publicados, devem ser seguidas as
normas para monografias, indicando-se a origem do documento (palestras,
notas de aula, cartas, etc.) logo depois de sua identificação pelo título.
Na citação de trabalhos inéditos, em fase de elaboração ou ainda não
publicados, deve-se fazer alusão a essa circunstância.
CARVALHO, José de Souza et al. Plano de urbanização do Morro do Pavão :
executado através de convênio TBAN/BCNF, 1978. Em fase de elaboração.
Partes de revistas e outros periódicosTranscrever o título da coleção em letras maiúsculas, seguido do título do
fascículo, suplemento ou número especial, local de publicação (quando houver
indicação), nome da editora, números do volume e do fascículo, precedidos
das respectivas abreviaturas (“v.” e “n.”) ou apenas da abreviatura n.
Acrescentar a data de publicação. Exemplos:
CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de
Janeiro: FGV, v. 38, n. 9, set. 1984.
CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de
Janeiro : FGV, n. 38/9, set. 1984.
PESQUISA POR AMOSTRA DE DOMICÍLIO. Mão de obra e previdência. Rio
de Janeiro : IBGE, v. 7, l983.
Artigos e reportagens de revistas e outros periódicosDar a entrada pelo sobrenome do autor do artigo, em letras maiúsculas,
seguido do(s) prenome(s) e título do artigo. O título do periódico ou da revista
pode ser abreviado, devendo aparecer em itálico. Deve-se indicar o local de
publicação, salvo quando ele já estiver incluído no nome do periódico, os
números do volume e do fascículo precedidos das respectivas abreviaturas e
separados um do outro por vírgula. O número das páginas inicial e final são
transcritas após a abreviatura “p.” e ligados por hífen. A data é indicada pelo
mês ou meses extremos ou estação e pelo ano de publicação.
MOURA, Alexandrina Sobreiro de. Direito de habitação às classes de baixa
renda. Ciência & Trópico, Recife, v. 11, n. 1, p. 71-78, jan./jun. 1983.
Artigos e reportagens de jornalA referenciação segue as diretrizes válidas para o item anterior (artigos de
periódico), mas importa sobretudo indicar o dia da publicação do artigo. O local
só deve aparecer se já não estiver incluído no nome do jornal. Quando são
consultadas coleções inteiras, pode-se referenciar a coleção, dando entrada
pelo nome do jornal e indicando as datas extremas da coleção.
FERREIRA, Alcides. Plano Collor acelera o processo de fusões e compras de
empresas. Folha de S. Paulo, Caderno 2, 4 jun. 1990.
MIRANDA, Ruy. Anões que fazem gigantes. Gazeta do Povo, Curitiba,
Caderno 5, 3 jun. 1990.
Artigos de suplemento de jornalVILLAÇA, Antonio Carlos. Deus é relação de amor, Deus é amante do homem.
Minas Gerais, Belo Horizonte, 17 set. 1988. Suplemento literário, v. 22, n. 2206,
p. 8-10.
SIMÕES, João Manuel. Camilo, autor e personagem. O Estado de S. Paulo, 26
maio 1990. Cultura, v. 7, n. 512, p. 4-5.
Normas técnicas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Referências
bibliográficas, NBR 6023. Rio de Janeiro, 1989.
2.16 Referência de documentos jurídicos
Legislação
Constituição, emendas constitucionais, lei complementar, lei ordinária, medida
provisória, decretos, normas emanadas de entidades públicas e privadas (ato
normativo, portarias, resoluções, ordens de serviço, circular, entre outros).
JURISDIÇÃO (País, Estado ou Município). título. numeração, data e dados da
publicação.
Ato Normativo
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Ato nº 801, de 23 de dezembro de
2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Judiciário,
Brasília, DF, ano 146, n.1, p. 67, 2 jan. 2009. Seção 1, pt.1.
Código Civil
BRASIL. Código civil, Código de processo civil, Constituição federal. Organização por Anne Joyce Angher. 5. ed. São Paulo: Rideel, 2005. 1536 p.
(Mini 3 em 1).
Constituição
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5
de outubro de 1988. Colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 41. ed., atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2008. 368 p. (Saraiva de legislação).
Decreto
BRASIL. Decreto-Lei n° 1.413, de 14 de agosto de 19 75. Dispõe sobre o
controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. In:
MORAES, Luis Carlos Silva de. Curso de direito ambiental. São Paulo: Atlas,
2001. p.169-170.
Instrução Normativa
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de
Defesa Agropecuária. Instrução normativa n º41, de dezembro de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Judiciário, Brasília, DF,
ano 146, n. 1, p. 3-4, 2 jan. 2009. Seção 1, pt. 1.
Lei Ordinária
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.746, de 30 de março de 1989.
Dispõe sobre a composição e instalação do Superior Tribunal de Justiça, cria o
respectivo Quadro de Pessoal, disciplina o funcionamento do Conselho da
Justiça Federal e dá outras providências. In: ______. Superior Tribunal de
Justica. STJ – Superior Tribunal de Justiça: regimento interno. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 1992. p. 83-90.
Medida Provisória
BRASIL. Medida provisória nº 581, de 12 de agosto de 1994. Dispões sobre os
quadros de cargos de Grupo-Direção e Assessoramento Superiores da
Advocacia Geral da União. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, v. 132, n. 155, p. 12246, 15 ago. 1994. Seção 1, pt. 1.
Portaria
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Portaria nº 322 de 16 de abril
de 1998. Consulex: Leis e Decisões, Brasília, v. 2, n. 18, jun. 1998.
Resolução
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Executiva.
Departamento de Gestão dos Fundos de Investimentos. Resolução n º 37, de
29 de dezembro de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Judiciário, Brasília, DF, ano 146, n. 1, p. 32, 2 jan. 2009. Seção 1, pt. 1.
Jurisprudência
Súmulas, enunciados, acórdãos, sentenças e demais decisões judiciais.
JURISDIÇÃO (País, Estado ou Município) e órgão judiciário competente. Título
(natureza da decisão ou ementa). Número, partes envolvidas (apelante,
apelado, recorrente e recorrido, se houver). Relator, local data e dados da
publicação.
Acórdão
BRASIL. Tribunal Regional Federal (2. Região). Recurso em sentido estrito nº
2005.50.01.003452-8. Recorrente: Ministério Público Federal. Recorrido:
Wilson Nunes de Carvalho. Relator: Desembargadora Federal Liliane Roriz. Rio
de Janeiro, 14 de outubro de 2008. Revista IOB Trabalhista e Previdenciária,
Porto Alegre, ano 20, n. 234, p. 161-165, dez. 2008.
Súmula
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Súmula nº 27, de 12 junho de1991.
Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao
mesmo negócio. In: BUSSADA, Wilson. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça: acórdãos de origem e sentenças decorrentes. 2. ed. São Paulo:
Jurídica Brasileira, 1995. v. 1. p. 492-500.
Doutrina
Qualquer discussão técnica sobre questões legais, publicada em artigos de
periódico, monografias, papers, entre outros, da área do Direito referenciado,
conforme o tipo de documento.
CAMPOS, Alexandra Santana; CAMPOS, Marcelo. A Lei de Execução Fiscal
após a as alterações do CPC: aspectos doutrinários e jurisprudenciais. Revista Tributária e de Finanças Públicas, São Paulo, ano 16, n. 82, p. 9-20, set./out.
2008.
CARMONA, Carlos Alberto. Ensaio sobre a sentença arbitral parcial. Revista de Processo, São Paulo, ano 33, n. 165, p. 9-28, nov. 2008.
Documento Jurídico em Meio Eletrônico
Decretos
BRASIL. Decreto nº 6.341, de 3 de janeiro de 2008. Dá nova redação a dispositivos do
Anexo I e altera o Anexo II, “a”, do Decreto nº 5.063, de 3 de maio de 2004, que
aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e
das Funções Gratificadas do Ministério do Trabalho e Emprego. Diário Oficial da União, Brasília, 4 jan. 2008. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6341.htm>.
Acesso em: 12 jan. 2009.
Leis
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.899, de 8 de janeiro de 2009. Institui o
Dia Nacional da Leitura e a Semana Nacional da Leitura e da Literatura. Brasília, 8 de
janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L11899.htm>. Acesso em: 15 jan. 2009.
Portarias
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 27, de 13
de janeiro de 1998. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 16 jan.
1998. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=97&
word=>. Acesso em: 29 set. 2008.
Resolução
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12, de 2 de
janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para
alimentos. Diário Oficial da União. Poder Executivo, de 10 de janeiro de 2001.
Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?
id=144&word=>. Acesso em: 13 jan. 2009.
Acórdãos
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional do Trabalho (4. Região). Recurso Ordinário
nº 01682-2004-203-04-00-3. Recorrente: Pedro Eduardo Silveira Dutra da Silva.
Recorrido: Bimex Transportes Comercial Importadora e Exportadora Ltda. Relator: Juiz
Hugo Carlos Scheuermann. Porto Alegre, 8 de março de 2006. Disponível em:
<http://iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo. ExibirAcordaoRTF?
pCodAndamento=23266612>. Acesso em: 14 jan. 2009.
Súmulas
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 702. A competência do Tribunal de
Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça comum
estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de
segundo grau. Disponível
em:<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=702.NUME.
%20NAO%0.FLSV.&base=baseSumulas>. Acesso em: 13 jan. 2009.
Doutrina
SANTOS, Douglas Dall Cortivo dos. O recente posicionamento do Superior Tribunal de
Justiça e o reconhecimento da possibilidade de conversão do tempo de serviço
especial em comum após 28.05.1998. Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto
Alegre, n. 27, dez. 2008. Disponível em:
<http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao027/douglas_santos.html>. Acesso
em: 16 jan. 2009.
2.17 Expressões latinas em referências e citações
Apud: citado por, conforme, segundo. Emprega-se para indicar a fonte de
citação indireta (reprodução de texto de fonte intermediária).
Et alli ou et al: e outros.
Ibidem: no mesmo lugar, na mesma obra: Emprega-se para citar a mesma
obra referenciada imediatamente antes.
Idem: o mesmo, a mesma coisa; o mesmo autor, igual à anterior. Emprega-se
quando o autor é o mesmo da citação anterior.
Idem ibidem: o mesmo, no mesmo lugar. Emprega-se para citar o mesmo
autor e sua obra imediata e anteriormente antes referida.
Idem per idem: o mesmo pelo mesmo.
In: em; na obra de. Usa-se em citações extraídas de obras coletivas, seguida
por dois pontos e com inicial maiúscula.
In fine: no fim. Expressão usada sobretudo em citações.
In verbis: nestas palavras; textualmente.
Ipsis litteris: textualmente; pelas mesmas letras.
Ipsis verbis: pelas mesmas palavras.
Loco citato ou loc. cit.: no lugar citado. Emprega-se para mencionar a mesma
página de uma obra já citada, havendo intercalação de outras referências
bibliográficas.
Nota bene: note bem; observe bem. Serve para chamar a atenção para o que
se segue.
Opus citatum ou op. cit.: obra citada. Emprega-se para mencionar uma obra
já citada, quando há intercalação de diferentes referências bibliográficas, ou
quando o autor é mencionado no texto.
Passim: aqui e ali. Emprega-se quando é impossível mencionar todas as
páginas de
onde foram retiradas as ideias do autor. Neste caso, são indicadas as páginas
inicial e final, que contêm as opiniões e conceitos utilizados.
Sequentia: seguinte ou que se segue. Emprega-se quando não se deseja
mencionar todas as páginas da obra referenciada. Neste caso, indica-se a
primeira página, seguida da expressão et seq.
Sic: assim; como impresso. Usa-se entre parênteses ou colchetes, ao final de
uma citação ou inserida nela, e significa dizer que o original é assim mesmo,
por mais errado que esteja.
Sine loco: sem lugar.
Sine nomine: sem nome, sem editor. Abrev.: s. n.
2.18 Linha pontilhada
Em textos legais que modificam outros textos legais, usam-se linhas
pontilhadas para indicar a omissão de texto de caput, de parágrafo, de inciso,
de alínea ou de item de determinado artigo. Deve-se usar uma linha pontilhada
para indicar todo o texto suprimido, além da linha pontilhada que se segue ao
número do artigo modificado. Usa-se ainda uma linha pontilhada no final da
emenda se o artigo modificado não encerrar no texto emendado. Exemplos:
Emenda no caput:
Art. 1o O caput do art. 42 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 42. Durante 25 (vinte e cinco) anos, a União aplicará, dos recursos
destinados à irrigação:
.......................................................” (EC 43/04)
Emenda alterando partes do artigo:
Art. 1o Os arts. 48, 57, 61, 62, 64, 66, 84, 88 e 246 da Constituição Federal
passam a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 48. ..................................................................................................
...............................................................................................................
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas,
observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI - criação e extinção de
Ministérios e órgãos da administração pública;
.........................................................................”
“Art. 57. ...........................................................
§ 7o Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente
deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do
§ 8o, vedado o pagamento de parcela indenizatória em valor superior ao
subsídio mensal.
2.19 Maiúsculas ou minúsculas
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa orienta o uso do emprego de
iniciais maiúsculas e minúsculas em nosso idioma da seguinte forma:
Usa-se inicial minúscula
a) ordinariamente, em todos os vocábulos da língua no uso corrente.
b) nos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.
c) nas obras literárias e artísticas (após o primeiro elemento, que é com
maiúscula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos
nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O
senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho ou Menino de engenho, Árvore
e Tambor ou Árvore e tambor.
d) nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
e) nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas); norte, sul (mas: SW
sudoeste).
f) nos termos de reverência, tratamento e religioso (opcionalmente, neste caso,
também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário
Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena). Sabe-se que,
em órgãos públicos, indica-se a inicial maiúscula nas formas de tratamento por
respeito.
g) nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas
(opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português),
matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e
Literaturas Modernas).
Usa-se inicial maiúscula
a) nos nomes próprios (reais ou fictícios): Pedro Marques; Branca de Neve, D.
Quixote.
b) nos nomes próprios, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro;
Atlântida.
c) nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor;
Neptuno/Netuno.
d) nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e
Aposentadorias da Previdência Social.
e) nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os
Santos.
f) nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado
de São Paulo.
g) nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente:
Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo
sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente,
por oriente asiático.
h) em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente
reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em
maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O; Sr., V. Exa.
i) opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou
hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros
públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos
(igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de
edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).
Observação: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não
obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de
códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica,
bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou
normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.
Merecem atenção na linguagem jurídica os seguintes casos:
Usa-se maiúscula:a) nomes de órgãos públicos, instituições militares, políticas e profissionais,
unidades administrativas, comissões oficiais, coligações, empresas privadas e
seus departamentos começam por maiúscula: Ministério Público da União,
Superior Tribunal de Justiça, Secretaria de Documentação e Informação,
Diretório Municipal do PSDB de Juiz de Fora, Prefeitura Municipal de São
Carlos, Juízo Eleitoral da 4ª Zona do Estado do Rio Grande do Norte,
Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, Coligação Trabalho e
Moralização, Ministério Público.
b) simplificações de nomes de entidades ou instituições consagradas pelo uso:
Congresso por Congresso Nacional, Senado por Senado Federal, Câmara por
Câmara dos Deputados, Constituinte por Assembleia Nacional Constituinte,
Supremo por Supremo Tribunal Federal.
c) nomes designativos de cargos antepostos à autoria de atos oficiais e
pospostos à assinatura deles: O Diretor-Geral da Secretaria do Supremo
Tribunal Federal, no uso de suas atribuições (...).
d) nomes pelos quais as leis tornam-se conhecidas: Código Civil, Código
Eleitoral, Lei Áurea.
e) palavras empregadas em sentido especial, como:
• casa, significando local destinado a reuniões de interesse público: O
deputado encontra-se na Casa para votar.
• constituição, no sentido de lei fundamental e suprema de um país e demais
sinônimos: Constituição de 1988, Carta Magna, Lei Fundamental.
• corte, no sentido de tribunal: Esta Corte tem posição definida sobre o assunto.
• estado, no sentido de nação politicamente organizada: O Estado
responsabilizou-se pelo desaparecimento de presos políticos.
• estado e município, no sentido, respectivamente, de unidade da Federação e
circunscrição administrativa autônoma de um estado, seguidos dos nomes: o
Estado de Minas Gerais, o Município de Luziânia; mas, o município elegeu um
deputado.
• federação, no sentido de união política entre as unidades federativas,
relativamente autônomas, que se associam sob um governo central: O projeto
visa ao fortalecimento da Federação.
• igreja, no sentido de instituição: A Igreja é contra o aborto.
• império, república, monarquia, no sentido de regime político, período histórico
ou quando equivaler à palavra Brasil: No Império houve muitas insurreições.
• justiça, no sentido de Poder Judiciário ou de seus ramos: A Justiça começa a
se modernizar. Isso é da competência da Justiça Eleitoral.
• leis, projetos, acórdãos, resoluções etc. acompanhados dos respectivos
números: Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, Mandado de Segurança 112,
Of. 10. A inicial deve ser maiúscula com nome de leis ou normas políticas e
econômicas consagradas pela importância de que se revestem: Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, Lei Áurea, Lei Afonso Arinos, Lei Antitruste,
Código Civil, Lei de Responsabilidade Fiscal.
• mesa, no sentido de conjunto do presidente e dos secretários de uma
assembleia: A Mesa do Senado posicionou-se a favor das medidas.
• plenário, no sentido de assembleia ou tribunal reunido em sessão: O Plenário
da Câmara rejeitou a proposta do governo.
• união, no sentido de reunião de estados relativamente autônomos, mas
subordinados a um governo central; governo federal: Cabe à União tomar
medidas para o caso.
f) início de citação direta: Diz o Código Eleitoral: “São eleitores os brasileiros
maiores de 18 anos [...]”; emprega-se minúscula em citações não coincidentes
com início de frase: A lei diz: “[...] a critério do juiz ou do Tribunal”.
g) pronomes de tratamento são iniciados com maiúscula no encaminhamento,
no endereçamento, no vocativo, nos atos normativos: Excelentíssimo Senhor
Presidente, Vossa Excelência, Magnífico Reitor, Senhor Governador, Senhor
Diretor etc. Os cargos, dignidades, postos, tratamentos e profissões, mesmo
que venham determinados, escrevem-se com inicial minúscula no interior do
texto: professor Celso Cunha, governador Olívio Dutra, diretor-geral Pedro
Alcântara.
h) nomes próprios de eras históricas e épocas notáveis Exemplos: Hégira,
Idade Média, Quinhentos (o século XVI), Seiscentos (o século XVII). Essa regra
não se aplica à palavra século, grafada com inicial minúscula sempre que não
iniciar período.
i) nomes de tributos, acordos, cartas e declarações internacionais Exemplos:
Imposto Sobre Produtos Industrializados, Taxa de Limpeza Urbana, Convenção
Americana de Direitos Humanos, Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais, Carta das Nações Unidas, Declaração Universal de Direitos
Humanos.
j) fatos históricos e importantes, de atos solenes e de grandes
empreendimentos públicos. Exemplos: Centenário da Independência do Brasil,
Descobrimento da América, Questão Religiosa, Reforma Ortográfica, Acordo
Luso-Brasileiro, Exposição Nacional, Festa das Mães, Dia do Município.
l) nomes de escolas de qualquer espécie ou grau de ensino Exemplos:
Faculdade de Filosofia, Escola Superior de Comércio, Ginásio do Estado,
Colégio de Pedro II, Colégio Marista de Brasília, Instituto de Educação, Grupo
Escolar de Machado de Assis.
Recomendações com inicial maiúscula na linguagem jurídica
Assembleia Legislativa
Assembleia Nacional Constituinte
Câmara Federal
Câmara Municipal
Carta (Constituição)
Carta Magna (Constituição)
Carta Política (Constituição)
Casa (Poder)
Casa Legislativa
Chefe da Nação
Chefe do Executivo
Chefe do Governo
Congresso Nacional
Constituição Federal
Corte Suprema
Decreto-Lei (quando especificado)
Desembargador (quando especificado)
Direito (ciência)
Estado (nação politicamente organizada; unidade federativa seguida do nome)
Estado-Administrador
Estado de direito (o governo juridicamente limitado)
Estado-Juiz
Estado-Legislador
Estado-Membro
Exército
Executivo (Poder)
Federação (união política dos Estados)
Forças Armadas
Governador
Judiciário (Poder)
Juiz (quando especificado)
Juízo estadual
Juízo federal
Justiça estadual
Justiça do Trabalho, Eleitoral, Militar
Justiça Federal
Legislativo (Poder)
Lei (quando especificada)
Lei estadual
Lei federal
Lei Maior (Constituição)
Lei municipal
Medida Provisória (quando especificada)
Memorando (quando especificado)
Mesa (do Senado, da Câmara)
Ministério da/do...
Ministério Público
Ministro (quando especificado)
Município (quando seguido do nome)
Nação (referindo-se ao Brasil)
Ofício (quando especificado)
País (referindo-se ao Brasil)
Pátria (referindo-se ao Brasil)
Prefeitura Municipal (quando especificada)
Presidência da República
Presidente (quando especificado)
Procurador (quando especificado)
Projeto (quando estiver designado)
Regimento Interno (quando especificado)
Regulamento (quando especificado)
Resolução (quando especificada)
Tesouro Nacional
Tribunal ad quem
Tribunal a quo
Tribunal de Alçada (quando especificado)
Tribunal de Justiça (quando especificado)
Tribunal Superior (quando especificado)
União (associação dos estados federativos)
Usa-se minúscula
a) substantivo que designa a espécie de acidente geográfico e obra civil
Exemplos: oceano Atlântico, mar Mediterrâneo, rio Amazonas, baía de
Guanabara, cordilheira dos Andes, vale do Paraíba, deserto do Saara, gruta de
Maquiné, ilha do Bananal, floresta da Tijuca, lago Paranoá, canal de Suez,
ponte Rio–Niterói, viaduto do Chá, aeroporto de Cumbica, usina de Itaipu,
rodovia BR-116 (Rio–Bahia), estrada Rio–Petrópolis, túnel Rebouças, porto de
Santos, barragem de Sobradinho.
b) epítetos dos topônimos, nas preposições que os relacionam no espaço, bem
como nos adjuntos que lhes delimitam a extensão ocasional em que são
tomados Exemplos: alto Amazonas, médio São Francisco, baixo Tapajós, além
Atlântico, aquém Andes, Brasil meridional. Quando tais elementos se
incorporam aos topônimos, fazendo parte de seu nome oficial ou de nome
consagrado pelo uso, grafam-se com inicial maiúscula: Recôncavo Baiano,
Pantanal Mato-Grossense, Oriente Médio, Trás-os-Montes, África Equatorial
Francesa, Coreia do Sul, Planalto Central, Baixada Fluminense, Mata Atlântica,
Floresta Amazônica. Também as zonas geoeconômicas do Nordeste e as
designações de ordem geográfica ou político-administrativa são grafadas com
maiúscula: Meio-Norte, Zona da Mata, Agreste, Sertão, Amazônia Legal,
Polígono das Secas, Triângulo Mineiro. Porém, quando se trata de adjetivo
qualificativo, e não de designativo oficial, grafam-se com inicial minúscula:
região amazônica, floresta atlântica, hileia amazônica, costa atlântica.
c) nos seguintes termos quando não estiverem no início do período: trópico,
hemisfério, pólo, continente, meridiano, paralelo, equador, latitude, longitude,
círculo polar ártico e antártico, etc.
d) moeda: real, dólar, franco, peso, marco, libra. O real está de cara e coroa
novas. Atenção: quando se fala do Plano Real, está-se falando de nome
próprio; nesse caso, usa-se inicial maiúscula: O (Plano) Real estabilizou a
economia.
e) artigos definidos e indefinidos, pronomes relativos, preposições, conjunções
e advérbios e suas locuções, bem como em combinações e contrações
prepositivas, quando no interior de substantivos próprios: Ministério do
Trabalho, Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento,
Imposto sobre Serviços.
f) nomes próprios quando empregados no plural, exceto os nomes e
sobrenomes de pessoas: tribunais regionais eleitorais, os estados da
Federação; mas os Rodrigues, os Josés, os Andradas.
Recomendações com inicial minúscula na linguagem jurídica
administração pública
erário
fisco
governo estadual
governo federal
governo municipal
nomes das partes no processo (requerente, requerido etc)
poder público
primeira/segunda instância
primeiro/segundo grau
relator
2.20 Números
Cardinais em algarismos
a) quantias, grandezas e medidas: R$ 10,00, 25kg, 30m.
b) horários: 8h35min20s.
c) datas, décadas e decênios: A reunião realizou-se no dia 20 de agosto de
1998 (exceto o primeiro dia do mês, que deve ser grafado em ordinal).
Publicado no DJ de 24-5-96. Década de 60.
d) endereços: Rua 15 de Novembro, Casa 7.
e) páginas e folhas de publicações: página 23, folha 14.
f) porcentuais: 30% dos votantes.
g) idade: Ele tem 45 anos.
h) artigos e parágrafos de lei a partir do número 10: art. 10, art. 25.
i) contagem de votos e indicação de penas e prazos processuais: Foram
computados 5 votos a favor e 3 contra; O réu foi condenado a 15 anos de
reclusão; A parte tem 5 dias para juntar o documento aos autos.
j) frações: Ele ainda não cumpriu 1/5 da pena; No homicídio culposo, a pena é
aumentada em 1/3 se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício.
l) páginas e folhas de publicação: pág. 23, fl. 15.
m) tabelas, gráficos e mapas.
Observação: As centenas se separam por ponto, exceto em anos e
endereços:53 1.234.567.890; 1822; 2003; Av. Brasil, 1240, ap. 1402, Caixa
postal 23683, CEP 70160-900.
Ordinais em algarismos
a) zonas, sessões, distritos e regiões: 15ª Zona Eleitoral, 1º Distrito.
b) primeiro dia do mês: Hoje é 1º-4-99.
c) artigos e parágrafos de leis, decretos etc. até o número 9: art. 1º, art. 9º.
d) numerais antecedendo substantivos: 3º capítulo, 5º andar.
Observação: Por brevidade, trocam-se os ordinais pelos cardinais: trigésima
primeira folha por folha trinta e um, primeira casa por casa um. Nesse caso,
usam-se os cardinais sem flexão de gênero e de número por ficar subentendida
a palavra número: A prova encontra-se a folhas nº 22 do processo, significando
que ela se encontra na 22ª folha do processo. Se houver mais de um número
de folha, a regra é a mesma: a folhas nº 22 e 25.
e) Quando o ordinal é de dois mil em diante, a tradição orienta que o primeiro
numeral deve ser cardinal: a 2.132ª pessoa (a duas milésima centésima
trigésima segunda pessoa); a 4.245ª inscrição (a quatro milésima ducentésima
quadragésima quinta inscrição). No entanto, há uma tendência moderna de
preferir o primeiro numeral também como ordinal: a 2.132ª (a segunda
milésima); a 4.245ª inscrição (a quarta milésima).
Algarismos romanos
a) nomes de papas, soberanos: Papa João Paulo II, Luís XV.
b) dinastias reais: II Dinastia.
c) séculos: século XX.
d) divisões das Forças Armadas: I Comando do Exército, IV Distrito Naval.
e) congressos, seminários, simpósios e eventos correlatos: V Bienal do Livro.
f) partes de uma obra: Título III, Capítulo II, Seção I.
g) incisos de leis: inciso V.
Observação: Quando o algarismo romano vier após o nome, até o X, lê-se
como ordinal e, a partir daí, como cardinal: Século III (lê-se século terceiro);
século XII (lê-se século doze). Vindo antes do nome, lê-se como ordinal: XII
Bienal (lê-se décima segunda bienal).
Para fins de leitura, os algarismos romanos de I a X são tidos por ordinais,
estejam eles antepostos ou pospostos ao termo que qualificam. Já a partir do
XI, eles só recebem tal leitura se antepostos: século I (século primeiro) ou I
século (primeiro século) século X (século décimo); mas século XI (século onze)
ou XI século (décimo primeiro século); XX Salão do Automóvel (vigésimo); IV
Bienal do Livro (quarta).
Na redação legislativa, entretanto, o número dez é sempre cardinal,
independentemente de aparecer sob a forma de algarismo arábico ou romano:
art. 10 (artigo dez), inciso X (inciso dez).
Grafia por extenso
Normalmente escrevem-se por extenso:
a) os cardinais e ordinais de um a dez, cem e mil: três dias, segundo turno,
cem pessoas; Se houver números acima e abaixo de 11 na mesma frase,
prefira os algarismos: Chegaram 3 revistas e 22 questionários.
b) escrevem-se por extenso os numerais cardinais e ordinais representados por
uma só palavra (simples); mantém-se o numeral se formado por mais de uma
palavra (composto): Tivemos duas aulas de inglês; Hoje julgaram cinco casos
de homicídio; As 23 pessoas concursadas serão empossadas na próxima
semana; Já foram registrados 53 casos de dengue em Brasília; Este é o
primeiro mês de verão; Participaremos do 15º aniversário da empresa.
c) os cardinais e ordinais em início de frases: Trinta e dois votos foram
anulados.
d) os fracionários, quando os dois elementos estiverem entre um e dez: três
quintos dos votos; mas empregam-se algarismos nos demais casos: 1/12 dos
eleitores.
Observação: A Lei Complementar 95, de 26 de fevereiro de 1998, em seu art.
11, II, f, determina que se deve grafar por extenso quaisquer referências feitas,
no texto legal, a números e porcentuais.
Grafia mista
Usa-se grafia mista (algarismos e por extenso) na classe dos milhares, se não
houver número na classe inferior: 32 mil votos. Caso contrário, empregue
apenas algarismos: 32.420 votos. A partir da classe dos milhões, há dois
procedimentos, se não houver número na classe inferior:
a) 15 milhões e 438 mil eleitores; R$ 4 bilhões.
b) 15,4 milhões de eleitores (com aproximação do número fracionário). Caso
haja número nas classes inferiores, empregam-se apenas algarismos:
15.438.302 eleitores.
c) Quando o quantitativo está expresso de forma sintética, usa-se a vírgula
para separar casas: 2,7 milhões de reais (não: 2.7 milhões); 1,250 bilhão de
dólares (não: 1.250 bilhão).
Observações:
1. Emprega-se o ponto para separar as classes dos numerais: 3.004.987.
Exceções: ano e CEP: janeiro de 1998, CEP 70833-060.
2. Nas datas, separam-se o dia, o mês e o ano por ponto separativo, sem zero
à esquerda de 2 a 9: 3.5.98. O primeiro dia do mês deve ser ordinal. Em
formulários e casos de uso técnico estabelecido e os já consagrados pelo uso,
como, por exemplo, resultados de loteria (ex.: 02-05-08-32-46-49) e numeração
de processos e assemelhados (ex.: fls. 01 a 09) pode-se colocar o zero antes.
3. Milhão, bilhão, trilhão etc. variam em número: três milhões, oito bilhões, mas
1,2 milhão.
4. O número (em algarismo), quando em final de linha, não deve ser dividido
em textos jurídicos.
5. Na indicação de quantia, grandeza, medida ou horário, não se usa espaço
entre os numerais e os símbolos ou abreviaturas: 2h35min15s, 80km.
Números cardinais compostos
A escrita do cardinal, conforme sua composição, faz-se da seguinte maneira:
a) dois algarismos: põe-se a conjunção e entre os algarismos: 86 => oitenta e
seis.
b) três algarismos: põe-se a conjunção e entre cada um dos três: 654 =>
seiscentos e cinquenta e quatro.
c) quatro algarismos: omite-se a conjunção e entre o primeiro algarismo e os
restantes: 4.455 => quatro mil, quatrocentos e cinquenta e cinco. Se o primeiro
algarismo da centena final for zero, aparecerá então o e: 3.048 => três mil e
quarenta e oito. Aparecerá ainda o e quando os dois últimos ou os dois
primeiros da centena forem representados por zeros: 1.400 => mil e
quatrocentos; 1.001 => mil e um; R$ 4.005,28 => quatro mil e cinco reais e
vinte e oito centavos.
d) de vários grupos de três algarismos: omite-se o e entre cada um dos grupos:
3.444.225.528.367 => três trilhões, quatrocentos e quarenta e quatro bilhões,
duzentos e vinte e cinco milhões, quinhentos e vinte e oito mil, trezentos e
sessenta e sete.
e) Devem-se repetir as ordens de grandeza, mesmo quando na leitura a
primeira delas é comumente omitida: Compareceram à convenção entre 4 mil e
5 mil pessoas (na leitura comum: entre quatro e cinco mil pessoas). O
Município tem de 100 mil a 120 mil habitantes (na leitura comum: de cem a
cento e vinte mil habitantes). A inflação ficará entre 2% e 3,5% (na leitura
comum: entre dois e três e meio por cento).
6. Os números 1 e 2 e as centenas a partir de 200 variam em gênero, o que
exige atenção na hora de ler ou escrevê-los por extenso: 200.352 UFIRs =
duzentas mil trezentas e cinquenta e duas UFIRs; 435.891 ações preferenciais
= quatrocentas e trinta e cinco mil oitocentas e noventa e uma ações
preferenciais.
7. Concordância: milhão, bilhão, trilhão são masculinos: 1,5 milhão de pessoal
(lê-se um milhão e quinhentas mil pessoas); 2,6 bilhões de crianças (lê-se dois
bilhões e seiscentos milhões de crianças); 2,5 mil eleitoras (lê-se duas mil e
quinhentas eleitoras).
Tabela comparativa de números (incluir anexo 2)
7.3 SIGLAS
As siglas devem ser grafadas conforme as regras aqui
Grafia dos numerais em discursos
Na hipótese da elaboração de discursos e outros textos destinados à leitura em
voz alta, a grafia dos numerais é balizada, sobretudo, pelo critério da melhor
visualização para o leitor/orador. Por isso, adota-se com mais frequência a
apresentação algébrica dos numerais, embora também seja comum o emprego
de combinações, como a que ocorre em “10 mil e 300 pessoas”.
Grafia dos numerais em textos técnicos
No caso de textos técnicos (estudos, pareceres ou notas técnicas), a grafia dos
numerais deve observar uma série de regras, diferentemente do que acontece
nas hipóteses anteriores. Assim:
a) não se inicia período com algarismo arábico, devendo o número ser grafado
por extenso, independentemente de ser cardinal ou ordinal Exemplos:
Dezesseis anos era a idade da moça que trazia o céu nos olhos. Sexagésimo
aniversário da fundação da escola era a comemoração do dia.
b) grafam-se por extenso os numerais expressos num único vocábulo e em
algarismos aqueles que exigem mais de uma palavra para serem veiculados
Exemplo: Mais de quinhentas pessoas compareceram à cerimônia de posse do
Presidente da República, mas apenas 250 tinham sido convidadas. Destas,
apenas vinte representavam Estados estrangeiros.
Observações:
A mesma regra é válida para as percentagens, utilizando-se a expressão “por
cento” ou o símbolo “%” conforme o numeral seja veiculado por uma ou mais
palavras: quinze por cento, cem por cento, 42%, 57%. O símbolo, entretanto,
deve vir grafado imediatamente depois do algarismo, sem qualquer espaço em
branco.
Para maior garantia, os valores monetários devem ser expressos em
algarismos seguidos da indicação da quantia, por extenso, entre parênteses:
R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Se o valor mencionado estiver localizado
no final da linha, não o separe: coloque o cifrão em uma linha e o numeral na
seguinte.
c) nenhum numeral leva hífen, salvo postos e graduações da hierarquia militar
e da diplomacia Exemplo: Dois servidores deixaram de receber o adiantamento
do 13° salário em junho: o 2º -tenente responsável pela segurança do prédio,
Sr. Antônio Leite, e o 1º--secretário responsável pela chefia do cerimonial, Sr.
Camilo Marques.
e) tanto gráficos, gravuras, ilustrações, fotografias, figuras, esquemas, tabelas
e quadros constantes dos textos, como idades, datas, escores de jogos,
vereditos e contagem de votos devem ser numerados com algarismos arábicos
Exemplos: A Tabela 5 mostra a evolução da taxa de mortalidade nos últimos
meses. Marcelo tem 30 anos. No plebiscito, foram 200 votos contra a reeleição
e 100 a favor dela. O Júri absolveu-o por 4 a 3.
Observações:
Em tais casos, não se aplica a regra referida na letra “b”.
Lembre-se, porém, que o decurso de tempo será sempre grafado por extenso:
Marcelo nasceu há trinta anos; A reunião durou duas horas e meia.
f) nas datas escritas por extenso, indicam-se o dia e o ano em algarismos
arábicos e o mês pelo nome correspondente. Nas abreviadas, os três
elementos são expressos em algarismos arábicos e aparecem separados por
hífen ou barra Exemplos: 14 de março de 1997; 5 de julho de 1995; 12 de
outubro de 1984; 1º de maio de 1999; 13-12-41; 27/1/92.
Observações:
Não se utiliza o zero à esquerda dos numerais que indicam dia e mês nem se
usa ponto para separar os algarismos que expressam ano.
O primeiro dia do mês – ao contrário dos demais que são expressos na forma
cardinal – é sempre indicado pela abreviatura do número ordinal: 1º/11/98, 1º
de fevereiro de 1915; 1º-1-2000.
Não se utiliza a forma abreviada da data quando só se faz referência a ano ou
a mês e ano: 1980; 2001; agosto de 1937; janeiro de 1989; junho de 1891; abril
de 1713.
g) embora sejam minoria, alguns numerais estão sujeitos à flexão de número e
gênero, desde que não apareçam substantivados Exemplo: Refiro-me à
procuração que se encontra a folhas trinta e duas.
h) as frações são invariavelmente indicadas por algarismos numéricos se
decimais, mas também podem ser escritas por extenso quando ambos os
elementos designados estão entre um e nove Exemplos: 0,3; 12,75; 4/12; 7/25;
5/6; dois terços; um quarto.
i) Quando o verbo vier anteposto ao número percentual, a concordância
também será feita com tal número: Estão perdidos 50% da mercadoria; Está
perdido 1% da mercadoria; Foi recuperado apenas 1% dos documentos.
2.21 Itálico ou negrito
Os textos comumente vêm impressos em letras do tipo redondo, mas,
quando se quer chamar a atenção do leitor para certas palavras, expressões
ou partes de um texto, usam-se tipos ou cores diferentes, como o itálico ou o
negrito.
Itálico
Diz-se do tipo inclinado para a direita (letras inclinadas). Usa-se em:
a) estrangeirismo: O Brasil conheceu o two-party system durante a ditadura,
com a Arena e o MDB.
b) expressões latinas: data venia; habeas corpus; opportuno tempore.
c) palavras ou expressões não características da linguagem de quem escreve,
como arcaísmos, expressões populares, gírias, neologismos: Fugiam do tira.
d) palavras ou partes de texto que se pretende destacar: O veto é uma forma
de participação do Executivo na elaboração das leis.
e) títulos de obras, jornais, revistas: Estas ideias estão em As democracias
contemporâneas, de Arend Lijphart. Li no Correio Braziliense a reportagem. A
revista Veja publicou o assunto.
f) nomes de instituições estrangeiras: O Empire State Building voltou a ser o
mais alto edifício de Nova Iorque após a destruição do World Trade Center.
g. nomes científicos de Botânica, Zoologia e Paleontologia: Coffea arabica,
Carica papaya, Felis catus, Panthera leo, Homo sapiens, Homo erectus
(apenas o primeiro nome em maiúscula).
Negrito
Diz-se do tipo mais cheio, de cor acentuadamente mais forte que o normal,
usado em cabeças de verbetes, em várias partes de obras impressas, como
títulos, capítulos, ementas de acórdãos, etc. O negrito e o sublinado são
utilizados para realce de palavras e trechos e em títulos e subtítulos. Devem,
no entanto, ser empregados com muito critério, pois o uso abusivo para realçar
palavras e trechos dentro de um texto, além de poluir a página visualmente,
tira-lhes o efeito de destaque.
Votante. Que ou quem vota (verbete).
TÍTULO VI – Da Disciplina Partidária.
2.22 Referência a folhas
A expressão provoca dúvida, pois encontramos de formas diversas no
serviço público. As mais comuns são: “à folha 27”, “a folhas 27”, “as folhas 27”,
“às folhas 27”. Autores afirmam que a expressão foi variação da locução “a
certa altura”. Por isso mesmo, as formas adequadas são a duas primeiras: “à
folha 27” ou “a folhas 27”. Napoleão Mendes de Almeida afirma que na
linguagem forense se diz “a folhas vinte e duas” – significa “a vinte e duas
folhas do início do trabalho”. Também a expressão “a páginas vinte e sete”
segue este princípio. Em relação ao assunto ainda, a forma abreviada deve ser
escrita assim:
- a fls. 27;
- à fl. 27;
- a fls. 27 e 28;
- às fls. 27 e 28;
- a fls. 27 a 32;
- às fls. 27 a 32.
Inadequado está o uso do plural para indicar apenas uma folha ou página.
Inadequado também é o uso da expressão sem a referida folha ou página.
Conforme os dados descritos a fls. citada, confirmo a decisão (inadequado).
Quando se faz referência à citação de folha ou página numerada, a
preposição deve ser acompanhada do artigo definido.
Conforme se lê à fl. 15.
Conforme se lê às fls. 12 e 13.
Conforme se lê às fls. 12 a 18.
Segundo consta da/na fl. 27 do processo.
Segundo consta nas fls. 27 e 28 do processo.
Segundo consta nas fls. 27-45 do processo.
Observação: é erro a construção “consta à fl.27”, por exemplo, pois o verbo
constar, no sentido de estar documentado, pede a regência da preposição “em”
ou “de”.
2.23 Anexos, tabelas, gráficos, quadros
Anexos
Documentos que acompanham e complementam a correspondência
principal.
Recomendações:
1. Os anexos podem ser designados por algarismos arábicos ou por letras
maiúsculas;
2. Se houver apenas um anexo, dá-se a ele o nome de Anexo único. Se houver
vários, no primeiro escreve-se Anexo nº 1 e no último, Anexo nº x e último.
3. Quando se faz referência a alguma página de um anexo, procede-se da
seguinte forma: Anexo 1/2 (que significa anexo nº 1, página 2); Anexo 9/3 (que
significa anexo nº 9, página 3); Anexo nº x e último/5 (que significa anexo nº x e
último, página 5).
4. Quando são vários anexos, no texto do documento principal deve-se
mencionar a quantidade. Ex.: Anexos: 6., o que indica que há seis anexos no
total.
5. Havendo apenas um anexo, escreve-se no texto principal o nome do anexo.
Ex.: Anexas: Notas promissórias.
6. Observe-se rigorosamente a concordância nominal. Ex.: Anexas: notas
promissórias; Anexos: documentos assinados; Anexa: guia de recolhimento;
Anexo: pedido assinado.
7. Não utilize a expressão em anexo.
Uso de tabelas, gráficos e quadros
Tabelas, gráficos, figuras e quadros organizam as informações em ordem
lógica e tornam as comparações mais fáceis e acessíveis ao leitor, além de
economizarem espaço. Assim, servem para ilustrar e agilizam o entendimento
da informação.
Recomendações:
1. As tabelas, figuras ou ilustrações contidas em um documento devem ser
intercaladas no texto, logo após serem citadas pela primeira vez, e numeradas
em algarismos arábicos, sequencialmente.
2. Nas tabelas os títulos vêm acima; nas figuras, abaixo.
3. Evite abreviar palavras dentro de gráficos, tabelas e quadros.
4. As legendas internas devem obedecer a um padrão. Prefira a letra maiúscula
apenas no início da primeira palavra.
5. As palavras figura, quadro, anexo e tabela, no texto, quando seguidas de
numeração, devem ser grafadas com a letra inicial maiúscula. Ex.: Figura 2.1;
Quadro 5.7; Tabela 3.3
6. Somente a primeira palavra da legenda terá letra inicial maiúscula. Após a
numeração não se usa o ponto. Ex.: Figura 2.1 Números de computadores.
7. Não se destacam as palavras figura, quadro e tabela nas legendas. Os
números são separados por ponto e a legenda vem em itálico. Ex.: Figura 2.1
Número de computadores; Quadro 3.2 Consumo de energia.; Tabela 4.4
Servidores exonerados.
8. Após toda e qualquer legenda, coloque o ponto final.
9. Não abrevie as palavras figura, tabela, quadro e anexo no texto ou na
legenda.
2.24 Moedas e valores
Usa-se o símbolo da moeda para o real (R$) e para o dólar americano (US$),
exceto quando o valor estiver incluso em uma declaração: “A dívida do estado
é de 20 bilhões de reais”. Para as moedas dos demais países e para as
brasileiras já extintas, a grafia deve ser sempre por extenso: 20 marcos
alemães, 2 mil ienes, 5 dólares canadenses, cruzeiros (Cr$), cruzados (CZ$),
cruzados novos (NCz$). Não esquecer o espaço entre o símbolo e o valor: R$
200.
2.25 Cargos e funções
Os cargos devem ser grafados sempre com iniciais maiúsculas e no masculino
singular: Advogado-Geral da União, Chefe de Gabinete, Corregedor-Geral da
Justiça Federal, Deputado Federal, Desembargador, Diretor-Geral,
Governador, Juiz Federal, Ministro de Estado da Cultura, Ministro de Estado da
Fazenda, Oficial de Gabinete, Prefeito, Presidente da República, Procurador-
Geral da República, Secretário Especial dos Direitos Humanos, Secretário-
Geral da Presidência, Senador, Vice-Presidente da República, etc. Ex.: Eles
foram empossados no cargo de Ministro do Tribunal Superior Eleitoral; Ela
assumiu o cargo de Ministro de Estado da Justiça.
2. Quando os cargos são ocupados por mulheres, usa-se o feminino para o
respectivo tratamento, com inicial maiúscula: Deputada, Desembargadora,
Diretora-Geral, Governadora, Juíza Federal, Ministra, Prefeita, Procuradora-
Geral da República, Secretária-Geral, Senadora, etc. Ex.: A Ministra de Estado
das Comunicações, Iêda Cruz [...]; A Prefeita Maria Adelaide, de Nova Odessa
[...] Embora existam as formas presidenta e chefa, é comum o uso de
presidente e chefe para os dois gêneros: Senhora Presidente, Senhora Chefe.
3. Nas referências genéricas a ocupantes de cargos, usam-se minúsculas: Os
ministros foram convocados para uma sessão extraordinária; Os governadores
ainda não se pronunciaram; As desembargadoras já foram empossadas; Três
senadores apresentaram propostas; As secretárias participaram da palestra.
4. No texto jurídico, com raras exceções, o cargo é mencionado antes do
nome: o Ministro do STJ Luiz Fux; o Presidente do STJ, Ministro Nilson Naves;
o Ministro da Justiça, Mário Barroso; o Secretário-Geral da Presidência da
República, Luís Sousa Dinis; o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás, Desembargador Oscar Dias Abreu; o Presidente da Câmara dos
Deputados, Deputado José Antunes Neto, etc.
5. As palavras indicadoras de cargos e funções que fazem parte da hierarquia
de empresas e instituições são assim grafadas: advogado criminalista,
advogado de acusação, analista contábil, analista financeiro, assessor
legislativo, assessor jurídico, assistente comercial, auxiliar administrativo, chefe
de gabinete, cientista político, colunista social, comentarista econômico,
consultor financeiro, diretor administrativo, diretor comercial, diretor executivo,
diretor financeiro, diretorgeral, diretor-gerente, diretor industrial, diretor jurídico,
diretor presidente, diretorsecretário, diretor substituto, editor assistente, editor
chefe, engenheiro mecânico, gerente administrativo, gerente comercial, gerente
financeiro, gerente industrial, gerente jurídico, gerente regional, primeiro-
ministro, primeiro secretário, procurador-geral, professor-assistente, professor-
associado, redator chefe, secretário-geral, sócio-gerente, supervisor
administrativo etc.
6. Nas patentes militares, usa-se hífen, salvo nos casos em que há preposição
ou a conjunção e entre as palavras: capitão-aviador, capitão-general, capitão-
tenente, primeiro-sargento, primeiro-tenente, segundo-cadete, segundo-
tenente, capitão de bandeira, capitão de fragata, capitão de mar e guerra, etc.
7. Não se usa hífen nas referências a cargo efetivo juntamente com cargo
provisório ou função: ministro presidente, ministro diretor da revista,
desembargador presidente, ministro relator, etc.
Não usar “presidente do Congresso”. A Mesa do Congresso Nacional é
presidida pelo presidente do Senado, segundo o artigo 57 da Constituição
brasileira.
Quando o personagem ocupa um cargo, deve ser identificado, na primeira
referência, por cargo e nome completo. Nas demais menções, usa-se o cargo
ou o nome mais conhecido.
Usa-se vírgula entre o cargo e o ocupante do cargo apenas quando uma só
pessoa desempenha a função: “o presidente da República, Fulano de Tal,
decretou...”, mas “o ex-presidente da República Beltrano”, “o diretor do Banco
Central Sicrano”.
É preferível escrever primeiro o nome e depois o cargo nos seguintes casos.
1) quando a pessoa tem mais de um cargo;
2) quando a identificação se refere a cargo ou situação anterior. Se a
identificação é muito extensa, pode-se usar o nome no meio da relação de
cargos.
Uma figura pública pode ser tratada pelo prenome ou apelido a partir da
segunda vez que é mencionada em um texto, desde que seja mais conhecida
assim. Exemplo: Getúlio, para Vargas; Jango, para João Goulart; Pelé, para
Edson Arantes do Nascimento; JK, para Juscelino Kubitschek.
Escrevem-se com hífen o cargo de primeiro-ministro; a posição de primeira-
dama; os cargos que têm o adjetivo “geral” (secretário-geral, procurador-geral);
e os postos e graduações da hierarquia militar e da diplomacia. O prefixo ex
sempre precede o hífen: o ex-vice-presidente.
Os cargos das Mesas do Senado e da Câmara serão escritos com numerais e
palavras (1º secretário e 2º vice-presidente).
2.26 Termos estrangeiros
1. Os estrangeirismos, aí incluídos os latinismos, devem ser escritos em itálico:
Seguiu-se, na esteira desse precedente, o deferimento de liminares em três
outros writs com idêntico objeto; Em atenção ao e-mail do dia 31 [...]; O
agravante dispõe de meios processuais que lhe possibilitam combater o error in
procedendo e o error in judicando. (V. destaques no texto, 1.4.)
2. As palavras derivadas de estrangeirismos devem manter a forma original do
vocábulo com acréscimo do prefixo ou sufixo, contudo não são grafadas com
destaque: byronismo, byroniano, shakespeariano, hobbesianismo, proustiano,
proudhoniano, taylorismo, marxista, pós-marxismo, neomarxismo, kantista,
kepleriano, wagnerismo, wagnerizar.
3__________________________________
Expressões e vocabulário
3.2 a cerca de - acerca de - há cerca dea cerca de significa “a uma distância de”: Belo Horizonte fica a cerca de
setecentos quilômetros de Brasília.
acerca de significa “sobre”, “a respeito de”: Falavam acerca do processo.
há cerca de significa “faz aproximadamente”: Há cerca de duas semanas, o
processo foi protocolado.
3.3 à custa de – a expensas de – em via de
à custa de tem o sentido de “à força de”: Obteve o resultado favorável à custa
de muito trabalho; sem recursos desde o ano passado, vive à custa da família.
a expensas de tem o mesmo sentido de “à custa de” (pode-se grafar também
“às expensas”): O prédio foi construído a expensas do governo local.
em via de tem o sentido de “a caminho de” ou “prestes a”: O processo está em
via de ser encerrado.
3.4 a fim de - afim dea fim de é locução prepositiva. Indica finalidade e equivale a “para”: Estamos
aqui a fim de trabalhar.
afim/afins são adjetivos e referem-se ao que apresenta afinidade, parentesco:
Ele se tornou inelegível por ser parente afim do prefeito.
3.5 a maior - a menorA expressão a “maior” significa em excesso, “a mais”, “além do devido”: Tudo
que for pago a maior será devolvido.
“A menor” apresenta justamente o sentido de “a menos”, “em quantidade
inferior”: O pagamento realizado foi a menor.
3.6 à medida que - na medida em queà medida que é locução proporcional e significa “à proporção que”, “ao passo
que”, “conforme”: A opinião popular mudava à medida que se aproximava a
eleição.
na medida em que é locução causal e significa “porque”, “porquanto”, “uma
vez que”, “pelo fato de que”: Na medida em que foi constatada a sua
inconstitucionalidade, o projeto foi arquivado.
3.8 a partir de – com baseA expressão “a partir de” deve ser empregada em sentido temporal. Evite
empregá-la no sentido de “com base em”: Ela prometeu iniciar o regime a partir
do próximo mês. O juiz proferiu a sentença a partir dos argumentos
apresentados (inadequado). O juiz proferiu a sentença com base nos
argumentos apresentados (adequado).
3.9 a princípio – em princípioa princípio tem o sentido de “inicialmente”, “no começo”: A princípio não gostei
da cidade, porém com o tempo passei a me adaptar muito bem. Ela a princípio
não gostava do namorado.
em princípio tem o sentido de ‘em tese”, “teoricamente”: Em princípio,
passarei o feriado com meus pais.
3.10 abaixo-assinado - abaixo assinadoO termo com hífen representa o documento coletivo com opinião dos que o
assinam (o abaixo-assinado apresentava mais de mil assinaturas). Sem o
hífen, designa os signatários de um documento (nós, abaixo assinados,
manifestamos assim nossa opinião).
3.11 acaso se – casoacaso indica “por acaso”, “porventura” e pode ser precedido da conjunção
condicional “se”: Acaso se estiver em Brasília amanhã, visite seu irmão.
caso já indica condição e não pode estar acompanhada da conjunção
condicional “se”: Caso vá a Brasília amanhã, visite seu irmão.
3.13 adjetivo por advérbioTrata-se de recurso bem comum. Lembre-se da propaganda “a cerveja que
desce redondo”. O adjetivo “redondo” exerce, no caso, a função do advérbio
“redondamente”. Em geral, o adjetivo na função de advérbio pode ser
substituído pela forma em “mente” ou pela expressão “de modo”: eram pessoas
demasiado inteligentes (demasiadamente). Ele não raro fazia assim
(raramente).
3.14 afinal – a finalafinal tem o sentido de “finalmente”.
a final tem o sentido de “ao fim” ou “ao final”.
3.15 além de (...) também
Prática comum, mas inadequada é a união da expressão “além de” com o
termo “também” logo após. Os dois indicam adição é, assim, quando juntos,
formam pleonasmo. Observe exemplo a ser evitado: Além de estudar, também
trabalha. Prefira: Além de estudar, trabalha.
3.17 anexo – em anexoO termo é naturalmente adjetivo em nosso idioma e deve concordar com o
referente: segue decisão anexa; segue documento anexo; seguem contratos
anexos; seguem decisões anexas. Embora alguns gramáticos defendam a
ideia de usar a expressão “em anexo” como advérbio, os principais manuais de
redação não indicam tal uso.
3.18 ante A forma correta é “ante o” e “ante a”, porque não se trata de uma locução;
consequentemente, não cabe a preposição ‘a’ depois da também preposição
‘ante’, que se comporta como ‘perante’, com o mesmo significado de "diante
de, em presença de alguém ou algo": Ela se saiu bem perante o juiz. Ante a
juíza, ele vacilou. Calou-se ante os argumentos apresentados.
3.19 ao ano - por anoAo se referir a taxas e juros, a expressão adequada é “ao ano”, “ao dia”, “ao
mês”: Ele pagou juros de 30% ao ano. O índice de mortalidade infantil cresceu
2% ao mês. Ao indicar período nos demais casos, use “por ano”, “por mês”,
“por dia”: O auditor determinou três inspeções por mês; As decisões serão
tomadas duas vezes por mês.
3.20 ao encontro de - de encontro aao encontro de significa “em busca de”, “em favor de”, “encontrar-se com”:
Houve entendimento, pois a opinião da maior parte dos estudantes ia ao
encontro das propostas da direção.
de encontro a significa “oposição”, “contra”, “divergência”: Houve divergência,
pois a opinião da maior parte dos estudantes ia de encontro às propostas da
direção.
3.21 ao invés de - em vez deao invés de significa “ao contrário de” e encerra a ideia de oposição: Os juros,
ao invés de baixarem, sobem.
em vez de significa “em lugar de”, “ao contrário de”: Estudou Direito Penal em
vez de Direito Constitucional.
3.22 ao nível de – em nível de – a nível deao nível de indica “altura”: Santos está ao nível do mar (à altura do mar).
em nível de indica “no âmbito”, mas a expressão deve ser eviatada na
linguagem formal.
a nível de não existe em nosso idioma.
3.23 apelarO verbo é bastante empregado na linguagem jurídica e merece atenção. Com
sentido de “interpor recurso” pede a preposição “de”: Os advogados vão apelar
da sentença. Com sentido de “recorrer” pede a preposição é “para”: O
secretário apelou para o prefeito.
3.24 apenar - penalizarapenar significa condenar à pena, castigar, punir: O Tribunal apenou o
responsável pelo prejuízo.
penalizar indica causar pena ou desgosto a, sentir grande pena ou desgosto:
Também o penalizavam os resultados da fome em seu país. Penalizou-se com
o sofrimento do amigo.
3.25 arquive-se ou arquivem-se - cite-se ou citem-seO assunto pede atenção. Desde o tempo do vestibular, muitos tropeçam no uso
do “se”. Ora ele funciona como partícula apassivadora, ora como índice de
indeterminação do sujeito. Para não cometer erros, vale a pena se lembrar das
vozes verbais.
Voz ativa: Lucas comprou o livro.
Voz passiva analítica: O livro foi comprado por Lucas.
Voz passiva sintética: Comprou-se o livro.
O último caso é o que nos interessa agora. Observe que a voz passiva pode
ser escrita como analítica (foi comprado) ou sintética (com o uso do “se”).
Sempre que se conseguir fazer a substituição de uma pela outra sem alterar o
sentido, não existirá objeto direto na construção e a concordância será feita
entre o os dois termos.
Comprou-se o livro. = O livro foi comprado.
Compraram-se os livros. = Os livros foram comprados.
Lembre-se da placas que encontramos em todas as cidades do Brasil:
Joga-se búzios (inadequado).
Jogam-se búzios (adequado).
Jogam-se búzios. = Búzios são jogados.
A regra vale para o caso citado.
Arquive-se o processo. = O processo seja arquivado.
Arquivem-se os processos. = Os processos sejam arquivados.
Cite-se a testemunha. = A testemunha seja citada.
Citem-se as testemunhas. = As testemunhas sejam citadas.
Intime-se o acusado. = O acusado seja intimado.
Intimem-se os acusados. = Os acusados sejam intimados.
Não confundir a regra com o “se” como índice de indeterminação do sujeito. No
caso, a concordância é outra.
Gosta-se de livro.
Gosta-se de livros.
Como se percebeu, o verbo ficou no singular, pois não se consegue realizar a
voz passiva analítica. Não é possível escrever com correção “De livros são
gostados”.
3.26 através de - por meio deatravés de pode ser empregado em três situações bem definidas:
a) de um lado a outro: Ela me viu através da janela de vidro.
b) movimento interno: O sangue corre através das veias.
c) relação à passagem do tempo: Ela foi me conhecendo melhor através dos
anos.
Não use a expressão como “por meio de”, “por intermédio de” ou “por”: Ele
soube a informação pelo (e não "através do") jornal. O projeto será
regulamentadado por meio de novas leis. O assunto foi resolvido por meio de
decreto.
3.27 atuado - autuadoatuado é o particípio do verbo “atuar” no sentido de “exercer atividade”, “agir”.
autuado é particípio do verbo “autuar” no sentido de “lavrar auto contra
alguém” ou “reunir em forma de processo”.
3.28 bastanteO termo pode exercer função de pronome adjetivo, adjetivo ou advérbio. Como
pronome adjetivo e adjetivo, ele acompanha substantivo e concorda com ele:
Tenho bastantes (muitos) amigos. Colhemos dados bastantes (suficientes).
Como advérbio, ele acompanha verbo, adjetivo ou advérbio e fica invariável:
Sempre estudei bastante (muito). Os temas são bastante (muito) complexos.
Todos estão bastante (muito) bem.
3.29 cada - todoO pronome “cada” indica uma particularidade do todo e aparece sempre
acompanhado de substantivo, numeral ou do pronome “qual”: Cada profissional
fará um curso. Conversei com cada um. Cada qual sabe de sua
responsabilidade. O pronome “todo” indica “qualquer”: Todo caminho é válido.
3.30 com o pretexto – a pretexto de – sob o pretexto deApenas a expressão “a pretexto de” é indicada para a linguagem formal com o
sentido de “a fim”, “com objetivo aparente”: O réu não pode falsear a própria
identidade a pretexto de autodefesa, sob pena de cometer crime. Evite as
formas “com o pretexto de” e “sob o pretexto de”.
3.31 com vista a - com vistas aAmbas as expressões significam a fim de, com o objetivo de. Tanto faz
utilizar uma ou outra: Remeteu o processo ao Ministério Público com vista à
(ou: com vistas à) elaboração de parecer.
3.33 comunicarO verbo “comunicar” é transitivo direto (coisa) e indireto (pessoa): O Tribunal
comunicou a decisão a todos. Deve-se ter atenção ao empregar na voz
passiva: A decisão foi comunicada a todos pelo Tribunal (adequado). Todos
foram comunicados sobre a decisão pelo Tribunal (inadequado).
3.34 conectivosO domínio do uso de conectivos adequados é fundamental ao bom texto.
Assim, reproduzo os principais de nosso idioma.
ideia de adição: e, nem, não só ... mas também, tanto ... como / quanto etc.
ideia de adversidade: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto,
não obstante, nada obstante, a despeito de, apesar de, sem embargo etc.
ideia de alternância: ou, ou ...ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja, nem...
nem etc.
ideia de conclusão: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, então,
assim, consequentemente, dessa forma (maneira), desse modo, destarte,
dessarte, por essa razão, por esse motivo, em vista disso, ora pois etc.
ideia de explicação: porque, pois, porquanto etc.
ideia de causa: porque, que, como, visto que, visto como, já que, uma vez
que, desde que, dado que, pois, pois que, por isso que, porquanto etc.
ideia de concessão: embora, ainda que, ainda quando, mesmo que,
conquanto, posto que, posto, suposto, (se) bem que, sem que, nem que, que,
apesar de que, por mais que, por menos que etc.
ideia de condição: caso, se, sem que, uma vez que, desde que, dado que,
contanto que, com a condição que, salvo se, exceto se, a menos que, a não ser
que etc.
Ideia de consequência: tal, tão, tamanho, tanto ... que, de tal maneira que, de
tal modo que, de tal forma que, de tal sorte que, de maneira que, de modo que,
de forma que, de sorte que, sem que etc.
ideia de conformidade: conforme, consoante, segundo, como etc.
ideia de comparação: como, que, mais, menos, maior, menor, melhor e pior ...
que / do que, tal ... qual, tanto ... quanto / como, como, assim como, bem como,
como se etc.
ideia de tempo: quando, antes que, depois que, até que, tanto que, agora que,
logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez
que, apenas, mal, que , enquanto, eis senão quando, eis senão que, sem que
etc.
ideia de proporção: à proporção que, à medida que, ao passo que, enquanto,
quanto (ou tanto) ... mais (ou menos) etc.
Ideia de finalidade: para que, a fim de que, porque (no sentido de para que).
Elementos de coesão empregados na linguagem jurídica
indicar realce, inclusão, adição: além disso, além do mais, além desse fato,
ademais, demais, também, bem como, assim como, como, vale lembrar, vale
acrescentar, outrossim (=igualmente), por iguais razões, inclusive, até, até
mesmo, inclusive, é certo, é inegável, em outras palavras etc.
indicar negação ou oposição: não obstante, não obstante isso, de outro
modo, ao contrário disso, por outro lado, de outro lado, contudo, porém,
todavia, no entanto, entretanto, apesar de, a despeito de, sem embargo, de
outro ponto de vista etc.
indicar concessão: embora, conquanto, ainda que, ainda quando, mesmo
que, posto, suposto, posto que, (se) bem que, sem que, nem que, apesar de
que, por mais que, por menos que etc.
indicar afirmação ou igualdade: felizmente, infelizmente, ainda bem,
obviamente, em verdade, realmente, de fato, com efeito, efetivamente, de igual
forma, do mesmo modo que, da mesma sorte, semelhantemente, bom é,
interessante é etc.
indicar exclusão: só, somente, nem, sequer, nem sequer, nem ao menos, não
... senão, apenas, à exceção de, com exclusão, fora, afora, salvo, tão só, tão
somente, pelo menos, ao menos etc.
indicar enumeração, distribuição ou continuação: em primeiro (plano, lugar,
momento), a princípio ( = inicialmente), em seguida, depois, depois de, fi
nalmente, em linhas gerais, nesse passo, no geral, em geral, aqui, nesse
momento, desde logo, de resto, aliás, quanto ao mais, quanto ao que ficou por
dizer, além do mais, em última análise, no caso em discussão, por sua vez,
nessa esteira, nesse ou naquele espaço de tempo, nesse ínterim, nesse meio-
tempo, nessa oportunidade, nessa mesma ocasião, por seu turno, no caso
presente, antes de tudo etc.
indicar explicação, continuação, retificação ou ênfase: além disso, aliás, de
outro modo, de outra forma, a saber, assim, bem, com efeito, de fato,
efetivamente, como dizer, enfi m, então, isto é, ou seja, no mais, ou melhor,
digo melhor, pensando bem, pois bem, pois sim, por assim dizer, por exemplo,
realmente, sim, em verdade, ou antes, melhor ainda, como se nota, como se
viu, como se observa, como vimos, daí por que, por isso, pois, a nosso ver,
portanto etc.
Indicar fecho, conclusão ou complementação: dessarte, assim, dessa maneira,
dessa forma, desse modo, em suma, em remate, em resumo, resumidamente,
enfim, afinal, finalmente, por conseguinte, portanto, consequentemente, logo,
assim, por isso, em última análise, em derradeiro, por tais razões, do exposto,
pelo exposto, em razão disso, em síntese, posto isso etc.
expressões de transição: é de verificar-se, não se pode olvidar, não há
olvidar-se, como se há verifi car, como se pode verificar, como se pode notar, é
de ser relevado, é bem verdade que, não há falar-se, vale ratifi car, cumpre
ratificar, é indubitável, não se pode perder de vista, convém ressaltar, posta
assim a questão, registre-se ainda, cumpre observar preliminarmente que,
como se pode depreender, convém notar igualmente que, em virtude dessas
considerações, após as noções preliminares em breve trecho, cumpre
examinarmos nesse passo que, consoante noção cediça (= antiga), não quer
isso dizer que, ao ensejo da conclusão desse item, impende (= é preciso, cabe,
cumpre) observar que, é sobremodo importante assinalar que, o mais das
vezes (= as mais das vezes, no mais das vezes), convém assinalar, no dizer
sempre expressivo de, em consonância com o acatado, a nosso pensar,
cumpre obtemperar (= argumentar, ponderar), de acordo com a lição sempre
precisa de, convém ponderar que etc.
indicar prioridade ou relevância: em primeiro lugar, primeiramente,
principalmente, primordialmente, sobretudo etc.
indicar dúvida ou hipótese: talvez, provavelmente, possivelmente
(possibilidade com incerteza), quem sabe, é provável, não é certo, se é que,
acaso, porventura etc.
indicar certeza ou ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente,
inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda certeza etc.
3.35 conjuntura - conjecturaconjuntura é ocorrência simultânea de acontecimentos em determinado
momento ou situação.
conjectura é o ato de inferir ou deduzir sobre algo com base em hipóteses.
3.36 constar de – constar emGramaticalmente, as duas formas estão corretas e com o mesmo sentido: Não
consta do relatório. Não consta no relatório.
3.38 cumprirO verbo pode ser transitivo direto ou indireto: Todos cumpriram o dever. Todos
cumpriram com o dever.
3.39 custas - custaPara referir-se a despesas em processo judicial usa-se “custas”: Foram
bastante altas as custas do processo. Nos outros casos, usa-se o singular: As
despesas foram feitas à custa (a expensas de) do pai. O serviço foi feito a
minha custa (a expensas de). Faz concessões à custa (com sacrifício de) da
honra.
3.40 dado - visto - haja vistaOs particípios “dado” e “visto” usados como adjetivo concordam em gênero e
número com o substantivo a que se referem: Dados o interesse e o esforço
demonstrados, optou-se pela permanência do servidor em sua função. Dadas
as circunstâncias. Vistas as provas apresentadas, não houve mais hesitação
no encaminhamento do inquérito.
Já a expressão “haja vista”, significa “uma vez que”, “seja considerado” ou
“veja-se”: O servidor tem qualidades, haja vista o interesse e o esforço
demonstrados. Na greve, ocorreram alguns imprevistos, haja vista o número de
feridos.
3.41 deferir – diferirdeferir (deferimento) é “atender”: A Diretora deferiu prontamente o pedido;
outorgar, conceder: Os jurados deferiram o prêmio ao jovem cientista.
diferir (diferimento) é “adiar”: A empresa diferiu o pagamento; ser diferente:
Esses projetos diferem apenas no acessório, sendo idênticos no essencial.
3.42 defeso - defessodefeso indica algo “não permitido”, “proibido”.
defesso indica “fatigado”, ‘cansado”.
3.43 deficit - déficeEmbora seja muito comum a forma “déficit”, ela não existe em nosso
vocabulário ortográfico. Prefira “défice”.
3.45 delatar - dilatardelatar significa “denunciar”, “revelar” delito ou fato relacionado a um delito.
dilatar significa “adiar”, “aumentar”, “expandir”.
4.46 demais – de maisdemais exerce função de adjunto adverbial ou pronome indefinido: Trabalha
demais (muito, excessivamente). Os demais estão liberados. Os demais
secretários não souberam opinar.
de mais indica “algo a mais”: não observo nada de mais na situação.
3.47 dentre - entredentre é o encontro da preposição “de” e do termo “entre” com o sentido de “do
meio de”. Deve ser empregada quando há exigência da preposição “de” e o
“entre” juntos: Dentre os processos, tirou apenas um. O TSE elegerá seu
presidente dentre os ministros do STF.
entre é a forma mais comum e usada quando não se pede a preposição “de”:
Entre os candidatos, havia um em especial.
3.49 desapercebido - despercebidodesapercebido significa “desprevenido”, “desprovido”: Ele estava
desapercebido financeiramente.
despercebido significa “sem ser notado”: O erro de digitação passou
despercebido por todos.
3.50 descriminar – descriminalizar - discriminardescriminar significa “inocentar”, “absolver”: A apuração descriminou todos os
envolvidos.
descriminalizar significa “retirar a tipificação do crime”, “eliminar as
penalidades criminais”: descriminalizar o uso de droga.
discriminar significa “diferenciar”, “separar”, “distinguir”: Ela discriminou todos
os tópicos importantes.
3.51 despensa - dispensadespensa: trata-se de uma parte do imóvel em que ficam os mantimentos e
objetos.
dispensa: rescisão de contrato de trabalho de empregado por parte de
empregador; licença, permissão para não executar dever, trabalho;
cancelamento de obrigação, concedido pela lei ou por autoridade; demissão,
despedimento.
3.52 desprover - improverO termo “desprover” é empregado no sentido de “recusar provimento”. Nosso
vocabulário ortográfico também registra “desprovido” e “desprovimento”. Não
existem em nosso idioma “improver” e “improvimento”. “Improvido” existe.
3.53 destratar - distratar
Destratar: descompor oralmente, insultar
Distratar: desfazer (trato, acordo, contrato etc.); anular, rescindir
3.54 deve estar – deve de estardeve de estar tem o sentido de que há probabilidade: Ele deve de estar em
casa agora.
deve estar indica obrigação, certeza: Os advogados devem estar preparados
para a atividade profissional.
3.57 do ponto de vista – sob o ponto de vistaO sentido da expressão “do ponto de vista” é expressamente físico. Assim,
indica o lugar em que alguém se posiciona para observar algo. “Sob o ponto de
vista” indica, por sua vez, a forma de considerar um assunto.
3.58 de cujus – decujoDe cujus é redução de Is de cujus successione agitur, que tem o sentido de
“cuja sucessão se trata”. No Brasil, criou-se o neologismo “decujo” com o
mesmo sentido.
3.60 de menor – menor deA forma adequada é “menor de” para indicar que não se alcançou a
maioridade. O uso de “de menor” é linguagem coloquial.
3.61 eminente/iminenteeminente significa “nobre”, “sublime”: O eminente advogado apresentou a defesa muito bem.iminente significa “breve”, “próximo”: Nossa viagem será iminente.
3.62 enquantoO vocábulo “enquanto” não apresenta sentido de condição profissional ou
social. Seu uso deve se limitar a tempo: Enquanto chovia, ele escrevia o artigo
(adequado). Não gostava dele enquanto ministro (inadequado).
3.63 estância - instânciaestância indica lugar físico.
instância indica solicitação, pedido, rogo, foro, jurisdição, juízo.
3.64 este – esse - aqueleO pronome demonstrativo (este, esse, aquele – e variações) tem diversas
funções dentro da construção: pode indicar a pessoa do discurso, a relação a
tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no texto, etc.
Observe os usos adequados:
1. em relação à pessoa do discurso, deve-se empregar o pronome
demonstrativo da seguinte forma:
- este, esta, isto: refere-se à pessoa que fala ou escreve (apresenta a ideia do
aqui).
- esse, essa, isso: refere-se à pessoa que ouve ou lê (apresenta a ideia do aí).
- aquele, aquela, aquilo: refere-se à pessoa que se encontra distante
(apresenta a ideia do lá).
Este relatório que seguro.
Esse relatório que você segura.
Aquele relatório que se encontra na outra sala.
2. em relação à posição da ideia a que se refere, deve-se empregar da
seguinte forma:
- este, esta, isto: em relação a uma ideia que ainda aparecerá no texto (termo
catafórico).
Quero lhe contar isto: não volte mais aqui.
- esse, essa, isso: em relação a uma ideia que já apareceu no texto (termo
anafórico).
Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe contar.
3. em relação a tempo, deve-se empregar da seguinte forma:
a) em referência a um momento atual, usa-se “este, esta ou isto”:
Este dia está maravilhoso (dia atual).
Esta semana está maravilhosa (semana atual).
Este mês está maravilhoso (mês atual)
Este ano está maravilhoso (ano atual).
Este assunto que conversamos (assunto atual).
b) em relação a momento futuro próximo, usa-se também “este, esta ou isto”:
Agora pela manhã chove, mas esta noite promete ser bonita (próxima noite).
Esta reunião de hoje à tarde será interessante (a reunião está próxima de
ocorrer).
Hoje é quinta-feira e neste fim de semana viajarei (próximo fim de semana).
c) em relação a momento futuro distante, usa-se “esse, essa ou isso”:
Um dia você será capaz de entender o que ocorreu. Nesse dia, você me
perdoará .
d) em relação a momento passado recente, usa-se “esse, essa ou isso”:
Nesse fim de semana, fui a São Paulo (último fim de semana).
Nessa reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu recentemente).
e) em relação a tempo passado muito distante, usa-se “aquele, aquela ou
aquilo”:
Aquele fim de semana foi maravilhoso (fim de semana distante).
Naquela reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu há muito tempo).
4. para diferenciar referentes citados anteriormente, usa-se “este, esta ou isto”
para indicar o mais próximo ao pronome e usa-se “aquele, aquela e aquilo”
para indicar o mais distante.
O processo e o parecer já chegaram. Este (o parecer) está ótimo, mas aquele
(o processo) ainda está incompleto.
5. Outros usos estilísticos:
a) ao iniciar uma oração, desacompanhado de substantivo, que retoma ideia
anterior e pode ser substituído por “isso”, pode-se empregar “este, esse ou
aquele”:
Não estudei o necessário. Este (ou “esse”) foi meu pecado.
b) podem-se colocar os pronomes “este” ou “esse” e suas variações após o
substantivo para indicar ênfase:
Encontrei uma linda e inteligente mulher há alguns anos em São Paulo, mulher
esta (ou “essa”) que se tornou minha esposa.
c) os pronomes “este, esse ou aquele – e variações”, quando contraídos com a
preposição “de” e pospostos a substantivos, devem ser empregados sempre no
plural:
Ele resolveu um problema daqueles.
3.66 exceto – afora, à exceção – menos - salvoAs expressões acima, ao iniciarem construção intercalada, não interferem na
concordância do sujeito da oração principal: O grupo, exceto os dois líderes,
desconhecia o caminho.
3.67 expressões latinasDeve-se evitar o uso de expressões latinas de forma exagerada. A
recomendação é empregá-las em casos específicos e técnicos. O novo Acordo
Ortográfico é claro em determinar que elas devem ser grafadas com destaque
por serem termos estrangeiros. Relaciono a seguir as principais empregas na
linguagem jurídica.
ab actis. Dos feitos/dos autos
ab alto. Por aproximação
ab initio. Desde o início, desde o começo.
ab ovo. Desde o começo.
aberratio ictus. Desvio do golpe; erro de alvo. Erro ou acidente, na execução
do delito, que leva o criminoso a atingir pessoa diversa daquela a quem
pretendia ofender.
a contrario sensu. Pela razão contrária, em sentido contrário.
ad argumentandum tantum. Só para argumentar.
ad causam. Por causa, para a causa.
ad cautelam. Por cautela. Diz-se do ato que se pratica, ou medida que se
toma, por simples precaução.
ad diem. Até o dia, dia em que termina o prazo
ad hoc. A propósito; para isto, para este fim; para o ato em questão.
ad hominem. para uma determinada pessoa.
ad judicia. Para as coisas da Justiça (para o foro judicial).
ad litteram. Literalmente; conforme o que está escrito.
ad nutum. À vontade de, segundo a vontade, ao arbítrio. O empregado sem
estabilidade — ministro, secretário de governo, ocupante de cargo de confiança
— pode ser demitido segundo a vontade do patrão, a qualquer hora.
Exemplo: O ministro disse que é demissível ad nutum.
ad processum. Para o processo.
ad referendum. Para reportar (diz-se da votação sujeita à aprovação posterior
de um colegiado)
ad quem. Para quem; juiz ou tribunal para o qual segue o recurso; dia ou termo
final de prazo.
ad referendum. Para ser referendado; para submeter à apreciação de, sob
condição de consulta aos interessados e aprovação deles.
ad verbum. Palavra por palavra
a fortiori. Por mais forte razão; por maior razão; com mais razão.
a limine. Desde o início/ de antemão
animus. Ânimo, intenção; vontade do agente em atingir determinado objetivo.
animus narrandi. Intenção de narrar.
animus nocendi. Intenção de prejudicar, de causar dano.
ante tempus. Antes do tempo; antes do prazo.
a posteriori. Para depois; que vem depois. Conclusão de um raciocínio
indutivo a ser apresentado depois baseado em fatos.
a priori. Em princípio; raciocínio dedutivo prévio.
apud acta. Junto aos autos. Procuração apud acta: a que o réu outorga ao
defensor mediante indicação verbal feita ao juiz do processo.
a quo. De onde; juízo originário do recurso; do qual; dia ou termo inicial de um
prazo.
a rogo. A pedido de. Indica assinatura feita por alheia pessoa a pedido de
quem não pode assinar documento.
bis in idem. Incidência duas vezes sobre a mesma coisa.
caput. Cabeça. Parte superior de um artigo que contém o fundamento do
dispositivo.
casu. Por acaso.
causa mortis. Causa determinante da morte.
causa petendi. Causa de pedir. Ato ou fato que constitui o fundamento jurídico
da ação.
citra petita. Aquém do pedido.
concessa venia. Com a devida licença; o mesmo que data venia.
conditio. Condição entre duas pessoas; acordo.
conditio sine qua non. Condição sem a qual não; condição indispensável.
contra jus. Contra o direito.
contra legem. Contra a lei.
custos legis. Fiscal da lei.
data venia/data maxima venia. Com a devida licença. Expressão respeitosa
com que se principia uma argumentação ou opinião divergente da de outrem; o
mesmo que concessa venia ou permissa venia.
decisum. A sentença; o decidido.
de cujus. O falecido. Geralmente essa expressão é empregada para referir-se
à pessoa cujos bens são inventariados.
de facto. De fato.
de jure. De direito; quanto ao direito.
de lege ferenda. Da lei a ser criada.
de lege lata. Da lei já criada, estabelecida, em vigor.
de persona ad personam. De pessoa a pessoa (indica a transmissão de
posse, de bens, etc.)
dies ad quem. Termo final do prazo; último dia do prazo.
dies a quo. Termo inicial do prazo; primeiro dia do prazo.
dominus litis. Dono da lide; titular do direito de ação; autor da ação.
dura lex sed Lex. a lei é dura, mas é a lei.
erga omnes. Contra todos. Usado para indicar que os efeitos de determinado
ato atingem todos os indivíduos de determinada população, ou os membros de
uma organização.
error in judicando. Erro quanto ao julgamento das questões de direito
suscitadas na causa.
error in procedendo. Erro quanto ao andamento do proceso, prejudicando seu
curso normal.
error iuris (juris). Erro de direito.
et similia. e coisas semelhantes.
ex abrupto. Subitamente, sem preparação, de repente.
ex causa. Em razão da causa.
exempli gratia. Por exemplo. É usada também a forma abreviada e. g.
exequatur. Execute-se. É a autorização dada pelo presidente do STJ para que
possam, de modo válido, ser executados, na jurisdição do juiz competente, as
diligências ou os atos processuais requisitados por autoridade judiciária
estrangeira (EC n° 45/2004).
ex jure. Conforme o direito
ex lege. De lei; segundo a lei.
ex nunc. De agora em diante; sem efeito retroativo.
ex officio. Por motivo do ofício, por força da lei; ato praticado pelo juiz sem
provocação das partes.
ex positis. Isto posto, do que foi exposto.
ex tempore. Imediatamente
ex tunc. Desde o início. Expressão usada para dizer que um ato tem efeito
retroativo.
extra petita. Fora do pedido.
ex vi. Consoante o disposto/pela força.
ex vi legis. Por força da lei.
fumus boni juris. Fumaça do bom direito; presunção de legalidade. Expressão
equivalente: fumum boni juris.
grosso modo. Por alto, de modo grosseiro, impreciso, aproximadamente.
habeas corpus. Que tenhas teu corpo. Garantia constitucional outorgada em
favor de quem sofre ou está na iminência de sofrer coação ou violência na sua
liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder.
habeas data. Que tenhas os dados. Direito que garante o acesso aos arquivos
do Estado e às informações neles constantes sobre o postulante.
honoris causa. Por causa da honra. Diz-se dos títulos universitários conferidos
sem exame ou concurso, a título de homenagem. Ex.: doutor honoris causa.
in abstracto. Em abstrato, abstratamente.
in albis. Em branco; sem manifestação dos interessados.
in casu. No caso.
incidenter tantum. Incidentalmente apenas, em processo incidental.
in concreto. Em concreto, objetivamente.
in continenti. De imediato, imediatamente.
in dubio (in dubio pro reo). Aforismo aplicado em matéria penal a respeito do
favorecimento ao réu, notadamente no que concerne à aplicação da pena: se
há dúvida, a decisão deve ser favorável ao réu.
initio litis. No início da lide. Despacho exarado pelo juiz logo que proposta a
ação, quando a lei o permita, determinando a imediata prática de ato.
in limine. Desde logo; no início.
in loco citato. No lugar citado.
in nomine. Em nome.
in specie. Em espécie; em particular, particularmente.
in totum. No todo, totalmente.
interna corporis. No âmbito interno da corporação, do grupo ou do órgão, com
respeito ao que nele se trate ou decida.
intuitu personae. Em consideração à pessoa.
in verbis. Nestes termos; textualmente.
ipsis litteris. Exatamente igual; com as mesmas letras.
ipsis verbis. Exatamente igual; com as mesmas palavras.
ipso facto. Pelo mesmo fato.
ipso jure. Pelo próprio direito, de acordo com o direito.
iter. Percurso, direito de passagem; etapas; procedimentos.
iter criminis. As etapas do crime. Atos que se encadeiam na execução do
crime.
jus abutendi. Prerrogativa que tem o proprietário de dispor da coisa,
transferindo-a quando lhe aprouver.
jus eundi. Direito de ir e vir.
jus imperii. Direito do governo.
jus postulandi. Direito de postular.
jus sanguinis. Direito de sangue; o que decorre da hereditariedade, do
parentesco.
lato sensu. Sentido amplo, geral.
legem habemus. Temos lei. Indicativo de que, em determinada situação, há lei
para tutelá-la. É correta também a forma habemus legem.
legis. Da lei.
lex lata. Lei promulgada.
lex specialis. Lei especial.
litis contestatio. Contestação da lide.
loco citato. No lugar citado.
mala fide. Por má-fé.
mandamus. Mandado de segurança; ordem judicial.
manus. Mão; autoridade, poder.
maxime. Principalmente, especialmente, mormente.
mens legis. A finalidade da lei, espírito da lei, intenção da lei.
modus dicendi. Modo de dizer.
modus vivendi. Maneira de viver.
mutatis mutandis. Mudando o que deve ser mudado.
motu próprio. De própria iniciativa.
mutatis mutandis. Mudado o que deve ser mudado.
non bis in idem. Não duas vezes no mesmo assunto. Axioma de
jurisprudência pelo qual o indivíduo não pode ser punido duas vezes pelo
mesmo delito. Usa-se também para indicar que não se deve cair duas vezes na
mesma falta.
non liquet. Não está claro; não convence.
notitia criminis. Notícia ou conhecimento do crime.
novatio legis. Nova lei.
numerus clausus. Número fechado, limitado. Enunciação taxativa, não
exemplificativa, por isso não admite acréscimo.
obiter dictum. Referência passageira/dito de passagem.
ope iuris (juris). Por força do direito.
ope legis. Por força da lei.
opus citatum. Obra citada.
per capita. Por cabeça; por pessoa.
per contra. Em sentido contrário.
periculum in mora. Perigo de mora.
permissa venia. Com o devido respeito.
per se. Por si.
persona non grata. Pessoa não grata.
post mortem. Depois da morte.
post scriptum. Escrito depois. Abrev.: P.S.
prima facie. À primeira vista. Que se pode verificar de pronto, sem maior
esforço.
pro labore. Pelo trabalho. Remuneração por serviço prestado.
propter officium. Por causa do ofício; em função do cargo.
pro rata. Em proporção. Pagando ou recebendo cada um a parte que lhe toca
num rateio.
pro solvendo. Para resolver; destinado a pagamento.
pro tempore. Temporário, interino.
punctum saliens. Ponto principal (de uma questão).
quaestio juris. Questão de direito.
quantum satis. Quanto baste.
quid iuris? Qual o direito?
qui pro quo. Uma coisa por outra/equívoco.
quorum. De quantos. Número mínimo de pessoas para funcionamento e/ou
deliberação de um órgão colegiado.
ratio. Razão.
ratio decidendi. Razão de decidir
ratio essendi. Razão de ser.
ratio legis. Razão da lei.
ratione loci. Em razão do lugar.
ratione materiae. Em razão da matéria.
ratione personae. Em razão da pessoa.
rebus sic stantibus. Desde que permaneçam as mesmas condições e
circunstâncias.
referendum. Certas decisões que são submetidas à apreciação de outrem
para que tenham validade jurídica.
reformatio in pejus. Reforma da sentença para pior, modificação
desvantajosa.
res in judicio deducta. Coisa trazida a juízo. (Deve estar contida na petição
inicial.)
res judicata. Coisa julgada.
sententia extra petita. Sentença fora do que foi pedido.
sententia ultra petita. Sentença além do pedido (sentença que considerou
coisas não constantes do pedido).
sine qua non. Sem a qual não (condição).
statu quo. Estado ou situação em que se encontrava anteriormente certa
questão. Admite-se também a forma status quo.
stricto sensu. Em sentido restrito.
sub censura. Sob censura. Expressão indicativa de que a matéria está sujeita
a crítica ou aprovação de outrem.
sub examine. Em exame, em tela.
sub judice. Sob julgamento, sob apreciação judicial.
sui generis. De seu próprio gênero; especial; único.
sursis. Suspensão condicional da pena.
thema decidendum. Tema ou questão a decidir.
ultima ratio. Último argumento, última razão.
ultra petita. Além do pedido.
vacatio legis. Espaço de tempo entre a publicação de uma lei e a sua entrada
em vigor.
verba legis. A palavra da lei.
verbatim. Palavra por palavra, literalmente.
verbi gratia. A saber, por exemplo. Abrev.: v.g.
verbis. em termos.
verbo ad verbum. Palavra por palavra.
vide. Veja; confira.
vis attractiva. Força atrativa.
3.68 em conformidade com - na conformidade deExpressões muito comuns em citações de textos normativos. As duas formas
estão adequadas. Cuidado apenas com a preposição adequada: Ele requereu
a suspensão da tutela antecipada em conformidade com o art. 4º da Lei n.
4.348/1964; A pena lhe foi imposta em conformidade com o art. 110, caput, do
Código Penal; O Juízo de primeiro grau exarou sentença na conformidade do
art. 22 da Lei n. 4.717/1965.
3.69 em face deA expressão significa “em virtude de”, “diante de”: O agravo de instrumento foi
provido em face do disposto no art. 120 da Constituição. Em face das
circunstâncias expostas, não é possível ao STJ intervir no caso.
Embora muito empregada, a expressão não apresenta o sentido de “contra”.
Assim, diversos manuais de redação oficial (inclusive do STJ) considera
inadmissível o uso de em face de para posicionar processualmente a parte
contra quem se move ação. Nesse caso, deve-se utilizar a preposição “contra”
ou “em desfavor”: Ação de Reparação de Danos ajuizada pelo autor em face
da empresa de materiais de construção (inadequado). Ação de Reparação de
Danos ajuizada pelo autor contra empresa de materiais de construção
(adequado).
3.70 em longo prazo - a longo prazoA preposição adequada para iniciar a expressão é “em”. Observe a resposta
para a pergunta “em quanto tempo você termina a obra?”. Resposta: “em dez
dias”, “em duas semanas”, “em tal prazo”. A preposição pedida é “em”.
3.72 em prol deIndica “em favor de”, “em proveito de”: Tudo foi feito em prol da democracia.
Erro comum é o uso de “pró”, que tem outro sentido: há prós e contras na
proposta.
3.73 em que pese a – em que pese(m)Gramaticalmente, as duas estão corretas. Observe a concordância. Com a
preposição, o verbo deve ficar no singular: Falhou neste ponto, em que pese à
sua dedicação. Em que pese aos argumentos apresentados contra o acusado,
ele será absolvido. Sem a preposição, o verbo concordará com o termo
seguinte, que será sujeito da construção: Em que pesem as opiniões do
ministro, ninguém aceitou a explicação. Observo que a forma sem a preposição
é a mais comum nos tribunais.
3.74 em sede deExpressão bastante empregada na linguagem jurídico com o sentido de “em
caráter de”, “na condição de”. Não deve ser empregada no sentido de “no
âmbito de”.
3.75 falar - dizerfalar é o ato de se expressar: Ela fala inglês. Eles falam muito. Falo três
idiomas.
dizer indica conteúdo a ser transmitido: Ela disse que não voltaria. Eles
disseram que estavam felizes.
Basta se lembrar do ditado: fala, fala, fala e não diz coisa alguma.
3.76 flagrante - fragranteO ato de ser pego no ato indica um flagrante (flagra, evidente, incontestável).
Fragrante está relacionado com o bom odor, aromático, cheiroso, perfumado.
3.77 gerúndioO gerúndio é empregado com exagero nos textos jurídicos. Quase sempre de
forma inadequada. O emprego adequado está relacionado a ideia adverbial de
causa (Sendo ainda novo, não quis ir só), concessão (Não quis, sendo sábio,
resolver as dúvidas por si mesmo), condição (Triunfarás, querendo (condição),
meio (O acusado defendia-se dizendo que não estava presente), modo (Ele
fala cantando), tempo (Proferindo o orador estas palavras, a assembleia deu
vivas).É incorreto o uso do gerúndio com sentido pontual (Vou estar fazendo),
adjetivo (Texto contendo erros) ou aditivo (O juiz analisou o caso decidindo...).
3.78 grafia dos números de órgãos judiciáriosDúvida comum é como escrever (extenso, cardinal, ordinal etc) o número que
acompanha alguns órgãos judiciários. O manual do STJ recomenda da
seguinte forma: Quando se tratar de órgão fracionário de tribunal, o numeral
deverá ser escrito por extenso: a Terceira Turma do STJ; a Segunda Seção do
STJ; a Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Isso também se aplica a instância e grau: primeira e segunda instâncias;
primeiro e segundo graus. Em se tratando de varas, regiões e promotorias, a
designação se fará por meio da escrita do algarismo arábico: o TRF da 2ª
Região; a 2ª Vara Federal Criminal; a 2ª Promotoria de Justiça de Rio Largo.
3.79 grosso modo“Grosso modo” significa de modo grosseiro, impreciso, aproximado. Não deve
ser usada com a preposição “a”: A avaliação preliminar revelou, grosso modo
(e não: a grosso modo), lucro superior a 100 mil dólares.
3.80 habeas corpus – hábeas-córpusA expressão latina habeas corpus (sem hífen, sem acento e com destaque) é
muito empregada no universo jurídico. No entanto, sua forma aportuguesada
“hábeas-córpus” (com hífen, com acento e sem destaque) está correta e é
empregada em alguns tribunais.
3.81 hora extraSem hífen. Plural: Horas extras.
3.82 há que + infinitivoExpressão típica de textos jurídicos, a expressão “há que + verbo no infinitivo”
tem o sentido de “é necessário”, “deve-se fazer”: Há que examinar com
detalhes os argumentos apresentados.
Sem o “que”, o sentido passa a ser de “ser possível”: Não há falar em
autonomia do Judiciário se não há independência financeira; Não há
responsabilizar os acusados pelo crime porque não há provas; Quando o
desemprego assola o País, não há falar de crescimento.
3.83 inapto - ineptoinapto é a incapacidade, inabilidade, falta de aptidão.
inepto é o que não produz efeitos jurídicos por não atender às exigências
legais. Também apresenta o sentido de “falta de inteligência”, “desprovido”,
“confuso”, incoerente”.
3.84 infinitivo
O verbo no infinitivo é muito empregado na linguagem jurídica.É muito comum
a dúvida entre singular ou plural. Seguem orientações para o uso.
I – Na oração infinitivo-latina (verbos mandar, fazer, deixar, ver, ouvir, sentir +
pronome átono + verbo no infinitivo), o verbo preferencialmente fica no
singular: Mandei-os entrar. O Ministro deixou-os decidir.
II – No caso de voz passiva formada com infinitivo regido de preposição “de”, o
verbo fica no singular: Coisas difíceis de dizer (= serem ditas). Livros fáceis de
ler (= serem lidos). Observação: o pronome “se” fica elíptico na expressão.
III – No infinitivo regido de preposição equivalendo a gerúndio, o verbo fica no
singular: O Ministro estava a falar. Os Ministros estavam a falar.
IV – Quando o infinitivo regido de preposição vier antes do verbo principal com
sujeito próprio ou não, é preferível concordar com o sujeito: Para julgarem
melhor, estudaram horas. Na certeza de estarmos com direito, fazemos o
pedido.
Observação: se o verbo principal vier em primeiro lugar, não há obrigatoriedade
de emprego pessoal: Estudaram horas para julgar melhor. Fazemos o pedido
na certeza de estar com o direito.
V – Quando o infinitivo vier com o verbo “parecer” ao lado de outro verbo, pode
flexionar o primeiro ou o segundo. Prefira o primeiro caso: As causas parecem
justificar os meios.As causas parece justificarem os meios.
VI – Quando entre o verbo principal e o infinitivo vier o sujeito representado por
substantivo no plural, usa-se o infinitivo pessoal: Os astrônomos viram as
estrelas caminharem no céu. Observação: Se o infinitivo vier junto do verbo
principal, a variação não é obrigatória: Os astrônomos viram caminhar as
estrelas no céu. Os astrônomos viram caminharem as estrelas no céu.
VII – Muitas vezes, o infinitivo vem distanciado do verbo principal. Nesse caso,
para determinar a pessoa, usamos o pessoal: Receberam os
Desembargadores, há dias, os autos a que me referi no memorial, fls. 15, para
julgarem o caso.
3.85 inobstanteO vocabulário ortográfico não registra a palavra “inobstante”, embora
empregada com certa frequência no meio jurídico. Melhor usar “não obstante”
ou “nada obstante”.
3.86 judicial - judiciáriojudicial tem origem no Poder Judiciário ou que nele se realiza.
judiciário é relativo ao direito processual ou à organização da Justiça
3.87 junto aA locução junto a deve ser empregada no sentido de ao lado de, perto de,
adido a: O segurança posicionou-se junto ao réu. O embaixador brasileiro junto
a Portugal será homenageado.
Nos demais empregos, usa-se a preposição que o verbo pedir: O sindicato
mantém as negociações com (e não junto a) a diretoria. Solicitou providências
do (e não junto ao) ministério. Entrou com recurso no (e não junto ao) Tribunal.
3.88 junto com – juntamento com A forma culta é “junto com”: O presidente, junto com (e não juntamente com) os
ministros da Fazenda e da Saúde, participou da solenidade de entrega de
comendas.
3.90 mais bem - melhorAntes de verbo no particípio, use “mais bem”: eles são os mais bem
preparados. O processo estava mais bem instruído do que se esperava.
“Melhor” é empregado como adjetivo: O melhor texto foi escolhido.
3.91 mesmoErro generalizado é o uso de “mesmo” como pronome pessoal. O pronome
pode ser utilizado adequadamente em várias situações.
Como pronome adjetivo: O juiz teve a mesma opinião. Elas mesmas discutiram
o assunto.
Como advérbio: Este julgamento é mesmo necessário. Minha casa fica lá
mesmo.
Inadequado é o uso de “mesmo” como pronome pessoal, substituindo um
substantivo já expresso: Para analisar com calma o parecer, solicitou que o
mesmo lhe fosse entregue (inadequado). Para analisar com calma o texto,
solicitou que o relatório lhe fosse entregue (adequado). O desembargador
recebeu o processo e analisará o mesmo rapidamente (inadequado). O
desembargador recebeu o processo e o analisará rapidamente (adequado). O
relatório já chegou e o mesmo apresenta erros de conteúdo (inadequado). O
relatório já chegou e apresenta erros de conteúdo (adequado). Receba de volta
seu título e verifique se o mesmo está rubricado pelo diretor. (inadequado).
Receba de volta seu título e verifique se está rubricado. (adequado).
3.94 no sentido deA expressão deve ser usada para explicar o significado de um termo ou ideia
anterior: o termo “Casa” foi empregado no sentido de “Congresso Nacional”.
Não se deve empregá-la com ideia de finalidade: ele agiu assim no sentido de
melhorar a situação (inadequado).
3.95 onde – aonde - de ondeonde significa em que lugar, em qual lugar. Usa-se com verbos ou nomes que
pedem a preposição “em”: A cidade onde moro é bonita.
aonde (a+onde) significa a que lugar, lugar a que ou ao qual. Usa-se com
verbos que pedem a preposição “a”: A cidade aonde fui é bonita.
de onde (donde) significa de qual lugar, de que lugar, daí. É usado com verbos
ou nomes que pedem a preposição “de”: A cidade de onde vim é bonita.
3.96 opor vetoO correto é opor veto e não apor veto. Vetar é opor veto; apor é
acrescentar; daí aposto, (o) que vem junto. O veto, a contrariedade são
opostos, nunca apostos.
3.97 ou melhor, qual seja, isto é, ou seja, a saberExpressões retificadoras, explicativas, enumerativas devem aparecer com
pontuação antes e depois e são invariáveis (exceto “qual seja”): O professor
escreveu dois, ou melhor, três livros. Ele estudou todo o conteúdo, ou seja, dez
disciplinas. O Tribunal utilizou os métodos clássicos de interpretação, quais
sejam: literal, histórico, sistemático e teleológico.
3.98 particípioNossa gramática aceita dois particípios: regular (terminações –ado e –ido) e
irregular (sem desinências: morto, preso). Geralmente, usa-se o regular com os
verbos auxiliares “ter” e “haver” (voz ativa): A polícia já havia soltado o
acusado. A empresa já tinha entregado a encomenda.
Usa-se, geralmente, o irregular na voz passiva com os verbos auxiliares “ser”,
“estar”, “ficar”. Observe: O funcionário será preso se não confessar o crime.
Os livros serão impressos ainda hoje. As encomendas estão entregues. A
servidora ficou presa no trânsito. Cuidado: o particípio, no caso, concorda com
o gênero e o número do referente.
Dessa forma, podemos afirmar que, em tese, o uso do particípio regular ou
irregular se relaciona com o verbo auxiliar e a voz verbal: A insegurança tem dispersado a população. O movimento foi dispersado pela polícia. O
funcionário havia limpado tudo. A sala foi limpa pelo funcionário.
No entanto, o idioma português apresenta, como sempre, observações. Vamos
a elas.
observação 1: em alguns casos, as duas formas podem ser empregadas com
os verbos “ter” e “haver”: Meu irmão tem gasto (gastado) todo o salário com
diversão. Meu irmão havia gasto (gastado) todo o salário com diversão. A
população não tem elegido (eleito) bons políticos. Cuidado: com os verbos
auxiliares “ser” e “estar”, apenas se emprega a forma irregular: Todo o meu
salário foi gasto com diversão. Ele foi eleito deputado.
observação 2: quando adjetivos, alguns verbos apenas são empregados na
forma irregular: O texto está anexo (adjetivo). Cuidado: na voz passiva, segue
a regra geral: o texto foi anexado pelo diretor.
observação 3: “abrir” não é mais empregado em sua forma irregular (abrido).
Da mesma forma, ocorre com os verbos cobrir (cobrido) e escrever (escrevido).
observação 4: o verbo “vir” é exceção e forma o particípio como “vindo”: Ela
não tem vindo me ver.
observação 5: “empregar” só é usado na forma regular (empregado): Ele
havia empregado o melhor material. Tudo de bom foi empregado na
realização do projeto.
observação 6: “morrer” segue a regra geral: Ele havia matado um homem.
Ele foi morto. Ele já estava morto na época.
observação 7: “expresso” é particípio de “expressar”. “Expressado” é particípio
de “expressar” e “exprimir”: O servidor afirmou que havia se expressado mal.
A decisão foi expressa com clareza. A alegria estava expressa em seu rosto.
observação 8: “ganho”, “gasto” e “pago” são, na prática, mais usadas do que
as correspondentes formas regulares “ganhado”, “gastado” e “pagado” (em
desuso) tanto com os auxiliares “ser” e “estar” como com “ter” e “haver”, na voz
ativa ou passiva: Ele havia ganho (ganhado) o presente. O presente foi ganho. Nós temos pagos as multas. As multas têm sido pagas.
observação 9: alguns verbos da segunda e da terceira conjugação
apresentam apenas particípio irregular: dizer (dito), escrever (escrito), fazer
(feito), ver (visto), pôr (posto), abrir (aberto), cobrir (coberto) etc.
Enumero a seguir, alguns particípios empregados na linguagem jurídica.
infinitivo particípio regular particípio irregularaceitar aceitado aceito
acender acendido aceso
dispersar dispersado disperso
eleger elegido eleito
emergir emergido emerso
encher enchido cheio
entregar entregado entregue
envolver envolvido envolto
enxugar enxugado enxuto
exaurir exaurido exausto
expressar expressado expresso
exprimir exprimido expresso
expulsar expulsado expulso
extinguir extinguido extinto
fartar fartado farto
findar findado findo
frigir frigido frito
ganhar ganhado ganho
gastar gastado gasto
imergir imergido imerso
imprimir imprimido impresso
isentar isentado isento
juntar juntado junto
limpar limpado limpo
matar matado morto
ocultar ocultado oculto
pagar pagado pago
pegar pegado pego
prender prendido preso
salvar salvado salvo
secar secado seco
segurar segurado seguro
soltar soltado solto
submergir submergido submerso
sujeitar sujeitado sujeito
suspender suspendido suspenso
3.99 pedir para - pedir queComo o verbo pedir é transitivo direto, só se usa pedir para quando ficar
subentendida a palavra licença ou permissão: Pedimos (licença) para nos
retirar da sessão; Pediu (permissão) para ligar a televisão; As jornalistas
pediram (permissão) para filmar a entrevista. Nos demais casos, usa-se pedir
que: Ela pediu que se retirassem; Pediram que você ligasse a televisão; As
jornalistas pediram que eu filmasse a entrevista.
3.101 pedir vista - pedir vistasO correto é pedir vista, no singular. Significa solicitar exame do processo: O
ministro pede vista. O presidente lhe concede vista.
3.102 percentagem - porcentagemTanto faz usar percentagem ou porcentagem. Mas o adjetivo só tem uma
forma: percentual. Na escrita, a percentagem pode ser expressa em algarismos
seguida do símbolo % (3%, 10%), ou por extenso: trinta por cento.
Observação: Diante de dois ou mais valores da porcentagem, deve-se usar o
% em todos eles: O aumento oscilará entre 5% e 7% (e não: ... entre 5 e 7%).
O imposto deve subir de 25% para 27,5% (e não: ... de 25 para 27,5%).
3.103 por hora - por oraPor hora é expressão usada quando, na medição de velocidade, indica-se a
distância percorrida por determinado veículo no tempo de uma hora (sessenta
minutos): O limite de velocidade desta rodovia sempre foi 100km por hora; Pelo
fato de o carro estar a 70km por hora, o acidente não teve vítimas.
Por ora significa por enquanto, por agora: Por ora, não temos informações
novas sobre o caso; Os contratos, por ora, foram suspensos.
3.104 por si sóNa expressão, a palavra só tem função adjetiva, e não adverbial; por isso,
quando usada em referência a nome singular, só fica no singular; quando a
nomes no plural, deve ser flexionada: A crescente demanda por justiça
demonstra por si só a também crescente confiança da sociedade no Poder
Judiciário; Os argumentos da defesa por si sós não são suficientes para que se
autorize a concessão da liminar; Esses dados por si sós revelam o tamanho do
prejuízo que sofrerá a empresa.
3.105 posto quePosto que significa embora, ainda que, se bem que; assim, é locução
conjuntiva de valor concessivo e exige verbo no subjuntivo: Posto que
tivéssemos estudado, não nos saímos bem no exame; Posto que fosse sócio
da firma, nunca opinou nas reuniões de planejamento; A comitiva não chegou a
tempo para a solenidade de posse da nova diretoria, posto que tivesse saído
com duas horas de antecedência; Os operários, posto que estivessem com o
capacete de proteção, sofreram ferimentos na cabeça com a queda da
plataforma. Não confundir com visto que, que é causal e exige verbo no
indicativo: Visto que não tinha dinheiro, não comprou as ações.
3.107 prescrever - proscreverprescrever: em direito significa ficar sem efeito por ter decorrido certo prazo
legal; caducar; ordenar antecipada e explicitamente; dar ordem ou
determinação para que se faça (algo); estabelecer, determinar, preceituar;
normatizar
proscrever: decretar o banimento de; banir, exilar, degredar, deportar
3.109 processo epigrafadoA palavra grega epigrafar tem duas partes. Uma é epi; quer dizer em cima de,
em posição superior. A outra, grafar; significa escrever. Portanto, na expressão
“processo epigrafado acima”, o “acima” é dispensável; basta dizer: processo
epigrafado (ou: processo em epígrafe).
3.110 perante ao juiz ou perante o juiz?Não se trata de uma expressão com preposição. Dessa maneira, o “a” está
inadequado no caso. O correto é “perante o juiz”. Observe os exemplos:
perante o juiz; perante o tribunal; perante a justiça; ante o juiz; ante o tribunal;
ante a justiça.
3.111 pertine/no que diz respeito a
A forma pertine não existe em nossa língua. Use, em seu lugar, no que diz
respeito a, no que respeita a, no tocante a, com relação a, etc.
No tocante a este aspecto legal, meu voto é favorável.
3.112 porquê, uso do1. por que
a) ao se substituir por “por qual motivo”.
Por que você mentiu para mim?
Diga-me por que você mentiu.
b) ao se substituir por “pelo(a) qual” no singular ou no plural.
A razão por que a despediu não foi justa.
c) em orações subordinadas substantivas introduzidas pela preposição “por”
com a conjunção “que”.
Anseio por que passes no concurso
2. por quê
Ao se substituir por “por qual motivo” no final da ideia.
Partiste por quê?
3. porque
Ao introduzir ideia explicativa, causal ou final. Pode-se substituir por “pois” ou
“para que”.
Não respondi porque não escutei a pergunta.
Faço votos porque sejas feliz.
4. porquê
Ao exercer função de substantivo.
O porquê do fato não nos interessa.
3.113 protocolar - protocolizarAmbas as formas encontram-se registradas no Volp e em outros dicionários,
portanto são corretas, embora se diga que protocolizar seja variante
dispensável, pois são consagradas as formas protocolar, protocolado(s),
protocolada(s), protocolando, etc.
3.114 qualquer – sequer – algum – nenhumNão se deve usar o termo “qualquer” com sentido de “nenhum” em construções
negativas: não consultei qualquer livro da biblioteca (inadequado). A forma
correta é: não consultei livro algum da biblioteca.
Sequer indica “ao menos”, “pelo menos” e deve ser empregado em orações
negativas: o requerente não respondeu sequer a uma pergunta.
3.115 quando do (da)A expressão é galicismo, por isso deve ser substituída por no momento de, no
tempo de, por ocasião de: Por ocasião da consulta, o tribunal estava de
recesso, e não Quando da consulta (...)
Os dependentes têm direito ao benefício se o segurado, quando de seu
falecimento, preencher os requisitos legais. (errado)
Os dependentes têm direito ao benefício se o segurado, na ocasião de seu
falecimento, preencher os requisitos legais. (certo)
Os dependentes têm direito ao benefício se o segurado, à época de seu
falecimento, preencher os requisitos legais. (certo)
3.117 ratificar - retificarratifiar: reconhecer a validade de compromisso assumido por pessoa não
habilitada; confirmar, corroborar, roborar.
retificar: tornar exato (algo); corrigir; emendar.
3.118 reincidir - rescindirreincidir: tornar a incidir, recair, repetir.
rescindir: dissolver, invalidar, romper, desfazer.
3.119 remição / remissãoremição: ato ou efeito de remir “tornar a obter, resgatar”; liberação de pena ou
dívida.
remissão: ato ou efeito de remitir “perdoar”; perdão; ação ou efeito de remeter.
3.120 salário mínimo/salário-mínimo1. Salário mínimo (sem hífen) é a remuneração mínima do trabalhador, fixada
por lei: O atual salário mínimo do brasileiro é de R$ 545,00.
2. Salário-mínimo (com hífen) é usado para designar o trabalhador cuja
remuneração é o salário mínimo, ou o trabalhador mal remunerado: Aquele
pobre homem é um salário-mínimo. O plural é salários-mínimos.
3.121 se(c)cão – sessão - cessãose(c)ção: parte, divisão, departamento, ato de seccionar
sessão: espaço de tempo durante o qual se realiza reunião de um corpo
deliberativo, consultivo, jurídico etc.
cessão: ato de ceder, transferência de posse ou direito; desistência, renúncia;
concessão de vantagem ou procedência a; outorga
3.122 sendo queEsta expressão apresenta o sentido de causa em seu uso adequado. No
entanto, quase sempre encontramos de forma incorreta na linguagem jurídica.
Melhor evitar o uso. Observe um uso inadequado: Auxiliava sua ex-esposa
constantemente, sendo que ainda pagava a mensalidade escolar do filhos.
3.123 se não - senãose não quando o “se” é conjunção e inicia oração subordinada condicional,
equivalendo a caso não, quando não.
O acusado, se não (caso não) comparecer, será prejudicado. São problemas
que, se não (quando não) resolvidos, complicam a situação;
senão quando esta palavra equivale a exceto, salvo, a não ser, de outro modo,
do contrário, mas, mas sim, mas também.
Esta eficácia não se opera unicamente em favor do eleitor, senão (a não ser)
também dos partidos. Confessa, senão (do contrário) serás preso.
3.124 se seO emprego simultâneo da conjunção condicional se com o pronome se, posto
que correto, é desagradável ao ouvido. Por essa razão, deve evitar-se essa
combinação. Nesse caso, a conjunção condicional se pode ser permutada por
caso, contanto que, desde que. Observem-se os exemplos. Haveria ofensa à
segurança jurídica, se se permitisse, antecipadamente, acesso aos dados
secretos. (evite) Haveria ofensa à segurança jurídica, caso se permitisse,
antecipadamente, acesso aos dados secretos. (recomendável)
3.125 sortir - surtirsortir: prover (-se), abastecer-se (de produtos, mercadorias, provisões etc.);
colocar junto (coisas diversas); misturar, combinar, mesclar.
surtir: dar como resultado; dar origem a; provocar; ter êxito, sucesso (para
alguém); vir de dentro para fora; sair, emergir
3.126 susoTrata-se de palavra de uso antigo e significa acima, anteriormente, antes, atrás.
O acórdão suso mencionado traz a posição desta Corte sobre o caso.
3.127 tal qualNa expressão comparativa tal qual, tal concorda com o termo antecedente, e
qual, com o consequente: As meninas são tais qual a mãe; O menino é tal
quais os amigos. Ressalte-se que também existe a locução conjuntiva tal qual,
invariável, que equivale a como: O desembargador pensa tal qual o ministro.
3.128 tampouco - tão poucotampouco é advérbio de sentido negativo e significa também não, nem sequer.
Por isso dispensa o acompanhamento da partícula nem.
Não compareceu à sessão eleitoral, tampouco se justificou.
Em tão pouco, o advérbio tão modifica a palavra pouco, que pode ser advérbio
ou pronome indefinido.
Argumentou tão pouco (advérbio) que não convenceu os eleitores.
Revelou tão pouco (pronome indefinido) interesse pelo assunto.
3.129 ter - haverDeve-se evitar o emprego do verbo ter no sentido de haver, existir. Ex.: Na
urna há/existem muitos votos; não Na urna tem muitos votos.
3.130 todo – todo o – todos os - cada“Todo” indica “qualquer”: toda cidade possui prefeitura. “Todo o” significa
“inteiro”: toda a cidade é limpa. “todos os” indica a totalidade: todos os
habitantes são alfabetizados.
“Cada” é usado para especificar e deve sempre estar acompanhado de outro
termo: cada ano, cada um, cada pessoa.
3.131 todos - unânimesÉ pleonasmo dizer ou escrever: Todos foram unânimes ao afirmar isso.
Unânimes é relativo a todos. Todos dispensa o unânimes. Se são todos, está
garantida a unanimidade. Diga-se, então: Todos afirmam isso. Os presentes
foram unânimes na afirmação.
3.132 trata-se deNão é possível, lógica e gramaticalmente, construção com o verbo tratar-se
para coisas. Trata-se somente pode ter por sujeito um ente humano, em
acepções específicas: O caso trata-se de acusações. (inadequado); Aqui todos
se tratam por você; Ele somente se trata com remédios caseiros.
Nos demais casos, trata-se de constrói-se impessoalmente: Trata-se de
processos novos.
3.133 ver - virver: No futuro do subjuntivo, flexiona-se da seguinte forma: vir, vires, vir,
virmos, virdes, virem. Ex.: Se eu a vir, entregarei o livro.
vir: No futuro do subjuntivo, tem a seguinte flexão: vier, vieres, vier, viermos,
vierdes, vierem. Ex.: Se eu vier, trarei o livro.
3.134 vez que, eis que, posto que, haja vistoAs expressões acima quase sempre são empregadas de forma inadequada na
linguagem jurídica.
Vez que, de vez que e haja visto não devem ser empregadas nunca. Estão
inadequadas.
Eis que indica surpresa ou tempo. Raramente, será empregada nesse sentido.
Posto que não possui valor de causa. O sentido correto da expressão é de
concessão.
Observe os exemplos a seguir.
O Tribunal solicitou a cópia, vez que não a possuía (inadequado).
O Tribunal solicitou a cópia, de vez que não a possuía (inadequado).
O Tribunal solicitou a cópia, eis que não a possuía (inadequado).
O Tribunal solicitou a cópia, posto que não a possuía (inadequado).
O Tribunal solicitou a cópia, haja visto não a possuir (inadequado).
O Tribunal solicitou a cópia, haja vista não a possuir (adequado).
3.135 viger“Viger” significa vigorar, ter vigor, funcionar. Pertence à segunda conjugação.
Conjuga-se como viver, comer e escrever: Ele escreve (vige). Eles escrevem
(vigem). Ele escreveu (vigeu). Eles escreveram (vigeram). Ele escrevia (vigia).
Eles escreviam (vigiam). A lei vige por tempo indeterminado. A medida
provisória continua vigendo. Esta lei vigeu até julho do ano passado.
Observações:
a) O verbo viger é defectivo, conjuga-se apenas em alguns modos e pessoas.
Nos demais casos, é necessário recorrer a um sinônimo;
b) Em caso de dúvida sobre a conjugação do verbo viger, pode-se utilizar, por
exemplo, o verbo vigorar: A lei vigora por tempo indeterminado. A medida
provisória continua vigorando.
3.136 vista – vista dos autosEm sentido jurídico, vista traduz o ato de entrega dos autos a pessoas
interessadas no processo, como advogados, representantes do Ministério
Público, para manifestar-se acerca de seu conteúdo. O termo vista costuma
ser acompanhado dos verbos ir, pedir, requerer, ter etc.
Vale ressaltar que o correto é o singular, ou seja, vista. Tem-se, nesse ato, o
conhecimento de tudo que compõe os autos. Atente-se aos exemplos.
O Ministério Público terá vistas dos autos depois das partes. (errado)
O Ministério Público terá vista dos autos depois das partes. (certo)
3.137 vítima fatal - letal - mortalOs vocábulos fatal, letal e mortal exprimem algo que é determinado por um
fato, que produz a morte ou que está sujeito à morte; algo inevitável, funesto,
marcado pelo destino. Qualificam, portanto, aquilo que causa ou provoca o
resultado.
Vista essa questão semântica, o uso da expressão vítima fatal, letal ou mortal constitui impropriedade vocabular, uma vez que a vítima não é agente
causador; mas, sim, alguém que sofre a consequência. Por isso, a qualificação
tem de recair sobre o fato, e não sobre o agente causador. Então, fatal, mortal e letal é o evento, o acidente, a doença.
O acidente causou uma vítima fatal, além de danos materiais. (errado)
O acidente fatal causou uma vítima, além de danos materiais. (certo)
A facada desferida pela autora provocou vítima mortal. (errado)
A facada desferida pela autora provocou a morte da vítima. (certo)
3.139 vultoso - vultuosovultoso: que faz grande volume; avultado, volumoso; considerável; de grande
importância
vultuoso: acometido de vultuosidade (estado do rosto quando as faces e os
lábios estão vermelhos e inchados, e os olhos salientes)
O ensino acadêmico, por melhor que seja, não se mostra capaz de preparar
adequadamente o futuro profissional da área jurídica a realizar suas tarefas
com perfeição em relação à linguagem. Os professores acadêmicos,
heroicamente em alguns casos, transmitem ao universitário o conhecimento
universal e particular adquirido e contribuem grandemente para a formação do
estudante. No entanto, na prática forense que o profissional encontrará os
instrumentos necessários para realizar tudo que lhe foi ensinado em anos
teóricos.
A boa redação de textos jurídicos torna-se fundamental como ferramenta
para a realização de atividade que tanto depende da linguagem. Saber
escrever corretamente, com clareza, coesão, boa argumentação e objetividade
torna-se essencial para o exercício profissional. Qualquer decisão jurídica
depende de um texto para ser interpretado. Não se é possível imaginar o
Direito sem texto. E é justamente na capacidade de produzir e entender textos
que o advogado se depara com obstáculos que lhe prejudicam o trabalho.
5.1 Qualidades do texto jurídico
Não tenhas medo das palavras grandes, pois se referem a pequenas coisas.
Para o que é grande os nomes são pequenos:
assim a vida e a morte, a paz e a guerra, a noite, o dia, a fé, o amor e o lar.
Aprende a usar, com grandeza, as palavras pequenas.
Verás como é difícil fazê-lo, mas conseguirás dizer o que queres dizer.
Entretanto, quando não souberes o que queres dizer,
usa palavras grandes, que geralmente servem para enganar os pequenos.
Arthur Kudner.
A palavra é o início de nossa técnica. Não queira escrever textos longos de
forma adequada sem antes observar o uso dos termos em seu texto. A escolha
da palavra é o início de um bom texto.
O termo exato a ser empregado deve levar em conta o leitor. Imagine o seu
leitor. Trata-se de um desconhecedor do assunto a ser escrito, um especialista,
uma pessoa com conhecimentos limitados de vocabulário, etc. A palavra
adequada depende da capacidade de compreensão do leitor.
O primeiro passo para expressar uma ideia é a escolha do termo adequado.
Dê sempre preferência ao termo menor e mais fácil de ser compreendido pelo
leitor. Evite expressões como a seguir.
a) A peroração do discurso do advogado foi clara ao pedir a absolvição por legítima
defesa.
b) Procura o réu escoimar-se da Jurisdição Penal, por suas pueris alegações.
c) Todas essas ações e querelas judiciais só têm por consequência mangrar o
desenvolvimento da sociedade.
5.1.1 Sentido denotativo e conotativo
Saiba bem a diferença entre sentido denotativo e conotativo. Evite de toda
forma o segundo caso em seu texto jurídico. Principalmente, no Brasil, há o
hábito de recorrer à linguagem figurada em nossas construções. Em Portugal,
isso não é tão comum.
Sentido denotativo: é o uso de um termo em seu sentido primeiro, real, do
dicionário. Ao pensarmos em “joia”, logo nos vem ao pensamento uma pedra
preciosa ou algo semelhante.
Sentido conotativo: é o uso de um termo em seu sentido figurado. Ao
caracterizar alguém como uma pessoa "joia", houve uma transferência de
sentido facilmente compreensível, mas inadequada para nossa atividade.
Evite também palavras que possam apresentar polissemia (vários sentidos
no contexto), neologismos (criações artísticas ou inovadoras), arcaísmos
(palavras em desuso) ou gírias. Nossa preocupação é apresentar uma ideia de
forma clara e não produzir um texto literário.
5.1.2 Período adequado
Frases curtas é o segredo para o texto adequado. Procure sempre frases
curtas. Uma, duas ou, no máximo, três orações por período sintático. As
vantagens são muitas. A primeira é diminuir o número de erros, principalmente
em pontuação. A segunda é tornar o texto mais claro. A terceira é apresentar a
ideia de forma mais objetiva. Vinícius de Morais afirmava que "uma frase longa
não é mais que duas curtas". Períodos longos geralmente estão associados a
ideias incertas e facilitam falhas na compreensão.
5.1.3 Ordem direta
A ordem direta facilita o entendimento (sujeito-verbo-complemento).
Certamente, você não a usará em todos os períodos. Em alguns momentos, é
importante intercalar uma observação ou antecipar um adjunto adverbial, por
exemplo. No entanto, procure escrever em ordem direta, principalmente no
início do parágrafo.
5.1.4 Voz ativa
As construções em voz ativa demonstram que o sujeito é o agente da ação e
dão firmeza ao pensamento.
Adequado: O governo adotou a medida.
Inadequado: A medida foi adotada pelo governo.
Você deve usar voz passiva quando o sujeito paciente é mais importante do
que o agente da passiva.
Adequado: O Supremo foi criticado pelos vândalos.
Inadequado: Os vândalos criticaram o Supremo.
5.1.5 Evite gerúndio
O gerúndio é um recurso oral muito presente em nosso idioma. No entanto,
o exagero compromete o texto. A linguagem jurídica no Brasil faz muito uso de
gerúndio de forma inadequada (no capítulo sobre vocabulário, abordaremos em
detalhes o assunto). Você consegue substituir o gerúndio em quase todas as
situações. Observe o exemplo a seguir:
Funcionários contratados pela empresa poderão cursar universidade no
segundo semestre, podendo, se forem estudiosos, concluir o curso em quatro
anos, fazendo em seguida um curso de pós-graduação.
Observe como fica melhor:
A empresa contratou funcionários que poderão cursar universidade no segundo
semestre do ano. Se forem estudiosos, concluirão o curso em quatro anos e,
em seguida, farão uma pós-graduação.
5.1.6 Três verbos por período
O período longo e o vocabulário inadequado são os principais erros em um
texto formal. Em cursos nos tribunais, dedico muito tempo ao assunto. Criou-se
o hábito de escrever com períodos longos na atividade jurídica. Não é um
problema só brasileiro. Diversos países europeus organizam campanhas nos
órgãos públicos para melhorar o texto jurídico e torná-lo mais objetivo. Eu
tenho presenciado o esforço para isso.
Se você tiver a curiosidade para pesquisar textos jurídicos de países anglos,
nórdicos e mesmo dos Estados Unidos e Canadá, ficará surpreso com o
tamanho dos períodos e dos parágrafos. Eles são exageradamente concisos.
Podemos encontrar um meio-termo. Observe o exemplo a seguir, retirado de
uma reportagem:
Mesmo fervidas diariamente, as lentes de contato gelatinosas ficam
impregnadas de sujeira, o que pode até causar conjuntivite, mas, desde o
começo do ano, os míopes da Califórnia podem resolver o problema jogando
as lentes no lixo pois lá acabam de ser lançadas lentes descartáveis que
custam apenas 2,5 dólares cada, que só em julho estarão disponíveis no Brasil.
Veja como fica melhor:
Mesmo fervidas diariamente, as lentes de contato gelatinosas ficam
impregnadas de sujeira, o que pode causar conjuntivite. Desde começo do ano,
porém, os míopes da Califórnia podem resolver o problema. Acabam de ser
lançadas lentes descartáveis que custam apenas 2,5 dólares cada. Em julho,
elas estarão disponíveis também no Brasil.
Quase sempre o período longo mistura pensamentos. Sem perceber, o autor
acaba por tratar de diversos assuntos diferentes e sem continuidade. Observe
exemplo de uma redação para concurso público com essa falha:
Quando paramos para pensar sobre quem foi o responsável por todas as
mazelas que sofremos nos últimos anos no Brasil, gerando desordem na área
da saúde e da educação principalmente e poucos resultados eficientes na área
do crescimento, aquele que permitiu que toda esperança se perdesse e fosse
por água abaixo, deixando escapar uma oportunidade para o Brasil ocupar um
assento permanente na ONU e em diversas representações internacionais
importantes e não dando prosseguimento ao projeto de exportação de nossos
produtos agropecuários, perdendo o foco do que realmente interessa para o
povo brasileiro.
Texto bom é objetivo e claro. O período curto facilita o entendimento rápido
por parte do leitor. O texto a seguir foi editorial do jornal Correio Braziliense.
Observe a separação das ideias nos períodos.
A União Europeia completa 50 anos hoje como a mais bem-sucedida
experiência de integração regional do planeta. Quando a Guerra Fria começava
a mergulhar Estados Unidos e União Soviética numa era de auto-suficiência e
competição, os europeus concretizavam sua aposta na cooperação como
diferencial para enfrentar desafios do século 21. Os problemas do bloco são
vários, mas os benefícios inegáveis dão a outros países importantes lições
sobre desenvolvimento.
Observe textos com as qualidades citadas:
Texto I
O recorrente alegou que a decisão impugnada estaria viciada, em face da
ausência de intimação pessoal para informar a data da sessão em que seria
apreciado o processo neste Tribunal.
A ausência da intimação pessoal da data em que será julgado o processo não
ofende qualquer princípio constitucional ligado à defesa. A publicação da pauta de
julgamentos no Diário Oficial da União é suficiente para conferir publicidade ao ato
processual e permitir a participação de todos na sessão de julgamento. Tal
entendimento encontra amparo em deliberação do Plenário do Supremo Tribunal
Federal, proferida em sede de Agravo Regimental em Mandado de Segurança
(MS-AgR 26.732/DF, Relatora Ministra Carmen Lúcia), conforme excerto a seguir
transcrito.
(...)
Texto II
O atual Prefeito do Município de xxxx sustenta que a responsabilidade pela
aplicação dos recursos é tão somente do ex-gestor. Alega que não se beneficiou
da aplicação irregular dos recursos federais e requer que se afaste a
responsabilidade do ente público.
Texto III
O recorrente requer efeito suspensivo ao recurso de revisão, de modo a obstar a
eficácia do comando decisório contido no acórdão recorrido.
O artigo 35 da Lei 8.443/1992 apenas prevê recurso de revisão sem efeito
suspensivo:
“Art. 35. De decisão definitiva caberá recurso de revisão ao Plenário,
sem efeito suspensivo, interposto por escrito, uma só vez, pelo
responsável, seus sucessores ou pelo Ministério Público junto ao
Tribunal, dentro do prazo de cinco anos, contados na forma prevista no
inciso III do art. 30 desta lei, e fundar-se-á: I - em erro de cálculo nas
contas; II - em falsidade ou insuficiência de documentos em que se
tenha fundamentado a decisão recorrida; III - na superveniência de
documentos novos com eficácia sobre a prova produzida” (grifos
acrescidos).
O plenário do Supremo Tribunal Federal, em sede de Mandado de Segurança
(MS 22.371/PR, Relator Ministro Moreira Alves), corroborou esta norma,
conforme a seguinte ementa:
“Mandado de segurança. Efeito suspensivo a recurso de revisão
interposto perante o Tribunal de Contas da União. – Pela disciplina
desse recurso de revisão, faz ele as vezes, no plano administrativo, da
ação rescisória no terreno jurisdicional, com relação à qual a
jurisprudência desta Corte tem entendido inadmissível a outorga
cautelar de eficácia suspensiva ao ajuizamento dela, para obstar os
efeitos decorrentes da coisa julgada (vejam-se, a propósito, os
acórdãos na RTJ 54/454 e na RTJ 117/1). Mandado de segurança
indeferido”.
Desse modo, não há como conferir efeito suspensivo a recurso de revisão, por
falta de amparo legal.
Os textos apresentam predomínio de ordem direta, voz ativa, linguagem
clara e direta e períodos curtos. Não significa que todos os períodos
apresentarão tais características, mas devem predominar.
5.1.7 Parágrafo adequado
Os parágrafos devem apresentar as seguintes qualidades:
1. Deve-se evitar parágrafo de período único. Isso pode ocorrer, mas
não deve predominar. Geralmente, ele apresenta dois ou três períodos. O
primeiro apresenta a ideia central e os demais exemplificam, argumentam ou
concluem a ideia inicial.
2. Cada parágrafo apresenta apenas uma ideia central.
3. Os parágrafos devem apresentar relação de coesão muito forte.
Observe exemplo de texto com parágrafos bem relacionados.
A alegação de que caberia ao TCU comprovar a regularidade da aplicação dos
recursos públicos repassados por convênio é recorrente neste Tribunal.
Nesse sentido, por força do que dispõe o art. 70, parágrafo único, da Constituição
Federal, bem assim o art. 93 do Decreto-Lei 200/1967 c/c o art. 66 do Decreto
93.872/1986, fica claro que compete ao gestor comprovar a boa e regular
aplicação dos recursos públicos, isto é, o ônus da prova.
O Tribunal firmou jurisprudência nesse sentido, conforme se verifica nos Acórdãos
903/2007-TCU-1a Câmara, 1.445/2007-TCU-2a Câmara e 1.656/2006-TCU-
Plenário.
Tal entendimento foi confirmado pelo Supremo Tribunal Federal em decisão
proferida em sede de Mandado de Segurança (MS 20.335/DF, de 12/10/1982 da
Relatoria do Ministro Moreira Alves), cuja ementa vem transcrita a seguir.
“Mandado de Segurança contra o Tribunal de Contas da União. Contas
julgadas irregulares. Aplicação da multa prevista no artigo 53 do Decreto-Lei
199/67. A multa prevista no artigo 53 do Decreto-Lei 199/67 não tem natureza
de sanção disciplinar. Improcedência das alegações relativas a cerceamento
de defesa. Em Direito Financeiro, cabe ao ordenador de despesas provar que não é responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, das leis e
regulamentos na aplicação do dinheiro público. Coincidência, ao contrário do
que foi alegado, entre a acusação e a condenação no tocante à irregularidade
da licitação. Mandado de Segurança indeferido”. (grifos acrescidos)
Desse modo, o gestor deve fornecer todas as provas da regular aplicação dos
recursos sob sua responsabilidade, em conformidade com os normativos vigentes
e reiterada jurisprudência do TCU.
Cada parágrafo apresentou apenas uma ideia relacionada com o
parágrafo seguinte. Isso é muito importante. Observe outro exemplo.
A contratação da xxx, instituição sem fins lucrativos, foi realizada por meio de
dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993,
que trata da contratação direta de instituição brasileira incumbida regimental ou
estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional ou de
instituição dedicada à recuperação social do preso.
Entretanto, no presente caso, além de não haver comprovação de que os preços
contratados são condizentes com aqueles praticados no mercado, não foi
observado nexo entre o objeto contratado e a natureza das atividades
desenvolvidas pela instituição.
A jurisprudência do TCU sobre esse tema, consubstanciada na Súmula/TCU 250,
é no sentido de que a contratação direta de instituição sem fins lucrativos, com
fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, somente é admitida nas hipóteses
em que há nexo efetivo entre o objeto contratado e as atividades de pesquisa,
ensino ou desenvolvimento institucional realizadas pela instituição contratada,
garantida ainda a compatibilidade com os preços de mercado.
Nesse sentido, são, por exemplo, os Acórdãos do TCU 1.279/2007-Plenário,
1.882/2007-Plenário, 289/2007-Plenário, 1.026/2007-Plenário, 1.349/2003-1a
Câmara, 733/2000-2a Câmara e 84/2000-Plenário.
Dessa forma, não tendo sido preenchidos os requisitos legais, restou configurada
a ilegalidade da contratação.
5.2 Vícios de linguagem
Dentre as principais qualidades de um texto bem redigido, destaca-se a
clareza, que, na redação oficial, tem especial relevo devido à finalidade dos
atos e comunicações no serviço público.
Geralmente o texto fica prejudicado quanto à clareza em decorrência dos
vícios de linguagem, entre os quais se observam os erros de concordância,
regência, paralelismo e comparação, bem como ambiguidade e eco.
Erros de concordância
Há dois tipos de erros de concordância: nominal e verbal. O primeiro ocorre
quando os nomes (substantivos, adjetivos, pronomes) não se ajustam em
número e gênero; o segundo, quando os verbos não se ajustam ao sujeito em
número e pessoa.
Errado:
Considerou o mandado de segurança intempestiva.
O adjetivo intempestivo modifica o substantivo mandado e com este deve
concordar.
Certo:
Considerou o mandado de segurança intempestivo.
Errado:
Estas são as normas cooperativas vigente.
O adjetivo vigente modifica o substantivo normas e com este deve concordar.
Certo:
Estas são as normas cooperativas vigentes.
Errado:
Foi atendido, ao que se colhe do acórdão impugnado, os partidos que se
expressaram pela maioria.
A forma verbal foi atendido deve concordar com o sujeito os partidos.
Certo:
Foram atendidos, ao que se colhe do acórdão impugnado, os partidos que se
expressaram pela maioria.
Errado:
Eram pareceres dissonantes que, após a discussão exaustiva da matéria,
serviu de base para o relatório final da comissão.
O pronome relativo que tem por antecedente a palavra pareceres e tem função
de sujeito do verbo servir. Este deve ir para o plural, concordando com o
antecedente.
Certo:
Eram pareceres dissonantes que, após a discussão exaustiva da matéria,
serviram de base para o relatório final da comissão.
Erros de regência
Ocorre erro de regência (nominal ou verbal) quando a relação de
dependência entre nomes ou entre verbos e seus complementos não se
estabelece corretamente.
Errado:
A decisão do julgamento provocou um clima adverso com a Justiça.
Nesse exemplo, há erro de regência nominal porque adverso rege a preposição
a ou (mais raro) de, e não com.
Certo:
A decisão do julgamento provocou um clima adverso à Justiça.
Errado:
A Justiça exigia a presença de peritos de legislação trabalhista no processo.
No exemplo, há erro de regência nominal porque a palavra perito rege a
preposição em, e não de.
Certo:
A Justiça exigia a presença de peritos em legislação trabalhista no processo.
Errado:
– Vocês não aspiram altos cargos neste governo?
– Sim, aspiramos-lhes.
Em ambas as frases, há erros de regência verbal porque, no sentido de almejar
ardentemente, pretender, o correto é aspirar a alguma coisa, pois este verbo é
transitivo indireto e pede a preposição a. Neste sentido, não se admite o
pronome lhe(s); apenas a ele(s), a ela(s).
Certo:
– Vocês não aspiram a altos cargos neste governo?
– Sim, aspiramos a eles.
Errado:
Analisou ao recurso.
Nesse exemplo, há erro de regência verbal porque, no sentido de observar,
examinar com minúcias ou criticamente, o verbo analisar é transitivo direto e
não admite preposição.
Certo:
Analisou o recurso.
Erros de paralelismo
Paralelismo é o recurso linguístico que possibilita a expressão de ideias
similares por meio de formas gramaticais idênticas. Portanto, constitui erro dar
forma gramatical diferente a ideias similares, como nos seguintes casos:
1. Duas orações subordinadas estruturadas de formas diferentes para ideias
equivalentes.
Errado:
Pediu aos concorrentes agilizar os pedidos de inscrição e que, em caso de
dúvida, recorressem aos tribunais regionais.
Esse período apresenta uma oração subordinada reduzida de infinitivo (agilizar
os pedidos de inscrição) e outra desenvolvida (que (...) recorressem aos
tribunais regionais). O correto seria utilizar duas reduzidas ou duas
desenvolvidas, como a seguir.
Certo:
Pediu aos concorrentes agilizar os pedidos de inscrição e, em caso de dúvida,
recorrer aos tribunais regionais.
ou
Pediu aos concorrentes que agilizassem os pedidos de inscrição e, em caso
de dúvida, recorressem aos tribunais regionais.
2. Substantivos coordenados com orações reduzidas de infinitivo.
Errado:
Em seu voto, o relator demonstrou conhecimento, não ser inseguro e parcial,
ter bom senso.
Nesse exemplo, o erro está em não haver coordenação de palavras da mesma
classe gramatical (conhecimento, não ser seguro e parcial, ter bom senso). A
solução está em usar apenas substantivos ou formas oracionais reduzidas,
como a seguir.
Certo:
Em seu voto, o relator demonstrou conhecimento, segurança,
imparcialidade e bom senso.
ou
Em seu voto, o relator demonstrou ser seguro e imparcial, ter conhecimento e bom senso.
3. Emprego errado das expressões correlativas não só... mas (como) também,
tanto... quanto, nem... nem, ou... ou, quer... quer, ora... ora, seja... seja, etc.
Errado:
Ao final, ou o presidente votava, ou pedia vista, ou encerrava a sessão.
O erro está na posição inadequada da primeira conjunção ou. O certo é
deslocá-la de forma a estabelecer a relação entre os elementos coordenados
(votar, pedir, encerrar).
Certo:
Ao final, o presidente ou votava, ou pedia vista, ou encerrava a sessão.
4. Cidade e estado, cidade e pessoa colocados no mesmo nível.
Errado:
Por ocasião das eleições, o candidato visitou Manaus, Curitiba e Mato Grosso.
O erro está em nivelar as capitais Manaus e Curitiba com o Estado de Mato
Grosso. O certo é substituir o estado por sua capital ou mencionar que o
candidato visitou o Estado de Mato Grosso.
Certo:
Por ocasião das eleições, o candidato visitou Manaus, Curitiba e Cuiabá.
ou
Por ocasião das eleições, o candidato visitou Manaus, Curitiba e cidades de Mato Grosso.
5. Emprego inadequado do e que, sem que tenha sido parte de construção
anterior.
Errado:
Devem-se tomar medidas enérgicas e que proíbam o uso do dinheiro público
em benefício de poucos.
Com o emprego do e que criou-se a ideia de paralelismo, inexistente
anteriormente. O certo é eliminar o e ou substituir o adjetivo enérgicas por
oração adjetiva equivalente.
Certo:
Devem-se tomar medidas enérgicas que proíbam o uso do dinheiro público em
benefício de poucos.
ou
Devem-se tomar medidas que sejam enérgicas e (que) proíbam o uso do
dinheiro público em benefício de poucos.
Erros de comparação
Deve-se evitar a omissão de certos termos nas comparações, sob pena de
comprometer a clareza, como nos exemplos:
Errado:
Obteve um total de votos maior do que o adversário.
Nessa construção, estabeleceu-se uma comparação entre o total de votos e o
adversário, quando o certo é comparar apenas o total de votos de cada um.
Certo:
Obteve um total de votos maior do que o total do adversário.
ou
Obteve um total de votos maior do que o do adversário.
Ambiguidade
Ambiguidade é o duplo sentido provocado pela má construção da frase. Ocorre
geralmente quando há dificuldades de identificação do sujeito ou do objeto
numa oração e dos termos a que se refere um pronome pessoal, possessivo ou
relativo, como nos seguintes casos.
1. Dificuldade de identificação do sujeito e do objeto da oração.
Ambíguo:
Convenceu o diretor o chefe sobre a necessidade de mudanças.
Quem convenceu quem, o diretor ou o chefe? Se o chefe convenceu o diretor,
o período ganha clareza com uma destas opções:
a) Convenceu ao diretor o chefe sobre a necessidade de mudanças.
b) O chefe convenceu o diretor sobre a necessidade de mudanças.
Se o diretor convenceu o chefe, o período tornar-se-á mais claro com uma
destas opções:
c) Convenceu o diretor ao chefe sobre a necessidade de mudanças.
d) O diretor convenceu o chefe sobre a necessidade de mudanças.
2. Dificuldade de identificação do termo a que se refere o pronome pessoal.
Ambíguo:
O diretor comunicou ao chefe que ele seria exonerado.
Quem seria exonerado, o diretor ou o chefe? A ambiguidade da frase poderá
ser eliminada com uma das opções:
a) O diretor comunicou a exoneração dele ao chefe – se a exoneração é do
diretor;
b) O diretor comunicou ao chefe a exoneração deste – se a exoneração é do
chefe.
3. Dificuldade de identificação do termo a que se refere o pronome possessivo.
Ambíguo:
O governador e o prefeito se desentenderam por causa de sua má gestão.
De quem é a má gestão, do governador ou do prefeito? A ambiguidade da
frase poderá ser eliminada com uma das opções:
a) O governador e o prefeito se desentenderam por causa da má gestão do
prefeito (ou deste último) – se a má gestão é do prefeito;
b) O governador e o prefeito se desentenderam por causa da má gestão do
governador (ou do primeiro) – se a má gestão é do governador.
4. Dificuldade de identificação do termo a que se refere o pronome relativo.
Ambíguo:
O senador quis conhecer o projeto do deputado do qual o secretário falava.
O secretário falava do deputado ou do projeto do deputado? A ambiguidade da
frase poderá ser eliminada com uma das opções:
a) O senador quis conhecer o projeto do deputado de cujo projeto o secretário falava;
b) O senador quis conhecer o projeto do deputado de quem o secretário falava.
5.3 Resumo e síntese
O termo “resumo” (do latim resumere) significa condensar em poucas palavras o que
foi dito ou escrito de forma mais extensa. Resumir é agrupar em poucas palavras todo o
pensamento do autor. Síntese (do grego synthesis) é demonstrar em poucas palavras a ideia
principal do autor. Sintetizar é retomar a principal intenção do autor do texto. Observe texto
original e possível resumo e síntese.
Texto original
A Receita Federal brasileira vai iniciar um processo de integração com o fisco
dos demais países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) para combater
as fraudes fiscais que estão ocorrendo nas operações comerciais feitas entre
empresas do bloco econômico.
Com a globalização, os chamados "preços de transferência" se transformaram
no principal alvo das administrações tributárias dos países filiados ao Centro
Interamericano de Administradores Tributários (CIAT). Por esse mecanismo, as
empresas conseguem fraudar o fisco realizando operações de compra e venda
com preços que não correspondem ao valor real dos produtos ou serviços
negociados. Em todos os casos, é sempre necessário utilizar um paraíso fiscal
- país que apresenta vantagens e isenções tributárias.
No caso de uma exportação, a empresa vende seu produto por um preço muito
baixo, o que caracteriza uma operação não-lucrativa ( portanto, sem incidência
de Imposto de Renda). A venda é intermediada por uma empresa localizada
em um paraíso fiscal, que recoloca o preço em seu patamar real e conclui a
venda ao comprador. O lucro realizado por essa empresa retorna ao
exportador sem ônus fiscal.
Na importação, a operação é inversa. O produto é comprado a um preço
elevado, reajustado em um paraíso fiscal antes de chegar ao seu destino. O
importador alega prejuízo na operação e escapa ao fisco.
"A globalização, que agilizou e sofisticou os negócios entre as empresas, criou
modernas doenças fiscais. Temos que combatê-las", disse o Secretário da
Receita Federal do Brasil à Folha. Apenas um trabalho conjunto entre os
diversos países do Mercosul poderá extinguir ou, pelo menos, neutralizar as
fraudes fiscais internacionais.
Possível resumo
A Receita Federal brasileira e órgãos correspondentes nos países do Mercosul
integrarão suas operações para combater fraudes fiscais. A globalização, que
agilizou e sofisticou os negócios entre as empresas, possibilitou também que
empresas criassem mecanismos de isenção de imposto de renda com valores
falsos de mercadorias por meio de compra e venda com participação de
empresas em paraísos fiscais.
Possível síntese
O Brasil e os países do Mercosul trabalharão em conjunto a fim de evitar
fraudes fiscais internacionais em operações comerciais entre empresas do
bloco.
5.3.1 Resumo na ABNT
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) segue tal
referência internacional por meio da NBR 6028 e define resumo como
"apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto".
O resumo abrevia o tempo de estudo de tal modo que pode influenciar e
estimular a consulta do texto completo. O resumo padronizado deve destacar:
a) o assunto do trabalho;
b) o objetivo do texto;
c) a articulação das ideias;
d) as conclusões ou recomendações;
e) ser redigido em linguagem objetiva;
f) não apresentar juízo crítico;
g) ser inteligível por si mesmo (isto é, dispensar a consulta ao original);
h) evitar a repetição de frases inteiras do original;
i) respeitar a ordem em que as ideias ou fatos são apresentados.
O bom resumo dispensa leitura do texto original. Segundo a NBR 6028,
deve-se produzir resumo em apenas um parágrafo. Constitui-se em forma
prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, uma vez que
favorece a retenção de informações básicas.
5.3.2 Resumo em instituições públicas
O servidor público muitas vezes deve produzir resumo e síntese em
seus documentos. A ementa, o relatório, a informação e o sumário executivo
são bons exemplos de textos resumidos. Saber resumir e sintetizar é essencial
à boa atividade profissional. Textos bem resumidos recuperam a informação
principal e auxiliam a tomada de decisão de forma rápida e objetiva.
Manuais de redação oficial enfatizam a importância de empregar
linguagem direta e objetiva. Saber sintetizar é de muita importância na
atividade profissional. A capacidade de reproduzir, em poucas palavras, o que
foi apresentado de forma mais detalhada é fundamental em diversas situações.
No entanto, não se devem economizar informações relevantes em documentos
que necessitem de detalhes.
Procedimentos para boa síntese:
a) Ler atentamente o texto, a fim de conhecer o assunto;
b) Observar as partes mais importantes;
c) Resumir cada parágrafo ou grupo de parágrafos;
d) Destacar a ideia essencial que relaciona os parágrafos;
e) Saber diferenciar a ideia principal das secundárias;
f) Sintetizar com base na intenção principal do autor com informações ou
fundamentos encontrados no texto.
5.4 Ementa
Ementa (do latim ementum, "pensamento", "ideia", de e e mens, “juízo”,
“razão”, “mente”) é breve apresentação do conteúdo do texto original. Deve ser
feita de forma clara e concisa. Observe recomendações para a ementa no
TCU:
I – Observações gerais:
a) considera-se ementa o conjunto de anotações ou apontamentos que indicam
resumidamente os pontos relevantes da matéria submetida à deliberação do
Tribunal, bem como a deliberação resultante do julgamento de cada caso
concreto:
1. o objetivo primordial de uma ementa é refletir com fidedignidade a
motivação essencial da deliberação exarada. Portanto, a ementa bem
elaborada proporciona ao usuário-pesquisador alcançar o sentido do
teor do ato decisório, possibilitando, também, a compreensão em
basicamente apenas uma leitura do texto.
2. a ementa possui características informativas, devendo oferecer ao
usuário-pesquisador elementos suficientes para que este possa decidir
sobre a conveniência da leitura do texto inteiro do documento.
b) a ementa é formada por duas partes: a verbetação e o dispositivo:
1. a verbetação é a sequência de palavras-chave ou de expressões
que indicam o assunto apreciado pelo Tribunal, a qual deve
encaminhar o consulente ao que foi realmente apreciado, lançando-se,
para tanto, gênero e espécie do assunto focalizado.
2. o dispositivo é a regra de conduta resultante do julgamento do caso
concreto. Em princípio, o dispositivo deve ser original, isto é, não deve
reproduzir o texto da lei ou de orientação doutrinária, visto que a
deliberação é adotada sobre um caso particular, a que se aplica a
disposição legal.
c) a ementa pode ser simples ou composta:
1. será simples, se contiver um só dispositivo, proveniente de um só
ponto controvertido;
2. será composta, se contiver mais de um dispositivo, resultante de
cada um dos pontos controvertidos ou de cada contraditório.
d) na verbetação composta haverá, em princípio, uma verbetação para cada
dispositivo, podendo-se, todavia, empregar uma só verbetação quando o
gênero for comum e diferentes as espécies;
e) o dispositivo aparece em parágrafo distinto da verbetação;
f) Nas ementas compostas não é necessário enumerar os dispositivos; a
verbetação, por si, os distinguirá. Os dispositivos, entretanto, devem figurar em
parágrafos distintos;
g) O dispositivo emana do ponto discutido e não do arrazoado expendido no
parecer, relatório ou voto, devendo ser abstrato e não se referir a elementos
concretos do processo em questão.
h) A ementa deve ser redigida dentro das orientações da técnica legislativa e
elaborada com maior rigor formal, visto ser a linguagem que realiza o Direito;
i) Os verbetes devem ser escritos em caracteres verticais, claros, em caixa-
baixa, usando-se maiúscula só para a inicial, com ponto ao final de cada um
deles e sem qualquer destaque;
j) A ementa possui como características a objetividade (obriga que a ementa
corresponda exatamente ao teor do acórdão) a concisão (exige que todas as
palavras sejam úteis, aconselha o emprego da forma sintética no lugar da
analítica), afirmativo, preciso e claro ( usar frases curtas e concisas, buscar a
uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando
preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente, na voz ativa).
l) Nos casos de falha da ementa, prevalece o disposto no Acórdão ou Parecer.
II - Orientações específicas:
Basicamente, a ementa é composta dos seguintes elementos:
a) natureza do processo
b) órgãos ou entidades envolvidas
c) assunto: do geral para o particular (temas específicos ou controversos)
d) manifestação do TCU (sobre cada tema específico ou controverso, ou sobre
o encaminhamento do processo)
e) resultado específico da deliberação (legalidade, regularidade, conhecimento,
arquivamento, determinação, orientação ou recomendação, etc.)
5.4.1 Ementa em atos normativos ou legislativos
Em atos normativos ou legislativos, a ementa aparece logo na parte
preliminar e sintetiza o conteúdo do ato, a fim de permitir, de modo imediato, o
conhecimento da matéria legislada, devendo guardar estreita correlação com a
ideia central do texto, bem assim com o art. 1o do ato proposto. A Lei
Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998, em seu artigo 5º, determina
que a ementa será grafada por meio de caracteres que a realcem e explicitará,
de modo conciso e sob a forma de título, o objeto da lei. Observe a ementa da
própria Lei citada.
Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a
consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do
art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a
consolidação dos atos normativos que menciona.
Observe a ementa do Decreto N. 4.176, de 28 de março de 2002.
Estabelece normas e diretrizes para a elaboração, a redação, a
alteração, a consolidação e o encaminhamento ao Presidente da
República de projetos de atos normativos de competência dos
órgãos do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.
Observe ementa da Decisão Normativa TCU n. 96, de 4 de março de 2009.
Altera e acresce itens constantes dos Anexos I, II e III da
Decisão Normativa TCU n.º 93, de 3 de dezembro de 2008.
Ementa da Decisão Normativa TCU N. 94, de 3 de dezembro de 2008.
Define, para 2009, as unidades jurisdicionadas cujos
responsáveis devem apresentar processos de contas relativas
ao exercício de 2008, especificando a forma, os prazos e os
conteúdos dos demonstrativos que os comporão, nos termos dos
artigos 4º, 6º, 13 e 14 da Instrução Normativa TCU nº 57, de 27
de agosto de 2008.
5.4.2 Ementa no parecer
O parecer também apresenta ementa (geralmente, dividida em três
partes: síntese do relatório, do embasamento legal e da decisão). Pode-se
alterar a ordem para síntese do relatório, decisão, embasamento legal.
Reúnem-se, de forma lógica e coordenada, as principais “palavras-chaves“ que
foram utilizadas na elaboração do parecer. Observe exemplo de ementa.
Cobrança de multa moratória por concessionária de serviço
público de ente da Administração. Possibilidade. Superação da
Súmula nº 226 do Tribunal de Contas da União por decisões
posteriores. Extensão da noção de legalidade aplicável à
Administração Pública.
5.5 A arte de argumentar
Boa redação é técnica a ser apurada por meio de aprendizado constante
e dedicado. Há diferença entre texto literário e texto profissional. O primeiro se
destina à arte ou ao lazer. O segundo busca transmitir pensamentos
informativos, argumentativos ou retóricos. Provavelmente, muitos nascem com
dom para literatura ou desenvolvem tal aptidão. No entanto, o texto a ser
empregado na atividade profissional é aprendido por meio de observação,
prática e dedicação. Não se trata de virtude de berço. Nosso curso busca
justamente aprofundar e apurar recursos técnicos para melhorar sua
capacidade de redigir de forma mais adequada em sua atividade profissional.
A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de
linguagem simples, direta e correta. Na linguagem das instituições públicas não
há forma específica de linguagem, mas sim qualidades a serem aplicadas:
clareza, concisão, coerência, coesão, correção gramatical, formalidade,
padronização e impessoalidade.
Competência textual
Ser competente para produzir texto depende apenas de você.
Observação aos detalhes e prática constante promovem melhora significativa
no ato de redigir. Nosso objetivo assim é que você adquira capacidade de
expressar com competência suas ideias em textos organizados, objetivos,
claros e corretos gramaticalmente.
Argumentação
A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto
mais polêmico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem
argumentativa. Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou
também apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando-se
apenas na conclusão. Agostinho dias Carneiro afirma que “argumentar é um
processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à razão, supõe
ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à paixão,
busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo”.
Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de
argumentos por autoridade e provas concretas o texto caminha para direção
coerente, precisa e persuasiva.
Othon M. Garcia afirma que “na argumentação, além de dissertar,
procuramos formar a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando convencê-lo de
que a razão está conosco”, isto é, a verdade. Argumentar é, em última análise,
convencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões em face da
evidência das provas e à luz de um raciocínio lógico e consistente.
5.5.1 Tipos de argumentos
Há diversas formas de argumentar um pensamento. Inicaremos pelo
texto dedutivo (a priori) e pelo indutivo (a posteriori).
Texto dedutivo
O argumento dedutivo baseia-se em ideias consagradas e plenamente aceitas
como verdade absoluta. Ao apresentar o argumento, a conclusão já aparece
fundamentada nele. Observe exemplos de fácil compreensão.
Argumento: só há movimento no carro se houver combustível.
Fato: o carro está em movimento.
Pensamento dedutivo: logo, há combustível no carro.
Argumento: só há fogo se houver oxigênio
Fato: na lua não há oxigênio.
Pensamento dedutivo: logo, na lua não pode haver fogo.
O pensamento dedutivo é muito empregado ao defender tese bem
fundamentada. O emprego de textos normativos para justificar teses é
excelente exemplo de uso em instituições públicos.
Imagine a seguinte situação: o candidato a presidente da República José
da Silva fez claramente campanha eleitoral fora do prazo permitido por lei.
Você deve preparar o texto sobre o assunto. Eis ótimo exemplo para empregar
o argumento por dedução.
Argumento: a Lei n. XX determina que candidatos só podem fazer campanha
eleitoral em tal prazo. Caso se comprove que houve campanha em data não
permitida, o candidato será apenado em tal valor.
Fato: o candidato fez campanha fora do prazo aceito.
Conclusão: o candidato deve ser apenado.
Observe exemplo de texto com pensamento dedutivo:
O artigo 668 do Decreto-lei nº 1.608, de 18-9-1939, prevê que a retirada de
qualquer dos sócios, que não cause a dissolução da sociedade, dá ensejo à
apuração exclusivamente dos seus haveres.
Com efeito, a Súmula nº 265 do Supremo Tribunal Federal estabelece:
“Súmula nº 265. Na apuração de haveres não prevalece o balanço não
aprovado pelo sócio falecido, excluído ou que se retirou.”
O autor, como mencionado anteriormente, não participou da elaboração do
balanço, tampouco o aprovou. Portanto, o balanço elaborado unilateralmente
que apurou, como patrimônio líquido da sociedade co-ré, o valor de R$
100.000,00 (cem mil reais) não pode ser utilizado para efeito de apuração dos
haveres do autor.
Texto indutivoO argumento indutivo estrutura-se em apreentação de fato singular em busca
do convencimento por meio de raciocínio que vai além das premissas para o
caso. O autor busca convencer não por fundamentos plenamente consagrados,
mas por linha de pensamento específica que excede o próprio fato. Observe
exemplos simples.
Fato: a sala 1 da escola foi pintada de verde.
Fato: as salas 2, 3, 4, 5, 6, também foram pintadas de verde.
Conclusão indutiva: todas as salas da escola serão pintadas de verde.
Fato: o ouro conduz eletricidade e é um metal.
Fato: o ferro, o zinco, o bronze, a prata também são metais e conduzem
eletricidade.
Conclusão indutiva: todo metal conduz eletricidade.
Nota-se que a conclusão não decorre necessariamente das premissas.
É uma probabilidade que a conclusão seja verdadeira. Do ponto de vista
formal, o argumento é correto. Contudo, diferentemente da dedução, um
argumento indutivo, sendo ele válido, pode admitir uma conclusão falsa, ainda
que suas premissas sejam verdadeiras. Já quando as premissas de um
argumento dedutivo e válido são verdadeiras, a sua conclusão deve ser
verdadeira.
Na linguagem jurídica, o uso do pensamento indutivo é empregado para
defender pensamento que não está presente ou não está embasado
claramente no ordenamento jurídico.
5.5.2 Abordagem, fundamentação e consistência
Texto jurídico, por natureza, apresenta boa fundamentação com domínio do
embasamento legal. Não basta apenas conhecer o assunto. Há necessidade de
organizar bem a ideia e fazer uso de recursos retóricos para fundamentar bem a
análise jurídica. Observe uma questão jurídica e o primeiro parágrafo de uma possível
resposta com fundamentação.
Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará uma portaria do Governador com a seguinte redação: “Resolve EXONERAR, de
ofício, AMANDA FEITOSA, agente pública ocupante de cargo vitalício”. Identifique e explique o vício contido no ato.
A vitaliciedade é garantia concedida na Constituição Federal a determinados
agentes públicos, que só perdem o cargo em virtude de sentença judicial
transitada em julgado ou a pedido. O artigo 73, parágrafo 3º, combinado com o
artigo 95, I, e com o artigo 128, parágrafo 5º, I, “a”, determina que são vitalícios
os membros dos Tribunais de Contas, os magistrados e os membros do
Ministério Público. No caso de juízes, promotores e procuradores da República
aprovados em concurso público, a vitaliciedade somente será adquirida após
dois anos de exercício.
Amanda Feitosa, ocupante de cargo vitalício, apenas poderia deixar o cargo
em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou a pedido. Portanto, a
exoneração só seria válida se decorresse de pedido.
Percebe-se claramente a abordagem (interpretação dos fatos apresentados à
luz da legislação) e o fundamento (embasamento legal).
Outro aspecto importante é a consistência. Ela é a capacidade de ampliar a
fundamentação com citação de autores consagrados ou decisões relativas à
abordagem proposta. Observe o texto citado com fundamento e consistência.
A vitaliciedade é garantia concedida na Constituição Federal a determinados
agentes públicos, que só perdem o cargo em virtude de sentença judicial
transitada em julgado ou a pedido. O artigo 73, parágrafo 3º, combinado com o
artigo 95, I, e com o artigo 128, parágrafo 5º, I, “a”, determina que são vitalícios
os membros dos Tribunais de Contas, os magistrados e os membros do
Ministério Público. No caso de juízes, promotores e procuradores da República
aprovados em concurso público, a vitaliciedade somente será adquirida após
dois anos de exercício.
Carvalho Pinto (2005, p. 515-516) explica que a exoneração de ofício será
possível nos seguintes casos: a) se o servidor ocupar cargo em comissão, a
juízo da autoridade competente; b) se o servidor tomar posse e não entrar em
exercício no prazo legal; c) se forem insuficientes providências administrativas
que visam adequar despesas de pessoas aos limites fixados na Lei
Complementar n. 101/2000; d) se o servidor estiver em estágio probatório e
não corresponder às exigências do cargo - sendo imprescindível, neste caso, a
garantia do contraditório e da ampla defesa, conforme súmula n. 21 do
Supremo Tribunal Federal.
Amanda Feitosa, ocupante de cargo vitalício, apenas poderia deixar o cargo
em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou a pedido. Portanto, a
exoneração só seria válida se decorresse de pedido.
O texto agora está mais completo em sua estrutura. Houve abordagem,
fundamentação e consistência.
5.5.3 Principais argumentos retóricos na linguagem jurídica
Argumento de comprovação – argumento baseado em evidências
(estatística, relatório, testemunho). Trata-se de argumentos bem eficientes,
baseados em fatos.
Exemplo:
No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente
grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa
mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra
anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o
índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)
Exemplo:
O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do
Ministério da Educação, mostra número preocupante de crianças de sete a
catorze anos que estão fora das escolas.
Segundo a pesquisa, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa
faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não
frequentam as salas de aula.
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão
fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de
crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São
Paulo, com 3,2% (168,7 mil).
Argumento de autoridade (ab autoritatem) – argumento que se vale da
notória especialização e reconhecimento de autoridade em determinada área
para corroborar a afirmação. As citações de doutrina são os exemplos mais
claros do argumento de autoridade, que tem duplo efeito: primeiro, de fazer
presumir-se certa a conclusão, porque emanada de alguém de notório
conhecimento; segundo, de revelar que a conclusão é isenta de parcialidade.
Exemplo:
Não há necessidade de que o fato definido como crime doloso seja objeto de
sentença condenatória transitada em julgado para possibilitar a regressão do
condenado a regime mais gravoso, nos termos do art. 118, inciso I, da Lei de
Execução Penal (Lei n° 7.210/84).
Mirabete (2001, p. 37) ensina: "quando a lei exige a condenação ou o trânsito
em julgado da sentença é ela expressa a respeito dessa circunstância, como,
aliás, o faz no inciso II do artigo 118. Ademais, a prática de crime doloso é
também falta grave (art. 52 da LEP) e, se no inciso I desse artigo, se menciona
também a infração disciplinar como causa de regressão, entendimento diverso
levaria à conclusão final de que essa menção é superabundante, o que não se
coaduna com as regras de interpretação da lei”.
Deve-se entender, portanto, que, em se tratando da prática de falta grave ou
crime doloso, a revogação independe da condenação ou aplicação da sanção
disciplinar.
Argumento por analogia (simili) – argumento que pressupõe que a Justiça
deve tratar de maneira igual, situações iguais. As citações de jurisprudência
são os exemplos mais claros do argumento por analogia, que é bastante útil
porque o juiz será, de algum modo, influenciado a decidir de acordo com o que
já se decidiu, em situações anteriores. Também ocorre no caso em que um
caso não previsto de modo direto por uma norma jurídica ser empregado por
semelhança ao um caso concreto previsto. É forma primordial para o
preenchimento de lacunas no ordenamento jurídico e também é conhecido com
o termo “autointegração”, pois é analisada com recursos do próprio
pensamento legislativo. Algumas áreas do Direito aceitam tal argumentação
apenas no caso de beneficiar o réu, como é o caso do Direito Penal.
Exemplo:
Ontem, em Roma, Adam Nordwell, o chefe índio da tribo Chippewa,
protagonizou uma reviravolta interessante. Ao descer do avião, proveniente da
Califórnia, vestido com todo o esplendor tribal, Nordwell anunciou, em nome do
povo índio americano, que tomava posse da Itália "por direito de descoberta",
tal como Cristóvão Colombo fizera quando chegara à América. "Proclamo este
o dia da descoberta da Itália.", disse Nordwell. "Que direito tinha Colombo de
descobrir a América quando esta já era habitada pelo seu povo há milhares de
anos? O mesmo direito tenho eu agora de vir à Itália proclamar a descoberta
do vosso país."
5.5.4 Figuras retóricas
Diversas são as figuras retóricas que auxiliam a técnica argumentativa.
ConcessãoEstratégia que objetiva demonstrar que o autor do texto ou orador é aberto a
novas ideias e atento a detalhes.
“Ainda que alguns possam concordar com essa visão, falta-nos entender...”
“Eventualmente o que defendem é correto, contudo neste caso...
Prolepse Estratégia que antecipa as objeções que certamente serão feitas pela outras
parte.
Certamente, alguns observarão outros aspectos, no entanto tal visão se mostra
limitada, pois...
“Poderão discordar porque...., contudo...”
Repetição Funciona como recurso argumentativo amplificando e acentuando a força da
posição defendida.
“Sabe-se claramente que ... Assim, fica notório que...”
Antítese
Jogo de contrários que objetiva alcançar um meio-termo, ao explorar o exagero
dos extremos.
“Não se pode esperar honestidade plena de todo cidadão. Também, não se
percebe que ...... cometeu os maiores crimes.”
Metáfora Uso de comparações figuradas para explicar melhor ou desviar a
atenção do fato em si.
“Não estamos diante de um anjo, certamente. Ele mais se parece um mafioso.”
Personificação Consiste em atribuir personalidade a algo impessoal. “O Brasil
espera que cada um cumpra o seu dever.”
5.6 Peça jurídica
A redação de um texto jurídico segue princípios já estabelecidos por
uma padronização. É linguagem técnica. Ele não escreve uma peça ou parecer
para se tornar um grande escritor. Ele se orienta por normas a fim de alcançar
seu objetivo.
O próprio CPC apresenta regras básicas para a confecção da petição
inicial na forma de silogismo. Assim, o art. 282 do CPC prescreve os requisitos
da inicial, entre eles:
I – o fato;
II – os fundamentos jurídicos do pedido;
III – o pedido, com as suas especificações.
Requisitos da petição inicial: art. 282 do CPC
1. o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
2. os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do
autor e do réu;
3. o fato e os fundamentos jurídicos o pedido;
4. o pedido, com as suas especificações;
5. o valor da causa;
6. as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
7. o requerimento para a citação do réu.
Observação: além desses requisitos, a petição inicial deverá ser instruída com
os documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 283 do CPC).
Encaminhamento
Para efeitos didáticos, o endereçamento poderá ser da seguinte forma:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
CÍVEL DA COMARCA DE ABCD.
Se na Comarca houver varas especializadas, o endereçamento poderá ser da
seguinte forma:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ABCD.
O endereçamento para os Foros Regionais poderá ser da seguinte forma:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
CÍVEL DO FORO REGIONAL DE ABCD, COMARCA DE ABCD.
Na hipótese de endereçamento ao tribunal, poderá ser da seguinte forma:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ABCD.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO
PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DO ESTADO DE ABCD.
Nomes e qualificações das partes
O CPC estabelece como requisito da peça a indicação dos nomes, prenomes,
estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu. Apesar da lei
processual não exigir o número de RG e CPF ou CNPJ, é praxe no meio
forense o fornecimento das informações. Para provas e concursos,
principalmente exame da ordem, é recomendável que o candidato não se
utilize de abreviaturas. Em alguns casos, não será possível a qualificação
completa do(s) réu(s). É o que ocorre, por exemplo, em ações possessórias em
que, muitas vezes, o autor não tem condições de qualificar adequadamente o
réu.
Fatos e fundamentos jurídicos do pedido
O texto deverá apresentar os fatos de forma sucinta e clara.
Exemplo:
1 – O autor celebrou, em 23-11-2005, com o réu, contrato de locação pro prazo
indeterminado, do imóvel localizado na Rua abcd, nº 111, bairro Centro, nesta
Capital, e pagou aluguel de R$ 500,00 (quinhentos reais), com vencimento todo
dia 20 de cada mês.
Logo em seguida, o advogado deverá demonstrar que houve violação ou
ameaça de violação ao direito do autor.
Exemplo:
2 – O réu deixou de pagar os aluguéis dos meses de março, abril e maio de
2006, e totalizou um débito de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais).
Observe que no corpo do texto basta identificar as partes como AUTOR e RÉU,
sem necessidade de repetir nomes e prenomes.
Pedido e suas especificações
Pedido é sinônimo de objeto, pretensão, mérito ou lide. Deve haver coerência
entre a causa de pedir com o pedido do autor, sob pena de inépcia da petição
inicial (art. 295, parágrafo único, II, do CPC).
O pedido deve ser claro e objetivo. É possível, no entanto, fazer-se pedido
genérico (ações universais, se não puder o autor individuar no texto os bens
demandados; quando não for possível determinar, de modo definitivo, as
consequências do ato ou do fato ilícito; quando a determinação do valor da
condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu).
Exemplo:
Isso posto, requer-se a decretação do despejo do réu, com o consequente
pagamento dos aluguéis vencidos e acessórios até a data da efetiva
desocupação do imóvel.
Os juros legais, a correção monetária e os honorários advocatícios e custas
judiciais não precisam constar do pedido, pois são devidos por força de lei
(arts. 20 e 293 do CPC).
Valor da causa
O valor da causa deverá constar na petição, mesmo que o pedido não
contenha conteúdo econômico imediato (art. 258 do CPC). Esse valor refletirá
em eventuais custas judiciais, valor da sucumbência, para a fixação de
competência e pode influenciar no tipo de procedimento da ação, ordinário ou
sumário (art. 275, I, do CPC).
Exemplo:
Dá à causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).
Protesto pelas provas
A prova documental indispensável à propositura da ação deverá acompanhar a
petição.
Exemplo:
Protesta provar o alegado por todos os meios permitidos em direito, em
especial pela juntada de documentos, depoimento pessoal do réu, oitiva de
testemunhas e perícia técnica.
Pedido de citação
A regra geral da citação prevista na lei processual é via correio (art. 222 do
CPC). No entanto, o autor poderá requerê-la por oficial de justiça (art. 224 do
CPC) ou por edital (art. 231 do CPC).
Endereço do advogado
Dispõe o art. 39, inciso I, do CPC, que compete ao advogado declarar, na
petição inicial, ou na contestação, o endereço em que receberá as intimações.
No exame da OAB, é recomendável que conste na petição inicial qual é o
endereço do escritório do advogado, logo em seguida ao nome e qualificação
do autor. Já na prática forense, esse requisito estará cumprido se o endereço
constar na procuração.
Exemplo de peça jurídica.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA …. ª VARA
CÍVEL DA COMARCA DE ….
………………………………., (qualificação), residente e domiciliada na Rua ….
nº …., portadora da Carteira de Identidade/RG n.º…., inscrita no CPF/MF sob
n.º …., por intermédio de seu procurador Judicial infra-assinada (instrumento
procuratório incluso – doc. ….), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com base no artigo 159 do Código Civil Brasileiro e demais
disposições pertinentes à espécie, propor a presente:
AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO
contra ………………………….., (qualificação), inscrita no CGC/MF sob o n.º….,
com endereço na Rua …., pelas seguintes razões de fato e de direito:
DOS FATOS
A Requerente é proprietária do automóvel …., ano de fabricação…..,
cor …., de placas …., Chassi n.º …., de valor estimado em R$ …..
No dia …. (….) de …. do corrente ano, pela manhã, o Sr. …., pai da
Requerente, dirigiu-se ao Supermercado Requerido, como de costume, fazer
compras. Lá chegando, estacionou o veículo de propriedade da Requerente em
dependência anexa ao Supermercado destinada a este fim, isto é, para uso
privativo de seus clientes. Munindo-se dos cuidados indispensáveis, trancou o
carro e foi, tranquilo e despreocupado, às compras, vez que deixara o carro em
local seguro, vigiado e de finalidade reservada.
Qual não foi sua surpresa quando ao retornar das compras não mais encontrou
o automóvel no local que deixara. Dirigiu-se imediatamente ao funcionário do
Supermercado Requerido que, no momento encontrava-se responsável pela
segurança do local, inquirindo-o sobre seu veículo. Este lhe respondeu
negativamente alegando nada saber sobre o mesmo.
Como o Requerido em momento algum mostrou-se interessado no problema
ocorrido em suas dependências, dirigiu-se a Requerente à Delegacia de Furtos
e Roubos de Veículos para comunicar o desaparecimento do seu automóvel.
Todas as providências junto à Polícia Civil foram tomadas, no entanto, até o
presente momento não foi recuperado o veículo.
DO DIREITO
Preceitua o artigo 159 do Código Civil o seguinte:
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrém, fica obrigado
a reparar o dano.
Assim, temos que deve ser considerado responsável o Requerido pelo
furto do veículo estacionado em sua propriedade em local reservado para esse
fim, posto que o fato de ser uma concessão gratuita não o exime do dever de
vigilância, vez que assume este ônus em troca da preferência natural da
clientela pelas facilidades oferecidas e que resultam em lucro certo para a
empresa. Neste sentido temos:
Responsabilidade Civil – Estacionamento Gratuito para
Veículos em Supermercado – Dever de Vigilância e Guarda –
Carro Furtado – Obrigações de Indenizar – Ação Improcedente
– Recurso Provido.
A firma proprietária de Supermercado é responsável por furto
de automóvel deixado por freguês em estacionamento gratuito
que a estes é destinado porque lhe compete arcar com o ônus
da vigilância e guarda, conquanto o oferecimento do local tem
por escopo captar preferência com intuito lucrativo.
Apelação Cível 814/88 – Maringá – 2a. Cível – Ac. 5899 – Juiz
Altair Patittuci – Primeira Câmara Cível – Por maioria – Julg.
06.09.88 – Dado provimento
Igualmente:
Responsabilidade Civil – furto de Veículo em Estacionamento de
Supermercado – Dever de Vigilância – Inexistência – Responde pelos
Prejuízos Causados ao Freguês – Recurso Provido.
O estacionamento é área reservada para tal finalidade, dentro
da propriedade imóvel do Supermercado e quando um cliente
dele se utiliza, carreando em favor da empresa lucros pelas
compras que efetua, tem ela o dever de vigilância sobre o
veículo, pois incontestável se encontrar o mesmo em
dependência anexa ao Supermercado.
Confessando que não mantém vigilância alguma, confessando
que permite o uso indiscriminadamente, confessa sua culpa,
porque os clientes ignoram irregular procedimento e quando
afluem para as compras, estão certos e convencidos de que o
estacionamento é privativo.
Apelação Cível 2083700 – Ctba . 17ª Vara Cível – Ac. 6269 – Des.
Silva Wolff – Terceira Câmara Cível – Revisor Des. Luiz Perrotti – Por
Maioria – Julg. 30.05.89 – Dado Provimento.
DO REQUERIMENTO
Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência:
I – Mandar citar o Requerido na pessoa de seu representante legal, na Rua ….,
nesta Capital, para, querendo, responder aos termos da presente Ação
Ordinária sob pena de revelia;
II – Propõe-se provar o alegado por todos os meios de provas em direito
admitidas, principalmente documental e testemunhal, cujo rol será
oportunamente apresentado, e depoimento pessoal do Requerido sob pena de
confesso;
III – Finalmente requer-se seja julgado procedente o presente pedido,
condenando o Requerido ao pagamento da indenização correspondente ao
valor do veículo, devidamente atualizado até o efetivo pagamento, acrescido de
juros, custas processuais e honorários advocatícios.
Dá-se à presente causa o valor de R$ ….
Nestes termos,
Pede deferimento.
…., …. de …. de ….
…………….
Advogado OAB/…
5.7 Parecer jurídico
Parecer jurídico é o documento por meio do qual o jurista fornece
informações técnicas acerca de determinado tema objeto da consulta.
Geralmente é utilizado por uma pessoa jurídica ou física como elemento
necessário para tomada de uma decisão importante.
Segue um modelo de parecer jurídico:
PARECER JURÍDICO
De: Departamento Jurídico
Para: Gerente Administrativo
Senhor Gerente,
Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou
não, da empregada Fulana de Tal, passamos a analisar o assunto.
2. O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada
gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
3. Nesta hipótese, existe resposabilidade objetiva do empregador pela
manutenção do emprego, ou seja, basta comprovar a gravidez no curso do
contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade
provisória no emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à
maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o nascituro,
assegurando a dignidade da pessoa.
4. A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-
se à afirmativa médica do estado gestacional da empregada e não exige que o
empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem
sido as reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n.
244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não
afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da
estabilidade. (art. 10, II, "b" do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se
esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia
restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao
período de estabilidade. (ex-Súmula nº 244 – Res 121/2003, DJ
19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na
hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a
extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não
constitui dispensa arbitrária ou sem justa causa. (ex-OJ nº 196 -
Inserida em 8.11.2000).
5. No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação
da gestação antes da dispensa. Ao contrário, diante da suspeita de gravidez, a
empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi
feito, não tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a
empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo do teste de
gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
6. Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez
confirmada no curso aviso prévio indenizado garante ou não a estabilidade.
7. O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de
trabalho para o futuro, pela concessão de aviso prévio indenizado, tem efeitos
limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este
entendimento exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez
ocorre após a rescisão contratual.
8. A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio
indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na hipótese dos autos,
embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado,
certo é que a empregada já estava grávida antes da dispensa, como atestam
os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco
mais de 13 semanais, portanto, na data do afastamento a reclamante já
contava com mais de 01 mês de gravidez.
9. Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto
da estabilidade da gestante, considerando que a responsabilidade do
empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o
desconhecimento do estado gravídico não impede o reconhecimento da
gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio
indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do
aviso prévio indenizado, a gravidez ocorre antes da dispensa.
10. De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve
proceder a reintegração da empregada diante da estabilidade provisória
decorrente da gestação.
É o parecer.
(localidade), (dia) de (mês) de (ano).
(nome)
(cargo)
5__________________________________
Aspectos gramaticais
7.1 Novo Acordo Ortográfico
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é documento
internacional com objetivo de unificar a ortografia para o idioma. Importante
ressaltar que não houve alteração na pronúncia. Apenas as grafias foram
alteradas.
Um acordo ortográfico procura ter como base a fonética. A língua
portuguesa, porém, apresenta diversidade imensa. Observe, por exemplo, a
pronúncia do número 20: bint (Porto), vint (Lisboa), vintchi (Rio de Janeiro),
vinte (Curitiba) ou vinti (Luanda). Assim, a preocupação principal do Acordo foi
simplificar e padronizar a grafia com eliminação de letras e acentos
desnecessários (direcção, acta, vôo, heróico, crêem) e aceitação de dupla
grafia em termos com diferença fonética entre os países (bebê, bebé, fato,
facto).
7.1.1 Alfabeto
As letras “k”, “w” e “y” passam a fazer parte do alfabeto. Os dicionários já
registravam há muito essas letras, que figuram em palavras como kafkiano,
wagneriano, hollywoodesco, kizomba etc. Assim, o alfabeto da língua
portuguesa passa legalmente a ser formado por vinte e seis letras: A, B, C, D,
E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.
7.1.2 Nomes próprios
Pode-se manter a escrita do nome próprio que, por costume ou registro
legal, a pessoa adote na assinatura do seu nome. Segue a mesma orientação
grafia original de firma comercial, nome de sociedade, marca ou título que
esteja inscrito em registro público.
Não sendo a própria pessoa que assine o nome, a indicação do seu nome
obedecerá às regras estabelecidas pelo sistema ortográfico vigente: rua Rui
Barbosa (em vida, o jurista assinava Ruy).
Também localidades (cidades, estados, países) devem seguir as
recomendações da ortografia oficial: Resende (no passado “Rezende”), Piauí
(no passado “Piauhi”), Coreia (sem acento). Recomenda-se não empregar
abreviaturas nos nomes geográficos (salvo as unidades federativas ou
regionais, que podem ser empregadas como siglas em alguns casos). Assim,
não se deve abreviar São, Santo, Padre, Coronel, General, Engenheiro, Doutor
em localidades.
7.1.3 Nomes próprios estrangeiros
1. Mantêm-se nos vocábulos derivados de nomes próprios estrangeiros
quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa
escrita que figurem nesses nomes: comtista (de Comte), garrettiano (de
Garrett), mülleriano (de Muller), shakespeariano (de Shakespeare).
2. Os dígrafos de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se nas formas
sonoras tradicionais da tradição bíblica ou adaptar-se à forma simplificada:
Baruch (ou Baruc), Loth (ou Lot), Moloch (Moloc), Ziph (ou Zif). Se o dígrafo, no
entanto, for mudo, usa-se a forma normatizada pelo idioma: José (em vez de
Joseph), Nazaré (em vez de Nazareth). Se algum deles, por força do uso,
permite adaptação ao som correspondente de nosso sistema ortográfico,
substitui-se o dígrafo por adição vocálica: Judite (em vez de Judith).
3. As consoantes finais grafadas b, c, g e t podem ser mantidas, quer sejam
mudas, quer proferidas, nomeadamente na tradição bíblica ou em localidades:
Jacob (ou Jacó), Job (ou Jô), David (ou Davi), Josafat (ou Josafá), Madrid (ou
Madri). Recomenda-se que as localidades de línguas estrangeiras se
substituam, tanto quanto possível, por formas aportuguesadas: Genebra (e não
Genève), Munique (e não Müchen).
7.1.4 Consoantes mudas
O Acordo procura privilegiar o critério fonético sobre o etimológico. É o que
ocorre com a supressão das chamadas consoantes mudas em palavras como
ato (e não acto), direção (e não direcção), ótimo (e não óptimo). Estudos
indicam que haverá, em Portugal, alteração de aproximadamente 0,54% dos
vocábulos. Embora a quantidade possa parecer pequena, muitas dessas
palavras são de uso frequente no dia a dia lusitano.
Antes Acordoaccionamento acionamento
coleccionador colecionador
leccionar lecionar
acção ação
colecção coleção
fracção fração
acta ata
activar ativar
dialecto dialeto
adopção adoção
adoptar adotar
óptimo ótimo
Observação:
Mantêm-se inalterados vocábulos em que a pronúncia da consoante for
percebida: ficcional, perfeccionismo, convicção, sucção, bactéria, néctar,
núpcias, corrupção, opção, adepto, inepto, erupção, rapto, opcional, egípcio.
De forma a contemplar as diferenças fonéticas, existem abundantes casos de
exceções previstas no Acordo. Admite-se, assim, a dupla grafia em muitas
palavras: facto-fato, secção-seção, aspeto-aspecto, amnistia-anistia, dicção-
dição, sector-setor, caraterística-característica, intersecção-interseção, olfacto-
olfato, académico-acadêmico, bónus-bônus, ingénuo-ingênuo, abdómen-
abdômen.
7.1.5 Trema
O trema, sinal de diérese, é suprimido. Palavras formadas por qü e gü em
que o u é pronunciado de forma átona, como em freqüência e lingüiça passam
a ser grafadas frequência e linguiça respectivamente. Portugal já havia retirado
o sinal. A mudança afeta a ortografia no Brasil. O trema é mantido em termos
derivados de nomes próprios estrangeiros: hübneriano (de Hübner), mülleriano
(de Müller). Não há modificação na pronúncia das palavras que perderam o
trema.
antes acordocinqüenta cinquenta
tranqüilo tranquilo
qüinqüênio quinquênio
bilíngüe bilíngue
lingüística linguística
7.1.6 Acentuação gráfica
Poucos idiomas no mundo fazem uso de regras tão complexas na
acentuação gráfica como o português. As divergências entre o idioma luso e o
brasileiro eram muitas. As reformas de 1971 (Brasil) e 1973 (Portugal)
avançaram bastante, mas não unificaram as regras. O Acordo conseguiu
eliminar muitas regras (principalmente brasileiras) e optou, em alguns casos,
por aceitar dupla grafia.
7.1.6.1 Regra das oxítonas
São acentuadas as palavras oxítonas terminadas nas vogais
tônicas/tónicas abertas ou fechadas –a(s), -e(s) ou –o(s): sofá (sofás), café
(cafés), você (vocês), cipó (cipós), robô (robôs).
Observações:
a) seguem a regra as oxítonas conjugadas com os pronomes enclíticos -lo(s), -
la(s): comprá-lo, fazê-la, compô-lo.
b) algumas palavras oxítonas terminadas em –e (geralmente provenientes do
francês) aceitam acento agudo ou circunflexo: bebê (bebé), matinê (matiné),
guichê (guiché).
c) são acentuadas as palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no
ditongo nasal grafado –em ou -ens: detém, porém, também, alguém, parabéns.
d) o Acordo estabelece que os monossílabos tônicos (tónicos) terminados em –
a(s), -e(s) ou –o(s), em relação à regra da acentuação gráfica, pertencem à
regra das oxítonas. Cita como exemplo é, és, só(s), dê.
7.1.6.2 Regra das paroxítonas
1. São acentuadas as palavras paroxítonas que terminam em –l, -n, -r, -x, -om
ou –ps: amável, dócil, pólen, sêmen (sémen), açúcar, fêmur (fémur), tórax,
Fênix (Fénis), iândom, rádon (rádom), bíceps.
Observação: não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em –r:
super-homem, inter-regional.
2. São acentuadas as palavras paroxítonas que terminam em -ã(s),-ão(s), -
ei(s), -i(s), -on(s), -um, -uns ou –us: órfã(s), acórdão (acórdãos), jóquei
(jóqueis), pónei/pônei, júri (júris), elétron (elétrons), álbum (álbuns), húmus,
bônus/bônus.
Observação: não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em -i: anti-
herói, semi-internato.
7.1.6.3 Regra das proparoxítonas
Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas: público, sábado,
rústico, plêiade, ônibus, exército.
Observação: são acentuadas as chamadas proparoxítonas eventuais (aprende-
se, geralmente, como paroxítona terminada em ditongo crescente): glória,
mágoa, língua, nódoa, níveo, barbárie, vácuo, amêndoa, Islândia.
7.1.6.4 Dupla grafia
Algumas palavras são pronunciadas em Portugal com o som tônico aberto
e recebem acento agudo. No Brasil, a pronúncia é fechada e o acento é o
circunflexo. O Acordo passa a permitir as duas grafias como corretas no
idioma.
Portugal Brasil fenómeno fenômeno
tónico tônico
génio gênio
bebé bebê
antónio antônio
académico acadêmico
amazónia amazônia
fémea fêmea
gémeo gêmeo
cômodo cômodo
7.1.6.5 Regra do ditongo
São acentuadas as palavras oxítonas com ditongos tônicos abertos –éi(s),
-ói(s) ou –éu(s): anéis, fiéis, papéis, céu (céus), véu (véus), herói (heróis).
Observação: as palavras paroxítonas com ditongos tônicos abertos –éi(s) ou –
ói(s) não recebem acento: assembleia, ideia, heroico, jiboia, paranóico. O
acento gráfico se mantém na sílaba tônica paroxítona se ocorrer justificativa de
acento por outra regra: blêizer, contêiner, destróier, Méier (paroxítonas
terminadas em –r).
7.1.6.6 Regra do hiato
1. Os hiatos tônicos “i” e “u” recebem acento, desde que não constituam sílaba
com consoante seguinte (exceto o –s), não precederem –nh e não repetirem a
vogal: saída, saúde, aí, baú. No entanto, juiz (constitui sílaba com consoante),
rainha (precede -nh), xiita (repete a vogal) não recebem acento.
Observação: os hiatos tônicos paroxítonos formados por “i” ou “u” deixam de
receber acento após ditongo: feiura, Sauipe, cheiinho, feiinho, maoista,
taoismo. A regra aplica-se apenas às palavras paroxítonas. Os termos oxítonos
mantêm o acento normalmente: Piauí, teiú, tuiuiú.
2. As formas verbais paroxítonas com hiato “eem” oral fechado dos verbos
crer, dar, ler, ver e derivados não recebem acento circunflexo: creem, deem,
leem, veem, descreem, releem, preveem.
Observação: os acentos nas formas verbais “têm” e “vêm” e derivados não
sofreram alteração com o Acordo: eles têm, elas vêm, eles retêm, ela detém,
elas detêm.
3. Não recebe acento circunflexo o penúltimo “o” fechado do hiato “oo(s)” das
palavras paroxítonas: voo(s), enjoo(s).
Observação: o acento gráfico mantém-se no hiato “oo(s)” na sílaba tônica
paroxítona se ocorrer justificativa de acento por outra regra: herôon (Brasil) ou
heróon (Portugal). No caso, existe acento pela regra da paroxítona terminada
em –n. O termo significa um santuário construído aos heróis gregos e romanos.
4. Não se acentua o “u” pronunciado e tônico dos verbos verbos arguir e
redarguir: arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam.
7.1.6.7 Acento diferencial
Deixam de existir quase todos os acentos diferenciais.
Antes Acordopára (verbo parar) para
péla (flexão do verbo pelar) pela
pólo, pôlo (substantivos) polo
pêlo (substantivo) pelo
pêra (fruta) pera
O Acordo prevê apenas dois acentos diferenciais obrigatórios (pôde e pôr)
e dois facultativos (fôrma e dêmos). Assim, perde o acento gráfico a forma para
(verbo parar) em termos compostos separados por hífen: para-brisa, para-
choque, para-lama.
7.1.6.8 Acentuação gráfica por outros motivos
1. Podem ser acentuadas as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo
(amámos, louvámos), para fazer a distinção das correspondentes formas do
presente do indicativo (amamos, louvamos). Tal alteração se aplica a Portugal.
No Brasil, a vogal tônica é fechada em ambos os tempos verbais.
2. Os verbos “arguir” e “redarguir” perdem o acento agudo na vogal tônica “u”
nas formas rizotônicas (sílaba tônica no radical): arguo, arguis, argui, arguem,
argua, arguas, arguam.
3. Os verbos “aguar”, “apaziguar”, “averiguar”, “desaguar”, “enxaguar” e afins
podem ser conjugados de duas formas: ou apresentam as formas rizotônicas
com o “u” do radical tônico, mas sem acento agudo; ou apresentam as formas
rizotônicas com “a” ou “i” do radical com acento agudo: eu averiguo (ou eu
averíguo), tu averiguas (ou tu averíguas), ele averigua (ou ele averígua), nós
averguamos, vós averiguais, eles averiguam (ou averíguam).
7.1.7 Hífen
O hífen é empregado no idioma português por diversos motivos: separar
sílabas na divisão silábica; ligar pronomes oblíquos átonos enclíticos ou mesoclíticos a
formas verbais e ao termo “eis”; ligar elementos de palavras formadas por
justaposição; para ligar elementos sufixados (alta-mor, ingá-açu); compor elementos
que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligados por preposição
ou qualquer outro elemento (bem-te-vi, erva-do-chá); compor topônimos iniciados
pelos adjetivos “grã” ou “grão”, forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por
artigo (Grã-Bretanha, Passo-Quatro, Baía de Todos-os-Santos); ligar duas ou mais
palavras que ocasionalmente se combinam e formam encadeamentos vocabulares
(ponte Rio-Niterói); unir extremos (Brasília-Lisboa).
7.1.7.1 Usa-se hífen
1. Compostos com natureza substantiva, adjetiva, numeral ou verbal (o
primeiro elemento pode estar reduzido) sem elemento de ligação.
arco-íris decreto-lei médico-cirurgião
tenente-coronel amor-perfeito mato-grossense
norte-americano luso-brasileiro primeiro-ministro
segunda-feira guarda-chuva ano-luz
Observações:
a) os compostos que perderam a noção de composição grafam-se sem hífen:
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas etc.
b) as locuções aparecem sem hífen, sejam substantivas (fim de semana, sala
de jantar, dia a dia), adjetivas (cor de café, cor de vinho, à toa), pronominais
(cada um, nós mesmos), adverbiais (à parte, à vontade, depois de amanhã),
prepositivas (abaixo de, acerca de, a fim de) ou conjuncionais (contanto que,
visto que). Emprega-se, no entanto, em alguns casos consagrados pelo uso:
água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, à
queima-roupa.
c) o adjetivo “geral”, quando forma substantivo composto, indicando função,
lugar de trabalho ou órgão, liga-se com hífen: diretor-geral, Procuradoria-Geral
Eleitoral
d) o Acordo não trata nem exemplifica compostos formados com elementos
repetidos. A Academia Brasileira de Letras, em nota explicativa, inclui nesta
regra tais compostos, com ou sem alternância vocálica ou consonântica de
formas onomatopeicas, por serem de natureza nominal, sem elemento de
ligação, por constituírem unidade sintagmática e semântica e por manterem
acento próprio, bem como as formas deles derivadas. Cita como exemplo: blá-
blá-blá, reco-reco, zigue-zaguear. No entanto, há divergência de interpretação
em termos desta natureza entre autores de dicionários portugueses e
brasileiros.
Brasil PortugalLenga-lenga lengalenga
Zigue-zague ziguezague
Porém, há convergência na interpretação de que não se separam por hífen
palavras com sílaba reduplicada oriundas da linguagem infantil: babá, bumbum,
titio, vovó, xixi etc.
2. Topônimos/topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã ou grão, por
forma verbal ou ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro,
Trinca-Fortes, Albergaria-a-Velha, Entre-os-Rios, Trás-os-Montes.
Observação: os demais topônimos/topónimos escrevem-se separados e sem
hífen: Belo Horizonte, Cabo Verde, América do Sul (Guiné-Bissau é exceção à
regra).
3. Compostos que designam espécies na área da botânica e da zoologia e
também formas designativas de espécies ou produtos afins e derivados, estejam
ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento, escrevem-se com
hífen.
couve-flor erva-doce feijão-verde
bem-me-quer formiga-branca bem-te-vi
4. Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam e
formam, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
ponte Rio-Niterói Lisboa-Brasília Angola-Brasil.
5. Compostos em que há emprego de apóstrofo.
cobra-d’água mestre-d’armas olho-d’água.
6. Compostos sem elemento de ligação quando o primeiro elemento está
representado pelas formas além, aquém, recém e sem.
além-mar aquém-mar recém-casado
recém-eleito sem-cerimônia sem-vergonha
7. Compostos com os advérbios bem e mal ao lado de segundo elemento que
inicia com vogal ou “h”.
bem-aventurado bem-estar bem-humorado
mal-afortunado mal-estar mal-humorado.
Observação: o advérbio bem, ao contrário do mal, pode não se aglutinar com
palavras iniciadas por consoante: bem-criado (malcriado), bem-nascido (mal-
nascido), bem-visto (malvisto). Em diversos casos, no entanto, ele se une sem
o hífen: benfeito, benfeitor, benquerença etc.
8. Prefixos ante-, anti-, circum-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-,
pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc. e em formações por
recomposição, isto é, com elementos não autônomos ou falsos prefixos, de
origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-,
hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-,
pseudo-, retro-, semi-, tele- etc.), nos seguintes casos:
a) segundo elemento começa por h: anti-higiênico, circum-hospitalar, contra-
harmônico, extra-humano, pré-história, sub-hepático, super-homem, ultra-
hiperbólico; arqui-hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, pan-
helenismo, semi-hospitalar.
Observação: não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em
geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial:
desumano, desumidificar, inábil, inumano. A Academia Brasileira de Letras
interpretou que o prefixo co- não deve manter o hífen quando o termo seguinte
começa por –h: coerdeiro, coerança.
b) formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com
que se inicia o segundo elemento.
anti-ibérico contra-almirante infra-axilar
supra-auricular arqui-irmandade auto-observação
eletro-ótica micro-ondas semi-interno.
Observação: o Acordo prevê apenas uma exceção: o prefixo “co”, que não
apresenta hífen mesmo com as vogais semelhantes: cooperação, cooperar,
etc. A Academia Brasileira de Letras, no entanto, considerou que também os
prefixos “re-”, “pre-”, “pro-” devem constituir exceções à regra e não possuir
hífen quando o termo seguinte começa por vogal igual: reeleição, preencher,
proótico.
c) formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento
começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea a).
circum-escolar circum-murado circum-navegação
pan-africano pan-mágico pan-negritude.
d) formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com
elementos iniciados por r.
hiper-requintado inter-resistente super-revista.
e) formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou
cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo-.
ex-diretor ex-presidente
sota-piloto soto-mestre
vice-presidente vizo-rei.
f) formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-,
pré- e pró- quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que
acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o
elemento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); pré-
escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).
9. Formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos
terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas
adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em
vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica
dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-
Mirim.
10. Ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis- (eis-me, ei-lo) e
ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando
em próclise (esperamos que no-lo comprem).
7.1.7.2 Não se usa hífen
1. Formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal átona e o
segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se,
prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios
científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra,
contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo,
biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.
Antes Acordoauto-realização autorrealização
auto-redenção autorredenção
auto-retrato autorretrato
auto-serviço autosserviço
auto-sugestão autossugestão
auto-suficiente autossuficiente
auto-sustentável autossustentável
co-réu corréu
co-redator corredator
co-responsabilidade corresponsabilidade
co-responsável corresponsável
co-segurado cossegurado
co-signatário cossignatário
anti-racional antirracional
anti-realismo antirrealismo
anti-religioso antirreligioso
anti-roubo antirroubo
anti-social antissocial
semi-racional semirracional
semi-reta semirreta
supra-racional suprarracional
supra-realizado suprarrealizado
ultra-som ultrassom
ultra-rápido ultrarrápido
2. Formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o
segundo elemento começa por vogal diferente: antiaéreo, coeducação,
extraescolar; aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial,
hidroelétrico, plurianual.
Observação: o Acordo previa apenas uma exceção: o prefixo “co”, que não
teria hífen mesmo com as vogais semelhantes: cooperação, cooperar, etc. A
Academia Brasileira de Letras, no entanto, considerou que também os prefixos
“re-”, “pre-”, “pro-” devem constituir exceções à regra e não possuir hífen
quando o termo seguinte começa por vogal igual: reeleito, preenchimento,
proótico.
Antes Acordoagro-industrial agroindustrial
anti-aéreo antiaéreo
auto-estrada autoestrada
co-autor coautor
co-acusado coacusado
co-administração coadministração
co-arrendatário coarrendatário
co-avalista coavalista
co-obrigação coobrigação
extra-escolar extraescolar
extra-oficial extraoficial
auto-atendimento autoatendimento
auto-ajuda autoajuda
auto-estima autoestima
contra-informar contrainformar
contra-oferta contraoferta
contra-opção contraopção
3. Ligações da preposição “de” com as formas monossilábicas do presente do
indicativo do verbo “haver” não recebem hífen: hei de, hás de, há de, hão de.
4. Expressões latinas quando não aportuguesadas: ab ovo, carpe diem, in
octavo (mas in-oitavo).
5. Termos “não” e “quase” funcionam como prefixos: não agressão, não
fumante, quase delito, quase irmão. O advérbio “não” aceita o hífen apenas
para compor espécies botânicas: não-me-toques [arbusto].
6. A expressão “salário mínimo” (sem hífen) é a remuneração mínima do
trabalhador, fixada por lei: O atual salário mínimo do brasileiro é de R$ 545,00.
O termo aparece com hífen para designar o trabalhador cuja remuneração é o
salário mínimo, ou o trabalhador mal remunerado: Aquele pobre homem é um
salário-mínimo. O plural é salários-mínimos.
7.1.8 Apóstrofo
7.1.8.1 Uso de apóstrofo
1. Pode-se usar para separar contração vocabular, quando um elemento ou
fração respectiva pertence propriamente a um conjunto vocabular distinto: d’
Os Lusíadas, d’ Os Sertões; n’ Os Lusíadas, n’ Os Sertões; pel’ Os Lusíadas,
pel’ Os Sertões. Nada impede, contudo, o uso sem apóstrofe: de Os Lusíadas,
em Os Lusíadas, por Os Lusíadas. Em alguns casos, a preposição pode ficar
separada do artigo inicial da expressão seguinte para maior clareza ou
expressividade: recorro a Os Lusíadas.
2. Pode-se usar para realçar pronome com inicial maiúscula em termos
religiosos: esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança.
3. Pode-se representar a elisão das vogais finais de santo e santa: Sant’Ana,
Sant’Iago etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant’Ana, Rua de
Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. Mas, se as ligações deste
gênero, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam
perfeitas unidades mórficas, aglutinam-se os dois elementos: Fulano de
Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de
Santiago, Santiago do Cacém.
4. Usa-se para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da
preposição de, em combinação com substantivos: cobra-d’água, copo-d’água,
estrela-d’alva, galinha-d’água, pau-d’arco.
7.1.8.2 Não se usa apóstrofo
Não se usa nas combinações das preposições de e em com artigos iniciais
de pronomes e advérbios: do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste,
desta, destes, destas, disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele,
daquela, daqueles, daquelas, daquilo; no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas;
neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso;
naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo; doutrora; de aquém ou
daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre.
7.1.9 Divisão silábica
A divisão silábica geralmente se faz pela soletração (ja-ne-la, por-ta, má-xi-
mo) obedece a vários preceitos particulares quando se tem de fazer em fim de
linha a partição de uma palavra:
A translineação segue as normas gramaticais estabelecidas para a divisão
silábica, observados alguns cuidados:
a) deve-se evitar que a sílaba constituída de vogal fique isolada no final ou no
início de linha. Ex.: úmi-do, e não ú-mido;
b) deve-se evitar que a translineação provoque a ocorrência de palavras chulas
ou inadequadas. Ex.: apósto-lo, e não após-tolo; dispu-ta, e não dis-puta;
c) o novo Acordo Ortográfico orienta a repetição do hífen na linha seguinte se
ele aparecer no momento da partição de uma palavra ou combinação de
palavras. Geralmente, os manuais de redação oficial ignoram tal
recomendação.
Regras
1. Não se separam encontros consonantais pronunciados em uma mesma
sílaba: por-ta, tra-to, pra-to, a-cre-di-tar, cla-ro, du-plo, ce-le-brar.
Observação: separam-se os prefixos terminados em “b” ou “d” que se unem a
outra consoante: ab-rup-to, sub-lu-nar, ab-di-car, ad-je-ti-vo.
2. Separam-se sucessões de duas consoantes que não constituem
propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de
nasalidade, e uma consoante: op- tar, af- ta, ac- ne, ad- mi-rá-vel, ét- nico, rit-
mo, pror-ro-gar, sos- se-gar, com-tex-to.
3. As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de
nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios:
a) se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis: em-ble-ma, subs-cre-ver,
trans-gre-dir;
b) se nela não entra um dos grupos que são indivisíveis: disp-nei-a, in-ters-te-
lar.
4. Não se separam os ditongos: sau-da-de, pais, réus, meus, ca-dei-a.
5. Separam-se os hiatos: sa-í-da, sa-ú-de, pa-ís, hi-a-to.
6. Os encontros gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da
vogal ou ditongo imediato: ne-gue, pe- que.
7. Na translineação de uma termo ou expressão em que a partição coincide
com o hífen repete-se o hífen no início da linha imediata: ex- -presidente, vice- -
almirante.
7.1.10 Emprego de letras
7.1.10.1 Do h inicial e final
1. O h inicial emprega-se:
a) por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor.
b) em virtude de adoção convencional: hã?, hem?, hum!.
2. O h inicial suprime-se:
a) quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente
consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário,
ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem
erudita);
b) quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura
se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir,
inábil, lobisomem, reabilitar, reaver;
3. O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta,
pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-
higiénico/anti-higiênico, contra-haste; pré-história, sobre-humano.
4. O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!
7.1.10.2 Da homofonia de certos grafemas consonânticos
Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se
necessário diferençar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam
pela história das palavras. É certo que a variedade das condições em que se
fixam na escrita os grafemas consonânticos homófonos nem sempre permite
fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles
em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o
mesmo som. Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes
casos:
1. Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho,
chamar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha,
facho, ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho,
pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim,
baixel, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre,
faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez,
xarope, xenofobia, xerife, xícara.
2. Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme,
Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge,
Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim,
geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger,
virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de
papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum,
jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum,
Jerónimo, Jesus, jiboia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira,
lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento,
rejeitar, sujeito, trejeito.
3. Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes
surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso,
imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia,
Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa;
abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar,
benesse, Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Codassal,
Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar,
escasso, fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso,
remessa, sossegar; acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim,
Cinfães, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar,
almaço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça,
enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique,
Monção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama,
quiçamba, Seiça (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa),
Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.
4. Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com
idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar,
esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender,
Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário,
inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente.
De acordo com esta distinção convém notar dois casos:
a) em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre
que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela
Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.
b) só nos advérbios em –mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em
final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrário,
o s toma sempre o lugar de z: Biscaia, e não Bizcaia.
5. Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor
fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, após atrás, através, Avis, Brás, Dinis,
Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós,
quis, retrós, revés, Tomás, Valdés; cálix, Félix, Fénix, flux; assaz, arroz,
avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz,
giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito,
deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não
oxítona: Cádis, e não Cádiz.
6. Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam
sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar,
besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses,
coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou
frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de
lugar, homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses,
narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa,
Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito,
vaso; exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável;
abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza,
bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro,
Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze,
vazar, Veneza, Vizela, Vouzela.
7.1.10.3 Das sequências consonânticas
1. O c, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c
com valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (c com valor
de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam. Assim:
a) conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas
pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar,
pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
b) eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias
cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo,
direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
c) conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa
pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre
a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e
carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção
e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção.
d) quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo
com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-
se, respectivamente nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e
assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e
suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
2. Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa
pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre
a prolação e o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da
sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala,
amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia,
amigdalotomia; o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne,
indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t, da
sequência tm, em aritmética e aritmético.
7.1.10.4 Das vogais átonas
1. O emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-
se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das
palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias:
a) com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão,
cardeal (prelado, ave planta; diferente de cardial = “relativo à cárdia”), Ceará,
côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor,
Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de
quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro,
arrieiro, artilharia, capitânia, cordial (adjetivo e substantivo), corriola, crânio,
criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa,
Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampião,
limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso;
b) com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada,
consoar, costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar,
farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa,
óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola,
tômbola, veio (substantivo e forma do verbo vir); açular, água, aluvião,
arcuense, assumir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir,
fémur/fêmur, fístula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar,
mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta,
trégua, virtualha.
2. Sendo muito variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em
que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a
consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve
empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas
vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes:
a) escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os
substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em – eio e
– eia, ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola,
aldeota por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia;
baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e
centeeiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame
por correia.
b) escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba
tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual
pode representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé;
coreano, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; poleame e
poleeiro, de polé.
c) escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos
e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação
vernácula – iano e –iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos
–ano e –ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde –ano
e –ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano,
duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano
(relativo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense
(de Torre(s)).
d) uniformizam-se com as terminações –io e –ia (átonas), em vez de –eo e –ea,
os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros
substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste;
réstia, do antigo reste; véstia, de veste.
e) os verbos em –ear podem distinguir-se praticamente, grande número de
vezes, dos verbos em –iar, quer pela formação, quer pela conjugação e
formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se
prendem a substantivos em –eio ou –eia (sejam formados em português ou
venham já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, alheio; cear,
por ceia; encadear, por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no segundo caso
todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em –eio, -
eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear,
nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em –iar, ligados a
substantivos com as terminações átonas –ia ou –io, que admitem variantes na
conjugação: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf.
prémio/prêmio); etc.
f) não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina.
Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de
moto próprio); tribo, em vez de tríbu.
g) os verbos em –oar distinguem-se praticamente dos verbos em –uar pela sua
conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba
acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas; destoar, com o, como
destoo, destoas: mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc.
7.1.10.5 Das vogais nasais
Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes
preceitos:
1. Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento
seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre
a; por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se é de
timbre diverso de a e está seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-
braseiro (forma dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel);
clarim, tom, vacum; flautins, semitons, zunzuns.
2. Os vocábulos terminados em –ã transmitem esta representação do a nasal
aos advérbios em –mente que deles se formem, assim como a derivados em
que entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo,
maçãzita, manhãzinha, romãzeira.
7.1.10.6 Dos ditongos
1. Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos,
distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo
elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou:
braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar,
lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu
(mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.
Observação: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois
grupos, os ditongos grafados ae(= âi ou ai) e ao (= âu ou au): o primeiro,
representado nos antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como
nos respectivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o
segundo, representado nas combinações da preposição a com as formas
masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos.
2. Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos
particulares:
a) é o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se
emprega nas formas de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e
igualmente na da 2a pessoa do singular do imperativo dos verbos em – uir:
constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os
casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui,
Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas
de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e de 2a pessoa do
singular do imperativo dos verbos em – air e em – oer: atrais, cai, sai; móis,
remói, sói.
b) é o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina,
a união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como
fluido de formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas
daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i).
c) além, dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos
decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes.
Podem considerar-se no número deles as sequências vocálicas
pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam graficamente por ea, eo,
ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua,
ténue/tênue, tríduo.
3. Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos
como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos
representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma
vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indicação de uns e outros:
a) os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro,
considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em
vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e
derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas,
cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão;
Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode,
por exemplo, colocar-se o ditongo ũi; mas este, embora se exemplifique numa
forma popular como rũi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui,
por obediência à tradição.
b) os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são
dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i)am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam,
escreveram, puseram;
ii)em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias
morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes
gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente,
pela posição e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem,
quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim,
enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém
(variação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém,
também; convêm, mantêm, têm (3as pessoas do plural); armazéns, desdéns,
convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.
7.1.10.7 Termos conforme nova grafia
Aabaixo-assinado
ab-rogar
acórdão
Advocacia-Geral da União*
advogado-geral da União*
amiúde
antijurídico
antissocial
(eu) apoio
arguição
arguir
assembleia
assembleia geral
atividade fim
atividade meio
à toa
autossuficiente
autossustentável
auxílio-acidente
auxílio-alimentação
auxílio-doença
auxílio-enfermidade
auxílio-funeral
auxílio-invalidez
auxílio-maternidade
auxílio-moradia
auxílio-natalidade
auxílio-reclusão
Bbem-estar
bem-sucedido
bilíngue
boa-fé
bônus
Cchefe de gabinete
cláusula-mandato
coautor
coautoria
coavalista
cocredor
codevedor
coerdar ou co-herdar
coerdeiro ou co-herdeiro
coexistência
cofiador
coirmão
colegatário
conta-corrente
conta-poupança
consequência
(ele) constrói
contra-argumento
contra-arrazoado
contra-arrazoar
contra-arrestar
contracautela
contraestadia
contrafação
contrafé
contraindicação
contramandado
contraofensiva
contraordem
contraparte
contraproducente
contraproposta
contraprova
contrarrazão
contrassenso
cooperar
cooptar
coordenar
coproprietário
corré
corregedor-geral
Corregedoria-Geral
corresponsável
corréu
coutente
(ele) crê
(eles) creem
custo-benefício
Ddata-base
data-limite
(que ele) dê
decreto-lei
(que eles) deem
défice, déficit ou deficit
desindexar
(ele) desprovê
(eles) desproveem
desprover
desprovido
desprovimento
(ele) detém
(eles) detêm
(o) dia a dia
dia-multa
diretor-geral
diretor-gerente
Diretoria-Geral
diretor-secretário
Eedifício-sede
ensino-aprendizagem
equidade
estado-membro
ex-aluno
ex-detento
exequendo
ex officio
extrajudicial
extraoficial
extraterritorial
Ffático-probatório
força-tarefa
fórum
frequência
Hhabeas corpus
hediondo
herói
heroico
heterossexual
hipossuficiente
homoafetivo
hora-aula
hora extra
I
ideia
improvido
infra-assinado
infracitado
infraconstitucional
infraestrutura
instância
inter-regional
inter-relação
introito
inumano
Jjuiz
juízes
juízo
júri
jurisprudência
jusfilosofia
jusnaturalismo
juspositivismo
L(ele) lê
(eles) leem
licença-maternidade
licença-paternidade
licença-prêmio
liquidez
líquido
livre-arbítrio
Mmacroeconomia
má-fé
mais-valia
mal-estar
malsão
malsucedido
malvisto
maus-tratos
meio-termo
mesa-redonda
microeconomia
micro-organismo
ministro presidente
ministro relator
Nnão agressão
não apresentação
não comparecimento
não comprovação
não cumprimento
não incidência
Ooficial de gabinete
oficial de justiça
ofício circular
órgão
Ppalavra-chave
para (v. parar, pres.)
paraestatal
pena-base
pôde (v. poder, pret. perf.)
poder-dever
polo
porquê (subst.)
preclusão
pré-constitucional
pré-constituído
pré-datar
predeterminar
preestabelecer
pré-executividade
preexistência
prefixar
prejulgado
prelibatório
pré-qualificar
prequestionamento
prequestionar
pré-requisito ou prerrequisito
princípio
proativo ou pró-ativo
procurador-geral
Procuradoria-Geral
(ele) provém (v. provir)
(eles) provêm (v. provir)
(ele) provê (v. prover)
(eles) proveem (v. prover)
Qqueixa-crime
quinquenal
Rré
reelaborar
reeleição
regência
(eles) releem
réu
(eles) reveem
Ssalário-base
salário de benefício
salário de contribuição
salário-educação
salário-família
salário-hora
salvaguardar
salvo-conduto
Secretaria-Geral
secretário-geral
seguro-desemprego
seguro-saúde
semiaberto
semi-interno
semiliberdade
sem-número
sequestro
sobre-estadia
sobre-humano
sobrestado
sobrestamento
sobrestar
sobrestimar ou sobre-estimar
socioafetivo
socioambiental
sociocultural
socioeconômico
socioeducativo
sócio-gerente
subentendido
subestimar
sub-reptício
sub-rogar
subscrever
subsídio (si)
subsistência (si ou zi)
substabelecer
subumano ou sub-humano
sucedâneo
superávit ou superavit
supracitado
supramencionado
supramencionar
Ttão só
tão somente
teleconferência
(ele) tem
(eles) têm
V(ele) vê
(eles) veem (v. ver)
(ele) vem
(eles) vêm (v. vir)
verossímil
verossimilhança
vice-presidência
vice-presidente
vice-versa
videoconferência
videotexto
voo
voto-mérito
voto-preliminar
voto vencido
voto-vista
voto-vogal
7.1.10.8 Silabada
Silabada é o deslocamento inadequado da pronúncia da sílaba tônica de uma
palavra: pronunciar “gratuito” (forma inadequada com pronúncia acentuada no
“i”) em vez de “gratuito” (forma adequada com pronúncia acentuada no “u”).
Transcrevo relação de silabadas preparada pela equipe do Superior Tribunal
de Justiça.
São oxítonas (palavras em que o acento tônico recai na última sílaba): cateter Madagascar novel sutil condor masseter recém- ureter harém mister “necessário” refém Gibraltar Nobel ruim /u-í/
São paroxítonas (acento tônico na penúltima sílaba): alanos estratégia opimo
algaravia filantropo Pandora /ó/ âmbar fluido /úi/ (subst.) pegada ambrosia
“alimento dos deuses” fluído /u-í/ (part. De fluir) pletora /ó/ Antioquia fortuito
/úi/ policromo avaro gratuito /úi/ pudico aziago húmus Quebrangulo (AL)
batavo Hungria Quéops cânon ibero quiromancia caracteres impudico refrega
/é/ cartomancia inaudito rubrica celtibero índex Salonica ciclope juniores /i-ô/
Samaria cizânia látex Sardanapalo clímax libido Sófia (Bulgária) decano
Lombardia sótão desvario maquinaria simulacro edito “lei” mercancia
Tessalonica efebo /ê/ misantropo têxtil estalido Normandia vindima
São proparoxítonas (acento tônico na antepenúltima sílaba): aeródromo édito
“ordem judicial” ínclito ágape Éfeso íngreme álacre êmbolo ínterim anátema
éolo invólucro andrógino epíteto Niágara anêmona (às) escâncaras páramo
anófeles estereótipo périplo antídoto etíope plêiade antífrase êxodo polígono
aríete farândula prístino arquétipo férula prófugo autóctone gárrulo protótipo
bávaro grandíloquo réquiem bígamo héjira sátrapa brâmane hélade Tâmisa
cânhamo hipódromo trânsfuga Cárpatos idólatra zéfiro condômino ímprobo
zênite
7.2 Crase
É a fusão da preposição “a” com artigo ou pronome demonstrativo. Crase é
o fenômeno de união de duas vogais. O acento correpondente recebe o nome
de acento grave.
7.2.1 Casos em que ocorre a fusão
1) O artigo feminino “a” ou “as”: O servidor fez referência à decisão.
O departamento informou tudo às divisões responsáveis pelo processo.
2) Locuções adverbiais, prepositivas ou conjuntivas femininas:
A reunião será às dez horas.
O processo está à disposição de todos.
Quem vive à espera de facilidades, encontra falsidades.
À medida que estudo o processo, mais compreendo os motivos.
3) Evitar ambiguidade:
Encontrou a prima a tia (construção com ambiguidade, quem encontrou quem).
Encontrou a prima à tia (construção sem ambiguidade).
Encontrou à prima a tia (construção sem ambiguidade).
4) o pronome demonstrativo “aquela”, “aquele”, “as”:
Fiz referência a + aquele processo. = Fiz referência àquele processo.
Fiz referência a + aquela decisão. = Fiz referência àquela decisão.
Fiz referência a + aquilo. = Fiz referência àquilo.
Fiz referência a + a (aquela) que saiu. = Fiz referência à que saiu.
Fiz referência a + as (aquelas) que saíram. = Fiz referência às que saíram.
7.2.2 Casos que merecem atenção
1. Antes da expressão “a moda de”, expressa ou subentendida:
Ele se veste à Caetano Veloso. (Ele se veste à moda de Caetano Veloso.)
Ela fez uma comida à mineira. (Ela fez comida à moda mineira.)
2. Antes de “a qual” e “as quais”:
A revista à qual me refiro sumiu.
As leis às quais nos submetemos são justas.
Observação: No primeiro caso, ocorre o acento por causa da união do artigo
“a” de “a qual” e da preposição “a” do verbo “referiu”. No segundo caso, ocorre
o acento por causa da união do artigo “as” de “as quais” e da preposição “a” do
verbo “submeter”.
3. Crase antes de nomes de lugares: Vou a Brasília (Venho de Brasília. Não há necessidade de artigo).
Vou à Bahia (Venho da Bahia. Há necessidade de artigo).
Vou à Europa.
Vou à escola.
4. Com a palavra “casa” não especificada: Vou a casa (Venho de casa. Não há necessidade de artigo).
Vou à casa de meu melhor amigo (Venho da casa de meu melhor amigo).
Observação: ocorre o acento grave no segundo caso, pois, ao se determinar a
casa, houve necessidade do artigo “a”.
5. Com a palavra “terra”:
A palavra “terra” em nossa língua pode representar, dependendo do contexto,
sentidos diversos: terra firme (oposição à água, por exemplo); determinado
lugar; o planeta; e, finalmente, o solo. Nos três últimos casos, a regra a ser
observada é a geral. No primeiro caso, no entanto, não ocorre crase pois o
vocábulo não pede o artigo “a”:
Os marinheiros foram a terra visitar a família.
Os marinheiros foram à terra natal.
Os astronautas voltaram à Terra.
6. Com a palavra “distância” determinada na função de adjunto adverbial, há o acento: Sedex a distância (sem determinação).
Fique à distância de dois metros (com determinação).
7. Paralelismo: a estilística pede que se mantenha o paralelismo em
construções coordenadas. Observe os exemplos a seguir.
De 8h a 10h.
Das 8h às 10h
De segunda a sexta.
Da segunda à sexta.
O direito a remuneração e a trabalho.
O direito à remuneração e ao trabalho.
8. Expressão com palavras repetidas não aceita o acento grave:Cara a cara.
Frente a frente.
Gota a gota.
9. Antes de verbo, nunca existe acento grave antes de verbo.O Tribunal está a decidir sobre o caso.
A partir de hoje, viajaremos sempre.
10. Antes de palavras no plural e “a” anterior no singular, nunca existe acento grave:Devido a ocorrências inesperadas.
Devido às ocorrências inesperadas.
Quanto a situações.
Quanto às situações.
Tudo correu a expensas do contribuinte.
Tudo correu às expensas do contribuinte.
11. Não existe acento grave antes de pronome de tratamento:O documento foi enviado a Vossa Excelência.
A Sua Excelência o senhor Fulano de Tal.
No entanto, quando o pronome exerce função de adjetivo, o acento é possível:
À Excelentíssima Ministra Fulana de Tal (o pronome funciona como adjetivo).
7.2.3 Crase facultativa
1) Nomes de mulheres: Falei o assunto a/à Denise. Refiro-me a/à Paula.
Observações:
a) Quando o nome aparecer determinado por uma qualidade ou característica,
o artigo será obrigatório.
Falei o assunto à Denise, minha irmã.
b) Quando o nome aparecer determinado por sobrenome, preferencialmente
não use o artigo.
O texto fazia alusão a Paula Alves.
2) Pronome possessivos adjetivos: Refiro-me a/à minha secretária.
3) Expressão “até”: O termo “até” pode exercer função de preposição ou de
expressão denotativa de inclusão. Observe os exemplos a seguir.
Vou até a diretoria (preposição).
Vou até à diretoria (expressão denotativa de inclusão, no sentido de
“inclusive”).
7.3 Regência
A regência estuda a relação entre termos. Algumas vezes, um vocábulo
necessita de uma determinada preposição para se unir a outro termo. Outras
vezes, a relação ocorre sem a necessidade de preposição. Regência é
justamente o estudo da dependência ou não de tais preposições. O domínio da
regência (principalmente verbal) depende do conhecimento da transitividade
verbal. Vamos relembrar.
Verbo intransitivo: dispensa uso de complemento do verbo:
Paula saiu. João acordou.
Observação: os verbos ir, chegar e voltar, pois são naturalmente verbos
intransitivos. Geralmente, eles vêm acompanhados de adjunto adverbial e não
objetos diretos.
Guilherme foi a São Paulo.
Isabela voltou de Salvador.
Lucas chegou a Brasília.
Verbo transitivo direto: pede objeto direto.Paula comprou um livro.
Rosália encontrou o quadro.
Verbo transitivo indireto: pede complemento indireto (com preposição).
Lúcia gosta de bons livros.
Todos precisam de amigos.
Verbo transitivo direto e indireto: verbo solicita e o texto apresenta
complemento direto e indireto.João enviou o livro ao pai.
Berenice ofereceu aos convidados o bolo.
Regência de alguns verbos
Agradecer, Perdoar e Pagar Apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a
pessoas.
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.
Paguei o débito ao cobrador.
AspirarTransitivo indireto (pretender, almejar, desejar).
Observação: não se admite a forma pronominal lhe ou lhes, mas apenas a ele
ou a eles)
O consumidor aspira ao desconto prometido na oferta.
Àquele desconto incomparável, o consumidor aspira a ele.
Transitivo direto (sorver, respirar)
O laudo atesta que a vítima aspirou o próprio líquido.
AssistirTransitivo indireto (ver, presenciar).
O segurança da empresa assistiu a tudo passivamente.
Transitivo direto e indireto (caber direito ou razão)
Assiste à requerente o direito de ser imitida na posse do imóvel.
Transitivo direto ou transitivo indireto (socorrer, ajudar, confortar)
O condutor do veículo não assistiu a (à) vítima.
AtenderTranstivio direto ou transitivo indireto (acolher, deferir, tomar em consideração)
O juiz atendeu a petição inicial.
Transitivo direto ou transitivo indireto (responder a chamado, ter em vista)
O juiz atendeu o telefonema.
O juiz atendeu ao advogado.
Transitivo direto ou transitivo indireto (satisfazer, preencher requisitos)
O responsável atendia as (às) necessidades do menor.
ComparecerTransitivo indireto ou intransitivo (apresentar-se em local determinado)
A testemunha compareceu à audiência.
A testemunha compareceu na sala de audiências.
A testemunha compareceu em juízo.
A testemunha compareceu ante/perante o tribunal/juiz
Observação: Empregam-se as preposições ante ou perante para órgão judicial
ou para autoridade.
ConhecerTransitivo direto (ter conhecimento) e transitivo indireto (admitir, acolher causa)
A requerida declara que não conhece a vítima.
O magistrado não conheceu da pretensão do autor.
ConstarTransitivo indireto (ser formado – preposição “de”)
Os autos constam de cinco volumes.
Transitivo indireto (estar registrado ou escrito – preposição “de” ou “em”)
A prova do crime consta no laudo pericial.
A veracidade dos fatos consta dos autos.
DepararTransitivo direto ou transitivo indireto (encontrar)
O juiz deparou falhas no relatório.
A polícia deparou com os assaltantes no local da ocorrência.
ImplicarTransitivo direto (acarretar, originar, produzir)
A aprovação do projeto básico implica abertura de procedimento licitatório.
Transitivo indireto (antipatizar, discordar)
O antigo chefe sempre implicava com este servidor.
Verbo pronominal (envolver-se)
Toda a equipe implicou-se no desvio de recursos.
Informar Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a
pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços (ou sobre os novos preços).
Obs.: seguem tal regência avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Morar, residir, situar-seTransitivo indireto (indicação de local fixo, estabelecido, domiciliado)
O indiciado mora na região do entorno.
O réu reside em lugar incerto.
O advogado será intimado no escritório, sito na avenida comercial.
Observação: A norma culta da Língua Portuguesa exige para esses verbos –
denominados verbos de quietação –, bem como para os correspondentes
adjetivos, a regência indireta com a preposição em, e não com a preposição a.
Obedecer e DesobedecerPossuem seus complementos introduzidos pela preposição "a".
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
PedirTransitivo direto e indireto (solicitar)
O revisor pediu cópia do documento à diretora.
Observação: Quando o objeto direto for oracional, emprega-se a conjunção
que; somente se admite a preposição para quando estiver subentendido que se
trata de permissão:
O presidente pediu à assembleia que fi zesse silêncio.
O escrivão pediu ao presidente para se ausentar da sessão. (pediu permissão)
Preferir
Apresenta objeto indireto introduzido pela preposição "a".Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.
PresidirTransitivo direto ou transitivo indireto (dirigir, governar)
O desembargador mais antigo presidirá a/à sessão.
ProcederIntransitivo (ter fundamento)
As declarações do apelante não procedem.
Transitivo indireto (originar-se, provir)
A testemunha procede do nordeste.
Transitivo indireto (dar início, efetuar, realizar, dar sequência)
O relator procedeu ao exame do recurso.
Observação: Nesta última acepção, considera-se errôneo o emprego do verbo
na voz passiva. Não se permitem, pois, construções como: O exame foi
procedido; O inventário foi procedido; A perícia foi procedida (errado).
Responder Tem complemento introduzido pela preposição "a". O objeto indireto indicar "a quem" ou "ao que" se responde.
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
SolicitarTransitivo direto e indireto (pedir com insistência)
O julgador solicitou ajuda à polícia.
O julgador solicitou ajuda da polícia.
VisarTransitivo direto (mirar)
Os bandidos visaram o alvo assim que ouviram a sirene.
Transitivo direto (pôr o visto)
Os integrantes do conselho visaram a ata.
Transitivo indireto (ter em vista, objetivar, pretender)
Esta Corte de Justiça visa sempre ao bem da sociedade.
Observação: apesar de alguns gramáticos admitirem a regência direta no
último caso, a orientação é manter o emprego formal nos textos oficiais.
Enumerei a seguir alguns verbos e nomes que aparecem com frequência
no universo jurídico. Certamente, será difícil recordar a regência de todos os
termos abaixo. Dê uma lida em todos e faça os exercícios logo após. Consulte
sempre que necessário.
Siglas utilizadas na explicação:
VI = verbo intransitivo
VTD = verbo transitivo direto
VTI = verbo transitivo indireto
VTDI = verbo transitivo direto e indireto
Ab-rogar: VTD no sentido de revogar uma lei, decreto, etc.
Acarear: VTD no sentido de defrontar testemunhas.
Acionar: VTD no sentido de ação judicial.
Acoimar: VTD no sentido de infligir, punir.
Aconselhar: VTDI no sentido de orientar; aconselhar algo a alguém;
aconselhar alguém a algo; aconselhar alguém de/sobre algo
Acordar: VI no sentido de fazer um acordo, firmar contrato. VTD no sentido de
concordar, resolver em comum acordo.
Acostumado: regência nominal com a preposição “a” ou “com”.
Adimplir: VTD no sentido de cumprir, executar um contrato.
Ad-rogar: VTD no sentido de tomar por adoção pessoa sui juris.
Agradar: VTD (fazer carinho, presentear); VTI com preposição “a” (satisfazer).
Agradecer: VTDI – o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é sempre
pessoa.
Agravar: VTD no sentido de onerar, sobrecarregar.
Agredir: VTD. O desempregado agrediu o amigo.
Ajudar: VTD ou VTI com a preposição “a”.
Ansioso: regência nominal com a preposição “de”, “por” ou “para”.
Anuir: VTI ou VI no sentido de concordar: O juiz anuiu a seu pedido. Os juízes
anuíram.
Apelar: VTI ou VI no sentido de recorrer buscando ajuda; recorrer por apelação
a instância superior para pedir a reforma de sentença de juízo inferior; interpor
recurso ou apelação: A defesa apelou da sentença. O promotor apelou.
Apenar: VTD no sentido de punir, condenar.
Apoiar-se: VTI (pronominal); apoiar-se ao muro; apoiar-se em documentos;
apoiar-se sobre tal coisa.
Arrestar: VTD no sentido de fazer ou decretar arresto.
Arrogar: VTD no sentido de apropriar-se de, tomar como seu. VTDI no sentido
de exigir ou atribuir-se direitos indevidos.
Arrolar: VTD no sentido de fazer constar em rol ou lista a relação dos bens de
um espólio.
Aspirar: VTD (sorver, inspirar) e VTI com a preposição “a” (desejar).
Assíduo: regência nominal com a preposição “em”.
Assistir: VTD (prestar assistência); VTI com a preposição “a” (ver, ter
direito);VI (morar).
Atenção: regência nominal com a preposição “a” ou “para”.
Atender: VTD ou VTI com a preposição “a” para pessoa; VTI com a preposição
“a” para coisa no sentido de dar atenção.
Atingir: VTD (alcançar o alvo).
Autuar: VTD no sentido de lavrar um auto. O servidor autuou o processo. VTDI
no sentido de exigir ou atribuir-se direito indevido.
Avisar, certificar, cientificar, informar: VTDI (algo a alguém ou alguém de
algo).
Avocar: VTDI no sentido de chamar, atribuir-se: O presidente avocou a si a
decisão sobre o projeto. VTD no sentido de despertar, evocar: Aquelas
palavras avocavam bons pressentimentos.
Caluniar: VTD no sentido de imputar falsamente.
Caucionar: VTD no sentido de assegurar com caução, dar em garantia.
Certificar: VTD no sentido de afirmar a certeza, passar a certidão de: O
secretário certificará a aprovação no concurso. O médico certificou o óbito.
VTDI no sentido de tornar ciente, afirmar: Ele o certificou do julgamento. VTDI
(pronominal) no sentido de ter a certeza de, convencer-se: Ele se certificou da
verdade.
Chamar: VTD e VTI com a preposição “a” (considerar); VTD (convocar, fazer
vir); VTDI com a preposição “a” no sentido de repreender.
Chegar, ir, sair, vir: Intransitivo.
Circundutar: VTD no sentido de julgar nula ou sem eficácia uma citação.
Citar: VTD no sentido de chamar alguém a juízo.
Cominar: VTDI no sentido de ameaçar com pena ou castigo no caso de
infração.
Comparecer: VI ou VTI no sentido de aparecer, apresentar-se em local
determinado ou em juízo perante magistrado ou funcionário judicial: Somente
as testemunhas de defesa compareceram. A testemunha compareceu perante
o juiz.
Compartilhar: VTD.
Competir: VTI no sentido de concorrer na mesma pretensão, disputar título,
ser da competência ou atribuição, caber, pertencer por direito, ser de
obrigação: O candidato mais forte competia com o irmão. Isso não compete ao
chefe da seção. Parte dos bens compete aos filhos.
Comunicar: VTDI com a preposição “a”.
Comutar: VTD no sentido de permutar um pena mais grave por outra mais
branda.
Conhecer: VTI regendo a preposição de, no sentido de juiz ou tribunal ser
competente para intervir num processo; dar-se por competente para julgar;
acolher a causa: O ministro conheceu do recurso.
Consentir: VTI com a preposição “em” (concordar); VTDI com a preposição “a”
(permitir).
Consistir: VTI no sentido de compor-se; basear-se: O procedimento de
apuração consistia em duas etapas.
Coonestar: VTD no sentido de dar aparência de honestidade.
Correger: VI no sentido de fazer correição. VTD no sentido de fazer o
pagamento do dano ou da indenização.
Custar: VTI com a preposição “a”(ser custoso, ser difícil); TDI com a
preposição “a” (causar).
Decidir: VTD ou VTI no sentido de resolver, determinar, sentenciar, julgar: O
ministro decidiu (sobre) a questão rapidamente.
Deferir: VTD ou VTI no sentido de atender, condescender, anuir (o que se
pede ou requer): Ele deferiu o (ao) pedido. VTDI no sentido de outorgar,
conferir e conceder: O prefeito deferiu a solicitação à associação de
moradores.
Deparar: deparar-se com; deparar com; deparar-se-lhe algo.
Desobedecer: VTI com a preposição “a”.
Deliberar: VTD ou VTI no sentido de decidir, resolver após exame: A Corte
deliberou punir os culpados. O Tribunal deliberou sobre os recursos especiais.
Delinquir: VI no sentido de cometer crime, delito.
Demandar: VI no sentido de disputar em juízo. VTD no sentido de intentar
ação judicial.
Denunciar: VTD no sentido de notificar, dar ciência.
Derrogar: VTD no sentido de revogar parcialmente uma lei, decreto,
regulamento.
Desaforar: VTD no sentido de isentar o pagamento, de um foro ou no sentido
de transferir um processo de um foro para outro. É pronominal no sentido de
renunciar aos privilégios do foro.
Desagravar: VTD no sentido de reparar uma ofensa ou insulto.
Descriminar: VTD no sentido de absolver do crime, excluir a injuridicidade ou
condição criminosa.
Difamar: VTD no sentido de imputar fato ofensivo à reputação de alguém.
Dignar-se: VTI com a preposição “de”.
Distratar: VTD no sentido de anular o ajuste ou contrato.
Embargar: VTD no sentido de pôr embargos.
Ensinar: ensinar algo a alguém; ensinar alguém a algo
Equivalente: regência nominal com a preposição “a” ou “de”.
Escoimar; VTD no sentido de livrar pena ou censura.
Esquecer: VTD ou VTI (com pronome e preposição “de”). Esqueceu tudo.
Esqueceu-se de tudo.
Evencer: VTD no sentido de desapossar judicialmente a pessoa da
propriedade que detém.
Falta: regência nominal com a preposição “a”.
Faltar: VTI com a preposição “a” (ausentar-se, inexistir).
Impedir: VTDI com dupla regência: algo a alguém ou alguém de algo.
Implicar: VTD no sentido de requerer, demandar; embaraçar; trazer como
consequência, produzir como consequência, acarretar e provocar: A
desobediência dos motoristas no trânsito pode implicar sérias consequências.
VTDI no sentido de envolver, comprometer: Implicaram-no em crime de furto.
VTI no sentido de ter implicância com, ser inconciliável, rege a preposição com:
Implicava com o guarda.
Inadimplir: VTD no sentido de descumprir a obrigação contratual assumida.
Indagar: indagar de alguém alguma coisa.
Indiciar: VTD no sentido de proceder a imputação criminal contra alguém.
Inquirir: VTD no sentido de fazer perguntas, indagar.
Insimular: VTD no sentido de atribuir crime, denunciar.
Interessar: algo interessa a alguém; interessar-se por algo.
Interpelar: VTD no sentido de exigir categoricamente explicações em juízo.
Lembrar: mesma regra de esquecer.
Notificar: VTDI ou VTD no sentido de intimar, dar conhecimento de ordem
judicial a, informar, comunicar, participar, dar notícia ou conhecimento de: O
juiz notificou a sentença ao condenado. O juiz notificou o condenado.
Obedecer: VTI com a preposição “a”.
Pagar: VTDI com a preposição “a”. Objeto direto é a coisa e objeto indireto é a
pessoa.
Perdoar: VTDI com a preposição “a”. Objeto direto é a coisa e o objeto indireto
é a Persuadir: persuadir alguém a alguma coisa.pessoa.
Preferência: regência nominal com a preposição “a” ou “por”.
Preferir: VTDI com a preposição “a”. Nunca usar “prefiro mais” e prefiro algo do
que outra coisa.
Preferível: regência nominal com a preposição “a”.
Prescrever: VTD no sentido de ordenar, determinar; preceituar, indicar com
precisão: O diretor-geral prescreveu normas para a licitação. VTDI no sentido
de marcar, fixar, limitar: O setor prescreveu novo prazo aos servidores para
entrega de documentos. VI no sentido de ficar sem efeito por ter decorrido
certo prazo legal, caducar, cair em desuso; incidir em prescrição: A pena já
prescreveu.
Presenciar: VTD. Os interessados presenciaram a sessão.
Presente: com a preposição “a” com nomes abstratos e preposição “em” com
nomes concretos.
Presidir: VTD ou VTI no sentido de exercer a presidência.
Prevenir: VTD (evitar); VTDI com a preposição “de” (avisar).
Providenciar: providenciar algo a alguém; providenciam sobre algo;
providencia-se para algo; para providenciar em algo.
Proceder: VTI no sentido de originar-se, descender; realizar, fazer, efetuar: O
presidente procederá à nomeação de novo ministro. VI no sentido de ter
fundamento, continuar, agir, comportarse, ser decisivo na prova, concluir: Este
recurso não procede. O ministro procedeu exemplarmente. VI com a
preposição “de” no sentido de origem. O Juiz procede de São Paulo.
Prover: VTD no sentido de receber e deferir (um recurso), ordenar; dispor: O
Colegiado proveu o recurso. VTDI no sentido de dotar, abastecer, nomear
alguém para (cargo ou emprego): O ministro da Justiça o proverá para o cargo
de secretário-geral. VTI no sentido de ocorrer, acudir, remediar, atender: Ele
proverá às despesas.
Querer: VTD (desejar); VTI com a preposição “a” (estimar).
Recorrer: VI ou VTD no sentido de interpor recurso judicial; apelar, dirigir-se
pedindo socorro, proteção; lançar mão, valerse.
Renunciar: VTD ou VTI com a preposição “a”.
Reparar: VTD (consertar); VTI com as preposições “em” ou “para” (observar).
Ressarcir: VTD no sentido de pagar o prejuízo causado.
Residente, situado, sito, domiciliado: aceitam a preposição “em”.
Residir: VI com a preposição “em”.
Resignar: a) (renunciar) resignar o cargo; b) (conformar-se) resignar-se com
algo; resignar-se a algo.
Responder: VTDI com a preposição “a”.
Revogar: VTD no sentido de anular ou retirar.
Sancionar: VTD no sentido de dar sanção, aprovação, confirmação.
Satisfazer: VTD ou VTI com a preposição “a” (solicitar).
Simpatizar: simpatizar com algo/com alguém.
Socorrer: socorrer alguém/algo.
Solicitar: VTDI. O Ministro solicitou o material ao Tribunal. O nome “solícita”
pede a preposição “com”. O Ministro é solícito com todos.
Substabelecer: VTD no sentido de transferir a outrem os poderes conferidos
num mandato
Suceder: TI com a preposição “a” (substituir).
Sobressair: VTI com preposição “em”. Não é verbo pronominal.
Torcer: VTI com a preposição “por”.
Usufruir: usufruir algo.
Visar: VTD (pôr o visto); VTI com a preposição “a” (objetivar).
7.3.1 Regência nominal
Acessível a Escasso de Propício a
Acesso a, para Essencial a, para Próprio de, em
Adaptado a Fácil de Próximo a, de
Admiração a, por Fanático por Relacionado com
Afável com, para com Fuga de, a Relativo a
Aflito com, por Favorável a Respeito a, entre, para
com,por
Agradável a, de Generoso com Residente em
Alheio a, de Gosto de, em Rigoroso com, em
Alusão a Grato a, por Saudade de, por
Amor a, por Guerra a, com, contra, entre Satisfeito com, de, em, por
Análogo a Hábil em Segurança de, em
Ânsia de, por Habituado a Semelhante a
Ansioso de, para, por Horror a, de Sensível a
Antipatia a, por Idêntico a Sito em
Apto a, para Igual a, para Situado em
Atenção a, com, para com Imbuído de, em Suspeito de
Atento a, com Impaciência com Temor a, de
Aversão a, por Impróprio para Violação a, de
Ávido de Indeciso em Vizinho a, de
Atentado a, contra Insensível a
Bacharel em Junto a, com, de
Benéfico a, para Liberal com
Capacidade de, para Longe de
Capaz de, para Medo de
Certeza de, em Natural de
Compatível com Necessário a, para
Contemporâneo a, de Nocivo a
Constituído de, por Obediência a
Contíguo a Ojeriza a, por
Contrário a Oportunidade de, para
Curioso de, para Paralelo a
Descontente com Parco em, de
Desejoso de Passível de
Devoção a, para com, por Perto de
Devoto a, de Preferência por
Domiciliado em Preferível a
Dúvida em, sobre Prejudicial a
Empecilho a, para Prestes a
Entendido em Proeminência sobre
Equivalente a Propenso a
7.3.2 Regência e pronome relativo
O assunto provoca receio mesmo naqueles que dominam bem a
gramática. Vamos explicar com muito calma, então. Observe as orações
abaixo.
O livro sumiu = primeira oração.
Comprei o livro = segunda oração.
Se desejarmos unir as duas orações e formar apenas uma construção em
período único, seria necessário fazer uso de pronome relativo.
O pronome relativo é o termo que possibilita que um termo não seja
repetido desnecessariamente na frase. No exemplo acima, unindo as orações
com pronome relativo temos a seguinte estrutura.
O livro que comprei sumiu.
Como o verbo “comprar” não pede preposição, não houve necessidade de
qualquer preposição antes do pronome relativo. Nem sempre é assim. Observe
o segundo exemplo.
O livro sumiu = primeira oração.
Refiro-me ao livro = segunda oração.
Para que a frase fique correta, a preposição “a” pedida pelo verbo “referir-
se” deve estar antes do pronome relativo ao se unir as orações. Veja.
O livro a que me refiro sumiu.
Observe outros exemplos:
O livro de que preciso sumiu.
O livro a que aludi sumiu.
O livro com que simpatizo sumiu.
O livro que escrevi sumiu.
O livro em que deixei o bilhete sumiu.
Vários são os pronome relativos. Os principais são: que, o qual, a qual,
cujo, cuja, onde, quanto etc.
Uso do cujo, cuja
Os pronomes “cujo” e suas variações são empregados para dar ideia de
posse ou complemento do substantivo. Observe as orações.
O livro sumiu = primeira oração.
O autor do livro chegou = segunda oração.
Ao unir as orações em período único, temos:
O livro cujo autor chegou sumiu.
Se for empregado algum termo que exija preposição, seremos obrigados a
construir o período com ela. Observe.
O livro sumiu = primeira oração.
Gosto do autor do livro = segunda oração.
Ao unir as orações em período único, temos:
O livro de cujo autor gosto sumiu.
Observação: não existe cujo o, cuja a, o cujo. Não é possível artigo ao lado do
pronome cujo.
Observe vários exemplos com pronome relativo e regência.
O livro que li sumiu.
O livro de que preciso sumiu.
O livro a que fiz referência sumiu.
O livro por que tenho simpatia sumiu.
O livro cujo autor chegou é bom.
O livro de cujo autor preciso é bom.
O livro a cujo autor fiz referência é bom.
O livro por cujo autor tenho simpatia é bom.
A cidade onde estou é linda.
A cidade aonde vou é linda.
A cidade de onde vim é linda.
A decisão a qual recebi está correta.
A decisão da qual preciso está correta.
A decisão à qual fiz referência está correta.
A decisão pela qual tenho simpatia está correta.
7.3.3 Preposição
O uso da preposição adequada é fundamental para o bom uso de regência.
Assim, enumero cuidados a serem observados:
a) não se repete a preposição quando rege palavras que constituem um só
conjunto, ou seja, palavras que indicam simultaneidade ou têm a mesma
natureza: filhos de Alexandre e Adriana.
b) quando a preposição rege termos coordenados de natureza diferente ou
entre eles não há relação exata, deve-se repetir a preposição: homenagem aos
magistrados e aos escritores (sem a preposição, pode-se entender que os
magistrados são também escritores).
c) repete-se a preposição quando se repete o possessivo: falamos de nossos
sonhos e de nossos pesadelos.
d) repete-se a preposição “a” e “por” se ocorrer repetição do artigo: o combate
à fome e ao terror. Se não houver repetição do artigo, a preposição fica
embutida: o combate à fome e terror.
e) não se repete a preposição no aposto: Morou na melhor cidade do Brasil,
Brasília.
f) repete-se a preposição nas expressões explicativas ou retificadoras: gostaria
de dois relatóros, ou melhor, de três relatórios.
7.4 Concordância
Regra geral: o verbo concorda com o sujeito em relação a número e
pessoa.
O processo chegou.
Os processos chegaram.
O Ministro e o Presidente decidiram o assunto.
7.4.1 Casos que merecem atenção na concordância verbal
1. Sujeito composto posposto ao verbo aceita a concordância com o núcleo mais próximo ou com o conjunto.Chegou o relatório e o processo.
Chegaram o relatório e o processo
Decidiu o assunto o Ministro e o Presidente.
Decidiram o assunto o Ministro e o Presidente..
2. Sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes concorda o verbo com o conjunto se possuir primeira pessoa.Paula, Pedro, tu e eu saímos.
3. Sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes sem a primeira pessoa concorda o verbo com o conjunto ou com a terceira pessoa do plural.Paula e tu andais (ou andam).
4. Sujeito composto formado por verbos no infinitivo mantém o verbo da oração principal no singular.Andar e sorrir faz bem à saúde
Ler e escrever é bom..
5. Sujeito composto formado por verbos no infinitivo com ideias contrárias leva o verbo da oração principal para o plural.Rir e chorar fazem bem à vida.
Entrar e sair provocam irritação.
6. Sujeito composto formado por verbos substantivos entra na regra geral.O andar e o sorrir fazem bem à saúde.
7. Verbo impessoal é aquele que não possui sujeito e são empregados, geralmente, na terceira pessoa do singular.
São verbos impessoais:
a) fenômenos da natureza:
Ventou muito ontem.
Choveu à noite.
b) o verbo haver no sentido de ocorrer, existir, acontecer ou tempo decorrido:
Houve muitos acidentes na estrada.
Há processos sobre a mesa.
Haverá espetáculos interessantes em Santos.
Há dias não chove.
c) o verbo fazer no sentido de tempo decorrido ou clima:
Faz dez dias que não vejo você.
Faz invernos rigorosos na Argentina.
d) O verbo ser e o verbo estar no sentido de tempo, clima, estação do ano e
distância. Neste caso, o verbo concorda com o termo presente na oração.
São dez horas.
É primavera.
Está calor.
São trezentos quilômetros de Brasília a Goiânia.
e) as expressões “trata-se de”, “cuida-se de”, “já passa de”, “basta de”, chega
de”:
Trata-se de ações.
Cuida-se de processos.
Já passa das dez.
Basta de bobagens.
Chega de tarefas.
8. Verbo acompanhado de índice de indeterminação do sujeito permanece no singular sempre. Caso você tenha dificuldade em identificar o índice de
indeterminação, haverá uma aula adiante em que abordaremos o assunto.
Precisa-se de novos projetos.
Gosta-se de livros.
9. Coletivos partitivos (a maioria, a minoria, grande parte, metade de), seguidos de adjuntos adnominais no plural, concordam o verbo com o núcleo ou com o adjunto.A maioria dos alunos está (ou estão) interessada(os).
Grande parte dos relatórios apresenta (ou apresentam) erros.
10. O pronome “que” não interfere na concordância.O rapaz que saiu é inteligente.
O juiz que determinou a sentença está correto.
11. O pronome “quem” faz com que o verbo concorde com o pronome ou com o substantivo que o antecede.Fui eu quem fez (ou fiz) o trabalho ontem
12. A união de dois pronomes com sentido partitivo mantém o verbo no singular, quando o núcleo da expressão está no singular.Qual de nós entregou o trabalho.
Algum deles saiu.
Observação: o verbo aceita a concordância com o núcleo ou com o adjunto,
quando possui o núcleo no plural.
Quais de nós entregaram (ou entregamos) o trabalho.
13. Pronome de tratamento concorda o verbo na terceira pessoa do singular.Vossa Excelência entregou o trabalho ontem.
14. A expressão “um dos que” aceita o verbo no singular ou no plural.Um dos que saiu (ou saíram).
Um dos rapazes que voltou (ou voltaram).
15. A expressão “mais de um” mantém o verbo no singular. O plural só ocorre se houver sujeito composto com a expressão ou se houver reciprocidade.Mais de um processo já foi liberado.
Mais de um processo, mais de um relatório chegaram cedo.
Mais de um advogado encontraram-se no corredor.
16. A expressão “um e outro” e suas variações (uma e outra, nem um nem outro, nem uma nem outra) aceita o verbo no singular ou no plural. Se houver reciprocidade, o plural se torna obrigatório.Um e outro delegado chegou (ou chegaram).
Uma e outra menina se abraçaram na festa.
17. A expressão “um ou outro” e suas representações com substantivos mantém o verbo no singular com ideia de exclusão. O verbo vai para o plural com ideia de adição.São Paulo ou Santos será campeão do Brasil em 2008.
Uva ou manga me agradam sempre.
18. Concordância com infinitivo.
I – Na oração infinitivo-latina (verbos mandar, fazer, deixar, ver, ouvir, sentir + pronome átono + verbo no infinitivo), o verbo preferencialmente fica no singular.Mandei-os entrar.
O Ministro deixou-os decidir.
II – No caso de voz passiva formada com infinitivo regido de preposição “de”, o verbo fica no singular.Coisas difíceis de dizer (= serem ditas).
Livros fáceis de ler (= serem lidos).
Observação: o pronome “se” fica elíptico na expressão.
III – No infinitivo regido de preposição equivalendo a gerúndio, o verbo fica no singular.O Ministro estava a falar.
Os Ministros estavam a falar.
IV – Quando o infinitivo regido de preposição vier antes do verbo principal com sujeito próprio ou não, é preferível concordar com o sujeito.Para julgarem melhor, estudaram horas.
Na certeza de estarmos com direito, fazemos o pedido.
Observação: se o verbo principal vier em primeiro lugar, não há obrigatoriedade
de emprego pessoal.
Estudaram horas para julgar melhor.
Fazemos o pedido na certeza de estar com o direito.
V – Quando o infinitivo vier com o verbo “parecer” ao lado de outro verbo, pode flexionar o primeiro ou o segundo. Prefira o primeiro caso.As causas parecem justificar os meios.
As causas parece justificarem os meios.
VI – Quando entre o verbo principal e o infinitivo vier o sujeito representado por substantivo no plural, usa-se o infinitivo pessoal.Os astrônomos viram as estrelas caminharem no céu.
Observação: Se o infinitivo vier junto do verbo principal, a variação não é
obrigatória.
Os astrônomos viram caminhar as estrelas no céu.
Os astrônomos viram caminharem as estrelas no céu.
VII – Muitas vezes, o infinitivo vem distanciado do verbo principal. Nesse caso, para determinar a pessoa, usamos o pessoal.Receberam os Desembargadores, há dias, os autos a que me referi no
memorial, fls. 15, para julgarem o caso.
7.4.2 Concordância nominal
O nome concorda com seu referente em gênero e número.
Processo longo.
Processos longos.
Decisão extraordinária.
Decisões extraordinárias.
7.4.3 Casos que merecem atenção na concordância nominal
1. Adjetivo posposto a substantivos concorda com o núcleo mais próximo ou com o conjunto. Se os substantivos forem antônimos, o adjetivo concorda com o conjunto.Comprei livro e revista nova (ou novos).
Ofício e parecer longo (ou longos).
Sinto por ele amor e ódio eternos.
2. Adjetivo anteposto a substantivos concorda apenas com o núcleo mais próximo.Comprei novo livro e revista.
Longo processo e parecer.
3. Em alguns casos, o adjetivo posposto a substantivos concorda obrigatoriamente com o mais próximo por questões semânticas.Água e jardim florido.
4. Em alguns casos, o adjetivo posposto a substantivos concorda obrigatoriamente com o conjunto por questões semânticas.Considero o rapaz e a menina responsáveis.
Acho o rapaz e a menina inteligentes.
5. Quando o adjetivo anteposto a substantivos se refere obrigatoriamente ao conjunto pode concordar com o núcleo mais próximo (regra geral) ou com o conjunto.Considero responsável (ou responsáveis) o rapaz e a menina.
O juiz julgou encerrada (ou encerradas) a defesa e a acusação.
6. O termo “quite” concorda com o referente.Estou quite.
Estamos quites.
7. O termo “leso” concorda com o referente.Crime de lesa-pátria.
Crime de leso-patriotismo.
8. A expressão “um e outro” seguida de substantivo e adjetivo mantém o substantivo no singular e o leva o adjetivo para o plural.Um e outro deputado federais saíram.
Nem um nem outro processo trabalhistas prosperaram.
9. “Obrigado” concorda com o referente.Homem diz obrigado.
Mulher diz obrigada.
10. Os termos “mesmo”, “próprio”, “só”, “junto”, “anexo”, “incluso”, “bastante” e “meio”, quando adjetivos, concordam com o referente.Eles mesmos saíram.
Elas mesmas saíram.
Nós próprios chegamos.
Estou só.
Estamos sós.
A carta seguiu anexa.
O livro seguiu anexo.
Comprei bastantes livros.
Bebi uma garrafa e meia.
Observação: as expressões “mesmo”, “só”, “anexo”, “bastante” e “meio” são
invariáveis quando advérbios.
O juiz determinou mesmo a sentença.
Eles só fizeram o trabalho hoje.
A prova seguiu em anexo.
Os livros seguiram em anexo.
Elas estão bastante tristes com o problema.
Os funcionários ficaram meio chateados com a demora do pagamento.
11. O predicativo do sujeito fica invariável quando o sujeito não está determinado. Se o sujeito estiver determinado, concordam com ele.Água é bom.
A água é boa.
É proibido entrada.
É proibida a entrada.
É necessário reunião.
É necessária a reunião.
12. O termo “possível” fica invariável se fizer parte de uma expressão superlativa no singular (o mais, o menos, o pior, o melhor, etc) ou se estiver ao lado de “quanto”.Encontrei processos o mais intrigantes possível.
Encontrem-me tão rápido quanto possível.
13. Dois ou mais adjetivos podem concordar com um mesmo substantivo.As polícias civil e militar.
As bandeiras brasileira e inglesa
O primeiro e o segundo grau.
O primeiro e segundo graus.
Se o artigo aparecer também antes do segundo adjetivo, a concordância será
feita assim:
A polícia civil e a militar.
A bandeira brasileira e a grega.
7.6 Pontuação
A pontuação é de fundamental importância no estudo de nosso idioma e
em sua expressão adequada. Ela constitui um conjunto de sinais gráficos para
facilitar a leitura e a compreensão do texto.
7.6.1 Vírgula
1. Separar termos coordenados de uma construção.
O relatório apresentou informação inadequada, pouca novidade, nomes
incompletos.
João, Maria, Pedro saíram.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão regime
jurídico único para seus servidores.
Discursos, pedidos, recomendações, não o demoviam do propósito de ver seu
projeto convertido em lei.
2. Separar o vocativo.Senhor, gostaria de que me visitasse algumas vezes.
Senhor Presidente, solicito a palavra para declaração de voto.
3. Separar o aposto explicativo.O Ministro Gilmar Mendes, Presidente do STF, estará no MPU amanhã.
Luís Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, estará em Belo Horizonte
amanhã.
4. Separar palavras ou expressões interpositivas: por exemplo, ou melhor, isto é, por assim dizer, etc.Ela precisava de duas cartas, ou melhor, três.
Ela não falou, isto é, falou pouco.
5. Indicar elipse do verbo.João tem 30 anos; Maria, 26.
À Câmara compete autorizar a instauração de processo contra o Presidente da
República; ao Senado, julgar.
6. A localidade da data.Brasília, 16 de julho de 2008.
7. Separar a oração adjetiva explicativa.O Supremo, que é a maior Corte, decidiu assim.
8. Pode ocorrer vírgula antes da conjunção “e” em alguns casos:
a) orações com sujeitos diferentes (facultativo).
Josebaldo saiu, e Josebalda leu o livro.
b) ideia adversativa ou conclusiva (indicada).
Ela saiu, e já voltou.
Ela estudou muito o ano inteiro, e passou em primeiro lugar.
c) polissíndeto (facultativa).
E cantava, e pulava, e corria.
d) para enfatizar o último elemento de uma coordenação.
Comprei um livro, uma revista, e um carro.
e) antes de vice-versa.
Ele nunca presenteou a esposa, e vice-versa.
f) antes das expressões “e nem”, “e nem ao menos”, “e nem sequer”.
Ela não sabe falar inglês, e nem sequer bem o português.
9. Ideia adversativa, conclusiva ou explicativa.Ela estudou muito, porém não passou.
Ela estudou muito, portanto passou.
Ela passou no concurso, pois já está trabalhando no órgão público.
10. Na ordem indireta, temos as seguintes situações:
a) sujeito ou objeto deslocado não pedem vírgula.
Chegou o relatório ontem.
É importante que ela volte.
Foi publicada a decisão hoje.
b) se houver pleonasmo representado por nome e pronome, haverá vírgula.
O livro, o deputado comprou-o.
Aquela lei, não a entendem senão os juristas mais argutos.
c) pode-se colocar uma vírgula com o objeto anteposto.
O livro, o deputado comprou.
d) predicativo do sujeito deslocado pede vírgula.
Inconformado, solicitou nova audiência.
e) Adjunto adverbial descolado pede vírgula quando se deseja enfatizá-lo.
Orações adverbiais deslocadas sempre terão vírgula.
Ontem, ela me trouxe o livro (vírgula facultativa).
Quando ela chegou ontem, fiquei feliz (vírgula obrigatória).
Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos.
11. Separar os elementos de uma obra.Português Jurídico, 7ª edição, p. 184.
12. Separar o autor da obra.Machado de Assis, Dom Casmurro.
13. Destacar palavras ou expressões isoladas.Atitude, não apenas palavras, é o que quero.
14. Separar palavras repetidas.O requerente declarou tudo, tudo.
Nada, nada me fará mudar o voto.
15. Separar elementos de um provérbio.Tal pai, tal filho.
Mocidade ociosa, velhice vergonhosa.
16. Após “sim” ou “não” em respostas.Sim, o Tribunal já tomou uma decisão.
7.6.2 Vírgula em textos jurídicos
1. Entre os elementos que compõem as referências a dispositivos legais sem a
preposição “de” ou fora da ordem crescente: art. 265, IV, a, do CPC; Código
Eleitoral, art. 128, I, II e III. Lei no 9.100/95, art. 23, caput.
2. Caso a ordem dos elementos seja do particular para o geral, estes vêm
ligados pela preposição de, sem o emprego de vírgulas: Incisos III e IV do § 11
do art. 121 da Constituição Federal.
3. Entre o número de leis, resoluções, portarias, etc. e a data de sua
publicação: Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990; Resolução-TSE
nº 19.406, de 5 de dezembro de 1995.
7.6.3 Ponto-e-vírgula
1. Quando há omissão da conjunção na ideia adversativa, conclusiva ou explicativa.O MPU apresentou provas concretas;o Tribunal não a aceitou.
2. Quando ocorre descolamento da conjunção na oração coordenada.O MPU apresentou provas concretas; o Tribunal, porém, não as aceitou.
Pode-se escrever também usando vírgula entre as orações.
O MPU apresentou provas concretas, o Tribunal, porém, não as aceitou.
3. Entre orações coordenadas que já possuem vírgula em seu interior.Minha casa não é grande; porém a sua casa, imensa.
Pode-se escrever também usando vírgula entre as orações.
Minha casa não é grande, porém a sua casa, imensa.
4. Separar termos coordenados em coluna.A ONU determinou as seguintes ações:
a) campanha mundial para arrecadar alimentos;
b) participação de todas as nações para arrecadar recursos financeiros;
c) envio de médicos voluntários ao local da tragédia.
5. Separar orações coordenadas longas ou curtas em trecho longo.“Ser ético é ser íntegro em seus princípios; ser intolerante com corrupção; ser
exemplo por meio de sua atitude; ser sábio em suas decisões.”
7.6.4 Ponto-e-vírgula em textos jurídicos
Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis,
decretos, portarias, regulamentos): Art. 1º A educação nacional, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:
I) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do
Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;
II) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;
III) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;
(...).
Ao separar termos de uma enumeração em textos legais, o ponto e
vírgula pode, às vezes, permitir leituras ou interpretações divergentes: “É
assegurada a aposentadoria no regime geral da previdência social, nos termos
da lei, obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição,
se mulher;
II – sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se
mulher.”
Nesse exemplo, alguns entendem que o ponto e vírgula substitui o e. O
trabalhador, então, só se aposenta se preencher as condições I e II. Outros têm
leitura diferente: o ponto e vírgula estaria no lugar do ou.
Vê-se, assim, que o texto permite duas leituras e deve, portanto, ser
modificado para eliminar a ambiguidade. Outro exemplo:
“São formas de provimento de cargo público:
a) nomeação;
b) promoção;
c) readaptação;
d) reversão;
e) aproveitamento;
f) reintegração;
g) recondução.”
No caso, basta preencher uma das condições para ocupar cargo público.
Logo, o ponto e vírgula está no lugar do ou. Mais um exemplo:
“São funções do Banco Central:
a) Emitir moeda;
b) Fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional;
c) Controlar o crédito e o capital estrangeiros;
d) Representar o governo brasileiro perante governos estrangeiros.”
Nesse caso, um item não exclui outro. Todos os itens constituem
obrigações do Banco Central. O ponto e vírgula indica soma, inclusão. Entre as
letras c e d, poder-se-ia usar a conjunção e para dizer que são só essas as
atribuições do Banco Central. A ausência do e funciona como um etc. Significa
que há outras atribuições.
Em muitos casos, o uso do ponto e vírgula torna o texto mais leve,
facilitando a vida do leitor. Examine-se esta frase: João trabalha no Senado,
Pedro trabalha na Assembleia, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na
universidade, Alberto trabalha no shopping. A frase está correta e clara. As
vírgulas separam as orações coordenadas. Mas a repetição do verbo torna-a
cansativa. Recorre-se, então, ao ponto e vírgula para separar as orações
coordenadas: João trabalha no Senado; Pedro, na Assembleia; Carlos, no
banco; Beatriz, na universidade; Alberto, no shopping. Outros exemplos: Eu
estudo na USP; Maria, na UFMG. Alencar escreveu romances; Drummond,
poesias.
Observação: Nesse exemplo, para não repetir trabalha em todas as orações,
mantém-se o verbo apenas na primeira; nas demais, põe-se a vírgula no lugar
do verbo.
7.6.5 Pontuação no fim de frase, após abreviatura:
Se a última palavra da frase for uma abreviatura, que, por natureza, tem
ponto, não se usa outro ponto para indicar o fim do período. Vale o ponto da
abreviatura: Vi os móveis nas Lojas Carmel Ltda. Na feira, comprei laranjas,
bananas, peras, abacaxis etc.
7.6.6 Dois-pontos
1. Antes de uma citação direta.O Ministro declarou: “A decisão ocorrerá hoje.”.
2. Antes ou depois de enumeração.Comprei três coisas: livros, revistas, jornais.
Livros, revistas, jornais: tudo o que quero.
3. Antes de ideia explicativa ou conclusiva.Ela estudou, estudou, estudou: passou em primeiro lugar.
Ela já saiu: não está aqui.
Sei apenas isto: nada sei.
7.6.7 Aspas
1. No início e no fim de transcrição direta.Machado de Assis afirmou: “Tudo acaba”.
O Ministro declarou: “As reformas só trarão benefícios.”
O Deputado indagou: “Quais serão os benefícios?”
Observação: Orienta o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa que a
pontuação em relação a aspas deve seguir a seguinte regra:
a) período iniciado e terminado por aspas mantém o ponto antes das últimas aspas.“O Brasil é maior do que todos os problemas.”
b) período iniciado sem aspas mantém o ponto após as aspas.José de Alencar destacou que “O Brasil é maior do que todos os problemas”.
Observação: é comum o uso de dois-pontos após o verbo que apresenta a
citação. No caso, é comum o ponto-final aparecer antes das aspas finais ou
depois.
José de Alencar destacou: “O Brasil é maior do que todos os problemas.”
José de Alencar destacou: “O Brasil é maior do que todos os problemas”.
c) se a citação termina com ponto-final, ponto-de-interrogação ou ponto-de-exclamação e coincide com o término de todo o período, as aspas aparecem após esses pontos e não se usa mais nenhum sinal de pontuação.O Presidente anunciou: “Está encerrada a sessão.”
O Deputado perguntou: “Haverá sessão extraordinária amanhã?”
O Ministro declarou, indignado: “Isto não pode acontecer!”
Os presentes se perguntaram, incrédulos: “É possível uma coisa dessas?!”
Observação: Quando não fizerem parte da citação, o ponto-de-interrogação e
o ponto-de-exclamação deverão vir depois das aspas.
De quem é a famosa frase “Conhece-te a ti mesmo”?
2. Indicar estrangeirismo, arcaísmo, neologismo ou ênfase. Pode-se também usar outro destaque para tais casos (sublinhar, negrito, itálico).Estamos no “hall” no hotel.
Ele disse “nonada” para tudo.
Ela é “muito” bonita.
3. Indicar ironia.A “sabedoria” do rapaz era impressionante.
4. Indicar citação de obras.“Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi escrito por Machado de Assis.
Observações na pontuação de textos jurídicos
1. Para separar citação dentro de outra citação, usam-se aspas simples: “O
recorrido argumentou que converteu em Ufir tudo o que recebeu por
‘contribuições, doações e receitas’, conforme o § 12 do art. 28 da Lei nº 9.504,
de 30 de setembro de 1997”.
2. Quando as aspas abrangem todo o período, coloca-se o sinal de pontuação
antes delas: “Expeça-se o mandado de prisão.” Essa é a determinação do juiz.
Quando as aspas abrangem apenas parte do período, coloca-se o sinal de
pontuação depois delas:
O ministro asseverou, verbis:
“O acusado, embora alegue nas razões finais, não aponta onde ou sob que
aspectos a pretendida nulidade tenha prejudicado a defesa”.
3. Em citações indiretas, não há necessidade de aspas, mas podem ser usadas
quando se quiser dar destaque a todo o texto, ou a algum termo em particular:
O Ministro declarou que as reformas só trarão benefícios.
(sem nenhuma ênfase ou destaque)
O ministro declarou que “as reformas só trarão benefício”.
(ênfase nas palavras usadas pelo Ministro)
4. Para destacar títulos, termos técnicos, expressões fixas, definições,
exemplificações e assemelhados:
Foi discutida a “privatização das universidades federais” no encontro de
reitores.
O maior inteiro que divide simultaneamente cada membro de um conjunto é o
“máximo divisor comum”.
Não confundir o prefixo ante, que significa “anterior”, com anti, “contra”.
Para efeitos deste estudo, entenda-se por “pessoa superdotada” aquela que...
5. Quando alguma expressão que deva vir com aspas se encontra dentro de
uma frase aspeada, essa expressão virá entre aspas simples:
Disse o Ministro: “Estou repetindo agora tudo o que escrevi no artigo ‘Os
problemas da Previdência’, publicado em vários jornais, recentemente.”
Observação: deve-se evitar o encontro de aspas simples e duplas.
7.6.8 Travessão
1. Introduzir orações de elocução.Vamos! – gritou o general.
2. Destacar uma palavra ou expressão.Eu só penso em uma pessoa – você.
A violência − agravada pelo que se denominou crime organizado − é tema
diário dos telejornais.
3. Substituir as vírgulas em explicação.Brasília – a capital do Brasil – é linda.
A justiça – virtude suprema − é um valor universal da alma humana e do
Estado.
4. Início de diálogo.- Por que você voltou? – perguntou o amigo.
- Não sei ainda – respondeu o inseguro rapaz.
5. Indicar os extremos de um percurso.A viagem São Paulo-Porto Alegre foi rápida.
6. Introduzir siglas (travessão simples com espaço antes e depois dele).O Supremo Tribunal Federal – STF decidiu assim.
7.6.9 Parênteses
Os parênteses são empregados para intercalar, num texto, uma expressão ou
oração acessória, como:
1. uma explicação, indicação de fontes, comentários acessórios ou
circunstâncias de forma incidente: Isso comprova a malsinada ação política (ou
da má política, em termos mais precisos). O primeiro recurso (fls. 950-960) foi
tempestivo. Eles trabalham muito (e o trabalho enobrece), mas ganham mal;
2. elementos de referência bibliográfica: “Os deputados e senadores são
invioláveis por suas opiniões, palavras e votos” (CF, art. 53, caput).
Observação: se a pausa coincidir com o início de expressão ou oração entre
parênteses, o sinal de pontuação ficará depois deles: Como se observa (nem
precisa ser bom observador), o mundo caminha para uma rápida globalização.
Se a expressão, desde que autônoma, ou a oração vierem encerradas por
parênteses, o sinal de pontuação virá dentro deles: (O Poder Executivo é
exercido pelo presidente da República, auxiliado pelos ministros de Estado.)
3. introduzir siglas que se seguem aos nomes de órgãos e instituições: O
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu assim.
Observações:
a) o conteúdo inserido no interior dos parênteses deve iniciar com minúscula e
terminar sem pontuação se for trecho explicativo: Brasília (a capital do Brasil)
possui diversas representações internacionais.
b) se o uso de parênteses ocorrer entre períodos, o conteúdo começa com
maiúscula e termina com pontuação no interior dos parênteses: Brasília
continua a crescer. (Isso provoca diversos transtornos à população.) Os
números indicam crescimento de 10% em 2011.
c) conteúdo inseridos entre parênteses após o término do período também
devem ser pontuados: “O que constitui a diferença entre o signo interior e o
signo exterior, entre o psíquico e o ideológico?” (Mikhail Bakhtin. Marxismo e
filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.)
d) o Manual do STJ faz a seguinte orientação para uso em processos: quando
se faz transcrição de texto seguida da indicação da folha de origem, fecham-se
as aspas, se houver, sem a pontuação no fim do período, abre-se o parêntese
e, com inicial minúscula e sem pontuação final, indica-se a folha. Fecha-se o
parêntese e, depois dele, usa-se ponto final ou outro sinal, dependendo do
caso: Alega o impetrante que “o paciente é réu primário e tem residência fixa e
bons antecedentes” (fl. 2). A medida liminar possui CARÁTER IRREVERSÍVEL,
visto que, caso seja cumprida, haverá desabastecimento de energia em várias
unidades consumidoras (fl.17).
7.6.10 Barra
A barra é empregada, principalmente:
1. em composições com siglas: TRE/MG, SPTE/Cobli, Rio Branco/AC;
2. na indicação da forma abreviada do ano posposta ao número de leis,
decretos, portarias, etc.: Lei no 9.096/95;
3. na função da conjunção alternativa ou: A coluna do quadro cargo/função
precisa ser ampliada;
Observação: a forma e/ou é influência do inglês and/or e emprega-se separada
por barra para expressar simultaneamente a ideia de adição e de exclusão: Os
cheques serão assinados pelo presidente e/ou tesoureiro. (Por esse exemplo,
os cheques poderão ser assinados por ambos, ou somente pelo presidente, ou
somente pelo tesoureiro.)
4. nas datas consecutivas usadas nas referências de publicações seriadas:
abr./jun. 1997; jul. 1997/ago. 1998.
7.6.11 Reticências
Usam-se reticências:
a) Para suprimir partes iniciais, intermediárias e finais de uma citação (entre
colchetes): “O Ministério Público é instituição permanente [...], incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.” (Constituição Federal, art. 127.).
7.6.12 Colchete
Variedade dos parênteses, os colchetes têm uso bastante limitado, servindo
apenas para:
a) intercalar as observações próprias do autor na transcrição de texto alheio.
Entenda-se, pois: “Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à
minha pergunta sobre o porvir e me acenas para o futuro, embora o que eu
percebo no horizonte me pareça apenas uma nuvem]”.
b) isolar uma construção internamente já separada por parênteses.
O trabalho e a as atividades de profissionalização não podem ser utilizados
como castigo, mas como uma dimensão importante da vida humana, quer
como fonte de sobrevivência, quer como fonte de realização profissional (se
sobreviver já é façanha para o brasileiro desempregado [e para o empregado,
não?], o que dizer da realização profissional?).
c) incluir, numa referência bibliográfica, indicação que não conste da obra
citada Exemplo: ASSIS, Machado. Dom Casmurro. Rio de Janeiro : Livreiro Ed.
[1899].
7.7 Pronome
É a classe de palavra que substitui ou acompanha um substantivo. Ao
substituir o substantivo, recebe o nome de pronome substantivo. Ao substituir o
adjetivo, recebe o nome de pronome adjetivo.
7.7.1 Pronome pessoal
Definição: como o próprio nome esclarece, este pronome está relacionado,
geralmente, a pessoas. No entanto, designa também coisas. Observe o quadro
abaixo:
Retos Oblíquos
Átonos Tônicos
eu me mim, comigo
tu te ti, contigo
ele, ela o, a, lhe, se si, consigo
nós nos nós, conosco
vós vos vós, convosco
eles, elas os, as, lhes, se si, consigo
Características:
1. Os pronomes pessoais do caso reto exercem a função sintática de sujeito.
Ele saiu. Nós voltamos. Elas chegaram.
2. Os pronomes pessoais do caso oblíquo exercem a função sintática de
complemento.
Maria encontrou-nos. O prefeito nos convidou.
3. A língua culta prefere “entre si” a “entre eles”, sempre que for possível a
posposição do pronome mesmos. Caso o sujeito da construção não esteja na
terceira pessoa do plural, usa-se “entre eles”.
Os amigos conversavam entre si. (entre si mesmos.)
Nada ocorreu entre eles.
4. O pronome oblíquo “o”, “a” e suas variações adquirem a forma “lo”, “la” e
suas variações, quando posposto a formas verbais terminadas em “r”, “s” e “z”.
Encontrar + o = encontrá-lo.
Fizemos + o = fizemo-la.
Fez + as = fê-las.
5. Se a forma verbal termina em som nasal, o pronome se transforma em “no” e
suas variações, sem omissão de letra.
Encontraram + o = encontraram-no.
6. Os pronomes tônicos “com nós” e “com vós” se usam apenas quando
precedem palavra de ênfase.
O prefeito deseja falar conosco.
O prefeito deseja falar com nós (inadequado).
O prefeito deseja falar com nós mesmos (adequado).
7. Em alguns casos, o pronome pessoal do caso ablíquo átono exerce a função
sintática de sujeito. Quando estão na seguinte construção:
mandar
fazer
deixar + pronome átono + verbo no infinitivo.
ver
ouvir
sentir
Mandei-o voltar. = Mandei que ele voltasse.
Fi-lo ficar. = Fiz que ele ficasse.
Deixe-nos explicar. = Deixe que nós expliquemos.
8. Embora o pronome pessoal de caso reto exerça a função de sujeito, pode
aparecer na função de complemento, quando ao lado do pronome “todo” em
construção na ordem indireta.
Encontrei-os no quarto chorando.
Todos eles encontrei no quarto chorando.
9. Os verbos pronominais não devem ser empregados com o pronome “se”
indicando sujeito indeterminado.
Não se deve arrepender pelo que se fez (inadequado).
Ninguém deve arrepender-se pelo que fez (adequado).
10. Quando um mesmo pronome oblíquo está relacionado a dois ou mais
verbos, deve-se usar o complemento apenas junto ao primeiro.
Nós o encontramos e o abraçamos (inadequado).
Nós o encontramos e abraçamos (adequado).
11. Quando o pronome átono está na função de objeto direto e é seguido por
aposto, este deve ser preposicionado.
Encontrei-o, ao verdadeiro ladrão, na casa da namorada.
12. O pronome “nós” assume o papel de singular em duas situações: plural
majestático ou plural de modéstia.
Nós seremos maiores do que tudo, disse o rei (plural majestático).
Nós somos agradecidos a você, disse o rapaz (plural de modéstia).
13. A contração de dois pronomes pessoais ablíquos em funções sintáticas
diferentes pode ocorrer da seguinte maneira:
Não enviaram a revista a ele. = Não lha enviaram.
Não enviaram o livro a ela. = Não lho enviaram.
Alguém disse os assuntos aos jornalistas. = Alguém lhos disse os assuntos.
A mesma regra vale para os pronomes “me”, “te”, “nos” e “vos”.
7.7.2 Pronome possessivo
Definição: é o pronome que apresenta ideia de posse: meu, teu, seu, nosso,
vosso, seus e variações.
Características:
1. os pronomes possessivos concordam em gênero e número com seus
referentes.
2. os pronomes oblíquos átonos “me”, “te”, “nos”, “vos”, “lhe” (e variações)
podem indicar posse, quando ligados a substantivo e podem ser substituídos
por pronome possessivo.
Posso beijar-lhe o rosto. = Posso beijar o seu rosto.
Quebraram-me o estojo. = Quebraram o meu estojo.
3. Antes de nomes que indicam partes do corpo, peças de vestuário e estados
da razão não há necessidade de possessivo quando se referem à própria
pessoa a que se faz referência.
Machuquei o dedo (adequado).
Machuquei o meu dedo (inadequado).
Ela perdeu o juízo (adequado).
Ela perdeu o seu juízo (inadequado).
4. É facultativo o uso do artigo antes do pronome possessivo.
Encontrei a minha namorada ou Encontrei minha namorada.
5. O uso do artigo antes do possessivo pode alterar o sentido da construção.
Aquela casa é minha (induz-se a pensar que tenho outras casas também).
Aquela casa é a minha (induz-se a pensar que é a minha única casa)
7.7.3 Pronome demonstrativo
Definição: o pronome demonstrativo (este, esse, aquele – e variações) tem
diversas funções dentro da construção: pode indicar a pessoa do discurso, a
relação a tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no
texto, etc.
Características:
1. em relação à pessoa do discurso, deve-se empregar o pronome
demonstrativo da seguinte forma:
este, esta, isto: refere-se à pessoa que fala ou escreve (apresenta a ideia do
aqui).
esse, essa, isso: refere-se à pessoa que ouve ou lê (apresenta a ideia do aí).
aquele, aquela, aquilo: refere-se à pessoa que se encontra distante (apresenta
a ideia do lá).
Este relatório que seguro.
Esse relatório que você segura.
Aquele relatório que se encontra na outra sala.
2. em relação à posição da ideia a que se refere, deve-se empregar da
seguinte forma:
este, esta, isto: em relação a uma ideia que ainda aparecerá no texto (termo
catafórico).
Quero lhe contar isto: não volte mais aqui.
esse, essa, isso: em relação a uma ideia que já apareceu no texto (termo
anafórico).
Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe contar.
3. em relação a tempo, deve-se empregar da seguinte forma:
a) em referência a um momento atual, usa-se “este, esta ou isto”:
Este dia está maravilhoso (dia atual).
Esta semana está maravilhosa (semana atual).
Este mês está maravilhoso (mês atual)
Este ano está maravilhoso (ano atual).
Este assunto que conversamos (assunto atual).
b) em relação a momento futuro próximo,usa-se também “este, esta ou isto”:
Agora pela manhã chove, mas esta noite promete ser bonita (próxima noite).
Esta reunião de hoje à tarde será interessante (a reunião está próxima de
ocorrer).
Hoje é quinta-feira e neste fim-de-semana viajarei. (próximo fim-de-semana).
c) em relação a momento futuro distante, usa-se “esse, essa ou isso”:
Um dia você será capaz de entender o que ocorreu. Nesse dia, você me
perdoará .
d) em relação a momento passado recente, usa-se “esse, essa ou isso”:
Nesse fim-de-semana, fui a São Paulo (último fim-de-semana).
Nessa reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu recentemente).
e) em relação a tempo passado muito distante, usa-se “aquele, aquela ou
aquilo”:
Aquele fim-de-semana foi maravilhoso (fim-de-semana distante).
Naquela reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu há muito tempo).
4. para diferenciar referentes citados anteriormente, usa-se “este, esta ou isto”
para indicar o mais próximo ao pronome e usa-se “aquele, aquela e aquilo”
para indicar o mais distante.
O processo e o parecer já chegaram. Este (o parecer) está ótimo, mas aquele
(o processo) ainda está incompleto.
5. Outros usos estilísticos:
a) ao iniciar uma oração, desacompanhado de substantivo, que retoma ideia
anterior e pode ser substituído por “isso”, pode-se empregar “este, esse ou
aquele”:
Não estudei o necessário. Este (ou “esse”) foi meu pecado.
b) podem-se colocar os pronomes “este” ou “esse” e suas variações após o
substantivo para indicar ênfase:
Encontrei uma linda e inteligente mulher há alguns anos em Brasília, mulher
esta (ou “essa”) que se tornou minha esposa.
c) os pronomes “este, esse ou aquele – e variações”, quando contraídos com a
preposição “de” e pospostos a substantivos, devem ser empregados sempre no
plural:
Ele resolveu problema daqueles.
d) as palavras “o”, “próprio”, “semelhante” e “tal” - e variações – podem assumir
papel de pronome possessivo.
Comprei o que você pediu.
Lúcia mesma fez o trabalho.
7.7.4 Colocação pronominal
O pronome átono pode ficar antes do verbo (próclise), no meio do verbo
(mesóclise) ou após o verbo (ênclise). Embora a próclise seja muito comum na
linguagem oral, o texto escrito dá preferência à ênclise: O Procurador recomendou-me o
livro.
Lembre-se de que não se deve iniciar uma oração com pronome átono. A próclise
predomina sobre a mesóclise que predomina sobre a ênclise.
Próclise
1. Interrogações: Quem te contou o fato?
2. Exclamações: Eu te amo!
3. Negações: Ninguém me ama mais.
4. Frases optativas: Deus te conduza!
5. Pronome relativo: O rapaz que te contou o caso.
6. Pronome indefinido: Tudo te fizeram de mal.
7. Pronome demonstrativo: Isso lhe revelaram.
8. Conjunção subordinativa: Quero que me contem tudo.
9. Gerúndio antecedido da preposição “em”: Em se tratando disso.
10. Advérbio: Sempre te amei.
Mesóclise
Com verbo no futuro do indicativo, desde que não ocorra atração para
próclise: Dar-te-ei meu livro. Contar-te-ia o segredo.
Observações gerais
1. Sujeito expresso pode atrair próclise.
O Presidente pediu-me o material.
O Presidente me pediu o material.
2. Conjunção coordenativa pode atrair próclise.
Ela saiu tarde, mas te encontrou.
Ela saiu tarde, mas encontrou-te.
3. Verbo no infinitivo sempre aceita ênclise.
Nunca te contar.
Nunca contar-te.
4. Expressão intercalada (mesmo que separada por vírgulas) não interrompe a
atração de próclise.
Quero que, ainda hoje, me leiam o livro.
5. Nas locuções verbais e tempos compostos, pode-se colocar o pronome
átono após o primeiro ou o segundo verbo.
Quero-te contar tudo.
Quero contar-te tudo.
Após particípio, não existe ênclise.
Tinha contado-te (inadequado).
Havendo atração de próclise, o pronome átono pode ficar antes ou após a
locução verbal.
Não te quero contar.
Não quero contar-te.
6. Dois atrativos de próclise permitem a colocação do pronome átono após o
primeiro ou após o segundo.
Quero que não te contem.
Quero que te não contem.
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