Transcript

Marcelo Paiva

__________________________________________________

Português Jurídico

Agradeço a todos que tornaram possível este livro. Em especial, aos

profissionais que fundamentaram o trabalho e aos que farão uso do conteúdo

aqui apresentado.

__________________________________________________

Sumário

Apresentação

1 A importância da linguagem na atividade jurídica1.1 Linguagem técnica e linguagem rebuscada

1. 2 Vocabulário jurídico

1.3 Níveis de linguagem

1.3.1 Clareza

1.3.2 Concisão

1.3.3 Formalidade e correção gramatical

1.3.4 Objetividade

1.3.5 Simplicidade

1.3.6 Estilo

1.3.7 O que deve ser evitado

2 Padronizações e normatizações2.1 Elementos normativos

2.2 Pontuação com elementos normativos

2.3 Pontuação de atos normativos

2.4 Referência a texto legal

2.5 Nomenclatura dos feitos

2.6 Pronomes de tratamento

2.7 Fechos para comunicações oficiais

2.8 Identificação do signatário

2.9 Data

2.10 Numeração de documentos

2.11 Folhas de continuação

2.12 Horas

2.13 Siglas, abreviaturas e símbolos

2.14 Citação

2.15 Referência

2.16 Referência de textos jurídicos

2.17 Expressões latinas em referências e citações

2.18 Linha pontilhada

2.19 Maiúsculas e minúsculas

2.20 Números

2.21 Itálico e negrito

2.22 Referência a folhas

2.23 Anexos, tabelas, gráficos, quadros

2.24 Moedas e valores

2.25 Cargos e funções

2.26 Termos estrangeiros

3. Expressões e vocabulário3.2 a cerca de - acerca de - há cerca de

3.3 à custa de – a expensas de – em via de

3.4 a fim de - afim de

3.5 a maior - a menor

3.6 à medida que - na medida em que

3.8 a partir de – com base

3.9 a princípio – em princípio

3.10 abaixo-assinado - abaixo assinado

3.11 acaso se – caso

3.13 adjetivo por advérbio

3.14 afinal – a final

3.15 além de (...) também

3.17 anexo – em anexo

3.18 ante

3.19 ao ano - por ano

3.20 ao encontro de - de encontro a

3.21 ao invés de - em vez de

3.22 ao nível de – em nível de – a nível de

3.23 apelar

3.24 apenar - penalizar

3.25 arquive-se ou arquivem-se - cite-se ou citem-se

3.26 através de - por meio de

3.27 atuado – autuado

3.28 bastante

3.29 cada - todo

3.30 com o pretexto – a pretexto de – sob o pretexto de

3.31 com vista a - com vistas a

3.33 comunicar

3.34 conectivos

3.35 conjuntura - conjectura

3.36 constar de – constar em

3.38 cumprir

3.39 custas - custa

3.40 dado - visto - haja vista

3.41 deferir – diferir

3.42 defeso - defesso

3.43 deficit - défice

3.45 delatar - dilatar

3.46 demais – de mais

3.47 dentre - entre

3.49 desapercebido - despercebido

3.50 descriminar – descriminalizar - discriminar

3.51 despensa - dispensa

3.52 desprover - improver

3.53 destratar - distratar

3.54 deve estar – deve de estar

3.57 do ponto de vista – sob o ponto de vista

3.58 de cujus – decujo

3.60 de menor – menor de

3.61 eminente - iminente

3.62 enquanto

3.63 estância - instância

3.64 este – esse - aquele

3.66 exceto – afora, à exceção – menos - salvo

3.67 expressões latinas

3.68 em conformidade com - na conformidade de

3.69 em face de

3.70 em longo prazo - a longo prazo

3.72 em prol de

3.73 em que pese a – em que pese(m)

3.74 em sede de

3.75 falar - dizer

3.76 flagrante - fragrante

3.77 gerúndio

3.78 grafia dos números de órgãos judiciários

3.79 grosso modo

3.80 habeas corpus – hábeas-córpus

3.81 hora extra

3.82 há que + infinitivo

3.83 inapto - inepto

3.84 infinitivo

3.85 inobstante

3.86 judicial - judiciário

3.87 junto a

3.88 junto com – juntamento com

3.90 mais bem - melhor

3.91 mesmo

3.94 no sentido de

3.95 onde – aonde - de onde

3.96 opor veto

3.97 ou melhor, qual seja, isto é, ou seja, a saber

3.98 particípio

3.99 pedir para - pedir que

3.101 pedir vista - pedir vistas

3.102 percentagem - porcentagem

3.103 por hora - por ora

3.104 por si só

3.105 posto que

3.107 prescrever - proscrever

3.109 processo epigrafado

3.110 perante ao juiz ou perante o juiz?

3.111 pertine/no que diz respeito a

3.112 porquê, uso do

3.113 protocolar - protocolizar

3.114 qualquer – sequer – algum - nenhum

3.115 quando do (da)

3.117 ratificar - retificar

3.118 reincidir - rescindir

3.119 remição / remissão

3.120 salário mínimo/salário-mínimo

3.121 se(c)cão – sessão - cessão

3.122 sendo que

3.123 se não - senão

3.124 se se

3.125 sortir - surtir

3.126 suso

3.127 tal qual

3.128 tampouco - tão pouco

3.129 ter - haver

3.130 todo – todo o – todos os - cada

3.131 todos - unânimes

3.132 trata-se de

3.133 ver - vir

3.134 vez que, eis que, posto que, haja visto

3.135 viger

3.136 vista – vista dos autos

3.137 vítima fatal - letal - mortal

3.139 vultoso - vultuoso

4. Texto jurídico4.1 Qualidades do texto jurídico

4.1.1 Sentido denotativo e conotativo

4.1.2 Período adequado

4.1.3 Ordem direta

4.1.4 Voz ativa

4.1.5 Evite gerúndio

4.1.6 Três verbos por período

4.1.7 Parágrafo adequado

4.2 Vícios de linguagem

4.3 Resumo e síntese

4.3.1 Resumo na ABNT

4.3.2 Resumo em instituições públicas

4.4 Ementa

4.4.1 Ementa em atos normativos ou legislativos

4.4.2 Ementa em parecer

4.5 A arte de argumentar

4.5.1 Tipos de argumentos

4.5.2 Abordagem, fundamentação e consistência

4.5.3 Principais argumentos retóricos na linguagem jurídica

4.5.4 Figuras retóricas

4.6 Peça Jurídica

4.7 Parecer jurídico

5. Aspectos gramaticais5.1 Novo Acordo Ortográfico

5.1.1 Alfabeto

5.1.2 Nomes próprios

5.1.3 Nomes próprios estrangeiros

5.1.4 Consoantes mudas

5.1.5 Trema

5.1.6 Acentuação gráfica

5.1.6.1 Regra das oxítonas

5.1.6.2 Regra das paroxítonas

5.1.6.3 Regra das proparoxítonas

5.1.6.4 Dupla grafia

5.1.6.5 Regra do ditongo

5.1.6.6 Regra do hiato

5.1.6.7 Acento diferencial

5.1.6.8 Acentuação gráfica por outros motivos

5.1.7 Hífen

5.1.7.1 Usa-se hífen

5.1.7.2 Não se usa hífen

5.1.8 Apóstrofo

5.1.8.1 Usa-se apóstrofo

5.1.8.2 Não se usa apóstrofo

5.1.9 Divisão silábica

5.1.10 Emprego de letras

5.1.10.1 Do h inicial e final

5.1.10.2 Da homofonia de certos grafemas consonânticos

5.1.10.3 Das sequências consonânticas

5.1.10.4 Das vogais átonas

5.1.10.5 Das vogais nasais

5.1.10.6 Dos ditongos

5.2 Crase

5.2.1 Casos em que ocorre a fusão

5.2.2 Casos que merecem atenção

5.2.3 Crase facultativa

5.3 Regência

5.3.1 Regência nominal

5.3.2 Regência e pronome relativo

5.3.3 Preposição

5.4 Concordância

5.4.1 Casos que merecem atenção na concordância verbal

5.4.2 Concordância nominal

5.6 Pontuação

5.6.1 Vírgula

5.6.2 Vírgula em textos jurídicos

5.6.3 Ponto-e-vírgula

5.6.4 Ponto-e-vírgula em textos jurídicos

5.6.5 Pontuação no fim de frase, após abreviatura

5.6.6 Dois-pontos

5.6.7 Aspas

5.6.8 Travessão

5.6.9 Parênteses

5.6.10 Barra

5.6.11 Reticências

5.6.12 Colchete

5.7 Pronome

5.7.1 Pronome pessoal

5.7.2 Pronome possessivo

5.7.3 Pronome demonstrativo

5.7.4 Colocação pronominal

__________________________________________________

Introdução

Tenho escrito livros há mais de trinta anos e posso afirmar que esta foi a

obra em que mais me empenhei para que o conteúdo fosse apresentado de

forma prática, direta e relevante. Procurei apresentar tópicos importantes e

fundamentados de forma objetiva a profissionais da área jurídica e a servidores

de órgãos públicos. Tenho ministrado cursos e prestado consultoria a

instituições públicas e privadas (CNJ, STF, STJ, TST, TSE, STM, MPU, Polícia

Federal, tribunais estaduais, escritórios de advocacia etc) e observo que

magistrados, procuradores, promotores, advogados, defensores públicos,

servidores e profissionais em geral procuram aprofundar o conhecimento de

nosso idioma a fim de produzirem textos cada vez melhores. O interesse é

intenso e isso me motiva a pesquisar cada vez com mais seriedade a fim de

oferecer recursos apropriados.

O objetivo principal do livro é ser um manual de consulta para uso

adequado de vocábulos, expressões, padronizações, estruturas textuais e

regras gramaticais em textos jurídicos. Não se trata de impor ou interferir no

estilo de cada autor. O interesse é oferecer orientação padronizada em atos

normativos, manuais de redação e gramáticas conceituadas. Certamente,

outras opções de uso, em alguns casos, estarão disponíveis em dicionários ou

gramáticas com abordagens mais amplas.

O conteúdo desta obra, no entanto, direciona-se à linguagem jurídica e,

assim, procurei sempre optar pela linguagem formal e específica. Isso não

significa texto rebuscado e, muitas vezes, incorreto. Linguagem formal deve

apresentar clareza, objetividade, coerência, coesão e correção gramatical. A

linguagem jurídica é técnica e, realmente, faz uso de termos específicos. Isso

não significa criações mirabolantes e inadequadas, muitas vezes justificadas

equivocadamente como linguagem técnica.

Considero a boa redação ferramenta indispensável para a realização de

atividade que tanto depende da linguagem. Escrever bem é essencial ao

exercício na área jurídica. Muitos são os casos em que o texto fica aquém da

capacidade de conteúdo e argumentação do próprio autor. O profissional,

muitas vezes, conhece profundamente o assunto a ser transmitido. No entanto,

não consegue expressar-se de forma adequada. O livro o auxiliará a elucidar

as principais dúvidas sobre padronizações e a desenvolver sua capacidade de

entender e produzir textos para explorar de forma mais adequada os

conhecimentos profissionais.

Este trabalho só foi possível graças a diversos outros profissionais que

colaboraram de forma direta ou indireta. O livro é o resultado de intensa

pesquisa em diversas fontes. Assim, agradeço a outros estudiosos de nosso

idioma no Brasil (Celso Cunha, Evanildo Bechara, Napoleão Mendes de

Almeida, Mattoso Câmara, Adalberto Kaspary, Luiz Antônio Sacconi, Edmundo

Dantès Nascimento) e em Portugal (Álvaro Gomes, Edite Estela, Maria Almira

Soares, Maria José Leitão, Francisco Torrinha, José da Costa Pimenta, Helder

Martins Leitão). Agradeço também aos servidores que se empenharam na

realização dos manuais de redação em nossos órgãos públicos (Supremo

Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral,

Conselho Nacional de Justiça, Presidência da República, Tribunal de Justiça do

Distrito Federal e Territórios, Tribunal de Contas do Distrito Federal, Senado,

Câmara dos Deputados e outros).

Marcelo Paiva

1______________________________

A importância da linguagemna atividade jurídica

O profissional da área jurídica deve ter, em primeiro lugar, conhecimento

do Direito. Assim, deve estudar, entre outros tópicos, o funcionamento teórico e

prático do ordenamento jurídico: leis, jurisprudência, doutrina, processos etc.

Esse conhecimento é parte mais que relevante do instrumental intelectual a

que o profissional é obrigado a recorrer em suas atividades. A teoria jurídica,

da mais simples à mais complexa, tem valor prático inequívoco, porquanto virá

a contribuir, direta ou indiretamente, no seu trabalho.

Não deve, no entanto, limitar-se a tais aprendizados. O ato de escrever e

de organizar ideias é técnica essencial para o profissional demonstrar o

domínio de sua capacidade. Não se trata de arte ou dom. É estudo, prática,

técnica. A inadequação na linguagem compromete o pensamento jurídico.

Muitos são os casos em que o texto fica aquém da capacidade do próprio

autor. Se você escolheu a atividade jurídica como profissão, a busca pelo

conhecimento da regras gramaticais e pela boa redação será sua companheira

diária.

Há profunda relação entre o Direito e a linguagem. Impossível imaginar um

profissional da área jurídica sem domínio adequado do idioma tanto em sua

interpretação como em sua produção. Os atos normativos, os conhecimentos

doutrinários, as petições, os atos processuais, as decisões judiciais, tudo passa

pelo uso da linguagem. Todo o conhecimento e realização do processo jurídico

passa pela linguagem.

1.1 Linguagem técnica e linguagem rebuscada

Não há dúvida de que a linguagem jurídica é técnica e faz uso de termos

específicos e estrutura própria em seus textos. Presume-se que um advogado,

um juiz ou um desembargador conheça palavras complexas, apuradas e,

então, o léxico mais vasto será tanto símbolo de maior erudição quanto forma

de contribuição para uma expressão mais específica, com linguagem técnica

característica do direito. Em toda a atividade forense, é evidente que se deve

preferir a linguagem formal. Palavras técnicas e precisas inibem falhas de

compreensão. Não se pode, no entanto, em nome da linguagem técnica,

justificar o uso de rebuscamento e comprometer as técnicas de um bom texto.

Observe exemplo de rebuscamento:

Com espia no referido precedente, plenamente afincado, de modo

consuetudinário, por entendimento turmário iterativo e remansoso, e

com amplo supedâneo na Carta Política, que não preceitua garantia ao

contencioso nem absoluta nem ilimitada, padecendo ao revés dos

temperamentos constritores limados pela dicção do legislador

infraconstitucional, resulta de meridiana clareza, tornando despicienda

maior peroração, que o apelo a este Pretório se compadece do

imperioso prequestionamento da matéria abojada na insurgência, tal

entendido como expressamente abordada no Acórdão guerreado, sem

o que estéril se mostrará a irresignação, inviabilizada ab ovo por

carecer de pressuposto essencial ao desabrochar da operação

cognitiva.

Observe a construção com clareza, concisão e objetividade

Um recurso, para ser recebido pelos tribunais superiores, deve abordar

matéria explicitamente tocada pelo tribunal inferior ao julgar a causa.

Isso não ocorrendo, será pura e simplesmente rejeitado, sem exame do

mérito da questão.

O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

Carlos Alberto Bencke esclarece que:

Os advogados peticionam para o juiz que assim os entende; o promotor exara parecer e o direciona também para o juiz; e, finalmente, o juiz decide para os advogados, para o promotor e para o Tribunal. Enfim, as palavras ficam num mesmo círculo e, de rigor, ninguém necessita pedir explicações sobre o real sentido daqueles termos técnicos utilizados. Lembremo-nos, todavia, que o Direito não pertence aos lidadores do Direito, mas sim às partes, geralmente pessoas leigas nos assuntos jurídicos.Com a abertura cada vez maior dos julgamentos – públicos na sua

essência – a imprensa passou a realizar a cobertura dos processos que

dizem respeito mais de perto aos interesses da sociedade. Daí

esbarrou nos termos técnicos e nas dificuldades de passar uma

informação inteligível para o seu público consumidor.

O Superior Tribunal Militar recebeu, certa vez, um recurso assim

redigido:

O alcândor Conselho Especial de Justiça, na sua apostura irrepreensível, foi

correto e acendrado no seu decisório. É certo que o Ministério Público tem o

seu lambel largo no exercício do poder de denunciar. Mas nenhum lambel o

levaria a pouso cinéreo se houvesse acolitado o pronunciamento absolutório

dos nobres alvarizes de primeira instância.

Observe trecho de circular produzida pelo Banco Central do Brasil:

Os parentes consanguíneos de um dos cônjuges são parentes por afinidade do

outro; os parentes por afinidade de um dos cônjuges não são parentes do outro

cônjuge; são também parentes por afinidade da pessoa, além dos parentes

consanguíneos de seu cônjuge, os cônjuges de seus próprios parentes

consanguíneos.

Inúmeras são as vezes em que a má redação compromete o

entendimento. O texto a seguir foi escrito por um magistrado e publicado pela

revista “Isto É”. Tratava-se de um pedido de habeas corpus. O delegado, ao

receber, entendeu exatamente o contrário do que desejava o magistrado.

Por determinação da egrégia segunda vice-presidência, comunico que a

colenda primeira Câmara Criminal, julgando habeas corpus xx Proc. Crime xx,

dessa Vara, em que são impetrantes os bacharéis xx e paciente xx, proferiu a

seguinte decisão: conhecida em parte, na parte conhecida, concederam

parcialmente a ordem impetrada, tão somente para anular o depoimento das

testemunhas protegidas pelo provimento xx, com reiquirição das mesmas, após

as providências constantes do v. Acórdão, ficando denegada a pretensão

formulada na sustentação ora de concessão de ordem de “habeas corpus”, de

ofício, deferindo liberdade provisória ao paciente, retificada a tira de julgamento

anterior, nos termos do pedido hoje ofertado.

O delegado libertou o preso por não interpretar corretamente o texto.

A página eletrônica “Consultor Jurídico” publicou entrevista com o

advogado Manuel Alceu sobre o rebuscamento na linguagem jurídica. Cito

trecho da entrevista.

Conjur – O senhor acha que a mudança de atitude na relação entre jornalistas

e juízes passa também pela discussão da reforma da linguagem jurídica?

Manuel Alceu – Com relação ao ‘juridiquês’, tenho uma posição intermediária.

Realmente é preciso facilitar o entendimento do direito e de sua aplicação aos

casos concretos. Mas, ao mesmo tempo, existem termos jurídicos dos quais

não se pode abdicar, sob pena de sacrificar as ideias e conceitos neles

embutidos. Como posso substituir, por exemplo, ‘comoriência’, ‘prescrição em

concreto’, ‘preclusão recursal lógica’, ‘inépcia substancial’ etc? Cada atividade

tem o seu palavreado exato, que é insubstituível. Assim, também ocorre com o

direito. Em suma, a reforma da linguagem jurídica será feita para simplificá-la

naquilo que não prejudique a exatidão daquilo que se quer dizer. Ademais, o

‘juridiquês’ não deve ser confundido com demonstração da falsa erudição, com

o rebuscado. No meio e no razoável é que se buscará a solução.

Finalizo este tópico com trecho do discurso de posse da Ministra Ellen

Gracie como presidente do Supremo Tribunal Federal e sua preocupação com

a linguagem forense:

Que a sentença seja compreensível a quem apresentou a demanda e

se enderece às partes em litígio. A decisão deve ter caráter

esclarecedor e didático. Destinatário de nosso trabalho é o cidadão

jurisdicionado, não as academias jurídicas, as publicações

especializadas ou as instâncias superiores. Nada deve ser mais claro e

acessível do que uma decisão judicial bem fundamentada.

1.2 Vocabulário jurídico

A linguagem forense é técnica. Isso significa que muitos termos utilizados

em textos jurídicos, apesar de parecerem complexos e mesmo estranhos, têm

função de definir conceitos de que aquele que redige não se pode afastar.

Observe o exemplo.

O advogado mostrou que o homicídio simples não constitui crime

hediondo e defendeu, em excelente tese, que mesmo o homicídio qualificado,

por vezes, não deve ser visto como tal.

É possível, sem conhecimento jurídico, entender o texto acima, mas,

provavelmente, parte do conteúdo da mensagem será perdida. Quando o

advogado cita o termo hediondo, refere-se à enumeração taxativa de lei

específica e remete a todos os efeitos que ela determina. Um leitor comum não

compreende o termo em sua amplitude jurídica. A essas expressões de sentido

técnico crítica alguma merece ser feita.

Respeita-se o aspecto técnico, mas condena-se veementemente a

prolixidade e o rebuscamento de muitos profissionais da área. Linguagem

confusa e arcaica contribui para a morosidade da justiça. Há um leitor

interessado em entender o que está escrito o mais rápido possível e de forma

precisa para dar prosseguimento ao trabalho. Transcrevo exemplos que devem

ser evitados.

a) Estribado no escólio do saudoso mestre baiano, o pedido contido na exordial

não logrou agasalho.

b) Os adjetivos podem vir, mas que se separem os adjetivos e os advérbios de

modo, para que fiquemos com o substantivo. E o Tribunal que decidir

substantivos, não propriamente adjetivos, nem advérbios de modo. Vamos

reduzir, digamos, a liturgia da adverbiação para caminharmos para o

compromisso da substantivação.

c) Ementa de Tribunal: Adultério. Para o flagrante de adultério, não é

indispensável à prova de seminatio in vas, nem o encontro dos infratores nudo

cum nudo in eodem cubículo. Basta que, pelas circunstâncias presenciadas, se

possa inferir como quebrada materialmente a fidelidade conjugal.

d) V. Exª, data máxima vênia, não adentrou as entranhas meritórias

doutrinárias e jurisprudenciais acopladas na inicial, que caracterizam,

hialinamente, o dano sofrido.

e) Procura o réu escoimar-se da Jurisdição Penal, por suas pueris alegações.

f) E vem ora o querelante vestir-se com o cretone da primariedade como se

isso o eximisse de responsabilidade.

g) A acusação enjambra-se em seus próprios argumentos.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados

aprovou o Projeto de Lei 7.448, criado para garantir que sentenças judiciais

empreguem linguagem acessível. Também a Associação dos Magistrados

Brasileiros (AMB) defende uso mais adequado da linguagem jurídica e cita

vocábulos a serem evitados:

Abroquelar (fundamentar)

Apelo extremo (recurso extraordinário)

Areópago (Tribunal)

Com espeque no artigo (com base no artigo)

Consorte supérstite (viúvo)

Ergástulo público (cadeia)

Estipêndio funcional (salário)

Exordial (peça ou petição inicial)

Fulcro (fundamento)

Indigitado (réu)

Peça increpatória (denúncia)

Peça vestibular (peça ou petição inicial)

Pretório Excelso (Supremo Tribunal Federal)

Proemial delatória (denúncia)

Prologal (peça ou petição inicial)

1.3 Níveis de linguagem

A língua apresenta diversidade de expressão imensa. Nossa forma de

expressar está relacionada a inúmeras variáveis. Assim, usamos determinada

linguagem em família, outra com amigos, outra ainda no trabalho. Ao

conversarmos com uma criança, falaremos de uma forma. Ao proferirmos uma

palestra, já será outra. Essa capacidade de expressão possui diversos níveis.

A linguagem empregada no ambiente jurídico e no serviço público deve ser

formal e culta. No entanto, isso não significa linguagem rebuscada,

incompreensível. É comum encontrar textos jurídicos com verdadeiras

acrobacias linguísticas com desprezível conteúdo.

Exemplo de linguagem rebuscada:

O vetusto vernáculo manejado no âmbito dos Excelsos Pretórios, inaugurado a

partir da peça ab ovo, contaminando as súplicas do petitório, não repercute na

cognoscência dos frequentadores do átrio forense. Ad excepcionem o

instrumento do Remédio Heroico e o Jus Laboralis, onde o jus postulandi

sobeja em beneplácito do paciente e do obreiro.

Hodiernamente, no mesmo diapasão, elencam-se os empreendimentos in

Judicium Specialis, curiosamente primando pelo rebuscamento, ao revés do

perseguido em sua prima gênese (...).Fragmento do artigo “Entendeu?”, de Rodrigo Collaço, presidente da AMB.

Também não deve ser coloquial, com gírias, regionalismos etc. Exemplo

de linguagem coloquial:

E aí, doutor, vou ou não vou ganhar minha indenização?” – perguntou por e-

mail o cliente. O advogado prontamente respondeu: “O egrégio tribunal acolheu

o supedâneo de nosso arrazoado e reformou a sentença prolatada dando a lide

como transitada em julgado em prol do deprecante”. O cliente, perplexo, ficou

na mesma. Só entendeu o que o advogado quisera dizer quando, no final da

mensagem, viu um “parabéns”. Ou seja: vai ganhar, sim, a indenização(...).Fragmento do artigo “Falar difícil”, de Joaquim Falcão, diretor da Escola de Direito da FGV.

1.3.1 Clareza

Habilidade de transpor com exatidão uma ideia ou pensamento para o

papel. O texto deve ser claro de tal forma que não permita interpretação

equivocada ou demorada pelo leitor. A compreensão deve ser imediata. É

importante usar vocabulário acessível, redigir orações na ordem direta, utilizar

períodos curtos e eliminar o emprego excessivo de adjetivos. Deve-se excluir

da escrita ambiguidade, obscuridade ou rebuscamento.

O texto claro pressupõe o uso de sintaxe correta e de vocabulário ao

alcance do leitor. O Supremo Tribunal Federal, em seu Manual de Redação,

recomenda para obtenção de clareza:

a) releia o texto várias vezes após escrevê-lo, para assegurar-se de que está

claro;

b) empregue a linguagem técnica apenas em situações que a exijam e tenha o

cuidado de explicitá-la em comunicações a outros órgãos ou em expedientes

voltados para os cidadãos;

c) certifique-se de que as conjunções realmente estabeleçam as relações

sintáticas desejadas, no entanto evite o uso excessivo de orações

subordinadas, pois períodos muito subdivididos dificultam o entendimento;

d) utilize palavras e expressões em outro idioma apenas quando forem

indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de uso já

consagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico.

Observe texto com falta de clareza.

Vossa Excelência, data maxima venia, não adentrou às entranhas meritórias

doutrinárias e jurisprudenciais acopladas no inicial, que caracterizam,

hialinamente, o dano sofrido.

Veja como fica melhor na redação da professora Hélide Santos Campos.

Vossa Excelência não observou devidamente a doutrina e a jurisprudência

citadas na inicial, que caracterizam, claramente, o dano sofrido.

Outro texto com falta de clareza.

Com espia no referido precedente, plenamente afincado, de modo

consuetudinário, por entendimento turmário iterativo e remansoso, e com

amplo supedâneo na Carta Política, que não preceitua garantia ao contencioso

nem absoluta nem ilimitada, padecendo ao revés dos temperamentos

constritores limados pela dicção de meridiana clareza, tornando despicienda

maior peroração, que o apelo a este Pretório se compadece do imperioso

prequestionamento da matéria abojada na insurgência abordada no Acórdão

guerreiro, sem o que estéril se mostrará a irresignação, inviabilizada ab ovo por

carecer de pressuposto essencial ao desabrochar da operação cognitiva.

Veja como fica melhor na redação do advogado Sabitini Giampietro Netto.

Um recurso, para ser recebido pelos tribunais superiores, deve abordar matéria

explicitamente tocada pelo tribunal inferior ao julgar a causa. Isso não

ocorrendo, sem análise do mérito da questão.

Observe modelo de texto com clareza.

O exame da viabilidade técnico-econômica da obra ou serviço é peça

fundamental no processo de contratação e deve conter os elementos

necessários, suficientes e atualizados, com precisão adequado, para

caracterizar devidamente a obra. Deve, ainda, contar com estudos técnicos e

ambientais que subsidiem a análise, em conformidade com o art. 6º, inciso IX,

da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993.

A jurisprudência desta Corte de Contas é no sentido de que a análise da

viabilidade técnico-econômica da contratação, inserida no projeto básico ou

termo de referência, deve estar fundamentada adequadamente por meio de

estudos técnicos preliminares atualizados (Acórdãos 1.568/2008, 397/2008,

1.273/2007, 481/2007, 222/2007, 2.338/2006 e 1.730/2004, todos do Plenário).

Desse modo, a inexistência de estudos técnicos adequados que subsidiem de

forma adequada a análise da viabilidade econômica do projeto configura

irregularidade, afrontando a lei e reiterada jurisprudência do TCU.

Outro modelo de texto com clareza.

O Supremo Tribunal Federal, tratando da responsabilização pelo parecer

vinculativo, permite a responsabilidade solidária do parecerista em conjunto

com o gestor, conforme voto condutor proferido em julgamento do Plenário (MS

24631/DF, de 9/8/2007, Relator Ministro Joaquim Barbosa):

“B) Nos casos de definição, pela lei, de vinculação do ato

administrativo à manifestação favorável no parecer técnico jurídico, a lei estabelece efetivo compartilhamento do poder administrativo de decisão, e assim, em princípio, o parecerista pode vir a ter que responder conjuntamente com o administrador, pois ele é também

administrador nesse caso.” (grifos acrescidos).

Vale ressaltar que o parágrafo único do artigo 38 da Lei 8.666/1993 prescreve que

as minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios

ou ajustes, devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria

jurídica da Administração. O Ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, ao discorrer

sobre a responsabilidade do consultor jurídico, assim se pronunciou no voto

condutor do MS 24584/DF, de 9/8/2007, de sua relatoria:

“Daí a lição de Marçal Justen Filho em Comentários à Lei de Licitações

e Contratos Administrativos, 8ª edição, página 392, citada no parecer

da Consultoria Jurídica do Tribunal de Contas da União, no sentido de

que, ‘ao examinar e aprovar os atos da licitação, a assessoria jurídica assume responsabilidade pessoal solidária pelo que foi praticado’”.

Evite rebuscamento ou arcaísmos que podem comprometer a clareza ou

a correção gramatical.

Evitar Preferirtrancatório denegado

vergastado recorrido

ostilizada recorrida

espalma indica

empilha traz, coleciona

vazada, lançada proferida, consignada

em sede de Recurso no recurso

em sede extraordinária em instância extraordinária

sendo assim Assim

a teor nos termos, conforme, de acordo

no que pertine no que concerne, quanto a

nem tampouco tampouco

à hipótese na hipótese

descabe falar não há falar

Egrégio, Colendo egrégio, colendo

inobstante não obstante

abroquear fundamentar

apelo extremo recurso extraordinário

areópago tribunal

com espeque com base

com fincas com base

com supedâneo com base

estribado com base

excelso Sodalício Supremo Tribunal Federal

indigitado réu

peça incoativa petição inicial

petição de intróito petição inicial

peça increpatória denúncia

proemial delatória denúncia

1.3.2 Concisão

Ser conciso é informar o máximo em um mínimo de palavras. Não se deve,

no entanto, eliminar informação essencial apenas para reduzir-lhe o tamanho.

Os itens que nada acrescentam ao que já foi dito é que necessitam ser

eliminados. Mais que curtas e claras, as expressões empregadas devem ser

precisas. Observe exemplo a seguir.

A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais

alarmante de desempregados, problema que aflige principalmente os países

em desenvolvimento, tem alarmado as autoridades governamentais, guardiãs

perenes do bem-estar social, principalmente pelas consequências adversas

que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por

desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana que aterroriza a

família, esteio e célula-mater da sociedade.

Se esse mesmo trecho for reescrito sem a carga informativa

desnecessária, obtém-se um texto conciso e não prolixo:

O número cada vez maior de desempregados tem alarmado as autoridades

governamentais, pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade,

desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o

crescimento da violência urbana.

Recomendações:

a) revise o texto e retire palavras inúteis, repetições desnecessárias de ideias,

desmedida adjetivação e períodos extensos e emaranhados. Não acumule

pormenores irrelevantes. O Manual do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e

Territórios afirma que, “nos documentos jurídicos, costumam-se empregar

diversos adjetivos para qualificar os substantivos a que se referem, como

pretório excelso, douto magistrado, augusto presidente, respeitável decisão,

elevado e digno ministro, sobrelevado órgão recursal, entre outros. Esses

adjetivos devem ser evitados, por não acrescentarem informação necessária

ao texto e por serem contrários aos princípios da concisão e da clareza;

b) dispense, sempre que possível, os verbos auxiliares, em especial ser, ter e

haver, pois a recorrência constante a eles torna a redação monótona,

cansativa;

c) prefira palavras breves. Entre duas palavras opte pela de menor extensão;

d) dispense, nas datas, os substantivos dia, mês e ano: no dia 12 de janeiro

(em 12 de janeiro), no mês de fevereiro (em fevereiro), no ano de 2012 (em

2012);

e) troque a locução verbo + substantivo pelo verbo: fazer uma viagem

(viajar), fazer uma redação (redigir), pôr as ideias em ordem (ordenar as

ideias), pôr moedas em circulação (emitir moedas);

f) use aposto em lugar de oração apositiva: O contrato previa a construção da

ponte em um ano, que era prazo mais do que suficiente (O contrato previa a

construção da ponte em um ano, prazo mais do que suficiente);

g) empregue particípio para reduzir orações: Agora que expliquei o título, passo

a escrever o texto (Explicado o título, passo a escrever o texto);

h) elimine, sempre que possível, os indefinidos um e uma: Dante quer (um)

inquérito rigoroso e rápido. Timor-Leste se torna (uma) terra de ninguém. A

cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva.

i) seja conciso nas correspondências também. Selecionei alguns exemplos:

Em vez de Escreva

Servimo-nos da presente para informar Informamos

Venho pela presente informar Informamos

Por intermédio desta comunicamos-lhes Comunicamos; informamos

Desejamos levar ao conhecimento de Informamos-lhes que

Se possível, gostaríamos que nos

informassem

Informem-nos sobre

Tendo chegado ao nosso conhecimento

que

Informados que

Levamos ao seu conhecimento Comunicamos; informamos

Vimos pela presente encaminhar-lhes Encaminhamos

Por intermédio desta solicitamos Solicitamos

Por obséquio, solicitamos que

verificassem

Solicitamos verificar

Formulamos a presente para solicitar Solicitamos

Vimos solicitar Solicitamos

Acusamos o recebimento Recebemos

Chegou-nos às mãos Recebemos

Encontra-se em nosso poder Recebemos

É com satisfação que acusamos o

recebimento

Recebemos

Temos a honra de convidar Convidamos

Temos a satisfação de comunicar Comunicamos

Vimos pela presente agradecer Agradecemos

Pedimos a gentileza de nos enviar Solicitamos nos enviem; enviem-nos

Efetivamos-lhes uma remessa de Remetemos-lhes

Ficamos no aguardo de suas notícias Aguardamos informações

Procedemos a escolha Escolhemos

Faça chegar às mãos de Envie a

Anexo à presente Anexo

Seguem em anexo Anexamos

Enviamos em anexo Enviamos

Conforme acordado De acordo

Conforme seguem abaixo relacionados Relacionados a seguir

Acima citado Citado

Antecipadamente gratos Agradecemos

Durante o ano de 2006 Em 2006

Com referência a Referente a

Sem outro particular para o momento Agradecemos a atenção

Sendo o que tinha a informar Agradecemos a atenção

Sem mais para o momento Agradecemos a atenção

Com estima e consideração Agradecemos a atenção

1.3.3 Formalidade e correção gramatical

A utilização do padrão formal de linguagem representa texto correto em

sua sintaxe, claro em seu significado, coerente e coeso em sua estrutura,

elegante em seu estilo. Ser culto não é ser rebuscado. As incorreções

gramaticais desmerecem o redator e a própria instituição. É comum encontrar

textos com verdadeiras acrobacias linguísticas com desprezível conteúdo.

Também não deve ser coloquial, com gírias, regionalismos etc.

Como produzir texto formal e simples?

1. evitar expressões e clichês do jargão burocrático e as formas arcaicas de

construção de frases, assim como o coloquialismo e a gíria;

inadequado adequadoao apagar das luzes no final

depois de longo e tenebroso inverno após muito tempo

dizer cobras e lagartos expressar abertamente

mestre Aurélio dicionário

obra faraônica obra grande

voltar à estaca zero retornar ao início

2. preferir, em qualquer ocasião, a palavra simples.

3. adotar como norma a ordem direta da frase, por ser a que conduz mais

facilmente o leitor à essência da mensagem.

Modelo de texto formal e simples

Encaminho a Vossa Excelência cópia do Acórdão n.º XX,

acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, adotado por este

Tribunal em Sessão XX.

2 Informo que o não cumprimento à decisão do Tribunal sujeita o

responsável à multa prevista no art. 58, § 1º, da Lei nº 8.443/92.

3. Por fim, solicito devolução imediata da 2ª via deste ofício, com o “ciente”

de Vossa Excelência.

1.3.4 Objetividade

A objetividade consiste em ir diretamente ao assunto com informação e

pensamento claro e concreto para o leitor. Não há espaço para rodeios. É

escrever ideias fundamentadas em fatos e(ou) interpretações lógicas. Observe

texto com falta de objetividade retirado de revista de grande circulação

nacional.

Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu espírito

durante os anos tão distantes da infância que não voltam mais e da qual

poucos traços guardo na memória, já que tantos anos se escoaram, a vocação

para a Engenharia é tarefa que pelas razões expostas, me é praticamente

impossível e, ouso acrescentar que, mesmo para um psicólogo acostumado a

investigar as profundezas da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo

árdua para não dizer impossível.

Observe texto com falta de objetividade retirado de revista de grande

circulação nacional.

Texto subjetivo

Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu espírito

durante os anos tão distantes da infância que não voltam mais e da qual

poucos traços guardo na memória, já que tantos anos se escoaram, a vocação

para a Engenharia é tarefa que pelas razões expostas, me é praticamente

impossível e, ouso acrescentar que, mesmo para um psicólogo acostumado a

investigar as profundezas da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo

árdua para não dizer impossível.

Texto objetivo

Investigar as causas principais que, na infância, despertaram em mim vocação

para a Engenharia é tarefa praticamente impossível, mesmo para um

psicólogo.

Texto subjetivo

O assassínio do Presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro,

quando percorria a cidade de Dallas, aclamado por numerosa multidão,

cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas, terra natal, aliás,

do seu sucessor, o Presidente Johnson, chocou a humanidade inteira não só

pelo impacto emocional provocado pelo sacrifício do jovem estadista

americano, tão cedo roubado à vida, mas também por uma espécie de

sentimento de culpa coletiva, que nos fazia, por assim dizer, como que

responsáveis por esse crime estúpido, que a História, sem dúvida, gravará

como o mais abominável do século.

Texto objetivo

O assassínio do Presidente Kennedy chocou a humanidade inteira, não só pelo

impacto emocional, mas também por um sentimento de culpa coletiva por um

crime que a História gravará como o mais abominável do século.

Como produzir texto objetivo?

1. usar frases curtas e evitar intercalações excessivas ou inversões

desnecessárias.

Inadequado: O maior país da América Latina – apesar de ainda desconhecer

seu potencial imenso – parece ter encontrado o caminho do progresso tão

esperado pela população.

Adequado: O Brasil parece ter encontrado o caminho do progresso.

2. eliminar os adjetivos que não contribuam para a clareza do pensamento.

Inadequado: A maravilhosa cidade de Brasília, capital do Brasil, representará

nosso imenso país.

Adequado: Brasília representará o Brasil.

3. cortar os advérbios ou as locuções adverbiais dispensáveis.

Inadequado: Desde sempre e nos dias de hoje, há necessidade de estudo.

Adequado: Há necessidade de estudo sempre.

4. ser econômico no emprego de pronomes pessoais, pronomes possessivos e

pronomes indefinidos. Evitar, por exemplo, um tal, um outro, um certo, um

determinado, pois termos indefinidos juntos não contribuem para maior clareza,

ao contrário, tornam o texto obscuro.

Inadequado: Um tribunal de São Paulo produziu um parecer contrário.

Adequado: Tribunal de São Paulo produziu parecer contrário.

5. procurar restringir o uso de conjunções e de pronomes relativos (que, qual,

cujo).

Inadequado: O processo que foi arquivado e que apresentava informações que

eram relevantes.

Adequado: O processo arquivado apresentava informações relevantes.

6. não usar expressões irrelevantes, pois tornam o texto artificial.

Inadequado: O STF, que fica em Brasília, decidiu assim.

Adequado: O STF decidiu assim.

7. não usar figuras de linguagem, frases ambíguas.

Inadequado: O tribunal é fogo para decidir.

Adequado: O tribunal é criterioso para decidir.

8. se puder optar, escolher a voz ativa.

Inadequado: A decisão foi divulgada pelo Tribunal.

Adequado: O Tribunal divulgou a decisão.

9. não externar opiniões, reunir fatos. Este tópico é muito importante em nosso

curso e será bem abordado no último módulo.

10. usar palavras específicas, pertinentes ao assunto. Outro tópico a ser

abordado com destaque no último módulo.

1.3.5 Simplicidade

Redigir com simplicidade significa escrever para o leitor. Se ele é

especialista na área de seu conhecimento, pode-se empregar linguagem mais

técnica. Se não, deve-se escrever com um vocabulário adequado à situação. O

bom senso estabelecerá o equilíbrio entre a linguagem técnica e a comum.

Com palavras adequadas e de conhecimento amplo, é possível escrever de

maneira direta e compreensível.

Recomendações:

a) evite expressões e clichês do jargão burocrático e as formas arcaicas de

construção de frases, assim como o coloquialismo e a gíria;

b) prefira, em qualquer ocasião, a palavra simples.

c) adote como norma a ordem direta da frase, por ser a que conduz mais

facilmente o leitor à essência da mensagem.

1.3.6 Estilo

O Manual do Senado afirma que há quem pretenda justificar como

particularidade de estilo o uso sistemático de figuras de retórica, de expressões

enviesadas e de tantos outros enfeites linguísticos que normalmente

comprometem a clareza do texto e dificultam sua compreensão.

Se tal uso é admissível nas peças literárias e nos discursos, que amiúde se

utilizam de linguagem refinada e grandiloquente, ele se revela inadequado à

redação jurídica, que devem primar pela clareza e objetividade.

O artigo 11 da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998,

aborda também o assunto. Observe as recomendações:

a) clareza, que torna o texto inteligível e decorre:

• do uso de palavras e expressões em seu sentido comum, salvo quando o

assunto for de natureza técnica, hipótese em que se empregarão a

nomenclatura e terminologia próprias da área;

• da construção de orações na ordem direta, evitando preciosismos,

neologismos, intercalações excessivas, jargão técnico, lugares-comuns,

modismos e termos coloquiais;

• do uso do tempo verbal, de maneira uniforme, em todo o texto;

• do emprego dos sinais de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos

estilísticos;

b) precisão, que complementa a clareza e caracteriza-se pela:

• articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da

ideia veiculada no texto;

• manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando

o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;

• escolha de expressão ou palavra que não confira duplo sentido ao texto;

• escolha de termos que tenham o mesmo sentido e significado em todo o

território nacional ou na maior parte dele, evitando o emprego de expressões

regionais ou locais;

c) coerência, que implica a exposição de ideias bem elaboradas, que tratam

do mesmo tema do início ao fim do texto em sequência lógica e ordenada. Isso

significa que o texto deve conter apenas as ideias pertinentes ao assunto

proposto;

d) concisão, alcançada quando se apresenta a ideia com o mínimo de

palavras possível, o que importa no uso de frases breves, na eliminação dos

vocábulos desnecessários e na substituição de palavras e termos longos por

outros mais curtos;

e) consistência, decorrente do emprego do mesmo padrão e do mesmo estilo

na redação do texto, o que evita a contradição ou dubiedade entre as ideias

expostas.

1.3.7 O que deve ser evitado

a) repetição de palavras e utilização de termos cognatas, tais como:

“designação” e “designado”, “compete” e “competente”, etc.;

b) uso de expressão ou palavra que configure duplo sentido no texto;

c) expressões regionais;

d) palavras ou expressões de língua estrangeira, exceto quando

indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de uso já

consagrado ou que não tenham exata tradução. Nesse caso, a palavra ou

expressão deve ser grafada em itálico ou entre aspas. Tomem-se como

exemplos: ad referendum ou “ad referendum”, royalties ou “royalties”.

e) divisão silábica. Caso isso seja inevitável, as recomendações a seguir darão

ao texto maior legibilidade e elegância: nunca dividir grupos vocálicos: ai, ui,

ão, etc.; não deixar letra isolada em uma linha; não deixar isoladas sílabas às

quais se possa atribuir outro sentido; não separar números; nos casos de

palavras compostas, não se deve repetir o hífen na linha seguinte; evitar a

separação de hiatos e de nomes próprios; evitar a separação de palavras de

língua estrangeira.

f) pleonasmo. Trata-se de repetição de termos que, em certos casos, têm

emprego legítimo, para conferir à expressão mais força, mais vigor, ou mesmo

por questão de clareza. Na frase Conheça-te a ti mesmo, atribuída a Sócrates,

a redundância (te = a ti) produz inegável efeito retórico. À exceção desses

casos, o pleonasmo constitui vício inadequado na linguagem formal.

Observe o fragmento a seguir:

Não provado o dano supostamente sofrido, nem tampouco o nexo de

causalidade entre a causa alegada e o prejuízo, impossível o deferimento de

indenização compensatória pleiteada. Recurso ordinário improvido.

Pode-se observar o emprego da construção nem tampouco. A

expressão “tampouco” já tem sentido negativo e equivale a também não. O

emprego da segunda negativa (nem) é, portanto, redundante. Aproveito para

explicar que a expressão “tampouco” deve ser empregada após oração

negativa, da qual deve ser separada por vírgula. Observe exemplo adequado:

Não provou o dano, tampouco o nexo de causalidade.

Segue lista de pleonasmos viciosos: abertura inaugural, acordo

amigável, adiar para depois, apenas tão só (apenas tão somente), apertada

síntese, breve alocução, cada um dos participantes, compartilhar com, criar

novos cargos, deferimento favorável, detalhe minucioso, elo de ligação, e nem,

encarar de frente, erário público, exceder em muito, expectativa futura,

experiência anterior, expressamente proibido, exultar de alegria (de felicidade),

fato verídico, frequentar constantemente, ganhar grátis, há dois anos atrás,

habitat natural, outra alternativa, panorama geral, peculiaridade própria, pessoa

humana, planejar antecipadamente, prever antes (antecipadamente),

prosseguir adiante, reincidir novamente, repetir de novo (outra vez), superávit,

positivo, supracitado acima (anteriormente), surpresa inesperada, todos foram

unânimes, tornar a repetir, totalmente lotado

g) chavão. É lugar comum, clichê. É o que se faz, se diz ou se escreve por

costume. De tanto ser repetido, o chavão perde a força original, envelhece o

texto. Recorrer a eles poderá denotar falta de imaginação, preguiça ou pobreza

vocabular. Por isso, deve-se procurar evitá-los. Exemplos de chavões:

a cada dia que passa

a olhos vistos

abrir com chave de ouro

acertar os ponteiros

ao apagar das luzes

assolar o país

astro-rei (sol)

baixar a guarda

cair como uma bomba

calor escaldante

crítica construtiva

depois de longo e tenebroso

inverno

dizer cobras e lagartos

em sã consciência

estar no fundo do poço

hora da verdade

inflação galopante

inserido no contexto

mestre Aurélio (dicionário)

obra faraônica

óbvio ululante

parece que foi ontem

passar em brancas nuvens

perda irreparável

perder o bonde da história

pomo da discórdia

silêncio sepulcral

singela homenagem

tábua de salvação

vaias estrepitosas

voltar à estaca zero

2_____________________________

Normatizações e padronizações

2.1 Elementos normativos

Artigo

O artigo é a unidade básica para apresentação, divisão ou agrupamento de

assuntos num texto legal. Pode desdobrar-se “em parágrafos ou em incisos; os

parágrafos em incisos; os incisos em alíneas e as alíneas em itens”. (Lei

Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, art. 10, II.)

Emprega-se a palavra artigo:

a) na forma abreviada (art.), seguida do ordinal até o art. 9o , dispensando-se o

ponto entre o numeral e o texto. A partir do art. 10, emprega-se o cardinal,

seguido de ponto:

Art. 5o Nas eleições proporcionais (...).

Art. 10. Cada partido poderá registrar (...).

b) por extenso, se vier empregada em sentido genérico ou desacompanhada

do numeral: Fez referência ao artigo anterior da lei.

O texto de um artigo inicia-se por maiúscula e encerra-se por ponto-final.

Quando se subdivide em incisos, a disposição principal, chamada caput (do

latim, cabeça), encerra-se por dois-pontos e as subdivisões encerram-se por

ponto-e-vírgula, exceto a última, que terminará por ponto-final.

Em citações, emprega-se a forma abreviada art., seguida de algarismo

arábico e do símbolo de numeral ordinal até o nove: O fundamento é o art. 5º

da Constituição. A partir do número dez, emprega-se apenas o algarismo

arábico correspondente: Fizemos referência ao art. 10.

Parágrafos

Os parágrafos são divisões imediatas do artigo e podem conter

explicações ou modificações da proposição anterior. São representados pelo

sinal gráfico §, forma entrelaçada dos esses iniciais da expressão latina signum

sectionis (sinal de seção, corte).

Usa-se o sinal gráfico §:

a) antes do texto do parágrafo, quando seguido de número. Emprega-se o

ordinal até o nono, dispensando-se o ponto entre o numeral e o texto. A partir

do § 10, emprega-se a numeração cardinal, seguida de ponto:

§ 1o Qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos poderá (...).

§ 11. A violação do disposto neste artigo sujeita (...).

b) nas citações e referências bibliográficas:

Agiu nos termos do art. 37, § 4o, da Constituição Federal.

Emprega-se o sinal gráfico duplo §§, quando seguido de número,

indicando mais de um parágrafo: O art. 32 e seus §§ 4o e 5o esclarecem o

assunto.

Usa-se a palavra parágrafo por extenso quando:

a) o parágrafo for único:

Art. 43. É permitida (...)

Parágrafo único. A inobservância dos limites estabelecidos (...);

A forma p. único somente será usada nas referências, entre parênteses: (art.

32, p. único, do Código Eleitoral).

b) o sentido for vago, indeterminado, e estiver desacompanhado do número:

Isso se refere ao parágrafo anterior.

O texto de um parágrafo inicia-se por maiúscula e encerra-se por ponto-

final. Quando se subdivide em incisos, empregam-se dois-pontos antes das

subdivisões, que se separam por ponto-e-vírgula, exceto a última, terminada

por ponto-final.

Incisos

Os incisos são usados como elementos discriminativos do caput de um

artigo ou de um parágrafo. Eles vêm após dois-pontos, são indicados por

algarismos romanos, seguidos de travessão e separados por ponto-e-vírgula,

exceto o último, que se encerra por ponto-final. As iniciais dos textos dos

incisos são minúsculas:

“Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I – o Tribunal Superior Eleitoral;

II – os tribunais regionais eleitorais;

III – os juízes eleitorais;

IV – as juntas eleitorais” (Constituição Federal).

Quando citado em ordem direta, o inciso deve ser grafado por extenso: a

alínea c do inciso V (...). Na ordem indireta, o nome inciso pode ser suprimido:

o art. 67, IX, c, do Regimento Interno.

Alíneas

As alíneas são desdobramentos dos incisos e vêm indicadas por letras

minúsculas seguidas de parênteses. Quanto às iniciais e à pontuação dos

textos das alíneas, empregam-se as mesmas regras dos incisos:

“Art. 14. (...)

§ 1o O alistamento eleitoral e o voto são:

I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II – facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos” (Constituição Federal).

Quando citada em ordem direta, a alínea deve ser grafada por extenso: a

alínea c do inciso V (...). Na ordem indireta, o nome alínea pode ser suprimido:

o art. 67, IX, c, do Regimento Interno.

Itens

Os itens são desdobramentos das alíneas e vêm indicados por algarismos

arábicos. As letras iniciais e a pontuação dos textos dos itens seguem o padrão

dos incisos:

“Art. 1o São inelegíveis:

(...)

II – para presidente e vice-presidente da República:

a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus cargos e

funções:

1 – os ministros de Estado;

2 – os chefes dos órgãos (...)” (Lei Complementar no 64, de 18 de maio de

1990).

Observações:

b) Por ser um termo latino, caput deve ser destacado (itálico ou negrito): O

caput do art. 91 da Constituição. Quando citado na ordem indireta, deve vir

entre vírgulas: O art. 91, caput, da Constituição.

c) Alguns manuais de redação oficial orientam a não empregar a abreviatura de

número. Assim, indicam: Lei 6.368/1976; Resolução 3/1999.

2.2 Pontuação com elementos normativos

Ao citar referências de elementos articulados, geralmente surgem dúvidas em

relação ao uso de vírgulas. Vamos esclarecer:

a) ordem direta crescente, ligada pela preposição “de”, não recebe vírgula: O processo está baseado nos incisos I e II do artigo 226 do Código Penal.

O advogado recorreu com base na alínea “d” do inciso III do artigo 593 do

Código de Processo Penal.

A autorização está fundamentada corretamente com base na alínea “b” do inc.

II do art. 10 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

Observe que, no último exemplo, a vírgula aparece somente por causa da data.

b) sequência em ordem indireta, mesmo com a preposição “de”, é separada por vírgula. Tal situação é regulada no art. 302, inc. III, do Código de Processo Penal.

O art. 5o, inc. XXXVI, da Constituição de 1988 repete a regra do art. 153, § 3o,

da Constituição de 1967.

Erros comuns:

A art. 14, “b” do Código de Processo Penal (faltou a vírgula após a alínea).

O art. 14, do Código de Processo Penal (não existe a vírgula após o número

do artigo, pois está na ordem crescente).

2.3 Pontuação em atos normativos

Dúvida comum é a existência ou não de vírgula antes da data do ato normativo:

A Portaria 8, de 20 de março de 2008 (com vírgula).

A Portaria 8 de 20 de março de 2008 (sem vírgula).

Há duas situações específicas:

a) algumas instituições numeram seus atos normativos de forma contínua. A

numeração segue sequência de ano para ano. Se a última portaria publicada

em dezembro foi número 18. Em janeiro do ano seguinte será 19. Assim, só

existe uma portaria com cada número naquela instituição. A data que

aparecerá em seguida indicará ideia explicativa.

b) outros órgãos optam por iniciar a cada ano nova numeração e retornam ao

número 1 em janeiro sempre. Assim, existem diversas portarias 1, 2, 3, 4 etc. A

data a seguir indicará ideia restritiva, pois indicará exatamente a que portaria

se refere.

Em nosso idioma, ideia explicativa deve aparecer com vírgula. Por isso, deve-

se colocar vírgula no caso dos atos normativos publicados pelas instituições

que seguem o primeiro caso:

Portaria 168, de 14 de junho de 2007 (só existe uma portaria com esse número

na instituição).

Nas instituições que seguem o segundo caso, a ideia passa a ser restritiva e

não pode ocorrer a vírgula.

Portaria 20 de 16 de outubro de 2005 (existem outras portarias com o número

20 na instituição. A ausência da vírgula indica ideia restritiva).

2.4 Referência a texto legal

A primeira referência a texto legal deve ser feita por extenso: Lei nº 8.177,

de 1o de março de 1991. Nas seguintes, pode-se empregar a forma reduzida:

Lei n° 8.177, de 1991 ou Lei nº 8.177/ 91. Portaria nº 10, de 20 de março de

2004. Nas seguintes: Portaria nº 10/2004.

Usa-se inicial maiúscula e por extenso quando há referência expressa a

um diploma legal: Lei nº 8.112; Portaria nº 28; Resolução nº 113; Decreto-Lei nº

2.354. Em sentido generalizado, usa-se com inicial minúscula: A lei é a fonte

imediata da justiça em um país.

Quando se tratar de referência à legislação, colocada entre parênteses, a

expressão pode ser abreviada: O referido dispositivo (DL 2.354/92).

2.5 Nomenclatura dos feitos

Em sentido generalizado, as iniciais devem ser minúsculas: O mandado de

segurança é o remédio adequado para. Deverão ser usadas iniciais maiúsculas

quando se tratar de um julgado específico: O Agravo de Instrumento nº

89.01.07582-6/MG. Habeas Corpus nº 90.01.02123-7/RO.

2.6 Pronomes de tratamento

O conhecimento adequado no uso dos pronomes de tratamento é

fundamental em instituições públicas. É necessário atenção para o seu uso em

três momentos distintos: no vocativo, no corpo do texto e no endereçamento.

Grafia

Não se devem abreviar os pronomes de tratamento no endereçamento, no

encaminhamento, no vocativo e em comunicações dirigidas a altas autoridades

dos Poderes da República e a altas autoridades eclesiásticas. A forma por

extenso demonstra maior respeito e deferência, sendo, pois, recomendável em

correspondência mais formal ou cerimoniosa.

Na correspondência interna, nada impede que se abrevie a forma de

tratamento no texto. Entretanto, é mais conveniente que se utilizem as formas

por extenso por serem mais elegantes e mais adequadas à norma culta da

língua portuguesa.

Concordância com o pronome de tratamento

Vossa: é empregado para a pessoa com quem se fala, a quem se dirige a

correspondência.

Sua: é empregado para a pessoa de quem se fala.

Concordância de pessoa

Os pronomes de tratamento, embora se refiram à pessoa com quem se

fala, concordam com a terceira pessoa. O verbo concorda com o substantivo

que integra a locução: Vossa Senhoria saberá encaminhar o problema.

Também os pronomes possessivos referentes a pronomes de tratamento são

sempre os da terceira pessoa: Solicito que Vossa Senhoria encaminhe seu

pedido (e não vosso pedido).

Concordância de gênero

Faz-se a concordância não com o gênero gramatical, mas com o sexo da

pessoa representada pelo pronome de tratamento. Ex.: Vossa Senhoria será

arrolado como testemunha; Vossa Excelência será informada imediatamente

sobre a solução dada ao caso; Diga a Sua Excelência que nós o aguardamos

no aeroporto.

Excelência ou Senhoria

São tratados por “excelência”:

Poder ExecutivoPresidente da República

Vice-Presidente da República

Ministros de Estado

Secretário-Geral da Presidência da República

Consultor-Geral da República

Advogado-Geral da União

Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas

Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República

Secretários da Presidência da República

Procurador-Geral da República

Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal

Chefes de Estado-Maior das Três Armas

Oficiais-Generais das Forças Armadas

Embaixadores

Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios

Secretários de Estado dos Governos Estaduais

Prefeitos Municipais

Poder LegislativoPresidente, Vice-Presidente e membros da Câmara dos Deputados e do

Senado Federal

Presidente e membros do Tribunal de Contas da União

Presidentes e membros dos tribunais de contas estaduais

Presidentes e membros das assembleias legislativas estaduais

Presidentes das câmaras municipais

Poder JudiciárioPresidente e membros do Supremo Tribunal Federal

Presidente e membros do Superior Tribunal de Justiça

Presidente e membros do Superior Tribunal Militar

Presidente e membros do Tribunal Superior Eleitoral

Presidente e membros do Tribunal Superior do Trabalho

Presidente e membros dos tribunais de justiça

Presidente e membros dos tribunais regionais federais

Presidente e membros dos tribunais regionais eleitorais

Presidente e membros dos tribunais regionais do trabalho

Juízes de Direito, Juízes Federais, Juízes do Trabalho, Juízes Eleitorais, Juízes

Militares,

Juízes-Auditores Militares

Procurador-Geral do Estado

Procurador de Estado

Membros do Ministério Público (Procuradores da República, Procuradores do

Trabalho, Procuradores da Justiça Militar, Promotores da Justiça Militar,

Procuradores de Justiça, Promotores de Justiça, Promotores de Justiça

Adjuntos) Membros da Defensoria Pública (Defensores Públicos)

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é

Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal,

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do

cargo respectivo:

Senhor Senador,

Senhor Juiz,

Senhor Ministro,

Senhor Governador,

No envelope (e no endereçamento em documentos como ofício) das

comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a

seguinte forma:

A Sua Excelência o Senhor

Fulano de Tal

Ministro de Estado da Justiça

70064-900 - Brasília-DF

A Sua Excelência o Senhor

Senador Fulano de Tal

Senado Federal

70165-900 – Brasília/DF

A Sua Excelência o Senhor

Fulano de Tal

Juiz de Direito da 10ª Vara Cível

Rua ABC, nº 123

01010-000 – São Paulo/SP

Alguns órgãos apresentam o endereçamento com a substituição do “A Sua

Excelência o Senhor” por “Excelentíssimo Senhor”.

Ao Excelentíssimo Senhor

Fulano de Tal

Ministro de Estado da Justiça

70064-900 - Brasília-DF

Ao Excelentíssimo Senhor

Senador Fulano de Tal

Senado Federal

70165-900 – Brasília/DF

Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares.

O vocativo adequado é:

Senhor Fulano de Tal,

No envelope, deve constar do endereçamento:

Ao Senhor

Fulano de Tal

Rua ABC, nº 123

70123-000 – Curitiba-PR

Observações:

1. O Manual do Supremo recomenda não abreviar os pronomes de tratamento

em comunicações dirigidas a altas autoridades dos Poderes da República e a

altas autoridades eclesiásticas. A forma por extenso demonstra maior respeito

e deferência, sendo, pois, recomendável em correspondência mais formal ou

cerimoniosa.

2. A forma Vossa Magnificência é empregada em comunicações dirigidas a

reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo “Magnífico Reitor”.

3. Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia

eclesiástica, são: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O

vocativo correspondente é “Santíssimo Padre”. Vossa Eminência ou Vossa

Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe

o vocativo “Eminentíssimo Senhor Cardeal” ou “Eminentíssimo e

Reverendíssimo Senhor Cardeal”. Vossa Excelência Reverendíssima é usado

em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou

Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores

religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais

religiosos.

4. Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades

que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente

o uso do pronome de tratamento Senhor.

5. Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo

indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações

dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário

de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente em

Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a

desejada formalidade às comunicações.

6. Formas de tratamento consagradas na linguagem jurídica:

Substantivo AdjetivoAcórdão Venerando Acórdão

Câmara Colenda Câmara

Defensor Nobre Defensor

Juiz Meritíssimo Juiz

Juízo Digníssimo Juízo

Julgador Ínclito Julgador

Patrono Culto Patrono

Promotor Nobre Promotor

Relator Culto Relator

Sentença Respeitável Sentença

7. Observe quadro demonstrativo das formas de tratamento elaborado pelo

Manual de Padronização de textos do STJ.

Incluir anexo 1

2.7 Fechos para comunicações oficiais

O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de

arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que

vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria nº 1 do Ministério da

Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e

uniformizá-los, padronizou-se somente dois fechos diferentes para todas as

modalidades de comunicação oficial:

a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:

Respeitosamente,

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:

Atenciosamente,

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades

estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados

no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

O título de representante diplomático ou cônsul não deve preceder o nome

da pessoa. Assim, escreva: o Senhor José da Silva, Embaixador do Brasil na

Itália; o Senhor José da Silva, Cônsul da Itália.

2.8 Identificação do signatário

As comunicações devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as

expede, com exceção daquelas assinadas pelo Presidente da República. Isso

facilita a identificação da origem das comunicações. Abaixo do nome de quem

assina, coloca-se o cargo ou função que o signatário ocupa na organização. A

forma da identificação deve ser a seguinte:

(espaço para assinatura)

José da Silva

Secretário-Geral

(espaço para assinatura)

JOSÉ DA SILVA

Ministro de Estado da Justiça

(espaço para assinatura)

JOSÉ DA SILVA

Secretário de Administração

Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará

O nome do signatário pode ser apresentado com apenas as iniciais

maiúsculas ou com todas as letras maiúsculas. A tendência é o emprego

apenas das iniciais maiúsculas. O cargo, no entanto, deve apresentar apenas

as iniciais maiúsculas. Evite-se, portanto:

José da Silva

MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA

ou

JOSÉ DA SILVA

MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA

Recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente.

Transfiram-se para essa página ao menos as duas linhas anteriores ao fecho.

Fazer uso do traço para a assinatura é considerado deselegante, porque

supõe a necessidade de “demarcar” um campo para o “correto” preenchimento

pelo subscritor. Dessa forma, em qualquer documento esse procedimento é

dispensável.

Observação: Em alguns documentos que normalizem situações

administrativas internas do próprio órgão (ato regulamentar, instrução

normativa, ordem de serviço, portaria e resolução), não se especifica o cargo

junto ao nome e à assinatura, visto que aquele já vem destacado no início do

documento.

2.9 Data

As datas devem ser grafadas com as seguintes normas, estabelecidas

pelo Decreto 4.176, de 28 de março de 2002 e consagradas em textos

jurídicos:

1. a localidade não pode sofrer abreviatura;

2. a unidade da federação não é obrigatória;

3. o primeiro dia é sempre ordinal. Não existe zero antes do número 2 ao 9;

4. o mês é minúsculo e por extenso;

5. não existe ponto entre o milhar e a centena no ano: 2012 (não: 2.012);

6. nos casos em que for cabível o uso da data abreviada (nunca na data do

documento), não se deve pôr zero à esquerda do número no dia e no mês:

5/6/2012 (não: 05/06/2012);

7. no interior do texto, as datas e os anos podem ser escritos de forma plena ou

abreviada. No entanto, em órgãos públicos, a preferência é pela forma extensa.

O primeiro dia do mês é designado com ordinal também. O Brasil proclamou a

independência em 7 de setembro de 1822. Entre 1986 e 1988, o Congresso

elaborou a atual Constituição brasileira, assinada em 8 de outubro de 1988.O

Brasil foi campeão mundial de futebol em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. O

documento foi assinado em 1º de abril de 2004;

8. se a data não estiver centralizada, indica-se o uso de ponto final. Brasília, 1º

de junho de 2010. Brasília, 2 de junho de 2010. Brasília-DF, 27 de junho de

2010;

9. datas que se tornaram efemérides são escritas por extenso: O Sete de

Setembro, o Quinze de Novembro, o Dois de Julho. Mas (dia 1º): o 1º de

Janeiro, o 1º de Maio;

10. as décadas podem ser mencionadas sem a referência ao século (salvo

quando houver possibilidade de confusão). O “milagre econômico” da década

de 70. Os anos 20 foram fortemente influenciados pela Semana de Arte

Moderna de 1922. Na década de 1850.

2.10 Numeração de documentos

Os documentos devem ser numerados em ordem crescente cronológica

ou, em situações especiais, de acordo com critério estabelecido pelo emissor.

Deve-se reiniciar a numeração a cada ano, a partir do número 1: Memorando

nº 8 / DGE.

A numeração é um dos indicadores de recuperação do documento.

Consiste, portanto, em informação que deve ser registrada com atenção, para

evitar a atribuição de um mesmo número a documentos diversos.

2.11 Folhas de continuação

Recomenda-se, principalmente em atos oficiais administrativos, indicar as

folhas de continuação com, no mínimo, as seguintes informações, entre

parênteses: número respectivo da folha sequencial, tipo do ato com a sua

numeração institucional e data. Exemplo: (Fl. 2 do Ofício nº 194 / GP, de

18.3.09). As folhas sequenciais não devem trazer o timbre apresentado na

primeira página.

2.12 Horas

1. O símbolo de horas é “h”, o de minutos é “min” e o de segundos é “s”, sem

ponto nem “s” indicativo de plural, sem espaço entre o número e o símbolo.

2. Na menção de horas apenas, não se usa o símbolo, mas a palavra hora(s),

por extenso: Encontro você às 14 horas.

3. Na menção de horas e minutos, usa-se o símbolo de horas, mas não há

necessidade de incluir o símbolo de minutos: Encontro você às 14h30.

4. Na menção de horas, minutos e segundos, usam-se os símbolos de horas e

minutos, mas não há necessidade de incluir o símbolo de segundos: Encontro

você às 14h30min22.

5. Em referência a horas, não se usa zero antes do numeral.

Observações:

a) Quando a referência for a período de tempo e não a hora, não se usa o

símbolo, mas as palavras hora(s), minuto(s), segundo(s), por extenso.

Recomenda-se, também, não usar algarismo:

A reunião se estendeu por quatro horas e vinte minutos.

A viagem dura dezoito horas.

O terremoto começou às 10h35min22 e durou quarenta e três segundos.

b) Na linguagem formal devem-se seguir as instruções anteriores, mesmo que

a leitura não corresponda exatamente à grafia:

A sessão terminou às 12h30 (na leitura: às doze horas e trinta minutos; às doze

e trinta; ao meio dia e meia).

c) As regras não se aplicam quando, em linguagem estritamente técnica, não

corresponderem à praxe ou a instruções específicas.

2.13 Siglas, abreviaturas e símbolos

2.13.1 Siglas

As siglas são empregadas para evitar a repetição de palavras e

expressões no texto. Na primeira citação, a expressão designada deve vir

escrita por extenso, de forma completa e correta, sempre antes da sigla ou do

acrônimo respectivo, que deve estar entre parênteses ou travessões e em

letras maiúsculas Exemplos: O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou

ontem mais uma medida restritiva. A discussão do Imposto Predial e Territorial

Urbano (IPTU) pela Câmara ainda promete alongar-se por muito tempo.

1. Pode-se dispensar a parte por extenso apenas para a representação do

nome dos partidos políticos, das empresas privadas ou quando a forma

abreviada já se tornou sinônimo do próprio nome: PSDB, Bradesco, FGTS. Em

caso de dúvida, prefira transcrever o significado da sigla.

2. Não se usam aspas nem pontos de separação entre as letras que formam a

sigla.

3. Com sigla empregada no plural, admite-se o uso de “s” (minúsculo) de plural,

sem apóstrofo: os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), 300 UPCs, 850 Ufirs

(não: TRE’s, Ufir’s). Esta regra não se aplica a sigla terminada com a letra s,

caso em que o plural é definido pelo artigo: os DVS (Destaques para Votação

em Separado). O plural também pode ser feito pela duplicação das letras. Ex.:

EEUU (Estados Unidos), HHCC (Habeas Corpus), RREE (Recursos

Extraordinários).

Maiúscula e minúscula em siglas

1. Siglas formadas por até três letras são grafadas com maiúsculas: ONU, PIS,

OMC. Não se deve fazer divisão silábica de sigla grafada em letras maiúsculas.

2. Siglas formadas por quatro ou mais letras, cuja leitura seja feita letra por

letra, são grafadas com maiúsculas: PMDB, INPC, INSS.

3. Siglas formadas por quatro ou mais letras que formem palavra pronunciável

são grafadas preferencialmente como nome próprio (apenas a primeira letra é

maiúscula): Otan, Unesco, Petrobras.

4. Siglas em que haja leitura mista (parte é pronunciada pela letra e parte como

palavra) são grafadas com todas as letras em maiúsculas: DNIT (Departamento

Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), Veículos Automotores de Via

Terrestre), HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).

5. No caso de siglas consagradas que fogem às regras acima, deve-se

obedecer à sua grafia própria: CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas), MinC

(Ministério da Cultura), UnB (Universidade de Brasília). As letras minúsculas

são abreviaturas e não devem ser confundidas com as letras das siglas.

6. Siglas que não mais correspondam com exatidão ao nome por extenso

também devem ser acatadas, se forem as siglas usadas oficialmente: Embratur

(Instituto Brasileiro de Turismo), MEC (Ministério da Educação).

7. A sigla de órgãos estrangeiros formam-se com as letras da tradução do

nome do órgão em português, quando essa denominação é usual. Ex.: ONU

(Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Bird

(Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). Caso a

denominação não seja usual em nosso idioma, a sigla dos órgãos estrangeiros

formam-se com as letras do nome do órgão na língua estrangeira quando a

tradução portuguesa não é usual. Ex.: Nafta (North America Free Trade

Agreement/Acordo de Livre Comércio da América do Norte), Unesco (United

Nations Educational, Scientific and Cultural Organization/Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

8. A identificação de siglas pode ser pesquisada na obra Siglas brasileiras,

publicada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia –

IBICT.

9. O Supremo Tribunal Federal padronizou algumas siglas de uso no âmbito da

Corte a fim de facilitar as comunicações e a inclusão de dados nos sistemas

eletrônicos (Resolução 230/2002 e Instrução Normativa 26/2005, que se

referem às classes processuais e às unidades da estrutura orgânica da Casa).

Siglas dos processosAC – Ação Cautelar

ACO – Ação Cível Originária

ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade

ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade

AO – Ação Originária

AOE – Ação Originária Especial

AP – Ação Penal

AR – Ação Rescisória

Ag – Agravo

AI – Agravo de Instrumento

AgR – Agravo Regimental

ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

AS – Arguição de Suspeição

CR – Carta Rogatória

Cm – Comunicação

CC – Conflito de Competência

ED – Embargos de Declaração

EDv – Embargos de Divergência

EI – Embargos Infringentes

Ext – Extradição

HC – Habeas Corpus

HD – Habeas Data

Inq – Inquérito

IF – Intervenção Federal

MI – Mandado de Injunção

MS – Mandado de Segurança

MC – Medida Cautelar

Pet – Petição

PPE – Prisão Preventiva para Extradição

PA – Processo Administrativo

QO – Questão de Ordem

Rcl – Reclamação

RC – Recurso Criminal

RHC – Recurso em Habeas Corpus

RHD – Recurso em Habeas Data

RMI – Recurso em Mandado de Injunção

RMS – Recurso em Mandado de Segurança

RE – Recurso Extraordinário

RvC – Revisão Criminal

SE – Sentença Estrangeira

SEC – Sentença Estrangeira Contestada

SL – Suspensão de Liminar

SS – Suspensão de Segurança

STA – Suspensão de Tutela Antecipada

10. Siglas mais comuns

AABA – Associação Brasileira de Anunciantes.

Abap – Associação Brasileira de Agências de Publicidade.

Abecip – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e

Poupança.

Abert – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.

ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

Abifarma – Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica.

Abin – Agência Brasileira de Informações

ABL – Academia Brasileira de Letras

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

AEB – Agência Espacial Brasileira, vinculada ao Ministério da Ciência e

Tecnologia.

AGU – Advocacia-Geral da União

Aids – AcquiredImmunologicalDeficiencySyndrome (Síndrome da Deficiência

Imunológica Adquirida).

Ajuris – Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul

ALA – American Library Association/Associação Americana de Bibliotecas

Alca – Área de Livre Comércio das Américas

Amagis – Associação dos Magistrados

Amatra – Associação dos Magistrados do Trabalho

AMB – Associação Médica Brasileira ou Associação dos Magistrados

Brasileiros

ANA – Agência Nacional de Águas

Anac – Agência Nacional de Aviação Civil

Anamatra – Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho

Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações

ANC – Assembleia Nacional Constituinte

Ancine – Agência Nacional de Cinema e Vídeo

Andes – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.

Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica

Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

ANJ – Associação Nacional de Jornais.

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ANS – Agência Nacional de Saúde

Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANVS – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vinculada ao Ministério da

Saúde.

Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

Apec – Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico.

BBacen ou BC – Banco Central do Brasil

BB – Banco do Brasil

BCN – Banco Central Europeu. European Central Bank (ECB), com sede em

Frankfurt, Alemanha.

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

Bird – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento

BIS – Banco para Compensação Internacional

BM&F – Bolsa Mercantil e de Futuros

BMJ – Boletim do Ministério da Justiça

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Bovespa – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.

BRB – Banco de Brasília

CCade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica

Cadin – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público

Federal

CAN – Correio Aéreo Nacional

Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(Ministério da Educação).

Caricom – Mercado Comum e Comunidade do Caribe.

CBL – Câmara Brasileira do Livro.

CC – Código Civil

CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (Senado Federal)

CCJC – Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (Câmara dos

Deputados)

CCom – Código Comercial

CCSivam – Comissão para Coordenacão do Projeto do Sistema de Vigilância

da Amazônia (Ministério da Defesa).

CCT – Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Ministério da Ciência e

Tecnologia).

CDB – Certificado de Depósito Bancário

CDC – Código de Defesa do Consumidor

CDD – Classificação Decimal de Dewey

CDDPH – Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Ministério da

Justiça).

CDU – Classificação Decimal Universal

Cebrap – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

CEF – Caixa Econômica Federal

Cenafor – Fundação Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para a

Formação Profissional

CEP – Código de Endereçamento Postal

Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Comission

Económica para América Latina y el Caribe), integra o sistema ONU, sediada

em Santiago, Chile.

Cespe – Centro de Seleção e de Promoção de Eventos134

CF – Constituição Federal

CFE – Conselho Federal de Educação (Ministério da Educação).

CGC – Cadastro Geral de Contribuintes

CGJ – Corregedoria-Geral de Justiça

CGT – Central Geral dos Trabalhadores

CGU – Corregedoria-Geral da União

CIA – Agência Central de Inteligência (Estados Unidos)

CIC – Cartão de Identificação do Contribuinte

CID – Classificação Internacional de Doenças

Ciee – Centro de Integração Empresa – Escola

Cimi – Conselho Indigenista Missionário, sediado em Brasília.

Cindacta – Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CJF – Conselho da Justiça Federal

CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.

CMN – Conselho Monetário Nacional

CNA – Confederação Nacional da Agricultura.

CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sediada em Brasília.

CNC – Confederação Nacional do Comércio.

CNDM – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Ministério da Justiça).

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear (Ministério da Ciência e

Tecnologia).

CNI – Confederação Nacional da Indústria, com sede em Brasília.

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

CNPCP – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNPS – Conselho Nacional de Previdência Social

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CNSS – Conselho Nacional de Seguridade Social

CNT – Código Nacional de Trânsito

CNTI – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria, com sede em

Brasília.

COB – Comitê Olímpico Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro.

Codevasf – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do

Parnaíba (Ministério da Integração Nacional).

Cofins – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

COI – Comitê Olímpico Internacional (Comité International Olympique), com

sede em Lausanne, Suíça.

Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente (Ministério do Meio

Ambiente).

Conamaz – Conselho Nacional da Amazônia Legal (Ministério do Meio

Ambiente).

Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

(Ministério da Justiça).

Conar – Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária.

Conaren – Conselho Nacional dos Recursos Hídricos (Ministério do Meio

Ambiente).

Conasp – Conselho Nacional de Segurança Pública (Ministério da Justiça).

Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

Contran – Conselho Nacional de Trânsito

Copom – Comitê de Política Monetária, do Banco Central.

CP – Código Penal

CPC – Código de Processo Civil

CPF – Cadastro de Pessoa Física

CPM – Código Penal Militar

CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.

CPP – Código de Processo Penal

CPPM – Código de Processo Penal Militar

CSM – Conselho Superior da Magistratura

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

CTN – Código Tributário Nacional

CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (Ministério da Ciência

e Tecnologia).

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

CUT – Central Única dos Trabalhadores

CUT – Central Única dos Trabalhadores, com sede em São Paulo.

CVM – Comissão de Valores Mobiliários (Ministério da Fazenda).

DDAC – Departamento de Aviação Civil (Ministério da Defesa).

Darf – Documento de Arrecadação de Receitas Federais

Dataprev – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social

(Ministério da Previdência e Assistência Social).

Dataprev – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social

Denatran – Departamento Nacional de Trânsito

DER – Departamento de Estradas e Rodagem

Detran – Departamento de Trânsito

Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

Dieese – Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

Dirf – Declaração de Imposto de Renda na Fonte

DJ – Diário da Justiça

DJE – Diário da Justiça do Estado

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

DODF – Diário Oficial do Distrito Federal

DOE – Diário Oficial do Estado

Dops – Departamento de Ordem Política e Social

DOU – Diário Oficial da União

DPF – Departamento de Polícia Federal

EEBC – Empresa Brasil de Comunicação

EC – Emenda Constitucional

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

ECT – Empresa de Correios e Telégrafos

Eletrobrás – Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações S/A

Embratur – Empresa Brasileira de Turismo

Enap – Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Enem – Exame Nacional do Ensino Médio

EOAB – Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil

Esaf – Escola de Administração Fazendária

ESG – Escola Superior de Guerra (Ministério da Defesa).

ETA – Euskadi Ta Askatasuna, organização terrorista separatista do País

Basco, Espanha.

FFAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação

(Food and Agriculture Organization), com sede em Roma, Itália.

FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador

FBI – Birô Federal de Investigação (Federal Bureau ofInvestigation), com sede

em Washington, DC, EUA.

FBN – Fundação Biblioteca Nacional

Fed – Banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), sediado em

Washington, DC, EUA.

Fenabran – Federação Brasileira das Associações de Bancos.

Fenabrave – Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores.

Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas.

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FID – Federação Internacional de Documentação

Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Fifa – Federação Internacional de Futebol (Fédération Internationale de

Football Association), sediada em Zurique, na Suíça.

Finep – Financiadora de Estudos e Projetos

Finex – Fundo de Financiamento às Exportações.

Finor – Fundo de Investimento do Nordeste

Finsocial – Fundo de Investimento Social

Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz (Ministério da Saúde).

Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

FMI – Fundo Monetário Internacional

FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação

FUB – Fundação Universidade de Brasília

Funai – Fundação Nacional do Índio

Fundef – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Funrural – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural

Fust – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações.

GGDF – Governo do Distrito Federal

HHBB – Hospital de Base de Brasília

HFA – Hospital das Forças Armadas

IIbama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (entidade não-

governamental que acompanha a aplicação de verbas públicas em projetos

sociais no país, elaborando estatísticas que servem de base para estudos de

programas alternativos), sediado no Rio de Janeiro.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Ibict – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

Ibope – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

ICV – Índice do Custo de Vida

IGP – Índice Geral de Preços

IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna

IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado

IML – Instituto Médico Legal

INCC – Índice Nacional de Custos da Construção.

Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

Indesp – Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (Ministério do

Esporte e Turismo).

Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Infraero – Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária

Inmet – Instituto Nacional de Meteorologia

Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Ministério da Ciência e

Tecnologia).

INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor.

Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Inpi – Instituto Nacional da Propriedade Industrial

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

IP – Inquérito Policial

IPA – Índice de Preços por Atacado.

IPC – Índice de Preços ao Consumidor.

IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo.

Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IR – Imposto de Renda

IRPF – Imposto de Renda da Pessoa Física

IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte

ISBN – International Standard Book Number(ing) System

ISO – International Organization for Standardization

ISO – International Standard Organization/Organização Internacional de

Normalização

ISS – Imposto sobre Serviços

ISSN – International Standard Serial Number/Número Internacional

Padronizado de Publicações Seriadas

ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica

ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis

ITR – Imposto Territorial Rural

IVC – Instituto Verificador de Circulação.

JJF – Justiça Federal

LLC – Lei Complementar

LCH – Lei dos Crimes Hediondos

LCP – Lei das Contravenções Penais

LDA – Lei dos Direitos Autorais

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LEF – Lei das Execuções Fiscais

LEP – Lei de Execução Penal

LF – Lei de Falências

LIC – Lei de Incentivo à Cultura

LICC – Lei de Introdução ao Código Civil

LICP – Lei de Introdução ao Código Penal

LICPP – Lei de Introdução ao Código de Processo Penal

LMS – Lei de Mandado de Segurança

LOA – Lei Orçamentária Anual

Loman ou Lomn – Lei Orgânica da Magistratura Nacional

Lops – Lei Orgânica da Previdência Social

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal

LSN – Lei de Segurança Nacional

LTN – Letra do Tesouro Nacional

MMapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MC – Ministério das Comunicações

MCE – Mercado Comum Europeu

MCidades – Ministério das Cidades

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

MD – Ministério da Defesa

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MDN – Ministério da Defesa Nacional

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ME – Ministério do Esporte

MEC – Ministério da Educação

Mercosul – Mercado Comum do Cone Sul

MF – Ministério da Fazenda

MHN – Museu Histórico Nacional

MI – Ministério da Integração Nacional

MinC – Ministério da Cultura

MJ – Ministério da Justiça

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME – Ministério de Minas e Energia

MP – Medida Provisória

MP – Ministério Público

MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura

MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

MPE – Ministério Público Estadual

MPF – Ministério Público Federal

MPM – Ministério Público Militar

MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MPS – Ministério da Previdência Social

MPT – Ministério Público do Trabalho

MPU – Ministério Público da União

MRA – Ministério da Reforma Agrária

MRE – Ministério das Relações Exteriores

MS – Ministério da Saúde

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

MT – Ministério dos Transportes

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

MTur – Ministério do Turismo

NNafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North American Free

Trade Agreement).

Nasa – National Aeronauticsand Space Administration (Administração Nacional

de Aeronáutica e Espaço dos EUA).

NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira

Novacap – Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OOAB – Ordem dos Advogados do Brasil

OCDE – Organização Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

OEA – Organização dos Estados Americanos

OGU – Orçamento Geral da União

OIT – Organização Internacional do Trabalho (International Labour

Organization), sede em Genebra, Suíça.

OLP – Organização para a Libertação da Palestina.

OMC – Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization), que

consolidou em uma única organização os signatários do extinto Acordo Geral

de Tarifas e Comércio (Gatt). Tem sede em Genebra, Suíça.

Ompi – Organização Mundial da Propriedade Intelectual (World Intellectual

Property Organization), integrante do sistema das Nações Unidas, com sede

em Genebra, Suíça.

OMS – Organização Mundial da Saúde (World Health Organization), integrante

do sistema das Nações Unidas, sediada em Genebra, Suíça.

ONG – Organização Não-Governamental

Onip – Organização Nacional da Indústria do Petróleo

ONS – Operadora Nacional do Sistema Elétrico

ONU – Organização das Nações Unidas (United Nations), com sede em Nova

York.

Opas – Organização Pan-Americana de Saúde (Pan American Health

Organization), que tem sede em Washington, DC, EUA. Entidade regional da

OMS.

Opep – Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Organization of the

Petroleum Exporting Countries), com sede em Viena, Áustria.

Otan – Organização do Tratado do Atlântico Norte (aliança militar dos países

ocidentais liderada pelos EUA)

OTN – Obrigação do Tesouro Nacional

PPAD – Processo Administrativo Disciplinar

PAS – Programa de Avaliação Seriada

Pasep – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador

PCCS – Plano de Carreira, Cargos e Salários

PEA – População Economicamente Ativa

Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A.

PF – Polícia Federal

PGE – Procuradoria-Geral do Estado

PGJ – Procuradoria-Geral de Justiça

PGR – Procuradoria-Geral da República

PIB – Produto Interno Bruto.

Pibic – Programa Internacional de Iniciação Científica

PIS – Programa de Integração Social

PM – Polícia Militar

PMDF – Polícia Militar do Distrito Federal

PME – Pesquisa Mensal de Emprego.

PNB – Produto Nacional Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (United

Nations Development Programme), que tem sede em Nova York.

PPA – Plano Plurianual

PR – Presidência da República

Procon – Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor

Prodasen – Centro de Processamento de Dados do Senado

Prodecon – Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor

Proer – Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional.

Pronai – Programa Nacional de Apoio à Infância.

PRR – Procuradoria Regional da República

PRT – Procuradoria Regional do Trabalho

PSS – Plano de Seguridade Social do Servidor Público Civil da União

RRadiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação S.A.

RF – Receita Federal

RFB – Receita Federal do Brasil

RISTF – Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal

RISTJ – Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça

RJTSE – Revista de Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral

RSTJ – Revista do Superior Tribunal de Justiça

RTJ – Revista Trimestral de Jurisprudência

SSebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.

Senad – Secretaria Nacional Antidrogas (Presidência da República).

Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

Serpro – Serviço Federal de Processamento de Dados

Sesc – Serviço Social do Comércio.

Sesi – Serviço Social da Indústria.

Siafi – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

Siape – Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos

Sicaf – Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores

Sistema S – Conjunto dos serviços sociais e de aprendizagem dos

trabalhadores (Senai, Sesc, Sesi, Senac).

Sivam – Sistema de Vigilância da Amazônia (Ministério da Defesa).

SPC – Serviço de Proteção ao Crédito

SRF – Secretaria da Receita Federal (atual RFB)

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça.

STJD – Superior Tribunal de Justiça Desportiva

STM – Superior Tribunal Militar.

STN – Secretaria do Tesouro Nacional

Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus (Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

SUS – Sistema Único de Saúde

Susep – Superintendência de Seguros Privados (Ministério da Fazenda).

TTAC – Tribunal de Alçada Civil

Tacrim – Tribunal de Alçada Criminal

TCE – Tribunal de Contas do Estado

TCM – Tribunal de Contas dos Municípios

TCU – Tribunal de Contas da União

Terracap – Companhia Imobiliária de Brasília

TJ – Tribunal de Justiça

TJ – Tribunal de Justiça; Tribunal do Júri.

TJAC – Tribunal de Justiça do Estado do Acre

TJAL – Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas

TJAM – Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas

TJAP – Tribunal de Justiça do Estado do Amapá

TJBA – Tribunal de Justiça do Estado da Bahia

TJCE – Tribunal de Justiça do Estado do Ceará

TJD – Tribunal de Justiça Desportiva

TJDFT – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

TJES – Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo

TJGO – Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

TJMA – Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

TJMG – Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

TJMS – Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

TJMT – Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso

TJPA – Tribunal de Justiça do Estado do Pará

TJPB – Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba

TJPE – Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco

TJPI – Tribunal de Justiça do Estado do Piauí

TJPR – Tribunal de Justiça do Estado do Paraná

TJRJ – Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

TJRN – Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte

TJRO – Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia

TJRR – Tribunal de Justiça do Estado de Roraima

TJRS – Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

TJSC – Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina

TJSE – Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe

TJSP – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

TJTO – Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins

TPI – Tribunal Penal Internacional

TRE – Tribunal Regional Eleitoral.

TRF – Tribunal Regional Federal

TRT – Tribunal Regional do Trabalho.

TSE – Tribunal Superior Eleitoral.

TST – Tribunal Superior do Trabalho.

UUbes – União Brasileira de Estudantes Secundaristas.

UDR – União Democrática Ruralista, com sede em Brasília.

UE – União Europeia (European Union), antiga Comunidade Econômica

Europeia, tem sua sede em Bruxelas, Bélgica.

Ufir – Unidade Fiscal de Referência

UIT – União Internacional de Telecomunicações.

UnB – Universidade de Brasília

UNE – União Nacional dos Estudantes.

Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

(United NationsEducational, Scientificand Cultural Organization), sediada em

Paris, França.

Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância (United

NationsChildren’sFund), que tem sede em Nova York.

URV – Unidade Real de Valor

USP – Universidade de São Paulo

VVEC – Vara de Execuções Criminais

2.13.2 Abreviatura

A abreviatura é a escrita reduzida de uma palavra ou locução e pertence ao

estudo de processo de formação de palavras de nosso idioma. Trata-se de

corte na palavra, com ou sem a omissão de alguma letra anterior, aceito nos

casos em que há interesse máximo na síntese dos dados. Apesar do uso cada

vez mais frequente, a prática da abreviação vocabular ainda não deixou de

gerar controvérsias. A manual de redação do Supremo Tribunal Federal

orientar a evitar sempre que possível o uso de palavras abreviadas, sobretudo

no interior de uma frase; abreviaturas são mais usadas em textos específicos,

como dicionários e formulários.

1. Admite flexão de gênero, número e grau: Sr. ou Sra.; prof. ou profs.; D. ou

DD.

2. O termo “S. A.”, embora tenha a aparência de sigla, constitui a abreviatura

das palavras “sociedade” e “anônima”. Por isso, exige o uso do ponto, que não

pode ser substituído por barra.

3. Para abreviar, sempre que possível termine a abreviatura em consoante.

Ex.: ac. (acórdão), rel. (relator). Se a palavra é cortada em um grupo de

consoantes, todas estas devem aparecer na abreviatura. Ex.: inst. (instituição),

secr. (secretaria). Independentemente de a abreviatura terminar em vogal ou

consoante, coloque sempre o ponto final. Ex.: ago. (agosto), téc. (técnica).

4. Há palavras cujas abreviaturas podem ser formadas pela combinação de

suas consoantes ou de suas iniciais e suas últimas consoante e vogal. Ex.: dz.

(dúzia), vl. (valor).

5. Se, na parte constante da abreviatura, aparece o acento gráfico da palavra,

deve ele permanecer. Ex.: pág. (página), déb. (débito).

6. Em palavras compostas ligadas por hífen, deve ele ser mantido na

abreviatura. Ex.: secr.-ger. (secretaria-geral), proc.-ger. (procurador-geral).

7. A inicial poderá ser maiúscula ou minúscula de acordo com as normas da

ortografia oficial do novo Acordo ortográfico em relação à palavra por extenso.

Ex.: R. (Rua) das Laranjeiras ou r. (rua) das Laranjeiras, Dr. (Doutor) Albert

Einstein, tel. (telefone), fl. (folha).

8. O ponto abreviativo, quando coincide com o ponto-final, acumula a função

deste, por isso deve-se evitar a repetição: Foram convidados para o debate:

políticos, professores, engenheiros etc.

9. Os meses são abreviados com as três letras iniciais. Se for escrito todo em

letras maiúsculas, dispensa-se o ponto. Se for escrito apenas com a inicial

maiúscula ou todo em letras minúsculas, deverá aparecer o ponto abreviativo.

Não se abrevia o mês de maio. Ex.: JAN, Jan., jan.

10. Existem abreviaturas que podem ser reduzidas com variações: a.C. ou A.C.

(antes de Cristo); f., fl. ou fol. (folha).

11. Existem abreviaturas que representam mais de uma palavra: p. (página, pé,

palmo).

12. Não se abreviam nomes geográficos, a não ser os estados da Federação e

casos mundialmente aceitos: DF (Distrito Federal), SP (São Paulo), USA

(Estados Unidos da América), UK (Reino Unido). Portanto, as cidades

brasileiras são sempre grafadas por extenso: Rio de Janeiro, São Paulo etc.

13. Por praticidade, as abreviaturas podem ser grafadas sem sobrelevação,

seguidas de ponto (Cia., Dra., V. Exma.), desde que não formem palavras

inadequadas, como profa. (professora), amo. (amigo), nº (número). Tal recurso

não é muito empregado em textos jurídicos.

14. Também não se abreviam palavras com menos de cinco letras. Exceções:

h (hora), id. (idem), S. (São), t. (tomo), v. (ver, veja, vide), S (Sul).

15. As unidades de peso e medida são abreviadas quando seguem os

numerais: 10 g, 24 ml. Abreviaturas das unidades de medida não têm plural

nem ponto: centímetro (cm), metro (m), segundo (s), grama (g), milímetro

(mm), quilograma (kg), quilômetro (km). Quando apresentadas isoladamente,

devem ser gradas por extenso: grama, mililitro.

16. os plurais também comportam abreviatura, sendo geralmente indicados

pelo acréscimo da letra “s” antes do ponto que indica o corte. Todavia, alguns

plurais são indicados pela duplicação da letra. Exemplos: sécs. XV e XVI; págs.

54 e 55; fls. 56 e segs.; srs.; dras.; S. Sas.; V. Exas.; AA. (autores); EE.

(editores). Observe que o “S.” de “Sua Senhoria” e o “V.” de “Vossa Excelência”

ficam invariáveis nos exemplos acima. Isso porque não há forma abreviada

plural para os possessivos integrantes dos pronomes de tratamento. Tampouco

se pluraliza a abreviatura de “dons” ou “donas”. Além do plural, a duplicação da

letra pode também indicar o superlativo: D. (digno), DD. (digníssimo).

17 Ressalte-se, a propósito, que não se usa a abreviatura “n°” antes do

numeral que discrimina o logradouro, mas sim a vírgula, nem se marca a

separação das ordens ou classes com espaço ou ponto. No caso de referência

a caixa postal, é vedado o uso tanto da abreviatura de “nº” quanto da vírgula:

Caixa Postal 4352.

18. as abreviaturas do sistema de unidades de medida, ao contrário das

demais,

não recebem ponto nem plural, são grafadas com letras minúsculas e

separadas por espaço do número que normalmente acompanham. Exemplos:

289 t; 3 kg; 45 g; 130 m; 12 km; 1 h; 22 h; 7 min, 18 s; 50 l; 600 ml; 27 ha.

Observações: Só se suprime o espaço entre a abreviatura e o número diante

da possibilidade de fraude e no caso de transcrição completa de horário (hora e

minutos ou hora, minutos e segundos). Exemplos: 9h57min; 1h20min;

18h16min14s.

Não se abrevia unidade de medida não determinada e tampouco se misturam

abreviaturas com medidas transcritas por extenso.

19. As abreviaturas de colendo, egrégio e eminente ainda não foram

registradas em livros, contudo são frequentes no meio jurídico.

20. Abreviaturas de títulos, postos e formas de tratamento:

almirante − alm.

arcebispo − arceb./arco.

bacharel/bachareis − bel./béis.

bacharela/bacharelas − bela./belas.

bispo − bpo.

brigadeiro − brig.

cardeal − card.

capitão − cap.

colendo − col.

comandante −com./comte.

comendador − comend.

cônego − côn./côno.

coronel − cel.

desembargador(a) − desemb(a)./desdor(a).

dom/dona − D.

doutor/doutora − Dr./Dra.

egrégio − eg.

embaixador − emb.

eminente − em.

eminentíssimo − emmo.

excelentíssimo − exmo.

general – gen./gal.

ilustríssimo − ilmo.

licenciado − ldo.

madame − mme.

major − maj.

marechal − mal.

meritíssimo(a) − MM.

ministro(a) − min.

monsenhor − mons.

padre − p./pe.

pároco − páro.

presidente − pres./presid.

procurador − proc.

professor/professora − prof./profa.

reverendíssimo − revmo.

reverendo − rev./revdo.

sargento − sarg.

senhor/senhora − Sr./Sra.

senhorita − Srta./Sta.

tenente − ten.

Vossa Eminência − V. Ema.

Vossa Excelência – V. Exa.

Vossa Magnificência − V. Maga.

Vossa Reverendíssima − V. Revma.

Vossa Senhoria – V. Sa.

Sua Eminência − S. Ema.

Sua Excelência – S. Exa.

Sua Reverendíssima − S. Revma.

21. As abreviaturas dos nomes das unidades da Federação são constituídas

por duas letras maiúsculas sem ponto:

Acre − AC

Alagoas – AL

Amapá – AP

Amazonas – AM

Bahia – BA

Ceará – CE

Distrito Federal – DF

Espírito Santo − ES

Goiás – GO

Maranhão – MA

Mato Grosso – MT

Mato Grosso do Sul – MS

Minas Gerais – MG

Pará − PA

Paraíba − PB

Paraná – PR

Piauí − PI

Pernambuco – PE

Rio de Janeiro – RJ

Rio Grande do Norte – RN

Rio Grande do Sul − RS

Rondônia − RO

Roraima − RR

Santa Catarina − SC

São Paulo − SP

Sergipe − SE

Tocantins − TO

6. Abreviaturas dos meses:

jan.

fev.

mar.

abr.

maio (não se abrevia maio)

jun.

jul.

ago.

set.

out.

nov.

jun.

dez.

7. Abreviaturas de vias, lugares públicos e palavras usadas em

endereçamentos são escritas com iniciais maiúsculas:

alameda − Al.

apartamento – Ap.

avenida − Av.

beco − B.

bloco – Bl.

casa – C.

caixa postal – C.P.

conjunto − Conj.

edifício − Ed./Edif.

estrada − Est.

jardim − Jd.

largo − L.

loja − Lj.

parque − Pq.

praça − P.

rua − R.

quadra − Q.

sala – Sl.

sobreloja − S/l

travessa − Trav.

vila − V.

Abreviaturas mais comuns

Aabreviação – abrev.

abreviatura − abrev.

abril- abr.

absolutamente − abs.

absoluto − abs.

academia- acad.

acórdão − ac.

acusativo − ac.

adaptação − adapt.

adjetivo − adj.

adjetivo de dois gêneros e dois números − adj. 2g. 2n.

adjunto − adj.

adjunto adverbial − adj. adv.

administração − adm.

administrativo- adm.

advérbio − adv.

advogado − advo.

aeronáutica- aer.

agência- ag.

agente administrativo - ag. adm.

aglomerado − agl.

aglutinação − agl.

agosto- ago.

agricultura − agr./agric.

ajudante- aj. ouajte.

alameda - al.

altitude − alt.

altura − alt.

alvará − alv.

análise- anal.

anatomia − anat.

Anno Domini− A.D.

Ante meridiem (antes do meio-dia) - a. m.

antes de Cristo - a.C. ou A.C.

antigo − ant.

antigo, antigamente - ant.

antônimo − ant.

ao ano − a.a.

ao mês – a.m.

apartamento- ap. ou apart.

aprovado, apostila, apud (em) - ap.

aproximado- aprox.

arcebispo- arco.

aresto- ar.

Aritmética - Arit.

Arquitetura - Arquit.

arquivo- arq.

artigo, artigos - art., arts.

aspirante- asp.

assembleia − assemb.

assessor, assessoria, associação, assembleia- ass.

assinado(a) − a.

assinado, assinados - (a), (aa) ou a., aa.

assinados(as) − aa.

atenciosamente- atte.

atendente judiciário - atde. jud.

atestado- at.

atestado − at.

aumentativo − aum.

autor − A.

autores − AA.

auxiliar- aux.

auxiliar judiciário - aux. jud.

avenida - aven.

aviador, avenida - av.

Bbacharel, bachareis - bel., béis.

batalhão − btl.

beco - b.

bibliografia − bibl.

biblioteca − bibl.

biologia − biol.

bitransitivo − bitr.

boletim – bol.

brasileiro- bras.

Ccadeira- cad.

caixa − cx.

capítulo, capítulos - cap., caps.

cardinal − card.

cartonado, cartonados - cart., carts.

catálogo, catálogos - cat., cats.

cavalaria − cav.

centavo, centavos - ct., cts.

Centro-Oeste − C. O.

cerimonial- cerim.

chefe, chefia - ch.

cidade(s) − cid.

circular − circ.

circunscrição administrativa - circ. adm.

citado(s), citação - cit.

classe(s) - cl.

clássico − clás.

código/códigos − cód./códs.

cognato − cog.

colaborador − col.

colégio − col.

coletivo − col.

coluna, colunas, colaborador, colaboradores, colégio, colégios - col., cols.

com- c/

comandita- cta.

comarca − c.

Companhia - Cia.

comparativo − comp.

comparativo de inferioridade − comp. infer.

comparativo de superioridade − comp. super.

compare- cp.

complemento − compl.

composto − comp.

comprimento- compr.

computador- compt.

comunicação- com.

comunicação − comunic.

conclusão − concl.

conclusivo − concl.

concreto − concr.

condicional − cond.

confira, confronte - cf., cfr.

conforme- cfe., conf.

confronte (com) − cf./cfr.

Congresso Nacional − CN

conjunção − cj.

conjunto − conj.

consecutivo − consec.

consoante − cons.

Constituição Federal − CF

construção- constr.

contador, contabilidade - cont.

contração, contrato - contr.

convênio, convenente, conveniado - conv.

coordenativo − coord.

copiado, cópia - cop.

crédito − créd.

cronologia − cron./cronol.

cronológico- cron.

cumprimento- cumpto.

Ddécada − déc.

decoração − decor.

decreto − dec.

decreto-lei − DL

definido − def.

demonstrativo- demonstr.

departamento − dep.

departamento, depósito - dep.

depois de Cristo - d.C., D.C.

derivação − der.

desconto − desc.

designação − design.

desinência − desin.

despesa − desp.

dezembro- dez.

Diário Oficial da União – DOU

dicionário- dic.

diferente- dif.

digitador, digitado - dig.

diminutivo − dim.

diploma − dipl.

diplomacia − dipl.

diplomática − diplom.

direito − dir.

direito canônico − dir. can.

direito civil − dir. civ.

direito comercial − dir. com.

direito constitucional − dir. const.

direito das sucessões − dir. suc.

direito de família – dir. fam.

direito eclesiástico − dir. ecles.

direito esportivo − dir. esport.

direito falimentar − dir. fal.

direito fiscal − dir. fis.

direito industrial − dir. ind.

direito internacional privado − dir. int. priv.

direito internacional público − dir. int. públ.

direito militar − dir. mil.

direito penal − dir. pen.

direito político − dir. pol.

direito processual civil − dir. proc. civ.

direito trabalhista − dir. trab.

direito tributário − dir. trib.

diretoria-geral - dir.-ger.

distrito − dist./distr.

divisão − div.

documento, documentos - doc., docs.

dúzia − dz.

Eedição − ed.

editor, editores - E., EE.

elemento − el.

elemento de composição − el. comp.

elemento(s) - el.

eletricista- eletr.

em mão - E.M.

em mão própria - E.M.P.

em mão(s) − E. M.

emolumento- emol.

empregado − empr.

empréstimo- empr.

encadernação − enc.

endereço- end.

enfermeiro- enf.

engenharia, engenheiro - eng.

epístola- epís.

era cristã - E.C.

escola − esc.

espera deferimento − E. D.

espera resposta - E.R.

estado − E.

estante(s), estado(s) - est.

estatística − estat.

estilística − estil.

et alii (e outros) − et al.

etcetera(e outras coisas, e assim por diante) − etc.

etcoetera, et cetera(e outras coisas, e os outros, e assim por diante) - etc.

etimologia − etim.

etnografia − etnog./etnogr.

evolução − evol.

exclamação − excl.

exempli gratia (por exemplo) − e.g.

exemplo(s) − ex.

expressão − expr.

Ffaculdade- fac.

família- fam.

farmácia, farmacêutico - farm.

fascículo(s) − fasc.

feminino- f., fem.

férias- fér.

fevereiro- fev.

figura, figurado - fig.

filologia − fil.

filosofia − filos.

física − fís.

flexionado − flex.

folha(s) − fl./fol./fls./fols.

folha, folhas - fl., fls.

folheto- folh.

folheto − folh.

fonêmica − fon.

fonética − fon.

fonologia − fon.

formulário- form.

fotografia − fot.

fracionário − frac.

frase − fr.

frequente − freq.

fulano- f.

funcionário- func.

futebol − fut./futb.

futuro − fut.

futuro do presente − fut. pres.

futuro do pretérito − fut. pret.

Ggabinete − gab.

gênero − gên.

geralmente- ger.

glossário- gloss.

governo, governador - gov.

gramática − gram.

grande- gde.

gratificação- grat.

grosa, grosas - gr., grs.

Hhabitante(s) − hab.

hibridismo − hibr.

híbrido − híbr.

hidrografia − hidrog.

história − hist.

honorário- hon.

honoris causa (por causa da honra, honorariamente) - h.c.

honoris causa (por honra) − h.c.

hora- h

horse-power(cavalo-vapor) - H.P.

hospital- hosp.

hotelaria − hot.

Iibidem(no mesmo lugar – obra, capítulo, página) −ib.

ibidem(no mesmo lugar) - ib., ibid.

id est (isto é) - i.e.

idem(o mesmo) − id.

imperativo − imper.

imperfeito − imperf.

impessoal − impes.

indeterminado − indet.

indicativo − ind.

índice- índ.

indústria- ind.

inferioridade − infer.

infinitivo − inf./infin.

influência, influente - infl.

informação − inform.

informação, inferior, informática - inf.

informática- inform.

insumo- ins.

interjeição − interj.

interrogativo − interr./interrog.

intransitivo − int./intr./intrans.

invariável − inv.

irregular − irreg.

isto é − i.e.

Jjaneiro- jan.

Jesus Cristo - J.C.

jornalismo − jorn.

julho- jul.

junho- jun.

jurídico − jur.

jurisprudência- jur.

justiça- just.

Llargo, linha(s) - l.

latitude- lat.

legislação − leg.

légua, léguas - lég., légs.

Leste − L.

lexicografia − lex.

limitada − Ltda.

linguagem − ling.

linguística − ling.

literatura – lit.

livraria – liv.

livro(s) - l., liv.

loco citato (no lugar citado) – loc. cit.

locução, locativo - loc.

logaritmo − log.

lógica − lóg.

longitude- long.

Mmanuscrito, manuscritos - ms., mss.

maquinista- maq.

março- mar.

masculino − masc.

masculino, mês ou meses - m.

matemática − mat.

matéria − mat.

material, matéria - mat.

mecânica − mec.

medicina − med.

médico- méd.

médico veterinário - méd. vet.

memorando − memo./memor.

ministro- min.

mitologia − mit.

moderno − mod.

morfologia − morf.

município − mun.

música − mús.

Nnegativo − neg.

neologismo − neol.

nihil obstat (nada obsta) - n. obs.

nome, número = n.

nominativo − nom.

Nordeste − N. E.

Noroeste − N. O.

Norte − N.

nota bene (nota bem) - N.B.

nota da direção − N. da D.

nota da redação − N. da R.

nota da redação - N.R.

nota do autor − N. do A.

nota do autor - N.A.

nota do editor − N. do E.

nota do editor - N.E.

nota do tradutor − N. do T.

nota do tradutor, nota técnica - N.T.

note bem − N. B.

novembro- nov.

Novo Testamento − N.T.

numeral − num.

número(s) − n.

Oo mesmo que - o m. q.

objeto- obj.

objeto direto − obj. dir.

objeto indireto − obj. ind.

obra citada - ob. cit.

obra(s) - ob.

observação, observações - obs.

observações – obss.

Oeste − O.

oficial de gabinete - of. gab.

ofício − of.

opus citatum (obra citada) − op. cit.

ordinal − ord.

organização − org.

original- orig.

outubro- out.

Ppacote- pac., pc.

pagamento- pgto.

página − p./pág.

páginas – pp./págs.

pago − pg.

palavra − pal.

palavra(s) - pal.

papelaria − papel.

parecer − par.

parte − par.

passim(aqui e ali, em diversos lugares) - pass.

patrimônio- patrim.

pátrio- pátr.

peça(s) − pç.

pede deferimento − P.D.

pede justiça - P.J.

pede recebimento e justiça - P.R.J.

perfeito − perf.

peso bruto - P.B.

pessoa – p.

PhilosophiaeDoctor(doutor em filosofia) − Ph. D.

plural − pl.

política − polít.

ponto − pt.

popular- pop.

por especial favor - P.E.F.

por especial obséquio - P.E.O.

por exemplo − p. ex.

por extenso - p. ext.

por favor - P.F.

por mão própria - P.M.P.

por procuração − p.p.

porque, parque - pq.

portaria − port.

possessivo − poss.

postmeridiem(depois do meio-dia) - p.m.

postscriptum(pós-escrito, depois de escrito) − P.S.pouco mais ou menos - p.m.o.m.

praça - p., pça.

predicativo − pred.

prefeito- pref.

prefeitura municipal - P.M.

prefixo − pref.

preposição − prep.

presente − pres.

presidente- pres.

pretérito − pret.

problema(s) - probl.

processo, procuração, procurador - proc.

professor, professores - prof., profs.

projeto- proj.

provisório- prov.

próximo futuro - p.f.

próximo passado, por procuração - p.p.

Qqualidade- qual.

quando- qdo.

quantidade- quant.

quanto- qto.

quartel-general- Q.G.

que- q.

queira ver − q.v.

química − quím.

quod vide (veja isto), quantum vis (quanto se queira) - q.v.

Rradical − rad.

receita, recesso - rec.

redução − red.

reformado- ref.

regimento − reg.

regimento interno − RI

regionalismo − region.

regular, regimento - reg.

relatório, relator - rel.

religião − rel.

remetente − remte.

remuneração- rem.

repartição − repart.

residência − res.

resolução − res.

revista − rev.

rua, réu, reprovado - r.

Ssalário mínimo - sal. min.

salvo erro - S.E.

salvo erro ou omissão - S.E.O.

salvo melhor juízo − S.M.J.

scilicet(a saber, quer dizer) - sc.

seção- seç.

secretário(a) − secr.

século/séculos − séc./sécs.

seguinte, seguintes - seg., segs.

sem data − s.d.

sem lugar nem data − s.l.n.d.

sem número – s.n.

semana(s) − sem.

semana, semanal, semestre - sem.

separado- sep.

serviço- serv.

setembro, setor, setorização, setorial - set.

símbolo − símb.

sinal de socorro − S.O.S.

singular − sing.

sinônimo(s) − sin.

sintaxe − sint.

sociedade anônima - S.A., S/A

subjuntivo − subj.

substantivo − s.

substantivo feminino − s.f.

substantivo masculino − s.m.

sucursal- suc.

Sudeste − S. E.

Sudoeste − S. O.

Sul − S.

superioridade – super.

Ttabela- tab.

também − tb.

taquigrafia − taquigr.

tarefa- tar.

teclado- tecl.

tecnologia − tec.

telefone − tel. (recomenda-se usar a palavra por extenso).

televisão − TV/telev.

temperatura − temp.

teologia − teol.

terminação − term.

termo(s), tomo(s) - t.

território federal − territ. fed.

tesoureiro- tes.

testemunha − test.

título, titular - tít.

tradução − trad.

transitivo − t./trans./transit.

transitivo direto − t.d.

transitivo indireto − t.i.

transporte- transp.

tratado − trat.

travessa- t., trav.

tribunal − trib.

trigonometria − trig.

trimestre − trim.

U

ubi infra (lugar abaixo mencionado) − u.i.

ubi supra (lugar acima mencionado) − u.s.

unidade − un.

universidade − univ.

urbano − urb.

uso externo − u.e.

uso interno − u.i.

Vvalor- vl.

veículo- veíc.

veja, você, verso, verba - v.

Velho Testamento – V.T.

vencimento- venc.

verbi gratia (por exemplo) − v.g.

verbo − v.

vestuário − vest.

visto − V.

vocabulário − voc.

vocativo − vocat.

vogal − vog.

volume, volumes - vol., vols.

Zzoologia − zool.

zoológico − zool.

Observações:

a) Não serão usadas abreviaturas em endereços. Escreve-se Avenida, Rua, Praça.

b) S. A. (e não S/A, para Sociedade Anônima).

2.12.3 Símbolos

São abreviaturas fixadas por convenções quase sempre internacionais.

Geralmente, não recebem ponto abreviativo, não admitem plural nem são

escritos com letra maiúscula: 200 g (200 gramas); 5 km (5 quilômetros); 2 min

(dois minutos).

1. alguns casos, no entanto, são escritos com letras maiúsculas: os símbolos

que se originam de nomes próprios: W (watt), N (newton); os prefixos gregos:

M (mega), G (giga), MHz (megahertz); os símbolos dos elementos químicos: O

(oxigênio), Au (ouro), Ag (prata); os símbolos dos pontos cardeais: N (norte), S

(sul), L (leste), O (oeste).

2. a representação das horas nunca deverá conter vírgula, pois esta é privativa

de decimal. Ex.: 16h15min, 16.15 e jamais 16,15h.

3. os símbolos das unidades de medida, com exceção das horas, devem ser

escritos depois do número a que se referem e não antes ou intercalados entre

a parte inteira e a parte decimal. Ex.: 34,5 km, 1,25 Kg, 35 mm e não

34km500m, 1kg250g, mm35.

4. os símbolos das unidades de ângulo plano são grafados como expoentes.

Ex.: 45°, 13°18’20”.

5. o símbolo do real é R$. Fica antes do número que indica a importância e

separado deste por um espaço. Se houver possibilidade de fraude, deve-se

escrever também por extenso.

6. recomenda-se observar espaço entre entre o número e o símbolo, exceto na

combinação de horas e minutos. Ex.: 10 cm, 22 m, 15 mm, 1.000 kW, 2 kg, 200

Kg, 2h30min, 23h.

7. pesos e medidas devem ser escritos por extenso, a não ser em tabelas e

gráficos (quilos, metros, hectares, acres etc.). Exceções: abrevia-se quilômetro

quando em referência a um ponto determinado de uma rodovia (“Os grevistas

bloquearam o tráfego no Km 345 da BR-103”) e peso e altura de pessoas

(90kg; 1,80m).

Símbolos mais comunsÂngulo plano° = grau

’ = minuto

” = segundo

Áreaa = are

ha = hectare

km² = quilômetro quadrado

m² = metro quadrado

Comprimentocm = centímetro

dam = decâmetro

dm = decímetro

hm = hectômetro

km = quilômetro

m = metro

mm = milímetro

Mn = miriâmetro

Dados digitais

b = bite

B = byte

GB = gigabyte

Kb = quilobite

KB = quilobyte

Mb = megabite

MB = megabyte

EnergiaJ = Joule

kcal = quilocaloria

KeV = quiloelétron-volt

kJ = quilojoule

KT = quiloton

KWh = quilowatt-hora

MeV = megaelétron-volt

Fluxo magnéticoG = Gaus

Mx = Maxwell

T = Tesla

Wb = Weber

Fluxo de massakg/s = quilograma por segundo

Forçakgf = quilograma-força

N = Newton

FrequênciaHz = hertz

kc = quilociclo

kHz = quilohertz

MHz = megahertz

Impedância elétricaW = ohm

Intensidade de correnteA = ampere

kA = quiloampere

mA = miliampere

Massacg = centigrama

dg = decigrama

g = grama

kg = quilograma

mg = miligrama

t = tonelada

Nível de potênciaB = bel

dB = decibel

Potênciacv = cavalo-vapor

KVAr = quilovar

kW = quilowatt

Var = var

W = watt

Pressãokb = quilobar

mb = milibar

mm Hg = milímetro de mercúrio

N/m² = Newton por metro quadrado

Quantidade de eletricidadeC = coulomb

kC = quilocoulomb

Temperatura Celsius°C = grau celsius

Tempod = dia

h = hora

min = minuto

s = segundo

Tensão elétricakVA = quilovolt-ampere

V = volt

Vazãom³/s = metro cúbico por segundo

Velocidadekm/h = quilômetro por hora

m/s = metro por segundo

m/s² = metro por segundo ao quadrado

Volumecm³ = centímetro cúbico

dm³ = decímetro cúbico

hl = hectolitro

kl = quilolitro

l = litro

m³ = metro cúbico

ml = mililitro

Pesos e Medidas

O jornalista Eduardo Martins escreveu o Manual de Redação e Estilo do Estadão. Reproduzo

ÁREA

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

Obs.:Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado em questão e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 hectares em acres, basta dividir 100 por 0,4046856224.

Acres 0,4046856224 Hectares

Acres 4046,8564224 Metros quadrados

Ares 0,0247105 Acres

Hectares 2,47105 Acres

Metros quadrados 1,19599 Jardas quadradas

Hectares 10.000 Metros quadrados

Alqueires mineiros 48.400 Metros quadrados

Alqueires do Norte 27.225 Metros quadrados

Alqueires paulistas 24.200 Metros quadrados

Braças quadradas 3,052 Metros quadrados

Braças de sesmaria 14.520 Metros quadrados

Quadras quadradas 17.424 Metros quadrados

PESO

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

(1) Também conhecidas como toneladas americanas.(2)Também conhecidas como toneladas britânicas.

PESO

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

Obs.: Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 quilos de aveia em bushels, basta dividir 100 por 14,51495.

Arrobas 15 Quilos

Bushels (trigo) 25,401168 Quilos

Bushels (milho) 25,401168 Quilos

Bushels (aveia) 14,51495 Quilos

Bushels (soja) 27,21553 Quilos

Bushels (farelo de soja) 27,21553 Quilos

Libras 0,4535923 Quilos

Onças 28,349 Gramas

Onças troy 31,10347 Gramas

Quilogramas 2.204,622 Libras

Toneladas 1.000 Quilos

Toneladas curtas (1) 907,19 Quilos

Toneladas longas (2) 1.016 Quilos

COMPRIMENTO

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

Obs.: Caso seja necessário qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 metros em jardas, basta dividir 100 por 0,9144.

Braças 1,8288 Metros

Jardas 0,9144 Metros

COMPRIMENTO

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

Metros 1,09361 Jardas

Metros 39,3701 Polegadas

Milhas náuticas 1.852 Metros

Pés 30,48 Centímetros

Polegadas 2,54 Centímetros

Quilômetros 0,621371 Milhas estatutárias

Milhas terrestres 1,609344 Quilômetros

Quilômetros 0,539957 Milhas náuticas

Palmos 22 Centímetros

VOLUME E CAPACIDADE

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

Obs.: Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 litros em galões, basta dividir 100 por 3,785.(1) Essa medida refere-se à capacidade, em litros, de um galão norte-americano. Há uma diferença entre este galão e o galão inglês em termos de volume: o galão norte-americano possui 3.785 centímetros cúbicos, enquanto o galão inglês possui 4.546 centímetros cúbicos (também chamado de galão imperial).

Barris (de petróleo) 0,1589872 Metros cúbicos

Barris (de petróleo) 158,98 Litros

Galões (1) 3,785 Litros

VELOCIDADE

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

Obs.: Caso seja necessário transformar qualquer medida da coluna da direita

VELOCIDADE

Multiplique o nº de Por Para obter o equivalente em

em unidade da coluna da esquerda, basta pegar o dado escolhido e dividi-lo pelo fator da coluna do meio. Ex.: para transformar 100 quilômetros por hora em milhas, basta dividir 100 por 1,609344.

2.14 Citação

O registro de uma informação extraída de outra fonte denomina-se citação,

que pode ser uma transcrição ou paráfrase. Estas podem ser diretas, quando

reproduzem o texto original, ou indiretas, quando reproduzem uma fonte

intermediária.

Normas gerais

a) Manter a fidedignidade às ideias do autor, se paráfrase, ou ao texto citado,

se transcrição, fazendo apenas a correção de erros de grafia. Na ocorrência de

outros erros, além dos de grafia, emprega-se a palavra latina sic (assim) entre

parênteses ou colchetes, ao final da citação ou logo após a palavra ou

expressão estranha ou errada, para indicar que está igual ao original:

“À unanimidade, negar provimento o (sic) recurso”.

O correto seria: À unanimidade, negar provimento ao recurso.

b) Usar aspas duplas no início e no final de transcrição e aspas simples em

transcrição inserida em outra (pode-se usar também o itálico para destacar).

c) Recuar, em relação à margem esquerda, e usar corpo menor que o do texto,

quando as transcrições tiverem três ou mais linhas. Quando se tratar de textos

de lei, recuar independentemente do número de linhas. Geralmente, o recuo é

de 4 cm. Deve-se usar espaço simples entre as linhas e um espaço duplo entre

a citação e os parágrafos anterior e posterior. Esse tipo de citação aparece

sem aspas, destacando-se do texto pelo posicionamento diferenciado e pela

utilização de tamanho de letra menor ou itálico.

d) As supressões feitas numa transcrição são indicadas por reticências entre

parênteses e os acréscimos ou comentários feitos pelo autor do texto, por

colchetes: “Segundo João Barbalho, a cláusula final do art. 28 resultara de uma

falha da redação, pois a emenda aditiva (...) dizia: representação das minorias

[e não da minoria] com mais propriedade e acerto”.

e) As citações podem vir introduzidas por expressões latinas, como: verbis, in

verbis, ipsis verbis (pelas mesmas palavras; textualmente) ou ipsis litteris

(textualmente; pelas mesmas letras): O Ministério Público Federal sintetizou de

forma coerente a questão. In verbis: (...)

f) No caso de matérias publicadas em colunas, como acontece em revistas e

jornais, mantêm-se apenas as aspas, dispensando-se o recuo e a composição

em corpo menor, independentemente da extensão das transcrições.

g) Caso se queira destacar algum termo ou expressão de uma citação direta,

utiliza-se destaque (negrito, itálico ou sublinhado) e, no final, acrescenta-se a

expressão assim “grifo nosso” ou “sem grifo no original”. Observe dois

exemplos:

Lopes (2005, p. 59) afirma que “princípio dispositivo, em sua concepção

radicional, significava que a iniciativa das alegações, pedidos e provas

pertencia exclusivamente às partes” (grifo nosso).

“O princípio dispositivo, em sua concepção tradicional, significava que a

iniciativa das alegações, pedidos e provas pertencia exclusivamente às

partes” (LOPES, 2005, p. 59, sem grifo no original).

h) Ao fazer citação em nota de rodapé, deve-se sempre vir entre aspas,

independentemente de sua extensão. Observe modelo:

No texto:

Num primeiro momento, reafirma a versão oficial de que o exército naquela

ocasião, como de costume, apenas patrulhou a cidade. Sem qualquer amparo

documental¹, vê-se vencida pelas evidências levantadas em pesquisa posterior.

No rodapé:1 Sua única fonte comprobatória é a seguinte: “Várias pessoas que moravam

em Francisco Beltrão, na época, afirmaram isso, inclusive Walter Pecoils e Luiz

Prolo, que eram da comissão” (Gomes, 1986, p. 104).

Normas para indicação da fonte

a) Indicar os dados necessários à identificação da fonte citada. Técnica bem

comum é o sistema autor-data em que a indicação é feita no corpo do texto,

logo após a citação, pela entrada grafada com inicial maiúscula (sobrenome do

autor ou nome da instituição responsável ou título da obra), seguida da data de

publicação do documento original e, se necessário, do número da página, da

seção, ou do capítulo referido. Observe exemplo:

Parece não haver mais dúvida de que “O pós-modernismo é o consumo da

própria produção de mercadorias como processo”. (Jameson, 1996, p. 14)

Em citações indiretas, geralmente emprega-se o nome do autor e a data antes

da paráfrase. Observe exemplo:

Num estudo recente, Barbosa (1998) questiona todos os pressupostos da

teoria do fim das narrativas mestras.

b) A citação de uma obra, quando feita pela primeira vez num texto, deve ter

sua referência completa. Se não houver intercalações de outras obras do

mesmo autor, as citações seguintes da mesma obra podem ser substituídas

pela expressão latina opus citatum (obra citada) na forma abreviada op. cit.,

após o nome do autor: MIRANDA, Jorge. Op. cit., p. 208.

c) A indicação de uma obra de mesmo autor, já referenciada em nota

imediatamente anterior, na mesma página ou em página não distante, faz-se

com a expressão latina, na forma abreviada, id. ibid. (mesmo autor e mesma

obra):

Na mesma página: Id. ibid. Em páginas diferentes: Id. ibid., p. 150.

d) Sendo obra diferente, porém de autor já referenciado em nota

imediatamente anterior, usa-se a expressão latina abreviada id. (mesmo autor),

acrescida do título e demais elementos de referência:

Id. Partidos e sistemas partidários. Brasília: Universidade de Brasília, 1982.

e) Na citação indireta, usa-se a expressão latina apud (da obra de, citado por,

conforme, segundo) e faz-se a indicação da obra consultada de forma

completa:

Apud REALE, Miguel. O sistema de representação proporcional e o regime

presidencial brasileiro. Estudos Eleitorais. Brasília: TSE, v. 1, n. 1, jan./abr.

1997. p. 110.

f) Citação de citação

Trata-se da menção a um documento a que não se teve acesso, mas do qual

se tomou conhecimento apenas por citação em outro trabalho. Só deve ser

usada no caso de absoluta impossibilidade de acesso ao documento original. A

indicação é feita pelo nome do autor original, seguido da expressão “citado por”

ou “apud” e do nome do autor da obra consultada, aparecendo somente o

nome deste nas referências bibliográficas.

Exemplo:

Segundo Hall e Stolcke, apud Lamounier (1984, p. 300), os fazendeiros, a partir

da metade do século, já supunham que a força de trabalho escrava teria que

ser substituída.

g) Tradução em citação

Textos em língua estrangeira podem ser citados no original ou traduzidos

(documentos legais devem coner a tradução obrigatoriamente). Neste último

caso, a expressão “trad. por” deve aparecer logo após a citação. Se a citação

mantiver o idioma original, a tradução feita pelo autor do trabalho deve

aparecer em nota de rodapé.

2.15 Referência

A referência pode aparecer: no rodapé, no fim de texto ou de capítulo, em

lista de referências e antecedendo resumos, resenhas e recensões. O título

deve ser destacado, de forma uniforme, em todas as referências de um mesmo

documento, utilizando-se negrito, itálico ou sublinhado. Essa regra não se

aplica a documentos sem indicação de autoria ou responsabilidade, que devem

ter a entrada pelo próprio título, com a primeira palavra escrita em letras

maiúsculas.

Modelos de referência

Incluem modelos de referências, exemplificados de acordo com o tipo de

suporte documental (livro, periódico, artigo de periódico, tese, CD-ROM, DVD,

filme, mapa, música, recursos eletrônicos).

Referência de material gráfico

Os elementos essenciais são: autor, título, edição, local, editora e data de

publicação, que devem constar, obrigatoriamente, na referência.

SOBRENOME, Nome (s) do(s) autor(es) (pessoa, entidade). Título. Edição.

Local de publicação: Editora, Data de publicação.

VERISSIMO, Luís Fernando. O analista de Bagé. 4ª ed. Porto Alegre: L&PM,

1992.

Os elementos complementares não são obrigatórios, mas, permitem identificar

melhor o documento. Pode-se incluir: tradutor, revisor, ilustrador, descrição

física (número de páginas, volume, tomo ou capítulo), dimensão, série, notas

especiais, ISBN ou ISSN.

SOBRENOME, Nome(s) do(s) autor(es) (pessoa, entidade). Título. Tradução.

Edição. Local de publicação: Editora, Data de publicação. páginas, volumes,

tomo ou capítulos. Série.

STEIN, Suzana Albornoz. O que é trabalho. 6. ed. São Paulo: Brasiliense,

2002. 103 p. (Coleção Primeiros Passos).

Observação: Mantém-se a ordem de apresentação empregada na publicação

em relação à ordem de entrada dos autores, seguido de ponto-e-vígula e do

nome do segundo (e demais autores, se for o caso)

Autor repetido

O autor de várias obras apresentadas sucessivamente deve ser

substituído, nas referências subsequentes à primeira, por um travessão

equivalente a cinco espaços.

WHATELY, Lígia. Alegria de Viver. São Paulo: Dasein, 1994,

_____. Permissão para ser mulher. São Paulo: Dasein, 1995.

Referência de um capítulo de livro quando o autor do capítulo não é o autor do livro.

SOBRENOME DO AUTOR DO CAPÍTULO, Prenome. Título do capítulo. In:

SOBRENOME DO AUTOR DO LIVRO, Prenome. Título do livro. Edição. Local:

Editora, data, Página inicial e página final do capítulo utilizado.

VIEIRA, José. A importância da linguagem jurídica. In: Linguagem jurídica em Portugal. 5ª. Lisboa: Lux, 2002, p. 38-42.

Referência de dissertações, teses e trabalhos acadêmicos

SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título. Local da publicação, ano,

número de páginas. Tipo de trabalho acadêmico. Institutição.

PAIVA, Denise. A psicologia nos contos de fadas. São Paulo, 2004, 98 p.

Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade de São Paulo.

Referência de Meio Eletrônico

A International Standards Organization (ISO) recomenda o seguinte padrão:

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título [tipo de suporte]. Edição, Local

de publicação: Editora, Data de publicação. Data de atualização ou revisão

(opcional). Disponibilidade e acesso. Data de acesso.

CARROLL, Lewis. Alice´s Adventures in Wonderland [on-line]. Dortmund,

Germany: WindSpiel, novembro 1994. Disponível em:

<//www.germany.eu.net/books/carroll/alice.html>. Acesso em: 27 de maio de

1991.

Percebe-se que a forma mais comum contém apenas os elementos essenciais:

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Ano. Endereço disponível.

Acesso.

BACON, Francis. Novum Organum. 2002. Disponível em:

<http://www.ebooksbrasil. org/eLibris/norganum.html>. Acesso em: 7 jan. 2009.

Referência de parte do material

Quando, numa obra, cada capítulo ou parte foi escrito por um autor(es)

diferente(s) e necessita-se referenciar apenas um capítulo ou uma das partes

(livros, folhetos, guias, catálogos, dicionários, trabalhos acadêmicos entre

outros), deve-se obedecer à seguinte ordem:

SOBRENOME, Nome (s) do(s) autor(es) (pessoa, entidade) do capítulo ou da

parte. Título do capítulo ou da parte. Expressão In: (que significa contido em).

SOBRENOME, Nome (s) do(s) autor(es). (pessoa, entidade (coordenador,

organizador, entre outros) da obra no todo. Título da obra no todo. Edição.

Local de publicação: Editora, data de publicação. paginação ou outra forma de

indicar a parte referenciada (volume, tomo ou capítulo).

VERGEIRO, Waldomiro. Publicações governamentais. In: Campello, Bernadete

Santos; Cendón, Beatriz Valadares; Kremer, Jeannette Marquerite (Org.).

Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte:

Universidade Federal de Minas Gerais, 2000. cap. 1, p. 111-128.

Referência de parte do material em Meio Eletrônico

Conflito entre tratados e leis. Disponível em: <http://www.puc-rio.br/direito

/pet_jur/textos/cafpattl.rtf>. Acesso em 21 jan. 2009.

Autoria de entidades coletivas

Sociedades, organizações, entidades e instituições podem ser autores, tendo

seus nomes escritos em maiúsculas. As unidades subordinadas são

mencionadas após o nome da instituição, separadas por ponto e com iniciais

maiúsculas. As entidades de natureza científica, cultural ou artística entram por

seu próprio nome. Os órgãos governamentais de função executiva, legislativa e

judiciária entram pelo nome do local de sua jurisdição. Exemplos:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA.

BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de Contabilidade.

Congressos e eventos assemelhadosCongressos, reuniões, simpósios, conferências e assemelhados têm entrada

pelo nome do evento, seguido de número, data (ano) e local, separados uns

dos outros por vírgula. Exemplos:

ENCONTRO BRASILEIRO SOBRE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA

HISTÓRIA, 1968, Nova Friburgo.

CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO,

10, 1979, Curitiba.

ColetâneasEm caso de coletâneas, existindo um editor, diretor, organizador ou compilador

responsável, em destaque na folha de rosto, efetuar a entrada por seu nome,

seguido da abreviatura da função editorial, na língua da publicação, com inicial

maiúscula, entre parênteses. Não havendo indicação de responsabilidade, a

entrada deve ser feita pelo título. Exemplos:

SIMONSON, H. P. (Ed.).

CADERMATORI, Lígia (Org.).

Tratados, acordos e similaresA entrada é feita pelo nome pelo qual o documento ficou conhecido, seguido da

data entre parênteses. Exemplos:

Tratado da Antartica (1959).

Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (1968).

Relatórios oficiaisA entrada é feita pelo nome da instituição, e não pelo autor do relatório. Não se

indica o nome da editora quando é o mesmo da entrada. No caso de relatórios

governamentais, a entrada inclui o nome do chefe de governo. Exemplos:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Relatório de atividades 1985.

Curitiba, 1986.

COMPANHIA VALE DO RIO DOCE. Relatório anual 1989. Rio de Janeiro,

1989.

PARANÁ. Governador (1857-1859 : Mattos). Relatório do presidente da

Província do Paraná Francisco Liberato de Mattos na abertura da Assembléa

Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1858. Curityba: Typ. Lopes, 1858.

Obras inéditasNo caso de trabalhos e documentos não publicados, devem ser seguidas as

normas para monografias, indicando-se a origem do documento (palestras,

notas de aula, cartas, etc.) logo depois de sua identificação pelo título.

Na citação de trabalhos inéditos, em fase de elaboração ou ainda não

publicados, deve-se fazer alusão a essa circunstância.

CARVALHO, José de Souza et al. Plano de urbanização do Morro do Pavão :

executado através de convênio TBAN/BCNF, 1978. Em fase de elaboração.

Partes de revistas e outros periódicosTranscrever o título da coleção em letras maiúsculas, seguido do título do

fascículo, suplemento ou número especial, local de publicação (quando houver

indicação), nome da editora, números do volume e do fascículo, precedidos

das respectivas abreviaturas (“v.” e “n.”) ou apenas da abreviatura n.

Acrescentar a data de publicação. Exemplos:

CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de

Janeiro: FGV, v. 38, n. 9, set. 1984.

CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores empresas do Brasil. Rio de

Janeiro : FGV, n. 38/9, set. 1984.

PESQUISA POR AMOSTRA DE DOMICÍLIO. Mão de obra e previdência. Rio

de Janeiro : IBGE, v. 7, l983.

Artigos e reportagens de revistas e outros periódicosDar a entrada pelo sobrenome do autor do artigo, em letras maiúsculas,

seguido do(s) prenome(s) e título do artigo. O título do periódico ou da revista

pode ser abreviado, devendo aparecer em itálico. Deve-se indicar o local de

publicação, salvo quando ele já estiver incluído no nome do periódico, os

números do volume e do fascículo precedidos das respectivas abreviaturas e

separados um do outro por vírgula. O número das páginas inicial e final são

transcritas após a abreviatura “p.” e ligados por hífen. A data é indicada pelo

mês ou meses extremos ou estação e pelo ano de publicação.

MOURA, Alexandrina Sobreiro de. Direito de habitação às classes de baixa

renda. Ciência & Trópico, Recife, v. 11, n. 1, p. 71-78, jan./jun. 1983.

Artigos e reportagens de jornalA referenciação segue as diretrizes válidas para o item anterior (artigos de

periódico), mas importa sobretudo indicar o dia da publicação do artigo. O local

só deve aparecer se já não estiver incluído no nome do jornal. Quando são

consultadas coleções inteiras, pode-se referenciar a coleção, dando entrada

pelo nome do jornal e indicando as datas extremas da coleção.

FERREIRA, Alcides. Plano Collor acelera o processo de fusões e compras de

empresas. Folha de S. Paulo, Caderno 2, 4 jun. 1990.

MIRANDA, Ruy. Anões que fazem gigantes. Gazeta do Povo, Curitiba,

Caderno 5, 3 jun. 1990.

Artigos de suplemento de jornalVILLAÇA, Antonio Carlos. Deus é relação de amor, Deus é amante do homem.

Minas Gerais, Belo Horizonte, 17 set. 1988. Suplemento literário, v. 22, n. 2206,

p. 8-10.

SIMÕES, João Manuel. Camilo, autor e personagem. O Estado de S. Paulo, 26

maio 1990. Cultura, v. 7, n. 512, p. 4-5.

Normas técnicas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Referências

bibliográficas, NBR 6023. Rio de Janeiro, 1989.

2.16 Referência de documentos jurídicos

Legislação

Constituição, emendas constitucionais, lei complementar, lei ordinária, medida

provisória, decretos, normas emanadas de entidades públicas e privadas (ato

normativo, portarias, resoluções, ordens de serviço, circular, entre outros).

JURISDIÇÃO (País, Estado ou Município). título. numeração, data e dados da

publicação.

Ato Normativo

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Ato nº 801, de 23 de dezembro de

2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Judiciário,

Brasília, DF, ano 146, n.1, p. 67, 2 jan. 2009. Seção 1, pt.1.

Código Civil

BRASIL. Código civil, Código de processo civil, Constituição federal. Organização por Anne Joyce Angher. 5. ed. São Paulo: Rideel, 2005. 1536 p.

(Mini 3 em 1).

Constituição

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5

de outubro de 1988. Colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia

Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 41. ed., atual. e ampl. São

Paulo: Saraiva, 2008. 368 p. (Saraiva de legislação).

Decreto

BRASIL. Decreto-Lei n° 1.413, de 14 de agosto de 19 75. Dispõe sobre o

controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. In:

MORAES, Luis Carlos Silva de. Curso de direito ambiental. São Paulo: Atlas,

2001. p.169-170.

Instrução Normativa

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de

Defesa Agropecuária. Instrução normativa n º41, de dezembro de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Judiciário, Brasília, DF,

ano 146, n. 1, p. 3-4, 2 jan. 2009. Seção 1, pt. 1.

Lei Ordinária

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.746, de 30 de março de 1989.

Dispõe sobre a composição e instalação do Superior Tribunal de Justiça, cria o

respectivo Quadro de Pessoal, disciplina o funcionamento do Conselho da

Justiça Federal e dá outras providências. In: ______. Superior Tribunal de

Justica. STJ – Superior Tribunal de Justiça: regimento interno. 2. ed. São

Paulo: Saraiva, 1992. p. 83-90.

Medida Provisória

BRASIL. Medida provisória nº 581, de 12 de agosto de 1994. Dispões sobre os

quadros de cargos de Grupo-Direção e Assessoramento Superiores da

Advocacia Geral da União. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, v. 132, n. 155, p. 12246, 15 ago. 1994. Seção 1, pt. 1.

Portaria

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Portaria nº 322 de 16 de abril

de 1998. Consulex: Leis e Decisões, Brasília, v. 2, n. 18, jun. 1998.

Resolução

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Executiva.

Departamento de Gestão dos Fundos de Investimentos. Resolução n º 37, de

29 de dezembro de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Judiciário, Brasília, DF, ano 146, n. 1, p. 32, 2 jan. 2009. Seção 1, pt. 1.

Jurisprudência

Súmulas, enunciados, acórdãos, sentenças e demais decisões judiciais.

JURISDIÇÃO (País, Estado ou Município) e órgão judiciário competente. Título

(natureza da decisão ou ementa). Número, partes envolvidas (apelante,

apelado, recorrente e recorrido, se houver). Relator, local data e dados da

publicação.

Acórdão

BRASIL. Tribunal Regional Federal (2. Região). Recurso em sentido estrito nº

2005.50.01.003452-8. Recorrente: Ministério Público Federal. Recorrido:

Wilson Nunes de Carvalho. Relator: Desembargadora Federal Liliane Roriz. Rio

de Janeiro, 14 de outubro de 2008. Revista IOB Trabalhista e Previdenciária,

Porto Alegre, ano 20, n. 234, p. 161-165, dez. 2008.

Súmula

BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Súmula nº 27, de 12 junho de1991.

Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao

mesmo negócio. In: BUSSADA, Wilson. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça: acórdãos de origem e sentenças decorrentes. 2. ed. São Paulo:

Jurídica Brasileira, 1995. v. 1. p. 492-500.

Doutrina

Qualquer discussão técnica sobre questões legais, publicada em artigos de

periódico, monografias, papers, entre outros, da área do Direito referenciado,

conforme o tipo de documento.

CAMPOS, Alexandra Santana; CAMPOS, Marcelo. A Lei de Execução Fiscal

após a as alterações do CPC: aspectos doutrinários e jurisprudenciais. Revista Tributária e de Finanças Públicas, São Paulo, ano 16, n. 82, p. 9-20, set./out.

2008.

CARMONA, Carlos Alberto. Ensaio sobre a sentença arbitral parcial. Revista de Processo, São Paulo, ano 33, n. 165, p. 9-28, nov. 2008.

Documento Jurídico em Meio Eletrônico

Decretos

BRASIL. Decreto nº 6.341, de 3 de janeiro de 2008. Dá nova redação a dispositivos do

Anexo I e altera o Anexo II, “a”, do Decreto nº 5.063, de 3 de maio de 2004, que

aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e

das Funções Gratificadas do Ministério do Trabalho e Emprego. Diário Oficial da União, Brasília, 4 jan. 2008. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6341.htm>.

Acesso em: 12 jan. 2009.

Leis

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.899, de 8 de janeiro de 2009. Institui o

Dia Nacional da Leitura e a Semana Nacional da Leitura e da Literatura. Brasília, 8 de

janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-

2010/2009/Lei/L11899.htm>. Acesso em: 15 jan. 2009.

Portarias

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 27, de 13

de janeiro de 1998. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 16 jan.

1998. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=97&

word=>. Acesso em: 29 set. 2008.

Resolução

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12, de 2 de

janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para

alimentos. Diário Oficial da União. Poder Executivo, de 10 de janeiro de 2001.

Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?

id=144&word=>. Acesso em: 13 jan. 2009.

Acórdãos

RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional do Trabalho (4. Região). Recurso Ordinário

nº 01682-2004-203-04-00-3. Recorrente: Pedro Eduardo Silveira Dutra da Silva.

Recorrido: Bimex Transportes Comercial Importadora e Exportadora Ltda. Relator: Juiz

Hugo Carlos Scheuermann. Porto Alegre, 8 de março de 2006. Disponível em:

<http://iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo. ExibirAcordaoRTF?

pCodAndamento=23266612>. Acesso em: 14 jan. 2009.

Súmulas

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 702. A competência do Tribunal de

Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça comum

estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de

segundo grau. Disponível

em:<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=702.NUME.

%20NAO%0.FLSV.&base=baseSumulas>. Acesso em: 13 jan. 2009.

Doutrina

SANTOS, Douglas Dall Cortivo dos. O recente posicionamento do Superior Tribunal de

Justiça e o reconhecimento da possibilidade de conversão do tempo de serviço

especial em comum após 28.05.1998. Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto

Alegre, n. 27, dez. 2008. Disponível em:

<http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao027/douglas_santos.html>. Acesso

em: 16 jan. 2009.

2.17 Expressões latinas em referências e citações

Apud: citado por, conforme, segundo. Emprega-se para indicar a fonte de

citação indireta (reprodução de texto de fonte intermediária).

Et alli ou et al: e outros.

Ibidem: no mesmo lugar, na mesma obra: Emprega-se para citar a mesma

obra referenciada imediatamente antes.

Idem: o mesmo, a mesma coisa; o mesmo autor, igual à anterior. Emprega-se

quando o autor é o mesmo da citação anterior.

Idem ibidem: o mesmo, no mesmo lugar. Emprega-se para citar o mesmo

autor e sua obra imediata e anteriormente antes referida.

Idem per idem: o mesmo pelo mesmo.

In: em; na obra de. Usa-se em citações extraídas de obras coletivas, seguida

por dois pontos e com inicial maiúscula.

In fine: no fim. Expressão usada sobretudo em citações.

In verbis: nestas palavras; textualmente.

Ipsis litteris: textualmente; pelas mesmas letras.

Ipsis verbis: pelas mesmas palavras.

Loco citato ou loc. cit.: no lugar citado. Emprega-se para mencionar a mesma

página de uma obra já citada, havendo intercalação de outras referências

bibliográficas.

Nota bene: note bem; observe bem. Serve para chamar a atenção para o que

se segue.

Opus citatum ou op. cit.: obra citada. Emprega-se para mencionar uma obra

já citada, quando há intercalação de diferentes referências bibliográficas, ou

quando o autor é mencionado no texto.

Passim: aqui e ali. Emprega-se quando é impossível mencionar todas as

páginas de

onde foram retiradas as ideias do autor. Neste caso, são indicadas as páginas

inicial e final, que contêm as opiniões e conceitos utilizados.

Sequentia: seguinte ou que se segue. Emprega-se quando não se deseja

mencionar todas as páginas da obra referenciada. Neste caso, indica-se a

primeira página, seguida da expressão et seq.

Sic: assim; como impresso. Usa-se entre parênteses ou colchetes, ao final de

uma citação ou inserida nela, e significa dizer que o original é assim mesmo,

por mais errado que esteja.

Sine loco: sem lugar.

Sine nomine: sem nome, sem editor. Abrev.: s. n.

2.18 Linha pontilhada

Em textos legais que modificam outros textos legais, usam-se linhas

pontilhadas para indicar a omissão de texto de caput, de parágrafo, de inciso,

de alínea ou de item de determinado artigo. Deve-se usar uma linha pontilhada

para indicar todo o texto suprimido, além da linha pontilhada que se segue ao

número do artigo modificado. Usa-se ainda uma linha pontilhada no final da

emenda se o artigo modificado não encerrar no texto emendado. Exemplos:

Emenda no caput:

Art. 1o O caput do art. 42 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 42. Durante 25 (vinte e cinco) anos, a União aplicará, dos recursos

destinados à irrigação:

.......................................................” (EC 43/04)

Emenda alterando partes do artigo:

Art. 1o Os arts. 48, 57, 61, 62, 64, 66, 84, 88 e 246 da Constituição Federal

passam a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 48. ..................................................................................................

...............................................................................................................

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas,

observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI - criação e extinção de

Ministérios e órgãos da administração pública;

.........................................................................”

“Art. 57. ...........................................................

§ 7o Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente

deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do

§ 8o, vedado o pagamento de parcela indenizatória em valor superior ao

subsídio mensal.

2.19 Maiúsculas ou minúsculas

O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa orienta o uso do emprego de

iniciais maiúsculas e minúsculas em nosso idioma da seguinte forma:

Usa-se inicial minúscula

a) ordinariamente, em todos os vocábulos da língua no uso corrente. 

b) nos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera. 

c) nas obras literárias e artísticas (após o primeiro elemento, que é com

maiúscula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos

nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O

senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho ou Menino de engenho, Árvore

e Tambor ou Árvore e tambor. 

d) nos usos de fulano, sicrano, beltrano. 

e) nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas); norte, sul (mas: SW

sudoeste). 

f) nos termos de reverência, tratamento e religioso (opcionalmente, neste caso,

também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário

Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena). Sabe-se que,

em órgãos públicos, indica-se a inicial maiúscula nas formas de tratamento por

respeito.

g) nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas

(opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português),

matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e

Literaturas Modernas). 

Usa-se inicial maiúscula

a) nos nomes próprios (reais ou fictícios): Pedro Marques; Branca de Neve, D.

Quixote. 

b) nos nomes próprios, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro;

Atlântida. 

c) nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor;

Neptuno/Netuno. 

d) nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e

Aposentadorias da Previdência Social. 

e) nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os

Santos. 

f) nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado

de São Paulo. 

g) nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente:

Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo

sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente,

por oriente asiático. 

h) em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente

reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em

maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O; Sr., V. Exa. 

i) opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou

hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros

públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos

(igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de

edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha). 

Observação:  As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não

obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de

códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica,

bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou

normalizadoras, reconhecidas internacionalmente. 

Merecem atenção na linguagem jurídica os seguintes casos:

Usa-se maiúscula:a) nomes de órgãos públicos, instituições militares, políticas e profissionais,

unidades administrativas, comissões oficiais, coligações, empresas privadas e

seus departamentos começam por maiúscula: Ministério Público da União,

Superior Tribunal de Justiça, Secretaria de Documentação e Informação,

Diretório Municipal do PSDB de Juiz de Fora, Prefeitura Municipal de São

Carlos, Juízo Eleitoral da 4ª Zona do Estado do Rio Grande do Norte,

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, Coligação Trabalho e

Moralização, Ministério Público.

b) simplificações de nomes de entidades ou instituições consagradas pelo uso:

Congresso por Congresso Nacional, Senado por Senado Federal, Câmara por

Câmara dos Deputados, Constituinte por Assembleia Nacional Constituinte,

Supremo por Supremo Tribunal Federal.

c) nomes designativos de cargos antepostos à autoria de atos oficiais e

pospostos à assinatura deles: O Diretor-Geral da Secretaria do Supremo

Tribunal Federal, no uso de suas atribuições (...).

d) nomes pelos quais as leis tornam-se conhecidas: Código Civil, Código

Eleitoral, Lei Áurea.

e) palavras empregadas em sentido especial, como:

• casa, significando local destinado a reuniões de interesse público: O

deputado encontra-se na Casa para votar.

• constituição, no sentido de lei fundamental e suprema de um país e demais

sinônimos: Constituição de 1988, Carta Magna, Lei Fundamental.

• corte, no sentido de tribunal: Esta Corte tem posição definida sobre o assunto.

• estado, no sentido de nação politicamente organizada: O Estado

responsabilizou-se pelo desaparecimento de presos políticos.

• estado e município, no sentido, respectivamente, de unidade da Federação e

circunscrição administrativa autônoma de um estado, seguidos dos nomes: o

Estado de Minas Gerais, o Município de Luziânia; mas, o município elegeu um

deputado.

• federação, no sentido de união política entre as unidades federativas,

relativamente autônomas, que se associam sob um governo central: O projeto

visa ao fortalecimento da Federação.

• igreja, no sentido de instituição: A Igreja é contra o aborto.

• império, república, monarquia, no sentido de regime político, período histórico

ou quando equivaler à palavra Brasil: No Império houve muitas insurreições.

• justiça, no sentido de Poder Judiciário ou de seus ramos: A Justiça começa a

se modernizar. Isso é da competência da Justiça Eleitoral.

• leis, projetos, acórdãos, resoluções etc. acompanhados dos respectivos

números: Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, Mandado de Segurança 112,

Of. 10. A inicial deve ser maiúscula com nome de leis ou normas políticas e

econômicas consagradas pela importância de que se revestem: Lei de

Diretrizes e Bases da Educação, Lei Áurea, Lei Afonso Arinos, Lei Antitruste,

Código Civil, Lei de Responsabilidade Fiscal.

• mesa, no sentido de conjunto do presidente e dos secretários de uma

assembleia: A Mesa do Senado posicionou-se a favor das medidas.

• plenário, no sentido de assembleia ou tribunal reunido em sessão: O Plenário

da Câmara rejeitou a proposta do governo.

• união, no sentido de reunião de estados relativamente autônomos, mas

subordinados a um governo central; governo federal: Cabe à União tomar

medidas para o caso.

f) início de citação direta: Diz o Código Eleitoral: “São eleitores os brasileiros

maiores de 18 anos [...]”; emprega-se minúscula em citações não coincidentes

com início de frase: A lei diz: “[...] a critério do juiz ou do Tribunal”.

g) pronomes de tratamento são iniciados com maiúscula no encaminhamento,

no endereçamento, no vocativo, nos atos normativos: Excelentíssimo Senhor

Presidente, Vossa Excelência, Magnífico Reitor, Senhor Governador, Senhor

Diretor etc. Os cargos, dignidades, postos, tratamentos e profissões, mesmo

que venham determinados, escrevem-se com inicial minúscula no interior do

texto: professor Celso Cunha, governador Olívio Dutra, diretor-geral Pedro

Alcântara.

h) nomes próprios de eras históricas e épocas notáveis Exemplos: Hégira,

Idade Média, Quinhentos (o século XVI), Seiscentos (o século XVII). Essa regra

não se aplica à palavra século, grafada com inicial minúscula sempre que não

iniciar período.

i) nomes de tributos, acordos, cartas e declarações internacionais Exemplos:

Imposto Sobre Produtos Industrializados, Taxa de Limpeza Urbana, Convenção

Americana de Direitos Humanos, Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,

Sociais e Culturais, Carta das Nações Unidas, Declaração Universal de Direitos

Humanos.

j) fatos históricos e importantes, de atos solenes e de grandes

empreendimentos públicos. Exemplos: Centenário da Independência do Brasil,

Descobrimento da América, Questão Religiosa, Reforma Ortográfica, Acordo

Luso-Brasileiro, Exposição Nacional, Festa das Mães, Dia do Município.

l) nomes de escolas de qualquer espécie ou grau de ensino Exemplos:

Faculdade de Filosofia, Escola Superior de Comércio, Ginásio do Estado,

Colégio de Pedro II, Colégio Marista de Brasília, Instituto de Educação, Grupo

Escolar de Machado de Assis.

Recomendações com inicial maiúscula na linguagem jurídica

Assembleia Legislativa

Assembleia Nacional Constituinte

Câmara Federal

Câmara Municipal

Carta (Constituição)

Carta Magna (Constituição)

Carta Política (Constituição)

Casa (Poder)

Casa Legislativa

Chefe da Nação

Chefe do Executivo

Chefe do Governo

Congresso Nacional

Constituição Federal

Corte Suprema

Decreto-Lei (quando especificado)

Desembargador (quando especificado)

Direito (ciência)

Estado (nação politicamente organizada; unidade federativa seguida do nome)

Estado-Administrador

Estado de direito (o governo juridicamente limitado)

Estado-Juiz

Estado-Legislador

Estado-Membro

Exército

Executivo (Poder)

Federação (união política dos Estados)

Forças Armadas

Governador

Judiciário (Poder)

Juiz (quando especificado)

Juízo estadual

Juízo federal

Justiça estadual

Justiça do Trabalho, Eleitoral, Militar

Justiça Federal

Legislativo (Poder)

Lei (quando especificada)

Lei estadual

Lei federal

Lei Maior (Constituição)

Lei municipal

Medida Provisória (quando especificada)

Memorando (quando especificado)

Mesa (do Senado, da Câmara)

Ministério da/do...

Ministério Público

Ministro (quando especificado)

Município (quando seguido do nome)

Nação (referindo-se ao Brasil)

Ofício (quando especificado)

País (referindo-se ao Brasil)

Pátria (referindo-se ao Brasil)

Prefeitura Municipal (quando especificada)

Presidência da República

Presidente (quando especificado)

Procurador (quando especificado)

Projeto (quando estiver designado)

Regimento Interno (quando especificado)

Regulamento (quando especificado)

Resolução (quando especificada)

Tesouro Nacional

Tribunal ad quem

Tribunal a quo

Tribunal de Alçada (quando especificado)

Tribunal de Justiça (quando especificado)

Tribunal Superior (quando especificado)

União (associação dos estados federativos)

Usa-se minúscula

a) substantivo que designa a espécie de acidente geográfico e obra civil

Exemplos: oceano Atlântico, mar Mediterrâneo, rio Amazonas, baía de

Guanabara, cordilheira dos Andes, vale do Paraíba, deserto do Saara, gruta de

Maquiné, ilha do Bananal, floresta da Tijuca, lago Paranoá, canal de Suez,

ponte Rio–Niterói, viaduto do Chá, aeroporto de Cumbica, usina de Itaipu,

rodovia BR-116 (Rio–Bahia), estrada Rio–Petrópolis, túnel Rebouças, porto de

Santos, barragem de Sobradinho.

b) epítetos dos topônimos, nas preposições que os relacionam no espaço, bem

como nos adjuntos que lhes delimitam a extensão ocasional em que são

tomados Exemplos: alto Amazonas, médio São Francisco, baixo Tapajós, além

Atlântico, aquém Andes, Brasil meridional. Quando tais elementos se

incorporam aos topônimos, fazendo parte de seu nome oficial ou de nome

consagrado pelo uso, grafam-se com inicial maiúscula: Recôncavo Baiano,

Pantanal Mato-Grossense, Oriente Médio, Trás-os-Montes, África Equatorial

Francesa, Coreia do Sul, Planalto Central, Baixada Fluminense, Mata Atlântica,

Floresta Amazônica. Também as zonas geoeconômicas do Nordeste e as

designações de ordem geográfica ou político-administrativa são grafadas com

maiúscula: Meio-Norte, Zona da Mata, Agreste, Sertão, Amazônia Legal,

Polígono das Secas, Triângulo Mineiro. Porém, quando se trata de adjetivo

qualificativo, e não de designativo oficial, grafam-se com inicial minúscula:

região amazônica, floresta atlântica, hileia amazônica, costa atlântica.

c) nos seguintes termos quando não estiverem no início do período: trópico,

hemisfério, pólo, continente, meridiano, paralelo, equador, latitude, longitude,

círculo polar ártico e antártico, etc.

d) moeda: real, dólar, franco, peso, marco, libra. O real está de cara e coroa

novas. Atenção: quando se fala do Plano Real, está-se falando de nome

próprio; nesse caso, usa-se inicial maiúscula: O (Plano) Real estabilizou a

economia.

e) artigos definidos e indefinidos, pronomes relativos, preposições, conjunções

e advérbios e suas locuções, bem como em combinações e contrações

prepositivas, quando no interior de substantivos próprios: Ministério do

Trabalho, Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento,

Imposto sobre Serviços.

f) nomes próprios quando empregados no plural, exceto os nomes e

sobrenomes de pessoas: tribunais regionais eleitorais, os estados da

Federação; mas os Rodrigues, os Josés, os Andradas.

Recomendações com inicial minúscula na linguagem jurídica

administração pública

erário

fisco

governo estadual

governo federal

governo municipal

nomes das partes no processo (requerente, requerido etc)

poder público

primeira/segunda instância

primeiro/segundo grau

relator

2.20 Números

Cardinais em algarismos

a) quantias, grandezas e medidas: R$ 10,00, 25kg, 30m.

b) horários: 8h35min20s.

c) datas, décadas e decênios: A reunião realizou-se no dia 20 de agosto de

1998 (exceto o primeiro dia do mês, que deve ser grafado em ordinal).

Publicado no DJ de 24-5-96. Década de 60.

d) endereços: Rua 15 de Novembro, Casa 7.

e) páginas e folhas de publicações: página 23, folha 14.

f) porcentuais: 30% dos votantes.

g) idade: Ele tem 45 anos.

h) artigos e parágrafos de lei a partir do número 10: art. 10, art. 25.

i) contagem de votos e indicação de penas e prazos processuais: Foram

computados 5 votos a favor e 3 contra; O réu foi condenado a 15 anos de

reclusão; A parte tem 5 dias para juntar o documento aos autos.

j) frações: Ele ainda não cumpriu 1/5 da pena; No homicídio culposo, a pena é

aumentada em 1/3 se o crime resulta de inobservância de regra técnica de

profissão, arte ou ofício.

l) páginas e folhas de publicação: pág. 23, fl. 15.

m) tabelas, gráficos e mapas.

Observação: As centenas se separam por ponto, exceto em anos e

endereços:53 1.234.567.890; 1822; 2003; Av. Brasil, 1240, ap. 1402, Caixa

postal 23683, CEP 70160-900.

Ordinais em algarismos

a) zonas, sessões, distritos e regiões: 15ª Zona Eleitoral, 1º Distrito.

b) primeiro dia do mês: Hoje é 1º-4-99.

c) artigos e parágrafos de leis, decretos etc. até o número 9: art. 1º, art. 9º.

d) numerais antecedendo substantivos: 3º capítulo, 5º andar.

Observação: Por brevidade, trocam-se os ordinais pelos cardinais: trigésima

primeira folha por folha trinta e um, primeira casa por casa um. Nesse caso,

usam-se os cardinais sem flexão de gênero e de número por ficar subentendida

a palavra número: A prova encontra-se a folhas nº 22 do processo, significando

que ela se encontra na 22ª folha do processo. Se houver mais de um número

de folha, a regra é a mesma: a folhas nº 22 e 25.

e) Quando o ordinal é de dois mil em diante, a tradição orienta que o primeiro

numeral deve ser cardinal: a 2.132ª pessoa (a duas milésima centésima

trigésima segunda pessoa); a 4.245ª inscrição (a quatro milésima ducentésima

quadragésima quinta inscrição). No entanto, há uma tendência moderna de

preferir o primeiro numeral também como ordinal: a 2.132ª (a segunda

milésima); a 4.245ª inscrição (a quarta milésima).

Algarismos romanos

a) nomes de papas, soberanos: Papa João Paulo II, Luís XV.

b) dinastias reais: II Dinastia.

c) séculos: século XX.

d) divisões das Forças Armadas: I Comando do Exército, IV Distrito Naval.

e) congressos, seminários, simpósios e eventos correlatos: V Bienal do Livro.

f) partes de uma obra: Título III, Capítulo II, Seção I.

g) incisos de leis: inciso V.

Observação: Quando o algarismo romano vier após o nome, até o X, lê-se

como ordinal e, a partir daí, como cardinal: Século III (lê-se século terceiro);

século XII (lê-se século doze). Vindo antes do nome, lê-se como ordinal: XII

Bienal (lê-se décima segunda bienal).

Para fins de leitura, os algarismos romanos de I a X são tidos por ordinais,

estejam eles antepostos ou pospostos ao termo que qualificam. Já a partir do

XI, eles só recebem tal leitura se antepostos: século I (século primeiro) ou I

século (primeiro século) século X (século décimo); mas século XI (século onze)

ou XI século (décimo primeiro século); XX Salão do Automóvel (vigésimo); IV

Bienal do Livro (quarta).

Na redação legislativa, entretanto, o número dez é sempre cardinal,

independentemente de aparecer sob a forma de algarismo arábico ou romano:

art. 10 (artigo dez), inciso X (inciso dez).

Grafia por extenso

Normalmente escrevem-se por extenso:

a) os cardinais e ordinais de um a dez, cem e mil: três dias, segundo turno,

cem pessoas; Se houver números acima e abaixo de 11 na mesma frase,

prefira os algarismos: Chegaram 3 revistas e 22 questionários.

b) escrevem-se por extenso os numerais cardinais e ordinais representados por

uma só palavra (simples); mantém-se o numeral se formado por mais de uma

palavra (composto): Tivemos duas aulas de inglês; Hoje julgaram cinco casos

de homicídio; As 23 pessoas concursadas serão empossadas na próxima

semana; Já foram registrados 53 casos de dengue em Brasília; Este é o

primeiro mês de verão; Participaremos do 15º aniversário da empresa.

c) os cardinais e ordinais em início de frases: Trinta e dois votos foram

anulados.

d) os fracionários, quando os dois elementos estiverem entre um e dez: três

quintos dos votos; mas empregam-se algarismos nos demais casos: 1/12 dos

eleitores.

Observação: A Lei Complementar 95, de 26 de fevereiro de 1998, em seu art.

11, II, f, determina que se deve grafar por extenso quaisquer referências feitas,

no texto legal, a números e porcentuais.

Grafia mista

Usa-se grafia mista (algarismos e por extenso) na classe dos milhares, se não

houver número na classe inferior: 32 mil votos. Caso contrário, empregue

apenas algarismos: 32.420 votos. A partir da classe dos milhões, há dois

procedimentos, se não houver número na classe inferior:

a) 15 milhões e 438 mil eleitores; R$ 4 bilhões.

b) 15,4 milhões de eleitores (com aproximação do número fracionário). Caso

haja número nas classes inferiores, empregam-se apenas algarismos:

15.438.302 eleitores.

c) Quando o quantitativo está expresso de forma sintética, usa-se a vírgula

para separar casas: 2,7 milhões de reais (não: 2.7 milhões); 1,250 bilhão de

dólares (não: 1.250 bilhão).

Observações:

1. Emprega-se o ponto para separar as classes dos numerais: 3.004.987.

Exceções: ano e CEP: janeiro de 1998, CEP 70833-060.

2. Nas datas, separam-se o dia, o mês e o ano por ponto separativo, sem zero

à esquerda de 2 a 9: 3.5.98. O primeiro dia do mês deve ser ordinal. Em

formulários e casos de uso técnico estabelecido e os já consagrados pelo uso,

como, por exemplo, resultados de loteria (ex.: 02-05-08-32-46-49) e numeração

de processos e assemelhados (ex.: fls. 01 a 09) pode-se colocar o zero antes.

3. Milhão, bilhão, trilhão etc. variam em número: três milhões, oito bilhões, mas

1,2 milhão.

4. O número (em algarismo), quando em final de linha, não deve ser dividido

em textos jurídicos.

5. Na indicação de quantia, grandeza, medida ou horário, não se usa espaço

entre os numerais e os símbolos ou abreviaturas: 2h35min15s, 80km.

Números cardinais compostos

A escrita do cardinal, conforme sua composição, faz-se da seguinte maneira:

a) dois algarismos: põe-se a conjunção e entre os algarismos: 86 => oitenta e

seis.

b) três algarismos: põe-se a conjunção e entre cada um dos três: 654 =>

seiscentos e cinquenta e quatro.

c) quatro algarismos: omite-se a conjunção e entre o primeiro algarismo e os

restantes: 4.455 => quatro mil, quatrocentos e cinquenta e cinco. Se o primeiro

algarismo da centena final for zero, aparecerá então o e: 3.048 => três mil e

quarenta e oito. Aparecerá ainda o e quando os dois últimos ou os dois

primeiros da centena forem representados por zeros: 1.400 => mil e

quatrocentos; 1.001 => mil e um; R$ 4.005,28 => quatro mil e cinco reais e

vinte e oito centavos.

d) de vários grupos de três algarismos: omite-se o e entre cada um dos grupos:

3.444.225.528.367 => três trilhões, quatrocentos e quarenta e quatro bilhões,

duzentos e vinte e cinco milhões, quinhentos e vinte e oito mil, trezentos e

sessenta e sete.

e) Devem-se repetir as ordens de grandeza, mesmo quando na leitura a

primeira delas é comumente omitida: Compareceram à convenção entre 4 mil e

5 mil pessoas (na leitura comum: entre quatro e cinco mil pessoas). O

Município tem de 100 mil a 120 mil habitantes (na leitura comum: de cem a

cento e vinte mil habitantes). A inflação ficará entre 2% e 3,5% (na leitura

comum: entre dois e três e meio por cento).

6. Os números 1 e 2 e as centenas a partir de 200 variam em gênero, o que

exige atenção na hora de ler ou escrevê-los por extenso: 200.352 UFIRs =

duzentas mil trezentas e cinquenta e duas UFIRs; 435.891 ações preferenciais

= quatrocentas e trinta e cinco mil oitocentas e noventa e uma ações

preferenciais.

7. Concordância: milhão, bilhão, trilhão são masculinos: 1,5 milhão de pessoal

(lê-se um milhão e quinhentas mil pessoas); 2,6 bilhões de crianças (lê-se dois

bilhões e seiscentos milhões de crianças); 2,5 mil eleitoras (lê-se duas mil e

quinhentas eleitoras).

Tabela comparativa de números (incluir anexo 2)

7.3 SIGLAS

As siglas devem ser grafadas conforme as regras aqui

Grafia dos numerais em discursos

Na hipótese da elaboração de discursos e outros textos destinados à leitura em

voz alta, a grafia dos numerais é balizada, sobretudo, pelo critério da melhor

visualização para o leitor/orador. Por isso, adota-se com mais frequência a

apresentação algébrica dos numerais, embora também seja comum o emprego

de combinações, como a que ocorre em “10 mil e 300 pessoas”.

Grafia dos numerais em textos técnicos

No caso de textos técnicos (estudos, pareceres ou notas técnicas), a grafia dos

numerais deve observar uma série de regras, diferentemente do que acontece

nas hipóteses anteriores. Assim:

a) não se inicia período com algarismo arábico, devendo o número ser grafado

por extenso, independentemente de ser cardinal ou ordinal Exemplos:

Dezesseis anos era a idade da moça que trazia o céu nos olhos. Sexagésimo

aniversário da fundação da escola era a comemoração do dia.

b) grafam-se por extenso os numerais expressos num único vocábulo e em

algarismos aqueles que exigem mais de uma palavra para serem veiculados

Exemplo: Mais de quinhentas pessoas compareceram à cerimônia de posse do

Presidente da República, mas apenas 250 tinham sido convidadas. Destas,

apenas vinte representavam Estados estrangeiros.

Observações:

A mesma regra é válida para as percentagens, utilizando-se a expressão “por

cento” ou o símbolo “%” conforme o numeral seja veiculado por uma ou mais

palavras: quinze por cento, cem por cento, 42%, 57%. O símbolo, entretanto,

deve vir grafado imediatamente depois do algarismo, sem qualquer espaço em

branco.

Para maior garantia, os valores monetários devem ser expressos em

algarismos seguidos da indicação da quantia, por extenso, entre parênteses:

R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Se o valor mencionado estiver localizado

no final da linha, não o separe: coloque o cifrão em uma linha e o numeral na

seguinte.

c) nenhum numeral leva hífen, salvo postos e graduações da hierarquia militar

e da diplomacia Exemplo: Dois servidores deixaram de receber o adiantamento

do 13° salário em junho: o 2º -tenente responsável pela segurança do prédio,

Sr. Antônio Leite, e o 1º--secretário responsável pela chefia do cerimonial, Sr.

Camilo Marques.

e) tanto gráficos, gravuras, ilustrações, fotografias, figuras, esquemas, tabelas

e quadros constantes dos textos, como idades, datas, escores de jogos,

vereditos e contagem de votos devem ser numerados com algarismos arábicos

Exemplos: A Tabela 5 mostra a evolução da taxa de mortalidade nos últimos

meses. Marcelo tem 30 anos. No plebiscito, foram 200 votos contra a reeleição

e 100 a favor dela. O Júri absolveu-o por 4 a 3.

Observações:

Em tais casos, não se aplica a regra referida na letra “b”.

Lembre-se, porém, que o decurso de tempo será sempre grafado por extenso:

Marcelo nasceu há trinta anos; A reunião durou duas horas e meia.

f) nas datas escritas por extenso, indicam-se o dia e o ano em algarismos

arábicos e o mês pelo nome correspondente. Nas abreviadas, os três

elementos são expressos em algarismos arábicos e aparecem separados por

hífen ou barra Exemplos: 14 de março de 1997; 5 de julho de 1995; 12 de

outubro de 1984; 1º de maio de 1999; 13-12-41; 27/1/92.

Observações:

Não se utiliza o zero à esquerda dos numerais que indicam dia e mês nem se

usa ponto para separar os algarismos que expressam ano.

O primeiro dia do mês – ao contrário dos demais que são expressos na forma

cardinal – é sempre indicado pela abreviatura do número ordinal: 1º/11/98, 1º

de fevereiro de 1915; 1º-1-2000.

Não se utiliza a forma abreviada da data quando só se faz referência a ano ou

a mês e ano: 1980; 2001; agosto de 1937; janeiro de 1989; junho de 1891; abril

de 1713.

g) embora sejam minoria, alguns numerais estão sujeitos à flexão de número e

gênero, desde que não apareçam substantivados Exemplo: Refiro-me à

procuração que se encontra a folhas trinta e duas.

h) as frações são invariavelmente indicadas por algarismos numéricos se

decimais, mas também podem ser escritas por extenso quando ambos os

elementos designados estão entre um e nove Exemplos: 0,3; 12,75; 4/12; 7/25;

5/6; dois terços; um quarto.

i) Quando o verbo vier anteposto ao número percentual, a concordância

também será feita com tal número: Estão perdidos 50% da mercadoria; Está

perdido 1% da mercadoria; Foi recuperado apenas 1% dos documentos.

2.21 Itálico ou negrito

Os textos comumente vêm impressos em letras do tipo redondo, mas,

quando se quer chamar a atenção do leitor para certas palavras, expressões

ou partes de um texto, usam-se tipos ou cores diferentes, como o itálico ou o

negrito.

Itálico

Diz-se do tipo inclinado para a direita (letras inclinadas). Usa-se em:

a) estrangeirismo: O Brasil conheceu o two-party system durante a ditadura,

com a Arena e o MDB.

b) expressões latinas: data venia; habeas corpus; opportuno tempore.

c) palavras ou expressões não características da linguagem de quem escreve,

como arcaísmos, expressões populares, gírias, neologismos: Fugiam do tira.

d) palavras ou partes de texto que se pretende destacar: O veto é uma forma

de participação do Executivo na elaboração das leis.

e) títulos de obras, jornais, revistas: Estas ideias estão em As democracias

contemporâneas, de Arend Lijphart. Li no Correio Braziliense a reportagem. A

revista Veja publicou o assunto.

f) nomes de instituições estrangeiras: O Empire State Building voltou a ser o

mais alto edifício de Nova Iorque após a destruição do World Trade Center.

g. nomes científicos de Botânica, Zoologia e Paleontologia: Coffea arabica,

Carica papaya, Felis catus, Panthera leo, Homo sapiens, Homo erectus

(apenas o primeiro nome em maiúscula).

Negrito

Diz-se do tipo mais cheio, de cor acentuadamente mais forte que o normal,

usado em cabeças de verbetes, em várias partes de obras impressas, como

títulos, capítulos, ementas de acórdãos, etc. O negrito e o sublinado são

utilizados para realce de palavras e trechos e em títulos e subtítulos. Devem,

no entanto, ser empregados com muito critério, pois o uso abusivo para realçar

palavras e trechos dentro de um texto, além de poluir a página visualmente,

tira-lhes o efeito de destaque.

Votante. Que ou quem vota (verbete).

TÍTULO VI – Da Disciplina Partidária.

2.22 Referência a folhas

A expressão provoca dúvida, pois encontramos de formas diversas no

serviço público. As mais comuns são: “à folha 27”, “a folhas 27”, “as folhas 27”,

“às folhas 27”. Autores afirmam que a expressão foi variação da locução “a

certa altura”. Por isso mesmo, as formas adequadas são a duas primeiras: “à

folha 27” ou “a folhas 27”. Napoleão Mendes de Almeida afirma que na

linguagem forense se diz “a folhas vinte e duas” – significa “a vinte e duas

folhas do início do trabalho”. Também a expressão “a páginas vinte e sete”

segue este princípio. Em relação ao assunto ainda, a forma abreviada deve ser

escrita assim:

- a fls. 27;

- à fl. 27;

- a fls. 27 e 28;

- às fls. 27 e 28;

- a fls. 27 a 32;

- às fls. 27 a 32.

Inadequado está o uso do plural para indicar apenas uma folha ou página.

Inadequado também é o uso da expressão sem a referida folha ou página.

Conforme os dados descritos a fls. citada, confirmo a decisão (inadequado).

Quando se faz referência à citação de folha ou página numerada, a

preposição deve ser acompanhada do artigo definido.

Conforme se lê à fl. 15.

Conforme se lê às fls. 12 e 13.

Conforme se lê às fls. 12 a 18.

Segundo consta da/na fl. 27 do processo.

Segundo consta nas fls. 27 e 28 do processo.

Segundo consta nas fls. 27-45 do processo.

Observação: é erro a construção “consta à fl.27”, por exemplo, pois o verbo

constar, no sentido de estar documentado, pede a regência da preposição “em”

ou “de”.

2.23 Anexos, tabelas, gráficos, quadros

Anexos

Documentos que acompanham e complementam a correspondência

principal.

Recomendações:

1. Os anexos podem ser designados por algarismos arábicos ou por letras

maiúsculas;

2. Se houver apenas um anexo, dá-se a ele o nome de Anexo único. Se houver

vários, no primeiro escreve-se Anexo nº 1 e no último, Anexo nº x e último.

3. Quando se faz referência a alguma página de um anexo, procede-se da

seguinte forma: Anexo 1/2 (que significa anexo nº 1, página 2); Anexo 9/3 (que

significa anexo nº 9, página 3); Anexo nº x e último/5 (que significa anexo nº x e

último, página 5).

4. Quando são vários anexos, no texto do documento principal deve-se

mencionar a quantidade. Ex.: Anexos: 6., o que indica que há seis anexos no

total.

5. Havendo apenas um anexo, escreve-se no texto principal o nome do anexo.

Ex.: Anexas: Notas promissórias.

6. Observe-se rigorosamente a concordância nominal. Ex.: Anexas: notas

promissórias; Anexos: documentos assinados; Anexa: guia de recolhimento;

Anexo: pedido assinado.

7. Não utilize a expressão em anexo.

Uso de tabelas, gráficos e quadros

Tabelas, gráficos, figuras e quadros organizam as informações em ordem

lógica e tornam as comparações mais fáceis e acessíveis ao leitor, além de

economizarem espaço. Assim, servem para ilustrar e agilizam o entendimento

da informação.

Recomendações:

1. As tabelas, figuras ou ilustrações contidas em um documento devem ser

intercaladas no texto, logo após serem citadas pela primeira vez, e numeradas

em algarismos arábicos, sequencialmente.

2. Nas tabelas os títulos vêm acima; nas figuras, abaixo.

3. Evite abreviar palavras dentro de gráficos, tabelas e quadros.

4. As legendas internas devem obedecer a um padrão. Prefira a letra maiúscula

apenas no início da primeira palavra.

5. As palavras figura, quadro, anexo e tabela, no texto, quando seguidas de

numeração, devem ser grafadas com a letra inicial maiúscula. Ex.: Figura 2.1;

Quadro 5.7; Tabela 3.3

6. Somente a primeira palavra da legenda terá letra inicial maiúscula. Após a

numeração não se usa o ponto. Ex.: Figura 2.1 Números de computadores.

7. Não se destacam as palavras figura, quadro e tabela nas legendas. Os

números são separados por ponto e a legenda vem em itálico. Ex.: Figura 2.1

Número de computadores; Quadro 3.2 Consumo de energia.; Tabela 4.4

Servidores exonerados.

8. Após toda e qualquer legenda, coloque o ponto final.

9. Não abrevie as palavras figura, tabela, quadro e anexo no texto ou na

legenda.

2.24 Moedas e valores

Usa-se o símbolo da moeda para o real (R$) e para o dólar americano (US$),

exceto quando o valor estiver incluso em uma declaração: “A dívida do estado

é de 20 bilhões de reais”. Para as moedas dos demais países e para as

brasileiras já extintas, a grafia deve ser sempre por extenso: 20 marcos

alemães, 2 mil ienes, 5 dólares canadenses, cruzeiros (Cr$), cruzados (CZ$),

cruzados novos (NCz$). Não esquecer o espaço entre o símbolo e o valor: R$

200.

2.25 Cargos e funções

Os cargos devem ser grafados sempre com iniciais maiúsculas e no masculino

singular: Advogado-Geral da União, Chefe de Gabinete, Corregedor-Geral da

Justiça Federal, Deputado Federal, Desembargador, Diretor-Geral,

Governador, Juiz Federal, Ministro de Estado da Cultura, Ministro de Estado da

Fazenda, Oficial de Gabinete, Prefeito, Presidente da República, Procurador-

Geral da República, Secretário Especial dos Direitos Humanos, Secretário-

Geral da Presidência, Senador, Vice-Presidente da República, etc. Ex.: Eles

foram empossados no cargo de Ministro do Tribunal Superior Eleitoral; Ela

assumiu o cargo de Ministro de Estado da Justiça.

2. Quando os cargos são ocupados por mulheres, usa-se o feminino para o

respectivo tratamento, com inicial maiúscula: Deputada, Desembargadora,

Diretora-Geral, Governadora, Juíza Federal, Ministra, Prefeita, Procuradora-

Geral da República, Secretária-Geral, Senadora, etc. Ex.: A Ministra de Estado

das Comunicações, Iêda Cruz [...]; A Prefeita Maria Adelaide, de Nova Odessa

[...] Embora existam as formas presidenta e chefa, é comum o uso de

presidente e chefe para os dois gêneros: Senhora Presidente, Senhora Chefe.

3. Nas referências genéricas a ocupantes de cargos, usam-se minúsculas: Os

ministros foram convocados para uma sessão extraordinária; Os governadores

ainda não se pronunciaram; As desembargadoras já foram empossadas; Três

senadores apresentaram propostas; As secretárias participaram da palestra.

4. No texto jurídico, com raras exceções, o cargo é mencionado antes do

nome: o Ministro do STJ Luiz Fux; o Presidente do STJ, Ministro Nilson Naves;

o Ministro da Justiça, Mário Barroso; o Secretário-Geral da Presidência da

República, Luís Sousa Dinis; o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de

Goiás, Desembargador Oscar Dias Abreu; o Presidente da Câmara dos

Deputados, Deputado José Antunes Neto, etc.

5. As palavras indicadoras de cargos e funções que fazem parte da hierarquia

de empresas e instituições são assim grafadas: advogado criminalista,

advogado de acusação, analista contábil, analista financeiro, assessor

legislativo, assessor jurídico, assistente comercial, auxiliar administrativo, chefe

de gabinete, cientista político, colunista social, comentarista econômico,

consultor financeiro, diretor administrativo, diretor comercial, diretor executivo,

diretor financeiro, diretorgeral, diretor-gerente, diretor industrial, diretor jurídico,

diretor presidente, diretorsecretário, diretor substituto, editor assistente, editor

chefe, engenheiro mecânico, gerente administrativo, gerente comercial, gerente

financeiro, gerente industrial, gerente jurídico, gerente regional, primeiro-

ministro, primeiro secretário, procurador-geral, professor-assistente, professor-

associado, redator chefe, secretário-geral, sócio-gerente, supervisor

administrativo etc.

6. Nas patentes militares, usa-se hífen, salvo nos casos em que há preposição

ou a conjunção e entre as palavras: capitão-aviador, capitão-general, capitão-

tenente, primeiro-sargento, primeiro-tenente, segundo-cadete, segundo-

tenente, capitão de bandeira, capitão de fragata, capitão de mar e guerra, etc.

7. Não se usa hífen nas referências a cargo efetivo juntamente com cargo

provisório ou função: ministro presidente, ministro diretor da revista,

desembargador presidente, ministro relator, etc.

Não usar “presidente do Congresso”. A Mesa do Congresso Nacional é

presidida pelo presidente do Senado, segundo o artigo 57 da Constituição

brasileira.

Quando o personagem ocupa um cargo, deve ser identificado, na primeira

referência, por cargo e nome completo. Nas demais menções, usa-se o cargo

ou o nome mais conhecido.

Usa-se vírgula entre o cargo e o ocupante do cargo apenas quando uma só

pessoa desempenha a função: “o presidente da República, Fulano de Tal,

decretou...”, mas “o ex-presidente da República Beltrano”, “o diretor do Banco

Central Sicrano”.

É preferível escrever primeiro o nome e depois o cargo nos seguintes casos.

1) quando a pessoa tem mais de um cargo;

2) quando a identificação se refere a cargo ou situação anterior. Se a

identificação é muito extensa, pode-se usar o nome no meio da relação de

cargos.

Uma figura pública pode ser tratada pelo prenome ou apelido a partir da

segunda vez que é mencionada em um texto, desde que seja mais conhecida

assim. Exemplo: Getúlio, para Vargas; Jango, para João Goulart; Pelé, para

Edson Arantes do Nascimento; JK, para Juscelino Kubitschek.

Escrevem-se com hífen o cargo de primeiro-ministro; a posição de primeira-

dama; os cargos que têm o adjetivo “geral” (secretário-geral, procurador-geral);

e os postos e graduações da hierarquia militar e da diplomacia. O prefixo ex

sempre precede o hífen: o ex-vice-presidente.

Os cargos das Mesas do Senado e da Câmara serão escritos com numerais e

palavras (1º secretário e 2º vice-presidente).

2.26 Termos estrangeiros

1. Os estrangeirismos, aí incluídos os latinismos, devem ser escritos em itálico:

Seguiu-se, na esteira desse precedente, o deferimento de liminares em três

outros writs com idêntico objeto; Em atenção ao e-mail do dia 31 [...]; O

agravante dispõe de meios processuais que lhe possibilitam combater o error in

procedendo e o error in judicando. (V. destaques no texto, 1.4.)

2. As palavras derivadas de estrangeirismos devem manter a forma original do

vocábulo com acréscimo do prefixo ou sufixo, contudo não são grafadas com

destaque: byronismo, byroniano, shakespeariano, hobbesianismo, proustiano,

proudhoniano, taylorismo, marxista, pós-marxismo, neomarxismo, kantista,

kepleriano, wagnerismo, wagnerizar.

3__________________________________

Expressões e vocabulário

3.2 a cerca de - acerca de - há cerca dea cerca de significa “a uma distância de”: Belo Horizonte fica a cerca de

setecentos quilômetros de Brasília.

acerca de significa “sobre”, “a respeito de”: Falavam acerca do processo.

há cerca de significa “faz aproximadamente”: Há cerca de duas semanas, o

processo foi protocolado.

3.3 à custa de – a expensas de – em via de

à custa de tem o sentido de “à força de”: Obteve o resultado favorável à custa

de muito trabalho; sem recursos desde o ano passado, vive à custa da família.

a expensas de tem o mesmo sentido de “à custa de” (pode-se grafar também

“às expensas”): O prédio foi construído a expensas do governo local.

em via de tem o sentido de “a caminho de” ou “prestes a”: O processo está em

via de ser encerrado.

3.4 a fim de - afim dea fim de é locução prepositiva. Indica finalidade e equivale a “para”: Estamos

aqui a fim de trabalhar.

afim/afins são adjetivos e referem-se ao que apresenta afinidade, parentesco:

Ele se tornou inelegível por ser parente afim do prefeito.

3.5 a maior - a menorA expressão a “maior” significa em excesso, “a mais”, “além do devido”: Tudo

que for pago a maior será devolvido.

“A menor” apresenta justamente o sentido de “a menos”, “em quantidade

inferior”: O pagamento realizado foi a menor.

3.6 à medida que - na medida em queà medida que é locução proporcional e significa “à proporção que”, “ao passo

que”, “conforme”: A opinião popular mudava à medida que se aproximava a

eleição.

na medida em que é locução causal e significa “porque”, “porquanto”, “uma

vez que”, “pelo fato de que”: Na medida em que foi constatada a sua

inconstitucionalidade, o projeto foi arquivado.

3.8 a partir de – com baseA expressão “a partir de” deve ser empregada em sentido temporal. Evite

empregá-la no sentido de “com base em”: Ela prometeu iniciar o regime a partir

do próximo mês. O juiz proferiu a sentença a partir dos argumentos

apresentados (inadequado). O juiz proferiu a sentença com base nos

argumentos apresentados (adequado).

3.9 a princípio – em princípioa princípio tem o sentido de “inicialmente”, “no começo”: A princípio não gostei

da cidade, porém com o tempo passei a me adaptar muito bem. Ela a princípio

não gostava do namorado.

em princípio tem o sentido de ‘em tese”, “teoricamente”: Em princípio,

passarei o feriado com meus pais.

3.10 abaixo-assinado - abaixo assinadoO termo com hífen representa o documento coletivo com opinião dos que o

assinam (o abaixo-assinado apresentava mais de mil assinaturas). Sem o

hífen, designa os signatários de um documento (nós, abaixo assinados,

manifestamos assim nossa opinião).

3.11 acaso se – casoacaso indica “por acaso”, “porventura” e pode ser precedido da conjunção

condicional “se”: Acaso se estiver em Brasília amanhã, visite seu irmão.

caso já indica condição e não pode estar acompanhada da conjunção

condicional “se”: Caso vá a Brasília amanhã, visite seu irmão.

3.13 adjetivo por advérbioTrata-se de recurso bem comum. Lembre-se da propaganda “a cerveja que

desce redondo”. O adjetivo “redondo” exerce, no caso, a função do advérbio

“redondamente”. Em geral, o adjetivo na função de advérbio pode ser

substituído pela forma em “mente” ou pela expressão “de modo”: eram pessoas

demasiado inteligentes (demasiadamente). Ele não raro fazia assim

(raramente).

3.14 afinal – a finalafinal tem o sentido de “finalmente”.

a final tem o sentido de “ao fim” ou “ao final”.

3.15 além de (...) também

Prática comum, mas inadequada é a união da expressão “além de” com o

termo “também” logo após. Os dois indicam adição é, assim, quando juntos,

formam pleonasmo. Observe exemplo a ser evitado: Além de estudar, também

trabalha. Prefira: Além de estudar, trabalha.

3.17 anexo – em anexoO termo é naturalmente adjetivo em nosso idioma e deve concordar com o

referente: segue decisão anexa; segue documento anexo; seguem contratos

anexos; seguem decisões anexas. Embora alguns gramáticos defendam a

ideia de usar a expressão “em anexo” como advérbio, os principais manuais de

redação não indicam tal uso.

3.18 ante A forma correta é “ante o” e “ante a”, porque não se trata de uma locução;

consequentemente, não cabe a preposição ‘a’ depois da também preposição

‘ante’, que se comporta como ‘perante’, com o mesmo significado de "diante

de, em presença de alguém ou algo": Ela se saiu bem perante o juiz. Ante a

juíza, ele vacilou. Calou-se ante os argumentos apresentados.

3.19 ao ano - por anoAo se referir a taxas e juros, a expressão adequada é “ao ano”, “ao dia”, “ao

mês”: Ele pagou juros de 30% ao ano. O índice de mortalidade infantil cresceu

2% ao mês. Ao indicar período nos demais casos, use “por ano”, “por mês”,

“por dia”: O auditor determinou três inspeções por mês; As decisões serão

tomadas duas vezes por mês.

3.20 ao encontro de - de encontro aao encontro de significa “em busca de”, “em favor de”, “encontrar-se com”:

Houve entendimento, pois a opinião da maior parte dos estudantes ia ao

encontro das propostas da direção.

de encontro a significa “oposição”, “contra”, “divergência”: Houve divergência,

pois a opinião da maior parte dos estudantes ia de encontro às propostas da

direção.

3.21 ao invés de - em vez deao invés de significa “ao contrário de” e encerra a ideia de oposição: Os juros,

ao invés de baixarem, sobem.

em vez de significa “em lugar de”, “ao contrário de”: Estudou Direito Penal em

vez de Direito Constitucional.

3.22 ao nível de – em nível de – a nível deao nível de indica “altura”: Santos está ao nível do mar (à altura do mar).

em nível de indica “no âmbito”, mas a expressão deve ser eviatada na

linguagem formal.

a nível de não existe em nosso idioma.

3.23 apelarO verbo é bastante empregado na linguagem jurídica e merece atenção. Com

sentido de “interpor recurso” pede a preposição “de”: Os advogados vão apelar

da sentença. Com sentido de “recorrer” pede a preposição é “para”: O

secretário apelou para o prefeito.

3.24 apenar - penalizarapenar significa condenar à pena, castigar, punir: O Tribunal apenou o

responsável pelo prejuízo.

penalizar indica causar pena ou desgosto a, sentir grande pena ou desgosto:

Também o penalizavam os resultados da fome em seu país. Penalizou-se com

o sofrimento do amigo.

3.25 arquive-se ou arquivem-se - cite-se ou citem-seO assunto pede atenção. Desde o tempo do vestibular, muitos tropeçam no uso

do “se”. Ora ele funciona como partícula apassivadora, ora como índice de

indeterminação do sujeito. Para não cometer erros, vale a pena se lembrar das

vozes verbais.

Voz ativa: Lucas comprou o livro.

Voz passiva analítica: O livro foi comprado por Lucas.

Voz passiva sintética: Comprou-se o livro.

O último caso é o que nos interessa agora. Observe que a voz passiva pode

ser escrita como analítica (foi comprado) ou sintética (com o uso do “se”).

Sempre que se conseguir fazer a substituição de uma pela outra sem alterar o

sentido, não existirá objeto direto na construção e a concordância será feita

entre o os dois termos.

Comprou-se o livro. = O livro foi comprado.

Compraram-se os livros. = Os livros foram comprados.

Lembre-se da placas que encontramos em todas as cidades do Brasil:

Joga-se búzios (inadequado).

Jogam-se búzios (adequado).

Jogam-se búzios. = Búzios são jogados.

A regra vale para o caso citado.

Arquive-se o processo. = O processo seja arquivado.

Arquivem-se os processos. = Os processos sejam arquivados.

Cite-se a testemunha. = A testemunha seja citada.

Citem-se as testemunhas. = As testemunhas sejam citadas.

Intime-se o acusado. = O acusado seja intimado.

Intimem-se os acusados. = Os acusados sejam intimados.

Não confundir a regra com o “se” como índice de indeterminação do sujeito. No

caso, a concordância é outra.

Gosta-se de livro.

Gosta-se de livros.

Como se percebeu, o verbo ficou no singular, pois não se consegue realizar a

voz passiva analítica. Não é possível escrever com correção “De livros são

gostados”.

3.26 através de - por meio deatravés de pode ser empregado em três situações bem definidas:

a) de um lado a outro: Ela me viu através da janela de vidro.

b) movimento interno: O sangue corre através das veias.

c) relação à passagem do tempo: Ela foi me conhecendo melhor através dos

anos.

Não use a expressão como “por meio de”, “por intermédio de” ou “por”: Ele

soube a informação pelo (e não "através do") jornal. O projeto será

regulamentadado por meio de novas leis. O assunto foi resolvido por meio de

decreto.

3.27 atuado - autuadoatuado é o particípio do verbo “atuar” no sentido de “exercer atividade”, “agir”.

autuado é particípio do verbo “autuar” no sentido de “lavrar auto contra

alguém” ou “reunir em forma de processo”.

3.28 bastanteO termo pode exercer função de pronome adjetivo, adjetivo ou advérbio. Como

pronome adjetivo e adjetivo, ele acompanha substantivo e concorda com ele:

Tenho bastantes (muitos) amigos. Colhemos dados bastantes (suficientes).

Como advérbio, ele acompanha verbo, adjetivo ou advérbio e fica invariável:

Sempre estudei bastante (muito). Os temas são bastante (muito) complexos.

Todos estão bastante (muito) bem.

3.29 cada - todoO pronome “cada” indica uma particularidade do todo e aparece sempre

acompanhado de substantivo, numeral ou do pronome “qual”: Cada profissional

fará um curso. Conversei com cada um. Cada qual sabe de sua

responsabilidade. O pronome “todo” indica “qualquer”: Todo caminho é válido.

3.30 com o pretexto – a pretexto de – sob o pretexto deApenas a expressão “a pretexto de” é indicada para a linguagem formal com o

sentido de “a fim”, “com objetivo aparente”: O réu não pode falsear a própria

identidade a pretexto de autodefesa, sob pena de cometer crime. Evite as

formas “com o pretexto de” e “sob o pretexto de”.

3.31 com vista a - com vistas aAmbas as expressões significam a fim de, com o objetivo de. Tanto faz

utilizar uma ou outra: Remeteu o processo ao Ministério Público com vista à

(ou: com vistas à) elaboração de parecer.

3.33 comunicarO verbo “comunicar” é transitivo direto (coisa) e indireto (pessoa): O Tribunal

comunicou a decisão a todos. Deve-se ter atenção ao empregar na voz

passiva: A decisão foi comunicada a todos pelo Tribunal (adequado). Todos

foram comunicados sobre a decisão pelo Tribunal (inadequado).

3.34 conectivosO domínio do uso de conectivos adequados é fundamental ao bom texto.

Assim, reproduzo os principais de nosso idioma.

ideia de adição: e, nem, não só ... mas também, tanto ... como / quanto etc.

ideia de adversidade: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto,

não obstante, nada obstante, a despeito de, apesar de, sem embargo etc.

ideia de alternância: ou, ou ...ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja, nem...

nem etc.

ideia de conclusão: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, então,

assim, consequentemente, dessa forma (maneira), desse modo, destarte,

dessarte, por essa razão, por esse motivo, em vista disso, ora pois etc.

ideia de explicação: porque, pois, porquanto etc.

ideia de causa: porque, que, como, visto que, visto como, já que, uma vez

que, desde que, dado que, pois, pois que, por isso que, porquanto etc.

ideia de concessão: embora, ainda que, ainda quando, mesmo que,

conquanto, posto que, posto, suposto, (se) bem que, sem que, nem que, que,

apesar de que, por mais que, por menos que etc.

ideia de condição: caso, se, sem que, uma vez que, desde que, dado que,

contanto que, com a condição que, salvo se, exceto se, a menos que, a não ser

que etc.

Ideia de consequência: tal, tão, tamanho, tanto ... que, de tal maneira que, de

tal modo que, de tal forma que, de tal sorte que, de maneira que, de modo que,

de forma que, de sorte que, sem que etc.

ideia de conformidade: conforme, consoante, segundo, como etc.

ideia de comparação: como, que, mais, menos, maior, menor, melhor e pior ...

que / do que, tal ... qual, tanto ... quanto / como, como, assim como, bem como,

como se etc.

ideia de tempo: quando, antes que, depois que, até que, tanto que, agora que,

logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez

que, apenas, mal, que , enquanto, eis senão quando, eis senão que, sem que

etc.

ideia de proporção: à proporção que, à medida que, ao passo que, enquanto,

quanto (ou tanto) ... mais (ou menos) etc.

Ideia de finalidade: para que, a fim de que, porque (no sentido de para que).

Elementos de coesão empregados na linguagem jurídica

indicar realce, inclusão, adição: além disso, além do mais, além desse fato,

ademais, demais, também, bem como, assim como, como, vale lembrar, vale

acrescentar, outrossim (=igualmente), por iguais razões, inclusive, até, até

mesmo, inclusive, é certo, é inegável, em outras palavras etc.

indicar negação ou oposição: não obstante, não obstante isso, de outro

modo, ao contrário disso, por outro lado, de outro lado, contudo, porém,

todavia, no entanto, entretanto, apesar de, a despeito de, sem embargo, de

outro ponto de vista etc.

indicar concessão: embora, conquanto, ainda que, ainda quando, mesmo

que, posto, suposto, posto que, (se) bem que, sem que, nem que, apesar de

que, por mais que, por menos que etc.

indicar afirmação ou igualdade: felizmente, infelizmente, ainda bem,

obviamente, em verdade, realmente, de fato, com efeito, efetivamente, de igual

forma, do mesmo modo que, da mesma sorte, semelhantemente, bom é,

interessante é etc.

indicar exclusão: só, somente, nem, sequer, nem sequer, nem ao menos, não

... senão, apenas, à exceção de, com exclusão, fora, afora, salvo, tão só, tão

somente, pelo menos, ao menos etc.

indicar enumeração, distribuição ou continuação: em primeiro (plano, lugar,

momento), a princípio ( = inicialmente), em seguida, depois, depois de, fi

nalmente, em linhas gerais, nesse passo, no geral, em geral, aqui, nesse

momento, desde logo, de resto, aliás, quanto ao mais, quanto ao que ficou por

dizer, além do mais, em última análise, no caso em discussão, por sua vez,

nessa esteira, nesse ou naquele espaço de tempo, nesse ínterim, nesse meio-

tempo, nessa oportunidade, nessa mesma ocasião, por seu turno, no caso

presente, antes de tudo etc.

indicar explicação, continuação, retificação ou ênfase: além disso, aliás, de

outro modo, de outra forma, a saber, assim, bem, com efeito, de fato,

efetivamente, como dizer, enfi m, então, isto é, ou seja, no mais, ou melhor,

digo melhor, pensando bem, pois bem, pois sim, por assim dizer, por exemplo,

realmente, sim, em verdade, ou antes, melhor ainda, como se nota, como se

viu, como se observa, como vimos, daí por que, por isso, pois, a nosso ver,

portanto etc.

Indicar fecho, conclusão ou complementação: dessarte, assim, dessa maneira,

dessa forma, desse modo, em suma, em remate, em resumo, resumidamente,

enfim, afinal, finalmente, por conseguinte, portanto, consequentemente, logo,

assim, por isso, em última análise, em derradeiro, por tais razões, do exposto,

pelo exposto, em razão disso, em síntese, posto isso etc.

expressões de transição: é de verificar-se, não se pode olvidar, não há

olvidar-se, como se há verifi car, como se pode verificar, como se pode notar, é

de ser relevado, é bem verdade que, não há falar-se, vale ratifi car, cumpre

ratificar, é indubitável, não se pode perder de vista, convém ressaltar, posta

assim a questão, registre-se ainda, cumpre observar preliminarmente que,

como se pode depreender, convém notar igualmente que, em virtude dessas

considerações, após as noções preliminares em breve trecho, cumpre

examinarmos nesse passo que, consoante noção cediça (= antiga), não quer

isso dizer que, ao ensejo da conclusão desse item, impende (= é preciso, cabe,

cumpre) observar que, é sobremodo importante assinalar que, o mais das

vezes (= as mais das vezes, no mais das vezes), convém assinalar, no dizer

sempre expressivo de, em consonância com o acatado, a nosso pensar,

cumpre obtemperar (= argumentar, ponderar), de acordo com a lição sempre

precisa de, convém ponderar que etc.

indicar prioridade ou relevância: em primeiro lugar, primeiramente,

principalmente, primordialmente, sobretudo etc.

indicar dúvida ou hipótese: talvez, provavelmente, possivelmente

(possibilidade com incerteza), quem sabe, é provável, não é certo, se é que,

acaso, porventura etc.

indicar certeza ou ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente,

inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda certeza etc.

3.35 conjuntura - conjecturaconjuntura é ocorrência simultânea de acontecimentos em determinado

momento ou situação.

conjectura é o ato de inferir ou deduzir sobre algo com base em hipóteses.

3.36 constar de – constar emGramaticalmente, as duas formas estão corretas e com o mesmo sentido: Não

consta do relatório. Não consta no relatório.

3.38 cumprirO verbo pode ser transitivo direto ou indireto: Todos cumpriram o dever. Todos

cumpriram com o dever.

3.39 custas - custaPara referir-se a despesas em processo judicial usa-se “custas”: Foram

bastante altas as custas do processo. Nos outros casos, usa-se o singular: As

despesas foram feitas à custa (a expensas de) do pai. O serviço foi feito a

minha custa (a expensas de). Faz concessões à custa (com sacrifício de) da

honra.

3.40 dado - visto - haja vistaOs particípios “dado” e “visto” usados como adjetivo concordam em gênero e

número com o substantivo a que se referem: Dados o interesse e o esforço

demonstrados, optou-se pela permanência do servidor em sua função. Dadas

as circunstâncias. Vistas as provas apresentadas, não houve mais hesitação

no encaminhamento do inquérito.

Já a expressão “haja vista”, significa “uma vez que”, “seja considerado” ou

“veja-se”: O servidor tem qualidades, haja vista o interesse e o esforço

demonstrados. Na greve, ocorreram alguns imprevistos, haja vista o número de

feridos.

3.41 deferir – diferirdeferir (deferimento) é “atender”: A Diretora deferiu prontamente o pedido;

outorgar, conceder: Os jurados deferiram o prêmio ao jovem cientista.

diferir (diferimento) é “adiar”: A empresa diferiu o pagamento; ser diferente:

Esses projetos diferem apenas no acessório, sendo idênticos no essencial.

3.42 defeso - defessodefeso indica algo “não permitido”, “proibido”.

defesso indica “fatigado”, ‘cansado”.

3.43 deficit - déficeEmbora seja muito comum a forma “déficit”, ela não existe em nosso

vocabulário ortográfico. Prefira “défice”.

3.45 delatar - dilatardelatar significa “denunciar”, “revelar” delito ou fato relacionado a um delito.

dilatar significa “adiar”, “aumentar”, “expandir”.

4.46 demais – de maisdemais exerce função de adjunto adverbial ou pronome indefinido: Trabalha

demais (muito, excessivamente). Os demais estão liberados. Os demais

secretários não souberam opinar.

de mais indica “algo a mais”: não observo nada de mais na situação.

3.47 dentre - entredentre é o encontro da preposição “de” e do termo “entre” com o sentido de “do

meio de”. Deve ser empregada quando há exigência da preposição “de” e o

“entre” juntos: Dentre os processos, tirou apenas um. O TSE elegerá seu

presidente dentre os ministros do STF.

entre é a forma mais comum e usada quando não se pede a preposição “de”:

Entre os candidatos, havia um em especial.

3.49 desapercebido - despercebidodesapercebido significa “desprevenido”, “desprovido”: Ele estava

desapercebido financeiramente.

despercebido significa “sem ser notado”: O erro de digitação passou

despercebido por todos.

3.50 descriminar – descriminalizar - discriminardescriminar significa “inocentar”, “absolver”: A apuração descriminou todos os

envolvidos.

descriminalizar significa “retirar a tipificação do crime”, “eliminar as

penalidades criminais”: descriminalizar o uso de droga.

discriminar significa “diferenciar”, “separar”, “distinguir”: Ela discriminou todos

os tópicos importantes.

3.51 despensa - dispensadespensa: trata-se de uma parte do imóvel em que ficam os mantimentos e

objetos.

dispensa: rescisão de contrato de trabalho de empregado por parte de

empregador; licença, permissão para não executar dever, trabalho;

cancelamento de obrigação, concedido pela lei ou por autoridade; demissão,

despedimento.

3.52 desprover - improverO termo “desprover” é empregado no sentido de “recusar provimento”. Nosso

vocabulário ortográfico também registra “desprovido” e “desprovimento”. Não

existem em nosso idioma “improver” e “improvimento”. “Improvido” existe.

3.53 destratar - distratar

Destratar: descompor oralmente, insultar

Distratar: desfazer (trato, acordo, contrato etc.); anular, rescindir

3.54 deve estar – deve de estardeve de estar tem o sentido de que há probabilidade: Ele deve de estar em

casa agora.

deve estar indica obrigação, certeza: Os advogados devem estar preparados

para a atividade profissional.

3.57 do ponto de vista – sob o ponto de vistaO sentido da expressão “do ponto de vista” é expressamente físico. Assim,

indica o lugar em que alguém se posiciona para observar algo. “Sob o ponto de

vista” indica, por sua vez, a forma de considerar um assunto.

3.58 de cujus – decujoDe cujus é redução de Is de cujus successione agitur, que tem o sentido de

“cuja sucessão se trata”. No Brasil, criou-se o neologismo “decujo” com o

mesmo sentido.

3.60 de menor – menor deA forma adequada é “menor de” para indicar que não se alcançou a

maioridade. O uso de “de menor” é linguagem coloquial.

3.61 eminente/iminenteeminente significa “nobre”, “sublime”: O eminente advogado apresentou a defesa muito bem.iminente significa “breve”, “próximo”: Nossa viagem será iminente.

3.62 enquantoO vocábulo “enquanto” não apresenta sentido de condição profissional ou

social. Seu uso deve se limitar a tempo: Enquanto chovia, ele escrevia o artigo

(adequado). Não gostava dele enquanto ministro (inadequado).

3.63 estância - instânciaestância indica lugar físico.

instância indica solicitação, pedido, rogo, foro, jurisdição, juízo.

3.64 este – esse - aqueleO pronome demonstrativo (este, esse, aquele – e variações) tem diversas

funções dentro da construção: pode indicar a pessoa do discurso, a relação a

tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no texto, etc.

Observe os usos adequados:

1. em relação à pessoa do discurso, deve-se empregar o pronome

demonstrativo da seguinte forma:

- este, esta, isto: refere-se à pessoa que fala ou escreve (apresenta a ideia do

aqui).

- esse, essa, isso: refere-se à pessoa que ouve ou lê (apresenta a ideia do aí).

- aquele, aquela, aquilo: refere-se à pessoa que se encontra distante

(apresenta a ideia do lá).

Este relatório que seguro.

Esse relatório que você segura.

Aquele relatório que se encontra na outra sala.

2. em relação à posição da ideia a que se refere, deve-se empregar da

seguinte forma:

- este, esta, isto: em relação a uma ideia que ainda aparecerá no texto (termo

catafórico).

Quero lhe contar isto: não volte mais aqui.

- esse, essa, isso: em relação a uma ideia que já apareceu no texto (termo

anafórico).

Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe contar.

3. em relação a tempo, deve-se empregar da seguinte forma:

a) em referência a um momento atual, usa-se “este, esta ou isto”:

Este dia está maravilhoso (dia atual).

Esta semana está maravilhosa (semana atual).

Este mês está maravilhoso (mês atual)

Este ano está maravilhoso (ano atual).

Este assunto que conversamos (assunto atual).

b) em relação a momento futuro próximo, usa-se também “este, esta ou isto”:

Agora pela manhã chove, mas esta noite promete ser bonita (próxima noite).

Esta reunião de hoje à tarde será interessante (a reunião está próxima de

ocorrer).

Hoje é quinta-feira e neste fim de semana viajarei (próximo fim de semana).

c) em relação a momento futuro distante, usa-se “esse, essa ou isso”:

Um dia você será capaz de entender o que ocorreu. Nesse dia, você me

perdoará .

d) em relação a momento passado recente, usa-se “esse, essa ou isso”:

Nesse fim de semana, fui a São Paulo (último fim de semana).

Nessa reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu recentemente).

e) em relação a tempo passado muito distante, usa-se “aquele, aquela ou

aquilo”:

Aquele fim de semana foi maravilhoso (fim de semana distante).

Naquela reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu há muito tempo).

4. para diferenciar referentes citados anteriormente, usa-se “este, esta ou isto”

para indicar o mais próximo ao pronome e usa-se “aquele, aquela e aquilo”

para indicar o mais distante.

O processo e o parecer já chegaram. Este (o parecer) está ótimo, mas aquele

(o processo) ainda está incompleto.

5. Outros usos estilísticos:

a) ao iniciar uma oração, desacompanhado de substantivo, que retoma ideia

anterior e pode ser substituído por “isso”, pode-se empregar “este, esse ou

aquele”:

Não estudei o necessário. Este (ou “esse”) foi meu pecado.

b) podem-se colocar os pronomes “este” ou “esse” e suas variações após o

substantivo para indicar ênfase:

Encontrei uma linda e inteligente mulher há alguns anos em São Paulo, mulher

esta (ou “essa”) que se tornou minha esposa.

c) os pronomes “este, esse ou aquele – e variações”, quando contraídos com a

preposição “de” e pospostos a substantivos, devem ser empregados sempre no

plural:

Ele resolveu um problema daqueles.

3.66 exceto – afora, à exceção – menos - salvoAs expressões acima, ao iniciarem construção intercalada, não interferem na

concordância do sujeito da oração principal: O grupo, exceto os dois líderes,

desconhecia o caminho.

3.67 expressões latinasDeve-se evitar o uso de expressões latinas de forma exagerada. A

recomendação é empregá-las em casos específicos e técnicos. O novo Acordo

Ortográfico é claro em determinar que elas devem ser grafadas com destaque

por serem termos estrangeiros. Relaciono a seguir as principais empregas na

linguagem jurídica.

ab actis. Dos feitos/dos autos

ab alto. Por aproximação

ab initio. Desde o início, desde o começo.

ab ovo. Desde o começo.

aberratio ictus. Desvio do golpe; erro de alvo. Erro ou acidente, na execução

do delito, que leva o criminoso a atingir pessoa diversa daquela a quem

pretendia ofender.

a contrario sensu. Pela razão contrária, em sentido contrário.

ad argumentandum tantum. Só para argumentar.

ad causam. Por causa, para a causa.

ad cautelam. Por cautela. Diz-se do ato que se pratica, ou medida que se

toma, por simples precaução.

ad diem. Até o dia, dia em que termina o prazo

ad hoc. A propósito; para isto, para este fim; para o ato em questão.

ad hominem. para uma determinada pessoa.

ad judicia. Para as coisas da Justiça (para o foro judicial).

ad litteram. Literalmente; conforme o que está escrito.

ad nutum. À vontade de, segundo a vontade, ao arbítrio. O empregado sem

estabilidade — ministro, secretário de governo, ocupante de cargo de confiança

— pode ser demitido segundo a vontade do patrão, a qualquer hora.

Exemplo: O ministro disse que é demissível ad nutum.

ad processum. Para o processo.

ad referendum. Para reportar (diz-se da votação sujeita à aprovação posterior

de um colegiado)

ad quem. Para quem; juiz ou tribunal para o qual segue o recurso; dia ou termo

final de prazo.

ad referendum. Para ser referendado; para submeter à apreciação de, sob

condição de consulta aos interessados e aprovação deles.

ad verbum. Palavra por palavra

a fortiori. Por mais forte razão; por maior razão; com mais razão.

a limine. Desde o início/ de antemão

animus. Ânimo, intenção; vontade do agente em atingir determinado objetivo.

animus narrandi. Intenção de narrar.

animus nocendi. Intenção de prejudicar, de causar dano.

ante tempus. Antes do tempo; antes do prazo.

a posteriori. Para depois; que vem depois. Conclusão de um raciocínio

indutivo a ser apresentado depois baseado em fatos.

a priori. Em princípio; raciocínio dedutivo prévio.

apud acta. Junto aos autos. Procuração apud acta: a que o réu outorga ao

defensor mediante indicação verbal feita ao juiz do processo.

a quo. De onde; juízo originário do recurso; do qual; dia ou termo inicial de um

prazo.

a rogo. A pedido de. Indica assinatura feita por alheia pessoa a pedido de

quem não pode assinar documento.

bis in idem. Incidência duas vezes sobre a mesma coisa.

caput. Cabeça. Parte superior de um artigo que contém o fundamento do

dispositivo.

casu. Por acaso.

causa mortis. Causa determinante da morte.

causa petendi. Causa de pedir. Ato ou fato que constitui o fundamento jurídico

da ação.

citra petita. Aquém do pedido.

concessa venia. Com a devida licença; o mesmo que data venia.

conditio. Condição entre duas pessoas; acordo.

conditio sine qua non. Condição sem a qual não; condição indispensável.

contra jus. Contra o direito.

contra legem. Contra a lei.

custos legis. Fiscal da lei.

data venia/data maxima venia. Com a devida licença. Expressão respeitosa

com que se principia uma argumentação ou opinião divergente da de outrem; o

mesmo que concessa venia ou permissa venia.

decisum. A sentença; o decidido.

de cujus. O falecido. Geralmente essa expressão é empregada para referir-se

à pessoa cujos bens são inventariados.

de facto. De fato.

de jure. De direito; quanto ao direito.

de lege ferenda. Da lei a ser criada.

de lege lata. Da lei já criada, estabelecida, em vigor.

de persona ad personam. De pessoa a pessoa (indica a transmissão de

posse, de bens, etc.)

dies ad quem. Termo final do prazo; último dia do prazo.

dies a quo. Termo inicial do prazo; primeiro dia do prazo.

dominus litis. Dono da lide; titular do direito de ação; autor da ação.

dura lex sed Lex. a lei é dura, mas é a lei.

erga omnes. Contra todos. Usado para indicar que os efeitos de determinado

ato atingem todos os indivíduos de determinada população, ou os membros de

uma organização.

error in judicando. Erro quanto ao julgamento das questões de direito

suscitadas na causa.

error in procedendo. Erro quanto ao andamento do proceso, prejudicando seu

curso normal.

error iuris (juris). Erro de direito.

et similia. e coisas semelhantes.

ex abrupto. Subitamente, sem preparação, de repente.

ex causa. Em razão da causa.

exempli gratia. Por exemplo. É usada também a forma abreviada e. g.

exequatur. Execute-se. É a autorização dada pelo presidente do STJ para que

possam, de modo válido, ser executados, na jurisdição do juiz competente, as

diligências ou os atos processuais requisitados por autoridade judiciária

estrangeira (EC n° 45/2004).

ex jure. Conforme o direito

ex lege. De lei; segundo a lei.

ex nunc. De agora em diante; sem efeito retroativo.

ex officio. Por motivo do ofício, por força da lei; ato praticado pelo juiz sem

provocação das partes.

ex positis. Isto posto, do que foi exposto.

ex tempore. Imediatamente

ex tunc. Desde o início. Expressão usada para dizer que um ato tem efeito

retroativo.

extra petita. Fora do pedido.

ex vi. Consoante o disposto/pela força.

ex vi legis. Por força da lei.

fumus boni juris. Fumaça do bom direito; presunção de legalidade. Expressão

equivalente: fumum boni juris.

grosso modo. Por alto, de modo grosseiro, impreciso, aproximadamente.

habeas corpus. Que tenhas teu corpo. Garantia constitucional outorgada em

favor de quem sofre ou está na iminência de sofrer coação ou violência na sua

liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder.

habeas data. Que tenhas os dados. Direito que garante o acesso aos arquivos

do Estado e às informações neles constantes sobre o postulante.

honoris causa. Por causa da honra. Diz-se dos títulos universitários conferidos

sem exame ou concurso, a título de homenagem. Ex.: doutor honoris causa.

in abstracto. Em abstrato, abstratamente.

in albis. Em branco; sem manifestação dos interessados.

in casu. No caso.

incidenter tantum. Incidentalmente apenas, em processo incidental.

in concreto. Em concreto, objetivamente.

in continenti. De imediato, imediatamente.

in dubio (in dubio pro reo). Aforismo aplicado em matéria penal a respeito do

favorecimento ao réu, notadamente no que concerne à aplicação da pena: se

há dúvida, a decisão deve ser favorável ao réu.

initio litis. No início da lide. Despacho exarado pelo juiz logo que proposta a

ação, quando a lei o permita, determinando a imediata prática de ato.

in limine. Desde logo; no início.

in loco citato. No lugar citado.

in nomine. Em nome.

in specie. Em espécie; em particular, particularmente.

in totum. No todo, totalmente.

interna corporis. No âmbito interno da corporação, do grupo ou do órgão, com

respeito ao que nele se trate ou decida.

intuitu personae. Em consideração à pessoa.

in verbis. Nestes termos; textualmente.

ipsis litteris. Exatamente igual; com as mesmas letras.

ipsis verbis. Exatamente igual; com as mesmas palavras.

ipso facto. Pelo mesmo fato.

ipso jure. Pelo próprio direito, de acordo com o direito.

iter. Percurso, direito de passagem; etapas; procedimentos.

iter criminis. As etapas do crime. Atos que se encadeiam na execução do

crime.

jus abutendi. Prerrogativa que tem o proprietário de dispor da coisa,

transferindo-a quando lhe aprouver.

jus eundi. Direito de ir e vir.

jus imperii. Direito do governo.

jus postulandi. Direito de postular.

jus sanguinis. Direito de sangue; o que decorre da hereditariedade, do

parentesco.

lato sensu. Sentido amplo, geral.

legem habemus. Temos lei. Indicativo de que, em determinada situação, há lei

para tutelá-la. É correta também a forma habemus legem.

legis. Da lei.

lex lata. Lei promulgada.

lex specialis. Lei especial.

litis contestatio. Contestação da lide.

loco citato. No lugar citado.

mala fide. Por má-fé.

mandamus. Mandado de segurança; ordem judicial.

manus. Mão; autoridade, poder.

maxime. Principalmente, especialmente, mormente.

mens legis. A finalidade da lei, espírito da lei, intenção da lei.

modus dicendi. Modo de dizer.

modus vivendi. Maneira de viver.

mutatis mutandis. Mudando o que deve ser mudado.

motu próprio. De própria iniciativa.

mutatis mutandis. Mudado o que deve ser mudado.

non bis in idem. Não duas vezes no mesmo assunto. Axioma de

jurisprudência pelo qual o indivíduo não pode ser punido duas vezes pelo

mesmo delito. Usa-se também para indicar que não se deve cair duas vezes na

mesma falta.

non liquet. Não está claro; não convence.

notitia criminis. Notícia ou conhecimento do crime.

novatio legis. Nova lei.

numerus clausus. Número fechado, limitado. Enunciação taxativa, não

exemplificativa, por isso não admite acréscimo.

obiter dictum. Referência passageira/dito de passagem.

ope iuris (juris). Por força do direito.

ope legis. Por força da lei.

opus citatum. Obra citada.

per capita. Por cabeça; por pessoa.

per contra. Em sentido contrário.

periculum in mora. Perigo de mora.

permissa venia. Com o devido respeito.

per se. Por si.

persona non grata. Pessoa não grata.

post mortem. Depois da morte.

post scriptum. Escrito depois. Abrev.: P.S.

prima facie. À primeira vista. Que se pode verificar de pronto, sem maior

esforço.

pro labore. Pelo trabalho. Remuneração por serviço prestado.

propter officium. Por causa do ofício; em função do cargo.

pro rata. Em proporção. Pagando ou recebendo cada um a parte que lhe toca

num rateio.

pro solvendo. Para resolver; destinado a pagamento.

pro tempore. Temporário, interino.

punctum saliens. Ponto principal (de uma questão).

quaestio juris. Questão de direito.

quantum satis. Quanto baste.

quid iuris? Qual o direito?

qui pro quo. Uma coisa por outra/equívoco.

quorum. De quantos. Número mínimo de pessoas para funcionamento e/ou

deliberação de um órgão colegiado.

ratio. Razão.

ratio decidendi. Razão de decidir

ratio essendi. Razão de ser.

ratio legis. Razão da lei.

ratione loci. Em razão do lugar.

ratione materiae. Em razão da matéria.

ratione personae. Em razão da pessoa.

rebus sic stantibus. Desde que permaneçam as mesmas condições e

circunstâncias.

referendum. Certas decisões que são submetidas à apreciação de outrem

para que tenham validade jurídica.

reformatio in pejus. Reforma da sentença para pior, modificação

desvantajosa.

res in judicio deducta. Coisa trazida a juízo. (Deve estar contida na petição

inicial.)

res judicata. Coisa julgada.

sententia extra petita. Sentença fora do que foi pedido.

sententia ultra petita. Sentença além do pedido (sentença que considerou

coisas não constantes do pedido).

sine qua non. Sem a qual não (condição).

statu quo. Estado ou situação em que se encontrava anteriormente certa

questão. Admite-se também a forma status quo.

stricto sensu. Em sentido restrito.

sub censura. Sob censura. Expressão indicativa de que a matéria está sujeita

a crítica ou aprovação de outrem.

sub examine. Em exame, em tela.

sub judice. Sob julgamento, sob apreciação judicial.

sui generis. De seu próprio gênero; especial; único.

sursis. Suspensão condicional da pena.

thema decidendum. Tema ou questão a decidir.

ultima ratio. Último argumento, última razão.

ultra petita. Além do pedido.

vacatio legis. Espaço de tempo entre a publicação de uma lei e a sua entrada

em vigor.

verba legis. A palavra da lei.

verbatim. Palavra por palavra, literalmente.

verbi gratia. A saber, por exemplo. Abrev.: v.g.

verbis. em termos.

verbo ad verbum. Palavra por palavra.

vide. Veja; confira.

vis attractiva. Força atrativa.

3.68 em conformidade com - na conformidade deExpressões muito comuns em citações de textos normativos. As duas formas

estão adequadas. Cuidado apenas com a preposição adequada: Ele requereu

a suspensão da tutela antecipada em conformidade com o art. 4º da Lei n.

4.348/1964; A pena lhe foi imposta em conformidade com o art. 110, caput, do

Código Penal; O Juízo de primeiro grau exarou sentença na conformidade do

art. 22 da Lei n. 4.717/1965.

3.69 em face deA expressão significa “em virtude de”, “diante de”: O agravo de instrumento foi

provido em face do disposto no art. 120 da Constituição. Em face das

circunstâncias expostas, não é possível ao STJ intervir no caso.

Embora muito empregada, a expressão não apresenta o sentido de “contra”.

Assim, diversos manuais de redação oficial (inclusive do STJ) considera

inadmissível o uso de em face de para posicionar processualmente a parte

contra quem se move ação. Nesse caso, deve-se utilizar a preposição “contra”

ou “em desfavor”: Ação de Reparação de Danos ajuizada pelo autor em face

da empresa de materiais de construção (inadequado). Ação de Reparação de

Danos ajuizada pelo autor contra empresa de materiais de construção

(adequado).

3.70 em longo prazo - a longo prazoA preposição adequada para iniciar a expressão é “em”. Observe a resposta

para a pergunta “em quanto tempo você termina a obra?”. Resposta: “em dez

dias”, “em duas semanas”, “em tal prazo”. A preposição pedida é “em”.

3.72 em prol deIndica “em favor de”, “em proveito de”: Tudo foi feito em prol da democracia.

Erro comum é o uso de “pró”, que tem outro sentido: há prós e contras na

proposta.

3.73 em que pese a – em que pese(m)Gramaticalmente, as duas estão corretas. Observe a concordância. Com a

preposição, o verbo deve ficar no singular: Falhou neste ponto, em que pese à

sua dedicação. Em que pese aos argumentos apresentados contra o acusado,

ele será absolvido. Sem a preposição, o verbo concordará com o termo

seguinte, que será sujeito da construção: Em que pesem as opiniões do

ministro, ninguém aceitou a explicação. Observo que a forma sem a preposição

é a mais comum nos tribunais.

3.74 em sede deExpressão bastante empregada na linguagem jurídico com o sentido de “em

caráter de”, “na condição de”. Não deve ser empregada no sentido de “no

âmbito de”.

3.75 falar - dizerfalar é o ato de se expressar: Ela fala inglês. Eles falam muito. Falo três

idiomas.

dizer indica conteúdo a ser transmitido: Ela disse que não voltaria. Eles

disseram que estavam felizes.

Basta se lembrar do ditado: fala, fala, fala e não diz coisa alguma.

3.76 flagrante - fragranteO ato de ser pego no ato indica um flagrante (flagra, evidente, incontestável).

Fragrante está relacionado com o bom odor, aromático, cheiroso, perfumado.

3.77 gerúndioO gerúndio é empregado com exagero nos textos jurídicos. Quase sempre de

forma inadequada. O emprego adequado está relacionado a ideia adverbial de

causa (Sendo ainda novo, não quis ir só), concessão (Não quis, sendo sábio,

resolver as dúvidas por si mesmo), condição (Triunfarás, querendo (condição),

meio (O acusado defendia-se dizendo que não estava presente), modo (Ele

fala cantando), tempo (Proferindo o orador estas palavras, a assembleia deu

vivas).É incorreto o uso do gerúndio com sentido pontual (Vou estar fazendo),

adjetivo (Texto contendo erros) ou aditivo (O juiz analisou o caso decidindo...).

3.78 grafia dos números de órgãos judiciáriosDúvida comum é como escrever (extenso, cardinal, ordinal etc) o número que

acompanha alguns órgãos judiciários. O manual do STJ recomenda da

seguinte forma: Quando se tratar de órgão fracionário de tribunal, o numeral

deverá ser escrito por extenso: a Terceira Turma do STJ; a Segunda Seção do

STJ; a Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Isso também se aplica a instância e grau: primeira e segunda instâncias;

primeiro e segundo graus. Em se tratando de varas, regiões e promotorias, a

designação se fará por meio da escrita do algarismo arábico: o TRF da 2ª

Região; a 2ª Vara Federal Criminal; a 2ª Promotoria de Justiça de Rio Largo.

3.79 grosso modo“Grosso modo” significa de modo grosseiro, impreciso, aproximado. Não deve

ser usada com a preposição “a”: A avaliação preliminar revelou, grosso modo

(e não: a grosso modo), lucro superior a 100 mil dólares.

3.80 habeas corpus – hábeas-córpusA expressão latina habeas corpus (sem hífen, sem acento e com destaque) é

muito empregada no universo jurídico. No entanto, sua forma aportuguesada

“hábeas-córpus” (com hífen, com acento e sem destaque) está correta e é

empregada em alguns tribunais.

3.81 hora extraSem hífen. Plural: Horas extras.

3.82 há que + infinitivoExpressão típica de textos jurídicos, a expressão “há que + verbo no infinitivo”

tem o sentido de “é necessário”, “deve-se fazer”: Há que examinar com

detalhes os argumentos apresentados.

Sem o “que”, o sentido passa a ser de “ser possível”: Não há falar em

autonomia do Judiciário se não há independência financeira; Não há

responsabilizar os acusados pelo crime porque não há provas; Quando o

desemprego assola o País, não há falar de crescimento.

3.83 inapto - ineptoinapto é a incapacidade, inabilidade, falta de aptidão.

inepto é o que não produz efeitos jurídicos por não atender às exigências

legais. Também apresenta o sentido de “falta de inteligência”, “desprovido”,

“confuso”, incoerente”.

3.84 infinitivo

O verbo no infinitivo é muito empregado na linguagem jurídica.É muito comum

a dúvida entre singular ou plural. Seguem orientações para o uso.

I – Na oração infinitivo-latina (verbos mandar, fazer, deixar, ver, ouvir, sentir +

pronome átono + verbo no infinitivo), o verbo preferencialmente fica no

singular: Mandei-os entrar. O Ministro deixou-os decidir.

II – No caso de voz passiva formada com infinitivo regido de preposição “de”, o

verbo fica no singular: Coisas difíceis de dizer (= serem ditas). Livros fáceis de

ler (= serem lidos). Observação: o pronome “se” fica elíptico na expressão.

III – No infinitivo regido de preposição equivalendo a gerúndio, o verbo fica no

singular: O Ministro estava a falar. Os Ministros estavam a falar.

IV – Quando o infinitivo regido de preposição vier antes do verbo principal com

sujeito próprio ou não, é preferível concordar com o sujeito: Para julgarem

melhor, estudaram horas. Na certeza de estarmos com direito, fazemos o

pedido.

Observação: se o verbo principal vier em primeiro lugar, não há obrigatoriedade

de emprego pessoal: Estudaram horas para julgar melhor. Fazemos o pedido

na certeza de estar com o direito.

V – Quando o infinitivo vier com o verbo “parecer” ao lado de outro verbo, pode

flexionar o primeiro ou o segundo. Prefira o primeiro caso: As causas parecem

justificar os meios.As causas parece justificarem os meios.

VI – Quando entre o verbo principal e o infinitivo vier o sujeito representado por

substantivo no plural, usa-se o infinitivo pessoal: Os astrônomos viram as

estrelas caminharem no céu. Observação: Se o infinitivo vier junto do verbo

principal, a variação não é obrigatória: Os astrônomos viram caminhar as

estrelas no céu. Os astrônomos viram caminharem as estrelas no céu.

VII – Muitas vezes, o infinitivo vem distanciado do verbo principal. Nesse caso,

para determinar a pessoa, usamos o pessoal: Receberam os

Desembargadores, há dias, os autos a que me referi no memorial, fls. 15, para

julgarem o caso.

3.85 inobstanteO vocabulário ortográfico não registra a palavra “inobstante”, embora

empregada com certa frequência no meio jurídico. Melhor usar “não obstante”

ou “nada obstante”.

3.86 judicial - judiciáriojudicial tem origem no Poder Judiciário ou que nele se realiza.

judiciário é relativo ao direito processual ou à organização da Justiça

3.87 junto aA locução junto a deve ser empregada no sentido de ao lado de, perto de,

adido a: O segurança posicionou-se junto ao réu. O embaixador brasileiro junto

a Portugal será homenageado.

Nos demais empregos, usa-se a preposição que o verbo pedir: O sindicato

mantém as negociações com (e não junto a) a diretoria. Solicitou providências

do (e não junto ao) ministério. Entrou com recurso no (e não junto ao) Tribunal.

3.88 junto com – juntamento com A forma culta é “junto com”: O presidente, junto com (e não juntamente com) os

ministros da Fazenda e da Saúde, participou da solenidade de entrega de

comendas.

3.90 mais bem - melhorAntes de verbo no particípio, use “mais bem”: eles são os mais bem

preparados. O processo estava mais bem instruído do que se esperava.

“Melhor” é empregado como adjetivo: O melhor texto foi escolhido.

3.91 mesmoErro generalizado é o uso de “mesmo” como pronome pessoal. O pronome

pode ser utilizado adequadamente em várias situações.

Como pronome adjetivo: O juiz teve a mesma opinião. Elas mesmas discutiram

o assunto.

Como advérbio: Este julgamento é mesmo necessário. Minha casa fica lá

mesmo.

Inadequado é o uso de “mesmo” como pronome pessoal, substituindo um

substantivo já expresso: Para analisar com calma o parecer, solicitou que o

mesmo lhe fosse entregue (inadequado). Para analisar com calma o texto,

solicitou que o relatório lhe fosse entregue (adequado). O desembargador

recebeu o processo e analisará o mesmo rapidamente (inadequado). O

desembargador recebeu o processo e o analisará rapidamente (adequado). O

relatório já chegou e o mesmo apresenta erros de conteúdo (inadequado). O

relatório já chegou e apresenta erros de conteúdo (adequado). Receba de volta

seu título e verifique se o mesmo está rubricado pelo diretor. (inadequado).

Receba de volta seu título e verifique se está rubricado. (adequado).

3.94 no sentido deA expressão deve ser usada para explicar o significado de um termo ou ideia

anterior: o termo “Casa” foi empregado no sentido de “Congresso Nacional”.

Não se deve empregá-la com ideia de finalidade: ele agiu assim no sentido de

melhorar a situação (inadequado).

3.95 onde – aonde - de ondeonde significa em que lugar, em qual lugar. Usa-se com verbos ou nomes que

pedem a preposição “em”: A cidade onde moro é bonita.

aonde (a+onde) significa a que lugar, lugar a que ou ao qual. Usa-se com

verbos que pedem a preposição “a”: A cidade aonde fui é bonita.

de onde (donde) significa de qual lugar, de que lugar, daí. É usado com verbos

ou nomes que pedem a preposição “de”: A cidade de onde vim é bonita.

3.96 opor vetoO correto é opor veto e não apor veto. Vetar é opor veto; apor é

acrescentar; daí aposto, (o) que vem junto. O veto, a contrariedade são

opostos, nunca apostos.

3.97 ou melhor, qual seja, isto é, ou seja, a saberExpressões retificadoras, explicativas, enumerativas devem aparecer com

pontuação antes e depois e são invariáveis (exceto “qual seja”): O professor

escreveu dois, ou melhor, três livros. Ele estudou todo o conteúdo, ou seja, dez

disciplinas. O Tribunal utilizou os métodos clássicos de interpretação, quais

sejam: literal, histórico, sistemático e teleológico.

3.98 particípioNossa gramática aceita dois particípios: regular (terminações –ado e –ido) e

irregular (sem desinências: morto, preso). Geralmente, usa-se o regular com os

verbos auxiliares “ter” e “haver” (voz ativa): A polícia já havia soltado o

acusado. A empresa já tinha entregado a encomenda.

Usa-se, geralmente, o irregular na voz passiva com os verbos auxiliares “ser”,

“estar”, “ficar”. Observe: O funcionário será preso se não confessar o crime.

Os livros serão impressos ainda hoje. As encomendas estão entregues. A

servidora ficou presa no trânsito. Cuidado: o particípio, no caso, concorda com

o gênero e o número do referente.

Dessa forma, podemos afirmar que, em tese, o uso do particípio regular ou

irregular se relaciona com o verbo auxiliar e a voz verbal: A insegurança tem dispersado a população. O movimento foi dispersado pela polícia. O

funcionário havia limpado tudo. A sala foi limpa pelo funcionário.

No entanto, o idioma português apresenta, como sempre, observações. Vamos

a elas.

observação 1: em alguns casos, as duas formas podem ser empregadas com

os verbos “ter” e “haver”: Meu irmão tem gasto (gastado) todo o salário com

diversão. Meu irmão havia gasto (gastado) todo o salário com diversão. A

população não tem elegido (eleito) bons políticos. Cuidado: com os verbos

auxiliares “ser” e “estar”, apenas se emprega a forma irregular: Todo o meu

salário foi gasto com diversão. Ele foi eleito deputado.

observação 2: quando adjetivos, alguns verbos apenas são empregados na

forma irregular: O texto está anexo (adjetivo). Cuidado: na voz passiva, segue

a regra geral: o texto foi anexado pelo diretor.

observação 3: “abrir” não é mais empregado em sua forma irregular (abrido).

Da mesma forma, ocorre com os verbos cobrir (cobrido) e escrever (escrevido).

observação 4: o verbo “vir” é exceção e forma o particípio como “vindo”: Ela

não tem vindo me ver.

observação 5: “empregar” só é usado na forma regular (empregado): Ele

havia empregado o melhor material. Tudo de bom foi empregado na

realização do projeto.

observação 6: “morrer” segue a regra geral: Ele havia matado um homem.

Ele foi morto. Ele já estava morto na época.

observação 7: “expresso” é particípio de “expressar”. “Expressado” é particípio

de “expressar” e “exprimir”: O servidor afirmou que havia se expressado mal.

A decisão foi expressa com clareza. A alegria estava expressa em seu rosto.

observação 8: “ganho”, “gasto” e “pago” são, na prática, mais usadas do que

as correspondentes formas regulares “ganhado”, “gastado” e “pagado” (em

desuso) tanto com os auxiliares “ser” e “estar” como com “ter” e “haver”, na voz

ativa ou passiva: Ele havia ganho (ganhado) o presente. O presente foi ganho. Nós temos pagos as multas. As multas têm sido pagas.

observação 9: alguns verbos da segunda e da terceira conjugação

apresentam apenas particípio irregular: dizer (dito), escrever (escrito), fazer

(feito), ver (visto), pôr (posto), abrir (aberto), cobrir (coberto) etc.

Enumero a seguir, alguns particípios empregados na linguagem jurídica.

infinitivo particípio regular particípio irregularaceitar aceitado aceito

acender acendido aceso

dispersar dispersado disperso

eleger elegido eleito

emergir emergido emerso

encher enchido cheio

entregar entregado entregue

envolver envolvido envolto

enxugar enxugado enxuto

exaurir exaurido exausto

expressar expressado expresso

exprimir exprimido expresso

expulsar expulsado expulso

extinguir extinguido extinto

fartar fartado farto

findar findado findo

frigir frigido frito

ganhar ganhado ganho

gastar gastado gasto

imergir imergido imerso

imprimir imprimido impresso

isentar isentado isento

juntar juntado junto

limpar limpado limpo

matar matado morto

ocultar ocultado oculto

pagar pagado pago

pegar pegado pego

prender prendido preso

salvar salvado salvo

secar secado seco

segurar segurado seguro

soltar soltado solto

submergir submergido submerso

sujeitar sujeitado sujeito

suspender suspendido suspenso

3.99 pedir para - pedir queComo o verbo pedir é transitivo direto, só se usa pedir para quando ficar

subentendida a palavra licença ou permissão: Pedimos (licença) para nos

retirar da sessão; Pediu (permissão) para ligar a televisão; As jornalistas

pediram (permissão) para filmar a entrevista. Nos demais casos, usa-se pedir

que: Ela pediu que se retirassem; Pediram que você ligasse a televisão; As

jornalistas pediram que eu filmasse a entrevista.

3.101 pedir vista - pedir vistasO correto é pedir vista, no singular. Significa solicitar exame do processo: O

ministro pede vista. O presidente lhe concede vista.

3.102 percentagem - porcentagemTanto faz usar percentagem ou porcentagem. Mas o adjetivo só tem uma

forma: percentual. Na escrita, a percentagem pode ser expressa em algarismos

seguida do símbolo % (3%, 10%), ou por extenso: trinta por cento.

Observação: Diante de dois ou mais valores da porcentagem, deve-se usar o

% em todos eles: O aumento oscilará entre 5% e 7% (e não: ... entre 5 e 7%).

O imposto deve subir de 25% para 27,5% (e não: ... de 25 para 27,5%).

3.103 por hora - por oraPor hora é expressão usada quando, na medição de velocidade, indica-se a

distância percorrida por determinado veículo no tempo de uma hora (sessenta

minutos): O limite de velocidade desta rodovia sempre foi 100km por hora; Pelo

fato de o carro estar a 70km por hora, o acidente não teve vítimas.

Por ora significa por enquanto, por agora: Por ora, não temos informações

novas sobre o caso; Os contratos, por ora, foram suspensos.

3.104 por si sóNa expressão, a palavra só tem função adjetiva, e não adverbial; por isso,

quando usada em referência a nome singular, só fica no singular; quando a

nomes no plural, deve ser flexionada: A crescente demanda por justiça

demonstra por si só a também crescente confiança da sociedade no Poder

Judiciário; Os argumentos da defesa por si sós não são suficientes para que se

autorize a concessão da liminar; Esses dados por si sós revelam o tamanho do

prejuízo que sofrerá a empresa.

3.105 posto quePosto que significa embora, ainda que, se bem que; assim, é locução

conjuntiva de valor concessivo e exige verbo no subjuntivo: Posto que

tivéssemos estudado, não nos saímos bem no exame; Posto que fosse sócio

da firma, nunca opinou nas reuniões de planejamento; A comitiva não chegou a

tempo para a solenidade de posse da nova diretoria, posto que tivesse saído

com duas horas de antecedência; Os operários, posto que estivessem com o

capacete de proteção, sofreram ferimentos na cabeça com a queda da

plataforma. Não confundir com visto que, que é causal e exige verbo no

indicativo: Visto que não tinha dinheiro, não comprou as ações.

3.107 prescrever - proscreverprescrever: em direito significa ficar sem efeito por ter decorrido certo prazo

legal; caducar; ordenar antecipada e explicitamente; dar ordem ou

determinação para que se faça (algo); estabelecer, determinar, preceituar;

normatizar

proscrever: decretar o banimento de; banir, exilar, degredar, deportar

3.109 processo epigrafadoA palavra grega epigrafar tem duas partes. Uma é epi; quer dizer em cima de,

em posição superior. A outra, grafar; significa escrever. Portanto, na expressão

“processo epigrafado acima”, o “acima” é dispensável; basta dizer: processo

epigrafado (ou: processo em epígrafe).

3.110 perante ao juiz ou perante o juiz?Não se trata de uma expressão com preposição. Dessa maneira, o “a” está

inadequado no caso. O correto é “perante o juiz”. Observe os exemplos:

perante o juiz; perante o tribunal; perante a justiça; ante o juiz; ante o tribunal;

ante a justiça.

3.111 pertine/no que diz respeito a

A forma pertine não existe em nossa língua. Use, em seu lugar, no que diz

respeito a, no que respeita a, no tocante a, com relação a, etc.

No tocante a este aspecto legal, meu voto é favorável.

3.112 porquê, uso do1. por que

a) ao se substituir por “por qual motivo”.

Por que você mentiu para mim?

Diga-me por que você mentiu.

b) ao se substituir por “pelo(a) qual” no singular ou no plural.

A razão por que a despediu não foi justa.

c) em orações subordinadas substantivas introduzidas pela preposição “por”

com a conjunção “que”.

Anseio por que passes no concurso

2. por quê

Ao se substituir por “por qual motivo” no final da ideia.

Partiste por quê?

3. porque

Ao introduzir ideia explicativa, causal ou final. Pode-se substituir por “pois” ou

“para que”.

Não respondi porque não escutei a pergunta.

Faço votos porque sejas feliz.

4. porquê

Ao exercer função de substantivo.

O porquê do fato não nos interessa.

3.113 protocolar - protocolizarAmbas as formas encontram-se registradas no Volp e em outros dicionários,

portanto são corretas, embora se diga que protocolizar seja variante

dispensável, pois são consagradas as formas protocolar, protocolado(s),

protocolada(s), protocolando, etc.

3.114 qualquer – sequer – algum – nenhumNão se deve usar o termo “qualquer” com sentido de “nenhum” em construções

negativas: não consultei qualquer livro da biblioteca (inadequado). A forma

correta é: não consultei livro algum da biblioteca.

Sequer indica “ao menos”, “pelo menos” e deve ser empregado em orações

negativas: o requerente não respondeu sequer a uma pergunta.

3.115 quando do (da)A expressão é galicismo, por isso deve ser substituída por no momento de, no

tempo de, por ocasião de: Por ocasião da consulta, o tribunal estava de

recesso, e não Quando da consulta (...)

Os dependentes têm direito ao benefício se o segurado, quando de seu

falecimento, preencher os requisitos legais. (errado)

Os dependentes têm direito ao benefício se o segurado, na ocasião de seu

falecimento, preencher os requisitos legais. (certo)

Os dependentes têm direito ao benefício se o segurado, à época de seu

falecimento, preencher os requisitos legais. (certo)

3.117 ratificar - retificarratifiar: reconhecer a validade de compromisso assumido por pessoa não

habilitada; confirmar, corroborar, roborar.

retificar: tornar exato (algo); corrigir; emendar.

3.118 reincidir - rescindirreincidir: tornar a incidir, recair, repetir.

rescindir: dissolver, invalidar, romper, desfazer.

3.119 remição / remissãoremição: ato ou efeito de remir “tornar a obter, resgatar”; liberação de pena ou

dívida.

remissão: ato ou efeito de remitir “perdoar”; perdão; ação ou efeito de remeter.

3.120 salário mínimo/salário-mínimo1. Salário mínimo (sem hífen) é a remuneração mínima do trabalhador, fixada

por lei: O atual salário mínimo do brasileiro é de R$ 545,00.

2. Salário-mínimo (com hífen) é usado para designar o trabalhador cuja

remuneração é o salário mínimo, ou o trabalhador mal remunerado: Aquele

pobre homem é um salário-mínimo. O plural é salários-mínimos.

3.121 se(c)cão – sessão - cessãose(c)ção: parte, divisão, departamento, ato de seccionar

sessão: espaço de tempo durante o qual se realiza reunião de um corpo

deliberativo, consultivo, jurídico etc.

cessão: ato de ceder, transferência de posse ou direito; desistência, renúncia;

concessão de vantagem ou procedência a; outorga

3.122 sendo queEsta expressão apresenta o sentido de causa em seu uso adequado. No

entanto, quase sempre encontramos de forma incorreta na linguagem jurídica.

Melhor evitar o uso. Observe um uso inadequado: Auxiliava sua ex-esposa

constantemente, sendo que ainda pagava a mensalidade escolar do filhos.

3.123 se não - senãose não quando o “se” é conjunção e inicia oração subordinada condicional,

equivalendo a caso não, quando não.

O acusado, se não (caso não) comparecer, será prejudicado. São problemas

que, se não (quando não) resolvidos, complicam a situação;

senão quando esta palavra equivale a exceto, salvo, a não ser, de outro modo,

do contrário, mas, mas sim, mas também.

Esta eficácia não se opera unicamente em favor do eleitor, senão (a não ser)

também dos partidos. Confessa, senão (do contrário) serás preso.

3.124 se seO emprego simultâneo da conjunção condicional se com o pronome se, posto

que correto, é desagradável ao ouvido. Por essa razão, deve evitar-se essa

combinação. Nesse caso, a conjunção condicional se pode ser permutada por

caso, contanto que, desde que. Observem-se os exemplos. Haveria ofensa à

segurança jurídica, se se permitisse, antecipadamente, acesso aos dados

secretos. (evite) Haveria ofensa à segurança jurídica, caso se permitisse,

antecipadamente, acesso aos dados secretos. (recomendável)

3.125 sortir - surtirsortir: prover (-se), abastecer-se (de produtos, mercadorias, provisões etc.);

colocar junto (coisas diversas); misturar, combinar, mesclar.

surtir: dar como resultado; dar origem a; provocar; ter êxito, sucesso (para

alguém); vir de dentro para fora; sair, emergir

3.126 susoTrata-se de palavra de uso antigo e significa acima, anteriormente, antes, atrás.

O acórdão suso mencionado traz a posição desta Corte sobre o caso.

3.127 tal qualNa expressão comparativa tal qual, tal concorda com o termo antecedente, e

qual, com o consequente: As meninas são tais qual a mãe; O menino é tal

quais os amigos. Ressalte-se que também existe a locução conjuntiva tal qual,

invariável, que equivale a como: O desembargador pensa tal qual o ministro.

3.128 tampouco - tão poucotampouco é advérbio de sentido negativo e significa também não, nem sequer.

Por isso dispensa o acompanhamento da partícula nem.

Não compareceu à sessão eleitoral, tampouco se justificou.

Em tão pouco, o advérbio tão modifica a palavra pouco, que pode ser advérbio

ou pronome indefinido.

Argumentou tão pouco (advérbio) que não convenceu os eleitores.

Revelou tão pouco (pronome indefinido) interesse pelo assunto.

3.129 ter - haverDeve-se evitar o emprego do verbo ter no sentido de haver, existir. Ex.: Na

urna há/existem muitos votos; não Na urna tem muitos votos.

3.130 todo – todo o – todos os - cada“Todo” indica “qualquer”: toda cidade possui prefeitura. “Todo o” significa

“inteiro”: toda a cidade é limpa. “todos os” indica a totalidade: todos os

habitantes são alfabetizados.

“Cada” é usado para especificar e deve sempre estar acompanhado de outro

termo: cada ano, cada um, cada pessoa.

3.131 todos - unânimesÉ pleonasmo dizer ou escrever: Todos foram unânimes ao afirmar isso.

Unânimes é relativo a todos. Todos dispensa o unânimes. Se são todos, está

garantida a unanimidade. Diga-se, então: Todos afirmam isso. Os presentes

foram unânimes na afirmação.

3.132 trata-se deNão é possível, lógica e gramaticalmente, construção com o verbo tratar-se

para coisas. Trata-se somente pode ter por sujeito um ente humano, em

acepções específicas: O caso trata-se de acusações. (inadequado); Aqui todos

se tratam por você; Ele somente se trata com remédios caseiros.

Nos demais casos, trata-se de constrói-se impessoalmente: Trata-se de

processos novos.

3.133 ver - virver: No futuro do subjuntivo, flexiona-se da seguinte forma: vir, vires, vir,

virmos, virdes, virem. Ex.: Se eu a vir, entregarei o livro.

vir: No futuro do subjuntivo, tem a seguinte flexão: vier, vieres, vier, viermos,

vierdes, vierem. Ex.: Se eu vier, trarei o livro.

3.134 vez que, eis que, posto que, haja vistoAs expressões acima quase sempre são empregadas de forma inadequada na

linguagem jurídica.

Vez que, de vez que e haja visto não devem ser empregadas nunca. Estão

inadequadas.

Eis que indica surpresa ou tempo. Raramente, será empregada nesse sentido.

Posto que não possui valor de causa. O sentido correto da expressão é de

concessão.

Observe os exemplos a seguir.

O Tribunal solicitou a cópia, vez que não a possuía (inadequado).

O Tribunal solicitou a cópia, de vez que não a possuía (inadequado).

O Tribunal solicitou a cópia, eis que não a possuía (inadequado).

O Tribunal solicitou a cópia, posto que não a possuía (inadequado).

O Tribunal solicitou a cópia, haja visto não a possuir (inadequado).

O Tribunal solicitou a cópia, haja vista não a possuir (adequado).

3.135 viger“Viger” significa vigorar, ter vigor, funcionar. Pertence à segunda conjugação.

Conjuga-se como viver, comer e escrever: Ele escreve (vige). Eles escrevem

(vigem). Ele escreveu (vigeu). Eles escreveram (vigeram). Ele escrevia (vigia).

Eles escreviam (vigiam). A lei vige por tempo indeterminado. A medida

provisória continua vigendo. Esta lei vigeu até julho do ano passado.

Observações:

a) O verbo viger é defectivo, conjuga-se apenas em alguns modos e pessoas.

Nos demais casos, é necessário recorrer a um sinônimo;

b) Em caso de dúvida sobre a conjugação do verbo viger, pode-se utilizar, por

exemplo, o verbo vigorar: A lei vigora por tempo indeterminado. A medida

provisória continua vigorando.

3.136 vista – vista dos autosEm sentido jurídico, vista traduz o ato de entrega dos autos a pessoas

interessadas no processo, como advogados, representantes do Ministério

Público, para manifestar-se acerca de seu conteúdo. O termo vista costuma

ser acompanhado dos verbos ir, pedir, requerer, ter etc.

Vale ressaltar que o correto é o singular, ou seja, vista. Tem-se, nesse ato, o

conhecimento de tudo que compõe os autos. Atente-se aos exemplos.

O Ministério Público terá vistas dos autos depois das partes. (errado)

O Ministério Público terá vista dos autos depois das partes. (certo)

3.137 vítima fatal - letal - mortalOs vocábulos fatal, letal e mortal exprimem algo que é determinado por um

fato, que produz a morte ou que está sujeito à morte; algo inevitável, funesto,

marcado pelo destino. Qualificam, portanto, aquilo que causa ou provoca o

resultado.

Vista essa questão semântica, o uso da expressão vítima fatal, letal ou mortal constitui impropriedade vocabular, uma vez que a vítima não é agente

causador; mas, sim, alguém que sofre a consequência. Por isso, a qualificação

tem de recair sobre o fato, e não sobre o agente causador. Então, fatal, mortal e letal é o evento, o acidente, a doença.

O acidente causou uma vítima fatal, além de danos materiais. (errado)

O acidente fatal causou uma vítima, além de danos materiais. (certo)

A facada desferida pela autora provocou vítima mortal. (errado)

A facada desferida pela autora provocou a morte da vítima. (certo)

3.139 vultoso - vultuosovultoso: que faz grande volume; avultado, volumoso; considerável; de grande

importância

vultuoso: acometido de vultuosidade (estado do rosto quando as faces e os

lábios estão vermelhos e inchados, e os olhos salientes)

5__________________________________

Texto jurídico

O ensino acadêmico, por melhor que seja, não se mostra capaz de preparar

adequadamente o futuro profissional da área jurídica a realizar suas tarefas

com perfeição em relação à linguagem. Os professores acadêmicos,

heroicamente em alguns casos, transmitem ao universitário o conhecimento

universal e particular adquirido e contribuem grandemente para a formação do

estudante. No entanto, na prática forense que o profissional encontrará os

instrumentos necessários para realizar tudo que lhe foi ensinado em anos

teóricos.

A boa redação de textos jurídicos torna-se fundamental como ferramenta

para a realização de atividade que tanto depende da linguagem. Saber

escrever corretamente, com clareza, coesão, boa argumentação e objetividade

torna-se essencial para o exercício profissional. Qualquer decisão jurídica

depende de um texto para ser interpretado. Não se é possível imaginar o

Direito sem texto. E é justamente na capacidade de produzir e entender textos

que o advogado se depara com obstáculos que lhe prejudicam o trabalho.

5.1 Qualidades do texto jurídico

Não tenhas medo das palavras grandes, pois se referem a pequenas coisas.

Para o que é grande os nomes são pequenos:

assim a vida e a morte, a paz e a guerra, a noite, o dia, a fé, o amor e o lar.

Aprende a usar, com grandeza, as palavras pequenas.

Verás como é difícil fazê-lo, mas conseguirás dizer o que queres dizer.

Entretanto, quando não souberes o que queres dizer,

usa palavras grandes, que geralmente servem para enganar os pequenos.

Arthur Kudner.

A palavra é o início de nossa técnica. Não queira escrever textos longos de

forma adequada sem antes observar o uso dos termos em seu texto. A escolha

da palavra é o início de um bom texto.

O termo exato a ser empregado deve levar em conta o leitor. Imagine o seu

leitor. Trata-se de um desconhecedor do assunto a ser escrito, um especialista,

uma pessoa com conhecimentos limitados de vocabulário, etc. A palavra

adequada depende da capacidade de compreensão do leitor.

O primeiro passo para expressar uma ideia é a escolha do termo adequado.

Dê sempre preferência ao termo menor e mais fácil de ser compreendido pelo

leitor. Evite expressões como a seguir.

a) A peroração do discurso do advogado foi clara ao pedir a absolvição por legítima

defesa.

b) Procura o réu escoimar-se da Jurisdição Penal, por suas pueris alegações.

c) Todas essas ações e querelas judiciais só têm por consequência mangrar o

desenvolvimento da sociedade.

5.1.1 Sentido denotativo e conotativo

Saiba bem a diferença entre sentido denotativo e conotativo. Evite de toda

forma o segundo caso em seu texto jurídico. Principalmente, no Brasil, há o

hábito de recorrer à linguagem figurada em nossas construções. Em Portugal,

isso não é tão comum.

Sentido denotativo: é o uso de um termo em seu sentido primeiro, real, do

dicionário. Ao pensarmos em “joia”, logo nos vem ao pensamento uma pedra

preciosa ou algo semelhante.

Sentido conotativo: é o uso de um termo em seu sentido figurado. Ao

caracterizar alguém como uma pessoa "joia", houve uma transferência de

sentido facilmente compreensível, mas inadequada para nossa atividade.

Evite também palavras que possam apresentar polissemia (vários sentidos

no contexto), neologismos (criações artísticas ou inovadoras), arcaísmos

(palavras em desuso) ou gírias. Nossa preocupação é apresentar uma ideia de

forma clara e não produzir um texto literário.

5.1.2 Período adequado

Frases curtas é o segredo para o texto adequado. Procure sempre frases

curtas. Uma, duas ou, no máximo, três orações por período sintático. As

vantagens são muitas. A primeira é diminuir o número de erros, principalmente

em pontuação. A segunda é tornar o texto mais claro. A terceira é apresentar a

ideia de forma mais objetiva. Vinícius de Morais afirmava que "uma frase longa

não é mais que duas curtas". Períodos longos geralmente estão associados a

ideias incertas e facilitam falhas na compreensão.

5.1.3 Ordem direta

A ordem direta facilita o entendimento (sujeito-verbo-complemento).

Certamente, você não a usará em todos os períodos. Em alguns momentos, é

importante intercalar uma observação ou antecipar um adjunto adverbial, por

exemplo. No entanto, procure escrever em ordem direta, principalmente no

início do parágrafo.

5.1.4 Voz ativa

As construções em voz ativa demonstram que o sujeito é o agente da ação e

dão firmeza ao pensamento.

Adequado: O governo adotou a medida.

Inadequado: A medida foi adotada pelo governo.

Você deve usar voz passiva quando o sujeito paciente é mais importante do

que o agente da passiva.

Adequado: O Supremo foi criticado pelos vândalos.

Inadequado: Os vândalos criticaram o Supremo.

5.1.5 Evite gerúndio

O gerúndio é um recurso oral muito presente em nosso idioma. No entanto,

o exagero compromete o texto. A linguagem jurídica no Brasil faz muito uso de

gerúndio de forma inadequada (no capítulo sobre vocabulário, abordaremos em

detalhes o assunto). Você consegue substituir o gerúndio em quase todas as

situações. Observe o exemplo a seguir:

Funcionários contratados pela empresa poderão cursar universidade no

segundo semestre, podendo, se forem estudiosos, concluir o curso em quatro

anos, fazendo em seguida um curso de pós-graduação.

Observe como fica melhor:

A empresa contratou funcionários que poderão cursar universidade no segundo

semestre do ano. Se forem estudiosos, concluirão o curso em quatro anos e,

em seguida, farão uma pós-graduação.

5.1.6 Três verbos por período

O período longo e o vocabulário inadequado são os principais erros em um

texto formal. Em cursos nos tribunais, dedico muito tempo ao assunto. Criou-se

o hábito de escrever com períodos longos na atividade jurídica. Não é um

problema só brasileiro. Diversos países europeus organizam campanhas nos

órgãos públicos para melhorar o texto jurídico e torná-lo mais objetivo. Eu

tenho presenciado o esforço para isso.

Se você tiver a curiosidade para pesquisar textos jurídicos de países anglos,

nórdicos e mesmo dos Estados Unidos e Canadá, ficará surpreso com o

tamanho dos períodos e dos parágrafos. Eles são exageradamente concisos.

Podemos encontrar um meio-termo. Observe o exemplo a seguir, retirado de

uma reportagem:

Mesmo fervidas diariamente, as lentes de contato gelatinosas ficam

impregnadas de sujeira, o que pode até causar conjuntivite, mas, desde o

começo do ano, os míopes da Califórnia podem resolver o problema jogando

as lentes no lixo pois lá acabam de ser lançadas lentes descartáveis que

custam apenas 2,5 dólares cada, que só em julho estarão disponíveis no Brasil.

Veja como fica melhor:

Mesmo fervidas diariamente, as lentes de contato gelatinosas ficam

impregnadas de sujeira, o que pode causar conjuntivite. Desde começo do ano,

porém, os míopes da Califórnia podem resolver o problema. Acabam de ser

lançadas lentes descartáveis que custam apenas 2,5 dólares cada. Em julho,

elas estarão disponíveis também no Brasil.

Quase sempre o período longo mistura pensamentos. Sem perceber, o autor

acaba por tratar de diversos assuntos diferentes e sem continuidade. Observe

exemplo de uma redação para concurso público com essa falha:

Quando paramos para pensar sobre quem foi o responsável por todas as

mazelas que sofremos nos últimos anos no Brasil, gerando desordem na área

da saúde e da educação principalmente e poucos resultados eficientes na área

do crescimento, aquele que permitiu que toda esperança se perdesse e fosse

por água abaixo, deixando escapar uma oportunidade para o Brasil ocupar um

assento permanente na ONU e em diversas representações internacionais

importantes e não dando prosseguimento ao projeto de exportação de nossos

produtos agropecuários, perdendo o foco do que realmente interessa para o

povo brasileiro.

Texto bom é objetivo e claro. O período curto facilita o entendimento rápido

por parte do leitor. O texto a seguir foi editorial do jornal Correio Braziliense.

Observe a separação das ideias nos períodos.

A União Europeia completa 50 anos hoje como a mais bem-sucedida

experiência de integração regional do planeta. Quando a Guerra Fria começava

a mergulhar Estados Unidos e União Soviética numa era de auto-suficiência e

competição, os europeus concretizavam sua aposta na cooperação como

diferencial para enfrentar desafios do século 21. Os problemas do bloco são

vários, mas os benefícios inegáveis dão a outros países importantes lições

sobre desenvolvimento.

Observe textos com as qualidades citadas:

Texto I

O recorrente alegou que a decisão impugnada estaria viciada, em face da

ausência de intimação pessoal para informar a data da sessão em que seria

apreciado o processo neste Tribunal.

A ausência da intimação pessoal da data em que será julgado o processo não

ofende qualquer princípio constitucional ligado à defesa. A publicação da pauta de

julgamentos no Diário Oficial da União é suficiente para conferir publicidade ao ato

processual e permitir a participação de todos na sessão de julgamento. Tal

entendimento encontra amparo em deliberação do Plenário do Supremo Tribunal

Federal, proferida em sede de Agravo Regimental em Mandado de Segurança

(MS-AgR 26.732/DF, Relatora Ministra Carmen Lúcia), conforme excerto a seguir

transcrito.

(...)

Texto II

O atual Prefeito do Município de xxxx sustenta que a responsabilidade pela

aplicação dos recursos é tão somente do ex-gestor. Alega que não se beneficiou

da aplicação irregular dos recursos federais e requer que se afaste a

responsabilidade do ente público.

Texto III

O recorrente requer efeito suspensivo ao recurso de revisão, de modo a obstar a

eficácia do comando decisório contido no acórdão recorrido.

O artigo 35 da Lei 8.443/1992 apenas prevê recurso de revisão sem efeito

suspensivo:

“Art. 35. De decisão definitiva caberá recurso de revisão ao Plenário,

sem efeito suspensivo, interposto por escrito, uma só vez, pelo

responsável, seus sucessores ou pelo Ministério Público junto ao

Tribunal, dentro do prazo de cinco anos, contados na forma prevista no

inciso III do art. 30 desta lei, e fundar-se-á: I - em erro de cálculo nas

contas; II - em falsidade ou insuficiência de documentos em que se

tenha fundamentado a decisão recorrida; III - na superveniência de

documentos novos com eficácia sobre a prova produzida” (grifos

acrescidos).

O plenário do Supremo Tribunal Federal, em sede de Mandado de Segurança

(MS 22.371/PR, Relator Ministro Moreira Alves), corroborou esta norma,

conforme a seguinte ementa:

“Mandado de segurança. Efeito suspensivo a recurso de revisão

interposto perante o Tribunal de Contas da União. – Pela disciplina

desse recurso de revisão, faz ele as vezes, no plano administrativo, da

ação rescisória no terreno jurisdicional, com relação à qual a

jurisprudência desta Corte tem entendido inadmissível a outorga

cautelar de eficácia suspensiva ao ajuizamento dela, para obstar os

efeitos decorrentes da coisa julgada (vejam-se, a propósito, os

acórdãos na RTJ 54/454 e na RTJ 117/1). Mandado de segurança

indeferido”.

Desse modo, não há como conferir efeito suspensivo a recurso de revisão, por

falta de amparo legal.

Os textos apresentam predomínio de ordem direta, voz ativa, linguagem

clara e direta e períodos curtos. Não significa que todos os períodos

apresentarão tais características, mas devem predominar.

5.1.7 Parágrafo adequado

Os parágrafos devem apresentar as seguintes qualidades:

1. Deve-se evitar parágrafo de período único. Isso pode ocorrer, mas

não deve predominar. Geralmente, ele apresenta dois ou três períodos. O

primeiro apresenta a ideia central e os demais exemplificam, argumentam ou

concluem a ideia inicial.

2. Cada parágrafo apresenta apenas uma ideia central.

3. Os parágrafos devem apresentar relação de coesão muito forte.

Observe exemplo de texto com parágrafos bem relacionados.

A alegação de que caberia ao TCU comprovar a regularidade da aplicação dos

recursos públicos repassados por convênio é recorrente neste Tribunal.

Nesse sentido, por força do que dispõe o art. 70, parágrafo único, da Constituição

Federal, bem assim o art. 93 do Decreto-Lei 200/1967 c/c o art. 66 do Decreto

93.872/1986, fica claro que compete ao gestor comprovar a boa e regular

aplicação dos recursos públicos, isto é, o ônus da prova.

O Tribunal firmou jurisprudência nesse sentido, conforme se verifica nos Acórdãos

903/2007-TCU-1a Câmara, 1.445/2007-TCU-2a Câmara e 1.656/2006-TCU-

Plenário.

Tal entendimento foi confirmado pelo Supremo Tribunal Federal em decisão

proferida em sede de Mandado de Segurança (MS 20.335/DF, de 12/10/1982 da

Relatoria do Ministro Moreira Alves), cuja ementa vem transcrita a seguir.

“Mandado de Segurança contra o Tribunal de Contas da União. Contas

julgadas irregulares. Aplicação da multa prevista no artigo 53 do Decreto-Lei

199/67. A multa prevista no artigo 53 do Decreto-Lei 199/67 não tem natureza

de sanção disciplinar. Improcedência das alegações relativas a cerceamento

de defesa. Em Direito Financeiro, cabe ao ordenador de despesas provar que não é responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, das leis e

regulamentos na aplicação do dinheiro público. Coincidência, ao contrário do

que foi alegado, entre a acusação e a condenação no tocante à irregularidade

da licitação. Mandado de Segurança indeferido”. (grifos acrescidos)

Desse modo, o gestor deve fornecer todas as provas da regular aplicação dos

recursos sob sua responsabilidade, em conformidade com os normativos vigentes

e reiterada jurisprudência do TCU.

Cada parágrafo apresentou apenas uma ideia relacionada com o

parágrafo seguinte. Isso é muito importante. Observe outro exemplo.

A contratação da xxx, instituição sem fins lucrativos, foi realizada por meio de

dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993,

que trata da contratação direta de instituição brasileira incumbida regimental ou

estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional ou de

instituição dedicada à recuperação social do preso.

Entretanto, no presente caso, além de não haver comprovação de que os preços

contratados são condizentes com aqueles praticados no mercado, não foi

observado nexo entre o objeto contratado e a natureza das atividades

desenvolvidas pela instituição.

A jurisprudência do TCU sobre esse tema, consubstanciada na Súmula/TCU 250,

é no sentido de que a contratação direta de instituição sem fins lucrativos, com

fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, somente é admitida nas hipóteses

em que há nexo efetivo entre o objeto contratado e as atividades de pesquisa,

ensino ou desenvolvimento institucional realizadas pela instituição contratada,

garantida ainda a compatibilidade com os preços de mercado.

Nesse sentido, são, por exemplo, os Acórdãos do TCU 1.279/2007-Plenário,

1.882/2007-Plenário, 289/2007-Plenário, 1.026/2007-Plenário, 1.349/2003-1a

Câmara, 733/2000-2a Câmara e 84/2000-Plenário.

Dessa forma, não tendo sido preenchidos os requisitos legais, restou configurada

a ilegalidade da contratação.

5.2 Vícios de linguagem

Dentre as principais qualidades de um texto bem redigido, destaca-se a

clareza, que, na redação oficial, tem especial relevo devido à finalidade dos

atos e comunicações no serviço público.

Geralmente o texto fica prejudicado quanto à clareza em decorrência dos

vícios de linguagem, entre os quais se observam os erros de concordância,

regência, paralelismo e comparação, bem como ambiguidade e eco.

Erros de concordância

Há dois tipos de erros de concordância: nominal e verbal. O primeiro ocorre

quando os nomes (substantivos, adjetivos, pronomes) não se ajustam em

número e gênero; o segundo, quando os verbos não se ajustam ao sujeito em

número e pessoa.

Errado:

Considerou o mandado de segurança intempestiva.

O adjetivo intempestivo modifica o substantivo mandado e com este deve

concordar.

Certo:

Considerou o mandado de segurança intempestivo.

Errado:

Estas são as normas cooperativas vigente.

O adjetivo vigente modifica o substantivo normas e com este deve concordar.

Certo:

Estas são as normas cooperativas vigentes.

Errado:

Foi atendido, ao que se colhe do acórdão impugnado, os partidos que se

expressaram pela maioria.

A forma verbal foi atendido deve concordar com o sujeito os partidos.

Certo:

Foram atendidos, ao que se colhe do acórdão impugnado, os partidos que se

expressaram pela maioria.

Errado:

Eram pareceres dissonantes que, após a discussão exaustiva da matéria,

serviu de base para o relatório final da comissão.

O pronome relativo que tem por antecedente a palavra pareceres e tem função

de sujeito do verbo servir. Este deve ir para o plural, concordando com o

antecedente.

Certo:

Eram pareceres dissonantes que, após a discussão exaustiva da matéria,

serviram de base para o relatório final da comissão.

Erros de regência

Ocorre erro de regência (nominal ou verbal) quando a relação de

dependência entre nomes ou entre verbos e seus complementos não se

estabelece corretamente.

Errado:

A decisão do julgamento provocou um clima adverso com a Justiça.

Nesse exemplo, há erro de regência nominal porque adverso rege a preposição

a ou (mais raro) de, e não com.

Certo:

A decisão do julgamento provocou um clima adverso à Justiça.

Errado:

A Justiça exigia a presença de peritos de legislação trabalhista no processo.

No exemplo, há erro de regência nominal porque a palavra perito rege a

preposição em, e não de.

Certo:

A Justiça exigia a presença de peritos em legislação trabalhista no processo.

Errado:

– Vocês não aspiram altos cargos neste governo?

– Sim, aspiramos-lhes.

Em ambas as frases, há erros de regência verbal porque, no sentido de almejar

ardentemente, pretender, o correto é aspirar a alguma coisa, pois este verbo é

transitivo indireto e pede a preposição a. Neste sentido, não se admite o

pronome lhe(s); apenas a ele(s), a ela(s).

Certo:

– Vocês não aspiram a altos cargos neste governo?

– Sim, aspiramos a eles.

Errado:

Analisou ao recurso.

Nesse exemplo, há erro de regência verbal porque, no sentido de observar,

examinar com minúcias ou criticamente, o verbo analisar é transitivo direto e

não admite preposição.

Certo:

Analisou o recurso.

Erros de paralelismo

Paralelismo é o recurso linguístico que possibilita a expressão de ideias

similares por meio de formas gramaticais idênticas. Portanto, constitui erro dar

forma gramatical diferente a ideias similares, como nos seguintes casos:

1. Duas orações subordinadas estruturadas de formas diferentes para ideias

equivalentes.

Errado:

Pediu aos concorrentes agilizar os pedidos de inscrição e que, em caso de

dúvida, recorressem aos tribunais regionais.

Esse período apresenta uma oração subordinada reduzida de infinitivo (agilizar

os pedidos de inscrição) e outra desenvolvida (que (...) recorressem aos

tribunais regionais). O correto seria utilizar duas reduzidas ou duas

desenvolvidas, como a seguir.

Certo:

Pediu aos concorrentes agilizar os pedidos de inscrição e, em caso de dúvida,

recorrer aos tribunais regionais.

ou

Pediu aos concorrentes que agilizassem os pedidos de inscrição e, em caso

de dúvida, recorressem aos tribunais regionais.

2. Substantivos coordenados com orações reduzidas de infinitivo.

Errado:

Em seu voto, o relator demonstrou conhecimento, não ser inseguro e parcial,

ter bom senso.

Nesse exemplo, o erro está em não haver coordenação de palavras da mesma

classe gramatical (conhecimento, não ser seguro e parcial, ter bom senso). A

solução está em usar apenas substantivos ou formas oracionais reduzidas,

como a seguir.

Certo:

Em seu voto, o relator demonstrou conhecimento, segurança,

imparcialidade e bom senso.

ou

Em seu voto, o relator demonstrou ser seguro e imparcial, ter conhecimento e bom senso.

3. Emprego errado das expressões correlativas não só... mas (como) também,

tanto... quanto, nem... nem, ou... ou, quer... quer, ora... ora, seja... seja, etc.

Errado:

Ao final, ou o presidente votava, ou pedia vista, ou encerrava a sessão.

O erro está na posição inadequada da primeira conjunção ou. O certo é

deslocá-la de forma a estabelecer a relação entre os elementos coordenados

(votar, pedir, encerrar).

Certo:

Ao final, o presidente ou votava, ou pedia vista, ou encerrava a sessão.

4. Cidade e estado, cidade e pessoa colocados no mesmo nível.

Errado:

Por ocasião das eleições, o candidato visitou Manaus, Curitiba e Mato Grosso.

O erro está em nivelar as capitais Manaus e Curitiba com o Estado de Mato

Grosso. O certo é substituir o estado por sua capital ou mencionar que o

candidato visitou o Estado de Mato Grosso.

Certo:

Por ocasião das eleições, o candidato visitou Manaus, Curitiba e Cuiabá.

ou

Por ocasião das eleições, o candidato visitou Manaus, Curitiba e cidades de Mato Grosso.

5. Emprego inadequado do e que, sem que tenha sido parte de construção

anterior.

Errado:

Devem-se tomar medidas enérgicas e que proíbam o uso do dinheiro público

em benefício de poucos.

Com o emprego do e que criou-se a ideia de paralelismo, inexistente

anteriormente. O certo é eliminar o e ou substituir o adjetivo enérgicas por

oração adjetiva equivalente.

Certo:

Devem-se tomar medidas enérgicas que proíbam o uso do dinheiro público em

benefício de poucos.

ou

Devem-se tomar medidas que sejam enérgicas e (que) proíbam o uso do

dinheiro público em benefício de poucos.

Erros de comparação

Deve-se evitar a omissão de certos termos nas comparações, sob pena de

comprometer a clareza, como nos exemplos:

Errado:

Obteve um total de votos maior do que o adversário.

Nessa construção, estabeleceu-se uma comparação entre o total de votos e o

adversário, quando o certo é comparar apenas o total de votos de cada um.

Certo:

Obteve um total de votos maior do que o total do adversário.

ou

Obteve um total de votos maior do que o do adversário.

Ambiguidade

Ambiguidade é o duplo sentido provocado pela má construção da frase. Ocorre

geralmente quando há dificuldades de identificação do sujeito ou do objeto

numa oração e dos termos a que se refere um pronome pessoal, possessivo ou

relativo, como nos seguintes casos.

1. Dificuldade de identificação do sujeito e do objeto da oração.

Ambíguo:

Convenceu o diretor o chefe sobre a necessidade de mudanças.

Quem convenceu quem, o diretor ou o chefe? Se o chefe convenceu o diretor,

o período ganha clareza com uma destas opções:

a) Convenceu ao diretor o chefe sobre a necessidade de mudanças.

b) O chefe convenceu o diretor sobre a necessidade de mudanças.

Se o diretor convenceu o chefe, o período tornar-se-á mais claro com uma

destas opções:

c) Convenceu o diretor ao chefe sobre a necessidade de mudanças.

d) O diretor convenceu o chefe sobre a necessidade de mudanças.

2. Dificuldade de identificação do termo a que se refere o pronome pessoal.

Ambíguo:

O diretor comunicou ao chefe que ele seria exonerado.

Quem seria exonerado, o diretor ou o chefe? A ambiguidade da frase poderá

ser eliminada com uma das opções:

a) O diretor comunicou a exoneração dele ao chefe – se a exoneração é do

diretor;

b) O diretor comunicou ao chefe a exoneração deste – se a exoneração é do

chefe.

3. Dificuldade de identificação do termo a que se refere o pronome possessivo.

Ambíguo:

O governador e o prefeito se desentenderam por causa de sua má gestão.

De quem é a má gestão, do governador ou do prefeito? A ambiguidade da

frase poderá ser eliminada com uma das opções:

a) O governador e o prefeito se desentenderam por causa da má gestão do

prefeito (ou deste último) – se a má gestão é do prefeito;

b) O governador e o prefeito se desentenderam por causa da má gestão do

governador (ou do primeiro) – se a má gestão é do governador.

4. Dificuldade de identificação do termo a que se refere o pronome relativo.

Ambíguo:

O senador quis conhecer o projeto do deputado do qual o secretário falava.

O secretário falava do deputado ou do projeto do deputado? A ambiguidade da

frase poderá ser eliminada com uma das opções:

a) O senador quis conhecer o projeto do deputado de cujo projeto o secretário falava;

b) O senador quis conhecer o projeto do deputado de quem o secretário falava.

5.3 Resumo e síntese

O termo “resumo” (do latim resumere) significa condensar em poucas palavras o que

foi dito ou escrito de forma mais extensa. Resumir é agrupar em poucas palavras todo o

pensamento do autor. Síntese (do grego synthesis) é demonstrar em poucas palavras a ideia

principal do autor. Sintetizar é retomar a principal intenção do autor do texto. Observe texto

original e possível resumo e síntese.

Texto original

A Receita Federal brasileira vai iniciar um processo de integração com o fisco

dos demais países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) para combater

as fraudes fiscais que estão ocorrendo nas operações comerciais feitas entre

empresas do bloco econômico.

Com a globalização, os chamados "preços de transferência" se transformaram

no principal alvo das administrações tributárias dos países filiados ao Centro

Interamericano de Administradores Tributários (CIAT). Por esse mecanismo, as

empresas conseguem fraudar o fisco realizando operações de compra e venda

com preços que não correspondem ao valor real dos produtos ou serviços

negociados. Em todos os casos, é sempre necessário utilizar um paraíso fiscal

- país que apresenta vantagens e isenções tributárias.

No caso de uma exportação, a empresa vende seu produto por um preço muito

baixo, o que caracteriza uma operação não-lucrativa ( portanto, sem incidência

de Imposto de Renda). A venda é intermediada por uma empresa localizada

em um paraíso fiscal, que recoloca o preço em seu patamar real e conclui a

venda ao comprador. O lucro realizado por essa empresa retorna ao

exportador sem ônus fiscal.

Na importação, a operação é inversa. O produto é comprado a um preço

elevado, reajustado em um paraíso fiscal antes de chegar ao seu destino. O

importador alega prejuízo na operação e escapa ao fisco.

"A globalização, que agilizou e sofisticou os negócios entre as empresas, criou

modernas doenças fiscais. Temos que combatê-las", disse o Secretário da

Receita Federal do Brasil à Folha. Apenas um trabalho conjunto entre os

diversos países do Mercosul poderá extinguir ou, pelo menos, neutralizar as

fraudes fiscais internacionais.

Possível resumo

A Receita Federal brasileira e órgãos correspondentes nos países do Mercosul

integrarão suas operações para combater fraudes fiscais. A globalização, que

agilizou e sofisticou os negócios entre as empresas, possibilitou também que

empresas criassem mecanismos de isenção de imposto de renda com valores

falsos de mercadorias por meio de compra e venda com participação de

empresas em paraísos fiscais.

Possível síntese

O Brasil e os países do Mercosul trabalharão em conjunto a fim de evitar

fraudes fiscais internacionais em operações comerciais entre empresas do

bloco.

5.3.1 Resumo na ABNT

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) segue tal

referência internacional por meio da NBR 6028 e define resumo como

"apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto".

O resumo abrevia o tempo de estudo de tal modo que pode influenciar e

estimular a consulta do texto completo. O resumo padronizado deve destacar:

a) o assunto do trabalho;

b) o objetivo do texto;

c) a articulação das ideias;

d) as conclusões ou recomendações;

e) ser redigido em linguagem objetiva;

f) não apresentar juízo crítico;

g) ser inteligível por si mesmo (isto é, dispensar a consulta ao original);

h) evitar a repetição de frases inteiras do original;

i) respeitar a ordem em que as ideias ou fatos são apresentados.

O bom resumo dispensa leitura do texto original. Segundo a NBR 6028,

deve-se produzir resumo em apenas um parágrafo. Constitui-se em forma

prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, uma vez que

favorece a retenção de informações básicas.

5.3.2 Resumo em instituições públicas

O servidor público muitas vezes deve produzir resumo e síntese em

seus documentos. A ementa, o relatório, a informação e o sumário executivo

são bons exemplos de textos resumidos. Saber resumir e sintetizar é essencial

à boa atividade profissional. Textos bem resumidos recuperam a informação

principal e auxiliam a tomada de decisão de forma rápida e objetiva.

Manuais de redação oficial enfatizam a importância de empregar

linguagem direta e objetiva. Saber sintetizar é de muita importância na

atividade profissional. A capacidade de reproduzir, em poucas palavras, o que

foi apresentado de forma mais detalhada é fundamental em diversas situações.

No entanto, não se devem economizar informações relevantes em documentos

que necessitem de detalhes.

Procedimentos para boa síntese:

a) Ler atentamente o texto, a fim de conhecer o assunto;

b) Observar as partes mais importantes;

c) Resumir cada parágrafo ou grupo de parágrafos;

d) Destacar a ideia essencial que relaciona os parágrafos;

e) Saber diferenciar a ideia principal das secundárias;

f) Sintetizar com base na intenção principal do autor com informações ou

fundamentos encontrados no texto.

5.4 Ementa

Ementa (do latim ementum, "pensamento", "ideia", de e e mens, “juízo”,

“razão”, “mente”) é breve apresentação do conteúdo do texto original. Deve ser

feita de forma clara e concisa. Observe recomendações para a ementa no

TCU:

I – Observações gerais:

a) considera-se ementa o conjunto de anotações ou apontamentos que indicam

resumidamente os pontos relevantes da matéria submetida à deliberação do

Tribunal, bem como a deliberação resultante do julgamento de cada caso

concreto:

1. o objetivo primordial de uma ementa é refletir com fidedignidade a

motivação essencial da deliberação exarada. Portanto, a ementa bem

elaborada proporciona ao usuário-pesquisador alcançar o sentido do

teor do ato decisório, possibilitando, também, a compreensão em

basicamente apenas uma leitura do texto.

2. a ementa possui características informativas, devendo oferecer ao

usuário-pesquisador elementos suficientes para que este possa decidir

sobre a conveniência da leitura do texto inteiro do documento.

b) a ementa é formada por duas partes: a verbetação e o dispositivo:

1. a verbetação é a sequência de palavras-chave ou de expressões

que indicam o assunto apreciado pelo Tribunal, a qual deve

encaminhar o consulente ao que foi realmente apreciado, lançando-se,

para tanto, gênero e espécie do assunto focalizado.

2. o dispositivo é a regra de conduta resultante do julgamento do caso

concreto. Em princípio, o dispositivo deve ser original, isto é, não deve

reproduzir o texto da lei ou de orientação doutrinária, visto que a

deliberação é adotada sobre um caso particular, a que se aplica a

disposição legal.

c) a ementa pode ser simples ou composta:

1. será simples, se contiver um só dispositivo, proveniente de um só

ponto controvertido;

2. será composta, se contiver mais de um dispositivo, resultante de

cada um dos pontos controvertidos ou de cada contraditório.

d) na verbetação composta haverá, em princípio, uma verbetação para cada

dispositivo, podendo-se, todavia, empregar uma só verbetação quando o

gênero for comum e diferentes as espécies;

e) o dispositivo aparece em parágrafo distinto da verbetação;

f) Nas ementas compostas não é necessário enumerar os dispositivos; a

verbetação, por si, os distinguirá. Os dispositivos, entretanto, devem figurar em

parágrafos distintos;

g) O dispositivo emana do ponto discutido e não do arrazoado expendido no

parecer, relatório ou voto, devendo ser abstrato e não se referir a elementos

concretos do processo em questão.

h) A ementa deve ser redigida dentro das orientações da técnica legislativa e

elaborada com maior rigor formal, visto ser a linguagem que realiza o Direito;

i) Os verbetes devem ser escritos em caracteres verticais, claros, em caixa-

baixa, usando-se maiúscula só para a inicial, com ponto ao final de cada um

deles e sem qualquer destaque;

j) A ementa possui como características a objetividade (obriga que a ementa

corresponda exatamente ao teor do acórdão) a concisão (exige que todas as

palavras sejam úteis, aconselha o emprego da forma sintética no lugar da

analítica), afirmativo, preciso e claro ( usar frases curtas e concisas, buscar a

uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando

preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente, na voz ativa).

l) Nos casos de falha da ementa, prevalece o disposto no Acórdão ou Parecer.

II - Orientações específicas:

Basicamente, a ementa é composta dos seguintes elementos:

a) natureza do processo

b) órgãos ou entidades envolvidas

c) assunto: do geral para o particular (temas específicos ou controversos)

d) manifestação do TCU (sobre cada tema específico ou controverso, ou sobre

o encaminhamento do processo)

e) resultado específico da deliberação (legalidade, regularidade, conhecimento,

arquivamento, determinação, orientação ou recomendação, etc.)

5.4.1 Ementa em atos normativos ou legislativos

Em atos normativos ou legislativos, a ementa aparece logo na parte

preliminar e sintetiza o conteúdo do ato, a fim de permitir, de modo imediato, o

conhecimento da matéria legislada, devendo guardar estreita correlação com a

ideia central do texto, bem assim com o art. 1o do ato proposto. A Lei

Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998, em seu artigo 5º, determina

que a ementa será grafada por meio de caracteres que a realcem e explicitará,

de modo conciso e sob a forma de título, o objeto da lei. Observe a ementa da

própria Lei citada.

 Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a

consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do

art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a

consolidação dos atos normativos que menciona.

Observe a ementa do Decreto N. 4.176, de 28 de março de 2002.

Estabelece normas e diretrizes para a elaboração, a redação, a

alteração, a consolidação e o encaminhamento ao Presidente da

República de projetos de atos normativos de competência dos

órgãos do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.

Observe ementa da Decisão Normativa TCU n. 96, de 4 de março de 2009.

Altera e acresce itens constantes dos Anexos I, II e III da

Decisão Normativa TCU n.º 93, de 3 de dezembro de 2008.

Ementa da Decisão Normativa TCU N. 94, de 3 de dezembro de 2008.

Define, para 2009, as unidades jurisdicionadas cujos

responsáveis devem apresentar processos de contas relativas

ao exercício de 2008, especificando a forma, os prazos e os

conteúdos dos demonstrativos que os comporão, nos termos dos

artigos 4º, 6º, 13 e 14 da Instrução Normativa TCU nº 57, de 27

de agosto de 2008.

5.4.2 Ementa no parecer

O parecer também apresenta ementa (geralmente, dividida em três

partes: síntese do relatório, do embasamento legal e da decisão). Pode-se

alterar a ordem para síntese do relatório, decisão, embasamento legal.

Reúnem-se, de forma lógica e coordenada, as principais “palavras-chaves“ que

foram utilizadas na elaboração do parecer. Observe exemplo de ementa.

Cobrança de multa moratória por concessionária de serviço

público de ente da Administração. Possibilidade. Superação da

Súmula nº 226 do Tribunal de Contas da União por decisões

posteriores. Extensão da noção de legalidade aplicável à

Administração Pública.

5.5 A arte de argumentar

Boa redação é técnica a ser apurada por meio de aprendizado constante

e dedicado. Há diferença entre texto literário e texto profissional. O primeiro se

destina à arte ou ao lazer. O segundo busca transmitir pensamentos

informativos, argumentativos ou retóricos. Provavelmente, muitos nascem com

dom para literatura ou desenvolvem tal aptidão. No entanto, o texto a ser

empregado na atividade profissional é aprendido por meio de observação,

prática e dedicação. Não se trata de virtude de berço. Nosso curso busca

justamente aprofundar e apurar recursos técnicos para melhorar sua

capacidade de redigir de forma mais adequada em sua atividade profissional.

A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de

linguagem simples, direta e correta. Na linguagem das instituições públicas não

há forma específica de linguagem, mas sim qualidades a serem aplicadas:

clareza, concisão, coerência, coesão, correção gramatical, formalidade,

padronização e impessoalidade.

Competência textual

Ser competente para produzir texto depende apenas de você.

Observação aos detalhes e prática constante promovem melhora significativa

no ato de redigir. Nosso objetivo assim é que você adquira capacidade de

expressar com competência suas ideias em textos organizados, objetivos,

claros e corretos gramaticalmente.

Argumentação

A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto

mais polêmico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem

argumentativa. Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou

também apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando-se

apenas na conclusão. Agostinho dias Carneiro afirma que “argumentar é um

processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à razão, supõe

ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à paixão,

busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo”.

Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de

argumentos por autoridade e provas concretas o texto caminha para direção

coerente, precisa e persuasiva.

Othon M. Garcia afirma que “na argumentação, além de dissertar,

procuramos formar a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando convencê-lo de

que a razão está conosco”, isto é, a verdade. Argumentar é, em última análise,

convencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões em face da

evidência das provas e à luz de um raciocínio lógico e consistente.

5.5.1 Tipos de argumentos

Há diversas formas de argumentar um pensamento. Inicaremos pelo

texto dedutivo (a priori) e pelo indutivo (a posteriori).

Texto dedutivo    

 O argumento dedutivo baseia-se em ideias consagradas e plenamente aceitas

como verdade absoluta. Ao apresentar o argumento, a conclusão já aparece

fundamentada nele. Observe exemplos de fácil compreensão.

Argumento: só há movimento no carro se houver combustível.

Fato: o carro está em movimento.

Pensamento dedutivo: logo, há combustível no carro.

                           

 Argumento: só há fogo se houver oxigênio

 Fato: na lua não há oxigênio.

 Pensamento dedutivo: logo, na lua não pode haver fogo.

              

O pensamento dedutivo é muito empregado ao defender tese bem

fundamentada. O emprego de textos normativos para justificar teses é

excelente exemplo de uso em instituições públicos.

Imagine a seguinte situação: o candidato a presidente da República José

da Silva fez claramente campanha eleitoral fora do prazo permitido por lei.

Você deve preparar o texto sobre o assunto. Eis ótimo exemplo para empregar

o argumento por dedução.

Argumento: a Lei n. XX determina que candidatos só podem fazer campanha

eleitoral em tal prazo. Caso se comprove que houve campanha em data não

permitida, o candidato será apenado em tal valor.

Fato: o candidato fez campanha fora do prazo aceito.

Conclusão: o candidato deve ser apenado.

Observe exemplo de texto com pensamento dedutivo:

O artigo 668 do Decreto-lei nº 1.608, de 18-9-1939, prevê que a retirada de

qualquer dos sócios, que não cause a dissolução da sociedade, dá ensejo à

apuração exclusivamente dos seus haveres.

Com efeito, a Súmula nº 265 do Supremo Tribunal Federal estabelece:

“Súmula nº 265. Na apuração de haveres não prevalece o balanço não

aprovado pelo sócio falecido, excluído ou que se retirou.”

O autor, como mencionado anteriormente, não participou da elaboração do

balanço, tampouco o aprovou. Portanto, o balanço elaborado unilateralmente

que apurou, como patrimônio líquido da sociedade co-ré, o valor de R$

100.000,00 (cem mil reais) não pode ser utilizado para efeito de apuração dos

haveres do autor.

Texto indutivoO argumento indutivo estrutura-se em apreentação de fato singular em busca

do convencimento por meio de raciocínio que vai além das premissas para o

caso. O autor busca convencer não por fundamentos plenamente consagrados,

mas por linha de pensamento específica que excede o próprio fato. Observe

exemplos simples.

Fato: a sala 1 da escola foi pintada de verde.

Fato: as salas 2, 3, 4, 5, 6, também foram pintadas de verde.

 Conclusão indutiva: todas as salas da escola serão pintadas de  verde.

           

Fato: o ouro conduz eletricidade e é um metal.

Fato: o ferro, o zinco, o bronze, a prata também são metais e conduzem

eletricidade.

Conclusão indutiva: todo metal conduz eletricidade.

Nota-se que a conclusão não decorre necessariamente das premissas.

É uma probabilidade que a conclusão seja verdadeira. Do ponto de vista

formal, o argumento é correto. Contudo, diferentemente da dedução, um

argumento indutivo, sendo ele válido, pode admitir uma conclusão falsa, ainda

que suas premissas sejam verdadeiras. Já quando as premissas de um

argumento dedutivo e válido são verdadeiras, a sua conclusão deve ser

verdadeira.

Na linguagem jurídica, o uso do pensamento indutivo é empregado para

defender pensamento que não está presente ou não está embasado

claramente no ordenamento jurídico.

5.5.2 Abordagem, fundamentação e consistência

Texto jurídico, por natureza, apresenta boa fundamentação com domínio do

embasamento legal. Não basta apenas conhecer o assunto. Há necessidade de

organizar bem a ideia e fazer uso de recursos retóricos para fundamentar bem a

análise jurídica. Observe uma questão jurídica e o primeiro parágrafo de uma possível

resposta com fundamentação.

Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará uma portaria do Governador com a seguinte redação: “Resolve EXONERAR, de

ofício, AMANDA FEITOSA, agente pública ocupante de cargo vitalício”. Identifique e explique o vício contido no ato.

A vitaliciedade é garantia concedida na Constituição Federal a determinados

agentes públicos, que só perdem o cargo em virtude de sentença judicial

transitada em julgado ou a pedido. O artigo 73, parágrafo 3º, combinado com o

artigo 95, I, e com o artigo 128, parágrafo 5º, I, “a”, determina que são vitalícios

os membros dos Tribunais de Contas, os magistrados e os membros do

Ministério Público. No caso de juízes, promotores e procuradores da República

aprovados em concurso público, a vitaliciedade somente será adquirida após

dois anos de exercício.

Amanda Feitosa, ocupante de cargo vitalício, apenas poderia deixar o cargo

em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou a pedido. Portanto, a

exoneração só seria válida se decorresse de pedido.

Percebe-se claramente a abordagem (interpretação dos fatos apresentados à

luz da legislação) e o fundamento (embasamento legal).

Outro aspecto importante é a consistência. Ela é a capacidade de ampliar a

fundamentação com citação de autores consagrados ou decisões relativas à

abordagem proposta. Observe o texto citado com fundamento e consistência.

A vitaliciedade é garantia concedida na Constituição Federal a determinados

agentes públicos, que só perdem o cargo em virtude de sentença judicial

transitada em julgado ou a pedido. O artigo 73, parágrafo 3º, combinado com o

artigo 95, I, e com o artigo 128, parágrafo 5º, I, “a”, determina que são vitalícios

os membros dos Tribunais de Contas, os magistrados e os membros do

Ministério Público. No caso de juízes, promotores e procuradores da República

aprovados em concurso público, a vitaliciedade somente será adquirida após

dois anos de exercício.

Carvalho Pinto (2005, p. 515-516) explica que a exoneração de ofício será

possível nos seguintes casos: a) se o servidor ocupar cargo em comissão, a

juízo da autoridade competente; b) se o servidor tomar posse e não entrar em

exercício no prazo legal; c) se forem insuficientes providências administrativas

que visam adequar despesas de pessoas aos limites fixados na Lei

Complementar n. 101/2000; d) se o servidor estiver em estágio probatório e

não corresponder às exigências do cargo - sendo imprescindível, neste caso, a

garantia do contraditório e da ampla defesa, conforme súmula n. 21 do

Supremo Tribunal Federal.

Amanda Feitosa, ocupante de cargo vitalício, apenas poderia deixar o cargo

em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou a pedido. Portanto, a

exoneração só seria válida se decorresse de pedido.

O texto agora está mais completo em sua estrutura. Houve abordagem,

fundamentação e consistência.

5.5.3 Principais argumentos retóricos na linguagem jurídica

Argumento de comprovação – argumento baseado em evidências

(estatística, relatório, testemunho). Trata-se de argumentos bem eficientes,

baseados em fatos.

Exemplo:

No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente

grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa

mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra

anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o

índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)

Exemplo:

O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do

Ministério da Educação, mostra número preocupante de crianças de sete a

catorze anos que estão fora das escolas.

Segundo a pesquisa, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa

faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não

frequentam as salas de aula.

O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão

fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de

crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São

Paulo, com 3,2% (168,7 mil).

Argumento de autoridade (ab autoritatem) – argumento que se vale da

notória especialização e reconhecimento de autoridade em determinada área

para corroborar a afirmação. As citações de doutrina são os exemplos mais

claros do argumento de autoridade, que tem duplo efeito: primeiro, de fazer

presumir-se certa a conclusão, porque emanada de alguém de notório

conhecimento; segundo, de revelar que a conclusão é isenta de parcialidade.

Exemplo:

Não há necessidade de que o fato definido como crime doloso seja objeto de

sentença condenatória transitada em julgado para possibilitar a regressão do

condenado a regime mais gravoso, nos termos do art. 118, inciso I, da Lei de

Execução Penal (Lei n° 7.210/84).

Mirabete (2001, p. 37) ensina: "quando a lei exige a condenação ou o trânsito

em julgado da sentença é ela expressa a respeito dessa circunstância, como,

aliás, o faz no inciso II do artigo 118. Ademais, a prática de crime doloso é

também falta grave (art. 52 da LEP) e, se no inciso I desse artigo, se menciona

também a infração disciplinar como causa de regressão, entendimento diverso

levaria à conclusão final de que essa menção é superabundante, o que não se

coaduna com as regras de interpretação da lei”.

Deve-se entender, portanto, que, em se tratando da prática de falta grave ou

crime doloso, a revogação independe da condenação ou aplicação da sanção

disciplinar.

Argumento por analogia (simili) – argumento que pressupõe que a Justiça

deve tratar de maneira igual, situações iguais. As citações de jurisprudência

são os exemplos mais claros do argumento por analogia, que é bastante útil

porque o juiz será, de algum modo, influenciado a decidir de acordo com o que

já se decidiu, em situações anteriores. Também ocorre no caso em que um

caso não previsto de modo direto por uma norma jurídica ser empregado por

semelhança ao um caso concreto previsto. É forma primordial para o

preenchimento de lacunas no ordenamento jurídico e também é conhecido com

o termo “autointegração”, pois é analisada com recursos do próprio

pensamento legislativo. Algumas áreas do Direito aceitam tal argumentação

apenas no caso de beneficiar o réu, como é o caso do Direito Penal.

Exemplo:

Ontem, em Roma, Adam Nordwell, o chefe índio da tribo Chippewa,

protagonizou uma reviravolta interessante. Ao descer do avião, proveniente da

Califórnia, vestido com todo o esplendor tribal, Nordwell anunciou, em nome do

povo índio americano, que tomava posse da Itália "por direito de descoberta",

tal como Cristóvão Colombo fizera quando chegara à América. "Proclamo este

o dia da descoberta da Itália.", disse Nordwell. "Que direito tinha Colombo de

descobrir a América quando esta já era habitada pelo seu povo há milhares de

anos? O mesmo direito tenho eu agora de vir à Itália proclamar a descoberta

do vosso país."

5.5.4 Figuras retóricas

Diversas são as figuras retóricas que auxiliam a técnica argumentativa.

ConcessãoEstratégia que objetiva demonstrar que o autor do texto ou orador é aberto a

novas ideias e atento a detalhes.

“Ainda que alguns possam concordar com essa visão, falta-nos entender...”

“Eventualmente o que defendem é correto, contudo neste caso...

Prolepse Estratégia que antecipa as objeções que certamente serão feitas pela outras

parte.

Certamente, alguns observarão outros aspectos, no entanto tal visão se mostra

limitada, pois...

“Poderão discordar porque...., contudo...”

Repetição Funciona como recurso argumentativo amplificando e acentuando a força da

posição defendida.

“Sabe-se claramente que ... Assim, fica notório que...”

Antítese

Jogo de contrários que objetiva alcançar um meio-termo, ao explorar o exagero

dos extremos.

“Não se pode esperar honestidade plena de todo cidadão. Também, não se

percebe que ...... cometeu os maiores crimes.”

Metáfora Uso de comparações figuradas para explicar melhor ou desviar a

atenção do fato em si.

“Não estamos diante de um anjo, certamente. Ele mais se parece um mafioso.”

Personificação Consiste em atribuir personalidade a algo impessoal. “O Brasil

espera que cada um cumpra o seu dever.”

5.6 Peça jurídica

A redação de um texto jurídico segue princípios já estabelecidos por

uma padronização. É linguagem técnica. Ele não escreve uma peça ou parecer

para se tornar um grande escritor. Ele se orienta por normas a fim de alcançar

seu objetivo.

O próprio CPC apresenta regras básicas para a confecção da petição

inicial na forma de silogismo. Assim, o art. 282 do CPC prescreve os requisitos

da inicial, entre eles:

I – o fato;

II – os fundamentos jurídicos do pedido;

III – o pedido, com as suas especificações.

Requisitos da petição inicial: art. 282 do CPC

1. o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

2. os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do

autor e do réu;

3. o fato e os fundamentos jurídicos o pedido;

4. o pedido, com as suas especificações;

5. o valor da causa;

6. as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos

alegados;

7. o requerimento para a citação do réu.

Observação: além desses requisitos, a petição inicial deverá ser instruída com

os documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 283 do CPC).

Encaminhamento

Para efeitos didáticos, o endereçamento poderá ser da seguinte forma:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ABCD.

Se na Comarca houver varas especializadas, o endereçamento poderá ser da

seguinte forma:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ABCD.

O endereçamento para os Foros Regionais poderá ser da seguinte forma:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA

CÍVEL DO FORO REGIONAL DE ABCD, COMARCA DE ABCD.

Na hipótese de endereçamento ao tribunal, poderá ser da seguinte forma:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ABCD.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO

PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DO ESTADO DE ABCD.

Nomes e qualificações das partes

O CPC estabelece como requisito da peça a indicação dos nomes, prenomes,

estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu. Apesar da lei

processual não exigir o número de RG e CPF ou CNPJ, é praxe no meio

forense o fornecimento das informações. Para provas e concursos,

principalmente exame da ordem, é recomendável que o candidato não se

utilize de abreviaturas. Em alguns casos, não será possível a qualificação

completa do(s) réu(s). É o que ocorre, por exemplo, em ações possessórias em

que, muitas vezes, o autor não tem condições de qualificar adequadamente o

réu.

Fatos e fundamentos jurídicos do pedido

O texto deverá apresentar os fatos de forma sucinta e clara.

Exemplo:

1 – O autor celebrou, em 23-11-2005, com o réu, contrato de locação pro prazo

indeterminado, do imóvel localizado na Rua abcd, nº 111, bairro Centro, nesta

Capital, e pagou aluguel de R$ 500,00 (quinhentos reais), com vencimento todo

dia 20 de cada mês.

Logo em seguida, o advogado deverá demonstrar que houve violação ou

ameaça de violação ao direito do autor.

Exemplo:

2 – O réu deixou de pagar os aluguéis dos meses de março, abril e maio de

2006, e totalizou um débito de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais).

Observe que no corpo do texto basta identificar as partes como AUTOR e RÉU,

sem necessidade de repetir nomes e prenomes.

Pedido e suas especificações

Pedido é sinônimo de objeto, pretensão, mérito ou lide. Deve haver coerência

entre a causa de pedir com o pedido do autor, sob pena de inépcia da petição

inicial (art. 295, parágrafo único, II, do CPC).

O pedido deve ser claro e objetivo. É possível, no entanto, fazer-se pedido

genérico (ações universais, se não puder o autor individuar no texto os bens

demandados; quando não for possível determinar, de modo definitivo, as

consequências do ato ou do fato ilícito; quando a determinação do valor da

condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu).

Exemplo:

Isso posto, requer-se a decretação do despejo do réu, com o consequente

pagamento dos aluguéis vencidos e acessórios até a data da efetiva

desocupação do imóvel.

Os juros legais, a correção monetária e os honorários advocatícios e custas

judiciais não precisam constar do pedido, pois são devidos por força de lei

(arts. 20 e 293 do CPC).

Valor da causa

O valor da causa deverá constar na petição, mesmo que o pedido não

contenha conteúdo econômico imediato (art. 258 do CPC). Esse valor refletirá

em eventuais custas judiciais, valor da sucumbência, para a fixação de

competência e pode influenciar no tipo de procedimento da ação, ordinário ou

sumário (art. 275, I, do CPC).

Exemplo:

Dá à causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

Protesto pelas provas

A prova documental indispensável à propositura da ação deverá acompanhar a

petição.

Exemplo:

Protesta provar o alegado por todos os meios permitidos em direito, em

especial pela juntada de documentos, depoimento pessoal do réu, oitiva de

testemunhas e perícia técnica.

Pedido de citação

A regra geral da citação prevista na lei processual é via correio (art. 222 do

CPC). No entanto, o autor poderá requerê-la por oficial de justiça (art. 224 do

CPC) ou por edital (art. 231 do CPC).

Endereço do advogado

Dispõe o art. 39, inciso I, do CPC, que compete ao advogado declarar, na

petição inicial, ou na contestação, o endereço em que receberá as intimações.

No exame da OAB, é recomendável que conste na petição inicial qual é o

endereço do escritório do advogado, logo em seguida ao nome e qualificação

do autor. Já na prática forense, esse requisito estará cumprido se o endereço

constar na procuração.

Exemplo de peça jurídica.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA …. ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ….

………………………………., (qualificação), residente e domiciliada na Rua ….

nº …., portadora da Carteira de Identidade/RG n.º…., inscrita no CPF/MF sob

n.º …., por intermédio de seu procurador Judicial infra-assinada (instrumento

procuratório incluso – doc. ….), vem respeitosamente à presença de Vossa

Excelência, com base no artigo 159 do Código Civil Brasileiro e demais

disposições pertinentes à espécie, propor a presente:

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO

contra ………………………….., (qualificação), inscrita no CGC/MF sob o n.º….,

com endereço na Rua …., pelas seguintes razões de fato e de direito:

DOS FATOS

A Requerente é proprietária do automóvel …., ano de fabricação…..,

cor …., de placas …., Chassi n.º …., de valor estimado em R$ …..

No dia …. (….) de …. do corrente ano, pela manhã, o Sr. …., pai da

Requerente, dirigiu-se ao Supermercado Requerido, como de costume, fazer

compras. Lá chegando, estacionou o veículo de propriedade da Requerente em

dependência anexa ao Supermercado destinada a este fim, isto é, para uso

privativo de seus clientes. Munindo-se dos cuidados indispensáveis, trancou o

carro e foi, tranquilo e despreocupado, às compras, vez que deixara o carro em

local seguro, vigiado e de finalidade reservada.

Qual não foi sua surpresa quando ao retornar das compras não mais encontrou

o automóvel no local que deixara. Dirigiu-se imediatamente ao funcionário do

Supermercado Requerido que, no momento encontrava-se responsável pela

segurança do local, inquirindo-o sobre seu veículo. Este lhe respondeu

negativamente alegando nada saber sobre o mesmo.

Como o Requerido em momento algum mostrou-se interessado no problema

ocorrido em suas dependências, dirigiu-se a Requerente à Delegacia de Furtos

e Roubos de Veículos para comunicar o desaparecimento do seu automóvel.

Todas as providências junto à Polícia Civil foram tomadas, no entanto, até o

presente momento não foi recuperado o veículo.

DO DIREITO

Preceitua o artigo 159 do Código Civil o seguinte:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou

imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrém, fica obrigado

a reparar o dano.

Assim, temos que deve ser considerado responsável o Requerido pelo

furto do veículo estacionado em sua propriedade em local reservado para esse

fim, posto que o fato de ser uma concessão gratuita não o exime do dever de

vigilância, vez que assume este ônus em troca da preferência natural da

clientela pelas facilidades oferecidas e que resultam em lucro certo para a

empresa. Neste sentido temos:

Responsabilidade Civil – Estacionamento Gratuito para

Veículos em Supermercado – Dever de Vigilância e Guarda –

Carro Furtado – Obrigações de Indenizar – Ação Improcedente

– Recurso Provido.

A firma proprietária de Supermercado é responsável por furto

de automóvel deixado por freguês em estacionamento gratuito

que a estes é destinado porque lhe compete arcar com o ônus

da vigilância e guarda, conquanto o oferecimento do local tem

por escopo captar preferência com intuito lucrativo.

Apelação Cível 814/88 – Maringá – 2a. Cível – Ac. 5899 – Juiz

Altair Patittuci – Primeira Câmara Cível – Por maioria – Julg.

06.09.88 – Dado provimento

Igualmente:

Responsabilidade Civil – furto de Veículo em Estacionamento de

Supermercado – Dever de Vigilância – Inexistência – Responde pelos

Prejuízos Causados ao Freguês – Recurso Provido.

O estacionamento é área reservada para tal finalidade, dentro

da propriedade imóvel do Supermercado e quando um cliente

dele se utiliza, carreando em favor da empresa lucros pelas

compras que efetua, tem ela o dever de vigilância sobre o

veículo, pois incontestável se encontrar o mesmo em

dependência anexa ao Supermercado.

Confessando que não mantém vigilância alguma, confessando

que permite o uso indiscriminadamente, confessa sua culpa,

porque os clientes ignoram irregular procedimento e quando

afluem para as compras, estão certos e convencidos de que o

estacionamento é privativo.

Apelação Cível 2083700 – Ctba . 17ª Vara Cível – Ac. 6269 – Des.

Silva Wolff – Terceira Câmara Cível – Revisor Des. Luiz Perrotti – Por

Maioria – Julg. 30.05.89 – Dado Provimento.

DO REQUERIMENTO

Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência:

I – Mandar citar o Requerido na pessoa de seu representante legal, na Rua ….,

nesta Capital, para, querendo, responder aos termos da presente Ação

Ordinária sob pena de revelia;

II – Propõe-se provar o alegado por todos os meios de provas em direito

admitidas, principalmente documental e testemunhal, cujo rol será

oportunamente apresentado, e depoimento pessoal do Requerido sob pena de

confesso;

III – Finalmente requer-se seja julgado procedente o presente pedido,

condenando o Requerido ao pagamento da indenização correspondente ao

valor do veículo, devidamente atualizado até o efetivo pagamento, acrescido de

juros, custas processuais e honorários advocatícios.

Dá-se à presente causa o valor de R$ ….

Nestes termos,

Pede deferimento.

…., …. de …. de ….

…………….

Advogado OAB/…

5.7 Parecer jurídico

Parecer jurídico é o documento por meio do qual o jurista fornece

informações técnicas acerca de determinado tema objeto da consulta.

Geralmente é utilizado por uma pessoa jurídica ou física como elemento

necessário para tomada de uma decisão importante.

Segue um modelo de parecer jurídico:

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico

Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou

não, da empregada Fulana de Tal, passamos a analisar o assunto.

2. O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada

gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

3. Nesta hipótese, existe resposabilidade objetiva do empregador pela

manutenção do emprego, ou seja, basta comprovar a gravidez no curso do

contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade

provisória no emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à

maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o nascituro,

assegurando a dignidade da pessoa.

4. A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-

se à afirmativa médica do estado gestacional da empregada e não exige que o

empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem

sido as reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n.

244, que assim disciplina a questão:

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não

afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da

estabilidade. (art. 10, II, "b" do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).

II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se

esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia

restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao

período de estabilidade. (ex-Súmula nº 244 – Res 121/2003, DJ

19.11.2003).

III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na

hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a

extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não

constitui dispensa arbitrária ou sem justa causa. (ex-OJ nº 196 -

Inserida em 8.11.2000).

5. No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação

da gestação antes da dispensa. Ao contrário, diante da suspeita de gravidez, a

empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi

feito, não tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a

empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo do teste de

gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.

6. Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez

confirmada no curso aviso prévio indenizado garante ou não a estabilidade.

7. O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de

trabalho para o futuro, pela concessão de aviso prévio indenizado, tem efeitos

limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este

entendimento exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez

ocorre após a rescisão contratual.

8. A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio

indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na hipótese dos autos,

embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado,

certo é que a empregada já estava grávida antes da dispensa, como atestam

os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica

afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco

mais de 13 semanais, portanto, na data do afastamento a reclamante já

contava com mais de 01 mês de gravidez.

9. Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto

da estabilidade da gestante, considerando que a responsabilidade do

empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o

desconhecimento do estado gravídico não impede o reconhecimento da

gravidez, conclui-se que:

a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio

indenizado;

b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do

aviso prévio indenizado, a gravidez ocorre antes da dispensa.

10. De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve

proceder a reintegração da empregada diante da estabilidade provisória

decorrente da gestação.

É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).

(nome)

(cargo)

5__________________________________

Aspectos gramaticais

7.1 Novo Acordo Ortográfico

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é documento

internacional com objetivo de unificar a ortografia para o idioma. Importante

ressaltar que não houve alteração na pronúncia. Apenas as grafias foram

alteradas.

Um acordo ortográfico procura ter como base a fonética. A língua

portuguesa, porém, apresenta diversidade imensa. Observe, por exemplo, a

pronúncia do número 20: bint (Porto), vint (Lisboa), vintchi (Rio de Janeiro),

vinte (Curitiba) ou vinti (Luanda). Assim, a preocupação principal do Acordo foi

simplificar e padronizar a grafia com eliminação de letras e acentos

desnecessários (direcção, acta, vôo, heróico, crêem) e aceitação de dupla

grafia em termos com diferença fonética entre os países (bebê, bebé, fato,

facto).

7.1.1 Alfabeto

As letras “k”, “w” e “y” passam a fazer parte do alfabeto. Os dicionários já

registravam há muito essas letras, que figuram em palavras como kafkiano,

wagneriano, hollywoodesco, kizomba etc. Assim, o alfabeto da língua

portuguesa passa legalmente a ser formado por vinte e seis letras: A, B, C, D,

E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.

7.1.2 Nomes próprios

Pode-se manter a escrita do nome próprio que, por costume ou registro

legal, a pessoa adote na assinatura do seu nome. Segue a mesma orientação

grafia original de firma comercial, nome de sociedade, marca ou título que

esteja inscrito em registro público.

Não sendo a própria pessoa que assine o nome, a indicação do seu nome

obedecerá às regras estabelecidas pelo sistema ortográfico vigente: rua Rui

Barbosa (em vida, o jurista assinava Ruy).

Também localidades (cidades, estados, países) devem seguir as

recomendações da ortografia oficial: Resende (no passado “Rezende”), Piauí

(no passado “Piauhi”), Coreia (sem acento). Recomenda-se não empregar

abreviaturas nos nomes geográficos (salvo as unidades federativas ou

regionais, que podem ser empregadas como siglas em alguns casos). Assim,

não se deve abreviar São, Santo, Padre, Coronel, General, Engenheiro, Doutor

em localidades.

7.1.3 Nomes próprios estrangeiros

1. Mantêm-se nos vocábulos derivados de nomes próprios estrangeiros

quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa

escrita que figurem nesses nomes: comtista (de Comte), garrettiano (de

Garrett), mülleriano (de Muller), shakespeariano (de Shakespeare).

2. Os dígrafos de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se nas formas

sonoras tradicionais da tradição bíblica ou adaptar-se à forma simplificada:

Baruch (ou Baruc), Loth (ou Lot), Moloch (Moloc), Ziph (ou Zif). Se o dígrafo, no

entanto, for mudo, usa-se a forma normatizada pelo idioma: José (em vez de

Joseph), Nazaré (em vez de Nazareth). Se algum deles, por força do uso,

permite adaptação ao som correspondente de nosso sistema ortográfico,

substitui-se o dígrafo por adição vocálica: Judite (em vez de Judith).

3. As consoantes finais grafadas b, c, g e t podem ser mantidas, quer sejam

mudas, quer proferidas, nomeadamente na tradição bíblica ou em localidades:

Jacob (ou Jacó), Job (ou Jô), David (ou Davi), Josafat (ou Josafá), Madrid (ou

Madri). Recomenda-se que as localidades de línguas estrangeiras se

substituam, tanto quanto possível, por formas aportuguesadas: Genebra (e não

Genève), Munique (e não Müchen).

7.1.4 Consoantes mudas

O Acordo procura privilegiar o critério fonético sobre o etimológico. É o que

ocorre com a supressão das chamadas consoantes mudas em palavras como

ato (e não acto), direção (e não direcção), ótimo (e não óptimo). Estudos

indicam que haverá, em Portugal, alteração de aproximadamente 0,54% dos

vocábulos. Embora a quantidade possa parecer pequena, muitas dessas

palavras são de uso frequente no dia a dia lusitano.

Antes Acordoaccionamento acionamento

coleccionador colecionador

leccionar lecionar

acção ação

colecção coleção

fracção fração

acta ata

activar ativar

dialecto dialeto

adopção adoção

adoptar adotar

óptimo ótimo

Observação:

Mantêm-se inalterados vocábulos em que a pronúncia da consoante for

percebida: ficcional, perfeccionismo, convicção, sucção, bactéria, néctar,

núpcias, corrupção, opção, adepto, inepto, erupção, rapto, opcional, egípcio.

De forma a contemplar as diferenças fonéticas, existem abundantes casos de

exceções previstas no Acordo. Admite-se, assim, a dupla grafia em muitas

palavras: facto-fato, secção-seção, aspeto-aspecto, amnistia-anistia, dicção-

dição, sector-setor, caraterística-característica, intersecção-interseção, olfacto-

olfato, académico-acadêmico, bónus-bônus, ingénuo-ingênuo, abdómen-

abdômen.

7.1.5 Trema

O trema, sinal de diérese, é suprimido. Palavras formadas por qü e gü em

que o u é pronunciado de forma átona, como em freqüência e lingüiça passam

a ser grafadas frequência e linguiça respectivamente. Portugal já havia retirado

o sinal. A mudança afeta a ortografia no Brasil. O trema é mantido em termos

derivados de nomes próprios estrangeiros: hübneriano (de Hübner), mülleriano

(de Müller). Não há modificação na pronúncia das palavras que perderam o

trema.

antes acordocinqüenta cinquenta

tranqüilo tranquilo

qüinqüênio quinquênio

bilíngüe bilíngue

lingüística linguística

7.1.6 Acentuação gráfica

Poucos idiomas no mundo fazem uso de regras tão complexas na

acentuação gráfica como o português. As divergências entre o idioma luso e o

brasileiro eram muitas. As reformas de 1971 (Brasil) e 1973 (Portugal)

avançaram bastante, mas não unificaram as regras. O Acordo conseguiu

eliminar muitas regras (principalmente brasileiras) e optou, em alguns casos,

por aceitar dupla grafia.

7.1.6.1 Regra das oxítonas

São acentuadas as palavras oxítonas terminadas nas vogais

tônicas/tónicas abertas ou fechadas –a(s), -e(s) ou –o(s): sofá (sofás), café

(cafés), você (vocês), cipó (cipós), robô (robôs).

Observações:

a) seguem a regra as oxítonas conjugadas com os pronomes enclíticos -lo(s), -

la(s): comprá-lo, fazê-la, compô-lo.

b) algumas palavras oxítonas terminadas em –e (geralmente provenientes do

francês) aceitam acento agudo ou circunflexo: bebê (bebé), matinê (matiné),

guichê (guiché).

c) são acentuadas as palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no

ditongo nasal grafado –em ou -ens: detém, porém, também, alguém, parabéns.

d) o Acordo estabelece que os monossílabos tônicos (tónicos) terminados em –

a(s), -e(s) ou –o(s), em relação à regra da acentuação gráfica, pertencem à

regra das oxítonas. Cita como exemplo é, és, só(s), dê.

7.1.6.2 Regra das paroxítonas

1. São acentuadas as palavras paroxítonas que terminam em –l, -n, -r, -x, -om

ou –ps: amável, dócil, pólen, sêmen (sémen), açúcar, fêmur (fémur), tórax,

Fênix (Fénis), iândom, rádon (rádom), bíceps.

Observação: não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em –r:

super-homem, inter-regional.

2. São acentuadas as palavras paroxítonas que terminam em -ã(s),-ão(s), -

ei(s), -i(s), -on(s), -um, -uns ou –us: órfã(s), acórdão (acórdãos), jóquei

(jóqueis), pónei/pônei, júri (júris), elétron (elétrons), álbum (álbuns), húmus,

bônus/bônus.

Observação: não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em -i: anti-

herói, semi-internato.

7.1.6.3 Regra das proparoxítonas

Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas: público, sábado,

rústico, plêiade, ônibus, exército.

Observação: são acentuadas as chamadas proparoxítonas eventuais (aprende-

se, geralmente, como paroxítona terminada em ditongo crescente): glória,

mágoa, língua, nódoa, níveo, barbárie, vácuo, amêndoa, Islândia.

7.1.6.4 Dupla grafia

Algumas palavras são pronunciadas em Portugal com o som tônico aberto

e recebem acento agudo. No Brasil, a pronúncia é fechada e o acento é o

circunflexo. O Acordo passa a permitir as duas grafias como corretas no

idioma.

Portugal Brasil fenómeno fenômeno

tónico tônico

génio gênio

bebé bebê

antónio antônio

académico acadêmico

amazónia amazônia

fémea fêmea

gémeo gêmeo

cômodo cômodo

7.1.6.5 Regra do ditongo

São acentuadas as palavras oxítonas com ditongos tônicos abertos –éi(s),

-ói(s) ou –éu(s): anéis, fiéis, papéis, céu (céus), véu (véus), herói (heróis).

Observação: as palavras paroxítonas com ditongos tônicos abertos –éi(s) ou –

ói(s) não recebem acento: assembleia, ideia, heroico, jiboia, paranóico. O

acento gráfico se mantém na sílaba tônica paroxítona se ocorrer justificativa de

acento por outra regra: blêizer, contêiner, destróier, Méier (paroxítonas

terminadas em –r).

7.1.6.6 Regra do hiato

1. Os hiatos tônicos “i” e “u” recebem acento, desde que não constituam sílaba

com consoante seguinte (exceto o –s), não precederem –nh e não repetirem a

vogal: saída, saúde, aí, baú. No entanto, juiz (constitui sílaba com consoante),

rainha (precede -nh), xiita (repete a vogal) não recebem acento.

Observação: os hiatos tônicos paroxítonos formados por “i” ou “u” deixam de

receber acento após ditongo: feiura, Sauipe, cheiinho, feiinho, maoista,

taoismo. A regra aplica-se apenas às palavras paroxítonas. Os termos oxítonos

mantêm o acento normalmente: Piauí, teiú, tuiuiú.

2. As formas verbais paroxítonas com hiato “eem” oral fechado dos verbos

crer, dar, ler, ver e derivados não recebem acento circunflexo: creem, deem,

leem, veem, descreem, releem, preveem.

Observação: os acentos nas formas verbais “têm” e “vêm” e derivados não

sofreram alteração com o Acordo: eles têm, elas vêm, eles retêm, ela detém,

elas detêm.

3. Não recebe acento circunflexo o penúltimo “o” fechado do hiato “oo(s)” das

palavras paroxítonas: voo(s), enjoo(s).

Observação: o acento gráfico mantém-se no hiato “oo(s)” na sílaba tônica

paroxítona se ocorrer justificativa de acento por outra regra: herôon (Brasil) ou

heróon (Portugal). No caso, existe acento pela regra da paroxítona terminada

em –n. O termo significa um santuário construído aos heróis gregos e romanos.

4. Não se acentua o “u” pronunciado e tônico dos verbos verbos arguir e

redarguir: arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam.

7.1.6.7 Acento diferencial

Deixam de existir quase todos os acentos diferenciais.

Antes Acordopára (verbo parar) para

péla (flexão do verbo pelar) pela

pólo, pôlo (substantivos) polo

pêlo (substantivo) pelo

pêra (fruta) pera

O Acordo prevê apenas dois acentos diferenciais obrigatórios (pôde e pôr)

e dois facultativos (fôrma e dêmos). Assim, perde o acento gráfico a forma para

(verbo parar) em termos compostos separados por hífen: para-brisa, para-

choque, para-lama.

7.1.6.8 Acentuação gráfica por outros motivos

1. Podem ser acentuadas as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo

(amámos, louvámos), para fazer a distinção das correspondentes formas do

presente do indicativo (amamos, louvamos). Tal alteração se aplica a Portugal.

No Brasil, a vogal tônica é fechada em ambos os tempos verbais.

2. Os verbos “arguir” e “redarguir” perdem o acento agudo na vogal tônica “u”

nas formas rizotônicas (sílaba tônica no radical): arguo, arguis, argui, arguem,

argua, arguas, arguam.

3. Os verbos “aguar”, “apaziguar”, “averiguar”, “desaguar”, “enxaguar” e afins

podem ser conjugados de duas formas: ou apresentam as formas rizotônicas

com o “u” do radical tônico, mas sem acento agudo; ou apresentam as formas

rizotônicas com “a” ou “i” do radical com acento agudo: eu averiguo (ou eu

averíguo), tu averiguas (ou tu averíguas), ele averigua (ou ele averígua), nós

averguamos, vós averiguais, eles averiguam (ou averíguam).

7.1.7 Hífen

O hífen é empregado no idioma português por diversos motivos: separar

sílabas na divisão silábica; ligar pronomes oblíquos átonos enclíticos ou mesoclíticos a

formas verbais e ao termo “eis”; ligar elementos de palavras formadas por

justaposição; para ligar elementos sufixados (alta-mor, ingá-açu); compor elementos

que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligados por preposição

ou qualquer outro elemento (bem-te-vi, erva-do-chá); compor topônimos iniciados

pelos adjetivos “grã” ou “grão”, forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por

artigo (Grã-Bretanha, Passo-Quatro, Baía de Todos-os-Santos); ligar duas ou mais

palavras que ocasionalmente se combinam e formam encadeamentos vocabulares

(ponte Rio-Niterói); unir extremos (Brasília-Lisboa).

7.1.7.1 Usa-se hífen

1. Compostos com natureza substantiva, adjetiva, numeral ou verbal (o

primeiro elemento pode estar reduzido) sem elemento de ligação.

arco-íris decreto-lei médico-cirurgião

tenente-coronel amor-perfeito mato-grossense

norte-americano luso-brasileiro primeiro-ministro

segunda-feira guarda-chuva ano-luz

Observações:

a) os compostos que perderam a noção de composição grafam-se sem hífen:

girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas etc.

b) as locuções aparecem sem hífen, sejam substantivas (fim de semana, sala

de jantar, dia a dia), adjetivas (cor de café, cor de vinho, à toa), pronominais

(cada um, nós mesmos), adverbiais (à parte, à vontade, depois de amanhã),

prepositivas (abaixo de, acerca de, a fim de) ou conjuncionais (contanto que,

visto que). Emprega-se, no entanto, em alguns casos consagrados pelo uso:

água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, à

queima-roupa.

c) o adjetivo “geral”, quando forma substantivo composto, indicando função,

lugar de trabalho ou órgão, liga-se com hífen: diretor-geral, Procuradoria-Geral

Eleitoral

d) o Acordo não trata nem exemplifica compostos formados com elementos

repetidos. A Academia Brasileira de Letras, em nota explicativa, inclui nesta

regra tais compostos, com ou sem alternância vocálica ou consonântica de

formas onomatopeicas, por serem de natureza nominal, sem elemento de

ligação, por constituírem unidade sintagmática e semântica e por manterem

acento próprio, bem como as formas deles derivadas. Cita como exemplo: blá-

blá-blá, reco-reco, zigue-zaguear. No entanto, há divergência de interpretação

em termos desta natureza entre autores de dicionários portugueses e

brasileiros.

Brasil PortugalLenga-lenga lengalenga

Zigue-zague ziguezague

Porém, há convergência na interpretação de que não se separam por hífen

palavras com sílaba reduplicada oriundas da linguagem infantil: babá, bumbum,

titio, vovó, xixi etc.

2. Topônimos/topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã ou grão, por

forma verbal ou ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro,

Trinca-Fortes, Albergaria-a-Velha, Entre-os-Rios, Trás-os-Montes.

Observação: os demais topônimos/topónimos escrevem-se separados e sem

hífen: Belo Horizonte, Cabo Verde, América do Sul (Guiné-Bissau é exceção à

regra).

3. Compostos que designam espécies na área da botânica e da zoologia e

também formas designativas de espécies ou produtos afins e derivados, estejam

ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento, escrevem-se com

hífen.

couve-flor erva-doce feijão-verde

bem-me-quer formiga-branca bem-te-vi

4. Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam e

formam, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.

ponte Rio-Niterói Lisboa-Brasília Angola-Brasil.

5. Compostos em que há emprego de apóstrofo.

cobra-d’água mestre-d’armas olho-d’água.

6. Compostos sem elemento de ligação quando o primeiro elemento está

representado pelas formas além, aquém, recém e sem.

além-mar aquém-mar recém-casado

recém-eleito sem-cerimônia sem-vergonha

7. Compostos com os advérbios bem e mal ao lado de segundo elemento que

inicia com vogal ou “h”.

bem-aventurado bem-estar bem-humorado

mal-afortunado mal-estar mal-humorado.

Observação: o advérbio bem, ao contrário do mal, pode não se aglutinar com

palavras iniciadas por consoante: bem-criado (malcriado), bem-nascido (mal-

nascido), bem-visto (malvisto). Em diversos casos, no entanto, ele se une sem

o hífen: benfeito, benfeitor, benquerença etc.

8. Prefixos ante-, anti-, circum-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-,

pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc. e em formações por

recomposição, isto é, com elementos não autônomos ou falsos prefixos, de

origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-,

hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-,

pseudo-, retro-, semi-, tele- etc.), nos seguintes casos:

a) segundo elemento começa por h: anti-higiênico, circum-hospitalar, contra-

harmônico, extra-humano, pré-história, sub-hepático, super-homem, ultra-

hiperbólico; arqui-hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, pan-

helenismo, semi-hospitalar.

Observação: não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em

geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial:

desumano, desumidificar, inábil, inumano. A Academia Brasileira de Letras

interpretou que o prefixo co- não deve manter o hífen quando o termo seguinte

começa por –h: coerdeiro, coerança.

b) formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com

que se inicia o segundo elemento.

anti-ibérico contra-almirante infra-axilar

supra-auricular arqui-irmandade auto-observação

eletro-ótica micro-ondas semi-interno.

Observação: o Acordo prevê apenas uma exceção: o prefixo “co”, que não

apresenta hífen mesmo com as vogais semelhantes: cooperação, cooperar,

etc. A Academia Brasileira de Letras, no entanto, considerou que também os

prefixos “re-”, “pre-”, “pro-” devem constituir exceções à regra e não possuir

hífen quando o termo seguinte começa por vogal igual: reeleição, preencher,

proótico.

c) formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento

começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea a).

circum-escolar circum-murado circum-navegação

pan-africano pan-mágico pan-negritude.

d) formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com

elementos iniciados por r.

hiper-requintado inter-resistente super-revista.

e) formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou

cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo-.

ex-diretor ex-presidente

sota-piloto soto-mestre

vice-presidente vizo-rei.

f) formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-,

pré- e pró- quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que

acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o

elemento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); pré-

escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).

9. Formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos

terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas

adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em

vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica

dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-

Mirim.

10. Ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis- (eis-me, ei-lo) e

ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando

em próclise (esperamos que no-lo comprem).

7.1.7.2 Não se usa hífen

1. Formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal átona e o

segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se,

prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios

científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra,

contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo,

biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.

Antes Acordoauto-realização autorrealização

auto-redenção autorredenção

auto-retrato autorretrato

auto-serviço autosserviço

auto-sugestão autossugestão

auto-suficiente autossuficiente

auto-sustentável autossustentável

co-réu corréu

co-redator corredator

co-responsabilidade corresponsabilidade

co-responsável corresponsável

co-segurado cossegurado

co-signatário cossignatário

anti-racional antirracional

anti-realismo antirrealismo

anti-religioso antirreligioso

anti-roubo antirroubo

anti-social antissocial

semi-racional semirracional

semi-reta semirreta

supra-racional suprarracional

supra-realizado suprarrealizado

ultra-som ultrassom

ultra-rápido ultrarrápido

2. Formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o

segundo elemento começa por vogal diferente: antiaéreo, coeducação,

extraescolar; aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial,

hidroelétrico, plurianual.

Observação: o Acordo previa apenas uma exceção: o prefixo “co”, que não

teria hífen mesmo com as vogais semelhantes: cooperação, cooperar, etc. A

Academia Brasileira de Letras, no entanto, considerou que também os prefixos

“re-”, “pre-”, “pro-” devem constituir exceções à regra e não possuir hífen

quando o termo seguinte começa por vogal igual: reeleito, preenchimento,

proótico.

Antes Acordoagro-industrial agroindustrial

anti-aéreo antiaéreo

auto-estrada autoestrada

co-autor coautor

co-acusado coacusado

co-administração coadministração

co-arrendatário coarrendatário

co-avalista coavalista

co-obrigação coobrigação

extra-escolar extraescolar

extra-oficial extraoficial

auto-atendimento autoatendimento

auto-ajuda autoajuda

auto-estima autoestima

contra-informar contrainformar

contra-oferta contraoferta

contra-opção contraopção

3. Ligações da preposição “de” com as formas monossilábicas do presente do

indicativo do verbo “haver” não recebem hífen: hei de, hás de, há de, hão de.

4. Expressões latinas quando não aportuguesadas: ab ovo, carpe diem, in

octavo (mas in-oitavo).

5. Termos “não” e “quase” funcionam como prefixos: não agressão, não

fumante, quase delito, quase irmão. O advérbio “não” aceita o hífen apenas

para compor espécies botânicas: não-me-toques [arbusto].

6. A expressão “salário mínimo” (sem hífen) é a remuneração mínima do

trabalhador, fixada por lei: O atual salário mínimo do brasileiro é de R$ 545,00.

O termo aparece com hífen para designar o trabalhador cuja remuneração é o

salário mínimo, ou o trabalhador mal remunerado: Aquele pobre homem é um

salário-mínimo. O plural é salários-mínimos.

7.1.8 Apóstrofo

7.1.8.1 Uso de apóstrofo 

1. Pode-se usar para separar contração vocabular, quando um elemento ou

fração respectiva pertence propriamente a um conjunto vocabular distinto: d’

Os Lusíadas, d’ Os Sertões; n’ Os Lusíadas, n’ Os Sertões; pel’ Os Lusíadas,

pel’ Os Sertões. Nada impede, contudo, o uso sem apóstrofe: de Os Lusíadas,

em Os Lusíadas, por Os Lusíadas. Em alguns casos, a preposição pode ficar

separada do artigo inicial da expressão seguinte para maior clareza ou

expressividade: recorro a Os Lusíadas.

2. Pode-se usar para realçar pronome com inicial maiúscula em termos

religiosos: esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança.

3. Pode-se representar a elisão das vogais finais de santo e santa: Sant’Ana,

Sant’Iago etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant’Ana, Rua de

Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. Mas, se as ligações deste

gênero, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam

perfeitas unidades mórficas, aglutinam-se os dois elementos: Fulano de

Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de

Santiago, Santiago do Cacém.

4. Usa-se para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da

preposição de, em combinação com substantivos: cobra-d’água, copo-d’água,

estrela-d’alva, galinha-d’água, pau-d’arco. 

7.1.8.2 Não se usa apóstrofo

Não se usa nas combinações das preposições de e em com artigos iniciais

de pronomes e advérbios: do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste,

desta, destes, destas, disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele,

daquela, daqueles, daquelas, daquilo; no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas;

neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso;

naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo; doutrora; de aquém ou

daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre. 

7.1.9 Divisão silábica

A divisão silábica geralmente se faz pela soletração (ja-ne-la, por-ta, má-xi-

mo) obedece a vários preceitos particulares quando se tem de fazer em fim de

linha a partição de uma palavra: 

A translineação segue as normas gramaticais estabelecidas para a divisão

silábica, observados alguns cuidados:

a) deve-se evitar que a sílaba constituída de vogal fique isolada no final ou no

início de linha. Ex.: úmi-do, e não ú-mido;

b) deve-se evitar que a translineação provoque a ocorrência de palavras chulas

ou inadequadas. Ex.: apósto-lo, e não após-tolo; dispu-ta, e não dis-puta;

c) o novo Acordo Ortográfico orienta a repetição do hífen na linha seguinte se

ele aparecer no momento da partição de uma palavra ou combinação de

palavras. Geralmente, os manuais de redação oficial ignoram tal

recomendação.

Regras

1. Não se separam encontros consonantais pronunciados em uma mesma

sílaba: por-ta, tra-to, pra-to, a-cre-di-tar, cla-ro, du-plo, ce-le-brar.

Observação: separam-se os prefixos terminados em “b” ou “d” que se unem a

outra consoante: ab-rup-to, sub-lu-nar, ab-di-car, ad-je-ti-vo.

2. Separam-se sucessões de duas consoantes que não constituem

propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de

nasalidade, e uma consoante: op- tar, af- ta, ac- ne, ad- mi-rá-vel, ét- nico, rit-

mo, pror-ro-gar, sos- se-gar, com-tex-to. 

3. As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de

nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios:

a) se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis: em-ble-ma, subs-cre-ver,

trans-gre-dir;

b) se nela não entra um dos grupos que são indivisíveis: disp-nei-a, in-ters-te-

lar. 

4. Não se separam os ditongos: sau-da-de, pais, réus, meus, ca-dei-a.

5. Separam-se os hiatos: sa-í-da, sa-ú-de, pa-ís, hi-a-to.

6. Os encontros gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da

vogal ou ditongo imediato: ne-gue, pe- que.

7. Na translineação de uma termo ou expressão em que a partição coincide

com o hífen repete-se o hífen no início da linha imediata: ex- -presidente, vice- -

almirante. 

7.1.10 Emprego de letras

7.1.10.1 Do h inicial e final

1. O h inicial emprega-se: 

a) por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor. 

b) em virtude de adoção convencional: hã?, hem?, hum!. 

2. O h inicial suprime-se: 

a) quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente

consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário,

ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem

erudita); 

b) quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura

se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir,

inábil, lobisomem, reabilitar, reaver; 

3. O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta,

pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-

higiénico/anti-higiênico, contra-haste; pré-história, sobre-humano.

4. O h final emprega-se em interjeições: ah! oh! 

7.1.10.2 Da homofonia de certos grafemas consonânticos

Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se

necessário diferençar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam

pela história das palavras. É certo que a variedade das condições em que se

fixam na escrita os grafemas consonânticos homófonos nem sempre permite

fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles

em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o

mesmo som. Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes

casos: 

1. Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho,

chamar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha,

facho, ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho,

pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim,

baixel, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre,

faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez,

xarope, xenofobia, xerife, xícara. 

2. Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme,

Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge,

Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim,

geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger,

virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de

papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum,

jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum,

Jerónimo, Jesus, jiboia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira,

lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento,

rejeitar, sujeito, trejeito. 

3. Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes

surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso,

imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia,

Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa;

abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar,

benesse, Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Codassal,

Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar,

escasso, fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso,

remessa, sossegar; acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim,

Cinfães, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar,

almaço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça,

enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique,

Monção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama,

quiçamba, Seiça (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa),

Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe. 

4. Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com

idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar,

esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender,

Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário,

inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente.

De acordo com esta distinção convém notar dois casos: 

a) em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre

que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela

Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto. 

b) só nos advérbios em –mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em

final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrário,

o s toma sempre o lugar de z: Biscaia, e não Bizcaia. 

5. Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor

fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, após atrás, através, Avis, Brás, Dinis,

Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós,

quis, retrós, revés, Tomás, Valdés; cálix, Félix, Fénix, flux; assaz, arroz,

avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz,

giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito,

deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não

oxítona: Cádis, e não Cádiz. 

6. Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam

sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar,

besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses,

coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou

frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de

lugar, homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses,

narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa,

Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito,

vaso; exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável;

abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza,

bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro,

Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze,

vazar, Veneza, Vizela, Vouzela. 

7.1.10.3 Das sequências consonânticas

1. O c, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c

com valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (c com valor

de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam. Assim: 

a) conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas

pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar,

pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto. 

b) eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias

cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo,

direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo. 

c) conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa

pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre

a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e

carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção

e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção. 

d) quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo

com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-

se, respectivamente nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e

assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e

suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade. 

2. Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa

pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre

a prolação e o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da

sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala,

amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia,

amigdalotomia; o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne,

indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t, da

sequência tm, em aritmética e aritmético. 

7.1.10.4 Das vogais átonas

1. O emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-

se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das

palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias: 

a) com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão,

cardeal (prelado, ave planta; diferente de cardial = “relativo à cárdia”), Ceará,

côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor,

Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de

quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro,

arrieiro, artilharia, capitânia, cordial (adjetivo e substantivo), corriola, crânio,

criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa,

Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampião,

limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso; 

b) com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada,

consoar, costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar,

farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa,

óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola,

tômbola, veio (substantivo e forma do verbo vir); açular, água, aluvião,

arcuense, assumir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir,

fémur/fêmur, fístula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar,

mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta,

trégua, virtualha. 

2. Sendo muito variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em

que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a

consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve

empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas

vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes: 

a) escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os

substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em – eio e

– eia, ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola,

aldeota por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia;

baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e

centeeiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame

por correia. 

b) escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba

tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual

pode representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé;

coreano, de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; poleame e

poleeiro, de polé. 

c) escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos

e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação

vernácula – iano e –iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos

–ano e –ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde –ano

e –ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano,

duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano

(relativo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense

(de Torre(s)). 

d) uniformizam-se com as terminações –io e –ia (átonas), em vez de –eo e –ea,

os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros

substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste;

réstia, do antigo reste; véstia, de veste. 

e) os verbos em –ear podem distinguir-se praticamente, grande número de

vezes, dos verbos em –iar, quer pela formação, quer pela conjugação e

formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se

prendem a substantivos em –eio ou –eia (sejam formados em português ou

venham já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, alheio; cear,

por ceia; encadear, por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no segundo caso

todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em –eio, -

eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear,

nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em –iar, ligados a

substantivos com as terminações átonas –ia ou –io, que admitem variantes na

conjugação: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf.

prémio/prêmio); etc. 

f) não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina.

Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de

moto próprio); tribo, em vez de tríbu. 

g) os verbos em –oar distinguem-se praticamente dos verbos em –uar pela sua

conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba

acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas; destoar, com o, como

destoo, destoas: mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc. 

7.1.10.5 Das vogais nasais

Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes

preceitos: 

1. Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento

seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre

a; por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se é de

timbre diverso de a e está seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-

braseiro (forma dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel);

clarim, tom, vacum; flautins, semitons, zunzuns. 

2. Os vocábulos terminados em –ã transmitem esta representação do a nasal

aos advérbios em –mente que deles se formem, assim como a derivados em

que entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo,

maçãzita, manhãzinha, romãzeira. 

7.1.10.6 Dos ditongos

1. Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos,

distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo

elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou:

braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar,

lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu

(mas ilheuzito), mediu, passou, regougar. 

Observação: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois

grupos, os ditongos grafados ae(= âi ou ai) e ao (= âu ou au): o primeiro,

representado nos antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como

nos respectivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o

segundo, representado nas combinações da preposição a com as formas

masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos. 

2. Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos

particulares: 

a) é o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se

emprega nas formas de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e

igualmente na da 2a pessoa do singular do imperativo dos verbos em – uir:

constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os

casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui,

Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas

de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e de 2a pessoa do

singular do imperativo dos verbos em – air e em – oer: atrais, cai, sai; móis,

remói, sói. 

b) é o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina,

a união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como

fluido de formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas

daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i). 

c) além, dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos

decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes.

Podem considerar-se no número deles as sequências vocálicas

pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam graficamente por ea, eo,

ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua,

ténue/tênue, tríduo. 

3. Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos

como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos

representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma

vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indicação de uns e outros: 

a) os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro,

considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em

vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e

derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas,

cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão;

Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode,

por exemplo, colocar-se o ditongo ũi; mas este, embora se exemplifique numa

forma popular como rũi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui,

por obediência à tradição. 

b) os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são

dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos: 

i)am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam,

escreveram, puseram; 

ii)em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias

morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes

gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente,

pela posição e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem,

quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim,

enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém

(variação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém,

também; convêm, mantêm, têm (3as pessoas do plural); armazéns, desdéns,

convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho. 

7.1.10.7 Termos conforme nova grafia

Aabaixo-assinado

ab-rogar

acórdão

Advocacia-Geral da União*

advogado-geral da União*

amiúde

antijurídico

antissocial

(eu) apoio

arguição

arguir

assembleia

assembleia geral

atividade fim

atividade meio

à toa

autossuficiente

autossustentável

auxílio-acidente

auxílio-alimentação

auxílio-doença

auxílio-enfermidade

auxílio-funeral

auxílio-invalidez

auxílio-maternidade

auxílio-moradia

auxílio-natalidade

auxílio-reclusão

Bbem-estar

bem-sucedido

bilíngue

boa-fé

bônus

Cchefe de gabinete

cláusula-mandato

coautor

coautoria

coavalista

cocredor

codevedor

coerdar ou co-herdar

coerdeiro ou co-herdeiro

coexistência

cofiador

coirmão

colegatário

conta-corrente

conta-poupança

consequência

(ele) constrói

contra-argumento

contra-arrazoado

contra-arrazoar

contra-arrestar

contracautela

contraestadia

contrafação

contrafé

contraindicação

contramandado

contraofensiva

contraordem

contraparte

contraproducente

contraproposta

contraprova

contrarrazão

contrassenso

cooperar

cooptar

coordenar

coproprietário

corré

corregedor-geral

Corregedoria-Geral

corresponsável

corréu

coutente

(ele) crê

(eles) creem

custo-benefício

Ddata-base

data-limite

(que ele) dê

decreto-lei

(que eles) deem

défice, déficit ou deficit

desindexar

(ele) desprovê

(eles) desproveem

desprover

desprovido

desprovimento

(ele) detém

(eles) detêm

(o) dia a dia

dia-multa

diretor-geral

diretor-gerente

Diretoria-Geral

diretor-secretário

Eedifício-sede

ensino-aprendizagem

equidade

estado-membro

ex-aluno

ex-detento

exequendo

ex officio

extrajudicial

extraoficial

extraterritorial

Ffático-probatório

força-tarefa

fórum

frequência

Hhabeas corpus

hediondo

herói

heroico

heterossexual

hipossuficiente

homoafetivo

hora-aula

hora extra

I

ideia

improvido

infra-assinado

infracitado

infraconstitucional

infraestrutura

instância

inter-regional

inter-relação

introito

inumano

Jjuiz

juízes

juízo

júri

jurisprudência

jusfilosofia

jusnaturalismo

juspositivismo

L(ele) lê

(eles) leem

licença-maternidade

licença-paternidade

licença-prêmio

liquidez

líquido

livre-arbítrio

Mmacroeconomia

má-fé

mais-valia

mal-estar

malsão

malsucedido

malvisto

maus-tratos

meio-termo

mesa-redonda

microeconomia

micro-organismo

ministro presidente

ministro relator

Nnão agressão

não apresentação

não comparecimento

não comprovação

não cumprimento

não incidência

Ooficial de gabinete

oficial de justiça

ofício circular

órgão

Ppalavra-chave

para (v. parar, pres.)

paraestatal

pena-base

pôde (v. poder, pret. perf.)

poder-dever

polo

porquê (subst.)

preclusão

pré-constitucional

pré-constituído

pré-datar

predeterminar

preestabelecer

pré-executividade

preexistência

prefixar

prejulgado

prelibatório

pré-qualificar

prequestionamento

prequestionar

pré-requisito ou prerrequisito

princípio

proativo ou pró-ativo

procurador-geral

Procuradoria-Geral

(ele) provém (v. provir)

(eles) provêm (v. provir)

(ele) provê (v. prover)

(eles) proveem (v. prover)

Qqueixa-crime

quinquenal

Rré

reelaborar

reeleição

regência

(eles) releem

réu

(eles) reveem

Ssalário-base

salário de benefício

salário de contribuição

salário-educação

salário-família

salário-hora

salvaguardar

salvo-conduto

Secretaria-Geral

secretário-geral

seguro-desemprego

seguro-saúde

semiaberto

semi-interno

semiliberdade

sem-número

sequestro

sobre-estadia

sobre-humano

sobrestado

sobrestamento

sobrestar

sobrestimar ou sobre-estimar

socioafetivo

socioambiental

sociocultural

socioeconômico

socioeducativo

sócio-gerente

subentendido

subestimar

sub-reptício

sub-rogar

subscrever

subsídio (si)

subsistência (si ou zi)

substabelecer

subumano ou sub-humano

sucedâneo

superávit ou superavit

supracitado

supramencionado

supramencionar

Ttão só

tão somente

teleconferência

(ele) tem

(eles) têm

V(ele) vê

(eles) veem (v. ver)

(ele) vem

(eles) vêm (v. vir)

verossímil

verossimilhança

vice-presidência

vice-presidente

vice-versa

videoconferência

videotexto

voo

voto-mérito

voto-preliminar

voto vencido

voto-vista

voto-vogal

7.1.10.8 Silabada

Silabada é o deslocamento inadequado da pronúncia da sílaba tônica de uma

palavra: pronunciar “gratuito” (forma inadequada com pronúncia acentuada no

“i”) em vez de “gratuito” (forma adequada com pronúncia acentuada no “u”).

Transcrevo relação de silabadas preparada pela equipe do Superior Tribunal

de Justiça.

São oxítonas (palavras em que o acento tônico recai na última sílaba): cateter Madagascar novel sutil condor masseter recém- ureter harém mister “necessário” refém Gibraltar Nobel ruim /u-í/

São paroxítonas (acento tônico na penúltima sílaba): alanos estratégia opimo

algaravia filantropo Pandora /ó/ âmbar fluido /úi/ (subst.) pegada ambrosia

“alimento dos deuses” fluído /u-í/ (part. De fluir) pletora /ó/ Antioquia fortuito

/úi/ policromo avaro gratuito /úi/ pudico aziago húmus Quebrangulo (AL)

batavo Hungria Quéops cânon ibero quiromancia caracteres impudico refrega

/é/ cartomancia inaudito rubrica celtibero índex Salonica ciclope juniores /i-ô/

Samaria cizânia látex Sardanapalo clímax libido Sófia (Bulgária) decano

Lombardia sótão desvario maquinaria simulacro edito “lei” mercancia

Tessalonica efebo /ê/ misantropo têxtil estalido Normandia vindima

São proparoxítonas (acento tônico na antepenúltima sílaba): aeródromo édito

“ordem judicial” ínclito ágape Éfeso íngreme álacre êmbolo ínterim anátema

éolo invólucro andrógino epíteto Niágara anêmona (às) escâncaras páramo

anófeles estereótipo périplo antídoto etíope plêiade antífrase êxodo polígono

aríete farândula prístino arquétipo férula prófugo autóctone gárrulo protótipo

bávaro grandíloquo réquiem bígamo héjira sátrapa brâmane hélade Tâmisa

cânhamo hipódromo trânsfuga Cárpatos idólatra zéfiro condômino ímprobo

zênite

7.2 Crase

É a fusão da preposição “a” com artigo ou pronome demonstrativo. Crase é

o fenômeno de união de duas vogais. O acento correpondente recebe o nome

de acento grave.

7.2.1 Casos em que ocorre a fusão

1) O artigo feminino “a” ou “as”: O servidor fez referência à decisão.

O departamento informou tudo às divisões responsáveis pelo processo.

2) Locuções adverbiais, prepositivas ou conjuntivas femininas:

A reunião será às dez horas.

O processo está à disposição de todos.

Quem vive à espera de facilidades, encontra falsidades.

À medida que estudo o processo, mais compreendo os motivos.

3) Evitar ambiguidade:

Encontrou a prima a tia (construção com ambiguidade, quem encontrou quem).

Encontrou a prima à tia (construção sem ambiguidade).

Encontrou à prima a tia (construção sem ambiguidade).

4) o pronome demonstrativo “aquela”, “aquele”, “as”:

Fiz referência a + aquele processo. = Fiz referência àquele processo.

Fiz referência a + aquela decisão. = Fiz referência àquela decisão.

Fiz referência a + aquilo. = Fiz referência àquilo.

Fiz referência a + a (aquela) que saiu. = Fiz referência à que saiu.

Fiz referência a + as (aquelas) que saíram. = Fiz referência às que saíram.

7.2.2 Casos que merecem atenção

1. Antes da expressão “a moda de”, expressa ou subentendida:

Ele se veste à Caetano Veloso. (Ele se veste à moda de Caetano Veloso.)

Ela fez uma comida à mineira. (Ela fez comida à moda mineira.)

2. Antes de “a qual” e “as quais”:

A revista à qual me refiro sumiu.

As leis às quais nos submetemos são justas.

Observação: No primeiro caso, ocorre o acento por causa da união do artigo

“a” de “a qual” e da preposição “a” do verbo “referiu”. No segundo caso, ocorre

o acento por causa da união do artigo “as” de “as quais” e da preposição “a” do

verbo “submeter”.

3. Crase antes de nomes de lugares: Vou a Brasília (Venho de Brasília. Não há necessidade de artigo).

Vou à Bahia (Venho da Bahia. Há necessidade de artigo).

Vou à Europa.

Vou à escola.

4. Com a palavra “casa” não especificada: Vou a casa (Venho de casa. Não há necessidade de artigo).

Vou à casa de meu melhor amigo (Venho da casa de meu melhor amigo).

Observação: ocorre o acento grave no segundo caso, pois, ao se determinar a

casa, houve necessidade do artigo “a”.

5. Com a palavra “terra”:

A palavra “terra” em nossa língua pode representar, dependendo do contexto,

sentidos diversos: terra firme (oposição à água, por exemplo); determinado

lugar; o planeta; e, finalmente, o solo. Nos três últimos casos, a regra a ser

observada é a geral. No primeiro caso, no entanto, não ocorre crase pois o

vocábulo não pede o artigo “a”:

Os marinheiros foram a terra visitar a família.

Os marinheiros foram à terra natal.

Os astronautas voltaram à Terra.

6. Com a palavra “distância” determinada na função de adjunto adverbial, há o acento: Sedex a distância (sem determinação).

Fique à distância de dois metros (com determinação).

7. Paralelismo: a estilística pede que se mantenha o paralelismo em

construções coordenadas. Observe os exemplos a seguir.

De 8h a 10h.

Das 8h às 10h

De segunda a sexta.

Da segunda à sexta.

O direito a remuneração e a trabalho.

O direito à remuneração e ao trabalho.

8. Expressão com palavras repetidas não aceita o acento grave:Cara a cara.

Frente a frente.

Gota a gota.

9. Antes de verbo, nunca existe acento grave antes de verbo.O Tribunal está a decidir sobre o caso.

A partir de hoje, viajaremos sempre.

10. Antes de palavras no plural e “a” anterior no singular, nunca existe acento grave:Devido a ocorrências inesperadas.

Devido às ocorrências inesperadas.

Quanto a situações.

Quanto às situações.

Tudo correu a expensas do contribuinte.

Tudo correu às expensas do contribuinte.

11. Não existe acento grave antes de pronome de tratamento:O documento foi enviado a Vossa Excelência.

A Sua Excelência o senhor Fulano de Tal.

No entanto, quando o pronome exerce função de adjetivo, o acento é possível:

À Excelentíssima Ministra Fulana de Tal (o pronome funciona como adjetivo).

7.2.3 Crase facultativa

1) Nomes de mulheres: Falei o assunto a/à Denise. Refiro-me a/à Paula.

Observações:

a) Quando o nome aparecer determinado por uma qualidade ou característica,

o artigo será obrigatório.

Falei o assunto à Denise, minha irmã.

b) Quando o nome aparecer determinado por sobrenome, preferencialmente

não use o artigo.

O texto fazia alusão a Paula Alves.

2) Pronome possessivos adjetivos: Refiro-me a/à minha secretária.

3) Expressão “até”: O termo “até” pode exercer função de preposição ou de

expressão denotativa de inclusão. Observe os exemplos a seguir.

Vou até a diretoria (preposição).

Vou até à diretoria (expressão denotativa de inclusão, no sentido de

“inclusive”).

7.3 Regência

A regência estuda a relação entre termos. Algumas vezes, um vocábulo

necessita de uma determinada preposição para se unir a outro termo. Outras

vezes, a relação ocorre sem a necessidade de preposição. Regência é

justamente o estudo da dependência ou não de tais preposições. O domínio da

regência (principalmente verbal) depende do conhecimento da transitividade

verbal. Vamos relembrar.

Verbo intransitivo: dispensa uso de complemento do verbo:

Paula saiu. João acordou.

Observação: os verbos ir, chegar e voltar, pois são naturalmente verbos

intransitivos. Geralmente, eles vêm acompanhados de adjunto adverbial e não

objetos diretos.

Guilherme foi a São Paulo.

Isabela voltou de Salvador.

Lucas chegou a Brasília.

Verbo transitivo direto: pede objeto direto.Paula comprou um livro.

Rosália encontrou o quadro.

Verbo transitivo indireto: pede complemento indireto (com preposição).

Lúcia gosta de bons livros.

Todos precisam de amigos.

Verbo transitivo direto e indireto: verbo solicita e o texto apresenta

complemento direto e indireto.João enviou o livro ao pai.

Berenice ofereceu aos convidados o bolo.

Regência de alguns verbos

Agradecer, Perdoar e Pagar Apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a

pessoas.

Agradeço aos ouvintes a audiência.

Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.

Paguei o débito ao cobrador.

AspirarTransitivo indireto (pretender, almejar, desejar).

Observação: não se admite a forma pronominal lhe ou lhes, mas apenas a ele

ou a eles)

O consumidor aspira ao desconto prometido na oferta.

Àquele desconto incomparável, o consumidor aspira a ele.

Transitivo direto (sorver, respirar)

O laudo atesta que a vítima aspirou o próprio líquido.

AssistirTransitivo indireto (ver, presenciar).

O segurança da empresa assistiu a tudo passivamente.

Transitivo direto e indireto (caber direito ou razão)

Assiste à requerente o direito de ser imitida na posse do imóvel.

Transitivo direto ou transitivo indireto (socorrer, ajudar, confortar)

O condutor do veículo não assistiu a (à) vítima.

AtenderTranstivio direto ou transitivo indireto (acolher, deferir, tomar em consideração)

O juiz atendeu a petição inicial.

Transitivo direto ou transitivo indireto (responder a chamado, ter em vista)

O juiz atendeu o telefonema.

O juiz atendeu ao advogado.

Transitivo direto ou transitivo indireto (satisfazer, preencher requisitos)

O responsável atendia as (às) necessidades do menor.

ComparecerTransitivo indireto ou intransitivo (apresentar-se em local determinado)

A testemunha compareceu à audiência.

A testemunha compareceu na sala de audiências.

A testemunha compareceu em juízo.

A testemunha compareceu ante/perante o tribunal/juiz

Observação: Empregam-se as preposições ante ou perante para órgão judicial

ou para autoridade.

ConhecerTransitivo direto (ter conhecimento) e transitivo indireto (admitir, acolher causa)

A requerida declara que não conhece a vítima.

O magistrado não conheceu da pretensão do autor.

ConstarTransitivo indireto (ser formado – preposição “de”)

Os autos constam de cinco volumes.

Transitivo indireto (estar registrado ou escrito – preposição “de” ou “em”)

A prova do crime consta no laudo pericial.

A veracidade dos fatos consta dos autos.

DepararTransitivo direto ou transitivo indireto (encontrar)

O juiz deparou falhas no relatório.

A polícia deparou com os assaltantes no local da ocorrência.

ImplicarTransitivo direto (acarretar, originar, produzir)

A aprovação do projeto básico implica abertura de procedimento licitatório.

Transitivo indireto (antipatizar, discordar)

O antigo chefe sempre implicava com este servidor.

Verbo pronominal (envolver-se)

Toda a equipe implicou-se no desvio de recursos.

Informar Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto  ao se referir a

pessoas, ou vice-versa.

Informe os novos preços aos clientes.

Informe os clientes dos novos preços (ou sobre os novos preços).

Obs.: seguem tal regência avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Morar, residir, situar-seTransitivo indireto (indicação de local fixo, estabelecido, domiciliado)

O indiciado mora na região do entorno.

O réu reside em lugar incerto.

O advogado será intimado no escritório, sito na avenida comercial.

Observação: A norma culta da Língua Portuguesa exige para esses verbos –

denominados verbos de quietação –, bem como para os correspondentes

adjetivos, a regência indireta com a preposição em, e não com a preposição a.

Obedecer e DesobedecerPossuem seus complementos introduzidos pela preposição "a".

Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.

Eles desobedeceram às leis do trânsito.

PedirTransitivo direto e indireto (solicitar)

O revisor pediu cópia do documento à diretora.

Observação: Quando o objeto direto for oracional, emprega-se a conjunção

que; somente se admite a preposição para quando estiver subentendido que se

trata de permissão:

O presidente pediu à assembleia que fi zesse silêncio.

O escrivão pediu ao presidente para se ausentar da sessão. (pediu permissão)

Preferir

Apresenta objeto indireto introduzido pela preposição "a".Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.

Prefiro trem a ônibus.

PresidirTransitivo direto ou transitivo indireto (dirigir, governar)

O desembargador mais antigo presidirá a/à sessão.

ProcederIntransitivo (ter fundamento)

As declarações do apelante não procedem.

Transitivo indireto (originar-se, provir)

A testemunha procede do nordeste.

Transitivo indireto (dar início, efetuar, realizar, dar sequência)

O relator procedeu ao exame do recurso.

Observação: Nesta última acepção, considera-se errôneo o emprego do verbo

na voz passiva. Não se permitem, pois, construções como: O exame foi

procedido; O inventário foi procedido; A perícia foi procedida (errado).

Responder Tem complemento introduzido pela preposição "a". O objeto indireto indicar "a quem" ou "ao que" se responde.

Respondi ao meu patrão.

Respondemos às perguntas.

Respondeu-lhe à altura.

SolicitarTransitivo direto e indireto (pedir com insistência)

O julgador solicitou ajuda à polícia.

O julgador solicitou ajuda da polícia.

VisarTransitivo direto (mirar)

Os bandidos visaram o alvo assim que ouviram a sirene.

Transitivo direto (pôr o visto)

Os integrantes do conselho visaram a ata.

Transitivo indireto (ter em vista, objetivar, pretender)

Esta Corte de Justiça visa sempre ao bem da sociedade.

Observação: apesar de alguns gramáticos admitirem a regência direta no

último caso, a orientação é manter o emprego formal nos textos oficiais.

Enumerei a seguir alguns verbos e nomes que aparecem com frequência

no universo jurídico. Certamente, será difícil recordar a regência de todos os

termos abaixo. Dê uma lida em todos e faça os exercícios logo após. Consulte

sempre que necessário.

Siglas utilizadas na explicação:

VI = verbo intransitivo

VTD = verbo transitivo direto

VTI = verbo transitivo indireto

VTDI = verbo transitivo direto e indireto

Ab-rogar: VTD no sentido de revogar uma lei, decreto, etc.

Acarear: VTD no sentido de defrontar testemunhas.

Acionar: VTD no sentido de ação judicial.

Acoimar: VTD no sentido de infligir, punir.

Aconselhar: VTDI no sentido de orientar; aconselhar algo a alguém;

aconselhar alguém a algo; aconselhar alguém de/sobre algo

Acordar: VI no sentido de fazer um acordo, firmar contrato. VTD no sentido de

concordar, resolver em comum acordo.

Acostumado: regência nominal com a preposição “a” ou “com”.

Adimplir: VTD no sentido de cumprir, executar um contrato.

Ad-rogar: VTD no sentido de tomar por adoção pessoa sui juris.

Agradar: VTD (fazer carinho, presentear); VTI com preposição “a” (satisfazer).

Agradecer: VTDI – o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é sempre

pessoa.

Agravar: VTD no sentido de onerar, sobrecarregar.

Agredir: VTD. O desempregado agrediu o amigo.

Ajudar: VTD ou VTI com a preposição “a”.

Ansioso: regência nominal com a preposição “de”, “por” ou “para”.

Anuir: VTI ou VI no sentido de concordar: O juiz anuiu a seu pedido. Os juízes

anuíram.

Apelar: VTI ou VI no sentido de recorrer buscando ajuda; recorrer por apelação

a instância superior para pedir a reforma de sentença de juízo inferior; interpor

recurso ou apelação: A defesa apelou da sentença. O promotor apelou.

Apenar: VTD no sentido de punir, condenar.

Apoiar-se: VTI (pronominal); apoiar-se ao muro; apoiar-se em documentos;

apoiar-se sobre tal coisa.

Arrestar: VTD no sentido de fazer ou decretar arresto.

Arrogar: VTD no sentido de apropriar-se de, tomar como seu. VTDI no sentido

de exigir ou atribuir-se direitos indevidos.

Arrolar: VTD no sentido de fazer constar em rol ou lista a relação dos bens de

um espólio.

Aspirar: VTD (sorver, inspirar) e VTI com a preposição “a” (desejar).

Assíduo: regência nominal com a preposição “em”.

Assistir: VTD (prestar assistência); VTI com a preposição “a” (ver, ter

direito);VI (morar).

Atenção: regência nominal com a preposição “a” ou “para”.

Atender: VTD ou VTI com a preposição “a” para pessoa; VTI com a preposição

“a” para coisa no sentido de dar atenção.

Atingir: VTD (alcançar o alvo).

Autuar: VTD no sentido de lavrar um auto. O servidor autuou o processo. VTDI

no sentido de exigir ou atribuir-se direito indevido.

Avisar, certificar, cientificar, informar: VTDI (algo a alguém ou alguém de

algo).

Avocar: VTDI no sentido de chamar, atribuir-se: O presidente avocou a si a

decisão sobre o projeto. VTD no sentido de despertar, evocar: Aquelas

palavras avocavam bons pressentimentos.

Caluniar: VTD no sentido de imputar falsamente.

Caucionar: VTD no sentido de assegurar com caução, dar em garantia.

Certificar: VTD no sentido de afirmar a certeza, passar a certidão de: O

secretário certificará a aprovação no concurso. O médico certificou o óbito.

VTDI no sentido de tornar ciente, afirmar: Ele o certificou do julgamento. VTDI

(pronominal) no sentido de ter a certeza de, convencer-se: Ele se certificou da

verdade.

Chamar: VTD e VTI com a preposição “a” (considerar); VTD (convocar, fazer

vir); VTDI com a preposição “a” no sentido de repreender.

Chegar, ir, sair, vir: Intransitivo.

Circundutar: VTD no sentido de julgar nula ou sem eficácia uma citação.

Citar: VTD no sentido de chamar alguém a juízo.

Cominar: VTDI no sentido de ameaçar com pena ou castigo no caso de

infração.

Comparecer: VI ou VTI no sentido de aparecer, apresentar-se em local

determinado ou em juízo perante magistrado ou funcionário judicial: Somente

as testemunhas de defesa compareceram. A testemunha compareceu perante

o juiz.

Compartilhar: VTD.

Competir: VTI no sentido de concorrer na mesma pretensão, disputar título,

ser da competência ou atribuição, caber, pertencer por direito, ser de

obrigação: O candidato mais forte competia com o irmão. Isso não compete ao

chefe da seção. Parte dos bens compete aos filhos.

Comunicar: VTDI com a preposição “a”.

Comutar: VTD no sentido de permutar um pena mais grave por outra mais

branda.

Conhecer: VTI regendo a preposição de, no sentido de juiz ou tribunal ser

competente para intervir num processo; dar-se por competente para julgar;

acolher a causa: O ministro conheceu do recurso.

Consentir: VTI com a preposição “em” (concordar); VTDI com a preposição “a”

(permitir).

Consistir: VTI no sentido de compor-se; basear-se: O procedimento de

apuração consistia em duas etapas.

Coonestar: VTD no sentido de dar aparência de honestidade.

Correger: VI no sentido de fazer correição. VTD no sentido de fazer o

pagamento do dano ou da indenização.

Custar: VTI com a preposição “a”(ser custoso, ser difícil); TDI com a

preposição “a” (causar).

Decidir: VTD ou VTI no sentido de resolver, determinar, sentenciar, julgar: O

ministro decidiu (sobre) a questão rapidamente.

Deferir: VTD ou VTI no sentido de atender, condescender, anuir (o que se

pede ou requer): Ele deferiu o (ao) pedido. VTDI no sentido de outorgar,

conferir e conceder: O prefeito deferiu a solicitação à associação de

moradores.

Deparar: deparar-se com; deparar com; deparar-se-lhe algo.

Desobedecer: VTI com a preposição “a”.

Deliberar: VTD ou VTI no sentido de decidir, resolver após exame: A Corte

deliberou punir os culpados. O Tribunal deliberou sobre os recursos especiais.

Delinquir: VI no sentido de cometer crime, delito.

Demandar: VI no sentido de disputar em juízo. VTD no sentido de intentar

ação judicial.

Denunciar: VTD no sentido de notificar, dar ciência.

Derrogar: VTD no sentido de revogar parcialmente uma lei, decreto,

regulamento.

Desaforar: VTD no sentido de isentar o pagamento, de um foro ou no sentido

de transferir um processo de um foro para outro. É pronominal no sentido de

renunciar aos privilégios do foro.

Desagravar: VTD no sentido de reparar uma ofensa ou insulto.

Descriminar: VTD no sentido de absolver do crime, excluir a injuridicidade ou

condição criminosa.

Difamar: VTD no sentido de imputar fato ofensivo à reputação de alguém.

Dignar-se: VTI com a preposição “de”.

Distratar: VTD no sentido de anular o ajuste ou contrato.

Embargar: VTD no sentido de pôr embargos.

Ensinar: ensinar algo a alguém; ensinar alguém a algo

Equivalente: regência nominal com a preposição “a” ou “de”.

Escoimar; VTD no sentido de livrar pena ou censura.

Esquecer: VTD ou VTI (com pronome e preposição “de”). Esqueceu tudo.

Esqueceu-se de tudo.

Evencer: VTD no sentido de desapossar judicialmente a pessoa da

propriedade que detém.

Falta: regência nominal com a preposição “a”.

Faltar: VTI com a preposição “a” (ausentar-se, inexistir).

Impedir: VTDI com dupla regência: algo a alguém ou alguém de algo.

Implicar: VTD no sentido de requerer, demandar; embaraçar; trazer como

consequência, produzir como consequência, acarretar e provocar: A

desobediência dos motoristas no trânsito pode implicar sérias consequências.

VTDI no sentido de envolver, comprometer: Implicaram-no em crime de furto.

VTI no sentido de ter implicância com, ser inconciliável, rege a preposição com:

Implicava com o guarda.

Inadimplir: VTD no sentido de descumprir a obrigação contratual assumida.

Indagar: indagar de alguém alguma coisa.

Indiciar: VTD no sentido de proceder a imputação criminal contra alguém.

Inquirir: VTD no sentido de fazer perguntas, indagar.

Insimular: VTD no sentido de atribuir crime, denunciar.

Interessar: algo interessa a alguém; interessar-se por algo.

Interpelar: VTD no sentido de exigir categoricamente explicações em juízo.

Lembrar: mesma regra de esquecer.

Notificar: VTDI ou VTD no sentido de intimar, dar conhecimento de ordem

judicial a, informar, comunicar, participar, dar notícia ou conhecimento de: O

juiz notificou a sentença ao condenado. O juiz notificou o condenado.

Obedecer: VTI com a preposição “a”.

Pagar: VTDI com a preposição “a”. Objeto direto é a coisa e objeto indireto é a

pessoa.

Perdoar: VTDI com a preposição “a”. Objeto direto é a coisa e o objeto indireto

é a Persuadir: persuadir alguém a alguma coisa.pessoa.

Preferência: regência nominal com a preposição “a” ou “por”.

Preferir: VTDI com a preposição “a”. Nunca usar “prefiro mais” e prefiro algo do

que outra coisa.

Preferível: regência nominal com a preposição “a”.

Prescrever: VTD no sentido de ordenar, determinar; preceituar, indicar com

precisão: O diretor-geral prescreveu normas para a licitação. VTDI no sentido

de marcar, fixar, limitar: O setor prescreveu novo prazo aos servidores para

entrega de documentos. VI no sentido de ficar sem efeito por ter decorrido

certo prazo legal, caducar, cair em desuso; incidir em prescrição: A pena já

prescreveu.

Presenciar: VTD. Os interessados presenciaram a sessão.

Presente: com a preposição “a” com nomes abstratos e preposição “em” com

nomes concretos.

Presidir: VTD ou VTI no sentido de exercer a presidência.

Prevenir: VTD (evitar); VTDI com a preposição “de” (avisar).

Providenciar: providenciar algo a alguém; providenciam sobre algo;

providencia-se para algo; para providenciar em algo.

Proceder: VTI no sentido de originar-se, descender; realizar, fazer, efetuar: O

presidente procederá à nomeação de novo ministro. VI no sentido de ter

fundamento, continuar, agir, comportarse, ser decisivo na prova, concluir: Este

recurso não procede. O ministro procedeu exemplarmente. VI com a

preposição “de” no sentido de origem. O Juiz procede de São Paulo.

Prover: VTD no sentido de receber e deferir (um recurso), ordenar; dispor: O

Colegiado proveu o recurso. VTDI no sentido de dotar, abastecer, nomear

alguém para (cargo ou emprego): O ministro da Justiça o proverá para o cargo

de secretário-geral. VTI no sentido de ocorrer, acudir, remediar, atender: Ele

proverá às despesas.

Querer: VTD (desejar); VTI com a preposição “a” (estimar).

Recorrer: VI ou VTD no sentido de interpor recurso judicial; apelar, dirigir-se

pedindo socorro, proteção; lançar mão, valerse.

Renunciar: VTD ou VTI com a preposição “a”.

Reparar: VTD (consertar); VTI com as preposições “em” ou “para” (observar).

Ressarcir: VTD no sentido de pagar o prejuízo causado.

Residente, situado, sito, domiciliado: aceitam a preposição “em”.

Residir: VI com a preposição “em”.

Resignar: a) (renunciar) resignar o cargo; b) (conformar-se) resignar-se com

algo; resignar-se a algo.

Responder: VTDI com a preposição “a”.

Revogar: VTD no sentido de anular ou retirar.

Sancionar: VTD no sentido de dar sanção, aprovação, confirmação.

Satisfazer: VTD ou VTI com a preposição “a” (solicitar).

Simpatizar: simpatizar com algo/com alguém.

Socorrer: socorrer alguém/algo.

Solicitar: VTDI. O Ministro solicitou o material ao Tribunal. O nome “solícita”

pede a preposição “com”. O Ministro é solícito com todos.

Substabelecer: VTD no sentido de transferir a outrem os poderes conferidos

num mandato

Suceder: TI com a preposição “a” (substituir).

Sobressair: VTI com preposição “em”. Não é verbo pronominal.

Torcer: VTI com a preposição “por”.

Usufruir: usufruir algo.

Visar: VTD (pôr o visto); VTI com a preposição “a” (objetivar).

7.3.1 Regência nominal

Acessível a Escasso de Propício a

Acesso a, para Essencial a, para Próprio de, em

Adaptado a Fácil de Próximo a, de

Admiração a, por Fanático por Relacionado com

Afável com, para com Fuga de, a Relativo a

Aflito com, por Favorável a Respeito a, entre, para

com,por

Agradável a, de Generoso com Residente em

Alheio a, de Gosto de, em Rigoroso com, em

Alusão a Grato a, por Saudade de, por

Amor a, por Guerra a, com, contra, entre Satisfeito com, de, em, por

Análogo a Hábil em Segurança de, em

Ânsia de, por Habituado a Semelhante a

Ansioso de, para, por Horror a, de Sensível a

Antipatia a, por Idêntico a Sito em

Apto a, para Igual a, para Situado em

Atenção a, com, para com Imbuído de, em Suspeito de

Atento a, com Impaciência com Temor a, de

Aversão a, por Impróprio para Violação a, de

Ávido de Indeciso em Vizinho a, de

Atentado a, contra Insensível a

Bacharel em Junto a, com, de

Benéfico a, para Liberal com

Capacidade de, para Longe de

Capaz de, para Medo de

Certeza de, em Natural de

Compatível com Necessário a, para

Contemporâneo a, de Nocivo a

Constituído de, por Obediência a

Contíguo a Ojeriza a, por

Contrário a Oportunidade de, para

Curioso de, para Paralelo a

Descontente com Parco em, de

Desejoso de Passível de

Devoção a, para com, por Perto de

Devoto a, de Preferência por

Domiciliado em Preferível a

Dúvida em, sobre Prejudicial a

Empecilho a, para Prestes a

Entendido em Proeminência sobre

Equivalente a Propenso a

7.3.2 Regência e pronome relativo

O assunto provoca receio mesmo naqueles que dominam bem a

gramática. Vamos explicar com muito calma, então. Observe as orações

abaixo.

O livro sumiu = primeira oração.

Comprei o livro = segunda oração.

Se desejarmos unir as duas orações e formar apenas uma construção em

período único, seria necessário fazer uso de pronome relativo.

O pronome relativo é o termo que possibilita que um termo não seja

repetido desnecessariamente na frase. No exemplo acima, unindo as orações

com pronome relativo temos a seguinte estrutura.

O livro que comprei sumiu.

Como o verbo “comprar” não pede preposição, não houve necessidade de

qualquer preposição antes do pronome relativo. Nem sempre é assim. Observe

o segundo exemplo.

O livro sumiu = primeira oração.

Refiro-me ao livro = segunda oração.

Para que a frase fique correta, a preposição “a” pedida pelo verbo “referir-

se” deve estar antes do pronome relativo ao se unir as orações. Veja.

O livro a que me refiro sumiu.

Observe outros exemplos:

O livro de que preciso sumiu.

O livro a que aludi sumiu.

O livro com que simpatizo sumiu.

O livro que escrevi sumiu.

O livro em que deixei o bilhete sumiu.

Vários são os pronome relativos. Os principais são: que, o qual, a qual,

cujo, cuja, onde, quanto etc.

Uso do cujo, cuja

Os pronomes “cujo” e suas variações são empregados para dar ideia de

posse ou complemento do substantivo. Observe as orações.

O livro sumiu = primeira oração.

O autor do livro chegou = segunda oração.

Ao unir as orações em período único, temos:

O livro cujo autor chegou sumiu.

Se for empregado algum termo que exija preposição, seremos obrigados a

construir o período com ela. Observe.

O livro sumiu = primeira oração.

Gosto do autor do livro = segunda oração.

Ao unir as orações em período único, temos:

O livro de cujo autor gosto sumiu.

Observação: não existe cujo o, cuja a, o cujo. Não é possível artigo ao lado do

pronome cujo.

Observe vários exemplos com pronome relativo e regência.

O livro que li sumiu.

O livro de que preciso sumiu.

O livro a que fiz referência sumiu.

O livro por que tenho simpatia sumiu.

O livro cujo autor chegou é bom.

O livro de cujo autor preciso é bom.

O livro a cujo autor fiz referência é bom.

O livro por cujo autor tenho simpatia é bom.

A cidade onde estou é linda.

A cidade aonde vou é linda.

A cidade de onde vim é linda.

A decisão a qual recebi está correta.

A decisão da qual preciso está correta.

A decisão à qual fiz referência está correta.

A decisão pela qual tenho simpatia está correta.

7.3.3 Preposição

O uso da preposição adequada é fundamental para o bom uso de regência.

Assim, enumero cuidados a serem observados:

a) não se repete a preposição quando rege palavras que constituem um só

conjunto, ou seja, palavras que indicam simultaneidade ou têm a mesma

natureza: filhos de Alexandre e Adriana.

b) quando a preposição rege termos coordenados de natureza diferente ou

entre eles não há relação exata, deve-se repetir a preposição: homenagem aos

magistrados e aos escritores (sem a preposição, pode-se entender que os

magistrados são também escritores).

c) repete-se a preposição quando se repete o possessivo: falamos de nossos

sonhos e de nossos pesadelos.

d) repete-se a preposição “a” e “por” se ocorrer repetição do artigo: o combate

à fome e ao terror. Se não houver repetição do artigo, a preposição fica

embutida: o combate à fome e terror.

e) não se repete a preposição no aposto: Morou na melhor cidade do Brasil,

Brasília.

f) repete-se a preposição nas expressões explicativas ou retificadoras: gostaria

de dois relatóros, ou melhor, de três relatórios.

7.4 Concordância

Regra geral: o verbo concorda com o sujeito em relação a número e

pessoa.

O processo chegou.

Os processos chegaram.

O Ministro e o Presidente decidiram o assunto.

7.4.1 Casos que merecem atenção na concordância verbal

1. Sujeito composto posposto ao verbo aceita a concordância com o núcleo mais próximo ou com o conjunto.Chegou o relatório e o processo.

Chegaram o relatório e o processo

Decidiu o assunto o Ministro e o Presidente.

Decidiram o assunto o Ministro e o Presidente..

2. Sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes concorda o verbo com o conjunto se possuir primeira pessoa.Paula, Pedro, tu e eu saímos.

3. Sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes sem a primeira pessoa concorda o verbo com o conjunto ou com a terceira pessoa do plural.Paula e tu andais (ou andam).

4. Sujeito composto formado por verbos no infinitivo mantém o verbo da oração principal no singular.Andar e sorrir faz bem à saúde

Ler e escrever é bom..

5. Sujeito composto formado por verbos no infinitivo com ideias contrárias leva o verbo da oração principal para o plural.Rir e chorar fazem bem à vida.

Entrar e sair provocam irritação.

6. Sujeito composto formado por verbos substantivos entra na regra geral.O andar e o sorrir fazem bem à saúde.

7. Verbo impessoal é aquele que não possui sujeito e são empregados, geralmente, na terceira pessoa do singular.

São verbos impessoais:

a) fenômenos da natureza:

Ventou muito ontem.

Choveu à noite.

b) o verbo haver no sentido de ocorrer, existir, acontecer ou tempo decorrido:

Houve muitos acidentes na estrada.

Há processos sobre a mesa.

Haverá espetáculos interessantes em Santos.

Há dias não chove.

c) o verbo fazer no sentido de tempo decorrido ou clima:

Faz dez dias que não vejo você.

Faz invernos rigorosos na Argentina.

d) O verbo ser e o verbo estar no sentido de tempo, clima, estação do ano e

distância. Neste caso, o verbo concorda com o termo presente na oração.

São dez horas.

É primavera.

Está calor.

São trezentos quilômetros de Brasília a Goiânia.

e) as expressões “trata-se de”, “cuida-se de”, “já passa de”, “basta de”, chega

de”:

Trata-se de ações.

Cuida-se de processos.

Já passa das dez.

Basta de bobagens.

Chega de tarefas.

8. Verbo acompanhado de índice de indeterminação do sujeito permanece no singular sempre. Caso você tenha dificuldade em identificar o índice de

indeterminação, haverá uma aula adiante em que abordaremos o assunto.

Precisa-se de novos projetos.

Gosta-se de livros.

9. Coletivos partitivos (a maioria, a minoria, grande parte, metade de), seguidos de adjuntos adnominais no plural, concordam o verbo com o núcleo ou com o adjunto.A maioria dos alunos está (ou estão) interessada(os).

Grande parte dos relatórios apresenta (ou apresentam) erros.

10. O pronome “que” não interfere na concordância.O rapaz que saiu é inteligente.

O juiz que determinou a sentença está correto.

11. O pronome “quem” faz com que o verbo concorde com o pronome ou com o substantivo que o antecede.Fui eu quem fez (ou fiz) o trabalho ontem

12. A união de dois pronomes com sentido partitivo mantém o verbo no singular, quando o núcleo da expressão está no singular.Qual de nós entregou o trabalho.

Algum deles saiu.

Observação: o verbo aceita a concordância com o núcleo ou com o adjunto,

quando possui o núcleo no plural.

Quais de nós entregaram (ou entregamos) o trabalho.

13. Pronome de tratamento concorda o verbo na terceira pessoa do singular.Vossa Excelência entregou o trabalho ontem.

14. A expressão “um dos que” aceita o verbo no singular ou no plural.Um dos que saiu (ou saíram).

Um dos rapazes que voltou (ou voltaram).

15. A expressão “mais de um” mantém o verbo no singular. O plural só ocorre se houver sujeito composto com a expressão ou se houver reciprocidade.Mais de um processo já foi liberado.

Mais de um processo, mais de um relatório chegaram cedo.

Mais de um advogado encontraram-se no corredor.

16. A expressão “um e outro” e suas variações (uma e outra, nem um nem outro, nem uma nem outra) aceita o verbo no singular ou no plural. Se houver reciprocidade, o plural se torna obrigatório.Um e outro delegado chegou (ou chegaram).

Uma e outra menina se abraçaram na festa.

17. A expressão “um ou outro” e suas representações com substantivos mantém o verbo no singular com ideia de exclusão. O verbo vai para o plural com ideia de adição.São Paulo ou Santos será campeão do Brasil em 2008.

Uva ou manga me agradam sempre.

18. Concordância com infinitivo.

I – Na oração infinitivo-latina (verbos mandar, fazer, deixar, ver, ouvir, sentir + pronome átono + verbo no infinitivo), o verbo preferencialmente fica no singular.Mandei-os entrar.

O Ministro deixou-os decidir.

II – No caso de voz passiva formada com infinitivo regido de preposição “de”, o verbo fica no singular.Coisas difíceis de dizer (= serem ditas).

Livros fáceis de ler (= serem lidos).

Observação: o pronome “se” fica elíptico na expressão.

III – No infinitivo regido de preposição equivalendo a gerúndio, o verbo fica no singular.O Ministro estava a falar.

Os Ministros estavam a falar.

IV – Quando o infinitivo regido de preposição vier antes do verbo principal com sujeito próprio ou não, é preferível concordar com o sujeito.Para julgarem melhor, estudaram horas.

Na certeza de estarmos com direito, fazemos o pedido.

Observação: se o verbo principal vier em primeiro lugar, não há obrigatoriedade

de emprego pessoal.

Estudaram horas para julgar melhor.

Fazemos o pedido na certeza de estar com o direito.

V – Quando o infinitivo vier com o verbo “parecer” ao lado de outro verbo, pode flexionar o primeiro ou o segundo. Prefira o primeiro caso.As causas parecem justificar os meios.

As causas parece justificarem os meios.

VI – Quando entre o verbo principal e o infinitivo vier o sujeito representado por substantivo no plural, usa-se o infinitivo pessoal.Os astrônomos viram as estrelas caminharem no céu.

Observação: Se o infinitivo vier junto do verbo principal, a variação não é

obrigatória.

Os astrônomos viram caminhar as estrelas no céu.

Os astrônomos viram caminharem as estrelas no céu.

VII – Muitas vezes, o infinitivo vem distanciado do verbo principal. Nesse caso, para determinar a pessoa, usamos o pessoal.Receberam os Desembargadores, há dias, os autos a que me referi no

memorial, fls. 15, para julgarem o caso.

7.4.2 Concordância nominal

O nome concorda com seu referente em gênero e número.

Processo longo.

Processos longos.

Decisão extraordinária.

Decisões extraordinárias.

7.4.3 Casos que merecem atenção na concordância nominal

1. Adjetivo posposto a substantivos concorda com o núcleo mais próximo ou com o conjunto. Se os substantivos forem antônimos, o adjetivo concorda com o conjunto.Comprei livro e revista nova (ou novos).

Ofício e parecer longo (ou longos).

Sinto por ele amor e ódio eternos.

2. Adjetivo anteposto a substantivos concorda apenas com o núcleo mais próximo.Comprei novo livro e revista.

Longo processo e parecer.

3. Em alguns casos, o adjetivo posposto a substantivos concorda obrigatoriamente com o mais próximo por questões semânticas.Água e jardim florido.

4. Em alguns casos, o adjetivo posposto a substantivos concorda obrigatoriamente com o conjunto por questões semânticas.Considero o rapaz e a menina responsáveis.

Acho o rapaz e a menina inteligentes.

5. Quando o adjetivo anteposto a substantivos se refere obrigatoriamente ao conjunto pode concordar com o núcleo mais próximo (regra geral) ou com o conjunto.Considero responsável (ou responsáveis) o rapaz e a menina.

O juiz julgou encerrada (ou encerradas) a defesa e a acusação.

6. O termo “quite” concorda com o referente.Estou quite.

Estamos quites.

7. O termo “leso” concorda com o referente.Crime de lesa-pátria.

Crime de leso-patriotismo.

8. A expressão “um e outro” seguida de substantivo e adjetivo mantém o substantivo no singular e o leva o adjetivo para o plural.Um e outro deputado federais saíram.

Nem um nem outro processo trabalhistas prosperaram.

9. “Obrigado” concorda com o referente.Homem diz obrigado.

Mulher diz obrigada.

10. Os termos “mesmo”, “próprio”, “só”, “junto”, “anexo”, “incluso”, “bastante” e “meio”, quando adjetivos, concordam com o referente.Eles mesmos saíram.

Elas mesmas saíram.

Nós próprios chegamos.

Estou só.

Estamos sós.

A carta seguiu anexa.

O livro seguiu anexo.

Comprei bastantes livros.

Bebi uma garrafa e meia.

Observação: as expressões “mesmo”, “só”, “anexo”, “bastante” e “meio” são

invariáveis quando advérbios.

O juiz determinou mesmo a sentença.

Eles só fizeram o trabalho hoje.

A prova seguiu em anexo.

Os livros seguiram em anexo.

Elas estão bastante tristes com o problema.

Os funcionários ficaram meio chateados com a demora do pagamento.

11. O predicativo do sujeito fica invariável quando o sujeito não está determinado. Se o sujeito estiver determinado, concordam com ele.Água é bom.

A água é boa.

É proibido entrada.

É proibida a entrada.

É necessário reunião.

É necessária a reunião.

12. O termo “possível” fica invariável se fizer parte de uma expressão superlativa no singular (o mais, o menos, o pior, o melhor, etc) ou se estiver ao lado de “quanto”.Encontrei processos o mais intrigantes possível.

Encontrem-me tão rápido quanto possível.

13. Dois ou mais adjetivos podem concordar com um mesmo substantivo.As polícias civil e militar.

As bandeiras brasileira e inglesa

O primeiro e o segundo grau.

O primeiro e segundo graus.

Se o artigo aparecer também antes do segundo adjetivo, a concordância será

feita assim:

A polícia civil e a militar.

A bandeira brasileira e a grega.

7.6 Pontuação

A pontuação é de fundamental importância no estudo de nosso idioma e

em sua expressão adequada. Ela constitui um conjunto de sinais gráficos para

facilitar a leitura e a compreensão do texto.

7.6.1 Vírgula

1. Separar termos coordenados de uma construção.

O relatório apresentou informação inadequada, pouca novidade, nomes

incompletos.

João, Maria, Pedro saíram.

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão regime

jurídico único para seus servidores.

Discursos, pedidos, recomendações, não o demoviam do propósito de ver seu

projeto convertido em lei.

2. Separar o vocativo.Senhor, gostaria de que me visitasse algumas vezes.

Senhor Presidente, solicito a palavra para declaração de voto.

3. Separar o aposto explicativo.O Ministro Gilmar Mendes, Presidente do STF, estará no MPU amanhã.

Luís Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, estará em Belo Horizonte

amanhã.

4. Separar palavras ou expressões interpositivas: por exemplo, ou melhor, isto é, por assim dizer, etc.Ela precisava de duas cartas, ou melhor, três.

Ela não falou, isto é, falou pouco.

5. Indicar elipse do verbo.João tem 30 anos; Maria, 26.

À Câmara compete autorizar a instauração de processo contra o Presidente da

República; ao Senado, julgar.

6. A localidade da data.Brasília, 16 de julho de 2008.

7. Separar a oração adjetiva explicativa.O Supremo, que é a maior Corte, decidiu assim.

8. Pode ocorrer vírgula antes da conjunção “e” em alguns casos:

a) orações com sujeitos diferentes (facultativo).

Josebaldo saiu, e Josebalda leu o livro.

b) ideia adversativa ou conclusiva (indicada).

Ela saiu, e já voltou.

Ela estudou muito o ano inteiro, e passou em primeiro lugar.

c) polissíndeto (facultativa).

E cantava, e pulava, e corria.

d) para enfatizar o último elemento de uma coordenação.

Comprei um livro, uma revista, e um carro.

e) antes de vice-versa.

Ele nunca presenteou a esposa, e vice-versa.

f) antes das expressões “e nem”, “e nem ao menos”, “e nem sequer”.

Ela não sabe falar inglês, e nem sequer bem o português.

9. Ideia adversativa, conclusiva ou explicativa.Ela estudou muito, porém não passou.

Ela estudou muito, portanto passou.

Ela passou no concurso, pois já está trabalhando no órgão público.

10. Na ordem indireta, temos as seguintes situações:

a) sujeito ou objeto deslocado não pedem vírgula.

Chegou o relatório ontem.

É importante que ela volte.

Foi publicada a decisão hoje.

b) se houver pleonasmo representado por nome e pronome, haverá vírgula.

O livro, o deputado comprou-o.

Aquela lei, não a entendem senão os juristas mais argutos.

c) pode-se colocar uma vírgula com o objeto anteposto.

O livro, o deputado comprou.

d) predicativo do sujeito deslocado pede vírgula.

Inconformado, solicitou nova audiência.

e) Adjunto adverbial descolado pede vírgula quando se deseja enfatizá-lo.

Orações adverbiais deslocadas sempre terão vírgula.

Ontem, ela me trouxe o livro (vírgula facultativa).

Quando ela chegou ontem, fiquei feliz (vírgula obrigatória).

Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não

poderão ser presos.

11. Separar os elementos de uma obra.Português Jurídico, 7ª edição, p. 184.

12. Separar o autor da obra.Machado de Assis, Dom Casmurro.

13. Destacar palavras ou expressões isoladas.Atitude, não apenas palavras, é o que quero.

14. Separar palavras repetidas.O requerente declarou tudo, tudo.

Nada, nada me fará mudar o voto.

15. Separar elementos de um provérbio.Tal pai, tal filho.

Mocidade ociosa, velhice vergonhosa.

16. Após “sim” ou “não” em respostas.Sim, o Tribunal já tomou uma decisão.

7.6.2 Vírgula em textos jurídicos

1. Entre os elementos que compõem as referências a dispositivos legais sem a

preposição “de” ou fora da ordem crescente: art. 265, IV, a, do CPC; Código

Eleitoral, art. 128, I, II e III. Lei no 9.100/95, art. 23, caput.

2. Caso a ordem dos elementos seja do particular para o geral, estes vêm

ligados pela preposição de, sem o emprego de vírgulas: Incisos III e IV do § 11

do art. 121 da Constituição Federal.

3. Entre o número de leis, resoluções, portarias, etc. e a data de sua

publicação: Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990; Resolução-TSE

nº 19.406, de 5 de dezembro de 1995.

7.6.3 Ponto-e-vírgula

1. Quando há omissão da conjunção na ideia adversativa, conclusiva ou explicativa.O MPU apresentou provas concretas;o Tribunal não a aceitou.

2. Quando ocorre descolamento da conjunção na oração coordenada.O MPU apresentou provas concretas; o Tribunal, porém, não as aceitou.

Pode-se escrever também usando vírgula entre as orações.

O MPU apresentou provas concretas, o Tribunal, porém, não as aceitou.

3. Entre orações coordenadas que já possuem vírgula em seu interior.Minha casa não é grande; porém a sua casa, imensa.

Pode-se escrever também usando vírgula entre as orações.

Minha casa não é grande, porém a sua casa, imensa.

4. Separar termos coordenados em coluna.A ONU determinou as seguintes ações:

a) campanha mundial para arrecadar alimentos;

b) participação de todas as nações para arrecadar recursos financeiros;

c) envio de médicos voluntários ao local da tragédia.

5. Separar orações coordenadas longas ou curtas em trecho longo.“Ser ético é ser íntegro em seus princípios; ser intolerante com corrupção; ser

exemplo por meio de sua atitude; ser sábio em suas decisões.”

7.6.4 Ponto-e-vírgula em textos jurídicos

Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis,

decretos, portarias, regulamentos): Art. 1º A educação nacional, inspirada nos

princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:

I) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do

Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;

II) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;

III) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;

(...).

Ao separar termos de uma enumeração em textos legais, o ponto e

vírgula pode, às vezes, permitir leituras ou interpretações divergentes: “É

assegurada a aposentadoria no regime geral da previdência social, nos termos

da lei, obedecidas as seguintes condições:

I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição,

se mulher;

II – sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se

mulher.”

Nesse exemplo, alguns entendem que o ponto e vírgula substitui o e. O

trabalhador, então, só se aposenta se preencher as condições I e II. Outros têm

leitura diferente: o ponto e vírgula estaria no lugar do ou.

Vê-se, assim, que o texto permite duas leituras e deve, portanto, ser

modificado para eliminar a ambiguidade. Outro exemplo:

“São formas de provimento de cargo público:

a) nomeação;

b) promoção;

c) readaptação;

d) reversão;

e) aproveitamento;

f) reintegração;

g) recondução.”

No caso, basta preencher uma das condições para ocupar cargo público.

Logo, o ponto e vírgula está no lugar do ou. Mais um exemplo:

“São funções do Banco Central:

a) Emitir moeda;

b) Fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional;

c) Controlar o crédito e o capital estrangeiros;

d) Representar o governo brasileiro perante governos estrangeiros.”

Nesse caso, um item não exclui outro. Todos os itens constituem

obrigações do Banco Central. O ponto e vírgula indica soma, inclusão. Entre as

letras c e d, poder-se-ia usar a conjunção e para dizer que são só essas as

atribuições do Banco Central. A ausência do e funciona como um etc. Significa

que há outras atribuições.

Em muitos casos, o uso do ponto e vírgula torna o texto mais leve,

facilitando a vida do leitor. Examine-se esta frase: João trabalha no Senado,

Pedro trabalha na Assembleia, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na

universidade, Alberto trabalha no shopping. A frase está correta e clara. As

vírgulas separam as orações coordenadas. Mas a repetição do verbo torna-a

cansativa. Recorre-se, então, ao ponto e vírgula para separar as orações

coordenadas: João trabalha no Senado; Pedro, na Assembleia; Carlos, no

banco; Beatriz, na universidade; Alberto, no shopping. Outros exemplos: Eu

estudo na USP; Maria, na UFMG. Alencar escreveu romances; Drummond,

poesias.

Observação: Nesse exemplo, para não repetir trabalha em todas as orações,

mantém-se o verbo apenas na primeira; nas demais, põe-se a vírgula no lugar

do verbo.

7.6.5 Pontuação no fim de frase, após abreviatura:

Se a última palavra da frase for uma abreviatura, que, por natureza, tem

ponto, não se usa outro ponto para indicar o fim do período. Vale o ponto da

abreviatura: Vi os móveis nas Lojas Carmel Ltda. Na feira, comprei laranjas,

bananas, peras, abacaxis etc.

7.6.6 Dois-pontos

1. Antes de uma citação direta.O Ministro declarou: “A decisão ocorrerá hoje.”.

2. Antes ou depois de enumeração.Comprei três coisas: livros, revistas, jornais.

Livros, revistas, jornais: tudo o que quero.

3. Antes de ideia explicativa ou conclusiva.Ela estudou, estudou, estudou: passou em primeiro lugar.

Ela já saiu: não está aqui.

Sei apenas isto: nada sei.

7.6.7 Aspas

1. No início e no fim de transcrição direta.Machado de Assis afirmou: “Tudo acaba”.

O Ministro declarou: “As reformas só trarão benefícios.”

O Deputado indagou: “Quais serão os benefícios?”

Observação: Orienta o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa que a

pontuação em relação a aspas deve seguir a seguinte regra:

a) período iniciado e terminado por aspas mantém o ponto antes das últimas aspas.“O Brasil é maior do que todos os problemas.”

b) período iniciado sem aspas mantém o ponto após as aspas.José de Alencar destacou que “O Brasil é maior do que todos os problemas”.

Observação: é comum o uso de dois-pontos após o verbo que apresenta a

citação. No caso, é comum o ponto-final aparecer antes das aspas finais ou

depois.

José de Alencar destacou: “O Brasil é maior do que todos os problemas.”

José de Alencar destacou: “O Brasil é maior do que todos os problemas”.

c) se a citação termina com ponto-final, ponto-de-interrogação ou ponto-de-exclamação e coincide com o término de todo o período, as aspas aparecem após esses pontos e não se usa mais nenhum sinal de pontuação.O Presidente anunciou: “Está encerrada a sessão.”

O Deputado perguntou: “Haverá sessão extraordinária amanhã?”

O Ministro declarou, indignado: “Isto não pode acontecer!”

Os presentes se perguntaram, incrédulos: “É possível uma coisa dessas?!”

Observação: Quando não fizerem parte da citação, o ponto-de-interrogação e

o ponto-de-exclamação deverão vir depois das aspas.

De quem é a famosa frase “Conhece-te a ti mesmo”?

2. Indicar estrangeirismo, arcaísmo, neologismo ou ênfase. Pode-se também usar outro destaque para tais casos (sublinhar, negrito, itálico).Estamos no “hall” no hotel.

Ele disse “nonada” para tudo.

Ela é “muito” bonita.

3. Indicar ironia.A “sabedoria” do rapaz era impressionante.

4. Indicar citação de obras.“Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi escrito por Machado de Assis.

Observações na pontuação de textos jurídicos

1. Para separar citação dentro de outra citação, usam-se aspas simples: “O

recorrido argumentou que converteu em Ufir tudo o que recebeu por

‘contribuições, doações e receitas’, conforme o § 12 do art. 28 da Lei nº 9.504,

de 30 de setembro de 1997”.

2. Quando as aspas abrangem todo o período, coloca-se o sinal de pontuação

antes delas: “Expeça-se o mandado de prisão.” Essa é a determinação do juiz.

Quando as aspas abrangem apenas parte do período, coloca-se o sinal de

pontuação depois delas:

O ministro asseverou, verbis:

“O acusado, embora alegue nas razões finais, não aponta onde ou sob que

aspectos a pretendida nulidade tenha prejudicado a defesa”.

3. Em citações indiretas, não há necessidade de aspas, mas podem ser usadas

quando se quiser dar destaque a todo o texto, ou a algum termo em particular:

O Ministro declarou que as reformas só trarão benefícios.

(sem nenhuma ênfase ou destaque)

O ministro declarou que “as reformas só trarão benefício”.

(ênfase nas palavras usadas pelo Ministro)

4. Para destacar títulos, termos técnicos, expressões fixas, definições,

exemplificações e assemelhados:

Foi discutida a “privatização das universidades federais” no encontro de

reitores.

O maior inteiro que divide simultaneamente cada membro de um conjunto é o

“máximo divisor comum”.

Não confundir o prefixo ante, que significa “anterior”, com anti, “contra”.

Para efeitos deste estudo, entenda-se por “pessoa superdotada” aquela que...

5. Quando alguma expressão que deva vir com aspas se encontra dentro de

uma frase aspeada, essa expressão virá entre aspas simples:

Disse o Ministro: “Estou repetindo agora tudo o que escrevi no artigo ‘Os

problemas da Previdência’, publicado em vários jornais, recentemente.”

Observação: deve-se evitar o encontro de aspas simples e duplas.

7.6.8 Travessão

1. Introduzir orações de elocução.Vamos! – gritou o general.

2. Destacar uma palavra ou expressão.Eu só penso em uma pessoa – você.

A violência − agravada pelo que se denominou crime organizado − é tema

diário dos telejornais.

3. Substituir as vírgulas em explicação.Brasília – a capital do Brasil – é linda.

A justiça – virtude suprema − é um valor universal da alma humana e do

Estado.

4. Início de diálogo.- Por que você voltou? – perguntou o amigo.

- Não sei ainda – respondeu o inseguro rapaz.

5. Indicar os extremos de um percurso.A viagem São Paulo-Porto Alegre foi rápida.

6. Introduzir siglas (travessão simples com espaço antes e depois dele).O Supremo Tribunal Federal – STF decidiu assim.

7.6.9 Parênteses

Os parênteses são empregados para intercalar, num texto, uma expressão ou

oração acessória, como:

1. uma explicação, indicação de fontes, comentários acessórios ou

circunstâncias de forma incidente: Isso comprova a malsinada ação política (ou

da má política, em termos mais precisos). O primeiro recurso (fls. 950-960) foi

tempestivo. Eles trabalham muito (e o trabalho enobrece), mas ganham mal;

2. elementos de referência bibliográfica: “Os deputados e senadores são

invioláveis por suas opiniões, palavras e votos” (CF, art. 53, caput).

Observação: se a pausa coincidir com o início de expressão ou oração entre

parênteses, o sinal de pontuação ficará depois deles: Como se observa (nem

precisa ser bom observador), o mundo caminha para uma rápida globalização.

Se a expressão, desde que autônoma, ou a oração vierem encerradas por

parênteses, o sinal de pontuação virá dentro deles: (O Poder Executivo é

exercido pelo presidente da República, auxiliado pelos ministros de Estado.)

3. introduzir siglas que se seguem aos nomes de órgãos e instituições: O

Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu assim.

Observações:

a) o conteúdo inserido no interior dos parênteses deve iniciar com minúscula e

terminar sem pontuação se for trecho explicativo: Brasília (a capital do Brasil)

possui diversas representações internacionais.

b) se o uso de parênteses ocorrer entre períodos, o conteúdo começa com

maiúscula e termina com pontuação no interior dos parênteses: Brasília

continua a crescer. (Isso provoca diversos transtornos à população.) Os

números indicam crescimento de 10% em 2011.

c) conteúdo inseridos entre parênteses após o término do período também

devem ser pontuados: “O que constitui a diferença entre o signo interior e o

signo exterior, entre o psíquico e o ideológico?” (Mikhail Bakhtin. Marxismo e

filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.)

d) o Manual do STJ faz a seguinte orientação para uso em processos: quando

se faz transcrição de texto seguida da indicação da folha de origem, fecham-se

as aspas, se houver, sem a pontuação no fim do período, abre-se o parêntese

e, com inicial minúscula e sem pontuação final, indica-se a folha. Fecha-se o

parêntese e, depois dele, usa-se ponto final ou outro sinal, dependendo do

caso: Alega o impetrante que “o paciente é réu primário e tem residência fixa e

bons antecedentes” (fl. 2). A medida liminar possui CARÁTER IRREVERSÍVEL,

visto que, caso seja cumprida, haverá desabastecimento de energia em várias

unidades consumidoras (fl.17).

7.6.10 Barra

A barra é empregada, principalmente:

1. em composições com siglas: TRE/MG, SPTE/Cobli, Rio Branco/AC;

2. na indicação da forma abreviada do ano posposta ao número de leis,

decretos, portarias, etc.: Lei no 9.096/95;

3. na função da conjunção alternativa ou: A coluna do quadro cargo/função

precisa ser ampliada;

Observação: a forma e/ou é influência do inglês and/or e emprega-se separada

por barra para expressar simultaneamente a ideia de adição e de exclusão: Os

cheques serão assinados pelo presidente e/ou tesoureiro. (Por esse exemplo,

os cheques poderão ser assinados por ambos, ou somente pelo presidente, ou

somente pelo tesoureiro.)

4. nas datas consecutivas usadas nas referências de publicações seriadas:

abr./jun. 1997; jul. 1997/ago. 1998.

7.6.11 Reticências

Usam-se reticências:

a) Para suprimir partes iniciais, intermediárias e finais de uma citação (entre

colchetes): “O Ministério Público é instituição permanente [...], incumbindo-lhe a

defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e

individuais indisponíveis.” (Constituição Federal, art. 127.).

7.6.12 Colchete

Variedade dos parênteses, os colchetes têm uso bastante limitado, servindo

apenas para:

a) intercalar as observações próprias do autor na transcrição de texto alheio.

Entenda-se, pois: “Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à

minha pergunta sobre o porvir e me acenas para o futuro, embora o que eu

percebo no horizonte me pareça apenas uma nuvem]”.

b) isolar uma construção internamente já separada por parênteses.

O trabalho e a as atividades de profissionalização não podem ser utilizados

como castigo, mas como uma dimensão importante da vida humana, quer

como fonte de sobrevivência, quer como fonte de realização profissional (se

sobreviver já é façanha para o brasileiro desempregado [e para o empregado,

não?], o que dizer da realização profissional?).

c) incluir, numa referência bibliográfica, indicação que não conste da obra

citada Exemplo: ASSIS, Machado. Dom Casmurro. Rio de Janeiro : Livreiro Ed.

[1899].

7.7 Pronome

É a classe de palavra que substitui ou acompanha um substantivo. Ao

substituir o substantivo, recebe o nome de pronome substantivo. Ao substituir o

adjetivo, recebe o nome de pronome adjetivo.

7.7.1 Pronome pessoal

Definição: como o próprio nome esclarece, este pronome está relacionado,

geralmente, a pessoas. No entanto, designa também coisas. Observe o quadro

abaixo:

Retos Oblíquos

Átonos Tônicos

eu me mim, comigo

tu te ti, contigo

ele, ela o, a, lhe, se si, consigo

nós nos nós, conosco

vós vos vós, convosco

eles, elas os, as, lhes, se si, consigo

Características:

1. Os pronomes pessoais do caso reto exercem a função sintática de sujeito.

Ele saiu. Nós voltamos. Elas chegaram.

2. Os pronomes pessoais do caso oblíquo exercem a função sintática de

complemento.

Maria encontrou-nos. O prefeito nos convidou.

3. A língua culta prefere “entre si” a “entre eles”, sempre que for possível a

posposição do pronome mesmos. Caso o sujeito da construção não esteja na

terceira pessoa do plural, usa-se “entre eles”.

Os amigos conversavam entre si. (entre si mesmos.)

Nada ocorreu entre eles.

4. O pronome oblíquo “o”, “a” e suas variações adquirem a forma “lo”, “la” e

suas variações, quando posposto a formas verbais terminadas em “r”, “s” e “z”.

Encontrar + o = encontrá-lo.

Fizemos + o = fizemo-la.

Fez + as = fê-las.

5. Se a forma verbal termina em som nasal, o pronome se transforma em “no” e

suas variações, sem omissão de letra.

Encontraram + o = encontraram-no.

6. Os pronomes tônicos “com nós” e “com vós” se usam apenas quando

precedem palavra de ênfase.

O prefeito deseja falar conosco.

O prefeito deseja falar com nós (inadequado).

O prefeito deseja falar com nós mesmos (adequado).

7. Em alguns casos, o pronome pessoal do caso ablíquo átono exerce a função

sintática de sujeito. Quando estão na seguinte construção:

mandar

fazer

deixar + pronome átono + verbo no infinitivo.

ver

ouvir

sentir

Mandei-o voltar. = Mandei que ele voltasse.

Fi-lo ficar. = Fiz que ele ficasse.

Deixe-nos explicar. = Deixe que nós expliquemos.

8. Embora o pronome pessoal de caso reto exerça a função de sujeito, pode

aparecer na função de complemento, quando ao lado do pronome “todo” em

construção na ordem indireta.

Encontrei-os no quarto chorando.

Todos eles encontrei no quarto chorando.

9. Os verbos pronominais não devem ser empregados com o pronome “se”

indicando sujeito indeterminado.

Não se deve arrepender pelo que se fez (inadequado).

Ninguém deve arrepender-se pelo que fez (adequado).

10. Quando um mesmo pronome oblíquo está relacionado a dois ou mais

verbos, deve-se usar o complemento apenas junto ao primeiro.

Nós o encontramos e o abraçamos (inadequado).

Nós o encontramos e abraçamos (adequado).

11. Quando o pronome átono está na função de objeto direto e é seguido por

aposto, este deve ser preposicionado.

Encontrei-o, ao verdadeiro ladrão, na casa da namorada.

12. O pronome “nós” assume o papel de singular em duas situações: plural

majestático ou plural de modéstia.

Nós seremos maiores do que tudo, disse o rei (plural majestático).

Nós somos agradecidos a você, disse o rapaz (plural de modéstia).

13. A contração de dois pronomes pessoais ablíquos em funções sintáticas

diferentes pode ocorrer da seguinte maneira:

Não enviaram a revista a ele. = Não lha enviaram.

Não enviaram o livro a ela. = Não lho enviaram.

Alguém disse os assuntos aos jornalistas. = Alguém lhos disse os assuntos.

A mesma regra vale para os pronomes “me”, “te”, “nos” e “vos”.

7.7.2 Pronome possessivo

Definição: é o pronome que apresenta ideia de posse: meu, teu, seu, nosso,

vosso, seus e variações.

Características:

1. os pronomes possessivos concordam em gênero e número com seus

referentes.

2. os pronomes oblíquos átonos “me”, “te”, “nos”, “vos”, “lhe” (e variações)

podem indicar posse, quando ligados a substantivo e podem ser substituídos

por pronome possessivo.

Posso beijar-lhe o rosto. = Posso beijar o seu rosto.

Quebraram-me o estojo. = Quebraram o meu estojo.

3. Antes de nomes que indicam partes do corpo, peças de vestuário e estados

da razão não há necessidade de possessivo quando se referem à própria

pessoa a que se faz referência.

Machuquei o dedo (adequado).

Machuquei o meu dedo (inadequado).

Ela perdeu o juízo (adequado).

Ela perdeu o seu juízo (inadequado).

4. É facultativo o uso do artigo antes do pronome possessivo.

Encontrei a minha namorada ou Encontrei minha namorada.

5. O uso do artigo antes do possessivo pode alterar o sentido da construção.

Aquela casa é minha (induz-se a pensar que tenho outras casas também).

Aquela casa é a minha (induz-se a pensar que é a minha única casa)

7.7.3 Pronome demonstrativo

Definição: o pronome demonstrativo (este, esse, aquele – e variações) tem

diversas funções dentro da construção: pode indicar a pessoa do discurso, a

relação a tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no

texto, etc.

Características:

1. em relação à pessoa do discurso, deve-se empregar o pronome

demonstrativo da seguinte forma:

este, esta, isto: refere-se à pessoa que fala ou escreve (apresenta a ideia do

aqui).

esse, essa, isso: refere-se à pessoa que ouve ou lê (apresenta a ideia do aí).

aquele, aquela, aquilo: refere-se à pessoa que se encontra distante (apresenta

a ideia do lá).

Este relatório que seguro.

Esse relatório que você segura.

Aquele relatório que se encontra na outra sala.

2. em relação à posição da ideia a que se refere, deve-se empregar da

seguinte forma:

este, esta, isto: em relação a uma ideia que ainda aparecerá no texto (termo

catafórico).

Quero lhe contar isto: não volte mais aqui.

esse, essa, isso: em relação a uma ideia que já apareceu no texto (termo

anafórico).

Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe contar.

3. em relação a tempo, deve-se empregar da seguinte forma:

a) em referência a um momento atual, usa-se “este, esta ou isto”:

Este dia está maravilhoso (dia atual).

Esta semana está maravilhosa (semana atual).

Este mês está maravilhoso (mês atual)

Este ano está maravilhoso (ano atual).

Este assunto que conversamos (assunto atual).

b) em relação a momento futuro próximo,usa-se também “este, esta ou isto”:

Agora pela manhã chove, mas esta noite promete ser bonita (próxima noite).

Esta reunião de hoje à tarde será interessante (a reunião está próxima de

ocorrer).

Hoje é quinta-feira e neste fim-de-semana viajarei. (próximo fim-de-semana).

c) em relação a momento futuro distante, usa-se “esse, essa ou isso”:

Um dia você será capaz de entender o que ocorreu. Nesse dia, você me

perdoará .

d) em relação a momento passado recente, usa-se “esse, essa ou isso”:

Nesse fim-de-semana, fui a São Paulo (último fim-de-semana).

Nessa reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu recentemente).

e) em relação a tempo passado muito distante, usa-se “aquele, aquela ou

aquilo”:

Aquele fim-de-semana foi maravilhoso (fim-de-semana distante).

Naquela reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu há muito tempo).

4. para diferenciar referentes citados anteriormente, usa-se “este, esta ou isto”

para indicar o mais próximo ao pronome e usa-se “aquele, aquela e aquilo”

para indicar o mais distante.

O processo e o parecer já chegaram. Este (o parecer) está ótimo, mas aquele

(o processo) ainda está incompleto.

5. Outros usos estilísticos:

a) ao iniciar uma oração, desacompanhado de substantivo, que retoma ideia

anterior e pode ser substituído por “isso”, pode-se empregar “este, esse ou

aquele”:

Não estudei o necessário. Este (ou “esse”) foi meu pecado.

b) podem-se colocar os pronomes “este” ou “esse” e suas variações após o

substantivo para indicar ênfase:

Encontrei uma linda e inteligente mulher há alguns anos em Brasília, mulher

esta (ou “essa”) que se tornou minha esposa.

c) os pronomes “este, esse ou aquele – e variações”, quando contraídos com a

preposição “de” e pospostos a substantivos, devem ser empregados sempre no

plural:

Ele resolveu problema daqueles.

d) as palavras “o”, “próprio”, “semelhante” e “tal” - e variações – podem assumir

papel de pronome possessivo.

Comprei o que você pediu.

Lúcia mesma fez o trabalho.

7.7.4 Colocação pronominal

O pronome átono pode ficar antes do verbo (próclise), no meio do verbo

(mesóclise) ou após o verbo (ênclise). Embora a próclise seja muito comum na

linguagem oral, o texto escrito dá preferência à ênclise: O Procurador recomendou-me o

livro.

Lembre-se de que não se deve iniciar uma oração com pronome átono. A próclise

predomina sobre a mesóclise que predomina sobre a ênclise.

Próclise

1. Interrogações: Quem te contou o fato?

2. Exclamações: Eu te amo!

3. Negações: Ninguém me ama mais.

4. Frases optativas: Deus te conduza!

5. Pronome relativo: O rapaz que te contou o caso.

6. Pronome indefinido: Tudo te fizeram de mal.

7. Pronome demonstrativo: Isso lhe revelaram.

8. Conjunção subordinativa: Quero que me contem tudo.

9. Gerúndio antecedido da preposição “em”: Em se tratando disso.

10. Advérbio: Sempre te amei.

Mesóclise

Com verbo no futuro do indicativo, desde que não ocorra atração para

próclise: Dar-te-ei meu livro. Contar-te-ia o segredo.

Observações gerais

1. Sujeito expresso pode atrair próclise.

O Presidente pediu-me o material.

O Presidente me pediu o material.

2. Conjunção coordenativa pode atrair próclise.

Ela saiu tarde, mas te encontrou.

Ela saiu tarde, mas encontrou-te.

3. Verbo no infinitivo sempre aceita ênclise.

Nunca te contar.

Nunca contar-te.

4. Expressão intercalada (mesmo que separada por vírgulas) não interrompe a

atração de próclise.

Quero que, ainda hoje, me leiam o livro.

5. Nas locuções verbais e tempos compostos, pode-se colocar o pronome

átono após o primeiro ou o segundo verbo.

Quero-te contar tudo.

Quero contar-te tudo.

Após particípio, não existe ênclise.

Tinha contado-te (inadequado).

Havendo atração de próclise, o pronome átono pode ficar antes ou após a

locução verbal.

Não te quero contar.

Não quero contar-te.

6. Dois atrativos de próclise permitem a colocação do pronome átono após o

primeiro ou após o segundo.

Quero que não te contem.

Quero que te não contem.

______________________________

Bibliografia

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário Ortográfico da Língua

Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS JURÍDICAS. Dicionário Jurídico. 10. ed. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 2009.

ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. 4. ed. São

Paulo: Ática, 1998.

______.Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 44. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro:

Lucerna, 2002.

BRASIL, Câmara dos Deputados. Manual de Redação. Brasília: Coordenação de

Publicações, 2004.

______. Conselho Nacional de Justiça. Manual de atos oficiais administrativos do

Conselho Nacional de Justiça. Brasília: CNJ, 2002.

______. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília: Senado

Federal, 2010.

______. Decreto n° 4.176, de 28 de março de 2002. Estabelece normas e diretrizes

para a elaboração, a redação, a alteração, a consolidação e o encaminhamento ao

presidente da República de projetos de atos normativos de competência dos órgãos

do Poder Executivo Federal, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 1. abr. 2002. Seção 1, p. 1.

______. Ministério das Relações Exteriores. Manual de Redação e Estilo do Itamaraty.

Brasília: SGEX/DCD/DAR, 1994.

______. Ministério da Justiça. Manual de redação e correspondência oficial. Brasília:

Secretaria de Modernização Administrativa, 1982.

______. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República.

2. ed. Brasília: Presidência da República, 2002.

______. Senado Federal. Manual de Correspondência Oficial da Subsecretaria de

Administração de Pessoal do Senado Federal. Brasília: Secretaria Especial de

Editoração e Publicações, 2000.

______. Senado Federal. Manual de Padronização de Textos. Brasília: Secretaria

Especial de Editoração e Publicações, 2002.

______. Superior Tribunal de Justiça. Manual de Padronizações de Textos do STJ.

Brasília: Superior Tribunal de Justiça, 2011.

______. Supremo Tribunal Federal. Manual de Atos Oficiais Administrativos. Brasília:

Secretaria de Documentação, 2005.

______. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Manual de redação

oficial. Brasília: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Sugra, 2010.

______. Tribunal Superior Eleitoral. Manual de Padronização de Atos Oficiais

Administrativos. Brasília: TSE/SDI, 2002.

CÂMARA JÚNIOR, Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática: referente à

língua portuguesa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1988.

CARVALHO, Kildare Gonçalves. Técnica legislativa. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey,

2007.

COSTA, José Maria da. Manual de Redação Profissional. 2. ed. Campinas: Millenium,

2002.

CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3.

ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

______. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexibon,

2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2.

ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever,

aprendendo a pensar. 17. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua

Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

KASPARY, Adalberto J. Redação oficial: normas e modelos. 10. ed. Porto Alegre:

Prodil, 1993.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Nominal. 4. ed. São Paulo: Ática,

2002.

______. Dicionário Prático de Regência Verbal. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997.

MARTINS FILHO, Eduardo Lopes. Manual de Redação e Estilo de O Estado de S.

Paulo. 3. ed. São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.

MINAS GERAIS. Manual de redação parlamentar. Belo Horizonte: Assembleia

Legislativa do Estado de Minas Gerais, Escola do Legislativo, 2005.


Top Related