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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MARIA CANDIDA BANDEIRA LACERDA DE PAULA

A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

RIO DE JANEIRO

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MARIA CANDIDA BANDEIRA LACERDA DE PAULA

A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto A Vez do Mestre, como requisito parcial a obtenção do título de Pedagoga. Sob a orientação do Professor Fernando Gouvêa.

RIO DE JANEIRO 2009

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DEDICATÓRIA

À todos aqueles que acreditam na Educação Inclusiva.

À minha mãe Marlene e a minha tia Jacyra por todo o apoio e incentivo.

Às minhas filhas Amanda e Rafaela, razões do meu viver e da minha luta.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus por me ter permitido sair vitoriosa de mais uma luta.

Ao meu orientador, Fernando Gouvêa, pela sua atenção e credibilidade.

A todos os amigos pelos incentivos nas horas mais difíceis.

À minha amiga Elizabeth Maura e a todos que participam do Projeto Diferença.

Sinônimo de Igualdade, por me mostrarem um mundo realmente muito especial.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a formação de professores para a educação inclusiva. As reflexões apresentadas produziram-se a partir da análise da compreensão que os professores têm sobre a sua formação e as práticas pedagógicas vivenciadas em seu dia-a -dia em sala de aula. Historicamente, no Brasil, século XIX, iniciou-se uma organização de serviços para atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais e deficientes físicos, inspirados em países da Europa e Estados Unidos. Caracterizaram-se como iniciativas oficiais e particulares isoladas, refletindo o interesse de alguns educadores pelo atendimento educacional dos portadores de deficiências, hoje denominados alunos com necessidades especiais. A inclusão na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos 1950 e início da década de 1960 . Foram criadas inúmeras instituições que exerciam caráter assistencialista e cumpriam, na maioria das vezes, apenas a função de auxílio. A real inflexão dos rumos se dá nos meados dos anos 1990 com o advento da tentativa de consubstanciação das diretrizes emanadas da Declaração de Salamanca (1994) que culmina em 2001 com a elaboração das Diretrizes Curriculares para a Educação Especial pelo Conselho Nacional de Educação. PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Educação Inclusiva. Formação de professores.

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“ Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.”

(Paulo Freire)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................. p.8

CAPÍTULO I: A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO

BRASIL...........................................................................................................p.10

CAPITULO II: A INCLUSÃO: DEFINIÇÃO, LEGISLAÇÃO E

POSSIBILIDADES NO CENÁRIO EDUCACIONAL DO RIO DE

JANEIRO ...................................................................................................... p.17

CAPITULO III: A VOZ DO MESTRE: A INCLUSÃO NO COTIDIANO

DA SALA DE AULA ................................................................................... p.23

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... p.31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.. .....................................................p.32

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INTRODUÇÃO

Durante os quinze anos que venho trabalhando com crianças com necessidades

educacionais especiais no consultório de Fonoaudiologia, sempre senti uma necessidade

muito forte em aumentar os meus conhecimentos dentro da área de Pedagogia. Comecei

então, uma nova graduação: a licenciatura em Pedagogia. Nesses últimos três anos,

minha vida realmente teve uma mudança radical. Comecei a trabalhar mais diretamente

com alunos com necessidades especiais através de um Projeto chamado Diferença

Sinônimo de Igualdade, passei no concurso da Prefeitura do Rio de Janeiro e fui

trabalhar numa escola onde a gestão acredita e levanta a bandeira da inclusão. Nada foi

por acaso...

A partir da vivência maior dentro de sala de aula, pude perceber as inquietações

dos professores frente as mudanças dentro da realidade escolar. A grande maioria sofre

com as pressões, com os sentimentos de impotência e desamparo e não se julgam

preparados para aceitar em suas salas de aulas alunos especiais

Este trabalho tem como objetivo, então, refletir sobre a formação do professor

para atuar em classes onde alunos com necessidades especiais estão incluídos.

No capítulo I abordaremos o histórico da educação especial no Brasil. As

mudanças ocorridas desde o início da política de inclusão no final da década de 1950 até

os dias atuais; as novas concepções de necessidades educacionais, as legislações que

surgiram a partir das mudanças de comportamento social e das diretrizes que favorecem

a igualdade de direitos .

No capítulo II falaremos sobre a Inclusão como modalidade de educação escolar,

os movimentos sociais de pais de alunos especiais que foram de grande importância

para a inclusão, a Declaração de Salamanca( marco da projeção internacional da escola

inclusiva), sobre as mudanças ocorridas na legislação brasileira, o conceito de escola

inclusiva e sobre o cenário educacional no Rio de Janeiro.

No capítulo III comentaremos as inquietações dos professores no cotidiano

da sala de aula,a necessidade de ressignificar as práticas em sala de aula frente a nova

realidade social.Faremos uma reflexão sobre a formação dos professores e as práticas

pedagógicas antes e depois da proposta da Educação Inclusiva. Ressaltaremos a

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necessidade de se investir na formação do professor para desmistificar conceitos e

preconceitos, tornando-o mais comprometido com a Educação Inclusiva.

Por fim, relataremos alguns comentários feitos por professores da rede pública e

privada sobre Educação Inclusiva.

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CAPÍTULO I

1. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

No Brasil, no século XIX, iniciou-se uma organização de serviços para

atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais e deficientes físicos, inspirados em

países da Europa e Estados Unidos. Caracterizaram-se como iniciativas oficiais e

particulares isoladas, refletindo o interesse de alguns educadores pelo atendimento

educacional dos portadores de deficiências. A inclusão na política educacional brasileira

vem a ocorrer somente no final dos anos cinqüenta e início da década de sessenta do

século XX. Foram criadas inúmeras instituições que exerciam um trabalho de caráter

assistencialista e cumpriam, na maioria das vezes, apenas a função de auxílio.

A história da Educação Especial no Brasil pode ser dividida em dois períodos.

1.1 Primeiro Período – 1854 a 1956: iniciativas oficiais e particulares isoladas

O atendimento escolar especial aos portadores de deficiência teve seu início no Brasil, na década de 50 do século XIX. Quando D. Pedro II fundou na cidade do Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. A fundação do Imperial Instituto deveu-se, em grande parte, a um cego brasileiro chamado José Álvares de Azevedo, que estudara no Instituto dos Jovens Cegos de Paris, fundado por Valentim Haiiy no séc. XVIII. Pelo trabalho realizado na educação de Adélia Sigaud, filha do Dr. José F. Xavier Sigaud, médico da família Imperial, José Álvares de Azevedo despertou a atenção e o interesse do Ministro do Império, Conselheiro Couto Ferraz. Sob a influência do mesmo foi que D. Pedro II criou o Instituto dos Meninos Cegos. (MAZZOTA,2005,p.28)

No Governo Republicano, o chefe do Governo Provisório Marechal Deodoro da

Fonseca e o Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, Benjamim Constant

Botelho de Magalhães, assinaram o Decreto nº. 408, mudando o nome do Instituto dos

Meninos Cegos para Instituto Nacional dos Cegos e aprovando seu regulamento.

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Mais tarde, a escola passou a denominar-se Instituto Benjamim Constant (IBC),

em homenagem ao seu ilustre e atuante ex-professor de matemática e ex-diretor:

Benjamim Constant Botelho de Magalhães.

Foi ainda D. Pedro II, que fundou também no Rio de Janeiro o Imperial Instituto

dos Surdos-Mudos,pela Lei nº 839 de 26 de setembro de 1857. A criação desta escola

ocorreu graças aos esforços de Ernesto Hüet e seu irmão. Em 1957, cem anos após sua

fundação, passaria a denominar-se Instituto Nacional de Educação dos Surdos

(INES).Desde o início, o INES caracterizou-se como um estabelecimento educacional

voltado para a “educação literária e o ensino profissionalizante”. A instalação do IBC e

do INES abriu possibilidade de discussão da educação dos portadores de deficiência.

Durante o 1º Congresso de Instrução Pública, em 1883, convocado pelo

Imperador em dezembro de 1882, figurava a sugestão de Currículo e Formação de

professores para cegos e surdos (MAZZOTA, 2005,p.29-30).

Há registros de outras ações voltadas para o atendimento pedagógico ou médico-

pedagógico aos deficientes. Em 1874, o Hospital Estadual de Salvador, na Bahia, hoje

denominado Hospital Juliano Moreira, iniciou a assistência aos deficientes mentais.

Na primeira metade do século XX, portanto até 1950, havia quarenta estabelecimentos de ensino regular mantidos pelo poder público, sendo um federal e os demais estaduais, que prestavam algum tipo de atendimento escolar especial a deficientes mentais. Ainda quatorze estabelecimentos de ensino regular, dos quais um federal, nove estaduais e quatro particulares, atendiam também alunos com outras deficiências. (MAZZOTA ,2005, p.31)

Alguns destes estabelecimentos de ensino e instituições especializadas tiveram

sua importância no momento de sua criação, pela força que vieram a adquirir no seu

funcionamento ou ainda pelo papel desempenhado na evolução da educação especial.

Durante este período todos os esforços em relação às pessoas com necessidades

especiais eram de forma assistencial, baseado no modelo médico de deficiência. Onde a

pessoa com deficiência é que precisava ser curada, tratada, a fim de ser adequada à

sociedade como ela é, sem maiores modificações. Este modelo ainda tem sido

responsável pela resistência da sociedade em aceitar a necessidade de mudar suas

estruturas para incluir as pessoas com necessidades especiais em seu desenvolvimento

pessoal, educacional e profissional.

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Ao longo do tempo as instituições forem se especializando para atender pessoas

com deficiência, continuando a prática da segregação, pois a sociedade não aceitava

receber pessoas com deficiência nos serviços existentes da comunidade.

Somente no final da década de 1960, o movimento pela integração social

começou a procurar inserir as pessoas com deficiência nos sistemas sociais como:

educação, trabalho, família e lazer. Ele cresceu devido a um maior incentivo e apoio

oferecido pelo governo.

1.2. Segundo Período – 1957 até os dias atuais: iniciativas oficiais de âmbito nacional

O atendimento as pessoas com deficiência foi assumido a nível nacional, pelo

governo federal, com a criação de campanhas voltadas para este fim.

A primeira a ser instituída foi a Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro

– C.E.S.B.- pelo Decreto Federal nº42.728, de 3 de dezembro de 1957. Idealizada pelo

Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro, tinha como

objetivo promover por todos os meios ao seu alcance, as medidas necessárias à

educação e assistência, em todo território nacional.

Em 1958 foi criada a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de deficientes da visão, vinculada à direção do Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro. Depois de um ano e meio de sua criação, a referida Campanha sofreu algumas mudanças estruturais. Deixando de ser vinculada ao Instituto Benjamim Constant mudando para Campanha Nacional de Educação de Cegos – CNEC, direcionada ao Gabinete do Ministro da Educação e Cultura. (MAZZOTA,2005, p.50) .

Uma outra Campanha foi instituída em 1960, desta feita por influência de

movimentos liderados pela Sociedade Pestalozzi e Associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais (APAE), ambas do Rio de Janeiro. Foi instituída junto ao Gabinete do

Ministro da Educação e Cultura, a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de

Deficientes Mentais – CADEME. Tinha o objetivo de promover em todo território

nacional, a educação, treinamento, reabilitação e assistência educacional das crianças

com necessidades especiais de qualquer idade ou sexo.

Em 1961, com a homologação da Lei de Diretrizes e Bases 4.024/61, a educação

da pessoa com deficiência passou a ser integrada ao sistema regular de ensino. Na

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verdade, essa integração não ocorreu pois o atendimento educacional ficava sob

responsabilidade de instituições particulares ligadas ao governo.

O CENESP (Centro Nacional de Educação Especial) foi criado em 1973, com a finalidade de promover em todo território nacional, a expansão e melhoria do atendimento às pessoas com deficiência. Com sua criação, foram extintas a Campanha Nacional de Educação de Cegos e a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais. O novo órgão reverteu o acervo financeiro e patrimonial das campanhas anteriores. O CENESP passou a fazer parte integrante do acervo financeiro, pessoal e patrimonial dos IBC e INES. Em 1986 o CENESP foi transformado na SEESPE. (Secretaria de Educação Especial). Criada na estrutura básica do Ministério da Educação Especial manteve basicamente as competências e a estrutura do CENESP, sendo extinto apenas o Conselho Consultivo. Com a criação da SEESPE, a Educação Especial, a nível nacional, teve sua coordenação geral transferida do Rio de Janeiro, onde sempre estivera localizada, para Brasília. Aos poucos, entretanto, alguns integrantes do mencionado grupo transferiram-se para Brasília e mantiveram-se ligados à educação de portadores de deficiência em órgãos do MEC (Ministério da Educação) e na CORDE (Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência). (MAZZOTA,2005, p.59)

A Constituição de 1988 em seu art.208 ,III fundamenta a educação no Brasil e

faz contar a obrigatoriedade de um ensino especializado para crianças portadoras de

deficiência. (WERNECK,2007,p.82)

Em 1990 foi restaurado o Ministério da Educação ficando extinta a SEESPE. As

atribuições relativas à educação especial passaram a ser da Secretaria Nacional de

Educação Básica – SENEB.

No final de 1992, após a queda do Presidente Fernando Collor de Mello, houve outra reorganização dos Ministérios e na nova estrutura reapareceu a Secretaria de Educação Especial – SEESPE, como órgão específico do Ministério da Educação e do Desporto.(MAZZOTA, 2005,61).

O marco principal do postulado das redefinições da política educacional, não

apenas em nível nacional, foi a Declaração Mundial de Educação para Todos, aprovada

na Conferência Mundial realizada em 1990, em Jomtien (Tailândia), convergindo-se

inicialmente para a estruturação e promoção da educação básica. Pautando-se em metas

que preconizam não só a luta pela “satisfação das necessidades básicas de aprendizagem

para todos”(UNESCO,1990,p.4), o referido documento contempla a destinação de tais

medidas a todos os grupos considerados minoritários, entre esses, o grupo de pessoas

com necessidades especiais.

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A Declaração de Salamanca recomenda que as

escolas se ajustem às necessidades dos alunos quaisquer

que sejam suas condições físicas, sociais e lingüísticas,

incluindo aquelas que visem nas ruas, as que trabalham, as

nômades, as de minoria étnicas, culturas e sócias, além das

que se desenvolvem à margem da sociedade.

(WERNECK,2007,p.50)

Em 1996, com a nova Lei de Diretrizes e Bases n.9.394/96 foram criadas novas

diretrizes para a educação no Brasil e também diretrizes curriculares para a educação

especial estabelecendo que o atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência deveria ser preferencialmente na rede regular de ensino. Até a promulgação

da LDB estes alunos não tinham escolarização, pois as instituições especializadas não

tinham uma organização adequada para isto. A fim de se adequarem à nova legislação,

estas instituições passaram a apresentar propostas de estratégias e ações pedagógicas

que tinham como objetivo facilitar a inclusão e estimular o desenvolvimento integral do

indivíduo.

O parágrafo 1º artigo 58 da LDB-1996 determina que “Haverá , quando

necessário, serviços de apoio especializados , na escola regular, para atender as

peculiaridades da clientela de educação especial.” Assim , os serviços de apoio

especializados deverão ser ofertados pela escola regular, demonstrando , para tanto , a

necessidade de esta contar com estrutura física e humana pertinente a estas exigências.b

Em 2001, o Plano Nacional de Educação para Educação Especial expõe três

situações possíveis para a organização do atendimento: participação nas classes comuns,

de recursos, sala especial, e escolas especiais. Onde todas as possibilidades têm como

objetivo a oferta de educação de qualidade.

Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,

a educação especial , como modalidade de educação escolar , terá que ser promovida

sistematicamente nos diferentes níveis de ensino. A garantia de vagas no ensino regular

para os diversos graus e tipos de necessidades especiais é uma medida importante.

Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a

diversidade , quer porque o espectro das necessidades especiais é variado, quer porque

as realidades são bastante diversificadas no país.

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A formação de recursos humanos com capacidade de oferecer o atendimento aos

educandos especiais nas creches, educação infantil, escolas regulares de ensino

fundamental, médio e superior, bem como em instituições especializadas e outras

instituições é uma prioridade para o Plano Nacional de Educação. Não há como ter uma

escola regular eficaz quanto ao desenvolvimento e aprendizagem dos alunos especiais

sem que seus professores, demais técnicos , pessoal administrativo e auxiliar sejam

preparados para atendê-los adequadamente.

Certas organizações da sociedade civil, de natureza filantrópica, que envolvem

pais de crianças especiais, têm , historicamente, sido um exemplo de compromisso e de

eficiência no atendimento educacional dessa clientela, notadamente na etapa da

educação infantil.

Longe de diminuir a responsabilidade do Poder Público para com a educação

especial, o apoio do governo a tais organizações visa tanto à continuidade de sua

colaboração quanto à maior eficiência por contar com a participação dos pais nessa

tarefa. Justifica-se, portanto, o apoio do governo a essas instituições como parceiras no

processo educacional dos alunos especiais.

Em 2004, o Decreto 5.296/04 referencia a lei 10.098/94, lei que estabelece

normais gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade para as pessoas

com necessidade ou mobilidade reduzida nas vias e espaços públicos.

O que podemos ver até aqui, neste breve apanhado da educação especial no

Brasil, é que existe um movimento lento, mas continuado de criação de políticas

públicas que visam pessoas com necessidades especiais.

Historicamente, os pais têm sido uma importante força para as mudanças no

atendimento aos portadores de deficiência. Os grupos de pressão por eles organizados

têm seu poder político concretizado na obtenção de serviços e recursos especiais para

grupos de deficientes, particularmente para deficientes mentais e deficientes auditivos.

A capacidade de pressão dos grupos organizados por portadores de deficiência tem sido

evidenciada na própria elaboração da legislação sobre os vários aspectos da vida social,

até o início da década de 1990 no Brasil.

Na área da educação não são ainda tão objetivos os resultados de tais

movimentos, mas em reabilitação, seguridade social, trabalho e transporte eles são

facilmente identificados. A questão é que, nem sempre, a criação de novas políticas

anda paralelo com a mudança de atitudes das pessoas em relação às necessidades

especiais.

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A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos (espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios, mobiliário e meios de transporte) e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais.(SASSAKI, 2002, p.42)

A noção de deficiência ainda é confundida com a de incapacidade. Alguém pode

ser considerado parcialmente ou totalmente incapaz de realizar uma atividade em

comparação ao que se considera parâmetro normal de um ser humano. A incapacidade é

a perda ou a limitação das oportunidades de participar da vida em igualdade de

condições com os demais. As pessoas com enfermidade ou deficiência intelectuais,

mentais, visuais, na fala, na audição e as que têm mobilidade restrita enfrentam barreiras

diferentes, cuja superação ou redução exige soluções diferenciadas.

No Brasil, ainda existem muitas controvérsias quanto a implantação da

Educação Inclusiva nas nossas escolas, sejam elas particulares ou públicas e também

tem gerado muitos equívocos em relação a proposta inclusiva propriamente dita. Muitos

ainda supõe que essa proposta é exclusiva da educação especial, acreditando que deve

ser dirigida a apenas alunos portadores de deficiência, síndromes neurológicas,

psiquiátricas ou quadros psicológicos graves.

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CAPÍTULO II

A INCLUSÃO : DEFINIÇÃO, LEGISLAÇÃO E POSSIBILIDADES NO

CENÁRIO EDUCACIONAL DO RIO DE JANEIRO.

1.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva tem como característica uma política de justiça social. Ela

traz como proposta atender a todas as necessidades educacionais dos alunos em todas as

escolas. Busca alcançar uma educação de qualidade para todos, removendo obstáculos

durante o processo de aprendizagem, reconhecendo e atendendo as diferenças

individuais e respeitando as necessidades de qualquer aluno.

No ano de 1975, movimentos sociais de pais de alunos com deficiência nos

Estados Unidos, reivindicavam acesso de seus filhos com necessidades educacionais

especiais às escolas de qualidade. Este movimento deu origem a Lei Pública 94.142 de

1975 e foi de grande importância para o nascimento da Educação Inclusiva.

Em 1990, em conseqüência de vários movimentos na Europa, ocorre o

“Congresso de Educação para Todos”, em Jontiem, na Tailândia, que tinha como meta a

“erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental” Foi um

marco para o movimento de inclusão mundial.

O movimento da escola inclusiva teve sua projeção internacional com a

Declaração de Salamanca. Realizada em 1994, na cidade de Barcelona, na Espanha,

durante a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. Entre todas as

conferências, foi esta a que contribuiu de maneira mais decisiva e explícita para

impulsionar a Educação Inclusiva em todo o mundo. Nessa conferência participaram

noventa e dois governos e vinte e cinco organizações internacionais, que reconheceram

a necessidade e urgência de que o ensino chegasse a todas as crianças, jovens e adultos

com necessidades educacionais especiais no âmbito da escola regular.

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O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas

devem acolher todas as crianças, independentemente de suas

condições físicas,intelectuais,sociais ,emocionais, lingüísticas ou

outras. Devam acolher crianças com deficiência e crianças

superdotadas,crianças que vivem nas ruas e que trabalham , crianças

de populações distantes ou nômades, crianças de minoria lingüísticas,

étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas

desfavorecidas ou marginalizados.(Declaração de Salamanca,

1994,p.17-18).

Nessa perspectiva, esta Declaração proclama que:

* Todas as crianças têm direito à educação e deve-se dar a elas a oportunidade

de alcançar e manter um nível aceitável de conhecimento;

* Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de

aprendizagem que lhe são próprias;

* Os sistemas de ensino devem ser organizados e os programas aplicados de

modo que tenham em conta todas as diferentes características e necessidades;

* As pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às

escolas comuns;

* As escolas comuns devem representar um meio mais eficaz para combater as

atitudes discriminatórias, criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade

integradora e alcançar a educação para todos.

Ao longo de todos os anos, a Organização das Nações Unidas tem mantido uma

posição de defesa dos mais desfavorecidos, o que tem contribuído para o

reconhecimento dos direitos humanos e dos princípios de igualdade e equidade. Uma

das posições mais notáveis nos últimos tempos foi eleger o ano de 1996 como Ano

Internacional contra a Exclusão, decisão tomada na Conferência dos Direitos da criança

no século XXI, realizada neste mesmo ano em Salamanca.

O “Informe à UNESCO”, realizado pela Comissão Internacional, sobre a

Educação para o século XXI, presidido por Delors (1996), segue a mesma linha de

argumentação. Estabelece que a educação deve chegar a todos, e com este fim

determina dois objetivos: transmitir um volume cada vez maior de conhecimentos

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teóricos e técnicos, e definir orientações que podem ser desenvolvidas em projetos de

desenvolvimento individual e coletivo.

Para dar cumprimento a estes objetivos, Comissão Internacional fixa os quatro

pilares básicos em que se deve centrar a educação ao longo da vida de uma pessoa:

• Aprender a conhecer;

• Aprender a fazer;

• Aprender a viver juntos ;

• Aprender a ser;

Refletindo sobre tudo o que encontramos nessas declarações , podemos concluir

que as causas que têm promovido o aparecimento da inclusão são : o reconhecimento da

educação como um direto e a consideração da diversidade como valor essencial para as

transformações da escola.

Em relação ao movimento pela inclusão no Brasil, ele vem ganhando espaço de

forma lenta e ainda existem muitas controvérsias quanto a sua implantação nas escolas

de ensino público e particular.

A Organização Mundial de Saúde-OMS, registra a população brasileira em torno

de 169.799.170 pessoas. De acordo com o Censo Demográfico do IBGE(200), 14,5% da

sua população total é atingida por algum tipo de deficiência. Nesse percentual, a

pobreza, a desnutrição e os problemas de acesso aos serviços de saúde e de saneamento

básico são os principais responsáveis pelo alto índice de crianças com deficiência. Neste

quadro, a escola, além do seu objetivo tradicional de promover a educação e a

integração social para todos, cumpre um papel fundamental para reverter situações de

exclusão ao promover ações de conscientização sobre os direitos de acesso aos serviços

de saúde e de reabilitação para crianças com deficiência. No Brasil, estes princípios

foram ratificados, em 1996, através da aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional Lei nº 9394 ( Art.58), que define a educação especial como “ a

modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino ,

para educandos portadores de necessidades especiais.”

O processo crescente de reivindicações de pessoas com deficiência e a maior

consciência sobre as questões da inclusão em toda sociedade brasileira nas últimas

décadas refletem-se também na promulgação recente de leis e normas de acessibilidade

espacial ( Lei federal nº10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos

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para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida, e dá outras providências, e a NBR 9.050/2004).

Como conseqüência desse conjunto de leis, e de um questionamento do que

significa o ensino inclusivo que crianças com necessidades educacionais especiais , que

até então estavam excluídas do ensino regular ou freqüentavam instituições de ensino

especial, passam a frequentar as escolas regulares.Paralelamente, podemos observar a

falta de acessibilidade espacial em diversos prédios escolares.Foram construídos sem

considerar as necessidades das pessoas com deficiência e sua inadequação pode ,muitas

vezes, comprometer a desejada inclusão, e gerar situações de dependência e até mesmo

de exclusão.

No Brasil, a tendência para inserção de alunos com necessidades especiais na

rede regular de ensino já anunciada desde o final dos anos 70, tomou vulto na década de

80 com as discussões sobre os direitos sociais, que precederam a Constituinte, as quais

enfatizavam reivindicações populares e demandas de grupos ou categorias até então

excluídos dos espaços sociais. Neste movimento, a luta pela ampliação do acesso e da

qualidade da educação das pessoas com deficiência culminou , no início dos anos 90,

com a proposta da Educação Inclusiva, hoje fomentada e amparada pela legislação em

vigor, e determinante das políticas públicas educacionais em nível federal, estadual e

municipal(FERREIRA& GLAT,2003).

O conceito de escola inclusiva, de acordo com as Diretrizes Curriculares

Nacionais para Educação Especial(MEC-SEESP,1998), implica em uma nova postura

da escola regular que deve propor no projeto político-pedagógico, no currículo, na

metodologia, na avaliação e nas estratégias de ensino, ações que favoreçam a inclusão

social e práticas educativas diferenciadas que atendam a todos os alunos. Pois, numa

escola inclusiva a diversidade é valorizada em detrimento da homogeneidade.

Porém, para oferecer uma educação de qualidade para todos os educandos,

inclusive os alunos com necessidades especiais, a escola precisa capacitar seus

professores, preparar-se, organizar-se, enfim, adaptar-se. “ Inclusão não significa,

simplesmente, matricular os educandos com necessidades especiais na classe

comum,ignorando suas necessidades específicas, mas significa dar ao professor e à

escola o suporte necessário à sua ação pedagógica”(MEC-SEESP,1998).

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1.2 CENÁRIO EDUCACIONAL NO RIO DE JANEIRO

Responsável pela educação especial da Rede Municipal de Ensino, o Instituto

Helena Antipoff é considerado o único de referência na área em todo o país.Criado há

quase 31 anos, ele produz conhecimentos em educação especial e confecciona recursos

multissensoriais que contribuem para a atualização permanente dos professores e

desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.O IHA, com 67 profissionais, mantém

nove oficinas para este fim: teatro, dança, música, informática, oficina vivencial de

ajudas técnicas e pedagógicas, ginástica; artes plásticas e brinquedoteca.Há também o

Centro de Transcrição à Braille, serviço para atendimento de alunos cegos e com baixa

visão.Durante as atividades nas oficinas, os professores atuam com os alunos e a

intenção é pesquisar novos recursos e metodologias para o desenvolvimento deles.

Na oficina vivencial de ajudas técnicas e pedagógicas, são estudados os

materiais que trazem benefícios ao aluno portador de necessidade educativa especial,

em relação ao seu conforto e autonomia. As pesquisadoras observam como as crianças

se saem nas atividades e que dificuldades apresentam - sobretudo de locomoção –

procurando desenvolver materiais sob medida, que melhorem o desenvolvimento, a

autonomia e o conforto dos alunos.

O Rio de Janeiro,por meio da Coordenação de Educação Especial, proporciona

cursos de formação continuada para os professores do ensino regular e investe na

aquisição de materiais pedagógicos para as Salas de recursos a fim de concretizar

proposições de uma Educação Inclusiva.

Embora a estrutura da Educação Especial na Rede Municipal de Educação do

Rio de Janeiro ofereça uma gama de possibilidades de suportes especializados para a

inclusão de alunos com necessidades especiais,existe um distanciamento entre a

formulação e orientação dessa política a nível central e a sua implementação

descentralizada nas CREs e nas 1054 escolas municipais.( GLAT, Rosana; PLESTCH,

Márcia Denise, FONTES, Rejane de Souza, 2007). As autoras citaram também,

problemas relacionados à falta de acessibilidade física e infra-estrutura de algumas

escolas, dificuldade de locomoção entre as escolas , violência urbana , carência de

professores e falta de capacitação dos mesmos para trabalhar com alunos com

necessidades especiais incluídos no sistema regular de ensino.O trabalho evidencia

ainda que a Educação Especial nessa Rede não constitui um sistema educacional

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paralelo, mas sim um suporte à escola regular no trabalho com os alunos com

necessidades educacionais especiais.

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CAPÍTULO III

A VOZ DO MESTRE:

A INCLUSÃO NO COTIDIANO DA SALA DE AULA.

Trabalhar em um ambiente que possui instalações bem cuidadas, laboratório e

biblioteca completos, com tecnologia e equipamentos aptos a receber todos os alunos

sem restrições é o sonho de qualquer professor. Mesmo com toda esta estrutura, o

professor irá encontrar obstáculos no seu dia-a-dia. Cada aluno tem o seu ritmo, um não

é igual ao outro. Cabe ao professor perceber o potencial de cada um. Atingir a classe

inteira é um desafio que geralmente deixa o professor preocupado e inseguro.Essa

insegurança cresce mais ainda quando dentro de sua sala ele recebe um ou mais alunos

com necessidades educacionais especiais.

Para vencer estes obstáculos o professor, que na maioria das vezes se sente

despreparado para tal função, precisa se aprimorar e ser muito flexível.Durante o

planejamento de suas aulas , o professor deve, com ajuda da coordenação pedagógica e

dos colegas, encontrar novas formas de ensinar. Essa tarefa, que já é importante

normalmente, se torna imprescindível quando há na classe alunos com necessidades

educacionais especiais.

Durante décadas, a formação de professores para Educação Especial foi feita à

parte da formação geral de professores. O grande exemplo disso foram os cursos

adicionais ao antigo Curso Normal, que formaram Especialistas em Educação Especial

ao nível do Ensino Médio. Alguns cursos Normais e de graduação em Psicologia e

Pedagogia tiveram a disciplina Psicologia dos Excepcionais como optativa.Nela, os

professores aprendiam metodologias didáticas , técnicas e recursos pedagógicos

entendidos como essenciais para a aprendizagem daqueles alunos de perfis

diferenciados e diversificados.

A escolarização se baseava no modelo clínico. Tinha como premissa básica o

diagnóstico e , sem ele, entendia-se não poder fazer muito enquanto não se conhecesse o

aluno. Com o tempo foi visto que mesmo o professor tendo o conhecimento do

diagnóstico, muitas vezes não obtinha sucesso em relação ao avanço escolar dos

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alunos.Como a sua visão estava voltada para a prontidão e a recompensa, ele tinha que

esperar o aluno estar preparado para realizar as aprendizagens próprias à sua etapa do

desenvolvimento.Porém em muitos casos isso não acontecia e o professor ficava

perdido.

Como nem todos os alunos se enquadravam no perfil definido da turma, a

resposta encontrada foi criar as classes especiais. Esta situação mostra condições

fragmentadas de trabalho escolar, envolvendo tipos diferenciados de alunos e espaços

pedagógicos no âmbito escolar. Uma fragmentação que fora constatada tanto nas

práticas pedagógicas do cotidiano escolar, como na formação de professores, tornando-

se visível não só no aspecto de se fazer por fora do curso regular e obrigatório a todos os

futuros professores, como por tratar o aluno “excepcional” por exclusão.

Pouca ênfase era dada à atividade acadêmica, que não ocupava mais do que uma

pequena fração do aluno. O trabalho educacional era voltado para a autonomia nas

atividades de vida diária (AVD) e relegado a um interminável processo de “prontidão

para a alfabetização”, sem maiores perspectivas, já que não havia expectativas de que

esses indivíduos fossem realmente alfabetizados.

No Brasil, os anos 1970 representaram a institucionalização da Educação

Especial, com a preocupação do sistema educacional público em garantir o acesso à

escola aos alunos com deficiência. Em 1973 foi criado, no Ministério da Educação, o

CENESP- Centro Nacional de Educação Especial(transformada em 1986 na Secretaria

de Educação Especial –SEESP), que introduziu a Educação Especial no planejamento

das políticas públicas educacionais.Vários professores realizaram cursos de pós-

graduação nos Estados Unidos através de um convênio e também foram trazidos vários

especialistas para divulgarem suas filosofias e práticas pedagógicas.

Na tentativa de eliminar os preconceitos, oportunizar inserções, integrar os

alunos com necessidades especiais nas escolas regulares, surgiu o movimento de

integração escolar ( predominante nos anos 60, 70, 80). Essa prática caracterizou-se, de

início , pela utilização das classes especiais como um sistema de integração parcial, ou

seja, um espaço específico dentro da escola, muitas vezes destacado no espaço físico e

destinado a uma possível preparação para a “integração total” na classe comum.Embora

muitos alunos passem toda a sua vida escolar na mesma classe especial.

No processo de integração, o aluno tinha de se adequar à escola, que se mantinha

inalterada e , na verdade, dividida em dois blocos: a educação regular e a educação

especial.Este modelo visava preparar alunos das classes e escolas especiais para

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ingressarem em classes regulares, quando receberiam, na medida de suas necessidades ,

atendimento paralelo em salas de recurso ou outras modalidades especializadas.

A Educação Especial tradicionalmente se configurou como um sistema paralelo

e segregado de ensino, voltado para o atendimento especializado de indivíduos com

deficiências, distúrbios graves de aprendizagem e /ou de comportamento, altas

habilidades .

Nas últimas décadas, em função de novas demandas e expectativas sociais,

aliadas aos avanços das ciências e tecnologias,os profissionais da Educação especial têm

se voltado para busca de alternativas menos segregativas.A Constituição Federal por

exemplo, no artigo 208, bem como em legislação subseqüente, recomenda a inserção

dos alunos com deficiências, preferencialmente no sistema regular de ensino

(BRASIL,1988).

Esse processo vem se acelerando, sobretudo, a partir dos anos 90, com o

reconhecimento da Educação Inclusiva como diretriz educacional prioritária.

Porém, o modelo de Integração também recebeu fortes críticas por exigir uma

“preparação” prévia do aluno para ingressar no ensino regular.

A crítica a esse processo de exclusão no interior da própria escola culminou com

a criação da proposta de Educação Inclusiva.Atualmente , ela é a política educacional

oficial do país, amparada pela legislação em vigor e convertida em diretrizes para a

Educação Básica dos sistemas federal, estadual e municipal de ensino, conforme a

Resolução CNE/CEB nº2 de 2001:

Art.2º: Os sistemas de ensino devem matricular a todos os

alunos,cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos

educandos com necessidades educacionais especiais,

assegurando às condições necessárias para uma educação de

qualidade para todos( BRASIL,2001).

Na realidade , cada uma destes alunos requer do professor práticas pedagógicas e

tempos de relação interpessoal diferenciados. O que talvez possa justificar a reação

negativa de alguns profissionais em relação à inclusão destes alunos nas escolas

regulares.

Quando um professor sem formação especial para lidar com alunos com

necessidades especiais recebe um aluno nestas condições , em geral recebe por

obrigação e sofre com o seu despreparo e alguns casos com o desamparo.

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Um ensino de qualidade para alunos com necessidades especiais, envolve pelo

menos, segundo Bueno(1999), dois tipos de formação profissional docente: os

chamados generalistas, que seriam responsáveis pelas classes regulares e capacitados

com um mínimo de conhecimento e prática sobre a diversidade do alunado; e os

professores especialistas, capacitados em diferentes necessidades educacionais especiais

e responsáveis para oferecer o necessário suporte , orientação e capacitação aos

professores do ensino regular visando a inclusão, ou para atuar diretamente com alunos

em classes especiais , sala de recursos .

De acordo com a proposta de Bueno, combinar-se-iam o trabalho do professor

regular e a atuação do professor especializado, pois o generalista teria o mínimo de

conhecimento e prática coma alunos especiais, enquanto o especialista teria

conhecimento aprofundado e prática sistemática no que concerne a necessidades

educacionais específicas.

As linhas centrais dessa proposta constam do Plano Nacional de

Educação(MEC,2000), que aponta a integração entre professores da educação especial e

da educação regular como uma das ações necessárias para efetivação da educação

inclusiva.

O sistema educacional brasileiro celebra uma educação para todos.A palavra de

ordem é que a escola acolha todos alunos , independentes de sua diferenças.

O professor , agindo de acordo com a sua formação, costuma privilegiar certos

conteúdos em detrimentos de outros. Apresenta , em alguns casos, uma prática

diferenciada e desvinculada da realidade do aluno. E neste caso, independe se eles são

“generalistas” ou “especialistas”. Agem assim , por não terem recebido em seus cursos

de formação dados que lhe auxiliem a organizar as suas práticas pedagógicas e que o

ajudem a atender as diferentes formas de aprendizagem de seus alunos

É fundamental, então, investir na formação do professor, no sentido de ajudá-lo

a desmistificar conceitos e preconceitos, tornando-o mais consciente, crítico,

participativo e comprometido com a educação inclusiva e com a construção de uma

sociedade mais democrática.

Objetivo do estudo

O presente estudo tem como objetivo analisar a formação dos professores para o

trabalho com alunos com necessidades especiais.

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Metodologia

Foi realizada uma análise dos dados dos questionários respondidos por

professores da rede pública e privada da cidade do Rio de Janeiro e que trabalham em

sala de aula a pelos menos um ano. Os professores responderam sem resistências e

dificuldades. Foi preservado o anonimato dos respondentes.

Dados coletados

Os dados foram coletados a partir de um questionário com dez questões

Análise dos dados

A primeira parte do questionário visava identificar quanto tempo o professor

trabalha em sala de aula e se a escola era pública ou privada.

Questão 1

Quanto tempo você trabalha em sala de aula?

Questão 2

Sua escola é pública ou privada? Qual o ano (ou ciclo)?

60% dos informantes trabalham em escolas públicas.

40% dos informantes trabalham em escolas privadas.

Todos os informantes trabalham em sala de aula a mais de dois anos em classes

de Educação Infantil e Ensino Fundamental.

A segunda parte do questionário visava determinar a existência ou não de alunos

com necessidades educativas especiais incluídos na sala de aula em que o professor

atuava, quais os tipos de necessidades especiais presentes na escola e se professor

conhece as características de cada uma das necessidades especiais citadas .

Questão 3

A sua classe tem alunos incluídos com necessidades educacionais especiais?

Questão 4

Caso tenha alunos incluídos matriculados, marque abaixo os tipos de

necessidades especiais.

Mentais( )

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Auditivas( )

Visuais( )

Físicas( )

Múltiplas( )

Transtorno severo de comportamento( )

Altas habilidades( )

Outros( )

Questão 5

Você sabe as características de todas as necessidades especiais citadas na

pergunta anterior?

50% dos informantes que trabalham na rede pública disseram que em sua sala de

aula há alunos com algum tipo de necessidades especial .Os outros 50% trabalham em

escolas onde existem alunos com necessidades especiais incluídos nas classes regulares

No grupo que trabalha nas escolas privadas, apenas um professor relata ter uma

criança incluída na sua sala de aula.Duas outras professoras relatam que os alunos com

necessidades especiais em suas escolas são atendidos na classe especial.

Forma relatados deficiências físicas, mentais e auditivas.

A seguir, foi feita uma pergunta sobre o processo de formação do professor para

atuar com alunos com necessidades especiais.

Questão 6

Você acha que durante o seu curso de formação recebeu informações adequadas

que lhe ajudaram a trabalhar com alunos com necessidades especiais?

Apenas uma professora disse que sim, mas complementou a resposta: “Sim ,

porém na teoria tudo é mais simples.Na prática nos deparamos com questões que

deixam o professor sem saber o que fazer. Falta capacitação, prática, situações reais da

sala de aula...”

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Na parte final do questionário foram feitas perguntas abertas sobre as principais

dificuldades enfrentadas pelos professores face a inclusão,sobre como uma escola pode

ser considerada inclusiva e sobre a viabilidade da Educação Inclusiva.

Questão 7

Em sua opinião, quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores

com inclusão de alunos com necessidades especiais?

Entre as dificuldades apontadas pelos educadores para o desenvolvimento de um

trabalho de educação inclusiva, a mais citada, 60% dos respondentes, foi o seu

despreparo, falta de capacitação profissional para receber alunos com necessidades

especiais em classes regulares. Faltas de recursos e materiais adequados, de orientação

pedagógica especializada, grande quantidade de alunos em sala de aula também foram

bastante citadas.

Questão 8

Em que situação uma escola pode ser considerada inclusiva?

“Primeiro, quando a equipe se propõe a isso.Depois, quando há uma boa infra-

estrutura para receber os alunos especiais e material adaptado para o suporte da equipe”

Os professores ressaltam a importância de existir uma equipe que trabalhe em

prol da educação inclusiva.

Questão 9

Quais os tipos de adaptações curriculares poderiam ser feitas para uma aluno

com necessidades especiais visuais , por exemplo?

Questão 10

Você acredita na viabilidade da Educação Inclusiva? Por quê?

A grande maioria acredita na proposta, mas ainda tem restrições a respeito da

sua concretização.

“Depende. Acredito quando há um meio viável para que ela aconteça.”

“Acredito que alguns alunos com necessidades especiais podem ser atendidos

em turmas regulares. Porém, acredito também que outras especificidades demandam de

um atendimento mais específico que um professor com turma regular não daria conta”

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Uma professora não acredita na viabilidade da Educação Inclusiva e justifica:

“Não. A escola nos dias de hoje está concorrendo com o tempo real e dinâmico

vivido por todos nós. Os alunos vivem numa lógica de envolvimento tecnológico difícil

de acompanhar, até mesmo a escola vive o dilema: como atrair os alunos diante de

tantos apelos? Como a escola inclusiva vai lidar com questões acima e dar conta das

especificidades de cada indivíduo? Vejo que estas crianças estão incluídas em nossa

sociedade e há necessidade de atendê-los ampla e respeitosamente. Sendo assim, uma

escola regular não consegue atender a este grupo e suas necessidades.”

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao refletirmos sobre a formação dos professores para a educação inclusiva nos

deparamos com alguns questionamentos por parte dos professores que devem ser

ressaltados.

Atualmente, as questões econômicas vêm dificultando mais ainda às pessoas ao

acesso aos seus direitos e a igualdade de condições. Cada vez mais, crianças com

necessidades educacionais especiais são inseridas na rede regular de ensino.

Torna-se necessário, urgentemente, realizar uma inclusão de qualidade dando

ênfase à formação dos professores, adaptações curriculares, visando um trabalho que

atenda as especificidades de aprendizagem de cada criança, incentivando-o a aprender e

desenvolver seu potencial a partir de sua realidade pessoal.

Devemos então, ter como fonte de preocupação nos cursos de formação de

professores a ênfase na aprendizagem de todo e qualquer aluno , independente de suas

diferenças, na indissociabilidade da teoria à prática, contemplando o “saber” e o “saber

fazer” ou seja, a articulação entre a teoria e prática.O futuro professor precisa saber

aprender que todos os seus alunos deverão participar coletivamente da construção de um

saber, levando em conta as suas necessidades, mas possibilitando-lhes oportunidades

para transformarem-se em sujeitos construtores de sua própria história.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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__________.SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros

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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO.

Multieducação. Núcleo curricular básico. Rio de Janeiro:SME,RJ,1996.

WERNECK, Cláudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. 3ª ed.

Rio de Janeiro: WVA,2007.


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