UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O FLUXO DE CAIXA
Por:Beatriz Olivieri Mattos
Orientador
Profª. Ana Claudia Morrissy
Rio de Janeiro
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O FLUXO DE CAIXA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Finanças e Gestão
Corporativa
Por:. Beatriz Olivieri Mattos
Dedicatória
....dedico a Haroldo Lopes dos Santos pelo
apoio, pelo carinho e que tanto colaborou
para o aperfeiçoamento e conclusão desse
trabalho .
Resumo
Este trabalho tem como objetivo expor sobre o fluxo de caixa dentro
das empresas, sua importância, seus objetivos e conceitos, colocando-o
numa posição significativa na administração financeira. A sua aplicabilidade
facilita o processo de tomada de decisão nas organizações quanto a
investimentos, necessidade de capital de giro, liquidez e principalmente no
que diz respeito a saldar os compromissos diários, controlando as entradas
e saídas do capital.
Metodologia
A metodologia utilizada foi através da pesquisa bibliográfica e revisão
da literatura sobre o tema proposto.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 8
Capítulo 1 - A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .......................................................................... 9
1.1 CONCEITOS E OBJETIVOS ......................................................................................... 9
1.2 FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO ........................................................ 11
Capítulo 2 - FLUXO DE CAIXA ................................................................................................. 14
2.1 CONCEITOS E OBJETIVOS ....................................................................................... 14
Capítulo 3 - ESTRATÉGIAS E DECISÕES FINANCEIRAS ............................................................ 18
3.1 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO ................................................................. 18
3.1.1 Análise da Necessidade de Capital de Giro (NCG) ............................................. 19
3.2 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE .............................................................................. 24
3.2.1 Objetivos ............................................................................................................ 25
3.2.2 Relação entre estoques e duplicatas a receber ................................................. 26
3.3 ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER ............................................................. 28
3.3.1 Os cinco C do credito.......................................................................................... 29
3.4 FUNDAMENTOS E PRÁTICAS DE TESOURARIA ....................................................... 33
3.4.1 Finalidades ......................................................................................................... 33
3.4.2 Funções de Tesouraria e atividades ................................................................... 33
Capítulo 4 - DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ........................................................................ 36
4.1 BALANÇO PATRIMONIAL ........................................................................................ 36
4.1.1 Conceitos e considerações relevantes ............................................................... 36
4.1.2 Objetivos da análise de balanços ....................................................................... 38
4.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) ....................................... 40
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 43
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INTRODUÇÃO
Numa economia cada vez mais globalizada, torna-se imprescindível a
introdução de novas tecnologias de produção,assim como novas técnicas de
gestão empresarial, segundo CATELLI (1999), “... a atual conjuntura
econômica e social tem reforçado a necessidade de as empresas
incorporarem características que lhes permitam maior grau de flexibilidade e
adaptação ao meio onde atuam”.
A gestão financeira de uma empresa,seja ela de pequeno, médio ou
grande porte possibilitará maior eficácia no controle de entradas e saídas do
capital disponível,sendo, atividades básicas do cotidiano a apuração desses
dados, permitindo melhor acompanhamento para a tomada de decisãodo
administrador financeiro juntamente com outras áreas da empresa, seja nível
operacional ou gerencial. Para SANTOS(2001),”... a necessidade de
planejamento de caixa está presente tanto em empresas com dificuldades
financeiras,como naquelas bem capitalizadas.”
Dentro do conceito de administração financeira pode-se dizer que o
fluxo de caixa é um dos instrumentos mais utilizados pelo administrador
financeiro na gestão empresarial; para que esse instrumento seja eficaz é
necessário que as informações levantadas e compartilhadas estejam sempre
atualizadas representando, assim, um suporte ideal para a análise sólida dos
dados e, consequentemente, possibilitar as devidas alocações dos recursos
por parte dos gestores no que se refere aos investimentos (excedente de
caixa) ou ao que se refere aos financiamentos (qualquer busca de recursos).
Este trabalho busca contemplar a relevância da administração
financeira na gestão do fluxo de caixa como ferramenta capaz de colaborar
com o processo decisório, projetando e viabilizando recursos para que a
empresa busque cada vez mais resultados satisfatórios e levando-a a
manter-se capaz de enfrentar a concorrência, garantindo sua sobrevivência
e melhorar sempre sua lucratividade.
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Capítulo 1 - A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
1.1 CONCEITOS E OBJETIVOS
Administrar um negócio,seja este um modesto empreendimento ou
uma grande empresa,envolve muitas funções diferentes: compras,
marketing, gestão de pessoas,atendimento aos clientes, como pontos
críticos para o sucesso da empresa,mas,é nas finanças que faz com que
tudo isso aconteça e é o que dirige todo o resto.Sem capital que atenda às
necessidades da empresa, seja para financiar seu crescimento ou para
atender às operações do dia-a-dia,não se pode criar novas campanhas,
novos produtos, novos serviços.Com isso é necessário manter os esforços
para uma gestão financeira saudáveldentro de uma organização,assegurar
que esse capital esteja disponível nos montantes adequados,no momento
certo e ao menor custo .
Para ZDANOWICZ(2004 p.23) “.. a Administração Financeira
centraliza-se na captação,na aplicação dos recursos necessários e na
distribuição eficiente dos mesmos,para que a empresa possa operar de
acordo com os objetivos e as metas a que se propõe a sua cúpula diretiva.”
Para GITMAN(1997) “... finanças é a arte de administrar fundos”.
O termo finanças diz respeito à aplicação de diversos princípios
econômicos e financeiros, que buscam, em uma organização, o aumento e a
maximização da riqueza ou do valor total de empresa aos seus proprietários.
(GROPPELLI; NIKBAKHT, 2005).
O princípio da administração financeira é, basicamente, dispor o
numerário necessário para saldar em tempo hábil os compromissos
assumidos com terceiros e também a maximização do lucro, pois, segundo
ROSS&WESTERFIELD (1998)“... não importa se a empresa é uma firma
individual ,uma sociedade de pessoas ou uma sociedade por ações .Em
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qualquer delas, as boas decisões financeiras aumentam o valor de mercado
do capital dos proprietários e as más decisões o diminuem .”
O que se entende é que a administração financeira terá como objetivo
mais útil para os proprietários da empresa, quando ajuda a identificar bens e
serviços que criam valor para a empresa porque são desejados e
valorizados no mercado. Provavelmente, num horizonte de longo prazo,são
as decisões de investimento de capital, isto é,a seleção de projetos visando
ao crescimento da empresa, que causam um maior impacto no seu valor
global
Dentro desse contexto, as decisões financeiras não devem ser
tomadas isoladamente. O pessoal de finanças deve trabalhar em conjunto
com o pessoal de marketing e de operações.Deve assimilar o custo dos
produtos,a forma de comercializá-los, o dilema entre margem e volume de
vendas e como as tendências econômicas e sociais afetam a empresa.Com
isso, pode-se dizer que a área de finanças está muito mais complexa e
avança a passos mais rápidos à medida que se encontram mercados
financeiros mais voláteis,taxas de juros que podem subir ou cair
acentuadamente,num período de tempo muito curto,exigindo dos
profissionais envolvidos, dinamismo nas estratégias financeiras para sempre
suprirem o dilema liquidez x rentabilidade.
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1.2 FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO
Administradores Financeiros administram ativamente as finanças de
todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras,privadas ou
públicas,grandes ou pequenas , com ou sem fins lucrativos (GITMAN,1997
p.4).
Desempenham uma variedade de tarefas,tais como: orçamentos,
previsões financeiras,administração do caixa, administração do
crédito,análise de investimentos e captação de fundos. (GITMAN,1997
p.4).Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, devem
ser conduzidas para a obtenção do lucro.
A Administração Financeira de uma empresa é exercida por pessoas
ou grupos de pessoas que podem ter diferentes denominações,como vice-
presidente de finanças,diretor financeiro,controller e gerente financeiro.
As funções típicas do administrador financeiro segundo MASAKAZU
HOJI( 2004):
a) Análise,planejamento e controle financeiro;
b) Tomadas de decisões de investimentos; e
c) Tomadas de decisões de financiamentos
BALANÇO
Ativos circulantes Passivos circulantes
Ativos fixos Passivos de longo prazo
A análise, planejamento e controle financeiro consistem em:
coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de
relatórios financeiros,bem como participar ativamente das decisões
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estratégicas para alavancar as operações.Essas funções,segundo GITTMAN
(1997 p.14), englobam todo o balanço patrimonial, assim como, a
demonstração do resultado do exercício e outros demonstrativos contábeis
em que o objetivo fundamental é avaliar o fluxo de caixa da empresa e
desenvolver planos que assegurem que os recursos adequados estarão
disponíveis para o alcance dos objetivos.
As decisões de investimentos dizem respeito à destinação dos
recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes ) e não
correntes (realizáveis a longo prazo e ativos permanentes),considerando-se
a relação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos.
As decisões de financiamento são tomadas para captação de
recursos financeiros para o financiamento dos ativos correntes e não
correntes, considerando-se a combinação adequada dos financiamentos a
curto e a longo prazos e a estrutura de capital(HOJI,2004 p.25)
Outras funções podem ser citadas de acordo com ZDANOWICZ (2004
p.30):
a) manter a empresa em permanente situação de liquidez;
b) maximizar o retorno sobre o investimento realizado;
c) administrar o capital de giro da empresa;
d) analisar as aplicações financeiras mais interessantes para a
empresa;
e) avaliar os investimentos realizados em itens do ativo
permanente
Para Ross&Westerfield (1998 p.29),o administrador financeiro deve
preocupar-se com três tipos de questões:
1º. Com o orçamento de capital:procurar identificar as
oportunidades de investimento cujo valor para a empresa seja
superior a seu custo de aquisição - que investimentos em longo
prazo deverá fazer a empresa? ;
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2º. Com a forma pelo qual a empresa obtém o financiamento de
que necessita para sustentar seus investimentos a longo prazo:
a estrutura de capital,que é a combinação específica de
capital de terceiros de longo prazo e capital próprio que a
empresa utiliza para financiar suas operações .A empresa que
apresentar segundo ZDANOWICZ 2004 p.59,uma participação
de recursos de terceiros não superior a 50% ,tem boa
composição de capitais .Dentro dessa questão, o administrador
financeiro pode perguntar-se: onde a empresa obterá o
financiamento a longo prazo para custear seus investimentos?
Em outras palavras, que combinação de capital de terceiros e
capital próprio deve-se utilizar para financiar as operações
necessárias? ;
3º. Com a gestão do capital de giro, que são os ativos em curto
prazo de uma empresa, tais como estoques, bem como a seus
passivos de curto prazo como valores devidos a fornecedores.
Entende-se que a gestão do capital de giro é uma atividade diária que
visa assegurar que a empresa tenha recursos suficientes para continuar
suas operações e evitar interrupções muito caras. A pergunta que o
administrador financeiro deverá fazer-se é: Como deve a empresa gerir suas
atividades financeiras no dia a dia?
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Capítulo 2 - FLUXO DE CAIXA
2.1 CONCEITOS E OBJETIVOS
A atual situação do mercado brasileiro, onde o cenário político-social
fornece às empresas, em todos os segmentos, um ambiente de incerteza e
turbulência , a preservação da liquidez torna-se o foco predominante.
Essa liquidez é essencial para o cumprimento e a manutenção de
todas as obrigações financeiras, bem como as atividades em curto e longo
prazo. Para a análise e segurança da mesma, o instrumento estratégico que
pode e deve ser utilizado é o fluxo de caixa. Este deverá ser desenvolvido
de acordo com o ciclo operacional, as necessidades de caixa da empresa e
as tendências de mercado considerando todas as “estimativas de entradas e
saídas de caixa em certo período de tempo projetado (ZDANOWICZ 2004
p.40)
Constata-se que é um instrumento essencial para que a empresa
possa ter agilidade e segurança em suas atividades financeiras, refletindo
com precisão sua situação econômica e ajudando não só a pessoa
responsável pela tesouraria, mas para toda a direção da empresa ,pois
poderá contribuir na tomada de decisão principalmente em momentos que
surjam imprevistos.
“O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador
financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos
financeiros de sua empresa para determinado período(ZDANOWICZ 2004
p.19).”
“O fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro que
tem por objetivo fornecer estimativas da situação de caixa da empresa em
determinado período de tempo à frente e é capaz de traduzir em valores e
datas os diversos dados gerados pelos demais sistemas de informação da
empresa.”(SANTOS, 2001)
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O fluxo de caixa é uma ferramenta de grande valia para o
administrador financeiro, que tem o objetivo de apurar os somatórios de
entradas e desembolsos financeiros da empresa, prognosticando assim se
haverá excedentes ou escassez de caixa em função do nível desejado,
dando uma visão das atividades desenvolvidas, assim como as operações
financeiras que são realizadas diariamente. Ele poderá ser elaborado em
função do tempo de sua projeção.A curto prazo para atender às finalidades
da empresa principalmente de capital de giro e a longo prazo para fins de
investimento em itens do ativo permanente.
As principais entradas no caixa são: vendas à vista, recebimentos de
vendas a prazo, aumento de capital social, vendas de itens do ativo
imobilizado, receita de aluguéis, empréstimos e resgates de aplicações no
mercado financeiro. Enquanto as saídas, pode- se citar as principais: saídas
para financiar o ciclo operacional da empresa, amortizar os empréstimos ou
financiamentos captados pela empresa e investir em itens do ativo
permanente ou aplicar no mercado financeiro.
Outros objetivos poderão ser considerados:
a) evitar desembolsos vultuosos pela empresa em época de baixo
encaixe;
b) desenvolver o controle dos saldos de caixa e dos créditos a
receber pela empresa;
c) saldar as obrigações da empresa na data do vencimento;
d) projetar um plano efetivo de pagamento de débitos;
e) participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando
assim os controles financeiros.
Para REIS VITTORATTO, o fluxo de caixa tem “como objetivo
gerenciar os valores disponíveis em caixa, as contas bancárias e as
aplicações financeiras, para assegurar o pagamento dos débitos (contas a
pagar) maximizando os rendimentos desses recursos através de aplicações
além de um rigoroso controle de entradas e saídas dos recursos da
organização.” É seguindo essa linha que verifica-se que o controle deve ser
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constante para que todo o processo de elaboração do fluxo de caixa seja
eficaz e a interação das entradas e saídas tragam uma representação
dinâmica da situação financeira em que se encontra a empresa.O fluxo de
caixa deve ser monitorado constantemente para que se façam os ajustes
necessários no planejamento original e para no futuro , não comprometer os
resultados satisfatórios.
De acordo com SANTOS (2001), dentre as finalidades do fluxo de
caixa são: maximizar o rendimento das aplicações das sobras de caixa,
planejar a contratação de empréstimos e financiamentos, avaliar o impacto
financeiro de variação de custos e de aumento das vendas.
A gestão do fluxo de caixa não se constitui em preocupação exclusiva
das grandes empresas, ou mesmo daquelas voltadas para a obtenção do
lucro, mas das organizações em geral. Uma instituição religiosa, uma
empresa estatal, um pequeno supermercado ou mesmo uma empresa
prestadora de serviços têm seu fluxo de caixa a ser gerenciado a fim de que
seus objetivos possam ser atingidos de maneira adequada.
Contudo, o sucesso na gestão dessa importante ferramenta, só será
atingido conforme FREZATTI (1997) “se o fluxo de caixa for considerado um
instrumento gerencial da empresa e não apenas do tesoureiro. Significa
dizer que não só a área financeira deverá saber fazer a leitura do fluxo de
caixa, mas também as demais áreas operacionais.”
Considerar o fluxo de caixa de uma empresa um instrumento
gerencial, não significa que ela vai prescindir da contabilidade e dos
relatórios gerenciais por ela gerados. Ao contrário, com o fortalecimento dos
relatórios gerenciais gerados pela contabilidade se pretende aliar a
potencialidade do fluxo de caixa para melhor gerenciar suas decisões. Para
FREZATTI (1997), um instrumento gerencial é aquele que permite apoiar o
processo decisório da organização, de maneira que ela esteja orientada para
os resultados pretendidos.
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Entender a utilidade do fluxo de caixa, conforme a Figura 1, para o
processo de tomada de decisão só irá contribuir para que o mesmo traga
benefícios para a empresa, facilitando, agilizando e suportando as decisões
financeiras de diversas magnitudes em que a empresa irá se deparar.
Figura 1 - Fluxo de Caixa
Vendas à vista
Recursos próprios
Recursos de terceiros
Vendas a prazo
Entradas
CAIXA
Saídas (desembolso)
Mercado financeiro
Ativo permanente
Investimento Amortizações Custos de operações
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Capítulo 3 - ESTRATÉGIAS E DECISÕES FINANCEIRAS
3.1 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Capital de giro refere-se aos ativos circulantes que sustentam as
operações do dia a dia das empresas. Já o capital de giro circulante (ou
líquido) a diferença entre os ativos e passivos circulantes, é uma medida
conveniente da liquidez da empresa e também reflete sua capacidade de
gerenciar suas relações com fornecedores e clientes.
De acordo com HOJI (2004) “o capital de giro é conhecido também
como capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos
circulantes, que se transformam constantemente dentro do ciclo
operacional.” Para GITMAN (1997) “ciclo operacional é a transição periódica
de caixa para estoques, destes para duplicatas a receber e de volta para o
caixa, que ocorre dentro do capital circulante das empresas.”
Para ZORATTO (1997), “o capital de giro é mantido pela empresa
para sustentar um dado volume de operações.”
A administração ineficiente do capital de giro afetará
consideravelmente o fluxo de caixa das empresas. Como por exemplo, uma
má administração das duplicatas a pagar pode resultar no pagamento de
fornecedores em épocas indevidas, drenando os recursos de caixa da
empresa.
Duas considerações importantes na administração do capital de giro
são os ciclos econômicos e a sazonalidade específica de determinados
negócios. Mudanças nas condições econômicas afetam o volume de vendas
que, por sua vez, influencia os níveis das duplicatas a receber e dos
estoques. Empresas com produtos sazonais podem apresentar níveis mais
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altos de duplicatas a receber e de estoques pelo fato de seus produtos
serem produzidos ao longo do ano e as receitas só ocorrerão em épocas
específicas. Esses ciclos impõem em desafio para os administradores
financeiros, que devem providenciar os recursos necessários a sustentação
das operações da empresa, assim como antecipar os financiamentos em
curto prazo para suprir as necessidades de capital de giro. Pode-se dizer
também que a estratégia de capital de giro é influenciada também pela taxa
de juros, ambiente econômico e preferências pessoais. Algumas empresas
seguem a abordagem conservadora, financiando suas necessidades tanto
permanentes como sazonais com recursos a médio e longo prazos. Outras
são mais agressivas e se utilizam de recursos em longo prazo para financiar
suas necessidades permanentes, enquanto suas necessidades sazonais são
financiadas com recursos em curto prazo, menos onerosos, principalmente
quando as diferenças entre as taxas a curto e longo prazos são favoráveis.
Naturalmente, um monitoramento cuidadoso das taxas de juros é um fator
essencial para se desenvolver a melhor estratégia.
Para GITMAN (1997),” a estratégia mais conservadora de
financiamento seria financiar todas as necessidades financeiras projetadas
com recursos a longo prazo e usar recursos a curto prazo , no caso de uma
emergência ou de desembolsos inesperados .” Ainda segundo GITMAN, “ao
contrário da estratégia agressiva, a estratégia conservadora requer que a
empresa pague juros sobre recursos desnecessários. O custo mais baixo da
estratégia agressiva,portanto,torna-a mais lucrativa do que a estratégia
conservadora, sendo contudo mais arriscada.”
3.1.1 ANÁLISE DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG)
A necessidade de capital de giro (NCG) resulta do descompasso entre
contas a receber e contas a pagar. A empresa precisa dimensionar um valor
que deve ficar apartado dos demais negócios operacionais para ser utilizado
em movimentações financeiras nos períodos em que ela tiver de fazer
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pagamentos sem ter recebido os valores resultantes de suas vendas. Esse
valor chama-se capital de giro.
Portanto, é preciso saber como dimensionar esse capital de giro e
quando ele será necessário. Os dois fatores mais relevantes a serem
considerados na administração do capital de giro são: prazos e estoques.
Para MATARAZZO (2003) , a necessidade de capital de giro, não é só
um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista
financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de
financiamento, crescimento e lucratividade.
FILHO E OLINQUEVITCH (1995) dizem que: ”modificações na política
de estocagem, na política de crédito e de compras produzem efeitos
imediatos sobre o fluxo de caixa. Neste sentido, a avaliação , bem como o
acompanhamento da NCG , transformam-se em verdadeiro leme da situação
financeira das empresas.”
Conforme Matarazzo (1998, p. 344), “o ativo circulante operacional
(ACO) é o investimento que decorre automaticamente das atividades de
compra/produção/estocagem/venda, enquanto, o passivo circulante
operacional (PCO) é o financiamento, também automático, que decorre
dessas atividades”. A necessidade de Capital de Giro provém da diferença
dessas duas atividades.
A diferença entre o ativo corrente (ativo circulante) e o passivo
corrente (passivo circulante) de acordo com HOJI (2004) é o capital
circulante líquido (CCL), ou capital de giro líquido (CGL).
Quando a soma dos elementos do ativo corrente é maior do que a
soma dos elementos do passivo corrente, o CCL é positivo. Em caso
contrário, o CCL é negativo. Ainda de acordo com HOJI, quando a soma dos
elementos do ativo corrente é igual à soma dos elementos do passivo
corrente , o CCL é nulo.
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Pode–se dizer que os ativos correntes constituem o capital da
empresa que circula até transformar-se em dinheiro dentro de um ciclo de
operações conforme a figura 2:
Figura 2 – Circulação do capital da empresa
Segundo Matarazzo (2003) as situações básicas que ocorrem numa
empresa, com relação ao ACO/PCO pode ser resumida assim:
• ACO>PCO: é a situação normal na maioria das empresas. Há uma
NCG para a qual a empresa deve encontrar fontes adequadas de
financiamento;
• ACO=PCO: Neste caso a NCG é igual a zero e, portanto a empresa
não tem necessidade de financiamento para o giro;
• ACO<PCO: A empresa tem mais financiamentos operacionais do
que investimentos operacionais. Sobram recursos das atividades
operacionais, os quais poderão ser usados para aplicação no
mercado financeiro ou para expansão da planta fixa (MATARAZZO,
2003, p.339).
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Quando a necessidade de capital de giro é positiva (NCG>0), os
ativos circulantes operacionais são maiores que os passivos circulantes
operacionais, ou seja, a empresa necessitará de recursos de fonte extra
para ajudar a financiar suas operações por um determinado período. São
exemplos de ativos circulantes operacionais: clientes, estoques, despesas
antecipadas e débitos de coligadas e controladas. Um bom exemplo de
empresas com necessidade de capital de giro negativa (NCG<0) são os
supermercados e as empresas de transporte coletivo, que dispõem de
recursos mediante a venda de seus produtos praticamente à vista, ou seja,
antes de terem que pagar aos fornecedores.
O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um
dos grandes desafios para o gestor financeiro. Essa tarefa requer que ele
tenha uma visão abrangente de todo o processo de operação da empresa,
de suas práticas comerciais e financeiras, além de dados sobre prazos de
cobrança e recebimento.
Um elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros
que poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa. Em
contrapartida, capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de
operação e de vendas da empresa.
Alguns princípios podem ser observados, de acordo com SANTOS
(2001),quando se fala em dimensionar o capital de giro: o capital de giro
deve ser minimizado até o ponto em que não traga restrições às vendas e à
lucratividade da empresa , como por exemplo, não manter estoques
desnecessariamente elevados ; a parcela permanente de capital de giro
deve ser financiada com recursos financeiros permanentes (passivo exigível
de longo prazo e patrimônio líquido). Já a parcela flutuante do capital de giro
pode ser financiada com recursos financeiros de curto prazo (passivo
circulante).
Como fonte de financiamento das Necessidades de Capital de Giro,
Matarazzo (2003) diz que a empresa pode contar com três tipos: capital
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circulante próprio, empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo e
empréstimos bancários de curto prazo e duplicatas descontadas.
De acordo com HOJI (2004), os passivos circulantes representam as
fontes de financiamento em curto prazo da empresa. Algumas fontes são
geradas pelas próprias operações, tais como: duplicatas a pagar aos
fornecedores, impostos a recolher, salários e encargos sociais a pagar.
Outras são provenientes de atividades financeiras, como financiamentos e
empréstimos bancários.
As principais fontes de financiamento são onerosas, pois geram
encargos financeiros, tais como: empréstimos e financiamentos bancários e
parcelamento de impostos vencidos.
Existem fontes de financiamento não onerosas geradas naturalmente
pelas operações normais da empresa, como salários a pagar, provisões para
férias e 13º salário, impostos a recolher.
A política de administração do capital de giro da empresa passa pela
gestão de quatro fatores principais: vendas, política de estoques, prazos
concedidos e prazos recebidos. A equação desses fatores determina a NCG,
em que, segundo ABREU FILHO; DE SOUZA (2008), a NCG aumenta
quando as vendas aumentam e vice-versa, com variações diretamente
proporcionais. A NCG aumenta quando a empresa concede maiores prazos
a seus clientes e diminui quando ela recebe maiores prazos de seus
fornecedores. Um acúmulo maior de estoques aumenta a NCG, dada a
imobilização temporária de recursos nesses estoques.
É importante fazer a análise ao longo do tempo, identificando a
tendência da necessidade de capital de giro da empresa e também o
chamado efeito tesoura, situação na qual a NCG aumenta
proporcionalmente mais que a própria disponibilidade do capital de giro, sinal
de que é preciso interferir com rapidez no processo de gestão.
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3.2 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE
Os estoques constituem uma modalidade de investimento de recursos
pelas empresas, podendo representar uma elevada proporção dos ativos
totais. Como a administração financeira preocupa-se, entre outras coisas,
com a boa aplicação de recursos em geral, a administração de estoques
possui aspectos financeiros que exigem o contato desta área com os
responsáveis diretos pela sua gestão.
GITMAN (1997) cita que “os estoques, ou bens em mãos,são ativos
circulantes necessários que possibilitam o funcionamento dos processos de
produção e vendas com um mínimo de distúrbio e, como as duplicatas a
receber,representam um investimento significativo por parte da maioria das
empresas.”
O estoque é um investimento, no sentido de que exige o
comprometimento de recursos que a empresa poderia aplicar em outras
alternativas rentáveis . Em geral, quanto maiores forem os saldos médios
dos estoques, maiores a quantia investida e os custos envolvidos e vice-
versa. O administrador financeiro, ao avaliar alterações planejadas nos
níveis de estoques, deve considerá-las do ponto de vista de custo x
benefício.
A administração de estoques constitui um componente importante da
administração de capital de giro, principalmente quando a empresa utiliza
grandes quantidades de materiais e/ou quando precisa manter um alto
volume de estoque e está intimamente ligada à gestão das contas a pagar e
à preservação do fluxo de caixa, que dependem fundamentalmente da
política e prática de compras da empresa. A despesa com suprimentos é um
fator significativo, que pode resultar em custos desnecessários quando a
política de compras e armazenamento de materiais for inadequada,
observando-se que para muitas empresas ainda existe outra agravante que
é a perecibilidade e o prazo de validade de muitos materiais. Fica patente
que os estoques representam um item importante para a administração
financeira. Os princípios que regem a administração de estoques são
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semelhantes àqueles que orientam a administração de caixa. Realmente,
administrar estoques consiste essencialmente em determinar, como no caso
do caixa, qual o nível médio do estoque a ser mantido para que a segurança
seja garantida, minimizando o custo total. Devemos ter sempre o produto de
que se necessita, mas não podemos estourar o caixa com estoque em
excesso.
3.2.1 OBJETIVOS
O objetivo básico em relação aos estoques é minimizar as
necessidades de investimento nesse tipo de ativo, pois, apesar dos
benefícios, esse investimento além de reduzir a rotação geral dos recursos
comprometendo a rentabilidade geral da empresa, também, produz custos
decorrentes de sua manutenção.
Conforme ZORATTO (1987), os custos relacionados aos estoques
podem ser enquadrados em duas categorias:
a) Os que são diretamente proporcionais ao volume mantido em
estoque e que chamamos de custos de manutenção ou
armazenagem.
b) Os que são inversamente proporcionais a esse volume,
representando os prejuízos da empresa em consequencia da falta
de estoques para um fim ou outro (produção ou venda). São os
chamados custos de obtenção.
Mais um aspecto pode ser mencionado quanto à administração dos
estoques, que é a liquidez desse tipo de ativo, porque de todos os grupos de
ativos correntes, os estoques, qualquer que seja o seu tipo, são os de
realização mais problemática , não só pela dificuldade em vendê-los,
principalmente em caso de liquidação forçada ,como devido ao risco de
prejuízo comparando-se os gastos neles efetuados com os preços de venda
disponíveis.
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ZORATTO (1987) diz que uma excessiva imobilização do capital ou
bens (estocados, no caso), que são possíveis de transformação em moeda,
mas não com a rapidez suficiente para o pagamento de dívidas.
Deve-se manter o nível necessário às operações, mas, procurando
trazê-lo o mais depressa possível para mais perto da situação de caixa,
transformando os estoques em contas a receber e estas em dinheiro.
3.2.2 RELAÇÃO ENTRE ESTOQUES E DUPLICATAS A RECEBER
Existe uma relação muito próxima entre a administração dos estoques
e das duplicatas a receber. Como por exemplo, no caso de uma empresa
industrial quando um item é vendido , passa-se do estoque para duplicatas
a receber e finalmente, para caixa. Devido à relação entre esses ativos
circulantes, não se deve considerar independentes as funções de
administrar estoques e duplicatas a receber. A decisão de conceder crédito a
um cliente poderá resultar num maior nível de vendas, que só podem ser
garantidas com níveis mais elevados de estoques e de duplicatas a receber.
De acordo com GITMAN (1997), as condições de crédito concedidas
também afetarão os investimentos em estoques e em duplicatas a receber,
uma vez que maiores períodos de crédito possibilitarão que a empresa
transfira itens de estoque para duplicatas a receber.
A vantagem nessa estratégia, é que o custo de manter um item no estoque é
maior do que o custo de manter uma duplicata a receber, porque o custo de
manter estoque inclui, além do retorno exigido sobre os fundos investidos, os
custos de armazenagem, seguro e outros associados à manutenção de bens
físicos.
Essas relações entre estoques e duplicatas a receber são afetadas
por decisões tomadas em áreas da empresa não só na área financeira,
como marketing , produção e de compras. O administrador financeiro deve
considerar as interações entre essas duas contas, quando implementar
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estratégias e tomar decisões relacionadas ao processo de produção-venda.
É especialmente importante reconhecer tal interação quando se tomam
decisões de crédito, pois os níveis de estoques exigidos, tanto quanto os
existentes, serão diretamente afetados.
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3.3 ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER
As duplicatas a receber são o resultado da concessão de crédito de
uma empresa a seus clientes (GITMAN ,1997).
A concessão de crédito a clientes por parte dos fornecedores faz
parte do custo de se fazer negócio, pois ao manterem recurso
comprometidos em duplicatas a receber, as empresas perdem poder
aquisitivo , além de correr riscos de inadimplência,mas ao incorrer nesses
custos, as empresas têm condições de ser competitivas, atraindo e
mantendo clientes , e com isso melhoram e mantêm as vendas e lucros.
De acordo com HOJI (2004), as contas a receber são geradas pelas
vendas a prazo, que são feitas após a concessão de crédito, essas vendas
geram riscos de inadimplência e despesas com análise de crédito, cobrança
e recebimento, mas alavancam as vendas, isto é, aumentam o volume de
vendas e , consequentemente , o lucro.
As vendas a prazo são condições necessárias para aumentar o nível
de operações e o giro de estoques e assim, maximizar a rentabilidade.
Antes de efetivar a venda para um novo cliente, deve ser feita uma
análise minuciosa e criteriosa de seus dados cadastrais. Para HOJI (2004),”
venda a prazo efetuada sem os devidos cuidados tem grande possibilidade
de se tornar um valor não recebível.”
É necessário que a empresa estabeleça uma política de crédito, a
qual inclui o processo de seleção, determinação de padrões e de condições
de crédito e também é importante estabelecer uma política de cobranças.
A análise de crédito não deve ocorrer apenas na ocasião da primeira
venda a prazo. De acordo com HOJI (2004) “a situação do cliente, mesmo
daqueles antigos e tradicionais, deve ser constantemente monitorada e
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atualizada, quanto aos aspectos de pontualidade, capacidade de pagamento
e situação financeira.”
As informações financeiras podem ser obtidas por intermédio de
entidades especializadas como o Serviço de Proteção de Crédito (SPC) e
Centralização de Serviços Bancários AS (SERASA).
Para GITMAN (1997), “os 5C’s do crédito constituem o foco tradicional
para a determinação da capacidade creditícia dos solicitantes.”
Os analistas de crédito frequentemente utilizam-se dos 5C’s para
determinarem se o crédito deve ser concedido a um cliente e o limite
quantitativo a ser concedido a ele.
Abaixo, a descrição dos cinco aspectos dessa técnica:
3.3.1 OS CINCO C DO CREDITO
1º. Caráter: de acordo com GITMAN (1997),”o histórico do solicitante
quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras , contratuais e
morais.”
A história de pagamentos passados, assim como quaisquer processos
legais em andamento ou já julgados contra o requerente serão usado na
avaliação do seu caráter.
Informa as características da empresa e das pessoas que estão à
frente do negócio Deverão ser analisados: “qual o tipo de administração da
empresa?”; as pessoas que estão à frente do negócio, possuem uma história
de sucesso?”;“possuem uma tradição de seriedade ou sua reputação é
duvidosa ou desconhecida?”
2º. Capacidade: para GITMAN (2001) ” a capacidade do requerente de
ressarcir o crédito pedido”; o potencial do cliente para quitar o crédito
solicitado. Análise de demonstrações financeiras, com particular
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ênfase na liquidez e no endividamento, é usada para avaliar a
capacidade do requerente.
Segundo HOJI (2004) “outro grupo de informações que o analista
deve analisar é o setor em que atua a empresa, a situação atual e a
perspectiva do setor, os concorrentes e a tecnologia utilizada pela empresa,
mesmo que a empresa apresente boa capacidade de pagamento, se a
perspectiva do setor não for boa, poderá ter reduzida sua capacidade de
pagamento.”
Algumas perguntas podem ser analisadas: “como estão as vendas da
empresa em relação aos períodos anteriores?” ; “ como o mercado avalia a
capacidade técnica da empresa?”; será que ela está na ponta da tecnologia
ou está utilizando tecnologia superada?;”como se posiciona a empresa em
face dos concorrentes?”; “existe algum concorrente que esteja ameaçando
seriamente a estabilidade da empresa ?” ; a empresa possui bons sistemas
de informações gerenciais?”; ” possui respostas claras e convincentes para
as indagações que são feitas sobre a gestão do seu negócio?”
3º. Capital: HOJI (2004) diz:” a análise da estrutura econômica e
financeira evidencia o nível de solidez financeira da empresa.”
Analisa-se ,por exemplo, o nível de imobilização em relação ao
patrimônio líquido, o nível de investimentos em máquinas
,equipamentos e tecnologias.
GITMAN(1997) cita que “o total de exigíveis (a curto e longo prazos)
em relação ao patrimônio líquido, bem como os índices de lucratividade são
frequentemente usados para avaliar o capital do demandante de crédito.”
Aspectos como máquinas e equipamentos financiados por meio de
operação de leasing financeiro devem ser levantados e devidamente
considerados na análise.
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Para GITMAN (2001) esse aspecto é “a força financeira do
requerente, como refletida por sua posição patrimonial.”
4º. Colateral: garantia real, pode ser representado por ativos tangíveis ou
ativos financeiros, desde que cubram o período do crédito concedido.
Para HOJI (2004), o colateral pode ser dado por meio de hipoteca,
fiança pessoal prestada por proprietário de imóvel, fiança bancária,
seguro-garantia, etc.
“O montante de ativos que o requerente tem disponível para o uso em
dar garantia ao crédito.” (GITMAN 2001). Naturalmente, quanto maior for
esse montante, maior será a probabilidade de se recuperar o valor creditado,
no caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliação de
ativos em conjunto com o levantamento de pendências judiciais podem ser
usados para estimar os colaterais.
5º. Condições: “as condições econômicas e empresariais vigentes, bem
como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das
partes envolvidas na negociação.”(GITMAN 1997).
O cenário econômico que a empresa estará inserida assim como as
condições econômicas deve ser avaliado em conjunto com o ramo de
atividade em que ela atua. Se for esperada, por exemplo, uma forte
recessão, mas o ramo de atividade em que a empresa atua for
substancialmente promissor, o risco de inadimplência será minimizado.
Outro exemplo é que ,caso a empresa tenha estoques excessivos de
um item que o solicitante deseja comprar a crédito, a empresa poderá propor
vendas em condições mais favoráveis ou vender para clientes com menos
condições de conseguir crédito. Portanto, a análise das condições
econômicas e empresariais, assim como as circunstâncias especiais que
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possam afetar tanto o cliente como a empresa vendedora, faz parte da
avaliação das condições.
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3.4 FUNDAMENTOS E PRÁTICAS DE TESOURARIA
A Tesouraria é uma das áreas mais importantes em uma empresa
pois praticamente todos os recursos financeiros que giram na empresa
transitam por ela. A Tesouraria de empresa não financeira, por ser uma área
de apoio a unidades de negócios, não tem como finalidade a geração de
lucro, mas pode ser estruturada de forma a agregar valores e contribuir
substancialmente para gerar lucro, com a viabilização econômica de
projetos, obtenção de recursos a custos adequados, maximização da
rentabilidade das aplicações financeiras dentre outros.
3.4.1 FINALIDADES
De modo geral, pode-se dizer de acordo com HOJI (2004), que a
finalidade básica da Tesouraria é assegurar os recursos e instrumentos
financeiros necessários para a manutenção e viabilização dos negócios da
empresa.
3.4.2 FUNÇÕES DE TESOURARIA E ATIVIDADES
• Planejamento Financeiro: elaborar projeção de fluxo de caixa; analisar
estrutura de capital e propor alternativas de financiamento;
estabelecer política de aplicação financeira; estabelecer política de
financiamento de capital de giro.
• Administração do fluxo de caixa: controlar recursos disponíveis em
bancos e em caixa; elaborar e analisar a Demonstração do Fluxo de
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Caixa realizado; fazer conciliação bancária; planejar e executar ações
para suprir insuficiência de caixa; analisar antecipações de
recebimentos e pagamentos.
• Negociação e controle de aplicações financeiras: analisar aspectos
legais e financeiros das aplicações financeiras; negociar, controlar as
aplicações financeiras assim como suas rentabilidades.
• Negociação e controle de empréstimos e financiamentos: analisar
aspectos legais e financeiros das modalidades de empréstimos e
financiamentos; negociar linhas de crédito com instituições financeiras
;controlar e analisar os custos dos empréstimos .
• Cadastro e cobrança: analisar os cadastros dos clientes para
concessão de crédito; cobrar e receber as duplicatas nos respectivos
vencimentos; controlar eventos financeiros contratuais.
• Contas a pagar: estabelecer políticas de pagamentos; controlar
adiantamentos a fornecedores; liberar duplicatas para pagamento;
controlar abatimentos e devoluções de mercadorias.
De acordo com essas funções e atividades, pode-se notar que direta
ou indiretamente, todas as áreas da empresa mantêm algum tipo de vínculo
com a área da Tesouraria. As áreas industrial, comercial e administrativa (e
outras se houverem),são fornecedoras de dados e informações para a
elaboração do importante instrumento de gestão financeira: previsão de fluxo
de caixa. Quase todos os atos praticados em qualquer área da empresa
acabam transformando-se em contas a receber ou em contas a pagar. E, de
acordo com HOJI (2004), consequentemente, todos os valores a receber ou
a pagar devem transitar obrigatoriamente pelo sistema de Tesouraria.
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Capítulo 4 - DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
A análise das demonstrações financeiras exige conhecimento do que
representa cada conta que nelas figura. Há uma infinidade de contas
decorrentes de inúmeras operações realizadas por empresas das mais
diferentes atividades.
A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404) determina a estrutura
básica das demonstrações financeiras. A legislação fiscal tornou essas
determinações obrigatórias também para os demais tipos de sociedades.
Por essa razão, todas as empresas, no Brasil, divulgam suas demonstrações
financeiras sob a forma prevista na Lei das S.A.
É fundamental entender as demonstrações financeiras para
administrar um negócio e saber como ele opera.Elas fornecem uma rápida
visão intuitiva da situação da empresa, um ponto de partida para análises
posteriores.
4.1 BALANÇO PATRIMONIAL
4.1.1 CONCEITOS E CONSIDERAÇÕES RELEVANTES
O balanço patrimonial reflete a posição financeira em determinado
momento, normalmente no fim do ano ou de um período prefixado (Filho e
Olinquevitch 1995).
Para GITMAN (1997), o balanço patrimonial representa a
demonstração resumida da posição financeira da empresa. A demonstração
confronta os ativos da empresa (o que ela possui) com suas fontes de
financiamento, que podem ser dívida (obrigações) ou patrimônio (o que foi
fornecido pelos proprietários).
“É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da
empresa -Ativo- , assim como as obrigações –Passivo Exigível- em
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determinada data. A diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio
Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer
através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em
suas operações e retidos internamente. “ (MATARAZZO 2003).
Cada empresa pode determinar a data de encerramento do balanço
conforme as suas conveniências, mas a maioria das empresas brasileiras
encerra o balanço em 31 de dezembro de cada ano coincidindo com o
encerramento do ano civil.
De acordo com HOJI (2004), as contas representativas do Ativo e do
Passivo devem ser agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da empresa e apresentadas em ordem
decrescente de grau de liquidez para o Ativo e de exigibilidade para o
Passivo.
Resumidamente, o Ativo representa os recursos aplicados em bens e
direitos e o Passivo representa as fontes de recursos fornecidos por
terceiros e acionistas.
O Balanço Patrimonial (BP) é constituído de duas colunas: a coluna
do lado direito é denominada “Passivo e Patrimônio Líquido”. A coluna do
lado esquerdo é denominada “Ativo”.
Segundo MARION; LUDÍCIBUS (1995), para ser Ativo é necessário
que qualquer item preencha quatro requisitos simultaneamente:
a) Bens ou direitos;
b) De propriedade da empresa;
c) Mensurável monetariamente;
d) Benefícios presentes ou futuros.
Uma importante distinção é feita entre ativos e passivos de curto e de
longo prazo. Os ativos circulantes e os passivos circulantes são ativos e
passivos de curto prazo, isso significa que podem ser convertidos em
dinheiro em um ano ou menos. Todos os demais ativos e passivos,
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juntamente com o patrimônio dos acionistas, o qual supõe-se que tenha
prazo indefinido,são considerados de longo prazo , ou permanentes, já que
se espera que permaneçam nos livros da empresa por mais de um ano.
4.1.2 OBJETIVOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS
As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a
empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanços transforma
esses dados em informações e será tanto mais eficientes quanto melhores
informações produzir.
Para o contador a preocupação básica são os registros das
operações, ele procura captar, organizar e compilar dados, enquanto o
analista de balanços preocupa-se com as demonstrações financeiras que,
por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam
concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal
administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se é ou não
lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se irá falir ou se continuará
operando.
De acordo com MATARAZZO (2003), o grau de excelência da análise
de balanços é dado exatamente pela qualidade e extensão das informações
que conseguir gerar.
O diagnóstico de uma empresa quase sempre começa com uma
rigorosa análise de balanços, cuja finalidade é determinar quais são os
pontos críticos e permitir, de imediato, apresentar um esboço das prioridades
para a solução de seus problemas , assim como , permite uma visão da
estratégia e dos planos da empresa analisada; permite estimar o futuro, suas
limitações e suas potencialidades.
Para MATARAZZO (2003), a análise de balanços é instrumento
complementar para a tomada de decisões dos administradores da empresa
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que será utilizada como auxiliar na formulação de estratégia da empresa,
tanto que pode fornecer subsídios úteis como informações fundamentais
sobre a rentabilidade e a liquidez da empresa hoje em comparação com as
dos balanços orçados.
A Análise de Balanços ,para os administradores da empresa, é um
instrumento complementar para a tomada de decisões. Ela será usada como
auxiliar na formulação de estratégia da empresa, e tanto pode fornecer
subsídios úteis como informações fundamentais sobre a rentabilidade e a
liquidez da empresa no momento atual em comparação com as dos
balanços orçados.
Assim como, de acordo com MATARAZZO (2003),o fornecedor de
mercadorias precisa conhecer a capacidade de pagamento de seus clientes
, ou seja, sua liquidez. Geralmente os fornecedores observam alguma coisa
além da liquidez, visto que os balanços são divulgados uma vez por ano e a
análise precisa proporcionar-lhe segurança pelo prazo de sua validade, ou
seja, até a Análise do Balanço seguinte. Por isso, não observam somente a
liquidez da empresa, mas também a rentabilidade e o endividamento.
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4.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)
Segundo MATARAZZO (2003), a Demonstração do Resultado do
Exercício é uma demonstração dos aumentos e reduções causados no
Patrimônio Líquido pelas operações da empresa.
As receitas representam normalmente aumento do Ativo, através de
ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro
proveniente das transações. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio
Líquido. As despesas representam redução do Patrimônio Líquido, através
de um entre dois caminhos possíveis: redução do Ativo ou aumento do
Passivo Exigível.
A Demonstração do Resultado é, pois, o resumo do movimento de
certas entradas e saídas no balanço, entre duas datas.
Para Ludícibus;Marion, a demonstração do Resultado do Exercício é
um resumo das receitas e despesas da empresa em determinado período
(12 meses). É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas
subtraem-se as despesas e , em seguida, indica-se o resultado (lucro ou
prejuízo).
(+) Receita (-) Despesa ______________ sentido vertical (dedutivo) Lucro ou prejuízo
Figura 3 - Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
RECEITA BRUTA DAS VENDAS E SERVIÇOS (-) Devoluções (-) Abatimentos (-) Impostos (=) Receita Líquida das Vendas e Serviços (-) Custo das Mercadorias e Serviços Vendidos (=) Lucro Bruto (-) Despesas com Vendas (-) Despesas Financeiras (deduzidas das Receitas Financeiras) (-) Despesas Gerais e Administrativas (-) Outras Despesas Operacionais (+) Outras Receitas Operacionais
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(=) Lucro ou Prejuízo Operacional (+) Receitas não Operacionais (-) Despesas não Operacionais (+) Saldo da Correção Monetária (=) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda (-) Imposto de Renda e Contribuição Social (-) Participações de Debêntures (-) Participação dos Empregados (-) Participação de Administradores e Partes Beneficiárias (-) Contribuições para Instituições ou Fundo de Assistência ou Previdência de Empregados (=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício (=) Lucro ou Prejuízo por Ação
A Demonstração do Resultado retrata o fluxo econômico e não o
fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Para a Demonstração do Resultado não
importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas
que afete o Patrimônio Líquido.
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CONCLUSÃO
O Fluxo de Caixa é o instrumento essencial para a administração do
disponível e sucesso da empresa, em termos de planejamento e de controle
financeiros. É útil para levantamentos financeiros a curtos e longos prazos. A
empresa que mantém seu fluxo de caixa sempre atualizado poderá
dimensionar com mais facilidade o volume de entradas e saídas dos
recursos financeiros, assim como fixar o seu nível desejado de caixa para o
período seguinte.
A vida da empresa não pode ser negligenciada, expondo-a aos
acontecimentos futuros incertos, sem um mínimo de planejamento e controle
financeiros. É preciso, além de projetar, agir com habilidade no sentido de
neutralizar ou minimizar as situações desfavoráveis à empresa, em que
pode se citar a importância do administrador financeiro para estabelecer ou
restabelecer o nível desejado de caixa.
As dificuldades ocorrerão, porém os dirigentes da empresa não
podem deixar que sejam constantes e permanentes, porque com isso se
verificará que terá problemas em saldar suas dívidas do dia a dia e que a
má administração dessas dificuldades poderão levar a empresa à
concordata e/ou falência.
O êxito de qualquer empresa depende da capacidade de seus
gestores em manter o equilíbrio entre as entradas e as saídas sendo o fluxo
de caixa uma importante ferramenta para que haja compatibilização nesse
processo.
Pode-se concluir que o fluxo de caixa é um demonstrativo essencial
que fornece informações para a tomada de decisões permitindo aos
administradores uma maior visibilidade dos recursos disponíveis ou a falta
deles para a quitação de seus compromissos e além de tudo é um
demonstrativo para retratar a saúde financeira da empresa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREZATTI, Fabio. Gestão do Fluxo de Caixa Diario, Editora Atlas, São Paulo, 1997.
GITMAN ,Laurence J. Princípios da Administração Financeira, 7ª edição, Editora Harbra, São Paulo, 1997.
GITMAN, Laurence. Princípios da Administração Financeira Essencial, 2ªedição, São Paulo, 2001
HOJI, Masakazu. Administração financeira uma abordagem prática, 5ª edição, Editora Atlas, São Paulo, 2004.
SANTI, Filho Armando de & OLINQUEVITCH, José Leonidas. Análise de Balanços para controle gerencial, 3ªedição, Editora Atlas, São Paulo, 1995.
LUDÍCIBUS, Sérgio de & MARION, Jose Carlos. Contabilidade Comercial, 3ªedição Editora Atlas, São Paulo, 1995.
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de balanços & Abordagem basica e Gerencial, 6ªedição, Editora Atlas, São Paulo, 2003.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa:Uma decisão de planejamento e controle financeiro, 10ª edição, Editora Sagra Luzzatto, Porto Alegre, 2004.
ZORATTO, Antonio Sanvicente. Administração Financeira, 3ª edição, Editora Atlas, 1997.