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Documentário revela lado obscuro deSteve Jobs, fundador da Apple COMENTE

Jaime GonzálezDa BBC Mundo em Los Angeles 14/09/2015 09h58

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Steve Jobs

O que levou milhares de pessoas em todo omundo a demonstrar pesar pela morte deSteve Jobs, fundador da Apple, no fim de2011?

Foi por causa do carisma de um dos ícones doVale do Silício? Foi uma maneira de agradecerao homem que criou produtos inovadores comoo iPod, o iPhone e o iPad?

Essas são algumas das perguntas que AlexGibney, ganhador de um Oscar em 2008, tentaresponder com o documentário Steve Jobs:The Man in the Machine("Steve Jobs: OHomem na Máquina" em tradução livre), quechegou há alguns dias aos cinemas dosEstados Unidos.

Gibney já havia feito um documentário sobre a igreja da Cientologia no início do ano. Agoraele tenta desmistificar e humanizar a figura de Jobs – considerado um visionário domarketing e dos negócios, conhecido por seu caráter despótico e por manter relaçõespessoais complicadas.

A estreia de "O Homem na Máquina" coincidiu com a exibição de um outro filme sobre Jobsem um festival de cinema em Telluride, no Colorado. O filme Steve Jobs é dirigido pelobritânico Danny Boyle e baseado em parte na biografia do fundador da Apple, escrita em2011 por Walter Isaacson.

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O longa de Boyle, estrelado por Michael Fassbender, também mostra aspectos poucoconhecidos da vida pessoal de Jobs, e contou com a colaboração de Steve Wozniak,cofundador da Apple.

Já no caso do filme de Gibney, nenhum dos dirigentes atuais da companhia aceitou darentrevistas.

Eddy Cue, vice­presidente da Apple Internet, chegou a dizer: se trata de um retrato"miserável e inexato de meu amigo". "Esse não é Steve Jobs que conheci", disse Cue noTwitter.

Lisa

Um dos episódios mais polêmicos do documentário envolve o reconhecimento depaternidade da filha do empresário, Lisa.

Ela foi fruto do relacionamento de Jobs com Chrisann Brennan – mas o relacionamento foirompido antes do nascimento de Lisa em 1978.

Durante anos, o milionário se recusou a reconhecer a paternidade e até colocou em dúvidaum exame de DNA. Ele pagava apenas uma pensão de algumas centenas de dólares.

Com o tempo, ele se aproximou da jovem e ela adotou seu sobrenome.

E o documentário deixa claro que a vida pessoal não foi o única parte complicada da vida deJobs.

O trato com os funcionários da Apple era difícil devido ao seu temperamento forte e àobsessão de Jobs por controlar os mínimos detalhes.

Bob Belleville, diretor de engenharia para Macintosh nos anos 80, conta no filme como tevea relação com a mulher e os filhos dissolvida pelas exigências de Jobs.

O documentário também coloca em foco a discrepância entre a imagem que Jobs vendia daApple – assegurando que a empresa queria "fazer um mundo melhor" – e as penosascondições sob as quais se fabricavam alguns dos produtos da companhia.

O caso mais conhecido é o da empresa chinesa Foxconn, encarregada de produzir o iPhonee o iPad. Em um período de dois anos, 18 de seus funcionários cometeram suicídio.

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Segundo o documentário, Jobs não teria perdido o sono com isso.

O senso de ética do fundador da Apple também cai em contradição quando são expostosesquemas financeiros destinados à evasão fiscal ­ como a criação de empresas de fachadana Irlanda.

E quando ele foi investigado pelas autoridades em 2006 pela suposta alteração dedocumentos para aumentar o valor de opções sobre ações outorgadas pela Apple, queacabou apontando o dedo a um dos subordinados de Jobs.

O documentário também relata a disputa de Jobs com a publicação tecnológica Gizmodo,que teve acesso, em 2010, a um dos modelos de iPhone que ainda não havia sido lançado.O aparelho havia sido esquecido por um funcionário da Apple em um bar.

A Gizmodo examinou e fotografou o telefone antes de devolvê­lo à Apple – o que enfureceuJobs e executivos da empresa. Segundo o filme, isso pode ter estado por trás da operaçãode busca realizada pela polícia na casa do editor da publicação.

Retrato justo ou injusto?

Gibney disse que não pretendia pintar Jobs como um vilão. "Não há dúvida de que se tratade uma visão mais crítica de Jobs e de sua vida do que estamos acostumados", disse MikeyCampbell, editor da publicação Apple Insider.

"É sabido que Jobs tratava a Apple e a seus produtos com se fossem seus filhos e o restonão parecia muito importante", disse.

"Não acredito que Gibney apresente um retrato injusto de Jobs".

Segundo Pamela McClintock, jornalista da revista The Hollywood Reporter, a estreia dofilme e do documentário mostram que ainda há muito interesse na figura de Jobs.

"É provável que muitos espectadores assistam tanto ao filme quanto ao documentário parater uma ideia mais completa da figura de Jobs", afirmou.

Apenas o tempo dirá se as revelações de "O Homem da Máquina"afetarão a imagem de umhomem e de uma empresa que tiveram papel­chave na revolução tecnológica do século 21.

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