Download - D.L.M. - Celulite
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
BEATRIZ PELANDRÉ GRAVENA
MASSAGEM DE DRENAGEM LINFÁTICA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE EM MULHERES JOVENS
CASCAVEL 2004
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
BEATRIZ PELANDRÉ GRAVENA MASSAGEM DE DRENAGEM LINFÁTICA NO TRATAMENTO
DO FIBRO EDEMA GELÓIDE EM MULHERES JOVENS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, como pré-requisito para obtenção do Título de graduada em Fisioterapia. Orientadora: Prof. Ms. Cristina Diamante
CASCAVEL 2004
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
TERMO DE APROVAÇÃO
BEATRIZ PELANDRÉ GRAVENA
MASSAGEM DE DRENAGEM LINFÁTICA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE EM MULHERES JOVENS
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do
titulo graduada em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
............................................................................................ Orientador – Profª . Ms. Cristina Diamante
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
............................................................................................ Profª . Juliana Cristina Frare
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
............................................................................................ Profª . Luciane Rosa
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
Cascavel, 10 de fevereiro de 2004.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, por todo amor, incentivo e esforços realizados para que eu alcance
todas as minhas metas, e por estar ao meu lado em todos os
caminhos da minha vida.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
iv
AGRADECIMENTOS
A conclusão de um curso de graduação é apenas um passo no desenvolvimento pessoal e criativo. Aumentar a nossa criatividade significa abrir novas oportunidades o que é fundamental para enfrentar os desafios de nosso tempo. Um tempo em que a única constante é a "mudança". Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelas oportunidades em minha vida e, por me dar forças para superar todos os obstáculos que encontro nos caminhos que escolho. Aos meus pais pelo apoio, incentivo e esforços realizados para que eu alcance meus objetivos e persista na busca pelos meus ideais. A todos os meus familiares que de alguma forma auxiliam na minha formação. Ao meu namorado, que dividiu comigo cada etapa desta realização, pelo seu apoio, carinho, compreensão e paciência nas fases mais difíceis e também pela contribuição direta, com dedicação, na concretização deste trabalho. À todos os meus amigos e colegas da faculdade, pela amizade e companheirismo. A minha orientadora pela ajuda com seu conhecimento, paciência e dedicação na realização deste trabalho. A todos os professores que estiveram ao meu lado em todas as etapas importantes da minha formação. A todos aqueles que, embora não mencionados aqui, contribuíram de maneira direta ou indireta para a concretização deste projeto, muito obrigada.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
v
RESUMO
O fibro edema gelóide (FEG), distúrbio que acomete a grande maioria da população feminina, pode atingir estágios incapacitantes, uma vez que a paciente pode apresentar quadro de algia, dificultando assim a realização de suas atividades diárias e até o seu convívio social. Com este enfoque, o objetivo deste trabalho é estudar os efeitos da drenagem linfática manual no tratamento do FEG nos seus três a quatro estágios, sendo que foi delimitado neste trabalho até o terceiro estágio, e auxiliar os profissionais da área na escolha ou não desta modalidade visando a melhora das disfunções que a patologia acarreta. Foram estudadas três pacientes, cada uma delas acometida por um dos três estágios do fibro edema, foi aplicado uma avaliação fisioterapêutica específica, sendo também aplicado um protocolo de drenagem linfática manual, durante dois meses, com uma média de três atendimentos semanais, de trinta minutos cada sessão. Pôde ser observado que na paciente com estágio 1 do FEG foi possível reduzir as medidas de perimetria, bem como as alterações da pele significativamente. Na paciente com grau 2 os resultados obtidos foram moderados e, na de grau 3 não foram obtidos resultados satisfatórios. Assim, conclui-se que, através de um programa de drenagem adequado e precoce é possível reduzir as decorrências da patologia e melhorar o aspecto da pele. Já em estágios mais avançados, a drenagem mostrou-se eficaz no efeito da analgesia, mas não mostrou resultados satisfatórios nas medidas de perimetria e no aspecto e mobilidade da pele, podendo, então, ser escolhida como técnica coadjuvante no início do tratamento, visando analgesia.
Palavras chave: Fibro edema gelóide; drenagem linfática; mulheres.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
vi
ABSTRACT
INTRODUCTION: Lypodystrophy (LPD) acomete the great majority of the female population, can reach incapacitantes periods of training, a time the patient can present algia, thus making it difficult the accomplishment of its daily activities and until its social conviviality. OBJECTIVE: The objective of this study is estimate the effect of manual lymphatic draining in the treatment of the LPD in its three four periods of training and to assist the professionals of the area in the choice or of this modality not being aimed at the improvement of the disfunctions that the pathology causes. METHODS: Three patients had been studied, each one of them attack for one of the three periods of training of fibro edema, were applied a specific physiotherapy evaluation, being also applied a protocol of manual lymphatic draining, during two months with a average of three weekly sessions of thirty minutes each. RESULTS: It could be observed in patient with period of training 1 (brando) of the FEG he was possible to reduce the measures of perimetria, as well as the alterations of the skin. In the patient with degree the 2 moderate gotten results had been e, in the one of degree 3 (serious) had not been gotten resulted satisfactory. CONCLUSION: Thus, one concludes that, through a program of adequate and precocious draining it is possible to reduce the results of the pathology and to improve the aspect of the skin. Already in more advanced periods of training, the draining revealed efficient in the effect of the analgesia, but it did not show resulted satisfactory in the measures of perimetria and the aspect and mobility of the skin, being able, then, to be chosen as assistant technique in the beginning of the treatment, aiming at analgesia.
Key –words: Lypodystrophy; lymphatic draining; women.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................................................ IV RESUMO..................................................................................................................................V ABSTRACT............................................................................................................................VI LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................VIII LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ IX 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................................4 2.1 TECIDO EPITELIAL..........................................................................................................4 2.2 TECIDO CONJUNTIV O ...................................................................................................4 2.3 PELE ...................................................................................................................................5 2.3.1 EPIDERME .....................................................................................................................7 2.3.2 DERME ............................................................................................................................7 2.3.3 HIPODERME ..................................................................................................................9 2.3 MICROCIRCULAÇÃO DA PELE....................................................................................9 2.4 FIBRO EDEMA GELÓIDE ............................................................................................ 10 2.4.1 HISTOLOGICAMENTE .............................................................................................. 11 2.4.2 ETIOPATOLOGICAMENTE ...................................................................................... 11 2.4.3 CLINICAMENTE.......................................................................................................... 12 2.5 ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS .......................................................................... 12 2.6 ETIOPATOGENIA DO FIBRO EDEMA GELÓIDE ................................................... 16 2.6.1 FATORES PREDISPONENTES .............................................................................. 17 2.6.2 FATORES DETERMINANTES................................................................................. 17 2.6.3 FATORES CONDIC IONANTES............................................................................... 18 2.7 CLÍNICA E DIAGNÓSE DO FEG ................................................................................ 20 2.8 SINAIS E SINTOMAS AO EXAME FÍSICO ............................................................... 21 2.9 LOCALIZAÇÕES............................................................................................................ 22 2.10 FORMAS CLÍNICAS.................................................................................................... 23 2.11 GRAUS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE.................................................................... 24 2.12 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS ............................................................................ 25 2.13 SISTEMA LINFÁTICO................................................................................................. 26 2.14 FISIOLOGIA LINFÁTICA ............................................................................................ 27 2.14.1 OS LINFÁTICOS DO MEMBRO INFERIOR........................................................ 28 2.14.2 OS GÂNGLIOS L INFÁTICOS DO MEMBRO INFERIOR.................................. 30 2.15 DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL.......................................................................... 30 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 35 4 RESULTADOS .................................................................................................................. 37 5 DISCUSSÃO...................................................................................................................... 43 6 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Drenagem Linfática do membro Inferior – vista anterior.............. 32 Figura 02. Drenagem Linfática do membro Inferior – vista posterior............ 32 Figura 03 e 04. Paciente A: Comparativo quanto ao aspecto da pele.................. 40 Figura 05 e 06. Paciente B: Comparativo quanto ao aspecto da pele.................. 41 Figura 07 e 08. Paciente C: Comparativo quanto ao aspecto da pele................. 42
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Relação da idade e estágio do fibro edema gelóide....................... 37
Tabela 02. Evolução das medidas de perimetria.............................................. 37 Tabela 03. Evolução dos testes especiais........................................................ 38
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
1
1 INTRODUÇÃO
O fibro edema gelóide (FEG) apresenta a seus pesquisadores problemas
patogênicos complexos e dúvidas quanto à sua etiologia. Estudando o problema sob
diversos aspectos, inúmeras teorias foram criadas, de acordo com diversos autores.
Não se pode falar em causa, visto que são uma série de alterações estruturais na
derme, microcirculação e nos adipócitos, não sendo possível isolar cada um desses
fatores, que somados, contribuem para o aparecimento do distúrbio.
De maneira geral pode-se dizer que trata-se de uma desordem localizada que
afeta o tecido dérmico e subcutâneo, com alterações vasculares e lipodistrofia com
resposta esclerosante, que dá origem ao aspecto macroscópico .
Do ponto de vista estético, o fibro edema gelóide é desagradável aos olhos,
além disso, ocasiona problemas álgicos, diminuição das atividades funcionais, evolui
para estágios avançados e provoca sérias complicações, podendo levar até a quase
total imobilidade dos membros inferiores, dores intensas e problemas emocionais.
Acontece uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo, não inflamatória
que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva. É como se o
organismo começasse a se defender das alterações que os adipócitos estão
sofrendo, entre elas: aumento de peso, compressão de vasos, necessidade de
sustentação. Inicia-se quando ocorre o aumento na célula de gordura, o adipócito,
devido ao aumento de líquido dentro dele, seu pH muda e começam as alterações
nas trocas metabólicas dentro do adipócito que encontra seu núcleo comprimido. A
luz dos vasos aumentam e o adipócito comprime as células nervosas, o que
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
2
justificaria a dor à palpação. Com esse aumento de tamanho ocorre a distensão do
tecido conjuntivo e com isso a perda da elasticidade. Dessa maneira, o organismo
irá responder a essas alterações formando tramas de colágeno que irão tentar
encapsular todo o extravasamento do adipócito, dando sustentação e abrindo assim
passagem para o sangue e descomprimindo as células nervosas. Forma-se, dessa
maneira, o aspecto “casca de laranja”, os nódulos, que são uma resposta do
organismo ao aumento de tamanho do adipócito. Se estes nódulos evoluem, formam
o aspecto “casca de nozes”, com aumento do número de tramas de colágeno. Dessa
forma, a pele perde a sua forma primitiva, aparecendo distúrbios funcionais, que
complicam a patologia.
No decorrer do FEG, podem acontecer distúrbios circulatórios, há congestão
nos vasos linfáticos, veias e capilares, ocasiona problemas álgicos, diminuição das
atividades funcionais, evolui para estágios avançados e provoca sérias
complicações, podendo levar até a perda de mobilidade dos membros inferiores,
dores intensas e problemas emocionais. Assim o fibro edema gelóide –
permanecendo sem tratamento – torna-se cada vez mais complicado: o que no início
era apenas uma alteração indolor e passageira das células da pele, desenvolve-se
com o passar dos anos para uma doença crônica, dolorosa.
Conhecida a fisiopatologia do fibro edema gelóide, entende-se que a
massagem de drenagem linfática pode trazer benefícios frente ao quadro de estase
sangüínea e linfática, pois promove analgesia, incremento na circulação sangüínea e
linfática, e aumento da maleabilidade tecidual.
Este trabalho justifica-se pela grande quantidade de queixas da maioria da
população feminina, que acarreta uma série de complicações, incluindo quadro de
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
3
dor, incapacidade de realizar suas atividades de vida diária e dificuldades de
convívio social. Assim, o objetivo deste trabalho é estudar os efeitos da drenagem
linfática manual no tratamento do fibro edema gelóide e auxiliar os profissionais da
área na escolha ou não desta modalidade, visando a melhora das disfunções que a
patologia acarreta.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 TECIDO EPITELIAL
O tecido epitelial pode ser classificado em duas categorias:
• membrana de revestimento;
• glandular.
Sua principal função é proteger as estruturas internas subjacentes do
organismo formando uma verdadeira barreira protetora. Também reveste as
cavidades naturais como: boca, as fossas nasais e o canal auditivo.
O epitélio é composto unicamente por células justapostas. Para que estas
células formem uma membrana contínua, suas camadas superficiais são unidas por
junções celulares. Este tecido tem como funções principais: revestimento, absorção,
secreção e sensorial (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2 TECIDO CONJUNTIVO
Os tecidos conjuntivos caracterizam-se por apresentarem diversos tipos de
células, separadas por abundante material intercelular e pela substância
fundamental amorfa. Banhando as células, há a existência de uma pequena
quantidade de fluído, o líquido intersticial (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
5
CIPORKIN e PASCHOAL (1992) afirmam que o tecido conjuntivo é formado
por cinco elementos: células, formações fibrilares, substância fundamental, vasos
sangüíneos, linfáticos e nervos; sendo as três últimas estruturas de estreita relação.
De acordo com CAMPOS (1992) as células são divididas em 2 categorias:
células fixas e células móveis. As Fibras podem ser do tipo: colágenas, proteína
mais abundante do corpo humano, sendo que a do tipo I é a mais comum na pele,
possuem pouca elasticidade; elásticas, são fibras que cedem a trações mínimas e
retornam a posição original após o término da força de tração e reticulares. É no
tecido conjuntivo subcutâneo que se iniciam as alterações que favorecerão o
surgimento do FEG.
São diversas as funções do tecido conjuntivo, tais como: sustentação,
preenchimento, defesa e nutrição. Este faz parte da formação dos tendões, dos
ligamentos, dos tecidos ósseos e do cartilaginoso. São as diversas variações do
tecido conjuntivo. O papel de nutrição decorre de sua íntima relação com os vasos
sangüíneos, onde através de difusão os nutrientes são levados até as camadas
superficiais do epitélio (JUNQUEIRA e CARNEIRO,1995).
2.3 PELE
De acordo com JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995), a pele é um dos maiores
órgãos em se tratando de superfície e peso, podendo atingir 16% do peso corporal
sendo dividida por camadas específicas. A pele origina-se de dois folhetos
embrionário, o ectodérmico e o mesodérmico. Do ectoderma derivam as estruturas
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
6
epiteliais: epiderme, pêlos, glândulas e unhas. Do ectoderma derivam a derme e a
hipoderme (AZULAY, 1999).
Dessa maneira, a pele é constituída basicamente de três camadas:
a. a epiderme, camada superficial;
b. derme;
c. hipoderme, camada mais profunda.
Segundo GUIRRO (2002), a pele possui diversas funções tais como:
• proteção contra agentes físicos, químicos e biológicos do ambiente
(relativamente impermeável);
• termorregulação;
• excreção;
• sensibilidade tátil;
• produção de vitamina D.
Para BRUHNS et al (1994) a pele é o maior “aparelho” do corpo humano se
for considerado que ela tem também como função promover a respiração corporal,
não absorvendo grandes quantidades de O2 como os pulmões, mas eliminando
constantemente células envelhecidas, suor e gases tóxicos.
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) a aparência da pele depende de uma
grande quantidade de fatores, entre eles: idade, sexo, clima, alimentação e do
estado de saúde do indivíduo.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
7
2.3.1 EPIDERME
A epiderme é dividida em 5 camadas, da mais profunda para a mais exterior
são elas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
1995). Segundo DÂNGELO e FATTINI (1987), na epiderme, as diferentes camadas
que a constitui mostram as fases pelas quais passam as células que vão sendo
substituídas continuamente: nas camadas superficiais elas morrem e se convertem
em escamas de queratina.
2.3.2 DERME
É uma espessa camada de tecido conjuntivo, com estruturas próprias, que
fica abaixo da epiderme e acima da hipoderme (AZULAY, 1999). A derme é rica em
fibras colágenas e elásticas que conferem à pele sua capacidade de distender-se
quando tracionada, voltando ao estado original desde que cesse a tração. A derme é
ricamente irrigada, com extensas redes capilares, vasos linfáticos e nervos
(DÂNGELO e FATTINI, 1987).
Segundo AZULAY (1999) a derme pode ser dividida em três camadas
distintas:
• camada papilar, mais superficial, delgada e menos vascularizada, onde
predominam as células e os feixes de colágeno (mais finos e dispostos em
sentido vertical);
• camada reticular, mais profunda, mais espessa e vascularizada, é constituída
de feixes de colágeno mais grossos e dispostos no sentido horizontal;
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
8
• camada adventicial, que se dispõe em torno dos folículos pilosebáceos,
glândulas e vasos, e é constituída de feixes finos de colágenos, como na
derme papilar.
Para GUIRRO e GUIRRO (2002), as principais camadas são papilar, mais
superficial, e a reticular, mais profunda. Ambas as camadas contém muitas fibras
elásticas, responsáveis em parte, pela elasticidade da pele.
As fibras colágenas representam 70% da derme, as fibras elásticas estão
misturadas com as colágenas e apresentam alto grau de distensibilidade, enquanto
que as colágenas são fibras mais resistentes. As principais células da pele são as
células mesenquinais, os fibroblastos, os histiócitos e mastócitos. Os fibroblastos
são células responsáveis pela síntese das fibras colágenas, elásticas e reticulares.
Os histiócitos são células fagocitárias que participam do processo de defesa da pele
(GUIRRO, 2002).
De acordo com CAMPOS (1992) o tecido com FEG encontra-se com aumento
em número e volume de células adiposas; lipoedema e dissociação de lóbulos
adiposos; espessamento e proliferação das fibras colágenas interadipocitárias e
interlobulares que provocam um engurgitamento tecidual; vasos linfáticos e capilares
ectásicos; rede de esclerose fibrilar; lipodistrofia e liponecrose; rompimento das
fibras elásticas; tecido mal oxigenado, desorganizado e sem elasticidade, resultante
do mal funcionamento circulatório e das consecutivas transformações do conjuntivo.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
9
2.3.3 HIPODERME
Conhecida também como tela subcutânea, é a camada mais profunda da
pele, situada abaixo e em continuidade com a derme, é responsável por oferecer
suporte e união aos órgãos subjacentes e permitir o deslizamento da pele sobre as
estruturas na qual se apóia. A hipoderme é uma camada rica em tecido adiposo, que
representa reserva energética, protege o organismo contra choques e atua ainda
como isolante térmico, entretanto, a quantidade de tecido adiposo varia nas
diferentes partes do corpo (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
2.3 MICROCIRCULAÇÃO DA PELE
Existem dois plexos arteriais que suprem a pele: um que se situa no limite
entre a derme e a hipoderme e outro entre as camadas papilar e reticular. Deste
último plexo partem finos ramos para as papilas dérmicas.
Distinguem-se três plexos venosos na pele, dois na posição descrita para as
artérias e um na região da derme. O sistema de vasos linfáticos inicia-se nas papilas
dérmicas e converge para um plexo entre as camadas papilar e reticular (GUIRRO e
GUIRRO, 2002).
Para CAMPOS (1992) no tecido com fibro edema gelóide a circulação se
encontra comprometida devido as progressivas transformações ocorridas no tecido
conjuntivo.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
10
2.4 FIBRO EDEMA GELÓIDE
HERMITTE (1988) cita em seu artigo vários autores, dentre eles o estudo de
Balfur que em 1816 já havia descrito as formações nodulares cutâneas, Derum, que
descreveu em 1892 uma síndrome “adiposidade dolorosa” que seguramente tratava-
se de celulite e, por último, Wetterwald que, ainda em 1908, relacionou alterações
ginecológicas com a formação da pele em “casca de laranja” .
Alguns outros termos são utilizados para designar a celulite, na tentativa de
adequar o nome às alterações histomorfológicas encontradas: lipodistrofia
localizada, hidrolipodistrofia ginóide, paniculopatia edemato-fibroesclerótica e
paniculose, lipoesclerose nodular, lipodistrofia ginóide. No entanto, a denominação
fibro edema gelóide tem-se demonstrado como o conceito mais adequado para
descrever o quadro, pois retrata de forma abrangente os achados histopatológicos
descritos por diversos autores (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Sánches e colaboradores (1994) definem a celulite como uma dermatose de
coxas e nádegas, antiestética, que afeta a epiderme, a derme e a hipoderme, com
mecanismos patôgenicos iguais (CIPORKIN e PASCHOAL, 1992).
Diversos autores observaram que os tecidos cutâneo e adiposo são afetados
em graus diversos, portanto comprovadamente ocorre nesta disfunção uma série de
alterações estruturais na derme, na microcirculação e nos adipócitos. Essas
modificações não são apenas morfológicas, mas também histoquímicas, bioquímicas
e ultra-estruturais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Várias hipóteses foram propostas na tentativa de criar um modelo básico da
disfunção, onde todas alterações estruturais concernentes ao FEG venham a se
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
11
amoldar; entretanto, até o momento, nenhuma foi aceita como definitiva. Sem dúvida
trata-se de uma desordem localizada que afeta o tecido dérmico e subcutâneo, com
alterações vasculares e lipodistrofia com resposta esclerosante, que resulta no
inestético aspecto macroscópico.
O fibro edema gelóide, além de ser desagradável aos olhos, do ponto de vista
estético acarreta problemas álgicos nas zonas acometidas e diminuição das
atividades funcionais. É uma afecção que provoca sérias complicações, podendo até
a quase total imobilidade dos membros inferiores, além de dores intensas e
problemas emocionais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.4.1 HISTOLOGICAMENTE
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), é uma infiltração edematosa do tecido
conjuntivo subcutâneo, não inflamatória, seguida de polimerização da substância
fundamental que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva.
CIPORKIN e PASCHOAL (1992) consideram o FEG como um processo distrófico
autônomo do tecido conjuntivo adiposo da região dermo-hipodérmica.
2.4.2 ETIOPATOLOGICAMENTE
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), trata-se de um processo reativo da
substância fundamental resultante a uma alteração do meio interno, favorecido por
causas locais e gerais, em virtude do qual as glicosaminoglicanas que a integram
sofrem um processo de gelificação.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
12
A síntese de macromoléculas da matriz extracelular é de responsabilidade
dos fibroblastos. Acredita-se que uma alteração do fibroblasto causada por diversos
fatores faz com que as glicosaminoglicanas sofram alterações estruturais, elevando
seu poder hidrofílico e a pressão osmótica intersticial. Há então uma retenção hídrica
com conseqüente aumento da viscosidade, dificultando os intercâmbios celulares,
por compressão de vasos, e todas as implicações decorrentes dessa alteração da
matriz (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Para CIPORKIN e PASCHOAL (1992), o fibro edema gelóide possui uma
etiologia multifatorial, porém interligada, onde os fatores atuam em cima de
condições genéticas favoráveis, que somados a vários outros fatores endógenos e
exógenos, tanto gerais quanto locais, desencadeiam uma reação, em cascata lenta
e progressiva que recai sobre a região do tecido dermo-subdérmico.
2.4.3 CLINICAMENTE
Trata-se de um espessamento não inflamatório das capas subdérmicas, às
vezes doloroso que se manifesta em forma de nódulos ou placas de variada
extensão e localização. Por essa razão denomina-se esse processo de fibro edema
gelóide (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.5 ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS
ALQUIER e PAVIOT, em 1920, definiram o fibro edema gelóide como uma
distrofia celular complexa, não inflamatória do tecido mesenquimatoso,
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
13
acompanhada de uma alteração do metabolismo hídrico, ocasionando uma
saturação do tecido conjuntivo pelos líquidos intersticiais. Essa reação seria uma
resposta elementar do tecido conjuntivo a toda agressão, fosse traumática, tóxica,
infecciosa ou endócrina (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Para BINAZZI e CICIOLINI (1977), os aspectos clínicos e morfológicos
evolutivos do quadro sugerem a associação do FEG com insuficiência venosa
crônica no nível de membros inferiores: pela presença de telangectasias, micro-
hemorragias e sintomas de parestesias, câimbras, sensação de peso, dor à
palpação local e diminuição da temperatura tecidual nos locais afetados, detectados
por exames termográfico e infravermelho.
De acordo com GUIRRO e GUIRRO (2002) alterações microcirculatórias são
citadas freqüentemente nos estudos de vários autores, dentre as hipóteses sobre a
base fisiopatológica do fibro edema gelóide.
A análise do líquido intersticial na presença do FEG revela uma taxa de
concentração protéica superior à normal. Outro fator notadamente alterado é a
pressão intersticial, que se mostra elevada diante do quadro. As alterações
microcirculatórias podem ser desencadeadas por uma insuficiência de esfíncteres
pré-capilares, cuja função reguladora do fluxo sangüíneo encontra-se modificada
nas áreas afetadas pela moléstia.
A análise histopatológica de cem casos de fibro edema gelóide detectou
alterações nos extratos cutâneos: epiderme (hiperceratose e acantose), derme
(edema papilar, feixes de fibras colágenas adelgaçadas) e tela subcutânea
(mucoidose edematosa dos lóbulos adiposos, aliados à hipertrofia adipocitária).
Baseados em descobertas como o espessamento da membrana basal dos capilares
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
14
e vênulas dermo-hipodérmicas em 95% dos casos, semelhante à microangiopatia
diabética, é que os autores questionam a alteração metabólica dos glicídios como
fator predisponente do quadro (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
De acordo com CAMPOS (1992) o tecido com FEG encontra-se com aumento
do número e volume de células adiposas. Para GUIRRO e GUIRRO (2002) o tecido
encontra-se espesso e com proliferação das fibras de colágeno interadipocitárias e
interlobulares que provocam ingurgitamento dos tecidos, a circulação de drenagem é
sensivelmente reduzida, e os fibroblastos são encarcerados. As fibras elásticas
tornam-se frágeis e rompem-se. As fibras esclerosadas realizam um tipo de rede em
forma de força, que comprime os vasos e nervos. Este quadro gera uma aparência
nodulosa na epiderme. Para WINTER (2003), os nódulos nada mais são do que uma
resposta do organismo ao aumento de tamanho do adipócito e, se estes nódulos
evoluem, formam o aspecto “casca de nozes”, com aumento do número de tramas
de colágeno. Dessa forma, a pele perde a sua forma primitiva, aparecendo distúrbios
funcionais que complicam a patologia.
De acordo com GUIRRO e GUIRRO (2002), a dor ao contato em fases
avançadas é explicada pelo aumento da compressão nos nervos. O tecido com FEG
é mal-oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem elasticidade, que é resultado de
um mal funcionamento do sistema circulatório e das transformações do tecido
conjuntivo.
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) o fibro edema gelóide é subdividido em
quatro fases:
a. É uma fase breve, não é percebida pelos pacientes. Fase puramente
circulatória e de estase linfática. Há uma hipertrofia das células adiposas
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
15
devido ao acúmulo de lipídeos. Ocorre uma diminuição na drenagem do
líquido intercelular, ocasionando o inundamento do tecido. Esta é a fase
congestiva simples. A continuidade desta congestão implica uma compressão
dos vasos mais importantes, que tornam-se incapazes de desempenhar a sua
função normal e são obrigados a dilatar-se perante a dificuldade. A dilatação
e a distensão das paredes da rede venosa aumentam a sua permeabilidade,
o que resulta no escape para o tecido conjuntivo do líquido seroso,
aumentando assim a pressão, a congestão e os fenômenos de bloqueio.
Entra-se num círculo vicioso que evolui para a cronicidade da patologia;
b. Considerada a fase exsudativa. O líquido seroso lançado no tecido conjuntivo
contém todos os resíduos das diferentes células das regiões vizinhas. Estes
resíduos desempenham o papel de um corpo estranho no organismo e
provocam reações de defesa no tecido ocasionando o espessamento dos
septos interlobulares, proliferação das fibras colágenas, fazendo com que o
tecido adquira uma consistência gelatinosa, cada vez mais densa. É o
processo de floculação e de precipitação de substância amorfa do tecido
conjuntivo;
c. Considerada a fase nodular. A densificação do meio conjuntivo irrita as fibras
do tecido, que dissociam-se em fibrilas, provocando uma lesão acelerada. As
fibrilas se agregam em fibras colágenas e se distribuem em arranjos
capsulares em torno de grupos de adipócitos, formando os micronódulos.
Origina-se um verdadeiro tecido adiposo, de malhas muito cerradas, muito
densas, comprimindo todos os elementos do tecido conjuntivo, artérias, veias
e nervos;
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
16
d. Com a continuidade do processo ocorre um espessamento do tecido
conjuntivo interadipocitário. O tecido adiposo torna-se mais cerrado, endurece
continuamente e com o tempo ocorre esclerose das traves conjuntivas e
formação de macronódulos, pela confluência de muitos micronódulos. De
acordo com SALGADO (2002) forma-se um tecido duro, firme, estanque,
aprisionado nas suas malhas, sem qualquer chance de libertação, ou seja,
irreversível. Com o tecido muito denso é produzida uma irritação contínua nas
terminações nervosas resultando em dores à palpação.
2.6 ETIOPATOGENIA DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Para ROSSI e VERGNANINI (2000) e QUERLEUX et al (2002) o fibro edema
gelóide é um tópico extremamente controvérsio, pois envolve uma série de fatores
relacionados com sua etiopatogenia e, de acordo com GUIRRO e GUIRRO (2002)
não é possível isolar cada um desses fatores, que somados, contribuem para o
aparecimento do distúrbio.
CIPORKIN e PASCHOAL (1992) propõem um enfoque global quanto a
etiologia do fibro edema gelóide e, segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) pode-se
traçar uma etiologia para o FEG subdividindo os fatores que provavelmente
desencadeiam o processo.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
17
2.6.1 FATORES PREDISPONENTES
a. Genéticos: para CIPORKIN e PASCHOAL (1992) a herança genética está
presente nas diferentes formas de obesidade e nas de celulite e que esta
característica herdada determinaria a estrutura corporal do tecido adiposo. Os
autores também associam os fatores étnicos com as características
hereditárias;
b. Sexo: as mulheres são preferencialmente atingidas pelo FEG devido ao fato
de terem duas vezes mais células adiposas que o homem (CAMPOS,1992);
c. Idade: de acordo com CAMPOS (1992) quanto mais avançada a idade maior
poderá ser o agravamento das condições do fibro edema gelóide;
d. Desequilíbrios hormonais.
2.6.2 FATORES DETERMINANTES
a. Estresse: segundo CAMPOS (1992) qualquer forma de stress provoca uma
alteração glandular que leva a retenção hídrica, facilitando o processo
infiltrativo;
b. Fumo: provoca vasoconstrição dos vasos diminuindo a circulação e facilitando
o processo do distúrbio (CAMPOS, 1992);
c. Sedentarismo: de acordo com CAMPOS (1992) a falta de exercício físico
diminui a capacidade circulatória, diminuindo a drenagem e a oxidação de
toxinas;
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
18
d. Desequilíbrios glandulares e metabólicos: para CAMPOS (1992) diabetes,
hipotireoidismo e altas dosagens de cortisona determinam o surgimento do
FEG;
e. GUIRRO e GUIRRO (2002) acrescentam os maus hábitos alimentares e
disfunção hepática como forma facilitadora ou de agravamento para as
infiltrações teciduais.
2.6.3 FATORES CONDICIONANTES
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) os fatores citados anteriormente dão
origem a alterações hemodinâmicas locais que podem:
a. aumentar a pressão capilar;
b. dificultar a reabsorção linfática promovendo a transudação da linfa nos
espaços intersticiais.
Estes fatores provocam alterações no tecido conjuntivo, fazendo com que ele
retenha mais água, ocasionando um trânsito de líquidos na região e promovendo a
facilitação da deposição de gordura no local.
É importante analisar as diversas teorias quanto a origem do fibro edema
gelóide para, então, perceber a evolução que se deu nas pesquisas dessa área.
CAMPOS (1992), CIPORKIN e PASCHOAL (1992) e GUIRRO (2002) consideram 6
teorias:
• Teoria Alérgica: LAGÉZE (1929) reconheceu três estados no processo:
presença de soro no espaço intersticial, fibrose e retração esclerótica e
afirmou a hipótese alérgica do FEG.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
19
• Teoria Tóxica: LAROCHE e MEURS BLATTER (1941) diferenciaram
adiposidade localizada e fibro edema gelóide e sugeriram uma etiologia
hepática;
• Teoria Circulatória: MERLEN (1958) e outros referem que o FEG possui
uma etiologia hemodinâmica de natureza alérgica. Foi observado alterações
escleróticas nas formações endoarteriais, o que explicaria as anormalidades
circulatórias, o transudato capilar e a esclerose da malha fibrilar pericapilar;
• Teoria Metabólica: DUVAL (1954) invoca uma perturbação nutritiva
histológica de natureza metabólica e de caráter distrófico. Esse desvio
metabólico levaria a uma diminuição do anabolismo protéico e aumento do
anabolismo lipídico;
• Teoria Bioquímica: Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) , quaisquer que
sejam as causas, o fibro edema gelóide resulta, em última instância, de um
perturbação da fisiologia molecular no íntimo da matriz intercelular conjuntiva,
e, muito especialmente, de uma polimerização dos mucopolissacarídeos;
• Teoria Hormonal: O FEG foi, de início, considerada como resultante de uma
deficiência glandular (RICOUX, 1936 e PARTURIER, 1943) e , depois,
atribuída a um estado de hiperfunção hormonal (KERMORGANT, 1978),
porém nenhuma prova apoiava tais afirmações e as hipóteses não resistiram
ao exame clínico.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
20
2.7 CLÍNICA E DIAGNÓSE DO FEG
Uma das funções exercidas pelo tecido conjuntivo é a de ligação entre os
planos musculares e o revestimento cutâneo. As transformações sofridas por este
tecido, principalmente o aumento da sua densidade, em vez de permitir a mobilidade
da pele, fixam-na aos planos profundos, diminuindo, dessa maneira, sua mobilidade.
Essas alterações nem sempre acontecem por igual, de forma que a pele apresentará
um aspecto acolchoado, o pregueamento cutâneo, um espessamento aparente,
irregular, que demonstra uma sucessão de saliências e depressões, que
correspondem ao edema intercelular, hipertrofia e hiperplasia adipocitária, além da
fibro-esclerose (GUIRRO e GUIRRO, 2002)
Há quatro evidências clínicas encontradas na palpação do fibro edema
gelóide, classicamente conhecidas como “tétrade de Ricoux”, são elas:
• Aumento da espessura do tecido celular subcutâneo;
• Maior consistência tecidual;
• Maior sensibilidade à dor;
• Diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos (GUIRRO
e GUIRRO, 2002).
Quando há repercussão a nível circulatório periférico, o paciente apresenta
sintomas gerais como fadiga, astenia, sensação de peso nas pernas, tensão e às
vezes dores espontâneas difusas que aumentam de intensidade com o repouso,
podendo chegar a cãibras noturnas (CIPORKIN e PASCHOAL, 1992).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
21
2.8 SINAIS E SINTOMAS AO EXAME FÍSICO
De acordo com GUIRRO e GUIURRO (2002) os sinais patológicos da celulite
são facilmente verificáveis por testes simples e seguros. Em certos estágios não é
necessário teste algum, pois o simples olhar permite identificar a infiltração celulítica.
CAMPOS (1992) e GUIRRO e GUIRRO (2002) defendem que deve-se
abordar o paciente de modo global, começando pela anamnese, que deverá ser
completa. Além da anamnese que é de fundamental importância realiza-se a
inspeção e a palpação, juntamente com a anotação dos sintomas clínicos, o exame
do peso e altura, da postura, da força muscular abdômino-lombar, segmentar e
pelvitrocanteriana e da perimetria dos membros inferiores e abdome.
a. No exame físico é importante a realização da inspeção e palpação.
b. Inspeção: Deve ser feita com a paciente na posição ortostática. Encontra-se
uma superfície irregular, ondulada, pele acolchoada com depressões
alternadas com protuberâncias. As seguintes características podem ser
observadas durante a palpação: "Pele em casca de laranja", aspecto
acetinado, estrias, equimoses e microvarises (CIPORKIN e PASCHOAL,
1992). Além das alterações de relevo inspecionam-se alterações associadas,
como: coloração tecidual, varizes, equimoses, estrias, tonicidade muscular,
dor à palpação (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
c. Palpação: A palpação deve ser feita por pinçamento, palpação profunda,
pressão deslizante ou palpação deslizante com movimentos de rolamento
(CIPORKIN e PASCHOAL, 1992). De acordo com os autores são encontrados
os quatro sinais clássicos da tétrade de Ricoux. GUIRRO e GUIRRO (2002)
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
22
acrescentam que podem ser encontrados numerosos nódulos muito duros,
semelhantes a grãos de chumbo, que são os nódulos do infiltrado tecidual.
O primeiro teste para reconhecer o fibro edema gelóide consiste no teste da
casca de laranja, onde pressiona-se o tecido adiposo entre os dedos polegar e
indicador ou entre as palmas das mãos, e a pele se parecerá com uma casca de
laranja, com aparência rugosa.
O outro teste realizado é o teste de preensão. Após a preensão da pele
juntamente com a tela subcutânea entre os dedos, faz-se um movimento de tração.
Se a sensação dolorosa for mais incômoda do que o normal, este também é um
sinal da presença do FEG, onde já se encontra alteração da sensibilidade.
Geralmente os sintomas de acometimento restringem-se à presença de
nódulos nos membros ou locais afetados. Também podem estar presentes fadiga e
aumento dos sintomas no período pré-menstrual (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.9 LOCALIZAÇÕES
O fibro edema gelóide pode aparecer em qualquer parte do corpo, com
exceção das palmas das mãos, planta dos pés e couro cabeludo, porém, de acordo
com GUIRRO e GUIRRO (2002) e GOLDMAN (2002) são atingidas com maior
freqüência a porção superior das coxas, interna e externamente, a porção interna
dos joelhos, região abdominal, região glútea e porção superior dos braços, ântero e
posteriormente.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
23
2.10 FORMAS CLÍNICAS
De acordo com GUIRRO e GUIRRO (2002) entende-se por formas clínicas do
fibro edema gelóide o aspecto aparente, as manifestações visíveis, condicionadas
pela textura das próprias lesões.
CAMPOS (1992) diferencia as formas clínicas do FEG segundo LEONARD
(1970) e GUIRRO e GUIRRO (2002) em compacta, flácida, mista e edematosa, de
acordo com as alterações encontradas em cada tipo, são elas:
a. Compacta ou dura – é encontrada em pessoas com bom trofismo muscular,
em atletas e grandes obesos. É mais localizada e não muda de posição
conforme a mudança de decúbito. Os nódulos parecem duros com pouca
mobilidade. É mais dolorida e o prognóstico é pior pois é de difícil mobilização
do tecido (CAMPOS, 1992).
b. Flácida – é encontrada em pacientes sedentários, com trofismo muscular
pobre e em pacientes emagrecidos. Acomete uma área de extensão maior,
muda de posição de acordo com a alteração de decúbito. Os nódulos se
mobilizam com a palpação, sob o tecido subepidérmico. É comum vir
associada a telangiectasia, pela própria falta de atividade física que leva a
diminuição da circulação. É de melhor prognóstico (CAMPOS, 1992).
GUIRRO e GUIRRO (2002) afirmam ser essa a forma clínica mais importante,
tanto em número quanto nas manifestações aparentes.
c. Mista – Segundo CAMPOS (1992) pode-se encontrar os dois tipos acima
numa mesma pessoa. Ex. Compacta no glúteo e flácida na face interna da
coxa.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
24
d. Edematosa – Sempre vem associada a um linfoedema, os membros
apresentam-se em forma de coluna. Apresenta aspecto pastoso, e, segundo
CAMPOS (1992), é de péssimo prognóstico.
2.11 GRAUS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) a classificação do fibro edema gelóide
pode ser dividida em três ou quatro graus, de acordo com as alterações clínicas e
histopatológicas. Entretanto, a classificação em apenas três graus, a qual apresenta
as alterações clínicas mais marcantes, é a classificação mais condizente com a
anamnese de rotina nas clínicas.
CAMPOS (1992) e GUIRRO e GUIRRO (2002) citam a classificação de
ULRICH (1982) conforme a gravidade das lesões teciduais que surgem em três
estágios:
• 1º Grau ou branda – é de aspecto visível somente à palpação ou sob
contração muscular voluntária, não tem fibrose, tem aspecto de "casca de
laranja".
• 2º Grau ou média – é de aspecto visível em algumas regiões e apresenta
fibroses sem predominância. É também visível quando ocorre incidência de
luz lateralmente, nesse caso as margens são facilmente delimitadas. Pode
ocorrer alteração de sensibilidade.
• 3º Grau ou grave – há fibrose com predominância, aspecto de "casca de
nozes", o paciente apresenta sensibilidade a dor aumentada. É considerada
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
25
por ULRICH (1982) como incurável ainda que passível de melhora, enquanto
que a branda é sempre curável e a média, freqüentemente curável.
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) os estágios do FEG não são totalmente
delimitados, podendo ocorrer uma sobreposição de graus em uma mesma área de
uma mesma paciente.
2.12 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS
De acordo com QUERLEUX et al (2002) e ROSSI e VERGNANINI (2000)
pouco é conhecido sobre a celulite e ainda existem muitas questões controvérsias
em discussão, e DRAELOS e MARENUS (1997) afirma que muitas pesquisas ainda
devem ser realizadas antes que qualquer tratamento possa ser validado como
efetivo clinicamente. De acordo com AMAD e ALLEVATO (1998), GOLDMAN (2002)
e TAKAHASHI et al (2003), para o tratamento do fibro edema gelóide faz-se
necessária toda uma mudança de hábitos, como realização de exercícios e correção
de fatores alimentares, além de tratamento dos fatores vasculares, hormonais e
psicológicos (estresse).
GUIRRO e GUIRRO (2002) afirmam que o FEG é um distúrbio de origem
multifatorial, sendo assim, os melhores resultados são obtidos com procedimentos
variados e complementares entre si. O tratamento do fibro edema envolve diversos
profissionais para que se obtenha bons resultados.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
26
2.13 SISTEMA LINFÁTICO
No corpo humano, além do sistema circulatório sangüíneo, temos o sistema
linfático, formado por um conjunto de canais que formam uma densa rede capilar por
todo o organismo tendo seu ponto “início-fim” nos coletores pré e pós-linfáticos, os
gânglios linfáticos (BRUHNS et al, 1994).
De acordo com FERRANDEZ et al (2001) o sistema linfático está presente em
todas as regiões dos membros. A pele, o tecido subcutâneo, as aponeuroses, os
músculos, os tendões, os ossos, as articulações, as cápsulas articulares e suas
dependências ligamentares, os nervos e os próprios vasos são objeto de uma
cobertura linfática.
O sistema linfático consiste de um conjunto particular de capilares, vasos
coletores, troncos linfáticos e linfonodos que servem como filtros do líquido coletado
pelos vasos e pelos órgãos linfóides que são encarregados de recolher, na
intimidade dos tecidos, o líquido intersticial e reconduzi-lo ao sistema vascular
sangüíneo. Quando o líquido intersticial passa para dentro dos capilares recebe o
nome de linfa, que apresenta uma composição semelhante ao plasma sangüíneo. A
linfa difere do sangue justamente por não conter células sangüíneas.
A linfa absorvida nos capilares linfáticos é transportada para os vasos pré-
coletores e coletores, passa através de vários linfonodos, sendo aí filtrada e
recolocada na circulação até atingir os vasos sangüíneos (GUIRRO e GUIRRO,
2002).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
27
2.14 FISIOLOGIA LINFÁTICA
Para BRUHNS et al (1994) o sistema linfático não possui um elemento de
bombeamento tal como o sistema circulatório sangüíneo. A circulação linfática é
produzida por meio de contrações do sistema muscular ou de pulsações de artérias
próximas aos vasos linfáticos.
O sistema linfático tem como função reabsorver e encaminhar para a
circulação tudo aquilo que o capilar não consegue recuperar do desequilíbrio entre a
filtração e a reabsorção. É seu papel transportar as células mortas, as células
imunocompetentes, as partículas inorgânicas, as proteínas, os lipídeos, as bactérias,
os vírus, os produtos do catabolismo.
De acordo com FERRANDEZ et al (2001) o sistema linfático é responsável
por bombear o interstício e deslocar o líquido reabsorvido pelos canais, para reinjetá-
lo na circulação sangüínea. Podemos, então, citar duas fases de sua fisiologia:
• o bombeamento, realizado pelo linfático inicial;
• a contração, realizada pela rede coletora.
Segundo LEDUC e LEDUC (2000) a linfa é reabsorvida por vasos linfáticos
distribuídos em todo o corpo, os capilares linfáticos ou vasos linfáticos iniciais. Estes
desembocam em vasos que transportam a linfa, os pré-coletores ou pós-capilares,
que, por sua vez, desembocam nos coletores.
A contração espontânea do vaso coletor é essencialmente miogênica. Os
mecanismos que controlam a contração muscular são múltiplos e não são todos
conhecidos.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
28
O enchimento prévio do vaso coletor também faz parte da qualidade da
contração. O aumento do volume do ventre muscular é responsável pela elevação
da pressão endovascular. Em resposta a essa distensão o linfângio se contrai, é
uma das explicações para a eficácia da técnica de drenagem linfática manual.
Para FOLDI et al (1985) o trabalho do linfático pode aumentar até um certo
valor, além do qual ele diminui. O aumento da pressão não é mais compensado,
nem pelo aumento da freqüência de contração, nem pelo aumento da vazão. Dessa
maneira, o linfático torna-se deficiente.
Para BRUNHS et al (1994) em função de uma baixa atividade física, ou seja,
baixa atividade muscular, pode-se causar uma circulação linfática pouco intensa e
um conseqüente aumento da viscosidade do fluido linfático, gerando assim um
aumento das áreas inflamadas que podem, com o passar do tempo e sem os
cuidados necessários, colaborar intensamente para o aumento do fibro edema
gelóide.
2.14.1 OS LINFÁTICOS DO MEMBRO INFERIOR
Os linfáticos do membro inferior compreendem:
• Os coletores superficiais satélites da safena interna, que vão em direção aos
coletores inguinais
• Os coletores superficiais da safena externa, que vão em direção aos gânglios
linfáticos poplíteos
• Os coletores da região glútea.
Os coletores profundos dividem-se em:
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
29
• Os que acompanham os vasos (ou principais)
• Os denominados vias acessórias.
Ligados à via principal:
• Os que acompanham a artéria nutritiva do osso
• Da membrana interóssea
• Os que acompanham as artérias plantares
• Que acompanham a anastomose entre a artéria pediosa e a artéria plantar
externa
• Que acompanham a artéria tibial anterior
• Satélites da artéria tibial posterior que chegam ao gânglio poplíteo mais
externo. Os linfáticos satélites dos vasos femorais aumentam em quantidade
à medida que aumentam as colaterais. A maior parte deles alcança os
gânglios inguinais, outros os contornam e desembocam nos gânglios ilíacos
externos.
As vias acessórias compreendem:
• Os linfáticos satélites da artéria obturadora que desembocam no grupo interno
de gânglios ilíacos externos
• Os linfáticos satélites da artéria isquiática que desembocam nos gânglios
ilíacos internos
• Os linfáticos satélites da artéria glútea que podem chegar aos gânglios
linfáticos e àqueles da ilíaca comum.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
30
2.14.2 OS GÂNGLIOS LINFÁTICOS DO MEMBRO INFERIOR
Os gânglios inguinais - dividem-se em superficiais e profundos, e estão
religados ao grupo interno dos gânglios ilíacos. Os gânglios poplíteos - localizam-se
sob a aponeurose, entre a safena externa e o nervo poplíteo externo e outros mais
profundos e, finalmente, o gânglio tibial anterior - encontra-se no nível da membrana
interóssea e, portanto, nitidamente sob a aponeurose (LEDUC e LEDUC, 2000).
2.15 DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL
O método de drenagem linfática manual foi desenvolvido em 1932 pelo
terapeuta dinamarquês Vodder, que observou que a maioria de seus pacientes
sofria de constipação, retenção de líquidos e apresentavam os gânglios linfáticos
alterados. Ele passou a tratar seus pacientes intuitivamente com massagens que
estimulavam estes gânglios atingindo grandes êxitos com diversos pacientes. Seu
método foi desenvolvido e se tornou muito eficaz (GODART et al, 1970).
De acordo com GUELFI e SIMÕES (2002) é um método de massagem
altamente especializado, realizado através de pressões suaves, lentas e rítmicas,
que seguem o trajeto do sistema linfático. Isto proporciona a drenagem de líquidos e
a estimulação de defesa imunológica, aumentando a diurese, a eliminação de
toxinas e desenvolvendo com isso o equilíbrio do organismo.
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) “a massagem de drenagem linfática é
de grande valia no tratamento do fibro edema gelóide diante do quadro de estase
sangüínea e linfática”. A massagem promove analgesia e incremento na circulação
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
31
sangüínea e linfática, além de aumento da maleabilidade tecidual. Deve ser
realizada de maneira intermitente, suave e superficial, a princípio, visando a
dissensibilização.
Para GUIRRO e GUIRRO (2002) a elevação do segmento corpóreo facilita a
drenagem venosa e linfática, não relacionada às mudanças de pressão efetiva
naquele vaso, mas devida, exclusivamente, ao efeito hidrostático. Por outro lado,
ABRANSON (1965) coloca que a não elevação do segmento corpóreo resulta na
estase venosa e linfática, com drenagem reduzida. Como conseqüência, no sistema
venoso haverá um aumento na pressão com aumento da pressão hidrostática. O
ideal é associar as técnicas de drenagem linfática com a elevação do segmento
(GUIRRO e GUIRRO,2002).
O objetivo básico da massagem no fibro edema linfático é drenar o excesso
de líquido acumulado nos espaços intersticiais, mantendo o equilíbrio das pressões
tissulares e hidrostática.
A pressão mecânica da massagem elimina o excesso de fluido e diminui a
probabilidade de fibrose, expulsando o líquido do meio tissular para os vasos
venosos e linfáticos.
O sentido da drenagem (Figuras 1 e 2) deve ser obedecido, a direção e o
sentido da pressão deve acompanhar o fluxo da circulação venosa e linfática,
lembrando que o sistema linfático é um sistema de “mão única” (GUIRRO e
GUIRRO, 2002).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
32
FIGURA 1 - Drenagem linfática do membro inferior – vista anterior
Fonte: LEDUC A.; LEDUC O. Drenagem Linfática . São Paulo: 2000
FIGURA 2 - Drenagem linfática do membro inferior – vista posterior
Fonte: LEDUC A.; LEDUC O. Drenagem Linfática . São Paulo: 2000
A drenagem linfática manual representada pela técnica de Leduc é baseada
no trajeto dos coletores linfáticos e linfonodos, associando basicamente duas
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
33
manobras: manobras de captação ou de reabsorção e manobras de evacuação ou
de demanda.
a. Captação ou reabsorção – os dedos imprimem sucessivamente uma pressão,
sendo levados por um movimento circular do punho.
b. Evacuação ou demanda – os dedos desenrolam-se a partir do indicador até o
anular, tendo contato com a pele que é estirada no sentido proximal ao longo
da manobra (LEDUC e LEDUC, 2000).
LEDUC preconiza a utilização de cinco movimentos. A combinação destes
movimentos forma seu sistema de massagem:
• Drenagem dos linfonodos – é realizada através do contato direto dos dedos
indicador e médio do terapeuta com a pele do paciente, posicionados sobre
os linfonodos e vasos linfáticos de maneira perpendicular. É executada com
pressão moderada e de forma rítmica, baseada no processo de evacuação.
• Movimentos circulares com os dedos – realizados de maneira circular e
concêntrica, utilizando desde o dedo indicador até o mínimo.
• Movimentos circulares com o polegar – realizada da mesma maneira que a
anterior, só que com o polegar.
• Movimentos combinados – executada através da combinação dos dois
movimentos descritos anteriormente.
• Bracelete – mais utilizada quando o edema atinge grandes áreas. Pode ser
feita uni ou bimanual de acordo com a necessidade (GUIRRO, 2002 e LEDUC
e LEDUC, 2000).
A massagem de drenagem linfática é indicada nos casos de: edemas,
linfedemas, fibro edema gelóide, queimaduras, enxertos, acne; e é contra-indicada
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
34
nos casos de: processos infecciosos, neoplasias, trombose venosa profunda,
erisipela (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
35
3 METODOLOGIA
Toda a coleta de dados para o estudo foi realizada nas dependências da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). As demais atividades
foram desenvolvidas na Clínica de Fisioterapia da mesma instituição.
No mês de outubro de 2003 foram selecionadas três pacientes do sexo
feminino, com idades entre 19 e 21 anos para participarem deste estudo. As três são
mulheres jovens, solteiras, sem filhos, não tabagistas. São pacientes sadias, sem
história de processos infecciosos, trombose venosa profunda, erisipela e não
realizaram qualquer outro tipo de intervenção física durante o tratamento.
Foi realizada avaliação fisioterapêutica que constou de: identificação;
investigação sobre possíveis patologias dos sistemas circulatório, urinário,
hepatodigestivo, dermatológico, neurológico, osteoarticular e ginecológico; uso de
medicamentos; exame físico; testes específicos.
O exame físico constou de: inspeção e palpação e perimetria. A inspeção foi
realizada com as pacientes em posição ortostática, com mínima roupa (para melhor
visualização do problema), nas vistas anterior, lateral e posterior. As imagens foram
registradas através de fotografias, que foram repetidas na última reavaliação para
comparação. A palpação foi realizada com as pacientes em decúbito dorsal e
ventral, onde foram realizados os testes específicos: teste da casca de laranja e
teste de preensão. As alterações foram anotadas em um prontuário.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
36
A perimetria foi realizada através de fita métrica, com as pacientes em
posição ortostática, em duas áreas específicas: glúteos e coxas, sendo que, para
cada área foram usados dois pontos como referência, da seguinte maneira:
• Glúteos: o púbis anteriormente e o ponto mais alto do glúteo posteriormente;
• Coxas: 10 cm e 20 cm acima da região suprapatelar.
Com base em informações da literatura foi feito o diagnóstico, sendo que:
Em seguida, as pacientes assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido e foram submetidas ao protocolo de intervenção fisioterapêutica. Tal
protocolo constou de técnicas de drenagem linfática manual de Leduc, conforme
manobras já descritas anteriormente, em toda a circunferência das coxas acima da
região suprapatelar e nos glúteos. A manobra do bracelete foi utilizada com a
finalidade de atingir a circunferência inteira das coxas, primeiro em decúbito ventral e
depois em decúbito dorsal. A maca utilizada para a realização da drenagem tinha um
calço adaptado na parte de trás para que as pernas ficassem em leve elevação.
Este protocolo foi aplicado três vezes por semana durante nove semanas,
perfazendo um total de trinta sessões, com duração de trinta minutos para cada
terapia. A cada dez sessões foram feitas novamente as avaliações (inspeção,
palpação, perimetria e testes específicos) e, na última reavaliação as pacientes
foram fotografadas novamente, para verificação da evolução do tratamento.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
37
4 RESULTADOS
TABELA 1 – Relação das idades e estágios do fibro edema gelóide
Paciente Idade Estágio
A 19 1
B 21 2
C 19 3
A, B e C são respectivamente as pacientes A, B e C. Fonte: do autor.
Na tabela I, descreve-se as idades das pacientes e os respectivos estágios do
fibro edema gelóide de acordo com avaliações realizadas previamente.
TABELA 2 – Evolução das medidas de perimetria Perimetria 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 4ª avaliação
A
G CD1 CD2 CE1 CE2
98 48 55 50
57,5
97,5 46
53,5 47
54,5
97,5 45,5 53,5 46 54
97 45,5 53,5 46 54
B
G CD1 CD2 CE1 CE2
98,5 51,5 58,5 50,5 58
98 51 58 50 58
98 50 58
49,5 57,5
98 50
57,5 49,5 57,5
C
G CD1 CD2 CE1 CE2
112 54,5 64 56 65
112 55 64
55,5 65
112 54
63,5 55,5 64,5
111,5 54
63,5 55
64,5
G: glúteos; CD1: ponto 1 da coxa direita (10 cm acima da região suprapatelar); CD2: ponto 2 da coxa direita (20 cm acima da região suprapatelar); CE1: ponto 1 da coxa esquerda; CE2: ponto 2 da coxa esquerda. As medidas são expressas em cm. Fonte: do autor.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
38
Na tabela 2, ilustra-se a evolução da perimetria das pacientes, desde a
primeira até a última reavaliação.
TABELA 3 – Evolução dos testes específicos.
Testes Específicos 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 4ª avaliação
TC + + + + A
TP - - - -
TC + + + + B
TP + + - -
TC + + + + C
TP + + + - TC: teste da casca de laranja e TP: teste de preensão. Fonte: do autor.
Na tabela 3 é mostrado o resultado dos testes específicos das pacientes em
todas as reavaliações.
A paciente A: apresentava alterações leves de relevo na pele, em sua maior
parte visível somente através da contração muscular voluntária, sem alteração da
sensibilidade à palpação. Apresentou uma área em ambos os glúteos com grau 2,
no entanto foi classificada de acordo com o grau que apresentou em maior
proporção: grau 1.
Paciente B: apresentava alterações moderadas de relevo na pele, visíveis
mesmo sem a contração muscular ou a compressão dos tecidos, aumento da
espessura do tecido celular subcutâneo, maior consistência tecidual e dor à
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
39
palpação, especialmente na região de culotes, onde apresentou uma área com grau
3. Em sua maior porção apresentou alterações condizentes com o grau 2, sendo
assim ficou classificada como grau 2 de fibro edema gelóide.
Paciente C: apresentava alterações significantes de relevo da pele, visível em
posição ortostática ou em decúbito, com aumento da espessura do tecido celular
subcutâneo, maior consistência tecidual, diminuição da mobilidade da pele por
aderência aos planos mais profundos e dor à palpação. Foi classificada como grau
3.
Após ter aplicado o plano de tratamento e feita a análise dos resultados
perante as tabelas de evolução da perimetria, dos testes e os exames de inspeção e
palpação realizados, verificou-se os seguintes resultados:
• Paciente A: obteve a melhor resposta ao tratamento, com melhora
significativa da aparência e considerável diminuição da condição de relevo da
pele (Figura 3 e 4). Também foi possível observar que os melhores resultados
aconteceram nas 10 primeiras sessões de drenagem (1ª reavaliação). Da 11ª
à 20ª sessão (2ª reavaliação) não apresentou redução da perimetria de
glúteos e a de coxas obteve resultado de 20% em relação à redução
apresentada anteriormente. Nas dez últimas sessões (3ª reavaliação) não
apresentou melhora nos resultados da perimetria de coxas, no entanto
apresentou a mesma redução da perimetria de glúteo em relação à primeira
reavaliação (Tabela 2).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
40
FIGURAS 3 e 4 – Paciente A: Comparativo quanto ao aspecto da pele
Antes Depois
Fonte: do autor
• Paciente B: A paciente B obteve uma melhora moderada nos resultados do
FEG em comparação com a paciente A, mas também apresentou os
melhores resultados nas primeiras sessões. Obteve melhora moderada da
aparência e do aspecto de relevo da pele (Figuras 5 e 6), especialmente nas
regiões de grau 2 do fibro edema gelóide. Já nas regiões de grau 3 a melhora
foi reduzida. Na primeira reavaliação a paciente referiu diminuição do quadro
álgico (Tabela 3). O quadro foi melhorando e, na última reavaliação a paciente
não referia mais dor à palpação.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
41
FIGURAS 5 e 6 – Paciente B: Comparativo quanto ao aspecto da pele Antes Depois
Fonte: do autor
• Paciente C: Não obteve resultados satisfatórios após a aplicação do programa
de tratamento. Apresentou melhora discreta da aparência e da condição de
relevo da pele (Figuras 7 e 8), bem como nos resultados de perimetria
(Tabela 2). Em relação aos testes específicos, referiu diminuição da dor à
palpação após a 20ª sessão (Tabela 3).
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
42
FIGURAS 7 e 8 – Paciente C: Comparativo quanto ao aspecto da pele. Antes Depois
Fonte: do autor
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
43
5 DISCUSSÃO
O presente trabalho procurou verificar os resultados da drenagem linfática no
tratamento do fibro edema gelóide em mulheres jovens, visto que é uma queixa
muito freqüente da maioria delas, envolvendo uma série de complicações, como
problemas álgicos, diminuição das suas atividades de vida diária e problemas
emocionais, além do fator estético.
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) o fibro edema gelóide pode ser
caracterizado em três a quatro fases, sendo a fase 1 (branda) com poucas
alterações histopatológicas e só é visível pela compressão do tecido entre os dedos
ou pela contração muscular voluntária, no entanto, pode evoluir com alterações
teciduais para graus mais avançados. Neste estudo as pacientes foram selecionadas
de acordo com as alterações encontradas em cada uma delas e diagnosticadas de
acordo com os graus de acometimento do fibro edema gelóide.
GUIRRO e GUIRRO (2002) afirmam que no decorrer do FEG, podem
acontecer distúrbios circulatórios, há congestão nos vasos linfáticos, veias e
capilares. Assim o edema fibro gelóide – permanecendo sem tratamento – torna-se
cada vez mais complicado: o que no início era apenas uma alteração indolor e
passageira das células da pele, desenvolve-se com o passar dos anos para uma
doença crônica, dolorosa. Esse quadro foi verificado com as paciente, sendo que a
paciente A apresentava alterações praticamente imperceptíveis, a paciente B
apresentava um quadro um pouco mais complicado e leve algia à palpação. Já a C
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
44
apresentava complicações mais severas, com pouca mobilidade tecidual e quadro
de algia mais acentuado.
SALGADO (2002) afirma que, com essa evolução vai formando-se um tecido
duro, firme, estanque, aprisionado nas suas malhas, até que atinge a fase 3 (grave),
com predominância de fibrose, forma-se um verdadeiro tecido adiposo de malhas
muito cerradas que comprimem todos os elementos do tecido conjuntivo, artérias,
veias e nervos (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Para SALGADO (2002), um tecido sem
qualquer chance de libertação, ou seja, irreversível. É considerada por ULRICH
(1982) como incurável ainda que passível de melhora, enquanto que a branda é
sempre curável e a média, freqüentemente curável. De fato, foi verificado que a
paciente A obteve a melhor resposta ao tratamento, com reduções das alterações
bastante significativas. A paciente B apresentou uma resposta moderada em relação
à paciente A e também levou mais tempo para alcançar estes resultados. Já a C não
obteve melhora significativa, no entanto, referiu diminuição do quadro de dor.
Também é importante salientar que os efeitos da drenagem linfática foram
observados até a 20ª sessão. Após este período não foram registradas mudanças
nos resultados do tratamento. Esta observação está de acordo com a afirmação de
FOLDI et al (1985) de que o trabalho do linfático pode aumentar até um certo valor,
além do qual ele diminui. O aumento da pressão não é mais compensado, nem pelo
aumento da freqüência de contração, nem pelo aumento da vazão.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
45
LEDUC e LEDUC (2000) afirmam ainda que, se após uma dezena de sessões
de drenagem linfática manual não for observada nenhuma melhora objetiva, deve-se
propor um outro tipo de tratamento. Foi o que aconteceu neste estudo com a
paciente C, embora deva ser levado em consideração que ela referiu melhora no
quadro de dor à palpação.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
46
6 CONCLUSÃO
A observação dos resultados mostrou que a drenagem linfática manual pode
ser um recurso utilizado no tratamento do fibro edema gelóide com bons resultados,
especialmente quando este se encontra em fase inicial. Neste estágio foi possível
observar que, após uma dezena de sessões de drenagem (numa média de três por
semana) houve uma redução considerável nas medidas perimétricas da paciente,
assim como uma melhora significativa na aparência da pele e no aspecto de relevo.
A partir da 11ª sessão os resultados começaram a diminuir e, após a 20ª cessaram.
Foi obtido um resultado moderado com a drenagem tanto nas reduções das medidas
quanto na aparência, aspecto de relevo e mobilidade da pele da paciente com grau
2 do FEG, e também levou mais tempo para alcançar estes resultados. No entanto a
partir da 2ª dezena de sessões as reduções também estacionaram. Pode-se concluir
que de dez a vinte sessões é o número suficiente para que se obtenha efeitos da
drenagem linfática manual. Após este período não se observou mudanças no
resultado do tratamento. Não foi obtido melhora objetiva com a paciente com grau 3
de FEG, que apresentou reduções muito discretas nas medidas de perimetria, bem
como melhora no aspecto e mobilidade da pele irrelevantes em comparação com as
outras duas pacientes, no entanto, houve uma diminuição do quadro de algia à
palpação desta paciente, o que nos leva a crer que a drenagem manual possa ser a
abordagem terapêutica de opção (ou coadjuvante) para o início do tratamento do
fibro edema gelóide em fases avançadas, visando a analgesia.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANSON, D. I. Physiologic basic for the use of physical agents in peripherical vascular disorders. Arch Phys. Med. Reabil., n. 46, p. 216, 1965. AMAD, D.; ALLEVATO, M. A. Celulitis: ejercícios para la prevención y el tratamiento – Actualizaciones Terapeuticas Dermatológicas y Estéticas. Revista Abril, v. 21, n. 2, p. 159-164, 1998. AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R. Dermatologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. BINAZZI, M; GRILLI-CICIOLONI, E. A propósito della considetta cellulite e della dermato-paniculopatia edemato fibroesclerótica. Ann. Int. Clin. Sper., n. 31, p. 121-125, 1977. BRUHNS, F. B.; RUZENE, A. C. S.; SIMÕES, N. V. N. Vacuoterapia - Aplicações e Efeitos em Terapia e Estética. Monografia do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos, 1994. CAMPOS, M. S. M. P. Fibro Edema Gelópide Subcutâneo. Revista de Ciência e Tecnologia (UNIMEP), Apostila, 1992. CIPORKIN, H.; PASCHOAL, L. H. Atualização terapêutica e fisiopatogênica da lipodistrofia ginóide (LDG) “celulite” São Paulo: Santos, 1992. DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2.ed. Rio de janeiro: Atheneu, 1987. DRAELOS, Z. D.; MARENUS, K. D. Cellulite-etiology and purported treatment. Dermatol. Surg., v. 23,n. 12, p. 1177-1181, 1997. DUVAL, A. R. Diagnostic ettraitement de la cellulite. Sem. Med., n. 30, p. 852, 1954. FERRANDEZ, J-C.; THEYS, S.; BOUCHET, J-Y. Reeducação Vascular nos Edemas dos Membros Inferiores. São Paulo: Manole, 2001. FOLDI, E.; FOLDI, M.; WEISSLEDER,H. Conservative treatment of lymphoedema of the limbs. Angiol. J. Vasc. Dis., n. 36, p. 171-180, 1985. GODART, S.; LEDUC, A.; COLLARD, M. Drainage limphatique. Expérimentation clinique. Travaux de la S.S.B.K., v. II, n. 3, p. 124-130, 1970. GOLDMAN, M. Four types of cellulite treatments. Aad Journal. , n. 12, p 1-4, 2002.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
48
GUELFI, M. A. C.; SIMÕES, N. D. P. Estudo comparativo entre as técnicas de drenagem linfática manual, drenagem linfática eletrônica e grupo controle no volume de micção. Tese do Curso de Pós-Graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional - IBRATE, 2002. GUIRRO, E.; GUIRRO,R. Fisioterapia Dermato-Funcional – Fundamentos, Recursos e Patologias. 3.ed. São Paulo: Manole, 2002. HERMITTE, R. Cellulitis. Revista Cosmetics & Toiletries v. 2, n. 1, p. 12-18, 1988. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. KERMORGANT, Y. De la cellulite – evolution de la question apres trois ans d experience. Conc. Med., n. 2, p. 1371, 1978. LAGÉZE, P. Sciatiques et Infiltrats Cellulalgiques. Thesis Med., Lyon, 1929. LAROCHE, G.; MEURS-BLATTER, L. Sur queques erreurs graves par mecannaissance de la celllulite. Press. Med., n. 42, p. 521, 1941. LEDUC A.; LEDUC O. Drenagem Linfática 2.ed. São Paulo: Manole,2000. LEONARD, G. J. A celulite – Causas e Tratamentos. Jornal Europa-América, p. 199, 1970. MERLEN, J. F. La cellulite, entila clinique et mecanisme pathogenique. Concours Med., n. 80, p. 2311, 1958. PARTURIER, G. Cellulite. Diagnose Traitement, n. 2, p. 183, 1943. QUERLEUX, B.; CORNILLON, C.; JOLIVET, O.; BITTOUN, J. Anatomy and physiology of subcutaneous adipose tissue by in vivo magnetic resonance imaging and spectroscopy: relationships with sex and presence of cellulite. Skin Res technol, v. 8, n. 2, p. 118-124, 2002. RICOUX, R. Notions actualles sur la cellulite et san traitement. Thesis Med., Paris, 1936. ROSSI,A. B.; VERGNANINI, A. L. Cellulite: a review. Journal of the European Academy of Dermatology & Venereology, v. 14, n. 4, p. 251, 2000. SALGADO, A. S. Proposta para tratamento fisioterapêitico para Fibro Edema Gelóide utilizando ultra-som de 3 MHz. Fisioterapia Manual, 2002.
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265
49
TAKAHASHI, K. H.; NISHIO, C. E. R.; TERZIAN, E. B. Avaliação da técnica da “Subcision” em pacientes com lipodistrofia ginóide. Tese de mestrado. Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), 2003. ULRICH, W. A celulite é curável: prevenção e auto-tratamento em 10 semanas São Paulo: Ediouro, 1982. WINTER, R. W. Um novo enfoque da celulite. Revista Brasileira de Fisioterapia Dermato-Funcional, n. 05, p. 16-25, 2003.