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DIREITOS HUMANOS: LIBERDADE SINDICAL E SUA IMPORTANCIA NA

VALORIZAÇÃO DOCENTE EM MATO GROSSO DO SUL

Paolla Rolon Rocha1

Margarita Victoria Rodríguez2

Joyce Almeida de Sena Carvalho3

Resumo:

O presente artigo apresenta os resultados finais da pesquisa a respeito da importância do

sindicalismo para a valorização da profissão docente. A Organização Internacional do

Trabalho teve sua origem em 1919, uma das finalidades é a liberdade sindical, que visa o

direito dos trabalhadores a consonância coletiva. Em 1948, foi elaborada pela Organização

das Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que explana no artigo 23º

sobre o direito ao trabalho, que discorre a cerca da liberdade sindical, que todas as pessoas

têm liberdade para formar sindicatos ou filiar-se a eles. A luta dos professores em busca de

um salário digno, valorização da profissão docente e qualidade na educação vêm alcançando

pilares antes nunca vistos. No devir histórico, no Brasil a discussão e luta pela materialização

dos direitos trabalhista do magistério foram contemplados em diferentes documentos, embora

tenham sido fixados os mais importantes somente na Constituição Federal de 1988. Ressalta-

se que estes avanços em termos de garantias legais que regulamentam a atuação profissional

dos professores são consequência da ativa participação e organização dos educadores. No

Brasil os professores da educação básica da rede pública foram se unindo e criando sindicatos

para que seus direitos fossem respeitados. A ênfase no artigo é a Federação dos Trabalhadores

em educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), que surgiu em 1979 e sua luta para

implantação da Lei do Piso até o ano de 2015. O estudo mostra que como resultado do

trabalho realizado pelo movimento sindical da FETEMS, MS é um dos estados que mais bem

paga os docentes. Porém ainda têm muita luta pela frente, para que os direitos dos

profissionais da educação possam ser respeitados plenamente.

Palavras-Chave: 1) Professores; 2) Valorização; 3) Sindicalismo.

1 INTRODUÇÃO

Para compreender a importância do movimento sindical docente é necessário entender

a história das políticas educacionais e seus desdobramentos vinculados com a regulamentação

do trabalho docente. A primeira Lei educacional no Brasil foi a Lei das Primeiras Letras de 15

de outubro de 1827 nela abordava-se pela primeira vez a questão dos salários dos professores.

A Organização Internacional do Trabalho teve sua origem em 1919, uma das

finalidades é a liberdade sindical, que visa o direito dos trabalhadores a consonância coletiva.

Em 1948, foi elaborada pela Organização das Nações Unidas a Declaração Universal dos

1 Mestranda do PPGEdu/FaEd/UFMS.

2 Professora Doutora do PPGEdu/FaEd/UFMS.

3 Mestranda do PPGEdu/FaEd/UFMS.

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Direitos Humanos, que explana no artigo 23º sobre o direito ao trabalho, que discorre a cerca

da liberdade sindical, que todas as pessoas têm liberdade para formar sindicatos ou filiar-se a

eles.

No devir histórico, no Brasil a discussão e luta pela materialização dos direitos

trabalhista do magistério foram contemplados em diferentes documentos, embora tenham sido

fixados os mais importantes somente na Constituição Federal de 1988. A mesma é ampla em

informações sobre a educação e também em relação à normatização do trabalho docente.

Também as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, elaboradas em 1961 e 1996

apresentam normativas a respeito dos referidos direitos, além do Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, que foi implantado

nacionalmente em 1998 e depois foi substituído pelo Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de valorização dos Profissionais da Educação em

2007, com vigência até 2020 e Por fim a Lei do Piso Salarial Profissional do Magistério n. 11.

738 de 2008

Ressalta-se que estes avanços em termos de garantias legais que regulamentam a

atuação profissional dos professores são consequência da ativa participação e organização dos

educadores. No Brasil os professores da educação básica da rede pública foram se unindo e

criando sindicatos para que seus direitos fossem respeitados. “Em 1959, já somavam 11

estados brasileiros com seus professores primários organizados em associações.” (CNTE,

2015). A primeira Confederação dos Professores Primários do Brasil (CPPB), criada em 1960,

em Recife, passou a se chamar em 1979 de Confederação dos Professores do Brasil, por

integrar os docentes do antigo ensino secundário. Que posteriormente se denominou

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em 1990.

O movimento sindical docente do estado de Mato Grosso do Sul, surgiu em 1979, e há

36 anos luta para a valorização dos trabalhadores em educação, sendo a sua principal bandeira

de luta a remuneração dos profissionais da educação.

A seguir apresenta-se o histórico das políticas educacionais e de valorização dos

docentes e num segundo momento se aborda a brevemente a histórica da organização sindical

estatual e a criação da Federação dos Trabalhadores de Educação de Mato Grosso do Sul.

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2 VALORIZAÇÃO DOCENTE E POLÍTICAS PARA SUA CONSOLIDAÇÃO

Os primeiros professores no Brasil foram os Jesuítas, que chegaram no país em 1549,

quando ainda era colônia de Portugal, sua função era catequisar os indígenas, passando depois

a ensinar os filhos dos colonos, até a sua expulsão em 1759, como consequência da Reformas

introduzidas por Marquês de Pombal (primeiro ministro de Portugal de 1750-1777).

Com a saída dos Jesuítas o ensino ficou a cargo de outras congregações e também se

implementaram políticas que tentaram suprir dita saída, tais como as aulas régias ou avulsas

de Latim, Grego, Filosofia e Retórica, que supririam as disciplinas antes oferecidas nos

antigos colégios jesuítas, embora ouve problemas dado que se verificava que o ensino

apresentava deterioro, e a população da colônia que havia recebido reclamava por falta de

escolas.

Em relação ao trabalho dos docentes, observa-se que o primeiro concurso público para

professores ocorreu em 1760, porém mesmo depois de cinco anos, nenhum professor foi

chamado.

No Brasil o primeiro concurso para admissão de professores régios foi

realizado no Recife em 1760. E em 7 de maio do mesmo ano se realizariam

os exames para professores régios de gramática latina no Rio de Janeiro. Não

obstante a realização desses exames, as nomeações demoravam a acontecer.

(SAVIANI, 2007, p. 89).

Após a Proclamação da Independência do Brasil, no ano de 1882, foi promulgada a

Lei de 15 de outubro de 1827 denominada de a Lei de Primeiras Letras, que estipulava entre

outras questões a obrigação da criação de escolas em todos os lugares povoados, escola para

meninas, foi à primeira lei no Brasil que abordava sobre a remuneração dos professores.

Essa primeira lei de educação no Brasil independente não deixava de estar

em sintonia com o espirito da época. Tratava-se ela de difundir as luzes,

garantindo, em todos os povoados, o acesso aos rudimentos do saber que a

modernidade considerava indispensáveis para afastar a ignorância.

(SAVIANI, 2007, p. 126).

Com a proclamação da Primeira República foi promulgada a Constituição da

República dos Estados Unidos do Brasil em 1891, que instituiu o sistema presidencialista, a

separação da Igreja Católica do Estado, tornando o Estado Laico, mas referente à educação

pouco se aprofundou, havendo algumas reformas durante esse período: Reforma Benjamin

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Constant (1890-1891), a Reforma Epitácio Pessoa (1901), a Reforma Rivadávia Corrêa

(1911), a Reforma Carlos Maximiliano (1915) e a Reforma João Luiz Alves (1925).

A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934 e em seu artigo

149 abordava a educação como direito subjetivo:

[...] direito de todos e deve ser ministrada pela família e os poderes públicos,

cumprindo a estes proporcionar o acesso a brasileiros e estrangeiros

domiciliados no país, de modo que possibilite o desenvolvimento eficiente

de valores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito

brasileiro a consciência da solidariedade humana. (BRASIL, 1934).

Nessa Constituição também foi instituído a gratuidade do ensino primário, o concurso

público para professores e o ensino religioso de frequência facultativa.

A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil promulgada durante o

Estado Novo em 1937 manteve a gratuidade do ensino primário, o ensino religioso facultativo

e colocou obrigatoriamente o ensino da educação física nas escolas. E o artigo n. 129, mostra

que havia distinção entre o ensino da população favorecida economicamente e dos menos

favorecidos. Para os menos favorecidos o ensino ficava sob a responsabilidade do Estado,

porém mesmo o ensino primário ser obrigatório e gratuito, para aqueles que não

conseguissem alegar escassez de recurso, se destinava uma modesta quantia para contribuir

com o caixa da escola.

Art 129 - A infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à

educação em instituições particulares, é dever da Nação, dos Estados e dos

Municípios assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em

todos os seus graus, a possibilidade de receber uma educação adequada às

suas faculdades, aptidões e tendências vocacionais. O ensino pré-vocacional

profissional destinado às classes menos favorecidas é em matéria de

educação o primeiro dever de Estado. Cumpre-lhe dar execução a esse

dever, fundando institutos de ensino profissional e subsidiando os de

iniciativa dos Estados, dos Municípios e dos indivíduos ou associações

particulares e profissionais. (BRASIL, 1937).

Com o fim do Estado Novo, em 1946 foi promulgada a Constituição dos Estados

Unidos do Brasil, aborda o ensino primário obrigatório e dá outras providências:

Art 167 - O ensino dos diferentes ramos será ministrado pelos Poderes

Públicos e é livre à iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulem.

Art 168 - A legislação do ensino adotará os seguintes princípios:

I - o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional;

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II - o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao

primário sê-lo-á para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos;

III - as empresas industriais, comerciais e agrícolas, em que trabalhem mais

de cem pessoas, são obrigadas a manter ensino primário gratuito para os seus

servidores e os filhos destes;

IV - as empresas industrias e comerciais são obrigadas a ministrar, em

cooperação, aprendizagem aos seus trabalhadores menores, pela forma que a

lei estabelecer, respeitados os direitos dos professores;

V - o ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é

de matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão

religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu

representante legal ou responsável. (BRASIL 1946).

Em 1961 foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei

4.024/1961. “[...] a LDB elevou para 12% a obrigação mínima dos recursos federais para o

ensino, que a Constituição de 1946 havia fixado em 10%, mantendo 20% a obrigação dos

estados e Distrito Federal” (SAVIANI, 2007, p. 306). E em seu art. 60 aborda a questão do

concurso para professores. “Art. 60. O provimento efetivo em cargo de professor nos

estabelecimentos oficiais de ensino médio será feito por meio de concurso de títulos e provas

vetado.” (BRASIL, 1961).

Com o golpe militar de 1964, foi instituída a Constituição Federal de 1967, a mesma

aborda a questão do ensino primário obrigatório e gratuito dos sete aos quatorze anos e com

respeito aos professores não fala sobre remuneração, apenas sobre concurso.

Art 168 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola;

assegurada a igualdade de oportunidade, deve inspirar-se no princípio da

unidade nacional e nos ideais de liberdade e de solidariedade humana.

§ 1º - O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos Poderes Públicos.

§ 2º - Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à Iniciativa

particular, a qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes

Públicos, inclusive bolsas de estudo.

§ 3º - A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas:

I - o ensino primário somente será ministrado na língua nacional;

II - o ensino dos sete aos quatorze anos è obrigatório para todos e gratuito

nos estabelecimentos primários oficiais;

III - o ensino oficial ulterior ao primário será, igualmente, gratuito para

quantos, demonstrando efetivo aproveitamento, provarem falta ou

insuficiência de recursos. Sempre que possível, o Poder Público substituirá o

regime de gratuidade pelo de concessão de bolsas de estudo, exigido o

posterior reembolso no caso de ensino de grau superior;

IV - o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos

horários normais das escolas oficiais de grau primário e médio.

V - o provimento dos cargos iniciais e finais das carreiras do magistério de

grau médio e superior será feito, sempre, mediante prova de habilitação,

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consistindo em concurso público de provas e títulos quando se tratar de

ensino oficial. (BRASIL, 1967).

Com o fim do governo militar, foi promulgada a Constituição Federal de 1988, que

está em vigência até o presente momento histórico, por primeira vez uma Carta Magna dedica

um capítulo específico para a educação, se antes pouco se falava em relação a valorização da

profissão docente, nela abrange o quesito concurso e salário.

Art. 206- O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

[...]

V- valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano

de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e

ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos,

assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela

União (BRASIL, 1988).

Porém, a redação do inciso V foi alterada duas vezes, primeiro, com a Emenda

Constitucional nº 19 de 1998, a qual exclui o regime jurídico único para todas as instituições

mantidas pela União. E segundo, com a Emenda Constitucional nº 53 de 2006 cuja redação

fica da seguinte forma: “valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na

forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas

e títulos, aos das redes públicas” (BRASIL, 2006). Ou seja, elimina a determinação quanto ao

Piso Salarial Profissional do artigo V, mas aumenta um inciso: “VIII- piso salarial

profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei

federal”. (BRASIL, 2006).

As Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, em seu art. 67 aborda a questão da valorização dos profissionais de educação:

Art. 67º. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais

da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos

planos de carreira do magistério público:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento

periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação

do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga

de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho. (BRASIL, 1996).

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Apesar da LDB/1996 prever uma série de incisos que regulamentam a profissão

docente, em sua maior parte não são cumpridos nas escolas públicas do Brasil, como por

exemplo: ingresso exclusivo por concursos público de provas e títulos, atualmente os

municípios e estados contam com muitos professores contratados que atuam nas escolas.

Com relação ao aperfeiçoamento profissional continuado, ainda se tem professores leigos ou

aqueles que não têm graduação na área que trabalham, mesmo com o Plano Nacional de

Formação de Professores (PARFOR), há pouco incentivo das escolas, para que os professores

consigam se formar na área em que trabalham. E ainda em muitas escolas as condições de

trabalho não são adequadas, existem salas de aulas superpovoadas, e a relação aluno-professor

supera os índices considerados adequados para o ensino de qualidade social.

Outra norma muito importante que faz referencial à questão salarial dos docentes, e o

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do

Magistério (FUNDEF) criado pela Emenda Constitucional n. 14, de setembro de 1996, e

regulamentado pela Lei n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996 e pelo Decreto n. 2.264, de

junho de 1997, o mesmo determinada que os municípios, Estados e Distrito Federal devem

adotar um novo plano de carreira e remuneração para os docentes.

Art. 9º - Os Estados, o Distrito Federal e os municípios deverão, no prazo de

seis meses da vigência desta Lei, dispor de novo Plano de Carreira e

Remuneração do Magistério, de modo a assegurar:

I- a remuneração condigna dos professores do ensino fundamental público,

em efetivo exercício no Magistério;

II- o estímulo ao trabalho em sala de aula;

III- a melhoria da qualidade do ensino.

§ 1º - Os novos planos de carreira e remuneração do Magistério deverão

contemplar investimentos na capacitação dos professores leigos, os quais

passarão a integrar quadro em extinção, de duração de cinco anos.

§ 2º - Aos professores leigos é assegurado prazo de cinco anos para a

obtenção da habilitação necessária ao exercício das atividades docentes.

§ 3º - A habilitação a que se refere o parágrafo anterior é condição para

ingresso no quadro permanente da carreira conforme os novos planos de

carreira e remuneração. (BRASIL, 1996).

O art. 9º destaca os deveres dos Estados, municípios e o Distrito Federal sobre a

remuneração dos docentes da rede pública do ensino fundamental, fixa também a

obrigatoriedade de instituir novos planos de carreira e remuneração dos professores, além de

estabelecer prazo para que os professores leigos tenham a habilitação necessária para darem

aulas.

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No art. 60 determina que os Estados, Distrito Federal e Municípios destinarão no

mínimo 60% dos recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental,

sendo o objetivo a universalização desse ensino.

Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta emenda, os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos de sessenta por cento

dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, a

manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de

assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do

magistério.

§ 1º A distribuição de responsabilidades e recursos entre os estados e seus

municípios a ser concretizada com parte dos recursos definidos neste artigo,

na forma do disposto no art. 211 da Constituição Federal, e assegurada

mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um

Fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e de

valorização do magistério, de natureza contábil.

[...]

§ 5º Uma proporção não inferior a sessenta por cento dos recursos de cada

Fundo referido no § 1º será destinada ao pagamento dos professores do

ensino fundamental em efetivo exercício no magistério. (BRASIL, 1996).

Observa-se que nesse momento histórico, a legislação vigente tinha como o foco do

financiamento e recomendações o ensino fundamental, e a educação infantil e ensino médio

não eram praticamente considerados.

Depois o Conselho Nacional de Educação com base nas deliberações da Câmara de

Educação Básica CNE/CEB aprovou o Parecer n. 10 que se refere à remuneração dos

docentes e aos novos planos de cargos e carreiras. O referido Parecer estipula que “a proposta

de piso salarial foi estimada num mínimo de R$ 240,00 e num máximo de R$ 360,00.”

(CAMARGO; JACOMINI, 2011, p. 156). Era de competência de cada Estado, munícipio e

Distrito Federal fixarem o menor salário para os magistérios, sendo este compatível com o

salário médio.

O FUNDEF que vigorou de 1998 a 2006 foi substituído pelo Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de valorização dos Profissionais da Educação

(FUNDEB), mediante a Emenda Constitucional n. 53 de 2006, regulamentado pela Lei nº

11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007. O FUNDEB veio para substituir o FUNDEF. O

FUNDEB começou a vigorar no dia primeiro de janeiro de 2007. Têm duração estabelecida

de 2007 - 2020.

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A Emenda Constitucional n. 53/2006 “Dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208,

211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias.” (BRASIL, 2006). Explanando sobre o FUNDEB em seu art. 60:

Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta

Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da

Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento da educação básica e

à remuneração condigna dos trabalhadores da educação, respeitadas as

seguintes disposições:

I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito Federal,

os Estados e seus Municípios é assegurada mediante a criação, no âmbito de

cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação - FUNDEB, de natureza contábil;

II - os Fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão constituídos

por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem os incisos I, II e III

do art. 155; o inciso II do caput do art. 157; os incisos II, III e IV do caput do

art. 158; e as alíneas a e b do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos

da Constituição Federal, e distribuídos entre cada Estado e seus Municípios,

proporcionalmente ao número de alunos das diversas etapas e modalidades

da educação básica presencial, matriculados nas respectivas redes, nos

respectivos âmbitos de atuação prioritária estabelecidos nos §§ 2º e 3º do art.

211 da Constituição Federal;

III - observadas as garantias estabelecidas nos incisos I, II, III e IV do caput

do art. 208 da Constituição Federal e as metas de universalização da

educação básica estabelecidas no Plano Nacional de Educação, a lei disporá

sobre:

a) a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, as

diferenças e as ponderações quanto ao valor anual por aluno entre etapas e

modalidades da educação básica e tipos de estabelecimento de ensino;

b) a forma de cálculo do valor anual mínimo por aluno;

c) os percentuais máximos de apropriação dos recursos dos Fundos pelas

diversas etapas e modalidades da educação básica, observados os arts.

208 e 214 da Constituição Federal, bem como as metas do Plano Nacional de

Educação;

d) a fiscalização e o controle dos Fundos;

e) prazo para fixar, em lei específica, piso salarial profissional nacional para

os profissionais do magistério público da educação básica;[...]. (BRASIL,

2006).

Com o FUNDEB o foco se tornou toda a educação básica, abrangendo a educação

infantil e o ensino médio. A distribuição dos recursos ficou sob responsabilidade do Distrito

Federal, Estados e Municípios. Do recurso do fundo, 60% no mínimo é destinado ao

pagamento dos salários dos professores e os outros 40% fica para encargos de despesas

diversas, como por exemplo a Manutenção e Desenvolvimento de Ensino (MDE).

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Durante a década de 1990 e 2000 os professores da educação básica intensificaram

suas lutas em busca da valorização profissional e melhores condições de trabalho. Os

sindicatos que representavam essa categoria travaram diversas contendas com os governos,

tanto municipais, estaduais quanto a união em defesa dos interesses dos trabalhadores da

educação. Como consequência da movimentação dos professores em 2008, foi promulgada a

Lei do Piso Salarial Profissional do Magistério n. 11.738.

Art. 2o O piso salarial profissional nacional para os profissionais do

magistério público da educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e

cinqüenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade

Normal, prevista no art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que

estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

§ 1o O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União,

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o

vencimento inicial das Carreiras do magistério público da educação básica,

para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.

§ 2o Por profissionais do magistério público da educação básica entendem-

se aqueles que desempenham as atividades de docência ou as de suporte

pedagógico à docência, isto é, direção ou administração, planejamento,

inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no

âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e

modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal de

diretrizes e bases da educação nacional.

§ 3o Os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de trabalho

serão, no mínimo, proporcionais ao valor mencionado no caput deste artigo.

§ 4o Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo

de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de

interação com os educandos.

§ 5o As disposições relativas ao piso salarial de que trata esta Lei serão

aplicadas a todas as aposentadorias e pensões dos profissionais do magistério

público da educação básica alcançadas pelo art. 7o da Emenda Constitucional

no 41, de 19 de dezembro de 2003, e

pela Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005. (BRASIL, 2008).

O piso é o valor mínimo que o município, estado ou federação deve destinar ao

pagamento de remunerações de seus professores. Profissionais do Magistério Público básico

não são só aqueles que dão aula nas escolas públicas, como também os que trabalham na parte

administrativa, coordenação, direção, inspeção, entre outros. Depois de muitos anos de luta e

organização os professores conquistaram uma Lei que estabeleceu um piso salarial, que em

2008 era de R$ 950,00 e em 2015 passou a ser de R$ 1.917,78, 40 horas semanais, mesmo

com estas norma legal que instituiu o piso, ainda existem muitos estados e municípios que não

cumprem com o estipulado legalmente.

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Alguns estados foram contra a implantação da Lei do Piso, alegando como motivo

falta de verba para pagar os R$ 950,00 para os professores, além disso arguiam que teriam

que contratar mais professores por conta de 1/3 da hora atividade para os docentes fazerem

seus planejamentos. Seis estados (Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná,

Piauí e Santa Catarina) entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº

4167/2008) da Lei junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Por oito votos a um, o Supremo considerou a constitucionalidade da lei e

manteve o entendimento de que o valor deve ser considerado como

vencimento básico. A Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008 (Lei do Piso),

prevê a adaptação gradual de estados e municípios à remuneração dos

professores, além de suplementação da União, em caso de

necessidade. (MEC, 2011).

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal considerou a Constitucionalidade da Lei do

Piso Salarial do Magistério.

3 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL SINDICAL E OS MOVIMENTOS

DOCENTES

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) teve sua origem em 1919, com o fim

da Primeira Guerra Mundial. Tem como responsabilidade a formulação e execução das

normas de trabalho internacionais. Em sua primeira conferência em 1919, uma de suas

convenções adotadas abordava a questão das horas trabalhadas diariamente, que passava para

oito, ficando uma jornada de quarenta e oito horas semanais.

A primeira delas respondia a uma das principais reivindicações

do movimento sindical e operário do final do século XIX e começo do

século XX: a limitação da jornada de trabalho a 8 diárias e 48 semanais. As

outras convenções adotadas nessa ocasião referem-se à proteção à

maternidade, à luta contra o desemprego, à definição da idade mínima de 14

anos para o trabalho na indústria e à proibição do trabalho noturno de

mulheres e menores de 18 anos. (OIT BRASIL, 2012).

O Brasil foi um dos países fundadores da Organização Internacional do Trabalho, e

participa de todas as Conferências Internacionais. Com a elaboração de legislações

trabalhistas a OIT teve um importante papel no século XX na definição e defesa dos direitos

dos trabalhadores.

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A Organização Internacional do Trabalho conta com quatro finalidades, a eliminação

do trabalho infantil, a abolição da discriminação no trabalho, extinção do trabalho compelido

e a liberdade sindical, sendo a última que visa o direito dos trabalhadores a consonância

coletiva. Uma meta que os professores vêm requerendo atualmente com muita intensidade.

Suas lutas em busca de um salário digno, valorização da profissão docente e qualidade na

educação vêm alcançando pilares antes nunca vistos.

O movimento sindical dos professores das escolas públicas da educação básica é

antiga, porém não se tem uma data especifica quando inicia este processo, com efeito, “[...]

esta origem não é localizável em nenhuma data precisa, mas se encontra ao longo do processo

de universalização do ensino fundamental, com a consequente massificação do profissional da

educação.” (GOUVEIA; FERRAZ, 2012, p. 89).

No final dos anos de 1970, os professores da educação básica pública foram se

filiando a Confederação de Professores do Brasil (CPB), que passou a denominar em 1989,

Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE).

A partir do final dos anos de 1970, as entidades de professores das escolas

públicas de 1º e 2º graus vão filiando-se à Confederação de Professores do

Brasil (CPB), chegando, em 1986, a 29 associações estaduais filiadas. No

Congresso realizado em janeiro de 1989, foi aprovada a mudança de nome

de CPB para Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

(CNTE). E, no ano seguinte, a ela foram incorporadas a Confederação

Nacional de Funcionários de Escolas Públicas (CONAFEP), a Federação

Nacional de Supervisores Educacionais (FENASE) e a Federação Nacional

de Orientadores Educacionais (FENOE). Com isso, ascendeu a dois milhões

o número de profissionais da Educação (professores, especialistas e

funcionários das escolas públicas de 1º e 2º graus) representados pela CNTE.

(SAVIANI, 2007, p. 403).

A CNTE ao longo dos anos vem lutando nacionalmente para a valorização dos

profissionais da educação para sua valorização, melhores remunerações e qualidade na

educação, participa ativamente na Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi criada em 1983, sendo uma organização

sindical, autônoma e democrática, a maior da América Latina. Seu objetivo é defender a

classe dos trabalhadores, melhorar as condições no trabalho, representar sindicalmente

trabalhadores do campo e da cidade, ativos e inativos, público e privado. Seus princípios são:

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- Defender que os trabalhadores se organizem com total independência

frente ao Estado e autonomia em relação aos partidos políticos, e que devem

decidir livremente suas formas de organização, filiação e sustentação

material;- Garantir a mais ampla democracia em todos os seus organismos e

instâncias, assegurando completa liberdade de expressão aos seus filiados,

desde que não firam as decisões majoritárias e soberanas tomadas pelas

instâncias superiores e seja garantida a unidade de ação;- Desenvolver sua

atuação de forma independente do estado, do governo e do patronato, e de

forma autônoma em relação aos partidos e agrupamentos políticos, aos

credos e às instituições religiosas e a quaisquer organismos de caráter

programático ou institucional;- Considera que a classe trabalhadora tem na

unidade um dos pilares básicos que sustentarão suas lutas e suas conquistas.

Defende que esta unidade seja fruto da vontade e da consciência política dos

trabalhadores da cidade e do campo;

- Solidariedade com todos os movimentos da classe trabalhadora, em

qualquer parte do mundo, desde que os objetivos e princípios desses

movimentos não firam os princípios da CUT. Defenderá a unidade de ação e

manterá relações com o movimento sindical internacional, desde que seja

assegurada a liberdade e autonomia de cada organização. (CUT, 2013).

A CUT defende os interesses dos trabalhadores, seu desempenho é de forma

independente do Estado Federativo, a CNTE filiou-se a Central Única dos Trabalhadores em

1988.

A atual Constituição Federal de 1988, a partir da mobilização e organização dos

diversos movimentos sociais e trabalhistas que se lutaram para que os legisladores

incorporassem muitas das demandas sociais, aborda a questão trabalhista no título II: Dos

Direitos e Garantias Fundamentais, Capitulo II: Dos Direitos Sociais, art. 7º, colocando a

questão do piso salarial proporcional a dificuldade do trabalho, garantia do salário, décimo

terceiro salário, seguro desemprego entre outros direitos. Em seu art. 8º aborda a questão da

livre associação sindical e profissional.

Após a Constituição de 1988, que retirou a restrição à sindicalização de

funcionários públicos, a tendência dessas entidades foi transformar-se em

sindicatos, filiando-se, por sua vez, a uma central nacional, via de regra, a

Central Única dos Trabalhadores (CUT). (SAVIANI, 2007, p. 404).

Esse movimento de luta de classe, no qual os trabalhadores da educação entram em

conflito com a classe dominante para que seus direitos sejam respeitados, garantia de salários

dignos, valorização salarial, é uma fase na que a classe trabalhadora toma consciência de sua

força organizativa e se unifica em pós de interesses comuns como aborda Marx:

As condições econômicas transformaram, em primeiro lugar, a massa do

povo em trabalhadores. A dominação do capital sobre os trabalhadores criou

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a situação comum e os interesses comuns dessa classe. Assim, essa massa já

é uma classe em relação ao capital, mas não ainda uma classe para si mesma.

Na luta, da qual indicamos apenas algumas fases, essa massa se une e forma

uma classe para si. Os interesses que ela defende tornam-se interesses de

classe. (MARX, 1985, p. 159).

Com o capitalismo, a população foi transformada em trabalhadores, pois para ter

condições de moradia, alimentação e saúde precisavam do trabalho remunerado, porém, esse

trabalho na maioria das vezes não valorizavam os cidadãos, só visavam o lucro e pouco

gratificavam, Assim, os trabalhadores se unem para garantir seus direitos, formando os

sindicatos. A maior evidência de que a educação é a fonte de reprodução da dominação sobre

os explorados, é a resistência do poder público em valorizar seus professores. E no apogeu

depreciativo dos governantes sobre os professores, os sindicatos se configuram em práticas

insistentes de propostas e contrapropostas, discussões entre seus líderes e consulta à categoria

docente, e dessa forma, organizadamente constroem-se cada vez mais forte alicerce para os

embates.

Segundo Assis (2008 p. 06) a contribuição mais significativa que o Congresso

propiciou à coletividade no que importa à normatização do Direito do Trabalho foi, sem

dúvida alguma, a Constituição Federal de 1988. Ela trouxe a renovação na cultura jurídica

brasileira, permitindo o raiar de uma abordagem coletiva das questões, em contraposição à

visão individualista que dominava o contexto jurídico até então.

4 FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO

DO SUL

O movimento sindical dos professores da rede estadual de Mato Grosso do Sul, iniciou

na época da divisão do estado de Mato Grosso “manifestou-se num momento histórico em

que a sociedade brasileira propugnava pela conquista do Estado de direito democrático.”

(FERREIRA JUNIOR, 2003, p. 23).

Inicialmente denominada Federação dos Professores de Mato Grosso do Sul

(FEPROSUL), criada no dia 03 de março de 1979, desde sua origem teceu uma contenda com

o governo estadual para a valorização dos profissionais da educação, em defesa da gestão

democrática, educação de qualidade entre outras bandeiras de luta, sendo o foco a questão

salarial, como explicitam Biasotto e Tetila (1991 p. 208):

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De todas as reivindicações trabalhistas empreendidas pela FEPROSUL, a

questão salarial sem dúvida, ocupou o maior espaço do movimento. Não

quer dizer que o professorado tenha sido ganancioso e egoísta a ponto de

lutar única e exclusivamente por salários. Não quer dizer também que tenha

lutado para obter aumentos reais de salários. Na verdade a categoria se viu

praticamente obrigada a envolver-se mais na questão salarial. Pois a situação

da época era de salários defasados em mais de 100% e inflação alta. Sendo

assim, o magistério viu-se praticamente obrigado a permanecer em constante

estado de alerta para não permitir uma brutal defasagem salarial e nesse

sentido o movimento pode ser considerado vitorioso.

Em 1989 a FEPROSUL filiou-se a Central Única dos Trabalhadores, passando a

denominar Federação dos Trabalhadores de Educação de Mato Grosso do Sul.

A Federação em sua história teve oito presidentes: O primeiro presidente foi Eusébio

Garcia Barrio entre 1979 a 1980 e 1981 a 1982. Antônio Carlos Biffi foi presidente da

FETEMS por três mandatos 1983 a 1984; 1985 a 1986 e 1990 a 1992. Elza Maria Jorge

presidente em 1987 a 1989. François de Oliveira Vasconcelos presidente em 1993 a 1995.

Fátima aparecida da Silva presidente no período de 1996 a 1998 e 1999 a 2002. Mara Eulália

Carrara da Silva presidente em 2002 a 2004. Jaime Teixeira presidente em 2005 a 2008 e

2009 a 2012. E o atual presidente Roberto Magno Botareli Cesar 2012 a 2015 e 2015 a 2017.

Quando foi promulgada a Lei n. 11.738/2008 do Piso Salarial Profissional Nacional

Para os Profissionais do Magistério Público, o governador de Mato Grosso do Sul daquele

período entrou com uma ação de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal,

com mais outros governadores, como aborda uma reportagem do correio do Estado de 2008:

“O governador André Puccinelli (PMDB) ingressou ontem no Superior Tribunal

Federal (STF) com ação direta de inconstitucionalidade contra a Lei 11.738, de julho deste

ano, que fixou piso salarial de R$ 950 para os professores da rede pública.” (CORREIO DO

ESTADO, 2008).

A Federação dos Profissionais da Educação de Mato Grosso do Sul se mobilizaram

para que o governo de MS não ganhasse a Adin.

No dia 16 de novembro, a Federação dos Trabalhadores em Educação de

Mato Grosso do Sul (Fetems) vai mobilizar a categoria para um protesto

contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) do governo do Estado,

contestando dispositivos da lei federal que estabeleceu o piso salarial para

professores na educação básica. (CORREIO DO ESTADO, 2008).

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A FETEMS também elaborou seminários junto com a Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Educação sobre a Lei do Piso e a ação de inconstitucionalidade. “O

seminário, que levanta a bandeira O Piso é Lei, Faça Valer!?, vai reunir professores e

especialistas em educação das redes de ensino público do Estado e do município.”

(CORREIO DO ESTADO, 2008).

Em 2010 tiveram a suspensão das aulas em algumas escolas da Capital e dos

municípios para reivindicar a implantação da Lei do Piso.

Professores vão suspender as aulas amanhã em algumas escolas estaduais e

municipais de Mato Grosso do Sul para reivindicar a implantação do Piso

Nacional do Magistério. O movimento também é organizado em outros

estados do País. A expectativa, conforme o secretário de finanças da

Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems),

Roberto Magno César, é de que a paralisação atinja 70% dos colégios. A

partir das 13h30min, haverá audiência pública na Assembleia Legislativa

para discutir o assunto. Nos municípios do interior, também serão

promovidos eventos. (CORREIO DO ESTADO, 2010).

Em 2011 houve uma paralização dos professores, para a regulamentação da Lei do

Piso, sendo um de seus principais objetivos a valorização dos docentes da rede pública.

[..,] cerca de 25 mil professores da rede estadual e municipal do Estado

paralisam as atividades nesta quarta-feira em Mato Grosso do Sul em um

manifesto para a regulamentação da Lei de número 11.738-2008 sobre o

Piso Salarial Profissional. A categoria afirma que o aumento de 6% como

medida de reposição inflacionária, concedido pelo governo do Estado em

dezembro passado, não atualizou os valores do Piso Nacional da categoria,

atingiu apenas os professores e deixou os funcionários administrativos de

lado. Apenas a rede estadual de ensino possui 282 mil estudantes.

(CORREIO DO ESTADO, 2011).

O Supremo Tribunal Federal, em 2011, considerou a Lei do Piso Constitucional. “Os

ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, declararam a constitucionalidade

da Lei 11.738/2008, na parte que regulamenta o piso nacional - vencimento básico - para os

professores da educação básica da rede pública.” (CORREIO DO ESTADO, 2011).

Apenas no Final de 2013, que a FETEMS conseguiu um acordo com o governo para a

implantação do piso salarial ser de 20 horas semanais. Ficando da seguinte forma:

Mato Grosso do Sul será o primeiro estado brasileiro a ter uma política do

piso salarial por 20 horas para os professores. A proposta feita pelo governo

do Estado foi aceita pelo Conselho de Presidentes da Fetems, que é

composto por representantes dos 72 Sindicatos Municipais dos

Trabalhadores em Educação (Simted’s). A proposta prevê quatro anos para a

implantação do piso por 20 horas e o reajuste salarial do piso nacional, que

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ainda não foi aprovado pelo Congresso Nacional, será consolidado no início

do ano que vêm e anunciado pelo Ministério da Educação (MEC).

(CORREIO DO ESTADO, 2013).

Apesar da Lei do Piso ser de 2008, o Supremo Tribunal Federal considerar

constitucional em 2011, apenas no final de 2013 que o governo do estado de Mato Grosso do

Sul sancionou a Lei Complementar n. 183, que alterou a redação da Lei Complementar nº 87,

de 31 de janeiro de 2000, concedendo o reajuste ao vencimento-base do cargo de Professor da

rede estadual de ensino, transformando o MS o primeiro estado a cumprir o piso de 20 horas

A pesquisa realizada pelo Site do G1 em 2015, aponta que o salário dos professores da

rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul era o o maior salário do país. Em segundo

lugar ficava o Distrito Federal e em terceiro Tocantins.

Ainda falta muito para a valorização dos profissionais da educação aconteça

plenamente, mas com as lutas travadas pela FETEMS, pouco a pouco os docentes vem

conseguindo que seus direitos sejam plenamente respeitados, transformando assim no estado

que mais bem paga os professores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os Jesuítas foram considerados os primeiros professores no Brasil, na época do Brasil

Colônia, até a sua expulsão, e quase 300 anos depois de sua chegada que teve a primeira lei

que abordava a remuneração dos docentes. E com o advento do Brasil República e suas

Constituições só a última que aborda amplamente o tema da valorização dos educadores.

Além das Constituições Federais outras Leis foram promulgadas para a educação e

valorização dos trabalhadores de educação. Como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional de 1961 e 1996, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) que depois foi substituído pelo

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de valorização dos

Profissionais da Educação (FUNDEB), porém, mesmo com essas Leis, ainda não se tem uma

educação com qualidade que todos esperam.

Os movimentos sindicais dos docentes surgiram com a insatisfação dos professores em

relação à qualidade do trabalho, seus salários, e com isso sugiram as suas contendas.

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A Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do sul trabalha há anos

anos para a valorização do profissional da educação, tendo o principal foco a luta pela

remuneração justa, pois numa sociedade capitalista, o capital é importante para o sustento,

uma vida digna.

A Lei do Piso Salarial Profissional do Magistério n. 11.738 de 2008, foi um marco na

valorização do magistério nela o principal foco é a remuneração dos professores. Porém

alguns governantes entraram com uma ação de inconstitucionalidade para atrasar o

cumprimento dessa lei, em 2011 o STF considerou constitucional a Lei, que então passou a

vigorar.

Apesar de desde 2011 a Lei do Piso vigorar, apenas no final de 2013 que o governo

sancionou a Lei do Piso, e atualmente a rede estadual de Mato Grosso do Sul está no primeiro

lugar no ranking dos salários docentes.

Mas a luta continua, para que não haja retrocessos, ainda falta muito para que a

profissão docente seja realmente valorizada e para isso a FETEMS está sempre à frente nos

diálogos com o governo, trabalhando em prol da educação e dos trabalhadores da educação.

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