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Direito Processual Civil IV

ConteúdoTeoria Geral da Execução – responsabilidade patrimonial, titulo executivo, liquidação.

Espécies de execução – cumprimento de sentença; execução por quantia certa contra credor solvente.

Suspensão e extinção da execução.

Execução contra a Fazenda.

Execução de prestação alimentícia.

Teoria Geral da Execução

Ação de execução e ação de conhecimento.

A sentença condenatória possui duas funções, quais sejam, declaratória e sancionadora (se o réu não cumprir a obrigação). É a sentença que mais interessa ao processo de execução.

A execução não é necessária quando o réu cumprir espontaneamente sua obrigação.

Conceito de execução – atuação da sanção. A finalidade do processo de execução é a satisfação da pretensão do credor. No caso da execução, o credor leva ao Estado um documento (título) que já reconhece um direito para pedir que este estado realize tal direito no mundo dos fatos. Diferencia-se, portanto, do processo de conhecimento em que se pede o próprio reconhecimento do direito. Diferencia-se também do cautelar, quando o autor não quer a efetivação (execução) nem o reconhecimento (conhecimento) de um direito, mas pretende assegurar um resultado eficaz a outro processo.

Execução forçada/imprópria/indireta – significa os atos de invasão patrimonial (ex: penhora, busca e apreensão etc.). São os casos em que, mesmo contra a vontade do devedor, satisfaz-se o interesse do credor. Dentro da execução forçada, temos atos de sub-rogação (ex: o Estado apreende bens do patrimônio do devedor) e atos de coerção (ex: multa diária).

Caráter jurisdicional da execução – na execução, não basta que o Estado “diga o direito”. Este conflito de interesses só será solucionado se a obrigação for cumprida. Os atos praticados na execução, entretanto, também possuem caráter jurisdicional, ainda que o Estado não diga o direito.

Execução autônoma ou não (título executivo extrajudicial/judicial) – até 2005, a execução era autônoma, uma vez que o CPC adotava a dicotomia entre processo de conhecimento e de execução. Entretanto, atualmente, com o processo sincrético, a execução só é autônoma em casos de título executivo

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extrajudicial. Pode-se falar, entretanto, em autonomia da execução no sentido de que ela é uma fase autônoma e que não se confunde com a fase cognitiva.

Meios de execução – meios de coação (agressão indireta ao patrimônio = multa, prisão), meios de sub-rogação (agressão direta ao patrimônio).

Pressuposto da Execução

(1) título executivo (judicial ou extrajudicial)

(2) inadimplemento (art. 580 a 582, CPC). Em verdade, o inadimplemento é a própria causa de pedir e fundamento da execução. As condições da ação também se aplicam ao processo de execução (interesse processual, legitimidade e possibilidade jurídica).

Título judicial ou extrajudicial

Obrigação certa (existência definida), líquida (valor definido) e exigível (não sujeita a termo ou condição). Se a obrigação não for líquida, deverá haver o procedimento de liquidação.

Requisitos da execução

Título executivo (pressuposto jurídico)

Judicial – artigo 475-N

Extrajudicial – artigo 585

Inadimplemento (pressuposto prático) – artigos 580 a 582

Procedimento

Processo autônomo ou não – dependendo do título. Se for título judicial, fala-se em execução imediata e não há processo autônomo. Se for título extrajudicial, fala-se em execução mediata e há processo autônomo.

Execução definitiva ou provisória – dependendo do título (ex: sentença ainda não definitiva por não haver coisa julgada e estar aberta a possibilidade de recurso)

Ritos diversos

Princípios da Execução

Princípios constitucionais

1.1. Isonomia – satisfação do credor x sujeição do devedor. O equilíbrio deve ser observado também no processo de execução (art. 620, CPC). Não se pode, assim, utilizar de modos impróprios para a consecução da execução.

1.2. Contraditório e ampla defesa – toda modalidade de processo está sujeita a estes princípios, razão pela qual o devedor (executado) deve

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ter a possibilidade de se manifestar relativamente à execução. Dependendo da modalidade de execução, será diferente a forma de defesa do executado. Em alguns casos, o executado deverá propor “embargos à execução” que é processo de conhecimento. Em outros casos, o executado se defenderá depois da constrição (contraditório postergado), através de um instrumento chamado de “impugnação”. Em outros casos, ainda, como a ilegitimidade de parte (matéria de ordem pública), o executado utilizará do instrumento de “exceção de pré-executividade”. Entretanto, o nome correto seria “objeção de pré-executividade”, uma vez que se ataca matéria de ordem pública.

2. Princípios específicos da execução2.1. Caráter real ou patrimonial da execução (art. 591, 791, III CPC) – a

execução não incide sobre a pessoa do executado (torturas, por exemplo), mas sobre seu patrimônio, mesmo nos casos em que pode haver meios de coerção pessoal (ex: multa ou penhora). Mas, em verdade, estes meios de coerção não satisfazem a pretensão do credor. Tanto é assim que, se não houver bens penhoráveis do devedor, esta ficará suspensa.

2.2. A execução deve causar o menor gravame possível ao executado (art. 620) – Se houver a opção de mais de uma forma de satisfação do exeqüente, deverá ser utilizada a forma menos gravosa para o executado, a sua escolha.

2.3. A execução deve ser específica – ou seja, a execução deve conferir ao exeqüente aquilo e apenas aquilo que for direito do credor exeqüente. Desta forma, consegue-se o mesmo resultado ou um resultado equivalente àquele que seria obtido se a obrigação fosse cumprida espontaneamente. Claro que, nem sempre, será possível a tutela específica, por tornar-se impossível a obrigação, caso em que será pago o equivalente em dinheiro.

2.4. A execução deve ser útil ao exeqüente e não servir para molestar o executado (art. 659, §2º, 692, CPC) – este princípio determina alguns limites à execução. Há alguns bens, assim, que são impenhoráveis (ex: salário, via de regra). Assim, em alguns momentos, alguns bens do devedor não estarão sujeitos aos efeitos da execução. Ao mesmo tempo, a execução deve ser útil ao credor, na medida em que, por exemplo, se o oficial de justiça perceber que o valor dos bens do devedor servirá apenas ao pagamento das custas da execução, não se procederá à alienação de tais bens em hasta pública.

2.5. A execução é disponível para o credor (art. 569) – “Art. 569 - O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas”. Pelo parágrafo único deste artigo, a desistência não dependerá da concordância do devedor executado quando os embargos versarem apenas sobre questões processuais.

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Entretanto, a desistência dependerá da concordância do executado quando os embargos discutirem matéria não processual (de mérito).

Competência para a Execução

1. Execução fundada em título executivo judicial (art. 475-P, 475-N, 575, CPC)

Art. 575 - A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:I - os tribunais superiores, nas causas de sua competência originária;II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;III - (Revogado pela Lei n.º 10.358, de 27-12-2001);IV - o juízo cível competente, quando o título executivo for sentença penal condenatória ou sentença arbitral.

a. Sentença condenatória cível (título judicial) juízo da causa.

i. Local dos bens/ domicílio do executado

ii. Sentença declaratória (?)

iii. Sentença de alimentos (art. 100, II, CPC) – no domicílio do alimentando.

iv. Competência originária do tribunal – execução no tribunal.

b. Sentença homologatória de transação ou conciliação, acordo extrajudicial homologado, formal de partilha juízo da causa.

i. Local dos bens / domicílio do executado.

c. Sentença penal condenatória, sentença arbitral, sentença estrangeira juízo cível competente.

i. Dependerá das regras gerais de competência, podendo ser: Lugar do pagamento/ domicílio do executado / local do ato ou fato / foro de eleição

ii. Sentença estrangeira homologada pelo STJ – justiça federal.

2. Execução fundada em título executivo extrajudicial (art. 576, 585, CPC) juízo competente cível. Regra geral, será o juízo do domicílio do réu, mas pode prevalecer o foro da praça de pagamento ou o foro de eleição, se houver.

3. Embargos do executado (art. 747, CPC) juízo da causa. Se for causa de execução por precatória, o artigo 747 dispõe que o devedor pode opor embargos tanto no juízo deprecante quanto no juízo deprecado. Os embargos têm natureza de ação.

Cumulação de Execuções (Artigo 573, Cpc)

Art. 573 - É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor (1) , cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz (2) e idêntica a forma do processo (3) .

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Quando o suposto credor (exeqüente) possui mais de um título executivo, (neste caso, em regra, títulos extrajudiciais) pode promover uma única execução, não sendo necessária a propositura de duas execuções. É, entretanto, uma faculdade conferida ao exeqüente, que não está obrigado a cumular as execuções, podendo promover duas ou mais execuções separadas, cada uma fundada em um título executivo. O fundamento da cumulação é a economia processual.

Requisitos (1) identidade de partes;

(2) identidade de competência (mesmo órgão competente);

(3) identidade de procedimento (ex: obrigação de fazer e obrigação de pagar quantia certa não se cumulam, pois são procedimentos de execução diferentes).

Cumulação indevidaSe a cumulação for feita de modo indevido (ex: sem identidade de partes),

não poderia o credor promover as execuções em cumulação, caracterizando-se, assim, uma ilegitimidade de parte. Assim, o juiz pode determinar a emenda da inicial ou, se for o caso, extinguir o processo. Se passar desapercebido pelo juiz, o executado se defenderá através dos embargos do executado ou por objeção de pré-executividade, por ser caso de ordem pública.

Legitimidade para a Execução (Arts. 566 a 568)CAPÍTULO IDAS PARTESArt. 566 - Podem promover a execução forçada:I - o credor a quem a lei confere título executivo;II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.Art. 567 - Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo;II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.Art. 568 - São sujeitos passivos na execução:I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;IV - o fiador judicial;V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria.

Ativa – legitimidade originária credor e MP. Claro que, normalmente, quem figura no pólo ativo é o credor (exeqüente). Mas não é só o credor que pode ter legitimidade ativa, pois, também, o MP tem legitimidade para

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promover a execução, nos casos previstos em lei, como, por exemplo, em caso de ação de reparação de danos decorrente de lesão ao meio ambiente ou a interesses difusos e coletivos protegidos pelo Código o Consumidor.

Legitimidade superveniente ou derivada espólio, herdeiros, sucessores, cessionário e o que se sub-roga nos direitos do credor. O legitimado derivado deve comprovar, demonstrar, através dos documentos próprios, sua legitimidade ativa.

Passiva – devedores originários; sucessores do devedor originário; apenas responsáveis. Portanto, embora, em regra, a legitimidade passiva seja do devedor, também podem ser legitimados passivos o espólio, herdeiros e sucessores, novo devedor (o que assume a dívida, com a anuência do credor), fiador, responsável tributário.

Litisconsórcio, assistência, intervenção de terceiro(1) o litisconsórcio, tanto ativo quanto passivo, é plenamente possível no

processo de execução, assim como no processo de conhecimento.

(2) quanto à assistência simples, discute-se na doutrina a sua possibilidade na execução. Lembre-se que na assistência simples um terceiro ingressa no processo, tendo interesse jurídico no resultado favorável a uma das partes, a qual ele auxiliará. Alguns autores dizem que não seria possível, pois não há sentença de procedência ou de improcedência, mas devemos lembrar que a execução pode favorecer ou prejudicar uma das partes, razão pela qual outra parte da doutrina a admite (doutrina majoritária).

(3) quanto às outras intervenções de terceiro, parecem ser próprias do processo de conhecimento, razão pela qual não são necessárias no processo de execução. Por exemplo, o chamamento ao processo será desnecessário na execução, pelo disposto no artigo 595: “O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.”

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Responsabilidade Patrimonial (Arts. 591 e ss. Cpc)

Importante lembrar que a execução tem caráter real (princípio da patrimonialidade da execução). Neste sentido, o devedor responde com os seus bens presentes e futuros, salvo algumas exceções. Já se viu também que os bens podem servir como objeto específico ou como instrumento de realização do direito do credor, embora a regra seja o objeto específico.

Em regra, os bens que são atingidos pelos atos executivos são os bens do executado (sujeito passivo) e não terceiros alheios à relação processual. Fala-se, assim, em responsabilidade executiva primária. Porém, excepcionalmente, bens de terceiros podem ser objeto de execução, por casos expressos em lei, como, por exemplo, execução contra pessoa jurídica com desconsideração da personalidade jurídica, permitindo-se que a penhora recaia sobre bens do sócio, que não é parte na execução. Nestes casos, fala-se em responsabilidade executiva secundária (art. 592 do CPC).

Nos casos de responsabilidade executiva secundária, a defesa será feita por embargos de terceiro, para repudiar uma execução indevida. Entretanto, se a execução for devida, o terceiro poderá se defender por via de embargos do executado, defendendo-se como se executado fosse, alegando as matérias que o próprio executado argüiria.

Hipóteses de responsabilidade executiva secundáriaEstão previstas no artigo 592 do CPC:

“Art. 592 Ficam sujeitos à execução os bens:

(1) I - do sucessor a título singular, no caso de execução de sentença proferida em processo fundado em direito real;” defesa por embargos de terceiro e o bem (direito real) é objeto específico da execução;

(2) “II - do sócio, nos termos da lei;” em regra, o sócio não é atingido em uma execução contra pessoa jurídica (personalidades distintas), mas há a exceção da desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 CC e 28 CDC), ou se houver solidariedade ou se for uma sociedade de fato. Nestes casos, os bens do sócio serão atingidos. Importante lembrar que o credor não precisa promover uma ação autônoma para conseguir a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica, podendo fazê-lo no próprio processo de execução, e o sócio poderá exercer o contraditório no próprio processo de execução.

(3) “III - do devedor, quando em poder de terceiros;” ex: contrato de locação.

(4) “IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;”. Neste caso, deve-se verificar se a dívida foi contraída em benefício da família, quando os bens estarão sujeitos à execução, ou se a dívida foi contraída em benefício de apenas um dos cônjuges, o outro cônjuge não terá responsabilidade patrimonial e se defenderá por embargos de terceiro, ou por embargos do executado ou por impugnação.

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Súmula 134 do STJ (embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação). Penhora sobre bem imóvel indivisível na execução por quantia certa, a meação do cônjuge alheiro à execução recairá sobre o produto da alienação do bem (artigo 655-B).

(5) “V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.” Ou seja, o terceiro que adquiriu um bem em fraude à execução, terá este bem atingido pela execução. Lembre-se que o devedor pode alienar os seus bens sem comprometer a garantia do credor, o que não seria caso de fraude à execução. As hipóteses de fraude à execução estão no artigo 593 do CPC:

Fraude à execução:“Art. 593 - Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração

de bens:”

(1) “I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real”; aqui, temos uma ampliação do artigo 592, I. Neste caso, o processo de conhecimento ainda está em curso, ao contrário do caso do artigo 592, I, já analisado, quando já foi proferida a sentença. Como a ação está pendente, não há fraude ainda, pois ainda não há credor e devedor. Entretanto, se sobrevier a procedência do pedido, caracterizar-se-á a fraude. A alegação deve, portanto, ser feita na fase executiva. Diz-se que a ação está pendente a partir da citação. Antes da citação, não há fraude contra a execução, mas pode haver fraude contra credores, como veremos mais à frente. De suma importância lembrar que estará caracterizada a fraude à execução, ainda que o devedor tenha outros bens e seja solvente, uma vez que o bem alienado é o próprio objeto do litígio.

(2) “II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;” neste caso, não se tem uma ação com um determinado bem específico, mas que pode levá-lo à insolvência. Assim, em caso de oneração ou alienação, será possível se falar em fraude à execução.

(3) “III - nos demais casos expressos em lei.” Ex: credor dá início à execução, pega uma certidão e a averba no cartório de registro de imóveis. É caso de fraude presumida.

Diferenças entre fraude à execução e fraude contra credoresA fraude contra credores está disciplinada no artigo 158 do CC. É tratada

como um defeito do negócio jurídico. Caracteriza-se quando não há, ainda, um processo em curso e o devedor aliena ou onera seus bens, levando-se a estado de insolvência e prejudicando assim o credor. Ou seja, há a dívida, mas não há o processo em que esta dívida será cobrada.

Vejamos o artigo referente à FCC:Seção VI Da Fraude Contra Credores Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser

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anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

(...)

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

Já na fraude à execução, o ato do devedor é mais grave, pois já existe um processo pendente e este processo será infrutífero em razão do ato de alienação ou oneração dos bens do devedor.

Portanto, vislumbramos as seguintes diferenças:

(a) na FE, o ato do devedor viola a própria atividade jurisdicional do Estado, enquanto na FCC, o ato do devedor atinge apenas o interesse do credor;

(b) a FE gera a ineficácia do ato em relação ao credor e a FCC gera a anulação do ato (mas há posições em sentido contrário, entendendo que também nesse caso ocorre a ineficácia do ato em relação ao credor). A principal diferença prática, neste caso, é que se houver ineficácia do ato, a propriedade do bem é do terceiro que adquiriu o bem, enquanto que se houver nulidade do ato, a propriedade do bem volta a ser do próprio devedor;

(c) ocorrendo FE, não há necessidade de ação para a declaração de ineficácia, bastando simples petição no processo de execução, enquanto que ocorrendo FCC, é necessária a propositura de uma ação própria, chamada de ação pauliana, para a desconstituição do ato;

(d) a caracterização da FE independe da boa-fé do terceiro (o réu não pode alterar a sua posição patrimonial no curso do processo), já no caso de FCC, devem ser preenchidos os requisitos de eventus damni (prejuízo suportado pela garantia dos credores ante a insolvência do devedor) e consilium fraudis (conhecimento dos contratantes de que a alienação iria prejudicar os credores);

(e) na FE o ato é praticado no curso do processo, na FCC o ato é anterior à propositura da ação;

(f) há FE independentemente da insolvência do devedor em algumas hipóteses (alienação de bem no curso do processo fundado em direito real; alienação de bem penhorado ou arrestado etc.), para a caracterização da FCC é sempre indispensável a insolvência do devedor.

Terceiro de boa-féSe o bem alienado é um bem que estava penhorado e esta penhora já

havia sido averbada no cartório de registro de imóveis, pela Súmula 375 STJ, presume-se que o terceiro agiu de má-fé ao adquirir o bem, caracterizando-se a fraude à execução.

Súmula 375: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

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Assim, fica claro que se não houve a averbação, não há esta presunção de fraude, cabendo ao credor provar a má-fé do terceiro. Para se defender e provar sua boa-fé, utilizar-se-á de embargos de terceiro.

Observações sobre a Fraude à Execução A fraude à execução independe do registro da penhora (artigo 659,

§4º), em se tratando de bem imóvel (o aperfeiçoamento se dá com a entrega do bem ao depositário e a FE independe de penhora, bastando que haja processo em curso); súmula 375 do STJ.

Se o devedor solvente efetua várias alienações ou onerações, para só ao final se tornar insolvente, somente se verifica a fraude a partir do ato que gerou a insolvência (a execução deve atingir os bens em ordem regressiva de alienação ou oneração, até o equivalente da dívida).

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Execução Definitiva e Provisória

Artigos 475-O, 475-I, §1º, 587, CPC.

Execução definitiva De título judicial – decisão judicial transitada em julgado

De título extrajudicial – sempre, exceto casos do artigo 587

Execução provisória De título judicial – decisão judicial não transitada em julgado

De título extrajudicial – quando “pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado”

De título executivo judicial Se a sentença (título judicial) já transitou em julgado, fala-se em

execução definitiva. Se, ao contrário, ainda há recurso pendente de julgamento, fala-se em execução provisória, mas desde que o recurso não tenha sido recebido no efeito suspensivo.

De título executivo extrajudicialEm regra, se a execução é fundada em título executivo extrajudicial, a

execução será definitiva. Desta forma, a lei equipara o título a uma sentença já transitada em julgado, pois possui a mesma eficácia executiva.

Entretanto, esta forma de execução pode ser provisória no caso do artigo 587 do CPC:

Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).

Lembre-se que os “embargos do executado” é ação de conhecimento pela qual o executado se defende. Em regra, os embargos do devedor não possuem efeito suspensivo. Entretanto, o devedor pode pedir o efeito suspensivo quanto aos embargos, para se suspender a execução, sempre que esta puder trazer grave dano para o executado, conforme artigo 739-A, §1º:

Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo.§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

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Caso a sentença que decidir os embargos do devedor seja de improcedência do pedido, a execução poderá prosseguir, uma vez que a apelação interposta pelo devedor não terá efeito suspensivo (artigo 520, V), mas será um caso de execução provisória de título executivo extrajudicial, enquanto pendente o julgamento da apelação.

Se, ao contrário, a sentença for de procedência dos embargos, a execução ficará suspensa até o julgamento da apelação. Se a sentença de procedência dos embargos transitar em julgado, por óbvio, será extinta a execução.

Procedimento

A execução provisória se faz do mesmo modo que a definitiva (artigo 475-O, caput).

A execução provisória corre por conta, iniciativa e responsabilidade do exeqüente. O exeqüente se obriga a reparar os danos causados ao executado. A responsabilidade é objetiva (artigo 574).

Art. 574 - O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar à execução.

A execução fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença, restituindo-se as partes ao estado anterior, com liquidação nos próprios autos, por arbitramento.

Se a anulação ou modificação for parcial, a execução ficará sem efeito apenas em parte (artigo 475-O, §1º).

Na execução provisória, será exigida caução idônea, a ser prestada nos próprios autos, nos casos de levantamento de dinheiro, atos de alienação e atos dos quais possa resultar grave dano. O juiz que decidirá se a caução é idônea ou não.

Documentos necessários ao requerimento de execução provisóriaEstes documentos estão elencados no §3º do artigo em comento:

§ 3º Ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado declarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pessoal:I - sentença ou acórdão exeqüendo;II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;III - procurações outorgadas pelas partes;IV - decisão de habilitação, se for o caso;V - facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

Dispensa de cauçãoO artigo 475-O, §2º elenca as causas de dispensa de caução:

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§ 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:I - quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade;II - nos casos de execução provisória em que penda agravo perante o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação.

O caso do inciso II é o chamado “agravo nos autos”.

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Liquidação – arts. 475-A a 475-H

CAPÍTULO IXDA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇAArt. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação.§ 1º Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado.§ 2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.§ 3º Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

Antes da reforma, tinha natureza de ação. Após a reforma, é considerada uma fase do procedimento.

A liquidação sempre será necessária quando a sentença condenatória contiver uma obrigação sem valor definido. Assim, a finalidade da liquidação é a determinação do quantum debeatur, ou seja, fixar o valor devido e, com isso, integrar a eficácia executiva do título, uma vez que, como já se viu, a liquidez do crédito é requisito para a executoriedade do título.

Embora o artigo 475-A se refira apenas à liquidação de “sentença”, há quem critique a restrição, uma vez que o que se liquida é a obrigação e não a sentença. Desta forma, parte da doutrina entende que títulos extrajudiciais que contenham obrigações ilíquidas também podem ser objeto de liquidação. A doutrina dominante, porém, é a que entende pela impossibilidade de liquidação de título extrajudicial, uma vez que este deve ser líquido para possuir força executiva.

A regra é que o pedido seja certo e determinado (artigo 286). Entretanto, por exceção, ele poderá ser genérico, casos em que a sentença também poderá, ou não, ser genérica. Também pode ocorrer da sentença ser parte líquida e em parte ilíquida. O credor poderá executar a parte líquida enquanto liquida a parte ilíquida, ou aguardar a liquidação para só depois executar. Veja-se o artigo 475-I, §2º:

§ 2º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

No caso dos Juizados especiais (artigo 38, L 9.099/95), mesmo que o pedido seja genérico, a sentença deverá ser líquida, devendo o juiz fixar o valor devido. O §3º do artigo 475-A, supra, também veda a sentença ilíquida, nos casos do artigo 275, II, “d” e “e” (sumário).

Natureza jurídica da liquidação – ação ou fase? Como já dito, é fase, uma vez que o réu não é mais citado, sendo que a própria lei fala em

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“intimação” (§1º do artigo 475-A); ademais, não há mais sentença que resolve a liquidação, mas sim decisão interlocutória.

A decisão da liquidação tem natureza constitutiva ou declaratória? Há corrente nos dois sentidos. Há aqueles que falam que a sentença genérica só passa a ser título executivo a partir do momento em que se decide a liquidação, razão pela qual seria constitutiva. Já há aqueles que entendem que o título não precisa ser líquido para ser título, mas apenas para ser executado, razão pela qual seria declaratória.

Liquidação e execução provisória – caso o recurso contra sentença genérica seja recebido no duplo efeito, cabe liquidação para a futura execução? Sim, a liquidação pode ser proposta para o fim de execução provisória (artigo 475-A, §2º, supra).

Competência para liquidação – é do juízo da causa. Aplica-se o artigo 475-P, parágrafo único? Ou seja, pode, por exemplo, o exeqüente promover a liquidação no foro do local do bem, quando a execução ocorria no juízo do domicílio do executado, ou vice-versa? Não há regra específica, havendo posição nos dois sentidos.

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;II - o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

Espécies de liquidação:

(1) Por arbitramento – realiza-se quando há a necessidade de uma prova pericial para a fixação do valor devido, ou por exigência pela natureza da obrigação ou quando isto ficar decidido na sentença ou acordado entre as partes. Em qualquer das 3 hipóteses, é necessária a perícia. Entretanto, se for necessária a prova de fato novo, a liquidação deverá ser feita por artigos. A liquidação por artigos prevalece sobre a por arbitramento.

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;II - o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Um exemplo de liquidação por arbitramento em razão do objeto da obrigação seria o caso de uma obrigação de fazer que se tornou impossível.

O procedimento da liquidação por arbitramento está prevista no artigo 475-D:

Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo.

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Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.

PROCEDIMENTO: requerimento intimação defesa nomeação de perito e fixação de prazo intimação das partes manifestação em 10 dias audiência (se necessário decisão interlocutória agravo.

(2) Por artigos – sempre que houver a necessidade de provar fato novo (ex: nova cirurgia). Lembre-se que o fato novo não precisa ser superveniente à sentença, mas desde que não tenha nela sido considerado.

Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.

O procedimento da liquidação por artigos está previsto no artigo 475-F:Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art.272).

PROCEDIMENTO: comum. As únicas diferenças de uma ação de conhecimento são: (a) não há citação; (b) não há sentença, mas decisão interlocutória.

Na liquidação por artigos, não pode ser alegado vício da fase cognitiva. Isto porque a sentença do processo de conhecimento já transitou em julgado – ou ainda que não o tenha – devendo ser alegado o vício em ação rescisória. Entretanto, se o vício for de citação, este poderá ser alegado, ainda que na fase de liquidação ou na fase executiva, uma vez que o executado, neste caso, não tomou conhecimento nem do processo de conhecimento (artigo 475-L. Veja-se:

Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

Insuficiência de provas : se o exeqüente não conseguir provar o valor da liquidação, o juiz julgará improcedente a liquidação.

Liquidação zero : se ficar provado, durante o procedimento de liquidação por artigos, que o valor da condenação é igual a zero, também será caso de decisão interlocutória de improcedência da liquidação.

Ônus da sucumbência : o vencido na liquidação também deve pagar os honorários de sucumbência para o vencedor.

Outras formas: Existia outra espécie de liquidação, antes da reforma, que era a liquidação por cálculo do contador do juízo. Hoje, já não é necessário que o contador faça o cálculo, podendo fazê-lo o credor através de memória de cálculo. Assim há quem diga que há esta terceira forma de liquidação, que seria a liquidação por cálculo do credor.

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Da natureza da decisão da liquidação: é uma decisão interlocutória, pois cabe agravo, conforme o artigo infra:

Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

Ação rescisória: a ação rescisória também é possível de ser ajuizada contra a decisão interlocutória que decide a liquidação. Isto pode ocorrer, por exemplo, quando a perícia realizada durante a liquidação foi falsa. Isto porque, embora o artigo 485, sobre ação rescisória fale apenas em “sentença de mérito”, no caso da liquidação a decisão interlocutória tem conteúdo de sentença de mérito. A prescrição (2 anos) só começa a correr do último pronunciamento judicial. Súmula 401 do STJ.

Súmula 401. O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.

Cálculo aritmético: Sempre que a determinação do valor devido depender apenas de cálculo aritmético, não será necessária a liquidação, mas apenas requerimento do cumprimento de sentença com a memória discriminada e atualizada do crédito (artigos 475-B, 475-J, 614).

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

Dados em poder do devedor: Se o cálculo depende de dados em poder do devedor ou de terceiro, será necessário também requerimento do credor, para que o juiz determine que o executado, no prazo de 30 dias, apresente seu cálculo. Se os dados não forem apresentados, haverá uma presunção de correção do cálculo elaborado pelo credor (semelhante à presunção de revelia).

Art. 475-B (...) § 1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo deaté trinta dias para o cumprimento da diligência.§ 2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.(...)

Dados em poder de terceiro: O juiz fixará prazo para apresentação. Se o terceiro não obedecer, poderá ser caso de busca e apreensão, sem prejuízo de eventual processo-crime por desobediência.

Cálculo que aparentemente excede os limites da decisão: Poderá o juiz se valer de contador.

§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os

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limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

Discordância do credor: a execução se dará pelo valor indicado pelo credor e a penhora será feita no valor indicado pelo contador.

§ 4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

Ausência de impugnação pelo devedor: (há divergência doutrinária) o juiz não poderá reduzir o valor de ofício. Desta forma, também não caberá recurso, pois a execução prosseguirá sem o juiz decidir.

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Títulos Executivos

É, como visto, um dos pressupostos da execução. Se não houver título executivo, não haverá execução. Se o credor possui um título executivo extrajudicial, não é necessária a ação de conhecimento, podendo promover, desde logo, a execução.

Diante do inadimplemento, outro pressuposto, nasce o interesse na execução. O título é a própria causa de pedir do pedido, na execução.

Se o título executivo for judicial, não há mais processo autônomo (processo sincrético). A defesa do executado é feita pela impugnação, que não tem natureza de ação, como os embargos e que é resolvida por decisão interlocutória, contra a qual cabe agravo de instrumento.

Se o título executivo for extrajudicial, há um processo autônomo e o devedor se defenderá por embargos do executado.

Título judicial Não há processo autônomo (execução imediata)

Defesa por impugnação

Título extrajudicial Há processo autônomo (execução mediata)

Defesa por embargos do executado

Conceito e natureza jurídica – há quem diga que é um ato e outros dizem que é um documento. Em verdade, é os dois. No plano do direito material, é um ato, pois contém uma obrigação. Ao mesmo tempo, processualmente, é o documento que habilita o credor a ingressar com a execução. De acordo com Araken de Assis, é “representação documental típica do crédito”.

Importância – a execução não será a via adequada se não houver título. Deverá o credor, primeiramente, ajuizar ação de conhecimento. Assim, o título fornece o interesse processual. Fornece também a legitimidade, tanto ativa quanto passiva. Isto porque a legitimidade será aferida de acordo com o que estiver estabelecido no título executivo. Fornece, ainda, o limite e extensão, bem como o procedimento (execução por quantia certa, de obrigação de fazer, de entregar coisa etc.).

Características:(1) Certeza – existência da obrigação.

(2) Liquidez – valor determinado.

(3) Exigibilidade – não sujeito a condição, termo ou encargo.

Execução sem título ou ação de conhecimento com título – indeferimento ou conversão? Se o credor promover uma execução sem título ou promover ação de conhecimento com título, o que deve o juiz fazer? A rigor, há

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motivo para a extinção, pois falta interesse processual. Entretanto, se houver a possibilidade de se corrigir o vício, o juiz pode converter o rito no adequado, o que seria mais benéfico (princípio da instrumentalidade das formas).

Títulos Executivos Judiciais (art. 475-N)

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;IV - a sentença arbitral;V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;VI - a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.

Foi tirado do Livro II (Execução) e passou para o Livro I (Processo de Conhecimento).

O rol é taxativo. Nada que não ali esteja será título judicial. No caso dos títulos extrajudiciais o rol também é taxativo.

Este rol não menciona a decisão interlocutória concessiva da tutela antecipada, mas parte da doutrina defende que esta decisão também é um título judicial. Afinal, se a sentença condenatória é título judicial, a decisão que isto antecipa também o será.

Os títulos executivos judiciais, normalmente, são oriundos de um processo com coisa julgada, o que não ocorre no caso dos títulos extrajudiciais.

São títulos judiciais:

(1) Sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entregar coisa

Deve-se questionar se apenas a sentença condenatória é título judicial, ou se também o é a sentença declaratória. A doutrina é dividida. A discussão iniciou-se, ainda antes da reforma do CPC, quando réus executavam sentenças de improcedência do pedido em ações declaratórias de inexigibilidade de débito, por exemplo. Entretanto, lembre-se que a sentença declaratória não tem a função sancionadora, como tem a condenatória. Na opinião da professora, não há como se dizer que uma sentença de improcedência de natureza declaratória seja apta a permitir execução.

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Em nossa opinião, também não é possível a execução de sentença declaratória. O fundamento é a interpretação sistemática do código, que leva à conclusão de que apenas sentenças condenatórias podem ser executadas.

Caso o autor formule pedidos múltiplos (cumulação de pedidos), e um deles, ao menos, for condenatório, pode ser que a sentença seja, em parte, condenatória e esta parte será executável.

Quando o réu for condenato ao pagamento de uma indenização pela prática de yum ato ilícito, pode juiz determinar a constituição de capital, para assegurar o pagamento do valor mensal de pensão, conforme artigo 475-Q:

Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.

(2) Sentença penal condenatória transitada em julgadoA sentença penal condenatória torna certa a obrigação de indenizar o

dano (artigo 91, CP). Entretanto, ela não é líquida, normalmente, razão pela qual não pode ser executada. Há a necessidade de liquidação, portanto. Após a liquidação, a sentença penal condenatória será título executivo judicial.

A doutrina diz que é caso de título executivo instrumentalmente complexo (sentença penal + decisão da liquidação).

A sentença penal condenatória não é título contra quem não participou do processo.

A reparação pode ser pela restituição de um bem ou o ressarcimento de um valor.

Requisitos – sentença definitiva + coisa julgada + liquidação.

(3) Sentença homologatória de transação ou conciliaçãoSerá título judicial, desde que a transação tenha conteúdo condenatório.

Ex: ação de reparação de danos com acordo em audiência. Caso o conteúdo seja outro, não será necessária a execução.

A lei permite que o juiz homologue conciliação que inclua matéria não posta em juízo.

Caso o réu reconheça juridicamente o pedido do autor e o juiz o acolher, a sentença também será caso de título judicial. Da mesma forma a renúncia ao direito.

(4) Sentença arbitralNão é necessária a homologação em juízo. Após a lei de arbitragem esta

homologação passou a ser desnecessária.

Também deve ter conteúdo condenatório.

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O árbitro não tem o poder de praticar os atos executivos de invasão patrimonial, razão pela qual deve haver a execução própria no juízo cível competente.

(5) Acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado em juízo

Novamente, deve ter conteúdo condenatório.

O acordo extrajudicial pode ser título executivo extrajudicial ou judicial, dependendo da homologação ou não em juízo.

(6) Sentença estrangeira homologada pelo STJMais uma vez, deve haver conteúdo condenatório.

A competência para a execução é da Justiça Federal

(7) Formal e certidão de partilha

Títulos Executivos Extrajudiciais (art. 585)Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais:I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

O rol também é taxativo, mas está contido não apenas o artigo 585, uma vez que o inciso VIII determina que outras disposições legais podem prever outros títulos extrajudiciais.

Podemos ter títulos particulares (ex: contrato, transação, confissão de dívida etc.) e títulos públicos.

As características formais do título sempre estarão previstas em lei.

A propositura de ação de conhecimento relativa ao débito constante do título não impede a propositura da execução (§1º). Prevalece o entendimento de que não há conexão entre a ação de execução e a de conhecimento, uma vez

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que a conexão tem como pressuposto a decisão conjunta. Entretanto, não há como julgar conjuntamente ação de execução e de conhecimento.

§ 1º - A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

O título executivo extrajudicial oriundo de país estrangeiro não depende de homologação (arts. 585, §2º e 157, CPC).

Se houver a prescrição da pretensão de ação executiva, caberá ação de conhecimento.

(1) Letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture, cheque.

Títulos negociais particulares (o direito material prevê o modo de criação e formalização dos títulos).

Quando o credor promove a execução com base em um destes títulos, deve exibir o original, salvo se este já estiver encartado em outros autos, quando pedirá certidão.

A duplicata, para ser título executivo, ela deve ser aceita. Para que seja considerada título sem o aceite, deve o credor apresentar, junto com a duplicata, o comprovante de entrega e o protesto.

(2) A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores.

Em relação ao documento público, a lei não faz a exigência da assinatura de duas testemunhas, mas apenas do devedor, por ter presunção de veracidade. Já no caso do documento particular, é necessária a assinatura do devedor e mais duas testemunhas. Ex: confissão de dívida, contrato etc.

Em relação ao contrato, importante destacar que se ele for bilateral, é necessário que o devedor tenha condições de provar, no momento da propositura, o cumprimento da obrigação (seja qual for a natureza da obrigação).

Contrato de abertura de crédito em conta corrente é título judicial? De acordo com a súmulas 233 e 247 do STJ, este tipo de contrato não pode mais ser considerado título executivo extrajudicial. Pode até ensejar ação monitória (ação de conhecimento).

O acordo, se for assinado pelos advogados dos transatores, já é título extrajudicial. Se for levado à homologação, será título judicial.

(3) Os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida.

Nestes casos, não é necessária a assinatura das duas testemunhas.

(4) O crédito decorrente de foro e laudêmio.

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Enfiteuse

(5) O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.

O contrato pode ser verbal.

Cumulação de despejo com cobrança de aluguel: O locador credor pode, ao invés de promover uma execução, propor uma ação de despejo com cobrança de aluguéis. Geralmente, falta ao credor interesse para propor uma ação de conhecimento quando já tiver um título executivo, entretanto, neste caso, há previsão legal expressa neste sentido.

Encargo de condomínio cobrado do locador pelo Condomínio – rito sumário (art. 275, II, b. Neste caso, portanto, não é execução, mas ação de conhecimento

(6) O crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial.

Estes títulos, embora homologados por decisão judicial, são títulos extrajudiciais. Isto porque estas medidas são de caráter administrativo e, às vezes, não houve nem ação judicial.

(9) A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei.

(8) Todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Contrato de honorários advocatícios; compromisso de ajustamento de conduta; cédula de crédito bancário etc.

Execuções em espécie

Execução por Quantia Certa (fundada em título judicial) = Cumprimento de Sentença

CAPÍTULO XDO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA287Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.§ 1º É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.§ 2º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

Não há petição inicial de execução, pois aqui há uma fase e não um procedimento autônomo. Vale dizer, a execução é imediata e não mediata.

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Então, cabe ao credor requerer o cumprimento da sentença, no prazo de 6 meses.

Art. 475-J. (...) § 5º Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

Como é obrigação de pagar quantia, cabe também ao credor fazer uma memória de cálculo (ex: correção do valor, aplicação dos juros etc.). Se só for necessário o cálculo aritmético, não será necessária a liquidação.

Pode, desde o requerimento de cumprimento de sentença, indicar bens. É uma faculdade do credor.

Art. 475-J (...) § 3º O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.

O réu deverá pagar em 15 dias, sob pena de multa de 10%.Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

A partir de que momento se conta este prazo de 15 dias? Este prazo flui automaticamente ou deve o devedor ser intimado? As duas interpretações são possíveis, variando de autor para autor e de juiz para juiz. De início, o STJ entendeu que o prazo correria automaticamente após o trânsito em julgado da sentença, mas mudou seu entendimento, entendendo que o devedor deve ser intimado para pagar em 15 dias. Já no caso da execução provisória, não há discussão de que o prazo não correrá automaticamente, devendo ser o devedor intimado.

Se se entender que o prazo flui automaticamente, o credor já junta a memória de cálculo no requerimento de cumprimento de sentença.

Assim, se impõe outra questão: a multa incide na execução provisória? Prevalece o entendimento de que não incide a multa em execução provisória.

Outra discussão é acerca da natureza desta multa. Seria ela coercitiva? Ou seria ela simples decorrência da mora? Para a professora, parece que a multa decorre do não pagamento, embora tenha também natureza coercitiva. Para aspectos práticos, se for considerada coercitiva, não será aplicada quando o devedor não tiver dinheiro para pagar, mas nomear bens.

Mandado de penhora e avaliação – o próprio oficial de justiça avalia o bem (antes era necessário perito). Se ele não tiver condições de avaliar o bem, aí sim o juiz nomeará perito.

Feita a penhora, o devedor deverá ser intimado na pessoa de seu advogado e terá 15 dias para oferecer impugnação. Daí pra frente, aplicam-se as regras da execução de título extrajudicial (art. 475-R).

Impugnação – Arts. 475-L e 475-M.Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:

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I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;II - inexigibilidade do título;III - penhora incorreta ou avaliação errônea;IV - ilegitimidade das partes;V - excesso de execução;VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.§ 1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.§ 2º Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.

O executado, intimado da penhora, pode se defender por meio de impugnação. A impugnação consagra o princípio do contraditório e da ampla defesa.

O prazo é de 15 dias e começa a correr da intimação da penhora (artigo 475-J, §1º).

Matérias (art. 475-L) – as matérias são limitadas, uma vez que já houve processo de conhecimento, pois é caso de título judicial. O devedor não pode tentar afastar a sentença que ensejou a execução em todos os casos, mas apenas nos previstos no artigo 475-L:

I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II - inexigibilidade do título; III - penhora incorreta ou avaliação errônea (ex: penhora de bem impenhorável ou não observância da ordem de preferência); IV - ilegitimidade das partes (apenas a ilegitimidade para a execução); V - excesso de execução (o devedor tem que indicar o valor que entende correto, conforme §2º); VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

Excesso de execução – indicação do valor correto, sob pena de rejeição liminar (§2º).

Inconstitucionalidade – decisão que se baseia em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF (§1º). Alguns autores entendem que este dispositivo fere a CF88, pois atenta contra a coisa julgada. O reconhecimento da inconstitucionalidade não deveria poder alterar a coisa julgada.

Após a apresentação da impugnação, a execução continuará com a expropriação do bem objeto da execução. Não há suspensão do processo (art. 475-M). Entretanto, o devedor pode pedir que sua impugnação tenha efeito

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suspensivo. Se conseguir demonstrar o fundamento relevante + perigo de grave dano, o juiz poderá conceder este efeito suspensivo.

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

Autuação: se for dado efeito suspensivo à impugnação, esta será autuado junto com a execução, que estará suspensa. Já se não for concedido este efeito suspensivo, a impugnação será autuada em apenso, pois a execução continuará. (§2º)

§ 2º Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados.

Prosseguimento mediante caução: §1º.§ 1º Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.

Pronunciamento que resolve impugnação: §3º. Se o juiz afasta a impugnação, a execução prossegue e então será decisão interlocutória passível da agravo. Entretanto, se o juiz acolher a impugnação e, ao mesmo tempo, extinguir a execução, será caso de sentença (apelável). Pode ser que esta decisão de acolhimento da impugnação não extingua a execução, não sendo caso de sentença, mas também de decisão interlocutória.

§ 3º A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.


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