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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA

MDULO XII

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

__________________________________________________________________ Praa Almeida Jnior, 72 Liberdade So Paulo SP CEP 01510-010 Tel.: (11) 3346.4600 Fax: (11) 3277.8834 www.damasio.com.br

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DIREITO PROCESSUAL CIVILProcesso de Execuo

1. PRINCPIOS DO PROCESSO DE EXECUO

1.1.

Princpio

da

Mxima

Utilidade

da

Execuo

(exato

Adimplemento) De acordo com esse princpio, o processo de execuo tem que ser extremamente proveitoso ao credor, o mais prximo do que ele teria caso no houvesse ocorrido transgresso ao seu direito. O princpio em questo um corolrio do princpio da mxima utilidade da atuao jurisdicional. A relevncia, porm, muito maior no processo de execuo, na medida em que o processo de execuo instrumento do processo de conhecimento e visa assegurar o bem da vida ao credor, por meio de resultados materiais. necessria a mudana da realidade, fazendo surgir situao concreta e muito aproximada ao cumprimento espontneo por parte do devedor. Para tal, a celeridade e o rigor dos atos so fundamentais. Entre as medidas necessrias para albergar os princpios em questo temos:

aplicao de multa diria na execuo das obrigaes de fazer e no fazer (astreintes);

execuo provisria; a antecipao da tutela para garantir o resultado do processo executrio (arts. 273 e 461 do CPC);1/34

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sano ao devedor desleal (arts. 600 e 601 do CPC); arresto de bens do devedor no localizado (art. 653 do CPC).

Salientamos que algumas dessas medidas sero estudadas luz das recentes modificaes introduzidas no Cdigo de Processo Civil, aps a explicitao dos demais princpios atinentes matria.

1.2.

Princpio

do

Menor

Sacrifcio

do

Executado

(menor

onerosidade) O caminho buscado dever ser sempre o menos oneroso para o devedor. O prprio art. 620 determina: quando por vrios meios o credor puder promover a execuo, o juiz mandar que se faa pelo modo menos gravoso para o devedor. importante ressaltarmos que no se busca sano ao devedor, mas sim a satisfao ao credor. Deve haver uma proporcionalidade, pois sempre que houver necessidade de sacrifcio, dever ser no limite do necessrio. Temos como efeitos:

direito do devedor nomear bens penhora; direito do devedor de pedir a substituio do bem penhorado por dinheiro (art. 668, do CPC);

direito do devedor de remanescer como depositrio de seus bens penhorados (art. 666, do CPC);

proibio da arrematao de bens do devedor por preo vil (art. 692, do CPC);2/34

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impenhorabilidade de alguns bens do devedor (arts. 649 e 650 do CPC e Lei n. 8.009/90).

1.3. Princpio do Contraditrio No somente o credor quem participa do processo de execuo, pois o texto constitucional garante a ampla defesa e o contraditrio em todas as fases processuais (art. 5., LIV e LV, da CF). O princpio do contraditrio garante inclusive ao devedor inadimplente, a oposio de embargos do devedor. Alis, o contraditrio inerente a todas as modalidades de processo, de acordo com as garantias constitucionais. Ademais, o princpio do menor sacrifcio implica o contraditrio.

1.4. Medidas

previstas

para

assegurar

maior

ndice

de

satisfatividade s execues As previses do procedimento ordinrio, de aplicao subsidiria a todo o sistema, e das execues provisrias, foram reformuladas e ampliadas com o fim de permitir maior ndice de satisfatividade nas efetivaes de tutelas antecipadas e executivas. Entre as medidas necessrias para albergar os princpios em questo, garantindo assim maiores ndices de satisfatividade s execues e a obteno de efetividade execuo forada, encontram-se:

aplicao de multa diria (astreintes) na execuo das obrigaes de fazer, no fazer, e entrega de coisa, esta ltima inclda pela Lei n. 10.444/02;3/34

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execuo provisria; a antecipao da tutela para garantir o resultado do processo executrio (arts. 273 e 461 do CPC);

1.4.1. Aplicao da Multa diria na Execuo das obrigaes de Fazer, no-Fazer e entrega de Coisa Muitas e importantes foram as alteraes operadas em sede de execuo das obrigaes de fazer, no fazer e entrega de coisa. Para fins de estudo, apresentam-se tais institutos em disposies tpicas. Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao ru a absteno da prtica de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poder requerer cominao de pena pecuniria para o caso de descumprimento da sentena ou da deciso antecipatria de tutela (arts. 461, 4o e 461-A). (NR) A execuo das obrigaes de fazer, de no fazer e de entrega de coisa passa a ter um regime uniforme, de acordo com as regras estabelecidas pelos artigos 461 e 461-A, alm de poder ser aplicado o disposto no artigo 588, no que couber, conforme expresso da prpria lei. O artigo 287 dispe sobre a possibilidade de fixao de multa diria (astreintes ou astrentes) em qualquer antecipao de tutela, como forma de compelir o obrigado execuo da prestao objeto de efetivao. Ressalte-se que, na doutrina e na jurisprudncia, tal hiptese j se admitia, de modo pacfico.

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Com efeito, a lei qualificou a providncia de efetivao da medida satisfativa como de antecipao de tutela e no como providncia cautelar, quer seja concedida de modo antecipado ou no momento da sentena, e em qualquer tipo de ao, mesmo em aes civis pblicas, e para efetivao desta antecipao tornam-se cabveis as astreintes. Conforme se ver no texto da nova redao do artigo 461, 6., mantida a possibilidade de o juiz modificar de ofcio o valor da multa fixada a ttulo de astreintes; todavia, a reforma vai alm, pois foi introduzida a possibilidade de alterao da periodicidade da multa. Seguindo a tendncia uniformizadora da lei, em aplicar institutos semelhantes para a efetivao de tutelas cujos objetos sejam parecidos, foram includas novas proposies ao artigo 461, alm da insero do artigo 461-A, no Cdigo de Processo Civil. O artigo 461-A passa a tratar especificamente das regras a serem utilizadas pelo magistrado quando da aplicao de preceitos coercitivos visando efetivao da entrega de coisa concedida em sede de tutela antecipatria. Como regra, e com o objetivo de atender ao princpio do exato adimplemento, utiliza-se para efetivao de tutela de obrigaes de fazer e de no fazer o provimento mandamental, em que o juiz ordena e impe medidas de apoio para pressionar a vontade do devedor, ao passo que, na efetivao da tutela de entrega de coisa, haver identificao com as aes executivas lato sensu, ou seja, apesar de suas decises no possurem cunho ordenatrio com sanes especficas, uma vez proferidas podem ser efetivadas desde logo, nos mesmos autos, sem necessidade de novo processo executivo.5/34

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Assim, a tcnica de sub-rogao, ou execuo em sentido estrito, em que h a substituio da vontade do devedor pela atuao judicial, s tem lugar se os provimentos mandamentais no surtirem efeitos. O exato adimplemento, previsto no Cdigo de acordo com a expresso resultado prtico equivalente (artigo 461, 5., do Cdigo de Processo Civil), portanto, deve ser buscado primordialmente pelo magistrado, a exemplo dos alimentos. No entanto, no se afigura possvel a decretao de qualquer restrio de liberdade, ainda que pudesse ser alegada sua eficcia na obteno do dito resultado equivalente, uma vez que, na hiptese, seria de rigor observar um injustificvel retrocesso em relao s conquistas obtidas pela sociedade, inclusive em sede de direitos individuais, a comear pela negao da consagrada lex poetelia papria, que traduz o princpio da patrimonialidade.

Art. 461............................................................................. 5o Para a efetivao da tutela especfica ou a obteno do resultado prtico equivalente, poder o juiz, de ofcio ou a requerimento, determinar as medidas necessrias, tais como a imposio de multa por tempo de atraso, busca e apreenso, remoo de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessrio com requisio de fora policial. O artigo 461, em seu 5., apresenta um rol exemplificativo de medidas a serem tomadas pelo juiz quando da busca da efetivao de tutela de obrigaes de fazer e de no fazer, que vo desde o provimento mandamental at a sub-rogao (execuo indireta, em sentido estrito), dependendo do grau de resistncia do devedor.6/34

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Considera-se na doutrina, ainda incipiente, esse rol exemplificativo, uma vez que no texto do referido pargrafo encontra-se a expresso tais como, de forma a indicar a possibilidade de aplicao de outras medidas no previstas neste artigo, corroborando, assim, a previso do artigo 273, 3., que prega a aplicao, no que couber, dos institutos dos artigos 588, 461 e 461-A do Cdigo de Processo Civil. Dessa maneira, o limite das tutelas o limite das restries expressas nos comandos constitucionais. 6o O juiz poder, de ofcio, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.(NR) Conforme se colhe da nova redao do artigo 461, 6., mantida a possibilidade de o juiz modificar de ofcio o valor da multa fixada a ttulo de astreintes; todavia, a reforma vai alm, pois foi introduzida a possibilidade de alterao da periodicidade desta. Pode-se, ento, vislumbrar a noobrigatoriedade do critrio dirio de fixao da multa ante a possibilidade conferida ao juiz de modificar sua periodicidade, apesar de continuar a ser o mais fcil e prtico dos critrios possveis. Artigo 2.o da Lei n. 10.444/02 : A Lei n.o 5.869, de 11 de janeiro de 1973, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 461-A: Art. 461-A. Na ao que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela especfica, fixar o prazo para o cumprimento da obrigao. 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gnero e quantidade, o credor a individualizar na petio inicial, se lhe

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couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregar individualizada, no prazo fixado pelo juiz. 2o No cumprida a obrigao no prazo estabelecido, expedir-se- em favor do credor mandado de busca e apreenso ou de imisso na posse, conforme se tratar de coisa mvel ou imvel. 3o Aplica-se ao prevista neste artigo o disposto nos 1o a 6o do art. 461.(NR) Atendendo uniformizao das efetivaes de tutela proposta pela lei, foi inserido no texto do Cdigo de Processo Civil o artigo 461-A, que determina a aplicao de regras semelhantes s previstas para a execuo de obrigaes de fazer e de no fazer, para a entrega de coisa, com pequenas alteraes que a assemelham s aes executivas lato sensu. Assim, mantm-se a primazia da tutela especfica, remetendo excepcionalmente o credor s perdas e danos, se impossvel a obteno do resultado equivalente. Ao menos a princpio, a doutrina parece inclinar-se viso de que o artigo 461-A aplica-se nos casos de efetivao de ttulos executivos judiciais e antecipaes de tutela (por meio de decises interlocutrias). No se aplicam execuo de ttulos executivos extrajudiciais, pois para esses h previso de regras prprias nos artigos 621 e seguintes do Diploma Processual Civil. Surge da aplicao das regras acima, a deduo de que, na execuo das obrigaes de fazer e de no fazer, fundadas no artigo 461, aplicam-se subsidiariamente as regras dos artigos 632 e seguintes do Cdigo, e na execuo das obrigaes de entrega de coisa (artigo 461-A), subsidiariamente

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as regras dos artigos 621 e seguintes, quando se tratar de ttulo executivo extrajudicial. Dessa feita, principiam vozes na doutrina no sentido de identificar erro na lei, pois quem no possui ttulo executivo tem a possibilidade de obter efetivao mais rpida da deciso interlocutria concessiva de tutela antecipada (nos moldes do artigo 461-A) do que aqueles que possuem ttulos executivos extrajudiciais, que devem seguir as regras dos artigos 621 e seguintes, em que so previstos embargos com possibilidade de suspenso da execuo etc. Para a correo do problema apontado, parte incipiente da doutrina sustenta a possibilidade de opo pela ao de conhecimento quele que possui ttulo executivo extrajudicial, dada a vantagem de obteno dos efeitos da tutela antecipada, com aplicao do artigo 461-A, e subsidiariamente os artigos 621 e seguintes do Cdigo de Processo Civil. Todavia, ainda majoritrio o entendimento da doutrina clssica, que entende haver carncia de ao de conhecimento para o possuidor de ttulo executivo extrajudicial, em razo da falta de interesse de agir, em sua modalidade inadequao. Cabe multa para forar o devedor entrega de coisa, o que possibilita a interpretao no sentido da no-aplicao da Smula n. 500 do Supremo Tribunal Federal, que, em seu texto, a vedava. In verbis: No cabe ao cominatria para compelir-se o ru a cumprir obrigao de dar. Incurso necessria: Mais uma vez, cumpre observar o texto dos artigos 273, 3., 461 e 461A, que, ao utilizarem a expresso efetivao da tutela, assume viso iconoclasta do sistema, quebrando, assim, a idia da tripartio dos feitos em9/34

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virtude de seus objetivos, conseqentemente deixando de exigir um novo processo de execuo para que se possa, nos mesmos autos e de forma mais clere, obter a efetivao do provimento antecipatrio, atendendo ao princpio da instrumentalidade das formas. Uma vez que se fala em efetivao, surge o complicador de, quando em antecipao de tutela de pagamento de quantia e ante a aplicao irrestrita de todo o artigo 588, devidamente ampliado, ser possvel ou no o cabimento de embargos do devedor, pois no h propriamente execuo e, via de regra, no h possibilidade de surgimento de fatos novos no discutidos em contestao (matria superveniente) que pudessem embasar a interposio de embargos. Somente se vislumbra a possibilidade de, por meio de petio atravessada nos autos, apresentar fatos novos que possibilitem a revogao da tutela antecipada, notadamente ante o seu carter rebus sic stantibus, ou, imediatamente aps a deciso concessiva, interpor recurso de agravo.

1.4.2. A Execuo Provisria das Sentenas Execuo provisria das sentenas a modalidade de execuo de sentena ainda no transitada em julgado, atacada por recurso recebido somente no efeito devolutivo. Encontra previso no artigo 588 do CPC. As modificaes da execuo provisria foram realizadas em dois planos: interna e extensivamente. Internamente houve ampliao das disposies do artigo 588 do Cdigo de Processo Civil; extensivamente foi ampliada a aplicao desse artigo, agora por inteiro, s efetivaes de tutela antecipada, de acordo com as novas regras do artigo 273 do mesmo diploma. Vejamos as alteraes processadas:10/34

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Art. 588. A execuo provisria da sentena far-se- do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: De plano, nota-se a supresso da exigncia de cauo, como regra geral, seguindo, destarte, a jurisprudncia dominante nos tribunais. Em relao aplicao da lei no tempo, a partir de sua vigncia configura-se a hiptese de utilizao das regras previstas no novo artigo 588, em execuo de processos pendentes, no sendo possvel a alegao de direito adquirido por parte do devedor executado. I - corre por conta e responsabilidade do exeqente, que se obriga, se a sentena for reformada, a reparar os prejuzos que o executado venha a sofrer; II - o levantamento de depsito em dinheiro, e a prtica de atos que importem alienao de domnio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de cauo idnea, requerida e prestada nos prprios autos da execuo; Uma excelente novidade a possibilidade de alienao de domnio, desde que seja prestada cauo idnea, o que no era possvel na sistemtica anterior, nem mesmo com cauo. Desse modo, prev o artigo em estudo a necessidade de restituio ao status quo ante em caso de reforma ou anulao da deciso exeqenda, qualquer que seja seu objeto, a saber, obrigaes de fazer e de no fazer, de entrega de coisa ou ainda pagamento de quantia, pois, onde o legislador no distingue, no cabe ao intrprete distinguir (alis, prev o artigo 273 a aplicao, no que couber, dos referidos institutos). Somente se houver impossibilidade de restituio das coisas ao estado anterior que se

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resolve em perdas e danos o prejuzo indevidamente causado, com a execuo da cauo idnea. III - fica sem efeito, sobrevindo acrdo que modifique ou anule a sentena objeto da execuo, restituindo-se as partes ao estado anterior; IV - eventuais prejuzos sero liquidados no mesmo processo. 1o No caso do inciso III, se a sentena provisoriamente executada for modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficar sem efeito a execuo. Embora o referido artigo, em seu inciso III, determine ficar sem efeito os atos objeto de execuo provisria de sentena posteriormente modificada, deve-se dar especial ateno aos atos que envolvam terceiros de boa-f, que, salvo melhor juzo, devem ser mantidos, com conseqente indenizao do devedor prejudicado, por meio da execuo da cauo acima referida, que por sua vez, serve mesmo no caso de restituio efetiva ao status quo ante, a exemplo da ocorrncia de lucros cessantes pela temporria privao da coisa.

2o A cauo pode ser dispensada nos casos de crdito de natureza alimentar, at o limite de 60 (sessenta) vezes o salrio mnimo, quando o exeqente se encontrar em estado de necessidade. (NR)

O pargrafo 2. do modificado artigo 588 prev ainda a dispensa de cauo para a execuo dos crditos alimentares, esses interpretados amplamente, ante a no-diferenciao do legislador, caso seu valor no exceda12/34

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a 60 salrios mnimos e o exeqente esteja em estado de necessidade. Mesmo que o valor ultrapasse os 60 salrios mnimos, atendendo mens legis do artigo em questo, deve o juiz se limitar ao valor legal apenas para o fim da no-exigncia de cauo. Assim, a tendncia a incorporao no conceito de crditos alimentares, at mesmo daqueles decorrentes de ilcito (judiciais), mesmo porque, aqui, a medida coercitiva adotada no a priso civil do devedor, mas apenas a inexigncia de cauo, ante a consagrada orientao de interpretao parcimoniosa (cum granu salis) do risco de irreversibilidade do provimento antecipatrio, com fulcro na proporcionalidade.

1.4.3. A Efetivao da tutela antecipada

Em relao s efetivaes de tutela antecipada, cumpre observar que, ante as modificaes operadas, e em razo da adoo de uma viso verdadeiramente iconoclasta do sistema, no sentido de busca da satisfatividade, privilegiando sobremaneira o princpio da instrumentalidade das formas, as regras atinentes efetivao deste instituto salutar devem ser analisadas em conjunto, de acordo com as disposies j explicitadas dos artigos 273, 287, 461, 461-A e 588 do Cdigo de Processo Civil.

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2. DAS ESPCIES DE EXECUO

2.1. Execuo por Quantia Certa Divide-se, conforme a situao econmica do devedor em:

execuo por quantia certa contra devedor solvente; execuo por quantia certa contra devedor insolvente.

So modalidades de execuo por expropriao. Pelas dvidas, responde o patrimnio do devedor. A expropriao comea com o ato de penhora, sendo que o devedor poder ficar como depositrio. Mais tarde, o bem ser alienado para pagar o credor. Pode o credor satisfazer o seu crdito, aceitando o prprio bem penhorado como pagamento, ocorrendo o que se denomina adjudicao. Nesse caso, para que esta seja possvel, no pode haver outros credores habilitados. O credor, havendo mais interessados no adimplemento de seus crditos, tambm pode arrematar o bem, porm concorrer em iguais condies com todos os que participarem da hasta pblica. A execuo contra devedor insolvente universal e tem embasamento no princpio da pars conditio creditorum. Todos os credores vo ao juzo universal e, ao invs da penhora, ocorre a arrecadao de todos os bens do devedor, que verdadeira expropriao de todo o seu patrimnio. Pergunta-se: Cabe execuo por quantia certa com penhora dos bens da Fazenda Pblica?

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Resposta: No. Porque esse tipo de execuo leva expropriao, e o bem da Fazenda Pblica no pode ser expropriado (arts. 730 e ss. do CPC). Cumpre observar que o Bem de Famlia no penhorvel, nem exproprivel.

2.2. Execuo para Entrega de Coisa Divide-se em:

execuo para entrega de coisa certa; execuo para entrega de coisa incerta.

As execues para entrega de coisa, so execues em que o credor, vitorioso em processo de conhecimento, objetiva reaver para si coisa mvel ou imvel que se encontra em posse do devedor inadimplente. Desta feita, conclui-se que abrangem no s as obrigaes no-adimplidas de entrega, mas tambm de restituio de coisas mveis e imveis. A partir de 1994, as execues para entrega de coisa passaram a permitir seu fundamento em ttulo executivo extrajudicial. No se aplicam as disposies relativas execuo para entrega de coisa s aes denominadas executivas lato sensu, uma vez que podem ser efetivadas por medidas diretas, sem necessidade de novo processo de execuo. Ressalte-se que as aes executivas lato sensu no dispensam processo de execuo em relao s verbas de sucumbncia, custas e honorrios advocatcios, que devem ser pagos ao vencedor.

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So execues por desapossamento. Na realidade, por ser a liquidez um dos requisitos do ttulo para a execuo, somente a execuo para entrega de coisa por desapossamento ( arts. 621 e ss. do CPC). Nesse passo, salienta-se que o desapossamento cabe contra a Fazenda Pblica, a exemplo da obrigao de entregar coisa, em que o juiz entende no pertencer a coisa Fazenda Pblica, mas ao exeqente. Via de regra, a execuo contra a Fazenda por quantia. A maior diferena em relao ao processamento de tais execues para entrega de coisa est na necessidade de o devedor, quando a este couber, exercer seu direito de escolha em relao coisa a ser entregue, quando incerta, pois se a escolha couber ao credor, este dever indic-la na inicial. Ato contnuo, a parte contrria poder impugnar a escolha no prazo de 48 horas, e decidida a questo, segue-se o rito da entrega de coisa certa. Na execuo de entrega de coisa certa, o devedor citado para entregar o bem em 10 dias, ou, seguro o juzo, apresentar embargos. Conforme as lies de Marcus Vincius Rios Gonalves, o depsito da coisa suficiente para garantir o juzo. No havendo satisfao da obrigao, ou o depsito da coisa para possibilitar os embargos, o juiz expede mandado para :

Buscar e apreender o bem mvel em posse do devedor; Imitir na posse de bem imvel o credor do devedor inerte.

Aps o julgamento dos embargos, se houverem, duas situaes podem ocorrer:

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Procedentes os embargos, libera-se a coisa depositada judicialmente;

Improcedentes os embargos, ou inadmitidos, o credor levanta a coisa, e a execuo estar extinta.

Em relao possibilidade de fixao de astreintes para coero ao devedor de entrega de coisa, tal hiptese veio a ser sedimentada com as reformas operadas em 2002, alm de medidas destinadas a imprimir maior celeridade e satisfatividade ao instituto, seno vejamos: Art. 621. ..................................... Pargrafo nico. O juiz, ao despachar a inicial, poder fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigao, ficando o respectivo valor sujeito a alterao, caso se revele insuficiente ou excessivo.(NR) Em que pese ao artigo em estudo ter acrescentado a possibilidade de fixao de astreintes para coagir o obrigado entrega de coisa, a possibilidade de interposio de embargos do devedor, com conseqente suspenso da execuo, nos remete discusso j apresentada, a respeito da diviso da doutrina ante a possibilidade de ingresso de ao de conhecimento mesmo que o credor possua ttulo executivo extrajudicial, em razo da maior celeridade deste rito, para fins de efetivao de tutela. Artigo 624. Se o executado entregar a coisa, lavrar-se- o respectivo termo e dar-se- por finda a execuo, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou ressarcimento de prejuzos. (NR).17/34

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Via de regra, com a entrega da coisa objeto da execuo, quer da tutela antecipada, quer da sentena, extingue-se o feito. No entanto, resta a possibilidade de correr a execuo pelo restante, a exemplo de lucros cessantes pela temporria privao da coisa, que pode, em havendo cauo, execut-la inclusive. Art. 627........................................................................... 1o No constando do ttulo o valor da coisa, ou sendo impossvel a sua avaliao, o exeqente far-lhe- a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial. 2o Sero apurados em liquidao o valor da coisa e os prejuzos. (NR) Em caso de inexistncia da coisa a ser entregue, seu valor deve ser apurado em avaliao, por regra. No sendo essa possvel, o credor exeqente faz estimativa e o juiz arbitra o valor, que deve ser apurado, de acordo com a correo terminolgica conferida ao pargrafo 2. do referido artigo, em liquidao por arbitramento, mesmo de forma incidental.

2.2.1. A questo dos Embargos de Reteno por benfeitorias em sede de execuo para entrega de coisa H muito na doutrina se discute a possibilidade ou no de o devedor, nas aes executivas lato sensu , invocar no momento do cumprimento da medida, o direito de reteno por benfeitorias mediante embargos, uma vez que no h propriamente processo de execuo e, conseqentemente, a questo estaria

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atingida pela precluso, em razo de dever ser argida na contestao, durante a fase de conhecimento. Essa mesma discusso foi transferida, com menor fora, todavia, ao processo de execuo para a entrega de coisa, pois, em que pese a ter havido a possibilidade, ao menos em regra (quando da execuo fundada em ttulo executivo judicial), de o devedor deduzir seu direito de reteno por benfeitorias em sede de contestao, quando da execuo para a entrega de coisa h a possibilidade de embargos, que possuem natureza de ao. Em razo destas dvidas, na reforma concluda com a Lei n. 10.444/02, ao sistema processual, foi modificado o texto do artigo 744 do Cdigo de processo Civil, in verbis : Art. 744. Na execuo para entrega de coisa (art. 621) lcito ao devedor deduzir embargos de reteno por benfeitorias (NR)....

Alterao processada pela Lei n. 10.444/02. Contrariando parte minoritria da doutrina e da jurisprudncia, a lei, de

acordo com a nova redao dada ao artigo 744 do Cdigo de Processo Civil, permite a interposio de embargos de reteno por benfeitorias em sede de execuo, ainda que no interpostos no processo de conhecimento. Permanece, todavia, a dvida, a ser extirpada pela doutrina, se cabem embargos por reteno na execuo por ttulo judicial ou na efetivao de tutela antecipada nas obrigaes de entrega, em razo da remisso ao artigo 621, no caput do artigo 744, que se refere ao ttulo extrajudicial somente.

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2.3. Execuo das Obrigaes de Fazer e No Fazer uma execuo por transformao. A execuo pode ser classificada em :

expropriao; desapossamento; transformao.

A execuo pode ser, ainda:

definitiva; provisria.

Ser definitiva quando fundada em ttulo executivo extrajudicial ou judicial, este ltimo materializado em sentena transitada em julgado. Qualquer que seja a modalidade das execues de fazer ou no-fazer, regida por meios de coero e princpios expressos no Cdigo, notadamente no texto do artigo 644, alterado pela Lei n. 10.444/02, conforme segue: Art. 644. A sentena relativa a obrigao de fazer ou no fazer cumpre-se de acordo com o artigo 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Captulo (NR). O texto do artigo supra exige que a efetivao das obrigaes de fazer e de no fazer sejam cumpridas, primordialmente, de acordo com as regras do artigo 461, atendendo assim ao princpio do exato adimplemento, e

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subsidiariamente que se observam as proposies dos artigos 632 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, conforme j explicitado. Ser provisria a execuo das obrigaes de fazer e no-fazer, quando fundada em sentena sujeita a recurso, ou em decises de antecipao de tutela, apesar de, neste ltimo caso, as atualizaes o Cdigo indicarem a expresso efetivao de tutela, de acordo com uma viso iconoclasta do sistema, unificando-o, conforme j explicado. A execuo provisria regida por certos princpios constantes no artigo 588 do Cdigo de Processo Civil, j explicitados quando do estudo deste instituto. Se a execuo for definitiva, se houver embargos do devedor e esses forem rejeitados, a execuo prosseguir, mesmo se houver apelao da deciso dos embargos, porque a apelao s tem efeito devolutivo (art. 520 do CPC). Nesse caso, h controvrsia. A jurisprudncia dominante do Superior Tribunal de Justia diz que a execuo prossegue como definitiva; o que comea definitivo, termina como definitivo. J na doutrina, a exemplo de Vicente Greco Filho, h quem diga que a execuo se torna provisria enquanto pendente o recurso de apelao.

A execuo comea por iniciativa da parte, do credor, que pode desistir total ou parcialmente da execuo. Pergunta-se: Algumas providncias podem ser tomadas de ofcio? Resposta: No, porque a execuo feita pela iniciativa da parte.

Momentos em que a desistncia pode ocorrer:21/34

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At a oposio de embargos, a desistncia livre pelo exeqente:

Diferente da desistncia do processo de conhecimento, em que o autor pode desistir livremente at a citao; na verdade, pode alterar a causa de pedir at a citao, mas a desistncia at decorrer o prazo para a defesa.

Aps a oposio de embargos: Se os embargos versarem apenas

sobre matria processual, o exeqente poder desistir, desde que pague os honorrios do advogado do executado. Se os embargos versarem sobre matria de mrito, a extino da execuo por desistncia no impedir o prosseguimento dos embargos como ao autnoma para declarar a inexistncia da obrigao ou para desconstituir o ttulo. Exemplo: Numa execuo foi proposta a ao de embargos, em que o embargante declara no existir o dbito. O autor da execuo desiste. Mesmo que haja desistncia, os embargos prosseguiro para declarar a inexistncia da obrigao ou para desconstituir o ttulo. O mrito da execuo julgado nos embargos que tm natureza de ao de conhecimento. No processo de conhecimento, o Juiz profere uma sentena, enquanto no processo de execuo, a sentena apenas pe fim ao processo, no julga o pedido. Na execuo, pode-se alegar o pagamento, mesmo no sendo nos embargos, desde que haja prova, sem necessidade de garantir o Juzo. uma das hipteses da denominada exceo de pr-executabilidade. A desistncia no se confunde com a renncia ao crdito. A renncia desistir do direito material, enquanto a desistncia refere-se aos atos do processo.22/34

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A execuo feita em proveito do credor, porm dever ser feita de forma menos gravosa para o devedor (v. art. 620 do CPC), desde que no prejudique a satisfao do credor. Na Justia do Trabalho, quando se penhorava linha telefnica, essa era desligada. Feita a penhora, o devedor ficava como depositrio do bem at que houvesse a desapropriao. Mas, s vezes, o juiz oficiava para que a linha fosse desligada se no fosse feito o pagamento, perdia-se a linha, no tendo dessa forma como garantir o Juzo. Ento, defendeu-se que se o devedor pagava as contas, continuaria a faz-lo. nesse sentido que se deve fazer a execuo de forma menos gravosa, ficando, dessa forma, o devedor como depositrio, usufruindo do bem penhorado.

3.

EXECUO SOLVENTE

POR

QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR

3.1. Fase Inicial 3.1.1. Introduo A abordagem desta forma de execuo deve ser bastante criteriosa, j que a mesma serve como substrato para as demais formas de execuo. Ademais, tem mais incidncia prtica.

3.1.2. Estrutura procedimental H uma rigidez nos procedimentos executivos aqui retratados. Temos uma fase inicial, uma fase preparatria e uma fase final.23/34

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A fase inicial engloba a petio inicial, citao, arresto e nomeao de bens penhora. A fase preparatria engloba a penhora, o momento para embargos, a avaliao dos bens e atos preparatrios satisfao. A fase final abarca a expropriao ou remio, a satisfao do credor e a extino da execuo.

3.1.3. Petio inicial O processo de execuo um processo autnomo em que deve haver petio inicial. Pode tramitar nos prprios autos do processo de conhecimento, que, nesse caso, ocasionar a instrumentalizao de dois processos distintos e sucessivos nos mesmos autos. A inicial do processo de execuo similar do processo de conhecimento, com os mesmos requisitos e pressupostos. Deve ser formulado um pedido mediato e um pedido imediato, que a prpria execuo. Deve haver correlao entre a causa de pedir e o pedido.

3.1.4. Efeitos e prescrio Ao processo de execuo, aplicamos os mesmos dispositivos e efeitos do processo de conhecimento a que se refere o art. 219 do Cdigo de Processo Civil. Dessa forma, fazemos remio anlise daquela matria j tratada. O prazo prescricional da pretenso executiva pode variar, dependendo se o ttulo executivo for judicial ou extrajudicial. Sendo o ttulo executivo24/34

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extrajudicial, afora as espcies especficas, aplicamos o art. 177 do Cdigo de Processo Civil . J os ttulos executivos judiciais prescrevem em vinte anos. Temos a Smula n. 150 do Supremo Tribunal Federal, que determina que a execuo prescreve no mesmo prazo da ao de conhecimento, bastando verificar hiptese por hiptese para quantificarmos.

3.1.5. Citao e efeitos A citao normalmente deve ocorrer por mandado, mas poder ocorrer por edital, desde que o executado no seja localizado e todas as providncias sejam tomadas. No cabe citao postal, e nem citao por hora certa. Uma vez citado, o devedor dever pagar em 24 horas, sob pena de penhora, sob pena de o Oficial de Justia definir os bens a serem penhorados. Aqui no h defesa, mas sim um prazo para o devedor cumprir voluntariamente a obrigao. O prazo de 24 horas e no de um dia, pois contamos em minutos. Assim, se o ru for citado s 13:05 horas, ter at s 13:05 horas do dia seguinte para nomear bens penhora e no at o final do dia, pois o prazo no contado em dias, como j falamos. Por isso, o Oficial deve mencionar o horrio em que efetuou a citao. Caso o Oficial de Justia no certifique o horrio, o prazo correr at o final do dia seguinte. Havendo vrios devedores, o prazo independente para cada um, no existindo a prerrogativa de se aguardar que o ltimo seja citado.

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3.2. Processamento da Execuo e Penhora de Bens A execuo por quantia s termina com a expropriao, adjudicao, usufruto de empresa ou de imvel, ou arrematao e converso do valor obtido no pagamento da dvida. Pode ser contra devedor solvente, ocasio em que se proceder de forma singular, e tambm pode haver execuo por quantia certa contra devedor insolvente, que a execuo universal por concurso de credores. Execuo contra devedor solvente = execuo singular. Execuo contra devedor insolvente = execuo universal. A penhora estabelece preferncia sobre produto da alienao. Execuo por quantia certa contra devedor solvente comea com a apresentao de memria de clculo, que um demonstrativo (arts. 604 e 614 do CPC). O credor pede que o ru seja citado para pagar ou nomear bens penhora em vinte e quatro horas, sob pena de ter tantos bens penhorados quanto bastem para satisfazer o crdito. O pedido que sejam praticados atos de invaso da esfera do patrimnio do devedor at a satisfao integral do credor. A forma da citao, em regra, pessoal, feita por Oficial de Justia em cumprimento de mandado. No cabe citao por via postal, nem citao com hora certa. A execuo fiscal pode ser por via postal. Pergunta-se: Cabe citao por hora certa em execuo?

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Resposta: H entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justia, determinando caber nomeao de curador especial ao devedor que foi citado fictamente, com hora certa, na execuo. Logo, plausvel o entendimento que determina caber tal modalidade de citao, exceto na execuo por quantia certa contra devedor solvente, em razo primordialmente de seus objetivos. Quando da entrega da coisa, se o devedor est se ocultando, o juiz, em se tratando de bem imvel, determina a imisso na posse, e se for mvel, determina a busca e apreenso do bem. Na execuo por quantia, se o Oficial no encontra o devedor, mas localiza o seu patrimnio, ele dever proceder ao arresto (art. 653 do CPC). Arresto, genericamente, um ato de apreenso de patrimnio do devedor. Todo arresto se converte em penhora. A rigor, o arresto uma prpenhora porque, caso tudo se d em conformidade com as regras legais, converte-se em penhora. Para a doutrina dominante, o arresto em sede de execuo tem natureza executiva, ou seja, no tem natureza cautelar (art. 653 do CPC). Para Vicente Grecco Filho, todavia, verdadeira medida cautelar. Cumpre observar que o arresto no se confunde com a ao cautelar de arresto (arts. 813 e ss. do CPC), que d incio a um processo cautelar e que tem como requisitos fumus boni iuris e o periculum in mora. Todo ato de apreenso s se complementa com o depsito, portanto, a penhora s se aperfeioa com a apreenso e o depsito. Se o devedor se recusar a ser depositrio, nomeia-se o credor, porm o devedor ter que sair da posse.

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Feito o arresto, dever haver uma nova tentativa de localizao e citao pessoal do ru. No sendo possvel, ter lugar a citao por edital (art. 653 do CPC), sendo que, nessa ocasio, faz-se a citao e a converso do arresto em penhora. A jurisprudncia majoritria, do Superior Tribunal de Justia inclusive, exige a publicao de um novo edital para que seja feita a intimao da penhora. Aplicam-se ao arresto as regras da penhora. No se faz penhora se essa no cobrir nem mesmo as despesas e custas, atendendo assim ao princpio da utilidade da execuo. Quando no localizados bens do devedor, suspende-se o processo. O prazo para opor embargos corre a partir da juntada do mandado de intimao do ru. Se a intimao for feita por edital, neste haver um prazo, sendo que decorrido esse, inicia-se o prazo para embargar. A citao por edital pressupe a prvia tentativa de encontrar o ru pelos meios de citao pessoal. Em relao ao curador especial, essa citao invlida. O ru tem o nus de impugnao especifica (art. 302 do CPC), tal regra no se aplica ao curador e ao Ministrio Pblico, que podem embargar inclusive por negativa geral. No se encontrando o devedor, nem bens penhorveis ou arrestveis, suspende-se o processo. Mesmo sem arresto, ocorre a citao por edital. Ocorre a interrupo da prescrio com a citao, retroagindo propositura, desde que a citao tenha sido feita conforme o art. 219 do Cdigo

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de Processo Civil. No citado o devedor em virtude de no ter sido encontrado, e no havendo bens penhorveis, no corre a prescrio. A citao ficta deve ser feita apenas quando o ru no for localizado ou seu paradeiro for desconhecido. A jurisprudncia exige primeiramente o esgotamento dos meios de localizao pessoal. O esgotamento ocorre no momento do arresto. Se o executado for localizado, ele ser citado e poder nomear bens penhora. Penhora ato de apreenso de patrimnio sujeito regra de responsabilidade patrimonial. O devedor responde por suas dvidas com seu patrimnio. Nos casos em que o devedor tenta evitar que a regra de responsabilidade recaia sobre seu patrimnio, est configurada fraude contra credor. A penhora estabelece um vnculo entre um bem e o processo, conferindo ao credor um direito de preferncia sobre o produto da alienao. Na execuo por quantia, ocorre a expropriao e, ao faz-la com o produto, paga-se o credor. Se vrias pessoas penhoram o bem, receber primeiro quem penhorou primeiro, porm o credor hipotecrio ter preferncia. A nomeao de bem penhora deve obedecer a ordem do art. 655 do Cdigo de Processo Civil , que vai do lquido para o ilquido. Art. 655 do Cdigo de Processo Civil : o primeiro bem penhorvel o dinheiro. Posteriormente, as pedras preciosas e outros bens. Se o devedor no fizer uma nomeao vlida, o credor poder recus-la, caso em que o direito passar para ele, o exeqente.

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Compete ao devedor nomear bens penhora; no o fazendo, caber ao credor, que vai poder invadir o patrimnio do devedor. Feita e aceita a nomeao, a penhora posta a termo e completa-se com o depsito. Por regra, a coisa depositada em mos do prprio devedor (art. 620 do CPC). Se a penhora recair sobre bem imvel, a lei fala em registro da penhora. Para a doutrina dominante, o registro no constitutivo da penhora, mas um nus do exeqente para dar eficcia erga omnes, impedindo o sucesso de eventuais embargos de terceiro. Neste passo, cumpre observar as regras atinentes penhora, modificadas pelas recentes reformas operadas no sistema processual no ano de 2002: Art. 659.............................................................................. 4o A penhora de bens imveis realizar-se- mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exeqente, sem prejuzo da imediata intimao do executado (art. 669), providenciar, para presuno absoluta de conhecimento por terceiros, o respectivo registro no ofcio imobilirio, mediante apresentao de certido de inteiro teor do ato e independentemente de mandado judicial. O pargrafo 4. do respectivo artigo altera a lei para estabelecer que o registro da penhora no constitutivo do ato, pois, com efeito, h penhora sem registro. Todavia, nus do exeqente o registro desta em cartrio, mediante apresentao de certido de inteiro teor da deciso e independentemente de mandado, para que o exeqente obtenha a presuno absoluta de conhecimento por terceiros, da penhora efetivada.30/34

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5o Nos casos do 4o, quando apresentada certido da respectiva matrcula, a penhora de imveis, independentemente de onde se localizem, ser realizada por termo nos autos, do qual ser intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constitudo depositrio. (NR) O pargrafo 5. determina que, apresentada a certido de matrcula para a penhora de bem imvel, realiza-se esta por termo nos autos, dos quais devese tirar certido de inteiro teor, para fins de registro no Cartrio de Registros de Imveis competente. Ato contnuo penhora, deve-se intimar o executado, ainda que na pessoa de seu advogado, para que o executado seja constitudo depositrio do bem, com todas as obrigaes decorrentes desse nus. Se sobre o bem penhorado recair garantia real, o credor titular dessa garantia dever ser intimado da penhora. Garantia real: hipoteca, penhor, anticrese (sobre a receita, renda). O credor no hipotecrio pode penhorar bem sobre o qual recaia uma hipoteca, porm dever intimar o credor hipotecrio. Intimado o credor com garantia real, dominante na jurisprudncia de que ele dever mover a sua prpria execuo, sob pena de se extinguir a garantia, dando margem ao devedor opor embargos de devedor. Se o credor hipotecrio no for citado, poder opor embargos de terceiros. No opostos ou rejeitados os embargos do devedor, passa-se fase de avaliao do bem penhorado. A avaliao no tem natureza de prova. um ato preparatrio (prova pericial: exame, vistoria e avaliao) da expropriao. Por isso, a31/34

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jurisprudncia dominante diz que no se admite assistentes tcnicos, pois no prova pericial. Quando no se faz a avaliao:

Quando o credor aceita o valor dado pelo devedor no ato de

nomeao (requisito indispensvel da nomeao), sob pena de a avaliao ser ineficaz;

Quando os bens tm cotao em bolsa; Quando os bens forem de pequeno valor (ou, na hasta pblica,

forem vendidos ou no). Feita a avaliao, pode ser determinada a ampliao ou reduo, ou transferncia para outros bens da penhora. Nesse momento que se alega o excesso, insuficincia de penhora. Excesso de penhora pode ser alegado fora de embargos, no prprio processo de execuo. diferente de execuo porque, nessa, cobra-se mais do que o ttulo permite. O excesso de execuo (art. 741 c.c. art. 743, CPC) alegado nos embargos. Aps a avaliao, o juiz designa hasta pblica para a alienao. A hasta pblica deve ser precedida, em regra, de publicao de edital (art. 620 do CPC). Quanto mais patrimnio se obtiver na hasta pblica, menos gravosa a execuo para o devedor, evitando-se que nova penhora acontea. Ento, quanto mais pessoas estiverem na hasta pblica, melhor ser para o devedor. Leilo para bem mvel e Praa, para bem imvel. O gnero hasta pblica.32/34

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Hasta pblica ordinariamente tem duas sees: Na primeira, o bem s poder ser alienado pelo valor da avaliao, na segunda, por qualquer valor, desde que no seja por preo vil que, conforme a jurisprudncia, relativo. Aceita-se em torno de 60% a 70% para no ser vil, o juiz quem decidir. Na hasta pblica, o bem poder ser arrematado (ato de alienao). Poder ser arrematado por uma terceira pessoa, ou pelo prprio credor (oferecendo o valor do seu crdito para pagamento). Se o credor arremata e o seu crdito superior ao valor do bem, ficar com crdito. Parte da jurisprudncia diz que a arrematao pelo credor s pode se dar pelo valor da avaliao (beneficiando o devedor). Se o bem no for arrematado por falta de licitante, ele poder ser adjudicado pelo credor; a adjudicao uma figura anloga dao em pagamento. Arrematao: H licitantes e um deles paga a avaliao; poder ser o credor. Adjudicao: Pelo valor da avaliao. No havendo licitante, ficar com o credor. A jurisprudncia equipara a arrematao pelo credor e a adjudicao. A diferena que, na primeira, o credor est disputando com outros licitantes. Alienado o bem em hasta pblica pela arrematao, passa-se entrega do dinheiro, do pagamento ao credor. Nesse momento, poder ser instaurado o chamado concurso de credores, se mais de um tiver penhorado o mesmo bem. Concurso de credores: Nesse caso, o devedor solvente, h mais de um credor que penhorou o bem e necessrio ver quem receber primeiro33/34

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(execuo singular). diferente daquele concurso de credores da execuo contra devedor insolvente (execuo universal, insolvncia civil). Esse concurso se resolve por dois critrios:

Preferncia decorrente de direito material, direito real de garantia

geralmente. Preferncia decorrente da propriedade de ordem da penhora, ou seja, quem penhorou primeiro leva. Penhora estabelece direito de preferncia, assim, se penhorou primeiro, mas tem credor hipotecrio, esse quem leva primeiro.

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