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DIREITO PROCESSO CIVIL

NDICE1. Direito Processual...................................................................................................................... 7 1.1 Definio: ............................................................................................................................ 7 1.2 Noes gerais: ..................................................................................................................... 7 2. A lei processual.......................................................................................................................... 9 2.1 A lei processual no espao .................................................................................................. 9 2.2 A lei processual no tempo ................................................................................................... 9 2.3 Interpretao da Lei Processual .......................................................................................... 9 3. Princpios Informativos do Direito Processual ........................................................................ 12 3.1. Princpios informativos do processo ................................................................................ 12 3.1.1 Devido processo legal................................................................................................. 12 3.1.2 Princpio inquisitivo e princpio dispositivo ................................................................ 13 3.1.3 Contraditrio .............................................................................................................. 13 3.1.4 Princpio da recorribilidade e do duplo grau de jurisdio ........................................ 14 3.1.5 Princpio da boa f e da lealdade processual ............................................................. 14 3.1.6 Princpio da verdade real ........................................................................................... 14 3.2. Princpios informativos do procedimento........................................................................ 15 3.2.1 Princpio da oralidade ................................................................................................ 15 3.2.2 Princpio da publicidade ............................................................................................. 15 3.2.3.Princpio da economia processual.............................................................................. 16 3.2.4.Princpio da eventualidade ou da precluso .............................................................. 16 4. Jurisdio ................................................................................................................................. 16 4.1 Formas de composio de litgios ..................................................................................... 17 4.1.1 Autotutela .................................................................................................................. 17 4.1.2 Autocomposio......................................................................................................... 17 4.1.3 Arbitragem ................................................................................................................. 18 4.1.4. Tutela jurisdicional .................................................................................................... 18 4.2 Princpios da jurisdio...................................................................................................... 18 4.3 Jurisdio contenciosa e voluntria .................................................................................. 19 5. Ao ......................................................................................................................................... 20 5.1 Conceito ............................................................................................................................ 20 5.2 Condies da ao ............................................................................................................. 20 1

5.2.1 Possibilidade jurdica do pedido................................................................................. 21 5.2.2 Legitimidade ............................................................................................................... 22 5.2.3 Interesse de agir ......................................................................................................... 22 6. Classificao das aes ............................................................................................................ 22 6.1 Ao de conhecimento...................................................................................................... 23 6.2 Ao de Execuo .............................................................................................................. 23 6.3 Ao Cautelar .................................................................................................................... 23 7. Elementos da ao .................................................................................................................. 24 7.1 Partes................................................................................................................................. 24 7.2 Causa de pedir ................................................................................................................... 25 7.3 Pedido................................................................................................................................ 25 8. Competncia ......................................................................................................................... 26 8.1 Conceito ............................................................................................................................ 26 8.2 Competncia em matria civil........................................................................................... 26 8.3 Competncia internacional e interna................................................................................ 27 8.3.1 Competncia internacional ........................................................................................ 27 8.3.2 Competncia interna .................................................................................................. 28 8.4 Princpios ........................................................................................................................... 30 8.4.1 Princpio da Tipicidade: .............................................................................................. 30 8.5 Critrios de competncia .................................................................................................. 31 8.5.1 Competncia em razo do valor da causa ................................................................. 32 8.5.2 Competncia em razo da matria ............................................................................ 33 8.5.3 Competncia funcional. ............................................................................................. 33 8.5.4 Competncia territorial. ............................................................................................. 35 8.6 Competncia absoluta e relativa....................................................................................... 37 8.7 Prorrogao de competncia ............................................................................................ 38 8.8 Controle de competncia .................................................................................................. 40 8.8 Perpetuao da jurisdio (perpetuatio jurisdctionis CPC, art. 87) ............................ 42 9. Das partes e seus procuradores .............................................................................................. 42 9.1 Conceito de parte .............................................................................................................. 43 9.2 Substituio processual e substituio de parte ............................................................... 46 9.3 Capacidade de estar em juzo e capacidade processual ................................................... 46 9.4 Do advogado ..................................................................................................................... 47 2

10. Do Ministrio Pblico ............................................................................................................ 50 10.1 Princpios institucionais e constitucionais do ministrio pblico ................................... 51 10.2 O Ministrio Pblico e o Poder Judicirio ...................................................................... 52 10.3 Funes institucionais ..................................................................................................... 52 10.4 Garantias ......................................................................................................................... 53 10.5 Impedimentos ................................................................................................................. 54 10.6 rgos do MP da Unio.................................................................................................. 54 10.7 rgos do MP Estadual .................................................................................................. 54 11. Do Juiz ................................................................................................................................... 55 11.1 Requisitos ........................................................................................................................ 55 11.2 Garantias ......................................................................................................................... 56 11.3 Restries ........................................................................................................................ 56 12. Dos atos processuais ............................................................................................................. 56 12.1 Conceito ......................................................................................................................... 57 12.2 Classificao .................................................................................................................... 58 12.2.1 Atos processuais das partes ..................................................................................... 58 12.2.2 Dos atos processuais do juiz..................................................................................... 59 12.2.3 Dos atos dos auxiliares da justia............................................................................. 59 12.3 Princpios ......................................................................................................................... 60 13. Prazos processuais ................................................................................................................ 61 13.1 Prazo prprio e imprprio ............................................................................................... 63 13.2 Prazo dilatrio e peremptrio ......................................................................................... 63 13.3 Precluso ......................................................................................................................... 64 14. Das nulidades ........................................................................................................................ 64 15. Litisconsrcio ......................................................................................................................... 79 15.1 Conceito .......................................................................................................................... 79 15.2 Espcies de litisconsrcio ................................................................................................ 79 15.2.1 Facultativo ................................................................................................................ 79 15.2.2 Necessrio ................................................................................................................ 80 15.2.3 Simples ..................................................................................................................... 81 15.2.4 Unitrio..................................................................................................................... 81 16. Interveno de terceiros ....................................................................................................... 82 16.1 Conceito .......................................................................................................................... 82 3

16.2 Espcies ........................................................................................................................... 82 16.2.1 Assistncia ................................................................................................................ 82 16.2.2 Oposio ................................................................................................................... 85 16.2.3 Nomeao autoria ................................................................................................. 87 16.2.4 Denunciao da lide ................................................................................................. 89 16.2.5 Chamamento ao processo........................................................................................ 91 17. Da formao, suspenso e extino do processo ................................................................. 93 17.1 Da formao do processo ............................................................................................... 93 17.2 Da suspenso do processo .............................................................................................. 98 17.3 Da extino do processo ............................................................................................... 106 18. Do procedimento ................................................................................................................ 118 18.1 Procedimento comum................................................................................................... 118 18.1.1 Rito ordinrio ......................................................................................................... 118 18.1.2 Rito sumrio ........................................................................................................... 120 18.2 Procedimentos especiais ............................................................................................... 121 19. Do processo de conhecimento ............................................................................................ 122 19.1 Da petio inicial (arts. 282 ao 296, CPC)...................................................................... 122 19.2 Da antecipao da tutela (art. 273, CPC) ..................................................................... 127 19.3 Da citao (arts. 213 ao 233, CPC) ................................................................................ 128 19.3.1 Formas de citao .................................................................................................. 130 19.3.2 Efeitos da citao vlida ......................................................................................... 132 19.3.3 Intimao (arts. 234 ao 242, CPC) .......................................................................... 132 19.4 Da resposta do ru (arts. 297 ao 318, CPC)................................................................... 133 19.4.1 Espcies .................................................................................................................. 134 19.5 Da fase ordinatria ........................................................................................................ 140 19.5.1 Da revelia (arts. 319 ao 324, CPC) .......................................................................... 140 19.5.2 Da ao declaratria incidental.............................................................................. 141 19.5.3 Dos fatos ipeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (CPC, art. 326) ........................................................................................................................................... 142 19.6 Do julgamento conforme o estado do processo ........................................................... 142 19.6.1 Da extino do processo (art. 329, CPC) ................................................................ 143 19.6.2 Do julgamento antecipado da lide (art. 330, CPC) ................................................. 143 19.6.3 Do saneamento do processo (art. 331, CPC).......................................................... 144

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19.7 Das provas ..................................................................................................................... 145 19.7.1 Tipos de prova ........................................................................................................ 147 19.8 Da audincia (arts. 444 ao 457, CPC) ........................................................................... 154 19.9 Da sentena ................................................................................................................... 158 19.9.1 Requisitos formais (arts. 458 ao 466, CPC) ........................................................... 158 19.9.2 Vcios da sentena .................................................................................................. 160 19.9.3 Classificaes da sentena ..................................................................................... 161 19.10 Da sentena e a coisa julgada (arts. 467 ao 475, CPC) ................................................ 162 20. Recursos .............................................................................................................................. 164 20.1 Conceito ....................................................................................................................... 164 20.2 Os recursos previstos no CPC ........................................................................................ 164 20.3 Classificao dos recursos ............................................................................................. 165 20.4 Admissibilidade dos recursos ....................................................................................... 165 20.5 Competncia para a admissibilidade dos recursos ...................................................... 166 20.6 Efeitos do juzo de admissibilidade ............................................................................... 166 20.7 Requisitos genricos de admissibilidade dos recursos ................................................ 167 20.8 Princpios recursais ....................................................................................................... 168 20.9 Efeitos dos recursos ..................................................................................................... 171 20.10 Recursos em espcie ................................................................................................... 171 21. Da Ao Rescisria .............................................................................................................. 191 21.1 Conceito ........................................................................................................................ 191 21.2 Hipteses ....................................................................................................................... 192 21.3 Legitimidade .................................................................................................................. 193 21.4 Competncia ................................................................................................................. 193 21.5 Algumas consideraes acerca da ao rescisria ........................................................ 193 22. Do Processo de Execuo .................................................................................................... 194 22.1 Princpios ....................................................................................................................... 194 22.2 Sujeitos da execuo ..................................................................................................... 198 22.3 Competncia ................................................................................................................. 200 22.4 Requisitos da execuo ................................................................................................. 201 22.5 Da responsabilidade patrimonial .................................................................................. 204 22.6 A fraude execuo ...................................................................................................... 205 22.7 Liquidao da sentena ................................................................................................. 206 5

22.7 Das espcies de execuo ............................................................................................. 210 22.9 Defesa do devedor ........................................................................................................ 228 22.10 Suspenso e extino das execues .......................................................................... 233 23. Do Processo Cautelar ......................................................................................................... 234 23.1 Procedimentos Cautelares Especficos.......................................................................... 247 24. Dos procedimentos especiais .............................................................................................. 266 24.1 Dos procedimentos especiais de jurisdio contenciosa .............................................. 266 24.2. Dos Procedimentos especiais de jurisdio voluntria ................................................ 307 PROVAS OAB DPC ...................................................................................................................... 324 GABARITO.................................................................................................................................. 327 GABARITO.................................................................................................................................. 336 GABARITO.............................................................................................................................. 350 GABARITO.............................................................................................................................. 355 Bibliografia ................................................................................................................................ 355

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1. Direito Processual1.1 Definio:O direito processual o conjunto de normas e princpios dos quais servem de forma ou instrumento de atuao da vontade concreta das leis de direito material, que h de solucionar o conflito de interesses estabelecido entre as partes, sob a forma de lide. Estuda a atividade substitutiva do Estado (jurisdio) e a relao jurdica que ir desenvolver-se entre as partes litigantes e o agente poltico (juiz) que exerce a funo jurisdicional.

Segundo o professor Humberto Theodoro Junior funciona o direito processual civil, como principal instrumento do Estado para o exerccio do Poder Jurisdicional. Nele se encontram as normas e princpios bsicos que subsidiam os diversos ramos do direito processual, como um todo, e sua aplicao faz-se, por excluso, a todo e qualquer conflito no abrangido pelos demais processos, que podem ser considerados especiais, enquanto o civil seria o geral

1.2 Noes gerais:- Jurisdio: a funo do Estado de compor conflito de interesses caracterizados por uma pretenso resistida. inerte, s atua mediante provocao.

- Competncia: o limite da jurisdio.

- Lide: o conflito de interesses, qualificado pela existncia de uma pretenso resistida, tendo como objetivo imediato a aplicao da lei ao caso concreto e como objetivo mediato restabelecer a paz entre os litigantes e com isso manter a paz social.

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- Processo; o instrumento para a soluo dos litgios e pelo qual o Estado exerce a jurisdio.

- Procedimento: a forma exteriorizada do processo, e materializao no mundo jurdico. Consiste em uma seqncia de atos que culmina com a soluo do litgio apreciado pelo Poder Judicirio.

- Interesse: o interesse surge na relao entre o homem e os bens, ora maior, ora menor, onde consiste esse interesse na posio favorvel satisfao de uma necessidade. Sujeito do interesse o homem, o bem seu objeto.

- Conflito de Interesses: pressupe ao menos, duas pessoas com interesses pelo mesmo bem. Existe quando intensidade bem se ope a uma pessoa por determinado bem se ope intensidade do interesse de outra pessoa pelo mesmo bem, donde a atitude de uma tendente excluso da outra quanto a este.

- Relao Jurdica: o conflito de interesses regulado pelo direito. Nela se compreendem duas situaes jurdicas: uma subordinante ou protegida, tambm dita ativa, e outra subordinada, tambm dita passiva.

- Pretenso: a exigncia da subordinao de um interesse de outrem ao prprio.

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2. A lei processualA lei processual civil a que regula o processo civil, a fonte por excelncia do direito processual. O nosso ordenamento jurdico optou por compilar as leis processuais em um Cdigo de Processo Civil, nele encontrado a maior parte das disposies legais, podendo, outrossim, ser encontrado diversas leis esparsas que contm normas especficas procedimentais, tais como: a Lei do Mandado de Segurana, a Lei de Falncias, etc.

2.1 A lei processual no espaoO princpio da territorialidade vem expressamente disposto no art 1 do Cdigo de Processo Civil, que dispe que a jurisdio civil, contenciosa e voluntria, exercida pelos juzes, em todo o territrio nacional.

Somente com relao s provas, seus meios e nus de produo, que prevalecer a lei estrangeira, quando o negcio jurdico for realizado no estrangeiro, mesmo a demanda ser ajuizada no Brasil (Lei de Introduo ao Cdigo Civil, art. 13), afastadas, contudo as provas que a lei brasileira desconhea (art. 13, in fine, da Lei de Introduo).

2.2 A lei processual no tempoAs leis processuais so de efeito imediato (observados a vacatio legis) frente aos feitos pendentes, mas no so retroativas, no atingindo os atos j praticados e consumados (tempus regit actum).

2.3 Interpretao da Lei Processual

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Mtodos

Interpretar a lei consiste em determinar o seu significado e fixar o seu alcance.

1) Mtodo gramatical: como as leis se expressam por meio de palavras, o intrprete de analis-las, tanto individualmente como na sua sintaxe.

2) Mtodo lgico sistemtico: exame em suas relaes com as demais normas que compem o ordenamento e luz dos princpios gerais que o informam.

3) Mtodo histrico: anlise das vicissitudes sociais de que resultou e das aspiraes a que correspondeu.

4) Mtodo comparativo: os ordenamentos jurdicos, alm de enfrentarem problemas idnticos ou anlogos, avizinham-se e se influenciam mutuamente.

Espcies

Conforme o resultado dessa atividade, a interpretao ser:

1) Declarativa: a interpretao que atribui lei o exato sentido proveniente do significado das palavras que a expressam.

2) Extensiva: considera a lei aplicvel a casos que no esto abrangidos pelo seu teor literal. 10

3) Restritiva: a interpretao que limita o mbito de aplicao da lei a um crculo mais estrito de casos do que o indicado pelas suas palavras.

4) Ab-rogante: a interpretao que, diante de uma incompatibilidade absoluta e irredutvel entre dois preceitos legais ou entre um dispositivo de lei e um princpio geral do ordenamento jurdico, conclui pela inaplicabilidade da lei interpretada.

Interpretao e Integrao

Lacunas da Lei

Considerando como ordenamento jurdico, o direito no apresenta lacunas: sempre haver no ordenamento jurdico, ainda que latente e inexpressiva, uma regra para disciplinar cada possvel situao ou conflito entre pessoas. O mesmo no acontece com a lei, por mais imaginativo e previdente que fosse o legislador, jamais conseguiria cobrir atravs dela todas as situaes que a multifria riqueza da vida social, nas suas constantes mutaes, poder provocar.

Integrao

Mas, evidentemente, no se pode tolerar a permanncia de situaes no definidas perante o direito, tornando-os ento necessrio preencher a lacuna da lei. atividade atravs da qual se preenchem as lacunas verificadas na lei, mediante a pesquisa e formulao da regra jurdica pertinente situao concreta no prevista pelo legislador, d-se o nome de integrao.

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A Analogia e os Princpios Gerais do Direito

O preenchimento das lacunas da lei faz-se atravs da analogia e dos princpios gerais do direito. Consiste a analogia em resolver um caso no previsto em lei, mediante a utilizao de regra jurdica relativa a hiptese semelhante. Quando ainda a analogia no permite a soluo do problema, deve-se recorrer aos princpios gerais do direito, que compreendem no apenas os princpios decorrentes do prprio ordenamento jurdico, como ainda aqueles que o informam e lhe so anteriores e transcendentes.

3. Princpios Informativos do Direito Processual3.1. Princpios informativos do processo3.1.1 Devido processo legal

Os princpios do Direto Processual so fontes informadoras que emantam todo o conjunto de normas processuais e que norteiam os julgadores para a busca da verdade real.

A CF/88 assegura aos cidados o direito ao processo como uma das garantias individuais (art. 5, inc. XXXV).

Ao Estado cabe o papel de solucionar os litgios instaurados para assim alcanar a paz social, e ao Estado no cabe declinar perante nenhuma causa quando se acionado (Constituio Federal, art. 5, incs., LIV e LV).

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3.1.2 Princpio inquisitivo e princpio dispositivo

O princpio inquisitivo aquele que confere ao juiz a liberdade da iniciativa tanto da instaurao processual como no seu impulsionamento.Independentemente da iniciativa das partes o juiz busca a verdade real.

J o princpio dispositivo atribui s partes litigantes tanto a sua instaurao como o seu impulso.

O Direito processual moderno no consagra nenhum princpio, seja ele inquisitivo ou dispositivo, o que se faz buscar um temperamento, no se consagra uma pureza clssica. Os Cdigos atuais so mistos e apresentam dispositivos tanto de ordem inquisitiva como dispositiva.

Como exemplo de preceitos no Cdigo Processual, uma vez instaurado um processo, que de iniciativa das partes (Princpio Dispositivo), o Estado no pode-se esquivar em apreci-lo, e o interesse passa a ser de natureza pblica (Princpio Inquisitivo).

Deve-se ater que em matria de provas, a regra que seja apenas de iniciativa das partes, pois so eles os sujeitos processuais aptos a colacionar provas para fundamentar suas alegaes. Alm do mais o juiz deve ser um sujeito processual imparcial, eqidistante das partes processuais, no se transformando em um investigador processual. S

excepcionalmente, cabe ao juiz determinar realizao de provas ex officio (art. 130, CPC).

3.1.3 Contraditrio

O princpio do contraditrio aquele que confere igualdade entre ambas as partes, em que consiste na necessidade de ouvir a pessoa perante a qual ser proferida a sentena, 13

garantindo o direito de defesa e de pronuncionamento at o desfecho da lide. Este princpio no admite exceo deve ser absoluto, sob pena de nulidade.

3.1.4 Princpio da recorribilidade e do duplo grau de jurisdio

Os processos so julgados por seres humanos, seres estes passveis de erros e de falhas. Como meio de evitar a fabilidade humana se consagra o princpio da recorribilidade e do duplo grau de jurisdio.

A parte tem direito de ter dois julgamentos distintos, mediante recursos, caso no se concorde com a primeira deciso.

Desse princpio decorre a competncia hierrquica diferente que so: os de primeiro grau (juzes da causa) e as de segundo grau (juzes dos recursos).

H apena suma exceo a este princpio que so os processo de competncia originria dos Tribunais.

3.1.5 Princpio da boa f e da lealdade processual

As leis processuais se assentam em procedimentos em que vigoram a boa f e a lealdade das partes e do juiz. A lei no tolera a m f e confere ao juiz agir de ofcio para indeferir as diligncias inteis ou meramente protelatrias (art. 130, CPC).

3.1.6 Princpio da verdade real

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Segundo o art. 131 do CPC, O juiz apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstncias constantes nos autos, ainda que no alegados pelas partes; mas dever indicar, na sentena os motivos que formaram o seu convencimento.

Portanto, a justa composio do litgio s alcanada quando se baseia na verdade real, e no na presumida por padres de avaliao dos elementos probatrios, pois, em nosso ordenamento no h hierarquia entre as provas.

3.2. Princpios informativos do procedimento3.2.1 Princpio da oralidade

Para os defensores deste princpio, o processo oralizado teria a vantagem de estabelecer o contato do julgador com as partes que sofrero os efeitos da sentena, possibilitando um julgamento mais justo.

As caractersticas dos processos orais so a vinculao da pessoa fsica do juiz, a concentrao dos atos processuais em uma nica audincia e a irrecorribilidade das decises interloctrias.

3.2.2 Princpio da publicidade

Todos os atos praticados em juzo so dotados de publicidade, como forma de controle de atividade jurisdicional pelas partes e garantia da lisura do procedimento. Entretanto, tal princpio no absoluto, podendo ser restringido quando o interesse social ou a defesa da esfera privada assim o exigir, conforme admisso pela prpria norma constitucional (art. 155, CPC).

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3.2.3.Princpio da economia processualOs atos processuais devem ser praticados da forma menos onerosa possvel para as partes processuais, inclusive o Estado.

Com aplicaes prticas deste princpio podemos citar os seguintes exemplos: indeferimento, desde logo, da inicial, quando a demanda no rene os requisitos legais; denegaes de provas inteis; coibio de incidentes irrelevantes para a causa; permisso de acumulao.

3.2.4.Princpio da eventualidade ou da precluso O processo uma srie de atos que devem ser praticados em momento oportuno, dessa forma uma fase prepara a seguinte, e uma vez passada no poder mais ser praticada.

Pelo princpio da eventualidade ou precluso, cada faculdade processual deve ser praticada em momento oportuno, sob pena de perder a oportunidade de praticar aquele ato.

Assim, a precluso consiste na perda da faculdade de praticar um ato processual, que porque j fora realizada aquele ato, ou que porque j foi realizada a faculdade, ou quer porque a parte deixara escoar o prazo, sem fazer uso do seu direito.

4. JurisdioPara Liebman a jurisdio o poder que toca ao Estado, entre suas atividades soberanas, de formular e fazer atuar praticamente a regra jurdica concreta que, por fora do direito vigente, disciplina determinada situao jurdica.

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A funo jurisdicional s atua diante de casos concretos, em que so instaurados uma lide, isto h uma pretenso resistida, e o Estado atua, mediante provocao, solucionando tais casos, alcanando desta forma a paz social.

4.1 Formas de composio de litgios4.1.1 Autotutela

uma espcie primria de composio de litgios, os ordenamentos jurdicos prevem a possibilidade de o ofendido agir imediatamente para repelir a injusta agresso, ante uma situao de emergncia.

So exemplos o deforo imediato nas possessrias e do penhor legal (CC/2002, ARTS. 1.210 E 1.467 A 1.471) alm da legtima defesa no direito penal (CP, art. 23).

Fora destes casos citados alhures, o ordenamento jurdico determina que deve-se buscar pelo poder judicirio para a soluo da lide, sob pena de cometer o crime de exerccio arbitrrio das prprias razes (CP, art. 345).

4.1.2 Autocomposio

A autocomposio pode ser obtida atravs da transao ou da renncia. A transao o negcio jurdico em que as partes fazem concesses recprocas para afastar a controvrsia. Se feita antes da instaurao do processo impede a abertura do mesmo, e se feita aps a instaurao do processo pe fim ao mesmo, com soluo do mrito (art. 269, III, CPC). J conciliao a transao feita em juzo pela mediao do juiz, lavra-se um termo, o qual homologa-se e pe fim ao processo com soluo do mrito (art. 449, CPC).

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4.1.3 Arbitragem

O juzo arbitral (arts. 1.072 a 1.102) uma renncia via judiciria. Confia-se a soluo do litgio a pessoas no integrantes ao poder judicirio. O laudo arbitral uma vez homologado pelo juiz, adquire fora de sentena de mrito (art. 1097, CPC)

4.1.4. Tutela jurisdicional

A origem etimolgica da palavra jurisdicional indica a presena de duas expresses unidas: juris (direito) e dictio (dizer).

Esse dizer o direito se desenvolve a partir do momento em que o Estado mediante provocao chama para si a responsabilidade de solucionar uma lide, aplicando as normas aos casos concretos, atravs da atividade exercida pelos seus rgos investidos (juzes).

4.2 Princpios da jurisdio- Invevitabilidade: uma vez instaurado processo o cumprimento de suas decises no pode ser evitado pelas partes, sob pena de cumprimento coercitivo (tutela executiva).

- Indeniclinabilidade: o preceito constitucional que nenhuma leso ou ameaa de direito deixara ser apreciada pelo poder Judicirio.

- Investidura: somente os agentes polticos investidos do poder estatal de aplicar o direito ao caso concreto que podem exercer a jurisdio.

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- Indegabilidade: No pode, a jurisdio, ser objeto de delegao pelo agente que exerce com exclusividade.

- Inrcia: a jurisdio no pode ser exercida de ofcio pelos agentes detentores da investidura, depende sempre de provocao das partes.

- Aderncia: o exerccio da jurisdio, deve estar sempre vinculado a uma prvia delimitao territorial.

- Unicidade: muito embora se fale em jurisdio penal e civil, Justia Federal e Estadual, na realidade este poder-dever uno e indivisvel.

4.3 Jurisdio contenciosa e voluntriaO Cdigo de Processo Civil, em seu art.1, divide a jurisdio em contenciosa e voluntria.

A jurisdio contenciosa a jurisdio propriamente dita, isto , aquela funo que o Estado desempenha na pacificao ou composio dos litgios. J a jurisdio voluntria, o juiz apenas realiza gesto pblica em torno de interesses privados, como se d nas nomeaes de tutores, nas alienaes de bens de incapazes, separao judicial consensual, etc.

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5. Ao5.1 ConceitoNa lio de Liebman a ao , portanto, o direito subjetivo que consiste no poder de produzir o evento a que est condicionado o efetivo exerccio da funo jurisdicional.

Portanto, a ao um direito conferido s partes a um pronunciamento estatal que solucione o litgio, fazendo desaparecer a incerteza ou a insegurana gerada pela lide, pouco importando a soluo conferida pelo magistrado.

A ao se caracteriza, pois, como uma situao jurdica de que desfruta o autor perante o Estado, seja ela um direito (direito pblico subjetivo) ou um poder. Entre os direitos pblicos subjetivos, caracteriza-se mais especificamente como direito cvico, por ter como objeto uma prestao positiva por parte do Estado (obrigao de dare, facere, praestare): a facultas agendi do indivduo substituda pela facultas exigendi.

Sendo um direito (ou poder) de natureza pblica, que tem por contedo o exerccio da jurisdio, a ao tem inegvel natureza constitucional (CF, art. 5, inc. XXXV). A garantia constitucional da ao tem como objeto o direito ao processo, assegurando s partes no somente a resposta do Estado, mas ainda o direito de influir sobre a formao do convencimento do juiz atravs do denominado devido processo legal (art. 5, inc. LIV).

5.2 Condies da aoPara atingir-se a prestao jurisdicional necessria que a lide seja deduzida em juzo com observncia de alguns requisitos bsicos, sem os quais o rgo jurisdicional no estar apto a conhec-la e dar s partes a soluo definitiva. 20

Portanto, a existncia da ao depende de alguns requisitos constitutivos que se chamam condies de ao, cuja ausncia, de qualquer um deles, leva carncia de ao, e cujo exame deve ser feito, em cada caso concreto, preliminarmente apreciao do mrito, em carter prejudicial. As condies da ao so trs:

5.2.1 Possibilidade jurdica do pedido

a ausncia de vedao expressa em lei ao pedido formulado pelo autor em sua inicial.

H dois pedidos na petio inicial. O pedido mediato e o pedido imediato. O pedido mediato o de direito material, formulado contra o ru, visando a entrega do direito objetivo violado. J o pedido imediato, de natureza processual, aquele formulado contra o Estado, pelo qual exige o autor o proferimento de uma sentena de mrito.

A distino entre estes dois tipos de pedidos est expressamente disposta no art. 295, pargrafo nico, do CPC.

O inciso II do referido dispositivo considera inepta a petio inicial quando da narrao dos fatos no decorrer logicamente a concluso (impossibilidade de direito material, ou do pedido mediato). O indeferimento importar apreciao do mrito da causa, com a rejeio liminar do pedido, far coisa julgada material.

J o inciso III do mesmo pargrafo nico declara tambm a inpcia da inicial quando o pedido for juridicamente impossvel (impossibilidade de direito instrumental, ou do pedido imediato). Tem-se, nesta hiptese, uma verdadeira condio da ao, pois o

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juiz decidir que o pedido insuscetvel de apreciao, no ocorrer coisa julgada, e a parte poder intentar nova ao depois de preenchido o requisito.

5.2.2 Legitimidade

A legitimidade (legitimatio ad causam) a titularidade ativa e passiva da ao. Em casos excepcionais, a legitimao extraordinria permite que a parte demande em nome prprio direito alheio. Exemplo clssico que podem ocorrer e o caso do marido na defesa dos bens dotais da mulher.

5.2.3 Interesse de agir

O interesse de agir depende do binmio necessidade-adequao.

Como necessidade, compete ao autor demonstrar que sem a interferncia do judicirio sua pretenso corre o risco de no ser satisfeita espontaneamente pelo ru. Como adequao, compete ao autor a formulao de pretenso apta a pr fim lide trazida a juzo, sem a qual abriramos ao Judicirio como simples rgo de consulta.

6. Classificao das aesA classificao para a sistemtica processual civil deve ser a que leva em conta a espcie e natureza de tutela que se pretende do rgo jurisdicional.

Neste diapaso, temos:

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6.1 Ao de conhecimentoA ao de conhecimento busca o pronunciamento de uma sentena que declare entre os litigantes quem tem razo e quem no tem, o que se realiza mediante regra jurdica concreta que disciplina o caso que formou o objeto do processo.

Subdivide-se a ao de cognio em:

a) Ao condenatria: aquela que busca uma condenao, isto um comando que imponha uma prestao a ser cumprida pelo ru. Forma-se um ttulo executivo.

b) Ao constitutiva: alm de declarar o direito da parte, cria, modifica ou extingue um estado ou relao jurdica material;

c) Ao declaratria: a pretenso do autor limita-se declarao da existncia ou inexistncia de relao jurdica ou da autenticidade ou falsidade de documento (art. 4, CPC).

6.2 Ao de Execuo a ao de provimento jurisdicional eminentemente satisfativo do direito do credor, decorrente da inevitabilidade da jurisdio. Somente a parte munida de um ttulo executivo (judicial ou extra-judicial) pode-se demandar em juzo buscando a satisfao de seu crdito.

6.3 Ao Cautelar

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Visa a concesso de uma garantia processual que assegure a eficcia da ao de conhecimento ou de execuo, mediante a concesso de uma media de cautela que afaste o perigo decorrente da demora no desenvolvimento dos processos principais.

7. Elementos da aoTem-se pelos elementos da ao a individualizao da lide. Pelo bem da segurana jurdica, uma s lide deve corresponder apenas uma soluo jurisdicional. Os elementos da ao identificam as causas evitando um novo processo juntamente com um j existente (litispendncia) ou at mesmo j solucionado (coisa julgada) e; estes elementos so fundamentais para o estudo da conexo, continncia e preveno.

Para identificar uma causa a doutrina aponta trs elementos essenciais, quais sejam: as partes, o pedido e a causa de pedir.

7.1 PartesSo aquelas que participam da relao jurdica processual contraditria, desenvolvida perante o juiz. O autor aquele que deduz a pretenso em juzo e o ru o que resiste sua pretenso.

Para que as partes sejam as mesmas, impe-se que idntica ainda a qualidade jurdica de agir nos dois processos. Se num o litigante obrou em nome de outrem (como representante legal ou mandatrio) e noutro em nome prprio, no incorre a identidade de parte.

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7.2 Causa de pedirA causa patendi so os fatos e fundamentos jurdicos que levam ao autor a demandar em juzo. a descrio dos fatos e sua repercusso jurdica na esfera patrimonial ou pessoal do autor.

Ao fato em si mesmo d-se a denominao de causa remota do pedido; e sua repercusso jurdica, a de causa prxima do pedido. Para que duas causa tratadas como idnticas preciso que sejam iguais tanto a causa prxima como a remota.

7.3 PedidoH, em toda a inicial, dois pedidos distintos.

O primeiro chamado de imediato, a exigncia formulada contra o juiz, visando a tutela jurisdicional, podendo ser de cognio, executiva ou cautelar.

O segundo, denominado de mediato, a exigncia formulada contra o ru para que este se submeta pretenso de direito material que o autor alega.

A alterao de qualquer das duas espcies de pedido implica a gerao de uma nova demanda, afastando a incidncia da coisa julgada e litispendncia.

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8. Competncia8.1 Conceito a medida da jurisdio (segundo J. E. Carreira Alvim, tal expresso advm de Mortara, autor italiano que atribui a Pisanelli); justamente o critrio de distribuir entre os vrios rgos judicirios as atribuies relativas ao desempenho da jurisdio (Humberto Theodoro Jr.); a quantidade de jurisdio cujo exerccio atribudo a cada rgo ou grupo de rgos (Liebman); so limites legais impostos ao exerccio vlido e refular do poder jurisdicional (Marcato)

Todo juiz tem jurisdio, pois est nela plenamente investido. Porm, nenhum juiz tem toda a competncia ou competncia para tudo. Porm, todo juiz tem competncia para apreciar a sua prpria competncia sem, entretanto, vincular outros rgos judicirios.

Acerca deste tema Ada Pelegrine e J.J. Calmon de Passos afirmam que um juiz que atuasse fora de sua competncia legalmente determinada, e chegasse a proferir uma sentena, tal questo prescindiria de uma declarao de nulidade, pois o juiz que fizesse isso seria um no juiz que proferiria uma no sentena, que no seria vlida.

8.2 Competncia em matria civil.A competncia em matria civil residual. Resulta da excluso das matrias atribudas a outras "justias", especiais ou no. Por excluso, o que no for penal, o que no for eleitoral, no for militar nem trabalhista, ser civil. De sorte que na civil se integram tambm quelas matrias de natureza constitucional, administrativa, comercial, tributria. Tudo considerado como da jurisdio civil, da competncia de juzo cvel. A competncia, nesses casos, est afeta tanto Justia Federal quanto a justia estadual.

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8.3 Competncia internacional e interna8.3.1 Competncia internacional

A competncia internacional pode ser exclusiva ou concorrente. Os arts. 88 a 90 do CPC estipulam quando a jurisdio nacional dever atuar sobre os conflitos de interesses.

a) Da competncia concorrente (CPC, art. 88): A autoridade judiciria competente para julgar, sem prejuzo da competncia de demais jurisdies estrangeiras quando: I- o ru for domiciliado no Brasil; II- a obrigao tiver de ser cumprida no Brasil; III a lide decorrer de fato ou ato praticado no Brasil. Nestes casos a jurisdio brasileira, se provocada, assumir o dever de solucionar o conflito, muito embora aceite eventual soluo proveniente de pas estrangeiro que tambm se intitule com jurisdio para a composio da lide.

b) Da competncia exclusiva (CPC, ART. 89): So as hipteses nas quais a autoridade brasileira a nica com competncia para resolver o conflito, quando: I- os imveis forem situados no Brasil; II- os bens relativos ao inventrio e partilha sejam situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.

Nos casos das hipteses do art. 89, se a ao correu e foi processada perante a justia estrangeira, trazida para homologao, o STF negar a mesma, fundamentando que a ao de competncia exclusiva da justia brasileira. Em se tratando das hipteses do art. 88, a sentena proferida na justia estrangeira poder ser trazida para homologao perante o STF, tendo em vista que, nestas hipteses, a ao poder ser proposta tanto na justia estrangeira quanto na justia brasileira.

As hipteses que no estiverem previstas como de competncia concorrente ou exclusiva (hipteses previstas nos arts. 88 e 89 do CPC), sero hipteses de 27

competncia exclusiva da justia brasileira. Havendo uma ao de competncia exclusiva da justia estrangeira proposta na justia brasileira, tal processo dever ser extinto e a parte deve ser aconselhada a propor a ao na justia competente.

8.3.2 Competncia interna

As regras de competncia interna so aquelas que indicaro quais os rgos locais sero responsveis pelo julgamento de cada caso concreto apresentado em juzo.

A distribuio da competncia feita, no Brasil, a partir da prpria Constituio Federal, que a atribui:

a) ao Supremo Tribunal Federal (art. 102); b) ao Superior Tribunal de Justia (art. 105); c) Justia Federal (arts. 108 e 109) d) s justias especiais: . Eleitoral; . Militar; . Trabalhista; d) justia estadual.

No Brasil, de acordo com a Constituio, temos vrias justias, cada qual com rgos superiores e inferiores, para que se possa cumprir o chamado duplo grau de jurisdio. So rgos inferiores as varas, as comarcas e as sees. Os de segundo grau so os tribunais, geralmente estaduais ou regionais federais. Os tribunais superiores so o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justia, o Tribunal Superior do

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Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal Militar. Todos eles com sua competncia especfica.

A Constituio Federal, no art 109 fixou a competncia da Justia Federal atravs de dois critrios distintos:

O primeiro critrio leva em considerao a pessoa envolvida no litgio ou que nele tenha interesse. Assim, compete aos juzes federais:

a) as causas em que a Unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal forem interessados na condio de autoras, rs, assistentes ou oponentes, exceto as de falncia, as de acidente de trabalho; as de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho; b) as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Municpio ou pessoa domiciliada ou residente no Pas; c) os mandados de segurana e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais federais;

O segundo leva em considerao a matria objeto de anlise pelo juzo, como:

a) as causas fundadas em tratado ou contrato da Unio com Estado estrangeiro ou organismo internacional; b) a disputa sobre direitos indgenas; c) as causas relativas a direitos humanos a que se refere a nacionalidade e naturalizao; d) a execuo de sentenas estrangeiras homologadas pelo Supremo Tribunal Federal.

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J a justia estadual, isto , a competente para apreciao de todas as causas que no sejam de competncia de qualquer outra especializada (justia federal, militar do trabalho e militar). A competncia da justia estadual determinada por excluso. Tudo que no for da competncia da Justia Federal ou de qualquer das justias especiais, pertencer aos rgos jurisdicionais estaduais, tanto na rea civil como nas outras reas.

8.4 PrincpiosExistem trs princpios que norteiam a questo da competncia. So eles:

8.4.1 Princpio da Tipicidade:Tal princpio afirma que a competncia deve ser determinada por norma legal para que seja vlida. Evita o juiz ad hoc (nomeado).

8.4.2 Princpio da Indisponibilidade:As partes s podero dispor sobre a competncia se for legalmente permitido, como nos casos de competncia relativa.

8.4.3 Princpio do Perpetuatio Jurisditionis:Esse, provavelmente, um dos principais princpios que norteiam esse tpico. De acordo com o art. 87, Cdigo de Processo Civil (CPC), a competncia estabelecida no momento da propositura da demanda, ou seja, na distribuio ou no despacho inicial. Porm, existem duas excees a esse princpio:

a) Supresso de rgo de poder judicirio: altera-se a competncia

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c) Alterao posterior da competncia no que se refere a matria e hierarquia ou a competncia territorial se for absoluta: modifica-se a competncia.

Em relao a esse princpio, pode surgir algum questionamento acerca da criao de uma nova comarca, se isso quebraria o princpio da Perpetuatio Jurisditionis ou no. Entende-se que com a criao de nova comarca, no se quebra tal princpio se as demandas puderem continuar tramitando na comarca em que estavam. Entrementes, no caso de competncia territorial absoluta, se a demanda tiver que ser remetida nova comarca, devido a localizao do imvel, ocorre a quebra do princpio analisado.

A importncia desse princpio d-se ao fato de que ele priva pela estabilidade processual, da no modificao da competncia.

8.5 Critrios de competnciaH vrias regras norteadoras, em matria civil, no que concerne competncia interna, que podem ser de natureza objetiva funcional ou territorial. Para determinao da competncia, internamente, devem ser observados os seguintes critrios:

a) objetivo: funda-se no valor da causa, natureza da ao ou qualidade da parte; b) funcional: orienta-se pelo foro e juiz (no primeiro grau) e no segundo, tribunal, cmara, relator. Regulam as atribuies dos diversos rgos e seus componentes, como, no primeiro grau, qual o foro ou qual o juiz; no caso de tribunal, qual a cmara, o relator, qual a turma ou a seo. a chamada competncia funcional, que se estabelece de acordo com a funo;

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c) territorial: tem por base o domiclio da parte, a localizao da coisa ou o local do fato. Tambm conhecida como competncia de foro, refere-se aos limites territoriais de atuao de cada rgo.

8.5.1 Competncia em razo do valor da causa

Com base no valor da causa, as normas de organizao judiciria, atribuiro competncia de um ou outro rgo judicante, matria esta que no est disposta no CPC, sendo matria pertinente organizao local. Essa lei proposta pelo Poder Judicirio, no tendo autorizao constitucional outra fonte que no seja o tribunal respectivo. Nesses casos de lei de organizao judiciria, participam os trs poderes. Elaborado o projeto de lei pelo Judicirio estadual, a Assemblia Legislativa ou Chefe do Executivo no podero ampli-lo. Podero negar-lhe aprovao em parte ou at totalmente, no, alter-lo, por faltar-lhes legitimidade.

A toda causa ser atribudo um valor certo, ainda que no tenha contedo econmico imediato (art. 258) esse valor constar sempre da petio inicial (art 259).

De sorte que o autor deve atribuir valor certo, ainda que a causa no tenha contedo econmico imediato. O valor da causa parte integrante e imprescindvel da petio inicial. Se a parte autora no atribuir valor causa, o juiz dever, antes de determinar a citao, mandar que complemente a petio inicial, no prazo de dez dias, sob pena de indeferimento.

A atribuio de valor causa, alm de servir, em certas situaes, determinao da competncia, tem importncia tambm sob outros aspectos, como para orientar sobre o rito a ser seguido, como nos casos de procedimento sumrio ou sumarssimo, este dos juizados especiais.

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8.5.2 Competncia em razo da matria

Em regra, tambm estabelecida por normas de organizao judiciria local.

Antes, porm, no que concerne matria, necessrio que se leve em considerao tambm a Constituio. Primeiro, deve-se verificar a qual justia estaria afeta a questo, pois, s vezes, a matria de natureza tal que a competncia da Justia Federal ou de uma justia especial, qual seja, trabalhista, eleitoral ou militar. Ento, antes, em se tratando de competncia em razo da matria, faz-se necessrio verificar a que justia pertenceria a matria.

Vencida essa primeira fase, e determinado o territrio, que se faz a distribuio, agora sim, em relao matria propriamente dita (famlia, falncia, execuo, registros pblicos).

de se ter presente que determinadas causas, como as que se referem capacidade das pessoas, s podem ser decididas por juzes de direito, isto , aqueles que renem os predicativos de inamovibilidade, vitaliciedade, irredutibilidade de vencimentos.

8.5.3 Competncia funcional.

Diz respeito distribuio das atividades Jurisdicionais entre os diversos rgos que podem atuar no processo.

Pode ser classificada:

a) pelas fases do procedimento; 33

b) pelo grau de jurisdio; c) pelo objeto do juzo.

Pelas fases do procedimento. Depende do caso concreto, quando mais de um rgo jurisdicional pode atuar no processo nas suas diferentes fases. Por exemplo, execuo num juzo, penhora noutro. Muitas vezes, o bem que a ser penhorado, que vai ser confiscado para garantia do dbito, no se encontra na mesma comarca do juzo da execuo. Neste caso, se faz a penhora atravs de carta precatria. s vezes, tambm, no processo de conhecimento, pode ocorrer a necessidade de produo de prova em uma outra comarca, o que pode ser feito atravs de carta precatria. Tem-se a uma diversidade de competncia.

Pelo grau de jurisdio Verifica-se nos casos de competncia hierrquica, podendo acontecer nas hipteses de competncia originria, como no da ao rescisria ou ento em casos de competncia recursal.

Pelo objeto do juzo. Pode ocorrer, exemplificadamente:

a) no 1 grau: quando o juiz que deve efetivar a penhora ou cumprir a medida cautelar for de outra comarca, caso em que ser de sua competncia a apreciao de eventuais embargos de terceiro.

b) nos tribunais: suscitada a questo de inconstitucionalidade, h algumas particularidades a respeito da competncia funcional. De acordo com a Constituio e com o prprio Cdigo de Processo Civil, os incidentes de inconstitucionalidade s podem ser decididos pelo rgo maior do tribunal. Diferente seria se a suscitao se desse no primeiro grau. Se numa determinada causa, o autor ou ru questionar a constitucionalidade do ato originrio objeto daquela ao, o juzo monocrtico poder 34

sozinho resolver a questo e dizer se se trata de ato inconstitucional ou no, de lei inconstitucional ou no. No tribunal, curiosamente, um dos seus membros no pode faz-lo. Nem o prprio rgo. Em sede de colegiado, s o rgo maior pode declarar a inconstitucionalidade incidental, que a chamada inconstitucionalidade "incidenter tantum .

8.5.4 Competncia territorial.

A competncia territorial atribuda aos diversos rgos jurisdicionais tendo em considerao a diviso do prprio territrio. No que concerne Justia Federal, que tambm justia comum, o Pas divido em regies, que, por sua vez, se dividem em sees.

Os estados se dividem em comarcas. Nem todos os municpios so sedes de comarca, mas todos os municpios brasileiros pertencem a uma determinada comarca.

A competncia territorial atribuda a diversos rgos jurisdicionais levando-se em considerao a diviso do territrio. a chamada competncia de foro. No que concerne justia comum, pode ser federal ou estadual.

A Justia Federal constituda por Tribunais Regionais Federais e sees, enquanto a justia estadual, sob o ponto de vista territorial, est classificada em tribunais e comarcas. Os tribunais dos estados, os tribunais de justia, como so denominados, existem em todas as capitais, inclusive no Distrito Federal. Mas, em alguns estados (hoje so apenas trs: So Paulo, Minais Gerais e Paran), h tambm tribunais de alada, que so igualmente tribunais de segundo grau. E as comarcas, com uma nica ou com vrias varas, esto espalhadas por todo o Pas, em todos os estados, abrangendo todos os municpios.

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Das diversas espcies de foro.

No Brasil, temos duas espcies de foro: o comum ou geral e o especial.

Comum ou geral aquele determinado por excluso, geralmente pelo domiclio do ru. Essa a regra geral. Por isso chamado de foro comum ou foro geral. Dentro ainda do foro comum ou geral, h uma outra modalidade, que o foro subsidirio ou supletivo. Verifica-se nos casos de domiclio mltiplo ou, ento, quando incerto ou ignorado o local de residncia ou de domiclio do ru.

Foro especial tem sua diviso submetida a certos critrios como matria, pessoa e local. Da a competncia ratione materiae, ratione personae ou ratione loci.

O foro da situao da coisa o chamado forum rei citae. Destina-se s aes reais imobilirias. O foro do ltimo domiclio do morto o competente para os casos de inventrio e partilha, herana e testamentos.

O foro da Unio, na condio de autora, o do domiclio do ru. A Unio no tm, nesse caso, privilgio de foro. O foro o comum, do domiclio do ru. Na condio de r, o foro poder ser o DF, o prprio domiclio do ru, o local do ato ou do fato litigioso ou o local onde se encontrar a coisa litigiosa.

J o foro ratione personae aquele estabelecido em considerao prpria pessoa. Assim competente o da residncia da mulher, seja ela autora ou r, nas aes de separao ou anulao de casamento. No caso de divrcio, porm, a mulher no tem foro privilegiado, talvez porque, quando se editou o Cdigo, no havia previso de divrcio na nossa legislao. Todavia, o do domiclio ou residncia do alimentando o competente para a ao de alimentos, e o do domiclio do devedor, nos casos de anulao de ttulos 36

extraviados ou destrudos. O domiclio do devedor tambm o foro competente para as aes de cobrana.

As pessoas jurdicas, na condio de autoras, no tm foro privilegiado. o comum, do domiclio do ru. Todavia, como r, ser o de sua prpria sede ou o da agncia ou da sua sucursal, neste caso, em referncia s obrigaes contradas pela agncia ou pela sucursal.

As questes de interesse dos estados e dos municpios, nas capitais, so resolvidas pelas varas da Fazenda Pblica, quer seja Fazenda Pblica estadual, quer seja Fazenda Pblica municipal. Contudo, nos demais municpios, seguem a regra geral. Se no houver vara especializada, a competncia ser de uma vara comum.

O foro ratione loci, em regra, como o prprio nome o diz, o do local onde a obrigao deve ser satisfeita. Pode ser tambm do local do prprio ato ilcito, em se tratando de ao de reparao de dano, ou do domiclio do ru ou do prprio autor.

8.6 Competncia absoluta e relativaConforme a possibilidade de sofrer ou no alteraes, a competncia interna classifica-se em absoluta e relativa.

A absoluta, em regra, no pode sofrer modificao por vontade das partes. A competncia absoluta em razo da matria e em razo da hierarquia, esta estabelecida segundo o grau de jurisdio.

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A relativa passvel de modificao, seja por vontade das partes, seja por prorrogao, como nos casos de conexo ou continncia. relativa a competncia em razo do valor e do territrio, isto , quando no envolver questo inerente matria ou hierarquia. Em sendo relativa, poder ser alterada, seja por vontade das partes ou por conexo ou continncia. Em causas que envolvam direitos reais imobilirios, quando for parte a Unio, ou nas aes de falncia, embora relativa a competncia territorial e, portanto, passvel de prorrogao, nesses casos ela imodificvel.

8.7 Prorrogao de competnciaPode ocorrer por fora de lei ou por vontade das partes. Prorroga-se por fora de lei, nos casos de conexo ou continncia. So os casos de preveno. Diz o Cdigo de Processo Civil brasileiro:

"Art. 103. Reputam-se conexas, duas ou mais aes, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir."

"Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes, sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras."

H, portanto, considervel diferena entre conexo simples e a conexo qualificada. A conexo qualificada, que est no art. 104, difere da conexo que est no artigo 103, porque mais abrangente. Por isso se chama continncia. Na continncia, h, tambm, a necessidade de identidade de partes. Porm, seja continncia ou conexo, uma e outra so causas de prorrogao da competncia.

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So as questes de prorrogao da competncia, que o fato de um rgo que ordinariamente no possua competncia para algo determinado, passa a possu-la em uma segunda fase. Essa prorrogao subdivide-se em dois tipos:

I - Prorrogao Voluntria

A prorrogao por causa voluntria decorre de ato de vontade das prprias partes. Isso se d, por exemplo, nos casos de foro de eleio. As prprias partes, voluntariamente, convencionam o foro. Mas s nos casos em que a competncia for relativa e desde que no incidam as trs excees: casos em que a Unio for parte, nas hipteses de ao real imobiliria e nos casos de ao de falncia. Ressalvadas essas trs excees, sempre que a competncia for relativa, as partes podero dispor a respeito.

de se ressaltar ainda que a prorrogao voluntria pode-se dar no s por eleio de foro, mas tambm, por falta de oposio de exceo. Por se tratar de competncia relativa, proposta a ao, ainda que no seja no foro competente, citado o ru, se ele nada alegar, prorroga-se para esse juzo a competncia, desde que no incida, claro, quaisquer daquelas trs ressalvas.

II-

Prorrogao Legal

Aquela determinada pela lei, que no pode ser derrogada pelas partes. Apresenta-se de trs formas:

a) conexo: ocorre quando duas ou mais aes possuem em comum o objeto (pedido) ou a causa de pedir. O juiz poder de ofcio ou a requerimento das partes reunir as aes conexas a fim de que sejam decididas simultaneamente. Consta no art. 103 e 105, Cdigo de Processo Civil. 39

b) continncia: ocorre quando duas ou mais aes que possurem as mesmas partes e a causa de pedir, porm o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o de outra. o caso, por exemplo, do caso de ao de separao judicial e de regulamentao de visitas. Nesse caso, o juiz tambm, pode decretar a reunio delas para que sejam decididas simultaneamente. Consta no art. 104 e 105, Cdigo de Processo Civil. Ressalvando no que tange a litispendncia, que se ocorrer, a ao que por ltimo tenha sido proposta extinta e no caso da conexo ou continncia, elas so reunidas, desde que no ocorra a litispendncia total ou parcial.

c) preveno: no uma maneira de determinao de competncia, mas sim de excluso dos demais juzos competentes. Um dos juzos torna-se prevento, e os outros se tornam excludos. No caso da competncia para cada demanda for de foros diversos, torna-se prevento o juzo que fez a primeira citao vlida, como afirma o art. 219, Cdigo de Processo Civil. Se a competncia para cada demanda for de um mesmo foro, mas com distribuio em juzos diversos, considera-se prevento o juzo que fazer o primeiro despacho, como determina o art 106, Cdigo de Processo Civil.

8.8 Controle de competnciaA regra determina que todo juiz competente para julgar sua competncia. Porm, podem ocorrer alguns conflitos, que podem ser positivos (dois ou mais juzes de declaram competentes) ou negativos (dois ou mais juzes se declaram incompetentes). Tambm pode ocorrer a controvrsia entre a reunio e separao de processos (casos de conexo/continncia). Enumerados no art. 115 Cdigo de Processo Civil.

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O conflito poder ser suscitado pelas partes, pelo Ministrio Pblico, pelo juiz ao Presidente do Tribunal, tambm havendo a possibilidade de julgamento monocrtico pelo relator. Deve-se ressaltar ainda a situao descrita no art. 117, Cdigo de Processo Civil. Nesse caso, s admitido que se suscite o conflito e se oferea a exceo de forma sucessiva.

Os conflitos sero dirimidos da seguinte forma:

Pelo STJ: casos em que estejam envolvidos tribunais superiores, como o Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre outros.

Pelo STF: casos entre os Tribunais de Justia (TJ-SP x TJ- MG), entre tribunais de outros tribunais e entre dois juzes afetos a tribunais diversos.

e juzes

No existir conflito entre tribunais de hierarquia diferentes, pois prevalece a superioridade hierrquica, como consta na Smula 22 STJ.

Tambm no haver conflito caso j exista uma sentena com trnsito em julgado, proferida por um dos juzos conflitantes, como determina a Smula 59 STJ.

Outro ponto importante aquele que afirma que se houver jurisprudncia dominante do tribunal sobre a questo suscitada, o relator pode decidir de plano o conflito (deciso monocrtica), como vem determinado no art. 120, pargrafo nico, Cdigo de Processo Civil.

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8.8 Perpetuao da jurisdio (perpetuatio jurisdctionis CPC, art. 87)A competncia fixada pela propositura da demanda em juzo, sendo irrelevantes quaisquer alteraes posteriores em suas regras. Portanto, o juiz que primeiro conhecer do processo perpetua nele sua jurisdio, independentemente de modificao ulterior de competncia.

Excees a esse fenmeno so as modificaes posteriores respeitantes aos critrios de competncia absoluta. Apesar do Cdigo de Processo Civil limitar-se a excepcionar a perpetuao da jurisdio apenas nos casos de supresso do rgo jurisdicional ou de alterao superveniente de competncia em razo da matria ou hierrquica, os demais critrios de natureza absoluta, pessoal ou funcional, tambm implicam sua imediata aplicao aos processos em andamento e remessa ao novo juiz competente.

A perpetuatio jurisdictionis difere da prorrogao de competncia, pois nesta o juiz adquire sua competncia no curso do processo, por ausncia de oferecimento de exceo declinatria de foro, enquanto na primeira o juiz perde a sua competncia original, por fora da alterao das regras de fixao de natureza absoluta.

9. Das partes e seus procuradoresO processo desenvolve a relao jurdica surgida entre os litigantes e o Estadojuiz. Gera o processo uma relao jurdica trilateral que vincula os sujeitos da lide e o juiz, todos com um fim em comum, a busca da soluo definitiva solucionando o conflito de interesse estabelecido em torno da pretenso resistida.

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Sem a presena do rgo judicial, impossvel o estabelecimento da relao processual. Mas, sem a provocao da parte, no pode o juiz instruir o processo.

Ademais, com relao aos procuradores no se pode confundir a capacidade processual, que aptido para ser parte, com a capacidade de postulao, que vem a ser a aptido para realizar os atos dos processossos de maneira eficaz.

Em nossos ordenamento imprecindvel a representao por um advogado legalmente inscrito na Ordem dos Advogados (art. 36). Trata-se de pressuposto processual, cuja inobservncia conduz nulidade processual.

H casos porm em que se admite a postulao pelas partes, quando:

a) Tiver habilitao legal, ou seja, quando a prpria parte for advogado; b) Mesmo no sendo advogado, quando no houver causdico no lugar, ou quando os existentes se recusarem ao patrocnio da causa ou estiverem impedidos; c) Nos juizados especiais ou de pequenas causa, A Lei 9.099/95, admite a postulao direta pelas partes, desde que o valor da causa no ultrapasse 20 salrios mnimos.

9.1 Conceito de parteA parte, alm de sujeito da lide ou do negcio jurdico material deduzido em juzo, tambm sujeito do processo, para Carnelluti no sentido de que uma das pessoas que fazem o processo, seja no sentido ativo ou passivo.

H dois conceitos departe: como sujeito da lide, tem-se a parte em sentido material, e como sujeito do processo, a parte em sentido processual.

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Como nem sempre o sujeito da lidense identifica com o que promove o processo, como nos casos de substituio processual, pode-se definir a parte para o direito processual como a pessoa que pede ou perante a qual se pede , em nome prprio a tutela jurisdicional.

A pessoa que invoca a tutela jurdica do Estado e toma a posio ativa de instaurar a relao processual recebe a denominao de autor. A que fica na posio passiva se sujeita relao processual instaurada pelo autor, chama-se ru.

Direitos e deveres das partes e procuradores

O art. 14 do CPC estabelece os deveres das partes e de todos que participam do processo. Alm do art. 14, o CPC prev outros deveres ticos da parte como, por exemplo, no seu art. 445, II, 599, 416, 1 e 446, III.

Com relao linguagem utilizada no processo, o CPC probe s partes e seus advogados o emprego de expresses injuriosas nos escritos, cabendo ao juiz, de ofcio ou a requerimento do ofendido, mandar risc-las. Sendo tais expresses proferidas em defesa oral, o juiz advertir o advogado de que no as use sob pena de lhe ser cassada a palavra.

O advogado tem imunidade penal quanto alegao de fatos de que necessita para a discusso da causa, chamada jus conviciandi (art. 142 do Cdigo Penal). Todavia, a calnia ou a ofensa gratuita esto proibidas ainda que no acalorado debate da demanda.

Os direitos e deveres dos advogados se acham elencados no Estatuto da OAB (Lei n 8.906/94) e no CPC art. 39 e 40. 44

Responsabilidade das partes por dano processual

O CPC atual adota o princpio da sucumbncia, segundo o qual as partes respondem pelas despesas processuais, inclusive honorrios de advogado, desde que percam a demanda. No entanto, aquele que pleitear com dolo (inteno de causar prejuzo), responde por perdas e danos em favor do prejudicado.

O art. 17 descreve as hipteses de litigncia de m f. O litigante de m f ser responsabilizado por perdas e danos, de ofcio ou a requerimento, indenizando a parte contrria dos prejuzos que esta sofrer, alm dos honorrios advocatcios e todas as despesas que efetuou. No h necessidade de uma nova ao de indenizao; na prpria sentena o juiz decidir a respeito, fixando a quantia (que no poder ser superior a 20% sobre o valor da causa).

Despesas, multas e honorrios de advogado

Todas as despesas processuais, ao final, sero pagas pelo vencido, segundo o princpio da sucumbncia. O CPC dispe o adiantamento das despesas at a deciso da causa. O CPC libera do pagamento das custas os casos de justia gratuita (art. 5, LXXIV, da CRFB/88). Salvo as disposies concernentes justia gratuita, cabe s partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento. Dispe o art. 20 que a sentena condenar o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorrios de advogado.

Os honorrios de advogado sero fixados entre um mnimo de 10% e um mximo de 20% sobre o valor da condenao. Os honorrios de advogado tm natureza

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indenizatria. Seu valor, fixado pelo juiz, absolutamente independente do eventual contrato de honorrios que o advogado tenha com o seu cliente.

9.2 Substituio processual e substituio de parteO titular da ao o titular do direito material violado (legitimao ordinria). S quando a lei permitir admissvel que terceiro venha a juzo tutelar direito alheio, em nome prprio (legitimao extraordinria). A substituio processual , portanto, sinnimo de legitimao extraordinria, agindo o substituto na defesa do interesse que no lhe pertence.

Este instituto no pode ser confundido com a substituio de parte, a qual significa a alterao da pessoa que figura em um dos plos do processo.

Depois de estabilizada a demanda, nosso ordenamento s permite a substituio das partes originrias em caso de falecimento, mediante a suspenso do feito at que se proceda habilitao dos sucessores ou do esplio e contanto que o direito de ao no seja intransmissvel, pois nesse caso dever ser o processo extinto (CPC, art. 267).

A alienao do objeto litigioso no implica a alterao das partes. A transferncia do direito material, aps a citao vlida, irrelevante para o processo, vez que ele prosseguir at o final com as partes originrias, a no ser que haja concordncia quanto a substituio em um dos plos. Seno, ao adquirente do objeto ou direito litigioso, pode intervir na causa como assistente simples do alienante.

9.3 Capacidade de estar em juzo e capacidade processualQualquer pessoa que possua capacidade de ser sujeito de direitos e obrigaes na vida civil tem capacidade de estar em juzo. Determinadas fices jurdicas tm capacidade 46

de estar em juzo, muito embora no possuem personalidade civil, tais como o nascituro e as pessoas meramente formais (massa falida, esplio e condomnio), as quais podem atuar como partes nos processos, desde que legalmente representadas (genitora, inventariante e sndico).

J quanto a capacidade processual (legitimatio ad processum), a princpio segue as regras da capacidade de exerccio no Direito Civil. Como a relao jurdica processual implica atos de manifestao de vontade, exige a lei processual os mesmos requisitos integrativos da vontade daqueles que, seja por fora da idade, seja por fora de alguma debilidade mental, no tenham vontade plena.

No pode a capacidade processual ser confundida coma legitimatio ad causam, condio da ao. A primeira pressuposto processual cuja ausncia gera a nulidade do processo, por ausncia de existncia e validade da relao jurdica, enquanto a ausncia da segunda gera a extino do processo sem julgamento do mrito, por carncia de ao.

A irregularidade da representao das partes matria de ordem pblica e comporta reconhecimento de ofcio pelo juiz, o qual dever determinar sua regularizao em prazo por ele estabelecido. Se o autor no sanar no prazo estabelecido o processo dever ser extinto e se for dever do ru dever o processo seguido revelia.

9.4 Do advogadoO advogado integra a categoria daquelas pessoas denominadas de jurista, porque versadas em cincias jurdicas, como o professor de direito, o jurisconsulto, o juiz, o membro do Ministrio Pblico.

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Sua funo especfica, ao lado dessas demais pessoas, a de participar do trabalho de promover a observncia da ordem jurdica e o acesso dos seus clientes ordem jurdica justa.

Pela primeira vez, a estrutura institucional da advocacia ganhou, na CF de 1988, status constitucional, integrando "as funes essenciais justia", ao lado do Ministrio Pblico e da Advocacia Geral da Unio, prescrevendo o art. 133: "O advogado indispensvel administrao da justia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes no exerccio da profisso, nos limites da lei".

A denominao advogado privativa dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, surgindo, assim, uma definio do que seja o advogado: " o profissional legalmente habilitado a orientar, aconselhar e representar seus clientes, bem como a defender-lhes os direitos e interesses em juzo ou fora dele.

Sustenta a doutrina que o advogado, na defesa judicial dos interesses do cliente, age com legtima parcialidade institucional e que em confronto de parcialidades opostas constitui fator de equilbrio e instrumento da imparcialidade do juiz.

Defensoria Pblica

Atendendo antiga postulao e promessa social de assistncia judiciria aos necessitados, a CF fala agora em assistncia jurdica integral gratuita (art. 5, LXXIV), que inclui tambm o patrocnio e orientao extrajudicial (advocacia preventiva). E, para o cumprimento dessa obrigao constitucional a Defensoria Pblica foi institucionalizada (CF, art. 134: A Defensoria Pblica instituio essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientao jurdica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5, LXXIV).

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Advocacia-Geral da Unio

outro organismo criado pela Constituio de 1988 com a misso de defender os interesses jurdicos judicial e extrajudicial da Unio. Somente a cobrana judicial executiva da dvida ativa tributria que fica a cargo de outra instituio federal, a Procuradoria da Fazenda Nacional.

O Advogado-Geral da Unio, chefe da AGU, de livre nomeao pelo Presidente da Repblica, sem as garantias de que dispe o Procurador-Geral da Repblica.

Natureza jurdica da advocacia

TradicionaImente, diz-se que a advocacia uma atividade privada, que os advogados exercem como profissionais liberais que so, ligando-se aos clientes pelo vnculo contratual do mandato, combinado com locao de servio.

Modernamente,

formou-se

corrente

doutrinria,

para

qual,

em

vista

da

indispensabilidade da funo do advogado no processo, a advocacia tem carter pblico e as relaes entre patrono e cliente so regulada por contrato de direito pblico.

Contudo, diante das regras multifrias das relaes do advogado com o cliente e com o Estado jurisdicional, o mais correto parece conciliar as duas correntes doutrinrias, mormente em face do que prescreve o art. 2 do atual EOAB (lei 8.906/94: "No processo judicial, o advogado contribui, na postulao de deciso favorvel ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem mnus pblico", considerando-se a advocacia, ao mesmo tempo, como ministrio privado de funo pblica e social. Assim que o mandato judicial 49

constitui representao voluntria no tocante sua outorga e escolha do advogado, mas representao legal no que diz respeito sua necessidade e ao modo de exerc-la.

Mandato por procurao

Procurao ad judicia o instrumento de mandato que habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer justia, foro, juzo ou instncia, salvo os de receber citao, confessar, transigir, desistir, e dar quitao e firmar compromisso; e a procurao com a clusula ad judicia et extra habilita o constitudo prtica tambm de todos os atos extrajudiciais de representao e defesa, incluindo sustentaes orais.

Ao renunciar ao mandato o advogado continuar a representar o outorgante pelos dez dias seguintes intimao da renncia, salvo se for substitudo antes desse prazo. O processo no se suspende em virtude da renncia.

10. Do Ministrio PblicoNos feitos cveis, o Parquet ora atua como parte (CPC. Art. 81) agindo em nome prprio, mas na defesa de interesse que no lhe pertena (substituto processual), cabendo-lhe os mesmos direitos e nus que s partes.

Ora atua como rgo interveniente (CPC. Art. 82), ds que existentes e presentes as situaes preconizadas pela lei. Com efeito, o Cdigo de Processo Civil, em seu artigo 82, bem como a legislao extravagante, estabelecem as hipteses em que cabe ao rgo ministerial atuar no feito, na qualidade de rgo interveniente obrigatrio.

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Da leitura de tal dispositivo, denota-se, a prima facie, que o Ministrio Pblico tem o dever de intervir quando houver interesse pblico evidenciado pela natureza da lide ou pela qualidade da parte.

No que tange atuao do Parquet tendo em vista a natureza da lide, eis que caber, a esse rgo, analisar e apreciar o caso concreto posto, com total e absoluta independncia, no se vinculando aos interesses de qualquer das partes, submetendo-se, exclusivamente, aos imperativos legais e a sua prpria conscincia.

Tal ocorre, porquanto sendo sua interveno fundada, to-s, pela natureza da lide, o Ministrio Pblico ter a atribuio de velar pela correta aplicao da lei ao caso concreto, vale dizer, funcionando puramente como custos legis.

Por fim, a ausncia de interveno do MP em feito no qual sua presena obrigatria gera a nulidade absoluta do processo, abrindo azo at mesmo para a ao rescisria (CPC, art. 487, III, a).

10.1 Princpios institucionais e constitucionais do ministrio pblicoa) unidade: o conceito de que os promotores de um Estado integram um s rgo sob a direo de um s chefe.

b) indivisibilidade: significa que os membros do Ministrio Pblico podem ser substitudos uns pelos outros, "no arbitrariamente, porm, sob pena de grande desordem, mas segundo a forma estabelecida na lei" TJSP, Rcrim 128.587-SP; RT 494/269).

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c) independncia funcional: significa que cada um de seus membros age segundo sua prpria conscincia jurdica, com submisso exclusivamente ao direito, sem ingerncia do Poder Executivo, nem dos juzes e nem mesmo dos rgos superiores do prprio Ministrio Pblico. Por outro lado, essa independncia da Instituio como um todo identifica-se na sua competncia para "propor ao Poder Legislativo a criao e extino de seus cargos e servios auxiliares, provendo-os por concursos pblico de provas e ttulos" (art. 127, 2), e para elaborar "sua proposta oramentria dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes oramentrias" (art. 127, 3).

10.2 O Ministrio Pblico e o Poder JudicirioO MP, conforme sua definio constitucional "instituio permanente e essencial funo jurisdicional do Estado" e, por isso ele tratado como rgo autnomo, que no integra o Poder Judicirio, embora desenvolva as suas funes essenciais, primordialmente, no processo e perante os juzos e tribunais.

Assim, a CF. apresenta o MP da Unio integrado pelo MPF (oficiando perante o STF, STJ e Justia Federal, MP do Trabalho (Justia do Trabalho), MP Militar (Justia Militar da Unio) e MP do Distrito Federal e Territrios (Justia do Distrito Federal e Territrios.

10.3 Funes institucionaisa) promoo privativa da ao penal pblica;

b) zelar pelo efetivo respeito aos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitos assegurados nesta Constituio,

promovendo as medidas necessrias sua garantia;

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c) promover o inqurito civil e a ao civil para proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses previstos nesta Constituio e outras elencadas nos vrios incisos do art. 129 da CF.

10.4 GarantiasComo garantias da Instituio como um todo destacam-se: a) a sua estruturao em carreira; b) a sua autonomia administrativa e oramentria; c) limitao liberdade do chefe do Executivo para a nomeao e destituio do Procurador-Geral; d) a exclusividade da ao penal pblica e veto nomeao de promotores ad hoc.

Aos membros individualmente so as seguintes as garantias:

a) o trplice predicado da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos b) ingresso aos cargos mediante concurso de provas e ttulos, observada, nas nomeaes, a ordem de classificao; c) promoo voluntria, por antigidade e merecimento, alternadamente, de uma para outra entrncia ou categoria e da entrncia mais elevada para o cargo de Procurador de Justia; d) sujeio competncia originria do Tribunal de Justia, "nos crimes comuns e nos de responsabilidade, ressalvadas excees de ordem constitucionais.

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10.5 Impedimentosa) a representao judicial e consultoria de entidades pblicas e o exerccio da advocacia; b) o recebimento de honorrios, percentuais ou custas; c) a participao em sociedade comercial; d) o exerccio de outra funo pblica, salvo uma de magistrio; e) atividades poltico-partidrias.

10.6 rgos do MP da UnioProcurador-Geral da Repblica (chefe do Ministrio Pblico da Unio) nomeado pelo Presidente da Repblica aps aprovao pelo Senado Federal mandato bienal - destituio antes do prazo depende de autorizao pela maioria absoluta do Senado Federal.

10.7 rgos do MP Estaduala) Administrao Superior (PGJ, Colgio dos Procuradores; CSMP e CGMP); b) Administrao do MP (Procuradorias de Justia e Promotorias de Justia; c) rgos de Execuo (PGJ, Colgio, CSMP, Procuradores e Promotores); d) rgos auxiliares ( Centros de Apoio operacional, Comisso de Concurso, Centro de Estudos e Aperfeioamento Profissional, rgos de apoio tcnico e administrativo e estagirios).

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11. Do JuizH, no sistema judicirio, rgos judicantes singulares e coletivos. Mas, em todos eles, as pessoas que, em nome do Estado, exercem o poder jurisdicional so, genericamente, denominados juzes.

Nos termos do art. 125 do CPC, o juiz dirigir o processo conforme as disposies daquele estatuto legal, competindo-lhe:

I-

Assegurar s partes igualdade de tratamento;

II- Velar pela rpida soluo do litgio; III- Prevenir ou reprimir qualquer ato atentatrio dignidade da Justia; IV- Tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

11.1 RequisitosPara que atividade jurisdicional que toca todos os juzes, para ser vlida e eficaz reclama a concorrncia dos seguintes requisitos:

a) Jurisdicionalidade, isto , devem estar os juzes investidos no poder de jurisdio; b) Competncia, ou seja, devem estar dentro da faixa de atribuies que, por lei, se lhes assegura; c) Imparcialidade, ou seja, devem ficar na posio de terceiro em relao s partes interessadas; d) Independncia, isto , sem subordinao jurdica aos tribunais superiores, ao Legislativo ou ao Executivo, vinculando-se exclusivamente ao ordenamento jurdico; e) Processualidade, isto devem obedecer ordem processual instituda por lei, a fim de evitar a arbitrariedade, o tumulto, a inconseqncia e a contradio desordenada.

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11.2 GarantiasPara assegurar a independncia dos juzes a Constituio Fedral outorga-lhes trs garantias especiais:

a) Vitaliciedade: no perdem o cargo seno por sentena transitada em julgado; b) Inamovibilidade: no podem ser removidos compulsoriamente, seno quando ocorrer motivo de interesse pblico, reconhecido pelo voto de dois teros do tribunal competente; c) Irredutibilidade de vencimentos.

11.3 RestriesCom a preocupao de assegurar a lisura do exerccio da funo judicante, o art. 95, pargrafo nico da CF/88, dispe que aos juzes vedado:


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