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  1. 1. Aula 03 Direito Administrativo p/ XX Exame de Ordem - OAB Professores: rica Porfrio, Erick Alves
  2. 2. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 82 OBSERVAO IMPORTANTE Este curso protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos ;-) 89144404190
  3. 3. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 82 AULA 03 Ol pessoal! Na aula de hoje estudaremos os consrcios pblicos, as agncias reguladoras e as entidades paraestatais. Dos assuntos da aula, os consrcios pblicos que possuem maior histrico de cobrana nas provas da OAB, seguidos pelas OSCIP, no mbito das entidades paraestatais. Portanto, redobre a ateno nesses temas. Nosso sumrio o seguinte: SUMRIO Consrcios pblicos.......................................................................................................................................................3 Entidades paraestatais..............................................................................................................................................20 Servios sociais autnomos...................................................................................................................................22 Organizaes sociais (OS).......................................................................................................................................27 Organizaes da sociedade civil de interesse pblico (OSCIP)...............................................................35 Principais distines entre OS e OSCIP.............................................................................................................43 Agncias reguladoras.................................................................................................................................................47 RESUMO DA AULA.....................................................................................................................................................63 Jurisprudncia da aula..............................................................................................................................................66 Questes comentadas na aula...............................................................................................................................72 Gabarito.............................................................................................................................................................................82 Preparados? Aos estudos! 89144404190
  4. 4. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 82 CONSRCIOS PBLICOS Como j adiantado na aula passada, os consrcios pblicos, quando constitudos com personalidade jurdica de direito pblico, integram a Administrao Indireta dos entes consorciados, sob a forma de associaes pblicas. Contudo, a doutrina diverge sobre se essas associaes integrariam a Administrao Indireta como uma quinta espcie de entidade, ao lado de autarquias, fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista, ou, to somente, como uma subdiviso do gnero autarquia. Vejamos. Os consrcios pblicos so figuras administrativas previstas originalmente no art. 241 da Constituio Federal, o qual estabelece: Art. 241 - A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios disciplinaro por meio de lei os consrcios pblicos e os convnios de cooperao entre os entes federados, autorizando a gesto associada de servios pblicos, bem como a transferncia total ou parcial de encargos, servios, pessoal e bens essenciais continuidade dos servios transferidos. Com suporte no art. 241 da CF, a Lei 11.107/2005 foi editada para estabelecer normas gerais para que a Unio, os Estados, o DF e os Municpios contratassem consrcios pblicos para a realizao de objetivos de interesse comum, promovendo a gesto associada a que alude o citado mandamento constitucional. Regulamentando a matria, o Decreto 6.017/2007 define consrcio pblico da seguinte forma: Consrcio pblico: pessoa jurdica formada exclusivamente por entes da Federao, para estabelecer relaes de cooperao federativa, inclusive a realizao de objetivos de interesse comum, constituda como associao pblica, com personalidade jurdica de direito pblico e natureza autrquica, ou como pessoa jurdica de direito privado sem fins econmicos. Consrcio pblico, portanto, pessoa jurdica formada exclusivamente por entes federados (Unio, Estados, DF e Municpios) com a finalidade de cooperao federativa (realizao de objetivos de interesse comum). Diferem-se dos convnios pelo fato de que estes, ao contrrio dos consrcios, so despersonificados, ou seja, no possuem personalidade jurdica; ademais, os convnios podem ser celebrados entre 89144404190
  5. 5. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 82 entidades pblicas e privadas (pessoa fsica ou jurdica). J o consrcio pblico formalizado necessariamente entre entes polticos/federados. O objeto dos consrcios pblicos, ressalte-se, consiste na realizao de atividades e metas de interesse comum das pessoas federativas consorciadas. A ideia que determinados servios pblicos, por sua natureza ou extenso territorial, demandam a presena de mais de uma pessoa pblica para que sejam efetivamente executados. Pode haver, por exemplo, um consrcio entre dois Estados, entre um Estado e o Distrito Federal, entre a Unio e vrios Estados. No poder, contudo, haver consrcio pblico constitudo unicamente pela Unio e Municpios. Deve haver sempre a participao do Estado em cujo territrio estejam situados os Municpios consorciados1 . Tambm no pode haver consrcio pblico celebrado entre um Estado e Municpio de outro Estado. Entretanto, podem ser celebrados consrcios pblicos entre o Distrito Federal e Municpios. O consrcio pblico ser constitudo por contrato. Carvalho Filho esclarece que h dois requisitos formais prvios formao do consrcio: 1) Subscrio prvia de protocolo de intenes. 2) Ratificao do protocolo por lei. Primeiramente, deve haver a prvia subscrio de protocolo de intenes (Lei 11.107/2005, art. 3). Esse protocolo uma espcie de do ente estatal para participar do negcio pblico. Na verdade, o protocolo de intenes corresponde ao prprio contedo do ajuste, devendo j conter as clusulas que definam a atuao dos entes estatais e as formas de consecuo de seus objetivos. Firmado o protocolo, dever este ser ratificado por lei (art. 5). Assim, o Poder Legislativo de cada ente da Federao consorciado dever editar uma lei a ttulo de ratificao do protocolo de intenes; esta, porm, ser dispensada se a entidade pblica, ao momento do protocolo, j tiver editado lei disciplinadora de sua participao no consrcio (art. 6, 2). 1 A Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados . 89144404190
  6. 6. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 82 Aps ser ratificado pelos entes da Federao interessados, mediante lei, o protocolo de intenes converte-se no contrato do consrcio pblico. O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica (art. 6): de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. Assim, quanto formalizao do consrcio, exige-se que as partes constituam uma pessoa jurdica, sob a forma de associao pblica ou de pessoa jurdica de direito privado. Quando assumir a forma de associao pblica, ter personalidade jurdica de direito pblico e integrar a Administrao Indireta das pessoas federativas consorciadas. o que dispe o art. 6, 1 da Lei 11.107/2005: 1o O consrcio pblico com personalidade jurdica de direito pblico integra a administrao indireta de todos os entes da Federao consorciados. Nesse caso, ter todas as prerrogativas e privilgios prprios das pessoas jurdicas de direito pblico. No que concerne ao enquadramento das associaes pblicas na Administrao Indireta, existem posicionamentos diversos na doutrina: parte entende que so uma espcie de autarquia, no caso, uma autarquia interfederativa, e parte entende que so uma nova entidade da Administrao Indireta que, semelhana das autarquias, tm personalidade jurdica de direito pblico e autonomia administrativa e financeira. Carvalho Filho comunga do primeiro entendimento e Maria Sylvia Di Pietro, do segundo. Exemplo de associao pblica a Autoridade Pblica Olmpica APO, consrcio formado pela Unio, Estado e Municpio do Rio de Janeiro com vistas preparao e realizao dos Jogos Olmpicos e Paraolmpicos de 20162 . Por outro lado, caso se institua como pessoa jurdica de direito privado, assumir a forma de associao civil e, em princpio, estar 2 Lei 12.396/2011 89144404190
  7. 7. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 82 fora da Administrao Indireta. Parte da doutrina, contudo, entende que a entidade representativa do consrcio pblico se incluir na Administrao Indireta dos entes federativos consorciados mesmo se for constituda com personalidade jurdica de direito privado, uma vez que seu objeto a prestao de servios pblicos de forma descentralizada por pessoa jurdica formada exclusivamente por pessoas da federao. Quanto alterao ou extino do consrcio, o art. 12 da lei determina que depender de instrumento aprovado pela assembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes consorciados. Nos responsveis por cada obrigao, os entes consorciados respondero solidariamente pelas obrigaes remanescentes, garantindo o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa O regime jurdico do consrcio com personalidade jurdica de direito privado hbrido. Seu quadro de pessoal ter regime trabalhista, submetido s normas da CLT. Todavia, o consrcio pblico de direito privado deve observar as normas de direito pblico no que concerne a realizao de licitao, celebrao de contratos, prestao de contas e admisso de pessoal mediante concurso pblico (art. 6, 2). Para o cumprimento de seus objetivos, o consrcio pblico poder firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, alm de receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entidades e rgos do governo. Havendo previso no contrato, o consrcio tambm poder promover desapropriaes e instituir servides administrativas. Pode ainda o consrcio ser contratado mediante dispensa de licitao pela administrao direta ou indireta dos entes da Federao consorciados (art. 2, 1). A lei admite, ainda, que os consrcios pblicos arrecadem tarifas e outros preos pblicos no caso de ser prestado algum servio ou quando administrarem bens pblicos cujo uso seja remunerado (art. 2, 2). Os entes consorciados se comprometem a fornecer recursos financeiros ao consrcio pblico para realizao de suas despesas mediante um instrumento chamado contrato de rateio, formalizado em cada exerccio financeiro e com prazo de vigncia no superior ao das dotaes que o suportam, com exceo dos contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e aes 89144404190
  8. 8. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 82 contemplados em plano plurianual ou a gesto associada de servios pblicos custeados por tarifas ou outros preos pblicos. Ademais, poder ser firmado contrato de programa entre o consrcio e um de seus consorciados, a fim de que este ltimo assuma a obrigao de prestar servios por meio de seus prprios rgos (Administrao Direta) ou por meio de entidades da Administrao Indireta (art. 4, XI, d). O representante legal do consrcio pblico obrigatoriamente dever ser eleito dentre os Chefes do Poder Executivo dos entes da Federao consorciados. A forma de sua eleio e a durao de seu mandato devem estar previstas no protocolo de intenes (art. 4, VIII). Por fim, importante ressaltar que o consrcio pblico est sujeito fiscalizao contbil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consrcio, inclusive quanto legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renncia de receitas. No entanto, isso no afasta o controle externo a ser exercido pelos Tribunais de Contas responsveis pela fiscalizao dos demais entes consorciados, em razo dos recursos disponibilizados nos contratos de rateio. 1. (FGV OAB 2016) O Estado X e os Municpios A, B e C subscreveram protocolo de intenes para a constituio de um consrcio com personalidade jurdica de direito privado para atuao na coleta, descarte e reciclagem de lixo produzido no limite territorial daqueles municpios. Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) Por se tratar de consrcio a ser constitudo entre entes de hierarquias diversas, a saber, Estado e Municpios, obrigatria a participao da Unio. B) O consrcio de direito privado a ser constitudo pelo Estado e pelos Municpios no est alcanado pela exigncia de prvia licitao para os contratos que vier a celebrar. C) O consrcio entre o Estado e os Municpios ser constitudo por contrato e adquirir personalidade jurdica mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. D) Por se tratar de consrcio para atuao em rea de relevante interesse coletivo, 89144404190
  9. 9. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 82 no se admite que seja constitudo com personalidade de direito privado. Comentrio: Vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. No obrigatria a participao da Unio em consrcios celebrados entre Estados e Municpios. O que a lei prescreve, na verdade, Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados 1, 2). Ou seja, se a Unio quiser celebrar consrcio com algum Municpio, necessariamente dever haver a participao do Estado correspondente. b) ERRADA. Conforme o art. 6, 2 da Lei 11.107/2005, o consrcio pblico de direito privado deve observar as normas de direito pblico no que concerne a realizao de licitao, celebrao de contratos, prestao de contas e admisso de pessoal mediante concurso pblico. c) CERTA. consrcio pblico ser constitudo por contrato cuja celebrao depender da prvia subscrio de protocolo de intenes . Por sua vez, o art. 6 da lei prescreve que o o consrcio pblico adquirir personalidade jurdica: I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. d) ERRADA. A lei no impe restries em relao ao objeto dos consrcios pblicos com personalidade jurdica de direito privado. A escolha do regime jurdico do consrcio um ato discricionrio do Poder Pblico. c 2. (FGV OAB 2011) A Lei 11.107, de 6 de abril de 2005, dispe sobre normas gerais para a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios contratarem consrcios pblicos para a realizao de objetivos de interesse comum. A respeito do regime jurdico aplicvel a tais consrcios pblicos, assinale a alternativa correta. (A) vedada a celebrao de contrato de consrcio pblico cujo valor seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhes) de reais. (B) Os consrcios pblicos na rea de sade, em razo do regime de gesto associada, so dispensados de obedecer aos princpios que regulam o Sistema nico de Sade. (C) vedada a celebrao de contrato de consrcio pblico para a prestao de servios cujo perodo seja inferior a 5 (cinco) anos. (D) A Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte 89144404190
  10. 10. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 82 todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados. Comentrios: vamos analisar cada assertiva: a) ERRADA. A Lei 11.107/2005 no impe limite de valor para a celebrao de consrcios pblicos. b) ERRADA. Segundo o art. 1, 3 da Lei 11.107/2005, pblicos, na rea de sade, devero obedecer aos princpios, diretrizes e normas que regulam o Sistema nico de Sade . c) ERRADA. A Lei 11.107/2005 no impe limite de prazo para o contrato de consrcio pblico. d) CERTA. No poder haver consrcio pblico constitudo unicamente pela Unio e Municpios. Deve haver sempre a participao do Estado em cujo territrio estejam situados os Municpios consorciados. o que prev o art. 1, 2 da Lei 11.107/2005: 2o A Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados. 3. (FGV OAB 2012) Quatro municpios celebram um consrcio pblico para desenvolverem um projeto comum para o tratamento industrial de lixo coletado em suas respectivas reas, criando uma pessoa jurdica para gerenciar as atividades do consrcio. luz da legislao aplicvel, assinale a alternativa correta. (A) Como se trata de atividade tipicamente estatal, essa pessoa jurdica administrativa dever ser obrigatoriamente uma autarquia, criada por lei oriunda do maior municpio celebrante do pacto. (B) O ordenamento jurdico brasileiro admite, no caso, tanto a criao de uma pessoa jurdica de direito pblico (a chamada associao pblica) quanto de direito privado. (C) O ordenamento jurdico brasileiro no admite a criao de uma entidade desse tipo, pois as pessoas jurdicas integrantes da Administrao Indireta so apenas as indicadas no art. 5 do Decreto-Lei 200/67. (D) A pessoa jurdica oriunda de um consrcio pblico no poder ser, em hiptese alguma, uma pessoa jurdica de direito privado, pois isso no admitido pela legislao aplicvel. Comentrios: vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. A gesto associada de servios pblicos entre entes polticos distintos deve ser promovida pela celebrao de convnios ou pela formao de consrcios pblicos, e no pela criao de autarquia nica. Com efeito, a jurisprudncia do STF veda a criao de autarquias interestaduais ou 89144404190
  11. 11. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 82 intermunicipais; portanto, essa no poderia ser a soluo adotada no caso concreto da questo. b) CERTA. O art. 6 da Lei 11.107/2005 admite que os consrcios pblicos possuam personalidade jurdica de direito pblico ou de direito privado: Art. 6o O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica: I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. no deixa dvidas a respeito da possibilidade de se formar um consrcio pblico para que os Municpios desenvolvam um projeto comum para o tratamento industrial de lixo coletado: Art. 1o Esta Lei dispe sobre normas gerais para a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios contratarem consrcios pblicos para a realizao de objetivos de interesse comum e d outras providncias. d) ERRADA. A Lei 11.107/2005 admite a criao de consrcio pblico como pessoa jurdica de direito privado, conforme o art. 6 transcrito acima. Tal possibilidade tambm est prevista no art. 1, 1: 1o O consrcio pblico constituir associao pblica ou pessoa jurdica de direito privado. 4. (FGV OAB 2013) A Unio celebrou protocolo de intenes com o Estado A e os Municpios X, Y e Z do Estado B, todos em regies de fronteira, para a constituio de um consrcio pblico na rea de segurana pblica. Considerando a disciplina legislativa acerca dos consrcios pblicos, assinale a afirmativa correta. A) O consrcio pblico pode adquirir personalidade jurdica de direito pblico, constituindo-se em uma associao pblica. B) O consrcio pblico representa uma comunho de esforos, no adquirindo personalidade jurdica prpria. C) A Unio no pode constituir consrcio do qual faam parte Municpios no integrantes de Estado no conveniado. D) O consrcio pblico adquire personalidade jurdica com a celebrao do protocolo de intenes. Comentrios: 89144404190
  12. 12. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 82 a) CERTA, nos termos do art. 6, I da Lei 11.107/2005: Art. 6o O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica: I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. b) ERRADA. Conforme se nota no caput do art. 6 transcrito acima, o consrcio pblico adquirir personalidade jurdica. c) ERRADA. Segundo o art. 1, 2 da Lei 11.107/2005, a Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados. Assim, por exemplo, para a Unio participar de um consrcio com o Municpio de Campo Grande, o Estado do Mato Grosso do Sul tambm dever fazer parte do ajuste. d) ERRADA. Caso seja um consrcio pblico de direito pblico, a personalidade jurdica ser adquirida mediante a vigncia das leis de ratificao do respectivo protocolo de intenes. Caso seja um consrcio pblico de direito privado, a personalidade jurdica ser adquirida mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. 5. (FGV OAB 2014) Os municpios A, B e C formam o consrcio ABC, com personalidade jurdica de direito privado, para a realizao de objetivos de interesse comum. Para o desempenho das atividades, o consrcio pretende promover desapropriaes, com vistas a obter terrenos, onde, futuramente casas populares com recursos transferidos pelo Governo Federal. Considerando a disciplina legislativa acerca dos consrcios pblicos, assinale a afirmativa correta. A) Os Municpios A, B e C no podem constituir consrcio que no se revista de personalidade jurdica de direito pblico. B) O consrcio pblico que tenha personalidade jurdica de direito privado, ainda que constitudo por entes pblicos, no pode promover desapropriaes. C) A Unio poder firmar convnios com o consrcio ABC para fins de transferncia voluntria de recursos. D) Apenas os consrcios constitudos sob a forma de pessoas jurdicas de direito pblico podem receber recursos transferidos pela Unio. Comentrios: vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. O art. 6 da Lei 11.107/2005 admite a criao de consrcio 89144404190
  13. 13. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 82 pblico como pessoa jurdica de direito pblico ou de direito privado. b) ERRADA. O art. 2, 1, II da Lei 11.107/2005 d a entender que apenas os consrcios de direito pblico podem promover desapropriaes e instituir servides administrativas. Veja: Art. 2o Os objetivos dos consrcios pblicos sero determinados pelos entes da Federao que se consorciarem, observados os limites constitucionais. 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consrcio pblico poder: I firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entidades e rgos do governo; II nos termos do contrato de consrcio de direito pblico, promover desapropriaes e instituir servides nos termos de declarao de utilidade ou necessidade pblica, ou interesse social, realizada pelo Poder Pblico; e III ser contratado pela administrao direta ou indireta dos entes da Federao consorciados, dispensada a licitao. Todavia, o Decreto 6.017/2007, que regulamenta a Lei 11.107/2005, d margem para que os consrcios de direito privado tambm tenham tais competncias, desde que previsto no contrato de programa: Art. 10. Para cumprimento de suas finalidades, o consrcio pblico poder: I - firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas; II - ser contratado pela administrao direta ou indireta dos entes da Federao consorciados, dispensada a licitao; e III - caso constitudo sob a forma de associao pblica, ou mediante previso em contrato de programa, promover desapropriaes ou instituir servides nos termos de declarao de utilidade ou necessidade pblica, ou de interesse social. Nessa linha, Maria Sylvia Di Pietro ensina que os consrcios pblicos podem promover desapropriaes e instituir servides. c) CERTA. o que prev o art. 14 da Lei 11.107/2005: Art. 14. A Unio poder celebrar convnios com os consrcios pblicos, com o objetivo de viabilizar a descentralizao e a prestao de polticas pblicas em escalas adequadas. d) ERRADA. Como se nota no art. 2 da Lei 11.107/2005 e no art. 10 do acima, os consrcios pblicos podem firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entidades e rgos do governo. A professora Di Pietro 89144404190
  14. 14. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 82 ensina que tal faculdade assiste aos consrcios pblicos . 6. (Cespe OAB 2010) Em cada uma das opes abaixo, apresentada uma situao hipottica, seguida de uma assertiva a ser julgada com relao organizao da administrao pblica. Assinale a opo em que a assertiva est correta. A) Hlio pretende ingressar com ao ordinria de repetio de indbito, visando devoluo do imposto de renda que fora pago, conforme alega, indevidamente. Nessa situao, a ao dever ser proposta em face da Receita Federal do Brasil. B) A Unio qualificou uma instituio privada como organizao social. Nessa situao, essa instituio passar a integrar a administrao indireta da Unio. C) Jorge ingressou com reclamao trabalhista contra sociedade de economia mista federal exploradora de atividade econmica, em regime de ampla concorrncia. Nessa situao, conforme o regime constitucional, os bens dessa empresa no podem ser penhorados, j que ela integra a administrao indireta da Unio. D) Mediante previso do contrato de consrcio pblico, foi firmado contrato de programa entre a Unio e entidade que integra a administrao indireta de um estado consorciado. Nessa situao, esse contrato de programa ser automaticamente extinto caso o contratado deixe de integrar a administrao indireta do estado consorciado. Comentrios: vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. A Receita Federal, na qualidade de rgo pblico da administrao direta federal, no possui capacidade processual, uma vez que no possui personalidade jurdica. Portanto, no caso, Hlio deveria ingressar com a ao em face da Unio, e no da Receita Federal. b) ERRADA. As instituies privadas qualificadas como organizaes sociais no passam a integrar a administrao indireta da Unio. Tais instituies so consideradas entidades paraestatais, pois so fomentadas pelo Estado, mas sem a ele pertencerem. c) ERRADA. Os bens das sociedades de economia mista exploradas de atividade econmica so considerados bens privados. Em consequncia, no possuem as prerrogativas prprias de bens pblicos, como a impenhorabilidade. d) CERTA, conforme previsto no art. 13, 6 da Lei 11.107/2005: 5o Mediante previso do contrato de consrcio pblico, ou de convnio de cooperao, o contrato de programa poder ser celebrado por entidades de direito 89144404190
  15. 15. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 82 pblico ou privado que integrem a administrao indireta de qualquer dos entes da Federao consorciados ou conveniados. 6o O contrato celebrado na forma prevista no 5o deste artigo ser automaticamente extinto no caso de o contratado no mais integrar a administrao indireta do ente da Federao que autorizou a gesto associada de servios pblicos por meio de consrcio pblico ou de convnio de cooperao. 7. (Cespe AGU 2013) Embora o consrcio pblico possa adquirir personalidade jurdica de direito pblico ou de direito privado, em ambas as hipteses a contratao de pessoal dever ser regida pela Consolidao das Leis do Trabalho, pois a legislao veda a admisso de pessoal no regime estatutrio. Comentrio: A questo est errada. A Lei 11.107/2005 estabelece que o pessoal dos consrcios pblicos com personalidade jurdica de direito privado dever ser regido pela Consolidao das Leis do Trabalho - CLT: 2o No caso de se revestir de personalidade jurdica de direito privado, o consrcio pblico observar as normas de direito pblico no que concerne realizao de licitao, celebrao de contratos, prestao de contas e admisso de pessoal, que ser regido pela Consolidao das Leis do Trabalho - CLT. Quanto aos consrcios de direito pblico, no h impedimento para que sejam admitidos no regime estatutrio. Gabarito: Errado 8. (ESAF SUSEP 2010) Em nossos dias, embora sequer sejam citadas(os) pelo Decreto-Lei n. 200/1967, tambm integram a administrao indireta as(os): a) Organizaes Sociais de Interesse Pblico. b) Organizaes No-Governamentais sem fins lucrativos. c) Organizaes Sociais. d) Consrcios Pblicos com personalidade jurdica de direito pblico. e) Parceiros Pblico-Privados sem fins lucrativos. Comentrios: Nos termos da Lei 11.107/2005, que dispe sobre normas gerais de contratao de consrcios pblicos: Art. 6o O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica: I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. 1o O consrcio pblico com personalidade jurdica de direito pblico integra a 89144404190
  16. 16. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 82 administrao indireta de todos os entes da Federao consorciados. A de Interesse Pblico, Organizaes No-Governamentais e Organizaes Sociais, respectivamente, so consideradas entidades paraestatais, isto , entes privados que colaboram com o Estado no desempenho de atividades de interesse pblico, mas que no integram a Administrao formal, direta ou indireta. J os Parceiros Pblico- servios pblicos por delegao do Poder Pbico, tambm no so considerados integrantes da Administrao Pblica direta ou indireta. 9. (ESAF AFRFB 2014) Em se tratando dos Consrcios pblicos, Terceiro Setor e o disposto na Instruo Normativa SLTI/MP n. 02 de 2008, correto afirmar: a) a lei que rege os consrcios pblicos prev dois tipos de contratos a serem firmados pelos entes consorciados: o contrato de rateio e o contrato de cooperao. b) o servio dever ser executado obrigatoriamente pelos cooperados, vedando-se qualquer intermediao, quando se tratar da contratao de cooperativas. c) o terceiro setor compreende as entidades da sociedade civil de fins pblicos e lucrativos coexistindo com o primeiro setor, que o Estado, e o segundo setor, que o mercado. d) vedado ao consrcio pblico a possibilidade de ser contratado pela administrao direta ou indireta dos entes da Federao consorciados, com dispensa de licitao. e) no caso de extino do consrcio pblico, os entes consorciados respondero subsidiariamente pelas obrigaes remanescentes, at que haja deciso que indique os responsveis por cada obrigao. Comentrios: Vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. A Lei 11.107/2005, que rege os consrcios pblicos, prev dois tipos de contratos a serem firmados pelos entes consorciados, a saber: contrato de rateio e contrato de programa. Portanto, a assertiva erra ao falar Contrato de rateio o instrumento pelo qual os entes consorciados se comprometem a aportar recursos financeiros para a realizao das despesas do consrcio pblico (art. 8). J contrato de programa o instrumento pelo qual devem ser constitudas e reguladas as obrigaes que um ente da Federao, inclusive sua administrao indireta, tenha para com outro ente da Federao, ou para 89144404190
  17. 17. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 82 com consrcio pblico, no mbito da prestao de servios pblicos por meio de cooperao federativa (art. 13). Por outro lado, a lei no prev a figura de contrato de cooperao. O que existe so os convnios de cooperao, conforme previsto no art. 241 da CF: Art. 241. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios disciplinaro por meio de lei os consrcios pblicos e os convnios de cooperao entre os entes federados, autorizando a gesto associada de servios pblicos, bem como a transferncia total ou parcial de encargos, servios, pessoal e bens essenciais continuidade dos servios transferidos. Como se v, consrcios pblicos e convnios de cooperao tm por objetivo promover a gesto associada de servios pblicos; porm, so institutos jurdicos distintos. De fato, convnios de cooperao so pactos firmados exclusivamente por entes da Federao, com o objetivo de autorizar a gesto associada de servios pblicos, desde que ratificado ou previamente disciplinado por lei editada por cada um deles (Decreto 6.017/2007, art. 1, VIII). Nos convnios, no h a criao de pessoa jurdica. H um mero acordo de cooperao. Nos consrcios pblicos, por sua vez, h uma reunio exclusiva de entes polticos, e a formao de uma nova pessoa jurdica, com a personalidade jurdica de direito pblico (associao pblica) ou de direito privado. b) CERTA. A assertiva trata das disposies da IN SLTI 2/2008, que dispe sobre regras e diretrizes para a contratao de servios, continuados ou no. A norma prev que a contratao de sociedades cooperativas somente poder ocorrer quando, pela sua natureza, o servio a ser contratado puder ser executado com autonomia pelos cooperados, de modo a no demandar relao de subordinao entre a cooperativa e os cooperados, nem entre a Administrao e os cooperados (art. 4, I). Ademais, o art. 5 da IN prev o seguinte: Art. 5 No ser admitida a contratao de cooperativas ou instituies sem fins lucrativos cujo estatuto e objetivos sociais no prevejam ou no estejam de acordo com o objeto contratado. Pargrafo nico. Quando da contratao de cooperativas ou instituies sem fins lucrativos, o servio contratado dever ser executado obrigatoriamente pelos cooperados, no caso de cooperativa, ou pelos profissionais pertencentes aos quadros funcionais da instituio sem fins lucrativos, vedando-se qualquer intermediao ou subcontratao. c) ERRADA. Segundo a doutrina predominante, o primeiro setor compreende o Estado com sua misso de realizar a atividade administrativa para satisfazer as necessidades da coletividade. O segundo setor compreende o mercado no qual vale a livre iniciativa e tem como paradigma o lucro. O 89144404190
  18. 18. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 82 terceiro setor compreende entidades privadas sem fins lucrativos que exercem atividades de interesse social e coletivo, razo pela qual recebem incentivos do Estado a ttulo de fomento. So exemplos as Organizaes Sociais e as Organizaes da Sociedade Civil de Interessa Pbico. H ainda, para alguns doutrinadores, o quarto setor que compreende a economia informal. Portanto, d) ERRADA, ante o disposto na Lei 11.107/2005: Art. 2o Os objetivos dos consrcios pblicos sero determinados pelos entes da Federao que se consorciarem, observados os limites constitucionais. 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consrcio pblico poder: I firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entidades e rgos do governo; II nos termos do contrato de consrcio de direito pblico, promover desapropriaes e instituir servides nos termos de declarao de utilidade ou necessidade pblica, ou interesse social, realizada pelo Poder Pblico; e III ser contratado pela administrao direta ou indireta dos entes da Federao consorciados, dispensada a licitao. e) ERRADA. No caso, os entes consorciados respondero , e no . o que diz a Lei 11.107/2005: Art. 12. A alterao ou a extino de contrato de consrcio pblico depender de instrumento aprovado pela assemblia geral, ratificado mediante lei por todos os entes consorciados. 1o Os bens, direitos, encargos e obrigaes decorrentes da gesto associada de servios pblicos custeados por tarifas ou outra espcie de preo pblico sero atribudos aos titulares dos respectivos servios. 2o At que haja deciso que indique os responsveis por cada obrigao, os entes consorciados respondero solidariamente pelas obrigaes remanescentes, garantindo o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa obrigao. 10. (ESAF DNIT 2013) A respeito dos conceitos, constituio, formas e objetivos dos consrcios pblicos de que trata a Lei n. 11.107/2005, correto afirmar, exceto: a) a participao da Unio na formao dos consrcios pblicos est condicionada participao de todos os Estados em cujos territrios estejam situados os municpios consorciados. b) a celebrao de protocolo de intenes condio necessria para a constituio 89144404190
  19. 19. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 82 do consrcio pblico. c) para o cumprimento dos seus objetivos, os consrcios pblicos podem receber auxlios, subvenes e contribuies. d) vedado autorizar mediante contrato a permisso para que o consrcio pblico promova a outorga, concesso e permisso de obras ou servios pblicos. e) Pode ser constitudo na forma de associao pblica ou pessoa jurdica de direito privado. Comentrios: Vamos analisar cada alternativa com base na Lei 11.107/2005: a) CERTA, nos termos do art. 1, 2 da Lei: 2o A Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados. Assim, no pode haver um consrcio formado exclusivamente pela Unio e por um Municpio. No caso, o Estado ao qual pertence o Municpio tambm deve participar. b) CERTA, nos termos do art. 3 da Lei: Art. 3o O consrcio pblico ser constitudo por contrato cuja celebrao depender da prvia subscrio de protocolo de intenes. O protocolo de intenes um contrato preliminar cujas clusulas devem conter todas as regras necessrias ao funcionamento do consrcio, por exemplo (art. 4): a denominao, a finalidade, o prazo de durao e a sede do consrcio; a identificao dos entes da Federao consorciados; a indicao da rea de atuao do consrcio; a previso de que o consrcio pblico associao pblica ou pessoa jurdica de direito privado sem fins econmicos; as normas de convocao e funcionamento da assembleia geral, inclusive para a elaborao, aprovao e modificao dos estatutos do consrcio pblico; a forma de eleio e a durao do mandato do representante legal do consrcio pblico que, obrigatoriamente, dever ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federao consorciado. Aps ser ratificado pelos entes da Federao interessados, mediante lei, o protocolo de intenes converte-se em contrato de consrcio pblico. c) CERTA, nos termos do art. 2, 1 da Lei: 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consrcio pblico poder: I firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entidades e rgos do governo; d) ERRADA, pois os consrcios pblicos podero sim promover a 89144404190
  20. 20. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 82 outorga, concesso e permisso de obras ou servios pblicos, nos termos do art. 2, 3 da Lei: 3o Os consrcios pblicos podero outorgar concesso, permisso ou autorizao de obras ou servios pblicos mediante autorizao prevista no contrato de consrcio pblico, que dever indicar de forma especfica o objeto da concesso, permisso ou autorizao e as condies a que dever atender, observada a legislao de normas gerais em vigor. e) CERTA, nos termos do art. 6 da Lei: Art. 6o O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica: I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. 11. (Cespe TJDFT 2013) Os consrcios pblicos so ajustes firmados por pessoas federativas, com personalidade de direito pblico ou de direito privado, mediante autorizao legislativa, com vistas realizao de atividades e metas de interesse comum dos consorciados. Comentrios: A assertiva guarda perfeita consonncia com a definio de consrcio pblico presente do Decreto 6.017/2007: Art. 2o Para os fins deste Decreto, consideram-se: I - consrcio pblico: pessoa jurdica formada exclusivamente por entes da Federao, na forma da Lei no 11.107, de 2005, para estabelecer relaes de cooperao federativa, inclusive a realizao de objetivos de interesse comum, constituda como associao pblica, com personalidade jurdica de direito pblico e natureza autrquica, ou como pessoa jurdica de direito privado sem fins econmicos; Lembrando que os consrcios pblicos so constitudos por contrato firmado entre os entes da federao participantes, porm dever ser ratificado por lei aprovada por cada um dos entes consorciados. Da estar correta a Gabarito: Certo 89144404190
  21. 21. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 82 ENTIDADES PARAESTATAIS Entidades paraestatais so aquelas pessoas jurdicas que atuam ao lado e em colaborao com o Estado, sem com ele se confundirem. Trata-se de pessoas privadas, vale dizer, institudas por particulares, sem fins lucrativos, que exercem funo tpica, embora no exclusiva, do Estado, se sujeitando ao controle direto ou indireto do Poder Pblico. Maria Sylvia Di Pietro apresenta a seguinte conceituao: Entidades paraestatais so pessoas privadas que colaboram com o Estado desempenhando atividade no lucrativa e s quais o Poder Pblico dispensa especial proteo, colocando a servio delas manifestaes do seu poder de imprio, como o tributrio, por exemplo. Como exemplo de entidades paraestatais pode-se citar os servios sociais autnomos, as organizaes sociais e as organizaes da sociedade civil de interesse pblico. Tradicionalmente, as entidades paraestatais so consideradas integrantes do denominado terceiro setor, assim entendido aquele que composto por entidades da sociedade civil sem fins lucrativos; esse terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que o Estado, e o segundo setor, que o mercado, ou seja, o setor privado empresarial, com fins lucrativos. As entidades paraestatais no fazem parte da Administrao Indireta; elas integram o terceiro setor. O terceiro setor caracteriza-se por prestar atividade de interesse pblico, por iniciativa privada, sem fins lucrativos. Justamente pelo interesse pblico da atividade, as entidades que integram o terceiro setor podem receber incentivos do Estado, inclusive sob a forma de aportes de recursos pblicos. Tais incentivos que compem a atividade administrativa de fomento. Por essa razo, as entidades paraestatais, embora institudas por particulares, se sujeitam a algumas normas de direito pblico, como o controle pela Administrao Pblica e pelo Tribunal de Contas. Detalhe importante que as entidades do terceiro setor no precisam, necessariamente, manter qualquer vnculo com o Poder Pblico. 89144404190
  22. 22. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 82 Se mantiver que seria o caso, por exemplo, de uma associao que se qualifica como organizao social para receber repasse de recursos pblicos essa entidade do terceiro setor passa a ser considerada entidade paraestatal. Por outro lado, se uma entidade privada desenvolver atividade no econmica de interesse do Estado e, apesar disso, no mantiver qualquer vnculo com o Estado, ela seria uma entidade do terceiro setor, mas no uma paraestatal, qualificao que pressupe algum vnculo como Poder Pblico3 . Em suma, os principais atributos das entidades paraestatais so: Entidades privadas, ou seja, so institudas por particulares; Desempenham servios no exclusivos do Estado, porm em colaborao com ele; Recebem algum tipo de incentivo do Poder Pblico (fomento); Se sujeitam ao controle da Administrao Pblica e do Tribunal de Contas. Regime jurdico de direito privado, porm parcialmente derrogado por normas de direito pblico; No fazem parte da Administrao Indireta; Integram o terceiro setor. 12. (Cespe PC/BA 2013) Entidades paraestatais so pessoas jurdicas privadas que colaboram com o Estado no desempenho de atividades no lucrativas, mas no integram a estrutura da administrao pblica. Comentrio: O quesito est correto, pois apresenta o exato conceito de entidades paraestatais. Exemplos de entidades paraestatais so organizaes sociais (OS), organizaes da sociedade civil de interesse pblico (OSCIP) e servios sociais autnomos. Vale prestar ateno no fato de que as entidades paraestatais, embora recebam fomento do Estado, no integram a estrutura formal da Administrao Pblica, vale dizer, no so entidades da Administrao Indireta e muito menos rgos da Administrao Direta. Gabarito: Certo 3 Lucas Furtado (2014, p. 181). 89144404190
  23. 23. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 82 Vejamos ento um pouquinho mais sobre cada uma das entidades paraestatais mais estudadas pela doutrina. SERVIOS SOCIAIS AUTNOMOS Os servios sociais autnomos desempenham atividades de utilidade pblica, sem fins lucrativos, que beneficiam determinados grupamentos sociais ou profissionais, usualmente direcionadas ao aprendizado profissionalizante e prestao de servios assistenciais. So exemplos de servios sociais autnomos as entidades do elas: SESC Servio Social do Comrcio e SESI Servio Social da Indstria, destinados assistncia social a empregados dos setores comercial e industrial, respectivamente; SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial; SENAC Servio Nacional de Aprendizagem Comercial, destinados formao profissional e educao para o trabalho. SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas, que se destina execuo de programas de auxlio e orientao a empresas de pequeno porte. SENAR Servio Nacional de Aprendizagem Rural, com o objetivo de organizar, administrar e executar o ensino da formao profissional rural e a promoo social do trabalhador rural; SEST Servio Social do Transporte e SENAT Servio Nacional de Aprendizagem do Transporte, que incentivam a formao profissional dirigida aos servios de transporte; SESCOOP Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, que atua na formao profissional, desenvolvimento e promoo social do trabalhador em cooperativa e dos cooperados. Os servios sociais autnomos possuem administrao e patrimnio prprios e so constitudos sob a forma de instituies particulares convencionais (fundaes, sociedades civis ou associaes). A criao dos servios sociais autnomos depende de autorizao em lei, a exemplo do que ocorre com as pessoas da Administrao Indireta de direito privado. Assim, a aquisio de sua personalidade 89144404190
  24. 24. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 82 jurdica somente se d com a inscrio dos seus atos constitutivos no registro competente. Porm, ao contrrio das entidades da Administrao Indireta, no o Poder Executivo quem usualmente recebe autorizao para criar os servios sociais autnomos. Diferentemente, tal encargo geralmente conferido pela lei autorizadora a entidades representativas de categorias econmicas, como a Confederao Nacional da Indstria CNI, a Confederao Nacional do Comrcio CNC, dentre outras. Ressalte-se que, embora sejam criados por autorizao dada em lei, os servios sociais autnomos, assim como as demais entidades paraestatais, no integram a Administrao Pblica formal, direta ou indireta. Os servios sociais autnomos, embora criados por autorizao em lei, no integram a Administrao Pblica formal. A necessidade de lei para autorizar a criao dos servios sociais autnomos decorre do fato de que suas atividades so mantidas, predominantemente, por contribuies arrecadadas compulsoriamente de determinados contribuintes, as chamadas contribuies parafiscais. Tais recursos so arrecadados pela Receita Federal e repassados diretamente s entidades, ou seja, no chegam a compor o errio ou transitar pelo oramento pblico. Apesar disso, so considerados recursos pblicos, afinal, as contribuies so compulsrias, ou seja, pagas obrigatoriamente pelos contribuintes, a semelhana dos tributos. Alm disso, sua aplicao deve estar vinculada aos objetivos institucionais da entidade definidos na lei instituidora, sob pena de desvio de finalidade passvel de controle pelos rgos pblicos competentes. Detalhe importante que, segundo a jurisprudncia do STF, a instituio das contribuies parafiscais pode ser feita mediante lei ordinria, sendo desnecessria a edio de lei complementar4 . Os contribuintes das contribuies parafiscais so as pessoas jurdicas includas no setor econmico a que est vinculada a entidade. Para o SENAI e o SESI, por exemplo, so contribuintes as empresas 4 RE 635.682/RJ 89144404190
  25. 25. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 82 inseridas no setor da indstria, ao passo que para o SESC e o SENAC contribuem as empresas do comrcio5 . O Supremo entende que a cobrana da contribuio vlida independentemente de contraprestao direta em favor do contribuinte. Para surgir a obrigao de recolher a contribuio, o que importa to somente o setor econmico em que a empresa atua, e no o fato de ser diretamente beneficiada pelo servio prestado pela entidade paraestatal. Maria Sylvia Di Pietro esclarece que os servios sociais autnomos no prestam servio pblico delegado pelo Estado, mas atividade privada de interesse pblico (servios no exclusivos do Estado). Assim, no se trata de servio pblico que incumbisse ao Estado e que ele tenha transferido a outra pessoa jurdica, por meio da descentralizao (concesso, permisso ou autorizao). Trata-se, sim, de atividade privada de interesse pblico que o Estado resolveu incentivar e subvencionar. A atuao estatal, no caso, de fomento e no de prestao de servio pblico. Os servios sociais autnomos, por serem pessoas jurdicas de direito privado, sujeitam-se, basicamente, s regras de direito privado. Todavia, pelo fato de administrarem recursos pblicos, tambm se submetem a algumas normas de direito pblico, sobretudo no que toca utilizao dos recursos, prestao de contas e aos fins institucionais. Com efeito, os servios sociais autnomos se submetem a controle pelo Poder Pblico, nos termos e condies estabelecidas na legislao pertinente a cada entidade. o que dispe o Decreto-Lei 200/1967: Art. 183. As entidades e organizaes em geral, dotadas de personalidade jurdica de direito privado, que recebem contribuies para fiscais e prestam servios de interesse pblico ou social, esto sujeitas fiscalizao do Estado nos termos e condies estabelecidas na legislao pertinente a cada uma. Assim, as leis instituidoras dessas entidades devem prever os meios de controle a que se submetem. Ainda quanto ao controle, vale destacar que os servios sociais autnomos esto sempre vinculados superviso do Ministrio em 5 Tambm contribuem para o SESC e o SENAC as empresas prestadoras de servio, salvo quando integram outro servio social (Smula STJ 499). 89144404190
  26. 26. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 82 cuja rea de competncia estejam enquadrados. O SESI, SENAI, SESC e SENAC, por exemplo, esto vinculados ao Ministrio do Trabalho 6 . Ademais, tambm devem prestar contas ao Tribunal de Contas da Unio. Detalhe importante que, segundo a jurisprudncia do TCU, os servios sociais autnomos no se submetem inteiramente Lei de Licitaes. De fato, a Corte de Contas entende que tais entidades, nas suas contrataes, devem observar apenas os princpios da Administrao Pblica, e no necessariamente os procedimentos previstos na Lei 8.666/1993, podendo, em consequncia, editar regulamentos prprios para definir as regras relativas aos contratos que venham a celebrar 7 . Todavia, ressalte-se que os servios sociais autnomos no podem inovar na ordem jurdica por meio de seus regulamentos prprios, por exemplo, instituindo novas hipteses de dispensa e de inexigibilidade de licitao, haja vista que a matria deve ser disciplinada por norma geral, de competncia privativa da Unio 8 . Dessa forma, tais regulamentos devem conter apenas regras procedimentais, como nmero mnimo de propostas, prazos, meios de garantir a publicidade etc. Por fim, vale destacar que o STF j deixou assente que as entidades natureza privada e no integram a administrao pblica, direta ou indireta, razo pela qual elas no esto obrigadas a realizar concurso pblico para contratar pessoal9 . 6 Decreto 74.296/1976, art. 4. 7 Acrdo 526/2013-TCU-Plenrio 8 TCU: Informativo de Licitaes e Contratos 159/2013 9 RE 789.874 89144404190
  27. 27. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 82 13. (FGV OAB 2013) Determinada entidade de formao profissional, integrante dos chamados Servios Sociais Autnomos (tambm questionada sobre a realizao de uma compra sem prvia licitao. Assinale a alternativa que indica a razo do questionamento. A) Tais entidades, vinculadas aos chamados servios sociais autnomos, integram a Administrao Pblica. B) Tais entidades, apesar de no integrarem a Administrao Pblica, so dotadas de personalidade jurdica de direito pblico. C) Tais entidades desempenham, por concesso, servio pblico de interesse coletivo. D) Tais entidades so custeadas, em parte, com contribuies compulsrias cobradas sobre a folha de salrios. Comentrios: vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. Os servios sociais autnomos so considerados entidades paraestatais e, como tal, no integram a Administrao Pblica. b) ERRADA. Os servios sociais autnomos so dotados de personalidade jurdica de direito privado. c) ERRADA. Os servios sociais autnomos no desempenham servio pblico delegado pelo Estado, ou seja, no atuam sob regime de concesso, permisso ou autorizao. Ao contrrio, so entidades que desempenham atividade privada de interesse pblico, fomentada pelo Estado. d) CERTA. De fato, os servios sociais autnomos so custeados, em parte, por contribuies compulsrias cobradas das pessoas jurdicas includas no setor econmico a que esto vinculados. So as chamadas contribuies parafiscais, que so consideradas recursos pblicos e, por isso, fazem com que tais entidades se submetam a algumas normas de direito pblico quanto utilizao desses recursos, a exemplo da necessidade de observar os princpios da Administrao Pblica nas suas contrataes. d 89144404190
  28. 28. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 82 ORGANIZAES SOCIAIS (OS) Maria Sylvia Di Pietro assim define as organizaes sociais: Organizao social a qualificao jurdica dada a pessoa jurdica de direito privado, sem fins lucrativos, instituda por iniciativa de particulares, e que recebe a delegao do Poder Pblico, mediante contrato de gesto, para desempenhar servio pblico de natureza social. Conforme ensina a professora, nenhuma entidade nasce com o nome de organizao social; a entidade criada como associao ou fundao privada e, habilitando-se perante o Poder Pblico, recebe a qualificao; trata-se de ttulo jurdico outorgado e cancelado pelo Poder Pblico. Assim, ao invs de montar um hospital pblico ou posto de sade, o Poder Pblico pode buscar no setor privado alguma entidade privada sem fim lucrativo que atua nesse setor, a qualificar como organizao social e repassar entidade privada os recursos pblicos necessrios prestao dos servios populao10 . As organizaes sociais no so uma categoria de pessoa jurdica. Trata-se, apenas, de uma qualificao atribuda pelo Poder Pblico a determinadas entidades privadas. No mbito da Reforma do Estado, as organizaes sociais foram idealizadas para substituir a Administrao Pblica em determinadas entidades administrativas a serem extintos, processo este denominado de publicizao. Na esfera federal, as organizaes sociais so regidas pela Lei 9.637/1998. A aludida Lei prescreve que o Poder Executivo poder qualificar como organizaes sociais as pessoas que observem trs fundamentos principais: 10 Lucas Furtado (2014, p. 182). 89144404190
  29. 29. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 82 1. Devem ter personalidade jurdica de direito privado; 2. No podem ter fins lucrativos; 3. Devem desenvolver atividades dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade (art. 1) A qualificao como organizao social ato discricionrio do Poder Pblico, dependendo da aprovao do Ministrio competente para supervisionar ou regular a rea de atividade correspondente ao objeto social da entidade (art. 2, II). Dessa forma, a qualificao no conferida a toda e qualquer entidade que atenda aos requisitos legais, e sim depende do juzo de convenincia e oportunidade da autoridade competente. As entidades qualificadas como OS so declaradas como entidades de interesse social e utilidade pblica, para todos os efeitos legais (art. 11). A habilitao da entidade privada como OS feita mediante a assinatura de contrato de gesto11 com o Poder Pblico. no contrato de gesto que estaro discriminadas as atribuies, responsabilidades e obrigaes do Poder Pblico e da organizao social. Tal instrumento elaborado de comum acordo entre o rgo representante do Poder Pblico e a entidade qualificada. O rgo de deliberao superior das organizaes sociais, seu Conselho de Administrao, deve ter representantes do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissional e idoneidade moral (art. 3). semelhana dos servios sociais autnomos, as OS tambm no prestam servio pblico delegado pelo Estado, mas sim atividade privada de interesse pblico (servios no exclusivos do Estado), em seu prprio nome, com incentivo (fomento) do Estado. Conforme previsto na Lei 9.637/1998, o fomento s organizaes sociais pode ocorrer das seguintes formas: 11 O contrato de gesto celebrado entre o Poder Pblico e as OS diferente do previsto no art. 37, 8 da CF, o qual celebrado entre o Poder Pblico e entidades da Administrao Indireta ou rgos da Administrao Direta, com a finalidade de ampliar a sua autonomia gerencial, oramentria e financeira, e 89144404190
  30. 30. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 82 Destinao de recursos oramentrios. Destinao de bens pblicos necessrios ao cumprimento do contrato de gesto, dispensada a licitao, mediante permisso de uso, consoante clusula expressa do contrato de gesto. Cesso especial servidor, devendo o rgo de origem arcar com a sua remunerao. Um ponto importante que, quando Administrao Pblica (de qualquer esfera, federal, estadual, distrital ou municipal) contrata servios a serem prestados pelas organizaes sociais, a licitao dispensvel, desde que aquele servio esteja previsto no contrato de gesto celebrado pela organizao social (Lei 8.666/1993, art. 24, inciso XXIV12 ). Quando constatado o descumprimento das disposies contidas no contrato de gesto, o Poder Executivo poder proceder desqualificao da entidade como organizao social (art. 16). A desqualificao ser precedida de processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organizao social, individual e solidariamente, pelos danos ou prejuzos decorrentes de sua ao ou omisso. A desqualificao importar reverso ao Poder Pblico dos bens e dos valores entregues utilizao da organizao social, sem prejuzo de outras sanes cabveis. 12 Art. 24. dispensvel a licitao: XXIV - para a celebrao de contratos de prestao de servios com as organizaes sociais, qualificadas no mbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gesto. 89144404190
  31. 31. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 82 Foi ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e tambm contra o art. 24, XXIV, da Lei 8.666/93, que prev a dispensa de licitao nas contrataes de organizaes sociais. O Plenrio do STF no declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu interpretao conforme a Constituio para deixar explcitas as seguintes concluses: a) o procedimento de qualificao das organizaes sociais deve ser conduzido de forma pblica, objetiva e impessoal do art. 37 da CF, e de acordo com parmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98; b) a celebrao do contrato de gesto deve ser conduzida de forma pblica, objetiva e impessoal c) as hipteses de dispensa de licitao para contrataes (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de permisso de uso de bem pblico (Lei 9.637/1998, art. 12, 3) so vlidas, mas devem ser conduzidas de forma pblica, objetiva e impessoal, d) a seleo de pessoal pelas organizaes sociais deve ser conduzida de forma pblica, objetiva e impessoal da CF, e nos termos do regulamento prprio a ser editado por cada entidade; e e) qualquer interpretao que restrinja o controle, pelo Ministrio Pblico e pelo Tribunal de Contas da Unio, da aplicao de verbas pblicas deve ser afastada. STF. Plenrio. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, julgado em 15 e 16/4/2015 (Info 781). 89144404190
  32. 32. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 82 14. (ESAF AFRFB 2005) Assinale entre o seguinte rol de entidades de cooperao com o Poder Pblico, no-integrantes do rol de entidades descentralizadas, aquela que pode resultar de extino de entidade integrante da Administrao Pblica Indireta. a) Organizao social. b) Fundao previdenciria. c) Organizao da sociedade civil de interesse pblico. d) Entidade de apoio s universidades federais. e) Servio social autnomo. Comentrio: Trata-se das organizaes sociais ensina Carvalho Filho, a necessidade de ser ampliada a descentralizao na prestao de servios pblicos levou o Governo a instituir o Programa Nacional de Publicizao, atravs da Lei 9.637/1998, pelo qual algumas atividades de carter social, hoje exercidas por entidades e rgos administrativos de direito pblico, podero ser posteriormente absorvidas por pessoas de direito privado, segundo consta expressamente do art. 20: Art. 20. Ser criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de Publicizao - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critrios para a qualificao de organizaes sociais, a fim de assegurar a absoro de atividades desenvolvidas por entidades ou rgos pblicos da Unio, que atuem nas atividades referidas no art. 1o, por organizaes sociais (...) A absoro implicar, naturalmente, a extino daqueles rgos e entidades, assim como a descentralizao dos servios para a execuo sob regime de parceria. Gabarito: 15. (FCC DP/AM 2013) As Organizaes Sociais so pessoas jurdicas de direito privado, qualificadas pelo Poder Executivo, nos termos da Lei Federal no 9.637/98, com vistas formao de parceria para execuo de atividades de interesse pblico. NO est entre as caractersticas das Organizaes Sociais, nos termos da referida lei, a) a necessidade de aprovao de sua qualificao, por meio de ato vinculado do Ministro ou titular de rgo supervisor ou regulador da rea de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto. 89144404190
  33. 33. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 82 b) a previso de participao, no rgo colegiado de deliberao superior, de representantes do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissional e idoneidade moral. c) a proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qualquer hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade. d) o desempenho de atividades relacionadas a pelo menos um dos seguintes campos: ensino, pesquisa cientfica, desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade. e) a atuao com finalidade no-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades. Comentrio: Vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. O ato de qualificao das organizaes sociais discricionrio, e depende da aprovao, quanto convenincia e oportunidade, do Ministro ou titular de rgo supervisor ou regulador da rea de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto. b) CERTA. Nos termos do art. 3 da Lei 9.637/1998, as OS devem ter um Conselho de Administrao, o qual deve ser composto por representantes do Poder Pblico e de entidades da sociedade civil: Art. 3o O conselho de administrao deve estar estruturado nos termos que dispuser o respectivo estatuto, observados, para os fins de atendimento dos requisitos de qualificao, os seguintes critrios bsicos: I - ser composto por: a) 20 a 40% (vinte a quarenta por cento) de membros natos representantes do Poder Pblico, definidos pelo estatuto da entidade; b) 20 a 30% (vinte a trinta por cento) de membros natos representantes de entidades da sociedade civil, definidos pelo estatuto; c) at 10% (dez por cento), no caso de associao civil, de membros eleitos dentre os membros ou os associados; d) 10 a 30% (dez a trinta por cento) de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre pessoas de notria capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral; e) at 10% (dez por cento) de membros indicados ou eleitos na forma estabelecida pelo estatuto; Art. 2o So requisitos especficos para que as entidades privadas referidas no artigo 89144404190
  34. 34. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 82 anterior habilitem-se qualificao como organizao social: I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre: (...) h) proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qualquer hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade; Uma vez que as OS no podem ter fins lucrativos, a lei probe que seu patrimnio seja distribudo aos scios da entidade. d) CERTA, nos termos do art. 1 da Lei 9.637/1998: Art. 1o O Poder Executivo poder qualificar como organizaes sociais pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei. Art. 2o So requisitos especficos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se qualificao como organizao social: I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre: (...) b) finalidade no-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades; Gabarito: 16. (FCC SEAD/PI 2013) Em novembro de 2007, a Associao Piauiense de com o Estado do Piau para, dentre outras obrigaes, administrar o Centro I mensal de mais de 35 mil pacientes deficientes de todo o Estado. Sabe-se que a referida Associao instituio no governamental sem fins lucrativos, com personalidade jurdica de direito privado e qualificada pelo Poder Executivo como Organizao Social. Sabe-se tambm que existe repasse de recursos estaduais Associao, a ttulo de contrapartida. Diante do exposto, deduz-se que o negcio jurdico celebrado entre o Estado do Piau e a Associao Reabilitar consiste em tpico a) protocolo de intenes, o qual dispensa a entidade privada de sujeitar-se fiscalizao do Tribunal de Contas do Estado, dada a inexistncia de fins lucrativos nas operaes realizadas dentro do escopo do negcio jurdico. b) termo de cooperao, no qual se estabelece o modo de desempenho de um 89144404190
  35. 35. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 82 servio no exclusivo do Estado e que, em razo dessa no exclusividade, a entidade privada fica dispensada de controle da Administrao pblica. c) contrato de gesto, no qual se especificam o programa de trabalho proposto, as metas, os prazos de execuo, bem como os critrios objetivos de avaliao de desempenho. d) contrato de parceria pblico-privada, na modalidade de concesso administrativa, no qual o Estado do Piau, por meio de sua Secretaria de Sade, figura como usurio indireto do servio pblico prestado. e) consrcio pblico, o qual, por ser relacionado rea da sade, dever obedecer aos princpios, diretrizes e normas que regulam o Sistema nico d Comentrio: Poder Executivo poder qualificar como organizaes sociais pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade. A formao de parceria entre as partes para fomento e execuo dessas atividades ocorre mediante a celebrao de contrato de gesto entre o Poder Pblico e a entidade qualificada como organizao social (art. 5). O contrato de gesto discriminar as atribuies, responsabilidades e obrigaes do Poder Pblico e da organizao social (art. 6). Alm disso, especificar o programa de trabalho proposto pela organizao social, a estipulao das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de execuo, bem como previso expressa dos critrios objetivos de avaliao de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade (art. 7). Para o cumprimento do contrato de gesto o Poder Pblico poder destinar recursos oramentrios e bens pblicos, bem como ceder servidores s organizaes sociais (art. 12 e 14). Gabarito: 89144404190
  36. 36. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 82 ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PBLICO (OSCIP) Maria Sylvia Di Pietro assim define as organizaes da sociedade civil de interesse pblico (Oscip): Organizao da sociedade civil de interesse pblico (Oscip) a qualificao jurdica dada a pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, institudas por iniciativa de particulares, para desempenhar servios sociais no exclusivos do Estado com incentivo e fiscalizao pelo Poder Pblico, mediante vnculo jurdico institudo por meio de termo de parceria. Da mesma forma que as organizaes sociais, as Oscip no constituem uma categoria de entidades, e sim uma qualificao conferida pelo Poder Pblico a determinadas pessoas privadas, sem fins lucrativos, que exercem atividade social ou de utilidade pblica. Na esfera federal, as Oscip so regidas pela Lei 9.790/1999. Segundo a referida lei, as Oscip devero atuar em pelo menos uma das seguintes finalidades (art. 3): Promoo da assistncia social, da cultura, defesa e conservao do patrimnio histrico e artstico; Promoo gratuita da educao e da sade; Promoo da segurana alimentar e nutricional; Defesa, preservao e conservao do meio ambiente e promoo do desenvolvimento sustentvel; Promoo do voluntariado; Promoo do desenvolvimento econmico e social e combate pobreza; Experimentao, no lucrativa, de novos modelos scio-produtivos e de sistemas alternativos de produo, comrcio, emprego e crdito; Promoo de direitos estabelecidos, construo de novos direitos e assessoria jurdica gratuita de interesse suplementar; Promoo da tica, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produo e divulgao de informaes e conhecimentos tcnicos e cientficos que digam respeito s atividades antes mencionadas. Alm de atuar em algum dos segmentos acima, a lei estabelece que s podem se qualificar como OSCIP as pessoas jurdicas de direito privado 89144404190
  37. 37. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 82 sem fins lucrativos que tenham sido constitudas e se encontrem em funcionamento regular h, no mnimo, 3 (trs) anos (art. 1, caput). Alm disso, a Lei 9.790/1999 enumerou um rol de entidades que no podero ser qualificadas como Oscip, ainda que se dediquem de qualquer forma s atividades anteriormente descritas. So elas (art. 2): Sociedades comerciais; Sindicatos, as associaes de classe ou de representao de categoria profissional; Instituies religiosas ou voltadas para a disseminao de credos, cultos, prticas e vises devocionais e confessionais; Organizaes partidrias e assemelhadas, inclusive suas fundaes; Entidades de benefcio mtuo destinadas a proporcionar bens ou servios a um crculo restrito de associados ou scios; Entidades e empresas que comercializam planos de sade e assemelhados; Instituies hospitalares privadas no gratuitas e suas mantenedoras; Escolas privadas dedicadas ao ensino formal no gratuito e suas mantenedoras; Organizaes sociais; Cooperativas; Fundaes pblicas; Fundaes, sociedades civis ou associaes de direito privado criadas por rgo pblico ou por fundaes pblicas; Organizaes creditcias que tenham quaisquer tipo de vinculao com o sistema financeiro nacional. A entidade privada interessada em obter a qualificao como organizao da sociedade civil de interesse pblico dever formalizar requerimento perante o Ministrio da Justia (art. 5). Assim, a qualificao sempre concedida pelo Ministrio da Justia, e no pelo Ministrio correspondente rea de atuao da entidade. A outorga da qualificao de Oscip ato vinculado ao cumprimento dos requisitos institudos pela Lei 9.790/1999, ou seja, o Ministrio da Justia s poder indeferir o pedido no caso de a pessoa jurdica requerente desatender a algum desses requisitos (art. 1, 2; art. 6, 3). Alis, essa uma diferena relevante entre as Oscip e as OS, uma vez que a qualificao como organizao social constitui 89144404190
  38. 38. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 82 ato discricionrio, cabendo ao Ministro de Estado ou titular do rgo supervisor correspondente rea de atuao da entidade decidir quanto convenincia e oportunidade de sua qualificao (Lei 9.637/1998, art. 2, inciso II). A qualificao como organizao social ato discricionrio. J a qualificao como Oscip ato vinculado. O vnculo de cooperao entre o Poder Pblico e as entidades qualificadas como Oscip se d mediante a celebrao de termo de parceria. No termo de parceria devem estar previstos os direitos e as obrigaes das partes signatrias, tais como o objeto do ajuste, as metas, os prazos de execuo, os critrios de avaliao de desempenho, a previso de receitas e despesas e a obrigatoriedade de apresentao de relatrio anual demonstrando os resultados alcanados, acompanhado da respectiva prestao de contas. possvel a vigncia simultnea de dois ou mais termos de parceria, ainda que com o mesmo rgo estatal, desde que a Oscip tenha capacidade operacional para executar seus objetos. Embora a qualificao seja conferida pelo Ministrio da Justia, a execuo do objeto do termo de parceria ser acompanhada e fiscalizada por rgo do Poder Pblico da rea de atuao correspondente atividade fomentada, e pelos Conselhos de Polticas Pblicas das reas correspondentes de atuao existentes, em cada nvel de governo (art. 11). Os resultados atingidos com a execuo do termo de parceria devem ser analisados por comisso de avaliao, composta de comum acordo entre o rgo parceiro e a Oscip. A comisso dever apresentar autoridade competente um relatrio conclusivo sobre a avaliao procedida (art. 11). Os responsveis pela fiscalizao do termo de parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilizao de recursos ou bens de origem pblica pela organizao parceira, daro imediata cincia ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministrio Pblico, sob pena de responsabilidade solidria (art. 12). 89144404190
  39. 39. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 82 Alm disso, sem prejuzo dessa comunicao, os responsveis pela fiscalizao representaro ao Ministrio Pblico e Advocacia-Geral da Unio para que requeiram ao juzo competente a decretao da indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente pblico ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimnio pblico (art. 13). Detalhe que, diferentemente do que ocorre com as OS, a Lei 8.666/1993 no prev hiptese de dispensa de licitao para que a Administrao Pblica contrate uma Oscip. Vale dizer, o fato de uma entidade ser qualificada como Oscip no , por si s, fundamento para que o Poder Pblico dispense a licitao caso pretenda contratar essa entidade para prestar algum servio. A Lei de Licitaes no permite que a Administrao contrate OSCIP por dispensa de licitao; permite apenas a contratao de OS. Na hiptese de posterior descumprimento dos requisitos legais, a perda da qualificao como Oscip ocorrer mediante deciso proferida em processo administrativo, instaurado no Ministrio da Justia, de ofcio ou a pedido da entidade interessada, ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministrio Pblico, nos quais sero assegurados a ampla defesa e o contraditrio (Decreto 3.100/1999, art. 4). Na hiptese do pedido de desqualificao ser proveniente de iniciativa popular, a Lei veda o anonimato e estabelece que o pedido deva ser amparado em fundadas evidncias de erro ou fraude (art. 8). 17. (FGV OAB 2011) A qualificao como Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIPs) de pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais e normas estatutrias atendam aos requisitos previstos na respectiva lei ato (A) vinculado ao cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei. (B) complexo, uma vez que somente se aperfeioa com a instituio do Termo de Parceria. (C) discricionrio, uma vez que depende de avaliao administrativa quanto sua convenincia e oportunidade. 89144404190
  40. 40. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 82 (D) composto, subordinando-se homologao da Chefia do Poder Executivo. Comentrio: A resposta est no art. 1, 2 da Lei 9.790/1999: Art. 1o Podem qualificar-se como Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico as pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constitudas e se encontrem em funcionamento regular h, no mnimo, 3 (trs) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutrias atendam aos requisitos institudos por esta Lei. 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurdica de direito privado que no distribui, entre os seus scios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou lquidos, dividendos, bonificaes, participaes ou parcelas do seu patrimnio, auferidos mediante o exerccio de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecuo do respectivo objeto social. 2o A outorga da qualificao prevista neste artigo ato vinculado ao cumprimento dos requisitos institudos por esta Lei. De se destacar a previso do caput do art. 1 no sentido de que a entidade privada, para se qualificar como OSCIP, deve estar em funcionamento regular h, no mnimo, 3 anos. a 18. (FGV OAB 2014) Numerosos professores, em recente reunio da categoria, queixaram-se da falta de interesse dos alunos pela cultura nacional. O Sindicato dos Professores de Colgios Particulares do Municpio X apresentou, ento, um plano para ampliar o acesso cultura dos alunos com idade entre 10 e 18 anos, obter a qu celebrar um termo de parceria com a Unio, a fim de unir esforos no sentido de promover a cultura nacional. Considerando a proposta apresentada e a disciplina existente sobre o tema, assinale a afirmativa correta. A) O sindicato no pode se qualificar como Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico, uma vez que tal qualificao, de origem doutrinria, no tem amparo legal. B) O sindicato no pode se qualificar como OSCIP, em virtude de vedao expressa da lei federal sobre o tema. C) O sindicato pode se qualificar como OSCIP, uma vez que uma entidade sem fins lucrativos e o objetivo pretendido a promoo da cultura nacional. D) O sindicato pode se qualificar como OSCIP, mas deve celebrar um contrato de gesto e no um termo de parceria com o poder pblico. 89144404190
  41. 41. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 82 Comentrios: vamos analisar cada alternativa: a) ERRADA. A qualificao de entidades privadas como OSCIP no possui origem puramente doutrinria. Ao contrrio, esse tipo de qualificao previsto expressamente na Lei 9.790/1999, da o erro. Contudo, importante ressaltar que a lei veda a qualificao de sindicatos (art. 2, II). b) CERTA. Como informado, o art. 2, II da Lei 9.790/1999 veda expressamente a qualificao como OSCIP de . b 19. (FGV OAB 2014) qualificada como Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP), celebrou Termo de Parceria com a Unio e dela recebeu R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para execuo de atividades de interesse pblico. Uma revista de circulao nacional, entretanto, divulgou denncias de desvio de recursos e de utilizao da associao como forma de fraude. Com base na hiptese apresentada, considerando a disciplina constitucional e legal, assinale a afirmativa correta. A) O Tribunal de Contas da Unio no tem competncia para apurar eventual irregularidade, uma vez que se trata de pessoa jurdica de direito privado, no integrante da Administrao Pblica. B) O Tribunal de Contas da Unio tem competncia para apurar eventual irregularidade praticada pela OSCIP, por tratar de pessoa jurdica integrante da administrao indireta federal. C) O Tribunal de Contas da Unio tem competncia para apurar eventual irregularidade praticada pela OSCIP, por se tratar de recursos pblicos federais. D) O controle exercido sobre a utilizao dos recursos repassados OSCIP realizado apenas pela prpria Administrao e pelo Ministrio Pblico Federal. Comentrios: Como a OSCIP em questo recebeu recursos da Unio para a execuo de atividades de interesse pblico, o Tribunal de Contas da Unio (TCU) possui competncia para apurar eventual irregularidade na aplicao desses recursos. o que diz o art. 12 da Lei 9.790/1999: Art. 12. Os responsveis pela fiscalizao do Termo de Parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilizao de recursos ou bens de origem pblica pela organizao parceira, daro imediata cincia ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministrio Pblico, sob pena de responsabilidade 89144404190
  42. 42. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 82 solidria. Destaca-se que a competncia do TCU atrada pela aplicao de recursos pblicos federais, no importando, no caso, se quem est aplicando o recurso uma entidade privada. Portanto, correta a alternati tem competncia para apurar eventual irregularidade na aplicao dos recursos federais pela OSCIP, pois ele tem, independentemente da natureza administrao indireta, pois ela uma entidade paraestatal, portanto, no controle sobre os recursos repassados OSCIP tambm pode ser efetuado pelo Tribunal de Contas, assim como pela prpria Administrao e pelo Ministrio Pblico. c 20. (Cespe TCDF 2012) Uma OSCIP que receba recursos financeiros oriundos de termo de parceria com o governo do DF estar obrigada a seguir a Lei de Licitaes da administrao pblica para comprar com esses recursos. Comentrio: Conforme estabelece a Lei 9.790/1999: Art. 14. A organizao parceira far publicar, no prazo mximo de trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento prprio contendo os procedimentos que adotar para a contratao de obras e servios, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Pblico, observados os princpios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei. Isso significa que a OSCIP, em regra, ao utilizar recursos pblicos em suas aquisies de bens e servios, dever observar os princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficincia. Entretanto, ela no precisar seguir os procedimentos da Lei 8.666/1993, e sim o seu regulamento prprio. Gabarito: Errado 21. (Cespe AGU 2012) Para que sociedades comerciais e cooperativas obtenham a qualificao de organizaes da sociedade civil de interesse pblico, preciso que elas no possuam fins lucrativos e que tenham em seus objetivos sociais a finalidade de promoo da assistncia social. Comentrio: certo que a qualificao de OSCIP somente ser conferida s pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das finalidades listadas no art. 3 da Lei Entretanto, nos termos do art. 2 da mesma lei, sociedades comerciais e 89144404190
  43. 43. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 82 cooperativas , dentre outras entidades, no so passveis de qualificao como OSCIP, da o erro. Gabarito: Errado 22. (ESAF CGU 2008) Sobre as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico - OSCIP, julgue as assertivas a seguir: I. a outorga da qualificao como OSCIP ato discricionrio. II. as entidades de beneficio mtuo destinadas a proporcionar bens ou servios a um crculo restrito de associados ou scios so passveis de qualificao como OSCIP prevista na lei. III. a promoo da segurana alimentar e nutricional uma das finalidades exigidas para a qualificao como OSCIP, instituda pela lei. IV. as organizaes sociais so passveis de qualificao como OSCIP. V. as fundaes, sociedades civis ou associaes de direito privado criadas por rgo pblico ou por fundaes pblicas no podero ser qualificadas como OSCIP. Assinale a opo correta. a) I, II e III so verdadeiras e IV e V so falsas. b) II e III so falsas e I, IV e V so verdadeiras. c) I e III so verdadeiras e II, IV e V so falsas. d) I, III e V so verdadeiras e II e IV so falsas. e) I, II e IV so falsas e III e V so verdadeiras. Comentrios: Vamos analisar cada afirmativa: I. FALSA. A outorga da qualificao como OSCIP ato vinculado, vale dizer, o Ministrio da Justia, responsvel pela qualificao, s poder indeferir o pedido no caso de a pessoa jurdica requerente desatender a algum dos requisitos previstos na Lei 9.790/1999. Caso contrrio, dever atende-lo e qualificar a entidade. II. FALSA. A Lei 9.790/1999 enumerou um rol de entidades que no podero ser qualificadas como Oscip. Vejamos: Art. 2o No so passveis de qualificao como Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico, ainda que se dediquem de qualquer forma s atividades descritas no art. 3o desta Lei: I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associaes de classe ou de representao de categoria profissional; III - as instituies religiosas ou voltadas para a disseminao de credos, cultos, 89144404190
  44. 44. Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016 Teoria e exerccios comentados Prof. Erick Alves Aula 03 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 82 prticas e vises devocionais e confessionais; IV - as organizaes partidrias e assemelhadas, inclusive suas fundaes; V - as entidades d

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