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Page 1: Direito Administrativo - Aula 1 - Princípios Administrativos

PREPARATÓRIO TRT/MG – DIREITO ADMINISTRATIVOPROFESSOR JORGE ALBERNAZ – MATERIAL 01

TÓPICO 1 – Administração Pública: princípios básicos:

1) Introdução O conjunto de princípios é também conhecido como Regime Jurídico Administrativo; Representam as idéias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a eles um sentido

lógico.

2) Princípios basilares (Pedras de Toque) do Direito Administrativo:

2.1) Princípio da Supremacia do Interesse Público: É um princípio implícito no texto constitucional; Implica na sobrevalência do interesse público sobre o interesse individual;

2.2)Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: É princípio implícito no texto constitucional; Defende que a Adm.Pub. não pode dispor dos interesses públicos a ela confiados conforme seu próprio

interesse, devendo vincular sua atuação ao zelo pelo interesse da maioria da população;

3) Demais princípios administrativos:3.1) Princípios explícitos – Art. 37, caput, CR88 – L I M P E !

3.1.1) Princípio da Legalidade: É o princípio básico de todo o Direito Público; Institui que o administrador público deve se sujeitar, obrigatoriamente, aos mandamentos da lei e às

exigências do bem comum, não devendo nunca destes se desviar. Agindo de outra forma, estaria a praticar o nulo e o inválido, expondo-se à responsabilização por tais atos.

Princípio da Legalidade X Princípio da Reserva legal;

3.1.2) Princípio da Impessoalidade: Atua como critério que busca afastar todo e qualquer tipo de favoritismo ou privilégios pessoais; Ordena, portanto, que a Administração Pública nunca atue subjetivamente, com vistas a prejudicar ou

favorecer determinado administrado; Princípio da Impessoalidade X Princípio da Finalidade;

3.1.3) Princípio da Moralidade:

É também chamado de Princípio da Probidade Administrativa; Informa ao administrador que seu comportamento deve ser pautado nos fundamentos da ética, da moral e

dos costumes, da boa administração, da justiça e da equidade, entre outros, refletindo a idéia de honestidade e boa-fé.

É o pressuposto de validade de todo ato administrativo; O desrespeito a este princípio enseja apuração de responsabilidade do servidor por improbidade

administrativa.

3.1.4) Princípio da Publicidade: Orienta a Administração Pública no sentido de que a todo ato administrativo deve ser dada publicidade

suficiente a fim de que os sujeitos alvos das obrigações ou direitos por ele criados possam dele tomar conhecimento;

É verdadeiro requisito de eficácia de todo ato administrativo; É requisito principalmente dos atos administrativos de efeito externo. Via de regra, é através do instituto da Publicação que se dá aos atos administrativos a publicidade exigida

para a geração de seus efeitos; Publicidade X Promoção Pessoal;

a) Finalidade da Publicação: a Publicação tem, basicamente, as seguintes finalidades:

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b) Exceções ao Princípio da Publicidade: Licitação na modalidade Convite: Art. 5º, incisos X, XXXIII e LX, CR Lei 8.112/90 Erro médico

3.1.5) Princípio da Eficiência: Introduzido pela EC nº 19/1998. Na persecução do bem comum deve a Adm.Pub. buscar sempre a melhor utilização dos recursos públicos na

busca da melhor qualidade possível, evitando, sobremaneira, qualquer tipo de desperdício. Melhor Meio X Melhor Resultado Princípio da Eficiência X Estabilidade do Servidor Público; Racionalização da Máquina Administrativa – Art. 169 e §§, CR/88.

3.2) Princípios Implícitos:3.2.1) Princípio da Isonomia:

É também chamado de Princípio da Igualdade entre os administrados; Famoso postulado do Direito, impõe “tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, nos

limites e na medida de sua desigualdade”. Súmula 683, STF: relativização do princípio da isonomia;

3.2.2) Princípio da Presunção de Legalidade, Legitimidade ou Veracidade do ato administrativo: Muito mais uma característica dos atos administrativos do que um princípio propriamente dito; Trata-se, verdadeiramente, de presunção relativa; Ficam presumidas tanto a legalidade quanto a veracidade do ato Administrativo; Deste princípio decorre a autoexecutoriedade, característica dos atos administrativos;

3.2.2) Princípio da Autoexecutoriedade:Expressa a máxima de que certos atos administrativos ensejam a imediata e direta execução pela

próprio Administração Pública, podendo gerar seus efeitos plenamente, independentemente de receber confirmação de sua eficácia pelo Poder Judiciário.

Existe, porém, a classificação de Celso Antonio Bandeira de Mello, que não fala em autoexecutoriedade, mas identifica dois elementos distintos, quais sejam:

a) Exigibilidade: elemento que demonstra que todo ato executivo tem força vinculatória, ensejando a prerrogativa da Administração Pública de criar deveres ou impor restrições;

b) Executoriedade: por sua vez, seria o aspecto que atribui a faculdade de a própria Administração Pública, sem a intervenção do Judiciário, compelir materialmente o administrado a cumpri a norma proposta.

3.2.3) Princípio da Razoabilidade: Sinteticamente, é comando que determina compatibilidade entre os meios empregados e os fins visados

quando da prática de determinado ato administrativo; É a necessária análise de adequação e necessidade do ato ou atuação da Administração Pública frente ao

fato que a motivou; Princípio da Razoabilidade X Princípio da Proporcionalidade; Lei 9.784/99 – Processo Administrativo; O Poder Judiciário pode exercer apenas controle de legalidade, nunca podendo adentrar na análise do

mérito administrativo:

3.2.4) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: Abordaremos aqui somente os desdobramentos deste princípio no que se refere ao Direito Administrativo;

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Defesa prévia Direito à informação Produção irrestrita de provas Duplo grau de jurisdição Defesa técnica – Súmula 343, STJ

3.2.5) Princípio da Continuidade do Serviço Público: É princípio implícito, que decorre da própria natureza do serviço público; Prega, portanto, que os serviços públicos, considerada sua natureza, devem ser prestados de maneira

adequada e eficiente, não podendo sofrer qualquer tipo de interrupção; Direito de Greve do servidor público?

STF: aos servidores públicos, até que advenha lei que regule o direito previsto pelo Art. 37, VII, CR/88, aplicar-se-ão as regras e os direitos traçados na Lei 7.783/99.

Princípio da Continuidade X “Exceptio non adimplenti contractus” (Exceção de contrato não cumprido);

3.2.6) Princípio da Autotutela: A depender do caso, pode ser uma prerrogativa ou um poder-dever da Adm.Pub.; Expressa-se como a possibilidade da Adm.Pub. controlar seus próprios atos, apreciando-os quanto ao seu

mérito (conveniência e oportunidade) e também quando à sua legalidade. Legalidade: é a prerrogativa ou, a depender do caso, o poder-dever que tem a Adm.Pub., de ofício

ou mediante provocação, rever seus atos ilegais, anulando-os; Mérito: é a prerrogativa que tem a Adm.Pub. de avaliar a conveniência e oportunidade de seus atos,

mantendo ou desfazendo um ato legítimo, neste último caso através do instituto da revogação. Súmulas 346 e 473, STF – resumem o inteiro teor deste princípio:

“SÚMULA Nº 346: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS.”“SÚMULA Nº 473: A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL.”

3.3) Princípios “secundários”: Princípio da Hierarquia; Princípio da Motivação; Princípio da Especialidade; Princípio da Imperatividade; Princípio da Tipicidade.


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