Download - Dicionario vine

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  • Todos os direitos reservados. Copyright ' 2002 para a lngua portuguesa da Casa Publicadoradas Assemblias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Ttulo do original em ingls: Vines Expository Dictionary of Biblical WordsThomas Nelson, Nashville, TN, USA.Primeira edio em ingls: 1985

    Traduo: Lus Aron de MacedoPreparao dos originais e reviso: Joel Dutra do NascimentoCapa: Rafael PaixoEditorao: Olga Rocha dos Santos

    CDD: 220.3 - DicionriosISBN: 85-263-0495-X

    As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Corrigida, edio de 1995,da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio.

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos daCPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br

    Casa Publicadora das Assemblias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    12 Impresso/2010

  • Achava-se Jernimo num deserto do Oriente Mdio, por volta do ano 373 de Nosso Senhor,quando encontrou um judeu que se ps, amorosa e pacientemente, a ensinar-lhe a lngua hebraica.Embora no saibamos o nome daquele professor, o certo que este levou o dedicado aluno a nosomente aprender como tambm a amar o idioma no qual foi escrito o Antigo Testamento. Jdominando o hebraico, e j capaz de empreender as mais complexas exegeses, Jernimo mudou-se para Antioquia, onde foi consagrado para o ministrio cristo.

    Em 396, depois de longas jornadas missionrias e de inestimveis servios Igreja de Cristo,instala-se Jernimo em Belm de Jud. E, aqui, em companhia de outros ministros, igualmentecomprometidos com a ortodoxia e com a erudio bblica, d incio obra que o tornaria imortal:a traduo do Antigo e do Novo Testamento para o latim. Nesta tarefa, houve-se ele, juntamentecom os seus irmos de ministrio, com suma disciplina e serfico zelo. Afinal, estava traduzindoa Palavra de Deus para uma gente que, embora Igreja de Cristo, no estava totalmente afeita sublimidade do pensamento hebreu nem logicidade da expresso grega.

    Entre os prados da Judia, que ainda ressonavam a lira de Davi e os sublimados poemas deSalomo, nasce a Vulgata Latina.

    Muitas foram as lutas enfrentadas por Jernimo. Se por um lado, suportava a fria dos pa-gos, por outro, via-se s voltas com aqueles que, conquanto se identificassem como irmos emCristo, de Cristo j se haviam apartado. E a inclemncia do clima do Mdio Oriente? De dia acalmaria e o mormao; de noite, aquela geada que, pouco a pouco, vai enregelando os ossos.Jernimo, porm, tinha um ideal; e por este ideal, bateu-se ele at que viesse a lume a VulgataLatina, que muito auxiliou os crentes romanos a firmarem-se na f confiada, de uma vez por todas,aos santos.

    PREFCIO EDIO BRASILEIRA

  • 4No obstante toda a sua erudio, conservava-se Jernimo como um humilde servo de Cristo;do Senhor, imitava-lhe todos os gestos e exemplos como ressalta o insigne escritor portugusRamalho Ortigo: S. Jernimo, o grande lume da Igreja, depunha a pena para lavar os ps aoscamelos dos viageiros que lhe pernoitavam no mosteiro. At no quebrantamento era Jernimoum inigualvel santo.

    De igual modo qualificados, outros homens puseram-se a seguir as pisadas de Jernimo, a fimde que os seus povos tivessem a Palavra de Deus no vernculo. O que dizer de Martinho Lutero?Foi com a sua traduo, bela e perfeita, que nasceu a moderna lngua alem. Hoje, todos evoca-mos Lutero como o grande reformador da igreja do Sculo XVI. Mas, o que seria da ReformaProtestante sem a sua verso das Escrituras para o germnico? Se a Alemanha conhecida hojecomo a Atenas do Ocidente, devemo-lo ao Dr. Lutero que, atravs de sua verso da Bblia, entroua gramaticar um idioma que, at ento, era tido como brbaro.

    E a Verso do Rei Tiago? To linda esta traduo bblica; to majestosa e requintada seergue esta verso das sagradas letras; to sublime e sobranceira esta interpretao do Livro deDeus que, ainda que todos os livros e documentos em lngua inglesa desaparecessem, e ficasseapenas a Bblia do Rei Tiago, seria esta mais do que suficiente para, a partir dela, recompor oidioma de William Shakespeare.

    No teve o portugus uma gnese to sacra e sublime. Em sua fase moderna, a ltima flor doLatium refez-se nOs Lusadas de Cames. Foi a partir deste pico, que a nossa lngua, aindainculta, posto que belssima, foi ganhando suas regras e feies definitivas. At ento, noparecia nem portugus, nem castelhado; era um galego primitivo que lutava por desvencilhar-sedos barbarismos que, desde a sada dos romanos, foram apegando-se aos falares da PennsulaIbrica at que estes ganharam foros de idioma. Se lermos as crnicas de Ferno Lopes, havere-mos de constatar que o idioma falado hoje, pelas naes lusfonas, em nada lembra o portugusdo Sculo XV.

    Ora, se a lngua portuguesa tornou-se bela a partir de Cames, como no seria hoje houveratido como base uma verso segura e consciente das Escrituras Sagradas? Infelizmente, umaverso completa da Bblia em nosso idioma somente viria a pblico em 1681 atravs do pastorportugus Joo Ferreira de Almeida. As verses que existiam at ento em Portugal eram parciais,e no chegavam a caracterizar um trabalho editorial.

    Desde ento, vem a Verso de Almeida sendo submetida a revises peridicas at configurar-se como uma grande e singular pea da literatura portuguesa. Infelizmente, a Academia Brasileirade Letras e a Academia de Cincias de Lisboa ainda no atentaram para a grandiosidade dasvrias tradues bblicas que hoje possumos em portugus, nem para o avano que representamestas para o desenvolvimento da expresso cultural lusada. Os homens de letras secularesparecem ignorar que toda verso da Bblia o resultado final de um longo processo de erudio.

    Foi pensando nos benefcios da erudio bblica que a CPAD houve por bem lanar o Dicio-nrio Vine. Escrito por W. E. Vine, tornou-se ele numa referncia obrigatria a todos os que sededicam lingistica e filologia sacras. Dessa forma, ter o leitor fcil acesso s palavrashebraicas e gregas que compem o vocabulrio do Antigo e do Novo Testamento. Apenso a estemagistral lxico, um conjunto de ilustraes que, extrado do texto sagrado, mostra toda a evolu-o do vocabulrio bblico.

  • 5J imaginou se Jernimo, Lutero ou Joo Ferreira de Almeida tivessem acesso a uma obracomo o Dicionrio de Vine?

    Que esta obra venha a enriquecer o campo da filologia sagrada nos pases de expressolusada, preparando novos eruditos, a fim de que saibam estes como trabalhar devidamente otexto sagrado. Somente assim, poderemos manter a qualidade das verses das Sagradas Escritu-ras em nosso idioma.

    A Deus toda a glria!

    RONALDO RODRIGUES DE SOUZADiretor-Executivo

    CLAUDIONOR CORRA DE ANDRADEGerente de Publicaes

  • Prefcio Edio Brasileira ......................................................................................... 3

    ANTIGO TESTAMENTO

    Colaboradores ........................................................................................................... 10

    Prefcio ...................................................................................................................... 11

    Introduo ................................................................................................................. 13

    Palavras do Antigo Testamento ................................................................................ 25

    ndice de Palavras em Portugus ............................................................................. 337

    ndice de Palavras em Hebraico ............................................................................... 341

    NOVO TESTAMENTO

    Prembulo ................................................................................................................ 347

    Prembulo Edio em um Volume .......................................................................... 351

    Prefcio .................................................................................................................... 353

    Alfabeto Grego ........................................................................................................ 357

    Palavras do Novo Testamento ................................................................................ 359

    Notas Adicionais ................................................................................................... 1073

    Sobre a Partcula Kai ........................................................................................ 1073

    Sobre a Partcula De ......................................................................................... 1075

    Sobre as Preposies Anti e Huper ................................................................. 1076

    Sobre as Preposies Apo e Ek ....................................................................... 1078

    Sobre a Preposio En ..................................................................................... 1079

    ndice de Palavras em Grego ................................................................................. 1081

    SUMRIO

  • Editado por

    Merrill F. Unger, Th.M., Th.D., Ph.D.

    William White Jr., Th.M., Ph.D.

    ANTIGO TESTAMENTO

    Dicionrio Expositivo doAntigo Testamento

  • COLABORADORES

    Gleason Archer

    E. Clark Copeland

    Leonard Coppes

    Louis Goldberg

    R. K. Harrison

    Horace Hummel

    George Kufeldt

    Eugene H. Merrill

    Walter Roehrs

    Raymond Surburg

    Willem van Gemeren

    Donald Wold

  • O Dicionrio Expositivo do Antigo Testamento ser ferramenta til nas mos do estudanteque tem pouco ou nenhum treinamento formal no idioma hebraico. Ele abrir os tesouros daverdade que esto enterrados no idioma original do Antigo Testamento, s vezes perto da super-fcie e, s vezes, profundamente encravado bem abaixo da superfcie.

    O estudante treinado em hebraico descobrir que o Dicionrio Expositivo fonte de refern-cia de fcil manejo. Mas o estudante sem treinamento em hebraico experimentar excitao espe-cial ao poder usar esta ferramenta de estudo na explorao das verdades da Bblia hebraica que,de outro modo, no lhe estariam acessveis.

    claro que possvel ser estudante srio do Antigo Testamento sem ter um conhecimento doidioma hebraico. As tradues e comentrios so de valor inestimvel e tm seu lugar adequado.Mas um livro de consulta que abre o idioma no qual as Escrituras foram originalmente reveladase registradas, e que as torna acessveis a leitores no familiarizados com a lngua original, temvalor que imediatamente se mostra.

    Como lngua divinamente escolhida para registrar as profecias de Cristo, o hebraico possuiqualidades admirveis para a tarefa incumbida. O idioma tem qualidade singularmente rtmica emusical. Na forma potica, contm sobretudo uma nobre dignidade de estilo, combinada com umavivacidade que o torna veculo eficaz para a expresso da verdade sagrada. As idias por trs dovocabulrio do ao hebraico uma natureza vivaz e pitoresca.

    A maioria das palavras hebraicas formada com base em razes verbais compostas de trsconsoantes chamadas radicais. H aproximadamente 1.850 destas razes no Antigo Testamento,das quais foram derivados vrios substantivos e outras classes de palavras. Muitas destas razesrepresentam conceitos teolgicos, morais e cerimoniais que foram obscurecidos pela passagemdo tempo; recente pesquisa arqueolgica e lingstica est lanando nova luz sobre muitosdestes conceitos. Os estudiosos do Antigo Testamento notam que o hebraico bblico pode ser

    PREFCIO

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    comparado com outros idiomas semticos, como o rabe, assrio, ugartico, etope e aramaico, parase descobrir o significado bsico de muitos termos antes obscuros.

    Mas no suficiente meramente esclarecer o significado de cada palavra-raiz. Cada palavrapode assumir diferentes acepes quando empregada em contextos diversos. Temos de estudaras vrias ocorrncias bblicas da palavra para chegar a um entendimento preciso do seu usointencional.

    Este tipo de pesquisa introduz os estudantes do hebraico a um novo mundo de compreensodo Antigo Testamento. Mas como este material pode se tornar acessvel aos que no falamhebraico? Este o propsito da presente obra.

    Agora o estudante leigo pode ter diante de si a raiz hebraica, ou uma palavra hebraica baseadanessa raiz, e seguir o curso do seu desenvolvimento para o uso na passagem que estuda. Almdisso, ele obtm uma avaliao da riqueza e variedade do vocabulrio hebraico. Por exemplo, ossinnimos hebraicos tm repercusses doutrinais essenciais, como a palavra virgem em Isaas7.14, comparada com palavras semelhantes que significam moa. Em alguns casos, um jogo depalavras virtualmente impossvel que seja refletido na traduo (por exemplo, Sf 2.4-7). Algumaspalavras hebraicas podem ter significados bastante diferentes s vezes precisamente o oposto em contextos diferentes; assim, a palavra brak pode significar abenoar ou amaldioar,e gal pode significar redimir ou poluir.

    bvio que o estudante leigo ter alguma desvantagem em no conhecer o hebraico. Contu-do, justo dizer que um dicionrio expositivo moderno, que faz uma seleo feliz das palavrashebraicas mais importantes do Antigo Testamento, abrir um depsito de riquezas da verdadecontidas na Bblia hebraica. Oferece tremendo benefcio ao estudo expressivo da Escritura. Tor-na-se obra de consulta fundamental a todos os estudantes srios da Bblia.

    MERRILL F. UNGER

  • Os escritos do Novo Testamento so, em grande medida, baseados na revelao de Deus noAntigo Testamento. Para entender os temas da Criao, Queda e Restaurao apresentados noNovo Testamento, preciso ler sua origem no Antigo Testamento.

    O Novo Testamento foi escrito no dialeto popular de um idioma indo-europeu, o grego. OAntigo Testamento foi escrito nos idiomas semticos do hebraico e aramaico. Durante sculos,estudantes leigos da Bblia achavam muito difcil entender a estrutura do hebraico bblico. Osguias de estudo do hebraico bblico so projetados para pessoas que lem hebraico e muitosdestes guias foram escritos em alemo, o que s aumenta a dificuldade.

    Este Dicionrio Expositivo apresenta cerca de 500 termos significativos do Antigo Testa-mento para os leitores leigos que no esto familiarizados com o hebraico. Descreve a freqncia,uso e significado destes termos to completamente quanto possvel. Nenhuma fonte foi ignoradano esforo de trazer a mais recente erudio hebraica para o estudante que a busca. Espera-se queeste pequeno livro de consulta venha a iluminar os estudantes da Bblia para que vejam asriquezas da verdade de Deus contidas no Antigo Testamento.

    A. O lugar do hebraico na Histria. A lngua e a literatura hebraicas mantm posio nica nocurso da civilizao ocidental. Emergiu algum tempo depois de 1500 a.C. na regio da Palestina, aolongo da costa oriental do mar Mediterrneo. Os judeus tm usado o hebraico continuamente emum ou outro local at os dias atuais. Um dialeto modernizado do hebraico (com modificaes nasoletrao) a lngua oficial do Estado de Israel.

    Quando Alexandre, o Grande, subiu ao poder, de cerca de 330 a.C. a 323 a.C. ele uniu ascidades-estados gregas sob a influncia da Macednia. Alexandre e seus generais virtualmenteaniquilaram as estruturas sociais e as lnguas das sociedades antigas que o imprio tinha absor-vido. Os babilnios, aramaicos, persas e egpcios deixaram de existir como civilizaes distintas;s a cultura grega (helenstica) permaneceu. O judasmo foi a nica religio antiga e o hebraico anica lngua antiga que sobreviveram a esta investida furiosa.

    INTRODUO

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    A Bblia Hebraica contm a sucessiva histria da civilizao desde a Criao at os temposromanos. o nico registro dos procedimentos de Deus para com a humanidade por meio dosseus profetas, sacerdotes e reis. Alm disso, o nico documento religioso antigo que conti-nuou a existir completamente intacto.

    O hebraico est relacionado com o aramaico, o siraco e com idiomas modernos como o etopee o rabe (antigo e moderno). Pertence a um grupo de lnguas conhecido como lnguas semticas(assim designadas, porque a Escritura diz que eram faladas pelos descendentes do filho de No,Sem). O mais antigo idioma semtico conhecido o acadiano, que foi escrito no sistema de sinaisem forma de cunha ou cuneiforme. Os textos acadianos mais recentes foram escritos em tabuinhasde barro em cerca de 2400 a.C. O babilnio e o assrio so dialetos mais recentes que o acadiano;ambos influenciaram o desenvolvimento do hebraico. Pelo fato de os idiomas acadiano, babilnioe assrio terem sido todos usados na Mesopotmia, eles so classificados como lnguas semticasorientais.

    Parece que a evidncia mais recente para as origens das lnguas semticas ocidentais umainscrio da antiga cidade de Ebla. Tratava-se de uma capital pouco conhecida de um estadosemtico no que hoje o Norte da Sria. As tabuinhas de Ebla so bilnges, escritas em sumrioe eblata. Os arquelogos italianos que escavaram Ebla relataram que estas tabuinhas contmvrios nomes de pessoas e lugares mencionados no Livro de Gnesis. Algumas das tabuinhasforam datadas j do ano de 2400 a.C. Visto que o hebraico tambm era uma lngua semticaocidental, a publicao dos textos de Ebla pode lanar nova luz sobre muitas palavras e fraseshebraicas mais antigas.

    A srie completa mais recente de textos pr-hebraicos vem da antiga cidade canania deUgarite. Localizada em um agrupamento de colinas no Lbano meridional, Ugarite tem reveladotextos que contm informaes detalhadas sobre a religio, poesia e comrcio do povo cananeu.Os textos so datados entre 1800 a.C. e 1200 a.C. Estas tabuinhas contm muitas palavras e frasesque so quase idnticas s palavras encontradas na Bblia hebraica. O dialeto ugartico ilumina odesenvolvimento do antigo hebraico (ou paleo-hebraico). A estrutura potica do idioma ugarticoest refletida em muitas passagens do Antigo Testamento, como no Cntico de Dbora, emJuzes 5. Os escribas de Ugarite escreveram numa escrita cuneiforme modificada que era virtual-mente alfabtica; esta escrita abriu caminho para o uso do sistema de escrita fencio mais simples.

    Diversos textos de vrias partes do Oriente Prximo contm palavras e frases semticas oci-dentais. As mais importantes destas so as tabuinhas da antiga cidade egpcia de Amarna. Estastabuinhas foram escritas pelos subgovernantes das colnias egpcias da Sria-Palestina e por seusenhor feudal, o Fara. As tabuinhas dos prncipes secundrios foram escritas em babilnio; masquando o escriba do correspondente idioma no sabia a palavra babilnica adequada para ex-pressar certa idia, ele substitua por uma glosa canania. Estas glosas nos contam muito sobreas palavras e soletraes que eram usadas na Palestina durante o tempo em que o paleo-hebraicoemergiu como lngua distinta.

    A lngua hebraica entrou em existncia provavelmente durante o perodo patriarcal, cerca de2000 a.C. A lngua foi convertida em escrita por volta de 1250 a.C., e a mais antiga inscriohebraica existente data de aproximadamente 1000 a.C. Estas antigas inscries foram esculpidasem pedra; os mais recentes rolos hebraicos conhecidos foram encontrados nas cavernas deQumran, prximo ao mar Morto, e datam do sculo III a.C. Ainda que alguns textos hebraicos

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    seculares tenham sobrevivido, a fonte primria para nosso conhecimento do hebraico clssico o prprio Antigo Testamento.

    B. A origem do sistema de escrita hebraica. A tradio grega assevera que os fenciosinventaram o alfabeto. De fato, isto s parcialmente verdade, visto que o sistema de escritafencio no era um alfabeto como conhecemos hoje. Era um sistema silabrio simplificado emoutras palavras, seus diversos smbolos representam slabas em vez de componentes vocaisdistintos. O sistema de escrita hebraico desenvolveu-se do sistema fencio.

    O sistema de escrita hebraico foi mudando pouco a pouco no decorrer dos sculos. De 1000a.C. a 200 a.C., foi usada uma escrita arredondada (antigo estilo fencio). Esta escrita foi usadapela ltima vez para copiar o texto bblico e pode ser vista nos rolos do mar Morto. Mas depoisque os judeus voltaram do cativeiro babilnico, eles passaram a usar a escrita quadrada do idiomaaramaico que era a lngua oficial do Imprio Persa. Os escribas judeus adotaram a caligrafiaaramaica de livro, uma forma mais precisa de escrita. Quando Jesus mencionou o jota e o tilda lei mosaica, Ele se referia aos manuscritos na escrita quadrada. A caligrafia de livro usada emtodas as edies impressas da Bblia Hebraica.

    C. Histria concisa da Bblia Hebraica. No h que duvidar que o texto da Bblia Hebraica foiatualizado e revisado vrias vezes na antigidade, e houve mais de uma tradio textual. Muitaspalavras arcaicas no Pentateuco sugerem que Moiss usou documentos cuneiformes antigos nacompilao do seu relato da histria. Os escribas da corte real sob os reinados de Davi e Salomoprovavelmente revisaram o texto e atualizaram expresses dbias. Aparentemente certos livroshistricos, como 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crnicas, representam os anais oficiais do reino. Estes livrosretratam a tradio histrica da classe sacerdotal.

    provvel que a mensagem dos profetas foi escrita algum tempo depois que os profetasentregaram a mensagem. H variedade de estilos de escrita entre os livros profticos; e vrios,como Ams e Osias, parecem estar mais prximos linguagem coloquial.

    Admite-se que o texto do Antigo Testamento foi revisado novamente durante o tempo do reiJosias, depois que o livro da lei foi redescoberto (2 Reis 2227; 2 Crnicas 2435). Isto teriaacontecido em cerca de 620 a.C. Os dois sculos seguintes, que trouxeram o cativeiro babilnico,foram os tempos mais momentosos na histria de Israel. Quando os judeus comearam a recons-truir Jerusalm sob o governo de Esdras e Neemias, em 450 a.C., sua linguagem comum era alngua aramaica da corte persa. Esta lngua tornou-se mais popular entre os judeus at quedeslocou o hebraico como lngua dominante do judasmo na era crist. H evidncia de que otexto do Antigo Testamento foi revisado mais uma vez nessa poca.

    Depois que os gregos subiram ao poder sob o domnio de Alexandre, o Grande, a preservaodo hebraico tornou-se questo poltica; os partidos conservadores judaicos quiseram conserv-lo. Mas os judeus da Dispora aqueles que viviam fora da Palestina dependiam de versesdo texto bblico em aramaico (chamadas Targuns) ou em grego (chamada Septuaginta).

    Os Targuns e a Septuaginta foram traduzidos dos manuscritos hebraicos. Havia diferenassignificativas entre estas verses, e os rabinos judeus empreenderam grandes esforos paraexplicar tais diferenas.

    Depois que Jerusalm caiu diante do exrcito do general romano Tito, os estudiosos bblicosjudeus foram espalhados por todo o mundo antigo e o conhecimento do hebraico comeou adeclinar. De 200 d.C. at perto de 900 d.C., grupos de estudiosos procuraram inventar sistemas de

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    marcas voclicas (depois chamadas pontos) para ajudar os leitores judeus que j no falavamhebraico. Os estudiosos que fizeram este trabalho so chamados de massoretas, e a marca queinventaram chamada de Massor. O texto massortico que produziram representa as consoan-tes que tinham sido preservadas desde por volta de 100 a.C. (como est comprovado pelos rolosdo mar Morto); mas as marcas voclicas refletem o entendimento da lngua hebraica em cerca de300 d.C. O texto massortico dominou os estudos do Antigo Testamento na Idade Mdia e serviucomo base para virtualmente todas as verses impressas da Bblia Hebraica.

    Infelizmente, no temos nenhum texto completo da Bblia Hebraica que seja mais antiga que osculo X d.C. O mais recente segmento completo do Antigo Testamento (os Profetas) uma cpiaque data de 895 d.C. Se bem que os rolos do mar Morto tenham fornecido livros inteiros, comoIsaas, eles no contm uma cpia completa do texto do Antigo Testamento. Portanto, aindatemos de depender da longa tradio da erudio hebraica usada nas edies impressas da Bbliahebraica.

    A primeira edio completa impressa da Bblia Hebraica foi preparada por Flix Pratensis epublicada por Daniel Bomberg, em Veneza, em 1516. Uma edio mais extensa da Bblia Hebraicafoi editada pelo estudioso judeu-cristo Jacob ben Chayyim, em 1524. Alguns estudiosos conti-nuam usando o texto de ben Chayyim como a Bblia hebraica impressa bsica.

    D. O hebraico do Antigo Testamento. O hebraico do Antigo Testamento no tem uma estrutu-ra cuidada e concisa; o Antigo Testamento foi escrito ao longo de tamanho espao de tempo queno se pode esperar ter uma tradio lingstica uniforme. De fato, o hebraico das trs principaissees do Antigo Testamento varia consideravelmente. Estas trs sees so conhecidas porTor (A Lei), Nebiim (Os Profetas) e Ketubim (Os Escritos). Alm das diferenas lingsticasentre as sees principais, certos livros do Antigo Testamento possuem peculiaridades prprias.Por exemplo, J e Salmos contm palavras e frases muito antigas semelhantes ao ugartico; Rutepreserva algumas formas arcaicas da lngua moabita; e 1 e 2 Samuel revelam a natureza spera eblica da linguagem coloquial da era de Salomo e Davi.

    medida que Israel passava de uma confederao de tribos para um reino dinstico, a lnguamudou da linguagem de pastores e comerciantes de caravana para a lngua literria de umapopulao estabelecida. Enquanto os livros do Novo Testamento refletem um dialeto gregoconforme foi usado por um perodo de cerca de 75 anos, o Antigo Testamento utiliza vriasformas da lngua hebraica medida que foi evoluindo durante quase 2.000 anos. Certos textos como a primeira narrativa do Livro de xodo e a ltima dos Salmos foram escritos virtualmenteem dois dialetos diferentes e deveriam ser estudados tendo isto em mente.

    E. Caractersticas da lngua hebraica. Pela razo de ser o hebraico uma lngua semtica, suaestrutura e funo so bastante diferentes das lnguas indo-europias, como o francs, alemo,espanhol, portugus e ingls. Vrias consoantes hebraicas no podem ser transformadas exata-mente em letras portuguesas. Nossa transliterao das palavras hebraicas sugere que a lnguasoava muito spera e tosca, mas provavelmente era muito melodiosa e bonita.

    A maioria da palavras hebraicas construda com base em raiz de trs consoantes. A mesmaraiz pode aparecer em um substantivo, um verbo, um adjetivo e um advrbio todos com omesmo significado bsico. Por exemplo, ketb um substantivo hebraico que significa livro.Uma forma verbal, ktab, significa escrever. H tambm o substantivo hebraico ketbeth, quesignifica decorao ou tatuagem. Cada uma destas palavras repete o conjunto bsico das

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    trs consoantes e lhes d uma semelhana de som que pareceria desajeitada em portugus. Soariaabsurdo a um escritor portugus compor uma frase como esta: O escritor escreveu a escritaescrita do escrito. Mas este tipo de repetio seria muito comum no hebraico bblico. Muitostextos do Antigo Testamento, como Gnesis 49 e Nmeros 23, usam este tipo de repetio paraenfatizar o significado das palavras.

    O hebraico tambm difere de outras lnguas indo-europias na variao da forma de uma nicaclasse de palavra. Certas lnguas indo-europias tm s uma forma de determinado substantivoou verbo, enquanto que o hebraico pode ter duas ou mais formas da mesma classe de palavrabsica. Por muitos sculos os estudiosos tm estudado estas formas menos comuns de palavrashebraicas e desenvolvido vasta literatura sobre tais palavras. Qualquer estudo dos termos teol-gicos mais importantes do Antigo Testamento tem de levar em conta estes estudos.

    F. A forma das palavras (morfologia). Em princpio, a palavra hebraica bsica consiste em umaraiz de trs consoantes e trs vogais duas internas e uma final (entretanto, a vogal final no muitas vezes pronunciada). Poderamos esquematizar a palavra hebraica tpica desta maneira:

    C1 + V

    1 + C

    2 + V

    2 + C

    3 + V

    3

    Usando a palavra ktab como exemplo, o diagrama ficaria assim:

    K + A + T + A + B + ___

    As formas diferentes das palavras hebraicas sempre mantm as trs consoantes nas mesmasposies relativas, mas eles mudam as vogais inseridas entre as consoantes. Por exemplo, kteb o particpio de ktab, enquanto que ktb o infinitivo.

    Ampliando as formas verbais das palavras, os escritores hebraicos puderam desenvolversignificados muito extensos e complexos. Por exemplo, acrescentando slabas no comeo da raizde trs consoantes, assim:

    Raiz = KTByi + ketb que ele escrevawe + ktab e ele escrever

    s vezes, um escritor dobra uma consoante enquanto mantm as trs consoantes bsicas namesma posio. Por exemplo, tomando a raiz de KTB e fazendo com que a palavra wayyiketbsignifique e ele foi levado a escrever.

    O escritor hebraico tambm podia acrescentar vrias terminaes ou sufixos diferentes para queum verbo bsico produzisse uma clusula inteira. Por exemplo, usando o verbo qtal (que significamatar), ele podia desenvolver a palavra qetalth (significando eu o matei). Estes exemplosenfatizam o fato de que o hebraico um idioma silbico. No h combinaes consonantais nicascomo ditongos (ou sons semivoclicos) como cl, gr, bl, como em nossa lngua.

    G. A ordem das palavras hebraicas. A ordem normal das palavras de uma orao verbal emuma passagem hebraica em narrativa ou prosa :

    Verbo Objeto Objeto Indireto ou Pronome Sujeito

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    interessante notar que a ordem das palavras hebraicas para uma orao nominal podecorresponder a esta do portugus:

    Sujeito Verbo Predicativo/Complemento Nominal

    Os escritores hebraicos se afastavam do arranjo verbal em prol da nfase. Contudo, umaorao hebraica raramente pode ser traduzida palavra por palavra, porque o resultado ficaria semsentido. Ao longo dos sculos, os tradutores desenvolveram modos padronizados de expressarestas formas peculiares de pensamento semtico na lngua indo-europia.

    H. As palavras estrangeiras em hebraico. O Antigo Testamento usa palavras estrangeiras devrios modos, dependendo do contexto. Os nomes prprios acadianos aparecem muitas vezesnas narrativas patriarcais do Gnesis. Eis alguns exemplos:

    (sumrio-acadiano) Sumer = Sinar (hebraico)(acadiano) Sharrukin = Ninrode (hebraico)

    Vrios termos egpcios aparecem na narrativa de Jos, da mesma maneira que termos babilnicosaparecem nos escritos de Isaas e Jeremias, e palavras persas no Livro de Daniel. Contudo,nenhuma destas palavras tem significado teolgico. H pouca evidncia lingstica de que osconceitos religiosos de Israel foram emprestados de fontes estrangeiras.

    A maior incurso de uma lngua estrangeira o caso da lngua aramaica que aparece em vriosversculos isolados e alguns captulos inteiros do Livro de Daniel. Como j comentamos, oaramaico se tornou a lngua religiosa primria dos judeus que viviam fora da Palestina depois docativeiro babilnico.

    I. O texto escrito da Bblia Hebraica. O texto hebraico do Antigo Testamento oferece doisproblemas imediatos ao leitor no-iniciado. Primeiro, o fato de que o hebraico lido da direitapara a esquerda, diferente das lnguas indo-europias; cada caractere do texto e seus smbolosauxiliares lido de cima para baixo, como tambm da direita para a esquerda. Segundo, o fato deque o hebraico escrito um sistema complicado de smbolos de slabas, cada uma das quais tendotrs componentes.

    O primeiro componente o sinal para a prpria consoante. Alguns dos sinais consonantaismenos freqentes simbolizam sons de vogal. (Estas letras so o lefe [que indica o som a longo],o vau [que indica o som u longo] e o yod [que indica o som i como em vi].) O segundocomponente o padro de pontos voclicos. O terceiro componente o padro de cancelamen-tos, que foram acrescentados durante a Idade Mdia para ajudar os chantres (os cantores solistasde uma sinagoga) a cantar o texto. Requer-se um pouco de prtica antes que a pessoa possa lero texto hebraico que usa todos os trs componentes. A ilustrao que se segue mostra a direoe seqncia para a leitura do texto. (Os cancelamentos foram omitidos.)

    rwO3a7 wOyah= yr2w4Oa7CTRANSLITERAO: asher hsh asher

  • 19

    Os pontos voclicos especficos e sua seqncia dentro da palavra indicam a fora ou acen-tuao a ser dada a cada slaba da palavra. Tradies diferentes dentro do judasmo indicammaneiras diferentes de pronunciar a mesma palavra hebraica, e os pontos voclicos de um deter-minado manuscrito vo refletir a pronunciao usada pelos escribas que copiaram o manuscrito.Muitos padres de fala eslavos e espanhis entraram furtivamente nos manuscritos hebraicosmedievais, por causa da associao dos judeus com as culturas eslavas e espanholas durante aIdade Mdia. Porm, o uso da lngua hebraica no Israel moderno est tendendo a unificar apronunciao do hebraico.

    A tabela a seguir indica as transliteraes aceitas para a fonte hebraica pela maioria dosestudiosos bblicos de hoje. o sistema padronizado, desenvolvido pelo Journal of BiblicalLiterature, para uso na escrita e instruo da lngua.

    Consoantes Nome Transliterao

    a `lef

    b Bt (ou vt) b

    g Gmel g

    d Dlet d

    h He h

    v Vav v

    z Zain z

    x Ht h

    e Tt t

    y Yod y

    k, K Kaf k

    l Lmed l

    m, M Mem m

    n , N Nun n

    o Smek s

    e `yin

    p, P P p

    u, U Sade s.

    q Qf q

    r Rsh r

    S, wO Shin s,

    t Tau t

  • 20

    Vogais Nome Transliterao

    = Patah - Qames a3 Segol e2 Sere e1 Hireq i5 Qibbs uy = Patah yod a (longo)y 3 Segol yod y 2 Sere yod y 1 Hireq yod

    o Holem

    V< Sreq I Hatep-patah o U Hatep-qames a Y Hatep -segol e

    J. O significado das palavras hebraicas. Desde a fundao da igreja, os cristos tm estuda-do o idioma hebraico com variados graus de intensidade. Durante a era da Igreja Apostlica ePrimitiva (40-150 d.C.), os cristos tiveram grande interesse no idioma hebraico. Por conseguinte,dependiam mais acentuadamente da Septuaginta em grego para ler o Antigo Testamento. Noprincpio da Idade Mdia, Jernimo teve de empregar estudiosos judeus para ajud-lo a traduzira verso oficial do Antigo Testamento da Vulgata em latim. Havia poucos cristos interessadosno idioma hebraico nos tempos medievais.

    No sculo XVI, certo estudioso alemo catlico romano chamado Johannes Reuchlin estu-dou hebraico com um rabino judeu e comeou a escrever livros introdutrios em latim sobrehebraico para estudantes cristos. Ele tambm compilou um pequeno dicionrio hebraico-latim. Otrabalho de Reuchlin despertou interesse no hebraico entre os estudiosos cristos, fato quecontinua at nossos dias. (As sinagogas judaicas tinham passado adiante o significado do textodurante sculos e dado pouca ateno mecnica do prprio idioma hebraico.)

    ^

    ^

    ^

  • 21

    Comparando as lnguas acadiana, ugartica, aramaica e hebraica, os estudiosos modernosconseguiram entender o significado das palavras hebraicas. Aqui esto algumas das chaves queeles descobriram:

    1. Palavras cognatas. Palavras estrangeiras que tm sons ou construes similares s pala-vras hebraicas so chamadas palavras cognatas. Pelo motivo de as palavras de diferentes lnguassemticas terem sua base na mesma raiz de trs consoantes, os cognatos so abundantes. Emtempos passados, estes cognatos deram lugar a etimologia folclrica interpretao noerudita de palavras baseada no folclore e na tradio. Com freqncia estas etimologias folclri-cas eram usadas na interpretao do Antigo Testamento. Contudo, os termos que so cognatosfilolgicos (relacionados forma) no so necessariamente cognatos semnticos (relacionadosao significado). Um bom exemplo a palavra hebraica sar, que significa prncipe. Esta mesmapalavra usada em outras lnguas semticas com o significado de rei.

    Durante sculos, os estudantes europeus de hebraico usaram os cognatos filolgicos rabespara decifrar o significado de palavras hebraicas obscuras. Este mtodo incerto usado pormuitos dos dicionrios e lxicos mais antigos.

    2. O significado do contexto. freqente dizer que o melhor comentrio da Escritura aprpria Escritura. Em nenhuma situao isto mais verdadeiro do que no estudo das palavrashebraicas. O melhor mtodo para determinar o significado de qualquer palavra hebraica estudaro contexto no qual ela aparece. Se aparece em muitos contextos diferentes, ento o significado dapalavra pode ser encontrado com mais preciso. Para as palavras que aparecem com muito poucafreqncia (quatro vezes ou menos), os textos hebraicos no bblicos ou outros textos semticospodem nos ajudar a estabelecer o significado da palavra.

    H, contudo, uma precauo a tomar: Nunca sensato usar uma palavra obscura para tentardeterminar o significado de outra palavra obscura. As palavras mais difceis so as que socorrem uma vez no texto do Antigo Testamento; estas so chamadas de hapax legomena (emgrego, lidas uma vez). Afortunadamente, todas as palavras hebraicas de significado teolgicoocorrem com bastante freqncia.

    3. O paralelismo potico. Um tero completo do Antigo Testamento poesia. Esta quantidade detexto igual ao Novo Testamento inteiro. Os tradutores tenderam a ignorar a estrutura potica delongas passagens do Antigo Testamento, como Isaas 40 a 66 e todo o Livro de J; mas as complexi-dades da poesia hebraica so vitais para a nossa compreenso do Antigo Testamento. Isto pode servisto estudando uma verso moderna da Bblia que imprime as passagens poticas como tais. Vriosversculos dos Salmos ilustram a estrutura subjacente da poesia hebraica.

    Note que no h ritmo nem mtrica na poesia hebraica, ao contrrio da maioria da poesiaportuguesa. A poesia hebraica repete as idias ou a relao das idias em linhas sucessivas. Eisum exemplo:

    (I) Engrandecei ao SENHOR comigo,(II) e exaltemos o seu nome juntos.

    Observe que virtualmente cada classe de palavra na Linha I pode ser substituda por seuequivalente na Linha II. Os estudiosos designam as palavras individuais na Linha I (ou hemistquio

  • 22

    I) como palavras A e as palavras da Linha II (ou hemistquio II) de palavras B. Assimpercebemos o padro nestas linhas (levemente adaptadas) do Salmo 34.3:

    Hemistquio I: EngrandeceiA ao SENHOR

    A comigo,

    A

    Hemistquio II: e exaltemosB o seu nome

    B juntos.

    B

    Como se pode ver prontamente, a palavra A pode ser substituda pelas palavra B semmudar o significado da linha, e o contrrio tambm verdade. Esta caracterstica da poesiahebraica chamada de paralelismo. Nos estudos eruditos da poesia hebraica, as palavras paresnuma estrutura paralela so marcadas com barras paralelas inclinadas para mostrar a) qual palavraocorre normalmente primeiro quer dizer, a palavra A , b) o fato de as duas palavrasformarem um par paralelo e c) qual palavra em geral a segunda ou a B. Podemos mostrar oSalmo 34.3 desta maneira:

    Engrandecei // exaltemos; ao SENHOR // o seu nome; comigo // juntos.

    Este Dicionrio Expositivo cita tais pares, porque indicam relaes importantes no significa-do. Muitos pares so usados inmeras vezes, quase como sinnimos. Assim o uso da palavrahebraica na poesia torna-se ferramenta muito valiosa para a nossa compreenso do seu significa-do. A maioria dos termos teolgicos importantes, inclusive os nomes e ttulos de Deus, encontra-se nestes pares poticos.

    K. Teorias de traduo. As teorias de traduo afetam grandemente nossa interpretao daspalavras hebraicas. Podemos descrever as atuais teorias dominantes de traduo como segue:

    1. O mtodo da equivalncia direta. Este mtodo presume que se encontrar somente umapalavra portuguesa para representar cada palavra hebraica que aparece no texto do AntigoTestamento. Considerando que algumas palavras hebraicas no tm equivalente em uma palavraem portugus, elas so simplesmente transliteradas (transformadas em caracteres portugueses).Neste caso, o leitor deve ser instrudo sobre o que o termo transliterado realmente significa. Estemtodo era usado nas tradues mais antigas do Novo Testamento, que tentavam trazer osequivalentes latinos das palavras gregas diretamente para o portugus. Foi assim que as primei-ras verses adotaram grande quantidade de terminologia teolgica latina, como justificao,santificao e concupiscncia.

    2. O mtodo histrico-lingstico. Este mtodo procura encontrar um nmero limitado determos em portugus que expressem adequadamente o significado de um termo hebraico emparticular. Um estudioso que usa este mtodo estuda o registro histrico de como a palavra foiusada e d preferncia ao seu significado mais freqente no contexto. Este mtodo foi usado napreparao do Dicionrio Expositivo.

    3. O mtodo da equivalncia dinmica. Este mtodo no procura fazer uso consistente de umapalavra portuguesa por uma palavra hebraica especfica. Ao invs disso, esfora-se por mostraro impulso ou nfase de uma palavra hebraica em cada contexto especfico. Assim, proporcionauma traduo muito livre e coloquial de passagens do Antigo Testamento. Isto permite que osleitores leigos obtenham o mago real do significado de uma passagem em particular, mas torna o

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    estudo das palavras bblicas praticamente impossvel. Por exemplo, uma comparao entre ABblia Viva e a Almeida, Revista e Corrigida (ARC) mostrar a diferena nos mtodos de tradu-o. A Bblia Viva usa muitas palavras mais especficas para refletir as sutis acepes no textohebraico, tornando impossvel traar como determinada palavra hebraica foi usada em contextosdiferentes.

    Este Dicionrio Expositivo procura mostrar os diferentes mtodos de traduo indicando osdiferentes significados de uma palavra hebraica dada por vrias verses.

    L. Como usar este livro. Quando comear um estudo de palavras de determinado termohebraico, tenha em mos boas edies de pelo menos trs verses em portugus do AntigoTestamento. Sempre tenha uma verso da ARC, edio de 1995, a qual utilizada como padroneste dicionrio, da ARA e uma verso coloquial como A Bblia Viva. Voc tambm deve ter umaboa concordncia.

    O Dicionrio Expositivo oferece vasta gama de significados para a maioria das palavrashebraicas. Tais significados no devem ser substitudos uns pelos outros sem que o uso dotermo em seus contextos diferentes seja cuidadosamente revisto. Todas as palavras hebraicastm significados diferentes s vezes, at significados opostos , portanto devem ser estuda-das em todas as suas ocorrncias e no em uma s.

    Esforce-se por ser consistente ao traduzir determinada palavra hebraica em contextos diferen-tes. Busque o menor nmero de palavras portuguesas equivalentes. Os colaboradores deste livroj fizeram pesquisa extensa nas lnguas originais e na literatura erudita moderna. Voc pode tiraro melhor proveito do trabalho que fizeram, observando os vrios usos de cada palavra a fim deobter uma viso equilibrada.

    Comparao e freqncia so dois fatores fundamentais no estudo de palavras bblicas.Escreva as passagens que voc est comparando. No tenha medo de observar todas as ocorrn-cias de certa palavra. O tempo que voc gasta abrir sua Bblia como nunca antes.

    WILLIAM WHITE JR.

  • AABANDONAR

    zab (bz-i): deixar, desamparar, abandonar, dei-xar para trs, deixar de parte, deixar ir. Esta palavraaparece no acadiano, no hebraico e no aramaico ps-bblicos. Palavras semelhantes aparecem no rabe eetipico. A palavra ocorre no hebraico bblico porcerca de 215 vezes e em todos os perodos.

    Basicamente, zab significa afastar-se de algoou deixar. Este o significado da palavra em suaprimeira ocorrncia bblica: Portanto, deixar ovaro o seu pai e a sua me e apegar-se- suamulher (Gn 2.24). Acepo especial da palavra deixar em apuros ou abandonar algum que de-pendente dos seus servios. Assim Moiss disse aHobabe, o midianita (queneu): Ora, no nos deixes[em apuros]; porque tu sabes que ns nos alojamosno deserto; de olhos nos servirs (Nm 10.31).

    A palavra tambm leva o significado de desam-parar ou deixar totalmente. Tais passagens trans-mitem uma nota de finalidade ou perfeio. AssimIsaas deve pregar que a terra de que te enfadas serdesamparada dos seus dois reis (Is 7.16). Em outroslugares, o abandono total, mas no necessariamentepermanente. Deus diz que Israel uma mulher de-samparada e triste de esprito; [...] Por um pequenomomento, te deixei, mas com grande misericrdia terecolherei (Is 54.6-7). No acadiano, esta palavra temo sentido tcnico de abandonado completa e perma-nentemente ou divorciado. Isaas emprega este sen-tido em Is 62.4: Nunca mais te chamaro Desampa-rada, [...] mas chamar-te-o Hefzib [Meu prazer estnela]; e tua terra, Beul [Casada].

    Outro uso especial da palavra desconsideraro conselho: Porm ele deixou o conselho que osancios lhe tinham aconselhado (1 Rs 12.8).

    Uma segunda nfase de zab deixar para trs,significando deixar algo enquanto se deixa de cena.Em Gn 39.12, Jos deixou as vestes nas mos daesposa de Potifar e fugiu. A palavra tambm se re-fere a intencionalmente entregar as possesses confiana de outrem ou deixar algo no controle deoutrem. Potifar E deixou tudo o que tinha na mode Jos (Gn 39.6).

    Em acepo um pouco diferente, a palavra signi-fica deixar algum ou algo sozinho com um proble-ma: Se vires o jumento daquele que te aborrecedeitado debaixo da sua carga, deixars, pois, de

    ajud-lo? Certamente o ajudars (x 23.5). Usadofigurativamente, zab quer dizer pr distnciaentre em sentido espiritual ou intelectual: Deixa aira e abandona o furor (Sl 37.8).

    A terceira nfase da palavra deixar de parteou tirar o mximo de algo e deixar o resto paratrs: Semelhantemente no rabiscars a tua vinha,nem colhers os bagos cados da tua vinha; deix-los-s ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o SENHOR,vosso Deus (Lv 19.10).

    Finalmente, zab significa deixar ir ou per-mitir ir embora. Os loucos e brutos so os queno fazem proviso para o futuro; eles morrem dei-xando (permitindo ir embora) suas riquezas paraos outros (Sl 49.10). Acepo diferente ocorre emRt 2.16, onde o verbo quer dizer deixar algo nocho. O termo zab tambm significa desistir:O que encobre as suas transgresses nunca pros-perar; mas o que as confessa e deixa alcanar mi-sericrdia (Pv 28.13), e a palavra significa liber-tar, como em 2 Cr 28.14: Ento, os homens arma-dos deixaram os presos e o despojo diante dos maio-rais e de toda a congregao. O termo zab signi-fica deixar ir ou fazer ir embora. Relativo aomal, Zofar comenta: [O inquo] o no deixe, antes,o retenha no seu paladar (J 20.13).

    O termo zab significa permitir algum fazeralgo, como em 2 Cr 32.31, onde Deus o desampa-rou [Ezequias], para tent-lo, para saber tudo o quehavia no seu corao; Deus deixou Ezequias fa-zer tudo o que ele quis. Renunciar uma atividadetambm pode significar sua descontinuao: Tam-bm eu, meus irmos e meus moos, a juro, lhestemos dado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho(Ne 5.10).

    A palavra zab , s vezes, usada no sentidotcnico judicial de estar livre, o que o oposto deestar em escravido. O Senhor vindicar Seu povo eter compaixo dos Seus servos quando vir que oseu poder se foi e no h fechado nem desampara-do (Dt 32.36).

    ABENOARA. Verbo.

    brak (K9r-b=): ajoelhar-se, abenoar, ser abeno-ado, amaldioar. A raiz desta palavra encontradaem outros idiomas semticos que, como o hebraico,

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    freqentemente a usam com uma deidade no sujei-to. H tambm paralelos desta palavra no egpcio.

    A palavra brak ocorre cerca de 330 vezes naBblia, primeiramente em Gn 1.22: E Deus os aben-oou, dizendo: Frutificai, e multiplicai-vos. A pri-meira palavra de Deus para o homem apresentadada mesma maneira: E Deus os abenoou e Deuslhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos (Gn 1.28).Assim toda a criao mostrada a depender de Deuspara sua existncia e funo continuadas (cf. Sl104.27-30). O termo brak usado de novo paraaludir ao homem em Gn 5.2, no comeo da histriados homens que crem, e depois do Dilvio em Gn9.1: E abenoou Deus a No e a seus filhos. Oelemento central do concerto de Deus com Abro :Abenoar-te-ei, [...] e tu sers uma bno. E aben-oarei os que te abenoarem [...] e em ti sero ben-ditas todas as famlias da terra (Gn 12.2,3). Estabno acerca das naes repetida em Gn 18.18;22.18; 28.14 (cf. Gn 26.4; Jr 4.2). Em todos estesexemplos, a bno de Deus sai para as naes pormeio de Abrao ou de sua semente. A Septuagintatraduz todas estas ocorrncias de brak no passivo.Paulo cita em Gl 3.8 a traduo que a Septuagintafaz de Gn 22.18.

    A promessa do concerto requereu que as naesbuscassem a bno (cf. Is 2.2-4), mas deixouclaro que a iniciativa de abenoar encontra-se emDeus, e que Abrao e sua semente eram os instru-mentos. Deus, ou diretamente ou por Seus repre-sentantes, o sujeito deste verbo em mais de 100vezes. A bno levtica est baseada nesta ordem:Assim abenoareis os filhos de Israel: [...] O SE-NHOR te abenoe. [...] Assim, poro o meu nomesobre os filhos de Israel, e eu os abenoarei (Nm6.23-27).

    A forma passiva de brak usada para pronun-ciar a bno de Deus sobre os homens, como ofoi por Melquisedeque: Bendito seja Abro do DeusAltssimo (Gn 14.19). Bendito seja o SENHOR,Deus de Sem (Gn 9.26) uma expresso de louvor.Bendito seja o Deus Altssimo, que entregou osteus inimigos nas tuas mos (Gn 14.20) est mis-turado com louvor e ao de graas.

    Uma forma comum de saudao era: Benditosejas tu do SENHOR (1 Sm 15.13; cf. Rt 2.4); Eisque Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, parao saudar (1 Sm 13.10).

    A forma simples do verbo usada em 2 Cr 6.13:Salomo [...] ajoelhou-se. Seis vezes o verbo usado para denotar profanidade, como em J 1.5:

    Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaramde Deus no seu corao.

    B. Substantivo.berkh (hk=r=b

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    Em alguns casos, o Senhor fez com que pessoasfossem uma bno para outras. Abrao umabno para as naes (Gn 12.2). Espera-se queseus descendentes se tornem uma bno para asnaes (Is 19.24; Zc 8.13).

    A Septuaginta traduz berkh por eulogia (lou-vor, bno).

    ABOMINAOA. Substantivo.

    tebh ( < Ohb=i2Ovt

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    completo ou se acabou com respeito sua pro-viso. Assim, o dinheiro que foi todo gasto se aca-bou (Gn 47.15,18). Jeremias diariamente recebeupo at que se acabou todo o po da cidade (Jr37.21). Quando um povo chegava a um fim com-pleto (Nm 14.35), significava que ele foi consu-mido ou completamente destrudo. Pr termo imundcia dos povos (Ez 22.15), significa prum fim ou destru-los.

    Por vezes, tmam expressa sinceridade morale tica: Ento, serei sincero (Sl 19.13), diz osalmista, quando Deus lhe ajudar a guardar a lei deDeus.

    B. Adjetivo.tm (t

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    ande diante de Deus na luz dos viventes (Sl 56.13).Andar na luz do rosto de um superior (Pv 16.15)ou de Deus (Sl 89.15), expresso de vida alegre eabenoada, na qual a qualidade de vida realada. Ocrente est seguro da luz de Deus. mesmo emperodos de dificuldade: inimiga minha, no tealegres a meu respeito; ainda que eu tenha cado,levantar-me-ei; se morar nas trevas, o SENHOR sera minha luz (Mq 7.8. cf. Sl 23.4).

    Na Septuaginta, r tem muitas tradues, dasquais phos (luz) a mais freqente.

    O substantivo r significa brilho, claro. Estapalavra ocorre raramente, uma vez em Is 50.11:Todos vs que acendeis fogo e vos cingis com fas-cas, andai entre as labaredas [r] do vosso fogo eentre as fascas que acendestes; isso vos vem daminha mo, e em tormentos jazereis.

    O termo rh se refere a luz. Este substanti-vo significa luz no Sl 139.12: Nem ainda as tre-vas me escondem de ti; mas a noite resplandececomo o dia; as trevas e a luz so para ti a mesmacoisa.

    O termo mr tambm quer dizer luz. Estesubstantivo aparece cerca de 20 vezes. A palavramr ocorre mais de uma vez em Gn 1.16: E fezDeus os dois grandes luminares: o luminar maiorpara governar o dia, e o luminar menor para gover-nar a noite; e fez as estrelas.

    ACHARms (ax=m=): achar, encontrar, obter. Esta pa-

    lavra encontrada em todos os ramos dos idiomassemticos (incluindo o aramaico bblico) e em todosos perodos. atestado no hebraico bblico (cercade 455 vezes) e no hebraico ps-bblico.

    O termo ms se refere a achar algum oualgo que foi perdido ou extraviado ou achar ondeele est. A coisa pode ser achada como resultado deprocura propositada, como quando os sodomitasforam temporariamente cegos pelas visitas de L eno puderam achar a porta da casa dele (Gn 19.11).Em uso bem parecido, a pomba enviada por Noprocurou lugar para pousar e no foi capaz deachar (Gn 8.9). Em outras ocasies, a localizaode algo ou de algum pode ser achada sem procuraintencional, como quando Caim disse: [Quem] meachar (Gn 4.14).

    O termo ms conota no s achar uma pes-soa em certo local, mas achar em sentido abstra-to. Esta idia demonstrada claramente em Gn 6.8:No, porm, achou graa aos olhos do SENHOR.

    Ele achou recebeu algo que no buscou.Este sentido tambm inclui achar algo que se bus-cou em sentido espiritual ou mental: A minha motinha alcanado muito (J 31.25). Labo fala paraJac: Se, agora, tenho achado graa a teus olhos,fica comigo (Gn 30.27). Labo est pedindo a Jacpor um favor que ele est buscando em sentido abs-trato.

    A palavra ms tambm pode significar des-cobrir. Deus falou para Abrao: Se eu em Sodomaachar cinqenta justos dentro da cidade, poupareitodo o lugar por amor deles (Gn 18.26). Esta mes-ma nfase aparece na primeira ocorrncia bblica dapalavra: Mas para o homem no se achava adjutoraque estivesse como diante dele (Gn 2.20). Comocomentado anteriormente, pode haver uma conota-o no intencional aqui, como quando os israelitasacharam um homem apanhando lenha no sbado(Nm 15.32). Outra acepo especial descobrirno sentido de obter conhecimento sobre. Por exem-plo, os irmos de Jos disseram: Achou Deus ainiqidade de teus servos (Gn 44.16).

    Por vezes, ms sugere estar no poder dealgo em sentido concreto. Davi disse a Abisai: Tomatu os servos de teu senhor e persegue-o, para que,porventura, no ache para si cidades fortes e escapedos nossos olhos (2 Sm 20.6). A idia que Sebaacharia, entraria e se defenderia em cidadesfortificadas. Assim, achar pode ser assumir ocomando de. Este uso tambm aparece em sentidoabstrato. Jud falou a Jos: Porque como subireieu a meu pai, se o moo no for comigo? Para queno veja eu o mal que sobrevir a meu pai (Gn44.34). A palavra ms no s significa acharalgo, mas obt-lo como pertencente exclusivamen-te a algum: E semeou Isaque naquela mesma terrae colheu, naquele mesmo ano (Gn 26.12).

    A palavra raramente implica movimento em di-reo a chegar a um destino; assim est relacionadocom a raiz no ugartico, significando alcanar ouchegar (ms). Este sentido encontrado em J11.7: Porventura, alcanars os caminhos deDeus? (cf. 1 Sm 23.17). Em acepo um poucodiferente, este significado aparece em Nm 11.22:Degolar-se-o para eles ovelhas e vacas que lhesbastem?

    ACONSELHARA. Verbo.

    yas (Xi-y=): aconselhar, avisar, consultar. Usa-do ao longo da histria do idioma hebraico, este

    ACENDER ACONSELHAR

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    verbo ocorre no Antigo Testamento hebraico cercade 80 vezes. A palavra yas encontrada pela pri-meira vez em x 18.19, onde Jetro diz a Moiss,seu genro: Ouve agora a minha voz; eu te aconse-lharei, e Deus ser contigo. A palavra encontradasomente mais uma vez no Hexateuco, em Nm 24.14:Avisar-te-ei.

    Ainda que yas descreva dar bom conselho, ooposto s vezes verdade. Exemplo trgico o casodo rei Acazias de Jud, cuja me era sua conselheira,para proceder impiamente (2 Cr 22.3). A idia dedeciso expressa em Is 23.9: O SENHOR dosExrcitos formou este desgnio [deciso].

    B. Substantivos.yes (Xi2Oy): conselheiro. Talvez o uso mais

    comum desta raiz seja a forma substantival encon-trada na passagem messinica de Is 9.6. Com basena sintaxe envolvida, provavelmente melhor tra-duzir o habitual Maravilhoso Conselheiro porMaravilha de Conselheiro, ou intencionalmentemaravilhoso. Outra possibilidade separar os ter-mos: Maravilhoso, Conselheiro.

    yas (Xi-y=): aqueles que do conselho. fre-qente a palavra yas ser usada em sua formaparticipial, aqueles que do conselho, sobretudocom relao aos lderes polticos e militares (2 Sm15.12; 1 Cr 13.1).

    ACRESCENTARysaph (Ps-y=): acrescentar, somar, continuar, fa-

    zer de novo, aumentar, ultrapassar. Este verboocorre nos dialetos semticos do noroeste e noaramaico. Ocorre no hebraico bblico (cerca de 210vezes), no hebraico ps-bblico e no aramaico bbli-co (uma vez).

    Basicamente, ysaph significa aumentar o nme-ro de algo. Tambm usado para indicar acrescentaruma coisa a outra, por exemplo: E, quando algum,por erro, comer a coisa santa, sobre ela acrescenta-r seu quinto e o dar ao sacerdote com a coisasanta (Lv 22.14).

    Este verbo usado para expressar a repetio deum ato estipulado por outro verbo. Por exemplo, apomba que No enviou no tornou mais a ele (Gn8.12). Em geral a ao repetida indicada por uminfinitivo absoluto, precedido pela preposio le:E nunca mais a conheceu. Literalmente, se l: Eele no acrescentou outra vez [od] para a conhecer[intimamente] (Gn 38.26).

    Em alguns contextos ysaph significa intensifi-car, mas sem sugesto de aumento numrico. Deus

    diz: E os mansos tero regozijo sobre regozijo[ysaph] no SENHOR (Is 29.19). Esta mesma n-fase aparece no Sl 71.14: E te louvarei cada vezmais [ysaph], ou literalmente: E acrescentarei atodos os Teus louvores. Em tais casos, h mais doque uma quantidade adicional de regozijo ou louvor.O autor est se referindo a uma nova qualidade deregozijo ou louvor, isto , uma intensificao deles.

    Outro significado de ysaph ultrapassar. Arainha de Sab disse a Salomo: Sobrepujaste emsabedoria e bens a fama que ouvi, ou literalmente:Voc acrescenta [com relao ] sabedoria e pros-peridade ao relatrio que ouvi (1 Rs 10.7).

    Este verbo tambm usado em frmulas de con-certo. Por exemplo, quando Rute chamou a maldi-o de Deus sobre ela dizendo: Me faa assim oSENHOR e outro tanto [ysaph], se outra coisaque no seja a morte me separar de ti, ou literal-mente: Assim o Senhor me faa e assim Ele acres-cente, se... (Rt 1.17; cf. Lv 26; Dt 2728).

    ADIVINHAR, PRATICAR ADIVINHAOqsam (Ms-q=): adivinhar, praticar adivinhao.

    Os cognatos desta palavra aparecem no aramaicorecente, cptico, siraco, mandeano, etipico,palmiro e rabe. Esta raiz aparece 31 vezes nohebraico bblico: 11 vezes como verbo, nove vezescomo particpio e 11 vezes como substantivo.

    A adivinhao era o paralelo pago de profeti-zar: Entre ti se no achar quem faa passar pelofogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador,nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro.Porque estas naes, que hs de possuir, ouvem osprognosticadores e os adivinhadores; porm a ti oSENHOR, teu Deus, no permitiu tal coisa. O SE-NHOR, teu Deus, te despertar um profeta do meiode ti, de teus irmos, como eu; a ele ouvireis (Dt18.10,14,15, primeira ocorrncia.)

    O termo qsam uma busca da vontade dosdeuses, no af de tomar conhecimento de sua aofutura ou bno divina sobre alguma ao futuraproposta (Js 13.22). Parece provvel que os adivi-nhos conversem com demnios (1 Co 10.20).

    A prtica da adivinhao podia envolver a ofertade sacrifcios deidade num altar (Nm 23.1ss). Tam-bm podia requerer o uso de um buraco no cho,pelo qual o adivinho falava com o esprito dos mor-tos (1 Sm 28.8). Em outras ocasies, um adivinhosacudia flechas, consultava dolos familiares ou es-tudava o fgado de animais mortos (Ez 21.21, ARA).

    A adivinhao era uma das tentativas do homem

    ACONSELHAR ADIVINHAR

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    saber e controlar o mundo e o futuro, parte doDeus verdadeiro. Era o oposto da verdadeira profe-cia, que essencialmente submisso soberania deDeus (Dt 18.14).

    Talvez os usos mais surpreendentes desta pala-vra estejam em Nm 2223 e Pv 16.10, onde pareceser equivalente a profecia. Balao era famoso entreos pagos como adivinho; ao mesmo tempo, ele re-conhecia Jeov como seu Deus (Nm 22.18). Ele acei-tou dinheiro pelos servios que ia prestar e prova-velmente no deixaria de ajustar a mensagem paraagradar o cliente. Isto explicaria por que Deus, zan-gado, o confrontou (Nm 22.22ss), embora lhe tives-se dito para aceitar a incumbncia e ir com a escolta(Nm 22.20). Parece que Balao estava resolvido aagradar o cliente. Logo que esta resoluo foi muda-da para submisso, Deus o enviou em sua jornada(Nm 22.35).

    ADORARshh (hc=wO=): adorar, prostrar-se, curvar-se.

    Esta palavra encontrada no hebraico moderno nosentido de curvar-se ou inclinar-se, mas no nosentido geral de adorar. O fato de que ocorre maisde 170 vezes na Bblia hebraica mostra algo do seusignificado cultural. Aparece pela primeira vez emGn 18.2, onde lemos que Abrao inclinou-se ter-ra diante dos trs mensageiros que anunciaram queSara teria um filho.

    O ato de se curvar em homenagem feito diantede um superior ou soberano. Davi se curvou pe-rante Saul (1 Sm 24.8). s vezes, um superiorsocial ou econmico diante de quem a pessoa securva, como quando Rute se inclinou terra dian-te de Boaz (Rt 2.10). Num sonho, Jos viu os mo-lhos dos seus irmos inclinando-se diante do seumolho (Gn 37.5,7,8). A palavra shh usada comotermo comum para se referir a ir diante de Deus emadorao (ou seja, adorar), como em 1 Sm 15.25 e Jr7.2. s vezes est junto com outro verbo hebraicoque designa curvar-se fisicamente, seguido por ado-rar, como em x 34.8: E Moiss apressou-se, einclinou a cabea terra, e encurvou-se [adorou,ARA]. Outros deuses e dolos tambm so o obje-to de tal adorao mediante a ao de se prostrardiante deles (Is 2.20; 44.15,17).

    AFLIGIRA. Verbo.

    nh (hn=i=): afligir-se, encurvar-se, humilhar-se, submeter-se. Esta palavra, comum no hebraico

    antigo e moderno, fonte de vrias palavras impor-tantes na histria e experincia do judasmo: hu-milde, submisso, pobre e aflio. O termo nhaparece cerca de 80 vezes no Antigo Testamentohebraico. achado pela primeira vez em Gn 15.13:E afligi-la-o quatrocentos anos.

    A palavra nh expressa tratamento severo edoloroso. Sarai afligiu Agar (Gn 16.6). QuandoJos foi vendido como escravo, os seus ps foramferidos pelas correntes (Sl 105.18). O verbo expres-sa a idia que Deus envia aflio para propsitosdisciplinares: O SENHOR, teu Deus, te guiou nodeserto estes quarenta anos, para te humilhar, parate tentar, para saber o que estava no teu corao(Dt 8.2; veja tambm 1 Rs 11.39; Sl 90.15). Tomaruma mulher sexualmente fora humilh-la (Gn34.2), mas a palavra traduzida mais adequada-mente por desonrar.

    Na observncia do Dia da Expiao, humilhar-seest relacionado com a exigncia de jejuar naqueledia (Lv 23.28,29).

    B. Substantivo.n (yn1i=): pobre, humilde, manso. Sobretudo

    na histria israelita mais recente, logo antes do Ex-lio e a seguir, este substantivo veio a ter conexoespecial com os fiis que eram abusados, ludibria-dos e explorados pelos ricos (Is 29.19; 32.7; Am2.7). A referncia que o profeta Sofonias fez aosfiis como mansos da terra (Sf 2.3) prepara opalco para a preocupao e ministrio de Jesus pe-los pobres e mansos (Mt 5.3,5; Lc 4.18; cf. Is61.1). Nos dias do Novo Testamento, o pobre daterra era mais comumente conhecido por amhares, o povo da terra.

    GUAmayim (My1m-): gua, inundao, dilvio. Esta

    palavra tem cognatos no ugartico e no antigo rabedo sul. Ocorre por volta de 580 vezes e em todos osperodos do hebraico bblico.

    Primeiro, gua uma das substncias bsicasoriginais. Este seu significado em Gn 1.2 (primeiraocorrncia da palavra): E o Esprito de Deus se moviasobre a face das guas. Em Gn 1.7, Deus separou asguas que estavam acima e as guas que estavamembaixo (cf. x 20.4) da expanso dos cus.

    Segundo, a palavra descreve o que um poo con-tm, gua para ser bebida (Gn 21.19). guasvivas so guas que correm: Cavaram, pois, osservos de Isaque naquele vale e acharam ali um poode guas vivas (Gn 26. 19). gua de amargura

    ADIVINHAR GUA

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    ou aflio designada assim, porque bebida napriso: Metei este homem na casa do crcere esustentai-o com o po de angstia e com a gua deamargura, at que eu venha em paz (1 Rs 22.27).J 9.30 fala de neve semiderretida ou gua de neve:Ainda que me lave com gua de neve, e purifiqueas minhas mos com sabo.

    Terceiro, mayim representa lquido em geral:Pois j o SENHOR, nosso Deus, nos fez calar enos deu a beber gua de fel; porquanto pecamoscontra o SENHOR (Jr 8.14). A frase, me raglayim(gua dos ps), urina: Porm Rabsaqu lhesdisse: Porventura, mandou-me meu senhor s a teusenhor e a ti, para falar estas palavras? E no, antes,aos homens que esto sentados em cima do muro,para que juntamente convosco comam o seu estercoe bebam a sua urina [gua dos ps]? (2 Rs 18.27;cf. Is 25.10).

    Quarto, a gua ritual de Israel era derramada ouaspergida (ningum jamais era submergido em gua),simbolizando purificao. Aro e seus filhos foramlavados com gua como parte do rito que os consa-grou ao sacerdcio: Ento, fars chegar Aro e seusfilhos porta da tenda da congregao e os lavarscom gua (x 29.4). Partes do animal sacrifical de-viam ser lavadas ritualmente com gua durante osacrifcio: Porm a sua fressura e as suas pernaslavar-se-o com gua (Lv 1.9). Entre os ritos deIsrael se inclua a gua santa: E o sacerdote toma-r gua santa num vaso de barro; tambm tomar osacerdote do p que houver no cho do tabernculo eo deitar na gua (Nm 5.17). A gua amarga tam-bm era usada nos rituais de Israel: Ento, o sacer-dote apresentar a mulher perante o SENHOR e des-cobrir a cabea da mulher; e a oferta memorativa demanjares, que a oferta de manjares dos cimes, porsobre as suas mos, e a gua amarga, que traz consigoa maldio, estar na mo do sacerdote (Nm 5.18).Era gua que, quando bebida, trazia maldio e cau-sava amargura (Nm 5.24).

    Quinto, nos substantivos prprios esta palavra usada para designar fontes, correntes ou mares e/ou a rea na vizinhana imediata de tais volumes degua: Dize a Aro: Toma tua vara e estende a mosobre as guas do Egito, sobre as suas correntes,sobre os seus rios, sobre os seus tanques e sobretodo o ajuntamento das suas guas, para que se tor-nem em sangue (x 7.19).

    Sexto, esta palavra usada figurativamente emmuitos sentidos. O termo mayim simboliza perigoou angstia: Desde o alto enviou e me tomou; ti-

    rou-me das muitas guas (2 Sm 22.17). Em 2 Sm5.20, fora explosiva representada por mayim:Rompeu o SENHOR a meus inimigos diante demim, como quem rompe guas. guas podero-sas descrevem a investida das naes mpias con-tra Deus: Bem rugiro as naes, como rugem asmuitas guas (Is 17.13). Assim, a palavra usadapara retratar algo impetuoso, violento e opressivo:Pavores se apoderam dele como guas; de noite, oarrebatar a tempestade (J 27.20). Em outras pas-sagens, gua usado para representar timidez: Eo corao do povo se derreteu e se tornou comogua (Js 7.5). Relacionada com esta acepo est aconotao transitrio: Porque te esquecers dostrabalhos e te lembrars deles como das guas quej passaram (J 11.16). Em Is 32.2, guas des-crevem o que refrescante: E ser aquele varocomo um esconderijo contra o vento, e como umrefgio contra a tempestade, e como ribeiros de guasem lugares secos, e como a sombra de uma granderocha em terra sedenta. Descanso e paz so figura-das por guas de descanso ou guas tranqilas: Dei-tar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamentea guas tranqilas (Sl 23.2). Idias semelhantesesto envolvidas quando o charme e a beleza daesposa so chamados de gua da vida ou guaque estimula: Bebe a gua da tua cisterna e dascorrentes do teu poo (Pv 5.15). gua derrama-da representa matana (Dt 12.16), ira (Os 5.10),justia (Am 5.24) e sentimentos fortes (J 3.24).

    tehm (Moht

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    Esta nfase sobretudo proeminente no Cntico deMoiss, onde a palavra descreve o permanente (masno eterno), ameaador e perigoso abismo, nosomente um elemento da natureza, mas um elemen-to perigoso: Os abismos os cobriram; desceram sprofundezas como pedra (x 15.5). Por outro lado,em tais contextos tehm significa no mais que guasprofundas (as profundezas) nas quais objetospesados afundam depressa.

    O termo tehm descreve uma fonte inesgotvelde gua ou, por via de comparao potica, de bn-o: Com bnos dos cus de cima, com bnosdo abismo que est debaixo (Gn 49.25). Em taiscontextos, a palavra representa o lenol freticoou lenol de gua que sempre est acessvel sob asuperfcie da terra cujas guas so obtidas cavan-do poos, dos quais emanam fontes e que fazia par-te das guas debaixo da superfcie dos oceanos, la-gos, mares e rios. Foi o que Deus abriu com as guasque estavam acima da expanso (Gn 7.11; cf. Gn1.7) e que depois foi fechado para ocasionar e ter-minar o grande Dilvio (Gn 8.2; cf. Sl 33.6; 104.6;Ez 26.19). Em tais contextos, a palavra representauma inundao de guas (Sl 33.6).

    Em Gn 1.2 (primeira ocorrncia da palavra),tehm usado para aludir a todas as guas queinicialmente cobriam a superfcie da terra inteira: Ehavia trevas sobre a face do abismo (cf. Pv 3.20;8.24,27,28).

    AJUDAR zar (rz-i=): ajudar, assistir, auxiliar. Esta pa-

    lavra e seus derivados so comuns no hebraico anti-go e moderno. O verbo ocorre cerca de 80 vezes notexto bblico. O verbo zar encontrado pela pri-meira vez no Antigo Testamento, quando Jac, emseu leito de morte, abenoou Jos: Pelo Deus deteu pai, o qual te ajudar (Gn 49.25).

    Ajuda ou auxlio vem de uma variedade de fon-tes: Trinta e dois reis ajudaram Ben-Hadade (1Rs 20.1); uma cidade ajuda outra (Js 10.33); acre-dita-se at que falsos deuses so de ajuda (2 Cr28.23). Claro que a maior fonte de ajuda o prprioDeus; Ele o auxlio do rfo (Sl 10.14). Deuspromete: E te ajudo (Is 41.10); E o SENHOR osajudar e os livrar (Sl 37.40).

    ALEGRAR-SEA. Verbo.

    smah (cm-Ow=): alegrar-se, regozijar-se. Este ver-bo tambm ocorre no ugartico (onde seus radicais

    so sh-m-h) e talvez no aramaico-siraco. Apareceem todos os perodos do hebraico e por volta de155 vezes na Bblia.

    O termo smah diz respeito a uma emoo es-pontnea ou felicidade extrema que expressa demaneira visvel e/ou externa. No representa umestado permanente de bem-estar ou sentimento. Estaemoo surge em banquetes, festas de circunciso,de casamento, de colheita, a derrota dos inimigos eem outros eventos semelhantes. Os homens deJabes-Gileade irromperam com alegria quando sou-beram que seriam libertos dos filisteus (1 Sm 11.9).

    A emoo manifesta no verbo smah encontraexpresso visvel. Em Jr 50.11, os babilnicos sodenunciados por se alegrarem e saltarem de pra-zer com a pilhagem de Israel. Sua emoo reveladaexternamente por terem inchado como bezerra gor-da e relinchado como garanhes. A emoo repre-sentada no verbo (e concretizada no substantivosimhh) acompanhada s vezes por dana, canto einstrumentos musicais. Este era o sentido quandoDavi foi aclamado pelas mulheres de Jerusalm quan-do ele voltava vitorioso das batalhas contra osfilisteus (1 Sm 18.6). Esta emoo descrita comoproduto de uma situao, circunstncia ou experi-ncia exterior, como a encontrada na primeira ocor-rncia bblica de smah. Deus disse a Moiss queAro estava vindo para encontr-lo e, vendo-te, sealegrar em seu corao (x 4.14). Esta passagemfala do sentimento interno que expresso visivel-mente. Quando Aro viu Moiss, ele foi vencidopela alegria e o beijou (x 4.27).

    O verbo smah sugere trs elementos: 1) Umsentimento espontneo e descontinuado de jbilo,2) um sentimento to forte que encontra expressoem um ato exterior e 3) um sentimento provocadopor um incentivo exterior e no sistemtico.

    Este verbo usado no modo intransitivo com osignificado de que a ao enfocada no sujeito (cf. 1Sm 11.9). Deus , s vezes, o sujeito, aquele que sealegra e se regozija: A glria do SENHOR sejapara sempre! Alegre-se o Senhor em suas obras!(Sl 104.31). Quanto aos justos: Alegrai-vos noSENHOR e regozijai-vos; [...] e cantai alegremen-te (Sl 32.11). No lugar que o Senhor escolher, Israeldeve alegrar-se em tudo o que o Senhor o abeno-ar (Dt 12.7). Usado neste modo, o verbo smahdescreve um estado no qual a pessoa se coloca sobdeterminadas circunstncias. Tem o sentido adicio-nal e tcnico de descrever tudo o que se faz ao pre-parar uma festa perante Deus: E, ao primeiro dia,

    GUA ALEGRAR-SE

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    tomareis para vs ramos de formosas rvores, ra-mos de palmas, ramos de rvores espessas e sal-gueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o SE-NHOR, vosso Deus, por sete dias (Lv 23.40).

    Em alguns casos, o verbo descreve um estadocontnuo. Em 1 Rs 4.20, o reinado de Salomo resumido assim: Eram, pois, os de Jud e Israelmuitos, como a areia que est ao p do mar emmultido, comendo, e bebendo, e alegrando-se.

    B. Substantivo.simehh (hc-m4Ow1): alegria, regozijo. Este subs-

    tantivo, que tambm aparece no ugartico, encon-trado 94 vezes no hebraico bblico. O substantivosimehh termo tcnico para designar a expressoexterior de alegria (Gn 31.27, primeira ocorrnciabblica; cf. 1 Sm 18.6; Jr 50.11) e uma representa-o do sentimento ou conceito abstrato de alegria(Dt 28.47). Em outro uso tcnico, este substantivosignifica toda a atividade de fazer uma festa peranteDeus: Ento, todo o povo se foi a comer, e a beber,e a enviar pores, e a fazer grandes festas [literal-mente, fazer grande alegria] (Ne 8.12).

    O substantivo apanha a nuana concreta do ver-bo, como em Is 55.12: Porque, com alegria, saireis;[...] os montes e os outeiros exclamaro de prazerperante a vossa face, e todas as rvores do campobatero palmas.

    C. Adjetivo.smeah (c-m2Ow=): alegre, contente. Este adjetivo

    ocorre 21 vezes no Antigo Testamento. A primeiraocorrncia bblica est em Dt 16.15: Sete dias cele-brars a festa ao SENHOR, teu Deus, no lugar que oSENHOR escolher, porque o SENHOR, teu Deus,te h de abenoar; [...] pelo que te alegrars certa-mente.

    ALMAA. Substantivo.

    nephesh (wOp3n3): alma, ego, vida, pessoa, cora-o. Este um termo muito comum nos idiomassemticos antigos e modernos. Ocorre mais de 780vezes no Antigo Testamento e est distribudo uni-formemente em todos os perodos do texto comfreqncia particularmente alta nas passagens po-ticas.

    O significado bsico est relacionado com a raraforma verbal, nphash. O substantivo se refere essncia da vida, ao ato de respirar, tomar flego. Apartir deste conceito concreto, vrios significadosmais abstratos foram desenvolvidos. Em seu senti-do primrio, vemos o substantivo em sua primeira

    ocorrncia em Gn 1.20: Rpteis de alma vivente[criaturas viventes que se movem (enxames de se-res viventes, ARA)], e em sua segunda ocorrnciaem Gn 2.7: Alma vivente.

    Em mais de 400 ocorrncias mais recentes,nephesh traduzido por alma. Ainda que sirvapara dar sentido na maioria das passagens, umainfeliz traduo incorreta do termo. A real dificul-dade do termo vista na inabilidade de quase todasas tradues de encontrar um equivalente consis-tente ou mesmo um grupo pequeno de equivalentesde alta freqncia para o termo. O problema com otermo alma, que nenhum equivalente do termoou a idia por trs dele representado no idiomahebraico. O sistema hebraico de pensamento noinclui a combinao ou oposio dos termos cor-po e alma, que na verdade so de origem grega elatina. O hebraico contrasta dois outros conceitosque no so encontrados na tradio grega e latina:o eu interior e a aparncia exterior ou, comovistos num contexto diferente, o que a pessoa para si mesma em oposio a o que a pessoa pa-rece ser aos que a observam. A pessoa interior nephesh, ao passo que a pessoa exterior, ou reputa-o, sem, mais comumente traduzido por nome.Nas passagens narrativas ou histricas do AntigoTestamento, nephesh traduzido por alma ouvida, como em Lv 17.11: Porque a vida da carneest no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar,para fazer expiao [por vs] (ARA). desneces-srio dizer que a leitura alma sem sentido em taltexto.

    Mas a situao nas numerosas passagens poti-cas paralelas nas quais o termo aparece muito maisdifcil. A Septuaginta grega e a Vulgata latina usamsimplesmente o equivalente grego e latino paraalma, sobretudo nos Salmos. A primeira ocorrn-cia est no Sl 3.2: Muitos dizem da minha alma: // No h salvao para ele em Deus. A prximaocorrncia est no Sl 6.3: At a minha alma estperturbada; // mas tu, SENHOR, at quando? Emambas as passagens, o contraste paralelo est entrenephesh e algum aspecto do ego, expressado porele no Sl 3.2 e no expresso, mas entendido no Sl6.3. No h distino no que tange a se assemelhar auma palavra A ou palavra B no paralelismo.Porm, visto que o hebraico rejeita repetir o mesmosubstantivo em ambas as metades de uma linha po-tica, nephesh usado como paralelo quele quefala, sujeito pessoal primrio e mesmo a Deus, comono Sl 11.5: O SENHOR prova o justo, mas a sua

    ALEGRAR-SE ALMA

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    alma aborrece o mpio // e o que ama a violncia[que ele tem]. Tais passagens so freqentes e umacompreenso adequada da palavra ilumina muitaspassagens famosas, como Sl 119.109: A minhaalma [vida] est de contnuo nas minhas mos; //todavia, no me esqueo da tua lei.

    As verses variam grandemente em suas leiturasde nephesh, com as verses mais contemporneasvalendo-se amplamente de significados.

    B. Verbo.O verbo naphash quer dizer respirar, tomar

    alento, restaurar-se, refrescar-se. Este verbo, queest relacionado com o substantivo nephesh , ocor-re trs vezes no Antigo Testamento (x 23.12;31.17). A outra ocorrncia est em 2 Sm 16.14: Eo rei e todo o povo que ia com ele chegaram cansa-dos e refrescaram-se ali.

    ALTARmizbeah (c-b

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    Esta palavra indica o superior (em oposioao inferior): E eis que trs cestos brancos estavamsobre a minha cabea; e, no cesto mais alto, havia detodos os manjares de Fara (Gn 40.16,17). Em Ez42.5, elyn descreve o andar superior de trsandares: E as cmaras de cima eram mais estreitas;porque as galerias tomavam aqui mais espao doque nas de baixo e nas do meio do edifcio. Usofigurativo da palavra aparece em 2 Cr 7.21, ondemodifica a dinastia (casa) de Salomo. O reimessinico de Davi ser o primognito de Deus,mais elevado do que os reis da terra (Sl 89.27).

    Em muitas passagens, elyn significa superi-or no sentido de cume ou o mais alto entre duascoisas: O termo da sua herana para o oriente eraAtarote-Adar at Bete-Horom de cima (Js 16.5;cf. 2 Cr 8.5).

    Esta palavra usada num dos nomes de Deus (elelyn), descrevendo-o como o mais alto, oAltssimo e nico Ser Supremo. A nfase aquiest na supremacia divina em vez da exclusividadedivina: E Melquisedeque, rei de Salm, trouxe poe vinho; e este era sacerdote do Deus Altssimo [elelyn] (Gn 14.18, primeira ocorrncia). Este nomedado a um deus tambm aparece em documentospalestinos extrabblicos.

    O uso figurativo de elyn para descrever a casaou dinastia de Israel tambm assume um retornoincomum em 1 Rs 9.8, onde se diz que o reino aaltura da surpresa: E desta casa, que [um mon-to de runas], todo aquele que por ela passar pas-mar, e assobiar, e dir: Por que fez o SENHORassim a esta terra e a esta casa?

    B. Verbo.gbh (h

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    abenoou) em Gn 1. O concerto com Abrao in-clui: E abenoarei os que te abenoarem e amaldi-oarei [raiz diferente] os que te amaldioarem (Gn12.3). Compare Maldito o homem que confia nohomem com Bendito o varo que confia no SE-NHOR (Jr 17.5,7).

    Os pagos usavam o poder de amaldioar paratratar com seus inimigos, como quando Balaquechamou Balao: Vem, [...] amaldioa-me este povo(Nm 22.6). Israel tinha a gua cerimonial que trazconsigo a maldio (Nm 5.18ss).

    S Deus verdadeiramente amaldioa. umarevelao da Sua justia, em defesa da Sua reivindi-cao de obedincia absoluta. Os homens podemreivindicar as maldies de Deus entregando suasqueixas a Deus e confiando no Seu julgamento justo(cf. Sl 109.26-31).

    A Septuaginta traduz rar por epikalarasthai,suas combinaes e derivados, pelos quais rarentra no Novo Testamento. Amaldioar no Anti-go Testamento resumido na declarao: Malditoo homem que no escutar as palavras deste concer-to (Jr 11.3). O Novo Testamento responde: Cris-to nos resgatou da maldio da lei, fazendo-se mal-dio por ns, porque est escrito: Maldito todoaquele que for pendurado no madeiro (Gl 3.13).

    B. Substantivo.lh (hl=a=): maldio, juramento. Os cognatos

    desta palavra aparecem no fencio e no rabe. As 36ocorrncias deste substantivo no Antigo Testamen-to aparecem em todos os perodos da literatura b-blica.

    Em distino de rar (amaldioar pondo an-tema em algum ou algo) e qlal (amaldioar abu-sando ou depreciando), lh se refere basicamen-te execuo de um juramento formal para legali-zar um concerto ou acordo. Como substantivo,lah diz respeito ao prprio juramento: Ento,sers livre do meu juramento, quando fores minhafamlia; e, se no ta derem, livre sers do meu jura-mento (Gn 24.41, primeira ocorrncia). O jura-mento era uma maldio sobre a cabea daqueleque quebrava o acordo. Este mesmo sentido apare-ce em Lv 5.1, referindo-se a uma maldio geralcontra todo aquele que desse falso testemunho emum caso de tribunal.

    Assim, lh funciona como maldio que san-ciona um penhor ou comisso, e pode fechar umacordo ou concerto. Por outro lado, a palavra svezes representa uma maldio contra outra pes-soa, quer sua identidade seja conhecida ou no.

    AMANHA. Substantivo.

    mhr (rc=m=): amanh. Esta palavra temcognatos no aramaico recente, egpcio, siraco,fencio e acadiano (aqui aparece com a palavratraduzida por dia). O substantivo mhr ocorrecomo substantivo ou advrbio por volta de 52 ve-zes no hebraico bblico e em todos os perodos doidioma.

    A palavra significa o dia que segue o dia presen-te: Amanh repouso, o santo sbado do SE-NHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o(x 16.23). O termo mhr tambm ocorre comosubstantivo em Pv 27.1: No presumas do dia deamanh, porque no sabes o que produzir o dia.

    B. Advrbios.mhr (rc=m=): amanh. O significado bsico desta

    palavra apresentado com nitidez em x 19.10: Dis-se tambm o SENHOR a Moiss: Vai ao povo esantifica-os hoje e amanh, e lavem eles as suas ves-tes. Em algumas passagens, o idioma acadiano paralelo prximo usada a expresso ym mhr:Assim, testificar por mim a minha justia no dia deamanh (Gn 30.33). Na grande maioria das passa-gens, mhr usado sozinho (usado incondicionalmen-te) significa amanh: Eis que saio de ti e orarei aoSENHOR, que estes enxames de moscas se retiremamanh de Fara, dos seus servos e do seu povo(x 8.29). De maneira interessante, em x 8.10 empregada a expresso lemhr (que ocorre cincovezes na Bblia): E ele disse: Amanh. Usada coma preposio ke, a palavra significa amanh mais oumenos nesta hora: Eis que amanh, por este tem-po, farei chover saraiva mui grave (x 9.18).

    mhort (tr=c7m=): o prximo dia. Estreitamenterelacionado com o substantivo mhr est este ad-vrbio que ocorre por volta de 32 vezes e em todosos perodos do hebraico bblico. Cerca de 28 vezesmhort est unido com a preposio min para sig-nificar no prximo dia. Esta a sua forma e signi-ficado em sua primeira ocorrncia bblica: E suce-deu, no outro dia (Gn 19.34). Em trs passagens,este advrbio precedido pela preposio le, mas osignificado o mesmo: E feriu-os Davi, desde ocrepsculo at tarde do dia seguinte (1 Sm 30.17).Em Nm 11.32, mhort aparece depois de ym,dia, e precedido pelo artigo definido: Ento, opovo se levantou todo aquele dia, e toda aquela noi-te, e todo o dia seguinte, e colheram as codornizes.Primeiro Crnicas 29.21 exibe outra construo, como mesmo significado: E, ao outro dia.

    AMALDIOAR AMANH

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    C. Verbo.O verbo har significa ficar para atrs, tardar,

    demorar. Este verbo, que raramente ocorre nohebraico bblico, considerado a raiz de mhr, ama-nh. Este verbo aparece em Pv 23.30: Para os quese demoram perto do vinho, para os que andambuscando bebida misturada. O significado tardartambm ocorre em Jz 5.28: Por que tarda em vir oseu carro?

    AMARA. Verbo.

    hab (bh-a=) ou heb (bh2a=): amar, gostar. Esteverbo aparece no moabita e no ugartico. Ocorre emtodos os perodos do hebraico e ao redor de 250vezes na Bblia.

    Basicamente, este verbo equivalente a amarno sentido de ter um forte afeto emocional e desejoou de possuir ou de estar na presena do objeto.Primeiro, a palavra se refere ao amor que um ho-mem tem por uma mulher e uma mulher por umhomem. Tal amor est arraigado no desejo sexual,embora, por via de regra, o desejo esteja dentro doslimites das relaes legtimas: E Isaque trouxe-apara a tenda de sua me, Sara, e tomou a Rebeca, efoi-lhe por mulher, e amou-a (Gn 24.67). Estapalavra se refere a um amor ertico, mas legtimo,fora do casamento. Tal emoo pode ser um desejode se casar e cuidar do objeto desse amor, como nocaso do amor de Siqum por Din (Gn 34.3). Emraras ocasies hab (ou heb) significa no maisque pura luxria um desejo desregrado de terrelaes sexuais com seu objeto (cf. 2 Sm 13.1). Ocasamento pode ser consumado sem a presena deamor por um dos parceiros (Gn 29.30).

    Raramente hab (ou heb) diz respeito a fazeramor (isto representado pelo termo yda, conhe-cer, ou por skab, deitar-se). No obstante, a pala-vra parece ter este significado adicional em 1 Rs 11.1:E o rei Salomo amou muitas mulheres estranhas, eisso alm da filha de Fara (cf. Jr 2.25). Osias pareceusar esta acepo quando escreve que Deus lhe disse:Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigoe adltera (Os 3.1). Este o significado predominantedo verbo quando aparece no radical causativo (comoparticpio). Em todas as ocasies, menos uma (Zc 13.6),hab (ou heb) significa aquele com quem a pessoafez ou quis fazer amor: Sobe ao Lbano, e clama, elevanta a tua voz em Bas, e clama desde Abarim,porque esto quebrantados os teus namorados (Jr22.20; cf. Ez 16.33).

    O termo hab (ou heb) tambm usado paraaludir ao amor entre pais e filhos. Em sua primeiraocorrncia bblica, a palavra retrata o afeto especialde Abrao por seu filho Isaque: E disse: Tomaagora o teu filho, o teu nico filho, Isaque, a quemamas (Gn 22.2). A palavra hab (ou heb) podese referir ao amor familiar experimentado por umanora por sua sogra (Rt 4.15). Este tipo de amortambm representado pela palavra rham.

    s vezes, hab (ou heb) descreve um forteafeto especial que um escravo tem por seu senhorsob cujo domnio ele deseja permanecer: Mas, seaquele servo expressamente disser: Eu amo a meusenhor, e a minha mulher, e a meus filhos, noquero sair forro (x 21.5). Talvez aqui haja umaimplicao de amor familiar; ele ama seu senhorcomo um filho ama seu pai (cf. Dt 15.16). Estanfase pode estar em 1 Sm 16.21, onde lemos queSaul amou muito Davi. Israel veio a amar eadmirar profundamente Davi, de forma que elesobservavam todos os seus movimentos com admi-rao (1 Sm 18.16).

    Uso especial desta palavra diz respeito a umafeto especialmente ntimo entre amigos: A almade Jnatas se ligou com a alma de Davi; e Jnatas oamou como sua prpria alma (1 Sm 18.1). Em Lv19.18: Amars o teu prximo como a ti mesmo(cf. Lv 19.34; Dt 10.19), hab (ou heb) significaeste tipo fraterno ou amigvel de amor. Alm disso,a palavra sugere que o indivduo busca se relacionarcom seu irmo e todas as pessoas de acordo com oque est especificado na estrutura da lei que Deusdeu a Israel. Este devia ser o estado normal dasrelaes entre os homens.

    Este verbo usado politicamente para descrevera lealdade de um vassalo ou subordinado ao seusenhor. Hiro, rei de Tiro, amou Davi no sentidode que este lhe era completamente leal (1 Rs 5.1).

    O forte afeto e desejo emocional sugeridos porhab (ou heb) tambm podem ser estabelecidosem objetos, circunstncias, aes e relaes.

    B. Substantivo.ahabh (hb=h7a-): amor. Esta palavra aparece

    por cerca de 55 vezes e representa vrios tipos deamor. A primeira ocorrncia bblica de ahabhest em Gn 29.20, onde a palavra trata do amorentre homem e mulher como conceito geral. Em Os3.1, a palavra usada para aludir ao amor comoatividade sexual. Em 1 Sm 18.3, ahabh quer dizeramor entre amigos: E Jnatas e Davi fizeramaliana; porque Jnatas o amava como sua prpria

    AMANH AMAR

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    alma. A palavra se refere ao amor de Salomo em1 Rs 11.2 e ao amor de Deus em Dt 7.8.

    C. Particpio.hab (bh-a=): amigo. Esta palavra usada como

    particpio pode significar amigo: Os amigos dosricos so muitos (Pv 14.20).

    ANDARA. Verbo.

    hlak (K4l-h=): ir, caminhar, andar, passear, se-guir, comportar-se. Este verbo aparece na maioriados idiomas semticos (embora tenha um significa-do diferente no rabe). atestado em todos os per-odos do hebraico. O Antigo Testamento hebraico oatesta em torno de 1.550 vezes, enquanto que oaramaico o usa poucas vezes.

    Essencialmente, esta raiz diz respeito a movi-mento sem sugesto de direo no sentido de ir,quer do homem (Gn 9.23), animais (Gn 3.14) ouobjetos inanimados (Gn 2.14, primeira ocorrnciada palavra). s vezes, usado com nfase especialno fim ou objetivo da ao em mente. Os homensno so seno carne, um vento que passa [vai] eno volta (Sl 78.39). Aplicada existncia huma-na, a palavra sugere ir para a morte, como em Gn15.2, quando Abrao diz: Ento, disse Abro: Se-nhor JEOV, que me hs de dar? Pois ando [voupara a morte] sem filhos. Este verbo tambm usado para descrever o comportamento ou o modoem que a pessoa anda na vida. Aquele que andaem justia ser abenoado por Deus (Is 33.15). Istose refere a viver uma vida ntegra.

    Esta raiz empregada de vrias outras maneirasespeciais. usada para enfatizar que certa coisaaconteceu. Jac foi e pegou os cabritos que sua mepedira, em outras palavras, ele fez a ao de fato(Gn 27.14). Em Gn 8.3, as guas do Dilvio retro-cediam continuamente da superfcie da terra. svezes, este verbo implica movimento de afastamen-to, como em Gn 18.33, quando o Senhor se afas-tou de Abrao.

    dito que Deus anda ou passeia em trs sen-tidos. Primeiro, h certos casos em que Ele assumiualgum tipo de forma fsica. Por exemplo, Ado e Evaouviram o som de Deus passe


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