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1 Diana Csillag ANLISE DAS PRTICAS DE SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUO LATINO AMERICANOS Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia So Paulo 2007 Diana Csillag ANLISE DAS PRTICAS DE SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUO LATINO AMERICANOS Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia rea de Concentrao: Engenharia Construo Civil Orientador: Prof. Dr. Vanderley M. John So Paulo 2007 Ficha Catalogrfica Csillag, Diana Anlise das prticas de sustentabilidade em projetos de construo latino americanos / D. Csillag. -- So Paulo, 2007. p. 117 Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Construo Civil. 1.Construo civil (Projeto; Aspectos ambientais) AmricaLatina; Brasil I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Construo Civil II.t. Aos meus trs homens, amores da minha vida: Marcelo, Michel e Thomas, que esto sempre de bom humor e comum sorriso no rosto. AGRADECIMENTOS A Vanderley John pela orientao e inspirao durante todo o perodo de pesquisa, e compreenso e apoio durante minhas duas licenas. A Fundao Holcim pelo fornecimento e autorizao de uso do material do primeiro concurso Holcim Awards, 2005. Aos professores da minha banca de qualificao, OrestesM. Gonalves eFrancisco F. Cardoso pelos conselhos. professora do IME Claudia Peixoto pela orientao na parte de estatstica. Aoscolegasda Poli: Bruno Lus Daminelli, Clarice Degani, Clvis Nita, Denise Alves Pithan, Fernando Amato, Gisele Sanches da Silva, Humberto Tamaki, Juan Francisco TemocheEsquivel,OdairBarbosadeMoraes,SrgionguloeVanessaMontoro Taborianski. s colegas da Fau: Ceclia Meller e Daniela Laudares. s amigas Isabel Konder Comparato e Karine Murascho pelo apoio. Ftima Regina Gonalves e todo pessoal da secretaria do PCC. Aomeumaridopelocompanheirismo,compreenso,foraepelasinmeras leituras. Aos meus filhos Michel e Thomas por estarem sempre sorrindo. Ao meu pai Joo Mario, minha me Sofia e meus irmos Leo, Cludio e Paula. A todos que de uma forma ou de outra participaram deste mestrado. Anlise das Prticas de Sustentabilidade v RESUMO Estetrabalhotemcomoobjetivoidentificarosconceitosdesustentabilidade consolidadosnaprticaemprojetoseempreendimentosdeconstruonaAmrica Latinae,emparticular,noBrasil.Paratantofoiutilizadocomorefernciaos projetosparticipantesdoPrimeiroConcursoInternacionalparaConstruo SustentvelHolcimAwards2005,combasenoqualfoifeitoumlevantamento estatstico das prticas de diferentes aes incorporadas nos projetos. Comestelevantamento,pode-setraarumperfildoprojetistabrasileiroelatino-americano. Sobretudo,esteestudopermiteidentificaraslacunasnasprticasde sustentabilidade. Conclui-sequeoconceitodepreservaoambientalestconsolidadoparaos projetistaslatino-americanosebrasileiros;porm,oconceitodesustentabilidade noest.Faltammaisaesrelacionadassdimensessociaiseeconmicasnos projetos que se ocupam predominantemente com a dimenso ambiental.Dentro da dimensoambiental,osconceitosmaisconsolidadosestoassociadosenergia, guaemateriais.Nota-sequehlacunasnautilizaodemtodosmodernos, intensivos em tecnologia e que envolvam o ciclo de vida da construo. Estespontosservemdebaseparaempreenderaesquevisemamaiorinsero de sustentabilidade nos projetos de construo civil. Palavras-chave: sustentabilidade, construo sustentvel. Anlise das Prticas de Sustentabilidade vi ABSTRACT Theaimofthisworkistoidentifytheconsolidatedpracticeswithrespectto sustainabilityutilizedinconstructionprojectsinLatinAmericaandespeciallyin Brazil. Thisstudyisbasedondataobtainedfromprojectssubmittedtothefirst International Holcim Award for Sustainable Construction 2005. A statistical studyof this data was undertaken, the result of which is an outline of BraziliansandLatinAmericansdesigners.Aboveall,thisstudycanidentifythe gaps related to applications of sustainable design practices. Thestudyshowsthatenvironmentalpreservationisaconsolidatedpracticeto Brazilian and Latin American designers while the concept of sustainability is not. The projects that focus mainly onthe environmental dimension should incorporate more actionsrelatedtosocialandeconomicaldimensions.Withintheenvironmental dimension the dominating practices deal with energy, materials and water. Gaps are identifiedinthelackofuseofmodern,technologyintensivemethodsandinthe scarcity of dealing with the whole life cycle of the building. These results can be used as a basis for actions that aim at inserting higher levels of sustainability in construction projects. Keywords: sustainability, sustainable construction. Anlise das Prticas de Sustentabilidade vii Lista de Figuras Figura 2.1Indicao dos Sistemas de Avaliao por Continente9 Figura 2.2Proporo de pessoas que vivem com menos de US$1 por dia na Amrica Latina e Caribe11 Figura 2.3Classificao dos itens de avaliao em Q e L29 Figura 3.1Pgina de apresentao do projeto Telhados Verdes para Buenos Aires43 Figura 3.2Apresentao do projeto Escola Energia Mnima44 Figura 3.3Pgina de apresentao do projeto de Integrao Urbana45 Figura 3.4Primeira pgina de apresentao de um projeto participante do concurso47 Figura 3.5Segunda pgina do formulrio de apresentao de um projeto participante do concurso.48 Figura 3.6Terceira pgina do formulrio de apresentao de um projeto participante do concurso.49 Figura 4.1Freqncia da presena das dimenses do trip de sustentabilidade por rea de projeto57 Figura 4.2Presena simultnea das trs dimenses por rea de projeto58 Figura 4.3Freqncia da presena das dimenses de sustentabilidade por pas 59 Figura 4.4Anlise das participaes simultneas das dimenses de sustentabilidade na Amrica Latina.60 Figura 4.5Proporo da Presena Simultnea das Trs Dimenses de Sustentabilidade por Pas61 Figura 4.6Proporo da presena das Dimenses de Sustentabilidade simultneas nos Projetos Brasileiros. 71 Figura 4.7Proporo dos Projetos em Relao a rea de Atuao75 Anlise das Prticas de Sustentabilidade viii Figura 4.8Presena das Trs Dimenses de Sustentabilidade Simultaneamente por rea de Projeto76 Figura 5.1Participao Simultnea das Dimenses de Sustentabilidade Amostra Enviesada (Validao)91 Figura 6.1Itens quase ausentes na maioria dos projetos brasileiros100 Figura 6.2Itens presentes que podem melhorar sua participao nos projetos brasileiros. 101 Anlise das Prticas de Sustentabilidade ix Lista de Tabelas Tabela 2.1Dados de Populao Mundial e da Amrica Latina10 Tabela 2.2Comparao da atuao das ferramentas no ciclo de vida dos empreendimentos20 Tabela 2.3Estrutura do BRE EcoHomes22 Tabela 2.4Estrutura de avaliao do LEED25 Tabela 2.5Sistemas de avaliao que compem o CASBEE27 Tabela 2.6Estrutura de avaliao do CASBEE30 Tabela 2.7Organizao dos Domnios HQE em Metas32 Tabela 2.8Aes associadas a verificao de sustentabilidade e sua relao com os sistemas de avaliao37 Tabela 3.1Relao entre a Amostra da Pesquisa e Inscritos no Concurso53 Tabela 4.1Participao da Dimenso Ambiental e suas Sub-dimenses Detalhadas por Pas62 Tabela 4.2Sub-dimenses e aes ambientais nos projetos Argentinos63 Tabela 4.3Sub-dimenses e Aes Ambientais dos Projetos Brasileiros64 Tabela 4.4Sub-dimenses e Aes Ambientais dos Projetos da Colmbia65 Tabela 4.5Sub-dimenses e Aes Ambientais dos Projetos Mexicanos66 Tabela 4.6Aes mais freqentes incorporadas na Dimenso social para pases selecionados. 67 Tabela 4.7Aes mais freqentes incorporadas na Dimenso econmica para pases selecionados.68 Tabela 4.8Comparao entre reas de Projeto em Relao a Presena das Dimenses e Sub-dimenses.75 Tabela 4.9Projetos Arquitetnicos por Tipos com as Quantidades Presente na Amostra77 Tabela 4.10Projetos Arquitetnicos77 Tabela 4.11Projetos Pblicos79 Tabela 4.12Planejamento Urbano80 Anlise das Prticas de Sustentabilidade x Tabela 4.13Projeto de Engenharia81 Tabela 4.14Projeto Grupo Outros82 Tabela 4.15Aes citadas menos de 10% nos projetos Latino Americanos e nos projetos Brasileiros83 Tabela 5.1Dados dos Melhores Projetos89 Tabela 5.2Porcentagem da presena das aes relativas a dimenso social no Brasil.92 Tabela 5.3Porcentagem da presena das aes relativas a dimenso econmica no Brasil da amostra dos melhores projetos.92 Tabela 5.4Porcentagem do item mais citado daao energia do Brasil da amostra dos melhores projetos.93 Tabela 5.5Porcentagem do item mais citado daao gua no Brasil da amostra dos melhores projetos. 93 Tabela 5.6Porcentagem do item mais citado daao materiais no Brasil da amostra dos melhores projetos. 93 Tabela 6.1Diferena entre a agenda marrom e a agenda verde98 Anlise das Prticas de Sustentabilidade xi LISTA DE ABREVIATURAS ABNTAssociao Brasileira de Normas Tcnicas ASHRAEAmericanSocietyofHeating,RefregeratingandAirConditioning Engineers, Estados Unidos. ASTMAmerican Society for Testing and Materials, Estados Unidos BREEAMBuildingResearchEstablishmentEnvironmentalAssessmentMethod, Reino Unido CASBEEComprehensiveAssessmentSystemforBuildingEnvironmental Efficiency, Japo CFCClorofluorcarbono CIBInternationalCouncilforResearchandInnovationinBuildingand Construction, Holanda CONAMAConselho Nacional do Meio Ambiente, Brasil CSTBCentre Scientifique et Tecnique du Btiment, Frana DOEU.S. Department of Energy, Estados Unidos ENTACEncontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo, Brasil EPAEnvironmental Protection Agency, Estados Unidos HQEHaute qualit environnementale, Frana IPCCPaindel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas ISAInstituto Scio-Ambiental, Brasil LEEDLeadership in Energy and Environmental Design, Estados Unidos NOXxido de Nitrognio NSSDNational Strategies for Sustainable Development OITOrganizao internacional do Trabalho PBQP-HProgramaBrasileirodeQualidadeeProdutividadenaConstruo Habitacional, Brasil PPMPartculas por Milho Anlise das Prticas de Sustentabilidade xii RCDResduos de Construo e Demolio SINATSistema Nacional de Avaliao Tcnica de Produtos, Brasil UNEPUnited Nations Environment Programme UNPPUnited Nations Population Division USGBCU.S. Green Building Council, Estados Unidos VOCsVolatile Organic Compound Anlise das Prticas de Sustentabilidade xiii Sumrio RESUMOV ABSTRACTVI LISTA DE FIGURASVII LISTA DE TABELASIX LISTA DE ABREVIATURASXI 1.INTRODUO1 1.1OBJETIVO1 1.2JUSTIFICATIVA1 1.3ESTRATGIA PARA REALIZAO DOS O BJETIVOS4 1.4ESTRUTURA DA DISSERTAO7 2.REVISO BIBLIOGRFICA9 2.1IMPACTOS DA ATIVIDADE HUMANA NO AMBIENTE10 2.2DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL12 2.3CONSTRUO SUSTENTVEL15 2.4SISTEMAS DE AVALIAO18 2.5SISTEMAS DE AVALIAO EXISTENTES20 2.5.1BREEAM BUILDING ESTABLISHMENT ASSESSMENT METHOD20 2.5.2LEED LEADERSHIP IN ENERGY AND ENVIRONMENTAL DESIGN23 2.5.3CASBEE COMPREHENSIVE ASSESSMENT SYSTEM FOR BUILDING ENVIRONMENTAL EFFICIENCY27 2.5.4HQE HAUTE QUALIT ENVIRONNEMENTALE30 Anlise das Prticas de Sustentabilidade xiv 2.5.5SISTEMAS E MTODOS PARA AVALIAO DA DIMENSO SOCIAL E ECONMICA34 2.5.5.1 Instituto Ethos34 2.5.5.2 Agenda 21 para Construo Sustentvel para Pases em Desenvolvimento 35 2.6COMPARAO DAS AES IDENTIFICADAS COM AS ADOTADAS NAS METODOLOGIAS ANALISADAS37 3.METODOLOGIA DE TRABALHO40 3.1O PRMIO HOLCIM PARA CONCURSO CONSTRUO SUSTENTVEL40 3.1.1PROJETOS VENCEDORES DAETAPA REGIONAL LATINO AMERICANO42 3.1.1.1 Primeiro Lugar da Etapa Latino Americana Telhados Verdes42 3.1.1.2 Segundo Lugar Etapa Latino Americana Escola Energia Mnima44 3.1.1.3 Terceiro lugar etapa Latino Americana e Vencedor da etapa mundial - Projeto de Integrao Urbana45 3.1.2PADRONIZAO DA APRESENTAO DOS PROJETOS46 3.1.3SISTEMA DO CONCURSO REGIONAL49 3.1.4PROCEDIMENTO DE ANLISE E PR-CLASSIFICAO50 3.1.5INSCRITOS NO SUB-GRUPO AMRICA LATINA51 3.2METAS ANALISADAS NESTE TRABALHO51 3.3ETAPAS DA ANLISE DAS PLANILHAS52 3.3.1LIDANDO COM DADOS INCOMPLETOS52 3.3.2CONSTRUO DA AMOSTRA PARA ESTUDO52 3.3.3METODOLOGIA DE ANLISE DOS DADOS54 3.3.4VALIDAO DOS DADOS54 3.3.5DISCUSSO DOS RESULTADOS54 4.ANLISE DOS DADOS55 4.1ANLISE GERAL56 4.1.1ANLISE GERAL POR REA DE PROJETO56 4.1.2ANLISE GERAL POR PAS58 4.1.3PRESENA SIMULTNEA DO TRIP DE SUSTENTABILIDADE60 Anlise das Prticas de Sustentabilidade xv 4.2ANLISE DETALHADA POR PAS61 4.2.1ANALISE DA DIMENSO AMBIENTAL62 4.2.2ANLISE DA DIMENSO SOCIAL67 4.2.3ANLISE DA DIMENSO ECONMICA68 4.2.4DISCUSSO DAS AES DE SUSTENTABILIDADE69 4.2.5DISCUSSO DAS AES DE SUSTENTABILIDADE DOS PROJETOS BRASILEIROS70 4.3ANLISE DETALHADA POR REA DE PROJETO74 4.3.1ARQUITETURA76 4.3.2PROJETOS PBLICOS78 4.3.3PROJETOS URBANOS79 4.3.4PROJETOS DE ENGENHARIA81 4.3.5OUTROS82 4.4AES COM BAIXA PRESENA82 4.5CONCLUSES DO CAPTULO85 5.VALIDAO87 5.1VALIDAO DA ANLISE GERAL DA AMRICA LATINA88 5.2VALIDAO DA ANLISE DETALHADA DAS AES91 5.3CONCLUSO: PERFIL DOS PROJETISTAS LATINO-AMERICANOS94 5.4CONCLUSO: PERFIL DOS PROJETISTAS BRASILEIROS95 6.DISCUSSO98 6.1PERFIL DO PROJETISTA BRASILEIRO99 6.2LIMITAES DOS PERFIS LEVANTADOS102 6.3FORMAO DE RECURSOS HUMANOS PARA CONSTRUES SUSTENTVEIS103 6.3.1EDUCAO DOS AGENTES103 6.3.2PROMOO DA SUSTENTABILIDADE104 Anlise das Prticas de Sustentabilidade xvi 7.CONCLUSO105 7.1TRABALHOS FUTUROS107 8.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS108 9. APNDICE (CD-ROM) Planilha com dados dos projetos participantes do Primeiro Concurso Holcim Awards 2005.Anlise das Prticas de Sustentabilidade 1 1.Introduo 1.1Objetivo Oobjetivodestetrabalhoidentificarosconceitosconsolidadosnaprticaem projetoseempreendimentosdeconstruosustentvelnaAmricaLatinae,em particular,noBrasil.Apartirdestecenrio,pretendemostraaroperfildos projetistaseverificaraexistnciadelacunasnoprojetoenaformaodos projetistas, com relao a uma viso ampla de sustentabilidade. Pretende-seanalisarprojetosconsideradossustentveis pelos prprios autores que participaram da etapa regional latino americana do Concurso Holcim deConstruo Sustentvel promovido pela fundaoHolcim em 2005.Aanlisedasprticasser feita sob o prprio vis do concurso, ou seja, os projetos devem abordar o tripde sustentabilidade.Oconceitode sustentabilidadeutilizado naanlisebaseadona Agenda 21 para Pases em Desenvolvimento (PLESSIS, 2002) e em alguns sistemas de avaliao consolidados no mercado.1.2J ustificativa Estetrabalhoprocuroucompreendercomooconceitodesustentabilidadeest sendoincorporadonosprojetosdeconstruo.Comosofeitasasconstrues classificadascomosustentveisnaAmricaLatina?EnoBrasil?Quaisositens abordados? O que o projetista deveria incorporar e no o faz? Dentre as diversas atividades de impacto sobre o meio ambiente, a construo civil uma daspredominantes.Oesforoglobalparaalcanarasustentabilidadedeve incluir o setor da construo e todos os setores associados ao seu ciclo de vida. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 2 Apreocupaocomomeioambienteecomsustentabilidadenoummero modismo.Estudosmodernossobresociedadesquenopassadoentraramem colapsomostramopapelqueomeioambientetevenestedestino.Segundo Diamond(DIAMOND,2005),associedadesdopassadopassaramporprocessos pelosquaisminaramasimesmasaodanificaremomeioambiente.Hoje continuamosenfrentandoproblemasambientaisdetiposeintensidadesdiferentes que ameaam nossa permanncia na terra. AsconclusesdoIPCCPainelIntergovernamentalsobreMudanaClimticaem 2007mostramoimpactodaatividadehumananomeioambienteeaurgnciade uma mudana. O relatrio ressalta que o aumento dos gases de efeito estufa ainda podeserdetidocomcustosrelativamentebaixosseoprocessodemelhorafor iniciadoagora.Ocenrioparareduodeemissesquepermitirialimitaro aquecimentoglobala2C,segundoodocumento,supeumaestabilizaona concentrao de gases de efeito estufa na atmosfera em um valor de cerca de 445 partespormilho(ppm).Asconcentraesatmosfricasatuaisequivalemacerca de 425 ppm. Antes da Revoluo Industrial, a taxa era de 280 ppm (IPCC, 2007). Somadoaestediagnsticoambiental,oRelatrioSternreforaestaviso, discutindoocustodainsustentabilidadeambientaledesuapreveno.Orelatrio alertaparaadrsticacriseeconmica mundialquevircasoessatendnciano sejaalterada.Tambmavaliaosefeitoseconmicosdecorrentesdosimpactos ambientaisevaialm,afirmandoqueoscustosdenosefazernadaso incomparavelmente mais elevados do que os custos de se tomar providncias. Stern diretonassuasafirmaes:Amudanaclimticaapresentaumdesafionico cinciaeconmica:trata-sedomaioremaisabrangentefracassodemercadoj vista.(Climatechangepresentsanuniquechallengeforeconomics:itisthe greatest and widest-ranging market failure ever seen). (STERN, 2006). Algumasdasconseqnciasdestes impactosjsovisveisparaapopulao.So urgentesasaesparamitig-loseassimminimizarmosasconseqncias negativas causados pelo aquecimento global, buraco na camada de oznio, extino Anlise das Prticas de Sustentabilidade 3 deanimaiseplantas,diminuiodasreasverdes,chuvacida,poluiodosolo, gua e ar. SegundooUnepGlobalEnvironmentOutlook3(UN-GEO3,2002),aproximadamente70%dasuperfciedoplanetaesuavidaselvagemser impactadaoudestrudaat2032senofortomadanenhumaprovidnciaagora (HALLS; ROVERS 2003). O ambiente construdo continua crescendo e a maior parte destecrescimentoocorrenospasessubdesenvolvidosenospasesem desenvolvimento,devidoaoaumentodapopulaoeaocrescimentoeconmico. Estima-sequeapopulaomundialalcanar8bilhesdehabitantesem2025, sendoque98%doaumentopopulacionalocorrerempasesemdesenvolvimento (HALLS; ROVERS 2003).Com estes dadosemmente,ficaclaraanecessidadede encorajareaumentarasustentabilidadeemcadasegmentodeatividadehumana, inclusivenodaconstruo.Seporumladoaconstruocivilumdossetoresda sociedade que mais impactam no meio ambiente, por outro lado tambm um dos setoresquemaisempregamnospasesemdesenvolvimento(PLESSIS,2002). Enquanto o ambiente construdo prov casas, emprego, recreao e dignidade para bilhes de pessoas, muitas ainda esto excludas destes benefcios. ComonotouDiamond(DIAMOND,2005),arespostadadaporumasociedadeao dano ambiental causado crucial no destino desta sociedade, seja ele o colapso ou o sucesso.O desenvolvimento sustentvel uma proposta de ao para enfrentar este desafio. Estetrabalhobuscoucompreenderoqueconstruosustentvelparaos projetistas Latino americanos.Para tanto, aproveitamos a oportunidade de analisar osdadosdosprojetosparticipantesdoPrimeiroConcursoInternacionalpara Construo Sustentvel Holcim Awards 2005(etapa latino americana) e realizamos um estudo estatstico das aes incorporadas nestes projetos. Osproblemasdesustentabilidadesotratadosdeformadiferenciadanospases desenvolvidos e nos pases em desenvolvimento.As diferenas ambientais, sociais Anlise das Prticas de Sustentabilidade 4 e econmicas entre estes dois blocos fazem com que o conceito de sustentabilidade tenhafocosdistintosemcadaregio.Ospasesemdesenvolvimentopossuem carnciasprimriasemreassociaiseeconmicas,asquaisjestoemgrande parteresolvidasnospasesemdesenvolvimento.Destaforma,anoode sustentabilidadeparapasesemdesenvolvimentodevelevaremcontaa necessidade de sanar estas deficincias. NossotrabalhoseconcentranoestudodasprticasdeprojetodospasesLatino-AmericanoseprincipalmentedoBrasil.Apesardeteremdiferentessituaes climticas, culturais e econmicas, h muitas semelhanas. Nestes pases h grande desigualdadesocial,hcarnciadeinfra-estruturaeserviosbsicosdevidoaum processodeurbanizaorpidaesemplanejamento.Amaioriadestespasestem umpassadocolonialeescravocrata.Almdestesfatoresdeuniogeogrficae cultural, a escolha de concentrao da rea de estudo em pases latino-americanos sedeveprincipalmentepeladisponibilidadededadossobreprticasdeprojeto nestes pases. Aconstruociviltemforteparticipaonosproblemasambientais.Poreste motivo,todasasconquistasalcanadasnareatrarogranderepercussoparao meio ambiente, tanto no mbito scio-econmico como no ambiental(JOHN, 2000). 1.3Estratgia para Realizao dos Objetivos Para atingir os objetivos acima descritos, este trabalho foi desenvolvido em quatro etapas. Primeiro,aescolhadecritriosparaavaliaodesustentabilidadeemprojetosde construo.Paratanto,levou-seemconsideraoasdiversasdefiniesde sustentabilidadepropostasnaliteratura.Estudamosositensquetmsido apontadoscomorepresentativosdesustentabilidadetantonacomunidade acadmicacomonossistemasdeavaliaoquecertificamaincorporaode Anlise das Prticas de Sustentabilidade 5 conceitos de sustentabilidade, existentes em vrios pases do exterior.O resultado destatarefaumalistadeaescujapresenapermiteavaliarograude sustentabilidade de um projeto. Segundo,olevantamentodoperfildosprojetistasdeempreendimentosda construo civil.Para isso, utilizaram-se dados das inscries latino-americanas no Concurso Holcim para Construo Sustentvel, com nfase nos projetos brasileiros.Estaanlisefoifeitabaseadanoscritriosdeavaliaoapresentadosnaetapa anterior.Devidoexistnciadedadosincompletos,foirealizadaumaamostra aleatria dos dados do concurso balanceada de acordo com o nmero de inscries por pas.A partir desta amostra computou-se o ndice de adoo de cada uma das aesdesustentabilidade,oquepermitiutraarumperfildosprojetistas. A identificao dasprticascomunsdeconstruosustentvel(econseqentemente dascarnciasdeconhecimento)foirealizadautilizandoanlisesestatsticas aplicadas sobre a amostra dos projetos. Terceiro,avalidaodosresultadasdaanlisedaetapaanterior.Baseadonas concluses da etapa anterior construiu-se uma nova amostra, de carter enviesado, visandodesafiarosresultadosobtidosnafaseanterior.Enfrentou-seaseguinte pergunta:seriamasdeficinciasencontradasnosprojetoscausadaspelapresena deprojetosdealunosaindaemformaooudeoutrosprojetistaspouco comprometidoscomasustentabilidade?Paraatacaresteproblema,foiconstruda umaamostraconsiderandoapenasosprojetoscommelhorpontuaonapr-classificao doconcurso.Sealgumasdeficinciaspermanecemnanovaamostra, istoindicaquerealmenteumacaractersticadoperfilglobaldosprojetistas.Por outro lado, se a deficincia no se manifesta na nova amostra, isto pode indicar os pontosquedistinguemosbonsprojetos.Oobjetivodestaetapafoiverificarseo perfilencontradonaamostraaleatriaconsistentecomoperfilencontradonos projetos considerados mais sustentveis. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 6 Quarto,aidentificaodelacunasnaformaodosprojetistaslatino-americanos comrelaoaoconceitodesustentabilidadenaconstruo.Estaslacunasforam identificadas com base no perfil validado dos projetistas obtido na etapa anterior. EstametodologiasebaseianaexistnciadedadosdoPrimeiroConcursoHolcim paraConstruoSustentvel,edioLatinaAmericana,quefoigentilmentecedida pela Fundao Holcim para a realizao desta pesquisa. Este concurso o nico at a presente data com abrangncia latina americana e brasileira. Aceita-seaquiahiptesequeoscandidatosutilizaramtodooseuconhecimento paravenceroconcurso,umavezqueoformatodoconcursonoexigiaqueo projetoestivesseemconstruo ouquetivesseaconstruoplanejada.Tambm ofereciaumprmioemdinheiroelevadoparaospadresdeconcursoslatino-americanos.O concurso premiava comUS$100.000paraoprimeirocolocado,com chance de concorrer a mais de US$1 milho na escala mundial. Esta combinao incentivou os candidatos aempregaremtodooseuconhecimento de forma a maximizar suas chances de vitria.Por estes motivos, presume-se que a tendncia a de maximizar a incorporao de aes sustentveis. Por outro lado, aausnciadeaessustentveispodeserjustificadadetrsmaneiras:pela limitao de espao para a descrio dos projetos o que levou a uma priorizao de algumas prticas; ou por determinadas praticas no serem consideradas relevantes naqueleprojeto;oupordesconhecimento,queidentificadocomoumafalhana formao do projetista. Emnossaanlise,acabamoscreditandoaausnciadasaesdesustentabilidade primordialmenteafalhasdeformaodosprojetistas.Comrelao limitaode espao,estaopoacaba-sediluindoemumaamostradetamanhoconsidervel, comoaquetivemosaonossodispor.Comrelaoverificaoderelevnciaou irrelevnciadedeterminadasprticas,admitidamenteestaspodeserfeitacom uma anlise detalhada da realidade local do projetista e da natureza do projeto.No entanto, nota-sequenaamostradavalidao,osbonsprojetosabordamtodasas Anlise das Prticas de Sustentabilidade 7 trs dimenses, o que permite presumir que a ausncia de meno destas de aes de projeto dentro de uma dimenso uma real falta de conhecimento. Abasededadosdoconcursofoiumararaoportunidadeparaidentificarprticas consolidadasnumdeterminadomomentoenvolvendoumnmeroconsidervelde projetistas. Admite-sequearevisobibliogrficafoisuficientementeabrangenteparadetectar as prticas de construo sustentvel disponveis no atual estado do conhecimento.Conseqentemente,adiferenaentreasprticasidentificadasnaliteraturaeas identificadasnaamostradosprojetossubmetidosaoconcurso(projetosindicam prticasconsolidadas)umindicativodaslacunasnoconhecimentodos profissionais da rea. 1.4Estrutura da Dissertao Aestruturadestetrabalhoestorganizadaemseiscaptulosconformedescritoa seguir. O captulo 1 descreve o objetivo, a justificativa e a metodologia do trabalho. Ocaptulo2defineoconceitodedesenvolvimentosustentveledeconstruo sustentvel.Abordaossistemasdeanliseeavaliaodeprojetoseedificaes paraverificaodasprticassustentveis.Mostraplanilhafeitaapartirdestes sistemas e usada como auxlio na avaliao dos projetos do Concurso Holcim. Ocaptulo3 descreve o Concurso Holcim, desde sua organizao, padronizaoda apresentao dos projetos pelos candidatos e o funcionamento da pr-avaliao dos projetos. Descreve ascinco metas do concurso e os participantes do sub-grupoda AmricaLatina.Descrevetambmametodologiadeanliseutilizadaecomofoi montada a amostra utilizada neste estudo. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 8 Ocaptulo4apresentaaanlisedosdados,aqualfoifeitasobtrsenfoques: anlisegeraldaAmricalatinaeduasanlisesdetalhadas: por pas e por rea de projeto. O captulo 5 apresenta a validao das concluses do captulo 4. Para tanto feita validao dos dados gerias da Amrica Latina e a validao detalhada das aes. O captulo 6 discute o perfil dos projetistas, sua formao e formas para promover a sustentabiliade na construo civil. O captulo 7 apresenta as concluses da pesquisa. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 9 2.Reviso Bibliogrfica Esta reviso bibliogrfica tem como enfoque o estudo de critrios para avaliao de sustentabilidadenaconstruocivil.Apresenta-seinicialmentecomoosimpactos negativosdaatividadehumanalevaramaosurgimentodoconceitode sustentabilidade e de desenvolvimentosustentvel. dadaateno especial para a agendasetorialdedesenvolvimentosustentveldareadeconstruocivilem pases em desenvolvimento. Aseguirsoselecionadoscritriospara anlisedasprticasdesustentabilidadena AmricaLatinarequerautilizaodecritriosparaavaliaodesustentabilidade. DadaaausnciadesistemasdeavaliaodesenvolvidosparaaAmricaLatina estescritriosseroretiradosdesistemanorte-americano,doiseuropeuseum asitico como mostra a Figura 2.1. Figura 2.1Indicao dos Sistemas de Avaliao por Continente Asmetodologiasdeavaliaoselecionadasforamasseguintes:LEED,norte americana; BREEAM, inglesa; HQE, francesa; e CASBEE, japonesa. Os motivos das escolhas destas metodologias foram os seguintes: LeedBr eeamHqe-Cst b Casbee Anlise das Prticas de Sustentabilidade 10 ?Todaselasforamfeitascomenfoquenomercado,oferecendouma certificao ambiental e/ou de sustentabilidade. ?AmetodologiaLEEDestsendoempregadanoBrasilparacertificaode edifcios, mesmo tendo sido projetada para outra realidade. ?A metodologia HQE est se preparando para entrar no Brasil. ?AmetodologiaBREEAMfoiaprimeiradasmetodologiaseporissouma referncia. ?AmetodologiaCASBEEumadasmaisrecentes,comenfoquetantono edifcio como em seu entrono. 2.1Impactos da Atividade Humana no Ambiente Asatividadeshumanasimpactamdiretamentenomeioambiente.Estasatividades podem levar degradao, poluio e esgotamento das reas que sofreram com a ao humana e a alterao do clima do planeta.Uma das aes humanas que mais impactamnomeioambienteaindstriadaconstruoeporessemotivouma dasforasmotrizparaoatendimentodemetasdedesenvolvimentosustentvel (SILVA, 2003). Aurbanizaoprovocaumafortepressoambiental.Nospasesem desenvolvimento, a busca pelo crescimento traz consigo o aumento da urbanizao. Segundo dados das Naes Unidas, quase metade da populao mundial mora em cidades.JnaAmricaLatinamaisde70%dapopulaomoraemcidades conforme ilustrado na Tabela 2.1. Este cenrio que era previsto apenas para 2030, apontaparaumasituaopreocupanteondecresceoimpactonomeioambiente (HABITAT, 1996). Tabela 2.1Dados de Populao Mundial e da Amrica Latina - Fonte: (UNPP, 2006) AnoPop MundialPop Mundial urbanoPop ALPop AL urbano 19603.031.93132,8%220.16749.2% 19905.294.87943%444.27170.9% 20006.124.12346.7%523.04875.4% 20056.514.75148.7%557.97977.4% Anlise das Prticas de Sustentabilidade 11 AnalisandoasituaoapenasdospasesdaAmricaLatina,vemosqueaindase encontraumaparcelagrandedapopulaovivendocommenosdeUS$1/dia em extrema pobreza. Erradicar esta situao uma das metas da Declarao do Milnio de 2000, estratgia das Naes Unidas para melhorar o desenvolvimento dos pases emdesenvolvimento.EstedocumentoapontaquenaAmricaLatinaainda encontramosquase10%dapopulaovivendoempobrezaextremaconforme ilustra as Figura 2.2 (MILLENNIUM, 2007). Figura 2.2 Proporo de pessoas que vivem com menos deUS$1 por dia na Amrica Latina e Caribe (MILLENIUM, 2007) O Relatrio do IPCC divulgado em abril de 2007afirmaqueosimpactosdasaes humanassoresponsveispelaalteraoclimticaequeseessatendnciano mudarocenriosercatastrfico.Orelatrioapontaumasadaestratgicapara contornaressatendnciavulnerveldomundosalteraesclimticas:o desenvolvimento sustentvel (IPCC, 2007). Segundo o relatrio, at hoje poucos planos que promovem a sustentabilidade tm includoestratgiasparamitigaraosimpactosdasmudanasclimticasoupara promoveracapacidadeadaptativa.OrelatrioIPCCafirmaquetornandoo desenvolvimento mais sustentvel contribui -se para mitigao da alterao do clima poispolticasdeeficinciaenergticaeenergiarenovvel,preservaodehabitat 10.3% 9.6%8.7%2004 1999 1990Anlise das Prticas de Sustentabilidade 12 natural e diminuio da destruio das florestas ajudam a conservar o solo, a gua e a biodiversidade. Menciona ainda como aes de mitigao na gesto de resduos, nosetordetransportesenaconstruocivil,naproduodebiomassa,na delimitao de reas protegidas e na gesto de terras podem minimizar os impactos da atividade humana (IPCC 2007). 2.2Desenvolvimento Sustentvel O termodesenvolvimento sustentvelfoioresultadodaevoluodepreocupaes originadasnadcadade70comacriseenergtica.Naquelapocahaviaa preocupao com a excessiva explorao do meio ambiente pelo homem. O foco do discursoestavacentradonicaeexclusivamentenoaspectoenergtico,pormfoi quandosepercebeuqueocrescimentomundialeeconmicoeralimitadopela disponibilidade de recursos ambientais (IZUMI, H. 2002). Na dcada de 80, o foco foi expandido, passando a englobar preocupaes com os resduos.Nadcadade90tornaram-seevidentesosproblemasambientais decorrentesdaemissodedixidodecarbononaatmosferaeoutrosgasesque contribuem paraoburaconacamadadeoznioeoefeitoestufa.Apreocupao comoaquecimentoglobalsomadaspreocupaesanterioresesurgemos termos edifcios sustentveis, eco-housing e symbiotic housing (IZUMI, H. 2002). A seguir apresentamos alguns dos marcos importantes na disseminao doconceito dedesenvolvimentosustentvel,comatenoespecialparasuainserona Amrica Latina. Em1987,aWorldCommissiononEnvironmentandDevelopment,tambm conhecidacomoaComissoBrundtland,nomedadoemhomenagemprimeira ministradaNoruegaGroHarlemBrundtlandqueencabeavaacomisso, gerouo relatrio Nosso Futuro Comum onde define o desenvolvimento sustentvel como: Anlise das Prticas de Sustentabilidade 13 DesenvolvimentoSustentvelodesenvolvimentoeconmicoesocial queatendasnecessidadesdageraoatualsemcomprometera habilidadedasgeraesfuturasatenderemasuasprprias necessidades (NSSD 2003). Estadefinioestabeleceuumbenchmarkemquetodasasoutrasdefiniesde sustentabilidade que a sucederam foram baseadas (BRIGGS, 2001). Ao longo do tempo muitas outras definies de desenvolvimento sustentvel foram propostas,buscandoumaabordagemmultidisciplinarquetantoexpandea abrangnciadadimensoeconmicaquantoenglobaadimensoambiental.Foi percebidoqueeranecessrioexpandiranoodesustentabilidadeaindamais, lidandocomtrsconceitosinteratuantes:ambientefsico,organizaessociaise processoseconmicos.Acombinaoebuscadoequilbrioentreestesconceitos ficaram conhecidas comotriplebottomline 1outripdesustentabilidade(SILVA, 2003).Neste trabalho, nos referimos s reas ambiental, econmica e social como as dimenses de sustentabilidade. Asmetasdodesenvolvimentosustentvelsganharamreconhecimentomundial apsaEco92-UnitedNationsConferenceonEnvironmentandDevelopment-UNCED, feita no Rio de Janeiro em 1992 (NSSD 2003). Desde ento foi aceito que a noodesustentabilidadeinclui aspectos de reutilizao de recursos naturais, bem comoosdesenvolvimentossociais,econmicoseculturais.Umdosprincipais resultadosdesteencontrofoiodocumentoAgenda21.Nestedocumentocadapas secomprometearefletir,globalelocalmente,noestudodesoluesparaos problemasscio-ambientais.Estedocumentooinstrumentopararompero paradigma da produo e do progresso. A produo linear deve sersubstituda por umaformadeproduocircular(ROGERS,1997;JOHN,2000).Oprogressodeve contemplaroequilbrioentreotodoeaspartespromovendoqualidadeeno apenas quantidade de crescimento.

1 Conceito desenvolvido pelo economista Ed Barbier em 1987. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 14 A Agenda21consolidaaidiadequeodesenvolvimento e a conservaodo meio ambientedevemconstituirumbinmioindissolvelquepromovaarupturado padrotradicionaldecrescimentoeconmicotornandocompatvelodireitoao desenvolvimento e o direito ao usufruto da vida em ambiente saudvel pelas futuras geraes. A Agenda 21 foi publicada e adotada por 178 pases (UNCED, 1992). CadapasadaptouaAgenda21parasuarealidadeecadasetordaeconomiaa adaptouparasuaespecificidade.FoielaboradaumaAgenda21considerandoas especificidadesdospasesemdesenvolvimento,aAgenda21ParaConstruo SustentvelemPasesemDesenvolvimento,queafirmaqueodesenvolvimento sustentvel umprocessocontnuo, quemantmumequilbriodinmicoentreas demandas por igualdade, prosperidade, qualidade de vida e o que ecologicamente vivel (PLESSIS, 2002). Dez anos depoisdo Eco 92,aONUpromoveuoutroeventomundialparadiscutiro meioambienteedesenvolvimentosustentvel,conhecidocomoRio+10ouEco 2002,queocorreuemJohannesburgo,nafricadoSul.Seuprincipalobjetivofoi discutir e avaliar os acertos e falhas nas aes relativas ao meio ambiente mundial, nosltimosdezanos.Apartirdestaavaliao,estabeleceram-semetasparaos prximosdezanos.Paralelamenteaoevento,ocorreuaconfernciamundialdas organizaesnogovernamentaissobremeioambienteedesenvolvimentosocial. Entre os temas debatidos, estavam os acessos energia limpa e renovvel, o efeito estufa,aconservaodabiodiversidade,aproteoeusodasfontesdegua,o acessoguapotvel,osaneamentoecontroledesubstnciasqumicasnocivas (RIO+10, 2002). Em2007orelatrioBruntlandfez20anos.Esteperodofoimarcadopormuitas reuniesediscussesepoucaaonombitogovernamental.Nestes20anos pode-se dizer que o relatrio teve pouca repercusso na prtica. (NOVAES, 2007). Anlise das Prticas de Sustentabilidade 15 Em2007orelatriodoIPCC(PainelIntergovernamentalsobreMudanas Climticas) afirma com mais certeza tudo que j vinha sido dito sobre a urgncia de atuao para evitar a mudana do clima no planeta (IPCC, 2007). 2.3Construo Sustentvel OsdiferentessetoresdasociedadecomearamareinterpretaraAgenda21para seus contextos especficos considerando suas agenda locais e setoriais. No setor da construo civil, as interpretaes mais relevantes so:Agenda Habitat II de 1996, CIB Agenda 21 on Sustainable Construction em1999 e Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing Countries de 2002. (SILVA, 2003). AConstruoSustentvelalcanadaquandoosconceitosdodesenvolvimento sustentvelforemaplicadosaolongodetodociclodevidadaconstruo /empreendimento.resultadodeumprocessomultidisciplinarcomoobjetivode restauraremanteraharmoniaentreoambiente natural e o ambiente construdo, enquantocriaassentamentosquereafirmamadignidadehumanaeencorajama igualdade econmica (PLESSIS, 2002). Oconceitodeciclodevidafoidesenvolvidoparaavaliaodosimpactosde produtoseoconceitoacabousendoaplicado em diversas reas.Ociclodevida ummtodoparaavaliarosimpactosambientaisdeumsistemaconsiderandoseu ciclodevidatotal, chamado de bero ao tmulo ou cradletograve. O conceito do ciclodevida considera todos os impactos associados produo e uso do sistema, desde o primeiro impacto do homem at o ultimo (EDWARDS; BENNETT 2003). Esse conceito orientou o desenvolvimento de metodologias para avaliao ambiental de edifcios que surgiram na dcada de 90. Considerandoseroprojetoopontodepartidadociclodevidadeumedifcio, espera-sequegrandepartedassoluesminimizadorasdeseusimpactos Anlise das Prticas de Sustentabilidade 16 ambientaispartadosarquitetosresponsveispor esta etapa(DEGANI;CARDOSO, 2003). A interao entre o edifcio e o meio ambiente se d em momentos distintos de sua existnciaeenvolvediferentesagentesdacadeiaprodutiva.Estainteraosed nas diversas fases do ciclo de vida da edificao: ?Planejamento:Fase inicial do ciclo de vida doedifcio.Sofeitosestudosde suaviabilidadefsica,econmicaefinanceira.elaboradooprojetoe especificaeseaindaaprogramaododesenvolvimentodasatividades construtivas.?Implantao: Fase de construo propriamente dita.?Uso:Fasedeoperaodoempreendimentoefasedeocupaodo empreendimento por seus usurios ?Manuteno:Fase que d origem reposio de componentes que atingiram suavidatiledemanutenodeequipamentosesistemasoucorreode falhas de execuo, patologias ou modernizao do empreendimento. ?Demolio:Fasedeinutilizaodoprodutoedifcioatravsdoprocessode desmonte (DEGANI; CARDOSO, 2003). Apreocupaocomastrsdimensesdotripdasustentabilidadedeveestar presente ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento. SegundoSilva,buscarumaconstruomaissustentvelfornecermaisvalor, poluir menos, ajudar no uso sustentado de recursos, responder mais efetivamente s partes interessadas e melhorar a qualidade de vida presente sem comprometer o futuro.abuscadoequilbrioentreaviabilidadeeconmicaquemantmas atividadesenegcios;aslimitaesdoambiente;easnecessidadesdasociedade (SILVA, 2003).

A DimensoSocial requer o desenvolvimento de sociedades justas que proporcione oportunidadesdedesenvolvimentohumanoeumnvelaceitveldequalidadede vida(SILVA,2003).Paraatenderaestademanda,precisoresponders Anlise das Prticas de Sustentabilidade 17 necessidadesdepessoasegrupossociaisenvolvidosemqualquerestgiodo processodeconstruo(planejamentoademolio),provendoaltasatisfaodo moradoredousurio,etrabalhandoestreitamentecomclientes,fornecedores, funcionrios e comunidades locais (BRE-CAR-ECLIPSE 2002). ADimensoEconmicarequerumsistemaeconmicoquefaciliteoacessoa recursos e oportunidades e o aumento de prosperidade para todos, dentro do limite doqueecologicamentepossvelesemferirosdireitoshumanos(SILVA,2003). Busca-se aumentar a lucratividade e o crescimento atravs do uso mais eficiente de recursos,incluindomodeobra,materiais,guaeenergia(BRE-CAR-ECLIPSE 2002). ADimensoAmbientalrequerumequilbrioentreproteodoambientefsicoe seus recursos e o uso destes recursos de forma a permitir que o planeta continue a suportarumaqualidadedevidaaceitvel(SILVA,2003).Paraissotorna-se necessrioevitarefeitosperigososepotencialmenteirreversveisnoambiente atravsdousocuidadosoderecursosnaturais,minimizandoosresduosea proteo e quando possvel melhoria do ambiente (BRE-CAR-ECLIPSE 2002). Adimensoambientalpodeserdetalhadaemvriassub-dimensespara possibilitarumaanlisemaisdetalhada.Paracadaumadestassub-dimensesh uma srie de aes consolidadas. Uma ao que teve bons resultados em uma parte do mundono garante queseja igualmenteaplicvelemoutraspartes.Esteoprincipalproblemaencontradona aplicao dos sistemasdeavaliaodesustentabilidadeemrealidadesdistintasda encontrada no pas que deu origem ao sistema de avaliao. Nestetrabalho,ossistemasdeavaliaoserviramdebaseparadefinirasaes indicadorasdesustentabilidadeemprojetos,e,portantomerecemummelhor detalhamento.Ossistemasdeavaliaoaquiestudadosseconcentram principalmentenadimensoambiental.Istoocorre,poisforamprojetadospara Anlise das Prticas de Sustentabilidade 18 pases desenvolvidos. Para selecionar as aes que compem as dimenses social e econmicaforamconsultadossistemasdeauto-avaliaodesenvolvidospelo InstitutoEthos(ETHOS,2007)eodocumentodaAgenda21paraConstruo Sustentvel em Pases em Desenvolvimento (PLESSIS, 2002). 2.4Sistemas de Avaliao Comademandaporsustentabilidadenasedificaesbusca-seumamelhorado desempenhoambientaldasedificaes.Foramentocriadosinstrumentosparaa avaliao das edificaes, formados por mtodos e softwares que chamaremos de sistemas de avaliao (LARSSON, 2004). Diversasiniciativasemvriospasesproduziraminstrumentosdeanlisetantode edificaes existentesouemfasedeprojeto.Cadapasdesenvolveuumsistema sob medida para sua legislao e sua realidade. Os sistemas podem ser agrupados em dois grupos (LARSSON, 2004): ?os sistemas orientados para o mercado, desenvolvidos para seremfacilmente absorvidospelosprojetistasouparareceberedivulgaroreconhecimento pelosesforosdispensadosparamelhorarodesempenhoambiental.So sistemassimples,associadosaalgumacertificaodedesempenho. Exemplosdestegrupodeferramentasso:BREEAM,LEED,CSTB-HQE, CASBEE etc. ?Os sistemas orientados para pesquisa, como GBC (Green Building Challenge). A nfase deste grupo a metodologia e a fundamentao cientfica. Osmetodologiasde avaliaodos edifciostemumpapeleducacionalimportante pois acabam influenciando projetistas quetransformam as aesdas metodologias em alvos para melhorar o desempenho do edifcio ou para atender as demandas dos proprietrios. Este efeito aparentemente benfico pode, porm, acabar levando para Anlise das Prticas de Sustentabilidade 19 uma soluo superficial que adiciona solues sem projet-las integralmente. Se um item no considerado importante num sistema, isto pode servir de desestmulo a sua incorporao, mesmo quando pertinente (LARSSON, 2004). Outroaspectoaserconsideradoaoestudaruma metodologia deavaliaoqual realidade (climtica, social,ambiental,tcnica) para qualfoicriada.Emparticular, estes sistemas de avaliao internacionais no se adequam realidade brasileira. NohnemnoBrasilnemnaAmricaLatinaumsistemadeavaliaode sustentabilidadeparaprojetos.Serodiscutidosaseguirexemplosdesistemas consolidadospelomercadointernacional.Foramescolhidos:osistemaingls Breeam(BRE,2006),oamericanoLEED(USGBC,2003),ofrancsHQE(CSTB, 2004) e o japons Casbee (JSBC, 2004). Estes sistemas de avaliao foram escolhidos por serem todos: ?Sistemas de avaliao com foco no mercado e por isso de fcil assimilao e grande divulgao. ?Sistemas voluntrios.?Sistemasqueacabaramcriandoumaconscinciasobreaimportnciado desempenho ambiental do edifcio / empreendimento em suas regies. ?Sistemas criados com a parceria entre projetistas e indstria. Oprimeiropassoaoescolherumsistemadeavaliaosaberqualasua abrangncia.Algunsnoabordamtodasasfasesdociclodevidado empreendimento,conformeilustraaTabela2.2;outrosnoconsideram determinados tpicos, conforme veremos adiante. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 20 Tabela 2.2Comparao da atuao das ferramentas no ciclo de vida dos empreendimentos Fonte: adaptadode (LARSSON, 2004) incluindo dados do HQE Sistemas de Avaliao Ciclo de Vida do Projeto PlanejamentoProjetoOperaoManutenoDemolio BREEAMxxxx LEEDxx CASBEExxxx HQExxxxx 2.5Sistemas de Avaliao Existentes AnalisaremosaseguirossistemasdeavaliaoBreeam,Leed,HQEeCasbee, buscando identificar as aes mais comuns para promover a sustentabilidade. 2.5.1BREEAM Building Establishment Assessment Method A metodologia de avaliao BREEAM, criado no Reino Unido em 1990, foi o primeiro sistema de avaliao ambiental.Foi feito pelo setor privado em parceria com o BRE (Building Research Establishment). O BREEAM conseguiu uma grande penetrao no mercado(65miledifcioscertificadosem2006)eacabouconquistandomercados externos.SeusistemafoiadaptadopararealidadeCanadense,deHongKonge aindatemversessendopreparadasparaDinamarca,Noruega,Austrlia,Nova Zelndia e Estados Unidos (SILVA, 2005). Osistematemcomoobjetivominimizarosimpactosambientaisdos empreendimentos tanto em fase deprojeto como para os j construdos. Paraisso dispedeavaliaesqueatuamnasdiferentesfasesdeconstruo,desdea especificao, orientada pelo Green Guide, o projeto avaliado pelo Breeam Envest, a execuoavaliada peloBreeamSmartwaste,afaseps-construocom oBreeam Building. O sistema BREEAM tambm cobre diferentes escalas de construo desde o planejamento at tipos diferentes de edificaes como residnciasunifamiliares e residncias multifamiliares, escritrios, lojas, prises e indstrias (BRE, 2006).Anlise das Prticas de Sustentabilidade 21 Aavaliaoverificaoatendimentodepontosmnimosdedesempenho,projetoe operaodeedifcioeatribuicrditosambientais.Osistemaatualizado regularmente(acada3-5anos)parabeneficiar-sedeavanosempesquisa,para refletir a experincia acumulada e alteraes nas prioridades de regulamentaes e do mercado, e para garantir que continue representando prticasdeexcelnciano momento da avaliao (SILVA, 2005). Para realizar a mensurao do edifcio, o sistema conta com avaliadores treinados e indicados pelo BREEAM. Utiliza-seaquicomorefernciaoEcohomes,osubsistemaqueseocupade moradias,porserdemaisfcilacessoeporseguirexatamenteasmesmas categoriasdoBREEAMforOffices,v.2004(BRE,2004).Nele,apontuaopode atingirat89crditos.Estescrditosestoassociadosaoitocategorias: gerncia; sade e bem-estar; energia; transporte; gua; materiais; uso do solo e ecologia; e poluio.Cadacategoriadetalhadaemrequisitosparaaobtenodecrditos. Estescrditossoposteriormenteponderadosparaobtenodondicede desempenhoambientalEPI,quecertificaoedifcioem quatropossveisnveisde certificao: aceitvel, bom, muito bom e excelente. (BRE, 2006). A Tabela 2.3 apresenta itens avaliados no BRE EcoHomes. Desta tabela, percebe-se que o foco da avaliao seconcentrava categoria energia (~21,5%), seguida por sade e bem-estar, uso do solo e ecologia, poluio e materiais, com pesos praticamenteidnticos(~15%)e,finalmente,usodegua,com10%(SILVA, 2005). Nesta metodologia no h meno a aes referentes dimenso social. Porm se refereaobem-estardousurioaomencionarositenstransportepblico, proximidadeaocomrcioeservios,eexistnciadeespaosprivativoscom qualidade. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 22 Tabela 2.3 Estrutura do BRE EcoHomes Fonte: BREEAM 2005 (SILVA, 2005). CategoriaTtuloCdigoCrditos disponveis Energia (20 pts; 21,42%) Emisso de CO2Ene 110 EnvelopeEne 25 Espaoparasecagemde roupas Ene 31 Eletrodomsticos certificados Ene 42 Iluminao externaEne 62 Transporte (8 pts; 8,56%) Transporte pblicoTra 12 Armazenamentode bicicletas Tra 22 Proximidadede amenidades locais Tra 33 HomeOfficeTra 41 Poluio (6 pts; 14,99%) ODPeGWPdos isolantes utilizados Pol 11 Emisso de NOxPol 23 Reduodeescoamento superficialdeguade chuva Pol 32 Fontedeenergiacom emisso zero Pol 41 Materiais (31 pts; 14,98%) Usodemadeira: elementos bsicos Mat 16 Usodemadeira: elementosde acabamento Mat 23 Facilidadespara reciclagem Mat 36 Impactoambientaldos materiais Mat 416 gua (6 pts; 10%) Usodegua internamente na UH Wat 15 Usodegua internamente UH Wat 21 Usodesoloeecologia (9 pts; 15,01%) Valor ecolgico do stioEco 11 Melhoriadovalor ecolgico do stio Eco 21 Proteodeaspectos ecolgicos Eco 31 Mudanadovalor ecolgico do stio Eco 44 Building Footprint Eco 52 Sadeebemestar (8 pts; 15,04%) Iluminao naturalHea 13 Isolamento acsticoHea 24 Espao privativoHea 31 Anlise das Prticas de Sustentabilidade 23 2.5.2LEED Leadership in Energy and Environmental Design O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) Green Building Rating SystemfoicriadonosEstadosUnidosem1994.umsistemavoluntrio.O sistema tem como objetivos: ?Definir o edifcio verde estabelecendo um padro nico de pontuao; ?Reconheceraimportnciadomeioambientenosegmentodaconstruo civil; ?Ajudar a construir a conscincia do edifcio verde ea transformar o mercado imobilirio. ?Certificar com selo Leed os edifcios que atingiram as metas estabelecidas. OsistemaLEEDanalisaaperformanceambientaldoedifcio,baseando-seem conceitoscientficosutilizadosnalegislaoenormatizaesnorte-americanos comoASHRAE2,ASTM3,EPA4eDOE5paraestimularestratgiassustentveis.O LEEDnoabordanenhumaspectodadimensosocial,sendoumcasotpicode agendaverde.Emborapossaservirdeorientaoparaoprojeto,suaconcepo visou certificao de edifcios existentes atravs de adeso voluntria. Existemversesdiferentesparaanalisaredifcioscomerciais,institucionaisou residenciais,emfasedeprojeto oujconstrudos.Apontuaoatribudapelo cumprimentoderequisitospr-definidosecombasenestapontuaopodemser estabelecidosdiversosnveisdecertificao.Estacertificaofeitapor consultores treinados (USGBC, 2003).

2readecondicionamentoartificial-AmericanSocietyofHeating,RefrigeratingandAir-conditionning Engineers. 3 rea de materiais- American Society for Testing and Materials. 4 rea ambiental - U.S. Environmental Protection Agency. 5 rea de energia - U.S. Department of Energy. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 24 Estaavaliaoutilizaumsistemadecrditospr-estabelecidosparauma listade verificao,quecertificaosprojetosquealcanaramdeterminadospatamaresde sustentabilidade.Esta lista abordatpicosdesustentabilidade,podendoalcanaro mximo de 69 pontos distribudos conforme a Tabela 2.4. O sistema tem embutido benchmarks, ou padres de referncia. No h ponderao eospesossoiguaisparatodosostpicos.Noentantoalgunstpicospodem alcanar mais pontos que outros. A singularidade do LEED resulta do fato de ser um documento consensual aprovado porempresasde13categoriasdaindstriadeconstruorepresentadosno conselhogestordoesquema.Suadisseminaofoifavorecidadevidooapoiode associaesefabricantesdemateriaiseprodutosnosEstadosUnidos(AGOPYAN; SILVA;SILVA,2001)queagoracomeaaestender-separaoCanad6(SILVA, 2005). Comumaestruturasimplesapontodeser,porisso,criticada,oLEEDbaseado emespecificaodedesempenhoambientaleenergticoemvezdecritrios prescritivos conforme ilustra Tabela 2.4. O critrio mnimo de nivelamento exigido para avaliao de um edifcio pelo LEED ocumprimentodeumasriedepr-requisitos.Satisfeitostodosestespr-requisitos,oedifciotorna-seelegvelapassarparaaetapadeanlisee classificao de desempenho, dada pelo nmero de crditos obtidos.

6 Em uma verso resultante da fuso do LEED com o BREEAM-Canada. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 25 Tabela 1.1Tabela 2.4 Estrutura de avaliao do LEED 2.1 (USGBC, 2003; SILVA, 2005). Categorias (% total de pontos)Pr-requisitos (7 PReq)Pontos(mx 69 pts) Stios sustentveis (20%) At 14 pts Seleo de reaControledeerosoe sedimentao 01 Redesenvolvimento urbano01 Redesenvolvimentodereascontaminadas (brownfields) 01 Transporte alternativoat 04 Reduo de perturbao no stio original at 02 Gesto de gua da chuvaat 02 Paisagismoeprojetodereasexternaspara reduo de ilhas de calor at 02 Reduo de poluio luminosa01 Uso eficiente de gua (7%) at 05 pts Paisagismo com uso eficiente de guaat 02 Tecnologias inovadoras para reutilizao de gua01 Conservao de guaat 02 Energia e atmosfera (25%) at 17 pts Otimizao do desempenho energticoVerificaode conformidadepr-entrega (commissioning). Eficinciaenergtica mnima. ReduodeCFCsnos equipamentosde condicionamentoe ventilao artificial 02 a 10 Uso de energia renovvelat 03 Verificaodeconformidadepr-entregaadicional (01 ponto) 01 ReduodeHCFC7s e Halons (dano camada de oznio) 01 Mensurao e verificao de desempenho01 Usodetecnologiasrenovveisedepoluiozer o: solar,elica,geotrmica,biomassaehidreltricas de baixo impacto. 01

7 HCFC - Hidroclorofluorcarbono. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 26 Materiais e recursos (19%)at 13 pontos Reutilizao de edifcioColetaearmazenamento dematerialreciclvel produzidopelosusurios do edifcio at 03 Gesto de RCDat 02 Reutilizao de recursosat 02 Materiais com contedo recicladoat 02 Materiais regionais /locaisat 02 Materiais rapidamente renovveis01 Uso de madeira certificada01 Qualidade do ambiente interno (22%) at 15 pts Monitoramento de CO2Qualidadedoarinterno mnima Controleambientalde fumaa de cigarros 01 Aumento eficincia de ventilao01 Plano de gesto de qualidade do ar interno durante o processo de construo at 02 Materiais com baixa liberao de VOCs8at 04 Controle de poluio interna por origem qumica01 Controlabilidade dos sistemas pelos usuriosat 02 Conforto trmicoat 02 Luz natural e vista para o exteriorat 02 Inovao e processo de projeto (7%) at 05 pontos Inovao(estratgiasdeprojetoeusode tecnologias) at 04 Envolvimento de profissional habilitado pelo LEED01 Amaiornfasedosistemaest notpicodeenergiaeatmosfera,com25%da pontuao, seguido de qualidade interna do ar, com 22%, stiossustentveis,com 20%, e depois materiais, gua e inovao e processo de projeto (USGBC, 2003). Naetapadeanliseeclassificaodedesempenho,casooedifcioatinjaum mnimo de 40% dos pontos, ele ser certificado em um dos quatro nveis mostrados

8 VOCs (Volatile Organic Compounds) - Compostos orgnicos volteis. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 27 comeando no mais simples com 26 pontos, podendo alcanar o nvelmximo com 52 pontos ou mais. 2.5.3CasbeeComprehensiveAssessmentSystemforBuilding Environmental Efficiency O Sistema Japons Casbee foi criado em 2002. Este sistema constitudo de quatro metodologiasdeanlise,conformeilustradonaTabela2.5:Casbeepr-projeto; Casbeenovasconstrues;Casbeeparaedifciosexistentes;eCasbeepara renovaes(JSBC,2004).Seupblicoalvosoosprojetistas,engenheirose arquitetos (JSBC, 2004). Tabela 2.5Sistemas de avaliao que compem o CASBEE (JSBC, 2004) Metodologia deAvaliaoUsuriosObjetivos /caractersticas Edifcios novos Ferramenta de avaliao pr-projeto Proprietrios planejadores projetistas Identificaodocontextobsico doprojeto,comnfaseem seleodereaeimpactos bsicos do projeto.Ferramenta de projeto para o ambiente (DfE) Projetistas construtores Testesimplesdeauto-avaliao paraauxiliaramelhorara eficinciaambientaldoedifcio (BEE)duranteoprocessode projeto Edifcios existentes Ferramenta de certificao ambiental Proprietrios, projetistas, construtores,agentes imobilirios. Classificaredifciosconcludos, segundosuaeficincia ambiental.Determinarovalor bsicodemercadodoedifcio certificado Ferramenta de avaliao ps-projeto (operao e renovao sustentveis) Proprietrios projetistas operadores /gestores Proverinformaessobrecomo melhorar a BEE durante a etapa de operao O sistema de avaliao Casbee interpreta o edifcio por um espao interno (privado) eumexterno(pblico)delimitadoporumlimitehipotticodefinidopelostio.O Anlise das Prticas de Sustentabilidade 28 sistemadefinedoisfatores,QeL.OfatorQavaliaaqualidadeeperformance ambiental do edifcio do ponto de vista do usurio dentro da propriedade privada. J ofatorLrefere-seacargasambientaisdoedifcioeavaliaoimpactonoespao pblico. Para tanto o Casbee avalia quatro aspectos: ?Eficincia energtica. ?Eficincia no uso de recursos naturais. ?Ambiente local. ?Ambiente interno. Estesquartoaspectossosimilaresaosdeoutrossistemasdeavaliao,mas so tratadosdemaneiradiferenteoquedificultaacomparao.Porissoessesquatro aspectos foram reorganizadose o resultadofoi acriaodascategoriasconforme ilustraaFigura2.3,ondeBEE=Q/LarazoentreQ(qualidadeambientaldo edifcio)eL(cargaambientaldoedifcio).Paratrabalharestesdados,QeLeles tambm foram subdivididos.Q subdividido em trs sub item: ?Q1 ambiente interno ?Q2 qualidade e servios ?Q3 ambiente externo no sitio Da mesma maneira L tambm subdividido em itens: ?L1 Energia ?L2 Recursos e materiais ?L3 ambiente externo fora do sitio Anlise das Prticas de Sustentabilidade 29 Figura 2.3Classificao dos itens de avaliao em Q (qualidade e performance ambiental do edifcio) e L (cargas ambientais do edifcio) (JSBC, 2004) Estedesempenhorecebenotasquevode(excelente)A,B+,B-,aC(fraco).A estrutura conceitual do CASBEE caracteriza-se por dois pontos focais: a definio de limitesdosistemaanalisado(oedifcio),eolevantamentoebalanceamentoentre impactos positivos e negativos gerados ao longo de seu ciclo de vida. AinovaodoCASBEEnoestnascategoriasavaliadas,masemimplementar avaliaesambientaiscombasenoconceitodeeficinciaambientaldoedifcio.A suaestruturadeavaliaoeapresentaoderesultados(salvoumasadagrfica especfica) derivam claramente da avaliao GBTool (SILVA, 2005). A Tabela 2.6 apresente os itens constantes na estrutura de avaliao do CASBEE. (1)Eficincia Energtica (2)Eficincia de Recursos (3)Ambiente Local (4)Ambiente Interno (aprox. 80 sub-itens no total) Numerador BEE Q-1 Ambiente Interno Q-2 Qualidade do Servio Q-3 Ambiente externo do stio L-1 Energia L-2 Recursos e Materiais L-3 Ambiente fora do Stio DenominadorBEE Agrupados em: Q (qualidade) L (cargas) Anlise das Prticas de Sustentabilidade 30 Tabela 2.6Estrutura de avaliao do CASBEE (JSBC, 2004) Tpicos avaliados Categorias para derivar o BEE Categoria (peso)PtsBEE Consumo de energia Uso de recursos crticos Ambiente local Ambiente interno Qualidade ambiental Q1: Ambiente interno (0,5) Rudo e acstica Conforto trmico Iluminao Qualidade do arQ2: Qualidade dos servios (0,35) Serviceability (funcionalidade, aconchego) Durabilidade Flexibilidade e adaptabilidade Q3: Ambiente externo (ao edifcio) no terreno (0,15) Manuteno e criao de ecossistemas Paisagem Caractersticas locais e culturais 15 15 20 15 10 10 15 5 5 5 Numerador BEE Cargas ambientais L1: Energia (0,5) Carga trmica do edifcio Uso de energia natural Eficincia dos sistemas prediais Operao eficiente L2: Recursos e materiais (0,3) gua Eco-materiais L3: Ambiente fora do terreno (0,2) Poluio do ar Rudo e odores Acesso a ventilao Acesso a iluminao Efeito de ilhas de calor Carga em infra-estrutura local 5 10 5 10 10 30 5 10 5 5 5 5 Denominador BEE 80 subitens18 categorias220 2.5.4HQE Haute Qualit Environnementale AferramentaHauteQualitEnvironnementale(HQE)foilanadanaFranaem 1996.umsistemanacionalparacertificaodeedifciosnoresidenciaiscomo escritrios,escolas,hotiseshoppingcenters.Estesistemaabordaoprocesso Anlise das Prticas de Sustentabilidade 31 construtivo desde o projeto at a manuteno do edifcio. A avaliao voluntria, mas necessita de um consultor treinado para desempenhar a tarefa (CSTB, 2004). Estametodologiaapresentaosseguintespontosinovadores(CARDOSO;DEGANI, 2004): ?Oestabelecimentodeumperfilambientalparaoempreendimentoque considera trs nveis de deciso: ambiente externo; ambiente interno no que se refere ao conforto e sade dos ocupantes; atitudes do empreendedor com relao a precaues e respeito ao ambiente. ?Averificaonoapenasdoatendimentodosndicesdedesempenho,mas tambm a avaliao das disposies e escolhas realizadas ao longo das fases de planejamento, concepo e realizao.?A inserodascategoriasdeconfortoedesadedosusuriosampliaofoco domtodoparaalmdoslimitespuramenteambientais;omtodoainda requer a realizao de anlise de custos globais da operao.?Permisso de propostas alternativas para metas ambientais. Todooprocessoregistradoeauditadoemtrsfasesdistintas:nafasede programa,naetapadeprojeto-concepoenaetapadeimplementao-execuo (CSTB 2004). Paraalcanaraltodesempenhoambiental,osistemanoseresumeapenas verificaodeumalistadeitensquecomprovamumbomprojetoouinserode tecnologia,masprocuraverificarainteno,execuoegestodestesitens. (DEGANI et al, 2005). Aestruturadeavaliaofundamenta-seem14metasambientais,denominadas cibles.Estas14metasvisamaobtenodeumaelevadaqualidadeambiental (Haute Qualit Environnementale HQE) e agrupam-se em 2 domnios e 4 famlias: (1) controle dos impactos sobre o ambiente exterior (famlias Eco-construo e Eco-gesto)e(2)criaodeumambienteinteriorsatisfatrio(famliasConfortoe Sade), cuja organizao est ilustrada na Tabela 2.7 (CSTB, 2004). Anlise das Prticas de Sustentabilidade 32 Tabela 2.7Organizao dos Domnios HQE em Metas (CSTB, 2004) Domnio: Controle e impacto no ambiente exterior Famlia: Eco-construo Meta (cible): 1, 2, 3 Famlia: Eco-gesto Meta(cible):4, 5, 6, 7 Meta 1 Relao edificao com ambiente imediato Meta 2 Escolha de produtos, sistema e processo de construo Meta 3 Canteiro de baixo impacto ambiental Meta 4 Gesto de energia Meta 5 Gesto de gua Meta 6 Gesto de resduos de uso Meta 7 Manuteno desempenho ambiental Domnio: Criao de um ambiente interior satisfatrio Famlia: Conforto Meta (cible): 8, 9, 10, 11 Famlia: Sade Meta (cible): 12, 13, 14 Meta 8 Conforto Higro-trmico Meta 9 Conforto acstico Meta 10Meta 11 Conforto Confortovisualolfativo Meta 12 Qualidade sanitria dos espaos Meta 13 Qualidade sanitria do ar Meta 14 Qualidade sanitria da gua Cada uma das 14 metas se subdivide em submetas, as quais so representadas por preocupaeselementares.Paracadapreocupaoelementarsodefinidasas caractersticaseoscritriosdeavaliao,osquaistemcarteroperacionalou simplesmente apontam as disposies tcnicas ou arquitetnicas desejadas. Considerando esta estrutura, a avaliao do desempenho ambiental da operao feitainicialmentepeloprprioempreendedor,nomnimoaofinaldecada uma das fases de planejamento, concepo e realizao, e consiste em atribuir um dos trs nveisdedesempenhopossveisacadaavaliaodepreocupaoelementar.Os Anlise das Prticas de Sustentabilidade 33 nveis de desempenho possveis so:Base(desempenhodenvelregulamentar,se houver, ou correspondente prtica corrente), Performant (desempenho superior a pratica corrente), Trs Performant (nvel calibrado conforme o desempenho mximo constatadorecentementenasoperaesdealtodesempenhoambiental).Em seguida,onveldedesempenhoatribudoacadaumadas14metascomparado ao perfil ambiental desejado estabelecido inicialmente (SILVA, 2005). Paraacertificaodaoperaonecessrioalcanarumperfilambientalmnimo. Das14metas,nomximo7devemrespondersexignciasdonvelBase.As restantesdevemestarnonvelPerformant,sendoquedentreestasnomnimo3 respondam ao nvel Trs Performant (SILVA, 2005). O sistema, ao invs de propor um mtodo de ponderao dos critrios de avaliao, propearealizaodeumahierarquizaodestascategoriasdepreocupaes, tendo como finalidade identificar as prioridades e definir o perfil ambiental desejado paracadaoperao.Estahierarquizaofeitapeloempreendedorebaseia-sena suapolticaambiental,nasnecessidadeseexpectativasdaspartesinteressadas, nascaractersticasespecficasdoempreendimento(funodeusoecontextoem que se insere) e, ainda, nas exigncias legais, financeiras, operacionais e comerciais identificadaserelacionadasaomeioambienteinternoeexterno(DEGANIetal, 2005). Paraobteracertificaosonecessriastrsauditoriasaofinaldafasede planejamento,concepoeexecuo.Apscadaumadestasauditoriaso empreendimentorecebeumcertificadoqueindicaoperfildedesempenhoda edificao. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 34 2.5.5SistemasemtodosparaavaliaodaDimensoSociale Econmica Aes no escopo das dimenses social e econmica tm relevncia para verificao de sustentabilidade realizada neste trabalho.No entanto, no so mencionadas nos sistemas de avaliao de sustentabilidade de edifcios examinados e nem tampouco em qualquer outro existente. Aes no escopo das dimenses social e econmica tm relevncia para verificao de sustentabilidade realizada neste trabalho.No entanto, no so mencionadas nas metodologiasdeavaliaoapresentadaanteriormente,porqueestesso desenvolvidos empases onde a questo social e econmica j se encontramelhor resolvida. Para completar a viso sobre as dimenses sociais e econmicas no abordadas nas metodologiasdeavaliao,utilizaremosodocumentoAgenda21ParaConstruo Sustentvel Para Pases em Desenvolvimento (PLESSIS, 2002)eametodologiado Instituto Ethos (ETHOS, 2007) para autoverificao de responsabilidade social. 2.5.5.1Instituto Ethos OInstitutoEthos(ETHOS,2007)criouumasriedeferramentasparaavaliara incorporao de prticas de responsabilidade social nas empresas. So ferramentas para uso interno e voluntrio das empresas e que auxiliam na avaliao da gesto e da incorporao de prticas de responsabilidade social.Os indicadores abordam os temas:valores,transparnciaegovernncia;pblicointerno;meioambiente; fornecedores; consumidores e clientes; comunidade; e governo e sociedade. Dentre as aes relacionadas a estas ferramentas podemos destacar: ?Respeitar os direitos dos trabalhadores consolidadosnalegislaotrabalhista e nos padres da OIT (Organizao Internacional do Trabalho); ?Investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados; Anlise das Prticas de Sustentabilidade 35 ?Investir na melhoria das condies de trabalho; ?Respeitar s culturas locais; ?Disseminarvalorespelacadeiadefornecedores,empresasparceirase terceirizadas; ?Noutilizardiretaouindiretamentetrabalhoinfantil(demenoresde14 anos). Porm positiva a iniciativa de empregar menores entre 14 e 16 anos, como aprendizes; ?No deve permitir qualquer tipo de discriminao; ?Fortalecer o papel econmico das mulheres; ?Investir na educao e na conscientizao ambiental; ?Cuidar com Sade, segurana e condies de trabalho; ?Investir em aes que tragam benefcios para a comunidade; ?Respeitar os costumes e culturas locais; ?Gerenciar o impacto na comunidade de entorno; ?Manter relaes com organizaes locais. 2.5.5.2Agenda21paraConstruoSustentvelparaPasesem Desenvolvimento Aagenda21(PLESSIS,2002)paraconstruosustentvelabordadiversas estratgias para se alcanar odesenvolvimentosustentvel.Abordaremossomente as estratgias relativas dimenso social e a econmica. A Agenda levanta algumas questes necessrias: ?Combate pobreza; ?Mudanas dos padres de consumo; ?Dinmica demogrfica e sustentabilidade; ?Proteo e promoo da sade humana; ?Promoo de assentamento humano; ?Integrao da tecnologia e do meio ambiente nas tomadas de decises; e ?Necessidade de financiamentos, Anlise das Prticas de Sustentabilidade 36 EssasquestesreafirmamaposturatomadanaEco92queafirmavaquea estratgiaanti-pobrezaumadascondiesbsicasparaasseguraro desenvolvimento sustentvel. Esta estratgia deve se concentrar sobre os recursos, aproduoeaspessoas;devemtambmabordarproblemasdemogrficos, melhorarascondiesdesadeeeducao,garantirosdireitosdamulher,do papel dos jovens, dos povos indgenas e das populaes locais somando a isso uma participao democrtica em conjunto com melhora no governo (UNCED, 1992). Adimensoeconmica,segundoIgancySachs,umanecessidade,mas,em hiptesealgumamaisimportantequeasoutrasdimenses,umavezqueum transtornoeconmicotrazconsigootranstornosocial,que,porseulado,obstruia sustentabilidadeambiental.Eleafirmaanecessidadedeumacombinaoentre economiaeecologia,poisascinciasnaturaispodemdescreveroquepreciso paraummundosustentvel,mascompetescinciassociaisaarticulaodas estratgias de transio rumo a este caminho (Sachs, 2002). O mesmo autor afirma que a sustentabilidade econmica possvel atravs: ?Gerenciamento mais eficiente dos recursos; ?Investimentos tanto no setor pblico como no privado,?Maior eficincia econmica em termos macro sociais e no apenas atravs do critrio micro-econmico do empresrio (Sachs, 2002). Adiscussoacimaevidenciaainter-relaodasdimensessocialeeconmicano nvelmacro.Porm,dopontodevistadoprojetista,oladoeconmicoacaba tomando aforma de garantias de viabilidade econmica, condio essencial para a prpria realizao do projeto, enquanto as demais questes precisam se adequar a essa condio. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 37 2.6ComparaodasAesIdentificadascomasAdotadas nas Metodologias Analisadas Emboraaquestodasustentabilidadetenhaumaagendacomuminternacional, existem muitas especificidades em cadapas.Cadaumdossistemasdeavaliao refletepolticaspublicaserealidadesdiferentese,portanto,utilizadiferentes unidadesecritrios.Porm,essasmetodologiasrelacionametapasdedecisoe aes para serem incorporadas aos projetos que muitas vezes se repetem. ComoficaclaronaTabela2.8,todosossistemasdeavaliaoabordam principalmenteadimensoambientaltendoasvezesumaouduasaesrelativas as outras dimenses. Poucas aes utilizadas na avaliao neste trabalho no foram citadas por nenhum sistema de avaliao, mas julgou-se necessrio list-las para verificar sua presena. Soelas:sistemadeinformaodoconsumodegua,usodesoloestabilizado, banimento de alguns materiais como PVC ou amianto. Tabela 2.8Aes associadas a verificao de sustentabilidade e sua relao com os sistemas de avaliao Aes selecionadas para fazer parte da planilha auxiliar Sistema de Avaliao BreeamLeedCasbeeHQEAgenda 21Ethos Dimenso Social e tica Adaptao para excepcionais ou idosos X X Respeito pelos trabalhadores da construoXX Seleo fornecedores responsabilidade socialX Respeito pelos vizinhos X X X Participao dos agentes envolvidos XXX Integrao dos agentes envolvidosXX Melhoria das condies e procedimentos no trabalhoXX Dimenso Ambiental gua Equipamentos economizadores de guaXXXX Medio setorizada X Coleta e uso de gua de chuvaXXXX Reuso de gua servidaXXXX Anlise das Prticas de Sustentabilidade 38 Permeabilidade do soloXXXX Reteno de gua de chuvaXXXX Educao dos usurios X X SistemadeInformao:medioon-linedeconsumo de gua Sistema de gesto de guaXX Energia Energia renovvelXXXX Aquecimento solar de gua XXX Arquitetura bioclimticaXXXX simulaoparaanalisedodesempenhotrmicoe energtico XXXX Simulao de iluminao naturalXXXX Aparelhos economizadoresXX X Isolamento trmico e inrcia trmicaXXXX Sistema de medio e gesto on-line de edifciosX XX Materiais Uso de materiais locaisXXXX Usodemadeiradereflorestamentooucertificadaou de espcies no ameaadas de extino XXXX Evitar o uso materiais txicosXXXX Utilizar materiais contendo resduosXX X Utilizar materiais reciclveisXXXX Reduo de perdas de construo Seleo de materiais com baixas perdas X Treinamento de mo-de-obra X Projeto modularXX Controle de perdasXX Gesto de resduos Reduo de perdas X Segregao dos resduos em canteiroXX X Reciclagem ou Reutilizao de resduos em canteiro XXDestinao responsvel para reciclagemX Durabilidade Proteo dos materiais X Planejamento da vida tilXXXX Projeto para manutenoXX Projeto para desmontagemXX Projeto flexvelX XX Impacto ambiental do canteiro Controle de eroso X X Controle de poeira XXX Controle de rudo X Tratamento de esgoto X X Economia de gua X Anlise das Prticas de Sustentabilidade 39 Dimenso Econmica Compatvel com as demandas e restries do entornoXEconomia de recursosXNovos modelos de financiamentoXX possvel de se realizar XXGrande impacto regionalXAnlise das Prticas de Sustentabilidade 40 3.Metodologia de Trabalho Ametodologiadepesquisabaseou-seemumaanliseestatsticadeumaamostra dosdadosproduzidospelaequipedepr-avaliadoresqueanalisaramtodosas candidaturasdoconcursoHolcimAwardsParaConstruoSustentvelde2005, etaparegionallatino-americana,aquenosreferiremosapenascomoHolcim Awards. Asaesquepromovemsustentabilidadeforamidentificadaspelaequipedepr-avaliao,listadasecomparadascomaspresentesemsistemasdeavaliaode sustentabilidade importantes. A freqncia com que cada ao foi identificada pelos pr-avaliadoresfoideterminadaemumaamostra.Emseguida,comumaamostra intencionalmenteenviesada(BOLFARINE;BUSSAB,2005) validamosasconcluses dolevantamentodoperfil.Com este perfilfoiidentificadoopontofortequantoa carncia de formao dos projetistas. 3.1O Prmio Holcim para Concurso Construo Sustentvel O Primeiro ConcursoHolcim AwardsparaConstruoSustentvelfoiumconcurso internacional. O concurso foi organizado em duas fases: a primeira fase foi regional(Europa, Amrica do Norte, Amrica Latina, frica e Oriente Mdio e sia) e ocorreu em 2004/2005 onde foram selecionados os premiados regionais. Em 2006 ocorreu a segunda fase, onde foi escolhido o vencedor global. Aorganizaodoconcursodefiniuasseguintesclassesdeprojeto:projetode arquitetura;projetodeengenharia;projetopblico;planejamentourbano; transporteeinfra-estrutura;arte;produtoindustrial;infra-estruturapara comunicao e outros. Os projetos deviam ser inscritos em uma dessas classes. No total, foram 3000 projetos inscritos de 118 pases. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 41 Considera-sequeo valor do prmio regional (US$100.000),tenha sidoumgrande incentivoparaqueosconcorrentesseempenhassemaomximo.Adicionalmente no obrigatoriedade de a obra estar construda ou em construo deu espao para o participanteproporprojetosinovadorese,comonohavianecessidadede construo, o custo no foi um limitante apenas o conhecimento. Esta pesquisa teve acesso aos dados do bloco da Amrica Latina. Paraselecionarosprojetosvencedores,estabeleceu-sequeosprojetosdeveriam estardeacordocomosconceitosdotriplebottomline,ouseja,terperformance ambiental, ser vivel e relevante economicamente e ser responsvel socialmente. O concurso definiu metas clarassobre o que procurava premiar nos projetos, de forma queosconcorrentesdeveriamrelataroqueseuprojetoafirmavasobrecadauma destas metas (HOLCIMAWARDS, 2005). Aprimeirametaaseralcanadaeraograudeinovaoereplicabilidade.O projetodeveriademonstrarinovaoalmdedarumsaltoqualitativoem comparao aosprojetos feitos segundo procedimentos convencionais. Esses novos conceitosdeveriamteracapacidadedesertransferidosereaplicadosemoutros projetos. Asegundametadoconcursofoipadresticoseequidadesocial.Oprojeto deveriateraltopadroticoeresponsabilidadesocialdurantetodasasfasesda construo. O projeto deveria abordar as questes ticas e as questes sociais. A terceira meta a qualidadeambientaleconservaodeenergia. O projeto deveriaserresponsvelpelousoegerenciamentodosrecursosnaturaisdurante todo o ciclo de vida da construo, ouseja, desde a operao at a manuteno e demolio.Oprojetodeveriademonstraraspreocupaesdelongoprazoem relao aos materiais e a energia. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 42 Aquartametaaviabilidadeeconmica.Oprojetodeveriaprovarque economicamenteviveleinovadoremrelaoaosrecursosfinanceiros, encontrando solues s restries de todo o ciclo de vida da construo. Aquintametaoaspectoesttico.Oprojetodeveriademonstrarqualidade arquitetnica atravs da qual manifesta seu contexto fsico e cultural. Asregrasdoconcursoestabeleciam implicitamentequeaexcelnciaemsomente uma dimenso no garantia a premiao, a busca era pelo equilbrio das dimenses. 3.1.1Projetos Vencedores da Etapa Regional Latino Americano Apresenta-se abaixo ostrsprimeiroscolocadosnoconcur soHolcimAwards2005 na etapa regional Latino Americana. 3.1.1.1PrimeiroLugardaEtapaLatinoAmericanaTelhadosVerdes- Buenos Aires Segundoosavaliadoresoprojetotevecomoobjetivomelhorarapolticaurbana, propondojardinssuspensosnacidadedeBuenosAires.Aautoriadeumgrupo liderado por Hugo Enrique Gilardi. O projeto oferecia uma resposta para melhorar as condies de edificaes individuais bem como problemas ambientais mais extensos escaladametrpolee,almdeoferecervantagensparaosedifciosindividuais comoumamaioreficinciaenergticaeisolamentotrmicootimizado.Jas vantagensemnvelurbanoincluemaatenuaodeinundaesnacidade;e tambm contribui para a diminuio do consumo de energia fssil. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 43 Figura 3.1 Pgina de apresentao do projeto Telhados Verdes para Buenos Aires (fonte: site Holcim Awards 2005) Anlise das Prticas de Sustentabilidade 44 3.1.1.2SegundoLugarEtapaLatinoAmericanaEscolaEnergiaMnima, Rio de Janeiro Figura 3.2 Apresentao do projeto Escola Energia Mnima (fonte: site Holcim Awards 2005) O projetoapresenta um complexo escolar de mnima energia para 1.200 alunos no RiodeJaneiro,daautoriadeumgrupolideradoporMichaelLaar.Oprojeto contemplaventilaonatural,iluminaonaturalcomproteodaradiaosolar direta e um jardim suspenso acessvel. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 45 3.1.1.3TerceirolugaretapaLatinoAmericanaeVencedor(primeiro lugar)daetapamundial-ProjetodeIntegraoUrbana,San Rafael-Unido, Caracas Autores:SilviaSoonets,IsabelCeciliaPocaterra,MariaInesPocaterraandVictor Gastier Proyectos Arqui 5 CA Figura 3.3 Pgina de apresentao do projeto de Integrao Urbana, San Rafael-Unido. (fonte: site Holcim Awards 2005) Segundoojridoconcurso, oprojetodemelhoriaurbanaincluiuaspectossociais deumaenormefavelaemCaracas.Aequipedeprojetoconsideroudeforma Anlise das Prticas de Sustentabilidade 46 sensvelasvriasqualidadesdevidacomunitria.Oprojetoapresentaumplano inovadorcomimpactopositivonacomunidadelocal,tirando o mximo proveito do declive muito ngreme, para criar uma srie de espaos sociais com a instalao de unidades habitacionais, apresentando uma contrapartida ao perigo de desabamento de terras. 3.1.2Padronizao da Apresentao dos Projetos Aapresentaodetodososprojetosparaoconcursofoifeitaatravsdeum formulrio na Internet e seguiu um mesmo padro (HOLCIMAWARDS, 2005): ?Naprimeirapgina(Figura3.4) os candidatos deveriam preencher os dados de projeto como cidade, pas, tipo de projeto e dizer em que etapa o projeto seencontrava.Preenchiamtambmoscamposreferentesaosautorese contato, fornecendo nome, profisso, cidade, pas, lngua e podendo optar em incluirumafotodaequipe.Aindanestapginahaviaumcampopara descrio do projeto. Esta descrio do projeto poderia ser feita em at 2800 caracteres. ?Nasegundapgina(Figura3.5)erampreenchidasacontribuiodoprojeto em cada uma das cinco metas pedidas pelo concurso em um texto conciso de tamanho mximo limitado: duas das metas poderiam ter at 800 caracteres e trs metas com at 400 caracteres. ?Naterceirapgina(Figura3.6)haviaespaoparaat5imagenscom tamanhomximodefinido.Oparticipantetambmtinhaapossibilidadede apresentaratcincoimagens.Essetipodeapresentaoforouos concorrentesaseremobjetivosnosaspectosqueconsideravammais importantes. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 47 Figura 3.4Primeira pgina de apresentao deum projeto participante do concurso Anlise das Prticas de Sustentabilidade 48 Figura 3.5Segunda pgina do formulrio de apresentao de um projeto participante do concurso. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 49 Figura 3.6 Terceira pgina do formulrio deapresentao de um projeto participante do concurso. 3.1.3Sistema do Concurso Regional O sistema do concurso foi organizado em quatro etapas: a)Inscrio via internet: Osconcorrentesinscreviamosprojetosonlinerespondendoscinco metas, e preenchendo o campo de autores e contato; e o campo sobre o projeto. b)Validao: Osprojetosinscritosforamconferidosparaverificaraconsistnciaeo preenchimento corretos dos campos.Anlise das Prticas de Sustentabilidade 50 c)Pr-avaliao: Osprojetosforampr-avaliadosereceberamnotasqueosclassificaram de 1 a 25. Cada meta poderia receber at cinco pontos possveis. d)Julgamento Ojrijulgoueselecionouospremiadosdaetaparegionaleque representariamaAmricaLatinanaetapamundialdoconcursoHolcim Awards. 3.1.4Procedimento de Anlise e Pr-classificao Uma equipede dez profissionais brasileiros, de nvel superior especializados na rea foramtreinadosparaanalisarosprojetosdaAmricaLatina.Estapr-anlisefoi feita atribuindo pontos para cada meta, com igual peso, resultando em ranking com pontuaototaldosprojetos.Estapontuaoserviuparasepararosprojetosem doisgrupos:metademaiscompetitivaeaoutrametademenoscompetitiva.No entanto, o jri no teve acesso apenas s notas classificatrias. Mais do que isto, o jriteveacessoplenoatodososprojetos,inclusiveaosprojetosconsiderados menos competitivos que poderiam ser premiados. Os avaliadores analisaram cada uma das cinco metas do concurso, dando notas que iamdezeroacincodeacordocomasaessustentveisexplicitasnotextoe figuras que descrevem o projeto. A pontuao mxima era de vinte e cinco pontos, cincoparacadameta.Parafacilitarotrabalhodaequipedepr-avaliao,foi facultadoaosintegrantesopreenchimentodeumaplanilhaqueidentificava algumasdasaesconsolidadasnosdiversosaspectosdasustentabilidade.Esta listaserviudebaseparaaelaboraodeumaplanilhadeanlise,ondecadaum dos projetos foi avaliado em relao presena das aes identificadas. Cada ao identificadanoprojetoeracontabilizada,oquepermitecomputaremquantos projetosumadeterminadaaofoiincorporada.Estaplanilhafoimontadae discutida com os integrantes do grupo de pr-avaliao.Anlise das Prticas de Sustentabilidade 51 Estaplanilhasegui uafilosofiadoconcursoquesebaseounotripda sustentabilidadedimensoambiental,dimensosocialedimensoeconmica.A planilhafoipreenchidadeformaaapenasidentificaraexistnciaou ausnciade cadaao,semqualquertipodequantificaoouqualificao.Oscamposdesta planilha utilizados para a anlise estatstica foram apresentados na Tabela 2.8. Reuniesdediscussodedvidas;trabalhoemespaoconjuntodeacesso controlado,etreinamentoparaumaavaliaopadronizadaforamalgumasdas solues que o grupo encontrou para uniformizar a avaliao dos projetos. 3.1.5Inscritos no Sub-grupo Amrica Latina Foraminscritos588projetosvlidosnaediodaAmricaLatina.Ofator determinante para o projeto pertencer a este grupoera que o projeto estivesse na Amrica Latina noimportando a nacionalidade do projetista. O Brasil teve a maior nmerodeprojetosinscritoscom172participantes,seguidodoMxicocom97 participantes,daArgentinacom96,daColmbiacom88edaVenezuelacom48.Umsegundogrupodepasesteveonmerodeprojetosinscritosentre10e20: Chile,Equador,Peru,eNicargua.Porltimo,houvepasescommenosdedez projetos:CostaRica,Uruguai,Paraguai,Bolvia,Cuba,Jamaica,PortoRico,Haiti, Guatemala e El Salvador. 3.2Metas Analisadas neste trabalho OConcursoHolcimparaConstruoSustentvelbuscouprojetosque apresentassemcontribuioemtornodecincometasconformedescritasacima. Neste trabalho so analisadas apenas trs destas metas, que constituem a base do trip de sustentabilidade,ou seja, as dimensessociais, econmicos e ambientais. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 52 Osoutrosdoistpicos,pordependeremdeconclusessubjetivas,foram descartados desta anlise. 3.3Etapas da Anlise das planilhas Asplanilhaspreenchidasportodososavaliadoresparaosprojetossobsua avaliaoforamutilizadascomobaseparaolevantamentoestatsticodesta pesquisa.Estasplanilhasserviramdeapoioavaliao,enoforamentreguesa organizao do concurso. Inevitavelmente, nem todos os projetos tiveram os dados completamente preenchidos pelos avaliadores. 3.3.1Lidando com Dados Incompletos Comoopreenchimentodetodososdadosdaplanilhadeavaliaonoera obrigatrio, nem todos os avaliadores preencheram todos os dados. Para realizar a anliseestatsticaaautoratinhaduaspossibilidades:preenchertodososcampos faltantesoucriarumaamostraparaservirdebaseanlise.Aprimeiraopo implica numa forte interferncia da autora, sobre o conjunto de avaliaes.Optou-se, portanto, pela realizao de uma amostra. 3.3.2Construo da Amostra para Estudo Foiconstrudaumaamostraaleatriacujarepresentatividadebaseou-sena manutenodamesmadistribuiodeparticipantesporpasesquehno concurso9.Adecisodeconstruirumaamostrarespeitandoaproporode participao dos pases foi feita, pois: 1-O concurso foi dividido e organizado por regies.

9 Seguindo a orientao da Professora Cludia Monteiro Peixoto (IME-USP) Anlise das Prticas de Sustentabilidade 53 2-Os conceitos de sustentabilidade refletem a regionalidade. 3-A informao sobre as regies era um dos dados disponveis.A partir de uma populao de 588 participantes, foi montada uma amostra com 233 projetoscomplanilhascompletas.Comestaamostraprontainiciou-seaanlise estatstica dos dados do concurso. Foimantidaaproporodeparticipaodospasesnoconcursonaamostra conforme ilustra a Tabela 3.1. Tabela 3.1Relao entre a Amostra da Pesquisa e Inscritos no Concurso Pas Amostra para estudo Inscritos no concurso Discrep N. Projs%N. Projs% Argentina3816,3%9616,3%0,0% Brasil 6829,2%17229,3%0,1% Chile73,0%172,9%0,1% Colmbia3515,0%8815,0%0,1% Equador62,6%142,4%0,2% Mxico3916,7%9716,5%0,2% Nicargua41,7%111,9%0,2% Outros135,6%335,6%0,0% Peru52,1%122,0%0,1% Venezuela187,7%488,2%0,5% Total233100,0%588100,0% ParaanlisedaAmricaLatinaforamconsideradososdadosglobais,ouseja,de toda a amostra. Para a anlise detalhada foram considerados apenas os pases com maiorparticipao,ouseja, Argentina,Brasil,MxicoeColmbia. Altimacoluna ilustraadiscrepnciadaamostraemrelaoaogruporealdoconcurso.A escolha dosprojetosparticipantespracadapasfoialeatria,escolhidautilizandoo mecanismo random do programa Excel. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 54 3.3.3Metodologia de Anlise dos Dados Osprojetosdaamostraforamanalisadosparaverificaodasaeseprticas presentes.Essa verificaofoifeitacombasenaplanilhaauxiliarapresentadana Tabela2.8.Nestaplanilhaverificadaapresenaounodeumaao.A freqnciadeocorrnciadasaesfoicontadaeexpressacomoporcentagem,de projetosqueadotaramcadaprticadesustentabilidadepelosprojetistas.Esses dados foram agrupados por pas e por rea de projeto. 3.3.4Validao dos dados Paravalidarasconclusesobtidasfoifeitaumanovaamostra.Estanovaamostra contendoosprojetos quetrazapenas os melhores projetosdaamostraestudada. Foi considerado que os melhores projetos so o que atingiram pelo menos 50% da notamximanapr-avaliao.Ahiptesequeseasconclusesdaanlise anteriorseconfirmaremnestaamostradevalidao,elassoconfiveis (BOLFARINE; BUSSAB, 2005). 3.3.5Discusso dos Resultados Depossedosdadosdoperfilvalidadoeconsiderandoarealidadebrasileira, procedeu-seaumadiscussodospontosidentificveiscomocarncianaformao dos projetistas sobre a insero de sustentabilidade nos projetos.Anlise das Prticas de Sustentabilidade 55 4.Anlise dos Dados Aanlisesobreosdadosdosprojetos feitasobdiferentesenfoques.Oprimeiro enfoque,maisgeral,analisaosprojetos em relaoafreqnciadeincorporao das trs dimenses dasustentabilidade: social, ambiental e econmico. Osegundo enfoque,maisespecfico,analisaafreqnciacomquegruposdeaes(sub-dimenses) desustentabilidadesoincorporadosaoprojeto.Essassub-dimenses representamumavisomaisrefinada.Oterceiroenfoque,aindamaisdetalhado, analisa a freqncia com que diferentes aes so inseridas nos projetos. Neste trabalho, a anlise de um dado ditageral quando apresentadados apenas sobre as dimenses do trip de sustentabilidade.A anlise dita detalhada quando apresentadadossobreassub-dimenseseaes,tipicamenteligandogruposde aes a sub-dimenses. Optou-se ainda por analisar os dados agrupados de duas formas: por pas e por tipo de projeto, permitindo assim mais de uma viso dos mesmos dados. A classificao dos projetos por tipo foi proposta pela organizao do concurso, mas coube a cada autor a classificao de seu projeto.Conforme mencionado acima, a organizaodoconcursodefiniuasseguintesclassesdeprojeto:projetode arquitetura;projetodeengenharia;projetodeinteressepblico;planejamento urbano; transporte einfra-estrutura;arte;produtoindustrial; infra-estruturapara comunicaoeoutros.Paraefeitodaanlisedosdadosmantiveram-seosgrupos com maior freqncia. A classificao de projetos por pas se refereao local de aplicao do projeto e no necessariamentenacionalidadedosprojetistas. Pormotivosdetamanhode amostra (relevncia estatstica), so analisados apenas os quatro pases com maior presena na amostra: Argentina, Brasil, Colmbia e Mxico. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 56 Emtodaanlise,considerou-sequeapredominnciadeumitemindicadapela ocorrncia de mais de 50% dos projetos dentro de uma categoria. A indicao da presena de uma sub-dimenso em um projeto feita avaliando-se a presenano projeto depelo menos uma dasaes queesto associadas a este. A presenadeumasub-dimenso em um projeto,freqentementeestassociadaa mais de uma ao.Desta forma, a presena de uma ao no exclui a presena de outrasnem podeserconsideradacomoumeventoestatisticamenteindependente dapresenadeoutrasaes.Similarmente,apresenadeumadimensonum projetodeterminadapelapresenadealgumasub-dimensoquecompea dimenso,sendo queas sub-dimenses tambm no so mutuamente excludentes nem podem ser assumidos como estatisticamente independentes. Osresultadosdaanlisedeprojetoslatino-americanosaquiapresentadosforam parcialmentepublicadosnoXIEncontroNacionaldeTecnologiadoAmbiente Construdo - ENTAC 2006 (CSILLAG; JOHN, 2006). 4.1Anlise Geral 4.1.1Anlise Geral por rea de Projeto Comojfoidescritaacima,trabalha-seaquicomoconceitoquesustentabilidade numprojetosomentepodeseratingidapelaincorporaosimultneadastrs dimensesqueformamotripdasustentabilidade.AFigura4.1apresentaa freqncia com que as trs dimenses do trip foram incorporadas nos projetos da AmricaLatinaporreadeprojeto. A rea de projetoseguidapelonmerode projetos nesta categoria na amostra. Anlise das Prticas de Sustentabilidade 57 Figura 4.1 Freqncia da presena das dimenses do trip de sustentabilidade por rea de projeto Na Figura 4.1 possvel observar claramente que a dimenso ambientalpredomina emtodasasreasdeprojeto,oqueindicaqueparaosprojetistasoconceitode sustentabilidadeestprimordialmenteligadoaotemaambientaltalcomonos conceitosdegreenbuildingdesenvolvidosempasesdesenvolvidos.Em contrapartida, a menor nfase encontra-se na dimenso econmica. A rea de projetos de utilidade pblica a que tem a melhor avaliao em todos as dimenses.Estefatopodeserinterpretadocomoresultadodeumamaiorpresso por sustentabilidade devido a maior visibilidade destesprojetos.Estapressotem origem em aspectos legais e de opinio pblica.Pode-se concluir que a rea pblica temapossibilidadedeexercerumpapeleducativoederefernciaparaasoutras reas.Poroutrolado,estaconclusoenfraquecidapelofatoqueestareade projeto contou com apenas 10 dos 233 participantes da amostra.87%85%89%73%100%81%64%62%62%60%80%72%54%56%51%60%80%50%0% 20% 40% 60% 80% 100%Total AL (233)Outros (39)Arquitetura (133)Engenharia (15)Projetos Pblicos(10)Projeto Urbano(36)EconmicoSocialAmbientalALALALAnlise das Prticas de Sustentabilidade 58 Figura 4.2Presena simultnea das trs dimenses por rea de projeto Analisandoapresenadasdimensesdotripporreadeprojetoapresentadona Figura4.1passadaailusodapresenadotripsocial-ambiental-econmicoda sustentabilidade nos projetos. No entanto, a Figura 4.2 apresenta a porcentagem de projetos nos quais h ocorrncia simultnea das trs dimenses.Os projetos para o setorpblicoapresentamamelhorinserodesustentabilidade.Josprojetosde arquitetura, com a maior participao na amostra, tiveram umdesempenhoabaixo damdia,inclusiveabaixodamdialatino-americanaapresentadanaFigura4.4.Isto mostra que a cobertura das dimenses scio-econmicas no faz parte do foco da maioria dos arquitetos 4.1.2Anlise Geral por Pas Analisandoosmesmosprojetos, agoraagrupadosporpas,temosoutravisodos dados. Por motivos de relevncia estatstica, so analisados apenas os quatro pases commaiorpresenanaamostra:Argentinacom38projetos,Brasilcom68 31%42%60%40%35%0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%OutrosUrbanismoSetor PblicoEng. Civil ArquiteturaAnlise das Prticas de Sustentabilidade 59 projetos,Colmbiacom35projetoseMxico com39projetos,conformeilustrado na Figura 4.3. Figura 4.3Freqncia da presena das dimenses de sustentabilidade por pas Percebe-senestaanlisequeapenasnoBrasilenoMxicocadaumadastrs dimensesforamadotadaspormaisde50%dosprojetos,emboraasmesmas possam no estar includas simultaneamente.Outro ponto que chama a ateno o Brasil ter o melhor desempenho nas dimenses econmica e ambiental, acima da mdia da Amrica Latina. O pas com o melhor desempenho na dimenso social o Mxico. Estaanlise confirmaos resultadosdaanlisefeitacomenfoqueporrea de projeto, apontando a maior nfase que os projetistas do dimenso ambiental. AL 87%85%83%88%87%67%57%59%66%AL 64%51%46%65%42% AL 54%


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