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DESPESAS: TRIBUNAL OU SINOA?

PORTO

VILA NOVA DE GAIA

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GONDOMAR

TORRES VEDRAS

FUNDÃO

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CASCAIS

LOULÉ

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SANTO TIRSO

LISBOA

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COIMBRA (INSTRUÇÃO CRIMINAL)

COIMBRA (FAMÍLIA E MENORES)

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Proc.Nº 7/09.2TBSCF-A

174391

CONCLUSÃO - 08-06-2010

(Termo electrónico elaborado por Escrivão de Direito Antonio José Correia Lopes)

xxx

Conforme resulta de fls. 121 e 122 ss., vem a Ilustre Patrona do requerente

/interessado Miguel Maciel requerer que o Tribunal emita despacho fixando as despesas que a

mesma suportou com o processo no exercício do patrocínio judiciário, invocando para o efeito

que tal lhe foi solicitado pelo IGFIP, IP, apesar de, na sua opinião, tal solicitação ser ilegal.

Apreciando e decidindo.

Adiante-se desde já que este Tribunal já proferiu um despacho sobre questão idêntica à

agora colocada no âmbito de um processo-crime que aqui correu termos – sendo que o IGFIP,

IP foi informado do teor do mesmo –, pelo que nos limitaremos a reproduzi-lo de seguida.

Com as alterações introduzidas pela nova Lei do Acesso ao Direito (Lei n.º 47/2007,

de 28 de Agosto) e com a entrada em vigor da Portaria n.º 10/2008, de 10 de Janeiro, que

procede à regulamentação da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho, na redacção dada pela Lei n.º

47/2007, de 28 de Agosto, nomeadamente quanto à fixação do valor da taxa devida pela

prestação de consulta jurídica, à definição das estruturas de resolução alternativa de litígios

às quais se aplica o regime de apoio judiciário, à definição do valor dos encargos para

efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 36.º da lei referida, à regulamentação da admissão dos

profissionais forenses no sistema de acesso ao direito, à nomeação de patrono e de defensor e

ao pagamento da respectiva compensação (cfr. o respectivo preâmbulo), tornou-se claro que

os pagamentos pelos serviços prestados pelos Srs. Advogados no âmbito do apoio judiciário é

efectuado pelo IGFIJ, I.P., tendo em conta a informação remetida pela Ordem dos Advogados

àquela entidade e confirmada pelas secretarias dos tribunais ou pelas entidades referidas no n.º

2 do artigo 3.º, conforme resulta da leitura dos n.ºs 1 e 3 do artigo 28.º da Portaria supra

referida.

Na nossa opinião, o legislador organizou um sistema no âmbito do apoio judiciário

que claramente põe a cargo de uma entidade determinada, com a intermediação da Ordem dos

Documento assinado electronicamente. Esta assinaturaelectrónica substitui a assinatura autógrafa.Dr(a). André Fernando Ferreira de Beça

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Advogados, a responsabilidade pelo pagamento das compensações devidas aos causídicos

pelos serviços que prestem no âmbito do apoio judiciário. Ou seja, ao contrário do

anteriormente sucedia, o Tribunal agora tem uma intervenção naquele sistema meramente

residual, sendo alheio ao pagamento das preditas compensações, como agora a lei lhes chama.

E no que diz respeito a despesas, a linha de raciocínio expendida terá em tudo idêntica

de ser idêntica. Com efeito, o pagamento de despesas como aquelas a que a requerente se

refere só pode ser realizada por via ou com a intermediação da Ordem dos Advogados, nos

termos atrás explanados. Fazê-los noutros moldes afigura-se-nos incompreensível à luz da

unidade do sistema: pois se a Ordem dos Advogados funciona como intermediária no

pagamento das compensações devidas aos Srs. Advogados também deverá assumir tal papel

no que contende com as despesas que aqueles têm que realizar no exercício das suas funções.

Aliás, é o que vinha sucedendo até há bem pouco tempo, pois é a própria Sr.ª Advogada

requerente que informa que as despesas em questão foram já liquidadas por aquela entidade.

Dizemo-lo, todavia, com a consciência de que o legislador, como infelizmente sucede

em muitos outros casos, não teve em conta as especificidades ou particularidades da prestação

de apoio judiciário em locais como a Ilha das Flores e respectiva comarca judicial. Na

verdade, impor à aqui requerente o pagamento de viagens de avião e de outras despesas

(como estadias hoteleiras, como na grande maioria dos casos sucede pois os Srs. Advogados

raramente têm hipótese de “ir e vir” no mesmo dia) parece-nos, logo à partida, assaz violento

pelo montante necessariamente elevado a que tais despesas ascendem. Dúvidas não restam

que só a prestimosa colaboração dos Srs. Advogados vai permitindo que a expressão “apoio

judiciário” não seja um balão de encher nesta Comarca, como já referimos noutros despachos

que tivemos que proferir sobre assuntos conexos com aquele que está em análise.

Embora a questão não venha levantada, é por demais evidente que o disposto no n.º 8

do artigo 25.º da Portaria n.º 10/2008, de 10 de Janeiro – “No montante da compensação

referida nos números anteriores estão igualmente compreendidas as despesas em que os

profissionais forenses venham a incorrer em virtude da participação no sistema de acesso ao

direito” – não pode ser aplicável aos montantes despendidos pelos Srs. Advogados com as

deslocações inter-ilhas neste arquipélago, que são elevadíssimas. A norma transcrita tem em

vista, evidentemente, a generalidade das situações que se prendem com o exercício do

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patrocínio forense em Portugal continental, onde as deslocações entre o escritório dos Srs.

Advogados e os Tribunais onde exercem o patrocínio são naturalmente mais fáceis. O

legislador esqueceu-se que existe um país insular que não se compadece com normas do tipo

daquelas que acima mencionámos, pois a deslocação de uma ilha para outra – e no caso

concreto das Flores tal afirmação tem vigor redobrado, pois não existem aqui Advogados

inscritos no apoio judiciário, o que implica a vinda de profissionais do foro com domicilio

profissional noutras ilhas – só se pode fazer por via aérea, o que acarreta, sublinhamos e

reiteramos, despesas assaz elevadas.

Pelo exposto, não compete, no regime actual e salvo melhor opinião, aos Tribunais

emitir despacho algum que autorize os pedidos de reembolso de despesas que os Srs.

Advogados apresentem no âmbito do exercício das suas funções ao abrigo do apoio judiciário,

pelo que se indefere o requerido.

Notifique.

*

St.ª Cruz das Flores, d.s.

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