CÂMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO FINAL
COMISSÃO ESPECIAL - PL 2905/97 - ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOSEVENTO: Reunião Ordinária N°: 001592/01 DATA: 12/12/01INÍCIO: 14:57 TÉRMINO: 17:19 DURAÇÃO: 02:25TEMPO DE GRAVAÇÃO: 02:26 PÁGINAS: 70 QUARTOS: 15REVISORES: ANDRÉA MACEDO, ANTONIO MORGADO, GILBERTO, LIZ, MADALENASUPERVISÃO: MYRINHA, JOEL, YOKOCONCATENAÇÃO: YOKO
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
SUMÁRIO: Discussão do parecer do Deputado Confúcio Moura ao Projeto de Lei nº 2.905, de1997, sobre alimentos geneticamente modificados.
OBSERVAÇÕESHá oradores não identificados.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Havendo número
regimental, sob a proteção divina e apoiado no eficiente trabalho da nossa
Secretária, Dra. Ana Clara Fonseca Serejo, declaro abertos os trabalhos da
Comissão Especial encarregada de dar parecer ao Projeto de Lei nº 2.905, de 1997,
que "impõe condições para a comercialização de alimentos geneticamente
modificados".
Já tendo sido distribuídas cópias antecipadamente, consulto o Plenário sobre
a necessidade de leitura da ata.
O SR. DEPUTADO SILAS BRASILEIRO – Solicitamos dispensa da leitura da
ata.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Dispensada a
leitura da ata, a pedido do Deputado Silas Brasileiro.
Em discussão. (Pausa.)
Não havendo quem queira discutir, em votação a ata.
Os Deputados que a aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, pela ordem. Peço
verificação.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Concedida. Vamos
proceder à verificação. (Pausa.)
Faremos a chamada nominal para atender ao pedido de verificação
apresentado pelo Deputado João Grandão.
Bloco PSDB/PTB:
Deputado Carlos Batata. (Pausa.)
Deputado Carlos Dunga, "sim".
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Deputado Clovis Volpi. (Pausa.)
Deputado Luiz Ribeiro. (Pausa.)
Deputado Nelson Marquezelli, "sim".
Deputada Rose de Freitas. (Pausa.)
Deputado Saulo Pedrosa, "sim".
Deputado Xico Graziano, "sim".
Bloco Parlamentar PFL/PST:
Carlos Alberto Rosado, "sim".
Deputada Celcita Pinheiro. (Pausa.)
Deputado Francisco Coelho. (Pausa.)
Deputado Jaime Fernandes. (Pausa.)
Deputado José Rocha. (Pausa.)
Deputado Luciano Pizzatto. (Pausa.)
Deputado Mário Assad Júnior. (Pausa.)
Deputado Darcísio Perondi, "sim".
Deputado Alberto Fraga. (Pausa.)
Deputado Confúcio Moura, "sim".
Deputado Igor Avelino. (Pausa.)
Deputado Alberto Fraga, "sim".
Deputado Clovis Volpi, "sim".
Deputado Moacir Micheletto, "sim".
Deputado Silas Brasileiro, "sim".
Deputado João Grandão, "sim".
Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. (Pausa.)
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Deputado Marcos Afonso. (Pausa.)
Deputado Nilson Mourão. (Pausa.)
Deputado Fetter Júnior.
O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, voto pela aprovação
da ata. Voto "sim".
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado Hugo
Biehl. (Pausa.)
Deputada Jandira Feghali. (Pausa.)
Deputado Sérgio Novais. (Pausa.)
Deputado Emerson Kapaz. (Pausa.)
Deputado Pompeo de Mattos. (Pausa.)
Deputado Ronaldo Vasconcellos. (Pausa.)
Deputado Fernando Gabeira. (Pausa.)
Suplentes:
Deputado Elias Murad, "sim".
Deputado José Carlos Elias. (Pausa.)
Deputado José Carlos Martinez. (Pausa.)
Deputado Odílio Balbinotti. (Pausa.)
Deputado Paulo Mourão. (Pausa.)
Deputado Pedro Canedo. (Pausa.)
Deputado Welinton Fagundes. (Pausa.)
Deputado Adauto Pereira. (Pausa.)
Deputado Luciano Pizzatto. (Pausa.)
Deputado Jaime Martins. (Pausa.)
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Deputado Joaquim Francisco. (Pausa.)
Deputado Paulo Octávio. (Pausa.)
Deputado Pedro Pedrossian. (Pausa.)
Deputado Freire Júnior, "sim".
Deputado José Borba. (Pausa.)
Deputado Marcelo Castro. (Pausa.)
Deputado Osvaldo Reis. (Pausa.)
Deputado Fernando Ferro. (Pausa.)
Deputada Iara Bernardi. (Pausa.)
Deputada Luci Choinacki. (Pausa.)
Deputado Cleonâncio Fonseca. (Pausa.)
Deputado Dilceu Sperafico, "sim".
Completamos o quorum necessário para aprovação da ata.
Deputado Roberto Balestra. (Pausa.)
Deputado Kincas Mattos. (Pausa.)
Deputada Vanessa Grazziotin. (Pausa.)
Deputado Alceu Collares. (Pausa.)
Deputado Márcio Bittar. (Pausa.)
Deputado Paulo José Gouvêa. (Pausa.)
Deputado Marcos Rolim. (Pausa.)
Deputado Ronaldo Vasconcellos, "sim".
Verificada a existência do quorum necessário para prosseguimento da nossa
reunião, continuamos o processo de discussão para em seguida passarmos à
votação.
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Comunico aos Srs. Parlamentares que queiram apresentar voto em separado
que a leitura de seu voto poderá ser feita por ocasião da discussão, após o que não
a permitiremos, mas receberemos o voto para que seja registrado nos Anais da
Comissão.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Pois não.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Quero saber o resultado da
verificação, até por uma questão regimental.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Houve 20 votos
"sim".
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Horário?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Às 15h06min.
Concedo a palavra, para debater, ao Deputado Nilson Mourão. (Pausa.)
Ausente.
Concedo a palavra ao Deputado João Grandão.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, estamos
apresentando um voto em separado. É evidente que a leitura desse voto em
separado não será feita agora; haverá um momento próprio, uma vez que ainda
estamos discutindo o relatório. Com todo o respeito que temos pela Presidência,
pela Relatoria e pelos demais Deputados que compõem esta Comissão, estamos
preocupados com esse relatório, como é do conhecimento de V.Exa.
Temos 18 projetos para discutir nesta Comissão Especial destinada a
apreciar o Projeto de Lei nº 2.905, de 1997. O que mais me deixa impressionado e
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um tanto quanto preocupado é que, dos dezoito projetos que foram analisados,
apenas um não faz qualquer restrição quanto a essa questão.
Fizemos um estudo, e a Deputada Iara Bernardi tem muito mais
conhecimento dessa questão, porque foi quem mais se debruçou sobre ela, mas não
conseguimos entender por que, não tendo sido apresentado parecer desfavorável à
maioria absoluta dos projetos, haja profundas restrições em relação ao assunto em
debate. E deparamo-nos com um relatório que fez uso do conteúdo de praticamente
um único projeto. Isso deixa-me muito preocupado.
Esta não é uma posição unicamente minha, não é uma posição apenas do
Deputado João Grandão. Todos sabem desta minha posição na Comissão de
Agricultura, pelos debates que temos feito nos Estados e no País afora. Fui, em
determinados momentos, muito questionado, pelas divergências que temos quanto a
essa questão, pelas empresas que detêm o controle de um número muito grande de
sementes no País, como, em algumas cidades de Minas Gerais, a Monsanto. E
minha posição não é ideológica. O que quero é contribuir com os consumidores,
com os produtores e com aqueles que serão prejudicados, ou não — não sei,
porque não temos sequer dados sobre essa questão para que possamos afirmar
isso de forma categórica. A preocupação é com essas pessoas. Portanto, esta não é
uma opinião só de João Grandão, mas de várias pessoas e entidades intimamente
ligadas com a questão.
Estamos diante de um relatório que nos suscita um questionamento, não só
em termos de dados, mas também em função das posições que a sociedade tem
tomado quanto à questão. Tais posições não são somente de entidades, mas do
próprio Ministério do Meio Ambiente, que apresenta parecer a esse substitutivo,
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dizendo que ele contém o chamado vício de origem. Portanto, devemos ter esse
cuidado. O próprio Ministério apresenta várias situações em relação a esses vícios,
presentes no substitutivo nos arts. 4º, 5º, 6º e 10.
Faço aqui um apelo. Temos esta possibilidade no âmbito regimental, e é
evidente que vou tentar convencê-los de que devemos adiar a votação. Embora se
possa alegar que houve muitas discussões aqui sobre a matéria, audiências
públicas etc., creio que não estão sendo levadas em consideração no relatório
muitas opiniões, dadas com argumentos convincentes. O que vemos são algumas
contestações, simplesmente por acharem que adotei uma posição ideológica
amparada por essa ou aquela ONG. Mas não é verdade, Sr. Presidente e nobre
Relator. Tenho feito meus questionamentos por estar preocupado com a saúde
humana.
Não podemos, de forma alguma, admitir determinadas situações. Na minha
avaliação, pelo que tenho conversado e discutido, parece que os interesses
apresentados aqui não casam com a opinião de muitas entidades e de vários
Deputados desta Comissão. Portanto, Sr. Presidente, faço aqui um apelo, dizendo
ao nobre Relator que temos a grande oportunidade de fazer este debate agora,
compartilhando da decisão de V.Exa. E que possamos reunir mais entidades e
Deputados, para promover algumas alterações nesse relatório.
Sr. Presidente, já falei demais para o meu tamanho. Para início de conversa,
essas eram algumas das considerações que gostaria de fazer. Evidentemente farei
outras no decorrer da reunião.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Em primeiro lugar,
agradeço a V.Exa. por ter utilizado somente sete minutos do tempo de quinze
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minutos de que dispunha para sua manifestação. Em segundo lugar, devo lembrar
que o momento da apresentação do voto em separado é no encaminhamento da
discussão. Durante o processo de votação e em outros momentos desta reunião,
não teremos mais a oportunidade de ouvir o encaminhamento de V.Exa. do voto em
separado, a não ser que V.Exa. ocupe o lugar da Liderança.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, como protocolei o
meu voto em separado, quero recorrer ao tempo que me cabe para discuti-lo.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Mas o momento da
apresentação do voto é exatamente no momento da discussão.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Então, Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem, e vou iniciar a leitura do meu voto.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Pois não. V.Exa.
tem ainda cinco minutos.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Faço um apelo a V.Exa. para que
me conceda o tempo de ler o voto em separado, para que os nobres pares possam
efetivamente dele tomar conhecimento.
Sr. Presidente, este nosso voto em separado propõe um substitutivo ao
relatório. Antes de iniciar sua leitura, quero saber se foram distribuídas cópias do
voto aos nobres pares, e peço-lhe que não conte o tempo desta consulta; e se não
foram, que se faça a distribuição, para que os Deputados possam acompanhar-me.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado João
Grandão, pode prosseguir. Todos já têm o voto.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, comunico que este
voto em separado traz as assinaturas dos Deputados João Grandão, Nilson Mourão,
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Fernando Ferro, Iara Bernardi, Luci Choinacki, Fernando Gabeira, Luiz Eduardo
Greenhalgh, Marcos Afonso, Vanessa Grazziotin e Adão Pretto.
Em todo o mundo, as espécies geneticamente modificadas ou transgênicas
têm sido objeto de grande controvérsia, inclusive no meio científico, em especial no
tocante aos efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana e animal. Outro
aspecto que tem provocado exaustiva discussão por parte dos governos e da
sociedade civil diz respeito à necessidade ou não de se garantir a informação ao
consumidor quando há presença de ingredientes transgênicos no produto
alimentício. Os aspectos econômicos, sociais e éticos são igualmente tratados.
No plano nacional, a mesma acirrada discussão se nota. De um lado, em
apoio à posição de empresas de biotecnologia, no âmbito do Poder Executivo
Federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério da
Ciência e Tecnologia têm sustentado a importância da liberação dos transgênicos
para a agricultura brasileira, especialmente por meio da EMBRAPA e da CTNBio —
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.
De outro lado, expoentes da sociedade civil organizada, como o IDEC —
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Fórum Nacional das Entidades Civis
de Defesa do Consumidor, a Associação Civil Greenpeace, a ASPTA e outros,
mostram-se contrários à introdução de transgênicos no Brasil, em razão da falta de
pesquisas científicas atestando a inocuidade de cada uma dessas espécies (soja
Roundup Ready, milho bt etc.) para a saúde e para o meio ambiente, além de
pleitear a ampliação do debate público para a discussão dos impactos econômicos e
sociais que entendem não possam ser negligenciados pelas autoridades públicas.
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A polêmica estendeu-se para o âmbito legislativo, sendo que hoje existem
diversas leis estaduais e municipais dispondo sobre o assunto, algumas exigindo a
rotulagem plena, outras proibindo a produção e a comercialização de espécies
geneticamente modificadas no Estado ou no Município. No plano federal, a Lei de
Biossegurança, Lei nº 8.974, de 1995, com as alterações introduzidas pela Medida
Provisória nº 2.137, de 28 de dezembro de 2000, hoje Medida Provisória nº 2.191-
9/01, é a principal norma sobre biossegurança, complementada por decretos e
instruções normativas da CTNBio — Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
—, criada formalmente com a referida medida provisória. Ainda se aplicam, ao lado
dessa legislação específica, outras leis (Constituição Federal, legislação ambiental,
legislação de agrotóxicos, legislação de defesa do consumidor).
Há mais de três anos, o plantio e a comercialização de transgênicos estão
proibidos no Brasil, em razão de uma determinação judicial que impôs o dever de os
órgãos competentes (Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente e Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) estabelecerem regras para a avaliação de
riscos à saúde, ao meio ambiente, além de uma norma para garantir a informação
plena ao consumidor.
Desde então, as informações colhidas ao longo dos trabalhos desta Comissão
Especial apontam no sentido de que nada avançou quanto à regulamentação dos
aspectos de saúde. Com relação à rotulagem de transgênicos, em julho de 2001 foi
publicado um decreto presidencial que exige a informação no rótulo apenas dos
produtos embalados e quando houver mais de 4%, por ingrediente transgênico.
Além disso, limita a informação aos produtos destinados ao consumo humano. Por
essas razões, mais uma ação civil pública tramita na Justiça Federal contra a União
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Federal proposta pelo Ministério Público Federal e pelo IDEC — Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor. Por fim, na questão ambiental, o Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA), órgão máximo deliberativo do Ministério do Meio
Ambiente, está em vias de elaborar uma resolução sobre o assunto, após as
discussões travadas no âmbito de sua Câmara Técnica de Controle Ambiental por
um Grupo de Trabalho.
Esta Comissão Especial de Organismos Geneticamente Modificados da
Câmara dos Deputados teve a oportunidade de ouvir e questionar, em audiências
públicas, dezenas de convidados. A conclusão a que se pode chegar é tão-somente
a de que há um marcante choque entre as visões, os fatos e os dados apresentados
pelos segmentos envolvidos com o assunto, de maneira a tornar ainda mais difícil a
tarefa de legislar sobre o assunto em questão.
Outros dados confirmam as divergências. De um lado, os defensores da
biotecnologia alegam a inexistência de evidência de que os transgênicos causem
mal aos seres humanos, pois várias espécies vêm sendo consumidas há alguns
anos em outros países, como Estados Unidos, Argentina e Canadá. Por outro lado,
crescem as manifestações de organizações científicas e sociais no sentido de exigir
mais estudos e pesquisas. Segundo os dados colhidos, o fato é que não houve
investigação científica suficiente sobre os potenciais efeitos adversos dos alimentos
transgênicos para justificar a segurança desses produtos. Essa é, entre outras, a
conclusão de uma revisão bibliográfica publicada na revista de Saúde Pública de
Madri, Espanha, sobre pesquisas a respeito dos potenciais efeitos adversos à
saúde, provocados pela ingestão dos alimentos modificados geneticamente. A
revisão foi feita junto às duas maiores bases de dados, a MEDLINE e a TOXLINE, e
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outras referências bibliográficas na Internet, tendo os autores encontrado apenas
seis estudos experimentais originais publicados. Por isso, salientam a ausência de
referências correspondentes a estudos ou avaliações nutricionais, toxicológicas e
imunológicas relacionadas a esses alimentos, com caráter experimental. Para eles,
(...)podem-se estabelecer algumas conclusões referentes
ao conhecimento do estado atual dos potenciais efeitos
adversos sobre a saúde dos alimentos geneticamente
modificados. Assim, embora as manifestações nos meios
de comunicação, levadas a cabo por representantes das
empresas de biotecnologia que se dedicam à elaboração
dos alimentos geneticamente modificados, indicarem que,
de acordo com seus estudos, o consumo de alimentos
geneticamente modificados já comercializados ou em vias
de serem comercializados não implica riscos para a saúde
humana, diante da ausência de publicações de
experimentos originais, o manifestado por ditas empresas
se converte em mero ato de fé, pelo fato de os resultados
não terem sido devidamente julgados ou comprovados
pela comunidade científica internacional.
Mais recentemente, corroborando essa posição, a respeitada academia de
ciência canadense The Royal Society of Canada elaborou um estudo, a pedido do
governo daquele país, em que afirma a necessidade de aprofundamento da
investigação científica e de aplicação do princípio da precaução.
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A divergência sobre a introdução de transgênicos no Brasil não esteve
presente apenas nas audiências realizadas nesta Comissão. Uma pesquisa de
opinião nacional (encomendada pelo Greenpeace) realizada em julho deste ano
constatou que a maioria da população brasileira (74%) prefere consumir um alimento
convencional a um transgênico.
A necessidade de uma moratória para a introdução comercial no País é
respaldada pela mesma pesquisa, pois 67% da população são contrários ao plantio
comercial de transgênicos, enquanto não há consenso na comunidade científica
sobre a sua segurança ambiental e de saúde.
Sr. Presidente, abro um parêntese para dizer que o Governo Federal também
deveria fazer essa pesquisa, para não ficar somente justificando que é o
Greenpeace quem a está fazendo.
As informações recentemente divulgadas na imprensa sobre a contaminação
de milho transgênico no México, centro de origem das variedades selvagens da
espécie, mostram que "os organismos geneticamente modificados, uma vez postos
no meio ambiente, comportam-se como bem entendem — e não como os manuais
de biossegurança prescrevem" (Folha de S. Paulo, 29 de novembro de 2001).
Portanto, além de os riscos ambientais que os transgênicos trazem ao meio
ambiente serem imprevisíveis, na medida em que ainda não se conhecem os dados
que eles possam causar, a sua introdução trará impactos irreversíveis, na medida
em que se trata de organismos vivos que se espalham e não podem ser eliminados
posteriormente do meio ambiente.
A moratória é uma condição sine qua non para preservar o meio ambiente
desse risco e representa uma aplicação prática do princípio de precaução, em face
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das incertezas que existem hoje quanto aos impactos ambientais desses
organismos.
As informações sobre as vantagens econômicas do uso de plantas
transgênicas na agricultura são igualmente controversas. A propaganda das
empresas produtoras de sementes transgênicas afirma que seu uso reduz a
quantidade de herbicidas empregada e que isso reduz os custos de produção,
fazendo os produtos transgênicos mais competitivos.
A realidade é muito diversa da propaganda. Com base em estatísticas do
USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o pesquisador Charles
Benbrook, do Northwest Science and Environment Policy Center, em Idaho, verificou
que em 1999 o uso de herbicidas nos cultivos de milho transgênico foi 9,6% maior
do que naqueles em que foi usado o milho convencional. Em 2000 essa diferença
subiu para 31,5%.
No que concerne à produção de soja, a Monsanto afirma que a redução do
uso de herbicida nos cultivos transgênicos é de 25%. Já o USDA afirma que essa
redução é de 10%. Ambas as pesquisas foram amplamente questionadas, pois a
primeira compara situações muito particulares e a segunda trabalha com grandes
agregados onde vários outros fatores incidem na redução total do uso de herbicidas,
em particular...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado João
Grandão, V.Exa. já está há vinte minutos lendo o seu voto. Vou considerar que,
daqui para frente, V.Exa. estará ocupando o espaço da Liderança para fazer o
encaminhamento da votação, e concederei, portanto, mais quinze minutos a V.Exa.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Obrigado.
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Como eu dizia, ambas as pesquisas foram amplamente questionadas, pois a
primeira compara situações muito particulares e a segunda trabalha com grandes
agregados onde vários outros fatores incidem na redução total do uso de herbicidas,
em particular o efeito do uso de técnicas de baixas dosagens de herbicidas em
cultivos convencionais que utilizam dez vezes menos herbicida do que os cultivos
transgênicos. Comparações mais rigorosas entre cultivos transgênicos e
convencionais, com base em dados do próprio USDA, apontam para uma diferença
de 3,6% a mais de herbicidas empregados nos cultivos transgênicos.
Pesquisas divulgadas em maio deste ano pelo pesquisador do Northwest
Science and Environment Policy Center também citam informações divulgadas pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que provam que o uso de
herbicidas na soja transgênica Roundup Ready, da Monsanto, é em média 11,4%
maior do que na soja convencional, podendo chegar até 30%.
A grande "vantagem", entre aspas, em custos apontada pela Monsanto para
suas sementes transgênicas de soja não está na quantidade utilizada, mas na brutal
diminuição do preço por Roundup — 22% de redução —, devido à guerra de preços
com outras empresas produtoras de herbicidas. Essa vantagem, entretanto, não
deve manter-se à medida que a Monsanto consolidar sua parte do mercado, além do
fato de outras empresas também terem reduzido seus preços. O "efeito transgênico"
na redução de custos não tem, portanto, nada a ver com vantagens agronômicas,
mas sim com a guerra de preços.
Outra grande vantagem atribuída aos transgênicos é a simplificação das
operações agrícolas, que seriam reduzidas a uma só aplicação de herbicidas. Os
agricultores americanos que plantam soja transgênica desde 1995, entretanto, estão
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sendo obrigados a utilizar de duas a três aplicações de Roundup por safra, além de
serem obrigados a utilizar outros herbicidas. Isso se dá porque a resistência das
invasoras aos herbicidas aumentou de forma exponencial, reduzindo ainda mais os
resultados obtidos.
O uso de transgênicos hoje nos Estados Unidos mantém-se muito mais pelo
controle das empresas produtoras de transgênicos sobre o mercado de semente do
que por qualquer vantagem percebida pelos agricultores. Hoje em dia é cada vez
mais difícil encontrar sementes não-transgênicas para comprar.
Se olharmos para as condições do mercado internacional de soja e milho — e
aqui chamo a atenção dos nobres Pares —, veremos que o Brasil tem tudo a ganhar
em não entrar na arapuca das empresas transnacionais. Enquanto o Brasil
aumentou suas exportações em 28% para a soja de 2000 para 2001 e passou de
importador de milho, desde 1997, para terceiro maior exportador mundial em 2001,
exportando um volume de 3 milhões de tonelada, os Estados Unidos viram suas
exportações caírem vertiginosamente. Se entrarmos no jogo das empresas, o Brasil
perderá sua condição especial de único grande país exportador capaz de oferecer
produtos não-transgênicos para os consumidores europeus e asiáticos.
Quanto ao argumento de que podemos produzir tanto transgênicos como não-
transgênicos para diferentes tipos de mercado, a experiência americana é
reveladora: os custos da segregação entre transgênico e não-transgênico são
proibitivos e diminuirão as margens de lucros dos exportadores.
Comparando a diferença entre os custos de produção de soja transgênica em
Illinois, nos Estados Unidos, contra a soja convencional do Mato Grosso do Sul —
faço questão de ressaltar —, verificamos que produzimos por 373,80 dólares por
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hectare, contra 611,70 nos Estados Unidos. Além disso, experiências de ONGs do
Paraná apontam os custos para a soja orgânica da ordem de 240,95 dólares por
hectare, ainda mais vantajosa para o produtor. Por outro lado, constata-se que as
produtividades dos três sistemas são bastante próximas, de modo que não há
qualquer vantagem nos rendimentos ou nos custos para a soja transgênica.
Para finalizar, cientistas americanos vêm corroborando suspeitas de seus
colegas brasileiros da EMBRAPA (Avílio Franco, do CNPAB-EMBRAPA) de que a
soja transgênica e o uso crescente de Roundup podem afetar a biologia do solo e
prejudicar uma das mais espetaculares pesquisas dessa empresa, a fixação
biológica do nitrogênio através da inoculação de rizóbio das sementes de soja. Isso
ameaça a grande economia em adubação nitrogenada conseguida por essa técnica,
que representa um ganho de cerca de 1,8 bilhões de dólares anualmente.
Portanto, considerando os princípios e os direitos constitucionais previstos
nos arts. 5º, caput, 6º, caput, 170, caput e incisos V e VI, 196, 225, caput e § 1º,
incisos II, IV, V e VII, e considerando as acentuadas divergências científicas no
Brasil e no mundo a respeito dos potenciais maléficos dos transgênicos, é imperativo
que o Poder Legislativo federal aja com prudência e estabeleça contornos rígidos
para as atividades na área de biotecnologia, de modo a preservar a saúde da
população brasileira e o meio ambiente; considerando, ainda, o desconhecimento a
respeito dos impactos que a liberação de espécie geneticamente modificada pode
provocar; considerando, finalmente, a necessidade de se viabilizar o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia, mas garantindo, antes, os valores
máximos da nossa Constituição Federal — a vida, a saúde e o equilíbrio do meio
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ambiente —, sugerimos a apresentação de um substitutivo ao Projeto de Lei nº
2.905, de 1997.
Somos, pois, pela aprovação do Projeto de Lei nº 2.905, de 1997, na forma do
substitutivo aqui sugerido, que submetemos à apreciação do ilustre Relator e desta
Câmara Técnica.
Tal substitutivo está, evidentemente, apensado ao voto em separado, e
dispensa leitura. Se V.Exas. quiserem posso lê-lo, mas creio que todos têm
conhecimento do substitutivo aí apresentado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradecemos a
boa vontade ao Deputado João Grandão. É claro que todos vamos ler o substitutivo
apresentado. Caso seja necessário, Deputado, algum colega que o subscreveu
juntamente com V.Exa. poderá, no seu tempo, apresentar o substitutivo.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, conforme observado
por V.Exa., só usei dez minutos da Liderança, restando mais cinco minutos a serem
usados em outro momento.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Com a palavra o
Deputado Fetter Júnior.
O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Parlamentares, fico satisfeito por esta Comissão ter trabalhado da forma como
trabalhou. Foram dezenove os projetos analisados e mais de cem as pessoas
convidadas a vir aqui prestar depoimento, 29 das quais efetivamente compareceram;
ouvimos as mais variadas opiniões de cientistas, de juristas, de entidades, da
sociedade civil, tanto a favor da proposta como contra ela.
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Entendo que o Deputado Confúcio Moura teve muito trabalho para elaborar
seu relatório, o qual tem algumas características importantes: em primeiro lugar,
fortalece a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, o que acho importante,
por se tratar do órgão máximo nessa área no Brasil, integrado por renomados
especialistas e representantes da sociedade civil; em segundo lugar, procura
delimitar com mais clareza as atribuições dos diferentes órgãos que atuam de forma
suplementar na saúde, na agricultura e no meio ambiente.
Discordo do Relator e também do voto em separado do Deputado João
Grandão quando trazem para esse projeto de lei uma parte da Medida Provisória nº
2.191-9, de 2001, que diz respeito às punições. Entendo que existe uma medida
provisória que estabelece punições para quem produzir, enfim, para quem
disseminar os transgênicos sem observação das normas, e que o fórum específico
para discutir tal questão deve ser a Comissão Especial que analisa aquela medida
provisória, uma vez que nós, nesta Comissão, não nos aprofundamos nela, e parece
que fazê-lo ao final do trabalho seria inadequado e redundante. Nessa parte,
discordo tanto do substitutivo do Relator quanto do apresentado junto com o voto em
separado pelo Deputado João Grandão, porque entendo que uma Comissão
Especial está tratando especificamente disso, além do que nós não fizemos uma
discussão aprofundada desse tema, e os projetos de lei que aqui foram analisados
não tratam dessa questão. Portanto, parece-me que estamos trazendo para esse
projeto de lei uma questão que não foi adequadamente examinada.
Se não me falha a memória, ou se minha informação está correta, o Deputado
Darcísio Perondi ficou de apresentar um destaque para votação em separado do art.
7º do substitutivo do Relator, para que haja a supressão desse dispositivo.
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Por outro lado, Sras. e Srs. Deputados, vejo que temos decisões importantes
a tomar. Por exemplo, Brasil deve, como o colega apregoa em seu voto em
separado, fazer uma moratória de cinco anos, ou não?
Neste ano, completam-se 25 anos desde que me formei em Agronomia.
Inclusive neste sábado haverá uma festa de comemoração. Como agrônomo, pude
acompanhar tanto a revolução tecnológica, a Revolução Verde da década de 70,
como essa nova tecnologia que se apresenta hoje. Entendo que, em termos de
agronomia, sem dúvida a tecnologia associada aos transgênicos representa uma
evolução, a exemplo daquela que deu o Prêmio Nobel a Norman Borlaug, que trouxe
um novo modelo de agricultura na década de 70. Agora temos novamente um
desafio, que traz inseguranças, medos e preocupações, como toda mudança
tecnológica. Mas, pelo que conhecemos da parte agronômica, significa o plantio na
palha, com menos movimentação de terra, portanto com menos erosão; com menos
gasto de combustível, portanto com menos descarga de CO2 na natureza.
Com relação a essa questão polêmica levantada no voto em separado — se
se gasta mais ou menos herbicida —, os estudos que acompanhei e a experiência
que tive na prática mostram que há um consumo menor de herbicidas; portanto, há
menor agressão ao meio ambiente.
Sou produtor rural também há muitos anos — não planto transgênicos porque
é proibido; planto soja convencional —, e, como produtor, como alguém que há
várias gerações produz alimentos no País, entendo que não se pode tirar o direito de
escolha do agricultor sobre o que produzir. Existe um mercado para produto
orgânico, sim, e é importante que exista; existe um mercado para produto
convencional, sim, e existe um mercado para produto transgênico. O País não pode
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fechar-se a novas tecnologias, e o produtor rural deve ter sua escolha, desde que
sejam preservadas todas as garantias. Para isso temos a CTNBio e os Ministérios
da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente.
Também tenho uma grande preocupação com o meio ambiente, como pai de
quatro filhas. Depois de uma ampla discussão nesta Comissão, com depoimentos
dos maiores cientistas do País, tenho certeza absoluta de que temos condições
tecnológicas e científicas para avaliar essas questões, e a CTNBio tem amplas
condições de avaliar o que pode e o que não pode liberar. O Brasil tem renomados
cientistas, e precisamos valorizar a ciência nacional.
Tenho convicção de que o parecer do Deputado Confúcio Moura reflete um
equilíbrio entre as várias posições discutidas: não tende demais para um lado nem
para o outro. Só discordo dessa parte das punições, não porque seja contra a
punição, mas porque entendo que o fórum adequado para discutir especificamente
isso é a Comissão que analisa a medida provisória; nós aqui a discutimos muito
pouco para adentrar mais uma questão polêmica. Não sei se o Deputado Darcísio
Perondi apresentou um destaque para ser analisado à parte, mas se apresentou,
como disse que apresentaria, acho que devemos retirar esse dispositivo daí e
discuti-lo na outra Comissão Especial, apresentando destaques, se for o caso, com
os quais poderemos concordar ou não, dependendo dos argumentos.
Cumprimento o Deputado Confúcio Moura pelo seu ponderado e equilibrado
relatório, que fortalece a capacidade de fiscalização do Governo brasileiro, valoriza a
ciência nacional e dá alternativas aos agricultores deste País. Seguramente votarei
favoravelmente a esse relatório, com essa ressalva e algumas outras de que os
colegas possam convencer-me ao longo dos debates.
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Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço ao
Deputado Fetter Júnior.
Antes de passar a palavra ao próximo debatedor, informo que há sobre a
mesa um requerimento de encerramento da discussão da matéria. Naturalmente,
vou colocar em votação esse requerimento após...
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Pela ordem, tem a
palavra o Deputado João Grandão.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, gostaríamos de
continuar a discussão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Eu não vou
encerrar a discussão agora. Tenho um requerimento sobre a mesa e vou colocá-lo
em votação após ouvir os encaminhamentos, com cinco Deputados falando a favor
do relatório e cinco contra ele.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Pois não.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, gostaria que
V.Exa. dissesse se já existem essas cinco inscrições para falar a favor e contra, e
quem são os oradores inscritos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Já temos dezoito
inscrições.
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O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Gostaria de saber, então, até
onde vai a lista, para saber se vou poder falar ou não.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – V.Exa. está
inscrito, mas, encerrada a discussão, terei de colocar em votação esse
requerimento. Se for aprovado, com certeza V.Exa. não terá oportunidade de fazer
seu encaminhamento, porque V.Exa. é o décimo sétimo inscrito.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Décimo sétimo. E faltam
quantos ainda? Quantos já falaram?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Três.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Três falaram.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Faltam sete, ainda.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Então, não vou ter chance.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Exato.
Com a palavra, para encaminhar o voto contra o relatório, o Deputado
Fernando Ferro.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Parlamentares, em primeiro lugar, acho que esta discussão não pode ser vista
apenas como a análise de um parecer a um projeto de lei. Estamos discutindo aqui
questões de caráter político e ético, modificações nos produtos que serão fornecidos
para consumo da população do País. Estamos participando de um processo de
divisão de responsabilidades.
Sr. Presidente, muito me estranha a maneira como se trava este debate, para
o qual se estão arrastando pessoas que são trazidas quase que amarradas, sem
conhecer o tema, para vir aqui votar. Muitas delas sequer participaram dos debates,
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mas cumprem um ritual burocrático de assinar uma lista de presença para permitir,
assim, a votação de uma matéria tão importante como essa.
Na verdade, estamos tentando introduzir alterações de extrema gravidade na
legislação no tocante aos organismos geneticamente modificados no País. A forma
como se faz isso sem sombra de dúvida revela que há forças, recursos e interesses
econômicos por traz desta votação.
Sr. Presidente, dizer que há pesquisa suficiente para garantir que
produtos transgênicos, organismos geneticamente modificados não apresentam
riscos é uma afirmação que evidentemente merece contestação. Ouvimos diversos
defensores dessas iniciativas falarem inclusive das excelências ambientais com a
adoção dos produtos transgênicos. O curioso, Sr. Presidente, é que estamos sendo
permanentemente instados e provocados a repetir o que fazem os Estados Unidos e
a Argentina. Os Estados Unidos aprovaram recentemente o mecanismo de fast
track, que vai inviabilizar transações comerciais da agricultura brasileira com aquele
país e criar barreiras e mecanismos de proteção para dificultar comercialmente o
acesso de nossos produtos.
Estamos abrindo a produção brasileira para permitir mais facilidade nesse
fluxo de interesses comerciais, a fim de atender aos interesses de corporações e
multinacionais dos Estados Unidos. Ou seja, estamos nos nivelando em
procedimentos com os Estados Unidos, perdendo nossa diversidade, nossas
características de mercado diferenciado para ir a outros nichos da agricultura
mundial atender a esses interesses. Causa-me estranheza o fato de que estamos
perdendo essa condição.
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Sr. Presidente, não sou contrário aos produtos transgênicos. Temos de
discutir e aprofundar esse tipo de procedimento e adotá-lo com segurança. Quero,
inclusive, registrar partes positivas nesse projeto de lei quanto à proibição da
clonagem humana, seqüência e desenvolvimento dos presentes debates sobre
produtos transgênicos.
A preocupação que V.Exa. acolheu é positiva e merece, de nossa parte, o
reconhecimento pela importância e atualidade, uma vez que se trata de debate no
plano internacional A discussão que ora fazemos não é localizada, não atende a
interesses apenas do nosso continente.
A Europa, por exemplo, discute com muita precaução o assunto e com grande
participação da população. São promovidos plebiscitos, como os sugeridos no
Brasil, para consultar a população se deve ou não aceitar esse tipo de produto, haja
vista que diz respeito à qualidade de alimentação e de vida e ao que se vai
consumir. Quer dizer, o plebiscito visa, principalmente, a aprofundar a discussão,
nela incluindo mais elementos, especialistas e a população, além de esclarecer o
tema para que se tenha posição amadurecida e profundamente debatida.
Estamos tratando da modificação de seres vivos, área para a qual não existe
ainda legislação ou regulamentação quanto aos aspectos éticos nem unanimidade
científica. Vejam o grande debate sobre clonagem humana ora em cena. Por tudo
isso não é correta a precipitação do debate que se quer fazer neste momento.
Falou-se agora há pouco do direito de escolha do agricultor familiar frente às
grandes corporações. Que direito terá após serem introduzidas essas técnicas de
modificação genética? Será submetido a essa reserva de mercado, própria dos
fabricantes de herbicidas e dos detentores de conhecimento e tecnologia. Não
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haverá direito de escolha, como não o há na Argentina e nos Estados Unidos. Quer
dizer, terá de se nivelar, submeter-se, pagar royalties para plantar de acordo com
quem desenvolveu a tecnologia e vai cobrar por isso.
Nesse sentido, nós, que temos expressiva base de agricultura familiar,
concluímos que essa iniciativa é prejudicial ao importante mercado dessa área.
Além disso, não é correto imaginar-se que a abertura desses procedimentos
na agricultura irá acontecer tranqüilamente. Vamos desenvolver processo de
poluição genética gradativa, que, rapidamente, irá aniquilar nossa biodiversidade. A
biodiversidade do País e do nosso continente está ameaçada por esse
procedimento.
O projeto de lei comete alguns lamentáveis erros. Trata, no seu art. 7º, da
competência dos órgãos de governo para ditar normas sobre fiscalização de registro
e autorização de produtos geneticamente modificados.
O § 4º diz: “Caberá ao órgão de fiscalização do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento emitir as autorizações e os registros previstos neste
artigo, referentes a produtos e atividades que utilizem OGM destinado a uso da
agricultura... “
O § 5º se refere a OGM destinado a uso humano e farmacológico.
O § 6º se refere produtos e atividades que utilizem OGM destinado a uso em
ecossistemas naturais.
Faz uma divisão que não é correta da vida e das atividades. Essa operação
tem de ser necessariamente holística e integrada. Não pode ser separada desse
jeito. Não se pode separar a agricultura dos agricultores ou, como querem, dos
ruralistas. Isso diz respeito à saúde pública e ao meio ambiente. Então, está
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integrada. Não pode ser abordada de forma seccionada, segmentada. Esta é uma
visão equivocada de compartilhar irresponsabilidades. Deveria ser feito por
sistemática tripartite ou mais diversificada, até incluindo o Ministério da Justiça, uma
vez que existem aspectos jurídicos fundamentais nessa área. Está sendo feito de
forma burocrática, tecnocrática e não pode ser trabalhado com essa interpretação.
Inclusive, tal atitude atropela de forma indevida o avanço do CONAMA nessa área.
Existem na Casa outras áreas que estão discutindo o assunto. Há proposta
de fiscalização e controle pelo País afora para discutir o assunto.
Sr. Presidente, pediria a V.Exa. que pedisse silêncio a fim de eu ser ouvido.
Sei que muitos não respeitam o debate. Ouvi, silenciosamente, os prós e os contras,
mas alguns precisam aprender que estamos aqui para ouvir e dizer o que sentimos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – A Presidência pede
desculpas. Distraí-me conversando com a Deputada Iara Bernardi, mas estou atento
ao barulho. Peço silêncio ao Plenário.
Continua com a palavra V.Exa.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Agradeço a V.Exa. Esse
sentimento move interesses e traz a esta Comissão inúmeros assessores e
interessados em fornecer informações a um e outro lado.
O debate democrático tem de ser praticado à exaustão e deve ser da
responsabilidade de todos nós. Estamos entrando com requerimento para adiar essa
discussão, a fim de ouvir mais partes e argumentos, utilizando todo o tempo
necessário, sendo tolerantes, responsáveis, com a seqüência de argumentos prós e
contras apresentados em relação a essa iniciativa.
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Sr. Presidente, com essa preocupação e com a intenção de contribuir para
que esta Casa produza legislação que responda aos interesses da sociedade,
posicionamo-nos contra o Substitutivo pela forma intempestiva como sugere e
propõe que o Brasil adote a comercialização e o uso de transgênicos na agricultura,
o que irá desencadear processo de levar a outras áreas, brevemente, a utilização
dessas técnicas.
Engana-se quem pensa que, se abrirmos essa janela agora, estaremos
preservando preocupações em relação às outras áreas, inclusive à de clonagem
humana. Há poderosíssimo lobby de laboratórios de empresas multinacionais que
desfecham, em escala internacional, tentativa de ganhar dinheiro e estabelecer
mercados nessa área.
Fico ao lado daqueles que querem trabalhar com precaução, paciência,
parcimônia e responsabilidade no desenvolvimento da legislação e do debate sobre
o assunto que estamos tratando.
Por último, gostaria, sincera e honestamente, que me dissessem os
representantes do Governo e da CTNBio se acreditam que a CTNBio tem
competência e pessoal para responder aos desafios da adoção dessas técnicas de
transgenia na produção agrícola. Temos técnicos em número suficiente para
fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento de pesquisas da produção? Não temos.
Falta pessoal e qualificação nessa área.
Com todo o respeito que nutrimos pelos técnicos da área, a exemplo de
países da Europa, não temos por que entrar nessa aventura. Precisamos de mais
cuidado e zelo, porque estaremos respondendo por essa decisão. E não quero ser
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participante de iniciativa que nos expõe à experimentação tecnológica, nos
transforma em cobaias, de certa maneira, buscando o comércio e a regulamentação.
Já se tem acúmulo de experiências em outros países, principalmente nos
Estados Unidos. Ouvimos professora de Direito, durante debate nas Comissões, da
universidade do Texas afirmar claramente que o povo americano também é cobaia
da adoção dessas técnicas. Tal afirmação não foi de nenhum ativista do
Greenpeace, mas, repito, de especialista em Direito. Isso nos deu convicção de
reconhecer que ela não teria motivo para vir aqui trazer informações e conhecimento
jurídico se não fossem de forma responsável.
São por estas considerações que me manifesto contra o Substitutivo.
Espero que sejamos capazes de discutir esse assunto e levarmos adiante o
debate, com objetivo de votar com mais responsabilidade esse tema.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço ao
Deputado Fernando Ferro a participação.
Convoco o próximo debatedor, Deputado Silas Brasileiro.
O SR. DEPUTADO SILAS BRASILEIRO – Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e
Srs. Deputados, mais uma vez estamos aqui para discutir matéria de tamanha
importância para a produção nacional com emoção e sentimento de ideologia,
esquecendo que a razão deve imperar neste momento.
Não queremos, de forma alguma, entrar em provocação. Não pretendemos
isso. Contudo, quando ouvimos ataques à comunidade científica brasileira, à
CTNBio, e dúvidas quanto à sua capacidade, tais fatos nos constrangem
sobremaneira.
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Conhecemos a capacidade dos nossos técnicos, tão bem aproveitados,
famosos e valorizados no exterior. Entretanto, estamos desprestigiando comunidade
que tem conhecimento mais do que suficiente para opinar sobre a matéria que
estamos discutindo neste momento. Portanto, em primeiro lugar, devemos fazer
justiça e reconhecer o trabalho da nossa comunidade científica, a CTNBio.
Em segundo lugar, opiniões isoladas, ouvimos muitas. Opinião de uma
americana ou de cidadão de outra nacionalidade, isoladamente, não reflete a
verdade de forma nenhuma. Queremos discutir o conjunto e tivemos tempo
suficiente para fazê-lo. Por isso, estamos esclarecidos com relação à matéria para
deliberar na tarde de hoje.
Encontramos material sobre as mesas. Um diz: “Por um Brasil livre de
transgênicos”. No segundo parágrafo, não foram de forma nenhuma honestos e
desviaram, inclusive, a atenção da discussão da matéria central para endividamento
e informação de número totalmente errado. Para quê? Para provocar os ânimos e
lançar dúvida.
Então, quando discutimos endividamento rural, o que totaliza 28 bilhões, a
informação é de 45 bilhões. Quando dizem que estamos privilegiando grandes
produtores, 20 bilhões da dívida são dos pequenos, e somente 8 dos grandes.
Então, a diferença é muito grande e temos de restabelecer a verdade.
No terceiro parágrafo, foram mais ou menos honestos porque disseram que a
posição dos Parlamentares ignora todas as evidências apresentadas. Então, não
puderam estabelecer evidências e afirmar com conhecimento de causa, visto
saberem que não é verdade.
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Outra afirmação que nos feriu profundamente foi a referência a nós,
Parlamentares, como tropa de choque. Ora, isso não é linguagem apropriada para
se referir a um Parlamentar, representante do povo. Trata-se de linguagem
agressiva, a qual não podemos, de forma nenhuma, admitir.
Outro mencionou o fato de modificar nossos alimentos por meio de plebiscito,
como se não fôssemos legitimamente eleitos para representar a comunidade.
Temos poder, sim, para votar e deliberar, uma vez que fomos escolhidos para essa
missão.
Um terceiro material, sem nenhuma assinatura, embora traga o endereço
globonews.com, afirma que, durante quinze anos foi feita intensa pesquisa, gastou-
se expressivo volume de dinheiro e, em nenhum momento, constatou-se que a
biotecnologia, através da produção dos transgênicos, afeta a saúde humana. Então,
trata-se de afirmações diversas que recebemos.
Queríamos fazer duas observações muito breves acerca do relatório do nobre
Deputado Confúcio Moura. Uma, a importante clarividência de S.Exa. quando
começa assim seu voto no segundo parágrafo: “A ciência não pode parar. A
biotecnologia e a alta tecnologia são algumas das bases diferenciais entre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, assim como a propriedade intelectual e as
patentes. O que se impõe é a necessidade de mecanismo de proteção à saúde
humana e ao meio ambiente”. Isso foi de uma clarividência absoluta.
Sr. Presidente, quando temos alguma matéria que achamos estar ferindo
nossos interesses internos, de parte dos europeus ou dos americanos, falamos que
é uma interferência deles no nosso País. Aí rejeitamos. Mas quando eles vêm
interferir para não produzirmos de acordo com a biotecnologia, com o avanço da
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ciência, são bem-vindos. São dois pesos e duas medidas. Depende do momento, da
circunstância, do interesse.
Não podemos, de forma nenhuma, discutir matéria de tamanha importância
levando em consideração dois pesos e duas medidas. Temos de discuti-la dentro da
realidade brasileira. E a realidade brasileira foi bem afirmada pelo Deputado Fetter
Júnior, quando disse que temos uma vitrine, podemos produzir o convencional, para
o mercado que quiser adquirir o convencional; orgânico, para aqueles que quiserem
realmente pagar um preço mais elevado; ou então o transgênico, que poderá ser
comprado. O Brasil tem área suficiente para produzir, a qualquer momento, os três
segmentos que estão disponibilizados para o consumo de acordo com a
conveniência do mercado.
Afirma o Relator:
Não restam dúvidas que a Lei de Biossegurança
ficou mais completa com a Medida Provisória nº 2.191-9,
de 23 de agosto de 2002, que define claramente as
competências CTNBio.
Isso é de fundamental importância, é o reconhecimento da nossa comunidade
científica, do seu trabalho.
Sem dúvida, hoje o Brasil padece de uma coisa muito séria, que é a falta de
autoridade, de definição, de quem decide. Por isso estamos vivendo essa
insegurança em casa, nas ruas, porque ninguém tem comando, ninguém assume,
ninguém realmente quer colocar a cara na frente. Estamos pagando um preço muito
elevado. Quando damos poderes à CTNBio, estamos fazendo com que uma
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comunidade científica possa deliberar e, a partir daí, então, termos tranqüilidade de
produzir com acompanhamento científico de quem realmente entende da matéria.
Concluindo, Sr. Presidente, continua o Sr. Relator:
Chegou o momento de o Parlamento brasileiro, que
há muito tempo debate e promove o aprofundamento do
conhecimento sobre o assunto, tomar uma posição firme
frente a essa estratégica questão. Propor uma lei ou
consolidar leis vigentes, mas que busquem
regulamentação definitiva.
Sr. Relator, parabéns pelo trabalho, pelo alcance que conseguiu ter. Sem
dúvida alguma nós, Parlamentares, seus colegas, nos orgulhamos muito de V.Exa.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Obrigado,
Deputado Silas Brasileiro.
Concedo a palavra ao Deputado Alberto Fraga, do PMDB do Distrito Federal.
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, Sr. Relator, tudo que há de novo provoca reação. Tivemos, no início do
século, um produto que foi muito combatido porque contrariava interesses
econômicos. Sabem qual era esse produto? A vacina. Diziam que Sabin era louco.
Quase foi linchado pelas pessoas que não acreditavam na inovação ou num futuro
melhor para a humanidade. A rejeição, portanto, existe. Essa rejeição só não pode
estar respaldada quando contraria interesses econômicos. Nesse ponto, Sr.
Presidente, fico impressionado. Quando a rejeição surge por contrariar interesses
econômicos, temos de nos manifestar.
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Digo de público que prefiro acreditar na CTNBio, na FIOCRUZ, no Butantan
do que em ONGs cujo dinheiro sequer sabemos de onde vem nem de seus
interesses no nosso País. Não nos podemos sujeitar a essas coisas escusas que
aparecem de repente como sendo salvadoras da pátria. Aparecem no nosso País
querendo ditar normas, ensinar para nós, Parlamentares, o que deve ser feito.
Porém não têm o mesmo interesse em apresentar alguns resultados quando dizem
que a intenção é de proteger a humanidade. Como podemos conviver com uma
incongruência, uma impropriedade, uma incoerência?
Com o transgênico, por exemplo, sabemos que vamos economizar, deixar de
despejar no nosso meio ambiente vários produtos químicos, defensivos agrícolas. E
esses agrotóxicos, evidentemente, serão diminuídos, permitindo, assim, um meio
ambiente mais saudável. E o Greenpeace, que defende o meio ambiente, é contra
isso.
Não acredito em Estória da Carochinha. Precisamos, na verdade, achar o
melhor caminho para nossa sociedade.
Discordo do nobre Deputado Fernando Ferro quando diz que não acredita na
CTNBio. Repilo, repito, esse tipo de afirmação. Temos de acreditar, sim, nos nossos
técnicos, na nossa tecnologia.
Sr. Presidente, não podemos aceitar que nós, desta Comissão, incorramos no
mesmo erro que cometemos com relação à Lei de Informática — ficamos atrasados
por mais de dez anos. Agora, para alcançarmos de novo nosso patamar de
desempenho na informática, estamos tendo de correr atrás. Quem realmente
defende os interesses do povo brasileiro não se pode esquivar de uma oportunidade
como essa. A informática foi um grande exemplo. Não nos podemos esquecer disso
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e ficarmos pautados por organismos não-governamentais que não tenham nenhum
interesse em manter o povo brasileiro informado adequadamente.
Há dois lados da história: o dos técnicos e o do lobby. Gostaria muito de
saber o que está motivando o Greenpeace e quem o está bancando para dar opinião
e obstaculizar um projeto tão importante como esse.
O relatório de V.Exa. contempla os interesses da sociedade. V.Exa. teve
preocupação com a rotulagem. Compra quem quiser. Está lá na prateleira
informando que aquele produto é um OGM, não tem nada sendo feito às escondidas
como fazem essas ONGs, financiadas por dinheiro cuja origem não sabemos. E eles
não têm a mesma boa vontade ou clareza em apresentar de onde vêm esses
recursos.
Então, tenho de acreditar, sim, quando vejo uma matéria como essa. A mesa
está cheia de papéis distribuídos pelos lobbies, mas também tem um que diz que a
União Européia acaba de divulgar os resultados de um estudo feito em 1985 e 2000,
atestando que as plantas geneticamente modificadas não são só seguras para o
consumo humano, para o meio ambiente, como podem ser ainda mais seguras que
as convencionais. São órgãos técnicos que afirmam isso, que não têm interesses
comerciais como o Greenpeace e outras ONGs que estão por aí escondidas.
Então, Sr. Presidente, tenho convicção do que o Deputado Silas Brasileiro
disse. E os outros Deputados que caminham nessa linha da aprovação do relatório
têm convencimento de que o que está sendo aprovado é algo significativo para a
sociedade.
Deputado Confúcio Moura, acreditamos no trabalho de V.Exa., que sempre
ouviu a razão e se declarou apto a discuti-la. Em momento algum V.Exa. foi radical
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nos seus pontos de vista e abriu a negociação. Nunca se intitulou dono da verdade,
como essas ONGs dizem que são. V.Exa. atentou para tudo aquilo que poderia
prejudicar o povo brasileiro. É nessa linha e com essa certeza que vou apoiar, sim, e
continuar desmentindo essas ONGs que não têm compromisso com o povo
brasileiro. Nós, sim, temos.
Muito obrigado.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, fui citado na fala do
Deputado e gostaria de contra-argumentar o que entendo como uma insinuação que
não aceito.
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – Deputado Fernando Ferro, a citação foi
sobre o que V.Exa. disse. É só pegar as notas taquigráficas. Seria melhor deixá-lo
no anonimato? Preferi citar o nome do nobre colega.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Estou me dirigindo ao Presidente dos
trabalhos, não a V.Exa.
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – Mas diz respeito à minha pessoa.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – V.Exa. me respeite porque pedi a
palavra.
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – Eu o respeito como V.Exa. deve me
respeitar também.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Concedo a palavra ao
Deputado Fernando Ferro para a réplica, por três minutos.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, na minha intervenção
fiz uma série de considerações que considero fundamentadas, centradas em
argumentos que pude colher. Li documentos que aqui chegaram de diversas ONGs
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e os de interesse da Monsanto. Não vou dizer que alguns Deputados estejam
recebendo algum benefício da Monsanto para fazer certo tipo de defesa porque não
me cabe, mas é importante que ouçamos os diversos argumentos. Queremos que
isso seja garantido.
Quando me referi à CTNBio na questão da competência, perguntei se haveria
o número de pessoas adequado para responder às solicitações de fiscalização
desse tipo de atividade no País, se a CTNBio, que segura informações, tem de ter
um quadro restrito de pessoas. Quero questionar — e tenho esse direito — quanto à
competência técnica da CTNBio. Por que não? Não existe ninguém acima da lei, da
ordem. Não existe nenhum deus na ciência. Temos o direito também de duvidar. O
direito da dúvida ninguém me tira. Não sou uma voz isolada. Há opiniões na Europa,
nos Estados Unidos, em diversos países contrárias a esse tipo de observação. Não
são opiniões irresponsáveis, há fundamentação científica para questionar esse tipo
de procedimento que está sendo proposto.
Não estamos falando guiados por informações de uma ou outra ONG. Há
ONGs para todos os gostos, Deputado: umas, V.Exa. pode até se interessar por elas
e outras, condenar. Não podemos fazer esse tipo de discussão preconceituosa e
deixar de reconhecer que existem diversos interesses da sociedade em jogo:
políticos, culturais, comerciais, financeiros. É a soma desses interesses que
queremos que seja compreendida para que possamos fazer um debate científico,
dentro dos limites de conhecimento, responsável e politicamente correto.
Não estamos querendo desqualificar ninguém. Estamos apresentando
argumentos e queremos ouvir outros para que possamos ser convencidos ou não.
Afinal, nessa área, ninguém é dono da verdade. É por isso que estamos debatendo.
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Temos de ter a tranqüilidade e o respeito para que o debate seja feito e encaminhe
uma boa solução para que esta Casa e o País tenham uma legislação adequada
para tratar de tema tão importante para todos nós.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Obrigado, Deputado
Fernando Ferro.
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – Sr. Presidente, da mesma maneira
que o Deputado disse que tem Deputados insinuando com relação à Monsanto, a
recíproca é verdadeira e pode ser aplicada também àqueles que estão
comprometidos com o Greenpeace e outras ONGs. Então não me venham com esse
tipo de acusação.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Consulte a Taquigrafia sobre o que
eu falei.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Vamos encerrar
esse tipo de discussão que não contribui para o desenvolvimento do nosso trabalho.
Concedo a palavra à Deputada Iara Bernardi.
A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Sr. Presidente, quero passar a vez
da minha fala ao Deputado Fernando Gabeira, que é o autor do projeto que justificou
a existência desta Comissão e deste relatório.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputada, se
V.Exa. não falar no momento em que está inscrita, o próximo a encaminhar contra
será o Deputado Ronaldo Vasconcellos e, em seguida, o Deputado Fernando
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Gabeira que completará os cinco inscritos. Mesmo se V.Exa. não falar agora, o
Deputado Fernando Gabeira terá direito a voz para encaminhamento da discussão.
A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Gostaria que o Deputado Fernando
Gabeira falasse neste momento.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Com a palavra,
então, o Deputado Ronaldo Vasconcellos, que falará contra.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – Sr. Presidente, quantos são os
oradores que vão falar a favor?
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, nesse caso
S.Exa. fala. A Deputada Iara Bernardi não compreendeu; agora, entendendo, S.Exa.
vai falar.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado
Fernando Gabeira, a Deputada compreendeu que se não falar, V.Exa. terá direito à
palavra. S.Exa. entendeu isso, e foi o que eu disse. Na hora em que a Deputada
disser que não vai preencher seu tempo, V.Exa. terá o direito à palavra. Se S.Exa.
falar, V.Exa. não terá mais direito à palavra durante esta discussão.
O SR. DEPUTADO PADRE ROQUE – Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Concedo a palavra
o Deputado Ronaldo Vasconcellos.
O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS – Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Deputados, Sr. Relator, quero deixar claro que não sou unânime nessa questão.
Tenho conversado com o Deputado Confúcio Moura esporadicamente, trocando
idéias, informações. Trata-se de um Deputado competente, sério, que dedicou muito
do seu tempo a essa causa. Gostaria de dar esse testemunho de público. Quero
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elogiar o Deputado Fernando Gabeira pela apresentação desse projeto de lei que
deu origem a toda essa discussão. É importante que esta Casa discuta e vote, tome
decisão no momento certo.
O Projeto de Lei nº 4.449, de 2001, foi acatado pelo Sr. Relator. Tenho,
porém, algumas considerações a fazer, nobre Relator Confúcio Moura. Penso que
V.Exa. adentrou um pouco na regulamentação das legislações brasileiras, no que
caracteriza uma intromissão do Legislativo em competências do Executivo. Essa é a
consideração genérica que faço em relação ao relatório de V.Exa.
Sugiro algumas idéias pontuais que V.Exa. poderá acatar, se achar por bem,
e então caminharmos para um denominador comum, se for o caso.
No art. 4º, sugiro tirar a expressão “com grau de doutor”. Muitas pessoas
entendem da questão, por exemplo, do meio ambiente e não têm o título de doutor.
Não tenho nenhuma vergonha de dizer que eu, particularmente, não tenho título de
doutor.
O Deputado Fernando Gabeira, que é uma referência nacional e até
internacional na área ambiental, não sei se o tem. O Chico Mendes, com certeza,
não o tinha. Peter Black, assassinado há pouco tempo, também não sei se tinha.
Então, essas pessoas não poderiam fazer parte da Comissão. Por isso, estou
sugerindo a supressão da expressão “com grau de doutor”.
Sugiro também, no art. 5º, que seja suprimido o § 2º ou seja alterado o texto
no sentido de manter os órgãos ambientais, no caso específico, o CONAMA e,
principalmente, a questão do EIA/RIMA.
A terceira consideração é quanto à CTNBio.
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Tenho o maior respeito e admiração pela CTNBio e quero o seu
fortalecimento, mas gostaria, no art. 5º, que fosse suprimida a expressão “se for o
caso”, que não acrescenta nada, pelo contrário, deixa uma dúvida jurídica.
Não sei se estou dando tempo para o Relator acompanhar. São três
sugestões até agora: a primeira é de supressão; a segunda, de supressão ou
modificação e a terceira, de supressão.
A quarta e penúltima sugestão refere-se à expressão “ecossistemas”, no § 6º,
no qual deveria ser mantida a palavra “ambientes”. Então, teríamos no § 6º:
“Destinado a uso em ambientes naturais” e não “destinado a uso em ecossistemas
naturais”. Não se trata, Sr. Relator, apenas de semântica, mas, na verdade, de uma
questão de maior abrangência. A palavra “ambientes”, na minha visão, ficaria mais
adequada do que a palavra “ecossistemas”.
Por último, no art. 10, que por coincidência é o último artigo do relato de
V.Exa., Sr. Relator, sugiro que esse “Código 20”, fosse suprimido para manter o
texto da Lei nº 6.938, que foi alterada pela Lei nº 10.165, de dezembro de 2000,
votada por esta Casa.
Passo essas informações ao ilustre Relator. Volto a parabenizá-lo, mas
espero, por uma questão de objetividade e de tranqüilidade no voto que darei no
momento adequado, as informações do ilustre Relator, Deputado Confúcio Moura.
Do jeito que está, votarei contra o relatório. Acatadas as minhas sugestões, que
melhoram o projeto, posso mudar o voto, com o maior prazer, até caminhando para
uma decisão consensual.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Obrigado,
Deputado Ronaldo Vasconcellos.
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Com a palavra, para encaminhar a favor, o Deputado Nelson Marquezelli.
O SR. DEPUTADO NELSON MARQUEZELLI – Sr. Presidente, é muito
importante que possamos apresentar com clareza o trabalho que estamos fazendo.
Não nos agrada ouvir algumas ofensas pessoais, porque o objetivo do trabalho
desta Comissão é justamente para que os Deputados fiquem conscientes de seus
votos. E foi o que fiz. Procurei acompanhar todos os debates; ouvir todos os que
expressaram suas posições; li e reli, por várias vezes, o relatório do Deputado
Confúcio Moura, que é o retrato do que houve nesta Comissão; estive por algumas
vezes nos países produtores, Estados Unidos, Canadá e na Argentina; recebi
informações da Comunidade Européia. Enfim, procurei lastrear-me em informações
não para convencer alguém, mas apenas para me conscientizar do meu voto. Este
foi o trabalho que procurei, neste período, desenvolver, a fim de me preparar para a
responsabilidade de dar o meu voto nesta Casa.
O relatório do Deputado Confúcio Moura está correto, perfeito. As
observações prestadas pelos Deputados Ronaldo Vasconcellos e Xico Graziano são
importantes e devem ser analisadas. Mas, acima de tudo, parabenizo V.Exa., porque
o seu relatório retratou fielmente as opiniões expressas e o objetivo posto a esta
Comissão.
Voto favoravelmente ao relatório. É um voto consciente para a modernização
do plantio dos transgênicos em nosso País.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço ao
Deputado Nelson Marquezelli.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, pela ordem.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Pela ordem,
concedo a palavra ao Deputado Fernando Ferro.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, quantos oradores
faltam encaminhar?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Dois de cada lado.
O Deputado Fernando Gabeira é o último orador que prestará encaminhamento
contrário ao parecer do Relator.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, há a possibilidade
de os autores de projetos também fazerem uso da palavra ainda nesta fase de
decisão?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Ainda vamos ter
essa oportunidade durante o encaminhamento da votação. Neste momento, pedirei
a participação de dois oradores a favor e dois oradores contrários.
O SR. DEPUTADO FERNANDO FERRO – Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Concedo a palavra
ao último orador, que irá encaminhar contra o relatório, Deputado Fernando Gabeira.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Então, neste momento os
autores não podem falar?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Com a palavra o
Deputado Fernando Gabeira.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, antes de
começar, peço desculpas pois entendi mal. Queria poupar-lhe a voz e acabei
contribuindo para agravar um pouco a situação.
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Primeiramente, quero dirigir-me à bancada ruralista, com a qual tenho tido
grandes debates — grandes no sentido de longos e de tratar de temas sérios,
brasileiros. Lembro que mais uma vez estamos em campos opostos e mais uma vez
considero estar defendendo os interesses da bancada ruralista, por incrível que
pareça.
Quando apresentei este projeto, uma das grandes preocupações, além da
questão de segurança do consumidor, era a de que o Brasil, neste momento da
nossa história, tinha algumas possibilidades no mercado internacional. Essas
possibilidades eram a do grão orgânico, que ,como já foi mencionado, tem um preço
superior no mercado, em um nicho de mercado; do grão que não é orgânico, mas
que não é transgênico, que também teria uma grande possibilidade nos mercados
europeu e japonês, sobretudo, onde há uma intenção de privilegiar esse tipo de
grão; e temia algo que acabou acontecendo pela medida do Governo.
O que querem os norte-americanos no mercado internacional? Que não haja
soja nem outro grão classificado de transgênico, porque gostariam que tudo fosse
confundido no mercado internacional e todos os nichos de mercado, que poderiam
ser aproveitados pelo Brasil, ficariam dissolvidos nesse processo.
Por isso, seria importante para o Brasil ter uma rotulação bem clara e nítida,
porquanto estaria garantindo o seu interesse nacional. E, mais ainda, estaria
garantindo o interesse nacional contra a empresa Monsanto — não sei se os
representantes dela estão aqui —, que reputo inimiga do Brasil. Já convenci alguns
militares.
Ontem, recebi uma entrevista do General Alceste já mostrando este
argumento. Essa empresa é a mesma que fornece aos norte-americanos o material
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químico para fumigação, na Colômbia, de rios que deságuam no Brasil. Então, se
vamos falar em interesse nacional, e se há alguém neste momento que ameaça o
interesse nacional, é a Monsanto, porque a empresa inglesa ICM percebeu do que
se tratava e saiu do jogo.
Dirijo-me, agora, ao Deputado Confúcio Moura, com quem tive grandes
discussões sobre a Amazônia. Já vi que temos uma grande gama de divergências,
mas grande simpatia e convergência também.
Temos uma diferença filosófica fundamental. Nem sei se temos, mas há um
momento em que S.Exa. diz, no relatório: “a ciência não pode parar”. E fico
pensando, voltando aos princípios e à evolução da história da ciência, se o físico
norte-americano Julius Robert Oppenheimer, em determinado momento, dissesse:
“Não, a ciência precisa parar aqui. Não vamos fazer a bomba atômica. Não
podemos fazê-la”. A equação criada por Albert Einstein, E=MC2 (Energia = Massa
multiplicada pelo quadrado da Velocidade da Luz), possibilitou o bombardeamento
do nêutron e a criação da bomba atômica. Mas poderia ter parado ali. Há muitas
outras funções da descoberta de Einstein que poderiam ser desenvolvidas — não a
bomba atômica, usada duas vezes em populações civis, em Nagasaki e Hiroshima.
Mas eu disse que talvez não haja divergência entre nós porque S.Exa., no
topo do relatório, diz que “a ciência não pode parar”. Mas consta claramente do texto
que será punido quem trabalhar no caminho da clonagem humana, que comete
crime contra a biossegurança quem pratica — nem clonagem — manipulação
genética de células germinais humanas. S.Exa., na verdade, ao abordar isso no
relatório, demonstrou que sua visão é no sentido de que, em certos momentos, a
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ciência tem de parar, e um desses limites é a clonagem humana. Ela tem de ser
socialmente controlada.
Talvez, com a perspectiva de simplificar o procedimento, S.Exa. passou por
cima de um ponto fundamental. Isso está claro no art. 5º, quando S.Exa. inverte o
processo e diz o seguinte:
§ 1º. A identificação de atividades decorrentes do
uso de OGM e derivados potencialmente causadoras de
significativa degradação do meio ambiente dependerá de
avaliação prévia de Subcomissão Setorial Ambiental e
aprovação pelo Plenário da CTNBio, que emitirá parecer
técnico conclusivo.
§ 2º. Identificada a atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente,
a CTNBio remeterá o processo respectivo ao IBAMA para
o seu eventual licenciamento ambiental.
Parece-me, Deputado Confúcio Moura, que no texto, nesse momento, V.Exa.
teve um branco. Por quê? Porque V.Exa. considera que, uma vez identificada uma
atividade causadora de degradação do meio ambiente, o processo deve ser
remetido ao IBAMA para que licencie ou não. Esse processo é uma inversão.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – V.Exa. me permite um aparte,
Deputado Fernando Gabeira?
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Pois não.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – Encaminhei ao Relator sugestão
justamente no sentido de alterar a redação do § 1º, para corrigir o que considero não
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um branco, mas inversão da ordem de andamento do processo. Alteraria da
seguinte forma: “degradação do meio ambiente” — vírgula —, além do estudo de
impacto ambiental e do relatório de impacto do meio ambiente, realizados pelo
IBAMA... Justamente para evitar que o § 2º torne o IBAMA apenas órgão
chancelador.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Exato.
O que está no fundo dessa crítica — redijo pareceres e relatórios e também
cometo algumas digressões, as quais são corrigidas pelos companheiros, isso é
normal —, que quero argumentar com o Relator, é a possibilidade de haver um
estudo de impacto ambiental, um relatório de impacto ambiental. Isso já está
previsto na Constituição Federal. Não podemos, com uma lei infraconstitucional,
passar por cima da Constituição Federal, ignorando-a completamente. Isso está
previsto na Constituição brasileira.
Mas S.Exa. pode dizer: “Mas isso não é o mesmo que canalizar um rio”? É
muito pior! Potencialmente, é muito pior. Pode ser até que o alimento geneticamente
modificado não produza nada, mas, potencialmente, uma vez que os cientistas não
chegaram a completo acordo, mais do que todas as atividades, a construção ou
fabricação de alimento geneticamente modificado depende de estudo de impacto
ambiental e de relatório de impacto ambiental. Portanto, estou abordando essa
questão apenas para que o relatório de S.Exa. não seja questionado adiante como
inconstitucional. Esse ponto, no meu entender, tem que ser revisto.
Quero abordar ainda uma questão que diz respeito ao meu projeto, ainda
muito embrionário. Lembro-me de que procurava um por um — o Deputado Nelson
Marquezelli talvez não se lembre —, os Deputados Ronaldo Caiado, Nelson
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Marquezelli, Hugo Biehl, para dizer: “Olha, vem aí o problema dos organismos
geneticamente modificados; vamos ter de discutir isso”.
Existe uma questão na posição do Governo: ele aceita rotulação, mas
determina uma quota, a partir de 4%. De certa maneira, S.Exa. incorpora essa
situação. Acho que não deveríamos dar essa margem. Deveríamos dizer qualquer
alimento geneticamente modificado, por mais que se diga seja difícil. Na Inglaterra
também se dizia que era difícil. Foram atrás de todos. Saíram da soja, foram para o
biscoito e para todos os produtos que continham elementos geneticamente
modificados.
No meu entender, deveríamos ter uma posição para salvaguardar o potencial
econômico do Brasil no mercado internacional. É necessário que o Brasil tenha, em
relação ao mercado internacional, posição que seja considerada rígida, como
tivemos na questão da vaca louca. Lutamos para que a posição do Brasil fosse
rígida, a fim de que não pairasse nenhuma dúvida sobre a situação do País, não
ficasse nenhum flanco para os adversários no comércio internacional utilizarem
contra nós.
Portanto, faço essas observações não no sentido de negar o relatório, mas de
encarecer ao Deputado Confúcio Moura, para que possamos desenvolver um pouco
mais a discussão e aperfeiçoar o relatório.
Existem excelentes pontos. Já se conseguiu uma estrutura. S.Exa. conseguiu
destrinçar, por assim dizer, tema extremamente difícil. Não é qualquer Deputado que
conseguiria colocar um tema desses com essa ordem, seqüência e clareza
conceitual. Mas creio que é um caminho, considerando que ainda não estamos
produzindo OGMs. Como é o princípio de precaução que rege a política do Brasil
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nesse campo, gostaria que S.Exa. aceitasse não a negação do relatório, mas a
abertura de espaço a fim de continuarmos a discussão, em vez de votá-lo nesta
tarde.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço ao
Deputado Fernando Gabeira.
Os próximos inscritos Deputados Dilceu Sperafico, Moacir Micheletto e Carlos
Dunga renunciam ao direito de debater.
Já se manifestaram os cinco Deputados inscritos para falar contrariamente.
Concedo a palavra ao Deputado Xico Graziano, último inscrito para falar a
favor.
O SR. DEPUTADO XICO GRAZIANO – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, o assunto não é novo para todos nós, que temos nos dedicado às
questões ligadas à biotecnologia. Todos os argumentos são conhecidos, foram aqui
explicitados.
Após três anos, no mínimo, de polêmica, de discussão, vejo que alguns de
nós ainda não entendem direito certas coisas. Ouvi o amigo Deputado Fernando
Ferro, um dos que dizia não entender direito por que se procura seguir tal ou qual
caminho. Da mesma forma, ainda verifico em algumas posições sobre essa matéria
um radicalismo ou posição apriorística, francamente pouco compreensível, na
medida em que sabemos da extrema importância dessa matéria.
Nas minhas manifestações sobre o assunto, como farei aqui agora, tenho me
colocado ao lado da Ciência, da tecnologia e da agronomia nacional. Penso que a
melhor forma de escaparmos do temor ou do medo dos transgênicos é pesquisando-
os.
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Tenho mostrado minha posição favorável a que a EMBRAPA faça convênios,
como tem feito; deveria fazer mais ainda, estudar, capturar a tecnologia. Ao mesmo
tempo, todos nós, no Congresso Nacional, na sociedade, devemos buscar os
devidos mecanismos para nos precaver contra o mau uso da tecnologia ou contra
eventuais prejuízos que dela possam advir.
Não sou daqueles que acham que transgênico é bom por nascimento. Cada
tecnologia é ímpar. Hoje nos fixamos muito em uma delas, a famosa soja RR.
Sr. Presidente, mesmo com a intervenção do nobre Deputado Freire Júnior,
continuamos com dificuldades de expressar o ponto de vista nesta Comissão, não
propriamente pelos Deputados, mas pelos assessores, que teimam em não nos
deixar trabalhar em paz.
Penso que devemos enfocar a matéria não no sentido de dizer que a soja é
isso ou aquilo. Ora, acompanhamos atualmente tantas tecnologias. Eu diria que nem
sei se a soja é a melhor das tecnologias transgênicas desenvolvidas. Como o nobre
colega engenheiro agrônomo Deputado Moacir Micheletto, aqui presente, ou Fetter
Júnior, que se expressou, nós e os agrônomos... Eu diria que as variedades
transgênicas que estão vindo aí que combatem ou reduzem o estresse hídrico das
plantas talvez sejam muito mais interessantes para o Nordeste. É um OGM, um
produto transgênico. E esse como fica? As tecnologias precisam ser analisadas
segundo vão aparecendo. Temos de regulamentá-las. Precisamos enfrentar o
desafio sem posição apriorística.
Confesso que tenho mais medo dos antibióticos que dos transgênicos. Sei
dos malefícios que os antibióticos têm trazido com resistência de organismos e que
determinadas transgenias também podem trazer. Temos de enfrentar a discussão
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como ela é e não com posições que às vezes não levam a nada. Observo que, na
discussão de hoje, essas posições estão sendo trazidas de forma mais arrazoada,
fruto, eu diria, do relatório apresentado à Comissão, que quero elogiar.
Pode eventualmente haver falhas, mas, o conceito geral parece-me bem
elaborado. S.Exa. o Deputado Confúcio Moura ainda está ouvindo as sugestões. Eu
próprio quero oferecer uma. Penso que, no art. 6º do relatório, nos §§ 4º, 5º e 6º,
pág. 15, há um problema de conceito de redação: floresta e pesca estão incluídas na
parte o meio ambiente, ou melhor, a fiscalização de OGMs em floresta e pesca
caberia ao Ministério do Meio Ambiente. Mas eucalipto, pinus ou uma variedade que
sirva à produção de madeira florestal é algo tratado hoje pela agronomia, pelo
Ministério da Agricultura.
O Ministério do Meio Ambiente evidentemente cuida da questão florestal do
ponto vista dos ecossistemas naturais. Da mesma forma, colocou-se a aqüicultura
sob a fiscalização do Ministério da Agricultura e a pesca, do Ministério do Meio
Ambiente. O produto da pesca é aquilo que a natureza já ofereceu. Não vai aparecer
OGM na pesca. Parece-me apenas detalhe conceitual. Vejo que S.Exa. está atento
às sugestões que estão sendo dadas.
Gostei do arrazoado e daquilo que foi considerado no voto em separado do
Deputado João Grandão. É muito sensato. Só não entendi bem, confesso, quando
pede, mais de uma vez, cinco anos de prazo. Isso já propôs o Deputado Fernando
Gabeira, e nós, em geral, tínhamos aquela idéia. Cinco anos, depois de três anos de
discussão, não são mais cinco. Não tem fim? Esse é o chamado princípio da
precaução que moveu as discussões na União Européia e no Brasil naquela época.
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O Relator, considerando o que está sendo aqui discutido, vai colocar da forma
devida se entender que deve aceitar algumas sugestões, mas penso que daremos
um passo ao votar o relatório. Esse passo é uma crença nos nossos cientistas e no
Congresso Nacional. Independentemente de posições ideológicas, políticas e
principalmente religiosas, continuar nos respeitando, mas vamos acreditar que a
ciência nacional é capaz de enfrentar esse problema. Se imaginarmos, como alguns,
que não somos capazes de tratar desse problema, vamos capitular diante do
obscurantismo. Não me coloco desse lado. Se não são 5%, são 4%, é 1% do ponto
de vista da rotulagem. Parece-me que a questão tem de ser tratada, tem de estar na
lei. Temos de enfrentar o desafio e não fugir à discussão.
Parabenizo o Relator, que, interessado e estudioso, está vendo como pode
ainda aprimorar o relatório para que nos seja possível dar um passo à frente.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço ao
Deputado Xico Graziano a participação.
Sobre a mesa requerimento de encerramento da discussão da matéria,
assinado pelo Deputado Silas Brasileiro.
Tendo cinco Deputados encaminhado a favor e cinco, contra, coloco em
votação o requerimento.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, quero
encaminhar contra.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – O Deputado
Fernando Gabeira está inscrito para encaminhar contra.
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A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Tem V.Exa. a
palavra.
A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Sr. Presidente, os autores dos
projetos terão a palavra em que momento?
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – No encaminhamento da
votação.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – No
encaminhamento da votação o autor do projeto tem preferência para fazer o
encaminhamento.
A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Os autores dos projetos. São vários
projetos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Só dois podem
encaminhar, e naturalmente o autor da principal tem a preferência.
O SR. DEPUTADO PADRE ROQUE – Sr. Presidente, peço a palavra para
uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Tem V.Exa. a
palavra.
O SR. DEPUTADO PADRE ROQUE – Sr. Presidente, os autores dos
diversos projetos apensados têm certamente o direito de manifestar-se neste
momento. Do contrário, simplesmente seremos tratados como não existentes.
Apresentamos esses projetos — sou autor de dois que estão agora apensados —,
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mas simplesmente somos considerados como se tivéssemos jogado no escuro ou
então simplesmente ao léu.
Sr. Presidente, tenho o que dizer sobre esse projeto e gostaria de reivindicar
o direito de me pronunciar neste momento. Isso é regimental. Peço a V.Exa. que
permita a manifestação dos autores, pelo menos dos que desejarem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado Padre
Roque, a questão de ordem de V.Exa. está baseada em que artigo do Regimento?
O SR. DEPUTADO PADRE ROQUE – Está baseada no costume da Casa, de
todas as Comissões em que participei. Reconheço que não sou regimentalista,
porém, sou indivíduo que observa e participa dos debates. Em todas as Comissões
das quais participei, sempre o autor do projeto, e até o do requerimento, é ouvido e
normalmente tem primazia da palavra.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado Padre
Roque, diz o § 1º do art. 192 do Regimento Interno, quanto ao encaminhamento da
votação:
Art. 192.....................................................................
§ 1º Só poderão usar da palavra quatro oradores,
dois a favor e dois contrários, assegurada a preferência,
em cada grupo, a Autor de proposição principal ou
acessória e de requerimento a ela pertinente, e a Relator.
Temos dezoito projetos. Infelizmente, não vamos poder...
O SR. DEPUTADO PADRE ROQUE – Sr. Presidente, não me posicionei nem
a favor nem contra a matéria. Não externei minha opinião, porque não pude fazê-lo
até o momento. Portanto, não faço parte desse rol de Parlamentares que podem
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manifestar-se a favor ou contra. Ninguém pode estabelecer, ao seu bel-prazer, que
eu esteja a favor ou contra.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado Padre
Roque, V.Exa. está se antecipando ao encaminhamento desta votação. Quero
tão-somente votar o requerimento de encerramento da discussão. Vamos suspender
agora. Depois pedirei a V.Exa...
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – Sr. Presidente, peço a palavra para
encaminhar.
A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Nos termos do art.
157, o Deputado Silas Brasileiro requer o encerramento da discussão da matéria.
Poderão encaminhar quatro Deputados, dois a favor e dois contra.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – Sr. Presidente, quero inscrever-me
para encaminhar.
A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem. É a quarta vez que solicito a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Um minuto,
Deputada Telma de Souza.
Estão inscritos para falar a favor o Deputado Silas Brasileiro, autor do
requerimento, e o Deputado Freire Júnior. Falarão contrariamente os Deputados
Pompeo de Mattos e Fernando Gabeira.
Concedo a palavra, pela ordem, à Deputada Telma de Souza.
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A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Sr. Presidente, apenas solicito um
esclarecimento, devido à intervenção do Deputado Padre Roque. Eu, assim como
ele, sou autora de um dos projetos relativos ao uso dos transgênicos. Gostaria que o
Presidente tivesse um pouco de tolerância, porque não se trata de matéria
exclusivamente regimental. O assunto é altamente político, dado o interesse dos
diversos Deputados que estão aqui hoje, e em função até do término dos trabalhos
deste ano.
Gostaria de saber de V.Exa. se não poderíamos desdobrar esta reunião entre
hoje e amanhã, de maneira a podermos ouvir pelo menos os autores dos projetos, já
que há interesse. Essa tem sido a prática nas Comissões em que tenho estado, até
em virtude do espírito natalino.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço a V.Exa.
a participação. Não concederei a ninguém a palavra pela ordem, até que
encerremos esta votação.
O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, peço a palavra para
fazer o encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Sr. Deputado
Fetter Júnior, V.Exa. terá a palavra quando do término da votação.
A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Sr. Presidente, fiz uma pergunta,
quero resposta.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – V.Exa. a terá no
momento oportuno. V.Exa. está se antecipando ao que vai acontecer nesta
Comissão.
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A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Estou apenas perguntando se
haverá possibilidade de desdobrarmos a reunião.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputada, entendo
que o PT tem uma vaga nesta Comissão, para a qual o partido a está indicando. Por
isso é que estou concedendo a V.Exa. a palavra.
A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – No momento
oportuno voltaremos a discutir o assunto, a fim de saber quem vai encaminhar, se os
autores do projeto poderão encaminhar.
A SRA. DEPUTADA TELMA DE SOUZA – Fico satisfeita de que V.Exa. dê
esse encaminhamento à minha pergunta.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Com a palavra o
Deputado Freire Júnior, para encaminhar a favor.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – Sr. Presidente, Sr. Relator, eminente
Deputado Confúcio Moura, Sras. e Srs. Parlamentares, entendo que o requerimento
de encerramento da discussão, de autoria do nobre Deputado Silas Brasileiro, pode
e deve ser aprovado por esta Comissão, visto que o substitutivo elaborado pelo
Relator, Deputado Confúcio Moura, é resultado de mais de duzentas indicações
feitas por todos os membros desta Comissão a especialistas das mais diversas
áreas da biotecnologia, membros do Ministério Público Federal, da sociedade civil
organizada, da EMBRAPA, do IBAMA, enfim, de todas as entidades direta ou
indiretamente vinculadas a essa questão. Além do mais, o relatório de S.Exa.
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contempla toda a legislação que diz respeito ao meio ambiente, à rotulagem de
produtos e à sua comercialização da forma mais adequada.
Dirigi ao Relator algumas abordagens apenas quanto à redação, não ao
mérito, quero crer que no sentido de aperfeiçoá-la — e o fiz no aparte ao eminente
Deputado Fernando Gabeira. Entendo que está apta a ser discutida, por serem
claras para a maioria dos membros desta Comissão as posições tanto dos que
defendem o projeto ou o substitutivo quanto dos que lhe são contrários ou fazem
críticas. E esse esclarecimento vem sendo feito ao longo de todas as reuniões de
audiência pública, de todas as reuniões internas promovidas pelo Deputado Carlos
Alberto Rosado, em torno do substitutivo.
Sr. Presidente, o PMDB e eu particularmente encaminhamos voto favorável à
aprovação do requerimento de encerramento da discussão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Obrigado,
Deputado Freire Júnior.
Com a palavra o Deputado Pompeo de Mattos, para encaminhar contra.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, saúdo V.Exa.,
bem como os Deputados Confúcio Moura, Fernando Gabeira e tantos outros colegas
Parlamentares que foram autores de projetos que debatem este tema tão
importante, tão palpitante.
Quero parabenizar o Relator pelo trabalho que a Comissão realizou. Foi um
trabalho estafante, sei disso, e quero dar esse testemunho. Embora discordemos do
relatório, somos obrigados a reconhecer a amplitude do trabalho desempenhado
para que chegássemos a uma opinião, seja ela a favor, seja contra o tema.
Parabenizo o Relator por sua postura.
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Sr. Presidente, gostaria que o debate continuasse. Mais ainda, gostaria que a
matéria sequer fosse votada este ano, de afogadilho. Que possamos aprofundar
ainda mais o debate. Temos um documento formatado, fruto do trabalho do Relator
e embasado em intenso debate havido com técnicos. Agora é preciso que nós
Deputados aprofundemos o debate, com o fim de esclarecer alguns pontos de vista
sobre os quais tenho dúvidas.
Existem dúvidas e certezas que depõem contra o parecer do Relator. No que
diz respeito ao ponto de vista da medicina, eu, que não sou médico, cientista ou
pesquisador, confesso que sei o que pode fazer bem ou mal. Além do mais, não há
consenso na comunidade científica em torno de que o OGM faz mal para a saúde.
Não há definição quanto isso, também nada nos assegura do contrário. O que
existem são muitas dúvidas, muitas incertezas. Só tenho uma certeza: de que não
tenho certeza.
Sob o aspecto econômico, o Brasil, por intermédio desta Comissão da
Câmara dos Deputados, tem oportunidade ímpar, talvez sem precedentes na
história, de ocupar posição de vanguarda no mundo em tema desta natureza. Hoje,
o mundo econômico não disse se quer ou não o produto transgênico. O mundo
comercial não se posicionou nem positiva, nem negativamente sobre os
transgênicos. Mas o mundo produtivo já se manifestou, por intermédio dos Estados
Unidos, do Canadá, do México, da Argentina, concorrentes nossos no mercado da
produção primária. E todos eles optaram pelos transgênicos. O Brasil é o único país
que está discutindo a questão.
O mercado internacional não se manifestou quanto aos transgênicos. Logo, o
Brasil tem oportunidade de adiar sua decisão, a fim de que possa conquistar um
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nicho de mercado, especialmente na Europa, que não quer o transgênico. Pelo
menos por enquanto, os europeus não disseram se querem esse tipo de produto.
Podemos tomar essa precaução.
O parecer do Relator é bom sob o ponto de vista de quem quer os
transgênicos, porém incompleto para quem quer preservar-se no tocante a esses
produtos. Em seu relatório, à pág. 11, diz S.Exa. o seguinte: “Finalmente, voto, no
mérito, pela aprovação dos Projetos de Lei nºs...” Cita-os, entre eles o Projeto de Lei
nº 1.115/99, de nossa autoria, que pede moratória de dois anos para os
transgênicos. O Relator diz que aprova o projeto, mas não acolhe a moratória.
Há tempo para que o Relator corrija isto e efetivamente insira em seu relatório
o texto do projeto de minha autoria que ele aprovou. Eu diria que é, no mínimo,
razoável a moratória de dois anos, para que o Governo brasileiro, por seus órgãos
de política econômica, posicione-se quanto à política econômica de outros países, a
fim de decidir se os transgênicos são economicamente interessantes para o Brasil
ou não.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado Pompeo
de Mattos, a Presidência agradece a V.Exa. a excelente intervenção, mas, para
registro em ata, pergunta, uma vez que está em discussão o requerimento para
encerramento da votação: V.Exa. é a favor ou contra o encerramento da discussão?
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, talvez V.Exa.
não tenha prestado atenção. No começo de minha fala, disse que não quero que se
conclua esta matéria, exatamente porque acredito que podemos discuti-la ainda
mais.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Com a palavra o
autor do requerimento, Deputado Silas Brasileiro, para encaminhar.
O SR. DEPUTADO SILAS BRASILEIRO – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Parlamentares, a matéria já foi exaustivamente discutida. Estamos suficientemente
esclarecidos e prontos para votar, razão pela qual somos favoráveis ao
encerramento da discussão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Muito obrigado.
Com a palavra o Deputado Fernando Gabeira, para encaminhar contra.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, pretendo
encaminhar contra por julgar que não estamos suficientemente esclarecidos para
decidir não somente sobre a matéria, mas sobre como ficará o relatório, uma vez
que foram feitas inúmeras sugestões. Creio que algumas o Relator aceitou, pela
reação que teve.
Sr. Presidente, quero, nesta intervenção, dirigir-me ao Deputado Xico
Graziano, cuja posição em torno desse ponto tem sido moderada, tranqüila. Já
avisei a S.Exa. que, no caso dos antibióticos, apresentei projeto no qual mostro que
realmente há problemas com esses medicamentos e que temos de examiná-los —
estou vindo de reunião com os produtores.
Não há de nossa parte — e digo isso com sinceridade — intenção alguma de
incapacitar o Brasil quanto a dotar-se em biotecnologia. Pelo contrário. V.Exa.
mesmo é testemunha de que, quando se mapeou o genoma da Xylella fastidiosa,
afirmei em discurso que essa é uma conquista brasileira. Podemos, por esse
processo, exterminar a praga do amarelinho ou reduzi-la de maneira ampla.
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V.Exa. sabe também que sou admirador das pesquisas conjugadas que se
fazem hoje contra o câncer no Brasil, exatamente nessa área da biotecnologia,
comandadas por um professor inglês. Sou entusiasta do avanço nesse campo. Mas,
quando se trata de alimentos geneticamente modificados, acho que antes de
dizermos que estamos suficientemente esclarecidos, que não há mais dúvidas, que
a questão já está decidida, seria interessante que pelo menos consultássemos o
Relator sobre a possibilidade de nos entendermos mais sobre este tema.
V.Exa. termina o discurso dizendo: sejam 5%, 4% ou 1%, temos que rotular.
Está certo. A posição do Governo foi no sentido de rotular. Agora, entre 4% e
nenhuma observação nesse campo vai uma grande diferença. Toda uma
conceituação, toda uma visão em torno da impossibilidade ou da possibilidade,
enfim, há que se discutir.
O SR. DEPUTADO ADÃO PRETTO – Deputado Fernando Gabeira,
concede-me V.Exa. um aparte?
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Pois não, Deputado.
O SR. DEPUTADO ADÃO PRETTO – Na Europa, que está mais avançada
tecnicamente do que o Brasil, por que a França está comprando soja do Brasil,
pagando um preço melhor do que o da soja de outros países? Porque há garantia de
que aqui não existe transgênico, principalmente por parte de algumas cooperativas.
Será que é porque eles estão ignorando, ou somos nós que decidimos de
afogadilho?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado
Fernando Gabeira, a palavra é de V.Exa. por mais um minuto.
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O SR. DEPUTADO ADÃO PRETTO – S.Exa. concedeu-me um aparte, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Neste momento da
reunião não se pode conceder aparte.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, muito obrigado
pela tolerância. Quero apenas responder ao Deputado Adão Pretto. Entre as dez
maiores empresas de biotecnologia do mundo, há uma suíça, uma francesa, uma
holandesa, uma alemã. Portanto, não são apenas as norte-americanas. Os
Europeus são tão adiantados como os norte-americanos nesse campo. O que
deteve o processo tanto na Inglaterra, como na França e na Alemanha foi a opinião
pública, o desejo do consumidor de não querer consumir o alimento geneticamente
modificado, ou de consumi-lo somente sabendo claramente que naquele alimento
não houve manipulação genética, de 1%, de 2%, de 3% ou de 4%. Portanto, foi a
opinião pública européia que determinou esse campo.
A Europa não está atrasada biotecnologicamente e acredito que o Brasil
também não esteja. Na verdade, se considerarmos o avanço brasileiro, os Estados
Unidos pediram ao Brasil para mapear o genoma de uma praga que ocorre nas
plantações de uva da Califórnia. O Brasil foi comissionado pelos Estados Unidos
para resolver um problema da biotecnologia naquele país. Portanto, o Brasil também
não é um país atrasado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Agradeço ao
Deputado Fernando Gabeira o encaminhamento.
Em votação o requerimento de encerramento da discussão.
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Os Srs. Deputados que forem favoráveis permaneçam como se acham.
(Pausa.)
Aprovado.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, peço verificação.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Verificação
concedida.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – Sr. Presidente, antes que se
faça a verificação, gostaria de comunicar a todos que teve início a Ordem do Dia.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputados titulares: Carlos
Batata...
(Não identificado) – Sr. Presidente, temos de suspender a votação, pois
começou a Ordem do Dia. Temos de suspender os trabalhos da Comissão.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – Sr. Presidente, queria fazer
exatamente essa questão de ordem, para que fosse respondida pela Mesa.
Evidentemente, estamos num processo de pedido de verificação.
Sr. Presidente, estou encaminhando uma questão de ordem para a Mesa
exatamente nesse sentido. Ou seja, uma vez iniciada a Ordem do Dia, o
procedimento correto não seria interromper ou suspender os trabalhos da
Comissão?
O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem, para contraditar.
(Não identificado) – O Regimento inclusive determina isso.
O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, há uma interpretação
equivocada. Houve a votação, V.Exa. proclamou o resultado, foi pedida a verificação
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e estamos em processo de votação. Então, tem de ser feita a verificação. Procede a
questão de ordem quando não se pode votar. Mas a votação já houve, então, o
processo não pode ser interrompido.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Carlos Batata.
(Pausa.)
Deputado Carlos Dunga. (Pausa.)
Deputado Clovis Volpi. (Pausa.)
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, ele tem de
votar.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Mas ele já votou; é favorável.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – Então tem de dizer “a favor” e
não “presente”.
(Não identificado) – A favor.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Luiz Ribeiro.
(Pausa.)
A favor.
Deputado Nelson Marquezelli. (Pausa.)
A favor.
Deputada Rose de Freitas. (Pausa.)
Deputado Saulo Pedrosa. (Pausa.)
Deputado Xico Graziano. (Pausa.)
O SR. DEPUTADO XICO GRAZIANO – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Carlos Alberto
Rosado.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputada Celcita Pinheiro.
A SRA. DEPUTADA CELCITA PINHEIRO – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Francisco Coelho.
(Pausa.)
Deputado Jaime Fernandes. (Pausa.)
Deputado José Rocha. (Pausa.)
Deputado Luciano Pizzatto. (Pausa.)
Deputado Mário Assad Junior. (Pausa.)
Deputado Alberto Fraga. (Pausa.)
O SR. DEPUTADO ALBERTO FRAGA – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Confúcio Moura.
O SR. DEPUTADO CONFÚCIO MOURA – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Darcísio Perondi.
O SR. DEPUTADO DARCÍSIO PERONDI – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Igor Avelino.
O SR. DEPUTADO IGOR AVELINO – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Moacir Micheletto,
“sim”.
Deputado Silas Brasileiro.
O SR. DEPUTADO SILAS BRASILEIRO – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado João Grandão.
O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO – “Não.”
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PL 2905/97 - Alimentos Geneticamente
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O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – Sr. Secretário, o número de titulares
do PMDB está completo?
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – O PMDB está completo.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – O.k. Sou suplente. Obrigado.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Luiz Eduardo
Greenhalg. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Deputado Freire
Júnior, o Secretário chamou todos, mas nem todos estavam presentes.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Ele está presente? “Não.”
Deputado Marcos Afonso. (Pausa.) “Não.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Nilson Mourão.
O SR. DEPUTADO NILSON MOURÃO – Voto contra, Sr. Presidente, “não”.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – “Não.”
Deputado Fetter Júnior.
O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – “Sim.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Hugo Biehl. (Pausa.)
Deputado Salomão Cruz. (Pausa.)
Deputada Jandira Feghali. (Pausa.)
Deputado Sérgio Novais.
O SR. DEPUTADO SÉRGIO NOVAIS – “Não.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Emerson Kapaz.
(Pausa.)
Deputado Pompeo de Mattos.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS – “Não.”
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O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Ronaldo
Vasconcellos.
O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS – “Não.”
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado Fernando Gabeira.
O SR. DEPUTADO FERNANDO GABEIRA – “Não”, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Suplentes do Bloco
Parlamentar PSDB/PTB.
Deputado Elias Murad. (Pausa.)
Deputado José Carlos Elias. (Pausa.)
Deputado José Carlos Martinez. (Pausa.)
Deputado Odílio Balbinotti. (Pausa.)
Deputado Paulo Mourão. (Pausa.)
Deputado Pedro Canedo. (Pausa.)
Deputado Welinton Fagundes. (Pausa.)
Suplentes do Bloco Parlamentar PFL/PST.
Deputado Adauto Pereira. (Pausa.)
Deputado Deusdeth Pantoja. (Pausa.)
Deputado Jaime Martins. (Pausa.)
Deputado Joaquim Francisco. (Pausa.)
Deputado Paulo Octávio. (Pausa.)
Deputado Pedro Pedrossian. (Pausa.)
PMDB.
Deputado Freire Júnior.
O SR. DEPUTADO FREIRE JÚNIOR – “Sim”, Sr. Presidente.
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O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputado José Borba.
(Pausa.)
Deputado Marcelo Castro. (Pausa.)
Deputado Osvaldo Reis. (Pausa.)
PT.
Deputado Fernando Ferro. (Pausa.)
Deputada Iara Bernardi.
A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Voto “não”, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Deputada Luci Choinacki.
(Pausa.)
PPB.
Deputado Cleonâncio Fonseca. (Pausa.)
Deputado Dilceu Sperafico. (Pausa.)
Deputado Roberto Balestra. (Pausa.)
Bloco Parlamentar PSB/PCdoB.
Deputado Quincas Matos. (Pausa.)
Deputada Vanessa Grazziotin. (Pausa.)
Bloco Parlamentar PDT/PPS.
Deputado Alceu Collares. (Pausa.)
Deputado Márcio Bittar. (Pausa.)
Bloco Parlamentar PL/PSL.
Deputado Paulo José Gouvêa. (Pausa.)
PV.
Deputado Marcos Rolim. (Pausa.)
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Deputado Luciano Pizzatto.
O SR. DEPUTADO LUCIANO PIZZATTO – “Sim”, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Titular do PFL.
Deputado Francisco Coelho. (Pausa.) “Sim”.
Há mais algum Deputado presente que não foi chamado?
Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. (Pausa.)
O SR. DEPUTADO LUIZ EDUARDO GREENHALGH – Voto “não”.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO – Luiz Eduardo Greenhalgh,
“não”.
Mais algum Deputado?
Vou proceder à apuração dos votos.
A SRA. DEPUTADA IARA BERNARDI – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Alberto Rosado) – Após a
proclamação do resultado, V.Exa. terá a palavra. (Pausa.)
A Presidência vai proclamar o resultado: 16 votos favoráveis e 8 votos
contrários.
Está aprovado o fim da discussão.
O próximo procedimento é a votação.
Como já foi iniciada a Ordem do Dia, vou encerrar a presente reunião, antes
convocando outra para terça-feira da semana que vem, para continuação dos
trabalhos.
Está encerrada a reunião.